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UFRRJ INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO MULTICÊNTRICO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS DISSERTAÇÃO INFLUENCIA DE DIFERENTES DOSES DE CIPIONATO DE ESTRADIOL NAS ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS DE RATAS OVARIECTOMIZADAS VERONICA CRISTINA LOPES MENEZES Seropédica, RJ 2015

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UFRRJ

INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO MULTICÊNTRICO EM

CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS

DISSERTAÇÃO

INFLUENCIA DE DIFERENTES DOSES DE CIPIONATO

DE ESTRADIOL NAS ALTERAÇÕES

HIDROELETROLÍTICAS DE RATAS

OVARIECTOMIZADAS

VERONICA CRISTINA LOPES MENEZES

Seropédica, RJ

2015

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UFRRJ

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MULTICÊNTRICO EM CIÊNCIAS

FISIOLÓGICAS

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES DOSES DE CIPIONATO DE

ESTRADIOL NAS ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS DE RATAS

OVARIECTOMIZADAS

VERONICA CRISTINA LOPES MENEZES

Sob orientação do Professor

Luis Carlos Reis

Dissertação apresentada ao Programa

Multicêntrico de Pós-graduação em

Ciências Fisiológicas da Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Ciências Fisiológicas. Área de

concentração: Fisiologia.

Seropédica, RJ

Julho de 2015

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Dedicatória

À minha família

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Agradecimentos

Neste momento em que estou a caminho de concluir mais uma etapa da minha formação

aproveito para agradecer primeiramente a minha família, especialmente meus pais Angela e Jorge

por terem me apoiado em tudo desde sempre e por acreditarem junto comigo no meu sonho de

me formar e seguir na vida acadêmica. Foram diversas vezes em que minha família me trouxe até

à Rural nos fins de semana e feriados e sempre me apoiaram em todos os momentos.

Gostaria de agradecer ao meu orientador Prof. Luis Carlos Reis, por ser um orientador

sempre presente, com que podemos contar e que se preocupa muito com seus alunos. Gostaria de

agradecer também, Mestre, pelo senhor ter acreditado no meu potencial desde a Iniciação

Científica e ter passado muito de sua experiência para nós, além de se empenhar tanto para que

nós tivéssemos um bom começo na vida acadêmica e especialmente poder começar da forma

certa. Sempre vou lembrar com carinho de todos os momentos e das reuniões em sua casa,

sempre regadas com boa conversa e boa companhia e também do respeito pelos alunos.

Agradeço também ao Prof. André Mecawi pelas idéias e discussões no decorrer do

trabalho, pelas sugestões que surgiram, pelo suporte quando nos ajudou na bancada na coleta do

material, por trazer animais de Ribeirão Preto quando precisávamos, pelas importantes

considerações na discussão dos dados e pelos momentos divertidos durante os experimentos!

É muito legal olhar para os últimos cinco anos de DCF e ver o quanto meus amigos

também ajudaram na minha formação. Lembro que cheguei ao laboratório muito tímida e logo fui

bem recebida por todos os colegas e professores e hoje vejo o quanto que isso me chamou

atenção e me fez querer continuar no laboratório.

Gostaria de agradecer ao Prof. Wellington pela amizade e pela ajuda nos cálculos de

doses e também pela ajuda na padronização do fotômetro de chama. Agradeço também aos

Professores Fábio, Emerson, Frederico, Magda e Michele com quem tive aulas durante a

graduação e pude aprender muito com seus conhecimentos. Agradeço também à Profa. Alba ,

chefe do Departamento, pelo apoio no dia-a-dia e pela amizade.

Aproveito também para agradecer aos colegas de laboratório Bruno Paes Leme, Livia

Monteiro, Raoni dos Santos, Silvana do Nascimento e Evandro Valentim por toda ajuda durante

o trabalho, por serem ótimos colegas e mais ainda serem amigos em que posso confiar. Obrigada

a vocês pelos vários bons momentos divertidos no laboratório, pela companhia durante os

experimentos. Agradeço também aos colegas por me ajudarem a ver os meus defeitos com

carinho e a melhorar na minha forma de ser. Vocês sempre terão um lugar especial nas minhas

lembranças.

Gostaria de agradecer também à Fabrícia por ter me ensinado a ser mais sagaz com os

experimentos...lembro muito dela falando “Agilidade, Verônica” (risos), também pela orientação

durante a Iniciação Científica e pelo aprendizado dos protocolos de gaiola metabólica, por vários

momentos engraçados e pela deliciosa culinária mineira nas reuniões na casa do Mestre.

Gostaria de agradecer a Iracema Araújo pela amizade, ajuda em diversos momentos no

laboratório desde a Iniciação Científica, pelas discussões nos seminários e momentos divertidos.

Gostaria de agradecer ao Danilo Lustrino pela confiança, e por me apresentar no

laboratório e me passar o seu projeto de Iniciação Científica para que desse continuidade. Você

não imagina como foi legal o experimento do pCPA!

Gostaria de agradecer também a Marissa, Claudinho, Phelipe Fontanezi e gostaria de

agradecer muito ao Roberto Laureano pelo apoio desde a Iniciação Científica. Lembro que o

Roberto me apoiou e ajudou muito quando estava começando no laboratório e com quem pude

aprender os experimentos de labirinto em cruz elevado e campo aberto e que além disso, diversas

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vezes foi me buscar no laboratório após às 23 horas quando estava fazendo o experimento do

pCPA .

Gostaria de agradecer à Nayana por ter me recebido na sua casa em Vargem Grande para

que pudesse frequentar a disciplina de Fisiopatologia da Tireóide. Foi muito bom fazer a

disciplina com você e agradeço pela ajuda na discussão do artigos.

Agradeço também a Güinever Eustaquio pela colaboração nos seminários na disciplina

de Receptores Nucleares da Profa. Carmem na UFRJ. Adorei a semana em que fiquei como

agregada no LEM e conhecendo outros colegas.

Agradeço também aos demais colegas Fernanda Kohn, Poliana, Raquel Teixeira, Carla

Franzini, Carla Myrra, Julia Vilas Boas e Bruna Sbano por todos os momentos divertidos , pelo

apoio e conversas no corredor.

Também agradeço aos técnicos Maria Rita, Vicente, Raquel Nascimento, Ipojucan e aos

secretários Dione e Franklin pelo apoio no dia-a-dia e pela amizade.

Gostaria de agradecer aos órgãos de fomento CNPq no período de 2011 a 2013 em que fui

bolsista de Iniciação Científica por dois anos e à CAPES no período de 2013 a 2015 em que fui

bolsista de Mestrado , respectivamente.

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RESUMO

MENEZES, Veronica Cristina Lopes – Influência de diferentes doses de cipionato de estradiol

nas alterações hidroeletrolíticas de ratas ovariectomizadas. - Dissertação (Mestrado em

Ciências Fisiológicas, Fisiologia). Instituto de Biologia, Departamento de Ciências

FisiológicasUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2015.

Palavras-chave: estrógeno, ovariectomia, apetite ao sódio, ingestão alimentar, sistema

serotoninérgico

A distribuição de receptores estrogênicos em estruturas centrais envolvidas na regulação da

homeostase hidroeletrolítica como o órgão vasculoso da lâmina terminal, núcleo subfornicial,

núcleo dorsal da rafe indica que o estradiol pode atuar nessas estruturas em resposta a alterações

nos fluidos corporais. Nosso objetivo foi verificar se a reposição hormonal pode influenciar de

maneira concentração-dependente o status hidroeletrolítico e neuroendócrino de ratas castradas

com reposição hormonal em diferentes doses de forma comparativa. Ratas Wistar (~230 g) foram

previamente adaptadas, por 5 dias, em gaiolas metabólicas, com acesso ad libitum aos

bebedouros volumétricos de água e salina hipertônica e ao alimento, sendo mantidas sob ciclo

claro-escuro de 12 horas em sala com temperatura controlada em 22º±2 ºC. Ao final da

adaptação, as ratas previamente anestesiadas com cetamina (75 mg/kg) e xilazina (5 mg/kg)

foram submetidas à cirurgia de ovariectomia bilateral. Os animais foram divididos em 4 grupos:

OVX, reposição com óleo de milho), repostos com óleo de milho cipionato de estradiol (E2) 2,5

µg/kg (E2 2,5), 10,0 µg/kg (E2 10,0) e 40 µg/kg (E2 40,0). O tratamento de reposição foi feito

pela via subcutânea, diariamente durante 7 dias tendo sido iniciado no dia seguinte à cirurgia.

Foram realizados três protocolos experimentais: avaliação sob condições basais, depleção de íons

sódio e reapresentação de fluidos. Neste estudo o estradiol apresentou efeito dose dependente nos

seguintes parâmetros sob condições basais: peso corporal diário, volume urinário diário, ingestão

de alimento diário. Após depleção de sódio não houve diferença em relação ao volume urinário

de 2 e de 24 horas após o experimento. No entanto após a reapresentação dos fluidos houve efeito

dose-dependente no comportamento ingestivo de água e de salina hipertônica tanto nos animais

depletados de sódio quanto nos animais controles.Os dados suportam que o estradiol modula o

comportamento ingestivo dos animais sob condições basais e após a depleção de sódio.

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ABSTRACT

MENEZES, Veronica Cristina Lopes – Influence of different doses of estradiol cipionate on

the hidroelectrolytic challenges of female ovariectomized rats. - Dissertation (Master in

Physiological Sciences, Physiology). Institute of Biology, Department of Physiological Sciences,

Federal Rural University of Rio de Janeiro,Seropédica, RJ, 2015.

Key-words: estrogen, ovariectomy, sodium apettite , food intake, serotonergic system.

The distribution of estrogen receptors in brain structures that are envolved in the hidroelectrolyte

balance such as the lamina terminalis (LT), subfornical organ (SFO) and dorsal raphe nucleus

(DRN) demonstrated that estradiol can modulate important responses in body fluids. In the

literature experimental data support that estrogen can increase the triptofan-hydroxilase type 2 ,

the main enzyme for the serotonin synthesis. The primary question here is whether or not

differences in the baseline or stimulated intake are a function of different levels of circulating

gonadal hormones in female ovariectomized rats. Female Wistar intact rats (~230 g) were

previously aclimated in metabolic cages during 5 days and ad libitum access to water and

hypertonic saline (1.8%) bottles and food. Room temperature was maintained at 22±2 ºC with

12:12 h light-dark cycle (lights off at 19:00). Rats were anesthetized with intraperitoneal

injections of a mixture of ketamine (75 mg/kg) and xylazine (5 mg/kg) and then bilaterally

ovariohysterectomized. There were four experimental groups: OVX (replaced with corn oil), 2,5

µg/kg (E2 2,5), 10,0 µg/kg (E2 10,0) and 40,0 µg/kg (E2 40,0), daily during seven days, s.c.

After 24 h of the surgery the hormonal replacement initiated (estradiol cypionate, EC, Pfizer,

Animal Health). We did three experimental protocols: baseline evaluations, sodium depletion and

fluid replacement. The estrogen replacement exibitted a dose dependent effect in the following

parameters under basal conditions: daily body weight, daily urinary volume and daily food

intake. After sodium depletion there were no difference in the urinary volume after 2 and 24

hours of the experiment. But after fluid reposition we observed a dose dependent effect in the

ingestive behaviour of water and hypertonic saline intake in sodium depleted and control animals.

Our data support that estradiol can alter the natriorexigenic and dipsogenic responses especially

after sodium depletion depending of the estrogenic status.

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Lista de abreviaturas

Ace- amídala central

ADH- hormônio antidiurético

AEs- amídala estendida

ANP – peptídeo natriurético atrial

ANG 1- angiotensina tipo 1

ANG 2 – angiotensina tipo 2

AP- área postrema

ADN- ácido desóxi-ribonucléico

ARNm - ácido-ribonucleico mensageiro

AVP- arginina-vasopressina

AV3V- região antero-ventral do terceiro ventrículo

BNP- peptídeo natriurético cerebral

CRH- hôrmonio liberador de corticotrofina

ENaC- canais para sódio epiteliais

ER α – receptor estrogênico tipo alfa

ER β – receptor estrogênico tipo beta

ER’s- receptores estrogênicos

E2- 17 β-estradiol, estradiol

ECA- enzima conversora de angiotensina

HVM- hipotálamo ventro-medial

LCR- líquido céfalo-raquidiano

LEC- líquido extracelular

LT- lamina terminalis

NLET- núcleo leito da estria terminal

NPOM – núcleo mediano pré-óptico

NaCl- cloreto de sódio

NPV- núcleo paraventricular

NPB- núcleo parabraquial

NOS- núcleo supra-óptico

NDR- núcleo dorsal da rafe

NPY- neuropeptídeo Y

NTS- núcleo do trato solitário

OCV’s – órgãos circunventriculares

OSF-órgão subfornicial

OT- ocitocina

OVX – rata ovariectomizada tratada com veículo

OVX-EC– rata ovariectomizada tratada com estrógeno

OVLT- órgão vasculoso da lâmina terminal

OTr- receptor para ocitocina

POMC- pró-ópiomelanocortina

SNC- sistema nervoso central

SRAA- sistema renina-angiotensina-aldosterona

5-HT 1Ar – receptor serotoninérgico tipo 1 A

TPH 2 – triptofano-hidroxilase tipo 2

T3- tri-iodo-tironina; T4- tetra-iodo-tironina

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SUMÁRIO

1. Introdução...........................................................................................................................página 12

1.1 Revisão de Literatura.........................................................................................................página 12

1.2 Justificativa........................................................................................................................ página 27

2. Objetivos.............................................................................................................................página 29

2.1 Objetivos gerais..................................................................................................................página 29

2.2 Objetivos específicos...........................................................................................................página 29

3.0 Material e métodos..............................................................................................................página 29

3.0.1 Animais e Manutenção....................................................................................................página 29

3.0.2 Procedimentos cirúrgicos................................................................................................página 30

3.0.2.1 Ovariectomia e seu aspecto translacional...................................................................página 30

3.0.3 Protocolo de reposição hormonal...................................................................................página 31

3.0.4 Tratamentos hormonais e doses ....................................................................................página 31

3.0.5 Tratamento com cipionato de estradiol.........................................................................página 32

3.0.5.1 Preparação das alíquotas de estrógeno.......................................................................página 32

3.0.6 Avaliação das ingestões de água e salina hipertônica (NaCl 1,8%)............................página 33

3.0.7 Avaliação do volume urinário e osmolalidade urinária e plasmática.........................página 34

3.0.8 Avaliação do sódio plasmático........................................................................................página 34

3.1 Avaliação do índice uterino e hipofisário.........................................................................página 35

4.0 Protocolo experimental......................................................................................................página 35

4.1 Experimento 1- Efeito do tratamento com estradiol sobre o apetite ao sódio, sede em ratas

OVX controle e sob reposição hormonal................................................................................página 35

4.1.2 Desenho experimental.....................................................................................................página 36

5.0 Análise estatística ...............................................................................................................página 36

6.0 Resultados e discussão........................................................................................................página 37

7.0 Conclusões...........................................................................................................................página 66

7.1 Conclusão geral....................................................................................................................página 66

7.2 Conclusões específicas.........................................................................................................página 66

8.0 Considerações finais e perspectivas ................................................................................página 67

9.0 Referências bibliográficas..................................................................................................página 67

10.0 Anexo..................................................................................................................................página 83

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1. Introdução

1.1 Revisão de literatura

1.1.1 Regulação do equilíbrio hidroeletrolítico

A ingestão de água e salina hipertônica são comportamentos motivados importantes para a

homeostase dos indivíduos. A ingestão de água ocorre em situações em que há desidratação

celular, perda de volume sanguíneo e hiperosmolalidade plasmática. Hoje sabemos por

evidências da literatura que em condições de hiperosmolalidade, não estão ativados apenas os

mecanismos de sede e de redução da excreção urinária de água mediada pela vasopressina, mas

também mecanismos que inibem o consumo adicional de soluto e que induzem a excreção de

sódio mediada pela ocitocina e pelo peptídeo natriurético atrial (ANTUNES-RODRIGUES, et al.

1997; JOHNSON & THUNHORST, 1997).

Os estudos de Verney (1947) apresentaram o conceito de osmolalidade e propuseram a

existência de um mecanismo osmorreceptor relacionado à liberação de vasopressina em resposta

ao aumento de osmolalidade. Posteriormente, Anderson & Mccann (1955), postularam a

existência de um osmorreceptor que seria um sensor para sódio localizado em regiões cerebrais

desprovidas de barreira hematoencefálica, que poderiam estar envolvidas na regulação do apetite

ao sódio e sua excreção em resposta a variações da concentração desse soluto no líquido

cefalorraquidiano (LCR).Atualmente é bem conhecido que os osmorreceptores são neurônios

especializados capazes de traduzir variações da pressão osmótica no líquido extracelular (LEC)

em sinais elétricos que ativam áreas do sistema nervoso central envolvidas no controle da

ingestão e excreção de sal e água pela liberação de acetilcolina ou angiotensina.

Essas células sensíveis às variações de osmolalidade ou concentração de sódio do LEC

estão localizadas nos órgãos circunventriculares (OCV’s) localizadas principalmente no terceiro

ventrículo. Além de sua localização no sistema nervoso central (SNC), receptores para sódio

também estão localizados perifericamente nas terminações nervosas aferentes e adjacentes aos

vasos hepáticos, renais e intestinais. Por exemplo, os receptores para sódio localizados em vasos

hepáticos são estimulados pelo aumento na concentração de sódio na veia porta e que por

aferências vagais ativam neurônios do núcleo do trato solitário (NTS) que é um importante centro

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de integração os quais, então, estimulam estruturas neurais do bulbo, que induzem o aumento da

natriurese e inibição da absorção intestinal de sódio.

E recentemente, o estudo de Noda (2007) verificou que canais para sódio sensíveis às

concentrações de sódio são localizados em células ependimárias e que esses canais atuam como

sensores dos níveis de sódio dos fluidos corporais.

Quando estudamos as vias de entrada para o sistema nervoso central temos que considerar

que fatores humorais (osmolalidade, concentração de sódio,hormônios) e mecânicos (volemia)

agem como sinais-chave para o aparecimento da sede e do apetite ao sódio. (SCHULKIN,1991;

OLDFIELD & MCKINLEY, 1995); JONHSON & THUNHORST, 1997; MCKINLEY et al.

2001). Uma via envolve fatores humorais, que pelo plasma ou LCR, sinalizam aos OCV’s

prosencefálicos como órgão vasculoso da lâmina terminal (OVLT) e órgão subfornicial (OSF) e

romboencefálicos como a área postrema (AP). A outra via é constituída de aferências vagais e

glossofaríngeas provenientes de receptores viscerais (osmossodiorreceptores hepáticos ou renais,

barorreceptores renais ou cardiovasculares) que se dirigem para núcleos integradores do tronco

encefálico, como o núcleo do trato solitário (NTS) e núcleo parabraquial (NPB).

Na literatura há o modelo hodológico da sede extracelular que foi proposto por

JONHSON & THUNHORST,1997; MCKINLEY et al. 2001. De acordo com este modelo os

sinais que chegam ao OSF e ao OVLT são, em seguida integrados primeiramente no núcleo

mediano pré-óptico (NPOM) por meio de conexões mediadas por angiotensina II. Do NPOM

partem sinais ativando neurônios dos núcleos paraventricular e supra-óptico hipotalâmicos que

controlam a secreção de vasopressina e ocitocina, e a ele chegam projeções do tronco encefálico

(AP, NTS, NPB e núcleos bulbares noradrenérgicos) com os quais o NPOM apresenta conexões

recíprocas (OLDFIELD & MCKINLEY, 1995; JONHSON & THUNHORST, 1997;

MCKINLEY et al. 2001).

O NTS, por sua vez, não apenas se conecta ao NPB, mas também a estruturas

telencefálicas subcorticais chaves para o processamento da informação envolvida com o controle

da sede e do apetite ao sódio, tais como a amígdala estendida (AEs)-que forma um contínuo

envolvendo o núcleo leito da estria terminal (NLET). Essas áreas telencefálicas corticais, a área

insular agranular (córtex gustatório primário) e o córtex límbico pré-frontal estariam envolvidas

na integração e coordenação das informações endócrinas e autonômicas (viscerossensorial e

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somatossensorial) com o comportamento motivado requerido para a sede e apetite ao sódio

(ALBEID et al. 1995).

O controle exercido pelo núcleo parabraquial, particularmente pela sua porção lateral

envolve serotonina e peptídeos (colecistocinina) e pode ser importante para evitar ingestão

excessiva de sódio quando o apetite ao sódio é ativado durante a desidratação. O NTS e o NPB

possuem conexões diretas com o córtex gustatório, além de projeções para o tálamo gustatório de

onde partem colaterais para amídala central (Ace) e ao BNST (NOGREN, 1995).

O controle da homeostase hidroeletrolítica conta ainda com um importante sistema de

controle homeostático do volume e da tonicidade dos fluidos corporais. Os sistemas renina

angiotensina aldosterona (SRAA), o sistema ocitocinérgico, juntamente com o peptídeo atrial

natriurético (ANP) e a inervação simpática renal representam mecanismos reguladores da

reabsorção renal de sódio que atuam de modo integrado. A renina é uma enzima secretada pelas

células justaglomerulares presentes na arteríola aferente e participa dessa reação em resposta à

hiponatremia, alteração no volume de fluidos extracelular e hipotensão. A renina converte o

angiotensinogênio em angiotensina I (ANG I) que , posteriormente, por ação da enzima

conversora de angiotensina (ECA) é a responsável pela conversão da angiotensina I em

angiotensina II (ANG II). A ANG II possui efeito vasoconstritor, promotor da reabsorção renal

de sódio e indutor do comportamento dipsogênico. A angiotensina II, por sua vez poderá atuar na

região cortical da glândula adrenal, estimulando a síntese e liberação de mineralocorticóides,

principalmente a aldosterona, um hormônio que auxilia na retenção corpórea de íons sódio.

A ingestão de água e de sódio é ativada por ação da ANG II nos núcleos da lâmina

terminal OSF,OVLT e NPOM e se reduz quando há lesão nesses núcleos (THUNHORST et al.

1990). É na lâmina terminal (LT), particularmente nas estruturas pré-óptico-periventriculares da

parte anterior e ventral do terceiro ventrículo (AV3V), que reside o sinergismo entre a

angiotensina e a aldosterona para produzir apetite ao sódio. Lesões na região do AV3V, que

inclui o OVLT e NPOM inibem a ingestão de sódio induzida pela ANG II, mas não aquela

induzida por ação mineralo-corticoide (FITTS et al. 1990; DE LUCA JR. et al. 1992). O órgão

subfornicial (OSF) por sua vez, possui conexões bidirecionais com outros dois núcleos da lâmina

terminal e envia projeções diretas ao NTS, ao complexo da amígdala estendida e ao córtex pré-

frontal, que por sua vez, estabelece fortes conexões com o córtex gustatório primário

(OLDFIELD & MCKINLEY, 1995).

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Com relação ao controle neuroendócrino emsituações de hipernatremia há um aumento na

atividade do SRAA, aumento na secreção de ANP e na pressão arterial. Há também o estiramento

dos cardiomiócitos e aumento na secreção da ocitocina que possui efeito natriurético, e desse

modo reforça os estímulos para a excreção renal de sódio (FITZSIMONS, 1998) e parece que a

ocitocina influencia também a inibição do apetite ao sódio, mas essa questão ainda está em

estudo.A ocitocina plasmática aumenta em resposta a uma sobrecarga osmótica, e esse aumento é

revertido em resposta à diluição do líquido extracelular durante a ingestão de água que precede o

apetite ao sódio em animais hipovolêmicos (BLACKBURN et al. 1995, VERBALIS et al. 1995).

Considerando que a injeção central, e não periférica, de ocitocina inibe a ingestão de sódio, foi

sugerido que a ocitocina plasmática é um marcador da ocitocina produzida e liberada no cérebro.

A ocitocina central agiria então inibindo os circuitos cerebrais que induzem apetite ao sódio. Isso

aconteceria concomitantemente à ativação de mecanismos facilitadores do apetite ao sódio

(angiotensina II, aldosterona, desativação dos receptores de volume) nas fases iniciais de

hipovolemia, quando esse apetite está inibido. A ocitocina cerebral elevada inibiria a ingestão de

sódio enquanto a sede é produzida. A água ingerida dilui os líquidos corporais, o que inibiria a

liberação cerebral de ocitocina. A ação dos sinais facilitadores estaria então liberada para

produzir o apetite ao sódio. Assim surgiu uma explicação para o apetite ao sódio ocorrer atrasado

em relação à sede em animais hipovolêmicos, atraso que evita o acréscimo de uma desidratação

intracelular à hipovolemia já instalada: a ocitocina participaria de mecanismos inibidores da

ingestão de sódio, que seriam desativados durante a redução da osmolaridade extracelular

liberando, então, a ação dos mecanismos facilitadores (BLACKBURN et al. 1995; VERBALIS et

al. 1995).

O hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina (AVP) também é importante nesse

mecanismo de regulação. Em condição de hipovolemia ou desidratação e hiperosmolalidade

plasmática os sistemas de controle homeostáticos reconhecem esse erro e sinalizam para a

neurohipófise promover a liberação da vasopressina, que estimula a reabsorção renal de sódio nos

túbulos renais e reabsorção de água pela inserção de canais de aquaporina tipo 2 na membrana

basolateral dos túbulos coletores renais. A vasopressina possui ainda um efeito vasoconstritor

levando ao aumento da pressão arterial. Todos esses mecanismos podem de algum modo ser

influenciados pela reposição hormonal com estrógeno.

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Outro mecanismo de regulação ocorre pela atividade dos canais de sódio epiteliais

(ENaC) encontrados nos túbulos renais em sua porção cortical e são também responsáveis pela

reabsorção de sódio. Nesse contexto, a serotonina poderia atuar como um inibidor endógeno dos

canais ENaC, e desse modo podemos dizer que em condições de déficit serotoninérgico de

algum modo a redução ou mesmo ausência da serotonina poderá estimular a reabsorção renal de

sódio e com isso estaria diminuindo a sua excreção. Frindt & Palmer (2012) evidenciaram que a

aldosterona é capaz de aumentar os níveis protéicos da subunidade alfa dos canais para sódio

epiteliais (ENaC α), presentes nos canais de sódio epiteliais renais, modulando positivamente

esses canais. Assim um outro possívelmecanismo seria a modulação do canal pela aldosterona,

que aumenta a permeabilidade da barreira apical dos epitélios, aumentando assim a absorção de

Na+ no intestino grosso e a reabsorção do íon no ducto coletor, o que reduz sua excreção urinária.

1.1.2 Efeitos da modulação estrogênica na homeostase hidromineral

Os primeiros estudos que demonstraram que os hormônios gonadais estão envolvidos no

controle da homeostase hidroeletrolítica observaram que fêmeas bebiam menos água que os

machos sob as mesmas condições (RICHTER & BRAILEY,1929). O estudo mais antigo que

diretamente demonstrou que a ingestão de água se alterava como consequência de flutuações no

ciclo ovulatório foi realizado na espécie Macaca nemestrina em que foi encontrado que a

ingestão diária de água diminuía durante a fase periovulatória ou durante o momento em que os

autores chamavam de “odor sexual na pele” que foi observado durante dois ou três ciclos

menstruais (KROHN & ZUCCKERMAN, 1937). Posteriormente,estudos realizados em ratas por

Antunes-Rodrigues & Covian (1963) demonstram primeiramente que há uma diminuição na

ingestão de sódio durante o estro e elevada ingestão de sódio durante o diestro quando baixos

níveis plasmáticos de estrogênio são encontrados. Danielsen & Buggy (1980) também

encontraram dados similares em ratas intactas durante a fase do estro.

Um estudo de Vijande et al. (1978) avaliou o efeito dipsogênico da angiotensina II que foi

administrada pela via subcutânea a ratos machos e fêmeas. Foi evidenciado que as fêmeas adultas

beberam mais água do que os machos e também demonstrou que as fêmeas demonstravam maior

sensibilidade a ANG II durante o proestro. Os machos e as fêmeas castradas aos nascimento e

fêmeas androgenizadas ao nascimento bebiam volumes similares de água após a injeção de ANG

17

II. O padrão de ingestão induzida por estímulo é diferente em ambos os sexos, mas parece

depender do estágio de desenvolvimento dos animais.

Estudos de reposição hormonal nas décadas seguintes demonstraram que o estradiol é

suficiente para diminuir a ingestão de fluidos em roedores ovariectomizados (STRICKER et al.

1991). Neste estudo os autores evidenciaram que machos e fêmeas gonadectomizados ingeriram

menor volume de salina assim como os machos intactos, mas o consumo era muito menor quando

as fêmeas eram tratadas com estrógeno. Esses resultados indicam que um robusto apetite por

sódio pode ser produzido em ratos por prolongada privação de sódio e que o estrógeno pode

diminuir esse comportamento. Enquanto que o tratamento com progesterona não exerce efeito na

ingestão de água sozinho ou em combinação com E2 (THRASHER & FREGLY, 1977).

Recentemente,Antunes-Rodrigues et al. (2013)em um estudo de revisão reportou que o

estradiol participa do controle do balanço hidroeletrolítico pelos seguintes mecanismos:

aumentando a responsividade de neurônios vasopressinérgicos e ocitocinérgicos em neurônios do

núcleo paraventricular (NPV) e do núcleo supra-óptico (NOS) bem como a secreção de

vasopressina (AVP) e ocitocina (OT); aumentando a liberação de fatores natriuréticos como

peptídeo natriurético atrial (ANP) e OT em resposta à estimulação osmótica e outras alterações

sistêmicas; diminuindo a responsividade à ANG II central, mediada por receptores

angiotensinérgicos tipo 1 (AT1), e aumentando a atividade serotoninérgica no núcleo dorsal da

rafe (NDR) que conseqüentemente inibe o apetite ao sódio. Santollo & Daniels (2015) também

revisitaram o tema do papel do estrógeno na regulação da homeostase hidroeletrolítica.

Por outro lado, o sistema serotoninérgico também desempenha um papel importante e

parece influenciar em muitas vias de integração cerebral (Azmitia & Segal, 1978), sendo que o

estrógeno exerce uma influência direta neste sistema. Tal suposição foi confirmada recentemente

por Susuki et al. (2013) que evidenciou que o receptor estrogênico tipo beta (ERβ) é

predominantemente expresso no NDR e sugeriram que agonistas de ERβ poderiam ser utilizados

como tratamento para a depressão ao invés da terapia com estradiol.

Foi evidenciado também que o mesmo sistema participa ativamente do controle da

homeostase hidroeletrolítica - em especial o núcleo dorsal da rafe mesencefálica, rico em

populações de neurônios serotoninérgicos e que foi descrito por Reis (2007) é uma das principais

estruturas responsáveis pelo controle do apetite ao sódio.

18

Além disso, diversos estudos apontaram que os níveis serotoninérgicos bem como a

atividade neural desse sistema podem ser alterados durante o ciclo estral em função das

flutuações hormonais (KUENG et al. 1976; BIEGON et al. 1980; DESAN et al. 1988).

Na literatura estudos suportam a idéia de que os distúrbios decorrentes do déficit da

atividade serotoninérgica em ratas ovariectomizadas (OVX) seriam resultantes de uma supra-

regulação dos autorreceptores serotoninérgicos subtipo 1 A (5-HT1A) somatodendríticos do

(NDR) da rafe mesencefálica ou aumento da expressão dos autorreceptores serotoninérgicos

subtipo 1B (5-HT1B) em sua sub-região ventromedial, ambas são revertidas pela reposição

estrogênica (LU & BETHEA, 2002). No núcleo hipotalâmico ventromedial os receptores 5-

HT1A parecem estar supra-regulados durante o estro, ou seja, a expressão desse receptor parece

estar aumentada quando os níveis estrogênicos estão elevados. Esse seria mais um dos

mecanismos que contribuem para a inibição do apetite ao sódio durante o estro. Ainda neste

contexto um estudo de Creech et al. (2012) demonstrou que o estrógeno é capaz de levar a

dessensibilização dos receptores 5-HT1A no núcleo paraventricular do hipotálamo (NPV).

Sabemos por evidências da literatura que os inibidores de recaptação de serotonina (SSRIs)

podem induzir a dessensibilização dos receptores 5-HT1A no NPV. Neste experimento o

estrógeno foi capaz de produzir uma dessensibilização mais rápida. Os autores verificaram que a

dose de 10 µg/kg de benzoato de estradiol, duas vezes ao dia durante dois dias foi o mínimo

necessário para ocorrer uma dessensibilização parcial de aproximadamente 40%.

Somponpun (2007) descreveu possíveis mecanismos pelos quais o estrógeno atua na

manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, com especial atenção para os hormônios AVP e OT.

ERα está expresso em áreas osmosensitivas da lâmina terminal enquanto que em neurônios

magnocelulares hipotalâmicos do núcleo supra-óptico (NOS) e paraventricular (NPV) o receptor

ERβ está predominantemente expresso (SLADEK & SOMPONPUN 2007, 2003; SHUGHRUE

& MERCHENTHALER, 2001). Cada subtipo de receptor é diferentemente regulado em resposta

a alterações na osmolalidade plasmática, sugerindo uma importância funcional para esses

receptores. Essa heterogeneidade no padrão de expressão dos receptores estrogênicos permite que

o estrógeno possa desempenhar funções específicas em diferentes tipos celulares e dessa forma

desempenhar seu papel na osmorregulação. Kisley e colaboradores (2000) realizando estudo

imunoistoquímico com ratas ovariectomizadas (OVX) após reposição com E2 evidenciaram

aumentada expressão de proteína c-Fos em neurônios magnocelulares do núcleo paraventricular.

19

A retenção de líquidos corporais é comumente observada em mulheres que possuem

níveis plasmáticos elevados de estrógeno como no momento da ovulação ou pela administração

de estrógeno exógeno. Os níveis plasmáticos de vasopressina são encontrados elevados em

mulheres jovens durante a fase folicular do ciclo menstrual em paralelo com elevadas

concentrações de E2 (SOMPONPUN, 2007). Adicionalmente, a liberação de vasopressina basal

ou por estímulos está também elevada em mulheres na pós-menopausa, que recebem a terapia

estrogênica. Num estudo realizado por MAFFEI e colaboradores (2001) mulheres na pós-

menopausa e que utilizam a reposição hormonal apresentaram aumento nos níveis plasmáticos de

ANP e peptídeo natriurético cerebral (BNP).

O estrógeno pode ainda alterar o balanço entre inputs inibitórios ou estimulatórios para os

neurônios magnocelulares. Isso pode trazer efeitos genômicos indiretos que podem interferir ao

nível do núcleo da célula, alterando a expressão gênica e efeitos não – genômicos diretos através

dos quais o estrógeno pode se ligar aos receptores alfa e beta (Hartley et al. 2004) e produzir

diversos efeitos biológicos.

Dalmasso et al. (2011) realizaram um estudo com ratas intactas no estro e no diestro e

ovariectomizadas com ou sem reposição estrogênica e submetidas à depleção de sódio. Sua

equipe demonstrou o papel modulatório do estrógeno na inibição do apetite por sódio que pode

envolver a participação de neurônios excitatórios do OVLT e neurônios serotonérgicos no NDR

inibindo a resposta natriorexigênica. A atividade de neurônios do OVLT em ratas

ovariectomizadas com reposição estrogênica é praticamente ausente após depleção de sódio,

enquanto que a atividade dos neurônios do NDR aumenta ou permanece inalterada.

Assim como na ingestão de água o estrógeno reduz a ingestão de salina hipertônica na

maioria dos experimentos. Essas observações diferem da ingestão de água porque a resposta não

parece ter dimorfismo. Ao observarem os efeitos do E2 na ingestão de água que só ocorre em

fêmeas, parece que tanto machos quanto fêmeas diminuem a sua ingestão de salina quando

tratados com E2 (STRICKER et al. 1991). Neste estudo os autores argumentaram que não há

dimorfismo sexual quanto ao efeito organizacional do E2. Por exemplo, a combinação do déficit

de sódio e do diurético furosemida estimula o apetite ao sódio em machos e fêmeas. Essa

ingestão é resultado do aumento nos níveis plasmáticos de angiotensina II (ANG II) e da perda de

sódio causada pelo diurético. Apesar do efeito ser encontrado em ambos os sexos, a ingestão de

salina é duas vezes maior em fêmeas do que machos (WOLF, 1982).Como após a depleção de

20

sódio a ingestão de salina hipertônica é muito maior em fêmeas do que em machos isso nos leva a

pensar que em fêmeas, de algum modo o estrógeno sensibiliza mais os neurônios osmossensitivos

aos efeitos dipsogênicos e da angiotensina II e natriorexigêncos da aldosterona.

1.1.3- Efeitos da ação estrogênica na secreção, na regulação osmótica e na expressão gênica

vasopressina e ocitocina

De acordo com os estudos de Verney (1947) e de Sladeck & Somponpun (2008) o

principal estímulo para a liberação de vasopressina e ocitocina é o aumento da osmolalidade

plasmática.

Sabemos por evidências da literatura que elevados níveis plasmáticos de estrógeno e

progesterona podem levar à retenção de fluidos (Davidson et al. 1984; Stachenfeld, et al. 1998),

hipertensão (Oelkers, 1996) e edema (Oian et al. 1997, Tollan et al.1993).

O aumento do risco de hipertensão no período pré-menopausa em mulheres e sua

prevenção pela terapia estrogênica envolvem mecanismos que ainda não foram completamente

elucidados e a redução abrupta dos níveis estrogênicos, como ocorre na menopausa em situações

fisiológicas ou experimentalmente, como na cirurgia de ovariectomia é capaz de alterar muitos

sistemas biológicos. Mais especificamente, o estrógeno influencia processos fisiológicos relativos

ao balanço dos fluidos corporais, como a regulação da pressão arterial, os níveis basais de

vasopressina (AVP), bem como a liberação de vasopressina estimulada pelo aumento da pressão

osmótica. Desse modo, a elevação dos níveis de AVP e o aumento da reabsorção renal de sódio

contribuem para a retenção de água encontrada em altos status estrogênicos. No entanto, o

mecanismo central pelo qual o estrógeno induz o aumento na secreção de vasopressina ainda não

está completamente elucidado(STACHENFELD, et al. 1998).

A participação do estrógeno na regulação osmótica de liberação de vasopressina pode

ocorrer provavelmente via sistema nervoso central. O estrógeno atua diretamente em neurônios

vasopressinérgicos no hipotálamo (Akaishi et al. 1990; Barron et al. 1986; Sar & Stumpf, 1980).

Adicionalmente, receptores estrogênicos são encontrados na neurohipófise e em neurônios

produtores de vasopressina no núcleo supraóptico do hipotálamo (SAR & STUMPF, 1980). Há

evidencias de que a inervação vasopressinérgica nos núcleos paraventricular e supra-óptico seja

21

influenciada pelo estrógeno (STONE et al. 1982). Além disso, o estrógeno pode afetar a liberação

de vasopressina indiretamente via catecolaminas (CROWLEY et al. 1978).

Estudos que utilizaram o modelo de infusão de salina hipertônica demonstraram que um

baixo limiar osmótico para liberação de vasopressina é encontrado quando os níveis plasmáticos

de estrógeno e progesterona estão elevados como na fase luteal do ciclo menstrual (Vokers et al.

1998) e na gravidez (DAVIDSON, et al. 1984).

Um outro hormônio gonadal que não exerce efeito sobre a regulação osmótica induzida

pela vasopressina é a progesterona (CALZONE, et al. 2001). Neste estudo mulheres receberam

uma infusão de salina 3% e dois tipos de anticoncencionais por via oral: um que apresentava

somente estrógeno e outro que apresentava estrógeno mais progesterona. O objetivo foi comparar

esses anticoncepcionais e avaliar se somente o estrógeno ou o estrógeno mais a progesterona

poderiamalterar o limiar osmótico para secreção de vasopressina. Os autores verificaram que a

progesterona não alterou a osmolalidade plasmática basal, e provavelmente o estrógeno sozinho

seria capaz de alterar esse parâmetro.

1.1.4 – Modulação estrogênica sobre o sistema renina-angiotensina-aldosterona, função

renal e cardiovascular

O risco de doença cardiovascular tende a ser elevado nas mulheres na pré-menopausa ou

nas mulheres submetidas à menopausa induzida cirurgicamente. Nesta fase da vida são freqüentes

os casos de hipertensão pós-menopausa, bem como de osteoporose em decorrência da perda de

densidade óssea, que pode ser influenciada também pelo déficit estrogênico.

Sabemos por evidências da literatura que os hormônios estrogênicos desempenham um

papel protetor no sistema cardiovascular e acredita-se que esse efeito seja mediado pelo receptor

de estrógeno tipo alfa (ERα). Esquerda et al. (2007) reportou que a ativação do ERα tem sido

considerada na mediação do relaxamento vascular e pode desempenhar um papel protetor

enquanto o ERβ é demonstrado como importante nas respostas inflamatórias à injúria vascular.

Com relação à pressão arterial um estudo de Laragh (1976) mencionou que as pílulas

anticoncepcionais que contém estrógeno podem produzir alterações no sistema renina-

angiotensina aldosterona, principalmente por aumentar a atividade de renina plasmática e

excreção de aldosterona e também retenção de sódio, o que pode predispor à hipertensão.

22

Os hormônios gonadais também parecem exercer uma influência sobre a função renal,

inclusive com dimorfismo sexual em seus efeitos. Enquanto que os androgênios aumentam a

reabsorção tubular proximal de sódio e a pressão intraglomerular, os estrogênios levam à

vasodilatação renal e diminuição da fração de filtração ( PECHERE-BERTSCHI et al. 2007).

Gracelli et al. 2013 avaliaram os efeitos dos hormônios gonadais na função renal em

modelo de desnervação renal em ratas ovariectomizadas com reposição de estrógeno ou

progesterona. Os autores verificaram se haveria algum efeito desses hormônios na reabsorção

renal de sódio e cloreto, bem como na liberação de catecolaminas pelo rim. Foi relatado que o

estrógeno aumenta a liberação de catecolaminas pelo rim, ou seja exerce uma influência positiva

sobre o sistema nervoso autônomo simpático, que é um dos fatores que contribuem para a

retenção de sódio.

Um outro mecanismo de regulação ocorre pela influência do estrógeno na expressão de

subunidades dos canais ENaC (Gambling et al. 2004), que são canais de sódio epiteliais

encontrados nos túbulos renais proximais e distais (VERLANDER et al. 1998; BRUNETTE et al.

2001).

Além disso, estrógeno e progesterona atuam em tecidos renais modulando a NA-K-

ATPase (principalmente no córtex renal) por mecanismos genômicos e esses efeitos poderiam ser

importantes para balanço de Na+, Cl

- e água (GRACELLI et al. 2012). Além disso, o estrógeno,

in vitro, aumenta a expressão do co-transportadorNa-K-ATPase nas células renais dos túbulos

distais em cultura por mecanismos não genômicos (VERLANDER, et al. 1998). Investigações

mostraram que o rim controla a expressão de receptores estrogênicos nucleares (Erα, ERβ) e

transmembranares como o GPR30 (GAVA et al. 2011; LEMALE, et al. 2008). Esse efeito nos

túbulos proximais poderiam ser mediados diretamente via seus receptores ou poderiam também

atuar indiretamente via sistema renina angiotensina-aldosterona (NASCIMENTO, et al. 2008).

1.1.5 – Influência estrogênica sobre o peso corporal e sobre o comportamento

alimentar

Sinchak & Wagner (2012) reportaram em um estudo de revisão alguns mecanimos

genômicos pelos quais o estrógeno regula o metabolismo energético.

23

É também bastante conhecido na literatura que o estrógeno diminui o apetite em roedores

e primatas (BUTERA et al. 1984, CZAJA, et al. 1974). Em ratos o agonista ER α (PPT) diminui

a ingestão de alimento e o tamanho da refeição, enquanto que o agonista ER β diarilpropionitrila

(DPN) não teve efeito (SANTOLLO et al. 2007). Em camundongos o silenciamento do ERα no

hipotálamo ventro-medial (HVM) leva a hiperfagia, obesidade e intolerância à glicose

(MUSATOV, et al. 2007). Em porquinho da guiné o estradiol também diminuiu a ingestão de

alimento e a frequência das refeições (ROEPKE, et al. 2010). Assim, as propriedades do estradiol

em reduzir o apetite podem ser mediadas através de uma sinalização rápida iniciada via mER

envolvendo ERα e mER-Gαq mas não o ERβ. Em humanos a ingestão energética de mulheres é

mais baixa durante a fase periovulatória, quando os níveis estrogênicos estão no seu pico

máximo, já a ingestão mais alta ocorre durante a fase luteal em que predominam os níveis de

progesterona (JOHNSON, et al. 1994). Essas alterações cíclicas na ingestão energética são

associadas com diminuição no consumo de carbohidratos próximo ao período da ovulação, e

aumento no consumo de gordura durante a fase luteal (JOHNSON, et al. 1994).

De acordo com Geary & Asarian (1999, 2002) a dose de 2 µg/rata foi capaz de reduzir o

peso dos animais e o tamanho da refeição em ratas ovariectomizadas, sendo que as ratas tratadas

com essa dose apresentaram maior frequência na ingestão.

Silva et al. (2010)evidenciaram que ratas ovariectomizadas e tratadas com 10 µg/kg de

cipionato de estradiol por 8 dias apresentavam hipofagia. Neste trabalho foi demonstrado que tal

efeito poderia ser mediado por neuropeptídios orexigênicos como neuropeptídeo Y (NPY),

peptídeo agouti relativo (AgRP) e orexina A, cuja expressão estava reduzida e pela expressão

aumentada de mediadores anorexigênicos como melanocortina tipo 4 (MC4), leptina e hormônio

liberador de corticotrofina (CRH).

Em muitos aspectos, os efeitos do estrógeno na homeostase energética estão relacionados

com mecanismos periféricos que se relacionam com os níveis de leptina. ERs e receptor para

leptina (OB-R) possuem quase que os mesmos mecanismos de transdução de sinal que envolve a

via STAT 3 e PI3K (GAO et al. 2007; JEFFERY et al. 2011; ROEPKE et al. 2007).

A deleção de ERα também abole a supra-regulação na expressão de pró-

ópiomelanocortina (POMC) induzida pela leptina em camundongos AKITA diabéticos

(HIROSAWA et al. 2008). Além disso, a queda de OB-R em neurônios POMC de fêmeas de

camundongos diminui a expressão de ER α no hipotálamo e camundongas ovariectomizadas com

24

déficit de POMC apresentam uma tendência em acumular mais gordura do que as fêmeas

controles (SHI et al. 2010). No entanto, o aumento assimétrico da formação de sinapses induzida

pelo estrógeno no pericário de neurônios POMC é independente da sinalização de leptina como

esse efeito foi observado em camundongos ob/ob e db/db (GAO et al. 2007). O estrogênio

também aumenta agudamente a concentração de leptina circulante em mulheres (Lin et al. 2005)

e estimula a liberação de leptina em cultura de tecido adiposo de fêmeas e não de machos

(CASABIELL et al. 1998). A expressão de ácido ribonucleico mensageiro (ARNm) de leptina

também é mais alta em mulheres na pré-menopausa do que em menopausa (FAJARDO et al.

2004). Convencionalmente, em camundongos machos e ratas intactas a anorexia causada pela

implantação crônica de estradiol é associada com níveis séricos, plasmáticos e no fluido cérebro-

espinhal de leptina (ROCHA et al. 2001,TRITOS et al. 2004). Por outro lado, agonistas seletivos

de ER α cronicamente administrados a ratas ovariectomizadas reduz os níveis circulantes de

leptina associada ao peso corporal e gordura visceral (WEIGT et al. 2012). Esse poderia

representar um efeito genômico seguido de ativação ER α ou alternativamente uma forma de

compensar as alterações em face da prolongada exposição ao hormônio.

Um estudo de Fungfuang et al. (2013) evidenciou que existe um aumento significativo na

expressão de ARNm para leptina no tecido adiposo durante o proestro comparado com o diestro.

Esses achados sugerem que o aumento dos níveis séricos de leptina pelo estrógeno durante o

proestro, pode ser um dos fatores que regulam o comportamento alimentar.

O sistema serotoninérgico também participa do controle do comportamento alimentar e

pode ser influenciado pelo estradiol. Rivera et al. (2012) demonstraram que receptores

serotoninérgicos tipo 2C (5-HT2C) pós-sinápticos desempenham importante papel em mediar os

efeitos anorexigênicos do estradiol no sistema serotoninérgico. Os autores mencionaram que o

tratamento agudo de 1 µg/0,1 ml de 17 β-estradiol pela via subcutânea durante dois dias foi capaz

de reduzir o consumo de alimento durante a fase de escuro e a associação do estrógeno com

mCPP (metacloro-fenilpiperazina), um agonista dos receptores 5-HT2C intensificou a resposta

anorexigênica e ainda evidenciou que o estrógeno aumenta o conteúdo proteico desse receptor no

tronco cerebral caudal, mas não no hipotálamo de ratas ovariectomizadas. Também é conhecido

que o estrógeno dessensibiliza o receptor 5HT1A no PVN e em parte essa resposta ocorre pela

ativação do GPR 30 ( ROSSI et al. 2010; XU et al. 2009).

25

Em outro trabalho Santollo et al. (2011) monitoraram a ingestão de alimento por 48 horas

seguidas de microinfusões agudas de veículo em doses diárias de estradiol (0,25 a 10,0 µg) em

diferentes regiões encefálicas como núcleo mediano pré-óptico e núcleo arqueado e o núcleo

dorsal da rafe em modelo de ratas ovariectomizadas. Os autores apontam que ainda não se sabe se

o estradiol exerce efeito modulatório no núcleo paraventricular no contexto da ingestão de

alimento, mas evidenciaram que o hipotálamo ventromedial não está envolvido nesta regulação.

Neste estudo as infusões no núcleo mediano pré-óptico anterior (MPOA) com a dose mais alta

(2,5 µg) de E2 foi suficiente para diminuir a ingestão de alimento. E também a administração de

E2 no núcleo dorsal da rafe resultou em diminuição da ingestão de alimento por ser esta uma

região rica em neurônios serotoninérgicos.

1.1.6 Alguns efeitos da terapia estrogênica em outros sistemas biológicos

O estrógeno também é capaz de aumentar a atividade mitótica nos lactotrofos da

adenohipófise e conseqüentemente aumentar o peso da glândula hipofisária. Um aumento dose-

dependente no índice mitótico foi observado após 7 dias do início do tratamento, representando

uma aceleração da atividade mitótica de 1,7 % por dia em ratas ovariectomizadas na ausência de

reposição estrogênica e 3,7% por dia na presença de uma dose farmacológica de 50 µg/rata/dia ou

230 µg/kg/ dia, sendo esta uma dose suprafisiológica (LONAN & LEVY, 2009).

Thomas et al. (1986) verificou que hormônios gonadais como o estrógeno e progesterona

poderiam alterar os níveis séricos de glicose, insulina, tri-iodotironina (T3) e tetra-iodotironina

(T4) em ratas ovariectomizadas. A glicemia foi reduzida em ratas ovariectomizadas e repostas

com estrógeno, mas foi aumentada pelos tratamentos de estrógeno com progesterona. A insulina

foi reduzida pela ovariectomia e normalizada pela reposição estrogênica e aumentada pelo

tratamento do estrógeno mais progesterona. A concentração plasmática de T3 foi reduzida pela

ovariectomia e foi normalizada pela reposição estrogênica e aumentada pela associação dos

tratamentos (estrógeno mais progesterona). Já a concentração plasmática de T4 só foi afetada

pela reposição com estrógeno, sendo que sua concentração estava reduzida.

O estrógeno também é capaz de alterar o metabolismo da glicose. Liu et al. (2013) em

modelo de desnervação hepática evidenciou que ratas ovariectomizadas apresentaram 17 % de

redução da glicose plasmática, que foi completamente restaurada pela reposição hormonal

sistêmica. Além disso, a administração de estrógeno por microdiálise no núcleo paraventricular

26

do hipotálamo (NPV) ou no hipotálamo ventro-medial (HVM) restaurou a glicose plasmática.

Adicionalmente, esse estudo demonstrou que a desnervação simpática no fígado bloqueou o

efeito do estrógeno no HVM e a sensibilidade hepática à insulina, ou seja, a administração intra-

hipotalâmica de estrógeno regula a sensibilidade periférica à insulina via sistema simpático .

1.1.7 Um breve comentário sobre ações genômicas e não-genômicas para estrógenos

Até o momento encontram-se descritos dois subtipos de ER: o ER α e o ER β. Além

desses dois subtipos, são conhecidas variantes de ambas as isoformas, que podem ter o ARNm

incompleto ou conter maior ou menor número de bases em seus exons.

Dentre os efeitos genômicos do estrógeno sabemos que os receptores de estrógeno

promovem transcrição gênica por um mecanismo que consiste na dimerização do receptor e na

ligação do dímero a uma sequência do ácido desóxi-ribonucléico (ADN), chamada de elemento

responsivo ao estrógeno (ERE), a qual está presente nas regiões promotoras dos genes

responsivos a esses receptores. No entanto, a transcrição gênica também pode ser ativada por

meio de outras porções da molécula de DNA, como os sítios AP1 e Sp1.

O estrógeno pode ainda alterar o balanço entre inputs inibitórios ou estimulatórios para os

neurônios magnocelulares. Isso pode trazer efeitos genômicos indiretos que podem interferir ao

nível do núcleo da célula, alterando a expressão gênica e efeitos não – genômicos diretos

através dos quais o estrógeno pode se ligar aos receptores alfa e beta (Hartley et al. 2004) e

produzir diversos efeitos biológicos.

Já nas ações não-genômicas do hormônio existe grande número de relatos de ações

rápidas dos estrógenos alterando as propriedades elétricas de neurônios em questão de minutos.

Essas ações tem sido denominadas de não-genômicas e parecem ser decorrentes da atuação direta

dos estrógenos na membrana celular, modulando a ativação de proteína G e segundos

mensageiros; ainda não se sabe ao certo quais os tipos de receptores envolvidos nesse modo de

ação; uma aventada é a existência de receptores de membrana para estrógenos. Wang et al. 2015

evidenciou a existência do receptor estrogênico alfa tipo 36 (Er α 36) que é principalmente

expresso no citoplasma e na membrana plasmática ER-α36 está envolvido com a sinalização

rápida do estrógeno, no entanto o mesmo receptor inibe a sinalização genômica do hormônio.

27

Mohamed & Rahman (2000) mencionaram que a regulação gênica do hormônio

estrogênico é tecido específica, tendo avaliado a expressão de ERs em rim, fígado, útero e outros

tecidos.

1.2 Justificativa

Na literatura verificamos muitas diferenças metodológicas em muitos estudos quanto à

duração da reposição hormonal, o período de tempo em que o tratamento é realizado, a dose

utilizada do hormônio, a sua composição química (benzoato de estradiol, 17-β estradiol,

etinilestradiol e outros), biodisponibilidade, e linhagem de animais de laboratório (Long Evans,

Wistar, Sprague Dawley). A literatura também reporta que há diferenças na expressão dos

receptores estrogênicos cerebrais nas diferentes linhagens e também é importante considerar se

houve ou não intervalo entre a cirurgia e o início da reposição hormonal, pois tudo isso influencia

na expressão dos receptores estrogênicos.

Assim, uma das intenções de nosso estudo é auxiliar na compreensão dos efeitos de

tratamentos hormonais com estrogênio em alguns parâmetros de avaliação considerando doses

infrafisiológicas, fisiológicas e suprafisiológicas do hormônio para estudar se há efeito dose-

dependente relativo aos mecanismos fisiológicos estudados e compreender como o estrógeno age

alterando a expressão comportamental dos animais.

Um outro ponto a ser considerado é que na literatura encontramos alguns trabalhos sobre

os efeitos organizacionais e ativacionais dos hormônios sexuais, considerando o dimorfismo. No

entanto, a literatura suporta muito mais informações sobre como o estrógeno regula a ingestão de

água,mas não define a discussão sobre de que maneira o estrógeno regula o apetite ao sódio. Essa

discussão da ingestão de sódio modulada por estrógeno é bastante complexa.

Adicionalmente é bastante discutida a influência do estrógeno sobre o sistema

serotoninérgico e a maioria dos autores acredita que o estrógeno exerce uma modulação sobre

este sistema pelo aumento da expressão da enzima triptofano-hidroxilase tipo 2 (TPH2), sendo

esta encontrada principalmente em tecidos cerebrais (DONNER & HANDA, 2009). Contudo, em

grande parte desses experimentos os cientistas utilizam baixas doses de estrógeno como foi

utilizado 20µg/animal no estudo de Dalmasso et al. (2011). Nosso grupo, todavia, utiliza doses

muito superiores do hormônio (40 - 80µg/Kg). Esta dose suprafisiológica mimetiza os níveis de

estrógeno circulantes em fêmeas no último terço de gestação.

28

Dados não publicados de nosso laboratório com a dose de 80µg/Kg demonstraram uma

redução da expressão da enzima TPH2 a partir do NDR extraído dos encéfalos de ratas

ovariectomizadas tratadas com estrógeno durante 14 dias sob condições basais. Ao contrário do

esperado não observamos um aumento da expressão de ARNm da TPH2 em animais tratados

com estrógeno mas sim uma diminuição significativa quando comparamos os resultados dos

animais tratados com óleo.

Ao final da gestação verificamos que os níveis de estrógeno e ocitocina aumentam e que

os níveis de progesterona diminuem. De acordo com Murata et al. (2003) o estrógeno estimula a

expressão de ARNm de receptores de ocitocina (OTr) no útero em ratas ovariectomizadas e,

aparentemente o mesmo ocorre no SNC aumentando a liberação de ocitocina.

Rossi et al. (2010) demonstraram que o uso de agonista dos receptores ERβ é capaz de

levar a dessensibilização do autoreceptor 5-HT1A aumentando desta forma a mobilização e

liberação de serotonina (5-HT). Popova et al. (2010) verificaram que a ativação a longo prazo

dos receptores 5-HT1A com agonista seletivo leva a uma considerável queda do ARNm da TPH2

no mesencéfalo de camundongos. No entanto, não existem pesquisas que mostrem quais

mecanismos ocorrem após estimulação serotonérgica a longo prazo e com altas doses de

estrógeno. Com estudos futuros pretendemos compreender se esse seria um mecanismo de

controle homeostático específico do sistema serotoninérgico como uma tentativa de diminuir a

liberação do neurotransmissor, mediante redução da expressão de ARNm para TPH2.

Há também outros estudos que reportam que o estrógeno é um fator de proteção

cardiovascular e alguns estudos que relatam casos de hipertensão pós-menopausa, já que em

condições de déficit estrogênico é comum que mulheres no climatério mudem seus hábitos

alimentares, dentre eles, a adição de mais sódio ao alimento. Nosso estudo também pretende

contribuir com experimentos que ajudem na compreensão dos mecanismos envolvidos entre

homeostase hidroeletrolítica, déficit estrogênico, terapia estrogênica e pressão arterial.

2.0 Objetivos

2.1 Objetivo geral:

a) Avaliar o efeito da administração de diferentes doses de cipionato de estradiol nas

alterações hidroeletrolíticas de ratas Wistar ovariectomizadas.

29

2.2 Objetivos específicos:

a) Avaliar o efeito do estradiol sobre o apetite ao sódio, sede, natriurese, sódio plasmático,

volume urinário, sódio urinário e índice uterino condições basais e após depleção de sódio;

b) Avaliar a ingestão alimentar diária e o peso corporal diário em condições basais e verificar se a

reposição estrogênica em diferentes doses pode alterar esses parâmetros.

c) Realizar a dosagem dos níveis de estradiol plasmáticos e relacioná-los com a dose de hormônio

administrada em ratas ovariectomizadas.

3.0 Material e métodos

3.0.1 Animais e Manutenção

Este trabalho foi conduzido conforme o “Guide for the Care and Use of Laboratory

Animals” (NIH Publicação Nº 85-23, revisado 1996) e os protocolos experimentais avaliados e

aprovados pela Comissão de Ética em Experimentação Animal da Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro em consonância com a Lei AROUCA 11794 de 8 de outubro de 2008. ( Processo

nº 23083.011699/2013-99).

Foram utilizadas 120 ratas da linhagem Wistar, adultas (~230 g, ± 60 dias), e

provenientes do Biotério Experimental do Departamento de Ciências Fisiológicas da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Destes animais, 64 fêmeas foram utilizadas nos

protocolos de avaliação em gaiolas metabólicas e 56 fêmeas foram utilizadas nos protocolos de

coleta de sangue e de cérebro. Os animais foram mantidos em caixas coletivas (5 animais por

caixa), aclimatados à temperatura controlada (23 ± 2ºC), sob regime de luz com ciclo claro-

escuro de 12 horas (luz 7:00-19:00h). Os animais tiveram acesso à água e alimento ad libitum. Os

experimentos foram realizados no período da manhã, entre 09:00 – 12:00 horas.Para avaliação de

ingestão de água e de solução salina hipertônica (NaCl 1,8%), ingestão de ração moída,volume

urinário, excreção renal de sódio, os animais foram transferidos para gaiolas metabólicas, nas

quais foram aclimatados por 5 dias antes do experimento.

Todos os esforços foram feitos para minimizar o sofrimento dos animais, seguindo o

“princípio dos 3R” para reduzir o número de animais utilizados no estudo e otimizar os

protocolos experimentais de modo a obter o máximo de dados de cada animal testado.

30

3.0.2 Procedimentos cirúrgicos

Todas as cirurgias foram realizadas sob plano anestésico induzido cetamina (Vetbrands,

Brasil , 60 mg/kg, i.p.) combinada com xilazina (Bayer, Brasil, 7,5 mg/kg, i.p.) sendo seguidas de

doses profiláticas de pentabiótico veterinário (0,2 mL/rata , i.m., Fort Dodge) para evitar

possíveis infecções.

3.0.2.1 O modelo experimental de ovariectomia e seu aspecto translacional

A menopausa é definida como um período em que a síntese de hormônios gonadais está

reduzida, bem como a produção de folículos ovarianos, sendo que na mulher esse processo se dá

por volta dos 51 anos.

Em modelos experimentais não podemos dizer que as ratas possuem a fase de menopausa,

pois elas não possuem ciclo menstrual, e sim ciclo estral. Então, desse modo, só poderemos

denominar tal fase como período de déficit na síntese de hormônios gonadais ou insuficiência

ovariana primária, que ocorre nos modelos de estudo da senescência natural, que na rata ocorre

por volta de um ano e meio a dois anos de vida. O termo “ menopausa” é referido em

experimentação com o objetivo de evidenciar o aspecto translacional do modelo.

De modo artificial , reproduzimos em laboratório o modelo de insuficiência gonadal,

mediante a cirurgia de ovariectomia, em que os ovários são retirados para reduzir os níveis

plasmáticos de estrógeno endógeno e com isso poderemos avaliar os efeitos da reposição

hormonal em diversos parâmetros de interesse.

Em nosso protocolo experimental a ovariectomia bilateral (OVX) foi realizada em ratas

adultas, por um acesso para-costal e em condições assépticas. Após indução anestésica com a

perda dos reflexos medulares, os animais foram submetidos à tricotomia e, em seguida, foi

realizada uma incisão bilateral da pele entre a última costela e a coxa. Posteriormente, o tecido

subcutâneo e a musculatura foram divulsionados com auxílio de pinça e tesoura cirúrgicas, para

visualização dos ovários. Os ovários foram exteriorizados e foi realizada a ligadura das trompas

31

uterinas, artérias e veias ovarianas, seguida da remoção dos ovários. Por fim, foi realizada a

sutura da musculatura e pele.

3.0.3 Protocolo de reposição hormonal

3.0.4 Tratamentos hormonais e doses

Com o intuito de verificar se há efeito dose – dependente nos parâmetros avaliados

utilizamos neste estudo diferentes doses de cipionato de estradiol ( Pfizer, Saúde Animal) para

um estudo comparativo entre doses infra-fisiológicas (2,5 µg/kg), fisiológicas (10 µg/kg) e

supra-fisiológicas (40 µg/kg) em ratas ovariectomizadas com e sem reposição hormonal pelo

período de 7 dias de tratamento. Sierra-Ramirez, et al. (2011) avaliaram a farmacocinética e a

farmacodinâmica do cipionato de estradiol sob duas diferentes vias de administração ( subcutânea

e intramuscular). No entanto, a informação sobre a meia-vida do hormônio é citada na espécie

humana, mas não está muito clara neste artigo.

De acordo com a literatura, a dose de 2 µg/kg (Geary & Asarian, 1999) é capaz de

produzir níveis plasmáticos de estradiol similares aos níveis de pico encontrados durante o ciclo

ovariano de ratas intactas, sendo capaz de diminuir a ingestão de alimento e retomar o peso

corporal à normalidade (BUTCHER et al., 1974; CECCHINI, et al., 1983; LU et al., 1985).

Dados publicados na literatura suportam evidências que 10 μg/kg (2,5 μg/rata) de

estrógeno (Liu et al., 2013; Vilhena-Franco et al., 2011; Silva et al. 2010)é uma dose suficiente

para reposição estrogênica em condições fisiológicas similares à concentração de estradiol

encontrada em ratas durante o proestro. Esse dado foi confirmado por Smith et al. (1975) que

verificou que a dose de 2,0 μg/rata a cada 4 dias é a dose de reposição em que os níveis de

estradiol são encontrados na manhã do proestro. Mecawi et al. (2011) verificou que ratas

ovariectomizadas tratadas com estrógeno com doses de 10 µg/kg e 40 µg/kg e que foram

submetidas à hemorragia apresentaram um aumento nos níveis plasmáticos de ocitocina e

vasopressina.

32

3.0.5 Tratamento com cipionato de estradiol

No dia da cirurgia de ovariectomia os animais foram pesados previamente para

homogeneização dos grupos experimentais. O grupo tratado recebeu diferentes doses de

estrógeno que foram administradas de acordo com o peso corporal, sendo que o volume

administrado não excedeu 0,13 ml para as ratas mais pesadas, sendo que o volume mínimo

administrado era de 0,1 ml. Todas as administrações foram feitas pela via subcutânea e realizadas

diariamente, entre 9:00 e 12:00 horas, tendo início 24 horas após a ovariectomia, e prosseguindo

durante 7 dias, com o objetivo de mimetizar a terapia estrogênica da mulher em menopausa. O

tratamento com estrógeno foi realizado com cipionato de estradiol (ECP, Pfizer Saúde Animal)

diluído em óleo de milho filtrado. Previamente às injeções os animais foram pesados na balança

analítica (modelo Helmac 1000) e seus pesos foram divididos por 2, já que a concentração da

solução preparada era o dobro da dose. Após a divisão do peso o valor resultante sofria uma

aproximação matemática.

Dessa forma teremos quatro grupos experimentais: OVX-óleo, E2 2,5, E2 10, E2 40.

3.0.5.1 Preparação das alíquotas de estrógeno

Considerando que o frasco original de cipionato de estradiol ( Pfizer, Saúde Animal)

contém 2 mg de estradiol em cada ml, objetivamos preparar 3 alíquotas que correspondem às

seguintes doses administradas: 40 μg/kg (solução 1), 10 μg/kg (solução 2) e 2,5 μg/kg (solução 3)

ou administração de veículo (óleo de milho filtrado). As soluções de estradiol foram preparadas

para o dobro da concentração desejada para que o volume administrado aos animais fosse

reduzido a aproximadamente 0,1 ml por animal.

Realizamos as diluições a partir do frasco original, utilizando a seguinte fórmula, em que:

C1- concentração do frasco inicial (µg/ml)

V1- volume do frasco inicial (ml)

C2- concentração do frasco final (µg/ml)

C1.V1= C2.V2

33

V2- volume do frasco final (ml)

Primeira etapa - Preparo da Solução 1 – 40 µg/kg ( 10 µg/rata)

Colocamos 0,4 ml do estrógeno do frasco original (Pfizer , Saúde Animal) e adicionamos

9,6 ml de óleo de milho filtrado, totalizando 10 ml.

Segunda etapa – Preparo da Solução 2 – 10 µg/kg (2,5 µg/rata)

Colocamos 0,1 ml do estrógeno do frasco original ( Pfizer, Saúde Animal) e adicionamos

9,9 ml de óleo de milho filtrado, totalizando 10 ml.

Terceira etapa – Preparo da Solução 3 – 2,5 µg/kg (0,625 µg/rata)

Colocamos 0,1 ml do estrógeno do frasco original ( Pfizer, Saúde Animal) e adicionamos

39,9 ml de óleo de milho filtrado, totalizando 40 ml.

3.0.6 Avaliação das ingestões de água e solução salina hipertônica (NaCl 1,8%)

Ratas OVX normovolêmicas e normohidratadas foram previamente adaptadas às gaiolas

metabólicas por cinco dias. Os animais receberam em suas gaiolas dois bebedouros volumétricos

individuais graduados em 0,1 ml, um contendo água e o outro, NaCl 1,8%, e comedouros

contendo ração moída ad libitum ,previamente pesada,até o final do experimento. A ingestão dos

fluidos foi avaliada diariamente, por 7 dias, em ciclos de 24 horas. Posterior a esta avaliação, foi

calculado o índice de preferência por sódio: (ingestão de NaCl 1,8% / ingestão de água + ingestão

de NaCl 1,8%) x 100 (FRANKMANN et al., 1986).

Para avaliação do efeito da terapia estrogênica no apetite e na saciedade ao sódio e à água

utilizamos o protocolo da furosemida que consiste num protocolo de depleção de volume e de

depleção corpórea de íons sódio através da administração do diurético de alça , furosemida (20

mg/Kg, s.c.) mais dieta pobre em sódio. Durante as 24 horas anteriores ao experimento os

animais tiveram acesso à água destilada e dieta pobre em NaCl e condicionados em gaiolas

34

metabólicas. No dia seguinte , após 24 horas de depleção de sódio foi realizada a reapresentação

dos fluidos colocando bebedouros individuais contendo NaCl 1,8% e água filtrada que foram

oferecidos aos animais depletados de sódio. Em seguida, a ingestão dos fluidos foi avaliada

cumulativamente por 300 minutos. Nos protocolos sob condições basais, depleção de sódio e de

reapresentação de fluidos foram utilizados os mesmos animais em sequência.

3.0.7 Avaliação do volume urinário e osmolalidade urinária e plasmática

O volume urinário foi avaliado diariamente sob condições basais a partir do primeiro dia

da terapia estrogênica. Após a depleção de sódio com furosemida o volume urinário foi avaliado

2 horas após a depleção de sódio, 24 horas após a depleção e 2 horas após início da avaliação de

ingestão de fluidos.

Após as coletas das amostras de urina realizadas em gaiolas metabólicas. Também foi

coletado o plasma no 8º dia do experimento 24 horas após depleção de sódio. A osmolalidade das

amostras de sangue e urina foi determinada por meio do osmômetro. Para uniformizar os

resultados, e para comparação entre médias dos diferentes grupos, os dados obtidos foram

expressos em mOsm/kg H2O/ para osmolalidade.

3.0.8 Avaliação do sódio plasmático

O conteúdo de sódio das amostras de plasma 24 horas após depleção de sódio foi

determinado por meio de fotometria de chama (Modelo Micronal B462). Para uniformizar os

resultados, e para comparação entre médias dos diferentes grupos, os dados obtidos foram

expressos em μEq/L para excreção de sódio. Os dados de sódio urinário diário, 24 horas após a

depleção de sódio e 2 horas após reapresentação de fluidos estão em análise. A diluição das

amostras de plasma foi 1:100 e das amostras de urina foi 1:200 num volume total de 3 ml em

cada leitura.

35

3.1 Avaliação do índice hipofisário e uterino

Após a eutanásia dos animais, as hipófises e os úteros foram coletados inteiros para

obtenção do peso úmido desses tecidos e assim realizar a determinação dos seus respectivos

índices absolutos para validação das cirurgias e reposições hormonais.

4.0 Protocolos experimentais

4.1 Experimento 1 – Efeito do tratamento com estradiol sobre o apetite ao sódio, sede,

índice uterino e hipofisário em ratas OVX controle e ratas OVX tratadas com estrógeno

Ratas submetidas à cirurgia de ovariectomia foram avaliadas diariamente em gaiolas

metabólicas quanto à ingestão de água e de salina hipertônicas que foram ofertadas aos animais

em buretas volumétricas individuais. Para avaliação da influência estrogênica nos

comportamentos dispsogênicos e natriorexigênicos sob condições basais, após depleção de sódio

com furosemida e após reapresentação de água e salina hipertônica (1,8%). No último dia de

reposição hormonal os animais foram submetidos ao protocolo de depleção de íons sódio e no dia

seguinte os mesmos animais passaram pelo protocolo de reapresentação dos fluidos para

avaliação das ingestões cumulativas. Ao final das avaliações os animais foram decapitados e

coletados os úteros e a hipófise para avaliação do índice uterino e hipofisário, respectivamente.

Essa avaliação permite verificar a eficácia dos tratamentos hormonais, sendo realizada pela

divisão do peso do órgão pelo peso do animal.

36

4.1.2 Desenho experimental

Experimento 1

Ovariectomia

___________________________________________________________________________

0 4d 7d 8d

Avaliações diárias

OVX+O / OVX+EC

Coleta de sangue

e encéfalos (Experimento 2)

Depleção de sódio Reapresentação dos fluidos

Avaliações cumulativas

_________________________________________________________________________

8d 9d 9d

2h 24h 0 120 180 240 300 min

Coleta do

Volume

Urinário Coleta do

Volume urinário

5.0 Análise estatística

Os resultados estão apresentados como médias ± erro padrão da média (EPM). Os dados

foram analisados usando o programa Graphpad Prism 6.0 (San Francisco, USA) e submetidos ao

teste de Grubbs que identifica pelo menos um outlier. Posteriormente foram analisados pelo teste

de normalidade Shapiro-Wilk. Após verificar que os dados apresentavam distribuição normal foi

realizado o teste ANOVA de medidas repetidas, ANOVA two way ou ANOVA one-way, seguido

de pos-teste de Bonferroni. O nível de significância adotado foi de 5% (α = 5%). Consideraremos

o efeito dose dependência sempre que houver diferença do grupo tratado comparado ao controle.

37

6.0 Resultados e discussão

6.1 Avaliação da influência da ovariectomia e reposição hormonal sobre o peso corporal

Apresentamos a seguir a tabela 1 que se relaciona à figura 1 (Avaliação do peso corporal

diário) em que caracterizamos as diferenças em comparação ao grupo controle e também as

diferenças entre as doses hormonais.

Tabela 1. Peso corporal

Comparações de grupos 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 7º dia

E2 40 vs. óleo

229,57 ± 3,59

vs.

232,39 ± 5,04

*p<0,05

230,55 ±3,90

vs.

234,60 ± 5,07

*p< 0,0001

229,80 ±3,64

vs.

236,76 ± 5,1

*p< 0,0001

230,22 ±3,54

vs.

238,99 ± 5,15

*p<0,0001

231,71±3,46

vs.

242,48 ± 5,09

*p< 0,0001

E2 10 vs. óleo

228,35 ± 5,38

vs.

232,39 ± 5,04

*p< 0,001

228,95 ±5,18

vs.

234,60 ± 5,07

*p< 0,0001

228,87 ±5,27

vs.

236,76 ± 5,1

*p< 0,0001

228,92 ±5,27

vs.

238.99 ±5,15

*p< 0,0001

228,41 ± 5,18

vs.

242,48 ±5,09

*p< 0,0001

E2 2,5 vs. E2 10

232,45 ± 3,01

vs.

228,35 ± 5,38

ɸ p<0,001

235,20 ±2,64

vs.

228,95 ± 5,2

ɸ p<0,001

235,57± 2,38

vs.

228,87 ±5,27

ɸ p<0,001

238,02±2,7

vs.

228,92 ± 5,26

ɸ p<0,0001

239,87±2,86

vs.

228,41±5,18

ɸ p<0,0001

E2 2,5 vs. E2 40

232,45± 3,01

vs.

229,57± 3,59

θ p<0,05

235,20 ± 2,64

vs.

230,55±3,9

θ p< 0,0001

235,5±2,38

vs.

229,80±3,64

θ p<0,0001

238,02±2,7

vs.

230,22±3,5

θ p< 0,0001

239,87±2,86

vs.

231,71 ±3,46

θ p<0,0001

38

T e m p o ( d ia s )

Pe

so

co

rp

ora

l d

iário

(g

)

1 2 3 4 5 6 7

2 2 0

2 3 0

2 4 0

2 5 0

ó le o (n = 1 6 )

E 2 2 ,5 (n = 1 6 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 6 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 6 )

* * * * *ɸ ɸ ɸ ɸ ɸ θ θ θ θ

θ

Fig 1. Avaliação do peso corporal diário sob condições basais. Dados expressos como

médias±SEM, em que *( asterisco) representa a comparação com o grupo óleo, ɸ (phi) representa

a comparação entre E2 2,5 e E2 10, θ (theta) representa a comparação entre E2 2,5 e E2 40. Os

valores de médias±SEM, bem como os níveis de significância (valores de P) podem ser

consultados na tabela 1. Os dados foram analisados por anova two way medidas repetidas,

seguido de post-teste de Bonferroni. A seta indica o início do tratamento.

Neste gráfico vimos que o peso corporal diário dos animais tratados com as doses de E2

10 e E2 40 diferem do controle a partir do 3º dia de tratamento e se mantém reduzido até o final

do tratamento, o que caracteriza que o estradiol, provocou um efeito dose-resposta neste

parâmetro de estudo.Já o grupo que recebeu a dose mais baixa (2,5 µg/kg) apresentou acréscimo

de peso no decorrer do tempo assim como o grupo controle. Observamos também que o grupo

tratado com a dose de (40 µg/kg) apresentou um pequeno aumento de peso corporal em relação à

dose de 10 µg/kg no 7º dia de avaliação. Esse resultado que poderia ser devido à retenção líquida

que ocorre em níveis estrogênicos elevados não se confirmou.

Sabemos que fêmeas tendem a acumular mais gordura no tecido subcutâneo e machos

tendem a acumular gordura no tecido visceral.

De acordo com a literatura o estradiol atua por mecanismos complexos e pouco

compreendidos pelos quais ele altera o metabolismo energético, produção de calor, composição

corporal (Toth et al. 2001) e atividade locomotora.

39

O estrógeno influencia o gasto energético modulando a temperatura corporal e a

termogênese. Além disso pode atuar sobre a mobilização de gordura, modificando também o

perfil lipídico (níveis de colesterol e de triglicerídeos), além de aumentar o estresse oxidativo

mitocondrial.

Gao et al. (2008) mencionarm que o estrogênio e a leptina podem interagir via estatina 3

(STAT 3), regulando genes em comum em regiões hipotalâmicas relacionadas a homeostase

energética e reprodução.

Assim, a perda de peso promovida pelos hormônios gonadais é elaborada por um amplo

conjunto de fatores envolvendo queda na expressão de neuropeptídios orexigênicos e aumento

dos anorexigênicos (SILVA et al. 2011).Além disso Donner & Handa (2009) evidenciaram que

aumento da TPH2 e consequentemente da síntese de serotonina é mediada pelo receptor

estrogênico beta (Erβ). A ativação desse sistema também é um estímulo para saciedade. E

também o aumento do consumo de oxigênio (GAO et al. 2007) e do estresse oxidativo (PUERTA

et al. 1998), aumento da mobilização de gordura e um dos mecanismos seria por β-oxidação.

Todos esses fatores somados resultam em saciedade e perda de peso.

6.2 Avaliação do efeito da ovariectomia e da reposição hormonal sobre o peso uterino e o

peso hipofisário

A seguir apresentamos a tabela 2 que se relaciona com a figura 2 (avaliação do peso

uterino). Nesta tabela inserimos as diferenças em relação ao grupo controle, caracterizando assim

um fenômeno de dose-dependência.

Tabela 2: Peso uterino

E2 40 vs. óleo 0,69 ± 0,19 vs. 0,22 ± 0,04g,

*p<0,0001

E2 10 vs. óleo

0,69 ± 0,15 vs. 0,21 ± 0,04 g,

*p<0,0001

E2 2,5 vs. óleo 0,61 ± 0,1 vs. 0,21 ± 0,04 g ,

*p<0,001

40

Pe

so

ute

rin

o (

g)

ó le o E 2 2 ,5 E 2 1 0 ,0 E 2 4 0 ,0

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

ó le o (n = 1 5 )

E 2 2 ,5 (n = 1 6 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 6 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 3 )

*

*

*

Fig.2 Avaliação do peso uterino absoluto. Anova one way, seguido de pos-teste de Bonferroni.

Os dados foram expressos como média±SEM. O símbolo* ( asterisco) representa a comparação

com o grupo óleo. Retornar à tabela 2 (Peso uterino) para consulta.

A avaliação do peso uterino foi importante em nosso estudo como forma de comprovar a

eficácia cirúrgica bem como o efeito da reposição estrogênica no tecido uterino. Sabe que a

resposta uterina ao estrógeno e no sentido de aumentar o conteúdo de líquido uterino, bem como

promover um aumento no tamanho do útero. Essa resposta ocorre principalmente pela grande

quantidade de receptores estrogênicos expressos no útero. Assim, observamos que com uma

baixa dose do hormônio (2,5 µg/kg) já houve a resposta máxima.

Nakajima, et al. (2015)evidenciou que o receptor estrogênico α (ERα) desempenha um

importante papel na proliferação do epitélio uterino. No entanto o receptor estrogênico β (ERβ)

inibe a proliferação.

Apresentamos a seguir a tabela 3 (Peso hipofisário) que se relaciona com a figura 3

(Avaliação do peso hipofisário). Nesta tabela inserimos as diferenças em relação ao grupo

controle, caracterizando assim um fenômeno de dose-dependência.

41

Tabela 3. Peso hipofisário

E2 40 vs. óleo 0,022 ± 0,026 vs. 0,009 ± 0,002 g,

*p<0,0001

E2 10 vs. óleo 0,014 ± 0,003 vs. 0,009 ± 0,002 g,

*p<0,0001

E2 2,5 vs. óleo 0,014 ± 0,003 vs. 0,009 ± 0,002 g,

*p<0,0001

Pe

so

hip

ofi

rio

(g

)

ó le o E 2 2 ,5 E 2 1 0 ,0 E 2 4 0 ,0

0 .0 0 0

0 .0 0 5

0 .0 1 0

0 .0 1 5

0 .0 2 0

ó le o (n = 1 5 )

E 2 2 ,5 (n = 1 6 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 5 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 4 )

*

*

*

Fig. 3 Avaliação do peso hipofisário absoluto. Anova one way, seguido de pos-teste de

Bonferroni. Os dados foram expressos como média±SEM. O símbolo* ( asterisco) representa a

comparação com o grupo óleo. Retornar à tabela 3 ( Peso hipofisário) para consulta.

Neste gráfico vemos que o estrógeno foi capaz de promover um efeito dose-resposta na

hipófise, caracterizado pelo aumento progressivo do peso da glândula em função da dose, quando

comparamos ao grupo controle. A avaliação do índice hipofisário é mais um parâmetro que

contribui para confirmar o protocolo de reposição hormonal.

O estrógeno também é capaz de aumentar a atividade mitótica nos lactotrofos da

adenohipófise e conseqüentemente aumentar o peso da glândula hipofisária. Um aumento dose-

dependente no índice mitótico foi observado após 7 dias do início do tratamento, representando

uma aceleração da atividade mitótica de 1,7 % por dia em ratas ovariectomizadas na ausência de

42

reposição estrogênica e 3,7% por dia na presença de uma dose farmacológica de 50 µg/rata/dia ou

230 µg/kg/ dia, sendo esta uma dose suprafisiológica (LONAN & LEVY, 2009).

6.3 Avaliação do comportamento ingestivo de água e salina hipertônica sob condições basais

em função da dose hormonal administrada

Não foi observada dose dependência na avaliação de ingestão de água em relação ao

controle,logo não há representação de dados significativos em relação ao controle, no entanto

observamos diferença entre doses de estradiol que pode ser observada a seguir na tabela 4.

Tabela 4. Ingestão basal de água

Comparações de grupos 2º dia 3º dia

E2 10 vs. E2 40

8,27±0,59

vs.

6,52 ± 0,56

Ψ p<0,01

9,96 ±0,54

vs.

8,31 ±0,45

Ψ p< 0,01

E2 2,5 vs. E2 40

7,88± 0,52

v.s

.6,52 ±0,56 ,θ p<0,05

_______

43

T e m p o ( d ia s )

Ing

es

tão

ba

sa

l d

e á

gu

a (

ml/

10

0 g

)

1 2 3 4 5 6 7

3

6

9

1 2

ó le o (n = 1 6 )

E 2 2 ,5 (n = 1 6 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 6 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 6 )

θ

Ψ

Ψ

Fig. 4 Avaliação da ingestão de água diária. Anova two way medidas repetidas, seguido de pos-

teste de Bonferroni. Os dados foram expressos como média±SEM. Dados expressos como

médias±SEM, em que Ψ (psy) representa a comparação entre E2 10 e E2 40, θ (theta) representa

a comparação entre E2 2,5 e E2 40. Os valores de médias±SEM, bem como os níveis de

significância (valores de P) podem ser consultados na tabela 4. Os dados foram analisados por

anova two way medidas repetidas, seguido de post-teste de Bonferroni. A seta indica o início do

tratamento.

Kisley et al. (1999) evidenciaram que o estradiol atenuou a ingestão de água de forma

dose-dependente em fêmeas da linhagem Sprague-Dawley e observou diferença significativa

neste parâmetro em relação ao controle. No entanto, nosso estudo utilizou ratas da linhagem

Wistar e não reproduziu a diferença em comparação ao controle. No entanto, conseguimos

verificar que houve diferença entre as doses hormonais.

Graves et al. (2011) evidenciaram num modelo de sede induzida por isoproterenol que o

estrógeno atenua a ingestão de água. Neste trabalho também foi avaliada a latência para que tal

resposta possa acontecer. Cerca de 90 minutos após a injeção subcutânea de 10 µg/rata de

estrógeno não foi observado nenhum efeito, no entanto a partir de 24 horas da injeção foi

observada uma redução da ingestão de água que continuou até 48 horas após a administração do

hormônio. Nesse contexto, os autores consideraram os efeitos após 24 horas como resultado das

ações genômicas do estradiol.

44

Findlay et al. (1979) realizaram um estudo em ratas ovariectomizadas e tratadas com 20

µg de benzoato de estradiol no modelo de sede induzida por isoprenalina e também pelo aumento

da hipertonicidade com injeção subcutânea de salina hipertônica (2%). Neste trabalho foi

demonstrado que a sede de origem extracelular ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona

que responde a diferentes mecanismos induzidos por desidratação. Os autores evidenciaram que

somente o comportamento ingestivo causado pela ativação de mecanismos extracelulares parece

ser mais sensível às variações do ciclo ovariano e aos hormônios ovarianos.

No entanto, em condições basais, embora sem alterações significativas, observamos que a

dose intermediária (10 µg/kg) apresentou um aumento não significativo na ingestão de água

durante todo o período de avaliação. Já o grupo que recebeu a dose alta (40 µg/kg) apresentou um

aumento não significativo. Desse modo, podemos supor que em níveis estrogênicos altos poderia

haver downregulation dos receptores AT1, o que impossibilitaria os efeitos dipsogênicos da

angiotensina II.

Em relação à ingestão basal de salina hipertônica não observamos efeito dose-resposta

neste parâmetro, mas no grupo que recebeu a dose de 10 µg/kg verificamos que houve uma

redução não significativa o consumo de salina. Esse dado já e bem conhecido na literatura.

A seguir apresentamos a tabela 5 que se refere à figura 5 (Ingestão basal de salina

hipertônica). Não observamos dose dependência em relação ao grupo controle, mas houve

diferença quanto à ingestão de salina entre as doses do hormônio.

Tabela 5. Ingestão basal de salina (1,8%)

Comparações de grupos 2º dia 4º dia 5º dia

E2 10 vs. E2 40

1,29 ± 0,16 vs.

3,01±0,42

Ψ p<0,01

1,35±0,33

vs.

3,7±0,65

Ψ p<0,0001

1,29 ±0,31

vs.

2,79 ± 0,57

Ψ p< 0,05

E2 2,5 vs. E2 10

___________

2,9 ± 0,58

v.s

1,35 ± 0,3

ɸ p<0,05

_________

45

T e m p o ( d ia s )

Ing

es

tão

ba

sa

l d

e s

ali

na

1,8

% (

ml/

10

0 g

)

1 2 3 4 5 6 7

0

1

2

3

4

5

ó le o (n = 1 6 )

E 2 2 ,5 (n = 1 6 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 6 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 6 )

Ψ Ψ Ψ

ɸ

Fig. 5 Avaliação diária da ingestão basal de salina hipertônica (1,8%) sob condições basais.

Anova two way medidas repetidas, seguido de pos-teste de Bonferroni. Os dados foram expressos

como média±SEM. Dados expressos como médias±SEM, em que Ψ (psy) representa a

comparação entre E2 10 e E2 40, ɸ (phi) representa a comparação entre E2 2,5 e E2 10. Os

valores de médias±SEM, bem como os níveis de significância (valores de P) podem ser

consultados na tabela 5. Os dados foram analisados por anova two way medidas repetidas,

seguido de post-teste de Bonferroni. A seta indica o início do tratamento.

Sabemos que o estrógeno aparentemente desempenha um claro efeito anti-dipsogênico e

anti-natriurexigênico agudamente. No entanto, na dose de (40 µg/kg) em que provavelmente os

níveis plasmáticos de estrógeno estavam elevados observamos que essa dose não promoveu uma

queda na ingestão de salina hipertônica como era esperado e sim um aumento do consumo.

Além disso se trata de uma dose muito alta de estrógeno provavelmente poderíamos

supor que os níveis plasmáticos do hormônio estariam elevados assim como ocorre na gestação.

Pike et al. (1971) evidenciou que o consumo de salina hipertônica aumenta muito pela

necessidade do sódio para formação fetal.

46

Sabemos que o núcleo dorsal da rafe possui um importante papel no controle do apetite ao

sódio (Franchini et al. 2002; Badaue-Passos et al. 2007; Reis, 2007) e também há dados da

literatura que suportam a possibilidade de o estrogênio dessensibilizar receptores 5-HT1A no

núcleo paraventricular (Creech et al. 2012). Não sabemos se essa dessensibilização também

poderia estar ocorrendo em neurônios do NDR.

Além disso, estudos translacionais em mulheres demosntraram que a hipertensão é duas

vezes mais prevalente em mulheres na pós-menopausa e que essa prevalência é reduzida pela

terapia hormonal (SCUTERI, et al. 2001).

Em nosso estudo observamos que níveis estrogênicos altos (40 µg/kg) levam ao aumento

no consumo de salina hipertônica e não em sua redução. Com isso, podemos supor que a médio e

longo prazo o uso de terapias de reposição hormonal pode ser um fator predisponente à

hipertensão. Assim como o uso prolongado de contraceptivos poderia levar ao mesmo efeito.

O mecanismo pelo qual o estrógeno aumenta a ingestão espontânea de salina hipertônica

pode estar associado à vasodilatação promovida pelo estrógeno. O estrogênio pode influenciar a

atividade de células endoteliais via mecanismos genômicos e não genômicos. Ao se ligar ao ERα,

estrogênios aumentam a produção de agentes vasodilatadores como óxido nítrico, prostaciclinas e

prostaglandina E2 (DARBLADE et al. 2002; VEGETO et al. 2003). Desse modo, em doses altas

do hormônio haveria uma queda na pressão arterial e como mecanismo compensatório os animais

aumentariam o consumo de salina hipertônica.

A seguir apresentamos a Tabela 6 ( ingestão de alimento) que se relaciona com a figura 6

(Avaliação da ingestão alimentar).Caracterizamos a seguir as diferenças em relação ao grupo

controle, o que evidenciou um efeito de dose-dependência neste parâmetro.

47

Tabela 6. Ingestão alimentar

Comparações de grupos 4º dia 5º dia 6º dia

E2 40 vs. óleo

6,17 ± 0,25 vs.

7,13 ±0,21

*p<0,01

6,85 ±0,22 vs.

7,62 ±0,24

*p<0,05

8,01 ± 0,21 vs.

6,81 ±0,19

*p< 0,001

E2 10 vs. óleo

________

__________

8,01 ±0,21 vs.

7,17 ±0,28

*p<0,05

T e m p o ( d ia s )

Ing

es

tão

de

ali

me

nto

( g

/10

0 g

)

1 2 3 4 5 6 7

0

2

4

6

8ó le o (n = 1 5 )

E 2 2 ,5 (n = 1 6 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 6 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 6 )**

*

Fig 6. Avaliação diária da ingestão de ração moída sob condições basais. Anova two way

medidas repetidas, dados expressos por médias ± SEM. O símbolo * (asterisco) refere-se às

comparações com o grupo óleo. Retornar à tabela 4 para consulta dos valores de P.

Desse modo observamos que houve redução no consumo alimentar no grupo E2 40, sendo

que esse consumo foi inferior ao grupo E2 10, o que caracteriza que o nível estrogênico alto

deprime mais o sistema regulador da ingestão alimentar.

Silva et al. (2010) evidenciou que ratas ovariectomizadas e tratadas com 10 µg/kg de

cipionato de estradiol por 8 dias apresentavam hipofagia. Neste trabalho foi demonstrado que tal

efeito poderia ser mediado por neuropeptídios orexigênicos como neuropeptídeo Y (NPY),

48

peptídeo agouti relativo (AgRP) e orexina A, cuja expressão estava reduzida e pela expressão

aumentada de mediadores anorexigênicos como melanocortina 4 (MC4), leptina e CRH.

De acordo com a literatura fêmeas em estro são mais sensíveis do que machos ou do que

fêmeas intactas em diestro ao efeito anorexigênico de agonistas serotoninérgicos como a

fenfluramina (RIVERA, et al. 2005). Além disso, a administração exógena de E2 aumenta o

efeito anorexigênico em ratas OVX (ECKEL, et al. 2005), sugerindo que os efeitos

anorexigênicos da fenfluramina relacionados ao estro também podem ser mediados pelo

estrógeno endógeno. Além disso, o estrógeno aumenta a expressão de Pet-1 e de transportadores

de serotonina , que poderiam estar implicados na regulação de neurônios serotoninérgicos no

DRN durante o mesmo período em que o E2 diminui a ingestão de alimento e o peso corporal em

ratas OVX (RIVERA, et al. 2005). O sistema serotoninérgico também participa do controle do

comportamento alimentar e pode ser influenciado pelo estradiol. Rivera et al. (2012)

demonstraram que receptores serotoninérgicos tipo 2C (5-HT2C) pós-sinápticos desempenham

importante papel em mediar os efeitos anorexigênicos do estradiol no sistema serotoninérgico.

Dados prévios da literatura demonstraram que E2 modula neuropeptídios relativos ao

controle da ingestão alimentar nas regiões cerebrais supra-citadas, incluindo NPY, fator de

liberação de corticotrofina (CRF), POMC e neurotransmissores como a serotonina (RIVERA, et

al. 2005; ECKEL, et al. 2005). De fato, receptores para estrógeno e leptina estão co-localizados

em regiões que controlam o metabolismo e a função gonadal como núcleo arqueado (ARC),

hipotálamo ventromedial (HVM), núcleo pré-óptico anterior (POA).

Outro estudo documentou que o estrógeno não apresenta efeito nos níveis de ghrelina

circulantes em mulheres que estejam normalmente ciclando ou em menopausa (DAFOPOULOS

et al. 2010).

6.4 Avaliação da reposição hormonal sobre o volume urinário e a osmolalidade urinária sob

condições basais

A seguir apresentamos a tabela 7 que se relaciona com a figura 7 ( Avaliação do volume

urinário). Demonstramos nesta tabela que houve dose-dependência em relação ao volume

urinário.

49

Tabela 7. Volume urinário

Comparações de grupos 6º dia

E2 2,5 vs. óleo

5,15 ± 0,61 vs.

6,76 ± 0,69

ml/100g, *p<0,01

E2 10 vs. óleo

4,98 ± 0,43 vs.

6,76 ± 0,69

ml/100g, *p<0,01

T e m p o ( d ia s )

Vo

lum

e u

rin

ário

diá

rio

( m

l/1

00

g)

1 2 3 4 5 6 7

0

2

4

6

8

ó le o (n = 1 6 )

E 2 2 ,5 (n = 1 6 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 6 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 6 )

*

Fig.7 Avaliação diária do volume urinário sob condições basais. Anova two way medidas

repetidas, dados expressos por médias ± SEM. O símbolo * ( asterisco) refere-se às comparações

com o grupo óleo. Retornar à tabela 7 para consulta dos valores de P.

O estrogênio através de mecanismos genômicos aumenta a expressão de ARNm para

vasopressina, aumentando a síntese e a liberação da vasopressina, que estimula a reabsorção renal

de sódio nos túbulos renais e reabsorção de água pela inserção de canais de aquaporina tipo 2

(AQP2) na membrana basolateral dos túbulos coletores renais. Cheema et al. (2015) demonstrou

50

que o receptor estrogênico alfa (ERα) modula negativamente a expressão de AQP2 nos túbulos

coletores renais. Podemos considerar que para haver alteração no volume urinário foi necessária

um maior tempo de exposição ao hormônio (6 dias), porque a excreção de sódio e água estão

associados ao comportamento ingestivo e à secreção hormonal de vasopressina. Assim, é

necessária uma associação de todos esses fatores para haver redução no volume urinário.

Não realizamos até o momento as dosagens hormonais em condições basais, no entanto

podemos supor que houve um efeito dose-resposta quanto a secreção de vasopressina, por isso

observamos a redução do volume urinário nos grupos tratados com as doses de 10 µg/kg e 40

µg/kg comparados ao grupo controle.

Na osmolalidade urinária não observamos efeito dose-resposta muito provavelmente pela

elevada variabilidade dos resultados e do erro experimental. No entanto, observamos uma

redução não significativa da osmolalidade urinária a partir do 3º dia nos grupos que receberam a

dose intermediária (10 µg/kg) e a dose alta (40 µ/kg) de estradiol e elevação da osmolalidade na

dose baixa do hormônio e também no grupo controle.

T e m p o ( d ia s )

mO

sm

/kg

ág

ua

/24

h

1 2 3 4 5 6 7

8 0 0

1 0 0 0

1 2 0 0

1 4 0 0

1 6 0 0

ó le o (n = 1 5 )

E 2 2 ,5 (n = 1 4 )

E 2 1 0 ,0 (n = 1 5 )

E 2 4 0 ,0 (n = 1 5 )

Fig. 8Avaliação diária do osmolalidade urinária sob condições basais.Anova two way medidas

repetidas, seguido de pos-teste de Bonferroni. Os dados foram expressos como média±SEM.

51

O estradiol poderia ativar mecanismos que ajudam na retenção de sódio quando os níveis

estrogênicos estão altos e por isso observamos a redução da osmolalidade urinária.

É conhecido que o aumento de volume extracelular na mulher ocorre durante a fase pré-

ovulatória do ciclo menstrual quando os níveis estrogênicos estão aumentando (STEPHENSON

et al. 1988). Além disso, a retenção de água e sódio ocorre durante a gestação (STACHENFELD

et al. 2005) e em mulheres na pós-menopausa que recebem estrogênio (DIGNAM, et al. 1956). A

dose mais alta de estrógeno (40 µ/kg) provavelmente favoreceu ainda mais a retenção de sódio

por ser uma dose que se assemelha os níveis estrogênicos durante a fase final da gestação. Esses

achados poderiam estar associados com ações do estrógeno e da progesterona na função

renal,levando a retenção de água e sódio (STACHENFELD et al. 2005). No entanto, nosso

estudo não avaliou o efeito da reposição com progesterona em nos animais testados. O estradiol

estimula o aumento da expressão de ARNm do ENaC no rim de ratas (GAMBLING, et al. 2004),

principalmente nos túbulos proximais e distais (BRUNETTE, et al. 2001), favorecendo a retenção

de íons sódio.

Um outro possível mecanismo é a ação estrogênica sobre o sistema nervoso autônomo

simpático, já que a inervação simpática renal contribui para a retenção de sódio. O estrógeno

exerce efeitos diretos na inervação simpática renal de acordo com GRACELLI et al. 2013 ).

Neste estudo foi utilizado o modelo desnervação renal em ratas castradas com reposição de

estrogênio (2,0 mg/kg) ou progesterona. Foi observado que a reposição estrogênica normalizou

os níveis plasmáticos de catecolaminas após a desnervação renal.

6.5 Avaliação da influência da reposição hormonal sobre o volume urinário após a depleção

de sódio

Avaliamos também o volume urinário após a depleção de sódio com furosemida para

confirmação da eficácia do modelo. Assim observamos nas duas primeiras horas um aumento da

diurese, como era esperado. No entanto, não foi observado efeito em função da dose do hormônio

estrogênico mas somente em função do tempo de avaliação.

52

T e m p o (h o ra s )

Vo

lum

e u

rin

ário

( m

l/1

00

g)

2 2 4

0

2

4

6

8

1 0

ó le o fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 2 ,5 fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 1 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 1 0 )

E 2 4 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 8 )

**

**

Fig 9. Avaliação do volume urinário 2 horas após depleção de sódio e do volume total em 24

horas após o experimento. Dados expressos como média±SEM e analisados por anova de duas

vias, seguido de pós-teste de Bonferroni. O símbolo * (asterisco) indica a diferença entre os

grupos em função do tempo, em que *p<0,0001.

Avaliamos também o volume urinário após a depleção de sódio com furosemida para

confirmação da eficácia do modelo. Assim observamos nas duas primeiras horas um aumento da

diurese, como era esperado. No entanto, não foi observado efeito em função da dose do hormônio

estrogênico mas somente em função do tempo de avaliação.

A furosemida é um potente agente salurético e caliurético que atua no ramo ascendente da

alça de Henle, interferindo com a reabsorção ativa de sódio. Determina também grande parte da

diurese e natriurese, produzindo depleção de água e de sódio, sendo poderoso estímulo do

sistema renina-angiotensina aldosterona ( DENTON, 1984; FITZSIMONS, 1998).

Se fossem observados diferentes níveis plasmáticos de vasopressina em função da dose de

estrógeno administrada poderíamos ter observado diferença no volume urinário após a depleção

de sódio.

53

6.6 Avaliação do efeito do estradiol sobre comportamento de ingestão cumulativa de água e

salina hipertônica após a reapresentação dos fluidos

A tabela 8 mostrada a seguir refere-se à figura 10 ( Avaliação da ingestão cumulativa de

salina hipertônica nos animais injetados com salina isotônica).

Tabela 8. Ingestão salina (1,8%)

Comparações de grupos 15 min 30 min 60 min 120 min 180 min

E2 40-salina vs. óleo-salina

1,43 ± 0,4

vs. 0,51 ±

0,2 ml ,

*p<0,0001

1,59 ± 0,45

vs. 0,64 ±

0,26 ml ,

*p<0,0001

1,73 ± 0,48

vs. 0,73 ±

0,29 ml ,

*p<0,0001

2,0 ± 0,48

vs. 1,68 ±

0,37 ml ,

*p<0,0001

2,14 ± 0,52

vs. 1,22 ±

0,29 ml ,

*p<0,0001

E2 2,5–salina vs. óleo

1,43 ± 0,4

vs. 0,51 ±

0,2 ml ,

*p<0,0001

1,36 ± 0,32

vs. 0,64 ±

0,26 ml ,

*p<0,0001

1,48 ± 0,35

vs. 0,73 ±

0,29 ml

*p<0,0001

1,68 ± 0,37

vs. 1,02 ±

0,29 ml ,

*p<0,0001

1,87 ± 0,39

vs. 1,22 ±

0,29 ml ,

*p<0,0001

E2 10-salina vs. óleo-salina _____

1,02 ± 0,25

vs. 0,64 ±

0,26 ml ,

*p<0,05

_______

_______

1,62 ± 0,3

vs. 1,22 ±

0,29 ml ,

*p<0,05

Comparações de grupos ( Cont.) 240 min 300 min

E2 40-salina vs. óleo-salina

2,3 ± 0,52

vs. 1,38 ±

0,36 ml ,

*p<0,0001

2,4± 0,54

vs. 1,5 ±

0,34 ml ,

*p<0,0001

E2 2,5-salina vs. óleo

1,96± 0,42

vs. 1,38 ±

0,36 ml ,

*p<0,001

,98 ± 0,42

vs. 1,5 ±

0,34 ml ,

*p<0,01

54

T e m p o ( m in u to s )

Ing

es

tão

de

sa

lin

a (

ml/

10

0 g

)

1 5 3 0 6 0 1 2 0 1 8 0 2 4 0 3 0 0

0

1

2

3

4

ó le o -s a lin a (n = 7 )

E 2 2 ,5 s a lin a (n = 8 )

E 2 1 0 ,0 - s a lin a (n = 6 )

E 2 4 0 ,0 - s a lin a (n = 8 )* *

*

*

** *

Fig 10. Avaliação da ingestão de salina hipertônica (1,8%) aos animais que receberam injeção de

veículo (salina isotônica), dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à

avaliação cumulativa. Dados expressos por médias ±SEM, Anova two way medidas repetidas e

pós-teste de Bonferroni. O símbolo * (asterisco) indica as diferenças em relação ao grupo

controle (ver tabela 8 para consulta).

Observamos que a privação do acesso ao bebedouro de salina hipertônica por 24 horas

desencadeou uma sutil avidez por sal em diferentes tempos de avaliação. Verificamos ainda que a

dose alta EC 40 apresentou maior consumo de salina em comparação com as demais doses. Esse

comportamento de avidez pelo sódio pode ser devido à diluição do plasma nas 24 horas

anteriores ao experimento. Supomos que possa haver diferentes níveis de hemodiluição devido

aos diferentes status estrogênicos.

Quanto à ingestão de salina hipertônica do grupo que recebeu administração de

furosemida observamos que houve efeito dose-resposta em todos os tempos avaliados

considerando as doses de 10 µg/kg e de 2,5 µg/kg em relação ao controle.

55

A tabela 9 a seguir refere-se à figura 11 (avaliação da ingestão cumulativa de salina

hipertônica pelos animais depletados de sódio).

Tabela 9. Ingestão salina (1,8%)

Comparações de grupos 15 min 30 min 60 min 120 min 180 min

E2 2,5- furo vs. óleo-furo

________

________

_________

3,12 ± 0,65

vs. 2,47 ±

0,74 ml ,

*p<0,05

3,33 ± 0,68

vs. 2,55 ±

0,77 ml ,

*p<0,01

E2 10-furo vs. óleo-furo

2,0 ± 0,3

vs. 1,12 ±

0,50 ml ,

*p<0,01

2,65 ± 0,33

vs. 1,82 ±

0,62 ml ,

*p<0,01

3,16 ± 0,35

vs. 2,12 ±

0,66 ml ,

*p<0,0001

3,67 ± 0,40

vs. 2,47 ±

0,74 ml ,

*p<0,0001

3,90 ± 0,39

vs. 2,55 ±

0,77 ml ,

*p<0,0001

Comparações de grupos ( Cont.) 240 min 300 min

E2 10-furo vs. óleo-furo

4,24 ± 0,45

vs. 2,65 ±

0,78 ml ,

*p<0,0001

4,25 ± 0,46

vs. 2,99 ±

0,74 ml ,

*p<0,0001

E2 2,5-furo vs. óleo-furo

3,51 ± 0,71

vs. 2,65 ±

0,78ml

*p<0,01

_________

T e m p o ( m in u to s )

Ing

es

tão

de

sa

lin

a c

um

ula

tiv

a (

ml/

10

0 g

)

1 5 3 0 6 0 1 2 0 1 8 0 2 4 0 3 0 0

0

1

2

3

4

5

ó le o fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 2 ,5 fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 1 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 1 0 )

E 2 4 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 7 )

**

**

** *

Fig 11. Avaliação da ingestão de salina hipertônica (1,8%) aos animais que receberam injeção de

furosemida (20 mg/kg), dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à avaliação

56

cumulativa. Dados expressos por médias ±SEM, Anova two way medidas repetidas e pós-teste de

Bonferroni.O símbolo *(asterisco) representa as comparações em relação ao grupo controle.

Retornar à tabela 9 para verificar os dados estatísticos.

Após o desafio hidroeletrolítico percebemos que o grupo tratado com a dose de 40 µg/kg

apresentou menor consumo de salina hipertônica sob estímulo. Isso poderia ser explicado pela

elevada ingestão de salina já em condição basal e desse modo podemos supor que os níveis

plasmáticos de sódio já estavam elevados anteriormente, e supostamente a necessidade de busca

pelo sódio sob estímulo seria menor. Além disso, é bastante provável que nesse grupo os

mecanismos que favorecem a retenção de íons sódio e também de água estejam mais

sensibilizados para restauração de volume sanguíneo, pois a reposição com a dose alta (40 µg/kg)

provavelmente resultaria em hipernatremia. Por isso, quando os níveis estrogênicos estão altos

não há um significativo apetite pelo sódio.

Já o grupo tratado com a dose de 10 µg/kg apresentou significativo apetite ao sódio, pois

já em condições basais a ingestão espontânea de sal era baixa, logo seus níveis plasmáticos de

sódio também eram possivelmente mais baixos. Assim, após o desafio houve uma ativação

significativa do sistema-renina angiotensina aldosterona, desencadenando o apetite pelo sódio.

Na ingestão cumulativa de água do grupo que recebeu salina houve efeito dose-resposta

no tempo de 300 min entre os grupos E2 10 vs. Óleo (0,63 ± 0,13 vs. 0,38± 0,20 g, *p<0,05).

57

T e m p o ( m in u to s )

Ing

es

tão

de

ág

ua

cu

mu

lati

va

( m

l/1

00

g)

1 5 3 0 6 0 1 2 0 1 8 0 2 4 0 3 0 0

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

1 .0

ó le o -s a lin a (n = 7 )

E 2 2 ,5 s a lin a (n = 8 )

E 2 1 0 ,0 - s a lin a (n = 6 )

E 2 4 0 ,0 - s a lin a (n = 8 )

*

Fig 12. Avaliação da ingestão de água aos animais que receberam injeção de veículo

(salina isotônica), dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à avaliação

cumulativa. Dados expressos por médias ±SEM, Anova two way medidas repetidas e pós-teste de

Bonferroni.

Neste parâmetro somente a dose intermediária (10 µg/kg) apresentou maior consumo de

água. O consumo de água foi baixo em todos os grupos, pois houve acesso ao bebedouro de água

nas 24 horas anteriores ao experimento, logo não houve hiperosmolalidade por isso o estímulo de

sede bem como o comportamento dipsogênico não foram desencadeados. Além disso, muito

provavelmente ocorreu a diluição do plasma nesses animais, o que torna o seu apetite mais

favorável ao sódio e não à água.

A seguir apresentamos a tabela 10 que se relaciona com a figura 13 (avaliação da ingestão

de água pelo grupo depletado de sódio).

58

Tabela 10. Ingestão água (1,8%)

Comparações de grupos 60 min 120min 180 min 240 min 300 min

E2 2,5-furo vs. óleo-furo

_______

________

1,18 ± 0,28

vs. 0,73 ±

0,34 ml

*p<0,05

1,21 ± 0,28

vs. 0,80 ±

0,33 ml ,

*p<0,05

________

E2 40- furo vs. óleo-furo

1,05 ± 0,20

vs. 0,43 ±

0,21 ml,

*p<0,001

1,45 ± 0,24

vs. 0,68 ±

0,32 ml,

*p< 0,0001

1,56 ± 0,25

vs. 0,73 ±

0,34 ml,

*p< 0,0001

1,57 ± 0,24

vs. 0,80 ±

0,33 ml,

*p< 0,0001

1,56 ± 0,24

vs. 0,86 ±

0,35 ml,

*p< 0,0001

E2 10-furo vs. óleo-furo

0,91 ± 0,24

vs. 0,43 ±

0,21 ml ,

*p< 0,01

1,30 ± 0,29

vs. 0,68 ±

0,32 ml ,

*p<0,001

1,45 ± 0,29

vs. 0,73 ±

0,34 ml

*p< 0,0001

1,64 ± 0,27

vs. 0,80 ±

0,33 ml

*p< 0,0001

1,64 ± 0,27

vs. 0,86 ±

0,35 ml

*p<0,0001

T e m p o ( m in u to s )

Ing

es

tão

de

ág

ua

cu

mu

lati

va

( m

l/1

00

g)

1 5 3 0 6 0 1 2 0 1 8 0 2 4 0 3 0 0

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

ó le o fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 2 ,5 fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 1 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 1 0 )

E 2 4 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 7 )

*

**

* *

Fig 13 Avaliação da ingestão de água aos animais que receberam injeção de furosemida (20

mg/kg), dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à avaliação cumulativa.

Dados expressos por médias ±SEM, Anova two way medidas repetidas e pós-teste de Bonferroni.

O símbolo *(asterisco) indica as comparações com o grupo controle. É importante retornar à

tabela 10 para melhor compreensão dos dados.

59

Avaliamos neste gráfico o papel do estrógeno em modular o comportamento dispsogênico

sob estímulo de depleção de sódio. Lembramos que neste modelo há tanto perda de água quanto

perda de sódio, ocorrendo primeiramente o apetite ao sódio seguida da ingestão de água.

Observamos que o modelo ocasionou em hiperosmolalidade plasmática, sendo esse um

importante estímulo para sede e liberação de vasopressina.

Assim podemos supor que as três doses hormonais provocaram diferentes níveis de

hemodiluição e consequentemente diferentes necessidades de reposição de água ou sódio. Sabe-

se que o estrógeno diminui o limiar osmótico para liberação de vasopressina, logo é provável que

um elevado nível estrogênico seja capaz de ocasionar a liberação de AVP mais facilmente. Além

disso, os neurônios osmossensitivos podem ser mais sensibilizados aos efeitos dipsogênicos da

ANG II, por isso também o consumo de água é maior em níveis estrogênicos altos sob estímulo

osmótico.

Não encontramos diferença significativa entre os grupos com relação à preferência por

sódio, no entanto percebemos que a dose de 10 µg/kg e de 40 µg/kg apresentaram um percentual

de preferência levemente menor que a dose baixa 2 µg/kg e que o controle.

60

6.7 Avaliação da influência da reposição hormonal sobre a preferência por sódio

pelos grupos controle e depletados.

Pre

ferê

nc

ia p

elo

dio

(%

)

ó le o E C 2 ,5 E C 1 0 ,0 E C 4 0 ,0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

ó le o fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 2 ,5 fu ro s e m id a (n = 8 )

E 2 1 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 1 0 )

E 2 4 0 ,0 fu ro s e m id a (n = 7 )

Fig 14 Avaliação da preferência por sódio dos animais que receberam injeção de furosemida (20

mg/kg), dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à avaliação cumulativa.

Dados expressos por médias ±SEM, Anova one way medidas repetidas e pós-teste de Bonferroni.

O índice de preferência é um parâmetro para avaliar a tomada de decisão dos animais na

busca pela restauração do volume após o desafio hidroeletrolítico, em que observamos a

preferência pelo sódio como era esperado.

A dose alta e também a dose intermediária podem ter atenuado a preferência pelo sal.

Não encontramos diferença significativa entre os grupos que receberam a injeção de

salina isotônica com relação à preferência por sódio, no entanto verificamos que mesmo a

ausência do bebedouro de salina hipertônica por 24 horas é capaz de promover a preferência ao

sódio.

Também percebemos que a dose de 10 µg/kg apresentou um percentual de preferência

levemente menor que as demais doses e que o controle.

61

Pre

ferê

nc

ia p

elo

dio

(%

)

ó le o E C 2 ,5 E C 1 0 .0 E C 4 0 .0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

ó le o -s a lin a (n = 7 )

E 2 2 ,5 s a lin a (n = 8 )

E 2 1 0 ,0 s a lin a (n = 6 )

E 2 4 0 ,0 s a lin a (n = 8 )

Fig 15 Avaliação da preferência por sódio dos animais que receberam injeção de veículo (salina

isotônica ), dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à avaliação cumulativa.

Dados expressos por médias ±SEM, Anova one way e pós-teste de Bonferroni.

6.8 Avaliação da reposição hormonal sobre o volume urinário após 2 horas de

representação de fluidos.

Não observamos nenhuma alteração significativa no volume urinário 2 horas após a

reapresentação de fluidos. No entanto a avaliação do volume urinário nas duas primeiras horas

após a oferta de fluidos nos permite compreender se a excreção urinária de sódio voltou aos

níveis normais. Vamos analisar esses dados em experimentos futuros.

62

Vo

lum

e u

rin

ário

2 h

ora

s

ap

ós

re

ap

re

se

ão

de

flu

ido

s

( m

l/1

00

g)

s a lin a fu r o s e m id a

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

ó le o (n = 7 )

E C 2 ,5 (n = 8 )

E C 1 0 ,0 (n = 6 )

E C 4 0 ,0 (n = 7 )

Fig 16 Avaliação do volume urinário 2 horas após a reapresentação dos fluidos. Os animais

ficaram sob dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à avaliação. Dados

expressos por médias ±SEM, Anova one way e pós-teste de Bonferroni.

6.9 Avaliação do efeito da reposição hormonal com diferentes doses de estrógeno sobre a

osmolalidade plasmática e concentração de sódio plasmático no 8º dia do experimento

Não foi observada alteração na osmolalidade plasmática dos animais, que ficou próxima

aos níveis normais (290 mOsm) , no entanto como os animais tiveram acesso ao bebedouros com

água destilada nas 24 horas anteriores supomos que houve uma diluição do plasma.

Não temos os dados de dosagens hormonais a tempo de inserir na dissertação, mas o

material está coletado para posterior análise. Desse modo, poderemos avaliar os níveis de

vasopressina plasmática que pode nos responder algumas perguntas.

63

Os

mo

lali

da

de

no

8º d

ia (

mO

ms

/kg

H2

O)

s a lin a fu r o s e m id a

2 0 0

2 5 0

3 0 0

3 5 0

ó le o (n = 7 )

E 2 2 ,5 (n = 7 )

E 2 1 0 ,0 (n = 7 )

E 2 4 0 ,0 (n = 7 )

Fig 17 Avaliação da osmolalidade plasmática no 8º dia do experimento. Os animais ficaram em

caixas sob dieta pobre em sódio e água destilada nas 24 horas anteriores à avaliação. Dados

expressos por médias ±SEM, Anova two way e pós-teste de Bonferroni.

Apresentamos a seguir a tabela 11 que se relaciona com a figura 18 (avaliação da

concentração de sódio plasmático).

Tabela 11. Sódio plasmático

Comparações de grupos 8º dia

E2 40-furo vs. óleo-furo

143,14 ± 1,18 vs.

133,86 ± 1,18

mEq/L , Ψp<0,05

Óleo-furo vs. óleo-salina

133,85 ± 1,18 vs.

139,71 ± 0,96

mEq/L , *p<0,01

E2 2,5-furo vs. E2 2,5-salina

136,71 ± 0,64 vs.

142,0 ± 0,62

mEq/L , θp< 0,05

64

O grupo que recebeu a dose alta do hormônio (40 µg/kg) apresentou maior concentração

plasmática de sódio em relação ao controle após a depleção de sódio.

Na

+p

las

tic

o (

mE

q/L

)

s a lin a fu r o s e m id a

1 3 0

1 3 5

1 4 0

1 4 5

1 5 0

ó le o (n = 7 )

E C 2 ,5 (n = 7 )

E C 1 0 ,0 (n = 7 )

E C 4 0 ,0 (n = 7 )

Ψ

Fig 18. Avaliação da concentração de sódio plasmático no 8º dia do experimento na condição de

depleção de sódio. Os animais ficaram em caixas sob dieta pobre em sódio e água destilada nas

24 horas anteriores à avaliação, sendo que o bebedouro de salina hipertônica estava ausente.

Dados expressos por médias ±SEM, Anova two way e pós-teste de Bonferroni. È importante

retornar à tabela 11 para consulta dos valores P equivalentes.

A depleção de sódio promove uma tendência de hemoconcentração devido à desidratação,

no entanto o tratamento com E2 atenua a redução de volume na condição de depleção. Podemos

supor que esse aumento na concentração plasmática de sódio parece influenciar na inibição do

apetite específico para o sódio nos animais depletados. Esses dados corroboram com a Fig, 11

(Avaliação cumulativa do consumo de salina hipertônica após injeção de furosemida)

mencionada anteriormente, em que o consumo de sódio em altos níveis estrogênicos (40 µg/kg)

foi diminuído após o desafio, reforçando que o apetite ao sódio foi reduzido , porém não foi

diferente do controle.

Podemos supor que altos status estrogênicos associados com a desidratação favorecem a

ativação de mecanismos fisiológicos relacionados com a reabsorção renal de sódio e redução da

65

natriurese como aumento dos níveis de aldosterona, diminuição dos níveis de OT e ANP, o que

auxiliaria na retenção de sódio. Mais estudos são necessários para avaliar esse parâmetro.

Ao compararmos a concentração plasmática de sódio nos animais injetados com a salina

isotônica não observamos alteração em função da dose de estradiol. E ao observar o consumo de

salina hipertônica sob condições basais (Fig.5) verificamos que o mesmo já estava mais elevado

no grupo EC 40 porém sem alteração significativa. Esse dado sugere que a diluição do plasma

pode ter influenciado neste parâmetro, supostamente porque os animais tiveram acesso ao

bebedouro de água nas 24 horas anteriores ao experimento. No entanto não medimos o consumo

de água durante esse período.

Verificamos que a furosemida promoveu uma significativa redução nos níveis de sódio

plasmáticos nos grupos óleo-furosemida e E2 2,5 furosemida ao compararmos com os seus

respectivos controles que receberam a administração de salina. Essa resposta era esperada. Desse

modo, podemos inferir que a baixa dose do hormônio (2,5 µg/kg) não é suficiente para acionar

mecanismos que favorecem a retenção de sódio.

Além disso, um estudo recente de Hofmeister et al. (2015) demonstrou que a pele

também possui reservatórios para sódio e que este, por sua vez, poderia estar ligado aos

glicosaminoglicanos existentes no músculo esquelético e na epiderme.

A partir da hipótese anterior podemos supor que o estrógeno também poderia aumentar a

síntese dos glicosaminoglicanos em outros reservatórios de sódio e também poderia ser uma

forma de reter mais sódio.

7.0 Conclusões

7.1 Conclusão geral

Nosso estudo sugere que provavelmente o hormônio estrogênico também exerce um efeito

dose dependente em parâmetros comumente avaliados em estudos de regulação hidroeletrolítica e

exerce um efeito modulatório sobre a expressão comportamental dos animais seletivamente na

ingestão alimentar e no volume urinário sob condições basais e nos comportamentos

natriorexigênicos e dipsogênicos após depleção de sódio. Há possibilidade de o estradiol

desempenhar efeitos neuroendócrinos e também genômicos. Tais dados poderiam auxiliar a

elucidar os resultados comportamentais.

66

7.2 Conclusões específicas

1) Os dados sugerem que o estrógeno sensibiliza os neurônios osmosentitivos para

desencadear respostas dipsogênicas e natriurexigênicas da angiotensina II em regiões

cerebrais envolvidas com o controle da homeostase hidroeletrolítica. Um dos possíveis

mecanismos é a influência estrogênica sobre a expressão gênica dos receptores AT1 em

órgãos circunventriculares.

2) A resposta natriorexigênica desencadeada por diferentes níveis hormonais é intensificada

quando há um desafio hidroeletrolítico cuja origem do estímulo é extracelular como

ocorre no modelo de depleção de sódio, ou seja, depende do paradigma experimental

utilizado.

3) Possivelmente, após a depleção de sódio haveria diferentes níveis de diluição do plasma a

partir de diferentes status estrogênicos, no entanto nosso estudo não aferiu essa resposta.

4) O efeito-dose dependente reflete a intensidade com que o sistema renina-angiotensina

aldosterona é sensibilizado.

5) Nossa suposição é que poderia existir um cross-talk intracelular envolvendo diferentes

fatores de transcrição e mecanismos de super-expressão ou de silenciamento gênico entre

sistema renina- angiotensina, estrógeno e níveis hormonais de AVP, OT em neurônios

osmossensitivos para ajuste da osmolalidade - tonicidade dos fluidos corporais.

8.0 Considerações finais e perspectivas

Em experimentos futuros seria interessante investigar os mecanismos intracelulares pelos

quais o estradiol ativa os neurônios osmossensitivos e indiretamente o sistema renina

angiotensina aldosterona após estímulo osmótico pode ser uma maneira - em associação com

dados que já existem na literatura- para explicar o papel do estrógeno em inibir o apetite ao

sódio.Há muitos estudos de comportamento, imunoistoquímicos e mesmo análises hormonais,

mas falta conhecer o que o estrógeno ativa ou inibe em cascatas intracelulares importantes

para ativação dos neurônios osmossensitivos.

Uma outra possibilidade para estudos futuros seria realizar o mesmo protocolo de

reposição hormonal e alterar o paradigma experimental, acrescentando novos desafios como

67

sobrecarga salina, protocolo furocap, oferta de dieta hipossódica ou hiperssódica e avaliar se

há outras respostas possíveis neste contexto.

9.0 Referências bibliográficas

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10.0 Anexos

Parâmetros

(Médias±SEM) Dia -1 Dia 0

Peso corporal

232,3±11,2

235,8±10,6

Ingestão de água

(ml/100 g)

6,7± 2,2

7,2±1,3

Ingestão de salina

(ml/100 g)

8,5±4,1

6,5±3,7

Ingestão de alimento

(g/100 g)

6,7±0,8

6,9±0,9

Volume urinário

(ml/100 g)

8,0±3,7

6,8±2,5

Osmolalidade urinária

(mOsm/kg H2O)

1146±264,3

1137±152,1

Tabela 12. Dados das ratas intactas antes da ovariectomia sob condições basais (n=16)

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