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Miriam Gomes ChalfinREPÓRTER
Você já parou para pensar quanto produz de lixo por dia? A resposta é 1,1 quilo em média. Multi-plique esse número pela população do Brasil, que é de quase 194 milhões de habitantes. A conta chega fácil aos 213 milhões de quilos de resíduos gerados diariamente no país. As-sustador, principalmente considerando-se que o consumo inconsciente é o grande vilão dessa história. A explicação é simples: quanto mais se consome, mais lixo se pro-duz. “Quando se pensa em resíduos, o principal ponto é reduzir a geração. Muito lixo poderia ser evitado na hora da compra“, atesta o engenheiro ambiental Henrique Ferreira Ribei-ro, da Ambiência Soluções Sustentáveis.
Para isso, bastam ati-tudes simples, como não comprar por impulso, evitar produtos que geram muitos resíduos (como os que vêm em embala-gem de isopor e plástico), priorizar artigos duráveis e evitar os descartáveis, aproveitar ao máximo cada item e doar o que você não usa mais. Aliás, foi pensando nisso que Henrique criou no Face-book, no início deste ano,
o grupo Desmaterialize--se, que conta com 7,5 mil participantes. “É um gru-po fechado em que pesso-as doam algum material de que não precisam mais, evitando que ele se trans-forme em resíduo. É uma forma de dar vida nova aos objetos que não têm mais utilidade para você, de dar destino adequado para o que viraria lixo. Assim, o ciclo da sustentabilidade gira”, explica o engenhei-ro ambiental. E tem gente procurando e oferecendo de tudo: bonés, celula-res, malas, brinquedos, livros, apostilas, rádios, eletrodomésticos, mó-veis, roupas, bijuterias e até filhotes de gato e porquinho-da-índia.
É na tecla do consumo consciente que o Insti-tuto Akatu bate incansa-velmente. “As pessoas precisam entender que qualquer ato de consumo impacta o meio ambiente, a economia e a sociedade. Por isso, devem procurar reduzir os impactos nega-tivos e melhorar os positi-vos”, defende o assessor de conteúdo técnico do Akatu, Estanislau Maria. A lição começa em saber que o ato de compra é a primeira etapa do proces-so de consumo, que vai terminar exatamente no descarte. Antes de partir para a ação, a pessoa pre-cisa planejar (por quê, o
quê, de quem e como com-prar), saber como usar (aproveitar ao máximo, reduzindo o desperdício) e como descartar. Se o consumidor pensar em tudo isso e enca-rar o produto como resíduo, e não como lixo, vai, por exemplo, evitar a retirada de mais recursos da natureza. “Segundo a ONU, para colocar 1 quilo de bife na mesa, são gastos 15 mil litros de água na cadeia produtiva, desde a criação do bezerro, passando pelo abate, a limpeza e o trans-
mais: por falta de planeja-mento na hora da compra, um terço dos alimentos perecíveis vai direto para o lixo. Ou seja, de cada
U Pensar antes de comprar é uma das formas de reduzir os resíduos
Consumo consciente
SECO
Embalagens de produtos de limpeza, latas de bebidas em alumínio, latas de alimentos em aço, papel, garrafas pet, embalagens de vidro, dentre outras embalagens
ÚMIDO Restos de comida, resíduos de banheiro, fraldas descartáveis
REJEITO Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades
de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição fi nal ambientalmente adequada
U TIPOS DE RESÍDUOSConfi ra as diferenças
Fontes: Ministério do Meio Ambiente, IBGE, Abrelpe e Instituto Akatu
SHUTTERSTOCK
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três laranjas, uma é jogada fora; de cada três litros de leite, um é desperdiçado.
E essa conta vale para qualquer item perecível adquirido.
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Morro do Elefante Morro do Pires Serra da Calçada Serra do Souza
APOIO:
Venha participar deste momento histórico para a nossa cidade.
Assinatura dos Decretosde Monumentos Naturais.Nova Lima cada vez mais verde.
Aproveitar cada grama de alimento é obrigatório na casa da professora Ca-mila Alterthum, 36 anos. “Cascas e restos de folhas vão para a composteira e viram adubo”, exemplifi-ca. Outra atitude é separar os resíduos. Os recicláveis são limpos, guardados e levados para coleta seleti-va. Assim, acaba sobrando pouco lixo mesmo, como papel higiênico e fralda descartável. Aliás, ela usa também fralda de pano para reduzir a produção de lixo úmido. “Caixas e papéis de presentes tam-bém são guardados para aproveitamento posterior. E quando compro alguma coisa, olho se a embalagem é reciclável ou opto pelo produto a granel. São pe-quenas mudanças no dia a dia que ajudam a deman-dar menos recursos da na-tureza e acabam gerando menos lixo”, diz.
O coordenador da ONG Primo – Primatas da Mon-tanha, Gustavo Passos, 43 anos, também reaproveita restos de comida para produzir adubo. Além da composteira, ele usa o minhocário. “Misturo resíduo de cozinha com um pouco de material orgânico, como serragem, e minhocas california-nas, que se reproduzem rapidamente. A produção de adubo depende da
quantidade de resíduos.” Gustavo garante que é um consumidor consciente, mas sem radicalismo, e que usa somente sacolas retornáveis.
Estanislau Maria, do Akatu, acrescenta outras atitudes à lista: migrar do real para o virtual (baixar CD pela internet em vez de comprar), usar mais o compartilhado (alugar roupas de festas, por exem-plo), combater a obsoles-
cência programada e por design (reclamar quando um produto estraga logo após o vencimento da ga-rantia e não adquirir um novo telefone ou carro só por que o modelo mudou) e combinar a compra com-partilhada de feira (rodízio entre vizinhos). “Trata-se de nova mentalidade, novo jeito de investir dinheiro em outras coisas, como ficar mais tempo com a família”, ressalta. Foi exa-tamente para se libertar do consumismo e priorizar aquilo que realmente é importante – e, portanto, não está à venda – que o norte-americano Dave Bruno lançou, em 2008, o The 100 Thing Challenge
Ele se desfez de tudo que era inútil e ficava amon-toado na casa, sem uso, e passou a viver apenas com o essencial. Mudou sua forma de pensar e agir.
Pequenas mudanças para ajudar a natureza
Planeje suas compras: a impulsividade é inimiga do consumo consciente. Planeje antecipadamente e, dessa forma, compre menos e melhor
Avalie os impactos de seu consumo: leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo
Consuma apenas o necessário: reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos
Reutil ize produtos e embalagens: não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar
Separe seu lixo: recicle e contribua para a economia de recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a geração de empregos
U 5 DICAS PARA SER
SUSTENTÁVEL
Fontes: Ministério do Meio Ambiente, IBGE, Abrelpe e Instituto Akatu
PEDRO VILELA
J Gustavo Passos aproveita restos de comida para produzir adubo
REDUZIR: Signifi ca consumir menos produtos,
preferindo aqueles que tenham
menor potencial de gerar resíduos
e maior durabilidade
COMO: Adquira sempre produtos
mais duráveis e menos descar-
táveis
Procure produtos que
utilizem menos embalagens (inclu-
sive para presentes)
Compre o sufi ciente para o
consumo, evitando desperdício de
produtos e alimentos
Evite comprar legumes,
frios e carnes em bandejas
de isopor, pois esse material
não é reciclável
Rejeite sacos plásticos,
sempre que possível
Aproveite tudo o que puder
dos alimentos, inclusive talos,
cascas e folhas, economizando
também nas quantidades
Coloque no prato só o que
realmente for comer
Reforme e conserve
objetos, ao invés de
substituí-los por outros
Imprima somente o neces-
sário
REUTILIZAR: É um processo de aproveitamen-
to dos resíduos sólidos sem sua
transformação biológica, física ou
físico-química
COMO:Utilize a frente e o verso
do papel para escrever
Reaproveite vidros de geleia,
maionese, massa de tomate,
requeijão e outros
Utilize cartuchos de impresso-
ra recarregáveis
Doe restos de materiais (reta-
lhos de tecidos, botões, miçangas)
para ofi cinas de arte e artesanato
(ou faça você mesmo)
Reutilize sacos plásticos
e caixas
Reaproveite envelopes
Doe a quem precisa os
objetos e as roupas que não são
mais necessários
Identifi que em seu bairro/
cidade quais instituições costumam
recolher materiais para reutilização
RECICLAR: Transformar resíduos sólidos, al-
terando suas propriedades físicas,
fi sico-químicas ou biológicas, em
insumos ou novos produtos
VANTAGENS DA RECICLAGEM:Diminui a exploração de
recursos naturais
Reduz o consumo de energia
Diminui a poluição do solo, da
água e do ar
Prolonga a vida útil dos
aterros sanitários
Diminui os custos da pro-
dução, com o aproveitamento de
materiais recicláveis
Nas indústrias: diminui o des-
perdício e os gastos com limpeza
urbana; potencializa o fortaleci-
mento de organizações comuni-
tárias; gera trabalho e renda pela
comercialização dos recicláveis
No Brasil, 13% dos resíduos
sólidos urbanos passam pelos
processos de reciclagem
Ouriço-cacheiro. Símbolo da Mata do Jambreiro.
Foto
: Rob
erto
Mur
ta.
Preservar e proteger os lares de milhares de espécies é contribuir para um futuro melhor.
A Vale mantém atualmente importantes reservas ambientais em Minas Gerais. Isso, porque sabemos que a fauna e a flora não são apenas paisagens do nosso Estado, mas riquezas importantes para nós e para as próximas gerações. Além de nos encher de orgulho, cuidar desses patrimônios reafirma o nosso compromisso com o futuro do planeta.
Preservação ambiental. Se é importante para Minas, é importante para a Vale.5 de Junho. Dia Mundial do Meio Ambiente.
U LIXO X SUSTENTABILIDADE
Produção de lixo no Brasil
Sudeste 1,2 quilo
Norte 0,9 quilo
Centro-Oeste 1,12 quilo
Nordeste 0,98 quilo
Sul 0,98 quilo
OS 3 R’S O Princípio dos 3R’s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar – é um conjunto de atitudes relacionadas aos hábitos de consumo que ajudam a poupar os recursos naturais, gerar menos resíduos e minimizar seu impacto sobre o meio ambiente, além de promover a geração de trabalho e renda
Cada habitante
gera, em média, 1,1 quilo de resíduos
por dia
Quantidade de resíduos produzida no Brasil por
habitante/dia
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Samarco. Nós somos feitos daquilo em que acreditamos.
www.samarco.com0800 031 2303
Somos feitos de vida e responsabilidade, de sorrisos e sustentabilidade. Somos feitos de conscientização, de pesquisa, de efi ciência no tratamento e no uso de recursos naturais, de investimentos em soluções inovadoras com respeito às pessoas e ao meio ambiente. Nós somos a Samarco.
5 de junho. Dia Mundial do Meio Ambiente.
Acesse o Relatório Anual de Sustentabilidade 2012, em nosso site, e saiba o que mais valorizamos.
Aqui no Brasil, ainda falta muito para se frear a velocidade da produção de lixo. “O ponto fundamental hoje é a educação ambien-tal. Ela pode promover a mudança de comporta-mento do consumidor, tanto na compra como na geração, e fazer com que os governos melhorem a reciclagem. É uma questão de paciência, verdadeiro trabalho de formiguinha”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Sus-tentável (IBDS), Ricardo Vieira. Segundo ele, a geração de resíduos, nos últimos três anos, cresceu 8% com o aumento do po-der de consumo da classe média. E o consumidor single de grandes capitais tende a comprar alimentos fracionados, embalados, gerando mais resíduos do que uma família.
A grande quantidade
de resíduos gera passivos social e sanitário, prin-cipalmente para os cata-dores, e ambiental, com a contaminação do solo e da água, por exemplo. O Brasil tem hoje 600 mil ca-tadores, quase 3 mil lixões (2 mil deles com crianças trabalhando) e apenas 800 municípios – menos que o estado de Minas Gerais – com alguma experiência com coleta seletiva.
O gerente de projeto da Secretaria de Recur-
sos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ronaldo Hipólito, afirma que o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano ao não reciclar materiais. A latinha de alu-mínio, por exemplo, pode ser fabricada a partir do próprio produto, sem que se extraia bauxita do solo. Além disso, a reciclagem diminui o tamanho dos aterros e aumenta a vida útil deles.
Para conscientizar as pessoas, o ministério lançou, este ano, uma cartilha sobre resíduos e reciclagem. “Há 10 anos, ninguém falava sobre esse tema e hoje ele está em todo lugar”, afirma. Vale lembrar que a Política Nacional de Resíduos Só-lidos, regulamentada em dezembro de 2010, passa a valer em 2014. Até lá, todos os lixões terão que ser er-radicados.
Geração de resíduos cresceu 8%
“Há 10 anos, ninguém falava sobre esse tema
e hoje ele está em todo lugar”
Ronaldo Hipólito
JULIANA FLISTER/AGÊNCIA I7
J Camila Alterthum:“Cascas e restos de folhas viram adubo”
TUDO - BELO HORIZONTE, 10 A 7 DE JUNHO DE 201310 ESPECIAL