TV Digital

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UIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SATO CETRO TECOLÓGICO DEPARTAMETO DE EGEHARIA ELÉTRICA PROJETO DE GRADUAÇÃO AÁLISE DE DESEMPEHO DO SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL PERSO CRAUS VITÓRIA – ES DEZEMBRO/2008

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U�IVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SA�TO

CE�TRO TEC�OLÓGICO DEPARTAME�TO DE E�GE�HARIA ELÉTRICA

PROJETO DE GRADUAÇÃO

A�ÁLISE DE DESEMPE�HO DO SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL

PERSO� CRAUS

VITÓRIA – ES DEZEMBRO/2008

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PERSO� CRAUS

A�ÁLISE DE DESEMPE�HO DO SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL

Parte manuscrita do Projeto de Graduação do aluno Person Craus, apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

VITÓRIA – ES DEZEMBRO/2008

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PERSO� CRAUS

A�ÁLISE DE DESEMPE�HO DO SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL

COMISSÃO EXAMI�ADORA: ___________________________________ Prof. Marcelo E. V. Segatto, Ph. D. Orientador ___________________________________ Jair Adriano Lima Silva, MsC Co-orientador ___________________________________ Prof. Dr. Edson Pereira Cardoso, Examinador ___________________________________ Eng. Bernardo Lopes Valentim, Examinador

Vitória - ES, 10 de dezembro de 2008

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i

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai, por toda a ajuda que me concedeu durante

todo o meu curso de graduação.

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ii

AGRADECIME�TOS

Agradeço aos meus professores por toda a sabedoria transferida durante todos

estes anos de graduação, sem a qual seria impossível a realização deste trabalho.

Destaco ainda meus agradecimentos ao meu orientador Marcelo Eduardo Vieira

Segatto e meu co-orientador Jair Adriano Lima Silva pelos esclarecimentos e a ajuda

na elaboração deste trabalho.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Diagrama de blocos de um sistema digital .............................................. 11

Figura 2.2 – Modelo de camadas em serviços e plataformas de telecomunicações .... 13

Figura 2.3 – Amplitude de um filtro VSB; somente a parte positiva é mostrada. ....... 13

Figura 2.4 – Diagrama de blocos do processo de modulação VSB ............................. 14

Figura 2.5 – Espectro de Freqüência de um sinal OFDM. .......................................... 15

Figura 2.6 – Diagrama de blocos do processo de modulação COFDM ...................... 16

Figura 2.7 – Três tipos de modulação PSK, (a) BPSK, (b) QPSK, (c) 8-PSK. ........... 18

Figura 2.8 – Constelações QAM, (a) 4-QAM ou QPSK, (b) 8-QAM, (c) 16-QAM. . 19

Figura 2.9 – Amplitude de um ruído AWGN. ............................................................. 21

Figura 2.10 – Comunicação com multipercurso. ......................................................... 22

Figura 2.11 – Envelope da amplitude de um canal com distribuição Rayleigh. ......... 23

Figura 2.12 – Formato de tela: convencional (4:3) e HDTV(16:9) ............................. 25

Figura 3.1 – Diagrama de blocos do sistema de transmissão ATSC ........................... 29

Figura 3.2 – Diagrama de blocos funcional do sistema de transmissão DVB-T. ........ 33

Figura 3.3 – Diagrama de blocos da modulação hierárquica do sistema DVB-T ....... 34

Figura 3.4 – Inserção de pilotos nos símbolos OFDM ................................................ 36

Figura 3.5 – Band Segmented Transmission (BST-OFDM) ........................................ 39

Figura 3.6 – Exemplo de transmissão hierárquica ....................................................... 40

Figura 3.7 – Diagrama de Blocos do Sistema de Transmissão do ISDB-T ................ 40

Figura 4.1 – BER vs (C/N) – Canal A ......................................................................... 47

Figura 4.2 - BER vs (C/N) – Canal B .......................................................................... 48

Figura 4.3 - BER vs (C/N) – Canal C .......................................................................... 48

Figura 4.4 - BER vs (C/N) – Canal D .......................................................................... 49

Figura 4.5 - BER vs (C/N) – Canal E .......................................................................... 49

Figura 5.1 – Taxa de Erro de Bit de diferentes esquemas de modulação em um Canal

Rayleigh comparados com uma curva típica de desempenho de um canal AWGN.

Gerado pelo bertool/MATLAB©. ................................................................................ 51

Figura 5.2 – Sistema de TV Digital DVB-T ................................................................ 52

Figura 5.3 – Transmissor OFDM ................................................................................. 53

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iv

Figura 5.4 – Receptor OFDM ...................................................................................... 53

Figura 5.5 – Espectro de potência e diagrama de constelação em um canal AWGN

com SNR = 25 dB. ....................................................................................................... 54

Figura 5.6 –Taxa de Erro de Bit vs Relação Sinal Ruído do Sistema DVB-T – Canal

AWGN ......................................................................................................................... 54

Figura 5.7 – Modelo do Sistema de TV Digital com Canal Rayleigh + AWGN;

Modulação DQPSK. .................................................................................................... 55

Figura 5.8 – Resposta impulsiva do canal A. .............................................................. 56

Figura 5.9 – Resposta em freqüência do canal A. ....................................................... 57

Figura 5.10 – Diagramas de constelação transmitido e recebido, e espectro de

potência do canal Rayleigh. Modulação por subportadora: DQPSK. SNR = 20 dB... 57

Figura 5.11- Resposta impulsiva do canal B. .............................................................. 58

Figura 5.12 – Resposta em freqüência do canal B....................................................... 58

Figura 5.13 - Diagramas de constelação transmitido e recebido, e espectro de

potência do canal B. ..................................................................................................... 59

Figura 5.14 – Resposta impulsiva do canal D. ............................................................ 60

Figura 5.15 – Resposta em freqüência do canal D. ..................................................... 60

Figura 5.16 - Diagramas de constelação transmitido e recebido, e espectro de

potência do canal D. ..................................................................................................... 61

Figura 5.17 – BER x SNR para diversos tipos de canais. ........................................... 62

Page 8: TV Digital

v

LISTA DE TABELA

Tabela 3.1 – Modos de operação COFDM para o padrão DVB-T. ............................. 35

Tabela 3.2 – Modos de operação COFDM para o padrão ISDB-T ............................. 38

Tabela 4.1 – Condições de simulação para o canal A ................................................. 44

Tabela 4.2 - Condições de simulação para o canal B .................................................. 44

Tabela 4.3 - Condições de simulação para o canal C .................................................. 45

Tabela 4.4 - Condições de simulação para o canal D .................................................. 45

Tabela 4.5 – Condições de Simulação do Canal E ...................................................... 46

Tabela 4.6 – (C/N) dB para um BER limiar. NF – Não Funciona, * - Não foi

possível medir a BER devido à falta de sincronismo no receptor, NT – Não Testado.46

Tabela 5.1 – Parâmetros de simulação do modelo com canal Rayleigh...................... 56

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vi

SUMÁRIO

1 I�TRODUÇÃO ................................................................................................ 9

2 I�TRODUÇÃO À TV DIGITAL ................................................................. 11

2.1 Transmissão Digital .......................................................................................... 11

2.2 Tipos de modulação .......................................................................................... 13

2.2.1 Amplitude Modulation -Vestigial SideBand (AM-VSB) ......................... 13

2.2.2 Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM) ......................... 15

2.3 Modelos de Canais ............................................................................................ 21

2.3.1 Canal AWGN .......................................................................................... 21

2.3.2 Canal Rayleigh ........................................................................................ 22

2.4 Formato de Tela e Resolução ............................................................................ 23

2.4.1 High Definition Television (HDTV) ....................................................... 24

2.4.2 Enhanced Definition Television (EDTV) ................................................ 26

2.4.3 Standard Definition Television (SDTV) ................................................. 26

2.4.4 Low Definition Television (LDTV) ......................................................... 26

2.5 Set Top Boxes .................................................................................................... 26

2.6 Conclusões ........................................................................................................ 27

3 PADRÕES DE TV DIGITAL TERRESTRE .............................................. 28

3.1 Advanced Television System Committee (ATSC) ............................................. 28

3.1.1 Sistema de Radiodifusão Terrestre ATSC .............................................. 28

3.1.2 Degradação do sinal digital causada pelo canal de transmissão ............. 30

3.1.3 Relação Portadora Ruído (C/N) .............................................................. 31

3.1.4 Potência de Transmissão ......................................................................... 31

3.2 Digital Video Broadcasting – Terrestrial (DVB-T) ......................................... 31

3.2.1 Sistema de Radiodifusão Terrestre DVB ................................................ 33

3.2.2 Relação Portadora Ruído (C/N) .............................................................. 36

3.3 Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB) ............................................ 36

3.3.1 Sistema de Radiodifusão Terrestre ISDB-T ............................................ 37

3.3.2 Segmentos OFDM ................................................................................... 38

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vii

3.3.3 Transmissão Hierárquica ......................................................................... 39

3.3.4 Esquemas de Codificação de Canal ........................................................ 40

3.4 Conclusões ........................................................................................................ 41

4 O SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL .......................................... 43

4.1 Testes Realizados .............................................................................................. 43

4.1.1 Canal tipo “A” ......................................................................................... 44

4.1.2 Canal tipo “B” ......................................................................................... 44

4.1.3 Canal tipo “C” ......................................................................................... 45

4.1.4 Canal tipo “D” ......................................................................................... 45

4.1.5 Canal tipo “E” ......................................................................................... 46

4.1.6 Resultados ............................................................................................... 46

4.2 A escolha do padrão para o SBTVD ................................................................. 50

4.3 Conclusões ........................................................................................................ 50

5 SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA DE TV DIGITAL ................................ 51

5.1 Análise de desempenho em um canal com ruído aditivo AWGN .................... 52

5.2 Análise de desempenho em um canal Rayleigh ................................................ 55

5.2.1 Canal A .................................................................................................... 56

5.2.2 Canal B .................................................................................................... 58

5.2.3 Canal D .................................................................................................... 59

5.2.4 Curva de Desempenho BER por SNR ..................................................... 61

5.3 Conclusões ........................................................................................................ 62

6 CO�CLUSÕES .............................................................................................. 63

7 REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 64

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viii

RESUMO

Este trabalho se insere na nova realidade de radiodifusão para TV aberta na

qual o Brasil está entrando, isto é, a mudança do sinal de transmissão analógico para o

digital. É apresentada uma introdução sobre aspectos da TV Digital e sobre os padrões

de sistemas de transmissão de TV Digital existentes. Em seguida, o processo de

escolha do Sistema Brasileiro de TV Digital é descrito. Por último são apresentadas

análises de desempenho, via simulação computacional, do sistema de transmissão de

TV Digital. A análise foi realizada utilizando o software Simulink/MATLAB©.

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1 I�TRODUÇÃO

Desde o Século XIX, os estudiosos pesquisavam a respeito de como fazer para

transmitir imagens à distância. Sabe-se que os experimentos evoluíram de acordo com

a possibilidade de cada época. Do surgimento da televisão na década de 1930, com

imagens monocromáticas, à introdução do sistema de cor nos anos 1950, a televisão

passaria a fazer parte do cotidiano das pessoas, contando histórias e narrando fatos

[18].

A transmissão de sinais de TV no Brasil é predominantemente analógica. A

transmissão analógica é caracterizada por formas de onda que devem ser reproduzidas

no destino, isto é, não utiliza técnicas de codificação para a mensagem. É uma

comunicação susceptível a ruídos, interferências e distorções. A qualidade de

reprodução fica, portanto, comprometida.

Em busca da digitalização da TV, Americanos, Europeus e Japoneses se

interessaram pela transmissão de High Definition Television (HDTV) no padrão

digital, ou seja, a transmissão de televisão de alta definição via sinais puramente

digitais. Para isso grupos de trabalhos/comitês foram instituídos no intuito de definir as

diretrizes de seus sistemas terrestres de difusão digital, culminando assim, na definição

e normalização dos seguintes padrões: o Americano Advanced Television System

Committee (ATSC); o Europeu Digital Video Broadcasting (DVB) e o Japonês

Integrated Service Digital Broadcasting (ISDB).

O Brasil seguiu a mesma tendência mundial, e em 1994 foi instituído um

grupo de estudos constituído pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Associação

Brasileira de Rádio e Televisão (ABERT), a Sociedade Brasileira de Engenharia de

Televisão (SET) e a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Padre Roberto

Landell de Moura (CPqD). Com a estruturação de um grupo de estudos em 1999, o

Laboratório de TV Digital da Universidade Mackenzie, em associação com o grupo

ABERT/SET e CPqD, realizou vários testes com os diversos padrões [7].

Os resultados obtidos nos testes demonstraram que a modulação COFDM,

utilizada pelos padrões Europeu e Japonês, apresenta melhor desempenho nas mais

diversas condições de recepção, utilizando tanto antena interna quanto antena externa.

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10

O padrão Japonês ISDB-T, apresentou melhor desempenho que o sistema Europeu

DVB-T, pois possui maior robustez e flexibilidade quanto à mobilidade do receptor. O

padrão Americano ATSC apresentou deficiências de recepção doméstica utilizando

antena interna, ou seja, em canais cujos sinais sofrem desvanecimento por

multipercurso onde não existe “visada direta”. O padrão Americano ainda apresentou

baixo desempenho em áreas de sombra e mostrou-se incapaz de utilizar a recepção

móvel.

Com isto, de posse das conclusões provenientes dos testes, o grupo acima

citado, recomendou a utilização da modulação utilizada pelos padrões Europeu e

Japonês, ou seja, a COFDM.

Por meio do Decreto nº. 5.820, de 29 de Junho de 2006, que dispôs sobre a

implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital – Terrestre (SBTVD-T) no Brasil, o

governo Lula estabeleceu que fosse adotado, como base, o padrão de sinais ISDB-T

[12].

O início das transmissões do SBTVD foi em 2 de dezembro de 2007 na capital

do Estado de São Paulo. O sistema vai ser implementado gradativamente nas outras

localidades do Brasil até junho de 2013. Os sinais analógico e digital serão

transmitidos simultaneamente até junho de 2016 [19].

A implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) irá

proporcionar melhora na qualidade da imagem e áudio recebidos, além de otimizar o

uso do espectro de freqüência. Além disso, será possível receber o sinal digital em

equipamentos móveis e portáteis. Outra vantagem do SBTVD é a capacidade de

interatividade. Essa interatividade traz ao telespectador a possibilidade de fazer

compras, personalizar a programação, mandar e-mails, escolher o ângulo da câmera

que deseja assistir, participar de aulas, etc.

Sendo assim, a proposta deste trabalho é apresentar e analisar os diversos

padrões de transmissão de TV Digital Terrestre disponíveis atualmente no mercado

mundial: ATSC, DVB-T, ISDB-T e destacar o padrão adotado no Brasil. Além disso,

com as simulações realizadas no sistema de TV Digital será possível analisar o sistema

de maneira mais detalhada.

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11

2 I�TRODUÇÃO À TV DIGITAL

Neste capítulo serão relacionados alguns conceitos importantes para o

entendimento das estruturas tecnológicas utilizadas na implementação dos diferentes

padrões mundiais: ATSC, DVB-T e ISDB-T de TV Digital.

2.1 Transmissão Digital

No sistema digital além da melhora da qualidade, tanto pela representação

precisa da informação analógica como pela eliminação de ruídos, tem-se ainda a

possibilidade de armazenamento, processamento e a possibilidade de uma maior

compressão das informações, apresentando assim qualidades de portabilidade,

mobilidade e interatividade. A Figura 2.1 mostra o diagrama de blocos de um sistema

digital.

Figura 2.1 – Diagrama de blocos de um sistema digital

O sistema digital possui um sistema de compressão que é composto por

codificadores e multiplexadores. Os codificadores são utilizados para digitalizar e

comprimir vídeos e canais de dados possibilitando a transmissão de vários canais,

onde antes era ocupado por apenas um canal analógico. Depois de codificado o sinal é

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12

enviado para o multiplexador que combina as saídas dos vários codificadores em uma

única saída digital. Logo após o sinal vai para a modulação que adequa o sinal

multiplexado ao canal do sinal de transmissão. Os principais tipos de modulação são:

Vestigial Side Band (8-VSB), Quadrature Amplitude Modulation (QAM), Quadrature

Phase Shift Keying (QPSK), Differential Quadrature Phase Shift Keying (DQPSK),

Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM) e Codec Orthogonal

Frequency Division Multiplexing (COFDM). No sistema de acesso condicional tem-se

a segurança do sistema, que tem como objetivo controlar os serviços pagos na TV

interativa, principalmente o T-Commerce. Nesta etapa o sinal é criptografado para

manter uma maior segurança nas transações. O gerenciamento da rede tem o objetivo

de minimizar as interrupções de serviços aos assinantes, monitorar a disponibilidade

dos dispositivos, colher dados estatísticos e acionar alarmes para assinalar possíveis

problemas.

Na última etapa, tecnologia de transmissão na rede, tem-se os tipos de

tecnologias de transmissão da operadora até o cliente.

Em alguns países as transmissões estão sendo feitas utilizando simulcasting,

que é a transmissão simultânea do sinal digital com o analógico.

A TV Digital é formada basicamente por três componentes. O primeiro é a

geração e produção do programa dentro das emissoras, o segundo componente é a

transmissão deste programa ou informação até o usuário final e o terceiro componente

é o sistema de recepção que está na casa do usuário através de uma antena ou

equipamento específico para isto.

Assim como nas redes de computadores foi criado o modelo Open System

Interconnection (OSI) de sete camadas para possibilitar a interligação de diferentes

tipos de ambientes de softwares, no sistema de TV Digital foi criado um sistema de

três camadas conforme mostrado na Figura 2.2 [13].

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13

Figura 2.2 – Modelo de camadas em serviços e plataformas de telecomunicações

Na camada de aplicação são executadas as aplicações, como correio eletrônico,

notícias, filmes, etc. Na camada de serviços de telecomunicações tem-se a televisão e a

comunicação multimídia, e na camada das plataformas têm-se os padrões mundiais,

como o ATSC, DVB ou ISDB.

2.2 Tipos de modulação

Modulação é uma variação de amplitude, fase ou freqüência de um sinal

denominado modulado, controlada pela informação que se deseja transmitir,

denominada de sinal modulante.

2.2.1 Amplitude Modulation -Vestigial SideBand (AM-VSB)

A modulação AM-VSB, doravante denominada VSB, é um sistema no qual a

informação é transmitida de forma compacta utilizando duas bandas, denominadas

bandas laterais para a transmissão. Na modulação VSB uma das bandas laterais é

parcialmente suprimida e um vestígio da outra banda lateral é transmitido para

compensar esta supressão. Deste modo consegue-se transmitir a informação com

economia de largura de faixa. A Figura 2.3 mostra o espectro VSB [6].

Figura 2.3 – Amplitude de um filtro VSB; somente a parte positiva é mostrada.

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14

Na Figura 2.3 fc é a freqüência da portadora, fv é a largura do vestígio da banda

lateral e W é a largura de banda da mensagem.

O modelo VSB possui uma vantagem de 2.0 a 2.5dB na relação de potência de

pico média em relação ao sistema COFDM, isto é, o sistema VSB não necessita de

uma potência de pico tão grande para transmitir a mesma potência média [7].

Existem duas versões do VSB, a 8-VSB e a 16-VSB, onde a 8-VSB trabalha

com 8 níveis e transmite 19.3 Mbps por um canal de radiodifusão terrestre de 6 MHz e

o 16-VSB trabalha com 16 canais e transmite 38.6 Mbps em um canal de 6 MHz.

A Figura 2.4 mostra o diagrama de blocos do processo de modulação VSB, em

que o sinal de vídeo transformado pelo processo através do MPEG-2, sofre um

embaralhamento espectral que tem como objetivo evitar a concentração de energia em

alguns pontos e também evitar falha em outros pontos do espectro. Em seguida o sinal

passa por um codificador posterior de erros chamado Reed Solomon (R/S).

Figura 2.4 – Diagrama de blocos do processo de modulação VSB

No terceiro bloco da Figura 2.4, os dados codificados são entrelaçados para

fornecer adicional correção de erros. Este processo espalha os bytes de dados por

vários pacotes R/S sobre um período de tempo maior, de tal forma que um erro em

rajada muito longo é necessário para exceder a capacidade de correção do R/S. Com

isso tenta-se garantir uma boa imunidade do sistema a ruídos impulsivos. Após este

entrelaçamento há um código corretor de erros em treliça, sendo que cada dois bits são

convertidos para três e esse terceiro bit acrescenta a redundância à informação.

No passo seguinte, há o sincronismo dos segmentos gerados, são 312

segmentos, mais um de sincronismo. Este conjunto recebe valores conhecidos no

transmissor e receptor formando o sinal piloto do canal, que está representado no sexto

Page 18: TV Digital

15

bloco. Por último o sinal é inserido em um modulador VSB e depois é feita a

conversão de freqüência de operação da emissora [5].

2.2.2 Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM)

A modulação Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM), consiste

em transformar um sinal serial em vários sinais paralelos. Cada sinal tem sua taxa

reduzida em 1/N, onde N é o número de subportadoras, cada uma modulando uma

subportadora e constituindo um conjunto de funções ortogonais. A Figura 2.5 mostra

o espectro de freqüência de um sinal OFDM [15].

Figura 2.5 – Espectro de Freqüência de um sinal OFDM.

A soma das subportadoras produz um único sinal modulado em OFDM, ou seja,

existe um grande número de portadoras igualmente espaçadas em freqüência e

moduladas por uma técnica digital. O espectro de cada portadora modulada é

posicionado de forma a sobrepor, de maneira controlada e sem causar interferência, o

espectro das portadoras vizinhas de tal forma que o conteúdo das subportadoras sejam

mutuamente ortogonais.

A modulação OFDM possui um bom desempenho em situações de

multipercurso quando a duração do símbolo é maior do que o atraso provocado por

reflexões típicas [17].

O sinal OFDM recebido por uma antena é constituído pela soma do próprio

sinal com ecos produzidos por superfícies refletoras. Quando estes são pequenos,

Page 19: TV Digital

16

produzem o chamado fading seletivo, que provoca um aumento de energia do sinal

para determinadas subportadoras, e a perda de energia, podendo chegar até ao

cancelamento para os sinais de outras.

Isso pode ser solucionado a partir da inserção de blocos funcionais no

modulador que, utilizando algum tipo de redundância, poderão detectar e corrigir uma

boa parte desses erros. Esses blocos acrescentam uma codificação ao sinal OFDM e

com isso aumentam a robustez do sistema em termos da taxa de erro residual,

passando a ser chamada de modulação Codec Orthogonal Frequency Division

Multiplexing (COFDM).

A COFDM é uma multiplexação por divisão de freqüências ortogonais e

codificadas. É utilizada em sistemas de transmissões que sofrem interferência devido

ao desvanecimento por multipercurso em obstáculo como edifícios, pontes e

montanhas, isso porque possui uma maior imunidade.

A Figura 2.3 ilustra o diagrama de blocos do processamento da modulação

COFDM [15].

Figura 2.6 – Diagrama de blocos do processo de modulação COFDM

O processo inicia com o sinal vindo do multiplexador MPEG e no primeiro

bloco é feito o embaralhamento para prover uma dispersão de energia. No segundo

bloco é utilizado um codificador Reed-Solomon, que é aplicado a cada pacote de

transporte embaralhado gerando pacotes com proteção contra erros.

No terceiro bloco existe o entrelaçamento externo onde os bytes de cada 12

blocos são entrelaçados entre si. Isso é feito para que, caso algum bloco não chegue até

o receptor, haja a perda de poucos bits por bloco, evitando a perda de um bloco inteiro.

O próximo passo é a codificação interna que consiste em um código que gera bits de

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17

redundância, permitindo a seleção de um nível mais apropriado de correção de erros

para uma dada taxa de transmissão.

No quinto bloco existe o entrelaçamento interno que funciona em nível de bits,

também chamado de transposição temporal, e não em blocos como foi no

entrelaçamento externo (terceiro bloco).

Após esse passo, existe um mapeamento dos bits para compor os símbolos e os

quadros da transmissão. Essa composição está ligada diretamente ao tipo de

modulação que pode ser DQPSK, QPSK, 16-QAM ou 64-QAM. Os símbolos e os

quadros são montados de acordo com o tipo de modulação e com o número de

portadoras, que são parâmetros configuráveis para a formação de uma palavra de

acordo com o agrupamento de bits. O conjunto dessas palavras é chamado símbolo

COFDM, e cada conjunto de 68 símbolos forma o quadro COFDM.

A inserção do intervalo de guarda tem como função evitar as interferências

intersimbólicas e com isso proporciona uma boa imunidade a ecos (reflexões do sinal

devido a prédios e obstáculos similares). Quanto maior o atraso causado pelo

espalhamento do sinal, maior deve ser o intervalo de guarda.

2.2.2.1 Modulação por Subportadora

Em um sistema de portadora única, a modulação coerente pode ser usada em

sistemas de comunicação com fase fixa entre as portadoras transmitidas e recebidas.

Ela melhora o desempenho, porém requer receptores com maior complexidade

comparada com os utilizados em sistemas não-coerentes. Sistemas com alta taxa de

transmissão usualmente são coerentes. A modulação não-coerente pode ser usada em

sistemas de comunicação que não mantêm a fase fixa entre o transmissor e o receptor,

nem possui o conhecimento da mudança de amplitude nos símbolos transmitidos

causada pelo canal. Isto significa que os símbolos recebidos são rotacionados e

escalonados arbitrariamente quando comparados com os símbolos transmitidos.

Porém, em sistemas multiportadoras, essa modulação é chamada de

mapeamento (processo digital efetuado por consulta à tabela verdade), uma vez que

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18

não existe portadora a ser modulada em cada portadora. Os tipos de mapeamento mais

comuns são o PSK, o QAM e o DPSK [4].

2.2.2.2 Phase Shift Keying (PSK)

A modulação PSK transmite informação por mudança de fase da portadora, a

amplitude é mantida constante. O principal benefício do PSK é a razão potência de

pico/potência média que é praticamente igual a um. Entretanto, isto somente é

verdadeiro para sistemas de portadora única. Um sinal OFDM que é a soma de várias

subportadoras moduladas não tem uma amplitude constante, mesmo se as

subportadoras tenham amplitude constante individualmente.

A forma de onda do sinal PSK é descrita pela equação 2.1.

s(t) = cos(ωct + φk) (2.1)

onde,

t – tempo;

ωc – freqüência da portadora;

φk – termo responsável pela modulação de fase.

A Figura 2.5 mostra 3 tipos de constelações PSK.

Figura 2.7 – Três tipos de modulação PSK, (a) BPSK, (b) QPSK, (c) 8-PSK.

Page 22: TV Digital

19

2.2.2.3 Quadrature Amplitude Modulation (QAM)

A modulação QAM altera a fase e a amplitude da portadora. A equação 2.2

descreve a modulação QAM. A modulação é feita pelos termos A k e φk.

s(t) = A k cos(ωct + φk) (2.2)

onde

t – tempo;

ωc – freqüência da portadora;

A k – termo responsável pela modulação de amplitude;

φk – termo responsável pela modulação de fase.

A Figura 2.6 mostra 3 tipos de constelações QAM.

Figura 2.8 – Constelações QAM, (a) 4-QAM ou QPSK, (b) 8-QAM, (c) 16-QAM.

2.2.2.4 Diferential Phase Shift Keying (DPSK)

A modulação não-coerente pode ser usada em sistemas de comunicação que

não mantêm a fase fixa entre o transmissor e o receptor, nem possui o conhecimento

da mudança de amplitude nos símbolos transmitidos causada pelo canal. Isto significa

que os símbolos recebidos são rotacionados e escalonados arbitrariamente comparados

com os símbolos transmitidos. Portanto, as modulações PSK e QAM não podem ser

usadas, porque elas precisam que a amplitude e a fase dos símbolos recebidos sejam

Page 23: TV Digital

20

bem próximas da amplitude e fase transmitidas. A solução é o uso de modulação

diferencial PSK (DPSK). A modulação diferencial codifica a informação transmitida

por meio de mudança de fase entre dois símbolos consecutivos. Esta codificação

introduz memória no sinal, porque os símbolos transmitidos dependem dos símbolos

anteriores. Consequentemente, o demodulador tem que considerar dois símbolos

consecutivos quanto realiza uma decisão.

O principal objetivo da codificação diferencial é a simplificação da estrutura

de recepção. Vários algoritmos de sincronização na recepção, como triagem de fase,

estimação de freqüência da portadora e estimação de canal, não são necessários. A

codificação diferencial, porém, possui um desempenho pior que a modulação coerente

e é normalmente utilizada em sistemas de baixa taxa de dados [4].

A modulação DPSK altera a fase da portadora do seu valor atual de acordo

com os bits transmitidos. A codificação pode ser expressa pela equação 2.3.

s(t) = cos(ωct + ∆φn + φ) (2.3)

onde

t – tempo;

ωc – freqüência da portadora;

∆φn = φn - φn-1 – diferença de fase dos dois sinais PSK modulados;

φ – diferença de fase desconhecida entre transmissor e receptor.

A decisão na recepção é feita por meio da diferença de fase entre dois

símbolos consecutivos. Se φ variar lentamente (lento o suficiente para ser considerado

constante durante o intervalo de tempo de dois bits), a diferença de fase entre dois bits

consecutivos pode ser considerado independente de φ [6].

O DPSK é utilizado em sistemas de comunicação que necessitam de

receptores simples. A constelação para uma modulação M-DPSK é idêntica a sua

Page 24: TV Digital

21

correspondente constelação M-PSK; apenas o mapeamento dos bits na constelação é

alterado.

2.3 Modelos de Canais

Em comunicações móveis sem fio, os sinais de informação são submetidos a

distorções causadas por reflexões e difrações geradas pela interação do sinal com

obstáculos. As distorções sofridas por um sinal de comunicação incluem atraso de

propagação, ruído térmico, atenuação na potência do sinal, desvanecimento por

multipercurso e efeito Doppler.

Os modelos de canal utilizados neste trabalho são o Additive White Gaussian

:oise (AWGN) e o do tipo Rayleigh os quais serão brevemente descritos abaixo [4].

2.3.1 Canal AWG�

Em locais de recepção distantes, o ruído térmico é o tipo de ruído

predominante na ausência de multipercursos e interferências. O ruído térmico pode ser

considerado um ruído AWGN, ou seja, um ruído aditivo com distribuição gaussiana e

largura de banda infinita com densidade espectral de potência de N0/2 [W/Hz], em que

N0 é a potência de ruído. A Figura 2.7 ilustra a amplitude de um ruído AWGN com 10

dB de potência.

Figura 2.9 – Amplitude de um ruído AWGN.

Page 25: TV Digital

22

2.3.2 Canal Rayleigh

Em um canal de rádio móvel, devido aos diversos obstáculos presentes entre

transmissor e receptor, na maioria das vezes não existe linha de visada entre o

transmissor e o receptor. Os obstáculos presentes nas vizinhanças do receptor

funcionam como espalhadores do sinal enviado. Como resultado, chegam ao receptor

diversas cópias do sinal transmitido com amplitudes e fases aleatórios. Esse ambiente

de propagação é conhecido como transmissão com multipercurso ou multi-caminhos,

conforme ilustra a Figura 2.10.

Figura 2.10 – Comunicação com multipercurso.

Teoricamente, devido aos inúmeros espalhadores presentes na vizinhança do

móvel, o número de cópias do sinal que formam uma componente multipercurso pode

ser considerado infinito. Além disso, o número de componentes em um canal

multipercurso também pode ser considerado infinito. Certamente, para o receptor esse

número será finito devido à sua capacidade limitada de discernir os atrasos e detectar

componentes com amplitudes pequenas. Assume-se, portanto, que a distribuição de

amplitude do canal seja considerada uma distribuição Rayleigh, como mostra o

envelope de amplitude da Figura 2.11.

Page 26: TV Digital

23

Figura 2.11 – Envelope da amplitude de um canal com distribuição Rayleigh.

No domínio da freqüência, a propagação pode ser caracterizada em dois tipos

de desvanecimento: o plano e o seletivo [9]. Se o canal de rádio móvel tem ganho

constante e fase linear sobre uma largura de banda maior que a largura de banda do

sinal transmitido, então o sinal recebido irá sofrer um desvanecimento plano. Se o

canal de rádio móvel tem ganho constante e fase linear sobre uma largura de banda

menor que a largura de banda do sinal transmitido, então o sinal recebido irá sofrer um

desvanecimento seletivo.

Convém destacar dois importantes parâmetros que caracterizam um canal

wireless. São eles, o atraso de propagação provocado por multipercurso, τmax, o qual é

determinado pela resposta impulsiva do canal, e a largura de banda de coerência,

Bc=1/τmax, a qual define uma largura de banda de ganho constante.

2.4 Formato de Tela e Resolução

Outro grande ponto da TV Digital é o formato de tela, assim como a qualidade

da imagem e a resolução. A resolução envolve dois componentes que são:

• Resolução espacial: definida pelo número de pontos de imagem (pixels);

• Resolução temporal: é definida pela quantidade da quadros por segundo.

Esses atributos podem ser agrupados em quatro categorias que são:

Page 27: TV Digital

24

• High Definition Television (HDTV); • Enhanced Definition Television (EDTV); • Standard Definition Television (SDTV); • Low Definition Television (LDTV). Em se tratando de resolução espacial e temporal, existem vários formatos de

resolução de imagem (pixel) e quantidade de quadros por segundo, são elas:

• 480i: imagem com 704 x 480 pixels, 60 quadros entrelaçados por segundo (30 quadros completos/segundo);

• 480p: imagem com 704 x 480 pixels, 60 quadros progressivos por segundo; • 720p: imagem com 1280 x 720 pixels, 60 quadros progressivos por segundo; • 1080i: imagem com 1920 x 1080 pixels, 60 quadros entrelaçados por segundo

(30 quadros completos/segundo); • 1080p: imagem em 1920 x 1080 pixels, 60 quadros progressivos por segundo.

O p e i significam progressivo e entrelaçado, respectivamente. No formato

progressivo, a imagem muda completamente 60 vezes por segundo. No formato

entrelaçado, a metade da imagem muda 60 vezes por segundo. Os formatos 480p e

480i são chamados Standard Definition (SD). Os formatos 720p – 1280 x 720; 1080i –

1920 x 1080; e 1080p – 1920 x 1080 são High Definition (HD), e estão relacionados à

HDTV.

2.4.1 High Definition Television (HDTV)

Com o surgimento dos televisores, na década de 30, a resolução de vídeo era de

240 linhas. Com o passar do tempo e a evolução das tecnologias, foi se ganhando uma

maior qualidade na imagem, que varia conforme o número de pontos na imagem

(pixels) através de duas medidas, o número de linhas e o número de pixels por linha.

Hoje as televisões analógicas de boa qualidade conseguem 525 linhas e 600 pixels por

Page 28: TV Digital

25

linha. Com a tecnologia da HDTV estes números aumentam para 1080 linhas e 1920

pixels por linha, aumentando assim a qualidade da imagem.

A televisão de alta definição, High Definition Television, (HDTV) surgiu da

idéia das telas largas Wide-Screens usadas nos cinemas, que junto com a evolução das

tecnologias HDTV vem para aumentar a definição da imagem e do sinal de áudio na

recepção do sinal dos televisores.

A imagem reproduzida na televisão é composta por um determinado número de

linhas de varredura, que são inversamente proporcionais à distância do indivíduo que

assiste a um programa. Isto significa que se for aumentado o número de linhas pode-se

diminuir esta distância. A HDTV, ao duplicar a definição da imagem, permitirá que

essa distância seja reduzida também.

Outra diferença do HDTV para os sistemas de televisão atuais é a forma de

apresentação destas imagens. Os sistemas analógicos atuais apresentam uma relação

de largura/altura de 4:3 (quatro unidades de largura por três de altura), já o novo

sistema apresenta esta mesma relação de 16:9 (dezesseis unidades de largura por nove

de altura) com uma resolução de 1080 ou 720 linhas horizontais, conforme mostra o

exemplo na Figura 2.7 [14].

Figura 2.12 – Formato de tela: convencional (4:3) e HDTV(16:9)

Estas características vêm mostrar que as principais vantagens deste novo

sistema são a maior nitidez da imagem e uma melhor cobertura do campo de visão.

Page 29: TV Digital

26

2.4.2 Enhanced Definition Television (EDTV)

A definição estendida, Enhanced Definition Television (EDTV), é uma

categoria intermediária entre o HDTV e o SDTV. É transmitido no formato 16:9 e

apresenta resolução de 480 linhas e 720 pixels por linha.

2.4.3 Standard Definition Television (SDTV)

A definição padrão definida como Standard Definition Television (SDTV),

possui uma resolução espacial de 480 linhas e uma resolução temporal de 60 quadros

por segundo. Trabalha semelhantemente ao sistema analógico que também utiliza 60

quadros por segundo, porém possui uma qualidade de imagem bem superior. Pode ser

transmitida no formato 4:3 ou no formato 16:9.

2.4.4 Low Definition Television (LDTV)

A LDTV é um sistema de baixa definição, inferior ao SDTV. Alguns softwares

de computadores utilizam esta resolução em suas placas de vídeo. Também é utilizada

nos videocassetes domésticos que apresentam uma resolução de 480 linhas e 330

pixels por linha.

2.5 Set Top Boxes

Os Set-Top Boxes são aparelhos eletrônicos constituídos por hardware e

software e são responsáveis pela recepção para HDTV e outras imagens de TV Digital.

Também permitem que imagens digitais sejam exibidas nos televisores analógicos

existentes. As principais funções deste equipamento são a decodificação do sinal

digital recebido, verificação dos direitos de acesso e níveis de segurança, além de ser

um dos principais elementos na interatividade da TV.

Entre as principais características que o Set-Top Box deve apresentar estão: o

suporte à televisão de alta definição (HDTV); comunicação de dados digitais

bidirecionais, principalmente para haver a interatividade entre ambos os lados; suporte

a aplicações multimídia distribuídas, para o envio de vídeos sob demanda e jogos

eletrônicos; independência da interface de comunicação; garantir segurança nas

transações eletrônicas para transações utilizadas no comércio eletrônico;

Page 30: TV Digital

27

descompressão de áudio e vídeo; decodificação de programas criptografados; gravação

de programas, hospedagem de aplicativos e processamento das instruções em

programas interativos [10].

2.6 Conclusões

Foram apresentados conceitos básicos sobre os sistemas de transmissão de TV

Digital. Estes sistemas são formados por blocos de codificação de canal, seguidos de

mapeamento e modulação. A codificação é responsável pela inserção de redundância

no sinal transmitido para corrigir erros na recepção.

O mapeamento dos símbolos é realizado utilizando as modulações coerente e

não-coerente. A modulação coerente oferece uma relação taxa de dados versus

robustez melhor que a não-coerente. Porém, a modulação não-coerente possui a

vantagem de permitir uma estrutura de recepção mais simples.

Após o mapeamento, dois tipos de modulação são utilizados nos sistemas de

TV Digital, o VSB, com portadora única, e o OFDM, com múltiplas portadoras.

Vimos que o OFDM possui bom desempenho em ambientes com múltiplos percursos e

é o mais indicado para comunicação móvel. Já a modulação VSB não é indicada para

ambientes com múltiplos percursos, porém possui uma vantagem de 4 dB de potência

de pico média em relação à modulação OFDM.

Os modelos de canais de comunicação citados foram o AWGN e o Rayleigh.

O AWGN adiciona ruído ao sinal e o Rayleigh altera a amplitude e fase das

portadoras.

Além disso, foram mostrados os diferentes formatos e resoluções que o sinal

de TV Digital irá proporcionar. Estes são o HDTV, EDTV, SDTV e LDTV. Foi citado

ainda que o Set Top Box é o equipamento utilizado para a recepção de sinais digitais

em televisores analógicos e para a recepção de HDTV.

Page 31: TV Digital

28

3 PADRÕES DE TV DIGITAL TERRESTRE

Existem atualmente no mundo três sistemas de TV Digital, definidos e

oficialmente recomendados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) para

aplicação de radiodifusão terrestre. São eles:

• Advanced Television System Committee (ATSC), definido pelos E.U.A; • Digital Video Broadcasting (DVB), definido pelos países Europeus; • Integrated Service Digital Broadcasting (ISDB), definido pelo Japão;

3.1 Advanced Television System Committee (ATSC)

O padrão ATSC foi desenvolvido nos Estados Unidos por um grupo de

empresas, entre elas a AT&T, Chicago´S General Instrument Corporation (GI),

Massachusetts Institute of Technology (MIT), Philips Electronics North America

Corporation, David Sarnoff Research Center, Thompson Consumer Electronics e

Zenith Electronics Corporation. Este padrão foi adotado pela Federal Communications

Commission (FCC) na década de 90 e também é utilizado no México, Argentina,

Taiwan, Coréia do Sul e Canadá, onde foi adotado o padrão digital em 1997 pela

empresa Canadá DTV Inc.

O padrão utiliza a técnica de modulação conhecida como Vestigial Side Band

(8-VSB) e é desenvolvido para operar com largura de faixa de canal de 6MHz,

utilizando o sistema de áudio proprietário Dolby AC-3 e o padrão internacional de

compressão de vídeo MPEG-2 [5].

3.1.1 Sistema de Radiodifusão Terrestre ATSC

Para difusão terrestre, o padrão ATSC utiliza a modulação 8-VSB,

desenvolvido pela Zenith Electronics, a qual transmite 19.3Mbps em um canal de

radiodifusão terrestre de 6 MHz.

A Figura 3.1 ilustra o diagrama em bloco do sistema de transmissão ATSC:

Page 32: TV Digital

29

Figura 3.1 – Diagrama de blocos do sistema de transmissão ATSC

Inicialmente, o feixe de transporte MPEG-2 sofre um processo de

embaralhamento. A seguir, submete-se a um código corretor de erros (Reed Solomon)

que opera em nível de blocos, inserindo 20 bytes de paridade para cada bloco de 187

bytes. Esse conjunto de 207 bytes forma um segmento. O passo seguinte é o de

entrelaçamento, quando os bytes são espalhados ao longo de 52 segmentos. Esse

espelhamento possui a finalidade de evitar que, quando um ruído impulsivo ou

desvanecimento do sinal danificar parte do sinal, ele danifique um segmento (ou vários

segmentos) inteiro(s). Com o espalhamento são danificados poucos bytes de vários

segmentos, ao invés de danificar totalmente alguns segmentos específicos. Isso, aliado

ao código corretor de erros, garante uma boa imunidade do sistema a ruídos

impulsivos. Posteriormente, há um segundo código corretor de erros (Treliça ou

Convolucional), operando em nível de bits. Cada 2 bits originais são convertidos para

3 bits, sendo então um código 2/3. Os 3 bits assim definidos são convertidos para um

símbolo de 8 níveis. A carga útil de cada segmento é composta então por 828 símbolos

de 8 níveis.

No passo seguinte, cada segmento recebe alguns símbolos adicionais, que

servem como elementos de sincronismo de segmento, 312 segmentos, mais um de

sincronismo de campo, formando um quadro. A esse conjunto adiciona-se o sinal

piloto do canal. Finalmente, esse conjunto é colocado num modulador VSB, na

freqüência intermediária (FI). O sinal modulado em VSB está pronto para ser

transladado no conversor de freqüência para o canal de operação da emissora rádio

freqüência (RF), filtrado, amplificado e pronto para ser transmitido [5].

Page 33: TV Digital

30

Devido a grande preocupação com a interferência de sinais de TV Analógicos

NTSC, o projeto do sistema ATSC envolveu uma grande preocupação com tal fator, o

que influenciou a estrutura de diversas partes do sistema.

É importante dizer que no padrão ATSC, as duas camadas inferiores: as

camadas de transporte e transmissão juntas constituem uma capacidade de transmissão

generalizada de dados. As duas camadas superiores definem aplicações especificas,

tais como HDTV ou SDTV que rodam nessa capacidade generalizada de transmissão

de dados.

Utiliza-se a codificação de canal como forma de combater os efeitos de ruídos e

interferências presentes no canal de transmissão que afetam a qualidade do sinal

transmitido [15].

O sistema ATSC adota como técnica de codificação do canal a codificação de

treliça e de Reed Solomon. O Reed Solomon é um codificador do tipo convolucional

não binário, que é utilizado pelo sistema para a correção de uma longa seqüência de

erros. Nesse caso, o código permite a correção de 10 bytes errados de informação

através dos 20 bytes adicionais que são inseridos pelo codificador.

O padrão ATSC também contém um modo 16-VSB de taxas de dados elevadas

para uso em sistema de televisão a cabo que transmite 38.6Mbps em um canal de cabo

de 6MHz [5].

3.1.2 Degradação do sinal digital causada pelo canal de transmissão

Para o padrão em questão ATSC, citam-se como possíveis degradações do

sinal: a atenuação dos sinais, interferência, surtos de ruídos e o desvanecimento por

multipercurso.

No sistema analógico, tipo NTSC para uma relação sinal-ruído (S/N) igual ou

inferior a 34dB, a qualidade da imagem é considerada apenas marginal. O ruído

começa a sobrepor o sinal (imagem com chuvisco) dando margem a interferências,

enquanto que o sistema ATSC com modulação 8-VSB, mantém a qualidade de

imagem constante até uma S/N de 15dB. Essa robustez quanto ao ruído e a capacidade

Page 34: TV Digital

31

de compensação dos efeitos de multipercurso constituem o grande diferencial do

sistema 8-VSB [5].

3.1.3 Relação Portadora Ruído (C/�)

O grupo ABERT/SET ao realizar testes com o padrão ATSC obteve um valor

14,6 dB, para a relação portadora ruído (C/N) de limiar, ou seja, o máximo nível de

ruído suportável em situações onde não existam interferências. Constituindo assim um

ponto positivo para a adoção do padrão ATSC, já que este valor viabiliza a cobertura

de regiões distantes do transmissor [7].

3.1.4 Potência de Transmissão

Os 4 dB de vantagem no limiar da relação portadora ruído (C/N) do ATSC/VSB

sobre os sistemas DVB-ISDB/COFDM, exigem destes, maior potência do transmissor

para conseguir a mesma área de cobertura da emissora. Assim, o sistema ATSC/VSB

requer transmissores de menor potência, oferecendo às emissoras menores custos de

energia.

3.2 Digital Video Broadcasting – Terrestrial (DVB-T)

O padrão Digital Video Broadcasting (DVB) foi desenvolvido na Europa para

atender requisitos de todos os países Europeus. Portanto, este padrão teve como

requisito principal a flexibilidade.

O padrão DVB-T permite a transmissão hierárquica de até dois feixes de dados,

que podem ser utilizados em diferentes aplicações. Essa flexibilidade oferece a

possibilidade de, por exemplo, usar um dos feixes para transmitir áudio e vídeo e o

outro para transmitir dados vinculados com o vídeo. Outra aplicação consiste em

utilizar um feixe para transmitir sinais de TV Digital em SDTV, enquanto o outro

feixe transmite sinais de HDTV.

O DVB-T utiliza a técnica de modulação Codec Orthogonal Frequency

Division Multiplexing (COFDM), uma vez que este esquema é o mais recomendado

para canais seletivos em freqüência. A robustez aos múltilpos percursos fornecida pelo

COFDM torna possível o uso do DVB-T em Redes de Freqüência Única (SFN –

Page 35: TV Digital

32

Single Frequency :etwork). Ele foi desenvolvido para operar em até três larguras de

faixa de canal, sendo estas de 6MHz, 7MHz ou 8MHz.

O DVB-T tem ainda como característica técnica a capacidade para recepção

móvel. O sistema Europeu privilegiou a multiplicidade de canais e a interatividade.

O padrão DVB-T, foi desenvolvido para tentar obter os seguintes requisitos:

• Garantir recepção fixa e móvel; • Apresentar imunidade relativa a mulipercursos e a outras adversidades, introduzidas pelo meio; • Permitir a implementação de redes de freqüência única (SFN); • Assegurar flexibilidade da configuração (hierárquicas de transmissão, etc.), de modo a satisfazer as diferentes necessidades de cada país; • Apresentar resistência a eventuais interferências provocadas pelos atuais serviços analógicos sem interferir nestes; • Permitir facilidade de transcodificação para outros meios de transmissão, como por exemplo: satélite, cabo e fibra ótica; • Dispor de possibilidade de produção de receptores a um preço não muito superior aos atuais.

A modulação OFDM agregada a códigos para correção de erros satisfaz os

requisitos mencionados anteriormente, a qual o sistema permite vários níveis de

modulação QAM e diferentes taxas de código para que seja possível estabelecer vários

compromissos entre vazão de dados e robustez. Como no padrão DVB-T existe a

codificação de canal antecedendo o processo de modulação, a modulação é chamada

de CODFM. Tal codificação de canal é realizada no intuito de corrigir os erros

introduzidos pelas imperfeições do canal de transmissão. No sistema DVB-T a

codificação de canal envolve codificação Reed Solomon (RS) e treliça.

OFDM é uma técnica de modulação que utiliza divisão em freqüência para

transmitir blocos de dados. Cada símbolo do sinal é constituído por um conjunto de

portadoras, cada um transportando informações independentes. No Padrão DVB-T, os

Page 36: TV Digital

33

dados de entrada do modulador são números complexos representando pontos de uma

constelação, o qual pode ser QPSK, 16-QAM ou 64-QAM [1].

3.2.1 Sistema de Radiodifusão Terrestre DVB

A Figura 3.2 apresenta o diagrama de blocos funcional de forma simplificada

do processo de codificação e modulação correspondente ao sistema de difusão DVB-T.

Figura 3.2 – Diagrama de blocos funcional do sistema de transmissão DVB-T.

Na Figura 3.2 considera-se a existência de várias fontes de sinal: vídeo, áudio, e

dados. Tais sinais serão codificados segundo a norma MPEG-2, tendo como objetivo,

a compressão e a conseqüente diminuição do volume de dados a transmitir. Após essa

fase de codificação/compressão, procede-se a multiplexação de cada um dos sinais

codificados de modo a constituir um fluxo do programa. Em seguida, todos os

possíveis fluxos do programa são multiplexados em um fluxo de transporte MPEG-2.

O comprimento total de um pacote MPEG-2 deverá ter 187 bytes mais 1 byte de

sincronismo. Se houver a necessidade de empregar um sistema que utilize modulações

hierárquicas, o fluxo de transporte será separado em dois fluxos de informação

conforme o priority breakpoint (PBP), que pode ser ajustado no começo de cada bloco

do fluxo baseado na ocupação/ociosidade dos dois buffers de saída. Os fluxos de

transporte são separados em alta prioridade e baixa prioridade, passando por um

corretor de erro Forward Error Correction (FEC). Tal designação está relacionada

com o fato do fluxo de alta prioridade estar associado a esquemas de

codificação/modulação mais robustos do que os que estão associados ao fluxo de baixa

prioridade.

Page 37: TV Digital

34

A Figura 3.3 ilustra o diagrama de blocos da modulação hierárquica do sistema

DVB-T:

Figura 3.3 – Diagrama de blocos da modulação hierárquica do sistema DVB-T

Voltando a Figura 3.2, a seqüência dos fluxos de transporte passa por um

embaralhamento para garantir que o sinal passará a ter um número adequado de

transições binárias. O embaralhamento é feito por um polinômio que gera uma

seqüência binária pseudo-aletória.

Após esta etapa, o fluxo passa pelo codificador RS (codificador externo), que

insere 16 bytes de paridade no bloco de dados. Com isso, o RS poderá corrigir até 8

bytes por bloco de dados.

Em seguida o fluxo passa pelo entrelaçador externo. O sinal gerado pelo

entrelaçador externo é entregue a um codificador convolucional (codificador interno),

que permite a implementação de códigos convolucionais perfurados com taxas de 1/2,

2/3, 3/4, 5/6 e 7/8.

O bloco seguinte é constituído por um entrelaçador com dois estágios. No

primeiro estágio faz-se um entrelaçamento a nível do bit, enquanto que no estágio de

saída faz-se um entrelaçamento a nível de símbolo. O propósito do entrelaçamento a

nível de símbolos é mapear os bits nas portadoras ativas OFDM. A estrutura deste

entrelaçador já depende da modulação intermediária a ser utilizada (QPSK, 16-QAM,

64-QAM, MR-16-QAM ou MR-64-QAM). A partir da modulação intermediária

definida faz-se o mapeamento dos símbolos no plano complexo.

Em seguida, introduzem-se sinais de controle e portadoras piloto, para facilitar

a tarefa de recepção. Após o primeiro nível de modulação e da introdução da

informação de controle, ao sinal resultante é aplicada uma IFFT que faz a modulação

do sinal.

Page 38: TV Digital

35

A norma prevê dois modos possíveis, 2k (que utiliza 1.705 portadoras) e 8k

(6.817 portadoras), sendo transmitidas cerca de 2.000 e de 8.000 subportadoras por

cada símbolo, respectivamente. Os sinais transmitidos são organizados em quadros,

sendo que cada quadro possui 68 símbolos OFDM. Uma das grandes vantagens da

divisão do sinal em um grande número de portadoras é a maior imunidade a ruído, em

particular ecos resultantes de múltilpos percursos. A Tabela 3.1 apresenta as principais

características desses dois modos de operação [1].

Parâmetros Modo 2K Modo 8K

Número de Portadoras 1705 (0 a 1704) 6817 (0 a 6816)

Espaçamento entre as Portadoras 3,348 kHz 0,837 kHz

Comprimento do Símbolo 298 us 1194 us

Intervalo entre os Símbolos 9 a 74 us 37 a 298 us

Freqüência de Amostragem IFFT 6,85 MHz

Tabela 3.1 – Modos de operação COFDM para o padrão DVB-T.

O número de portadoras, mostrado na Tabela 3.1, funciona como se fosse um

sistema de compartilhamento em freqüência, ou seja, cada portadora transporta uma

fração da informação total. Com a modulação COFDM as interferências entre as

portadoras que possam existir são evitadas por condições de ortogonalidade entre as

portadoras. A ortogonalidade deste sistema ocorre quando o espaçamento entre as

portadoras é exatamente inverso ao período.

Algumas destas portadoras são utilizadas como sinal piloto. A primeira e a

última são utilizadas para este fim, ou seja, no sistema 2k as portadoras, número 0

(zero) e 1704 são utilizadas como sinal piloto e no sistema 8k as portadoras número 0

(zero) e 6816. A Figura 3.4 ilustra o padrão de inserção de pilotos [1].

Page 39: TV Digital

36

� Pilotos Dados

Figura 3.4 – Inserção de pilotos nos símbolos OFDM

Após a inserção dos sinais de controle, introduz-se um intervalo de guarda entre

cada dois símbolos OFDM de modo que o atraso dos ecos provenientes do

multipercurso seja inferior à duração do intervalo de guarda, evitando a interferência

inter-simbólica. Finalmente, o sinal é entregue aos subsistemas de rádio freqüência

(RF) e de potência para ser transmitido.

A transmissão de sinais HDTV em COFDM do padrão DVB-T, pode ser feita

por um conjunto de repetidoras sincronizadas no tempo e na freqüência com um

transmissor principal em Rede de Freqüência. Através deste método pode-se cobrir

uma extensa área utilizando-se uma única freqüência.

3.2.2 Relação Portadora Ruído (C/�)

Nos testes efetuados pelo grupo ABERT/SET a relação portadora ruído (C/N)

de limiar, ou seja, o máximo nível de ruído suportável em situações onde não há

interferências foi medido e constatado em 19,0dB [7].

3.3 Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB)

O Padrão Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB) adotado pelo Japão

foi desenvolvido para a transmissão digital de televisão, som e dados. Padrões foram

desenvolvidos para transmissão via satélite, via cabo e por sinais terrestres. O padrão

para transmissão terrestre ISDB-T é similar em muitos aspectos ao padrão Europeu

DVB-T. A principal diferença com respeito ao DVB-T é o uso de banda segmentada.

Page 40: TV Digital

37

Esta segmentação de dados permite a alocação de banda para vários serviços,

incluindo dados, rádio, televisão com definição padrão (SDTV) e com alta definição

(HDTV) de uma maneira flexível.

O padrão ISDB-T especifica um sistema para transmissão sobre canais de 6, 7

ou 8MHz. O sistema é projetado para transmitir dados a uma taxa de 3.561 a 30.980

Mb/s [5].

3.3.1 Sistema de Radiodifusão Terrestre ISDB-T

Para radiodifusão terrestre, o ISDB-T utiliza o sistema CODFM, com

portadoras moduladas em 16-QAM, 64-QAM, QPSK ou, adicionalmente, DQPSK. É

um sistema com parâmetros configuráveis (pela emissora), permitindo obter diferentes

níveis de robustez com as respectivas capacidades de transporte.

Testes realizados no Brasil pela ABERT/SET demonstraram que o sistema

ISDB-T é superior em relação à difusão terrestre dos padrões Americano ATSC e

Europeu DVB-T quanto à imunidade ao ruído impulsivo e a mulipercursos [7].

O padrão ISDB-T em questão, oferece o recurso tecnológico do entrelaçador de

tempo que é a chave para a recepção móvel e para lidar com a degradação provocada

pelo ruído impulsivo.

O ISDB-T apresenta três modos. Tais modos são escolhidos de acordo com a

configuração da rede para garantir recepção adequada frente às variações do canal em

conseqüência do efeito Doppler do sinal de recepção móvel.

Os espaçamentos de freqüência disponíveis são 4 kHz, 2 kHz ou 1 kHz,

respectivamente para os modos 2k, 4k e 8k. O número de portadoras varia dependendo

do modo, mas a taxa útil de cada modo deve ser exatamente a mesma em todos. A

Tabela 3.2 mostra as principais características destes três modos [2,3].

Parâmetros Modo 2k Modo 4k Modo 8k

Número de Portadoras 1405 2809 5617

Portadoras por Segmento 108 216 432

Espaçamento entre as Portadoras 4kHz 2kHz 1kHz

Page 41: TV Digital

38

Comprimento do Símbolo 252us 504us 1008us

Intervalo entre os Símbolos 7,8-63us 15,75-126us 31,5-252us

Freqüência de Amostragem IFFT 8,126MHz

Tabela 3.2 – Modos de operação COFDM para o padrão ISDB-T

Além das informações contidas na Tabela 3.2, existem também a distribuição

de um número de portadoras que transportam informação sobre a configuração do

transmissor, também chamado de Transmission and Multiplexing Configuration

Control (TMCC) que são 5 por segmento no modo 2k, 10 no modo 4k e 20 no modo

8k. Outra distribuição das portadoras é para o canal auxiliar, que é utilizado para o

transporte de dados, no qual nos modo 2k são 6 portadoras, nos modo 4k são 13

portadoras e para o modo 8k são 27 portadoras por segmento.

3.3.2 Segmentos OFDM

O ISDB-T foi desenvolvido para permitir flexibilidade, expansibilidade e

comunicabilidade para serviços multimídia utilizando redes terrestres. O padrão

adotou o esquema Band Segmented Transmission (BST-OFDM), que consiste em uma

série de blocos de freqüências chamados segmentos OFDM. O próprio nome indica

que a plataforma foi concebida para múltiplas aplicações, e não apenas para o serviço

de TV Digital [2].

O sistema ISDB-T usa um sistema de segmentação espectral que viabiliza a

alocação flexível de serviços de rádio, SDTV, HDTV e TV móvel. Utiliza o método de

transmissão COFDM, que trabalha com um feixe de transporte encaixado em um

grande número de pequenas portadoras. Este número pode variar de 1.400 a 6.800

subportadoras, e cada uma leva um fragmento da informação. Estas subportadoras

podem ser agrupadas em até 13 segmentos (numerados de 0 a 12, conforme ilustra a

Figura 3.5) e esses, por sua vez, podem ser juntados livremente para formar as

camadas de transmissão hierárquica que este modelo também suporta. Em um sistema

de 6 MHz, cada segmento tem uma largura de 429 KHz.

Page 42: TV Digital

39

Figura 3.5 – Band Segmented Transmission (BST-OFDM)

Por exemplo, um serviço de transmissão em HDTV pode usar até 12

segmentos OFDM, com o décimo terceiro usado para som e dados. Ou, múltiplos

programas SDTV podem ocupar os 12 segmentos OFDM. Para serviços de banda

estreita, um pequeno e mais barato receptor pode ser usado. O segmento OFDM no

centro do canal é dedicado para tais serviços de banda estreita.

3.3.3 Transmissão Hierárquica

A codificação de canal é feita separadamente em cada segmento OFDM.

Conseqüentemente parte de um único canal de televisão pode ser usado para um

serviço de recepção fixa e parte para um serviço de recepção móvel. Cada camada

hierárquica consiste de um ou mais segmentos OFDM, e os parâmetros, tal como os

esquemas de modulação de portadoras, codificação interna e entrelaçamento de tempo

podem ser especificadas para cada camada hierárquica. Até 3 camadas hierárquicas

podem ser estabelecidas.

A Figura 3.6 mostra duas formas diferentes de utilizar os segmentos de dados

em uma transmissão hierárquica [2,3]. Na esquerda, apenas a camada hierárquica A

ocupa todos os segmentos. Logo apenas um tipo de serviço está sendo transmitido. Na

direita, os segmentos são divididos entre três camadas hierárquicas. A camada A

utiliza 1 segmento, o B utiliza 7 segmentos e o C utiliza 4 segmentos. Isto significa

que três tipos de serviços diferentes estão sendo oferecidos neste canal.

Page 43: TV Digital

40

Figura 3.6 – Exemplo de transmissão hierárquica

3.3.4 Esquemas de Codificação de Canal

A Figura 3.7 mostra um diagrama de blocos do sistema de transmissão ISDB-

T [2,3].

Figura 3.7 – Diagrama de Blocos do Sistema de Transmissão do ISDB-T

As saídas de Transport Stream (TS) do multiplexador MPEG-2 alimentam o TS

remultiplexador de modo que o sinal seja adequadamente arranjado para o

processamento, isto é, para que pacotes de 204 bytes sejam formados adicionando 16

Page 44: TV Digital

41

bytes aos 188 bytes do TS do MPEG. Na remultiplexação, primeiramente cada TS é

convertido para sinal em rajada de 188 bytes por meio de um clock com a taxa quatro

vezes maior que o clock de amostragem IFFT. Então se aplica o código RS.

Após o codificador RS, o fluxo pode ser divido em níveis hierárquicos. Cada

um dos três níveis hierárquicos possui uma codificação de canal independente. Os

fluxos passam então por um bloco de dispersão de energia. No processamento de

entrelaçamento de byte, diferentes atrasos de tempo podem ocorrer, já que as camadas

hierárquicas possuem pacotes com tamanhos diferentes. O bloco Ajuste de Atraso de

Tempo é responsável por corrigir a diferença de tempo entre as camadas. Em seguida,

é aplicado ao fluxo a codificação convolucional, seguido de entrelaçamento de bit e

mapeamento.

As camadas hierárquicas são então combinadas. A seguir é realizado o

entrelaçamento temporal e de freqüência. Este processo assegura a efetiva melhoria da

correção de erro contra a variação de intensidade de campo, bem como contra a

interferência de multipercurso na recepção móvel.

A seguir é formado o quadro OFDM, que contém o sinal TMCC

(Transmission and Multiplexing Configuration Control) e o sinal-piloto de

sincronização. O sinal TMCC contém as informações de controle e informações

necessárias para auxiliar o receptor na identificação dos modos de operação. Após

completar o a estrutura do quadro OFDM, os sinais passam pelo IFFT para

multiplexação das múltiplas portadoras. Em seguida, adiciona-se ao quadro OFDM o

intervalo de guarda.

3.4 Conclusões

Analisando do ponto de vista técnico, tem-se que mencionar que a nova

tecnologia de TV Digital e seus padrões apresentam as seguintes características:

• O padrão ATSC:

Apresenta problemas para recepção com antena interna e não foi

projetado para proporcionar recepção móvel. Além disso, apresenta melhor

cobertura, quando comparado com os padrões que utilizam modulação OFDM,

devido à vantagem de 4 dB no limiar da relação sinal-ruído, que resulta em uma

Page 45: TV Digital

42

menor potência do transmissor e como conseqüência, um menor custo de

energia

• O padrão DVB-T:

É um padrão bastante flexível, possuindo diversos modos de operação

que permitem escolher entre robustez e vazão. Utiliza um sistema com

múltiplas portadoras COFDM. Este sistema oferece um bom desempenho em

canais com múltiplos percursos. Além disso, o padrão DVB prevê modulação

hierárquica permitindo que até dois feixes de dados distintos sejam transmitidos

simultaneamente.

• O padrão ISDB-T:

O ISDB-T também emprega sistema com múltiplas portadoras COFDM

e também possui bom desempenho em canais com múltiplos percursos. Seu

diferencial é a maior robustez no suporte à recepção móvel através da

modulação DQPSK. O padrão possui grande flexibilidade na prestação de

serviços, pois utiliza segmentação de banda e pode transmitir em até três

camadas hierárquicas.

Page 46: TV Digital

43

4 O SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL

O Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) foi instituído pelo Decreto nº

4.901, de 26 de Novembro de 2003. Dentre as finalidades que o novo sistema deveria

atender cita-se [11]:

• promover a inclusão social e a diversidade cultural;

• propiciar a criação de rede universal de educação à distância;

• estimular a pesquisa e o desenvolvimento na indústria nacional de tecnologias

de informação e comunicação;

• viabilizar a transição do sistema analógico para o digital;

• aperfeiçoar o uso do espectro eletromagnético;

• aprimorar a qualidade de áudio, vídeo e serviços.

Para realizar a escolha do padrão de televisão digital, a ABERT/SET em

parceria com o Instituto Mackenzie e com o CPqD realizaram testes com os três

padrões existentes, o ATSC, o DVB-T e o ISDB-T. Os objetivos dos testes era

fornecer elementos técnicos para que o grupo de emissoras autorizadas comparassem

os sistemas e subsidiar a ANATEL na decisão de escolher o sistema de televisão

digital mais adequado para o Brasil.

4.1 Testes Realizados

Vários testes foram realizados pela parceria ABERT/SET em parceria com a

Universidade Mackenzie. Os resultados destes testes serão mostrados nesta seção [7].

O objetivo dos testes descritos nesta seção foi avaliar o desempenho dos

sistemas ATSC, DVB-T e ISDB-T no caso de cinco sinais de eco chegando ao

receptor.

Para realizar estes testes foram propostos 5 canais com diferentes condições.

Page 47: TV Digital

44

4.1.1 Canal tipo “A”

A resposta impulsiva do canal é composta por múltiplos “ecos” (sinais

refletidos) de baixa amplitude e de atrasos curtos. A Tabela 4.1 ilustra essas grandezas.

Sinal Amplitude

Relativa

Amplitude dB Atraso de

Tempo (µs)

Principal 0 1,00 0 0

E 1 0,2045 -13,8 0,15

C 2 0,1548 -16,2 2,22

H 3 0,1790 -14,9 3,05

O 4 0,2078 -13,6 5,86

S 5 0,1509 -16,4 5,93

Tabela 4.1 – Condições de simulação para o canal A

4.1.2 Canal tipo “B”

Para o canal tipo B, a amplitude e o atraso das componentes de sinal com

reflexão são relativamente maiores do que os do canal tipo A. A Tabela 4.2 mostra as

condições para os testes realizados. Esse panorama representa a recepção em

ambientes externos.

Sinal Amplitude

Relativa

Amplitude dB Atraso de

Tempo (µs)

Principal 0 1,00 0 0

E 1 0,2512 -12,0 0,30

C 2 0,6310 -4,0 3,50

H 3 0,4467 -7,0 4,40

O 4 0,1778 -15,0 9,50

S 5 0,0794 -22,0 12,70

Tabela 4.2 - Condições de simulação para o canal B

Page 48: TV Digital

45

4.1.3 Canal tipo “C”

Para simular a propagação em ambiente montanhoso, sem visada direta com o

transmissor, adotaram-se as condições ilustradas na Tabela 4.3.

Sinal Amplitude

Relativa

Amplitude dB Atraso de Tempo

(µs)

0 0,7263 -2,8 0,000

1 1,0000 0,0 0,089

2 0,6457 -3,8 0,419

3 0,9848 -0,1 1,506

4 0,7456 -2,5 2,322

5 0,8616 -1,3 2,799

Tabela 4.3 - Condições de simulação para o canal C

4.1.4 Canal tipo “D”

No Canal D tem-se uma situação similar à do canal C em termos de ecos,

porém estes são deslocados no tempo tornando-se pré-ecos. Trata-se de uma adequada

caracterização de recepção interna debilitada.

Sinal Amplitude

Relativa

Amplitude dB Atraso de Tempo

(µs)

0 0,2045 -0,1 0,15

1 0,1341 -3,8 0,63

2 0,1548 -2,6 2,22

3 0,1789 -1,3 3,05

4 0,2077 0 5,86

5 0,1509 -2,8 5,93

Tabela 4.4 - Condições de simulação para o canal D

Page 49: TV Digital

46

4.1.5 Canal tipo “E”

Com o intuito de ilustrar a condição de recepção em um ponto localizado

aproximadamente a mesma distância de três transmissores em uma Rede de

Freqüência Única, adotaram-se as amplitudes e os atrasos descritos na Tabela 4.5.

Sinal Amplitude

Relativa

Amplitude dB Atraso de Tempo

(µs)

0 1,00 0 0,00

1 1,00 0 1,00

2 1,00 0 2,00

Tabela 4.5 – Condições de Simulação do Canal E

4.1.6 Resultados

A Tabela 4.6 mostra o um resumo dos resultados dos testes para uma relação

de potência portadora-ruído (C/N) medida em uma BER de 3x10-6. As abreviaturas

mostradas na referida tabela são, taxa de codificação, intervalo de guarda e modo de

operação, respectivamente. O ISDB ainda possui um parâmetro que indica o ajuste de

atraso.

Tipo de

Canal

(C/�) dB para um BER= 3x10-6

ATSC DVB

3/4;

1/16;

2K

DVB

3/4;

1/16;

8K

ISDB

3/4;

1/16;

4K; 0,1s

ISDB

3/4;

1/16;

2K; 0,1s

ISDB

3/4;

1/16;

8K; 0,1s

ISDB

3/4;

1/32;

2K; 0,1s

A 15,8 19,6 20,3 20,3 20,5 20,4 20,4

B NF 23,2 * 24,4 24,3 24,5 24,4

C NT NT NT 24,3 24,6 24,4 24,2

D NF 23 * 25,3 NF 25,6 25,5

E NF 32,4 * NF NF NF NT

Tabela 4.6 – (C/N) dB para um BER limiar. NF – Não Funciona, * - Não foi possível medir a BER devido à

falta de sincronismo no receptor, NT – Não Testado.

Page 50: TV Digital

47

Observa-se na Tabela 4.6 um panorama favorável ao padrão ISDB em quase

todos os canais avaliados em diferentes configurações no que se refere à taxa de

código, intervalo de guarda e modo de transmissão. Quando não testado (NT), o

padrão ATSC não funcionou (NF) com exceção do canal tipo A, onde a C/N foi de

15,8 dB. Nota-se também que no modo de transmissão 8K, ao padrão Europeu DVB,

não foi possível medir a BER (*) devido à falta de sincronismo no receptor.

A Figura 4.1 ilustra a relação BER vs C/N para o canal A. Percebe-se que em

canais com pequenos atrasos e com baixas amplitudes, o padrão ATSC é superior em

aproximadamente 4 dB em relação aos outros padrões, uma vez que utilizando a

modulação VSB, este beneficia-se da baixa PAPR do sinal gerado para transmissão.

Figura 4.1 – BER vs (C/N) – Canal A

A Figura 4.2 mostra relação entre a taxa de erro de bits BER e a relação

potência da portadora por potência de ruído C/N para o canal B. O padrão DVB é o

que possui melhor desempenho nesta configuração quando comparada com o padrão

Japonês. A penalidade medida foi aproximadamente 1 dB para a BER = 10-6. O ATSC

não aparece neste gráfico, pois este não funcionou nas condições dispostas pelo canal.

Page 51: TV Digital

48

Figura 4.2 - BER vs (C/N) – Canal B

Nas condições descritas pelo canal C, apenas o padrão ISDB funcionou, como

mostra a Figura 4.3. Este funcionou perfeitamente para os três modos (2K, 4K e 8K)

com um desempenho quase idêntico (C/N = 24,5 dB para BER = 3x10-6) nas duas

variações do intervalo de guarda (1/16 e 1/32).

Figura 4.3 - BER vs (C/N) – Canal C

Na simulação do Canal D, o DVB-T novamente teve melhor desempenho.

Observa-se pela Figura 4.4 um ganho de aproximadamente 2,5 dB em relação ao

ISDB-T. Mais uma vez o padrão ATSC não funcionou.

Page 52: TV Digital

49

Figura 4.4 - BER vs (C/N) – Canal D

Em canais com redes de freqüência única (SFN), representados pelo canal E,

apenas o DVB-T funcionou, conforme o desempenho mostrado na Figura 4.5. É

necessário uma C/N de 33 dB para obter a taxa de erro de bits de 10-6.

Figura 4.5 - BER vs (C/N) – Canal E

Page 53: TV Digital

50

4.2 A escolha do padrão para o SBTVD

O Decreto nº 5.820, de 29 de Junho de 2006, que dispôs sobre a implantação

do SBTVD-T no Brasil, estabeleceu que fosse adotado, como base, o padrão de sinais

ISDB-T, incorporando as inovações tecnológicas aprovadas pelo Comitê de

Desenvolvimento [12]. Segundo o Decreto, o SBTVD-T deverá possibilitar:

• transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definição padrão (SDTV);

• transmissão digital simultânea para recepção fixa, móvel e portátil; e

• interatividade.

Todos os três pontos citados acima são suportados pelo padrão ISDB-T.

Porém, a questão da interatividade ainda não foi completamente concluída. Pesa nesta

questão a escolha da melhor forma de implementar um canal de retorno entre os

usuários e a estação de transmissão. Além disso, a interatividade somente é possível

com o uso de uma camada intermediária chamada de middleware. Ginga é o nome

dado a este middleware no Brasil, que ainda está sendo desenvolvido.

O período de transição do sistema de transmissão analógico para o SBTVD-T

será de dez anos, a partir da publicação do Decreto. Durante este período de transição

serão transmitidos simultaneamente os sinais analógico e digital [12].

4.3 Conclusões

O padrão de transmissão de TV Digital a ser utilizado no SBTVD foi

escolhido a partir de testes realizados com os padrões ATSC, DVB-T e ISDB-T. Os

resultados dos testes demonstraram maior robustez do padrão ISDB-T frente aos

múltiplos percursos, funcionando em quatro dos cinco canais testados. O padrão

escolhido para o SBTVD-T foi o ISDB-T. Apesar de este padrão dar suporte à

interatividade, esta questão ainda está em aberto no Brasil, já que ainda não foi

definido um canal de retorno para haver a interatividade e o Ginga ainda está em

desenvolvimento.

Page 54: TV Digital

51

5 SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA DE TV DIGITAL

Neste capítulo analisou-se o desempenho de um sistema de TV Digital via

simulação utilizando o Simulink. A ferramenta usada para realizar a análise foi a curva

Taxa de Erro de Bit (BER) versus Relação Sinal-Ruído (SNR). Ressalta-se que, apesar

de a avaliação da taxa de erro de bit fornecer um importante indicador sobre o

desempenho de um esquema de modulação particular, ela não fornece informações

sobre o tipo dos erros [9].

A Figura 5.1 mostra o desempenho teórico de um canal Rayleigh para

diferentes esquemas de modulação, comparado com uma curva típica de desempenho

de um canal AWGN. Este gráfico foi gerado usando a ferramenta BERTOOL do

MATLAB©. Os valores da relação potência de sinal e potência de ruído das curvas da

Figura 5.1 servem de referência para as relações obtidas nas simulações

computacionais realizadas neste trabalho.

Figura 5.1 – Taxa de Erro de Bit de diferentes esquemas de modulação em um Canal Rayleigh comparados com

uma curva típica de desempenho de um canal AWGN. Gerado pelo bertool/MATLAB©.

DQPSK

QPSK

AWG�

Page 55: TV Digital

52

5.1 Análise de desempenho em um canal com ruído aditivo AWG�

Para realizar a simulação do sistema de TV Digital foi utilizado um modelo do

sistema DVB-T já disponibilizado na biblioteca do Simulink. O modelo funcionava

sobre um canal AWGN e o objetivo principal era modificar o sistema para funcionar

sobre um canal com multipercurso com distribuição Rayleigh. Com isso seria possível

simular um sistema de comunicação mais realístico.

A Figura 5.2 apresenta o diagrama de blocos do modelo de sistema de TV

Digtal DVB-T em um canal com ruído aditivo gaussiano branco.

Uma seqüência aleatória de números inteiros é codificada utilizando um

codificador Reed Solomon e posteriormente é submetida a um entrelaçador

convolucional. Uma codificação convolucional interna e um entrelaçador interno

antecedem o mapeamento das subportadoras em 64-QAM. A modulação OFDM em si

é então realizada, conforme descreve a Figura 5.3.

Figura 5.2 – Sistema de TV Digital DVB-T

Na modulação OFDM é realizada uma super-amostragem através de inserção

de zeros na seqüência das portadoras até atingir a quantidade de pontos da operação

IFFT. No caso particular do DVB-T no modo 2K, o número de pontos da IFFT é 2048.

Page 56: TV Digital

53

A inserção do intervalo de guarda acontece após a multiplexação das subportadoras

realizada pela transformada rápida inversa de Fourier. Na recepção ocorre o processo

inverso da modulação OFDM, conforme ilustrado na Figura 5.4. Convém ressaltar a

decodificação interna realizada pelo algoritmo de decodificação de Viterbi [6,15].

Figura 5.3 – Transmissor OFDM

Figura 5.4 – Receptor OFDM

O modo simulado foi o 2K, no qual 1705 subportadoras de informação são

moduladas em uma IFFT de 2048 pontos, sendo que à entrada do modulador são

inseridos 2048 – 1705 zeros de “oversampling”. Para a simulação em canais AWGN a

inserção do intervalo de guarda torna-se desnecessário.

A Figura 5.5 ilustra o espectro de potência e o diagrama de constelação para a

simulação do sistema descrito na Figura 5.2 em um canal AWGN com SNR = 25 dB.

Percebe-se a nitidez no posicionamento dos pontos da constelação, facilitando o

processo de detecção e implicando em uma taxa de erro de bits nula.

Page 57: TV Digital

54

Figura 5.5 – Espectro de potência e diagrama de constelação em um canal AWGN com SNR = 25 dB.

Como análise de desempenho escolheu-se avaliar a taxa de erro de bits em

função da relação sinal-ruído. A figura 5.6 mostra o desempenho do sistema para 64-

QAM e SNR variando de 0 a 16 dB. Nota-se que, conforme esperado, o desempenho é

o mesmo de um sistema uniportadora. A SNR igual a 16 dB é necessária para a

obtenção de um BER = 10-3.

Figura 5.6 –Taxa de Erro de Bit vs Relação Sinal Ruído do Sistema DVB-T – Canal AWGN

Page 58: TV Digital

55

5.2 Análise de desempenho em um canal Rayleigh

Para simplificar o modelo de simulação, foi utilizado um sistema com

modulação não-coerente, do tipo DQPSK nas subportadoras, e a codificação de canal

foi retirada. Ao canal, foi adicionado o modelo Rayleigh e assumiu-se que o

transmissor e o receptor estão perfeitamente sincronizados. A Figura 5.7 mostra o

diagrama do modelo desenvolvido no Simulink. O conteúdo dos blocos Transmissor

OFDM e Receptor OFDM são os mesmos das Figuras 5.3 e 5.4, respectivamente.

Figura 5.7 – Modelo do Sistema de TV Digital com Canal Rayleigh + AWGN; Modulação DQPSK.

O modelo é composto inicialmente por um gerador de números binários

aleatórios. Ele gera um quadro com 3024 bits e seu período é de 7/48 µs. O

mapeamento DQPSK é realizado em seguida. Como o DQPSK mapeia dois bits por

símbolo, a saída deste bloco será um quadro de 1512 portadoras. No transmissor

OFDM o sinal passa pela IFFT e então o prefixo cíclico é adicionado. O sinal então é

submetido a um canal com multipercurso do tipo Rayleigh e com ruído aditivo

AWGN. No receptor OFDM o prefixo cíclico é removido e o sinal passa por uma FFT.

A informação é então demapeada e a seqüência de bits decodificada é comparada com

os bits gerados para análise de desempenho. Os parâmetros de simulação são

mostrados na Tabela 5.1.

Page 59: TV Digital

56

�úmero de

portadoras

�úmero de

pontos da IFFT

Intervalo de

Guarda

Largura do

Canal

Efeito

Doppler

1512 2048 1/4 6 MHz ~ 0 Hz

Tabela 5.1 – Parâmetros de simulação do modelo com canal Rayleigh

Foram realizadas três simulações, nas quais os parâmetros do canal Rayleigh

foram alterados. A primeira simulação foi realizada utilizando os tempos de atraso e

amplitude dos sinais refletidos do canal A. A segunda utilizou os parâmetros do canal

B e a terceira os parâmetros do canal D.

5.2.1 Canal A

As Figuras 5.8 e 5.9 ilustram, respectivamente, a resposta impulsiva e a resposta

em freqüência do canal A para uma SNR = 20 dB. Observa-se a seletividade em

freqüência, característica de canais wireless [9].

Figura 5.8 – Resposta impulsiva do canal A.

Page 60: TV Digital

57

Figura 5.9 – Resposta em freqüência do canal A.

Os diagramas de constelação transmitido e recebido, além do espectro de

potência recebido são mostrados na Figura 5.10. Apesar do canal não apresentar uma

resposta em freqüência com seletividade intensa, percebe-se que o diagrama de

constelação recebido não permite uma detecção correta dos símbolos transmitidos.

Como conseqüência, ocorrerá degradação na curva de desempenho BER versus SNR.

Figura 5.10 – Diagramas de constelação transmitido e recebido, e espectro de potência do canal Rayleigh.

Modulação por subportadora: DQPSK. SNR = 20 dB.

Page 61: TV Digital

58

5.2.2 Canal B

A resposta impulsiva e a resposta em freqüência do canal B para uma SNR = 25

dB são mostrados nas Figuras 5.11 e 5.12 respectivamente. Os diversos pulsos da

resposta ao impulso revelam a seletividade em freqüência da resposta em freqüência

do canal.

Figura 5.11- Resposta impulsiva do canal B.

Figura 5.12 – Resposta em freqüência do canal B

Page 62: TV Digital

59

Os diagramas de constelação transmitido e recebido, além do espectro de

potência recebido são mostrados na Figura 5.13. Percebe-se que o diagrama de

constelação recebido não permite uma detecção correta dos símbolos transmitidos

mesmo com o aumento da SNR em 5 dB em relação ao canal do tipo A.

Figura 5.13 - Diagramas de constelação transmitido e recebido, e espectro de potência do canal B.

Modulação por subportadora: DQPSK. SNR = 25 dB

5.2.3 Canal D

Os diferentes atrasos e as variadas amplitudes dos pulsos da resposta impulsiva

do canal D ilustrados na Figura 5.14, denunciam um ambiente com comunicação com

multipercurso e, portanto, resposta em freqüência seletiva conforme mostra a Figura

5.15. A Figura 5.16 mostra os diagramas de constelação transmitido e recebido, e o

espectro de potência recebido.

Page 63: TV Digital

60

Figura 5.14 – Resposta impulsiva do canal D.

Figura 5.15 – Resposta em freqüência do canal D.

Observa-se um espalhamento dos pontos no diagrama de constelação recebido,

justificado pela intensidade e constância dos nulos da resposta em freqüência do canal.

Nota-se também que mesmo com a SNR em 35 dB, o desempenho do sistema é

insatisfatório, pelo mesmo motivo.

Page 64: TV Digital

61

Figura 5.16 - Diagramas de constelação transmitido e recebido, e espectro de potência do canal D.

Modulação por subportadora: DQPSK. SNR = 35 dB

5.2.4 Curva de Desempenho BER por S�R

A Figura 5.11 ilustra uma penalidade, relativo ao desempenho de um canal

AWGN, em torno de 6 dB na relação sinal-ruído para uma BER = 10-2 gerada pela

inserção do canal Rayleigh do tipo A. O piso observado na curva ocorre devido à

seletividade em freqüência e à variação no tempo de canais com distribuição de

amplitude Rayleigh. Observa-se um aumento de 2 e 4 dB nesta penalidade para os

canais dos tipos D e B respectivamente.

Convém ressaltar que por mais que aumente-se a SNR, a taxa de erro de bit

manter-se-á constante. Significativa melhora na BER deve ser alcançada utilizando

técnicas de equalização, diversidade e codificação de canal [4,6,9].

Page 65: TV Digital

62

Figura 5.17 – BER x SNR para diversos tipos de canais.

5.3 Conclusões

Neste capítulo foram apresentados os resultados alcançados através das

simulações dos modelos de sistema de TV Digital realizadas no Simulink. Foram

realizadas análises de desempenho nos canais AWGN e Rayleigh. No canal AWGN

foi possível fazer a recepção do sinal sem erros para valores da SNR relativamente

baixos. Já o canal Rayleigh foi simulado utilizando o mapeamento diferencial DQPSK

e verificou-se que o desempenho do sistema é reduzido frente aos problemas causados

por multipercurso. Ressalta-se que significativa melhora na BER pode ser alcançada

utilizando técnicas de equalização, diversidade e codificação de canal.

Page 66: TV Digital

63

6 CO�CLUSÕES

No estudo apresentado neste trabalho, procurou-se fornecer uma ênfase a

análise dos aspectos tecnológicos relativos à implementação da TV Digital no Brasil.

Uma breve comparação entre os vários padrões digitais: ATSC, DVB e ISDB.

No que se refere à comparação tecnológica dos padrões de TV Digital já

existentes, os resultados obtidos nos testes realizados pelo ABERT/SET demonstraram

que a modulação COFDM, utilizada pelos padrões Europeu e Japonês, apresenta

melhor desempenho nas mais diversas condições de recepção, utilizando tanto antena

interna quanto antena externa. O padrão Japonês ISDB-T apresentou melhor

desempenho que o sistema Europeu DVB-T, pois possui maior robustez e flexibilidade

quanto à mobilidade do receptor. O padrão Americano ATSC apresentou deficiências

de recepção em canais cujos sinais sofrem desvanecimento por multipercurso. Ele

ainda apresentou baixo desempenho em áreas de sombra e se mostrou incapaz de

utilizar a recepção móvel.

Conclui-se que o padrão adotado pelo Brasil foi o ISDB-T, uma vez que este

foi o padrão que teve melhor desempenho frente aos testes realizados pela

ABERT/SET. A implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) irá

proporcionar melhora na qualidade da imagem e áudio recebidos, além de otimizar o

uso do espectro de freqüência. Além disso, será possível receber o sinal digital em

equipamentos móveis e portáteis. Outra vantagem do SBTVD é a capacidade de

interatividade.

Confirmou-se que os resultados das simulações são completamente

congruentes com os resultados esperados e com os resultados obtidos nos testes

realizados pela ABERT/SET.

O estudo do efeito Doppler no desempenho do sistema de TV Digital com

recepção móvel fica como sugestão de um trabalho futuro.

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7 REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] European Telecommunication Standard ETS 300 744, Digital Video

Broadcasting (DVB); Framing structure, channel coding and modulation for

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