um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

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Curso de Especialização Lato Sensu a Distância: Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva CUIÁBA/MT 2009 Responsabilidade Social: um espaço de inclusão para Deficientes Mentais praticantes de basquetebol PAULO CESAR PAULINO

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Curso de Especialização Lato Sensu a Distância: Educação Profissional e

Tecnológica Inclusiva

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Responsabilidade Social: um espaço de inclusão para Deficientes Mentais praticantes de basquetebol

PAULO CESAR PAULINO

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Cornélio Procópio

P328r Paulino, Paulo Cesar

Responsabilidade social : um espaço de inclusão para deficientes mentais praticantes de basquetebol / Paulo Cesar Paulino , orientação de Christine Vianna Algarves Magalhães, co-orientador Vanderley Flor da Rosa. Cuiabá, 2009.

46 f. : il. ; 30 cm

Monografia (Especialização). Curso de Especialização Lato Sensu à Distância Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso.

1. Inclusão escolar 2. Deficientes Mentais – Educação 3. Responsabilidade social I. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Mato Grosso. II. Título. III Magalhães,Christine Vianna Algarves, orient. IV.Rosa, Vanderley Flor da, co-orient.

CDD : 796.0456

P328r Paulino, Paulo Cesar

Responsabilidade social : um espaço de inclusão para deficientes mentais praticantes de basquetebol / Paulo Cesar Paulino , orientação de Christine Vianna Algarves Magalhães, co-orientador Vanderley Flor da Rosa. Cuiabá, 2009.

46 f. : il. ; 30 cm

Monografia (Especialização). Curso de Especialização Lato Sensu à Distância Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso.

1. Inclusão escolar 2. Deficientes Mentais – Educação 3. Responsabilidade social I. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Mato Grosso. II. Título. III Magalhães,Christine Vianna Algarves, orient. IV.Rosa, Vanderley Flor da, co-orient.

CDD : 796.0456

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Responsabilidade Social: um espaço de inclusão para Deficientes Mentais praticantes de basquetebol

Monografia elaborada como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista no Curso de Especialização Lato Sensu a Distância: Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso Campus de Cuiabá – Octayde Jorge da Silva. Orientadora: Prof Christine Vianna

Algarves Magalhães

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PAULO CESAR PAULINO

RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM ESPAÇO DE INCLUSÃO PARA

DEFICIENTES MENTAIS PRATICANTES DE BASQUETEBOL

Trabalho de Conclusão de Curso em Especialização Lato Sensu a Distância: Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de Pós-Graduação do Instituto Federal de Educação. Ciência e Tecnologia Mato Grosso Campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista.

Aprovado em: 05 de outubro de 2009

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DEDICATÓRIA

Para minha família, em especial à minha

esposa Francisca, meu filho Paulo Junior e

minhas filhas, Ana Carolina e Ana Paula (in

memorian).

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AGRADECIMENTOS

À orientação da Profª. Christine Vianna Algarves Magalhães, à minha família, aos alunos

da E.M.E.E.P. motivo desse estudo, aos colegas de jornada e a todos que, diretamente

ou indiretamente, contribuíram para a elaboração, desenvolvimento e conclusão dessa

monografia.

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“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um

novo começo, qualquer um pode começar

agora e fazer um novo fim”

Chico Xavier

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PAULINO, Paulo Cesar. RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM ESPAÇO DE INCLUSÃO PARA DEFICIENTES MENTAIS PRATICANTES DE BASQUETEBOL. (Monografia) Curso de Especialização Lato Sensu a Distância: Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso Campus de Cuiába, 2009.

RESUMO A universidade tem uma função estratégica na confirmação do paradigma da educação inclusiva. Como fator de formação de opinião, por meio do uso do seu espaço físico ou da concretização de suas pesquisas para a ajuda da inclusão acadêmica, social ou profissional do deficiente. O tema abordado nesse estudo é a inclusão de pessoas com Deficiência Mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2004 com a Declaração de Montreal recomenda que termo Deficiência Mental seja substituído por Deficiência intelectual, esta deficiência é definida pelo acentuado déficit intelectual e dificuldades em comportamentos adaptativos ocorridos antes dos 18 anos de idade. O objetivo desse estudo é divulgar uma experiência de sucesso mostrar para outras pessoas e instituições que a inclusão é possível e que com a participação de todos ela será uma realidade. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica junto a livros, revistas, artigos, e fontes eletrônicas disponíveis. A equipe de Basquetebol Adaptado para Deficiente Mentais (BADEM) é uma realidade que só foi possível pelas características inclusivas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Cornélio Procópio (UTFPR-CP) com a implantação do projeto Universidade Tecnológica Aberta à Diversidade (UTADI).

Palavras-chave: inclusão, deficientes mentais, esporte adaptado, responsabilidade social.

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ABSTRACT

PAULINO, Paulo Cesar. SOCIAL RESPONSIBILITY: AN AREA OF INCLUSION FOR DISABLED MENTAL played basketball. (Monograph) Specialization Course Latu Sensu Distance: Technological Education Inclusive, Federal Institute of Education, Science and Technology of Mato Grosso Cuiabá campus, 2009.

The university has a strategic role in the confirmation of the paradigm of inclusive education. As a factor in opinion formation, through the use of physical space or the completion of their research to include academic help, social or professional deficient. The issue addressed here is the inclusion of persons with mental retardation. The World Health Organization (WHO) since 2004 with the Montreal Declaration recommends the term be replaced with intellectual disabilities, this deficiency is defined by marked intellectual deficit and difficulties in adaptive behavior that occurred before 18 years of age.The aim of this study is through the dissemination of successful experience to show other people and institutions that inclusion is possible and with the participation of all it will be a reality. The methodology used was literature along with books, magazines, articles, and electronic sources available. The basketball team out for the Mentally Handicapped (BADEM) is a reality that was made possible by the characteristics inclusive of the Federal University of Technology - Paraná Campus Cornélio Procópio (UTFPR-CP) with the implementation of the project Technological University Open Diversity (UTADI). Key-words: inclusion, mentally handicapped, adapted sports, social responsibility

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LISTA DE ABREVIATURAS

AF – Atividade Física

AAIDD - American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (Associação

Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimental)

AFRS – Aptidão Física Relacionada à Saúde

BADEM – Basquetebol Adaptado para Deficientes Mentais

CS – Controle de Stress

CPREV Comportamento Preventivo

CORDE - Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

CP – Composição Corporal

DI) Deficiência Intelectual

DM – Deficiência Mental

DP – Desvio Padrão

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente - Educação Especial

EMEEP - Escola Municipal de Educação Especial Procopense

FL - Flexibilidade

FO – Força

FUNDEF – Fundação de Desenvolvimento do Ensino Fundamental

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GEREC - Gerência de Relações Empresa Comunidade

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IG – Índice Geral do PEVI

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LIBRAS – Lingua Brasileira de Sinais

MEC – Ministério da Educação

NAPNE - Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Especiais

NDP - Nível de Desenvolvimento Real

NDR - Nível de Desenvolvimento Potencial

OMS - Organização Mundial de Saúde

PEVI - Perfil do Estilo de Vida Individual

PIG - Pequeno para idade Gestacional

QV – Qualidade de Vida

RS – Relacionamento Social

RA – Resistência Aeróbia

RM – Resistência Muscular

SEMED - Secretaria Municipal de Educação de Cornélio Procópio

TECNEP - Educação, Tecnologia e Profissionalização para Pessoas com Necessidades

Especiais

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UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UTADI - Universidade Tecnológica Aberta à Diversidade

UTFPR-CP - Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Cornélio Procópio

ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 13

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 15

2.1 LEGISLAÇÃO......................................................................................................................... 15

2.1.1 Constituição Federal ..................................................................................................... 16

2.1.2 Declaração de Salamanca ........................................................................................... 16

2.1.3 Declaração de Montreal ............................................................................................... 18

2.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA ..................................................................................................... 20

2.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL ........................................................................................... 23

2.4 DEFICIÊNCIA MENTAL ....................................................................................................... 24

2.5 ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL .................................................................. 27

2.6 ESPORTES ADAPTADO ....................................................................................................... 28

2.7 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE .................................................................. 32

2.7.1 Resistência Aeróbia ...................................................................................................... 34

2.7.2 Resistência Muscular .................................................................................................... 35

2.7.3 Flexibilidade ................................................................................................................... 36

2.7.4 Força ............................................................................................................................... 36

2.7.5 Composição Corporal ................................................................................................... 37

3 METODOLOGIA ........................................................................................................................... 38

3.1 AMOSTRA .............................................................................................................................. 38

3.2 INSTRUMENTOS ................................................................................................................... 38

3.3 BASQUETEBOL ADAPTADO PARA DEFICIENTES MENTAIS - BADEM ................... 38

3.4 RESULTADOS ........................................................................................................................ 39

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 44

.

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1 INTRODUÇÃO

São consideradas deficientes mentais, segundo a Associação

Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimental (AAIDD), as pessoas com

um déficit intelectual significativo associado a duas ou mais limitações nos

comportamentos adaptativos, com a manifestação tendo ocorrido antes dos 18 anos

de idade.

A convenção de Montreal (2004) recomenda a substituição do termo

Deficiência Mental (DM) por Deficiência Intelectual (DI) devido à conotação

pejorativa e constante confusão com doença mental. Este estudo optou pela

manutenção da terminologia original pelo motivo de que o novo termo ainda não

conseguir identificar junto à comunidade a população alvo do estudo

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no

censo de 2000 o Brasil possuía 24,5 milhões de pessoas com necessidades

especiais, ou seja, 14,5% da população, sendo que a Deficiência Mental atinge

2.848.684 brasileiros.

Na Declaração Mundial sobre Educação para Todos realizada em

Jomtien, Tailândia no ano de 1990, foi consenso mundial garantir o atendimento às

necessidades básicas de aprendizagem a todas as crianças, jovens e adultos

inclusive os deficientes.

Em todos os governos e organismos internacionais há uma

preocupação em garantir os direitos para todos. Leis e diretrizes não faltam, mas em

um país como o Brasil, onde até mesmo as necessidades básicas não são

asseguradas para todos, o direito à prática esportiva torna-se um ¨artigo de luxo¨ e

dispensável, não fazendo parte das atividades usuais da maioria dos deficientes

mentais.

A evolução tecnológica aliada aos direitos legislativos conquistados

propiciaram o aumento da expectativa de vida dos deficientes mentais, mas os anos

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adquiridos a mais não representam anos vividos com mais qualidade de vida ou

saúde, o estilo de vida sedentário aliado aos maus hábitos nutricionais acabam

deixando os deficientes mentais vulneráveis às doenças de cunho hipocinético.

A otimização da Aptidão Física relacionada à saúde por meio da

prática de esportes adaptados como o basquetebol está condicionada ao

desenvolvimento de suas capacidades correspondentes e para que isso ocorresse

buscou-se apoio na teoria vygostiskiana por meio da criação da Zona de

Desenvolvimento Proximal (ZDP) durante as intervenções nos treinamentos

(VYGOTSKY, 1989).

O projeto desenvolvido na Universidade Tecnológica Federal do

Paraná Campus Cornélio Procópio (UTFPR-CP) por meio da Assessoria de Projetos

Sociais e Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE)

tem por objetivo mostrar que uma instituição de caráter tecnológico tem

responsabilidades sociais com a comunidade onde está inserida e pode oferecer

contribuição na inclusão de pessoas com necessidades especiais, neste caso, aos

alunos com deficiência mental.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 LEGISLAÇÃO

O Brasil dispõe de legislação básica para atender as necessidades de

pessoas com deficiências, o que falta é o respeito às condições já estabelecidas,

Para Paulino (2007) a educação com deficientes é definida por duas tríades

(legislação/acessibilidade/potencialidade e direitos/inclusão/eficiência) que

permeadas pelo respeito culminam na obtenção da cidadania. (Figura 1)

Figura 1 – Tríades para a inclusão.

Fonte: Paulino (2008) reelaborada de Paulino (2007) Alguns dos instrumentos legais sobre os direitos dos deficientes no Brasil:

• Constituição Federal de 1988 - Educação Especial

• Lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBN

• Lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA

• Lei nº 8859/94 - Estágio

• Lei nº 10.098/94 - Acessibilidade

• Lei nº 10.436/02 - Libras

• Lei nº 7.853/89 - CORDE - Apoio às pessoas portadoras de deficiência

• Lei n.º 8.899, de 29 de junho de 1994 - Passe Livre

• Lei nº 9424 de 24 de dezembro de 1996 - FUNDEF

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• Lei nº 10.845, de 5 de março de 2004 - Programa de Complementação ao

Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência

• Lei nº 10.216 de 4 de junho de 2001 - Direitos e proteção às pessoas acometidas

de transtorno mental

2.1.1 Constituição Federal

A Constituição Brasileira de 1988 assegurou a todas as crianças

brasileiras o direito de “ser”, sendo diferente nas escolas, instituindo como um dos

princípios do ensino a igualdade de condições de acesso e permanência na escola

(Art. 206, inciso I). Ao eleger como fundamento da nossa República a cidadania e a

dignidade da pessoa humana (Art. 1º, incisos II e III), e como um dos seus objetivos

fundamentais [...] a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art. 3º, inciso IV) ela se

adiantou à Declaração de Salamanca, em 1994

2.1.2 Declaração de Salamanca

A Declaração de Salamanca (1994) trata dos princípios, política e

prática em Educação Especial. Trata-se de um documento das Nações Unidas

adotada em Assembléia Geral, a qual apresenta os Procedimentos-Padrões das

Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas com

Deficiências.

A Declaração de Salamanca é considerada mundialmente um dos

mais importantes documentos que visam a inclusão social, juntamente com a

Convenção sobre os Direitos da Criança (1988) e a Declaração Mundial sobre

Educação para Todos (1990). Faz parte da tendência mundial que vem

consolidando a educação inclusiva. Sua origem é atribuída aos movimentos em

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favor dos direitos humanos e contra instituições segregacioanistas, movimentos

iniciados a partir das décadas de 60 e 70 do século XX

A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais,

de 1994 em Salamanca, é considerada um marco por ser a que de maneira mais

decisiva e explicitamente contribuiu para impulsionar a Educação Inclusiva em todo

o mundo. Nessa conferência participaram noventa e dois governos e vinte cinco

organizações internacionais, que reconheceram a necessidade e urgência de que o

ensino chegasse a todas as crianças, jovens e adultos com necessidades

educacionais especiais no âmbito da escola regular. O Brasil é signatário desta

declaração.

Com este fim, os especialistas ali reunidos estabeleceram um plano

de ação cujo princípio norteador mostrava que as escolas deveriam acolher a todas

as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais,

emocionais, lingüísticas e outras. A partir daí, as escolas se encontram frente ao

desafio de desenvolver uma pedagogia capaz de educar, com êxito, a todas as

crianças, inclusive àquelas que têm deficiências graves.

• todas as crianças têm direito à educação e deve-se dar a elas a oportunidade de

alcançar e manter um nível aceitável de conhecimentos;

• cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de

aprendizagem que lhe são próprias;

• os sistemas de ensino devem ser organizados e os programas aplicados de modo

que tenham em conta todas as diferentes características e necessidades;

• as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às

escolas comuns; e as escolas comuns devem representar um meio eficaz para

combater as atitudes discriminatórias, criar comunidades acolhedoras, construir

uma sociedade integradora e alcançar a educação para todo.

A Declaração apresenta um decálogo de recomendações que

deveriam ser desenvolvidas por todos os países participantes, nos anos que se

seguiram e que consiste-se em:

• REQUERER aos países do Norte que desenvolvessem uma redistribuição dos

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18

recursos conforme o estabelecido na Convenção sobre os direitos da criança;

• APLICAR os direitos civis e políticos para dar melhor proteção aos coletivos,

especialmente vulneráveis na faixa etária infantil, e, também, aos grupos étnicos,

assim como outras minorias culturais;

• RECONHECER os direitos econômicos e sociais como verdadeiros direitos e não

somente como aspiração;

• REALIZAR maiores esforços para ascender ao que aparentemente hoje é

inalcançável e poder, assim, afrontar os novos desafios do futuro.

• PROTEGER firmemente os direitos das meninas;

• ASSUMIR as diferenças culturais, porém não admiti-las como desculpa para não

aplicar a Convenção em toda a sua extensão;

• DEDICAR a máxima atenção à situação das crianças afetadas por conflitos

bélicos;

• ACEITAR que a participação das crianças é o ponto decisivo para provocar,

conforme a Convenção, uma revolução positiva do comportamento humano;

• CONCLUIR o processo de ratificação da Convenção e promover a eliminação das

reservas que ela tem objetivado por parte dos países afetados; e

• REITERAR que a sobrevivência e o desenvolvimento da infância são imperativos

à consecução dos objetivos de desenvolvimento humano sustentável, adotados

pela comunidade mundial e a realização da visão de paz e progresso social

contida na Carta das Nações Unidas

2.1.3 Declaração de Montreal

Em 2004, em evento realizado pela Organização Mundial de Saúde

e Organização Pan-Americana da Saúde o termo deficiência é consagrado com o

documento "Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual”.

Entre outras determinações destacam-se as seguintes:

• as pessoas com deficiências intelectuais, da mesma forma que outros seres

humanos, têm direito a direitos humanos básicos e liberdades fundamentais,

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19

como consta de muitas declarações, convenções e padrões internacionais;

• assinala as desvantagens e barreiras históricas que as pessoas com deficiências

intelectuais precisam enfrentar, e levando em conta a necessidade de aliviar o

impacto negativo da pobreza sobre as condições das pessoas com deficiências

intelectuais;

• considera que pessoas com deficiências intelectuais têm sido, freqüentemente

excluídas das decisões acerca de seus direitos humanos, saúde e bem estar, e

que leis relacionadas a tutela têm sido historicamente utilizadas para negar às

pessoas com deficiência intelectual seu direito a tomar decisões;

• a liberdade de pessoas com deficiências intelectuais de tomarem suas próprias

decisões tenha sido freqüentemente não reconhecida, ignorada, alvo de abusos

ou removida;

• reconhece as necessidades de pessoas com deficiências intelectuais e suas

aspirações de serem incluídas plenamente e valorizadas como cidadãs iguais às

outras, conforme estabelecido na Declaração de Manágua de 1993, e conscientes

da importância significativa da cooperação internacional a fim de promover

condições melhores para o exercício e pleno gozo de direitos humanos e

liberdades fundamentais de pessoas com deficiências intelectuais.

• pessoas com deficiências intelectuais, como outros seres humanos, nascem livres

e iguais em dignidade e direitos.

• as deficiências intelectuais são parte integral da experiência e diversidade

humanas. Deficiências intelectuais são compreendidas de forma diferente em

diferentes culturas e, dessa forma, exigem que a comunidade internacional

respeite os valores universais de dignidade, autodeterminação, igualdade e justiça

para todos.

• portanto, o direito ao nível mais alto possível de saúde e bem estar está

interligado a outros direitos e liberdades civis, políticas, econômicas, sociais e

culturais. para pessoas com deficiências intelectuais, como ocorre com outras

pessoas, o exercício do direito à saúde exige inclusão social, um padrão de vida

adequado, acesso à educação inclusiva, acesso a trabalho remunerado com

justiça, e acesso a serviços comunitários.

• todas as pessoas com deficiências intelectuais são cidadãs plenas, iguais diante e

sob a lei, com o poder de exercer seus direitos tomando como base o respeito

pelas diferenças e as opções individuais

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• igualdade é, portanto, não apenas de oportunidade, mas pode também exigir,

quando pessoas com deficiências intelectuais assim entendam, medidas

apropriadas, ações positivas, acomodações ou apoios. os governos devem

garantir a presença, a disponibilidade, o acesso e o gozo de serviços adequados,

baseados nas necessidades e o consentimento livre e informado de pessoas com

deficiências intelectuais.

• o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais de pessoas com

deficiências intelectuais exige sua plena inclusão na comunidade. como tal, todas

as pessoas com deficiências intelectuais devem ter acesso a educação,

treinamento e informações no que se refere a seus direitos e obrigações.

2.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva é um processo em que se amplia a

participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-

se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas

escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem

humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como

objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos, O ano de

2008 foi um marco para a educação brasileira, pois assinala a maioria dos alunos

com necessidades especiais nas escolas regulares e não nas escolas

especializadas, conforme Figura 2.

Page 22: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

21

Figura 2 – Evolução da educação inclusiva. Fonte: Revista Nova Escola, 2009

A Educação Inclusiva contempla a diversidade inerente à espécie

humana, busca perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos

os sujeitos-alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, de

forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Prática

pedagógica coletiva, multifacetada, dinâmica e flexível requer mudanças

significativas na estrutura e no funcionamento das escolas, na formação humana

dos professores e nas relações família-escola. Com força transformadora, a

educação inclusiva aponta para uma sociedade inclusiva.

O ensino inclusivo mesmo emergindo da educação especial não

deve ser confundido com esta, a qual se apresenta numa grande variedade de

formas incluindo escolas especiais, unidades pequenas e a integração das crianças

com apoio especializado. O ensino especial é, desde sua origem, um sistema

separado de educação das crianças com deficiência, fora do ensino regular,

baseado na crença de que as necessidades das crianças com deficiência não

podem ser supridas nas escolas regulares. Existe ensino especial em todo o mundo

seja em escolas de frequência diária, internatos ou pequenas unidades ligadas à

escola de ensino regular.

Segundo Falvey apud Sanches (2005), a educação inclusiva é antes

de tudo uma questão de direitos humanos, já que defende que não se pode

Page 23: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

22

segregar nenhuma pessoa como consequência de sua deficiência, de sua

dificuldade de aprendizagem, do seu gênero ou mesmo se esta pertencer a uma

minoria étnica (seria algo que iria contra os direitos humanos). Segundo os autores o

lugar, é uma atitude, representa um sistema de valores e de crenças, não uma ação

simplesmente, mas sim um conjunto de ações. Uma vez adotada esta perspectiva

por uma escola ou por um sistema de ensino, deverá condicionar as decisões e

ações de todos àqueles que a tenham adotado, posto que incluir significa ser parte

de algo, formar parte do todo, enquanto que excluir significa manter fora, apartar,

expulsar.

De acordo com Sánches (2005), a filosofia da inclusão defende uma

educação eficaz para todos, sustentada em que as escolas, enquanto comunidades

educativas devem satisfazer as necessidades de todos os alunos, sejam quais forem

as suas características pessoais, psicológicas ou sociais (com independência de ter

ou não deficiência)

A autora afirma que, a educação inclusiva deve ser entendida como

uma tentativa a mais de atender as dificuldades de aprendizagem de qualquer aluno

no sistema educacional e como um meio de assegurar que os alunos, que

apresentam alguma deficiência, tenham os mesmos direitos que os outros, ou seja,

os mesmos direitos dos seus colegas escolarizados em uma escola regular.

Segundo Forest e Pearpoint apud Sanches (2005), é desse modo,

que o conceito de inclusão trata de abordar as diferentes situações que levam à

exclusão social e educativa de muitos alunos. E, dessa forma, faz referência não

somente aos alunos com necessidades educacionais especiais, que sem dúvida têm

que seguir sendo atendidos, seguir dando as suas respostas educativas e

recebendo o apoio correspondente. Mas, senão, a todos os alunos das escolas.

Ainda que este conceito esteja evoluindo, nesse momento pode ser muito útil

considerá-lo como um agente de mudança conceitual. Especialmente, quando

defende que não basta que os alunos com necessidades educacionais especiais

estejam integrados às escolas comuns, eles devem participar plenamente da vida

escolar e social dessa comunidade escolar. Isto significa que as escolas devem

estar preparadas para acolher e educar a todos os alunos e não somente aos

considerados como “educáveis”. Por isso, a inclusão assume que a convivência e a

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23

aprendizagem em grupo é a melhor forma de beneficiar a todos, não somente às

crianças rotuladas como diferentes

Segundo Acalá (2009) a falta de estrutura dificulta a realização de

atividades que venham a eliminar o preconceito e a compartilhar o saber,

favorecendo assim à educação inclusiva.

2.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL

Almeida (2009) alerta que para a escola cumprir sua função social o

professor deverá conhecer as necessidades de seu aluno deficiente ou não e torná-

los cada vez mais independente e autoconfiante, utilizando a escola como um

espaço de sistematização do saber sem o esmagamento do ser “homem”

A Responsabilidade Social concretiza-se por meio da tomada de

atitudes, comportamentos e práticas positivas e construtivas, que contribuem para o

bem-comum e elevando a qualidade de vida de todos.

Ao falar em responsabilidade social, deve-se ter em mente o

compromisso social e não simplesmente filantropia. O nível de responsabilidade

social deve ser avaliado e observado pelo envolvimento e do compromisso não

apenas para com aqueles que se atende e para com a comunidade e a sociedade

em geral, assim se deve pautar as atuações sociais por meio de diversas ações em

múltiplos campos.

A Universidade pode e deve assumir um papel de responsabilidade

social junto a comunidade onde está inserida deixando de ser um mero produtor e

reprodutor de conhecimento. O trinômio ensino, pesquisa e extensão precisa cumprir

com o dever de atender as necessidades regionais seja elas em quais setores

forem.

A Universidade não precisa ter deficientes em seus quadros

discente, docente ou administrativo para ser considerada inclusiva, mas

Page 25: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

24

disponibilizar recursos financeiros, de pessoal ou espaço para beneficiar as pessoas

com necessidades especiais.

A UTFPR-CP comprometida com o desenvolvimento regional por

meio da TECNEP e o NAPNE e os setores de extensão oferecem à comunidade

diversas oportunidades de inclusão, dentre elas o basquetebol adaptado para

deficientes mentais (BADEM).

Figura 3 – Apresentação do projeto para a comunidade externa.

Fonte: Autoria própria, 2007

2.4 DEFICIÊNCIA MENTAL

O diagnóstico da deficiência mental não é simples e tem a necessidade

da participação de uma equipe multidisciplinar:

Não tem sido possível estabelecer diagnósticos precisos da deficiência intelectual exclusivamente a partir de causas orgânicas, nem tão pouco a partir da avaliação da inteligência: quantidade, supostas categorias ou tipos de inteligência. Tanto as teorias psicológicas desenvolvimentistas, como as de caráter sociológico ou antropológico, apresentam idéias mais ou menos claras a respeito da condição mental das pessoas; todavia, nenhuma dessas perspectivas ou outras, nem todas juntas conseguem definir um conceito único que traduza de forma satisfatória a complexidade da questão da deficiência intelectual. (ALMEIDA, 2009):

Page 26: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

25

A Associação Americana de Deficiência Intelectual e

Desenvolvimental (American Association on Intellectual and Developmental

Disabilities – AAIDD, 2002), caracteriza a deficiência mental por um funcionamento

global inferior à media, junto com limitações associadas em duas ou mais das

seguintes habilidades adaptativas: comunicação, cuidado pessoal, habilidades

sociais, utilização da comunidade, saúde e segurança, habilidades escolares,

administração do ócio e trabalho. Para o diagnóstico é imprescindível que a

Deficiência Mental se manifeste antes dos 18 anos.

As áreas de necessidades dos deficientes devem ser determinadas

por meio de avaliações neurológicas, psiquiátricas, sociais e clínicas e nunca numa

única abordagem de diagnóstico.

Luckasson et al. (1994), sugerem que os graus de comprometimento

intelectual sejam substituidos pela graduação de medidas de apoio necessárias às

pessoas com déficit cognitivo e destaca o processo interativo entre as limitações

funcionais próprias dos indivíduos e as possibilidades adaptativas que lhes são

disponíveis em seus ambientes de vida.

Essa nova concepção da deficiência mental implica em

transformações importantes no plano de serviços e chama a atenção para as

habilidades adaptativas, considerando-as como um ajustamento entre as

capacidades dos indivíduos e as estruturas e expectativas do meio em que vivem,

aprendem, trabalham e se aprazem.

Os deficientes mentais apresentam reações e dificuldades diversas

quanto aos comportamentos adaptativos, assim nem todos precisam dos mesmos

apoios, o sistema de apoio proposto pela AAIDD (2002) aproxima-se dos princípios

da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) descrita por Vygotsky conforme

Quadro 1.

Page 27: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

26

Intermitente

(Episódico)

O apoio se efetua apenas quando necessário.

Caracteriza-se por sua natureza episódica, com

duração limitada, ou seja, nem sempre a pessoa

necessita de apoio, mas durante momentos, em

determinados ciclos da vida.

Limitado

(Consistente)

Apoios intensivos caracterizados por duração

contínua, por tempo limitado, mas não intermitente.

Como por exemplo, o treinamento do deficiente para

o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios

durante o período entre a escola, a instituição e a vida

adulta.

Extensivo

(Contínuo)

Trata-se de um apoio caracterizado pela

regularidade, normalmente diária em pelo menos em

alguma área de atuação, tais como na vida familiar,

social ou profissional. Nesse caso não existe uma

limitação temporal para o apoio, normalmente se dá

em longo prazo.

Permanente

(Constante)

É o apoio constante e intenso, necessário em

diferentes áreas de atividade da vida. Estes apoios

exigem mais pessoal e maior intromissão que os

apoios extensivos ou os de tempo limitado.

Quadro 1 – Intensidade dos apoios.

Fonte: AAIDD, 2002

Para Filho (2009), as causas que provocam a ocorrência da

deficiência mental vão desde a concepção até o final da adolescência.

As Causas Pré-Natais são os fatores de risco que incidirão desde a

concepção até o início do trabalho de parto, e podem ser:

• Desnutrição materna;

Page 28: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

27

• Má assistência à gestante;

• Doenças infecciosas na mãe: sífilis, rubéola, toxoplasmose;

• Fatores tóxicos na mãe: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais

de medicamentos (medicamentos teratogênicos), poluição ambiental,

tabagismo;

• Fatores genéticos: alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais),

ex.: síndrome de Down, síndrome de Matin Bell; alterações gênicas, ex.:

erros inatos do metabolismo (fenilcetonúria), síndrome de Williams,

esclerose tuberosa, etc.

As Causas Peri-Natais são os fatores de risco que incidirão do

início do trabalho de parto até o 30º dia de vida do bebê, e podem ser:

• Má assistência ao parto e traumas de parto;

• Hipóxia ou anóxia (oxigenação cerebral insuficiente);

• Prematuridade e baixo peso (PIG - Pequeno para idade Gestacional).

• Icterícia grave do recém nascido - kernicterus (incompatibilidade RH/ABO)

As Causas Pós-Natais são os fatores de risco que incidirão do 30º

dia de vida até o final da adolescência e podem ser:

• Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global;

• Infecções: meningoencefalites, sarampo, etc;

• Intoxicações exógenas (envenenamento): remédios, inseticidas, produtos

químicos (chumbo, mercúrio);

• Acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc.

• Infestações: neurocisticircose (larva da Taenia Solium).

2.5 ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL

Para Vygotsky, (1989) a distância entre o nível de desenvolvimento

real (NDR), determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o

nível de desenvolvimento potencial (NDP), determinado através de resolução de um

Page 29: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

28

problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro

é designada de Zona de Desenvolvimento Proximal. Sendo que o desenvolvimento e

a construção das funções psicológicas superiores ocorrem ao longo da vida pelo uso

das ferramentas intelectuais (linguagem, gestos) por meio da interação social com

outros mais experientes no uso dessas ferramentas.

Qualquer deficiência corporal coloca ao organismo a tarefa de vencer

esse defeito, eliminando as deficiências e ou compensando o prejuízo orgânico

ocasionado. No caso da Deficiência Mental a neuroplasticidade (capacidade do

cérebro de estabelecer novas conexões no córtex cerebral e, desta forma, superar

os efeitos de alguns tipos de lesões) só se concretiza no grupo social. As interações

sociais são formas privilegiadas de acesso a informações, aprende-se a regra do

jogo com os outros, jogo ocorre na Zona de Desenvolvimento Proximal.

Figura 4 – Atividade Interativa Fonte: Autoria própria, 2007

2.6 ESPORTES ADAPTADO

O esporte adaptado teve sua evolução acelerada após a segunda

grande guerra mundial, devido ao grande número de pessoas mutiladas ou com

outras seqüelas do conflito. Originalmente o atendimento fisioterápico, que era

realizado como tratamento, passou a ser utilizado como lazer no cotidiano das

Page 30: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

29

pessoas atingidas após a recuperação e finalmente atingiu o estágio de competição

oficial.

A Pára-Olimpíada agrega países de todos os continentes, é a maior

competição internacional destinada a pessoas com deficiências sendo realizada a

cada quatro anos logo após e no mesmo país onde ocorreram os Jogos Olímpicos, a

primeira aconteceu em Roma no ano de 1960 em.

As modalidades em que as pessoas deficientes competem podem

seguir suas regras e regulamentos originais ou serem adaptadas conforme as

deficiências, as principais modalidades são:

• Arco e flecha: esta modalidade esportiva pode ser praticada por atletas andantes

como amputados ou por atletas usuários de cadeiras de rodas como os lesados

medulares. Todas as deficiências físicas podem participar desta modalidade

esportiva, respeitando estas duas categorias, em pé e sentado. A participação em

competições e o sistema de resultados são semelhantes à modalidade

convencional olímpica.

• Atletismo: as provas de atletismo podem ser disputadas por atletas com qualquer

tipo de deficiência em categorias masculina e feminina. Os atletas são divididos

por classes de acordo com o seu grau de deficiência, que competem entre si nas

provas de pistas, campo, pentatlo e maratona. Esta é uma modalidade esportiva

que sofre freqüentes modificações, visando possibilitar melhores condições

técnicas.

• Basquetebol sobre rodas: é jogado por lesados medulares, amputados, e atletas

com seqüelas de poliomielite de ambos os sexos. As regras utilizadas são

similares à do basquetebol convencional, sofrendo pequenas adaptações.

• Basquetebol para Deficientes Mentais: é jogado por deficientes mentais de ambos

os sexos, As regras utilizadas são similares à do basquetebol convencional,

sofrendo pequenas adaptações

• Bocha: esta modalidade esportiva foi adaptada para paralisados cerebrais

severos. O objetivo do jogo consiste em lançar as bolas o mais perto possível da

bola branca.

Page 31: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

30

• Ciclismo: neste esporte participam atletas paralisados cerebrais, cegos com guias

e amputados nas categorias masculina e feminina, individual ou por equipe.

Pequenas alterações foram realizadas nas regras do ciclismo convencional,

melhorando a segurança e a classificação dos atletas de acordo com sua

deficiência, nível de comprometimento e provas, possibilitando adaptações nas

bicicletas. Os atletas participam de provas de estrada, velódromo e contra-relógio.

• Equitação: os deficientes físicos participam deste esporte apenas na categoria de

habilidades. Para isto é necessário analisar os possíveis deficientes que podem

participar.

• Esgrima: este esporte é praticado por atletas usuários de cadeira de rodas como

os lesados medulares, amputados e paralisados cerebrais em categorias

masculina ou feminina. Esses atletas participam das modalidades de espada,

sabre e florete, sendo provas individuais ou por equipes. Para participação em

eventos competitivos todos os atletas são presos ao solo, possuindo os

movimentos livres para tocar o corpo do adversário.

• Futebol: nesta modalidade esportiva o atleta com de paralisia cerebral compete

na modalidade de campo e o atleta amputado compete na modalidade de quadra.

Há alterações nas regras como o número de jogadores, largura do gol e da marca

do pênalti estão presente.

• Halterofilismo: esta modalidade esportiva é aberta a todos os atletas com de

deficiência física do sexo masculino e feminino. A divisão e feita de acordo com o

peso corporal em 10 categorias.

• Iatismo: todos os atletas deficientes podem participar, as modificações são

realizadas apenas no equipamento e na tripulação, não havendo alterações nas

regras da competição.

• Lawn Bowls: é um esporte similar a Bocha, sendo este aberto à participação de

todas as pessoas com deficiências físicas.

• Natação: As regras são as mesmas da natação convencional com adaptações

quanto as largadas, viradas e chegadas. As provas são variados e os estilos

abrangem os estilos oficiais. As competições são realizadas entre atletas da

mesma classe. Podem participar desta modalidade esportiva pessoas com de

qualquer deficiência.

Page 32: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

31

• Racquetball: este esporte possui características similares as do tênis de mesa e

pode ser praticado por atletas paralisados cerebral.

• Rugby em cadeira de rodas: esta modalidade foi adaptada para lesados

medulares com lesões altas - tetraplégicos - que realizam um jogo com bola de

voleibol com objetivo de marcar pontos ao fazer com que a bola ultrapasse uma

determinada linha no fundo da quadra.

• Tênis de campo: esporte realizado em cadeiras de rodas, independente do tipo de

deficiência física que o atleta possua nas categorias masculina e feminina. As

regras sofrem apenas uma adaptação, em relação ao tênis de campo

convencional, sendo esta que a bola pode quicar duas vezes, a primeiro pingo

deverá ser dentro da quadra. As categorias são: masculino e feminino, individual

e em duplas.

• Tênis de mesa: deficientes físicos como o lesado cerebral, lesado medular,

amputados ou pessoas com qualquer tipo de deficiência física pode participar

desta modalidade esportiva, na qual as provas são realizadas em pé ou sentado.

As provas podem ser realizadas em duplas e individuais, sendo a classificação de

acordo com o nível de deficiência. As regras sofrem poucas modificações, em

relação ao tênis de mesa convencional.

• Tiro ao alvo: esporte aberto a atletas com qualquer tipo de deficiência física do

sexo masculino ou feminino, nas categorias sentado e em pé. As equipes podem

possuir atletas de ambos os sexos e diferentes tipos de deficiência física. As

provas podem ser realizadas utilizando pistola ou carabina.

• Voleibol: poderá ser praticado por atletas lesados medulares que participaram da

modalidade de voleibol sentado e os amputados, que participarão desta

modalidade em pé.

Quanto aos benefícios que o esporte adaptado oportuniza, Melo

(2009), elenca os seguintes:

• melhoria e desenvolvimento de auto-estima, auto-valorização e auto-imagem;

• o estímulo à independência e autonomia;

• a socialização com outros grupos;

• a experiência com suas possibilidades, potencialidades e limitações;

• a vivência de situações de sucesso e superação de situações de frustração;

Page 33: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

32

• a melhoria das condições orgânico funcional (aparelhos circulatório, respiratório,

digestivo, reprodutor e excretor);

• melhoria na força e resistência muscular global;

• ganho de velocidade;

• aprimoramento da coordenação motora global e ritmo;

• melhora no equilíbrio estático e dinâmico;

• a possibilidade de acesso à prática do esporte como lazer, reabilitação e

competição;

• prevenção de deficiências secundárias;

• promoção e encorajamento do movimento;

• motivação para atividades futuras;

• manutenção e promoção da saúde e condição física

• desenvolvimento de habilidades motoras e funcionais para melhor realização das

atividades de vida diária

• desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas.

Figura 5 – Tabela de basquetebol adaptada utilizada no Projeto UTADI

Fonte: Autoria própria, 2007

2.7 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE

Por saúde a Organização Mundial da Saúde (OMS) entende não

Page 34: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

33

apenas o bom estado de bem estar físico, mental, psicológico e social, mas também

a ausência de doenças e evidências de que não se vá contraí-las.

A aptidão física colabora com a manutenção da saúde, pois segundo

Pate (1988), aptidão física é capacidade de realização das tarefas com vigor e

energia com baixo risco de aquisição de doenças hipocinéticas (causadas pelo

sedentarismo).

As atividades diárias e o ritmo frenético do dia a dia, agregado ao

uso de tecnologias tem influenciado de maneira significante os hábitos da

sociedade. O uso de forma racional dessas tecnologias que deveriam agilizar os

processos de produção que resultariam em mais tempo livre de trabalho para o

individuo dedicar as suas atividades de lazer não tem sido uma hipótese verdadeira.

A cada dia multiplicam-se os casos de estresse no trabalho, no trânsito e até mesmo

em problemas de cunho pessoal.

O tempo que deveria ser gasto em atividades de lazer geralmente é

ocupado por eventos em locais fechados em atividades hipocinéticas, gerando

ansiedade e ganho de peso devido ao baixo consumo de calorias. O processo

cumulativo de frustrações e a falta de uma capacidade física para suportar as tarefas

diárias irão interferir de modo drástico no organismo do individuo, podendo gerar a

médio prazo doenças psicossomáticas e hipocinéticas ou crônico-degenerativas

(depressão, artrites, obesidade, hipertensão arterial, etc).

Atividade física é o gasto energético acima dos níveis de repouso

provocado pela ação da musculatura esquelética. Quando a atividade física assume

um caráter repetitivo e programado para a melhoria ou manutenção de pelo menos

uma capacidade física transforma-se em exercício físico.

Criar hábitos de praticar atividades físicas regularmente não requer

grandes esforços e nem o dispêndio de muito tempo, porém é de vital importância

para quem quer ter uma boa qualidade de vida.

Os alunos durante o projeto desenvolveram a aptidão física

relacionada à saúde por meio da prática de exercícios correspondentes às

capacidades físicas relativas à saúde, sendo que a aptidão tem influência na saúde

Page 35: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

34

e essa na qualidade de vida, conforme a figura 6.

Figura 6 – .Relação entre as capacidades físicas, saúde e qualidade de vida.

Fonte: Autoria própria, 2009

2.7.1 Resistência Aeróbia

É a capacidade de sustentar uma carga de trabalho pelo maior

tempo possível, sem fadiga.

Page 36: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

35

Figura 7 –Atividade envolvendo exercícios de resistência aeróbia. Fonte: Autoria própria, 2007

.

2.7.2 Resistência Muscular

É a capacidade que permite realizar num maior tempo possível, a

repetição de um determinado movimento , com a mesma eficiência.

Figura 8 –Atividade envolvendo exercícios de resistência muscular. Fonte: Autoria própria, 2007

Page 37: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

36

2.7.3 Flexibilidade

É a capacidade que permite a amplitude máxima de um movimento

voluntário, em uma ou mais articulações, sem lhes causar lesão.

Figura 9 –Atividade envolvendo exercícios de flexibilidade. Fonte: Autoria própria, 2007

2.7.4 Força

É a capacidade de exercer tensão muscular contra uma determinada

resistência

Page 38: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

37

Figura 10 –Atividade envolvendo exercícios de força. Fonte: Autoria própria, 2007

2.7.5 Composição Corporal

Fracionamento do corpo em gordura e massa magra (livre de

gordura)

Figura 11 –Atividade de avaliação por bioimpedância da composição corporal. Fonte: Autoria própria, 2009

Page 39: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

38

3 METODOLOGIA

Estudo realizado por meio de pesquisa bibliográfica e de campo,

apoiada em revisão à literatura especializada e em demais meios que possam

fornecer contribuições relevantes para o desenvolvimento e conclusão do mesmo.

3.1 AMOSTRA

Foi composta de 12 alunos diagnosticados como deficientes mentais

e matriculados na Escola Municipal de Educação Especial Procopense (EMEEP) e

ensino regular da rede municipal de Cornélio Procópio.

3.2 INSTRUMENTOS

Para a verificação do perfil do estilo de vida dos alunos foi utilizado o

construto perceptivo Perfil do Estilo de Vida Individual (PEVI) desenvolvido por

Nahas (2000) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tal instrumento

conta com 15 questões relativas a cinco componentes do estilo de vida: Nutrição,

Atividade Física, Comportamentos Preventivos, Relacionamentos Sociais e Controle

de Estresse.

3.3 BASQUETEBOL ADAPTADO PARA DEFICIENTES MENTAIS - BADEM

As modalidades esportivas destinadas aos deficientes mentais são

Page 40: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

39

escassas, a dificuldade de diagnóstico é a alegação para o banimento dessas

modalidades em competições internacionais, visando preencher essa lacuna, a

UTFPR implantou em 2006 o projeto Basquetebol Adaptado, atendendo alunos de

uma escola especial, no município de Cornélio Procópio, norte do Paraná.

Após apresentação e discussão do projeto na UTFPR – Campus

Cornélio Procópio, o primeiro passo foi visitar a Escola de Educação Especial

Procopense e propor o trabalho de inclusão com os deficientes mentais, por meio do

Basquetebol Adaptado. Com o aceite da instituição, o passo seguinte foi o

estabelecimento de parcerias com outros segmentos da Universidade, como a

orientação educacional, a assessoria de projetos sociais, os professores, os

servidores e um grupo de alunos do primeiro ano do Curso Técnico, além da

comunidade local e regional como a Madeireira Morumbi e Arena Esportes.

O projeto tem por objetivo permitir que os deficientes mentais, além

de praticarem uma modalidade esportiva, desenvolvam a aptidão física relacionada

à saúde e o relacionamento social.

As aulas são ministradas no ginásio de Esportes da UTFPR com

carga horária de 3 horas semanais divididas em duas aulas (terça e quinta feira), os

alunos tem participado de várias atividades na universidade (aniversário da UTFPR,

Feira Cultura, Workshop Tecnológico) caracterizando assim não só a importância da

atividade em si, mas da inclusão por meio do contato com servidores e alunos da

instituição.

3.4 RESULTADOS

A avaliação do Perfil do Estilo de Vida Individual (PEVI) mostra que

apesar das limitações, os deficientes mentais quando argüidos da forma adequada

conseguem expor suas percepções e conhecimento da realidade que os cerca.

A Tabela 1 apresenta os resultados dos alunos segundo sua

Page 41: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

40

percepção, sendo a atividade física o quesito de melhor índice e a nutrição o pior.

Nutrição A. Física C.Prev. R. Social C. Stress I. Geral

Média 1,4 2,9 1,8 2,5 2,3 2,2

D. Padrão 0,8 0,2 0,7 0,5 0,5 0,3

Tabela 1 – Avaliação do PEVI Menor que 1 – Comportamento de risco. Entre 1 e 2 – Tendência negativa. Maior que 2 – Comportamento positivo.

Os resultados obtidos no PEVI aliados aos relatos da direção e

funcionários da EMEEP evidenciam que ocorreram mudanças não só no estilo de

vida como nos comportamentos relativos à vida diária dos alunos como a auto-

estima fortalecida e maior autonomia.

As melhoras motoras e comportamentais inferem que ocorreram

modificações na estrutura neurológica, ou seja, a neuroplasticidade pode ser

provocada por interações sociais.

Os alunos do Ensino Técnico, envolvidos no projeto, além de

adquirirem excelente formação profissional na instituição, aprenderam a conviver

com a diversidade.

O projeto BADEM propiciou várias publicações sendo as abaixo

relacionadas considerada de maior importância:

• Inclusão do deficiente mental no esporte - Congresso Internacional de Educação

Física em Foz do Iguaçu.

• A importância da Zona de Desenvolvimento Proximal na ocorrência da

Neuroplasticidade em Deficientes Mentais praticantes de basquetebol -

Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos em Buenos Aires

na Argentina

• Basquetebol adaptado: uma forma de inclusão para as pessoas com deficiência

mental - Cadernos Temáticos de 2007. O Secretário de Educação Profissional e

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41

Tecnológica do MEC Eliezer Pacheco na apresentação do volume comunidade

destacou a importância do artigo.

Page 43: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

42

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A universidade ao oportunizar a participação da sociedade, em

especial das pessoas com necessidades especiais, em seus espaços físicos e

eventos por meio das atividades de pesquisa, ensino e extensão exerce sua função

de responsabilidade social junto à comunidade onde está inserida.

A experiência proporcionada e vivenciada pela UTFPR-CP com a

implantação do BADEM, só foi possível pelo estabelecimento de parcerias entre

instituições públicas e privadas e também as características inclusivas dos dirigentes

e do sistema acadêmico. A instituição faz parte do Programa TEC NEP e tem um

Núcleo de Apoio à Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NAPNE)

que participaram ativamente do desenvolvimento do projeto.

O esporte adaptado ganhou espaço na mídia e tem sua evolução

baseada na competição, foi grande o desenvolvimento tecnológico na área de

equipamentos adaptados e estratégias de treinamentos decorrentes de pesquisa em

muitos casos realizados em renomadas universidades, muitos destes equipamentos

depois são deslocados para o uso cotidiano das pessoas com necessidades

especiais. O Brasil destacou-se em várias modalidades na Para-olimpíada de 2008

em Pequim, na China, com destaque para os resultados da natação. A modalidade

deste estudo não esteve presente nos jogos pela dificuldade nos diagnósticos da

deficiência mental, dificuldade detectada quando atletas que não eram deficientes

participaram dos jogos ludibriando os examinadores.

A direção, professores e administrativos da Escola Municipal de

Educação Especial Procopense (EMEEP) e familiares concordam com os

executores do projeto quanto à verificação das melhoras ocorridas nas atividades

motoras, esportivas e sociais dos participantes no projeto. Para Vygotsky as funções

das áreas afetadas no cérebro eram assumidas pelas sãs, e esse processo ocorria

durante toda a vida, provocadas pelos estímulos sócio-interativos adequados.

Os deficientes mentais não podem ser tratados apenas como parte

de um problema médico, é necessária a verificação de outros fatores de ordem

Page 44: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

43

motora, cognitiva, psicológica e social, faz se necessário a presença de uma equipe

multidisciplinar para a atuação com esses alunos, o que requer novos

encaminhamentos e estratégias de intervenção e a Universidade como produtora e

reprodutora de conhecimento pode e tem buscado contribuir nesses aspectos.

Apesar de todas as dificuldades que são encontradas para a real

efetivação da inclusão dos deficientes, devemos lutar por uma sociedade mais justa,

onde a diversidade seja respeitada e possam atuar na formação de cidadãos.

.

Page 45: um espaço de inclusão para deficientes Mentais praticantes

44

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45

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