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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES CURSO DE TURISMO BACHARELADO Wilma de Souza TURISMO E POLÍTICA PÚBLICA: UMA ANÁLISE DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS NO CONSELHO DE TURISMO DO POLO SERIDÓ-RN CURRAIS NOVOS-RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES

CURSO DE TURISMO BACHARELADO

Wilma de Souza

TURISMO E POLÍTICA PÚBLICA: UMA ANÁLISE DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS NO CONSELHO DE TURISMO DO

POLO SERIDÓ-RN

CURRAIS NOVOS-RN 2015

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Wilma de Souza

TURISMO E POLÍTICA PÚBLICA: UMA ANÁLISE DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS NO CONSELHO DE TURISMO DO

POLO SERIDÓ- RN

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, campus Currais Novos, como pré-requisito para obtenção do grau de bacharel em turismo.

Orientador: Prof. Me. Rodrigo Cardoso da Silva

CURRAIS NOVOS-RN 2015

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Currais Novos

Souza, Wilma de.

Turismo e política pública: uma análise das instituições bancárias no conselho de turismo do polo seridó-RN/ Wilma de Souza. – Currais Novos, RN, 2015. 65 f. : il. color.

Orientador(a): Prof. Me. Rodrigo Cardoso da Silva.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de Ciências Sociais e Humanas. Curso de Turismo-Bacharelado.

1. Conselho de turismo – Polo seridó – Monografia. 2. Turismo – Desenvolvimento – Monografia. 3. Políticas públicas – Monografia. I. Silva, Rodrigo Cardoso da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSCN CDU 338.48 (813.2)

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TURISMO E POLÍTICA PÚBLICA: UMA ANÁLISE DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS NO CONSELHO DE TURISMO DO POLO SERIDÓ- RN

O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de bacharel em turismo, no curso de graduação em turismo bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

Currais Novos-RN, , , .

______________________________ Prof. Carolina Todesco

Coordenadora do Curso de Turismo

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Prof. Rodrigo Cardoso da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Orientador

___________________________________________________

Prof ª. Paula Rejane Fernandes Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Examinador

___________________________________________________ Profª. Carolina Todesco

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Examinador

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo

total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca

Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte

ideológico empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a

propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena –

detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º,

consignam, respectivamente:

§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte,

sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão,

de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda,

aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com

intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos

com violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente

que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja

comprovado plágio integral ou parcial do trabalho,

Currais Novos-RN, ___ de ____________ de ____.

________________________________

Wilma de Souza

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À minha mãe, por todo o apoio e aos meus filhos, fontes de amor e persistência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, por ter me proporcionado saúde e força para obter um

bom desempenho.

À minha família por estar sempre presente nessa fase da minha vida. À minha

irmã Andréia, meus filhos Jean Carlos e Nicole, e principalmente à minha mãe

Marileide, por ter me incentivado e me ajudado a concluir mais esta etapa do meu

caminho com sucesso.

Aos meus colegas de faculdade da Turma 2012.1 que fizeram parte da minha

trajetória durante esses quatro anos de estudos, especialmente a Edna Neylma,

Aline Marinho, Isabela Araújo, Manuela Marília, Lucrécia Fernandes, Paulo Roberto,

e Lidiane Ferreira, que estavam presentes nos momentos bons e ruins, e que se

tornaram essenciais para essa caminhada.

Aos meus professores, que serviram de inspiração durante esse percurso,

sem eles não teria adquirido o conhecimento e as experiências vividas na academia,

em especial à Mabel Guardia por ter me proporcionado participar do Projeto de

Monitoria, onde adquiri muitos conhecimentos.

Ao meu orientador Rodrigo Cardoso, pela paciência e dedicação que teve

comigo, me orientando de maneira plena e eficaz, ajudando na concretização desse

trabalho.

Aos professores Paula Fernandes e Carolina Todesco, que participaram da

minha banca de defesa.

Sem vocês não estaria aqui.

A todos o meu muito obrigado!!!

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”.

(Marthin Luther King)

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RESUMO

O turismo é uma atividade que pode contribuir para a geração de empregos, aumento de renda e o desenvolvimento econômico de regiões. Para o seu desenvolvimento adequado torna-se necessário que haja dentro do processo de planejamento uma cooperação entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil, assim como é proposto pela política pública de turismo nos últimos dez anos. Tendo em vista a relevância da atuação de organizações e instituições para o fomento do turismo, o presente trabalho tem como objetivo analisar como as instituições bancárias Banco do Brasil (BB) e Banco do Nordeste (BNB) contribuíram para o desenvolvimento do turismo no Polo Seridó- RN, tendo em vista que ambas fazem parte do Conselho de Turismo do Polo Seridó, desde a sua criação no ano de 2008. Os específicos são: identificar a atuação dessas instituições no Conselho de Turismo do Polo Seridó; e levantar os projetos implementados em parceria com o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil. O estudo apresenta limite espacial contemplando o Polo Seridó, situado no interior do Rio Grande do Norte e um recorte temporal entre os anos de 2008 a 2014. A pesquisa é de natureza básica, com abordagens qualitativa, tendo caráter exploratório. Foi utilizada a técnica de pesquisa de campo e a coleta de dados foi estabelecida por meio de entrevistas estruturadas e fontes documentais tais como as atas do Conselho de Turismo do Polo Seridó. Como resultados, observa-se que o BB e o BNB, não estão cumprindo o seu dever dentro do Conselho de Turismo, como também não estão contribuindo de forma adequada para o desenvolvimento do Turismo no Polo Seridó. Conclui-se que não está havendo um planejamento adequado para o estabelecimento de políticas públicas e de fomento ao turismo, acarretando no mau desempenho dessas instituições, que não conseguem cumprir seus objetivos.

Palavras-Chave: Conselho de Turismo; Banco do Brasil; Banco do Nordeste.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Processo de formulação de políticas públicas ..................................... 21

Figura 2- Atores envolvidos no planejamento do turismo .................................. 27

Figura 3- Estrutura do PNMT .................................................................................. 30

Mapa 1: Polos de Turismo do RN, 2014. ................................................................ 39

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Municípios integrantes do Polo Seridó ............................................... 17

Quadro 2- Procedimentos metodológicos. ........................................................... 18

Quadro 3- Enfoques do planejamento turístico .................................................... 26

Quadro 4- Gestão compartilhada do Programa de Regionalização do Turismo31

Quadro 5- Polos de Turismo- Prodetur II .............................................................. 35

Quadro 6- Instituições que fazem parte do Conselho do Turismo do Polo Seridó ....................................................................................................................... 41

Quadro 7- Linhas de financiamento para o turismo- BNB. .................................. 45

Quadro 8- Linhas de financiamento para o turismo- BB ..................................... 51

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Representantes do Banco do Nordeste nas reuniões do Conselho 49

Gráfico 2- Assiduidade do Banco do Brasil nas reuniões ................................... 53

Gráfico 3- Representantes do Banco do Brasil nas reuniões do Conselho ....... 54

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AMSO- Associação dos Municípios da Micro Região Seridó Oriental

ABAV- Associação Brasileira de Agências de Viagens

ADESE- Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó

BB - Banco do Brasil

BNB - Banco do Nordeste

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

CDL- Câmara de Dirigentes Lojistas

CERSEL- Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural do Seridó

COMBRATUR - Comissão Brasileira de Turismo

CNTur - Conselho Nacional de Turismo

COMTUR- Conselho Municipal de Turismo

CRACAS- Comitê Regional do Artesanato do Seridó

EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo

FAS- Faculdade do Seridó

FCST- Faculdade Católica Santa Teresinha

FUNGETUR - Fundo Geral do Turismo MTur - Ministério do Turismo

PNT - Política Nacional de Turismo

PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo

PRT- Programa de Regionalização do Turismo

PLANTUR - Plano Nacional de Turismo

Prodetur/NE - Programa de Ação para o Desenvolvimento do Nordeste

PDITS - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável

PRODETURIS-CE - Programa de Desenvolvimento do Turismo do Litoral do

Ceará

RN - Rio Grande do Norte

RINTUR- Relatório de Inventário Turístico Nacional

SINGTUR/RN- Sindicato dos Guias de Turismo do RN

SUDENE - Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste

UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

1 POLÍTICA, TURISMO E PROCESSO DE REGIONALIZAÇÃO ............................ 20

1.1 A NOVA VISÃO DO TURISMO .................................................................... 28

2 RIO GRANDE DO NORTE E TURISMO ............................................................ 33

2.1 O POLO SERIDÓ E O CONSELHO DE TURISMO ..................................... 37

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................ 43

3.1 BANCO DO NORDESTE ................................................................................. 43

3.2 BANCO DO BRASIL .................................................................................... 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 57

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

APÊNDICES ............................................................................................................. 62

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INTRODUÇÃO

O turismo é uma atividade que está em crescente desenvolvimento em todo o

mundo, vem ganhando destaque por movimentar a economia, gerar emprego e

renda, promovendo o crescimento de muitos lugares. O Brasil como um país em

desenvolvimento também está se apropriando do turismo e usufruindo de seus

benefícios.

No entanto, entende-se que para o seu desenvolvimento adequado torna-se

necessário um processo de planejamento envolvendo essencialmente a participação

de três atores: a gestão pública, a iniciativa privada e a comunidade local.

Nesse escopo, ressalta-se o papel do Estado e da gestão pública, pois são os

principais responsáveis pelo seu desenvolvimento, cabe a ambos a elaboração de

políticas públicas e ações capazes de traçar metas e objetivos, implementar,

monitorar e avaliar essas ações, traçando parcerias com o setor privado e

consequentemente proporcionar benefícios para a população, tentando alcançar

resultados positivos para todos os inseridos nesse processo.

O planejamento é a principal forma de fazer com que isso aconteça, ele é a

primeira função administrativa que é exercida, e deve ser a base de tudo que é feito

em uma localidade, principalmente se tratando do turismo, caso o contrário, pode

acarretar futuramente uma série de problemas sociais, econômicos e principalmente

ambientais.

Com a grande demanda que o turismo atrai em todo o mundo, foram criadas

políticas de turismo no intuito de planejar e atender as necessidades que essa

atividade exige. Historicamente foram surgindo planos, programas e projetos que

ofereceram diretrizes e norteamentos para o turismo na perspectiva de tornar a

atividade em um processo que desencadearia o crescimento econômico de um país

ou região, sem ocasionar os transtornos e malefícios que poderiam surgir se não

planejado.

Entre as ações realizadas no Brasil, pode-se elencar os Planos Nacionais de

Turismo desde 2003, que visam à descentralização do poder de decisão, bem como

o Programa de Regionalização do Turismo, que objetiva à internacionalização do

turismo brasileiro, à diversificação da oferta dos produtos turísticos e a interiorização

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do turismo, através da criação de regiões turísticas institucionalizadas e roteiros de

turismo.

Nesse contexto de regionalização e interiorização do turismo, no ano de 2005

o governo do Rio Grande do Norte (RN) dividiu o estado em cinco polos de turismo,

tentando considerar as características geográficas e espaciais, capazes de atender

melhor as necessidades dos planejadores do turismo, e facilitar a detectação dos

problemas existentes em cada região para assim poder solucioná-los. As 5 regiões

de turismo são: Polo Costa das Dunas, Polo Costa Branca, Polo Seridó, Polo

Serrano, e Polo Agreste- Traíri.

O Polo Seridó criado em 2005 é composto por 17 municípios, entre eles está

Currais Novos um dos maiores centros econômicos da região do Seridó e onde se

situa a maior parte dos representantes do Conselho de Turismo do Polo Seridó, que

surgiu em 2008. O Conselho realiza reuniões itinerantes trimestralmente para

debater assuntos referentes ao turismo na região e seu desenvolvimento. Participam

do Conselho representantes do poder público municipal, estadual e federal; e

representantes do terceiro setor.

Dentro dos representantes das instituições governamentais estão o Banco do

Nordeste (BNB) e o Banco do Brasil (BB). Tais instituições fazem parte da esfera

federal e são especializadas em fomentar incentivos econômicos, por isso possuem

uma grande representatividade dentro do Conselho. Nessa perspectiva se faz

necessário analisá-las quando se trata de averiguar o desenvolvimento do turismo

da região do Polo Seridó.

Essas instituições são capazes de fomentar o turismo na região, incentivando

o desenvolvimento por meio de linhas de financiamentos especiais para

empreendimentos turísticos públicos ou privados. Dessa forma, a participação no

Conselho, pode ser um facilitador entre linhas de financiamento e o setor privado.

Isso tem a ver, em grande medida, por os bancos estarem em constante afinação

com os debates e acontecimentos envolvendo o turismo. Bem como, podem diante

do quadro exposto nas reuniões criar incentivos mais adequados às necessidades

da região, já que além das instituições participam representantes municipais de

Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova, Parelhas, Acari,

Caicó e Florânia. Incentivos estes que atenderiam a demanda reprimida por falta de

estímulos adequados às necessidades da região.

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Diante do exposto elencou-se a questão central para o desenvolvimento

desse trabalho: Como se dá a atuação do BB e do BNB no Conselho Regional de

Turismo do Polo Seridó? Qual a contribuição dessas instituições para a o

desenvolvimento do turismo regional?

O objetivo geral desse estudo, identificar a atuação dessas instituições no

Conselho de Turismo do Polo Seridó entre os anos de 2008 à 2014. Vale ressaltar

que esse trabalho abrangerá a atuação dessas instituições no setor público e

privado. Como complementar será levantar os projetos implementados pelo os

Banco do Nordeste e o Banco do Brasil.

O surgimento desse trabalho se deve ao fato de tentar propor um novo tema

de pesquisa. Embora já existam outros trabalhos sobre regionalização do turismo e

sobre o Polo Seridó, averiguar a atuação das instituições bancárias dentro do

Conselho de Turismo do Polo é algo novo e de grande importância, pois são as

instituições financeiras que podem incentivar a atividade turística na região.

O estudo é de grande relevância acadêmica, pois trata-se de uma temática

que vem se tornado importante, também servirá como fonte de pesquisa para os

discentes, podendo encadear novos questionamentos e estudos como também

contribuir para o acervo científico do Campus.

Também possui a sua importância social, pois mostrará a sociedade as ações

dessas instituições em 17 municípios como também revelarão se realmente estão

cumprindo as suas obrigações como participantes ativos do Conselho de Turismo do

Polo e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social.

A iniciativa desse trabalho surge da escassez de estudos que investiguem as

políticas públicas de turismo sob o prisma do processo político do Conselho de

Turismo do Polo Seridó, envolvendo as ações desenvolvidas pelo BB e BNB. Além

disso, surge da necessidade de análises que, sob esta perspectiva, descrevam a

trajetória da condução do turismo na região do Polo Seridó.

Para enfatizar a escolha do tema foi elaborado um levantamento de

monografias na Biblioteca digital da UFRN- Campus Currais Novos, utilizando-se

como palavra-chave “planejamento turístico” e a região do Seridó ou os municípios

que compõem o Polo. Também foi feito um levantamento de periódicos no site

Publicações em Turismo, utilizando “Rio Grande do Norte” e “Seridó” como palavras-

chave. O resultado será apresentado em apêndice.

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Referente ao levantamento, foram encontrados 19 trabalhos entre os anos de

2007 à 2014, reforçando a ideia de que a regionalização está sendo um objeto de

estudo relevante para a academia, uma vez que essas políticas estão se articulando

e a região do Polo Seridó possui grandes potencialidades turísticas, que ainda não

estão sendo exploradas dependendo dessas políticas para se tornar um destino

competitivo. Nota-se que há interesse por essa temática partindo de temas mais

abrangentes como as potencialidades turísticas dos municípios que compõem o

Polo, ressaltando a relevância da política de regionalização para esses municípios.

A pesquisa tem como recorte espacial o Polo Seridó, situado no interior do

Rio Grande do Norte, por meio da análise obtida através dos resultados da pesquisa

no BNB e BB. O quadro 1 mostrará a composição do Polo Seridó.

Quadro 1- Municípios integrantes do Polo Seridó. COMPONENTES DO POLO SERIDÓ

Acari Lagoa Nova Caicó Ouro Branco

Carnaúba dos Dantas Parelhas Cerro Corá Santana do Seridó

Currais Novos São João do Sabugi Equador Serra Negra do Norte Florânia Tenente Laurentino Cruz

Jardim do Seridó Timbaúba dos Batistas Jucurutu

Fonte: adaptado de Silva (2015)

O estudo apresenta um recorte temporal entre os anos de 2008 a 2014, pois

compreende desde a institucionalização do Conselho do Polo Seridó até o último

ano que já chegou ao fim. A pesquisa é de natureza básica, pois objetiva gerar

novos conhecimentos e não possui aplicação prática, para Souza, Fialho e Otani

(2007, p.37) esse tipo de pesquisa ”envolve verdades e interesses universais” e visa

à geração de conhecimentos novos para o avanço da ciência.

O trabalho foi desenvolvido em uma abordagem preponderantemente

qualitativa, pois com ela se pode ter uma análise mais aprofundada do que está

sendo estudado e visa destacar características que não podem ser observadas por

meio de um estudo quantitativo (BEUREN; RAUPP, 2003).

Outra característica da pesquisa é seu viés descritivo, para Andrade (2001,

p.124) “a pesquisa descritiva observa, registra, analisa, classifica e interpreta sem

que o pesquisador interfira e manipule os fatos pesquisados”, dando assim mais

veracidade aos resultados obtidos.

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Foram utilizadas fontes bibliográficas variadas, com o intuito de estabelecer a

fundamentação teórica do tema. A pesquisa também conta com informações obtidas

por meio de entrevistas estruturadas que segundo Schluter (2003) “compreende

uma entrevista rígida, feita na mesma ordem e nos mesmos termos” para que assim

a mesma não interfira nas respostas obtidas nas duas instituições.

Os principais documentos utilizados na pesquisa foram as atas do conselho.

Para Fialho e Otani (2007,p.41) “A pesquisa documental fundamenta-se na

utilização de materiais impressos e divulgados que não receberam ainda tratamento

analítico”, a técnica utilizada será a análise de conteúdo. Os resultados são

discutidos e analisados do ponto de vista qualitativo. Para melhor entendimento dos

procedimentos metodológicos foi elaborado o quadro 2:

Quadro 2- Procedimentos metodológicos.

PROBLEMÁTICA OBJETIVOS TÉCNICA DE COLETA

TÉCNICA DE ANÁLISE

Qual a atuação do BB e do BNB no Conselho Regional de Turismo do polo Seridó?

Qual a contribuição dessas

instituições para a gestão do turismo regional?

Identificar a atuação dessas instituições

no Conselho de Turismo do Polo

Seridó;

Levantamento de registros nas atas do Conselho de

Turismo do Polo.

Análise documental; Análise de conteúdo.

Levantar os Projetos implementados em

parceria com o Banco do Nordeste e

o Banco do Brasil.

Pesquisa de

campo; Entrevista.

Análise de conteúdo

Fonte: Elaborado pelo autor

Esse estudo está estruturado em três capítulos para o melhor aproveitamento

do conteúdo exposto. O primeiro capítulo abordará assuntos mais teóricos sobre a

política de turismo, bem como a importância do planejamento para a implementação

dessa atividade. O segundo capítulo expõe a nova estruturação da gestão política,

que passa a ser descentralizada dando espaço para a criação de programas de

interiorização do turismo, elencado-se os principais marcos do processo da

regionalização do turismo, tais como o Programa Nacional de Municipalização do

Turismo (PNMT) e o Programa de Regionalização do Turismo (PRT). Também faz

algumas considerações sobre o turismo no Rio Grande do Norte com ênfase no

megaprojeto turístico Parque das Dunas/Via Costeira (PD/VC) e no Programa de

Ação para o Desenvolvimento do Nordeste (Prodetur/NE), abordando também a

região do Polo Seridó e o Conselho de Turismo do Polo Seridó.

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No terceiro capítulo são expostos os resultados da pesquisa com uma análise

sobre a atuação do Banco do Brasil (BB) e do Banco do Nordeste (BNB) dentro do

Conselho de Turismo do Polo Seridó.

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1 POLÍTICA, TURISMO E PROCESSO DE REGIONALIZAÇÃO

O crescente desenvolvimento do turismo desde o final do século XIX gerou a

necessidade de criação de um planejamento estratégico e de políticas voltadas para

o seu desenvolvimento. Atuam no turismo tanto o setor público como também o

privado, mas compete a esfera pública a criação de políticas públicas capazes de

direcionar o desenvolvimento dessa atividade.

É por meio das políticas que se colocam em prática todo o planejamento que

é desenvolvido dentro da Gestão Pública. As politicas estão por todos os lados e são

as principais norteadoras das ações que são praticadas dentro de qualquer

organização. Para Dias e Matos (2012, p.3) “A política deve ser entendida como um

conjunto de procedimentos que expressam relações de poder. Estes, por sua vez,

se orientam para a resolução de conflitos no que se refere aos bens públicos”. Para

Silva (2015), a política pode ser entendida como o conjunto de regras e diretrizes

que norteiam ações visando um resultado positivo. Acrescenta ainda, que pode ser

compreendida em grande e pequena escala: pode ser uma resposta individual a

algumas situações, como também pensada para um grupo ou sociedade, sendo que

nesta última situação deve-se pensar de forma ampla e em longo prazo.

Já as políticas públicas são estabelecidas levando em consideração o

interesse da sociedade, onde o governo estabelece ações por meio de programas e

projetos visando um segmento específico da sociedade (EMMENDOERFER, 2008).

Na verdade, é a forma que o governo encontrou para intervir em qualquer

setor econômico do mercado quando necessário, são ações efetuadas pelo governo

para resolver os problemas existentes e satisfazer as necessidades públicas. Silva

(2015) difere a política, da política pública, acrescentando mais um elemento na

definição de política pública: além do resultado positivo, visa o bem comum da

sociedade, o que faz com que o Estado seja o principal propulsor da política pública.

Lopes e Amaral (2008) definem política pública com outro olhar, o de priorizar

interesses próprios, eles afirmam que as políticas são os resultados das

competições de grupos ou segmentos da sociedade, que buscam garantir seus

interesses, estes podendo ser específicos, ou gerais. Como justificativa afirmam que

o interesse público se forma a partir de reivindicações de grupos da sociedade, das

disputas de todos os grupos. Como resposta o governo fará a seleção de prioridades

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dessas reivindicações, com isso não poderá atender as expectativas de todos os

grupos, contemplando assim apenas alguns envolvidos nesse processo.

Para o processo de formulação das políticas públicas os autores (op. Cit.)

ainda estabelecem cinco fases que podem ser observadas na Figura 1:

Figura 1- Processo de formulação de políticas públicas.

Fonte: Adaptado de Lopes e Amaral (2008)

A primeira denominada Formação da Agenda é a seleção de prioridades, o

que é mais importante e traz mais benefícios; a segunda Formulação de Políticas é

a apresentação de soluções ou alternativas para que seja implementada a ação; o

Processo de Tomada de Decisões é a escolha das melhores alternativas a serem

tomadas a partir do levantamento feito na fase anterior; a quarta, Implementação, é

a execução das ações; e a quinta é a Avaliação, uma das mais importantes, pois

quando se estabelece e implementa uma ação é essencial que haja um estudo para

identificar se a mesma está atendendo corretamente os seus objetivos, para que

assim se possa tomar novas decisões e seguir o ciclo novamente. Na prática essas

fases são interligadas para obter a política pública.

Se tratando de política pública e turismo, é válido ressaltar que como a

sociedade que vive em constante evolução, o turismo também evolui e se encontra

em constantes modificações, pode ser entendido de diversas maneiras e praticado

Formulação da Agenda

Formulação de Políticas

Processo de tomada de decisões

Implementação

Avaliação

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de diferentes formas, não há como estabelecer um consenso nessa atividade, e por

isso a importância de estar sempre planejando e monitorando essa pratica. A partir

de Barroncas, Novo e Silva (2010) podemos elencar algumas das funções do Estado

na esfera turística:

· Estabelecer diretrizes e políticas para o desenvolvimento do setor;

· Criar normas e regulamentos de preservação ambiental;

· Criar mecanismos de fiscalização e controle da atividade turística;

· Promover o desenvolvimento da infraestrutura básica;

· Incentivar a capacitação profissional;

· Promover do desenvolvimento turístico nos níveis nacional, estadual e

municipal;

· Promover facilidades na obtenção de créditos e financiamentos;

· Estimular o desenvolvimento da atividade turística na esfera privada.

Como pode ser visto, o poder público é considerado a fonte de planejamento

do turismo, sem a sua intervenção não há como usufruir dos benefícios ocasionados

por essa área. É de suma relevância que o poder público esteja pronto para elaborar

diretrizes e regulações das atividades econômicas por meio das políticas, norteando

as atividades para a geração de benefícios.

Mas, não é só no turismo que isso ocorre, as políticas públicas são utilizadas

em todas as áreas que podem envolver a sociedade, nesse contexto Grimm et

al.(2013) afirmam que as políticas públicas são definidas como ações que o Estado

executa para atender às necessidades da população. Por isso a gestão e

organização do turismo são estabelecidas pelo Estado, pois é uma atividade que

envolve diretamente a população, sendo a comunidade local a primeira a absorver

suas consequências.

A gestão pelo Estado pode ser estabelecida em esfera federal, estadual ou

municipal, levando em consideração que quanto mais local for a gestão melhor a

tomada de decisões, facilitando alcançar mais rapidamente os resultados

esperados. Só quem está envolvido diretamente e está inserido no contexto da

localidade, conhecem os problemas, as causas e a melhor solução a ser tomada.

A política é uma forma que o Estado encontra para poder governar e conciliar

interesses entre a sociedade. É um termo muito amplo e pode ser utilizado em tudo

que é de interesse público, daí o surgimento de vários tipos de políticas: política

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educacional, política de segurança, política ambiental, etc. É nesse contexto que

também surge a política de turismo, para Grimm et al.(2013, p.100) “Entende-se,

neste sentido, como política de turismo o fundamento para a elaboração de plano

articulado, detalhado de orientações específicas para a gestão do turismo.” Na

afirmação de Galdino e Costa (2011, p.3: O turismo é uma atividade que apresenta aspectos inter e multidisciplinares envolvendo, em seu contexto, fatores importantes de uma sociedade, como história, crenças e valores, tradições, belezas naturais, artificiais e culturais, influenciando áreas diretamente ligadas aos indivíduos, às organizações e aos ambientes de convivência e sobrevivência, englobando questões econômicas, sociais, ambientais, culturais e políticas.

Dessa maneira, é notável a importância da criação de políticas de turismo,

uma vez que ele envolve aspectos sociais, geográficos e econômicos. A participação

do Estado se torna uma obrigação, pois o turismo pode acarretar grandes benefícios

e desenvolvimento, como também malefícios e danos muitas vezes irreversíveis.

Para Dantas e Melo (2011), o objetivo da política turística seria compatibilizar os

interesses de mercado com a continuidade da atividade baseada em princípios de

sustentabilidade, garantindo o seu desenvolvimento e sua preservação para o futuro.

Para Casimiro Filho (2002), na elaboração e condução de uma política, o

Estado pode intervir em um segmento econômico por diferentes modalidades:

participação, indução e controle. Na participação, o Estado exerce uma atividade

econômica dentro do segmento, em turismo por exemplo explorando uma

companhia aérea ou um hotel, mas o autor afirma que essa participação ocorre

somente na administração de alguns centros de convenções.

Na indução, orienta o comportamento dos agentes que participam no

segmento. Geralmente é a concessão de incentivos fiscais e financeiros, criação de

infraestrutura para promover a atividade, como exemplo o caso do Prodetur/NE.

Na modalidade controle, o Estado atua e foca na regulação, criando regras

para a condução da atividade. Segundo o autor, no turismo, as ações do Estado é

maior na indução e no controle. Quando se trata de política de turismo, as atividades

estatais praticamente restringem-se a concessão de incentivos fiscais e financeiros.

Emmendoerfer (2008) afirma que por ser muito sensível e necessitar sempre

de um engajamento com o setor privado, o segmento do turismo faz com que o

papel do governo no sentido operacional seja descentralizado, o que pode servir

como explicação para a observação feita por Casimiro Filho.

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Para Cavalcante e Hora (2002, p.56), a política de turismo no Brasil é bem

recente, surgiu depois da década de 1950, na verdade em 1953, quando “as

prefeituras de Belo Horizonte, Recife e Salvador criaram seus órgãos municipais de

turismo e o Decreto n. 44.863 de 21/11/58 instituiu no governo de Juscelino

Kubitschek a Comissão Brasileira de Turismo (COMBRATUR) [...]”.

A COMBRATUR foi o primeiro órgão criado com o intuito de planejar a

atividade turística, e a partir daí começaram a serem traçadas as diretrizes de uma

Política Nacional de Turismo.

Os autores traçam uma linha de acontecimentos a partir da década de 1930 a

1999, e citam a criação da Divisão de Turismo e Certames, em 1961 e,

posteriormente, a extinção da COMBRATUR (Decreto-lei 572 de 2/2/62), que foram

os únicos acontecimentos significativos referentes a institucionalização do turismo

no período de 1930 a 1964.

Mas, para Cavalcante e Hora (2002) o marco da política de turismo no Brasil

foi a criação da Empresa Brasileira de Turismo-EMBRATUR (que desde a Lei n.

8.181 de 1991é denominado de Instituto Brasileiro de Turismo) e do Conselho

Nacional de Turismo (CNTur), pelo Decreto Lei n.55 de 18/11/1966. Também

ocorreram os primeiros mecanismos de fomento ao turismo como incentivos fiscais e

financeiros, planos, programas e projetos, todos aprovados pela EMBRATUR e pelo

CNTur. Em 1971, foi criado o Fundo Geral do Turismo (FUNGETUR), com o objetivo

de gerar recursos para financiamentos com finalidades e interesses turísticos.

O governo de Fernando Collor de Mello foi marcado por uma nova etapa do

Brasil, que estava passando por uma forte crise financeira, envolvendo as políticas

de turismo, além da mudança no caráter jurídico da EMBRATUR, estabeleceu a

Política Nacional de Turismo- PNT, e segundo Cavalcante e Hora (2002), foi a

primeira vez que o turismo é visto como fonte de desenvolvimento e renda, a PNT já

continha em suas diretrizes o ideário da descentralização.

Em 1992, foi elaborado o Plano Nacional de Turismo (PLANTUR) que não

saiu do papel, pois Collor saiu do governo, e entre os programas governamentais de

infraestrutura básica e turística desse período, tem-se o Programa de Ação para o

Desenvolvimento do Nordeste (Prodetur/NE) que foi o principal instrumento de

desenvolvimento regional orientado para mapear e organizar o espaço físico do

litoral nordestino para o desenvolvimento turístico.

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Em 1994, no governo FHC, foi elaborado e implementado o Programa

Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), que fundamentava-se numa nova

postura do Governo Federal em relação às políticas pública, com o ideário da

descentralização.

Não obstante ao tema, o planejamento é uma ferramenta fundamental ao se

referir à implementação das políticas públicas, é um processo indispensável no

desenvolvimento de qualquer atividade econômica. No turismo se torna uma priori,

pois para desenvolver a atividade turística em uma região é necessário organizar

ações, definir prioridades e prazos para que tudo saia de forma a não causar

nenhum dano aos envolvidos.

A importância do planejamento para o turismo é inquestionável, pois incorpora

a função de mitigador dos impactos negativos, é uma ferramenta que tenta suplantar

ou minimizar as fazes negativas que um destino turístico poderá experimentar

(DANTAS e MELO, 2011).

Barroncas, Novo e Silva (2010) acrescentam que o planejamento é muito

dinâmico, pode ser modificado ou adaptado a qualquer momento e por isso é

importante estar em constante monitoramento, pois se a tática estiver dando errado

pode-se adequá-la e corrigi-la sempre que necessário.

Braga (2007, p.1), “o planejamento é um processo contínuo e renovável,

ocorre no presente, resultante de um aprofundado estudo da realidade, com o intuito

de ordenar ações que acontecerão em um momento futuro.” Para Fernandes (2011,

p.23) “o planejamento caracteriza-se pelo processo que levanta e analisa

informações para construção de um diagnóstico e posterior previsão e prevenção,

através de estratégias mais racionais e eficientes”.

Pode-se notar nas duas definições que o planejamento deve ocorrer sempre

com o intuito de coordenar possíveis ações no presente, tendo em vista os possíveis

impactos desses acontecimentos. O futuro é sempre a prioridade no processo do

planejamento, embora possa contemplar um curto prazo de tempo. Segundo a

afirmação de Fernandes (2011), o planejamento pode ser temporal (curto, médio e

longo prazo), intencional (estratégico, tático e operacional) e geográfico

(internacional, nacional, regional, estadual e local).

O planejamento estratégico é em longo prazo, em nível da decisão e

contempla todo o território e define os objetivos gerais, diretrizes e metas. O tático é

em médio prazo, em nível de gerência e regional, e estabelece os objetivos

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específicos, dos programas e projetos. E o operacional é em curto prazo, no nível

das ações, envolve a supervisão. Dependendo do objetivo a ser alcançado pode-se

utilizar o melhor método de planejamento.

Sobre planejamento turístico, Braga (2007) ainda divide o planejamento

turístico em três níveis: planejamento preventivo: estrutura a empresa ou localidade,

visando o desenvolvimento do turismo de forma ordenada e controlada;

planejamento corretivo: tem como função melhorar a situação da atividade turística;

e planejamento misto: conjuga ações preventivas e corretivas. Se utilizado de

maneira adequada o planejamento pode ser a chave do sucesso para a

implementação de qualquer segmento econômico, utilizando o método mais

adequado e eficaz para cada ocasião.

Ruschmann (1990) utiliza outra metodologia para diferenciar os tipos de

planejamento turístico, ela afirma que os estudos sobre o tema estão concentrados

em aspectos físicos e econômicos, mas sempre com enfoques parciais, como

mostra o quadro 3:

Quadro 3- Enfoques do planejamento turístico.

Enfoques Características

Enfoque Urbanístico

Fundamenta-se em uma análise e avaliação detalhada dos recursos turísticos, geralmente os físicos, existentes no país ou região objeto de estudo. Com base na qualidade e nas possibilidades de exploração, culmina na elaboração de um plano de desenvolvimento denominado PLANO DIRETOR, relacionado com o aproveitamento e o uso do solo.

Enfoque da Política Econômica

Baseia-se no emprego de metodologia e técnicas utilizadas experimentadas em outros campos da atividade económica, adaptando-as ao caso específico do turismo.

Enfoque Pasolf ("Products \ AnaIysis Sequence for Outdoor

Leisure Planning")

Baseia-se no conceito do "produto turístico", e considera todos os fatores que, em um determinado momento, podem afetar o desenvolvimento da infraestrutura, as instalações e o funcionamento da atividade.

Modelos de Simulação

Referem-se a modelos empregados para realizar estudos relativos às atividades recreativas ao ar livre e para o planejamento do turismo a nível nacional. Têm sua importância para verificação das consequências da atividade no ordenamento físico do território em zonas especialmente afetadas.

Proposto por Acerenza enfoca o planejamento turístico do ponto de vista administrativo definido como sendo o

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Planejamento Estratégico

processo que a determina os objetivos gerais do desenvolvimento, as políticas e as estratégias que conduzirão os aspectos relativos aos investimentos o uso e o ordenamento dos recursos utilizáveis.

Visão Integrada

Independentemente dos diversos enfoques do planejamento turístico utilizado nos diferentes países e em fases distintas do seu desenvolvimento, ressalta-se a necessidade de o processo ocorrer de forma integrada, e de que deve ter por objetivo o desenvolvimento coerente dos elementos físicos, econômicos, sociais, culturais, técnicos e ambientais, visando a satisfação dos turistas e dos empreendedores, além da preservação do meio ambiente.

Fonte: Adaptado de Ruschmann (1990)

Como pode ser observado, o planejamento turístico possui diversas vertentes,

não há como obter consenso sobre o assunto, a metodologia mais adequada ao

local e ao contexto em que se encontra, será a mais apropriada ao momento, mas

que em outra situação pode ser modificada ou adaptada à circunstância.

É válido ressaltar que no planejamento turístico, o Estado não é o único

agente de desenvolvimento da atividade, em um planejamento participativo devem-

se incluir a contribuição de todos os envolvidos, sendo o resultado concreto do

planejamento turístico o Plano de Desenvolvimento Turístico. (BARRONCAS, NOVO

E SILVA, 2010). Conforme apresenta a figura 2.

Figura 2- Atores envolvidos no planejamento do turismo.

Planejamento turistico

Estado

Iniciativa Privada

Terceiro Setor

Comunidade

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Fonte: Barroncas, Novo e Silva (2010).

Pode-se observar que deve existir uma inter-relação entre os envolvidos no

processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Turístico, um não pode atuar

sem que os outros estabeleçam uma sincronia em suas atividades para o

desenvolvimento adequado da atividade turística, facilitando atingir metas individuais

sem, no entanto, causar danos aos demais envolvidos.

É importante ressaltar que o planejamento não pode ser considerado uma

prática que irá abolir os impactos negativos da atividade turística, deve-se levar em

consideração que eles sempre vão existir, o planejamento pode minimizar esses

impactos e aumentar os retornos econômicos em longo prazo, mas como em

qualquer área, os impactos positivos e negativos sempre estarão presentes, com a

diferença que com o planejamento estarão o primeiro em maior e o segundo menor

proporção.

1.1 A NOVA VISÃO DO TURISMO

Durante muito tempo a sociedade não dava a importância adequada para o

turismo, a partir de 1930 começaram a pensar no turismo como uma atividade que

poderia render bons resultados, mas ainda eram pensamentos muitos vagos, ainda

não havia o interesse de planejar e organizar essa atividade de maneira efetiva.

Embora já houvessem políticas voltadas para o turismo, sua gestão era geralmente

centralizada na esfera federal. Para Cerqueira (2011, p.55): Só a partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990, acompanhando tardiamente os efeitos do processo de reabertura e descentralização políticas e a eclosão de novos pontos de apreciação na agenda pública, teve início uma nova etapa nas políticas de turismo no Brasil.

Nesse período, essa relevância pode ser explicada devido ao forte

crescimento econômico da atividade e estudos sobre a importância do turismo no

mundo. Endres (2003) afirma que para tentar resolver os problemas do governo,

surgiram propostas de modernização e reforma do Estado, possibilitando a utilização

de novos instrumentos de condução para atingir o que o planejamento anterior não

alcançava.

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Essa visão foi o princípio das mudanças ocorridas no planejamento do

turismo a partir de 1990. Surge então, a necessidade de criação de novas políticas

capazes de abranger um campo de atuação amplo e por isso considerado complexo,

como é o caso do turismo. Nesse contexto ganha força o conceito de flexibilidade

nas práticas gerenciais e a descentralização. As bases que sustentavam o

planejamento como forma centralizada foram substituídas por propostas de

condução mais compatíveis com a sociedade.

Os governos municipais passaram a ser atores no processo de planejamento,

com capacidade de implementação de políticas mais integradas para a solução dos

problemas. (ENDRES, 2002).

Para Beni (2006), as mudanças ocorridas nas políticas públicas de turismo

nessa década ocorreram de maneira evolutiva à medida que ampliaram o debate

entre o governo, a iniciativa privada, a academia e a sociedade.

Endres (2003) ainda utiliza o conceito de redes como instrumento de

planejamento e implementação de políticas.

O conceito de redes é baseado na igualdade e na complementaridade entre

as partes envolvidas, para o seu sucesso é necessário que haja uma condição de

parceria, objetivos comuns, sinergia, estabilidade e cooperação.

Nas redes existem múltiplas ligações caracterizados por elementos que a

compõem, como organizações e pessoas, por meio de intercâmbios (autorizações,

atribuição de tarefas, etc) interligando pessoas, grupos ou organizações.

Outra questão importante é o caráter renovador desse instrumento, pois não

existe o comando hierárquico do Estado na implementação das políticas. Nela é

essencial que todos saibam como está o andamento da discussão, assim qualquer

participante pode assumir a liderança quando necessário para melhorar a eficiência

do trabalho.

Para a autora as redes possibilitam uma nova estrutura de governo,

acarretando uma revisão nos métodos de trabalho, onde as responsabilidades da

condução política não se encontram exclusivamente no Estado, são compartilhadas

entre instâncias estatais e atores sociais.

O Ministério do Turismo (2008, p.117) conceitua rede como “um modo de

organização, constituído de elementos autônomos que, de forma horizontal,

cooperam entre si.” No turismo são voltadas para a cultura associativa e

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participativa, faz com que seus integrantes colaborem, compartilhem conhecimento

e dividam riscos e responsabilidades.

Como fatores que concretizam uma rede o Ministério do Turismo (2008)

estabelece: autonomia, horizontalidade, cooperação, democracia e ação concertada.

Com elas há uma troca de informação, para a produção e disseminação de

conhecimento e estímulo ao desenvolvimento e a inovação.

É neste contexto de redes que surgem o Programa Nacional de

Municipalização do Turismo (PNMT). O PNMT é considerado um marco nas políticas

públicas de turismo por ser o primeiro instrumento a falar sobre a descentralização

do planejamento turístico.

Segundo Grimm et. al. (2013), o PNMT foi implementado no período de 1994

a 2001, pois mesmo tendo sido criado em 1992 foi oficializado em 1994, iniciando

suas atividades a partir de 1995. Pretendia fazer com que os municípios

participantes tivessem condições técnicas de criar seus próprios conselhos de

turismo, contribuindo para o desenvolvimento do turismo sustentável.

Para Beni (2006), o PNMT foi criado com o objetivo de melhorar o produto

turístico brasileiro, conscientizando os municípios e a população sobre os benefícios

econômicos da atividade turística, como também da descentralização do

planejamento. O programa era desenvolvido nas três esferas de governo, como

mostra a Figura 3, e estava dividido em três fases, na primeira se dava a partir de

oficinas de sensibilização; a segunda era a fase da capacitação e a última era a do

planejamento. (CERQUEIRA, 2011).

Figura 3- Estrutura do PNMT.

Fonte: Adaptado de Cerqueira (2011).

COMITÊ EXECUTIVO NACIONAL

COMITÊ ESTADUAL

CONSELHO MUNICIPAL DE TURISMO- COMTUR

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Referente à figura 3, pode-se afirmar que essa estrutura pode ser

considerada mais flexível e maleável, à medida que se insere no contexto de

planejamento e formulação de políticas esferas mais municipais, facilitando a

detectação de problemas e a sua resolução mais eficaz e ágil.

Segundo o Ministério do Esporte e Turismo (2002, apud Cerqueira, 2011),

durante o programa foram identificados 1.529 municípios com vocação turística,

27.483 agentes locais treinados e executados 1.107 oficinas.1

Para Beni (2006), o programa apresentou os resultados esperados em

poucos estados, isso ocorreu, segundo o autor, devido a uma falha estratégica em

sua implantação. Antes da implantação do programa era necessário fazer o

RINTUR- Relatório de Inventário Turístico Nacional, para o conhecimento do espaço

turístico nacional ou de sua identificação, como isso não foi feito muitos municípios

apresentaram potencialidades turísticas, prejudicando o programa.

No entanto, falhas e erros nesse tipo de projeto são frequentes, mas podem

servir como base e experiência no desenvolvimento de novos projetos.

Neste sentido, pode-se citar o PRT- Programa de Regionalização do Turismo,

lançado em 2004 a partir do Plano Nacional e Turismo 2003-2007, retomando as

ideias de políticas regionais. Participam do programa representantes dos órgãos e

colegiados de turismo municipais e estaduais, representantes da iniciativa privada,

instituições de ensino e do terceiro setor.

O programa visava produzir orientações e ferramentas e iniciativas

produtivas que possibilitassem o aprofundamento e disseminação do conhecimento

referente à Política Pública de Regionalização do Turismo.

O debate era realizado por meio de oficinas e reuniões setoriais e nacionais.

Tinha como objetivo apoiar a gestão, estruturação e promoção do turismo no país,

de forma regionalizada e descentralizada (MTur 2013). A gestão do programa estava

distribuída em três níveis de atuação, como mostra o Quadro 4:

Quadro 4- Gestão compartilhada do Programa de Regionalização do Turismo.

AMBITO INSTITUIÇÃO COLEGIADO EXECUTIVO

Nacional Ministério do Conselho Comitê Executivo

1 Alguns desses dados podem ser visualizados em Brusadin (2005)

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Turismo Nacional

Estadual Órgão Oficial de Turismo da UF

Conselho / Fórum Estadual

Interlocutor Estadual

Regional Instância de Governança Regional Interlocutor Regional

Municipal Órgão Oficial de Turismo do

Município

Conselho / Fórum Municipal

Interlocutor Municipal

Fonte: Ministério do Turismo (2013)

Em âmbito nacional, a Coordenação Nacional do Programa era conduzida

pelo Ministério do Turismo, por meio do Comitê Executivo do Programa, agindo de

forma coordenada com o Sistema Nacional de Turismo e a Câmara Temática de

Regionalização do Conselho Nacional de Turismo. Tem como missão deliberar e

discutir sobre os temas relevantes do setor, a partir de estudos, tendências e

demandas nacionais, estaduais, regionais e municipais. Nos âmbitos estadual,

regional e municipal, são as ações executivas do Programa, que são apoiados pelos

interlocutores estaduais, interlocutores regionais e interlocutores municipais do

Programa. Depois, o PRT foi traduzido em uma coletânea com nove volumes, os

módulos operacionais do Programa, facilitando ainda mais o entendimento sobre o

assunto (MTur 2013).

Azevedo (2014) afirma que as principais ações do PRT foi o inventário da

oferta turística, o planejamento e a gestão regional do turismo, a estruturação e

gestão dos 65 destinos indutores, a roteirização turística e a gestão das instâncias

governamentais. Para o autor poucos foram os avanços desse programa no Rio

Grande do Norte.

Pode-se então observar que há uma continuação dos programas, sempre

buscando o aprimoramento e a adequação das políticas para que não se tornem

ultrapassados. O PNMT e o PRT são considerados os marcos da política de

interiorização do turismo e são essenciais para o entender a construção da política

de regionalização do turismo no Brasil.

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2 RIO GRANDE DO NORTE E TURISMO

O turismo é considerado uma das principais atividades econômicas do

Nordeste, acarretando o desenvolvimento econômico de vários estados que

compõem essa região.

Como espaço turístico, o Nordeste foi favorecido por conter características

ambientais adequadas ao turismo, como: litoral, clima, praias, vegetação. Além de

acontecimentos históricos que fizeram com que seu patrimônio histórico e

arquitetônico se tornassem relevantes, como também as manifestações culturais

que misturam influências de etnias na formação do povo nordestino, bem como a

hospitalidade da população (ALVES; MEDEIROS; MARACAJÁ, 2012).

Ainda sobre o Nordeste, Taveira e Fonseca (2009) afirmam que a

implementação de políticas de turismo no Brasil abarcou a região em função das

políticas de Megaprojetos Turísticos e do Programa de Desenvolvimento do Turismo

no Nordeste (Prodetur/NE).

Azevedo (2014) acrescenta que as ações das políticas de megaprojetos

estavam focadas na implantação da rede hoteleira, o autor cita como exemplo além

do projeto Parque das Dunas/Via Costeira no RN, o Programa de Desenvolvimento

do Turismo do litoral do Ceará (PRODETURIS-CE), o Costa Dourada (PE e AL),

Linha Verde (BA), Costa do Sol (PB) e o Projeto Orla (SE). É possível observar que

mesmo possuindo caráter de regionalização, esses programas ainda não visavam a

interiorização do turismo, suas ações eram voltadas somente para o litoral dos

estados.

O Rio Grande do Norte é um dos destinos procurados por turistas recebendo

uma grande demanda de visitantes todos os anos. Foi a partir da década de 1980

que o estado passou a receber fluxos turísticos do país, decorrente da construção

do megaprojeto turístico (FONSECA, 2005). Para a autora, o crescimento do turismo

no RN foi impulsionado também pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo no

Rio Grande do Norte Prodetur/RN.

O megaprojeto Parque das Dunas consistia na ligação de duas praias de

Natal: Areia Preta e Ponta Negra, por meio da construção de uma avenida e a

construção de equipamentos turísticos, principalmente meios de hospedagem. A

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proposta do projeto inicial era composta por três unidades turísticas, a construção de

cinco hotéis de cinco estrelas de até 15 andares, a residência oficial do governador,

o Instituto de Biologia Marinha, um Centro de Convenções, uma área de camping,

restaurantes, além da construção de uma rodovia estruturante, do Parque das

Dunas e de unidades de preservação ambiental (FONSECA, 2005).

O megaprojeto tinha como foco principal a criação da rede hoteleira no litoral,

pois não possuía um parque hoteleiro capaz de atender as necessidades dos

turistas, o que ocasionava a perca de demanda turística para os estados vizinhos.

Algumas estratégias para atrair investidores na região foram adotadas pelo governo,

como a criação de incentivos fiscais e financeiros, visto que o turismo ainda não era

consolidado no estado o que ocasionava certa instabilidade nos investidores para se

consolidarem em Natal.

O Prodetur/NE, segundo SETUR/RN (2015), foi criado pelos governadores

dos estados do Nordeste, com o apoio do governo federal e financiamento do Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID). Tinha como objetivo desenvolver e

consolidar a atividade turística na região e garantir a sustentabilidade econômica

através de uma atividade que estava em crescimento mundialmente.

Na primeira fase, o PRODETUR/NE investiu US$ 670 milhões, dos quais o

governo federal assumiu 14,9% e os estados 85,1%. Investimentos aplicados nas

melhorias de infraestrutura de 8 aeroportos, estradas, saneamento básico de áreas

turísticas, preservação de meio ambiente e recuperação de patrimônio histórico e

cultural de diversas áreas das principais capitais do Nordeste.

O Programa estava dividido em três fases de acordo com as prioridades dos

municípios de cada Estado. Os gestores do programa eram a EMBRATUR (na

época ainda era empresa) em nível nacional; em nível regional a Superintêndencia

para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), e em nível estadual, as unidades

federativas (AZEVEDO 2014).

O PRODETUR/NE passou por reformulações e foi criado o PRODETUR/NE

II. Alves, Medeiros e Maracajá (2012) acrescentam que a grande inovação do

PRODETUR II, além da sua ampliação, foi a inclusão dos estados de Espírito Santo

e Minas Gerais, e a definição de polos de turismo, (ver quadro 5).

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Quadro 5- Polos de Turismo- Prodetur II.

POLOS DE TURISMO

São Luís (Maranhão) Costa dos Coqueirais (Sergipe)

Costa do Delta (Piauí) Salvador e Entorno (Bahia)

Costa do Sol (Ceará), Litoral Sul (Bahia),

Costa das Dunas (Rio Grande do Norte) Costa do Descobrimento (Bahia)

Costa das Piscinas (Paraíba) Vale Mineiro do São Francisco (Minas Gerais)

Costa dos Arrecifes (Pernambuco) Vale Mineiro do São Francisco (Minas Gerais)

Costa do Marlin (Espírito Santo)

Fonte: adaptado de ALVES; MEDEIROS; MARACAJÁ (2012).

Cada estado ainda poderia estabelecer ou não novos polos, nesse contexto

pode-se citar o caso do Rio Grande do Norte que, além do Polo Costa das Dunas,

ainda definiu os Polos Costa Branca, Serrano, Agreste-Trairi e Seridó.

Somente no final do ano 2000, o PRODETUR/NE II aumenta sua

complexidade, cada Polo de Turismo deveria elaborar um Plano de

Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS) que tinha como

componentes o fortalecimento da capacidade municipal e gestão do turismo,

planejamento estratégico, treinamento e infraestrutura para o crescimento e

promoção de investimento do setor privado (ALVES; MEDEIROS; MARACAJÁ,

2012).

No RN, o PRODETUR/RN foi implantado na década de 1990, os municípios

selecionados pelo governo do estado para fazer parte do PRODETUR/RN I foram:

Ceará-Mirim, Extremoz, Natal, Parnamirim, Nísia Floresta e Tibau do Sul, localizados

no litoral oriental. Segundo a SETUR/RN (2015), o Prodetur/RN investiu cerca de

US$ 44 milhões em obras de infraestrutura. A sua avaliação era feita pelo BID,

Banco do Nordeste, executor financeiro do programa, juntamente com o governo do

estado.

Como resultados de sua primeira fase a SETUR/RN (2015) cita:

· Aumento do fluxo turístico alcançado pelo estado entre os anos de 1995

a 2001;

· Aumento do número de empregos diretos gerados na hotelaria, que em

1995 era 4.227 e em 2001 passou para 8.400. O número de empregos

diretos e indiretos do setor como um todo estimava-se 95 mil em 1995,

passou para 240 mil em 2001;

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· Aumento da oferta do número de leitos hoteleiros, que de 12.915 em

1995, passou para 26.353 em 2001;

· Aumento da receita turística do estado que de US$ 138 milhões/ano em

1995, passou para US$ 216 milhões/ano em 2001;

· Aumento do número de voos internacionais que em 1995 era 1(um) por

semana, em 2001 passou para 8;

· Evolução da taxa de crescimento da arrecadação dos municípios

beneficiados que era de 7,3% ao ano, passou para 31,3% no último ano;

Sendo assim, pode-se observar que em sua primeira fase o programa obteve

resultados positivos, incrementando a atividade turística e possibilitando a atração

de empreendimentos turísticos internacionais.

Como continuação do projeto foi criado o PRODETUR/RN II que deveria

possibilitar as condições adequadas para o desenvolvimento e consolidação do

turismo no Polo Costa das Dunas. (TAVEIRA; FONSECA, 2009).

Fonseca (2005, p.235) lista algumas considerações referentes à implantação

dos dois programas no RN, tais como:

· O PD/VC foi um programa de implantação de infraestrutura turística,

enquanto o PRODETUR/RN privilegiou a implantação de infraestrutura

básica e o desenvolvimento institucional;

· Os dois programas foram fundamentais para a inserção do Rio Grande do

Norte nas rotas de turismo. O PD/VC inseriu o estado na rota de turistas

nacionais e propiciou a atração de investimentos nacionais; enquanto o

PRODETUR/RN propiciou melhores condições para a inserção do Rio

Grande do Norte na rota de turismo internacional e facilitou a atração de

investimentos de redes internacionais atuantes nesse segmento de

atividade, que já começaram a se instalar no estado.

· Nas duas políticas públicas a qualidade do meio ambiente tem sido

minimizada enquanto elemento primordial na elaboração de um produto

turístico condizente com as próprias expectativas manifestadas pelos

gestores públicos, as ações no sentido de preservar os recursos turísticos

ainda eram bastante tímidas.

Nota-se que foram obtidos muitos resultados positivos, mas a questão da

preservação ambiental, os problemas ocasionados com a junção dos recursos, que

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muitas vezes são esgotáveis, com o turismo ainda será uma questão a ser debatida

durante muito tempo, não existe ainda intrinsecamente a preocupação com esses

tipos de consequências durante o processo de planejamento do turismo, embora

seja uma realidade que está cada vez mais sendo vivida pelos gestores dessa área.

Taveira e Fonseca (2009) ainda apresentam o modelo turístico potiguar, que

para eles não é diferente do adotado pelos demais estados do Nordeste, nem do

apresentado pelo Ministério do Turismo. Esses modelos têm como características a

supervalorização do segmento “sol e mar” (muitas vezes as praias são tidas como a

principal alternativa para a exploração do turismo), e desvalorização da cultura do

local;

As políticas públicas são direcionadas ao visitante em detrimento do

residente, os residentes são postos em segundo plano, “o espaço é produzido tendo

em vista o consumo do visitante” (TAVEIRA; FONSECA, 2009, p.7).

A promoção turística do Rio Grande do Norte é centrada em Natal. A capital é

vista como se fosse o único destino turístico do RN, apesar da promoção do RN se

apropriar de elementos de outros municípios, como as paisagens naturais, para

vender a cidade como destino.

Atração e interesse preferencial pelos investimentos externos, as políticas

públicas de turismo adotadas pelo Estado visam à atração do capital representado

pelos investimentos externos no lugar, com o discurso de que o turismo é a principal

alternativa econômica para os municípios.

Referente ao modelo turístico adotado pelo RN é notório a necessidade da

revisão dos conceitos adotados quando se trata de desenvolvimento turístico, no

entanto, essa realidade não reflete somente esse estado. As mudanças estruturais

dessas políticas já estão sendo trabalhadas, mas é um processo lento e demorado

que só poderá ser modificado em longo prazo.

2.1 O POLO SERIDÓ E O CONSELHO DE TURISMO

Como já explanado, foi no PRODETUR/NE II que surgiu os primeiros polos de

turismo a partir do levantamento dos principais destinos capazes de atrair turistas

em cada um dos nove Estados do Nordeste, denominados de Polos de

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Desenvolvimento do Turismo, mas foi a partir do PRT que essa prática se expandiu

e se popularizou.

De acordo com Virginio (2011, p.67), para facilitar o desenvolvimento do

Programa de Regionalização foram criados os Polos de Turismo, que são “um

conjunto de municípios que possuem atratividade turística e se localizam

relativamente perto, formando um polo específico para o desenvolvimento do

turismo naqueles municípios que o compõem”.

No RN foram criados, em 2005, além do Polo Costa das Dunas, que já existia

desde o PRODETUR/NE II, mais quatro polos, levando em consideração suas

características geográficas e espaciais, são eles: Polo Agreste Trairí, Polo Cerrano,

Polo Costa Branca e Polo Seridó (Ver mapa 1). Para fazer parte desse processo, o

Ministério do Turismo recomenda que sejam seguidos alguns critérios: possuir órgão

oficial municipal de turismo, possuir Conselho Municipal de Turismo e Plano

Municipal de Turismo. Ao todo são 87 municípios que fazem parte dos polos no RN.

No entanto, sabe-se que muitos deles não contêm todos os critérios

recomendados, pois são municípios pequenos, que possuem alguma potencialidade

turística, mas ainda não estão atuando como destinos turísticos e por isso não

possuem preocupação em conter todos os critérios. Na verdade a maioria dos

municípios que possuem todos os critérios são os que já estão consolidados como

destino e que reconhecem a importância dessas instâncias no desenvolvimento

turístico.

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Mapa 1: Polos de Turismo do RN, 2014.

Fonte: Projeto “Política e turismo no interior potiguar: avaliação dos investimentos públicos”.

Coordenado por Rodrigo Cardoso da Silva e Clebia Bezerra da Silva.

A região do Seridó possui grandes potencialidades turísticas, pois é

considerada uma das áreas mais importantes do RN quando se trata de cultura e

história. Segundo o PDITS (2011), apesar de tentarem incluir a região no cenário

turístico ainda existem poucos dados sobre o fluxo turístico na região e mesmo com

a comercialização de cinco roteiros da região não existem dados confiáveis sobre o

assunto.

Gomes; Vargas-Sánchez; Pessali (2014) elaboraram um estudo na cidade de

Huelva, Espanha, onde investigaram a interação entre o setor público e os

empresários no turismo, cidade em que também se encontra em sua fase inicial de

organização do turismo. O segmento de turismo de Sol e Praia forte na província,

como no RN tinha como destino turístico apenas a região do litoral, mas em Huelva

o turismo ainda é tratado como uma potencialidade. Diante desse estudo, faz-se

necessário ser elaborada uma comparação no decorrer dos assuntos abordados,

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entre os dois destinos que estão tentando se consolidar no mercado de turismo,

para identificar a percepção da relação entre esses dois atores no planejamento

turístico.

Referente aos roteiros comercializados no RN pode-se citar um projeto em

especial, criado em 2001, por uma parceria do SEBRAE com a SETUR: o Projeto

Roteiros do Seridó, que segundo o PDITS (2011) tinha como princípios norteadores

quatro grandes atrativos do Seridó: a caatinga e a arqueologia; a religiosidade e a fé;

a cultura e o artesanato; e a gastronomia, estabelecendo como metas a captação

de fluxo turístico para cinco roteiros: ecocultural, de aventura, pedagógico, da melhor

idade e arqueológico. Esses roteiros estão ligados a oito municípios da região: Acari,

Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Jardim do Seridó, Lagoa

Nova e Parelhas.

Em Huelva, Gomes; Vargas-Sánchez e Pessali (2014) afirmam que foi criado

o projeto urbanístico Ensanche Sur, que contemplou a criação de uma área de

expansão imobiliária, para a abertura de restaurantes, museus, uma marina e a

construção de um estádio de futebol. Esse projeto tem os mesmos princípios e pode

ser relacionado ao PD/VC, em Natal, como também foi criado um projeto de

implantação de um roteiro turístico, como o ocorrido no Seridó. Pode-se perceber

que nos dois destinos são utilizadas as mesmas políticas de ação para tentar

consolidar o turismo, mostrando que de certa maneira é utilizado o mesmo tipo de

planejamento nas duas regiões.

Sobre a política de regionalização no RN, foi pensando numa melhor

organização do turismo na região e estimulado pela política de criação de polos

turísticos, que foi criado através do Decreto 18.429, de 15 de agosto de 2005, o Polo

Turístico do Seridó.

O Polo Seridó é formado por dezessete municípios: Acari, Caicó, Carnaúba

dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Equador, Florânia, Jardim do Seridó,

Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santana do Seridó, São João do

Sabugi, Serra Negra do Norte, Tenente Laurentino Cruz e Timbaúba dos Batistas.

Vale salientar que Currais Novos e Caicó são considerados os grandes centros

econômicos da região, concentrando o maior número populacional e sendo

responsáveis pela maior parte do PIB da região.

Considerando a necessidade de reunir os municípios da região que possuíam

potencialidades turísticas e pensando em compartilhar propostas e

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responsabilidades, foi instalado em 11 de julho de 2008 o Conselho de Turismo do

Polo Seridó. O Conselho foi criado com o objetivo de potencializar o

desenvolvimento das localidades que fazem parte Polo, buscando a integração das

ações do Governo Federal, com as políticas públicas do governo estadual, dos

governos municipais e com a sociedade em geral, além de consolidar o Polo como

destino turístico (PDITS, 2011).

Virginio (2011) acrescenta que todos os Polos estão com os Conselhos de

Turismo instalados, como também possuem um Regimento Interno que segue a

mesma estrutura e orienta as deliberações, o funcionamento e a dinâmica das

reuniões do Conselho. A cada reunião é gerada uma agenda de compromisso, onde

são cobradas as demandas e apresentadas na reunião seguinte.

Segundo o regulamento do Conselho de Turismo do Polo Seridó, para manter

o equilíbrio entre o poder público e o não público, o Conselho de Turismo deve ser

composto por representantes dos setores que envolvem a atividade turística,

abrangendo o poder público, o setor privado, a comunidade científica e a sociedade

civil.

O Conselho de Turismo do Polo Seridó têm como órgãos: a Assembléia, a

Coordenação, a Secretaria Executiva e opcionalmente grupos temáticos. Os

membros que fazem parte do Conselho de Turismo do Polo Seridó podem ser

observados no quadro 6.

Quadro 6- Instituições que fazem parte do Conselho do Turismo do Polo Seridó.

INSTITUIÇÕES PODER FEDERAL PODER ESTADUAL SETOR PRIVADO

Banco do Nordeste (BNB) Empresa Potiguar de Promoção Turística (EMPROTUR)

Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE) Banco do Brasil (BB)

Secretaria de Estado do Turismo (SETUR)

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

(SENAC)

¹ Caixa Econômica Federal

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(IPHAN) TERCEIRO SETOR

Fundação Seridó Associação dos Municípios da Micro Região Seridó Oriental (AMSO)

Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-RN) Associação das Mulheres Produtoras Rurais da Comunidade do Quandu

Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó(ADESE) Sindicato dos Guias de Turismo do RN (SINGTUR-RN) Comitê Regional do Artesanato do Seridó (CRACAS)

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Fundação Seridó Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)

Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural do Seridó (CERSEL) Faculdade do Seridó (FAS)

Faculdade Católica Santa Teresinha (FCST) Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN)

Fonte: XXIV Ata da reunião do Polo Seridó (2015).

O regulamento estabelece que as reuniões ocorrem bimestralmente, o que foi

modificado pelo Conselho e passaram a acontecer a cada três meses. A ausência

sem justificação do representante que é membro da Assembléia, durante três

reuniões seguidas ou não, deve ser levada para apreciação dos demais membros

para a decisão da perda do direito a voto ou a sua substituição por outra entidade.

As decisões são tomadas mediante votação. Já em Huelva a articulação entre

empresários e poder público para o planejamento do turismo se dá principalmente

por meio de reuniões esporádicas e fóruns criados para a discussão de temas

específicos, sem haver uma periodicidade fixa para os encontros (GOMES;

VARGAS-SÁNCHEZ E PESSALI, 2014).

Para os autores, a existência de um órgão oficial de turismo traz mais

confiança para os empresários sobre o comprometimento do setor público, como

também a existência de fóruns específicos para interação possibilita maior

transparência e regularidade nos encontros, e dentre eles estão os conselhos de

turismo.

Assim, pode-se notar que o Polo Seridó, possui uma evolução lenta, mas está

tentando se desenvolver e se tornar um destino turístico o Polo está adotando os

princípios do planejamento para tentar se consolidar no mercado. No entanto, esse é

um processo lento, a visão do turismo no RN como de Sol e Mar ainda é

determinante.

A criação de roteiros, a adoção da região como Polo de Turismo e a

instituição do Conselho de Turismo, são ações que podem ser consideradas como

um grande avanço no que se refere a interiorização do turismo. Os gestores devem

apenas atentar-se para a manutenção e avaliação desses programas e projetos,

pois de nada valem se não estão conseguindo atingir os seus principais objetivos.

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3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Antes de expor os resultados da pesquisa, faz-se necessário levantar

algumas considerações referentes às entidades bancárias pesquisadas, o Banco do

Brasil e o Banco do Nordeste.

Ambas foram escolhidas por serem as únicas entidades bancárias

participantes desde a implementação do Conselho em 2008, e terem como principal

característica o financiamento e fornecimento de créditos especiais, que podem ser

utilizados no desenvolvimento do turismo.

No entanto, uma das dificuldades encontradas na fase de coleta de dados em

sobre a atuação dessas entidades para o desenvolvimento do turismo do Polo

Seridó, foi a resistência das duas instituições o que prejudicou o levantamento dos

dados esperados para a pesquisa.

A princípio se pensou em fazer uma entrevista (ver apêndice 2) com os

responsáveis pela área de investimentos nos bancos, o que não foi possível, pois os

bancos estavam em greve. Porém, 20% de seus funcionários devem e estavam

nessa situação trabalhando. Foram expedidos ofícios para ambas as instituições

apresentando os objetivos da pesquisa e os pesquisadores que estavam à frente do

processo. Porém depois de muitas tentativas e insistência conseguimos apenas

algumas declarações informais e informações retiradas dos sites dos bancos.

Diante desse quadro, a única solução encontrada foi focar o estudo na análise

das Atas do Conselho de Turismo do Polo Seridó, tendo como norteamentos:

1ª A contribuição das entidades nos assuntos abordados durante as reuniões;

2ª A assiduidade dos bancos;

3ª Os representantes das instituições nas reuniões do Conselho;

3.1 BANCO DO NORDESTE

O Banco do Nordeste é uma instituição financeira criada pela Lei Federal nº

1649, de 19.07.1952, organizada sob a forma de sociedade de economia mista, de

capital aberto, com mais de 94% de seu capital sob o controle do governo federal.

Suas ações são alinhadas às políticas do Governo Federal, com o objetivo de

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acelerar o crescimento econômico do Brasil, promovendo a inclusão social e fixação

do homem no campo, por meio do incentivo à abertura de novos postos de trabalho.

Tem por objeto social a promoção do desenvolvimento e a circulação de bens

por meio da prestação de assistência financeira, de serviços, técnica e de

capacitação a empreendimentos de interesse econômico e social.

Promove em todos os municípios da sua área de atuação, ações destinadas

a fomentar o desenvolvimento local, micro e mesorregional, buscando estimular a

organização social da comunidade e a formação das cadeias produtivas. O Banco

estimula a pesquisa científica, tecnológica, econômica e social, e apoia atividades

socioambientais e culturais, diretamente e/ou em parceria com outras entidades.

Sobre os investimentos em turismo, segundo o site do banco o mesmo

disponibiliza linhas de financiamentos com objetivos de implantar, expandir,

modernizar, reformar ou relocalizar empreendimentos do setor do turismo, como

também capacitações, informatizar as empresas e investir em marketing.

Como público-alvo, o banco estabelece empresas privadas que tenham como

objetivo econômico principal a atividade turística, são elas:

· Meios de Hospedagem (resorts, hotéis, hotéis-históricos, hotéis-fazenda,

barcos-hotel, pousadas, hospedarias de turismo ecológico ou ambiental,

pousos rurais e alojamentos de selva).

· Arenas multiuso de responsabilidade da iniciativa privada (ginásios ou

estádios que incorporem tecnologia e flexibilidade estrutural para diversos

tipos de eventos de entretenimento e lazer, contemplando anexos,

restaurantes, bares, lojas, instalações de apoio, serviços, etc.).

· Serviços de alimentação: restaurantes e lanchonetes localizados nos

corredores turísticos.

· Agências de viagens e turismo e operadoras turísticas.

· Transportadoras turísticas.

· Organizadoras de feiras.

· Organizadoras de congressos.

· Empresas prestadoras de serviços especializados que sejam terceirizadas e

prestem serviços exclusivamente a eventos.

· Parques Temáticos.

· Áreas de camping.

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· Empreendimentos destinados a proporcionar a prática de turismo náutico

(exemplo marinas) e de turismo cultural (exemplo museus).

· Empreendimentos destinados à realização de eventos e negócios (exemplo

centros de convenções).

· Empreendimentos que promovam atividades de animação (exemplo casas de

espetáculos).

· Empreendimentos destinados a proporcionar a prática de ecoturismo, turismo

rural, turismo de aventura e de esportes.

· Empreendimentos destinados à promoção turística.

· Empresas de planejamento e consultoria turística.

· Locadoras de veículos.

· Restauração de edifícios históricos para fins turísticos.

Também foram encontrados cinco tipos de linhas de financiamento para o

turismo, elencados no Quadro 7:

Quadro 7- Linhas de financiamento para o turismo- BNB.

PROGRAMA OBJETIVO O QUE FINANCIA PAGAMENTO TAXA DE JUROS

Programa de financiamento às microempresas e

empresas de pequeno porte e

ao empreendedor individual (FNE-

MPE)

Implantação, expansão,

modernização, reforma e

relocalização de empreendimentos

Construção; reforma; ampliação aquisição de veículos utilitários;

aquisição de máquinas e

equipamentos; aquisição de imóvel.

4 a 20 anos 8,24% a.a

Programa de apoio ao turismo regional - FNE PROATUR

Integrar e fortalecer a cadeia produtiva

do turismo, buscando o

aumento da oferta de empregos e o

aproveitamento das potencialidades

turísticas da região, em bases

sustentáveis.

Aquisição de meios de hospedagem; capital de giro;

aquisição de veículos utilitários; aquisição,

conversão, modernização,

reforma ou reparação de embarcações.

5 a 20 anos

8,24% a.a 11,18%

a.a.

BNDES automático - Financiamento de

projetos de investimento

Financiar a implantação, expanção,

relocalização, recuperação e

modernização de empreendimentos econômicos nos

Projetos de investimento; capital de giro; Máquinas e

equipamentos.

Até 15 anos

0,9 a 2,5% a.a, mais encargos.

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setores rural, industrial,

agroindustrial, comercial, de turismo, de

infraestrutura e de prestação de

serviços.

FINAME - Programa de

Financiamento à Produção e

Comercialização de Máquinas e Equipamentos

Financiar a produção e a

comercialização de máquinas e

equipamentos novos de

fabricação nacional,

cadastrados na FINAME, nas modalidades:

financiamento à compradora; e

financiamento à fabricante.

Aquisição de máquinas e

equipamentos; produção de máquinas e

equipamentos e sua comercialização.

Até 60 meses

0,9% a.a. ou

2,5%a.a, mais

encargos.

Programa BNDES de Sustentação do

Investimento - Subprograma

FINAME/PSI-BK Novos

Financiar a produção e a

aquisição isolada de máquinas e equipamentos

novos.

Aquisição de ônibus; caminhões; chassis; caminhões-tratores; carretas; cavalos-

mecânicos; reboques;

semirreboque; tanques e afins.

3 a 120 meses 6,5% a.a. a 10% a.a

Fonte: Adaptado do site do BNB (2015)

Diante dessas linhas de investimentos oferecidas para o turismo no site da

instituição, observa-se que apenas uma é voltada diretamente para o turismo - o

Programa de Apoio ao Turismo Regional - FNE PROATUR- sendo que os outros

possuem como foco principal os empreendedores, com maior ênfase em pequenas

e médias empresas. Mas, levando em consideração que a instituição disponibiliza

esses Programas em uma aba destinada a investimentos turísticos e analisando o

conteúdo das atas das reuniões do Polo Seridó, foi observado que representante do

Banco do Nordeste não mencionou a existência desses tipos de financiamentos nas

reuniões.

O Programa de Apoio ao Turismo Regional, é o tipo de investimento que mais

se enquadra nas características das políticas de fomento ao turismo regional, e

mesmo fazendo parte de um Conselho de Turismo, esse financiamento não é

referenciado pelo BNB, como também não houve o interesse dos membros do

Conselho em procurar informações sobre os tipos de investimentos que os

empresários do ramo do turismo poderiam adotar nas instituições bancárias para

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seu desenvolvimento, mostrando a falta de interação e sincronia entre os membros

do Conselho, contrariando os princípios essências do planejamento turístico, como

pôde ser explanado na Figura 2.

Embora o Conselho envolva representantes de todos os atores envolvidos no

planejamento do turismo, eles não estão conseguindo seguir o principal fundamento

da política pública como explanado por Silva (2015) e se alinhar em busca de um

bem comum, que seria o desenvolvimento do turismo no Polo. Muitas vezes o que

se constata é que visam apenas interesses próprios, principalmente quando se trata

dos representantes dos municípios, prejudicando a inter-relação que deveria ocorrer

entre seus representantes.

Sobre as linhas de investimentos foram mencionados nas reuniões o

Crediamigo na ata II em 2008, onde o BNB também informa que em parceria com o

SEBRAE estavam fazendo um trabalho para a criação de um espaço para vendas

de artesanato.

Na Ata IX em 2009, Valderi Filho, como representante do BNB também fala

do programa BNB Cultura edição 2010, que selecionou 258 projetos de 2794

inscritos, através de uma linha de patrocínio no total orçamentada em R$ 6 milhões.

O programa apoia a produção e difusão da cultura nordestina através da seleção

pública de projetos na área de artes cênicas, audiovisual, literatura, música e artes

integradas.

Dos 314 projetos inscritos no RN foram contempladas 37 propostas de

diversos municípios destacando alguns da região do Seridó, como Acari, Caicó,

Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos, Jardim do Seridó e Parelhas. Mesmo

não sendo voltado diretamente para o turismo é válido ressaltar que o BNB Cultura

favorece o seu desenvolvimento. Destacou ainda que o apoio creditício destinado

pela agência de Caicó investiu um montante de R$ 24 milhões até 30/11/2009 no

segmento micro e pequena empresa, onde 1,52 deste total foram demandas

destinadas para o turismo.

Na XI ata, de 2010 Valderi Filho, comentou sobre as linhas de crédito para o

período da Copa do Mundo 2014 para o setor de serviços3, onde sugeriu convidar

empresários para participar das reuniões do Polo. Na XXII reunião em 2013,

também foi relatado que o BNB abriu R$108 milhões para o fundo de financiamento,

2 Não foi especificado se esse valor correspondia à porcentagem ou dinheiro. 3 Não foram especificados maiores detalhes sobre as linhas de crédito.

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reforçando a relevância desse tipo de instituição para o fomento do turismo no Polo

Seridó.

Referente à interação das instituições com o BNB, na XIV reunião, José Maria

Vilar, representando o BNB sugeriu que a ADESE submetesse o Projeto “Pintando a

História” para obter apoio, como também se comprometeu em examinar o Projeto

“Diagnóstico do Bordado” para poder articular algum apoio, solicitando a ADESE um

contato posterior a reunião. No entanto, nas atas das próximas reuniões não há

nenhum feedback sobre o que foi feito, até porque essa foi a única reunião em que

José Maria esteve presente. Mais uma vez é notável a falta de planejamento nas

reuniões do Conselho.

Outra definição já comentada nesse trabalho está sendo invalidada pelos

membros do Conselho, o conceito de “redes” que se encaixa corretamente na

proposta de elaboração de um Conselho de Turismo, diante das várias organizações

que o compõe, onde deveria haver uma ligação e troca de informações referentes as

tomadas de decisões para que quando necessário todos tivessem se preparado

para assumir a frente das ações, o que não acontece. Em algumas ocasiões, como

a citada, há uma quebra na estrutura e na formação da rede fazendo com que não

aconteça o repasse nem a troca de informações necessárias.

A instituição também faz parte da Comissão de Infraestrutura e Segurança do

Conselho. Com a análise das atas foi possível observar que nas reuniões, o BNB

mostrou interesse no turismo, declarando que apoiava investimentos no Polo e se

mostrando a disposição de todos, como também levantou algumas linhas de créditos

oferecidas. Mostrou-se participativo nas reuniões, fazendo cobranças, dando

sugestões, relatando dados sobre os investimentos na região como também a

atuação da sua comissão.

Sobre a assiduidade do BNB nas reuniões do Polo, no levantamento nas atas

referentes às reuniões entre os anos de 2008 a 2014 obteve-se que o BNB se fez

presente em todas as reuniões, passando uma ideia de grande interesse no

Conselho de Turismo e no desenvolvimento do Polo Seridó como destino turístico.

Mas muitas vezes o que acontece é que o que é dito em teoria não é aplicado na

prática, acarretando no congelamento das ações impedindo que o planejamento siga

suas próximas etapas, sem atingir seus resultados.

Já sobre os representantes do BNB nas reuniões do Polo, os resultados serão

apresentados no Gráfico 1.

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49

Gráfico 1 - Representantes do Banco do Nordeste nas reuniões do Conselho de Turismo do Polo Seridó.

Fonte: elaborado pelo autor

Entre as 20 reuniões em que o BNB esteve presente, Valderi Dantas Filho

participou de 16, mostrando que há uma articulação do banco em estabelecer um

representante físico nas reuniões. Levando em consideração a complexidade de

fazer uma articulação e o repasse de informações entre o Banco, o representante do

Conselho e o responsável pelas linhas de financiamento. Se a cada reunião fosse

um representante distinto, ocasionaria a descontinuidade das questões abordadas

nas reuniões anteriores o que faria com que os debates perdessem a sua ordem

lógica.

Foram feitas inúmeras tentativas frustradas de contato com o banco em busca

da concessão de uma entrevista com o funcionário responsável pelos investimentos

no BNB, com o objetivo de saber se realmente existia essa articulação entre o

Banco e o Conselho e mesmo contendo em seu discurso que estimula a pesquisa

científica, na prática foi constatado o contrário e os resultados não foram

satisfatórios.

Quando procurado no dia 14 de outubro o Gerente de Negócios do BNB

concederia a entrevista, no entanto, quando relatado sobre o Conselho de Turismo

do Polo Seridó, o mesmo não sabia se quer da existência desse órgão e nem tinha

80%

10%

5%5%

Valderi Dantas Filho

José Maria Vilar

Francisco Gustavo Saraiva de Oliveira

Ricardo Dantas e Marcial Araújo Batista

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conhecimento que o Banco participava como membro. Quando foi questionado se a

instituição era membro e participava das reuniões do Conselho do Polo ele

respondeu: “não, não, nunca teve não, nunca fomos chamados pra esse conselho

não [...] a gente não sabia não que tinha, como é esse Conselho de Turismo?”.

Foram feitos algumas considerações sobre o Conselho e ele resolveu perguntar ao

Gerente que contrapôs seu relato afirmando que o Banco participava do Conselho e

que sempre eram convidados para as reuniões.

Diante dos acontecimentos o Gerente de Negócios pediu o roteiro da

entrevista para responder depois, juntamente com o Gerente. Sobre os

empreendimento e Projetos apoiados pelas linhas de financiamentos do Banco,

relatou que não poderia repassar muitas informações, pois eram consideradas

sigilosas. No entanto, após várias tentativas de recolher o que deveria ser a

entrevista e diante das “desculpas” dadas pelo Gerente de Negócios houve a

desistência da apuração desses dados.

Diante do relato do Gerente de Negócio é possível perceber que o Banco não

planeja suas ações dentro do Conselho de Turismo, como também não há nenhuma

ligação e interação do representante do Conselho e do Gerente de Negócios no que

se refere ao repasse de informações para atingir os objetivos tanto do Conselho

como do Banco. Conclui-se que o BNB não se interessa o bastante em cumprir o

seu papel dentro do Conselho, possibilitando o desenvolvimento de

empreendimentos e equipamentos turísticos por meio de suas linhas de

financiamento, fazendo com que a sua participação nesse órgão seja ausente.

3.2 BANCO DO BRASIL

Criado em 1808, o Banco do Brasil está presente em todo o país, contando

com mais de 4 mil agências. Segundo o site da instituição é um dos principais

agentes do desenvolvimento econômico e social do país, impulsionando a economia

e o desenvolvimento, e atuando de forma responsável para promover a inclusão

social, por meio da geração de trabalho e renda.

Tem como missão: ser um banco competitivo e rentável, atuando com espírito

público em cada uma de suas ações junto a toda sociedade; e tem como visão: ser o

Banco mais relevante e confiável para a vida dos clientes, funcionários, acionistas e

para o desenvolvimento do Brasil. Seus valores são:

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· Espírito Público (transformação do nosso país);

· Ética (consciência do justo para nós e para os outros);

· Potencial Humano (capacidade de superar e ir além);

· Competência (capacidade de vencer desafios);

· Eficiência (busca pela melhor forma de fazer as coisas);

· Unicidade (um em todos);

· Sustentabilidade (resultado, desenvolvimento e proteção do nosso mundo);

· Inovação (transformar ideias em soluções);

· Agilidade (vontade de fazer acontecer).

Referente aos financiamentos para o turismo foram encontrados em seu site

apenas dois tipos (ver Quadro 8), o Proger Turismo Investimento e o FAT Turismo

(este último não está mais disponível).

Quadro 8- Linhas de financiamento para o turismo- BB.

PROGRAMA OBJETIVO O QUE FINANCIA PAGAMENTO TAXA DE JUROS

Proger Turismo

Investimento

Reforma de instalações; Compra

de bens e equipamentos.

Empresas do segmento turístico com faturamento

bruto anual de até R$ 7,5 milhões

Até 120 meses

Encargos financeiros

reduzidos, não disponibilizados para consulta

no site.

FAT Turismo

Apoiar micro e pequenas empresas

que pretendiam desenvolver projetos

relacionados aos eventos esportivos que foram sediados no Brasil em 2014.

Capacitação pessoal;

aquisição de máquinas e

equipamentos.

Até 84 meses

Taxa de juros reduzidos, não disponibilizados para consulta

no site.

Fonte: Adaptado do site do BB (2015).

Pode-se notar que pelo descrito acima, esses investimentos não se adéquam

a realidade do Polo Seridó, pois não contemplam empresas que estão surgindo ou

que são de pequeno porte, como é o caso dos empreendimentos localizados na

região do Polo Seridó. Como discorrido por Azevedo (2014), os investimentos

geralmente são voltados para o litoral e as capitais, que possuem um fluxo maior de

turistas, e possuem empreendimentos mais estruturados, assim com menos riscos

de insucesso. O FAT Turismo representa o quanto o turismo nos interiores ainda é

desconsiderado, pois só os empreendimentos que estão localizados perto dos

centros de aglomeração dos eventos esportivos são contemplados com esse tipo

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de investimento, chegando à conclusão que as linhas de financiamento do BB não

favorecem o desenvolvimento do turismo regional e não pode assim contemplar o

Polo Seridó.

Referente à análise da participação do BB nas discussões debatidas nas

reuniões do Conselho de Turismo do Polo Seridó, foi constatado que em todas as

reuniões que a instituição esteve presente não houve nenhum tipo de contribuição,

não há nada relatado em ata sobre considerações feitas pelos representantes do

BB. A interação entre o poder público e a instituição não é observada, mesmo

sendo dependentes um do outro para o fomento do turismo no Polo não há

interesse em fazer com que isso aconteça.

Para Gomes; Vargas-Sánchez e Pessali (2014) o governo de um município,

estado ou país que tem como intenção o estímulo da atividade em seu território

necessita do conhecimento dos empresários sobre o mercado e que invistam em

empreendimentos locais para receber o turista. Investimentos esses que poderiam

ser facilitados pelas instituições bancárias.

Afirmam ainda que no modelo de governança que é aplicado ao turismo, que

não é o mesmo para todos os destinos, a atuação desses agentes no seu

funcionamento dependerá da importância do turismo na economia local; da forma

de gestão; orçamento e credibilidade do órgão de turismo; do número, poder e

interesse dos agentes ligados ao turismo; entre outros elementos.

Sobre a assiduidade da instituição nas 20 atas analisadas entre os anos de

2008 a 2014, obteve-se o resultado exposto no gráfico 2.

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53

Gráfico 2- Assiduidade do Banco do Brasil nas reuniões.

Fonte: elaborado pelo autor

Das 20 atas analisadas foi constatado que o BB estava presente em apenas 9

reuniões, menos de 50%. Levando em consideração essa constatação e o

regulamento do Conselho de Turismo do Polo Seridó, no qual está descrito que

qualquer membro que faltar três reuniões consecutivas ou não deveria perder o

poder do voto ou ser substituída por outra instituição e tentar incluir outro órgão que

esteja mais interessado em participar ativamente do Conselho.

Quando analisado os representantes do BB, nessas 9 reuniões em que

estava presente, obteve-se o resultado do gráfico 3.

31%

69%

assiduidade da instituição

Faltas da instituição

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Gráfico 3- Representantes do Banco do Brasil nas reuniões do Conselho de Turismo do Polo Seridó.

Fonte: elaborado pelo autor

Em 9 reuniões, participaram cinco representantes do BB, Clovis Gutemberg

participou do maior número de reuniões foram 4. Esses dados mostram o descaso

que algumas instituições tratam o Conselho do Turismo. Em um membro como o BB

não há como haver nenhuma articulação entre a instituição e o Conselho de

Turismo, o que acontece é que as informações adquiridas por um representante em

uma reunião são perdidas e quem participar da próxima não saberá quais os

assuntos debatidos na anterior. Sobre o assunto Gomes; Vargas-Sánchez e Pessali

(2014) defendem que os agentes utilizam o mito da participação e colaboração

nesses órgãos para conseguirem legitimidade e com isso acessarem recursos e

benefícios, mas é recorrente por parte deles, a não participação e a confissão de

que isso é perda de tempo. Afirmação que pode ser utilizada como uma hipótese de

resposta à postura utilizada pelo Banco do Brasil nas reuniões do Polo.

Nesses casos, as instituições que não contribuem de nenhuma forma para o

Conselho de Turismo e consequentemente para o desenvolvimento do turismo no

Polo Seridó deveriam ser substituídas, embora sejam de grande importância para

estimular o desenvolvimento de infraestrutura física para o turismo, não estão

atuando de maneira adequada e nem cumprindo com seus objetivos.

11%

45%

11%

11%

22%

Damião Cândido da Silva

Clovis Gutemberg

José Ailton da Silva

Ricardo Oliveira Nóbrega

Antonimar Queiroz

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Referente à interação entre os empresários e o poder público em Huelva, na

Espanha, Gomes; Vargas-Sánchez e Pessali (2014) chegam a conclusão em sua

pesquisa que ambos possuem consciência da importância da relação entre os

atores públicos e privados, destacando que as ações tomadas para o planejamento

do turismo devem ser tomadas em conjunto. No entanto, lista alguns elementos que

podem afetar no desenvolvimento dessa interação:

· Crença de que cada um deve atuar por si;

· Resultados de fracassos anteriores no planejamento do turismo ou na

interação com o poder público;

· Repetidas decepções acarretadas pela outra parte;

· Atraso do setor público a pagar serviços contratados;

· Alterações ocorridas durante mandatos eleitorais;

· Porcentagem de fracasso de solicitações;

· Histórico de atuação do setor público na economia local;

· Baixa cooperação;

· Ausência de um agente coordenador que atenue os conflitos. Em muitas ocasiões, o fracasso da relação entre o estabelecimento de

políticas públicas em conjunto com o setor privado é decorrente de muitos

acontecimentos e receios gerados durante anos, onde essas esferas atuavam

sozinhas, poder público versus setor privado, o que dificulta a mudança de estrutura

política e a veracidade dessa relação entre os dois setores.

Sobre a entrevista, também foram realizadas várias tentativas de contato sem

nenhum êxito, apenas um funcionário, Tiago Luna, fez uma intermediação para o

gerente no dia 19 de outubro, que respondeu que não existia nenhuma linha de

financiamento para o turismo que poderia contemplar o Polo Seridó. Diferente

daquilo que foi constatado no site da instituição. Sobre os investimentos em

empreendimentos e Projetos relacionados com o turismo, ocorreu o mesmo relatado

no BNB, o entrevistado declarou que não poderia repassar nenhuma informação,

pois eram tratadas com sigilo.

Diante dos resultados obtidos, nota-se que uma grande falta de interesse por

parte do BNB e do BB, essas instituições não estão atuando como deveriam, e

embora o BNB seja participativo nas reuniões, há uma falta de interação entre os

representantes do Conselho com os demais funcionários do Banco. Nesse sentido,

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questionamos se o BB não deveria de fato fazer parte do Conselho, pois não possui

nenhum tipo de financiamento para o desenvolvimento do turismo do Polo Seridó,

como também não agrega em nada as reuniões.

Torna-se necessário ressaltar que o fato da existência da prática das políticas

públicas de turismo na região do Seridó, com a criação do Polo Seridó e a atuação

do Conselho de Turismo, não significa que a mesma está sendo aplicada

adequadamente, mesmo com o estabelecimento de pautas que devem ser seguidas

a cada reunião com o objetivo de verificar o que Tem sido realizado a partir das

deliberações da reunião anterior, não existe nenhum tipo de estabelecimento de

metas ou objetivos que devam ser atingidos para nortearem as ações a longo prazo,

o que denota mais uma vez a falta de planejamento.

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57

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turismo é uma área que está se desenvolvendo e impulsionando a

economia de lugares que o aderem como fonte de desenvolvimento, é uma atividade

capaz de movimentar vários setores da economia e gerar empregos e renda.

Juntamente com o seu rápido desenvolvimento, veio à necessidade da

criação de um planejamento capaz de ordenar e direcionar essa atividade para

minimizar os impactos negativos que o turismo pode atrair. Foi por meio das políticas

públicas que começaram a surgir ações do governo para intervir na atividade e

tentar planejar e monitorar essa prática.

Com a política de turismo foram surgindo planos, programas e projetos

capazes de nortear e direcionar a atividade, no entanto a gestão desses programas

tinha característica centralizada, geralmente a tomada de decisões partia da esfera

federal, acarretando um longo tempo de espera e afetando os resultados a serem

obtidos. Foi a partir da década de 1990, que começaram a se pensar no turismo com

caráter descentralizado, possibilitando as esferas estaduais e municipais tomar

decisões e solucionar problemas, fazendo com que o governo não ficasse

sobrecarregado com várias demandas e diminuindo a possibilidade de erros.

Também surgiram políticas de caráter organizacional do turismo, o PNMT e o

PRT, foram os principais impulsionadores dessa política e se tornaram um marco

importante e impulsionador do turismo interiorano.

No RN, o impulsionador do turismo foi o megaprojeto turístico Parque das

Dunas/Via Costeira (PD/VC), que estimulou o turismo nacional no estado e o

Prodetur/RN que impulsionou o turismo internacional. Outro marco importante foi o

Projeto Roteiros do Seridó criado em 2001, estabelecendo para comercialização

roteiros turísticos contemplando algumas cidades da região do Seridó. Foi também

com a política de regionalização do turismo que em 2005 surgiram os polos de

turismo no RN: o Polo Costa das Dunas, o Polo Costa Branca, o Polo Serrano, o

Polo Agreste/Trairí e o Polo Seridó.

O Polo Seridó é composto por 17 municípios, possui grandes potencialidades

turísticas e está tentando se inserir no mercado como destino turístico, desde 2008

com um Conselho de Turismo, formado pelo poder público, instituições privadas e a

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sociedade civil. É por meio do Conselho que são discutidas e tomadas decisões

sobre o turismo na região. Como membros do Conselho encontram-se o Banco do

Brasil e o Banco do Nordeste, as únicas instituições financeiras que participam do

Conselho desde a sua criação em 2008.

Como são instituições capazes de estimular o desenvolvimento de

empreendimentos e projetos com suas linhas de crédito e financiamento e fazem

parte do Conselho de Turismo, esse trabalho buscou analisar a atuação dessas

instituições dentro do Conselho e como estão agindo para o desenvolvimento do

turismo no Polo.

Conclui-se que a parceria que deveria existir entre os membros do Conselho

e os Bancos é mínima, deixando em evidência a falta de planejamento adequado,

tanto por parte dos membros como por parte das instituições bancárias. Pode-se

notar que mesmo estabelecendo uma política de turismo na região do Polo Seridó,

com a criação do Conselho de Turismo, as ações que estão sendo tomadas para o

desenvolvimento do turismo no Polo estão sendo insuficientes para o fomento do

Turismo.

Nota-se que existe uma falta de conhecimento sobre as linhas de

financiamentos direcionadas para o turismo por parte dos próprios representantes

dos Bancos, o que influência nos objetivos pretendidos, nas metas a serem

alcançadas e na representatividade desse tipo de instituição no Conselho do Polo,

fazendo com que a principal finalidade dessas instituições no Conselho, que é

informar e conceder crédito para empreendimentos turísticos não seja cumprida.

Portanto, torna-se necessário a tais instituições, aderir o conceito de

planejamento integrado e participativo juntamente com o Conselho de Turismo e

seus integrantes, visando estabelecer não só o desenvolvimento mais a

sustentabilidade do turismo no Polo Seridó, pois apenas compartilhando dos

mesmos objetivos e partindo de ações conjuntas é que poderão fomentar o turismo

no referido Polo.

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60

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61

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TAVEIRA, Marcelo da Silva; FONSECA, Maria Aparecida Pontes da. O modelo turístico potiguar e seus efeitos socioespaciais nas comunidades litorâneas. Observatório de Inovação do Turismo. v. IV, n. 4 – Dez. 2009. VIRGINIO,Darlyne Fontes. Gestão pública do turismo: Uma análise dos impactos da política macro de regionalização turística no período 2004-2011 no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em Turismo. Natal/RN, 2011.

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62

APÊNDICES

Apêndice 1

Levantamento de monografias e periódicos

CATEGORIA AUTOR (ES) TÍTULO ANO/ LUGAR

Periódico

Cristiane Soares

Cardoso Saulo Gomes Batista

Inovação da oferta turística com base nos

valores locais: um estudo do Geoparque Seridó, RN,

Brasil.

2013 Caderno Virtual

de Turismo

Periódico

Antônia Mikarla

Alves Janaina Luciana de Medeiros Kettrin Farias Bem Maracajá

Planejamento turístico: um estudo sobre o Plano de

Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável do Pólo

Seridó

2012

Caderno Virtual de Turismo

Periódico

Wendson Dantas de Araújo Medeiros

Ecogeoturismo e geoconservação no semi-árido do Rio Grande do

Norte: o caso da região do Seridó

2007 Global Tourism

Monografia José Waltercio Silva de Carvalho

Gestão do turismo: diagnóstico dos recursos humanos das secretárias de turismo dos municípios

do polo Seridó Oriental

2013 UFRN

Monografia Izabel Cristina de Castro

As potencialidades naturais do município de

Parelhas/RN na proposição de roteiros

ecoturísticos

2013 UFRN

Monografia Fabrício Justino Chacon de Araújo

Diagnóstico das potencialidades turísticas do Sítio Totoró a partir da percepção da comunidade

local

2013 UFRN

Monografia Tércia Pereira Amurim

Os desafios para o desenvolvimento do turismo na região do Totoró em Currais

Novos/RN

2012 UFRN

Monografia Alyne Medeiros Felipe da Silva

Roteirização turística no Seridó : uma análise da

atuação do setor público e privado no

desenvolvimento do roteiro Seridó em Currais

Novos-RN

2012 UFRN

Monografia Silvânia Germano Adelino Coelho

Turismo cultural: planejamento e

composição do roteiro no município de Lagoa

Nova/RN

2012 UFRN

Monografia Maria de Fátima de Araújo

Turismo náutico: análise da demanda turística na barragem Ministro João

2013 UFRN

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63

Alves em Parelhas /RN

Periódico

Cataline Lopes Macedo Marcos

Antônio Leite do Nascimento Andréa Virgínia Sousa Dantas

Artesanato em minerais e rochas: nova forma de

divulgação do geoturismo no Rio Grande do Norte

2007 Global Tourism

Periódico Christiano H. S. Maranhão

O Sebrae/RN no fomento do turismo potiguar: o caso do Roteiro Seridó

2009 Global Tourism

Periódico

Mayara Ferreira de Farias; Marília Barbosa

Gonçalves; Carlos Alberto Freire Medeiros

Além do Sol e Praia: diagnóstico do potencial

turístico do Corredor Cultural de Natal (Rio

Grande do Norte, Brasil)

2013 Turismo e Sociedade

Periódico

Josefa Evanielda da Silva; Kerlei Eniele

Sonaglio

A dinâmica do “Roteiro Seridó” em Currais

Novos/RN

2013 Caderno Virtual

de Turismo

Monografia Rogério Onofre de Araújo

A potencialidade do turismo de aventura em Acari-RN: uma análise sobre o rapel no açude

Gargalheiras

2011 UFRN

Monografia Jaciara Nisária Dantas Diagnóstico turístico do povoado Santo Antônio (cobra) em Parelhas-RN

2011 UFRN

Monografia Priscilla Vasconcelos de Medeiros

Planejamento turístico municipal: um estudo do

município de Ouro Branco-RN

2011 UFRN

Monografia Rafaela Cláudia dos Santos

Planejamentos territorial e turístico : análise da

infraestrutura no município de Carnaúbas dos Dantas

2014 UFRN

Monografia Arnaldo Francisco de Souza Filho

Planejamento turístico : análise da sinalização de orientação turística em

Parelhas/RN

2014 UFRN

Fonte: Sigaa e Publicações em Turismo (2015)

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Apêndice 2

Roteiro da entrevista

Data:_________________

Nome da instituição:___________________________________________________

Nome do entrevistado:_________________________________________________

Cargo:______________________________________________________________

1. Conte-me um pouco do seu percurso profissional.

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2. Como surgiu a participação dessa instituição no Conselho de Turismo do polo

Seridó?

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3. O que você acha sobre a atuação do Conselho de turismo do Polo Seridó?

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4. Quem é o representante da Instituição no Conselho de Turismo?

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5. Existe algum tipo de crédito especial para empresas do ramo do turismo?

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6. Quais são os financiamentos em que empresas ligadas ao turismo poderiam

adotar?

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7. Existe demanda para esses tipos de financiamento?

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8. Qual a importância da atividade turística para a instituição?

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9. Quais as empresas e/ou projetos financiados pelo Banco relacionadas com o

turismo no polo Seridó, entre os anos de 2008 à 2014?

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