Um é o Outro - O Casal e as Mutações do Coração

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UM É O OUTRO O CASAL, OU AS MUTAÇÕES DO CORAÇÃO Elisabeth Badinter (Piero di Cosimo 'Venus, Mars und Amor' 1595)

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UM É O OUTRO – O CASAL, OU AS MUTAÇÕES DO

CORAÇÃO

Elisabeth Badinter

(Piero di Cosimo 'Venus, Mars und Amor' 1595)

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Quem é Elisabeth Badinter?

Nome de batismo: ÉlisabethBleustein-Blanchet

Data de nascimento: 05 demarço de 1944

Nacionalidade: francesa

Ocupação: historiadora,escritora, filósofa,empresária, feminista eprofessora de filosofia.

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Elisabeth Badinter – CONTEXTO

• Filha de Sophie Vaillant com Marcel Bleusteing-Blanchet.

• Esposa de Robert Badinter, um famoso advogadofrancês, professor de direito e antigo Ministro daJustiça na França, com o qual possui 3 filhos.

• Seguidora de Simone de Beauvoir, se juntou aomovimento de liberação feminina no começo dosanos 70.

• Badinter é uma das mais ricas cidadãs francesas.Em 2011, a revista Desafios estimou sua fortunaem 652 milhões.

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DE FILÊMON E BÁUCIDE PARA...?

• A noçãotradicional decasal vacila;

• União sobre umabase tão frágil;

• Harmonia entre oamor próprio e oamor pelo Outro.

(Adam Elsheimer ‘Philemon und Baucis' 1609/2610)

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O INDÍVIDUO ANTES DO CASAL

• Antiga unidade básica da sociedade;

• Hipertrofia do ego e individualismomilitante;

• Mudanças de objetivos.

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O VALOR ABSOLUTO DO EGO

• O individuo como exemplarrepresentativo de toda a humanidade;

• Ego – valor estético, econômico emoral;

• “Conheça-te a ti mesmo” e “Ama-te”;

• Derrota e desvalorização do ego;

• Moral egocêntrica x Ética cristiano-kantiana.

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AMOR OBLATIVO E AMOR MATERNO

• Destino da mulher – devotamento esacrifícios;

• Satisfação e enriquecimento do Ego;

• Obras-primas do Ego;

• Gratificações em troca do sacrifício;

• União entre a criança real e a criançafantasiada.

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AMOR OBLATIVO E O CASAL

• Altruísmo x Imperativo da reciprocidade;• Dar para receber – condição de

sobrevivência do casal (regra dareciprocidade);

• Antiga troca de status, títulos ou dotes;• Igualdade entre gêneros – regra da

reciprocidade apenas em provas de amor.

“ Amo a ti tanto quanto a mim mesmo, com a condição de que tu me ames tanto quanto a ti mesmo, e de que me proves isso”

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ANTES A SOLIDÃO DO QUE A COAÇÃO!

• Aumento do número de divórcios;

• Regra da reciprocidade quebrada em prol doshomens;

• Trabalho doméstico dividido desigualmente;

• Outro – explorador;

• Repúdio a relação mantida por “força dehábito”;

• Casal elimina a pessoal humana (Le Garrec).

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ANTES A SOLIDÃO DO QUE A COAÇÃO!

• Enfraquecimento dos laços com acoletividade;

• Solidão após a separação;

• “Viver pra si e cultivar o seu Ego”;

• Proteção do Ego de sofrimento causado peloOutro;

• Autonomia total do Outro – felicidade por sisó;

• Tranquilidade da alma.

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ENFRAQUECIMENTO DAS PAIXÕES:

“Eu vi, enrubesci, descorei em seguida;

Um tumulto elevou-se em minh’alma perdida;

Não mais viam meus olhos, nem falar;

E senti que meu corpo abrasava e transia”(Racine, Fedra 1677, ato I, cena III)

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A PAIXÃO DE MENOS, A TERNURA A MAIS

• Limitante dos efeitos perigosos da paixão paraproteção do Ego;

• Existência da paixão – provas, obstáculos eproibição;

• Perde-se o motor da paixão;

• Noção de tempo – mulher torna-se “acessível” enão há necessidade do grande processo deiniciação;

• Retardamento do momento de satisfação erótica;

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O DESEJO DE TERNURA

• Amor – Amizade x Amor – Paixão;

• Relação amorosa idealizada na relação deamizade;

• Imagens recíprocas semelhantes –companheirismo;

• Retorno a simbiose materna – Um deve sermãe e filho;

• Casamento – última prova de ternura.

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

CALOR do casal X FRIEZA da solidão

Concepção mantida por muitos anos durante a história...

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

Nova visão: “bons amigos”

“casais de umapessoa”aumentaram 70%desde 1962 entreos franceses.

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

[[Solteiros]]

• Perdeu-se a concepção negativa (anormal esuspeita)

• “os estatísticos burgueses perseguiam osolteiro nos registros de presos, hospital, asilo,necrotério, para demostrar sua nocividade eseu infortúnio”

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

“Solteira, a mulher, ao mesmo tempo, está emperigo e é um perigo. Em perigo de morrer de fomee de perder sua honra. Ameaça para a família epara a sociedade. Ociosa, se as instituições decaridade não a monopolizam, ela passa seu tempofazendo intrigas e mexericos... Sem família ondeexercer seu poder, ela vive como parasita na famíliados outros... Não consignadas como residentes emseus lares, as mulheres sozinhas circulam. Elas sãovendedoras nos toaletes, alcoviteiras, abortadeiras,em pouco bruxas”

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

Atualmente ser solteiro é questão

de ESCOLHA

Cidadania em pé de igualdade

com os casados

• Entre as mulheres, ser solteira estaria ligado àEscala Social.

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

“A ambição feminina e ascarreiras que valorizam sãofatores poderosos desolidão ou de apartamentosseparados. Mesmo se umase outras às vezes sequeixam, ou lamentam aausência do grande amor,são elas que, em últimainstância, preferem sualiberdade a uma ligaçãoconsiderada medíocre”

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

• Entre os homens: egoísmo absoluto. Os homenssolteiros preferem a aventura e aliberdade, porém com o silêncio da nãoobrigatoriedade de dar satisfação e agradar ooutro.

“Colocam suadisponibilidadeacima de tudo econsideram avida a dois comoum obstáculo...”

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

• Entretanto, também haveria outrosfrustrados, que sonham secretamente com ogrande amor

Estes não estariamsolitários porescolha, mas “nãoé certo que a vidaconjugal seriamelhor para eles.”

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

“escolhida ou forçada, transitória oudefinitiva, a solidão é cada vez mais preferidaà ligação forçada. Aprende-se a arrumar e aaproveitar de seu egoísmo. Mesmo se paraalguns ela continua sinônimo deinfelicidade, não é mais encarada como umacalamidade social e econômica.Psicologicamente, pode inclusive ser umprazer.”

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ENTRE O QUENTE E O MORNO

“Divididos entre nossa vontade de independência e decompletude, os solteiros estão ENTRE O QUENTE E OMORNO.”

“Não podendo sentir-me aconchegada Contigo, escolhoficar confortável Comigo.”

Que minha solidão me sirva de companhia.Que eu tenha a coragem de me enfrentar.

Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assimme sentir como se estivesse plena de tudo.

(Clarice Lispector)

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VOLTA À QUESTÃO DE PODER

• Relação de complementariedade entre ossexos;

• Maior igualdade entre gêneros;

• Poder da contracepção;

• Reprodução sem a mulher – mutação daespécie;

• Um novo HOMEM.

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GRUPO

Alanna Gianin

Amanda Balbino

Ana Carolina Frazão

Beatriz Almendra

Giovanna Lisboa

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