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Curso de Eletricidade Predial Unidade 3 | Texto Base SENAI/SP | Unidade 3 - Dimensionamento de instalações elétricas prediais (2) Página 1 de 15 Dimensionamento de condutores, eletrodutos e dispositivos de proteção Introdução Na Unidade 2, você aprendeu a dimensionar a quantidade dos pontos de iluminação e de tomadas de uso geral e específico em uma instalação predial. Viu que as determinações da NBR 5410 referem-se sempre a quantidades mínimas desses componentes, o que, devido à grande quantidade de eletrodomésticos presentes até mesmo nas residências mais simples, resultará em uma instalação que, geralmente, não atenderá às necessidades de seus usuários. Aprendeu, também, a dividir a instalação em circuitos terminais e a calcular a corrente a ser suprida pelos circuitos. Esse dado auxilia na escolha dos condutores e dispositivos de proteção adequados a cada circuito. Nesta unidade, você vai aprender a dimensionar os condutores, eletrodutos e os dispositivos de proteção para os circuitos de iluminação, os das tomadas de uso geral e os das tomadas de uso específico. Dimensionamento de condutores O dimensionamento de condutores tem por objetivo a determinação do valor da sua seção nominal (bitola), de modo a poder transportar a corrente necessária ao funcionamento do circuito, sem que haja sobreaquecimento nos condutores. A NBR 5410/04 especifica os condutores em mm 2 e estabelece as seções mínimas dos condutores de um circuito em função do uso. A seção mínima foi estabelecida, de forma a atender às condições mínimas de utilização e de segurança contra esforços mecânicos.

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Dimensionamento de condutores, eletrodutos e dispos itivos de proteção Introdução

Na Unidade 2, você aprendeu a dimensionar a quantidade dos pontos de iluminação e de tomadas de

uso geral e específico em uma instalação predial. Viu que as determinações da NBR 5410 referem-se

sempre a quantidades mínimas desses componentes, o que, devido à grande quantidade de

eletrodomésticos presentes até mesmo nas residências mais simples, resultará em uma instalação

que, geralmente, não atenderá às necessidades de seus usuários.

Aprendeu, também, a dividir a instalação em circuitos terminais e a calcular a corrente a ser suprida

pelos circuitos. Esse dado auxilia na escolha dos condutores e dispositivos de proteção adequados a

cada circuito.

Nesta unidade, você vai aprender a dimensionar os condutores, eletrodutos e os dispositivos de

proteção para os circuitos de iluminação, os das tomadas de uso geral e os das tomadas de uso

específico.

Dimensionamento de condutores

O dimensionamento de condutores tem por objetivo a determinação do valor da sua seção nominal

(bitola), de modo a poder transportar a corrente necessária ao funcionamento do circuito, sem que haja

sobreaquecimento nos condutores.

A NBR 5410/04 especifica os condutores em mm2 e estabelece as seções mínimas dos condutores

de um circuito em função do uso. A seção mínima foi estabelecida, de forma a atender às condições

mínimas de utilização e de segurança contra esforços mecânicos.

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Seção mínima dos condutores Veja a tabela simplificada que estabelece a seção mínima do condutor-fase de um circuito em função

do uso:

Tipo de instalação Função do circuito Seção mínima do condutor (mm 2) -

material

Circuito de iluminação 1,5 – Cu 10 – Al

Circuito de tomadas (TUE e TUG)

2,5 – Cu 10 – Al

Condutores isolados

Circuito de sinalização e circuito de controle

0,5 - Cu

Circuito de força (TUE) 10 – Cu 10 - Al

Instalações fixas em geral

Condutores nus Circuito de sinalização e

circuito de controle 4 – Cu

Observe que através da tabela, a NBR 5410/04 estabelece que, para um circuito de iluminação,

utilizando condutores isolados, a seção mínima do condutor de cobre é de 1,5mm2, ou seja, mesmo se

você for alimentar uma simples lâmpada de 100W/127V, deve utilizar, no mínimo , o condutor com

seção de 1,5mm2. Para um circuito de tomadas de uso geral, a seção mínima do condutor de cobre é

de 2,5mm2.

A NBR 5410/04 também estabelece a seção mínima dos condutores neutro e de aterramento, de

acordo com as seguintes tabelas:

a) Seção mínima dos condutores neutro e de aterrame nto para circuitos monofásicos e bifásicos

Seção dos condutores fase (mm2)

Seção mínima do condutor neutro (mm2)

Seção mínima do condutor de proteção (mm2) (aterramento)

1,5 a 16 A mesma seção do condutor

fase A mesma seção do condutor

fase

25 A mesma seção do condutor

fase 16

35 A mesma seção do condutor

fase 16

50 A mesma seção do condutor

fase 25

70 A mesma seção do condutor

fase 35

95 A mesma seção do condutor

fase 50

120 A mesma seção do condutor

fase 70

150 A mesma seção do condutor

fase 70

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b) Seção mínima dos condutores neutro e de aterrame nto para circuitos trifásicos

Seção dos condutores fase (mm2)

Seção mínima do condutor neutro (mm2)

Seção mínima do condutor de proteção (mm2) (aterramento)

1,5 a 16 A mesma seção do condutor

fase A mesma seção do condutor

fase

25 A mesma seção do condutor

fase 16

35 25 16 50 25 25 70 35 35 95 50 50 120 70 70 150 70 70

Para o dimensionamento dos condutores, a NBR 5410/04 estabelece dois critérios. São eles:

• Dimensionamento pelo critério da máxima condução de corrente;

• Dimensionamento pelo critério da queda de tensão admissível nos condutores.

Neste texto, será utilizado o critério da máxima condução de corrente , devido a sua maior utilização

em projetos elétricos prediais e residenciais. Para obter informações sobre o critério da queda de

tensão admissível nos condutores, você deverá consultar os textos complementares.

Dimensionamento pelo critério da máxima condução de corrente

Para realizar o dimensionamento dos condutores pelo critério da máxima condução de corrente, é

necessário seguir as seguintes etapas:

• Calcular a corrente elétrica de cada circuito (corrente de projeto);

• Determinar o fator de agrupamento de cada circuito;

• Calcular a corrente corrigida de cada circuito;

• Determinar o condutor em função da máxima capacidade de condução de corrente.

Cálculo da corrente de projeto Pelo critério de dimensionamento por meio da máxima condução de corrente, será analisada, a

corrente elétrica de cada circuito. Para isto, deve-se determinar o valor da corrente para a qual será

dimensionado o condutor. Esse valor é determinado de corrente de projeto (IB), e para cada circuito

ela é determinada por meio da seguinte expressão:

IB = P ÷ V

Nela, P é a potência do circuito (em VA ou W) e V é a tensão do circuito (em V)

Observe como se calcula a corrente de projeto de um circuito de iluminação que foi projetado com

900VA de potência alimentado por uma tensão de 127V:

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IB = P ÷ V

IB = 900 ÷ 127

IB = 7,08A

A corrente de projeto (IB) deste circuito de iluminação é 7,08A.

Observe agora, como é calculada a corrente de projeto de um circuito de tomada de uso específico,

que alimenta um chuveiro de 5600W com 220V.

IB = P ÷ V

IB = 5600 ÷ 220

IB = 25,45A

A corrente de projeto (IB) do circuito do chuveiro é 25,45A.

Fator de agrupamento

A corrente de projeto indica qual é, por exemplo, a corrente elétrica que será transportada pelo

condutor quando o chuveiro estiver ligado. Essa corrente elétrica que passa pelo condutor localizado

dentro do eletroduto provoca um aquecimento. Esse aquecimento é dissipado dentro do eletroduto e

quanto maior for a quantidade de circuitos dentro do eletroduto, menor será a capacidade desse

eletroduto de dissipar esse calor, o que causa o superaquecimento do circuito.

Como a dissipação do calor está prejudicada e há superaquecimento no circuito, os condutores ficam

com a sua capacidade de condução de corrente prejudicada em função desse aquecimento. Para

solucionar este problema, a NBR 5410/04 estabelece que seja feita a correção da corrente elétrica

em função do número de circuitos agrupados no interior do eletroduto.

O fator de agrupamento de condutores é a valor utilizado para efetuar a correção da corrente elétrica.

O fator de agrupamento é um valor numérico estabelecido em função do agrupamento de circuitos no

pior trecho do projeto. Observe a tabela a seguir:

Quantidade de circuitos no interior

do eletroduto Fator de agrupamento

1 1,00

2 0,80

3 0,70

4 0,65

5 0,60

6 0,57

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Quantidade de circuitos no interior do eletroduto

Fator de agrupamento

7 0,54

8 0,52

9 a 11 0,50

12 a 15 0,45

16 a 19 0,41

≥20 0,38

Para utilizar a tabela, você deverá identificar o circuito cujo fator de agrupamento deverá ser calculado.

Em seguida, deverá seguir todo o trajeto desse circuito e identificar em qual trecho do percurso há um

maior agrupamento de outros circuitos.

Cálculo da corrente corrigida

A corrente corrigida de um circuito é o valor da corrente de projeto corrigida em função do

agrupamento.

Para calcular o valor da corrente corrigida (Ic) de um circuito, basta aplicar a seguinte fórmula:

Ic = IB ÷ f

Nela, Ic é a corrente corrigida; IB é a corrente de projeto e f é o fator de agrupamento.

Para melhor explicar como calcular a corrente corrigida dos circuitos, são apresentados a seguir

alguns exemplos.

Exemplo 1 O circuito 1 de uma casa alimenta o circuito de iluminação com 1000VA de potência elétrica. Supondo

que no trajeto deste circuito do projeto elétrico, na pior situação, ele seja instalado junto com outros

dois circuitos no eletroduto próximo ao quadro geral, qual é a corrente elétrica corrigida (Ic) deste

circuito?

Inicialmente, é necessário calcular a corrente de projeto (IB)

IB = P ÷ V

IB = 1000 ÷ 127

IB = 7,87A

Agora, é necessário encontrar o fator de agrupamento deste circuito na tabela.

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Quantidade de circuitos no interior

do eletroduto Fator de agrupamento

1 1,00

2 0,80

3 0,70

Como o circuito 1 está agrupado com mais dois circuitos no interior do eletroduto, o fator de

agrupamento para 3 circuitos agrupados no interior do eletroduto é 0,70. Assim, f = 0,70.

Aplicando a fórmula tem-se:

Ic = IB ÷ f

Ic = 7,87 ÷ 0,70

Ic = 11,24A

A corrente corrigida (Ic) do circuito 1 é 11,24A.

Exemplo 2 O circuito 2 de uma casa alimenta o circuito do chuveiro com 5600VA de potência elétrica. Supondo

que no trajeto deste circuito no projeto elétrico, na pior situação, ele seja instalado junto com outro

circuito no eletroduto próximo ao quadro geral, qual é a corrente elétrica corrigida (Ic) do circuito 2?

Primeiramente, é necessário calcular a corrente de projeto (IB):

IB = P ÷ V

IB = 5600 ÷ 220

IB = 25,45A

Agora, é necessário encontrar o fator de agrupamento deste circuito na tabela.

Quantidade de circuitos no interior

do eletroduto Fator de agrupamento

2 0,80

Como o circuito 2 está agrupado com mais um circuito no interior do eletroduto, o fator de

agrupamento para 2 circuitos agrupados no interior do eletroduto é 0,80. Assim, f = 0,80.

Aplicando a fórmula temos:

Ic = IB ÷ f

Ic = 25,45 ÷ 0,80

Ic = 31,81A

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A corrente corrigida (Ic) do circuito 2 é 31,81A.

Capacidade de condução de corrente dos condutores Para dimensionar corretamente os condutores a serem empregados na instalação, além dos cálculos

que você já aprendeu a fazer, é necessário conhecer, agora, qual é a corrente elétrica que os

condutores suportam, sem que haja sobreaquecimento suficiente para danificar a sua isolação. A NBR

5410/04, estabelece os valores de corrente para os condutores em função do modo como serão

instalados. A tabela a seguir, fornece os valores nominais de capacidade de condução de corrente,

para condutores isolados, instalados no interior de eletrodutos plásticos embutidos em alvenaria ou

eletrodutos metálicos aparentes.

Seções nominais (mm2) Corrente do condutor (A)

1,5 15,5

2,5 21

4,0 28

6,0 36

10,0 50

16,0 68

25,0 89

35,0 110

50,0 134

70,0 171

Na tabela, observe que um condutor, com seção de 1,5 mm2, suporta 15,5A e, um condutor, com 4,0

mm2, suporta 28A.

Agora que você já sabe qual é a seção mínima do condutor de cada circuito em função do uso, sabe

como calcular a corrente corrigida de um circuito e também sabe qual a máxima corrente que os

condutores suportam de acordo com a NBR 5410/04. Para escolher a correta seção do condutor a ser

utilizado no projeto, basta seguir a seguinte expressão:

IZ ≥ IC

A expressão significa que o condutor escolhido deve possuir uma capacidade de condução de corrente

maior ou igual à corrente corrigida. Nela, IC é a corrente corrigida e IZ é a capacidade de condução de

corrente.

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Veja os exemplos que mostram como definir a capacidade de condução de corrente dos condutores.

Exemplo 1 Qual é a seção do circuito 1 de uma residência que possui as seguintes características:

- Circuito de iluminação;

- Potência de 800VA;

- Tensão do circuito igual a 127V;

- 2 circuitos agrupados no interior do eletroduto.

O primeiro passo é calcular a corrente de projeto:

IB = P ÷ V

IB = 800 ÷ 127

IB = 6,29A

Agora, é necessário encontrar o fator de agrupamento deste circuito na tabela:

Quantidade de circuitos no interior

do eletroduto Fator de agrupamento

2 0,80

Como o circuito 1 está agrupado com mais um circuito no interior do eletroduto, o fator de

agrupamento para 2 circuitos no interior do eletroduto é 0,80. Assim, f = 0,80

Aplicando a fórmula tem-se:

Ic = IB ÷ f

Ic = 6,29 ÷ 0,80

Ic = 7,87A

Para determinar a seção do condutor a ser utilizado, é necessário consultar a tabela referente à

capacidade de condução de corrente dos condutores. Pela NBR 5410/04, não é permitido utilizar um

condutor com seção menor que 1,5mm2, que, pela tabela de capacidade de condução de corrente de

condutores, suporta até 15,5A. Então, o condutor a ser utilizado é o de 1,5 mm2.

Exemplo 2 Qual são as seções dos condutores dos circuitos 1, 2 e 3 da planta mostrada a seguir, para uma

tensão de 127 V (fase-neutro) e 220 V (fase-fase)?

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FIGURA 1

Para auxiliar a organização dos dados, vamos utilizar a seguinte tabela:

Circuito

Nº Tipo Tensão

(V) Potência

(VA) ou (W)

Corrente de

projeto (IB)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida

(Ic)

Seção dos condutores

Agora, vamos preencher a tabela com o número de cada circuito, o tipo (iluminação, TUG ou TUE), a

tensão e a potência de cada um. Veja como ficou a tabela:

Circuito

Nº Tipo Tensão

(V) Potência (VA)

ou (W)

Corrente de

projeto (IB)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida

(Ic)

Seção dos condutores

1 Ilum. 127 200

2 TUG 127 300

3 TUE 220 4400

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Agora, é preciso calcular a corrente de projeto (IB). Para isso, basta dividir a potência pela tensão de

cada circuito. Veja como ficou a tabela:

Circuito

Nº Tipo Tensão

(V) Potência (VA)

ou (W)

Corrente de

projeto (IB) (A)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida (Ic) (A)

Seção dos condutores

1 Ilum. 127 200 1,57

2 TUG 127 300 2,36

3 TUE 220 4400 20

Agora, para determinar o fator de agrupamento, deve-se observar a planta, e verificar a pior situação

de cada circuito, ou seja, analisar o caminho que cada circuito percorre na planta para indicar qual o

seu maior agrupamento. Veja como ficou a tabela:

Circuito

Nº Tipo Tensão

(V) Potência (VA)

ou (W)

Corrente de

projeto (IB) (A)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida (Ic) (A)

Seção dos condutores

1 Ilum. 127 200 1,57 0,80 2 TUG 127 300 2,36 1,00

3 TUE 220 4400 20 0,80

Observe que a pior situação do circuito 1, está no trecho entre o quadro geral e a lâmpada. No trecho,

existem dois circuitos agrupados, o circuito 1 e o circuito 3, como para o circuito 3 também é a pior

situação, ou seja, dois circuitos agrupados no interior do eletroduto, o fator de agrupamento para o

circuito 1 e para o circuito 3 é 0,80.

Observe agora que, para o circuito 2, o fator de agrupamento é 1,00, pois em todo o seu percurso na

planta, ele não divide espaço com nenhum outro circuito.

O próximo passo, é calcular a corrente corrigida. Para isso, basta dividir a corrente de projeto (IB) pelo

fator de agrupamento (f). Veja como ficou a tabela:

Circuito

Nº Tipo Tensão

(V) Potência (VA)

ou (W)

Corrente de

projeto (IB) (A)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida (Ic) (A)

Seção dos condutores

1 Ilum. 127 200 1,57 0,80 1,96 2 TUG 127 300 2,36 1,00 2,36 3 TUE 220 4400 20 0,80 25

Note que a corrente do circuito 2 não sofreu alteração. Isso ocorre devido a sua característica de estar

sozinho no interior do eletroduto.

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Agora o passo final é definir qual é a seção dos condutores a serem utilizados em cada circuito.

Lembre-se de que para circuitos de iluminação, a seção mínima estabelecida pela NBR 5410/04 é

1,5mm2 e para circuitos de tomadas, a seção mínima é de 2,5mm2.

Para o circuito 1, a corrente corrigida é 1,96A. Para este valor de corrente, um condutor de seção igual

a 0,50mm2 seria suficiente, mas devido à exigência da NBR 5410/04 que também se preocupa com

esforços mecânicos, a seção do condutor a ser utilizada será de 1,5mm2.

Para o circuito 2, também ocorre a mesma situação, já que o circuito possui um valor pequeno de

corrente, mas em função do uso do circuito, a seção a ser utilizada será de 2,5mm2.

Para o circuito 3, é preciso tomar cuidado para determinar a seção do condutor a ser utilizado, pois a

NBR 5410/04 estabelece a seção mínima de 2,5mm2, mas este condutor suporta até 21A, inferior à

corrente corrigida. Para solucionar este problema, basta utilizar o condutor com seção de 4mm2, que

suporta até 28A.

Veja como ficou a tabela completa para o exemplo dado:

Circuito

Nº Tipo Tensão

(V) Potência (VA)

ou (W)

Corrente de

projeto (IB) (A)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida (Ic) (A)

Seção dos condutores

1 Ilum. 127 200 1,57 0,80 1,96 1,5mm2 2 TUG 127 300 2,36 1,00 2,36 2,5mm2 3 TUE 220 4400 20 0,80 25 4mm2

Dimensionamento de eletrodutos Para o correto dimensionamento dos eletrodutos de uma instalação elétrica, é necessário definir a

taxa de ocupação do eletroduto a ser utilizado. A taxa de ocupação é o percentual máximo da área do

eletroduto que pode ser ocupada pelos condutores. A taxa de ocupação pode variar entre 40% e 53%

em função da quantidade de condutores que serão instalados.

A taxa de ocupação mais utilizada é a de 40%, pois é utilizada quando serão instalados 3 ou mais

condutores no interior do eletroduto.

Para simplificar o dimensionamento, utiliza-se uma tabela, que a partir do número de condutores e a

seção do maior condutor de cada trecho, fornece o tamanho nominal do eletroduto. Veja a tabela:

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Número de condutores no eletroduto 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Seção nominal (mm2) Tamanho nominal do eletroduto em mm

1,5 16 16 16 16 16 16 20 20 20 2,5 16 16 16 20 20 20 20 25 25 4 16 16 20 20 20 25 25 25 25 6 16 20 20 25 25 25 25 32 32 10 20 20 25 25 32 32 32 40 40 16 20 25 25 32 32 40 40 40 40 25 25 32 32 40 40 40 50 50 50 35 25 32 40 40 50 50 50 50 60 50 32 40 40 50 50 60 60 60 75 70 40 40 50 60 60 60 75 75 75 95 40 50 60 60 75 75 85 85 85 120 50 50 60 75 75 75 85 85 xxx

Veja os exemplos abaixo para auxiliá-lo no entendimento da tabela de dimensionamento de

eletrodutos.

Exemplo 1 Determinar o diâmetro do eletroduto para os condutores fase e neutro de 1,5mm2 e duas fases e um

terra de 4mm2.

Neste trecho de eletroduto passam cinco condutores e a seção do maior condutor é 4mm2. Veja como

localizar o valor na tabela.

Número de condutores no eletroduto

2 3 4 5 6 7 8 9 10 Seção

nominal (mm2) Tamanho nominal do eletroduto em mm

1,5 16 16 16 16 16 16 20 20 20 2,5 16 16 16 20 20 20 20 25 25 4 16 16 20 20 20 25 25 25 25 6 16 20 20 25 25 25 25 32 32 10 20 20 25 25 32 32 32 40 40 16 20 25 25 32 32 40 40 40 40 25 25 32 32 40 40 40 50 50 50 35 25 32 40 40 50 50 50 50 60 50 32 40 40 50 50 60 60 60 75 70 40 40 50 60 60 60 75 75 75 95 40 50 60 60 75 75 85 85 85 120 50 50 60 75 75 75 85 85 xxx

O diâmetro do eletroduto a ser utilizado é de 20mm.

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Exemplo 2 Determinar o diâmetro do eletroduto para os condutores fase e neutro de 1,5mm2, fase, neutro e terra

de 2,5mm2 e duas fases e um terra de 4mm2. Neste trecho de eletroduto passam oito condutores e a seção do maior condutor é 4mm2. Veja como

encontrar o valor na tabela:

Número de condutores no eletroduto

2 3 4 5 6 7 8 9 10 Seção

nominal (mm2) Tamanho nominal do eletroduto em mm

1,5 16 16 16 16 16 16 20 20 20 2,5 16 16 16 20 20 20 20 25 25 4 16 16 20 20 20 25 25 25 25 6 16 20 20 25 25 25 25 32 32 10 20 20 25 25 32 32 32 40 40 16 20 25 25 32 32 40 40 40 40 25 25 32 32 40 40 40 50 50 50 35 25 32 40 40 50 50 50 50 60 50 32 40 40 50 50 60 60 60 75 70 40 40 50 60 60 60 75 75 75 95 40 50 60 60 75 75 85 85 85 120 50 50 60 75 75 75 85 85 xxx

O eletroduto a ser utilizado será o de 25mm.

Dispositivos de proteção

Depois de dimensionar os condutores dos circuitos e seus respectivos eletrodutos, é necessário

determinar a proteção dos circuitos devido à probabilidade de ocorrerem sobrecorrentes e curto-

circuitos.

A NBR 5410/04 estabelece que “os condutores devem ser protegidos por um ou mais dispositivos de

seccionamento automático contra sobrecargas e curto-circuitos”.

Os dispositivos de proteção de circuitos são os fusíveis e os disjuntores. Para determinar a proteção

dos circuitos, serão utilizados os disjuntores termomagnéticos (DTM), devido a sua grande utilização

nas instalações prediais e residenciais.

Dimensionamento do dispositivo de proteção Para dimensionar o correto disjuntor que irá proteger um circuito, basta seguir a seguinte definição

estabelecida pela NBR 5410/04: Ic ≤ In ≤ Iz , onde Ic é a corrente corrigida do circuito; In é a corrente

nominal do disjuntor e Iz é a capacidade de condução de corrente do condutor.

Isso significa que a corrente do disjuntor tem que ser maior ou igual à corrente corrigida e ao mesmo tempo , ser menor ou igual à capacidade de condução de corrente do condutor.

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Para facilitar a organização das informações, vamos utilizar a tabela de dimensionamento de

condutores, com uma coluna a mais para indicar o valor do disjuntor.

Observe como ficou a tabela:

Circuito Disjuntor

Nº Tipo Tensão

(V)

Potência (VA) ou

(W)

Corrente de

projeto (IB) (A)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida (Ic) (A)

Seção dos condutores

(mm2) fases Corrente nominal

(A) 1 Ilum. 127 200 1,57 0,80 1,96 1,5 1 2 TUG 127 300 2,36 1,00 2,36 2,5 1 3 TUE 220 4400 20 0,80 25 4 2

Para dimensionar o valor da corrente do disjuntor do circuito 1, deve-se escolher um disjuntor com

corrente superior ou igual a 1,96A (IC) e menor ou igual a 15,5A (IZ). Veja a definição:

1,69 ≤ In ≤ 15,5

Para a escolha do disjuntor existe a opção de 10A ou 15A, porém vamos indicar um disjuntor de 15A

para dar uma “folga” ao circuito e proteger os condutores. O circuito poderá, também, alimentar mais

lâmpadas.

Veja agora a definição para o circuito 2: 2,36 ≤ In ≤ 21

O disjuntor será o de 20A.

Para o circuito 3, veja como fica a definição: 25 ≤ In ≤ 28

O disjuntor será o de 25A, pois não são fabricados disjuntores de 26A, 27A ou 28A. Veja como ficou a

tabela:

Circuito Disjuntor

Nº Tipo Tensão

(V)

Potência (VA) ou

(W)

Corrente de

projeto (IB) (A)

Fator de agrupamento

(f)

Corrente corrigida (Ic) (A)

Seção dos condutores

(mm2) fases Corrente nominal

(A) 1 Ilum. 127 200 1,57 0,80 1,96 1,5 1 15 2 TUG 127 300 2,36 1,00 2,36 2,5 1 20 3 TUE 220 4400 20 0,80 25 4 2 25

Quadro geral de força e luz Concluído o dimensionamento dos dispositivos de proteção, é necessário definir o quadro de

distribuição adequado para a instalação. Também chamado de quadro de luz, é por meio dele que se

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faz a distribuição dos circuitos da instalação elétrica. O quadro geral de força e luz é o centro de

distribuição, pois:

• Recebe os condutores que vêm do medidor;

• Contém os dispositivos de proteção;

• Distribui os circuitos terminais que farão a alimentação de toda a intalação.

FIGURA 2

O quadro de distribuição deverá:

• conter um dispositivo de proteção Diferencial Residual contra choques elétricos;

• ser instalado em lugar de fácil acesso, com proteção adequada às influências externas e o

mais próximo possível do centro de cargas da residência (local onde haja maior concentração

de cargas de potências elevadas: cozinha, área de serviço, banheiro, etc.);

• possuir identificação dos circuitos. Em cada quadro de distribuição, deverá ser prevista uma capacidade de reserva que permita

ampliações futuras. Essa capacidade deverá ser compatível com a quantidade e tipo de circuitos

efetivamente previstos inicialmente. De acordo com a NBR5410/04, esta previsão de reserva deverá obedecer aos seguintes critérios:

• quadros com até 6 circuitos: prever espaço reserva para, no mínimo, 2 circuitos;

• quadros de 7 a 12 circuitos: prever espaço reserva para, no mínimo, 3 circuitos;

• quadros de 13 a 30 circuitos: prever espaço reserva para, no mínimo, 4 circuitos;

• quadros acima de 30 circuitos: prever espaço reserva para, no mínimo, 15% dos circuitos.

Agora que você já estudou todas as informações e os exemplos deste texto, faça os exercícios que o

ajudarão a transformar tudo isso em conhecimento.

Bom trabalho!