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UFPB - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CCHLA - CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DLCV - DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
ESTUDO DE INADEQUAÇÕES LINGUÍSTICAS EM PRODUÇÕES
ESCRITAS EM PORTUGUÊS POR ESTRANGEIROS
FRANCIELLY RODRIGUES SOARES
Orientador: Profº Dra. MARGARETE VON MUHLEN POLL
JOÃO PESSOA - PB
ABRIL/ 2013
FRANCIELLY RODRIGUES SOARES
ESTUDO DE INADEQUAÇÕES LINGUÍSTICAS EM PRODUÇÕES
ESCRITAS EM PORTUGUÊSPOR ESTRANGEIROS
Trabalho apresentado ao Curso de
Licenciatura Plena em Letras com
habilitação em Língua Portuguesa para
obtenção parcial da conclusão de curso.
Profª Drª Margarete von Mühlen Poll, orientadora
JOÃO PESSOA - PB
ABRIL/ 2013
Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade Federal da Paraíba.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
Soares, Francielly Rodrigues
Estudo de inadequações linguísticas em produções escritas em português
por estrangeiros / Francielly Rodrigues Soares. - João Pessoa, 2013.
84 f. : il.
Monografia (Graduação em Letras) – Universidade Federal da
Paraíba - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.
Orientadora: Profª. Drª. Margarete Von Mühlen Poll.
1. Português – Língua estrangeira. 2. Inadequações linguísticas. 3.
Aprendentes de português. I. Título.
BSE-CCHLA CDU 81’243
FRANCIELLY RODRIGUES SOARES
ESTUDO DE INADEQUAÇÕES LINGUÍSTICAS EM PRODUÇÕES
ESCRITAS EM PORTUGUÊS POR ESTRANGEIROS
Aprovado em: ____/____/____
Banca Examinadora
_____________________________________________________________
ProfªDra. Margarete Von Muhlen Poll,
DLCV UFPBOrientador
_____________________________________________________________
Profº Dr. Cirineu Cecote Stein
DLCV UFPB
Examinador
_____________________________________________________________
Profª Dra. Mônica Mano Trindade Ferraz
DLCV - UFPB
Examinadora
Agradecimentos
A Deus, por ter me concedido a graça de viver.
Aos meus pais, Assis e Rosilene, e às minhas irmãs,
Ruthiele e Anniely,por estarem sempre me apoiando em
minhas decisões e em todos os momentos da vida.
À Professora Margarete von Mühlen Poll, pela dedicada
orientação e pela amizade.
À Professora Fátima Melo, pelo aprendizado na área de
Sintaxe e pelas contribuições.
A todos os amigos que fiz durante a graduação e durante a
minha permanência no PLEI.
Aos verdadeiros amigos, pela alegria de tê-los sempre ao
meu lado em todas as circunstâncias da vida.
A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente
no meu desenvolvimento profissional e no meu
engrandecimento como pessoa.
"... Professores há aos milhares. Mas professor é
profissão, não é algo que se define por dentro,
por amor. Educador, ao contrário, não é
profissão; é vocação. E toda vocação nasce de
um grande amor, de uma grande esperança.”
Rubem Alves
RESUMO
Esta pesquisa realiza um estudo sobre as inadequações linguísticas encontradas em
produções textuais escritas de aprendentes de português como língua estrangeira. Para a
realização das análises, utilizamos provas de nivelamento dos níveis pré-intermediário e
avançado produzidas por falantes de espanhol, inglês e alemão como língua materna do
Programa Linguístico-Cultural para Estudantes Internacionais – PLEI, da UFPB. A
finalidade deste estudo é identificar,nessas produções textuais escritas,quais os casos de
maior recorrência de inadequações linguísticas no que se refere à ortografia, à
concordância e à regência da língua portuguesa. O estudo visa, também, identificar se as
inadequações linguísticas evidenciadas nas produções escritas dos aprendentes de PLE
do nível Pré-intermediário prevalecem no nível avançado.
Palavras-chave: Inadequações lingüísticas. Aprendentes de português. Português como
língua estrangeira.
ABSTRACT
This paper carries a study about linguistic inadequacies found in written textual
productions of learners of Portuguese as a foreign language (PFL). To perform this
analyses, were used pre-intermediate and advanced leveling texts produced by Spanish,
English and Germans speakers from Programa Linguístico-Cultural para Estudantes
Internacionais – PLEI, from UFPB. It aims to identify, on these written textual
productions, what are the most frequent cases of linguistics inadequacies as regards the
spelling, concordance and regency of Portuguese. The study also aims to identify if
these linguistic inadequacies evidenced on PFL learners written productions prevailed
through the advanced level.
Key-words: Linguistics inadequacies, learners of portuguese, Portuguese as a foreign
language.
LISTA DE ABREVIAÇÕES
PLE – Português como língua estrangeira
PLEI – Programa linguístico cultural para estudantes internacionais
LM – Língua materna
LE – Lingua estrangeira
1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 2
1. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 4
1.1. O Ensino de PLE .................................................................................................... 4
1.2 Ortografia ................................................................................................................ 6
1.3 Regência .................................................................................................................. 8
1.3.1 Regência verbal ................................................................................................ 9
1.3.3 Regência Nominal .......................................................................................... 11
1.4 Concordância ........................................................................................................ 13
2. METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................... 13
2.1 Delineamento da pesquisa .................................................................................... 13
2.2 Coleta de dados ..................................................................................................... 15
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 16
3.1 Análise das Tabelas .............................................................................................. 17
3.1.1 Inadequações Ortográficas ............................................................................. 21
3.1.2. Inadequações de concordância ...................................................................... 23
3.1.2.1. Concordância nominal................................................................................ 23
3.1.2.2 Concordância verbal .................................................................................... 25
3.1.3. Inadequações de Regência ........................................................................ 25
3.1.3.1. Regência Nominal ...................................................................................... 25
3.1.3.2. Regência verbal .......................................................................................... 26
3.2 Análise dos gráficos .............................................................................................. 27
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 36
APÊNDICES ................................................................................................................. 37
APÊNDICE A - Transcrições das inadequações linguísticas retiradas de provas de
nivelamento de aprendentes de português como língua estrangeira ........................... 37
Apêndice B - Tabelas para quantificação dos casos de inadequações linguísticas
verificadas em provas de nivelamento de alunos de PLE ........................................... 47
ANEXOS ........................................................................................................................ 51
2
INTRODUÇÃO
O presente trabalho observa fatos linguísticos que apresentam maior recorrência
de inadequações em produções textuais realizadas por aprendentes de português como
língua estrangeira (PLE). Neste estudo, realizamos um levantamento através do qual se
pretende apresentar um diagnóstico das principais dificuldades encontradas por alunos
de português como língua estrangeira na produção textual em língua portuguesa.
A partir da atuação da autora desta pesquisa como professora em turmas de PLE dos
níveis Pré-intermediário e Avançado foi possível perceber que os casos de maior
ocorrência de inadequações em produções textuais escritas são: Ortografia,
Concordância (nominal e verbal) e Regência nominal e verbal. Além disso, através do
interesse da referida autora pelo ensino de questões relacionadas à Sintaxe e à
Ortografia da Língua portuguesa, optamos por investigar as inadequações linguísticas
recorrentes em produções escritas de alunos de PLE, falantes de inglês, espanhol e
alemão.
Analisamos a ocorrência de inadequações de ortografia, de concordância e de
regência nominal e verbal. Ou seja, analisamos se a grafia desses aprendentes de PLE é
realizada de acordo com as normas ortográficas da língua portuguesa e também se
aqueles estabelecem as relações de concordância nominal (flexão de gênero e número),
de concordância verbal (flexão de número e pessoa) e de regência (uso das preposições
conforme às exigências dos termo regentes – nome ou verbo). Averiguaremos em quais
fatos linguísticos acima há maior recorrência de (in)adequações em relação à norma
padrão da língua portuguesa.
Neste estudo, utilizamos textos das provas de nivelamento de alunos do Programa
Linguístico-cultural para Estudantes Internacionais – PLEI, da Universidade Federal da
Paraíba. Essas provas são realizadas para avaliar o conhecimento de língua portuguesa
dos interessados em fazer um curso de português para estrangeiros, com vistas ao
ingresso em um dos níveis de ensino oferecidos pelo Programa: Básico, Pré-
intermediário, Intermediário e Avançado. Para este estudo, valemo-nos de provas dos
níveis Pré-intermediário e Avançado realizadas por falantes de espanhol, inglês, alemão
como língua materna.
3
Através deste estudo, observaremos a ocorrência dos casos de (in)adequação dos
fatos linguísticos acima mencionados que apresentam maior recorrência dentro dos
níveis de ensino em estudo. Observaremos também se, nos dois níveis em estudo aqui,
os fatos de maior recorrência de inadequação são os mesmos no nível Pré-intermediário
e no nível Avançado.
Para tal pesquisa é fundamental recorrermos aos conceitos dos fatos linguísticos
aqui estudados apresentados por gramáticos tradicionais da língua portuguesa. Vale
ressaltar, ainda, que não é objetivo desta pesquisa explicitar todas as regras de
ortografia, concordância e regência abordadas pelas gramáticas, mas apenas apresentar
os conceitos necessários ao desenvolvimento desta pesquisa.
Entendemos que, com a identificação dos casos em que os alunos aprendentes de
português como língua estrangeira apresentam dificuldades de ortografia,
deconcordância e de regência e com a identificação dos casos de maior prevalência de
dificuldade, será possível direcionar o ensino de português a esses alunos com vistas a
sanar os pontos específicos de dificuldade. Além disso, será possível formular material
didático com vistas ao melhoramento do desempenho linguístico-gramatical dos alunos
no que diz respeito a esses fatos linguísticos em estudo aqui.
Este trabalho compõe-se de quatro capítulos, conforme segue. O primeiro refere-
seao ensino de PLE e aos conceitos apresentados por gramáticos tradicionais sobre a
ortografia, concordância nominal e verbal e regência nominal e verbal da língua
portuguesa. No primeiro capítulo, na sessão destinada ao Ensino de PLE, não
pretendemos tratar da história dessa modalidade de ensino de língua portuguesa, nem
abordar novas perspectivas para o ensino de português como língua estrangeira. No
entanto, objetivamos, nesse tópico, tratar do ensino de PLE observando o aspecto da
proximidade entre a língua materna do aprendente e a língua estrangeira em
aprendizado. O segundo capítulo aborda a metodologia utilizada para realização desta
pesquisa. O terceiro capítulo destina-se à análise de algumas inadequações dos fatos
linguísticos acima referidos, verificados em textos de aprendentes de PLE. O quarto
capítulo apresenta as considerações finais sobre as análises realizadas e ao aborda
importância do ensino dos fatos linguísticos estudados aqui aos aprendentes de
português como língua estrangeira.
4
1. REVISÃO DA LITERATURA
1.1.O Ensino de PLE
No que tange ao ensino de português a falantes de outras línguas, conforme afirma
Petrova (2010), um aspecto a ser observado por professores desse grupo é o fato de
esses aprendentes de português terem como primeira língua uma língua tipologicamente
próxima ou distante da nossa. É fato que o aprendizado de português por falantes de
línguas neolatinas e de línguas não próximas ao português exige aborgagens de ensino
diferentes, uma vez que a organização sintática, a formação do léxico, a estrutura
mórfica e a pronúncia dos fonemas apresentam diferenças substanciais entre línguas de
troncos diferentes ao passo que as de tronco semelhantes não apresentam diferenciação
tão substanciais.
Ferreira (1995, p. 40- 41), recorrendo às contribuições teóricas de Selinker (1972),
afirma que, em se tratando do ensino de línguas tipologicamente próximas, como o
Português e o Espanhol, é possível encontrar resquícios, marcas, provenientes da
transferência da língua materna para língua-alvo. Sendo assim, o aprendente da língua
estrangeira, muitas vezes, mistura elementos lexicais (falsos cognatos) de sua LM
(Língua materna) com a LE (língua estrangeira) em aprendizado.
Em 1972, Selinker propôs o nome interlíngua para definir sistemas
intermediários entre a língua materna e a língua-alvo, e que possuem
características próprias sendo influenciados não só por transferências
de língua materna, como por outros fatores, inclusive elementos da
própria interlíngua. (FERREIRA, 1995, p. 40).
Diante do exposto, poderíamos pensar que a semelhança entre as línguas materna
e a alvo facilitaria a compreensão e isso, possivelmente, seria um aspecto simplificador
no processo de aquisição de uma LE. Porém, na verdade, essa proximidade entre as
línguas torna-se, muitas vezes, um obstáculo para o aprendente. A esse fenômeno
Ferreira (2002) denomina transferência negativa,um fator que poderia ser considerado
facilitador no processo de ensino aprendizagem, mas que se torna uma transferência que
se fossiliza e não se amplia em direção à língua-alvo.
Entretanto, no processo de ensino aprendizagem do português para falantes de
línguas tipologicamente distantes é menos provável que ocorra a transferência de
elementos da LM para a LE, já que os falantes dessas línguas, aprendentes de português,
5
não possuem uma interlíngua que supra suas necessidades comunicativas imediatas.Nos
casos de ensino de línguas tipologicamente distantes, a exemplo do inglês e do alemão,
o aluno não consegue acessar estratégias para a compreensibilidade do idioma que está
aprendendo, a não ser que já tenha adquirido um nível razoável de conhecimento da
língua alvo. Também, a não possibilidade de emprego de uma interlíngua, uma vez que,
quando, na intenção de empregar a língua alvo, fizer uso de uma interlíngua, o aluno
não se fará compreensível, visto que seus interlocutores não dominam uma das línguas
com a qual a interlíngua é formada.
Desse modo, como afirma Petrova (2010), é através da compreensão de como é
realizado determinado ponto gramatical na língua alvo que o aprendente será capaz de
aplicá-lo em seu uso da segunda língua. Trata-se de estudar a forma de emprego de
determinado fato linguístico em aprendizado.
Na aprendizagem do português como língua estrangeira, podemos destacar como
pontos críticos a arbitrariedade do gênero dos substantivos, a ortografia, a concordância
verbal e nominal, a regência verbal e nominal, o emprego dos tempos verbais e a
distinção entre o verbo ser e estar.A distinção do gênero nos substantivos é uma
convenção estabelecida por uma tradição, ou seja, não há uma explicação científica que
justifique, por exemplo, por que palavras como sol, céu, universo são substantivos do
gênero masculino. Nesta pesquisa, restringir-nos-emos ao estudo de questões
relacionadas à ortografia, concordância e regência (nominal e verbal).
Embora o estudo da forma tenha ficado em segundo plano nas discussões sobre
ensino de língua, nas últimas décadas, e até recebido críticas, sua realização nas salas de
aula continua sendo o foco central das aulas de língua estrangeira, principalmente no
que diz respeito à gramática da língua em aprendizado.
Na aprendizagem de uma língua estrangeira, um aspecto importante a ser
estudado é o da concordância (nominal e verbal), pois, a partir desse conhecimento o
aluno será capaz de flexionar os nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) em
gênero e número e os verbos em número e pessoa, conforme a norma padrão da língua-
alvo.A regência (nominal e verbal)no ensino de PLE é também um ponto que gera
dificuldade e, devido Ao não conhecimento dos aprendentes das preposições regidas por
um verbo ou por um nome.
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Temos percebido, em discussões realizadas entre professores do PLEI, que a
distinção entre o verbo ser e estar é outro ponto que gera bastantes dificuldades nas
aulas de língua estrangeira porque os alunos não conseguem diferenciar o sentido desses
verbos e, por conseguinte, não percebem que eles requerem usos distintos. Isso ocorre
tanto por alunos que têm o inglês como língua materna quanto por outros que tenham
adquirido a língua posteriormente. No entanto, a noção do emprego do verbo ser e do
verbo estar por falantes de português como língua materna é internalizada sem que o
falante precise de uma operacionalização para tal. Ou seja, seu uso é aprendido
naturalmente e, também por isso, tal assunto não é conteúdo programático nas aulas nas
aulas de português em escolas de formação regular.
Passaremos adiante à abordagem de tópicos relacionados à ortografia e à sintaxe
de concordância e de regência da língua portuguesa. Esses são os pontos gramaticais
que analisaremos nas produções textuais escritas dos aprendentes de PLE. Basear-nos-
emos nos conceitos e na discussão dos referidos tópicos, apresentados por gramáticas
tradicionais.
1.2 Ortografia
Durante o processo de aprendizagem de um novo idioma ou mesmo do idioma
materno, deparamo-nos com algumas questões referentes à escrita correta dos vocábulos
que constituem a língua em aprendizado. Essas questões estão relacionadas à ortografia,
que diz respeito a um conjunto de regras que compõe o sistema gráfico oficial de uma
língua. Conforme Cegalla (2009, p.52), Ortografia “é a parte da Gramática que trata do
emprego correto das letras e dos sinais gráficos na língua escrita”.
Em uma breve explanação sobre a periodização da ortografia da língua
portuguesa, Henriques (2009) afirma que o processo histórico da ortografia do nosso
idioma é dividido em três períodos: a) Período fonético (séc. XII - séc. XVI); b)
Pseudo-etimológico (séc. XVI - XX); c) Histórico-científico (inicia em 1911).
No Período fonético, conhecido como fase arcaica da língua, era aplicada à
escrita a representação da fala, ou seja, a grafia das palavras era baseada na maneira que
as mesmas eram pronunciadas. Por isso, não havia unidade ou sistematização na grafia
7
dos vocábulos, podendo ocorrer de um mesmo vocábulo ser grafado de forma diferente
ou de um mesmo sinal gráfico ser grafado de formas diversas.
A segunda fase foi caracterizada pela revalorização de elementos que já haviam
sido abandonados na escrita. Consoante (Scarton, 2009, p. 26-27), “Diz-se que a
ortografia tem base etimológica quando leva em conta, tanto quanto possível, a origem
etimológica das palavras, suas letras originárias, mesmo que não representem nenhum
valor fonético”. Desse modo, nesse período, houve uma tentativa de aproximação ou
resgate das formas gregas e latinas – a exemplo de palavras como philosofia, theatro,
technico– e o emprego de consoantes duplicadas ou insonoras em vocábulos como
gatto, approximar, bocca.
O terceiro período foi uma fase de simplificação ortográfica, iniciada no Brasilem
1911,com a publicação da Ortografia Nacional,de Aniceto Reis Gonçalves Viana e
chega aos dias atuais. Nessa fase, foram estabelecidas as bases do regime ortográfico
atual. Conforme Cegalla (2005), o sistema ortográfico vigente atualmente é o de Janeiro
1943, sancionado em 1945, revisto em 1971, momento em que ocorreram algumas
alterações de acentuação gráfica. Esse período é marcado pela simplificação de
consoantes dobradas ou insonoras, abolição de símbolos gregos e também se baseia na
etimologia das palavras (processo histórico).
ODecreto-lei nº 6.584, vigente desde janeiro de 2009, estabelece um novo padrão
ortográfico para o nosso idioma. Inicialmente o prazo previsto para adaptação ao novo
acordo seria até janeiro de 2013, mas a vigência obrigatória do mesmo foi adiada pelo
governo para janeiro de 2016. Henriques (2009) afirma que esse acordo consiste em um
tratado internacional com finalidade de uniformizar ortografia dos países que tem a
língua portuguesa como língua oficial (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste). Além disso, o referido
autor considera que a reforma ortográfica visa a facilitar o processo de intercâmbio
cultural, ampliando a divulgação do idioma através da difusão bibliográfica desses
países.
Conforme vimos acima, a ortografia corresponde a um conjunto de regras
impostas arbitrariamente. Ou seja, é produto de uma convenção social,cuja finalidade,
segundo Henriques (2009), é facilitar a comunicação na modalidade escrita entre as
pessoas e não tem compromisso com a modalidade falada, como é abordado na primeira
8
fase histórica de periodização da ortografia da língua portuguesa. Desse modo, a
ortografia é considerada institucionalmente como um dos elementos que constituem a
norma padrão da Língua Portuguesa, é um código a ser seguido e que, assim, tem seu
lugar garantido nas gramáticas tradicionais.
O ensino da ortografia se faz relevante por algumas razões. Como foi destacado
acima, a ortografia é um aspecto da modalidade escrita que compõe a norma padrão e
por isso cabe à escola ou a órgãos educacionais a sistematização desse conhecimento.
Além disso, o sentido de uma palavra poderá ser determinado pela grafia da mesma. É
possível perceber isso através da acentuação gráfica de alguns vocábulos ou dos termos
homófonos da língua portuguesa. Para ilustrar melhor, tomemos como exemplo os
termos homófonos (termos de pronúncia igual), assim, verificamos que a grafia lhes
determina o sentido. Palavras como conserto e concerto possuem significados
diferentes, a primeira significa “reparo” e a segunda “espetáculo” ou “acordo”.
É válido ressaltar, ainda, que o ensino desse tópico linguístico é importante nas
aulas de PLE porque,durante o aprendizado de um idioma, é imprescindível que se
conheça o sistema gráfico da língua-alvo, uma vez que, como foi descrito acima, a troca
de uma letra ou a ausência ou presença de um acento gráfico poderá atribuir à palavra
grafada sentidos distintos. Nessa modalidade de ensino da língua portuguesa (PLE)
podemos encontrar em produções escritas de alunos estrangeiros inadequações
ortográficas decorrentes também de transferências de vocábulos da língua materna do
aprendente para a língua-alvo. Um dos casos de transferência pode ser evidenciado
através do emprego do vocábulo playa (do espanhol) ao invés de praia do português.
Passaremos adiante à discussão de questões relacionadas à regência da língua
portuguesa que é outro aspecto linguístico em estudo nos textos produzidos por
aprendentes de português como língua estrangeira.
1.3 Regência
Um dos fatos gramaticais estudado neste trabalho é a Regência. Luft (2005)
considera que esse termo é derivado do verbo reger, que significa comandar, dirigir,
governar, administrar. O autor ainda afirma que o termo regência, conforme a norma
9
gramatical, pode ser empregado tanto em sentido amplo quanto em sentido restrito. Em
sentido amplo, esse termo está relacionado à subordinação sintática dos elementos na
frase. Essa subordinação sintática ou sintaxe de regência pode ser entendida, de acordo
com Cegalla (2005, p. 483), como as “relações de dependência que as palavras mantêm
na frase”. Nesse sentido, podemos dizer que, nas frases, há palavras que regem
(subordinam) e outras que são regidas (subordinadas). Na seguinte frase Dois alunos
estrangeiros, o substantivo alunos subordina o numeral dois e o adjetivo estrangeiros.
De acordo com Luft (2005), ainda, o processo da concordância na Língua
Portuguesa é, no sentido amplo do termo, um efeito da regência. Desse modo, na
concordância nominal, os artigos, os numerais, os pronomes adjetivos e os(nomes)
adjetivos são chamados termos subordinados pelos (nomes) substantivos, ou seja, o
termo regente (substantivo) impõe as flexões de gênero (-a) e número (-s) às palavras
regidas. No exemplo acima, podemos constatar o estabelecimento da concordância
nominal, através da flexão de número, entre o substantivo alunos e os termos regidos:
dois e estrangeiros. Na concordância verbal, o substantivo, subordina o verbo,
determinando-lhe as flexões de número e pessoa. No exemplo,Os estrangeiros
chegaram, o termo que funciona como sujeito (estrangeiros) rege o verbo chegar que se
encontra flexionado na terceira pessoa do plural, havendo a concordância de número
entre o termo regente e o termo regido.
Conforme Luft (2005, p.5), “em sentido restrito, e mais habitual, o termo regência
serve para designar a subordinação peculiar de certas estruturas a palavras que as
requerem ou prevêem na sua significação ou em seus traços semânticos.” Ou seja,
alguns nomes ou verbos, por não serem auto-suficientes semanticamente exigem
complementação e, a depender da transitividade do verbo, esse complemento subordina
outras estruturas, as preposições. Assim, Luft (2005, p.5) considera a regência como
“exigência ou previsão de complementação”.
1.3.1 Regência verbal
A transitividade verbal está relacionada à exigência do verbo por um
complemento com ou sem preposição. Cegalla (2005) classifica os verbos quanto à
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predicação1 em: intransitivos, transitivos diretos, transitivos indiretos e transitivos
diretos e indiretos (bitransitivos).
Em,O rapaz colocou os livros na estante, segundo Luft (2005), há dois
complementos obrigatórios. Em uma frase em que o referido verbo aparecesse sem
complementação, é possível dizer que seu sentido estaria prejudicado. Para ilustrar
melhor, tomemos como exemplo a seguinte frase: O rapaz colocou. Ao lermos uma
frase dessa natureza, automaticamente poderíamos nos perguntar: “O rapaz colocou o
quê, onde?”. Para responder a essas questões, faz-se necessária a complementação do
referido verbo. O termo livros é, nesse caso, sintaticamente, classificado como objeto
direto, ou seja, trata-se de um complemento verbal não precedido de preposição. Nesse
sintagma, o termo na estante é classificado tradicionalmente como adjunto adverbial de
lugar.
Os elementos que funcionam sintaticamente como adjuntos do verbo ou do nome,
consoante Cegalla (2005), são considerados termos acessórios da oração, ou seja,
desempenham função secundária, podendo ser facilmente retirados sem causar danos ao
sentido da oração. Ainda conforme Cegalla (2005, p. 364), “Adjunto adverbial é o
termo que exprime uma circunstância (de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras
palavras, que modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio”. No entanto,
constatamos, no exemplo acima, que Luft (2005) considera o termo na estante como
complemento obrigatório do verbo colocar. Lima (2006) classifica-o como
complemento circunstancial, ou seja, complemento de natureza adverbial, tão
indispensável à oração quanto os demais complementos verbais.
Segundo Lima (2006), o complemento circunstancial é classificado como termo
integrante da oração, logo, é subordinado ao verbo que o precede. Luft (2005, p. 12)
considera que “há contudo estruturas de circunstância regidas por traços semânticos do
núcleo – ir/ida (de um lugar) a ou para outro”. Entretanto, é importante ressaltar que os
manuais tradicionais de gramática não incorporaram a classificação feita por Luft
1 A predicação verbal conforme Cegala (2005, p. 335) é o “modo pelo qual o verbo forma o
predicado”. Verbos de predicação completa são aqueles que não necessitam de complemento
para ter seu sentido completo (verbos intransitivos). Os verbos de predicação incompleta
necessitam de um complemento com ou sem preposição, pois o sentido deste transita para o
elemento que o complementa. Há também os verbos transitivos que exigem um complemento
sem preposição e um complemento com preposição, são os verbos bitransitivos.
11
(2005) e Lima (2006). No exemplo referido acima, o termo na estante funcionaria
tradicionalmente como adjunto adverbial de lugar. No entanto, verificamos que esse não
desempenha apenas a função de um acessório, ou seja, não pode ser facilmente retirado
da oração sem alterar-lhe o sentido.
1.3.3 Regência Nominal
Luft (2005) afirma que, de forma análoga à regência verbal, a regência nominal
refere-se à previsão de um complemento cuja regência é feita por um nome2 - termo
considerado abrangente, pois compreende várias classes gramaticais, além da mais
habitual: o substantivo.
Luft (2005) explica que, em Foi provado o conluio do diretor com funcionários
nos desfalques do banco, podemos observar que a palavra conluio, em seus traços
semânticos, prevê ou implica ‘combinação ou companhia’ e ‘ato negativo’. Ou seja, o
nome ou substantivo conluio significa conspiração ou combinação para prejudicar
outrem e, por isso, exige a preposição com, uma vez que uma combinação ou
conspiração só é realizada por meio da companhia de alguém ou de algum grupo.
Percebemos que os mesmos complementos regidos pelo substantivo conluio poderiam
ser regidos por outro nome, como conluiado (adjetivo), ou até mesmo por um verbo
derivado desse nome, como conluiar. Assim temos: O diretor esteve conluiado com os
funcionários nos desfalques do banco.
Luft (2005) afirma que, assim como os verbos que exigem, regem ou subordinam
complementos são classificados sintaticamente como transitivos, há nomes derivados de
verbos que também são classificados como transitivos, ou seja, o sentido ou a
significação do mesmo “transita” ou passa para o complemento regido.
Conforme Luft (2005, p. 10), “todos os complementos nominais são indiretos, i.é,
ligados mediante preposição ao nome transitivo”. Para o mesmo autor, nas orações Foi
2 De acordo com Luft (2005), na NGB (Norma Gramatical Brasileira) não consta o termo
“nome” o que consiste em uma lacuna incompreensível pelo fato de nas Gramáticas tradicionais
haver predominância de termos derivados da palavra “nome”: adjuntos adnominais,
concordância nominal, regência nominal, desinência nominal, formas nominais do verbo, entre
outros. No que se refere à regência nominal, o nome que rege ou prevê complementação pode
pertencer às classes de substantivo, adjetivo ou advérbio.
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rápida a colocação dos livros na estante; Todo cidadão deve ser conhecedor das leis;
Fizemos a entregados documentos à polícia,verificamos que os nomes colocação,
conhecedor e entrega são derivados dos verbos transitivos diretos colocar, conhecer e
entregar, respectivamente. Percebemos, ainda, nas construções nominais, que a
preposição de introduz o complemento nominal correspondente ao objeto direto das
construções verbais. De acordo com Luft (2005), podemos verificar que, nas orações
anteriores, a preposição de funciona como um elemento que liga um termo a outro e não
possui semântica própria, podendo ser, nesse caso, classificada como palavra vazia de
sentido. No entanto, a referida preposição pode ser empregada em frases indicando
‘posse’, (o apartamento de Pedro), ‘fim’ (estojo de lápis), ‘causa’ (morrer de fome) etc.
Logo, constatamos que a preposição, além de ligar um elemento a outro, estabelece uma
relação semântica entre o termo regente e o termo regido.
Para Cegalla (2005, p. 268) “preposição é uma palavra invariável que liga um
termo dependente a um termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos.” De
acordo com os exemplos sobre o uso da preposição de do parágrafo anterior,
verificamos que, em algumas situações, a referida preposição pode funcionar apenas
como um elemento de ligação entre um termo e outro, mas, em sua maioria, estabelece
uma relação significativa entre os termos interligados. Assim, Luft (2005) afirma que a
escolha e a variabilidade no uso das preposições não ocorrem de forma aleatória; são os
traços semânticos da palavra regente que comandam a ocorrência desta ou daquela
preposição.
No que se refere à regência verbal, há casos de verbos que possuem mais de uma
regência e ora podem ser classificados como transitivos diretos ora como transitivos
indiretos. A ausência ou presença da preposição pode lhes alterar o sentido. Conforme
Cegalla (2005), o verbo aspirar, por exemplo, é transitivo direto (complemento sem
preposição) no sentido de inalar, sorver, tragar (ar, perfume, pó), etc. Quando
transitivo indireto, exige a preposição a e tem sentido de pretender, almejar.
Em suma, conforme Luft (2005), a regência pode ser empregada sob duas
acepções: ampla e restrita. Na acepção ampla da regência verbal, o verbo rege todos os
termos da oração e, na acepção restrita, o verbo rege apenas os complementos, sendo
estes precedidos ou não de preposição. Assim, no que se refere à relação de dependência
13
entre verbo e complemento, Cegalla (2005, p. 484) considera que “Regência é o modo
pelo qual um termo rege o outro que o complementa”. Quando o termo regente for um
nome, o tipo de regência será nominal, quando um verbo, regência verbal.
1.4 Concordância
Como foi discutido acima, Luft (2005) considera o processo de concordância como
um efeito da Regência em sua acepção ampla, ou seja, nesse caso a regência equivale à
subordinação sintática dos elementos na frase.
Em Considerações Iniciais, Bechara (2004, p.543) considera que, “a concordância
consiste em se adaptar a palavra determinante ao gênero, número e pessoa da palavra
determinada”. Para o mesmo autor, há dois tipos de concordância, a concordância
verbal e a concordância nominal.
Conforme Cegalla (2005, p. 438) “concordância é o princípio sintático segundo o
qual as palavras dependentes se harmonizam, nas suas flexões, com as palavras de que
dependem”. Logo, quando os adjetivos, pronomes, artigos, numerais estiverem regidos
ou concordando com os substantivos a que se referem, teremos a concordância
nominal. Na concordância verbal, é o verbo que concordará com o sujeito em número e
pessoa. Segundo Cunha e Cintra (1995, p.485) “a concordância evita a repetição do
sujeito, que pode ser identificado pela flexão verbal a ele ajustadas”.
Vale ressaltar que para fins desse trabalho, o objetivo não é apresentar e discutir
todas as regras de concordância, mas apresentar os conceitos das mesmos e os casos
gerais.
2. METODOLOGIA DA PESQUISA
2.1Delineamento da pesquisa
Nesta pesquisa, realizamos uma investigação empírica de inadequações linguísticas
ocorridas em textos produzidos por estudantes estrangeiros falantes de inglês, espanhol
e alemão, aprendentes de Língua Portuguesa. Dividimos este estudo em duas etapas. A
primeira etapa consistiu-se na categorização dos fatos que apresentaram inadequações
lingüísticas, ou seja, que não seguem a norma padrão em estudo.
14
Em um segundo momento,realizamos um levantamento do número de casos de
inadequações de cada fato linguístico em estudo aqui (objeto de pesquisa deste
trabalho). A partir dos resultados obtidos através deste estudo, identificamos os casos de
prevalência de maior e de menor número de inadequações. Assim, será possível
verificar os fatos linguísticos com os quais os alunos dos grupos acima referidos,
apresentam maiores dificuldades, possibilitando justificar a relevância de abordar tais
aspectos nas aulas de português como língua estrangeira.
No decorrer da atuação da autora deste trabalho como professora, em turmas
português como língua estrangeira,dos níveis Pré-intermediário e Avançado foi possível
perceber que os casos de maior ocorrência de inadequações são: Ortografia,
Concordância (nominal e verbal) e Regência nominal e verbal. A partir dessa
experiência do interesse pelo ensino de questões relacionadas à Sintaxe e à Ortografia
da Língua portuguesa,optamos por investigar as inadequações linguísticas recorrentes
em produções escritas de alunos de PLE, falantes de inglês, espanhol e alemão.
Para a realização deste estudo, utilizamos textos das provas de nivelamento de
alunos3matriculados no Programa Linguístico-cultural para Estudantes Internacionais –
PLEI, vinculado ao DLCV (Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas) da
Universidade Federal da Paraíba, que tem por objetivo principal oferecer cursos de
língua portuguesa, Cultura brasileira e preparação para o exame CELPE-BRAS
(Certificado de Proficiência em Português para estrangeiros) aos estudantes
conveniados a programas de intercâmbio na UFPB que cumpram as seguintes
condições: a) estudantes intercambistas conveniados com a UFPB; b) estudantes
conveniados ao Programa PEC-G4; c) estrangeiros residentes no Brasil, com visto
permanente.Nesses cursos, são oferecidas disciplinas de língua portuguesa, totalizando
uma carga horária de 60 horas semestrais, divididas nos níveis: Básico, Pré-
intermediário, Intermediário e Avançado.
3 Empregaremos, aqui, o termo aluno para nos referirmos aos produtores dos textos, uma vez
que são considerados aprendentes de PLE e após ingresso no curso, tornar-se-ão alunos. 4O Programa de Estudantes-convênio de Graduação (PEC-G) oferece oportunidade de formação
superior a cidadãos que desejam fazer um curso de graduação em alguma universidade
brasileira. Esses estudantes são provenientes de países em desenvolvimento com os quais o
Brasil mantém acordos na área educacional.
15
O Programa Linguístico-Cultural para Estudantes Internacionais da UFPB é
constituído, atualmente, por sete membros: uma coordenadora, uma estagiária, dois
bolsistas PROLICEN e três monitores (bolsistas PLEI). Esse programa destina-se,
também, a aprofundar os conhecimentos sobre o processo ensino/aprendizagem do
português como língua estrangeira dos alunos bolsistas, que são alunos do Curso de
Letras da UFPB.
As provas de nivelamento do PLEI, que constituem o corpus desta pesquisa, são
realizadas para averiguar o conhecimento de língua portuguesa dos ingressantes nos
cursos de português para estrangeiros. Através dos resultados obtidos, o aluno ingressa
em um dos níveis de ensino oferecidos pelo Programa. Nesta pesquisa, valemo-nos de
provas dos níveis Pré-intermediário e Avançado produzidas por falantes de inglês,
espanhol e alemão como língua materna, nos anos de 2011 e 2012.
A realização deste estudo com provas de nivelamento dos níveis Pré-intermediário e
Avançado,especificamente,deve-se ao fato de pretendermos comparar as dificuldades
enfrentadas pelos alunos em um momento de menor contato com o a língua estrangeira
em aprendizado (Pré-intermediário) e em outro de maior vivência com a língua-alvo
(Avançado). Selecionamos para tal, produções escritas por Hipanofalantes,
Anglofalantes, e Germanofalantes5 devido à considerável procura de falantes que têm
essas línguas como língua materna, o que garante para esta pesquisa dados suficientes
para análise a que nos propomos. Além disso, a escolha por textos de alunos falantes de
inglês, espanhol e alemão como língua materna deve-se, também, por pretendermos
constatar se os fatos linguísticos que apresentam maior recorrência de inadequação em
uma língua tipologicamente próxima (espanhol)são os mesmos que em língua(s)
tipologicamente distante(s) (inglês e alemão) da língua em aprendizado, neste caso, o
Português.
2.2 Coleta de dados
Selecionamos um total de vinte e quatro provas de nivelamento.Desse total de
provas, temos quatro provas de cada grupo falante das línguas em estudo para cada
nível de análise. Ou seja, analisamos quatro provas de falantes de alemão em nível Pré –
5 Diz-se os falantes de espanhol, inglês e alemão respectivamente.
16
intermediário e quatro desse mesmo grupo de falantes do nível Avançado. O mesmo
tipo de seleção ocorreu com as provas de falantes de espanhol e de inglês.Nas provas de
nivelamento, solicita-se que o aluno escreva textos de cinco a dez linhas sobre os
seguintes temas: sua viagem ao Brasil, seu país de origem e seus planos para o futuro.
Para desenvolver a análise desta pesquisa, primeiramente, identificamos,nas
produções escritas dos alunos (Anglofalantes, Hispanofalantes e Germanofalantes), os
casos de inadequações linguísticas, acima referidos. Em seguida, fizemos transcrições
dos casos evidenciados, conforme apêndice A. Para facilitar a identificação dos fatos
linguísticos inadequados, categorização e análise das ocorrências de inadequações
linguísticas, optamos por destacar cada uma delas com uma cor diferente vide textos
emapêndice A. Para tal, elaboramos uma legenda ao final das transcrições realizadas.
Após as transcrições, elaboramos seis tabelas para quantificação dos casos
analisados nesta pesquisa. Duas dessas seis tabelas são referentes a cada grupo de
falantes (anglofalantes, hispanofalantes ou germanofalantes), sendo uma do nível Pré-
intermediário e outra do nível Avançado. Por fim, para melhor visualização da
quantificação dos dados e para facilitar a compreensão e a discussão dos resultados
obtidos,produzimos quatro gráficos, sendo três deles referentes a cada grupo de falantes
eum gráfico que apresenta os dados de todos os grupos de analisados.
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nas análises, aqui realizadas,observaremos a ocorrência de inadequações
linguísticas em textos escritos por alunos de português como língua estrangeira.
Analisaremos as inadequações de ortografia, concordância e regência (nominal e verbal)
realizadas nos textos de falantes de espanhol, inglês e alemão. Ou seja, a grafia incorreta
das palavras; termos não flexionados adequadamente em gênero, número e pessoa e
também o emprego das preposições exigidas por um termo regente (nome ou verbo).
Averiguaremos com quais fatos linguísticos, aqui analisados, cada grupo de falantes –
hispanofalantes, anglofalantes e germanofalantes - apresenta maior recorrência de
inadequação e se a ocorrência desses equívocos está relacionada à língua materna e/ou
ao nível desses alunos de PLE.
17
Vejamos, nas tabelas abaixo, as inadequações ocorridas nos textos analisados.
Apresentaremos uma tabela para cada grupo de falantes da mesma língua materna e
demonstraremos todos os casos de inadequações ocorridas. Nessas tabelas, para melhor
visualização dos casos de inadequações identificadas, subcategorizamos os casos dos
vocábulos que apresentam inadequações de ortografia conforme à classe gramatical a
que pertencem. Nas sessões destinadas à concordância também fizemos subtópicos para
especificar o tipo de flexão que sofreu inadequação (sendo a flexão de gênero e número
pertencente à concordância nominal e a flexão de número e pessoa pertencente à
concordância verbal).
Nesta pesquisa, não nos deteremos a descrever caso a caso das inadequações
evidenciadas. Pretendemos descrever, pelo menos, duas ocorrências de inadequação de
cada fato linguístico aqui em estudo, realizadas por um determinado grupo de falantes
(hispanofalantes, anglofalantes ou germanofalantes).
Pretendemos, ainda, a partir de gráficos, averiguar não somente os casos de
maior ocorrência de usos incorretos dos referidos fatos linguísticos, mas também se a
ocorrência de inadequações é maior em uma determinada língua materna ou em outra e
se há ou não permanência das inadequações verificadas de um nível para o outro em
cada língua de origem.
3.1 Análise das Tabelas
Tabela 1
FATOS LINGUÍSTICOS HISPANOFALANTES
Artigo
unas; uno
Numeral
primer
Preposição
pra; em
Conjunção
neu; sobre todo; mais
18
ORTOGRAFIA
Pronome
todo; por que; Eli; issa
Substantivo
planes; carnibal; onibos; carnival; posada;
Marocco; museos; servicios; selval; sierras;
maestrado; portuguêis; hostel; mondo; Carrera;
prefeturia; origen; Argentica; Pesso; cosa;
humidade; provinça; frontera; paisajens; medina;
namurada; espanholes; riquesas
Adjetivo
pequenha; multimedia; estresada; sociales; longi;
novo; deferente; Professional
Verbo
comprendia; façer; norar; conece; es; viagar;
chorendo; començar; descrimina; fezendo
Advérbio
tambeim
CONCORDÂNCIA
NOMINAL
Gênero
em atlântico; a costume; por carnival; de Brasil;da
Joao Pessoa; no Granada; meu cidade; no Espanha;
muita lojas; un core; ir a Brazil; (Estudar) em
UFPB; do cultura; do América
Número
do servicios sociales;suas particularidade
CONCORDÂNCIA
VERBAL
Pessoa
-
Número
(cultura e paisagens) para ser explorados
REGÊNCIA NOMINAL
O Brasil a comparação com
REGÊNCIA VERBAL
chegue no Brasil; (encontrar trabalho) com
prefeturia ; cheguei o 20 de fevereiro; dirigir me a
casa de una amiga; gostaría estudar; trabalho com
prefeturia; ficar com havaianas; gostaria fazer;
Cheguei no Brasil; (gostaria) segue; Conhecer ao
povo; descrimina a; procurar de
Tabela 2
FATOS LINGUÍSTICOS ANGLOFALANTES
19
ORTOGRAFIA
Artigo
Numeral
Milião
Preposição
Conjunção
Pra
Pronome
por que; es (esse); tudos
Substantivo
Augosto; inferno (inverno); lugars; vais; viagar;
Thailandia; Washingto; E.U; dizembre; examine;
Etado; Orlanda; Biologio; fevero; gobierno;
curso;(A) diferencia; João Pesso; frontera;
programme; veses; specialização;
Adjetivo
otros; maraveiloso; animade; pocinho; basiados
Verbo
esphero; pasava; comensa; viagar; permitar;
percibimos; cresava; conhecia; morro; concretisar
Advérbio
-
CONCORDÂNCIA
NOMINAL
Gênero
o cultura; (pessoas) receptivos; o (brasileiros); da
Canadá; na dia; no capital; (praias) linda; o
faculdade; a próxima três anos; nos próximo 5
anos; ao Miami; (pessoas) do todo mundos; uma
examine; anos; minha chegado; (restaurantes )
maraveiloso; do Orlando; um família; a próxima 5
anos; o ONU; na norte; a clima; chegada tranquilo;
em Inglaterra; em Brasil; a Brasil; o semana; o
faculdade
Número
restaurantes maraveiloso; nos próximo 5 anos; praia
linda; ; a próxima três anos; pessoas do todo
mundos; a próxima 5 anos; doze brasileira;
muitossimpáticas
20
CONCORDÂNCIA
VERBAL
Pessoa
eu adorou; fui (minha primeira vais); Eu foi; (eu)
chegou; (Minha chegada) fui
Número
REGÊNCIA NOMINAL
Isto não é normal por; certeza qual (curso) eu vou
fazer; Não tenho um plano por meu futuro
REGÊNCIA VERBAL
chegei no Brasil; gosto João Pesso; entrar o; lembro
do; gostar viajar; esperando para horas; cheguei no
Brasil; mostrar estrangeiras a cidade
Tabela 3
FATOS LINGUÍSTICOS GERMANOFALANTES
ORTOGRAFIA
Artigo
-
Numeral
-
Preposição
-
Conjunção
o (ou), mais
Pronome
Eo (eu); porquê
Substantivo
familha; septembro; Hamburgi; violença; annos;
facultate; carrera; empressa; prayas; Frankfurto;
origem; jinelos; diferencia; parte;
decembro;bachelorado
Adjetivo
cançado; depresivas; enteira; professional;
interesantes
Verbo
viagei; pasei; chegei; adiquirir;
Advérbio
meis; actualmente; generalmente; intão
21
CONCORDÂNCIA
NOMINAL
Gênero
a clima; na aeroporto; gente muito aberto e
comunicativo; as primeiras dias; outros cidades; as
habitantes; cidade limpo; muito pontes; as
habitantes fechado; alguns idéias;
na várias empresas; anfitriãs por primeira vez;
Alemanha é frio; Alemanha país; maravilhosa
Número
muito pontes; as habitantes fechado; os tempo;
minha familha esperavam; minha turmas; O
internet; pessoas triste; currículo juntos com uma
carta;na várias empresas; anfitriãs por primeira vez.
CONCORDÂNCIA
VERBAL
Pessoa
(nós) descobriram; (eu) saiu ; nós chegaram; nós
encontraram
Número
-
REGÊNCIA NOMINAL
Daqui em cinco anos
REGÊNCIA VERBAL
chegei em Recife; (fomos) com o carro; esperavam
para mim (na aeroporto); reclamam sobre; adoram
de
cheguei no Brasil; morar para os próximos dois
anos; eu gostara acomplementar; adoro de
encontrar;acostumado de chegar ;precisa dinheiro;
começei de; viver ao Brasil
3.1.1 Inadequações Ortográficas
Na tabela 1, na sessão destinada à ortografia, observamos o emprego de vocábulos
nos quais a grafia dos falantes de espanhol apresenta-se em desacordo com a norma
ortográfica da língua portuguesa. Nos artigos indefinidos unas, uno e nos substantivos
planes, sierras e origen, podemos verificar casos de transferência da língua materna
para a língua-alvo. Ou seja, devido à proximidade existente entre a língua espanhola e a
língua portuguesa, é possível haver casos em que o aprendente emprega elementos
lexicais de sua língua materna na língua-alvo.
22
Classificamos, na tabela 1, o emprego do mais como uma conjunção adversativa.
Esse caso de inadequação linguística também é recorrente em produções escritas de
alunos de português como língua materna, uma vez que tal inadequação pode ser
explicada devido à proximidade fonética entre um vocábulo e outro.
Podemos constatar, a partir do contexto em que o vocábulo, acima, foi empregado
(vide Apêndice A), que esse mais é uma conjunção. Desse modo, para indicar
adversidade, oposição, ou quebra de expectativa num determinada frase, o aprendente
deveria grafar o vocábulo adequadamente: mas. Da forma como foi escrita, a palavra
mais é classificada como advérbio de intensidade e não como conjunção coordenativa
adversativa.
Na tabela 2, observamos, também em relação à ortografia, algumas inadequações
de alunos que têm como língua materna o inglês. Os vocábulos por que, Augosto;
inferno apresentam-se em desacordo à norma ortográfica da língua portuguesa. O
vocábulo por que, tal qual foi grafado não tem o sentido que o aluno pretendeu usar.
Constatamos isso através do contexto no qual o termo foi empregado (vide Apêndice
A), uma vez que o aprendente utilizou esse vocábulo com a intenção indicar uma
explicação. Logo, esse vocábulo deveria desempenhar a função de conjunção
explicativa, mas, do modo que foi grafado pode ser classificado como pronome relativo.
O uso do porquê é um conteúdo bastante discutido, também, em aulas de português como
língua materna, uma vez que o emprego desse vocábulo pode variar conforme seu sentido na
frase em que foi empregado. Ora o porquê pode ser classificado como substantivo, ora como
pronome relativo ou pronome interrogativo.
O inglês não é considerado uma língua tipologicamente próxima do português,
mas, podemos verificar, através do emprego do substantivo Augosto, que o aprendente
pode ter utilizado a sua língua materna como uma língua modelo e transferiu o seu
conhecimento internalizado para a língua-alvo. A palavra Augosto, empregada acima,
muito se assemelha ao vocábulo Agosto da língua portuguesa e devido a essa
semelhança, talvez seja possível explicar tal equívoco do anglofalante que a empregou.
Ainda na tabela 2, na sessão de Ortografia, constatamos outro caso relevante. O
vocábulo inferno apresenta, também, inadequação ortográfica, uma vez que o
aprendente, pensou estar se referindo à palavra inverno vide (Apêndice A),
Constatamos, nesse caso, que a inadequação cometida pelo anglofalante comprometeu
todo o sentido da palavra.
23
Na tabela 3, os vocábulos parte, actualmente, foram empregados
inadequadamente quanto à ortografia. Isoladamente, a palavra parte não apresentaria
nenhuma inadequação ortográfica, mas, no contexto em que foi empregada (vide
Apêndice A), percebemos que o aprendente tentou se referir à palavraporte.
Percebemos, nesse caso, também semelhante ao exemplo anterior (caso de inadequação
da palavra inferno produzida por um anglofalante), a palavra parte tal como foi
empregada também comprometeu o seu sentido. Em, actualmente6 é possível supor que
houve uma influência do português europeu, uma vez que,no português brasileiro, a
escrita correta é atualmente.
Outro caso de inadequação ortográfica evidenciada, na tabela 3, é o emprego do
vocábulo cançado. O emprego dessa palavra pode ser explicado pelo fato de, na língua
portuguesa, haver várias letras que representam graficamente o som de s e o ç é uma
delas. Sabemos, pois, que a norma ortográfica é uma convenção e por isso não há uma
explicação científica que justifique por que letras que possuem o mesmo som sejam
representadas graficamente de modo distinto
Consideramos, nesta pesquisa, que um verbo apresenta inadequação linguística de
cunho ortográfico, quando a grafia da raiz do mesmo estiver em desacordo com a norma
ortográfica da língua. No caso de a inadequação ocorrer na desinência do verbo, haveria
um problema de conjugação verbal, uma vez que a inadequação ocorre na flexão do
verbo. Assim, selecionamosna tabela 1,na tabela 2 ena tabela 3, respectivamente,dois
empregos dos seguintes casos de verbos que apresentam inadequações ortográficas:
comprendia(compreender); norar(fazer); esphero (espero); viagar (viajar);
pasei(passar); adiquirir (adquirir)
3.1.2. Inadequações de concordância
3.1.2.1. Concordância nominal
Na sessão de concordância nominal da tabela 1, selecionamos, dentre os casos
verificados, os seguintes empregos: em atlântico; de Brasil; da Joao Pessoa; no
Granada; do América, entre outros. Nesse caso, não há uma regra geral, na gramática
6 A grafia desta palavra sofreu alteração ortográfica, através novo acordo ortográfico (Decreto-
lei nº 6.584) cuja finalidade foi uniformização da ortografia dos países que tem a língua
portuguesa como língua oficial. Portanto, actualmente, como era antes grafada no português
europeu, deve ser escrita, hoje, atualmente.
24
da língua portuguesa, que discipline o uso ou não uso do artigo diante desses
substantivos próprios que designam nomes de lugares (topônimos).
Geralmente os topônimos que indicam nomes de países vêm acompanhados de
artigo, a Espanha, O México, O Brasil, entre outros; mas em Portugal, por exemplo,
não é necessário um artigo precedente. Nomes de estados e cidades, também,
normalmente não são precedidos de artigo, a exemplo de São Paulo, Pernambuco,
Minas Gerais, Alagoas, Brasília, Goiânia, Florianópolis. No entanto, há nomes de
estados e cidades que são precedidos por artigo como Maranhão, Rio de Janeiro, Recife,
entre outros.
Para empregar o artigo adequado diante desses substantivos que indicam nomes
de lugares, faz-se necessário conhecer em quais deles o uso é ou não permitido, e para
isso não há uma regra prescrita pela gramática da língua portuguesa. Assim,
constatamos que os aprendentes de PLE realizam essas inadequações referentes à
concordância nominal, não estabelecendo as flexões adequadas, visto que não
conseguem reconhecer quais palavras são, na língua portuguesa,masculinas e quais são
femininas. Percebemos, então, nos casos em atlântico, de Brasil,da Joao Pessoa, no
Granada, do América, que alguns substantivos foram flexionados em gênero
inadequadamente, uma vez que João Pessoa e Granada são topônimos que não
necessitam ser precedidos de artigo. Havendo artigo, logicamente haverá, também, a
fusão do mesmo com a preposição e é isso que acontece nos vocábulos atlântico, Brasil,
João Pessoa e América. Nesse último caso (do América) verificamos, ainda, que houve
um equívoco em relação à flexão de gênero de tal palavra, uma vez que a mesma é
considerada, na língua portuguesa, como pertencente ao gênero feminino.
Na tabela 2, em a próxima 5 anos, verificamos inadequações de concordância
nominal na flexão de gênero quanto de número. Conforme Cegalla (2005) a
concordância nominal se dá através da harmonização das flexões de gênero e de número
entre os adjetivos, pronomes, artigos e numerais com os substantivos aos quais se
referem. Assim, verificamos que o vocábulo próxima (adjetivo) deve concordar em
gênero e número com o substantivo ao qual se refere anos.
Em as habitantes fechado, na tabela 3, evidenciamos dois casos de inadequações
linguísticas, ambas de concordância nominal. Um desses casos está relacionado à flexão
25
de gênero do substantivo as habitantes, visto que esse vocábulo deveria ter sido
empregado no masculino, pois o aprendente que o utilizou pretendeu empregar
habitantes de modo geral e não de habitantes femininos (vide Apêndice A). O outro
caso de inadequação de concordância esta relacionado à flexão de número do adjetivo
fechado que deveria estar no plural, concordando com o substantivo que o rege.
3.1.2.2 Concordância verbal
Bechara (2004), em Considerações Iniciais, afirma que a concordância verbal se
verifica em número e pessoa entre o sujeito (em alguns casos, também o predicativo) e o
verbo da oração.
No excerto (cultura e paisagens) para ser explorados, (tabela 1) verificamos a
não flexão de número entre o verbo e o sujeito ao qual se refere. Os termos cultura e
paisagens funcionam como sujeito da oração a que pertencem (vide Apêndice A).Desse
modo, o verbo ser, deveria estar flexionado em número concordando com o sujeito
cultura e paisagens.
Na tabela 2, um dos casos de inadequações de concordância nominal
evidenciados foi eu adorou. Nesse caso, o verbo adorar foi flexionado na terceira
pessoa do singular, não estabelecendo a relação de concordância com o sujeito ao qual
se refere (eu).
Em, (nós) descobriram (tabela 3), há também a não flexão de pessoa entre o
sujeito nós e o verbo descobriram, visto que esse verbo, da maneira que foi flexionado,
refere-se à terceira pessoa do plural e não à primeira pessoa do plural.
3.1.3. Inadequações de Regência
3.1.3.1. Regência Nominal
No fragmento da tabela 1O Brasil a comparação com, verificamos um caso de
inadequação de regência nominal. Segundo Luft (2005) o nome comparação pode ser
regido pelas preposições de, a, entre, com, entre outras. Ou seja, A comparação de uma
coisa ou pessoa com (ou a) outra. Desse modo, percebemos que, nesse fragmento, uma
das preposições exigidas pelo nome (substantivo) comparação foi bem empregada, mas,
ocorreu um equívoco no que diz respeito ao uso da preposição a. Nesse caso, O Brasil
26
está sendo comparado ou é comparável a um outro país (conforme apêndice).Segundo
Luft (op. cit.), o nome comparado rege as preposições a, com, entre (...em) ou (em...), a
e com. Assim, a preposição que deveria ter sido empregada, nesse fragmento, seria o em
(O Brasil em comparação com).
Na tabela 2, no fragmento certeza qual, a preposição regida pelo nome certeza
não foi utilizada, visto que, Luft (op. cit.), considera que as preposições regidas por esse
nome são de e sobre. Ou seja, conforme o referido autor , Nenhum homem tem certeza
de (ou sobre) algo.
Na tabela 3, verificamos, também outro fragmento que apresenta inadequação de
regência nominal Daqui em cinco anos. Cegalla (2005) afirma que as preposições,
quando isoladas, são consideradas palavras vazias de sentido, apesar de algumas delas
terem uma vaga noção de tempo e lugar. No entanto, na frase, elas podem exprimir
diversas relações como: assunto, causa, companhia, especialidade, direção, fim, lugar,
dentre outras. Desse modo, Bechara (2004) considera que dentre os empregos da
preposição a, um deles está relacionado ao tempo em que uma coisa sucede. No
fragmento acima (da tabela 3), verificamos que a preposição que acompanha o advérbio
Daqui está inadequada, sendo que a preposição adequada para indicar tempo futuro é a
preposição a.
3.1.3.2. Regência verbal
Verificamos,em todas as tabelas acima, inadequações de regência verbal. Na
tabela 1, no fragmento procurar de, evidenciamos que a preposição empregada pelo
termo regente (verbo procurar) está em desacordo à norma padrão. Logo, conforme Luft
(1999), o verbo procurar no sentido de buscar, catar, é classificado, quanto à regência,
como transitivo direto, ou seja, não é ligado ao complemento através de preposição.
Nesse fragmento, pois, seria adequado empregar o verbo procurar sem preposição.
Em, esperando para horas, da tabela 2, constatamos que a preposição que
acompanha o verbo esperar também é inadequada. Assim, Luft (1999) considera que o
verbo esperar no sentido de aguardar admite tanto complemento sem preposição
(esperar alguém) quanto complemento com preposição (esperar por alguém).
27
Na tabela 3, no fragmento viver ao Brasil, verificamos, também, outra
inadequação no emprego da preposição regida pelo verbo. Luft (1999), considera, ainda,
que o verbo viver pode ser considerado como intransitivo, ou seja, não possui
complemento, visto que, tem sentido completo. Assim, constatamos no fragmento
acima que o termo ao Brasil é classificado sintaticamente, pelas gramáticas tradicionais,
como adjunto adverbial de lugar e nesse caso, a preposição que deve ser utilizada para
estabelecer essa relação é a preposição em.
Verificamos, também, uma inadequação de regência verbal comum a todos os
grupos de falantes aqui pesquisados. O verbo chegar aparece em todas as tabelas,no
sentido de atingir um lugar,regendo a preposição em. Entretanto, para Bechara (2004,
p.573), a relação da regência do verbo chegar é estabelecida com a preposição ‘a’ e não
com a preposição ‘em’, quando este verbo estiver junto à expressão de lugar.Sabe-se
que o verbo chegar junto à expressão de lugar. no português, rege a preposição a, apesar
de também ser recorrente o desvio da regência desse verbo por falantes nativos.
Entretanto, Luft (1999) afirma que, no Brasil a preposição em é usada, sendo regida
pelo verbo chegar diante de casa ou lar.
Em razão disso, constatamos que os aprendentes usaram equivocadamente a
preposição ‘em’ como termo regido pelo verbo ‘chegar’ (termo regente).
Luft (1999) considera que esse verbo quando tem o sentido de movimento para,
pode ser classificado, quanto à predicação, como intransitivo ou como transitivo
indireto. Tradicionalmente o verbo chegar é classificado, quanto à predicação, como
intransitivo, ou seja, não exige complemento pra lhe completar o sentido. No entanto,
Luft (1999) e Lima (2006), por sua vez, consideram que quando esse verbo estiver
indicando movimento para, o mesmo rege a preposição a diante do complemento de
lugar.
3.2 Análise dos gráficos
Apresentaremos, abaixo, quatro gráficos para melhor visualização da
quantificação dos casos das inadequações linguísticas aqui estudadas. Três desses
gráficos são referente a um determinado grupo de falantes.
Gráfico 1 - Hispanofalantes
28
Legenda: Gráfico Hispanofalantes, níveis Pré-intermediário e avançado.
Gráfico 2 - Anglofalantes
Legenda: Gráfico Anglofalantes, níveis Pré-intermediário e avançado.
Gráfico 3 - Germanofalantes
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Pré-intermediário
Avançado
0 5
10 15 20 25 30 35
Pré-intermediário
Avançado
29
Legenda: Gráfico Germanofalantes, níveis Pré-intermediário e avançado.
Gráfico 4 – Todos os grupos de falantes
Legenda: Gráfico Hispanofalantes, Anglofalantes e Germanofalantes, níveis Pré-
intermediário e avançado.
Passaremos adiante à análise dos gráficos apresentados acima. Verificaremos em
cada um desses gráficos a quantificação dos casos de inadequações linguística ocorridas
em cada grupo de falantes dos níveis Pré-intermediário e Avançado.
3.2.1. Hispanofalantes
0
5
10
15
20
25
Pré-intermediário
Avançado
0 20 40 60 80
100 120 140 160
Pré-intermediário
Avançado
30
Verificamos, a partir do gráfico 1, que a ortografia é o fato linguístico que
apresenta maior recorrência de inadequações nas produções escritas de falantes de
espanhol, tanto em um nível de menor contato com a língua-alvo (Pré-intermediário),
quanto em outro de maior contato com a língua-alvo (Avançado). É possível supor que
a proximidade existente entre a língua espanhola e a língua portuguesa tenha
influenciado nas ocorrências de inadequações ortográficas de aprendentes de PLE cuja
língua materna é o espanhol, visto que ambas as línguas compartilham de semelhanças
linguísticas fonéticas, lexicais e gramaticais. A atribuição desse fato à proximidade das
línguas, porém, precisa de estudos para comprovações.
No nível Pré-intermediário, representado no gráfico 1, evidenciamos 82 (oitenta
e dois) casos de inadequações de ortografia, enquanto, no nível Avançado, verificamos
apenas 18 (dezoito) casos dessas ocorrências de inadequações. Constatamos, desse
modo, uma queda significativa de inadequações ortográficas de um nível para o outro,
visto que, em um nível mais avançado, o aprendente já possui um conhecimento maior
do léxico e da gramática do que em um nível mais elementar (Pré-intermediário).
A concordância nominal aparece no gráfico 1,em segundo lugar,como um dos
fatos linguísticos que apresentam mais recorrência de inadequação linguística.
Constatamos, nesse fato linguístico, 15 (quinze) ocorrências de inadequações no nível
Pré-intermediário e 3(três) ocorrências no nível Avançado. Não identificamos casos de
inadequações de concordância verbal no nível pré-intermediário. Identificamos, no nível
avançado,apenas 1 (um) caso de inadequação de concordância verbal.
A regência verbal aparece em terceiro lugar, como um dos fatos linguísticos que
apresentam maiscasos de inadequações tanto do nível Pré-intermediário quanto do nível
avançado. Identificamos 7 (sete) ocorrências de inadequações desse fato linguístico nos
dois níveis analisados.
Não constatamos casos de inadequações dos fatos linguísticos de regência
nominal e concordância verbal do nível pré-intermediário de hispanofalantes. No
entanto, verificamos uma ocorrência desses mesmos fatos linguísticos no nível
avançado. Desse modo, constatamos, em ambos os níveis,que os casos que apresentam
maior recorrência de inadequações linguísticas, em produções textuais escritas por
31
hispanofalantes são ortografia, concordância nominal, regência verbal, regência nominal
e concordância verbal respectivamente.
Verificamos, ainda, no gráfico 1, que do nível pré-intermediário para o nível
avançado houve uma queda significativa das ocorrências linguísticas de ortografia e
concordância nominal. Nos fatos linguísticos de concordância verbal e regência verbal
não constatamos, nos níveis pré-intermediário, inadequações dos referidos aspectos
linguísticos, ao passo que os níveis avançados desses fatos linguísticos apresentaram,
cada um, uma ocorrência de inadequação. No que se refere aos fatos linguísticos de
regência verbal e nominal, verificamos que as ocorrências de inadequações se
mantiveram as mesmas de um nível para o outro.
3.2.2 Anglofalantes
No gráfico 2, constatamos também que a ortografia aparece como fato
linguístico que apresenta maior recorrência de inadequações em produções escritas de
falantes de inglês. Contabilizamos, nesse grupo de falantes, 34 (trinta e quatro)
ocorrências de inadequações ortográficas do nível Pré-intermediário e 16 do nível
Avançado.Verificamos, desse modo, que a ortografia permanece como fato linguístico
de maior recorrência de inadequações, mas, comparativamente ao gráfico1, a
quantidade de casos de inadequações se mostra inferior. Podemos considerar que quanto
mais próxima a língua materna da língua em aprendizado, maior será a dificuldade
enfrentada pelo aprendente nesse fato linguístico.
Através do gráfico 2, verificamos a ocorrência de 18 (dezoito) casos de
inadequações de concordância nominal do nível Pré-intermediário e 12 (doze) casos no
nível Avançado. Na concordância verbal, contabilizamos, no nível Pré-intermediário 4
(quatro) ocorrências de inadequações e no nível Avançado apenas 1 (uma).
No fato linguístico da regência nominal desse grupo de falantes, contabilizamos
3 (três) casos de inadequações do nível pré-intermediário e nenhuma para o nível
Avançado. Na regência verbal, verificamos 7 (sete) inadequações no nível pré-
intermediário e no Avançado cinco casos.
Constatamos, também, no gráfico 2, que do nível Pré-intermediário para o nível
Avançado houve diminuição das ocorrências de inadequações de todos os fatos
32
linguísticos aqui estudados. Porém, verificamos que de um nível para o outro a
diminuição dos casos de inadequação desse grupo de falantes não é tão significativa
ocorre com hispanofalantes.
3.2.3. Germanofalantes
Assim como nos gráfico 1 e 2, a ortografia aparece no gráfico 3, como fato
linguístico de mais recorrências de inadequações. Verificamos, nesse gráfico, 25 (vinte
e cinco) ocorrências de inadequações no nível pré-intermediário e 16 no nível avançado.
No que se refere à ortografia, percebemos uma queda de ocorrência de inadequações
realizadas do gráfico 1 ao gráfico 3, ou seja, em uma escala de ocorrências de
inadequações, os germanofalantes apresentam-se como os aprendentes que menos têm
dificuldade nesse tópico.
A concordância nominal, no gráfico 3, apresenta 23 (vinte e três) ocorrências de
inadequações no nível pré-intermediário, enquanto que no nível avançado apresenta
apenas 6 (seis).Na concordância verbal do mesmo gráfico, verificamos um empate de 2
(dois) casos de inadequações para ambos os níveis.
Na regência nominal, verificamos apenas um caso de inadequação no nível Pré-
Intermediário e nenhum caso no nível avançado. No que se refere à regência verbal,
esse grupo de falantes apresenta maior dificuldade. Contabilizamos para esse fato
linguístico 10 (dez) casos de inadequação no nível Pré-intermediário e 11 (onze) no
nível Avançado. Diante desses dados verificamos que os germanofalantes apresentam
mais dificuldades de regência nominal em um nível mais avançado do que em um nível
mais inicial.
3.2.3. Todos os grupos de falantes
A partir do gráfico geral evidenciamos que os casos que apresentam maior
recorrência de inadequações linguísticas, em produções textuais escritas por
hispanofalantes, anglofalantes e germanofalantes são ortografia, concordância nominal,
regência verbal, concordância verbal e regência nominal respectivamente.
Observamos, no gráfico geral, que a ortografia, como verificamos nos gráficos
anteriores, é o fato linguístico de maior ocorrência de inadequações tanto no nível Pré-
intermediário quanto no nível Avançado de todos os grupos de falantes estudados.
33
Podemos considerar que, independente da língua materna do aprendente, a ortografia é
um fato linguístico que deve ser trabalhado nas aulas de Português como língua
estrangeira devido à quantidade de inadequações evidenciadas nesse tópico linguístico.
A concordância nominal aparece, depois da ortografia como fato linguístico que
apresenta mais ocorrência de inadequações nos dois níveis. Após a concordância
verificamos que a regência verbal é o fato linguístico que apresenta mais inadequações
linguísticas.
No gráfico geral, os casos que apresentaram menos ocorrências de inadequações
linguísticas em todos os grupos de falantes (hispanofalantes, anglofalantes e
germanofalantes) foram o da concordância verbal e o da regência nominal
respectivamente.
34
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a descrição das análises de que tratamos nesta pesquisa, discutimos,
inicialmente, os conceitos de ortografia, concordância nominal e verbal e regência
nominal e verbal apresentadas por gramáticas normativas. Utilizamos, aqui, a
terminologia empregada pela gramática normativa, uma vez que nosso foco é o ensino
de língua.
Averiguamos, a partir deste estudo, em uma ordem decrescente, que os fatos
linguísticos que apresentaram, em todos os grupos de falantes, mais ocorrências de
inadequações foram a ortografia, concordância nominal, regência verbal, concordância
verbal e regência nominal.
Em um nível de aprendizagem inicial é evidente que aluno ainda se encontra em
uma fase de familiarização com o novo idioma, aprendizagem das estruturas gramaticais
e ampliação do vocabulário. Em um nível mais avançado, o aluno já tem conquistado
um grau maior de contato com a língua, tem um conhecimento maior das estruturas
gramaticais e do léxico da língua em aprendizagem.
Constatamos que as inadequações linguísticas analisadas apresentaram, na maioria
dos fatos linguísticos de todos os grupos de falantes, um considerável decréscimo de um
nível mais elementar para o outro, ou seja, a recorrência de inadequações não se
mostrou igual em ambos os níveis. No entanto, verificamos um que, no grupo de
hispanofalantes, a concordância verbal e regência nominal apresentaram inadequações,
enquanto que no nível pré-intermediário não apresentaram nenhuma inadequação. Esse
mesmo fato ocorre no grupo de germanofalantes, em relação à regência verbal, no nível
Avançado verificamos maior ocorrência de inadequação do que no nível Pré-
intermediário.
A partir da análise dos dados obtidos nos textos, percebemos a prevalência de
inadequações linguísticas de ortografia em todos os grupos de falantes em estudo aqui.
Verificamos, em textos de hispanofalantes que os fatos linguísticos que mais
apresentaram inadequações foram ortografia, concordância nominal, regência verbal,
regência nominal e concordância verbal respectivamente.
35
Como discutido anteriormente, constatamos que a proximidade entre a língua
espanhola e a língua portuguesa, pode ser considerada tanto um ponto facilitador quanto
como um ponto que gera dificuldade na aprendizagem de alguns tópicos da língua. A
compreensão entre o espanhol e o português pode ser considerada como ponto
facilitador do processo de aprendizagem de PLE. No entanto, a ortografia, se mostrou,
nesta pesquisa, como aspecto em que os hispanofalantes tiveram muitas dificuldades.
Constatamos que as inadequações dos outros fatos linguísticos estudados aqui
apresentam menor grau de ocorrências se comparado à ortografia.
Nos textos de falantes de línguas tipologicamente distantes, a exemplo do inglês
e alemão, verificamos inadequações linguísticas de ortografia, concordância nominal,
regência verbal, concordância verbal e regência nominal respectivamente. Constatamos,
no que diz respeito à ortografia que quanto mais distante for a língua materna da língua
estrangeira em aprendizado, menos inadequações ortográficas o aprendente realiza.
A partir desses resultados, é possível traçarmos um caminho para um ensino
mais eficaz no que concerne à ortografia, concordância e regência em língua
portuguesa. É possível afirmar isso, uma vez que, constatado que nos textos analisados
a ortografia aparece como fato linguístico de maior recorrência de inadequação de todos
os grupos de falantes. A concordância e regência nominal verbal também aparecem
como fatos linguísticos que apresentam inadequações, embora em menor grau.
É possível, agora, enfatizar, em sala de aula, um trabalho mais direcionado aos
pontos que mais apresentaram recorrência de inadequações, e dentre eles a ortografia,
concordância nominal e regência verbal apresentam-se como fatos linguísticos de maior
dificuldade dos hispanofalantes, anglofalantes e germanofalantes da língua portuguesa.
Entendemos que os dados obtidos neste estudo, pois, fornecem-nos subsídios para um
trabalho voltado às dificuldades específicas dos aprendentes de português como língua
estrangeira.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. 14.
reimpr. Rio de Janenhairo: Lucerna, 2004.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46. ed.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.
CUNHA, Celso e CINTRA, Luis F. Lindley. Nova Gramática do Português
Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
FERREIRA, Itacira.A interlíngua do falante de espanhol e o papel do professor:
aceitação tácita ou ajuda para superá-la? In: FILHO, José Carlos P. de Almeida, (org.).
Português para estrangeiros interface com o espanhol . Campinas, SP: Pontes
Editores, 1995.p.39-48.
LIMA, C. Henrique da Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 45ª.ed.
Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 7ª.ed. São Paulo: Editora
Ática, 1999.
______. Dicionário prático de regência nominal. 4ª.ed.São Paulo: Editora Ática,
2005.
PETROVA, Galina. Fatores linguísticos-culturais no ensino de línguas tipologicamente
distantes. In:SANTOS, Percília, ALVAREZ, María Luisa Ortíz, (Orgs.). Língua e
cultura no contexto de português língua estrangeira. Campinas, SP: Pontes Editores,
2010. p. 87-99.
37
APÊNDICES
APÊNDICE A - Transcrições das inadequações linguísticas retiradas de
provas de nivelamento de aprendentes de português como língua estrangeira
Legenda dos itens destacados:
Ortografia
Concordância nominal
Concordância verbal
Regência nominal
Regência verbal
Hispanofalantes – Pré-intemediário
Hispanofalante 1
1. Quando euchegueaoBrazilestava no Recife com muito friozinho por que pra meu
todo era novo.
2. NoRecife eu fiqueem uma posada pequenha pero o preço no era barato.
3. Recife tem unas praias muito lindas mais a galera me diz que tambeim eran
perigosas.
4. A genteé muito engraçada e agradavel sobre todo nas regiões do sul como a minha.
5. Eu sou de as Islãs Canárias, que ficam perto de Marocco.
6. Nos próximos cinco anos eu espero fazer muitas cosas.
7. Em primer lugareu quero fazer um curso o de maestrado de imigração para logo
poder ir pra Africa e aproveitar que falare portugues.
8. Espero, pra norar na Angolo a Cabo Verde.
9. Também gostaria de ir a Brazil em 2014 pra a Copa do Mondo.
38
Hispanofalante 2
1. Minha chegada foi muito difícil, eu não falaba neu comprendia o portuguêis.
2. Eu viagem de cidade do México para uma Peru depois a Rio de Janeiro.
3. Eu fique dois dias em Rio de Janeiro em um hostelpero de copa cabana.
4. Depois viagem a João pessoa em onibus durante 50 horas.
5. Meu pais é muito gostoso, Eli é grande e tem muita natureza.
6. Temos praias, desertos, selval, sierras, mar em atlantico e pacifico.
7. Temos muita comida típicay temos a costume de comer muita pimenta.
8. Meus planos som, termina a carrera do desenho no México e depois trabalhar em um
despacho de diseño multimedia.
9. Eu quero viagar a Argentica e morar uno dos anos ala.
10. Depois quero façer um maestrado.
Hispanofalante 3
1. Euchegueno Brasil 20 de Fevereiro.
2. Eu pegue Ônibus para Joao Pesso no Recife.
3. Ficabano Recife à noite, issa cidade es muito longi da Joao Pessoa.
4. Recife ficaba da Carnibal.
5. Ainda noconece Brasil
6. Issa noite ficaba chorendo muito os onibos ficabanlotados, os Hostel.
7. Penso que no for por carnival de Brasil.
8. As Ruasficabanlotadas os carros eran muitos rapidos.
9. Meu Pais de origen es Espanha, es um pais muito cultural, tem teatros, museos,
cinemas tem tudo para morar bem.
10. A gentena Espanha es muito legal.
11. Agora o tempo fica fresquinho, a temperatura es de -2 gradosa genteno posse ficar
com havaianas.
12. Hoje en dia a gente fica muito estresada a vida es muito rápida.
13. Espanha tem uncore especial, isso quise dizer o cantenteJulio Iglesias em suas
canciones.
39
14. Meus planes para os próximossontrabalhar noservicios sociales na Espanha.
15. Acho que és agraciado trabalhar ajudando as pessoas.
16. Hoje em dia procuro encontrar trabalho comprefeturiano Granada, meu cidade.
17. Agora e difícil trabalhar no Espanha mas no fica imposible.
Hispanofalante 4
1. Eu cheguei o 20 de fevereiro o Recife, junto a meus amigos da Espaha, para estudar
em UFPB a assinatura de servicios sociales
2. Depois eu peguéun taxi para dirigir me a joão Pessoa, a casa de una amiga da Espaha.
3. Meu país de origem e Espanha, eu moro em la cidade de Granada,alla estudo
servicios sociales
5. Minha cidade e muito bonita, tenmuita lojas, arenas.
6. Minha cidadenotem playa.
7.Minhos planos para os próximos cinco anos sonmy buonos.
8. Eu asso trabalhar em um centro doservicios sociales.
9.Eu me gostaría estudar tamben psicología, eu quero volvera Espanha em unos meses.
Hispanofalantes – Avançado
Hispanofalante 5
1. O pior da chegada foi a diferença da humidade em comparação com a minha cidade
na Espanha.
2. Eu sou da região sul da Espanha e da capital de provinça mais próxima a África.
4. Muitos de meus amigos senten saudades do país.
5. Nos próximos cinco anos meus planos são terminar me graduar no curso de
administração e començar a trabalhar no setor turístico.
6. Eu gostaria fazer um intercambio a alguma faculdade na Colombia ou Buenos Aires.
7. Também gostaria de començar um curso de filologia inglesa.
Hispanofalante 6
1. Cheguei no Brasil em 2010 na cidade de Maceió.
2. Além dodeferente cultura e suas particularidade.
40
3. (Esta cidade) fica perto da montanha e da frontera com África.
4. (Nos próximos 5 anos gostaria) também segue conhecendo o Brasil e seu povo e
costume.
Hispanofalante 7
1. Conhecer ao povo brasileiro de perto foi uma benção de Deus.
2. (Um país) cheio de cultura e de paisajens para ser explorados.
3. Um povo que ama ao estrangeiro, não descriminaa ninguem.
4. Um lugar ótimo pra morar, pra conhecer e explorar.
5. Meus planos na vida professional é me-consolidar como professional na área médica,
no plano familiar ter filhos e comprar uma casa, no plano espiritual procurar mais de
Deus.
Hispanofalante 8
1. Amedina do Brasil é uma referencial a nível latino America.
2. Quando estive fezendo internato no hospital conheci a minha namurada que é
brasileira e foi ali que comecé a conhecer mais sobre a cultura do Brasil.
5. O Brasil a comparação com o meu país é bem maior do que eu imaninaba.
6. Meu país é Bolivia, considerado o coração do América do sul, é um país com
diversas culturas, onginaros dos espanholes, índios nativos da região como incas.
7. A região oriental consta de diversas riquesas naturais que fica fronteira com Brasil.
Anglofalantes - Pré-intermediário
Anglofalante 1
1. Euchegeino Brasil dia 5 de Augosto.
2. A cultura é o melhor no mundo, eu acho!
3. Eu adoro as pessoas que são amigáveis e receptivos demais.
4. Brasileiros são o mais simpáticos.
5. Este estado está ao lado da Canadá, então no inferno pode ser -35ºC as vezes.
6. Isto não é normal por uma cidade pequena.
41
7. Pessoas falam que Northfield está uma cidade dos profesores e os filhos deles.
8. Não tenho um plano por meu futuro.
9. Ainda não estou comcerteza qual (curso) eu vou fazer.
10. Quero fazer um curso que vai me permitar trabalhar assim.
Anglofalante 2
1. Euchegoren Brasil na dia 14 dezembro.
2. Fui minha primeira vais no Rio, e eu adorou!
3. Fui para tudos lugars para turistas.
4. Depois euchegor em João Pessoa.
5. Eu sou galesa eeu morrarno capital de País de Gales: Cardiff
6. Cardiff é uma cidade que é bem bacana e eu gostomorrarlá.
7. Tem muitas lojars e restaurantes maraveiloso lá.
8. As praias brasileiras são mais linda.
9. No final do ano eu vou entrar ofaculdade de Leeds na Inglaterra.
10. Eu sou muito animade para entrares curso que é para a próxima três anos.
11. Depois eu quero muito viagar para Australia, Nova Zelandia, Thailandia por que eu
adorar viagar.
Anglofalante 3
1. Minha chegado ao Brasil foi mais ou menos fácil.
2. Cheguei em fevero com os otros bolsistas do Fulbright.
4. O primeiro de Março, cheguei em João Pessoa.
5. Na verdade no lembro do algo interessante para escrever.
6. Pasava muito dias fazendo tramites para meu visto.
7. Esphero que vou aprender muito mais do Brasil.
42
8. Nos próximo cinco anos, quero trabalhar com o gobierno do Estados Unidos como
uma diplomata.
9. Agora moro no Alabama mas esphero que posso morar em Washingto.
10. Em dizembre vou voltar aos E.U.
11. Tenho que tomar umaexamine para entrar no departamento do Etado.
Anglofalante 4
1. Saiou dos Estados Unidos antes de Ensino Médio no Brasil comensa.
2. Eu foi ao aeroplane de Jaksonville, ao Atlanta, e Brasília, e João Pessoa.
3. Quando (eu) chegou minha família de intercambiome pegi ea gente foi a minha casa
nova para issoano.
4. Lá tem muitas culturas e pessoas dotodomundos.
5. Tive um família ótima.
6. Normalmente a gente foi ao Miami ou Orlanda para as férias.
7. Meus planos praa próxima 5 anos e simplesmente estudando na faculdade com minha
namorada e trabalhar pocinho e estudar Biologio na faculdade do Orlando.
Anglofalantes - Avançado
Anglofalante5
1. Eu gostaria de trabalhar como intérprete numa organização tal como o ONU ou a
UE.
Anglofalante 6
1. Eu cheguei aqui no Brasil no dia 27 de Julho.
2. Ficava num albergue até o semana passada, mas agora moro em Manaíra com
dozebrasileira num pensionato.
3. Ate agora, gostoJoão Pesso muito.
43
4. As pessoas aqui são muitos simpáticase eles gostam de mostrar estrangeiras a cidade
deles.
5. Eu cresava numa pequena cidade na frontera entre Gales e Inglaterra.
6. Leeds é uma cidade na norte do País com muito movimento.
7. Gosto muito da cidade porque tenho muitos amigos lá e tem muitas coisas para fazer,
aunque a clima é horrível.
8. Eu queria fazer o programme de Jet também.
Anglofalante 7
1. Minha chegada ao Brasil fui muito tranquilo.
2. Eu já tinha visitadao país quatro veses antes de me mudar pra cá.
3. Eu já conheçia minha cidade, João Pessoa.
4. Faz quase dois anos que eu morro aqui e eu estou me acostumando ainda porque
asdiferências culturais são muitas.
5. Eu sou canadense de Ottana, a capital do país com uma população de quase um
milião.
6. O Canadá é muito bonito, com as estações que mudam da costa oeste a cost este.
7. Eu sou mãe, tenho um filho de dois aninhos então meus planos pelos próximos cinco
anos são muito basiados nele.
8. Pelo momento é isso que eu vou fazer até concretisar meus planos de abrir uma
agência de viagem com specialização em entercâmbio.
Anglofalante 8
2. A gente ficou esperando em São Paulo para horas, sentindo muito cansada!
3. Percibimos pela primeira vez a diferencia enorme entre a língua portuguesa (que eu
tinha estudado) e a língua brasileira.
4. Eu moro em Inglaterra
5. Leeds, onde eu morava antes de vir a Brasil.
6. Eu ficarei em Brasil até julho de 2013.
44
7. Se eu tivesse mais tempo em Brasil eu ficaria mais, mas o meu semestre em
Inglaterra vai começar em setembro de 2013.
8. Depois, vou encontrar trabalho que esteja em Inglaterra ou fora.
9. A minha mãe não quer que eu trabalhe fora de Inglaterra mas acho que eu vou gostar
viajar, e talvez ficar fora!
Germanofalantes - Pré-intermediário
Germanofalantes 1
1. Chegeiem Recife no aeroporto.
2. Eu e minha esposa fomos com o carro para João Pessoa.
3. Em João Pessoa está muito quente todos os tempo.
4. A clima é totalmente diferente do que a clima no Brasil.
5. Actualmente eu faço um MBA a distância.
6. Depois o meu mestrado eu vou trabalhar.
Germanofalante 2
1. Em junho eu chegava no Brasil.
2. Minha familha brasileira esperavam para mim na aeroporto.
3. São todos gente boa, muito aberto e comunicativo.
4. As primeiras dias eu já fiz muitas amizades e sai demais.
5. Em septembro eu viagei quase 5 semanas pelo Brasil.
6. Viagava com minha turmas.
7. Iniciamos em Recife e descobriram outros cidades.
8. Moro com minha família em Hamburgi que fica a nortede alemão.
9. Generalmente o tempo está muito frio e as habitantes reclamam muito sobre isso.
10. Minha cidade parece muito limpo, as pessoas adoram de beber cerveja e comem
muito pão.
45
11. Existem muitas árvores e há muito pontes.
12. As habitantes são muito fechado e passam muito tempo em casa.
13. Daqui em cinco anos eu quero construir uma academia com meu melhor amigo.
14. Temos alguns idéias que pudermos realizar.
Germanofalante 3
1. A minha esposa e os filhos chegaram no mês de junho de 2010 eo no setembro.
2. O internet mostrou que João Pessoa é a cidade meis linda do Brasil.
3. Chegei de noite em Recife.
4. Estava muito cançado.
6. Tem dinheiro não tem violença. Mais muitas pessoas ficam triste e depresivas.
7. Penso em ficar aqui dez, quinze annos o porquê não, a minha vida enteira.
8. Os filhos vãofazer a escola aqui, depois a facultate intão farão o que querem.
Germanofalante 4
1. Eu saiu Alemanha de Frankfurto e chegei em Salvador.
2. Na Recife eu pasei uma noite numa pousada perto do centro.
3. Meus planos para os próximos cinco anos são: terminar/graduar meu curso, começar
uma carrera numa empressa grande,moraruma vida bonita nas prayas do mundo.
Germanofalantes – Pré-intermediário
Germanofalante 5
1. Esta vez cheguei aqui no Brasil para morar em João Pessoa para (pelo menos) os
próximos dois anos.
2. Se eu estivesse no meu pais de orijem agora, não poderia usar um vestido curto com
jinelos.
3.As pessoas podem tomar um vinho quente para seaquecentar.
Germanofalante 6
46
1. Eu cheguei no Brasil junto com quatro outras estudantes alemãs.
2. Depois nós chegaram em João Pessoa.
3.Foi um sentidoótimo quando nós encontraram as nossas famílias anfitriãs por primeira
vez.
4. Ela (Alemanha) é um país maravilhosa.
5. A Alemanha é frio demais.
6. Nos próximos cinco anos eu gostara acomplementarvárias coisas.
7. Eu adoro de encontrar e conhecer pessoas.
Germanofalante 7
2. Estava acostumado de chegar ao Brasil e sinto a diferência da temperatura.
3. Todo mundo precisa dinheiro mais existe também uma outra coisa na vida.
4. Queria agora começar viver ao Brasil, com um vida professional.
5. Como eu sou Engenheiro já encontrei várias vagas na várias empresas de grande
parte interessantes.
5. Eu cheguei em São Paulo no final de decembro começei de preparar o meu currículo
juntos com uma carta de apresentação.
Germanofalante 8
1.Nos próximos cinco anos quer adiquirir experiência professional no Brasil.
2. Primeiramente, euchegeiem São Paulo para passar meus primeiros dias lá.
3. Eu pude me aclimatizar com a língua portuguêsa.
4. Meus primeiros dias foram interesantes e bons.
5. Antes de eu viagava para outros países.
6. Eu não somente queria fazer bachelorado, mas também o mestrado.
7. Enquanto dessetempo eu gostaria de viagar mais.
47
Apêndice B - Tabelas para quantificação dos casos de inadequações linguísticas
verificadas em provas de nivelamento de alunos de PLE
Tabela 1
Nível: Pré-intermediário
Hispanofalantes
Fatos linguísticos
Hispanof.1
Hispanof. 2
Hispanof. 3
Hispanof. 4
Ortografia
22
18
29
14
Concordância nominal
1
3
8
3
Concordância verbal
0
0
0
0
Regência nominal
0
0
0
0
Regência verbal
0
0
4
3
Tabela 2
Nível: Avançado
48
Hispanofalantes
Fatos linguísticos
Hispanof. 5
Hispanof. 6
Hispanof. 7
Hispanof. 8
Ortografia
5
2
6
5
Concordância nominal
0
2
0
1
Concordância verbal
0
0
1
0
Regência nominal
0
0
0
1
Regência verbal
2
2
3
0
Tabela 3
Nível: Pré-intermediário
Anglofalantes
Fatos linguísticos
Anglof. 1
Anglof. 2
Anglof. 3
Anglof. 4
49
Ortografia
5
12
11
6
Concordância nominal
4
6
3
5
Concordância verbal
0
2
0
2
Regência nominal
3
0
0
0
Regência verbal
0
5
2
0
Tabela 4
Nível: Avançado
Anglofalantes
Fatos linguísticos
Anglof. 5
Anglof. 6
Anglof. 7
Anglof. 8
Ortografia
0
4
10
2
Concordância nominal
1
5
1
5
50
Concordância verbal 0 0 1 0
Regência nominal
0
0
0
0
Regência verbal
0
3
0
2
Tabela 5
Nível: Pré-intermediário
Germanofalantes
Fatoslinguísticos
Germanof. 1
Germanof. 2
Germanof. 3
Germanof. 4
Ortografia
2
6
12
5
Concordância
nominal
3
13
2
5
Concordância verbal
0
1
0
1
Regência nominal
0
1
0
0
51
Regência verbal 2 4 1 3
Tabela 6
Nível: Avançado
Germanofalantes
Fatos linguísticos
Germanof. 5
Germanof. 6
Germanof. 7
Germanof. 8
Ortografia
2
0
6
8
Concordância nominal
0
3
3
0
Concordância verbal
0
2
0
0
Regência nominal
0
0
0
0
Regência verbal
2
4
4
1
ANEXOS
52
ANEXO A – Provas de nivelamento de hispanofalantes – Nível Pré-intermediário
Prova 1
Prova 2
53
54
Prova 3
55
Prova 4
56
ANEXO B – Provas de nivelamento de hispanofalantes – Nível Avançado
Prova 1
57
Prova 2
58
Prova 3
59
Prova 4
60
ANEXO C – Provas de nivelamento de anglofalantes – Nível Pré-intermediário
Prova 1
61
Prova 2
62
Prova 3
63
Prova 4
64
ANEXO D – Provas de nivelamento de anglofalantes – Nível Avançado
Prova 1
65
66
Prova 2
67
Prova 3
68
69
Prova 4
70
ANEXO E – Provas de nivelamento de germanofalantes – Nível Pré-intermediário
Prova 1
71
Prova 2
72
Prova 3
73
Prova 4
74
ANEXO F – Provas de nivelamento de germanofalantes – Nível Avançado
Prova 1
75
76
Prova 2
77
Prova 3
78
Prova 4