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    Uma Oferta de Dhamma

    Compilao de ensinamentos

    do

    Venervel Ajahn Chah

    Traduzido do Ingls por - KcanoBhikkhu

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    Sabbadnam Dhammadnam Jinti

    A oferta do Dhamma supera qualqueroutra oferta.

    Para distribuio gratuita

    Seguindo o desejo de Ajahn Chah, de que os

    seus ensinamentos nunca fossem vendidos, estelivro publicado exclusivamente paradistribuio gratuita.

    Amaravati Publications 2006

    Amaravati PublicationsAmaravati Buddhist MonasteryGreat GaddesdenHemel HempsteadHertfordshire HPI 3BZ

    England

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    ndice:

    Viver com a cobra

    Agradecimentos

    Introduo

    Viver no mundo com o Dhamma 1

    Conveno e Libertao 17

    guas paradas, fluindo 31

    Uma oferta de Dhamma 53

    Viver com a cobra 68

    Eplogo 75

    Glossrio 80

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    Agradecimentos

    Em primeiro lugar, um muito especialagradecimento a Venervel Ajahn Anan pelo facto de terplantado na minha mente a ideia inicial para aelaborao deste projecto, assim como a confiana eprecioso encorajamento oferecidos durante odesenvolvimento do mesmo. Anumodan Ajahn.

    Anumodan tambm para Venervel AjahnSumedho por ter aceite o convite de levar o Dhammaat terras Lusitanas. Estou certo que esta visita irproduzir muitos e doces frutos.

    No posso de modo algum deixar de mencionaros diversos membros da minha presente comunidade emWat Marp Jan, que de diversas formas contriburampara a concretizao da presente compilao emparticular o Venervel Art, sem a sua preciosa ajuda

    este no teria sido possvel.

    Quero tambm expressar o meu grandeagradecimento ao Venervel Dhammiko ao PostulanteVasco Rodrigo Gonalves e Sra. Maria Ferreira da Silvapela sua pronta disponibilidade e dedicao no exaustivotrabalho de reviso.

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    Esta compilao de ensinamentos foi patrocinadana ntegra, pelo Sr. Gene Lushtak, SdhuAnumodanpela sua admirvel generosidade e esforo na divulgaodoDhamma.

    Que o mrito resultante dos vossos actos vospossa ajudar no caminho da Libertao.

    KcanoBhikkhuWat Marp Jan,

    Rayong, Tailndia

    Abril 2006

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    Introduo

    Uma Oferta de Dhamma uma compilao devrias palestras seleccionadas a partir de outros livrospublicados em Ingls contendo os ensinamentos domuito Venervel Ajahn Chah, nomeadamenteBodhinyana, A taste of freedom e Living Dhamma.No processo de seleco foi tomada em considerao aaudincia a que este se destina, e assim as palestrasescolhidas so destinadas principalmente a pessoasleigas com interesse na meditao e em alcanar ummodo de vida mais calmo, com maior entendimento dascondies que nos governam, assim como tendo emvista a reduo do sofrimento e a aquisio de paz

    permanentes.

    Ao ler estas palestras, talvez algo a ter em menteseja, que Ajahn Chah d-nos as ms noticias acercada nossa existncia neste mundo, (mas por favor, no sesinta desencorajado). A nfase posta na confrontao

    das nossas impurezas/obstculos e na utilizao darenncia, persistncia e desenvolvimento da sabedoriacomo elemento chave, para a nossa libertao dosmesmos. Ele incita-nos a no nos perdermos nas nossasdisposies e ansiedades e em vez disso treinarmos parapoder-mos ver clara e directamente a verdadeiranatureza da mente e do mundo em que vivemos. E istoera o que Ajahn Chah personificava. Manifestando

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    sempre uma alegre e vibrante liberdade bem aparentesnas suas palestras, que falam bem alto acerca do valordos ensinamentos do Buddha.

    Ajahn Chah nunca preparava as suas palestrasnem ensinava com apontamentos. Por vezes uma nicapalestra abrangia vrios aspectos do percurso. Muitosdos ensinamentos mostram uma divagante caractersticana corrente de conscincia (talvez corrente de sabedoria

    seja uma descrio mais apropriada). Os seusensinamentos so ricos em significado e a sua totaltransferncia para o leitor s pode ser obtida atravs dasua atenta leitura e contemplao, talvez voltando a l-los passado algum tempo. No devemos acreditarcegamente nas suas palavras, ele sempre incitou toda a

    gente a pr os ensinamentos em prtica e a compreend-los atravs da experincia pessoal, em vez de os tomarcomo objectos de curiosidade intelectual.

    Em relao a esta traduo, tentei ser o mais claroe exacto possvel com o contedo dos ensinamentos, somitindo alguma da repetio que inevitvel nainstruo oral. Encontrar o meio-termo entre umatraduo mais literal, mas morta e enfadonha em que,muitas vezes, o verdadeiro esprito do texto se tornaobscuro numa amlgama de palavras, e outra, maisfluente, mas talvez menos precisa, nem sempre foi fcil.Mas, durante todo o processo, e antes de tentar qualquer

    traduo, tentei sempre ter em mente a correcta

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    compreenso do significado essencial do discurso deAjahn Chah, assim como a sua personalidade e estilo dediscurso. Tendo em considerao que Ajahn Chahnormalmente dava os seus ensinamentos na linguagemcoloquial do Nordeste da Tailndia ou em dialecto(Isahn), tentei traduzir os mesmos em linguagem maissimples.

    Palavras em Pli(escritas em Itlico) surgem com

    frequncia no decorrer das palestras e a suainterpretao ou traduo para Portugus no fcil enem sempre pode capturar de forma completa todo osignificado das mesmas. Tendo em considerao quetalvez o leitor no esteja familiarizado com estes termos,especial ateno foi posta na elaborao de um glossrio

    com explicaes mais abrangentes, para o auxiliar nacompreenso das mesmas. Alguns termos tcnicos enotas referentes a cada palestra so assinalados comasterisco (*) e explicados em nota de rodap.

    Gostaria de antemo pedir desculpa por qualquerpassagem menos clara, ou por um estilo desajeitado.Acredito que de qualquer forma este material irfornecer contemplativa nutrio para o nmero crescentede praticantes de meditao no nosso Pas, tal como emoutros Pases de Lngua Portuguesa.

    Se estas pginas conseguirem capturar um pouco

    do esprito das instrues do Venervel Ajahn Chah, a

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    sua clareza, alegria e sentido de direco assim como osseus mtodos de prtica, se as suas histrias e exemplosda vida na floresta o inspirarem a seguir em frente com asua prtica, ento o propsito destas ter sido realizado.

    Que todos os seres possam conhecer a felicidadee serem livres de sofrimento.

    KcanoBhikkhu(Tradutor)

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    Se procuras certezas naquilo que na realidade incerto,ests destinado a sofrer.

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    Viver no mundo com o Dhamma

    A maioria das pessoas ainda no sabe qual aessncia da prtica da meditao. Elas pensam que ameditao a caminhar, meditao na posio sentada eouvir palestras de Dhamma so aquilo que a prtica.Tudo isso faz parte dela, mas essas so somente a suaparte exterior. A verdadeira prtica, tem lugar quando amente encontra um dos objectos dos sentidos. Esse olugar para a prtica, onde o contacto com os sentidosocorre. Quando algum nos diz alguma coisa de que nogostamos, sentimo-nos ressentidos, se nos dizem coisasde que gostamos, a sentimos prazer. Isto algo para sepraticar. E como que podemos praticar com estas

    coisas? Este um ponto crucial. Se s andarmos svoltas a correr atrs da felicidade e constantemente atentar evitar o sofrimento, podemos praticar at ao diada nossa morte mas nunca veremos o Dhamma. Isto intil. Quando o prazer e a dor surgem como quevamos usar o Dhamma para nos libertarmos deles? Este

    o propsito da prtica.Em geral, sempre que as pessoas encontram algoque lhes desagrada, no se abrem a esse algo. Tal comoquando as pessoas so criticadas:No me incomodes!Porqu culpares-me? Isto a reaco de algum que sefecha. E a est outro ponto a praticar. Quando aspessoas nos criticam devemos ouvi-las. Esto a falar averdade? Devemos ser abertos e tomar em considerao

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    aquilo que dizem. Talvez o que nos dizem tenha algumvalor, talvez exista dentro de ns algo digno dereprovao. Talvez elas estejam certas, mas no entanto,de imediato tomamos aquilo como uma ofensa. Se aspessoas apontam as nossas falhas, deveramosesforarnos para nos libertarmos delas e melhorarmos. assim que as pessoas inteligentes praticam.

    Onde existe confuso onde a paz pode surgir.Quando a confuso penetrada com entendimento,

    aquilo que resta a paz. Algumas pessoas noconseguem aceitar criticismo e em vez disso, reagem ediscutem, so arrogantes. Isto especialmente verdadequando os adultos lidam com crianas. Na verdade, svezes as crianas dizem coisas inteligentes, mas se poracaso fores a me delas, sentes dificuldade em dar-lhes

    razo. Se fores um professor, talvez os teus alunospossam dizer-te algo que ainda no saibas, mas porques professor no te sentes bem a dar-lhes ouvidos. Istono a forma correcta de se pensar.

    No tempo do Buddha, havia um discpulo que erabastante astuto. Certa ocasio, quando o Buddha estavaa expor o Dhamma, voltou-se para este monge eperguntou-lhe, Srputta, acreditas nisto? O VenervelSrputta respondeu, No, eu ainda no acredito. OBuddha elogiou a sua resposta. Muito bem Srputta, tutens sabedoria. Quem sensato no acreditaprontamente, primeiro ouve com a mente aberta e depoispesa a verdade da questo antes de acreditar ou no.

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    O que o Venervel Srputta disse era verdade,ele simplesmente mencionou os seus verdadeirossentimentos. Algumas pessoas podem pensar que aodizerem que no acreditam no Ensinamento como quequestionar a autoridade do professor e elas tm medo defazer tal coisa. E simplesmente concordam com tudo oque dito. assim que o mundano funciona. Mas oBuddha no se ofendeu. Ele disse que no precisas deter vergonha das coisas que no so erradas ou ms.

    No errado dizer que no acreditas se no acreditas.Por isso o Venervel Srputta disse, Eu ainda noacredito. O Buddha elogiou-o. Este monge tembastante sabedoria. Ele considera cautelosamente antesde acreditar em algo. As aces do Buddha nestasituao so um bom exemplo para quem ensina a

    outros. s vezes podes aprender certas coisas comcrianas pequenas; no te apegues cegamente a posiesde autoridade.

    Quer estejas em p, sentado ou a caminhar pordiversos lugares, podes sempre estudar o que est tuavolta. Ns estudamos de forma natural, receptivos atodas as coisas, quer sejam paisagens, sons, cheiros,sabores, sensaes ou pensamentos. A pessoa sensatatoma todas estas coisas em considerao. Na verdadeiraprtica, ns chegamos ao ponto onde deixam de haverquaisquer preocupaes a pesar-nos na mente. Se aindano conhecemos o mecanismo do gostar e do desgostar medida que estes surgem, existir ainda alguma

    preocupao nas nossas mentes. Se soubermos a

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    verdade destas coisas, reflectimos, Oh, esta sensaode gostar no tem nada que se lhe diga. somente umasensao que surge e depois passa. Desgostar no nada mais que uma sensao que surge e depois passa.Porque fazer algo mais delas? Se pensarmos que prazere dor so coisas que nos pertencem, iremos terproblemas, nunca passaremos para alm do ponto de teruma ou outra preocupao nas nossas mentes. E estesproblemas alimentam-se uns aos outros num cadeia

    interminvel. assim que as coisas so para a maioriadas pessoas.

    Mas hoje em dia no se fala com regularidadeacerca da mente, quando se ensina o Dhamma, no sefala acerca da verdade. Se falas a verdade as pessoasacham que e inaceitvel. Dizem coisas como, Ele no

    tem noo nenhuma do que est a dizer, ele no sabecomo falar de forma agradvel. As pessoas deviamouvir a verdade. O verdadeiro professor no falasomente de memria, ele fala a verdade. As pessoas emsociedade geralmente falam de memria, e mais, muitasdas vezes falam de modo a se glorificarem. O verdadeiromonge no fala assim, ele fala a verdade e do modocomo as coisas so.

    No importa o quanto ele possa explicar, averdade difcil para as pessoas compreenderem. difcil compreender o Dhamma. Se compreenderes oDhamma deves praticar de acordo com ele. Talvez noseja necessrio tornares-te monge, apesar de a vida de

    monge ser a forma ideal para praticar. Para

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    verdadeiramente praticar, tens de abandonar a confusodo mundo, deixar famlia e pertences, e ir para asflorestas. Estes so os lugares ideais para praticar.

    Mas, se ainda temos famlia e responsabilidadescomo que devemos praticar? H quem diga que impossvel praticar o Dhamma como pessoa leiga.Considera, qual o grupo maior, monges ou pessoasleigas? Existem bastante mais pessoas leigas. Ora se sos monges praticarem e as pessoas leigas no, isso

    significa que ir haver muita confuso. Isto entendimento errado. Eu no me posso tornarmonge Tornares-te monge no o objectivo! Sermonge nada significa se no praticares. Se realmentecompreendes a prtica do Dhamma ento no importaque profisso ou posio tenhas na vida, quer sejas

    professor, doutor, funcionrio pblico ou o que quer queseja, podes praticar oDhamma a qualquer hora do dia.Pensar que como pessoa leiga no podes praticar

    perder completamente o caminho. Porque que aspessoas conseguem encontrar incentivo para fazer outrascoisas? Se elas sentem que algo lhes falta, fazem umesforo para o obter. Se houver desejo suficiente aspessoas fazem seja o que for. Algumas dizem, Notenho tempo para praticar o Dhamma. Eu digo, Entocomo que tens tempo para respirar? Este o ponto.Como que elas encontram tempo para respirar?Respirar vital para a sua vida. Se elas tambm vissema prtica do Dhamma como algo vital para as suas

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    vidas, ento o teriam como algo to importante como asua respirao.

    A prtica do Dhamma no algo que tenhas decorrer atrs ou teres de te esgotar completamente para aalcanar. Observa simplesmente as sensaes quesurgem na tua mente. Quando os olhos vm formas, osouvidos ouvem sons, o nariz cheira odores e por aadiante, todos eles vm at mente que ento aqueleque sabe. Mas quando a mente se apercebe destas

    coisas, o que que acontece? Se gostamos desseobjecto sentimos prazer, se desgostamos dele sentimosdesagrado. Isso tudo o que acontece.

    Ento onde que vais encontrar felicidade nestemundo? Ests a espera que toda a gente s te diga coisasboas para o resto da vida? E isso possvel? No, claro

    que no. Ento se no possvel o que que vais fazer?O mundo assim, ns temos de o conhecer Lokavidconhece a verdade deste mundo. O mundo algo quedevemos perceber claramente. O Buddha viveu nestemundo, ele no viveu em qualquer outro lugar. Ele tevea experincia da vida familiar, mas viu as suaslimitaes e separou-se dela. Ora como que vocscomo pessoas leigas vo praticar? Se quiserem praticartm de fazer um esforo para seguir o caminho. Sepersistires com a prtica tambm tu irs ver aslimitaes deste mundo e sers capaz de o abandonar.

    As pessoas que bebem muito lcool s vezesdizem, Eu no o consigo deixar. Porque que no o

    conseguem deixar? Simplesmente porque ainda no

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    viram as suas desvantagens. Se elas vissem claramenteessas desvantagens no teriam de esperar que algumlhes dissesse para o deixarem. Se no vires asdesvantagens de algo, isso significa que tambm noconsegues ver os benefcios de o deixar. A tua prticatorna-se infrutfera, ests somente a brincar. Se viresclaramente as desvantagens e os benefcios de algo noters de esperar que os outros te digam nada. Consideraa histria do pescador de enguias que encontra algo no

    seu pote. Ele sabe que o pote contm algo, pois ouvealgo a bater. Pensando que uma enguia, ele mete amo no pote, mas agarra algo diferente. Ele ainda no aconsegue ver e assim fica em dvida. Por um lado podeser uma enguia*, mas tambm pode ser uma cobra. Seele a deitar fora pode arrepender-secaso seja uma

    enguia. Por outro lado, se ele continuar a agarr-la e sejauma cobra ela poder mord-lo. Ele encontra-se numestado de dvida. O seu desejo to grande que elecontinua a agarrar, caso seja uma enguia, mas nomomento em que a tira para fora e v a pele s riscas,deita-a imediatamente fora. No precisa de esperar queningum grite, E uma cobra, uma cobra, larga-a! Aviso da cobra diz-lhe o que fazer muito maisclaramente do que as palavras. Porqu? Porque ele v operigo as cobras podem morder! Quem que precisade lhe dizer algo? Do mesmo modo, se praticarmos atvermos as coisas como elas so no nos iremos envolvercom coisas que so prejudiciais.

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    Geralmente as pessoas no praticam desta forma,s praticam para outras coisas. Elas no contemplam,nem reflectem acerca da velhice, doena ou morte. Elass falam acerca de no envelhecer e de no morrer,assim nunca desenvolvem a atitude correcta para aprtica do Dhamma. Elas vo ouvir palestras deDhamma mas na verdade nada ouvem. s vezes souconvidado para dar palestras em acontecimentosimportantes, mas para mim um incmodo ter de ir.

    Porqu? Porque quando olho para as pessoas que lesto vejo que elas no foram l para ouvir o Dhamma.Algumas cheiram a lcool, outras esto a fumar, outrasesto a conversarelas no se parecem nada compessoas que vieram por causa da sua f no Dhamma.Dar palestras em lugares desses pouco benfico. As

    pessoas que esto imersas na indiferena tem tendnciaa pensar desta forma: Quando ser que ele para defalar?No posso fazer isto, no posso fazer aquiloe as suas mentes vagueiam por todo o lado.

    Por vezes convidam-me para dar a palestra s porformalidade: Porfavor d-nos s uma pequena palestraVenervel Senhor. Elas no querem que eu fale muito,pois pode aborrec-las! Assim que as oio dizerem issosei logo o que elas querem. Estas pessoas no gostam deouvir o Dhamma. Isso aborrece-as. Se eu s der umapequena palestra elas nada percebem. Se comeres muitopouco, isso chega-te? Claro que no.

    Por vezes vezes estou a dar a palestra, ainda a

    aquecer para chegar ao ponto principal, e um qualquer,

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    bbado, grita, Ora bem, abram passagem, abrampassagem para o Venervel Senhor, ele vem a sairagora! a tentar que eu me v embora! Se encontroeste tipo de pessoa ganho bastante material parareflexo e entendimento acerca da natureza humana. como uma pessoa ter uma garrafa cheia de gua e pedirpara que a encham. No h onde pr mais. No vale apena o tempo e a energia gastos a ensin-los, porque assuas mentes j esto cheias. Deita-se-lhe mais para

    dentro e transbordar inutilmente. Se a garrafa delesestivesse vazia, ento teramos onde pr a gua, e tantoo dador como o recipiente beneficiariam.

    Quando as pessoas esto realmente interessadasno Dhamma e se sentam em silncio, a ouvir comateno, sinto-me mais inspirado a ensinar. Se as

    pessoas no prestam ateno como o homem com agarrafa cheia de guano h espao para l pr maisnada. Quase que no vale a pena perder tempo a falarcom estas pessoas. Em situaes destas no me surgequalquer energia para ensinar. No podes pr muitaenergia para dar quando ningum pe a energia parareceber.

    Hoje em dia quando se d palestras, h tendnciaa se encontrar este tipo de situao, e est a piorar atodo o momento. As pessoas no procuram a verdade,quando estudam somente para adquiriremconhecimentos suficientes para poderem ganhar a vida,constituir famlia e cuidar de si prprios. Talvez haja

    algum estudo do Dhamma, mas nada de mais. Os

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    estudantes hoje em dia tm muito mais conhecimentosdo que os estudantes em tempos passados. Eles tem sua disposio tudo o que necessrio, tudo maisfacilitado. Mas tambm tm muito mais confuso esofrimento do que os de antes. Porqu? Porque a nicasabedoria que eles buscam aquela necessria paraganharem a vida.

    At os monges so assim. s vezes ouo-os dizer,Eu no me tornei monge para praticar o Dhamma, eu

    s me ordenei para poder estudar. Estas so as palavrasde quem abandonou completamente o caminho daprtica. No h caminho em frente. um beco semsada. Quando estes monges ensinam fazem-no dememria. Eles podem ensinar mas quando o fazem assuas mentes esto num lugar completamente diferente.

    Tais Ensinamentos no so verdadeiros.O mundo assim. Se tentares viver de formasimples, praticando o Dhamma e vivendo em paz, elesdizem que s estranho e anti-social. Dizem que ests abloquear o progresso da sociedade. At te intimidam.Eventualmente podes comear a acreditar neles e areverter aos costumes mundanos, afundando-te cada vezmais no mundo at te ser impossvel sair dele. Algumaspessoas dizem, Agora j no consigo sair dele, j estoumuito no fundo. Isto como a sociedade tem tendnciaa ser. No apreciando o valor doDhamma.

    O seu valor no se encontra nos livros. Esses sosomente as aparncias externas do Dhamma, no so a

    realizao doDhamma como experincia pessoal. Se tu

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    perceberes o Dhamma, percebers a tua prpriamente, a vez a verdade. Quando a verdade se tornaaparente, corta a corrente da iluso.

    O Ensinamento do Buddha a verdade imutvel,quer no presente como em qualquer outro tempo. OBuddha revelou esta verdade h 2500 anos atrs e temsido a verdade desde ento. A este Ensinamento nada sedeve adicionar ou descartar. O Buddha disse, O que oTathgataestipulou no deve ser descartado, o que no

    foi estipulado pelo Tathgata no deve ser adicionadoaos Ensinamentos. Ele selou os Ensinamentos. Porque que o Buddha selou os Ensinamentos? Porque eles soas palavras de quem no tem quaisquer impurezas. Noimporta quanto o mundo possa mudar, estesEnsinamentos no sero afectados, eles no mudam com

    ele. Se algo est errado, ainda que as pessoas digam queest certo no o tornam menos errado. Se algo estcerto, no muda s porque as pessoas dizem que noest. Gerao aps gerao pode chegar e partir masestas coisas no mudam, porque estes Ensinamentos soa verdade.

    Agora, quem criou esta verdade? Foi ela prpriaque se criou! Foi o Buddha que a criou? No, ele no acriou. O Buddha somente descobriu a verdade, o modocomo as coisas so, e depois dedicou-se a declar-la. Averdade constantemente verdade, quer um Buddhasurja no mundo ou no. O Buddha s possui oDhamma neste sentido, ele no o cria. O Dhamma tem

    estado sempre aqui. No entanto, previamente ningum o

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    tinha procurado ou encontrado assim. Foi o Buddha queo procurou e encontrou desta forma; o fim do sofrimentoe da morte, depois ensinou-o como Dhamma. Ele no oinventou, ele j l estava.

    A certa altura no tempo, a verdade iluminada e aprtica do Dhamma prospera. medida que o tempopassa e geraes desaparecem, a prtica degenera at oEnsinamento desaparecer completamente. Aps algumtempo o Ensinamento redescoberto e prospera de

    novo. Com o passar dos tempos aqueles que aderem aoDhamma multiplicam-se, a prosperidade instala-se, emais uma vez o Ensinamento comea a seguir aescurido no mundo. Tornando a degenerar-se at dataem que j no se consiga manter. A confuso volta areinar. E ento que chega a hora de restabelecer a

    verdade. De facto a verdade no vai a lado nenhum.Quando Buddhas falecem, o Dhamma no desaparececom eles.

    O mundo gira desta forma. um pouco como arvore da manga. A rvore amadurece, desabrocha,frutos aparecem e tornam-se maduros. Algunsapodrecem e a semente volta terra para se tornar numanova rvore. O ciclo recomea. Eventualmente haveromais frutos maduros que caiem, apodrecem e voltam terra como sementes e crescendo mais uma vez comorvores. assim que o mundo . Ele nunca vai muitolonge, simplesmente revolve em volta das mesmasvelhas coisas.

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    No presente as nossas vidas so idnticas. Hojeestamos simplesmente a fazer as mesmas velhas coisasque sempre fizemos. As pessoas pensam demasiado.Existem tantas coisas para elas se interessarem, masnenhuma delas leva a realizao. Existem as cinciascomo a matemtica, fsica, psicologia e por a fora. Tupodes pesquisar um sem nmero delas mas s podesfinalizar as coisas com a verdade.

    Supe que tnhamos uma carroa a ser puxada por

    um boi. As rodas no so longas, mas os rastos so.Enquanto o boi puxar a carroa os rastos seguem. Asrodas so redondas, no entanto os rastos so longos; osrastos so longos mas as rodas so somente crculos.Olhando para uma carroa parada no consegues vernela nada que seja longo, mas quando o boi comea a

    andar, vez os rastos a alongarem-se atrs de ti. Enquantoo boi puxar, as rodas continuam a girarmas vir umdia em que o boi se cansa e deita fora os seus arreios. Oboi vai-se embora e deixa a carroa vazia ali parada. Asrodas j no giram. No seu devido tempo a carroa caiaos bocados, os seus componentes voltam aos quatroelementosterra, gua, ar e fogo.

    Ao procurar a paz no mundo, tu alongas os rastrosda carroa infinitamente atrs de ti. Enquanto seguires omundo no h paragem, nem descanso. Mas se deixaresde o seguir, a carroa pra, as rodas j no giram. Seguiro mundo faz girar as rodas incessantemente, criandomau Kamma no processo. Enquanto seguires os velhos

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    hbitos no h paragem. Se parares tudo pra. assimque ns praticmos oDhamma.

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    * Considerada uma iguaria em certas partes daTailndia

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    Se quiseres ver a Verdade, tens de saber onde

    procur-la. Neste prprio corpo e mente est a tua reade investigao.

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    Conveno e Libertao

    As coisas deste mundo so apenas convenesque nos prprios criamos. Tendo-as estabelecido,perdemo-nos nelas, e recusamos a larg-las, dandoassim origem ao apego s nossas opinies pessoais. Esteapego no tem fim, Sasra, fluindointerminavelmente sem concluso. Agora, se nspercebermos a realidade convencional, ento percebe-mos a libertao. Se claramente soubermos o que alibertao, ento conhecemos a conveno. Isto conhecer oDhamma. Aqui h concluso.

    Tomemos as pessoas como exemplo. Na realidade aspessoas no tm nomes, ns nascemos para este mundo

    completamente nus. Se temos nomes, eles surgemsomente atravs de convenes. Eu contemplei isto e vique se tu no conheces a verdade desta conveno elapode ser muito prejudicial. Ela simplesmente algo queusamos por convenincia. Sem a conveno no haveriaforma de comunicar, no haveria nada a dizer, nenhuma

    linguagem.Eu observei os ocidentais quando se sentam juntos ameditar. No final, quando se levantam aps a meditao,homens e mulheres tocam-se uns aos outros na cabea!*Quando vi isto pensei, Ahh, se nos apegamos aconvenes isso dar origem a impedimentos aquimesmo. Se conseguirmos abandonar as convenes,abrir mo das nossas opinies, ento estaremos em paz.

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    como os generais e coronis, homens de posto eposio, que me vm visitar e pedem, Oh, por favortoque-me na cabea.** Se eles pedem deste modo nadatem de mal, eles ficam contentes por terem as suascabeas tocadas. Mas se no meio da rua tu lhes tocassesna cabea a histria seria completamente diferente! Istoacontece por causa do apego. Por isso penso quelibertar-mo-nos das convenes realmente o caminhopara a paz. Tocar na cabea no est de acordo com os

    nossos costumes, mas na realidade isso no significanada. Quando eles concordam que lhes toquem, no temmal nenhum, como tocar num repolho ou numa batata.

    Aceitar, largar, abandonar este o caminho daleveza. Onde quer que te apegues nesse mesmo pontosurge existncia e nascimento. A mesmo existe perigo.

    O Buddha ensinou acerca das convenes e ensinou adesfaz-las de forma correcta, para assim se atingir alibertao. No nos apegarmos a convenes, terliberdade. Neste mundo todas as coisas tm umarealidade convencional. Tendo-as estabelecido nodevemos ser enganados por elas, pois perdermo-nosnelas leva-nos directamente ao sofrimento. Este pontosobre regras e convenes da maior importncia.Quem quer que consiga ir para alm delas estar paraalm do sofrimento.

    No entanto, elas so uma caracterstica do nossomundo. Considera por exemplo o Sr. Boonmah, ele erasomente um na multido, mas agora foi nomeado para

    comissrio de distrito. Isto somente uma conveno

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    mas uma conveno que devemos respeitar. Faz partedo nosso mundo. Se pensares, Oh, antes ramosamigos, costumvamos trabalhar juntos no alfaiate, elhe tocas na cabea em pblico, ele zanga-se. No estcerto, claro que ele ficara sentido. Assim sendo,devemos seguir as convenes para evitar dar origem aressentimentos. til compreender as convenes, viverno mundo somente isto. Conhecer o lugar e horacertas, conhecer tambm a pessoa em causa.

    Porque que errado ir contra as convenes? errado por causa das pessoas! Deves ser inteligente,tendo conhecimento tanto das convenes como dalibertao. Saber qual a hora certa para cada uma delas.Se soubermos como usar as regras e as convenesconfortavelmente, seremos hbeis. Mas se tentarmos

    comportarnos de acordo com o mais alto nvel darealidade na situao errada, isso errado. Onde queest errado? Est errado por causa dos obstculos que aspessoas tm, nada mais! Todas as pessoas tmobstculos ou impedimentos. Numa situao, comporta-mo-nos de uma maneira, numa outra situao diferentetemos de nos comportar de outra forma. Devemos saberos prs e os contras, porque vivemos dentro destasconvenes. Problemas surgem porque as pessoasapegam-se s convenes. Se supomos que algo , ento porque . Est l porque supomos que l est. Mas seobservares melhor, no sentido absoluto estas coisasrealmente no existem.

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    E como eu muitas vezes digo, antes ramoshomens leigos e agora somos monges. Ns vivamos deacordo com as convenes de homem leigo e agora comas de monge. Ns somos monges por conveno, noatravs da libertao. No princpio estabelece-mosconvenes como esta, mas se a pessoa simplesmente seordena, isto no significa que ela supera as suasimpurezas. Se pegarmos numa mo cheia de areia econcordarmos em cham-la sal, ser que isso a torna

    sal? Pode ser sal, mas s de nome, nunca na realidade.No o poderias usar para cozinhar. O seu nico usoexiste somente dentro da esfera desse acordo, porque narealidade no esta l nenhum sal, somente areia. Elatorna-se sal somente atravs da nossa suposio.

    Esta palavra Libertao ela prpria somente

    uma conveno, mas refere-se quilo que est para almdas convenes. Tendo alcanado a liberdade, tendoalcanado a libertao, ns ainda temos de usar aconveno para nos referirmos a ela como libertao. Seno tivssemos convenes no poderamos comunicar,assim sendo, a conveno tem as suas vantagens.

    Por exemplo, todas as pessoas tm nomesdiferentes, mas todas elas so pessoas, iguais. Se notivssemos nomes para as diferenciar, quando se cham-se por algum , Pessoa! Pessoa!, isso seria intil.Nunca poderias saber quem te iria responder pois todaselas so uma Pessoa. Mas se chamarem, Joo!, aio Joo viria e os outros no responderiam. Os nomes

    preenchem esta necessidade. Atravs deles podemos

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    comunicar, eles fornecem a base para o comportamentosocial.

    Assim deves perceber ambos a conveno e alibertao. As convenes tm utilidade, mas narealidade no esta l nada. At as pessoas so no-existentes! Elas so somente grupos de elementos,nascidos de condies causais, crescendo dependentesde condies, existindo por algum tempo, depoisdesaparecendo de modo natural. Ningum se lhes pode

    opor ou sequer controlar. Mas sem as convenes noteramos nada a dizer, no teramos nomes, nenhumaprtica, nenhum trabalho. As regras e convenes soestabelecidas para nos darem uma linguagem, paratornar as coisas convenientes, e s.

    Toma o dinheiro como exemplo. Em tempos idos

    no existiam quaisquer moedas ou notas. As pessoasusavam diversos materiais e produtos para fazeremtrocas em vez de dinheiro, mas esses eram difceis deguardar e assim resolveram mudar, tornando notas emoedas em dinheiro. Talvez no futuro tenhamos umnovo decreto do Rei a dizer que j no temos de usardinheiro de papel, que devemos usar cera, derret-la emold-la em pedaos. A dizemos, isto dinheiro eusamo-lo em todo o Pas. Mas no s com a cera, podeacontecer que eles decidam tornar o esterco de galinhana moeda local nenhuma outra coisa poder serconsiderada dinheiro, somente o esterco de galinha!Ento as pessoas lutavam e matavam-se umas s outras

    por causa do esterco de galinha! assim. Poderiam-se

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    utilizar muitos exemplos para ilustrar o que conveno. O que utilizamos como dinheiro simplesmente uma conveno que ns crimos, tem asua utilidade dentro dessa conveno. Tendo-odecretado como sendo dinheiro, ele torna-se dinheiro.Mas na realidade o que o dinheiro? Ningum conseguedizer. Quando existe um acordo popular acerca de algo,a a conveno surge para preencher a necessidade. Omundo somente isto.

    Isto conveno, mas fazer com que as pessoasvulgares percebam Libertao muito difcil. O nossodinheiro, a nossa casa, a nossa famlia, os nossos filhose familiares so simplesmente convenes que nsinventamos, mas realmente, visto luz doDhamma, elesno nos pertencem. Talvez ao ouvirmos isto no nos

    sintamos muito bem, mas a realidade mesmo assim.Todas estas coisas tm valor somente atravs dasconvenes previamente estabelecidas. Seestabelecermos que elas no tm valor, ento deixam deo ter. Se estabelecemos que tm valor, ento tm valor. assim que isto funciona, ns trazemos convenes aomundo para preencher necessidades.

    At este corpo no nosso, somente o supomosdessa forma. Na realidade s uma suposio. Setentares encontrar um ser verdadeiro e com substnciadentro dele, no o conseguirs fazer. S existemelementos que nascem, continuam por algum tempo emorrem. Tudo assim. No existe nenhuma verdadeira

    substncia nele, mas correcto que o usemos. como

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    uma chvena. A certo ponto a chvena ir partir-se, masenquanto ela c estiver deves us-la e tomar bem contadela. um instrumento para o teu uso. Se se partir serum problema, assim sendo, ainda que ela tenha de separtir, deves tentar preserv-la o melhor possvel. Eassim chegamos aos quatro apoios*** que o Buddhanos ensinou a contemplar inmeras vezes. Estas so ascoisas bsicas de que um monge depende para continuara sua prtica. Enquanto viveres tens de depender deles,

    mas deves compreend-los. No te apegues a eles,dando assim origem a mais desejo na tua mente.

    Conveno e Libertao esto continuamenterelacionadas desta forma. Ainda que usemosconvenes, no ponhas a tua confiana nelas comosendo a verdade. Se te apegares a elas, o sofrimento

    surgir. O caso do Certo e do Errado um bomexemplo. Algumas pessoas vm Errado como estandoCerto e Certo como estando Errado, mas no fim decontas quem que realmente sabe o que Certo e o que Errado? Ningum sabe. Diferentes pessoasestabelecem diferentes convenes acerca do que Certo e Errado, mas o Buddha tomou o sofrimento comosendo a sua directriz. Se quiseres discutir acerca desteassunto jamais chegars a uma concluso. Um dizCerto, outro diz Errado. Um diz Errado, o outrodiz Certo. Para dizer a verdade, ns no sabemos oque Certo e o que Errado! Mas por convenincia eefeito prtico, podemos dizer que Certo no nos

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    prejudicarmos nem prejudicarmos os outros. Destemodo satisfazemos uma necessidade.

    Assim, apesar de tudo, tanto as regras com suasconvenes, como a Libertao, so simplesmenteDhammas. Um superior ao outro, mas esto lado alado. No existe qualquer forma de garantirmos que algo definitivamente deste ou daquele modo, da o Buddhater dito para os deixarmos estar. Deixmo-los serincertos. Por mais que gostes ou desgostes, deves

    perceb-los como sendo incertos.Independentemente de lugar e hora, toda a prtica

    do Dhamma chega sua concluso no lugar onde nadaexiste. o lugar de rendio, de vazio, de largar a carga.Isto o final. No como a pessoa que diz, Porque que a bandeira esvoaa ao vento? Eu penso que por

    causa do vento. Outra pessoa diz que por causa dabandeira. A primeira ento returca que por causa dovento. Isto jamais ter fim! como o velho enigma,Quem nasceu primeiro, a galinha ou o ovo? Noexiste forma de se chegar a uma concluso, isto somente Natureza.

    Todas estas coisas so simplesmente convenes,estabelecidas por ns prprios. Se as compreenderescom sabedoria ento conhecers Impermanncia,Insatisfao e No-eu. Esta a viso que leva at ailuminao.

    Sabes, treinar e ensinar pessoas com diferentesnveis de entendimento realmente difcil. Algumas

    pessoas j tm as ideias feitas, tu dizes-lhes algo e elas

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    no acreditam. Dizes-lhes a verdade e elas dizem queno verdade. Eu estou certo, tu ests errado Istono tem fim. Se no abandonares a discusso terssofrimento. Eu j vos contei acerca dos quatro homensque vo at floresta. Eles ouvem uma galinha acacarejar, Co-co-ro-c! Um deles pensa, Ser que um galo ou uma galinha? Os outros trs dizem emunssono, uma galinha, mas o outro no concorda, einsiste que um galo. Como poderia uma galinha

    cacarejar desta maneira? pergunta ele. Os outrosreplicam, Bem, ela tem um bico, no tem? Discutem ediscutem at as lgrimas lhes virem aos olhos, ficandoverdadeiramente zangados por causa disso, mas no finaltodos eles estavam errados. Quer digas galinha ou galo,esses so somente nomes. Ns estabelecemos estas

    convenes, dizendo um galo deste modo, uma galinhadaquele, um galo canta desta forma, uma galinha cantadaquelae assim que ns nos prendemos ao mundo!Lembra-te disto! Se somente disseres que no existenenhuma galinha nem nenhum galo isso ser o fim dadiscusso. No campo da realidade convencional um doslados est certo e o outro est errado, mas eles jamaisentraro em acordo. Discutir at que as lgrimas noscorram no tem qualquer utilidade!

    O Buddha ensinou a no nos apegarmos. Como que devemos praticar para no nos apegarmos?Praticando simplesmente para abandonar; mas este no-apego muito difcil de entender. necessria

    constante sabedoria para o investigar e penetrar, e assim

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    alcan-lo. Se pensares acerca disso, quer as pessoasestejam alegres ou tristes, satisfeitas ou insatisfeitas,nada disso depende de elas terem muito ou poucomassomente da sua sabedoria. Toda a dor s poder serultrapassada atravs da sabedoria, vendo a verdade dascoisas.

    Assim, o Buddha incitou-nos a investigar e acontemplar. Esta contemplao, significa simplesmente,tentar resolver os problemas correctamente. Esta a

    nossa prtica. Tal como o nascimento, velhice, doena emorteestas so as ocorrncias mais comuns na vida. OBuddha ensinou a contemplar nascimento, velhice,doena e morte, mas algumas pessoas no compreendemisso. O que que h nelas para contemplar? dizem.Elas nascem mas no conhecem o nascimento, e morrem

    sem conhecer a morte.A pessoa que investigar estas coisasrepetidamente ir compreend-las. Tendo-ascompreendido ela ir gradualmente resolvendo os seusproblemas. Ainda que nela exista algum apego, comsabedoria ela ir compreender que a velhice, doena emorte so o modo da natureza; e ser capaz de aliviar oseu sofrimento. Ns estudamos o Dhammasimplesmente com este objectivo para curar osofrimento. Na realidade no h muito que dizer acercada base do Budismo, s existem o nascimento e a mortedo sofrimento, a isto o Buddha chamou de Verdade. Onascimento sofrimento, a velhice sofrimento, doena

    sofrimento e a morte e sofrimento. As pessoas no

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    vem este sofrimento como sendo a Verdade. Sesoubermos o que a Verdade, saberemos o que osofrimento.

    Este orgulho em opinies pessoais, estas disputas,jamais tem fim. Para podermos pr as nossas mentes emdescanso, para encontrar-mos a paz, devemoscontemplar o nosso passado, o presente, e as coisas quenos esto reservadas. Como o nascimento, velhice,doena e morte. O que que podemos fazer para evitar

    sermos atormentados por eles? Ainda que tenhamosalguma preocupao, se investigarmos o sofrimento ato conhecermos de acordo com a Verdade, ele irdiminuir e ns jamais o acolheremos.

    * Na Tailndia a cabea e considerada como algosagrado, tocar na cabea de algum e um insulto.Tambm, e de acordo com a tradio, homens emulheres no se tocam em pblico. Por outro lado,sentar-se em meditao considerada uma actividadesagrada. Talvez aqui o Venervel Ajahn estivesse a usar

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    um exemplo de comportamento Ocidental que pudesseparticularmente chocar a audincia Tailandesa.

    ** Na Tailndia considerado auspicioso ter a cabeatocada por um monge de alta estima.

    *** Os quatro apoiosvestes, alimentos, alojamento emedicamentos.

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    A tranquilidade serenidade; fluente a sabedoria.Ns praticmos meditao para acalmar a mente e torn-

    la serena; s ento ela pode fluir.

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    guas Paradas, Fluindo

    Ora, por favor prestem ateno, no deixem que avossa mente v atrs de outras coisas. Criem a sensaode que neste momento esto sozinhos sentados alguresnuma montanha ou numa floresta. O que que est aquisentado neste momento? O corpo e a mente, s,unicamente estas duas coisas. Tudo o que est contidonesta forma aqui sentada chamado de corpo. A mente aquilo que est consciente a pensar neste precisomomento. Estas duas coisas so chamadas de nma erpa. nma refere-se quilo que no possui rpa, ouforma. Todos os pensamentos e sensaes, ou os quatrokhandhas, sensaes fsicas, percepes, fabricaesmentais e conscincia, so nma, nenhum deles possui

    forma. Quando os olhos vem formas, essas formas sochamadas de rpa, enquanto que a conscincia chamada nma. Juntas chamam-se nma-rpa, ousimplesmente corpo e mente.

    Compreendam que aqui sentados no presentemomento esto somente o corpo e a mente. Mas ns

    confundimos estes dois um com o outro. Se quiseres paztens de saber o que eles na verdade so. A mente no seupresente estado ainda est destreinada; est turva, noesta lmpida. Ainda no a mente pura. Temos de acontinuar a treinar atravs da prtica da meditao.

    H quem pense que meditao significa estar

    sentado numa posio especial, mas na verdade estar dep, sentado, a andar ou reclinado so tudo veculos para

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    a prtica de meditao. Podes praticar a qualquer altura.Samdhi significa literalmente a mente firmementeestabelecida. Para desenvolversamdhi no precisas deforar a mente. H quem tente obter tranquilidade,sentando-se em silncio e fazendo com queabsolutamente nada os perturbe, mas isso como estarmorto. A prtica de samdhi existe para desenvolversabedoria e entendimento.

    Samdhi a mente firme, a mente unificada. Em

    que ponto est ela fixa? Est fixa no ponto de equilbrio.Esse o seu ponto. Mas as pessoas praticam meditaotentando silenciar as suas mentes. Elas dizem, Tentosentar-me em meditao mas a minha mente no prapor um instante. Neste momento est aqui, a seguir vaipara aliComo que a posso fazer parar? No

    precisas de a fazer parar, esse no o objectivo. Ondeexiste movimento onde o entendimento surge. Aspessoas reclamam, Ela foge e eu trago-a de volta;depois torna a fugir e eu volto a traz-la assim, alise sentam a puxar para a frente e para trs.

    Elas pensam que as suas mentes voam por toda aparte, mas na verdade s aparncia. Por exemplo, olhapara esta salaOh, to grande!, dizesmas narealidade no nada grande. O facto de a ti te parecergrande depende somente da percepo que tens dela. Defacto esta sala somente do tamanho que , nem grandenem pequena, mas as pessoas correm sempre atrs dassensaes que tm.

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    Meditar para encontrar paz tens decompreender o que a paz. Se no a compreenderes noa conseguirs encontrar. Por exemplo, supe que hojetrouxeste contigo para o mosteiro uma caneta muitocara. Agora supe que durante o caminho, puseste acaneta no bolso da frente, mas mais tarde tiraste-a de le colocaste-a noutro lugar, digamos no bolso traseiro.Quando procuras no bolso da frente no esta l!Apanhas um susto. Assustas-te por causa do teu engano,

    pois no ests a ver a verdade da situao. Sofrimento o resultado. Faas o que fizeres, no te conseguesesquecer da caneta que perdeste. O teu equvoco faz-tesofrer. Entendimento errado provoca sofrimentoMasque pena! Comprei a caneta h to poucos dias e j aperdi.

    Mas ento lembras-te, Ah, pois claro! Quandofui casa de banho pus a caneta no bolso traseiro.Assim que te recordas deste facto sentes-te logo melhor,mesmo sem veres a caneta. Ests a perceber? Ests logocontente, j podes deixar de te preocupar com ela. Jsabes onde ela est. Enquanto caminhas, passas a mopelo bolso traseiro e l est ela. A tua mente esteve estetempo todo a enganar-te. A tua preocupao resultou datua ignorncia. Agora, vendo a caneta perdes todas asdvidas, e as tuas preocupaes desaparecem. Esta pazresulta do entendimento da causa do problema,samudaya. Assim que te lembras que a caneta est nobolso traseiro, encontras nirodha.

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    Logo, tens de contemplar a fim de encontrarespaz. Aquilo a que geralmente as pessoas chamam depaz, simplesmente o acalmar da mente e no o acalmardas kilesa. Estas esto simplesmente a sertemporariamente suprimidas, tal como a relva que coberta por uma pedra. Ao fim de trs ou quatro dias,retiras a pedra e em pouco tempo a relva volta a crescer.Na verdade a relva no morreu, estava simplesmente aser suprimida. o mesmo quando nos sentamos em

    meditao: a mente acalmada mas as contaminaesna verdade no so. Por conseguinte samdhi no garantia. Para encontrares paz verdadeira tens decultivar sabedoria. Samdhi um tipo de paz, idntico pedra que cobre a relvadentro de uns dias retiras apedra e a relva torna a crescer. Isto somente paz

    temporria. A paz da sabedoria como colocar a pedrae no a retirar, deix-la ficar onde est. A relva nopoder voltar a crescer. Isto paz segura, o acalmar dascontaminaes, a paz garantida que resulta da sabedoria.

    Ns falamos de sabedoria (pa) e de samdhicomo se fossem algo separado, mas no fundo elas so omesmo. Sabedoria a funo dinmica de samdhi;samdhi o aspecto passivo da sabedoria. Ambasnascem no mesmo lugar mas tomam direcesdiferentes, funes distintas, assim como esta mangaaqui. Uma manga pequena e verde eventualmentecrescer at se tornar madura. Mas sempre a mesmamanga, no so mangas diferentes. A manga pequena, a

    crescida e a madura so a mesma manga, mas a sua

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    condio altera-se. Na prtica do Dhamma, umacondio chamada samdhi, a condio seguinte chamada pa, mas na realidade sla,samdhi,paso a mesma coisa, tal como a manga.

    De qualquer forma, na nossa prtica, no importaa que aspecto faas referncia, tens de comear semprepela mente. Sabes o que esta mente? Como que amente ? O que que ela ? Onde est? Ningumsabe. Tudo o que sabemos que queremos ir para aqui

    ou para ali, queremos isto ou queremos aquilo, sentimo-nos bem ou sentimo-nos malmas a mentepropriamente dita parece ser impossvel de se conhecer.O que a mente? A mente no tem qualquer forma.Aquilo que recebe as sensaes, tanto boas como ms,chammos mente. como ser o dono da casa. O dono

    fica em casa enquanto as visitas vem v-lo. ele querecebe as visitas. Quem que recebe as impresses dossentidos? O que aquilo que se apercebe? Quemabandona as impresses dos sentidos? a isso quechammos mente. Mas as pessoas no conseguem veristo e assim o seu pensamento anda sempre as voltasO que a mente? O que o crebro?No confundaso assunto desta forma. O que aquilo que recebe assensaes? De algumas sensaes gostas de outrasnoQuem esse? Existe algum que gosta edesgosta? Claro que sim mas tu no consegues v-lo.Isso aquilo a que chammos mente.

    Na nossa prtica no necessrio falar desamatha (concentrao) ou vipassan (penetrao),

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    chama-a somente de prtica do Dhamma, isso basta. Econduz esta prtica a partir da tua prpria mente. O que a mente? A mente aquilo que recebe, ou se apercebedas impresses dos sentidos. Com algumas destasimpresses d-se uma reaco de gosto, com outras areaco de averso. Esse receptor de sensaesconduz-nos para a felicidade e para o sofrimento, o certoe o errado. Mas ele no tem qualquer forma. Nsassumimo-lo como sendo o eu, mas na verdade

    somente nmadhamma. A bondade tem algumaforma? E o mal? A felicidade e o sofrimento tm algumaforma? No os consegues encontrar. Eles so redondosou quadrados, curtos ou compridos? Consegues v-los?Estas coisas so nmadhamma, no podem sercomparadas a coisas materiais, no tm formamas ns

    sabemos que elas existem. Da se dizer para se comeara prtica pelo acalmar da mente. Pe ateno plena namente. Se a mente estiver plenamente atenta estar empaz. Algumas pessoas no se inclinam para a ateno, squerem a paz, do gnero de quererem ficar no vazio.Assim nunca aprendem nada. Se no possuirmos aqueleque sabe em que que iremos basear a nossa prtica?

    Se no existir longo, no existe curto, se noexistir certo no poderia existir errado. As pessoas hojeem dia fartam-se de estudar, procurando acerca do beme do mal. Mas sobre aquilo que est para alm do bem edo mal elas no sabem nada. S o que sabem o queest certo e o que est errado Eu s aceito o que est

    certo. No me interessa saber acerca do que est errado.

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    Porque me preocupar? Se somente aceitares o que estcerto, em pouco tempo ele tornar-se- errado. O certoleva ao errado. As pessoas continuam a procurar entre ocerto e o errado, mas no tentam encontrar aquilo quenem certo nem errado. Elas estudam acerca do bem edo mal, procurando a virtude, mas no sabem nadaacerca daquilo que est para alm do bem e do mal. Elasestudam o longo e o curto, mas acerca daquilo que no longo nem curto nada sabem.

    Esta faca tem uma lmina, a borda e uma pega.Consegues levantar somente a lmina? Consegueslevantar somente a borda da lmina, ou s a pega? Apega, a borda e a lmina so todas parte da mesma faca:Quando pegas na faca as trs partes vm juntas.

    Do mesmo modo, se tu pegares naquilo que

    bom, o mau vem junto. As pessoas procuram a bondadee tentam ignorar o mal, mas no estudam acerca daquiloque nem bom nem mau. Se no estudares esseaspecto nunca existir concluso. Se pegares nabondade a maldade vem junto. Se pegares na felicidade,o sofrimento segue-a. A tendncia de nos apegarmos bondade e rejeitarmos a maldade como oDhamma dascrianas, como um brinquedo. Claro que sim, podespegar s nesse tanto, mas se tu te agarras bondade, amaldade vem atrs. No final este caminho no assimto bom, confuso.

    Toma um simples exemplo. Tu tens filhosagorasupe que s lhes queres dar amor e nunca te queres

    zangar. Esta a forma de pensar de quem no percebe

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    nada acerca da natureza humana. Se te agarras ao amor,o dio vem atrs. Do mesmo modo, as pessoas quedecidem estudar o Dhamma para desenvolverem asabedoria, estudam o bem e o mal o melhor possvel.Tendo conhecido o bem e o mal, o que que elasfazem? Tentam apegar-se ao bem, e o mal vem logo aseguir. Elas no estudam aquilo que est para alm dobem e do mal. Isto o que tu deves estudar.

    Eu vou ser como este, Eu vou ser como

    aquele,mas nunca ningum diz Eu no vou ser nadaporque na realidade no existe nenhum EuIstoningum estuda. Tudo o que querem bondade. Quandoobtm a bondade, perdem-se nela. Se as coisas setornarem muito boas eventualmente tornar-se-o ms, eassim as pessoas acabam por ficar neste impasse, para

    trs e para a frente.Para acalmar a mente e nos tornarmos conscientesdo receptor das impresses dos sentidos, temos deobserv-lo. Seguir aquele que sabe. Treinar a menteat que ela se torne pura. Quo pura a deves tornar? Sefor verdadeiramente pura, a mente dever estar acimatanto do bem como do mal, acima at da prpria pureza.Est dito. ai que a prtica termina.

    Aquilo a que as pessoas chamam de se sentar emmeditao simplesmente uma paz temporria. Mas atneste tipo de paz existem experincias. Se se d umaexperincia, dever haver algum para a reconhecer,para a analisar, questionar e examinar. Se a mente

    simplesmente estiver vazia isso no tem grande

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    utilidade. Talvez vejas algumas pessoas que aparentamser bastante comedidas e penses que elas esto em paz,mas a verdadeira paz no somente a paz da mente.No a paz que diz, Que eu possa ser feliz e nunca terde passar por qualquer sofrimento. Com este tipo depaz, eventualmente at a obteno da paz se tornainsatisfatria. Sofrimento o resultado. S quandoconseguires levar a tua mente para alm da felicidade edo sofrimento que encontraras a verdadeira paz. Este

    o assunto que a maior parte das pessoas nunca estudam;nunca se apercebem deste aspecto.

    A forma correcta de treinar a mente torn-laclara para desenvolver sabedoria. No penses quetreinar a mente simplesmente sentares-tesilenciosamente. Isso como a pedra que cobre a relva.

    As pessoas tornam-se embriagadas com isso. Pensamque samdhi sentar-se. Essa s uma das palavraspara samdhi, mas na verdade, se a mente estiver emsamdhi, ento a, o andar e samdhi, sentar-se esamdhisamdhi na postura sentado, na postura emandamento, em p e na postura reclinada, tudo isto prtica.

    Algumas pessoas reclamam, Eu no consigomeditar, estou muito agitado. Sempre que me sentocomeo logo a pensar nisto e naquilo no consigofaz-lo. Tenho demasiado mau kamma. Talvez devagast-lo primeiro e depois regressar para tentarmeditar. Com certeza, por que no tentar. Tenta s

    gastar o teu mau kamma

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    assim que as pessoas pensam. Porque quepensam desta forma? Nivaraa, aquilo que devemosestudar. Sempre que nos sentamos, quase que deimediato a mente foge. Ns segumo-la tentando traz-lade volta para a observarmos mas ela torna a fugir. Isto aquilo que deves estudar. A maior parte das pessoasrecusam-se a aprender com as lies da natureza talcomo um mido traquina de escola, que se recusa afazer os trabalhos de casa. Se elas no querem ver a

    mente a mudar, como que vo desenvolver sabedoria?Temos de viver assim, com a mudana. Quandocompreender-mos que a mente desta forma, sempreem constante mudana quando aceitar-mos que esta a sua natureza, iremos perceb-la. Temos de saberquando a mente est a pensar no bem ou no mal,

    mudando a cada momento, temos de perceber estascoisas. Se compreendermos este ponto, ento atenquanto estamos a pensar poderemos estar em paz.

    Por exemplo, supe que em casa tens um macacode estimao. Os macacos nunca param sossegados pormuito tempo, eles gostam de saltar por todo o lado epegar em coisas. assim que os macacos so. Agoravens para o mosteiro e vez o macaco daqui. Estemacaco tambm no pra sossegado, tambm salta deum lado para o outro. Mas ele no te incomoda, poisno? Porque que no te incomoda? Porque antes jcriaste um macaco, e sabes como eles so. Ainda que sconheas um macaco, no importa a quantas provncias

    vs, no importa quantos macacos vejas, no te

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    incomodars com eles, pois no? Isto algum quepercebe os macacos.

    Se percebermos os macacos no nos tornaremosnum. Se no os percebermos poderemos tornar-nos numdeles! Compreendes? Quando vs o macaco a tentarpegar nisto e naquilo, e gritas, Hei! FicaszangadoAquele malvado macaco! Isto de algumque no percebe os macacos. Quem os percebe, v queo macaco em casa e o macaco no mosteiro so

    idnticos. Porque irritares-te com eles? Quandoperceberes como eles so, isso basta para poderes ficarem paz.

    A paz assim. Temos de conhecer as sensaes.Umas so agradveis, outras so desagradveis, masisso no importa. Isso problema delas. Tal como o

    macaco. Todos os macacos so o mesmo. Nscompreendemos as sensaes como sendo por vezesagradveis, outras vezes no essa a sua natureza.Devemos perceb-las e saber como as deixar passar. Assensaes so incertas. Elas so efmeras, imperfeitas esem dono. Tudo aquilo que sentimos deste modo.Quando os olhos, ouvidos, nariz, lngua, corpo e menterecebem sensaes, ns conhecemo-las, assim comoconhecemos o macaco. Ento podemos ficar em paz.

    Quando as sensaes surgirem, tenta identific-las. Porque que corres atrs delas? As sensaes soincertas. Neste momento so de uma forma, no momentoseguinte so de outra. Elas existem dependentes da

    mudana.

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    A respirao sai e depois tem de entrar. Tem de existiresta mudana. Tenta somente respirar para dentro,consegues faz-lo? Ou tenta s respirar para fora semtomares outra respirao para dentroconsegues faz-lo? Se no existisse esta mudana por quanto tempopoderias viver? Tm de existir ambas a inalao e aexalao.

    As sensaes so o mesmo. Estas coisas tm deexistir. Se no existissem sensaes no poderias

    desenvolver a sabedoria. Se no existir errado, no podeexistir certo. Primeiro tens de estar certo para poderesver o que errado, e tens de primeiro perceber o que errado para poderes estar certo. assim que as coisasso.

    Para o estudante verdadeiramente dedicado,

    quanto mais sensaes melhor. Mas muitos meditadoresfogem das sensaes, eles no querem ter de negociarcom elas. Isto como ser o mido traquina que no vaipara a escola, nem quer ouvir o professor.

    Estas sensaes ensinam-nos. S quando asreconhecemos que estamos a praticar o Dhamma. Apaz por dentro das sensaes como compreender osmacacos. Quando compreendes como eles so, deixamde te incomodar.

    A prtica do Dhamma assim. No que oDhamma esteja muito distante, ele est aqui connosco.O Dhamma no sobre os anjos no alto ou qualquercoisa assim. simplesmente acerca de ns, acerca

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    daquilo que estamos a fazer neste preciso momento.Observa-te a ti prprio.

    s vezes temos felicidade, s vezes sofrimento,s vezes conforto, s vezes dor, s vezes amor, s vezesdioisto Dhamma. Compreendes? Deves conhecer oDhamma, deves aprender com as tuas experincias.

    Tu tens de conhecer as sensaes antes que aspossas abandonar. Quando perceberes que as sensaesso impermanentes, jamais sers perturbado por elas.

    Logo que uma sensao surja, diz-te a ti prprio,Humisto no coisa segura. Quando a tuadisposio muda Hum, isto incerto. Podes estarem paz com estas coisas, da mesma forma em que vs omacaco e no te incomodas com ele. Se conheceres averdade das sensaes, isso conhecer o Dhamma. Tu

    abandonas as sensaes percebendo que elas soinvariavelmente incertas.Naquilo a que chamamos de incerto est o

    Buddha. O Buddha o Dhamma. O Dhamma acaracterstica da incerteza. Quem quer que veja aincerteza das coisas ver a imutvel realidade dasmesmas. Isso como o Dhamma . E isso o Buddha.Se vires o Dhamma, vez o Buddha, vendo o Buddha,vez o Dhamma. Se souberes o que anicca ,abandonars as coisas e no te apegars a elas.

    Tu dizes, No me partas o copo! Conseguesevitar que algo que se quebra se parta? Se no se partiragora parte-se mais tarde. Se tu no o partires, algum o

    far. Se ningum o partir, talvez uma das galinhas o

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    faa! O Buddha diz-nos para aceitarmos isto. Elepenetrou na verdade das coisas, vendo que este copo jest partido. Sempre que usares este copo deves reflectirque o copo j est partido. Compreendes isto? Era assimo entendimento do Buddha. Ele viu o copo partido nocopo inteiro. Assim que a sua hora chegue ele partir-se-. Desenvolve este tipo de entendimento. Usa o copo,cuida dele, at que um dia, ele escorrega-te da moTrs! no h problema. Porque que no h

    problema? Porque tu viste a sua quebra antes que ele sequebrasse!

    Mas geralmente as pessoas dizem, Gosto tantodeste copo, espero que nunca se parta. Mais tarde oco parte-oEu mato este malvado co! Odeias o coporque ele te partiu o copo. Se um dos teus filhos o

    partir odeia-lo tambm. Porqu isto? Porque tu represas-te e a gua deixa de fluir. Tu construste uma represasem comporta. A nica coisa que a represa pode fazer rebentar, certo? Quando constris uma represa tens deconstruir tambm uma comporta. Quando a gua subirmuito de nvel poder fluir sem problema. Quando estcheia at acima tu abres a tua comporta. Tens de ter umavlvula de segurana como esta. Impermanncia avlvula de segurana daqueles que so Nobres. Se tupossures esta vlvula de segurana estars em paz.

    Em p, a caminhar, sentado, reclinado, praticaconstantemente, usando sati para guardar e proteger amente. Isto samdhi e sabedoria. So ambas a mesma

    coisa, mas possuem aspectos diferentes.

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    Se percebermos a incerteza de forma clara,veremos nela aquilo que garantido e verdadeiro. Averdade e que todas as coisas tem de inevitavelmente serdesta forma, elas no podem ser de outra maneira.Compreendes? Ainda que s saibas este tanto, poderscompreender o Buddha, e de direito fazer-lhereverncia.

    Desde que no abandones o Buddha, nosofrers. Assim que o faas irs sentir sofrimento. Logo

    que abandones as reflexes sobre a transitoriedade,imperfeio e que as coisas no tm dono, terssofrimento. Ainda que s consigas praticar este tantoser o suficiente; sofrimento no surgir, ou se surgir tufacilmente o acalmars e isso ser a causa para osofrimento no surgir no futuro. Isto o fim da nossa

    prtica, no ponto em que o sofrimento no surge. Eporque que o sofrimento no surge? Porque nsresolvemos o caso do sofrimento, samudaya.

    Por exemplo, se este copo se partisse,normalmente sentirias sofrimento. Ns sabemos que estecopo ir ser a causa para futuro sofrimento, assim sendo,ns abandonamos a causa. Todos os dhammas surgemdevido a uma causa. Eles tambm se extinguem devido auma causa. Assim se existir sofrimento devido a estecopo, devemos abandonar a causa do mesmo. Se deantemo reflectirmos que este copo j est partido, aindaque no esteja, a causa deixar de existir. Quando nohouverem mais causas, esse sofrimento deixa de se

    poder manifestar, ele desaparece. Isto a cessao.

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    No necessitas de ir para alm deste ponto, sisto basta. Contempla isto na tua mente. Basicamentetodos vs devereis ter os Cinco Preceitos* comofundao de conduta. No necessrio estudar oTipitaka, primeiro concentra-te nos Cinco Preceitos. Deincio cometers erros. Quando te aperceberes disso,pra, volta atrs e estabelece de novo os teus preceitos.Talvez te percas e cometas outro erro. Quando teaperceberes, restabelece-te.

    Praticando desta forma, a tua sati ir melhorar etornar-se mais consistente, tal como as gotas de guasaindo da cafeteira. Se s inclinarmos um pouco acafeteira, as gotas saem devagarplop! plop! plop!se a inclinarmos um pouco mais, as gotas tornam-semais rpidas plop, plop, plop! Se a inclinarmos

    ainda mais os plops desaparecem e a gua flui numacorrente regular.Ns temos de falar acerca do Dhamma desta

    forma, usando comparadores, porque o Dhamma notem forma. Ele quadrado ou redondo? No o podesdizer. O nico modo de falar dele atravs decomparaes como estas. No penses que o Dhammaesta longe de ti. Ele est aqui contigo, a toda a volta.Olha num instante contente, no prximo triste, noprximo zangado tudo isto Dhamma. Olha para elee compreende. O que quer que seja que causasofrimento deve ser remediado. Se o sofrimento ainda lestiver, observa de novo, ainda no vs claramente. Se o

    conseguisses fazer no sofrerias, pois a causa deixaria

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    de estar presente. Se o sofrimento ainda l estiver, seainda o tens de suportar, ento ainda no ests nocaminho certo. Onde quer que encalhes, sempre queestiveres a sofrer demasiado, a mesmo que estserrado. Sempre que te sentires to feliz como seestivesses a flutuar nas nuvens a errado de novo!

    Se praticares desta forma ters sati a todo omomento, em todas as posturas. Com sati, (atenoplena) e sampajaa, (conscincia plena), tu sabers o

    que certo e o que errado, alegria e sofrimento.Sabendo o que estas coisas so, sabers como negociarcom elas.

    Eu ensino meditao desta forma. Quando foraltura para te sentares em meditao senta-te, isso no errado. Tambm deves praticar dessa forma. Mas

    meditao no s sentar. Tu tens de permitir que a tuamente viva as coisas na sua totalidade, permitindo queelas fluam e considerando a sua natureza. Como que adeves considerar? Observa-a como sendo algotransiente, imperfeito e sem dono. Tudo incerto. Isto to bonito, tenho de o possuir. Isso no coisa certa.No gosto mesmo nada disto Diz-te a ti prprionesse mesmo instante, No certo! Isto a verdade?Absolutamente, sem qualquer dvida. Mas tentaconsiderar o seguinte como verdadeiroDe certezaque vou conseguir isto j saste do caminho certo.No faas isso. No importa o quanto gostes de algo,deves sempre reflectir que incerto.

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    Alguns tipos de alimentos parecem to deliciosos,mas ainda assim tu deves reflectir que isso no coisacerta. Pode parecer que mesmo delicioso, mas devesdizer-te a ti prprio, No certo que assim seja! Sequiseres testar se isto ou no verdade, tenta consumiro teu prato favorito todos os dias sem falta.Eventualmente reclamars, Isto j no me sabe assimto bem. E pensars, Na verdade eu prefiro aqueleprato. Tambm isso no coisa certa! Tens de permitir

    que as coisa fluam, tal como a inalao e a exalao, arespirao est dependente da mudana. Tudo dependeda mudana desta mesma forma.

    Estas coisas esto aqui connosco, no noutrolugar. Se deixar-mos de duvidar, quer sentados, em p, acaminhar ou reclinados, estaremos em paz. Samdhi no

    s sentarmos-nos. Algumas pessoas sentam-se at cairem torpor. como se estivessem mortas, nemconseguem distinguir o norte do sul. No leves as coisasa extremos. Se te sentires ensonado, muda a tua posturae anda. Desenvolve sabedoria. Se realmente estiverescansado ento descansa. Assim que acordares continua apraticar, no te deixes levar pelo torpor. assim quetens de praticar. Mantm a razo, sabedoria ecircunspeco.

    Comea a praticar a partir da tua prpria mente edo teu corpo, vendo-os como impermanentes. Tudo oresto igual. Lembra-te disto quando pensares que acomida muito deliciosa Deves dizer a ti prprio

    Isso no certo! De incio tens de ir devagar. Se no

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    gostares de nada s sofres com isso, e assim as coisasatrasam-te. Se ela gosta de mim, eu gosto dela,Atrasas-te outra vez. Nunca acertas uma em cheio!Tenta perceber as coisas desta forma. Sempre quegostes de algo diz-te a ti prprio, Isto no coisacerta! Tens de alguma forma de ir contra a tendncianormal das coisas, para realmente poderes ver oDhamma.

    Pratica em todas as posturas. Sentado, em p, a

    caminhar, reclinadoem qualquer postura podes sentir-te zangado, certo? Podes estar zangado enquanto andas,quando ests sentado ou quando ests deitado. Podessentir desejo em qualquer postura. Logo a nossa prticatem de se estender a todas as posturas; de p,caminhando, sentado ou reclinado. Tens de ser

    consistente. No o faas s para as aparncias, praticade verdade.Enquanto sentado em meditao, pode ser que

    surja algum incidente. Antes que esse possa serresolvido um outro vem atrs. Sempre que estas coisassurjam, diz-te a ti prprio, No certo, no certo.F-las parar antes que elas tenham a oportunidade de ofazer a ti.

    Agora, este um ponto importante. Se tu sabesque todas as coisas so impermanentes, todos os teuspensamentos iram gradualmente descontrair-se. Quandoreflectires na incerteza de tudo aquilo que aparece, versque todas as coisas seguem pelo mesmo caminho.

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    Sempre que algo surge, tudo o que precisas de dizer ,Olha mais um!

    J alguma vez viste gua fluindo? j algumavez viste gua parada? Se a tua mente estiver em paz,ser como a gua fluindo. J alguma vez viste guaparada, fluindo? A est! Somente viste gua fluindo ougua parada, no foi? Mas nunca viste gua parada,fluindo. A mesmo, no ponto onde o teu pensamento note pode levar, ainda que ele esteja em paz, podes

    cultivar sabedoria. A tua mente ser como gua fluindo eainda assim estar parada. como se estivesse paradamas em movimento. Por isso eu chamo-a de guaparada, fluindo. A sabedoria pode surgir neste lugar.

    __________________________________________

    * Os cinco Preceitos O cdigo moral bsico para otreino de praticantes Budistas: Abster-se de matarintencionalmente qualquer ser vivo, de roubar, deimprpria conduta sexual, abster-se de mentir oufomentar discrdia e de consumir intoxicantes.

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    Utiliza o teu corao e no os ouvidos para ouviresestes ensinamentos.

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    Uma oferta de Dhamma*

    Estou feliz por terem aproveitado estaoportunidade para virem visitar Wat Pah Pong, e veremo vosso filho que aqui monge, contudo lamento no teruma lembrana para vos dar. A Frana j tem tantascoisas materiais, mas de Dhamma tem muito pouco.Tendo l estado e visto por mim prprio, na verdade lno existe nenhumDhamma que possa levar a paz ou atranquilidade. Somente existem coisas quecontinuamente tornam a mente confusa e preocupada.

    A Frana j materialmente prspera, tem tantascoisas para oferecer que so sensualmente tentadoras vistas, sons, cheiros, sabores e texturas. No entanto,pessoas que desconhecem o Dhamma s se tornam

    confusas com elas. Assim, hoje eu irei oferecer-vos umpouco de Dhamma para levarem para Frana comolembrana de Wat Pah Pong e Wat Pah Nanachat.

    O que o Dhamma?Dhamma aquilo que podecortar atravs dos problemas e dificuldades dos sereshumanos, reduzindo-os gradualmente a nada. Isso o

    que chamado de Dhamma e isso o que deve serestudado na nossa vida diria para que quando algumaimpresso mental surgir em ns, possamos resolv-la eir para alm dela.

    Os problemas so comuns a todos ns, quervivamos aqui na Tailndia ou noutros pases. Se no

    soubermos como resolv-los, estaremos sempre sujeitosa sofrimento e aflio. Aquilo que resolve problemas a

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    sabedoria e para termos sabedoria temos de desenvolvere treinar a mente.

    O assunto a praticar no est longe, est aquimesmo no nosso corpo e na mente. Ocidentais eTailandeses so o mesmo; ambos tm um corpo e umamente. Um corpo e mente confusos significam umapessoa confusa e um corpo e mente calmos, uma pessoacalma.

    Na realidade, a mente, como a gua da chuva,

    pura no seu estado natural. Se no entanto lheadicionarmos um corante verde a transparente gua dachuva, tornar-se- verde. Se fosse corante amarelo,tornar-se-ia amarela.

    A mente reage de forma idntica. Quando umaimpresso mental confortvel entra na mente, esta fica

    confortvel. Quando a impresso mental inconfortvel,a mente fica inconfortvel. A mente torna-se tinta, talcomo a gua colorida.

    Quando a gua transparente contacta o amarelo,torna-se amarela. Quando entra em contacto com overde, torna-se verde. Ela muda sempre de cor. Narealidade, a gua verde ou amarela naturalmentelmpida e transparente. Este tambm o estado naturalda mente, lmpido, puro e claro. Ela torna-se confusasomente porque segue as impresses mentais; perdendo-se nos seus estados de humor.

    Deixem-me explicar mais claramente. Nestemomento estamos sentados numa tranquila floresta.

    Aqui, se no houver vento, as folhas mantm-se imveis.

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    Quando o vento sopra elas viram e esvoaam. A mente como as folha. Quando contacta com uma impressomental, ela tambm, vira e esvoaa de acordo com anatureza dessa impresso. E quanto menos sabemosacerca do Dhamma, mais a mente ir continuamenteseguir as impresses mentais. Sentindo-se feliz, elasucumbe na felicidade. Sentindo sofrimento, elasucumbe no sofrimento. uma constante confuso!

    No final as pessoas tornam-se neurticas. Porqu?

    Porque elas no compreendem. Somente seguem os seusestados de humor e no sabem como cuidar das suasmentes. Quando a mente no tem ningum para cuidardela, e como uma criana sem me nem pai. Um rfono tem refgio e sem refgio, ele sente-se muitoinseguro.

    Do mesmo modo, se a mente no for cuidada, seno houver nenhum treino ou maturao de carcter comcorrecto entendimento, as coisas tornam-se realmenteproblemticas.

    O mtodo de treino da mente que eu hoje vos voudar chamado kammahna. Kamma significaaco e hna significa base. Em Budismo omtodo de tornar a mente calma e tranquila. paravocs usarem a mente no treino e com a mente treinada,investigar o corpo.

    O nosso ser composto por duas partes: uma ocorpo, a outra a mente. S existem estas duas partes.O chamado corpo, aquilo que pode ser observado com

    os nossos olhos. A mente, por outro lado, no tem

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    qualquer aspecto fsico. A mente somente pode servista com o olho interno ou o olho da mente. Estasduas coisas, corpo e mente, esto em constante estadode agitao.

    O que a mente? A mente na realidade no coisa nenhuma. Falando de modo convencional, aquilo que v ou pressente. Aquilo que pressente, recebee vive todas as impresses mentais chamado demente. Neste preciso momento existe a mente.

    Enquanto estou a falar convosco, a mente reconhece oque eu estou a dizer. Os sons entram pelo ouvido e tusabes o que est a ser dito. Aquilo que vive isto, chamado de mente.

    Esta mente no possui nenhum eu ou substncia.No tem qualquer forma. Somente sente as actividades

    mentais e s! Se ensinarmos esta mente a ter visocorrecta, ela no ter quaisquer problemas. Estardescontrada.

    A mente mente. Objectos da mente so objectosda mente. Objectos da mente no so a mente; a menteno os objectos da mente. De forma acompreendermos claramente as nossas mentes e os seusobjectos mentais, dizemos que a mente aquilo querecebe os objectos mentais que nela aparecem.

    Quando estas duas coisas, mente e os seusobjectos, entram em contacto um com o outro, doorigem s sensaes. Algumas so boas, outras ms,outras frias, outras quentes, de todos os tipos. No

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    entanto, sem a sabedoria para negociar com estassensaes, a mente torna-se agitada.

    Meditao a forma de desenvolver a mente paraque esta se possa tornar na base para o surgimento dasabedoria. Aqui a respirao a fundao fsica.Chamamo-la de npnasati ou ateno plena darespirao'. Aqui tornamos a respirao no nossoobjecto mental. Apreendemos este objecto de meditaoporque o mais simples e porque tem sido o corao da

    meditao desde tempos remotos.Quando surge uma boa ocasio para fazer meditao,

    senta-te de pernas cruzadas: a perna direita em cima daperna esquerda, a mo direita em cima da mo esquerda.Mantm as costas direitas e erectas. Diz a ti prprio,Agora vou abandonar todos os meus problemas e

    preocupaes. Tu no queres nada que te causepreocupao. Por agora deixa ir todos os problemas.Agora fixa a tua ateno na respirao. Depois

    respira para dentro e respira para fora. Para desenvolvera concentrao na respirao, no tentes tornar arespirao longa ou curta, nem sequer forte ou fraca.Deixa-a simplesmente fluir normal e naturalmente. Aplena ateno e a auto-conscincia plena que surgem namente, conheceram a respirao para dentro e arespirao para fora.

    Mantm-te descontrado. No penses em nada.No h necessidade de pensar nisto ou naquilo. A nicacoisa que tens que fazer de fixar a tua ateno na

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    inalao e na exalao. Nada mais tens a fazer do queisso!

    Mantm a tua ateno fixa na respirao ao passoque ela ocorre. Est atento ao princpio, meio e fim decada respirao. Na inalao, o princpio da respiraoest na ponta do nariz, o meio no corao, e o fim noabdmen. Na exalao, o caminho inverso: o princpioda respirao no abdmen, o meio no corao, e o fimna ponta do nariz. Desenvolve a concentrao da

    respirao: 1. na ponta do nariz; 2. no corao; 3. noabdmen. Depois em reverso: 1. no abdmen; 2. nocorao; 3. na ponta do nariz.

    Focando a ateno nestes trs pontos aliviartodas as preocupaes. No penses em mais nada.Mantm a tua ateno na respirao. Talvez outros

    pensamentos entrem na mente. Ela encontrar outrostemas para te distrair. No te preocupes. Retomanovamente a ateno no teu objecto, a respirao. Amente poder ficar enrolada a julgar e a investigar osteus estados de esprito, mas continua a praticar, estandoconstantemente atento ao princpio, meio e fim de cadarespirao.

    Eventualmente, a mente tornar-se- consciente darespirao nestes trs pontos a todo o momento. Quandotomas esta prtica por algum tempo, a mente e o corpoacostumam-se ao trabalho. A fadiga desaparece. Ocorpo sente-se mais leve e a respirao torna-se cadavez mais refinada. A ateno plena e a auto-conscincia

    plena protegero e cuidaro da mente.

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    Ns praticmos desta forma at que a menteesteja calma e em paz, at se tornar unificada. Unificadasignifica que a mente estar completamente absorvida narespirao, sem se separar dela. A mente estardescongestionada e descontrada. Ela saber o princpio,meio e fim de cada respirao e manter-se- firmementefixa neles.

    Depois, quando a mente estiver calma, fixamos aateno na inalao e exalao, mas somente na ponta

    do nariz. No temos de seguir o seu percurso at aoabdmen e de volta. Concentra-te somente na ponta donariz onde a respirao entra e onde sai.

    Isto chamado acalmar a mente, tornando-arelaxada e calma. Quando a tranquilidade surge, a mentepra; pra no seu nico objecto, a respirao. Isto ,

    tornar a mente calma para que a sabedoria possa surgir.Isto o princpio, a fundao da nossa prtica. Devestentar praticar isto todos os dias, onde quer que estejas.Quer estejas em casa, no carro, deitado ou sentado,deves manter plena ateno e observar a menteconstantemente.

    Isto chamado de treino da mente e deve serpraticado nas quatro posturas. No s sentado, mas emp, caminhando e tambm reclinado. O objectivo quedevemos saber qual o estado da mente a cadamomento e para se conseguir fazer isto, temos de estarconstantemente atentos e conscientes. A mente est felizou a sofrer? Est confusa? Est calma? Conhecer a

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    mente desta forma permite-a tornar-se tranquila equando ela se tornar tranquila, a sabedoria surgir.

    Com a mente tranquila investiga tambm o corpo,como tema de meditao, do topo da cabea at s solasdos ps e de volta para a cabea. Faz isto e torna a faz-lo novamente. Olha e v o cabelo da cabea, os pelos docorpo, as unhas, dentes e pele. Nesta meditao veremosque todo este corpo composto de quatro elementos:terra, gua, fogo e ar.

    As partes duras e slidas do nosso corpo so oelemento terra; o lquido e partes fludas, o elementogua. Ventos que circulam para cima e para baixo nonosso corpo constituem o elemento do ar, e o calor docorpo, o elemento fogo.

    Tomados juntos, eles compem o que chamamos de

    ser humano. No entanto, quando o corpo separadonas suas partes constituintes, somente restam estesquatro elementos. O Buddha ensinou que no existequalquer ser, nenhum humano, nenhum tailands,nenhum ocidental, nenhuma pessoa, mas que em ltimainstncia s existem estes quatro elementos e isso tudo! Ns assumimos que existe uma pessoa ou um sermas, na realidade, no existe nada desse gnero.

    Quer os tomemos separadamente como terra,gua, fogo e ar, ou juntos, rotulados de ser humano,todos eles so impermanentes, sujeitos a sofrimento eno-eu. Todos so instveis, incertos e esto numestado de constante mudana sem qualquer

    estabilidade por um nico momento!

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    O nosso corpo instvel, alterando-se e mudandoconstantemente. O cabelo muda, as unhas mudam, osdentes mudam, a pele muda tudo mudacompletamente.

    Tambm a nossa mente, est sempre a mudar.No um eu ou uma substncia. No quem somos,nem quem eles so, embora a mente possa pensar quesim. Talvez se pense em matar. Talvez pense emfelicidade ou sofrimento todo o tipo de coisas! Ela

    instvel. Se no tivermos sabedoria e acreditarmos nanossa mente, ela continuar a mentir-nos e nsconstantemente a alternar entre o sofrimento e afelicidade.

    A mente uma coisa incerta. Este corpo incerto.Ambos so impermanentes. Ambos so uma fonte de

    sofrimento. Ambos so destitudos de um eu. Estamente e corpo, o Buddha indicou que nem sequer soum ser, nem uma pessoa, nem um eu, nem uma alma,nem ns, nem eles. So somente elementos: terra, gua,fogo e ar. Somente elementos.

    Quando a mente v isto de forma clara, torna-selivre do apego em acreditar que Eu sou bonito, Eusou bom, Eu sou mau, Eu estou a sofrer, Eu tenho,Eu isto ou Eu aquilo. Tu sentirs um estado de unio,pois percebes que toda a humanidade basicamente omesmo. No existe nenhum Eu. Somente elementos.

    Quando contemplas e vs impermanncia,sofrimento e no-eu, deixar de haver apego ao eu,

    ao ser, ao ele ou ela. A mente que v isto far

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    surgir nibbid, desencantamento ou desinteresse. Vertodas as coisas somente como sendo impermanentes,insatisfatrias e no-eu.

    A a mente pra. A mente Dhamma. Cobia,dio, e iluso iram pouco a pouco diminuindo at quepor fim s existe a mentesomente a mente pura. Isto o que se chama praticar meditao.

    Assim, peo-vos que recebam esta oferta deDhamma para estudarem e contemplarem na vossa vida

    diria. Por favor aceitem a oferta deste ensinamento deWat Pah Pong e Wat Pah Nanachat como uma heranaque vos foi confiada. Todos os monges, incluindo ovosso filhoe todos os professores fazem-vos esta ofertadeDhamma para levarem convosco para Frana. Isto irmostrar-vos o caminho para a paz na mente; tornar a

    vossa mente calma e livre de confuso. O vosso corpopoder estar em agitao mas a mente no. Aqueles nomundo podem estar confusos, mas tu no estars.Apesar de haver confuso no vosso Pas, tu no estarsconfuso porque a mente ter visto; a mente Dhamma. Este o caminho certo, o caminho correcto.

    Que no futuro te possas lembrar desteensinamento.

    Que possas estar bem e ser feliz.

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    ____________________________________________* Um discurso apresentado a uma assembleia deMonges, Novios e discpulos leigos em Wat PahNanachat, Ubon Ratchathani, a 10 de Outubro de 1977.Este discurso foi oferecido aos pais de um dos mongespor ocasio da sua visita de Frana.

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    Amor e dio so ambos sofrimento, por causa do desejo.Querer sofrimento; no querer ter sofrimento. Ainda

    que consigas aquilo que queres, continua a ser sofrimentoporque assim que o consegues, comeas a viver no medo

    de o perder. Como que vais viver feliz com medo?

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    Viver com a cobra*

    Esta curta palestra para o benefcio de uma novadiscpula que ir em breve regressar a Londres. Quesirva para te ajudar a compreender os ensinamentos queestudaste aqui em Wat Pah Pong.

    Muito simplesmente, esta a prtica para seconseguir ser livre do sofrimento existente no ciclo donascimento e morte.

    Para que possas fazer esta prtica, lembra-te deconsiderar as vrias actividades da mente, todas aquelasde que gostas e aquelas que desgostas, do mesmo modoque considerarias uma cobra. A cobra um animalextremamente venenoso, o suficiente para causar amorte caso nos morda. E o mesmo tambm acontece

    com as nossas disposies; as disposies de quegostamos so venenosas, as disposies de que nogostamos tambm o so. Elas impedem as nossasmentes de serem livres e empatam o nosso entendimentoda Verdade tal como foi ensinada pelo Buddha.

    Da ser necessrio manter a nossa ateno plena

    durante todo o dia e noite. O que quer que seja queestejas a fazer, estejas em p, sentado, deitado ou afalar, deves faz-lo com plena ateno. Quandoconseguires estabelecer esta ateno, notars que a claracompreenso surgir associada a ela, e estas duascondies traro a sabedoria. Desta forma ateno

    plena, clara compreenso e sabedoria trabalham juntas,

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    e tu sers como quem est desperto tanto de dia comode noite.

    Estes ensinamentos que nos foram deixados peloBuddha, no so ensinamentos para serem somenteouvidos, ou simplesmente absorvidos a nvel intelectual.Eles so ensinamentos que atravs da prtica nos podemdespertar e ser conhecidos nos nossos coraes. Ondequer que vamos, o que quer que faamos, devemos terpresentes estes ensinamentos. E o que que queremos

    dizer com ter estes ensinamentos ou possuir averdade, que, o que quer que faamos ou digamos,fazemos e dizemos com sabedoria. Quando pensamos econtemplamos, fazemo-lo com sabedoria. Ns dizemosque quem tenha ateno plena e clara compreensocombinadas com a sabedoria, desta forma ser algum

    que est perto do Buddha.Quando partires, deves praticar trazendo tudo istode volta tua prpria mente. Olha para a tua mente comesta ateno plena e clara compreenso e desenvolveesta sabedoria. Com estas trs condies surgir umdesapego. Tu percebers o constante surgir edesaparecer de todos os fenmenos.

    Deves perceber que aquilo que est a surgir e adesaparecer somente a actividade da mente. Quandoalgo surge, isso desaparece e seguido por adicionaissurgimentos e desaparecimentos. Na linguagem doDhamma, a este surgir e desaparecer chama-mosnascimento e morte e isto tudo isto tudo o que

    existe! Quando o sofrimento surge, ele desaparece e

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    quando ele desaparece, torna a surgir**. somentesofrimento a surgir e a desaparecer. Quando vs estetanto, poders ver constantemente este surgir edesaparecer e quando o teu saber for constante,percebers que isto tudo o que realmente existe. tudo somente nascimento e morte. No que exista algoque continue. Existe somente este surgir e desaparecerdeste modo, e s.

    Este tipo de viso far surgir uma tranquila

    sensao de desinteresse para com o mundo. Talsensao surge quando vemos que na realidade noexiste nada que valha a pena querer; s existesurgimento e desaparecimento, um nascimento seguidopor uma morte. Isto quando a mente chega aodesapego, deixa tudo passar de acordo com a sua

    natureza. Coisas surgem e desaparecem na nossa mentee ns sabemo-lo. Quando a felicidade surge, nssabemos; quando insatisfao surge, ns sabemos. Estesaber a felicidade significa que no nos identificmoscom ela como sendo nossa. Quando j no nosidentificarmos ou apegarmos-nos felicidade e aosofrimento, ficaremos s com a forma natural como ascoisas so.

    Por isso dizemos que a actividade mental comoa mortfera cobra venenosa. Se no interferirmos c