Trova brasil numero 12 junho 2013

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Trovas Biografias Concursos de Trovas

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SUMÁRIO

Prof. Garcia (Caicó/RN) ......................................................................................................... 3 Marina Bruna (São Paulo/SP) .............................................................................................. 15 Humberto Rodrigues Neto (São Paulo/SP) .......................................................................... 28 João Batista Xavier Oliveira (Bauru/SP) ............................................................................. 38 Lilinha Fernandes (Rio de Janeiro/RJ)... ............................................................................ 48 Carlos Guimarães (Rio de Janeiro/RJ) ............................................................................... 64 CONCURSOS DE TROVAS XXXIII Concurso da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte – ATRN – 2013. ................. 76 XXII Jogos Florais de Porto Alegre/RS ................................................................................... 77 XII Concurso de Trovas do CTS/UBT/Caicó .......................................................................... 78 Concurso Estadual de Trovas de São Gonçalo/RJ – 2013 ...................................................... 78 IX Concurso de Trovas da Academia Mageense de Letras – 2013 ........................................... 80 Concurso Nacional Intersedes ................................................................................................ 81 Concurso de Trovas da Comunidade Luso-Brasileira de Belo Horizonte ................................. 83 Concursos da UBT São Paulo ................................................................................................ 86 José Feldman ........................................................................................................................ 88

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Francisco Garcia de Araujo (Prof. Garcia), nasceu na fazenda Acari, Município de Malta-PB, em 27 de novembro de 1946. Em 1959, foi para Caicó-RN, na companhia do tio, poeta e amigo José Lucas de Barros, com quem morou vários anos, e vive até hoje. Licenciado em Letras (Português e Inglês), Bacharel em Direito pela UFPB e Pós-graduado em Teologia e Éticas Especiais. Poeta, trovador, escritor e compositor. Publicou em 1974 o livro TROVAS QUE SONHEI CANTAR. Foi bancário, vereador e secretário municipal em Caicó-RN. Lecionou Português, Francês, Inglês e Espanhol. Casado com Anunciada Laura de Araujo Garcia, com quem tem três filhas: Mara Melinni de Araujo Garcia (Advogada, Pós-graduada e poetisa), Ava Murielli de Araujo Garcia (Pedagoga e Pós-graduada) e Eva Yanni de Araujo Garcia (Formanda em Pedagogia e poetisa). Presidente do Clube dos Trovadores do Seridó (CTS), Delegado da União Brasileira de Trovadores (UBT) em Caicó-RN, Delegado do Portal Cen para o RN. Sócio-efetivo da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte e da União Brasileira de Trovadores, seção de Natal-RN. Detentor de várias premiações em concursos de trovas e outras modalidades poéticas no Brasil e em Portugal. Radio Amador com prefixo PS7-ACK, e em 26 anos de radioamadorismo já fez mais de 53 mil contatos internacionais, tendo colaborado em situações extremas para salvar vidas humanas. Atualmente, é pequeno empresário no ramo de atacado, em Caicó-RN.

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TROVAS A dor que se intensifica

e amedronta os dias meus, é pensar na dor que fica depois da palavra adeus!

A estrela da mocidade,

que em minha infância brilhou; brilha em meu céu de saudade, depois que a infância passou!

A existência é dividida

em dois extremos da idade: um, alvorada da vida,

outro, arrebol de saudade!

A insensatez, na verdade, separou nossos lençóis;

e agora a dor da saudade dói muito mais entre nós!

A liberdade do poeta, está num verso... Num grito...

No equilíbrio se completa, vencendo o próprio infinito!

Amores na mocidade!... Depois, a contrapartida: cansaço, dor e saudade

na curva extrema da vida!

A musa chega e me inspira, num delírio encantador...

Afina as cordas da lira e enche o meu mundo de amor!

A natureza resiste,

mas a tristeza do monte, é enxugar o pranto triste dos olhos tristes da fonte!

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Antes que a aurora desponte dando vida à luz do dia, tenho que cruzar a ponte

nos braços da poesia.

Aos ritos do amor se entrega

um casal apaixonado, que até nos olhos carrega

o silêncio do pecado!

A poesia se engalana,

mas só se torna completa, quando se faz soberana na voz do próprio poeta!

As cordas desafinadas

e esta voz chegando ao fim!... São mimos das madrugadas guardados dentro de mim!

A solidão me angustia

e à noite aumenta o meu drama, vendo a cadeira vazia

que a tua ausência reclama!

Às vezes, me falta estima, vendo a multidão que passa...

Muita gente se aproxima, mas pouca gente se abraça!

A terra inteira secou!…

E, a dor me fez sofrer tanto, que quando a chuva voltou, tinha secado o meu pranto!

A virtude que mais rego,

vive em mim, nunca passou: é a FÉ que sempre carrego

de ser feliz como sou.

Beije e abrace uma criança,

como se beija uma flor! Pois, nesta rosa se alcança a essência pura do amor!

Busquei no universo um dia,

uma resposta eficaz; que transformasse a POESIA

num hino de amor e paz!!!

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Cada tropeço me ensina que a vida é eterno sonhar.

Na vida nada termina, muda de forma e lugar.

Cadeira velha!...Esquecida,

sem dono e sem mais ninguém... Só a saudade atrevida

reclama a ausência de alguém!

Cascata, teu pranto triste, parece que não tem fim!...

Comparo ao pranto que existe doendo dentro de mim!

Como quem faz uma prece, braços erguidos se abrindo,

a borboleta parece um anjo da paz dormindo!

Dai-nos ó, Pai, a razão,

desta santa imagem tua… e que eu reparta o meu pão,

com quem não tem pão na rua!!!

Desperto e fico tristonho, é triste o meu despertar, ver acabado o meu sonho antes do sonho acabar!

Deus - pintor da natureza, usando a tinta mais viva:

pinta o céu, de azul-turquesa e os mares, de verde-oliva!

De volta ao lar que eu não via,

desde a minha mocidade... Enquanto a emoção crescia, crescia a dor da saudade!

Distante dos teus afagos, nesta inquieta nostalgia,

meus olhos formam dois lagos que me afogam todo dia!

Do sino, ouvindo a amargura,

da tarde que já morria, fiz da triste partitura a mais feliz melodia !

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Em cada beijo roubado, que roubo de ti, meu bem,

sinto o gosto do pecado que o beijo roubado tem.

Em seu vai-e-vem bonito, a lua em seu caminhar... Enche de luz o infinito,

de prata, as ondas do mar!

Enquanto a ciência avança,

fato novo se descobre… E o fruto do que se alcança torna a ciência mais nobre

Esta aliança que um dia,

já guardou nossos segredos; hoje guarda a nostalgia

das digitais de outros dedos!

Esta distância tão triste,

entre nós dois, na verdade, mede a distância que existe entre o AMOR e a saudade!

Esta dor que em mim persiste e não me deixa dormir!...

é "aquela" lembrança triste do que deixou de existir!

Este amor que em mim fervilha, quando estamos sempre a sós...

se for bem feita a partilha, será eterno entre nós!

Eu me curvo ante os conselhos

que recebo todo dia, quando dobro os meus joelhos

aos pés da Virgem Maria!

Eu vejo ó linda criança, neste teu sorriso lindo, a mais feliz esperança

das esperanças dormindo!!!

Há uma sombra em meu caminho que me segue…e, mesmo assim…

Nem quer me deixar sozinho nem diz o que quer de mim!

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Já escalei morros medonhos, caminhando passo a passo.

Mas nunca pude em meus sonhos escalar nuvens no espaço!

Já pronta e de vela içada tremulando de ansiedade, vai para o mar a jangada carregada de saudade!

Larga a tristeza e acalanta

teus sonhos, por onde fores. Nada no mundo suplanta

teus lindos sonhos de amores!

Mãe preta! teu negro seio

deu-me o mais puro sabor; nele eu bebi sem receio a eternidade do amor!

Meu Deus! se a chuva caída,

fecunda o sertão no estio, o inverno é fonte de vida

do sertanejo bravio!

Meus sonhos da mocidade, hoje são meus pesadelos; lembrados, sinto saudade, mas é tolice esquecê-los!

Minha renúncia...quem sabe...

não seja a chave secreta, de tudo quanto só cabe

na inspiração de um poeta!

Morre a flor na flor da idade,

padece a planta de dor; a ausência deixa saudade,

até na morte da flor!

Morre a tarde!...E ao fim do dia,

na imagem do sol poente, há tintas de nostalgia

do fim da tarde da gente!

Na sinfonia das almas ensaia-se lindo canto;

ouvem-se preces e palmas: - Padre João Maria é santo!

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Na loucura dos meus versos, e em quase todos seus traços,

há pedacinhos dispersos do amor que tive em teus braços.

Na manjedoura em Belém,

nasce um mistério profundo: Uma luz vinda do além,

que se fez a luz do mundo!

Não me faça mais perguntas,

erro assim, não mais cometa... Talvez, só nossas mãos juntas

possam salvar o planeta!

Nas asas de um vento brando, na espuma branca do mar… as ondas chegam cantando,

trazendo o sal potiguar!

Na vida que se renova,

no Natal que se aproxima, eu forro a mesa com trova, e brindo a noite com rima.

Nesta longa caminhada que fazemos sempre a sós... Nem o silêncio da estrada

quebra o silêncio entre nós!

Ninguém é pedra polida,

se não mudar de conduta; pois, a pedreira da vida é feita de pedra bruta!

No outono triste da idade,

meu lago de solidão transborda só de saudade dos meus dias que se vão!

Nosso casebre, é de palha de pau-a-pique a parede.

O amor que aqui se agasalha, dorme comigo na rede!

O aborto, triste ferida,

que nos faz tanto sofrer; como dói matar a vida, antes da vida nascer!

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Ó cigarra destemida o seu disfarce me encanta, por não ter nada na vida e ser feliz quando canta!

Ó coqueiro pequenino,

que tanta água nos deu! Que ironia o teu destino: por falta d’agua morreu!!!

O mundo é roda gigante, girando sempre a girar,

e eu sou passageiro errante procurando meu lugar!

O outono da vida ingrata, chega fazendo atropelos: Joga tinta cor de prata,

na tinta dos meus cabelos!

O Seridó se enternece, reza e clama todo dia,

orando, em forma de prece, pelo Padre João Maria.

Pelas manhãs vou buscando minha esperança perdida...

Há sempre um sonho vagando nas alvoradas da vida!

Pesa a cruz do meu fadário,

mas tenho fé em Jesus que se aumentar meu calvário

não sinto o peso da cruz!

Porteira velha, o gemido desta dor que te corrói...

é o teu passado esquecido que em teu presente inda dói!

Por teu amor sofri tanto,

foi tão grande o meu desgosto, que cada gota de pranto

se fez cascata em meu rosto!

Prazer é sentir os dedos de nossas mãos artesãs

pintando os lindos segredos das auroras das manhãs!

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Primavera é foto linda, de uma infância toda em flor,

parece que nunca finda a primavera do amor!

Quando a minha fé se esmera,

penso que tudo se alcança. Por longa que seja a espera,

não perco nunca a esperança!

Quando a tarde veste o manto,

torna escura a luz do dia... Saudade dói outro tanto

do tanto que já doía!

Quando um jardim perde as flores,

a mão de Deus recupera, pintando as mais lindas cores

nas flores da primavera!

Quantas lições primorosas,

num pequeno beija-flor, que beija todas as rosas

enchendo o mundo de amor!

Quase seca...E a fonte insiste em seu lamento de dor! É o canto ficando triste e a fonte jorrando amor!

Rasga o manto que te cobre, mostra teu riso e esplendor… Pois, a cortina, mais nobre, não cobre um riso de amor!

Revendo entulhos e tacos,

na tapera dos meus sonhos, chorei por ver tantos cacos

dos meus dias mais risonhos!

Saudade de amor… lembrança, que dói mais que qualquer dor!

Nem na velhice descansa, quem tem saudade de amor!

Saudade – no fim do dia,

já sei por que me dói tanto: aumenta a melancolia,

dobra as dores do meu pranto!

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Saudade – seja onde for, sempre é saudade, meu bem.

Um sentimento de amor que dói no peito de alguém!

Sempre sozinha, aos farrapos,

mas de rosário na mão... A fé tecida entre os trapos,

remendava a solidão!

Sempre tristonho…No entanto, se a alegria é um grande bem, eu tento esconder meu pranto

por trás do riso de alguém!

Se o tempo me desse tempo, de fazer mais do que faço,

queimava a sobra do tempo no calor do teu abraço!

Se descobre essa verdade depois da idade vencida:

que a cada passo da idade, se encurta o passo da vida!

Se o mar por insensatez, naufragar o meu batel...

mando o recado outra vez pelo barco de papel!

Sinalizando o caminho, do nauta na escuridão; o farol velho, sozinho é fantasma e solidão!

Sonho repetidamente,

vendo um clone em tristes ais, chorando porque não sente

o carinho dos pais.

Sou sertanejo e não nego

crestei meus pés neste chão. Nestas marcas que carrego ,

carrego o próprio sertão!

Teu amor que me enternece, que acaba todo meu pranto,

da sobra faço uma prece, e ainda sobra outro tanto.

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Toda tarde o passarinho bate as asas, quando canta. Quanto mais longe do ninho,

mais afinada a garganta!

Um beijo em ti, tão criança, que agora tão longe vai…

Tudo me sai da lembrança, mas o teu beijo não sai!

Velho sino, és sentinela, a repetir sem maldade... a dor da saudade dela,

na dor de minha saudade!

Vem das águas cristalinas e vem da espuma do mar, o sal das brancas salinas do meu rincão potiguar!

Viver por viver somente,

faz teu mundo tão perjuro, que este teu falso presente,

é o presente do futuro.

Fontes:

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas) Eliana Jimenez (http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br)

Carlos Leite Ribeiro – Portal CEN – http://www.caestamosnos.org/autores/autores_p/Professor_G

arcia.htm

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Marina Bruna, filha de Diva Luiz Paiva Bruna, diretora de escola e de Jaime Bruna, professor universitário, nasceu em Franca/SP. É graduada em Matemática pela PUC/SP; em Pedagogia pela “Carlos Pasquale” e em Jornalismo pela “Cásper Líbero”. Exerceu o Magistério como professora em escolas estaduais e municipais de São Paulo. Lecionou, também, em escolas particulares. Hoje está aposentada dessas funções. Poetisa desde a adolescência, distingue-se como Trovadora, com mais de 500 trovas classificadas em concursos de âmbito nacional e internacional, entre as quais se incluem premiações em Portugal, Argentina e República Dominicana. Faz parte da União Brasileira de Trovadores, onde foi agraciada com os troféus “Revelação” (1989); “Destaque” (1994) e os de Trovador mais premiado do ano (1999; 2001; 2004; 2005; 2007 e 2009). Recebeu em 2007 o troféu “Lilinha Fernandes”, que a União Brasileira de Trovadores de Porto Alegre atribui ao Trovador mais premiado em concursos nacionais e internacionais do ano. Publicou os livros: “Transparências” (poemas e trovas); “Cintilações” (trovas); Cantares (trovas) e trabalhos em Jornais Literários, Antologias e Coletâneas poéticas. Proferiu várias palestras sobre Trovas em diversos espaços culturais de São Paulo, Santos, Niterói e outros. É colaboradora da revista “Litteratrova”, de Taubaté, na qual mantém uma coluna mensal intitulada “Redondilhas”. Além da Academia de Letras, Ciências e Artes da AFPESP, pertence a: Casa do Poeta “Lampião de Gás” de São Paulo; Movimento Poético Nacional; União Brasileira de Escritores; e União Brasileira de Trovadores, seção São Paulo.

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TROVAS

A ciranda traz lembranças, que a saudade perpetua,

de um tempo em que nós, crianças, éramos todas de rua...

Afeto infinito eu leio

nos olhos, cheios de brilho, da mãe que desnuda o seio e oferta seu leite ao filho!

Amena e doce ebriedade,

que a adega do tempo apura, o amor, na terceira idade,

é um vinho de uva madura!

À noite, a areia da praia, com rendas à beira-mar,

lembra um lençol de cambraia onde se deita o luar...

A noite desfez, em contas, o seu colar de cristal

e fez agrados nas pontas da grama do meu quintal!...

Ante um berço, comovida, e no adeus dos cemitérios, fui aprendendo que a vida

é ponte entre dois mistérios.

A Primavera passou...

mas passou tão distraída, que nem sequer se lembrou

de reflorir minha vida…

Aqueles grãos sem valor

- e eu fico pensando agora - eram sementes de amor

e eu, sem querer, joguei fora...

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A seca fora um martírio mas, sob a chuva esperada, vi o meu roçado em delírio beijando a terra molhada!

A teu lado, mas... sozinho... quantas noites, quantos dias

eu transbordei de carinho mas te achei de mãos vazias.

A tua mão deslizando

no meu corpo, em leve afago, é como a brisa encrespando

a superfície de um lago.

A tua ofensa me assusta e, desta vez, digo “não”!

Quem ama sabe o que custa ter que negar o perdão!

A vida insiste em manter em dois tons sua canção: o mais agudo é o poder; o mais grave, a servidão!

Blasfemar... sei que é errado mas, Te pergunto, Senhor:

se o amor que eu sinto é pecado, por que me deste este amor?...

Bondes... quintais... lampiões...

Nesta saudade eu me abrigo aconchegando ilusões

que envelheceram comigo…

Brinquedos velhos, em trapos,

sem importância parecem, mas guardam, nos seus farrapos, lembranças que não se esquecem.

Canta, Poeta! O teu canto,

de um sentimento profundo, é o turíbulo de encanto

que vai incensar o mundo!

Colombo aos mares se fez

sem que o perigo o assustasse... e, graças ao genovês,

ganhou, o mundo, outra face!

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Combater... morrer herói... não faz a luta perdida

se o ideal que se constrói foi além da própria vida...

Como é grande a solidão

de um ator, que em sua estréia, põe em cena o coração e está vazia a platéia...

Crepita a floresta... e os ninhos

vão de roldão na queimada. Que vai ser dos passarinhos que não têm culpa de nada?

Da cruz, do açoite, do espinho,

de um sofrimento profundo veio o sangue que, sozinho, lavou as culpas do mundo!

Descalços, pelo gramado,

teus pés mansamente vão... Pões, no pisar, tanto agrado

que eu tenho inveja do chão!...

Deus modela a nossa estrada porém nós, em atos falhos,

modificando a jornada, nos perdemos nos atalhos...

Ele partia e, na pressa, prometeu que voltaria.

Hoje eu sei, não foi promessa. Na verdade... ele mentia...

Em fortuna, eu tenho sido qual uma agulha modesta que borda um belo vestido

e a linha é quem vai à festa!

Em meu olhar recatado,

teu olhar viu, mas não leu, a ternura de um recado

que o meu amor escreveu.

Enfim voltaste... mas peço que este clima de alegria envolvendo o teu regresso não dure só por um dia...

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Esta fé que me incentiva, e em minha vida se espalma,

é uma luzinha votiva na capela de minha alma!

Esta flor que me restou num livro da mocidade

é um sonho que se tornou medalha de uma saudade!

Eu faço um apelo mudo

na velhice que me alcança: - Destino, tire-me tudo

mas não me roube a esperança!

Eu não cobro desta vida

as respostas que ela esconde. Se a minha razão duvida, a minha fé me responde.

Eu nunca amarei um poeta mesmo que ele me seduza

pois seu verso, de alma inquieta, vagueia, de Musa em Musa!...

Eu te espero... Tu demoras... Pela noite, o tempo avança e, no cansaço das horas,

vai se apagando a esperança.

Falo de tuas ausências à garoa, que não passa e ela deixa reticências sobre o frio da vidraça.

Fim do amor... mas nosso enredo

restou em minha lembrança, como ficou em meu dedo a marca de uma aliança...

Finges dormir... e eu, sozinho,

sofro o que a briga nos fez: pôs no espaço de um carinho

a muralha da altivez!

Foi num mar encapelado que o meu barco de ideais naufragou de tão pesado:

- tinha esperanças demais!

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Grande humildade é a do mar que, de um reino onde se alteia,

vem à praia rendilhar as saias brancas da areia!

Homem bom de rosto feio! Tua aparência enganosa lembra a pedra cujo seio

guarda uma gema preciosa!

Impiedoso, o fogo avança e a floresta, calcinada,

perde o verde da esperança; ganha o cinza do mais nada!

Meu viver lembra uma estrada

com mistérios para mim: do começo não sei nada... não sei nada do seu fim...

Minha fortuna eu desdenho

quando vejo, em solidão, que o carinho que eu não tenho

sobra em muito barracão!

Morrem florestas, açudes, e o mundo, pobre de afeto,

perde os versos e as virtudes: - vira selva de concreto!

Na história de tua vida

sou apenas, sem escolha, uma sentença esquecida no rodapé de uma folha…

Na insônia da solidão,

eu só sei que o tempo passa porque escuto um carrilhão dando as horas, lá na praça!

Nas águas turvas dos rios,

os venenos poluidores nos darão dias sombrios

de primaveras sem flores...

Nas letras quase sem cor

de um diário escrito a medo, guardo as mensagens do amor que sempre foi meu segredo...

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Na tarde cálida e mansa, o tempo quase não passa e até o silêncio descansa

nos velhos bancos da praça.

Neste ano novo eu pretendo rasgar meus dias tristonhos e, de remendo em remendo,

reconstruir os meus sonhos...

Nosso amor, hoje em desgaste,

fez do convívio um açoite... Tempo! Por que não paraste

naquela primeira noite?

Nosso amor hoje é passado e, apesar de breve história, persiste, ainda, ancorado

no cais de minha memória.

Num foguetório cerrado,

o céu junino reluz qual um chuveiro dourado

pingando gotas de luz!

O coração nunca esquece as mágoas de uma traição...

Quem trai, no amor, não merece a largueza do perdão!

O cheiro de flor que invade

a varanda, onde eu me abrigo, engana a minha saudade

e eu penso que estás comigo.

O destino rege as vidas

num balé, cujo andamento lembra o das folhas caídas

dançando ao sabor do vento...

O flerte, as voltas na praça,

o tempo levou embora e o amor foi perdendo a graça sem o respeito de outrora...

O que mais feriu minha alma,

relendo os bilhetes teus, foi ver a grafia calma

com que me escreveste “Adeus”!

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Ó Senhor, eu te agradeço pois vejo, em teus filhos sãos,

uma fortuna sem preço que puseste em minhas mãos!

Ousei te amar sem medida, sem cautela, sem pudor... e hoje pago, arrependida,

por esse instante de amor...

Partias... mas, era tarde para eu tentar te deter... E nessa omissão covarde te perdi... sem combater...

Parto... não levo saudade...

as desavenças são tais, que a minha e a tua verdade

já são mentiras iguais.

Passei a viver tristonho

depois que encontrei, surpreso, o limite do meu sonho

no muro do teu desprezo!

Pela noite, atormentado, eu vou desfeito em pedaços,

invejando o afortunado que dorme envolto em teus braços!...

Pessoas que, na ilusão,

cantam virtudes sem tê-las, são como as poças do chão que pensam conter estrelas.

Primeiro amor... é a ternura

que a nossa memória enfeita. É como a fruta madura

de uma primeira colheita...

Prostrado... na dor infinda

de um desprezo que o consome, meu coração bate ainda,

porque murmura o teu nome...

Quando ao teu corpo eu me rendo,

tuas mãos, com muito ardor, em silêncio vão dizendo

loucas palavras de amor!

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Quando a vida aperta o cerco nos ideais que eu persigo,

quanto mais combate eu perco, tanto mais lutando eu sigo!

Quanto sonho se vislumbra numa esteira, à luz da vela,

quando um amor e a penumbra se encontram numa favela!

Quebra o trenzinho... eu conserto

e sinto, ao vê-lo nos trilhos, a minha infância mais perto

quando eu brinco com meus filhos.

Que eu te esqueça... não me peças...

Não me obrigues a fingir e a fazer falsas promessas que jamais irei cumprir.

Que o amor faz sofrer... sabia... mas, mesmo assim, eu te amei

e, agora, a sabedoria vive a dizer: - Não falei?...

Quis te falar... mas não pude... Então te dei uma flor. As flores têm a virtude

de saber falar de amor...

Revendo o resto da história

do nosso amor, eu senti que apagaste da memória o que eu jamais esqueci…

Sabiá, guarda teu canto!

Eu sei que o dia é bem vindo mas não despertes o encanto

que em meu leito está dormindo!

Se alegres, vão repicando;

se tristes, plangem com calma... E eu fico, às vezes, pensando

que os sinos também têm alma!

Sem aliança no dedo,

sem altar, sem certidão, quanto amor vive em segredo

com laços no coração!

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Sem muros, as casas pobres trocam favores, carinhos...

enquanto que em ruas nobres ninguém conhece os vizinhos.

Se um dia o céu censurar o nosso amor, não aceito...

e a teu lado hei de encontrar um outro céu... mais perfeito!

Sigo em frente em meus trabalhos,

porém não sigo sozinho. Com Deus, que aponta os atalhos,

encurto muito caminho.

Sobre seda ou algodão, na trama dos figurinos,

o Supremo Tecelão faz desiguais os destinos.

Sobre os espelhos fanados,

o tempo, em seu transcorrer, passa escrevendo recados que não gostamos de ler...

Tão suave é o teu carinho que eu penso, quando te enlaço,

que o meu corpo é um passarinho que fez ninho em teu regaço...

Tem pena de minha dor!

Por favor, usa a franqueza! Pois as dúvidas, no amor,

maltratam mais que a certeza!

“Terra à vista”! e, em praias calmas,

foi ancorando Cabral. E o destino bateu palmas

nos unindo a Portugal!

Teu adeus me machucou mas eu creio, sem revolta,

que a rua que te levou trará teus passos de volta!

Teu amor... quase acabado...

Mas, tentando me iludir, sigo sofrendo a teu lado sem coragem de partir...

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Teu desprezo me magoa. Não me queres, não te forço. Mas, o que mais me atordoa

é não sentires remorso...

Teu olhar não me diz nada

mas, sem querer, eu me iludo e em delírio, apaixonada,

transformo o teu nada... em tudo!

Tímida, não disse nada, mas o sorriso que deu foi a mensagem cifrada

que o meu amor entendeu...

Traz de longe, a brisa branda,

o jasmim da tua essência e inebriada a varanda

nem percebe a tua ausência.

Tua carícia atrevida,

num suave dedilhado, musicou a minha vida

com acordes de pecado.

Tu chegavas... e eu ouvia o trem, em tons comoventes,

tocar canções de alegria no teclado dos dormentes...

Tu fizeste um leve aceno

e a esperança que me deste teve o alento de um sereno caindo num solo agreste!

Um pintor, em seu delírio,

ante a jangada a vogar, pensou ver um branco lírio

na tela imensa do mar.

Vão ficando tão distantes os carinhos do passado,

que nem sei se o que era antes foi vivido... ou foi sonhado…

Vêm mais tarde os desarranjos

e nos transformam de vez mas, na infância somos anjos

do jeito que Deus nos fez!

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Vem setembro... e algumas flores, nos galhos desabrochando, trazem notícias em cores da primavera chegando...

Vou, na insônia de meus passos,

esquecer, na boemia, que um felizardo, em teus braços,

dorme o sono que eu queria...

Vou te escrever... prometias...

e desta jura refém, espero dias e dias,

mas a mensagem não vem...

Fontes:

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas) Marina Bruna. Cantares. São Paulo: Ar-Walk, 2010.

UBT São Paulo

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Humberto Rodrigues Neto nasceu em São Paulo - Capital, em 11 de novembro. Aposentado da Eletropaulo, antiga Light; fez o curso de Técnico de Contabilidade. Dedica-se à poesia desde os 14 anos, quando leu quase todos os grandes poetas brasileiros e portugueses, além de traduções dos franceses, ingleses, italianos, etc. O que mais lhe agradava era ver com que técnica tais poetas, em especial lusos e brasileiros, compunham seus sonetos! Frustrado quando recorria a um editor para editar seus poemas e ele lhe pedia uma remuneração, motivo por que nunca publicou livro nenhum, exceto três e-books expostos ao público na Net poética: “Rabiscando Rimas” e “Metrificando Sonhos”, editados, respectivamente, por Olga Kapatti e Teka Nascimento, detentoras de sites poéticos, além de “Solfejando Sonetos”, em conjunto com a poetisa Regina Coeli, constante exclusivamente de duetos, num trabalho elaborado pela “Del Nero”. Participou, com outros poetas, da VI Antologia “Palavras de Poetas”, da editora “Physis". Premiado no I e II Concurso Nacional de Poesia ”Menotti Del Picchia”, bem como no XI Certame Cultural de Poesias da Secretaria de Educação de Guarulhos – SP, e no Concurso de Poesias do C.T.A., de São José dos Campos – SP. Fora da poesia possui alguns contos, diversas crônicas, estudos comparativos que faz entre as demais religiões, e duas peças teatrais: “Extorsão” e “Sempre Há Sol Depois da Chuva”.

TROVASA alguém, só por seu sorriso,

nunca julgue, eis meus conselhos; muita vez, por trás de um riso,

há uma alma de joelhos!

Ah, que fados sorrateiros têm nossas vidas sombrias...

os leitos sempre solteiros, de duas camas tão vazias!

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A noite, de ar seco, anidro, por não ver no céu a lua,

põe-se a acender sóis de vidro nos postes da minha rua!

Ano velho não demora,

põe-te ao largo e vai saindo. Anda, ano velho! Cai fora, pois o novo já vem vindo!

Anseio ver-te assim louca

presa aos meus lábios tiranos, pois repriso na tua boca

meus beijos dos vinte anos!

A saudade é suavidade

e engana-se o que a maldiz, pois só chora de saudade,

quem um dia foi feliz!

As contas de amor resolvo,

pois com dívidas não brinco, teu beijo com dois devolvo pra me dares outros cinco!

As flores fito uma a uma, e mais que eu nelas repare, em beleza não há nenhuma

que contigo se compare!

As mulheres são primores,

que Deus fez pensando em mim... e ao perceber que eram flores,

plantou-as no meu jardim.

Às vezes fico sonhando

com coisas que não consentes: minhas mãos metrificando tuas formas adolescentes!

A um retiro me decido

levar-te pra ousarmos mais, mas calo e não te convido, porque não sei se tu vais!

A vida passa, e enquanto

passa a vida eu penso nela; só não passa este quebranto

que eu passo na ausência dela!

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Buscar o céu noutro espaço, não, meu bem, não é preciso;

se eu tiver o teu abraço, que me importa o paraíso?

Cascatas, selvas e fontes,

se em rimas tento escrevê-las, vejo sóis saltando montes e noites fervendo estrelas!

Como é bom, como eu desejo, quanto a minh'alma se agita de nos lábios ter um beijo de mulher moça e bonita!

Como é doce, em terno encosto,

debruçar por entre apelos, o entardecer do meu rosto na noite dos teus cabelos!

Como sofrem meus desejos,

ao saber, meu querubim, que os teus braços e os teus beijos

não foram feitos pra mim!

Confesso-te meus queixumes, que esquecer jamais consigo:

suportar mortais ciúmes desse alguém que está contigo!

Dá-me, Deus, com certa urgência,

a graça que aqui rabisco: dez por cento da paciência

que puseste em São Francisco!

Dá-me um beijo bem ardente, já que és moça e tão menina, só pra ver se assim a gente

sente algo que combina!

Das mágoas que me consomem,

a que mais me faz chorar é ter ciúme do homem

que puseste em meu lugar!

Desse teu beijo fagueiro,

jamais vou sentir-me farto... dá-me mais dois, e um terceiro,

e mais três depois do quarto!

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Deus foi artista perfeito no marcar da noite os mastros,

mas bem que podia ter feito dos teus dois olhos, dois astros!

De vez em quando o ciuminho vem junto a mim e reclama; sente inveja desse ursinho

com que enfeitas a tua cama!

Dois mimos teus inda anseio, pois vivos n’alma os mantive:

o abraço que jamais veio e o beijo que nunca tive!

Do paraíso os recamos

não estão nas Escrituras, pois de há muito os desfrutamos

nas nossas mútuas loucuras!

Do teu rosto a linda imagem é um colírio à nossa vista,

parece até personagem dessas capas de revista!

Eis um rápido resumo do que seja um cabaré:

drinques, droga, e pra consumo mulheres sem rumo ou fé!

Em matéria de grandeza,

Deus não se omitiu em nada; pegou tudo que é beleza

e deu tudo à minha amada!

É nos becos da tua rua

que eu quero te namorar, pra que só o olhar da lua

se atreva a nos espiar.

Entre afagos e carinhos,

pressentem meus sonhos vãos que há mil sins escondidinhos

na timidez dos teus nãos!

Entre nós Deus colocou

da distância os desatinos; sem saber crucificou

na mesma cruz dois destinos!

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É sublime ouvir o frolo da saia erguida em viés... desde a alvura do teu colo

ao rosado dos teus pés!

É tão intenso e tão terno

nosso eclodir de ternuras, que nem sei se vai pro inferno quem comete tais loucuras!

Eu não sei qual julgamento

de ti sobre mim recaia, mas adoro ver o vento levantando a tua saia!

Lisinhas, macias, mimosas, carinhosas e branquinhas, são fofinhas, são formosas

quais duas rosas, tuas mãozinhas!

Mesmo em invernos cerrados, as nossas sensuais fraquezas tornam dois corpos gelados em duas fogueiras acesas!

Meu amor, eu não pensava, que pra ver o paraíso,

bastava, apenas bastava contemplar o teu sorriso!

Meus olhos não mais buscaram

mentirosos paraísos desde o dia em que pousaram no encanto dos teus sorrisos!

Mimos de tanta beleza,

tais como os teus, joia minha, não possui uma princesa, nem os sonha uma rainha!

Não maldigas as diabruras

que o amor nos faz cometer, antes fazer mil loucuras que ser sãos e não viver!

No amar-te tanto é que sinto

do pecado o vil assomo, pois ao te abraçar pressinto

mil tentações que eu não domo!

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No céu Deus gravou a face de faiscantes universos

pra que o poeta os cantasse na beleza dos seus versos!

Noel: nem chinelos tenho

pra pores uns brinquedinhos; então, suplicar-te eu venho:

dá-me um par de sapatinhos!

No olhar que a noite esquadrinha,

eu procuro a imagem tua e te encontro sentadinha

na foice prata da lua!

Noutra mulher não havia

sentido o amor tão desperto, pois antes sequer sabia

que o céu ficava tão perto!

Os meus dois olhos castanhos são tristes, pobres, plebeus... não têm encantos tamanhos como esses que têm os teus!

Pergunta ao mestre o aprendiz: - Que é a luz, nos conceitos teus?

E a sorrir, Einstein lhe diz: – A luz é a sombra de Deus!

Por nuances maravilhosas meu raciocínio se espraia no quão devem ser ditosas

as tuas colchas de cambraia!

Possa eu dar-te, ó sepultura,

algo que os vermes não comem: mente limpa e alma pura,

dois tesouros num só homem!

Pra não viver tão sozinho, quisera ter-te por dona,

só pra ser como o gatinho que em teu colinho ronrona!

Qual cortesã libertina,

assim que surge o arrebol, a serra despe a neblina e exibe a nudez ao sol!

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Quando deito me angustio com carinho tão escasso,

e me abraço ao travesseiro na ilusão de que te abraço!

Que em nós dois Cupido mire suas flechas num voo breve; que de ti ninguém me tire,

que de mim ninguém te leve!

Quem foge à paixão tirana

temendo remorsos ter, ou tem uma mente insana, ou nunca amou pra valer!

Quero afastar os revezes

das mágoas que me consomem: ser teu menino cem vezes

e mil vezes ser teu homem!

Quero, em anseio incontido, do céu levar-te aos confins, e escutar junto do ouvido teus nãos simulando sins!

Que vivam na dor, conjuntos, dois corações machucados, pois é melhor sofrer juntos do que chorar separados!

Remexo da mente o cofre,

mas não descubro o que é isto: na face de alguém que sofre

eu vejo o rosto do Cristo!

Saudade é glória ou castigo

quando alguém, num tom pungente, noss'alma leva consigo

e deixa a sua com a gente!

Saudade, pensando bem,

é quando a mente se queixa que tenta esquecer alguém, mas o coração não deixa...

Se consulto o coração

pra ver aquela que o dome, ele pulsa de emoção

e diz baixinho o teu nome!

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Se há algo que nos deslumbra e ao proibido nos inclina,

é aquele beijo em penumbra no cerrar de uma cortina!

Sempre alheia ao meu apelo,

és a encarnação de Fedra, pois em teu peito de gelo

bate um coração de pedra!

Se puxo as mãozinhas tuas, tento mais perto senti-las pra ver dividida em duas,

minha face em tuas pupilas!

Se teu bem partiu, foi embora, não penses nunca mais nele; enxuga os olhos, não chora,

e me põe no lugar dele!

Sobre meu chão colocaste

um mar de espinhos e abrolhos desde o dia em que lançaste sobre mim teus lindos olhos!

Somos seres incompletos vivendo eterno amargor... Você tão pobre de afetos e eu tão carente de amor!

Valei-me, ó Deus, me conforta...

piedade, Senhor, piedade! me afasta, da esposa morta,

o martírio da saudade!

Vão tão bem os teus pezinhos

calçadinhos nas chinelas, que os meus olhos, coitadinhos,

vão doidinhos atrás delas!

Vê como a sorte judia

do nosso amor (coitadinho!): a tua cama tão vazia,

e eu na minha tão sozinho!

Vem, neste inverno polar,

aquecer-me em teus mormaços... Vem, meu quindim, me aninhar

no verão dos teus abraços!

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Vem, ó “Príncipe Encantado”

dar nela o beijo da vida, depois deixa a meu cuidado

a tua “Bela Adormecida”!

Ver amor igual ao nosso,

nunca sonhes nem esperes: quero ter-te, mas não posso,

podes ter-me, mas não queres!

Fontes: O Autor

Reino da Poesia (http://artculturalbrasilreinodapoesia.blogspot.com.br)

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João Batista Xavier Oliveira nasceu em Presidente Alves/SP, em 16 de junho de 1947. Reside

em Bauru/SP, desde 1975.

Ingressou na UBT em dezembro de 1998.

Em 1999, participando de concursos oficiais de trovas, duas foram classificadas, em Campinas e

Portugal.

Em 2000, em Pouso Alegre e em Nova Friburgo.

Possui premiações em Sonetos também.

TROVAS

A coruja atenciosa esquecendo à presa o açoite

paralisou ante a rosa que encanta também à noite.

A estrela muito invejosa apagou-se antes do dia

ao ver os brilhos da rosa pelo orvalho que caia...

A flor beija a natureza na sua espontaneidade.

Mulher exala beleza na sua simplicidade.

A janela da poesia

aberta às rimas do amor deixa passar, noite e dia,

toda a ternura da flor.

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Alvo de risos e palmas embutido em seu disfarce o palhaço lava as almas

querendo da dor vingar-se.

Alvorada... e um desalinho

numa cor acinzentada mostra o vazio de um ninho

no silêncio da queimada.

Ambições desmesuradas,

conflitos, almas dormentes... virtudes não cultivadas

(valores nobres latentes).

Assim como não se para o tempo, naturalmente,

um grande amor não separa duas almas no poente!

A terra liberta cios

e os braços do homem aceita quando a chuva por seus fios

tece o manto da colheita.

A verdejante campina é uma verdadeira escola; na simplicidade ensina sonhar ao som da viola.

Bem no meio da floresta a terra respira fundo...

Aproveita o que lhe resta arejando mais o mundo.

Cada árvore cortada

por ganância, choro e vejo menos uma revoada

mais angústia ao sertanejo.

Coloquei um pedacinho do coração para fora... Veio você de mansinho inteiro levou embora.

Com a esperança distante e a força por extinguir... pequena luz é o bastante para nosso olhar seguir.

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Considero fugitivo aquele que não tem calma

levando o corpo aflitivo a correr mais que sua alma.

Construí meu universo nos pilares da poesia.

Cada estrela, a luz de um verso; cada verso, um novo dia.

Criar filhos... requer sim

muito amor, senão vejamos: construimos um jardim

mas das flores não cuidamos.

Das mãos limpas que me valho são exemplos dos meus pais:

honestidade e trabalho; ganância... inveja... jamais.

Desperta, poeta, a esperança na luz que o mundo precisa

embalando na criança os ares que fazem brisa.

Deus ao criar a beleza em tons modestos, suaves.

coloriu a natureza na singeleza das aves.

Distância não é medida se a paixão é verdadeira;

o calor de despedida não diminui a fogueira.

Enquanto a lâmpada acesa

permanecer por um fio ainda resta a certeza

de um coração luzidio.

Esperei que refletisses

para mudar teus conceitos... mas quem reflete tolices evoca os mesmos defeito

Falsidade deixa brecha

na roda-viva que invade. Quando o círculo se fecha escancara-se a verdade.

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Febre de amor nos ensina arder no beijos calados

e em forte abraço termina com nossos corpos suados.

Felicidade consiste

olhar a vida risonha... um brilho que não existe

nos olhos de quem não sonha!

Guardo profundas pegadas cheias de afetos... feridas...

---alegrias das chegadas e prantos das despedidas.

Junto à árvore da trova conheci minha poesia,

pois quem do seu fruto prova faz do verso moradia.

Lamento entrever a paz no turbilhão de joguetes se inerme, passível, jaz

nas mesas dos gabinetes.

Lépidas mãos conduzindo mãos carentes e cansadas

mostram o mundo mais lindo com luzes nas caminhadas.

Minha alma no azul se expande...

parece um sonho sem fim. Sendo nosso amor tão grande

sinto o céu dentro de mim.

Minha mãe está ouvindo

na sublime dimensão um hino de amor tão lindo que vem do meu coração.

Muita gente preocupada não conter as calorias... com a sua alma gelada

foge das periferias.

Na leveza do carinho

de tuas mãos emplumadas sinto ser um passarinho nas brisas das alvoradas.

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Não existe lei que impeça um pensamento funesto

de quem semeia promessa quando não quer ser honesto.

Não faças do amigo a ponte

para o sucesso alcançar; muitas vezes o horizonte

é onde começa o mar.

Não há sorriso que emplaque

na comédia desta vida, se, na ironia da claque,

qualquer verdade é escondida!

Não me rendo a essa insistência

de viver sem esperança; bate à porta a desistência... quem espera não alcança.

Não queiras me envenenar; minha dor está dormente.

Ternuras no teu olhar são dois ninhos de serpente.

Não temos culpa de nada; nosso destino é fatal:

as flores da nossa estrada são de um jardim virtual.

Ninguém é mau por inteiro;

sempre um bom resquício tem. A fruta do limoeiro

faz bom refresco também.

No alvor do seu uniforme mais parece anjo da terra

velando a dor que não dorme em tempo de paz... de guerra...

No fim do túnel a luz

sinaliza uma esperança. Quem a seu brilho conduz a vitória sempre alcança.

Nossas brigas infantis são audácias perigosas

que resvalam por um triz entre os espinhos e as rosas.

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No silêncio da varanda, caramanchão ressequido, sinais de pés de criança parecem não ter sumido.

Nossos beijos no começo davam para estralejar. Hoje retratam o avesso

num triste e singelo olhar.

O caráter se desfaz;

irmão não é mais irmão se a mentira for capaz de confundir a razão.

O dom do perdão desperta a esperança então contida. Renascer é a porta aberta às causas nobres da vida.

O mundo inteiro... que importa

o poder que se desfaz? Além da terra, uma porta aos humildes pela paz.

O presente desatina quem cai no conto falaz: trocar voto por botina

leva sempre um pé por trás.

O silêncio é a sutileza de respostas olorosas

num jardim onde a beleza ecoa o parto das rosas.

Os rios fazem carinho no corpo da natureza. Encanto do ribeirinho

ao canto da correnteza.

Os teus segredos contemplo

na intimidade das folhas. Das ternas letras o exemplo

alinhou nossas escolhas.

Pelas flores que plantei

entre espinhos... muito fiz que um grande jardim ganhei:

minha sina é ser feliz.

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Pergunto ao tempo até quando a falsa paixão se esconde.

E ele passando... passando... sutilmente já responde.

Quando a mente se alvoroça

e vocifera no entulho arremeda uma carroça:

mais vazia... mais barulho.

Quando se enxerga o inimigo

o embate é menos atroz, pois ele é maior perigo estando dentro de nós.

Quantas pedras removidas

e quantas por remover. Provações em nossas vidas que só nos fazem crescer.

Que importa fama, dinheiro,

palmas, pedidos de bis... se daria o mundo inteiro

para um dia ser feliz.

Quem desconhece harmonia tem no coração, latente,

o som da canção sombria num compasso de poente.

São os cuidados dos pais

que molduram nossa vida. Laços eternos jamais

se perdem na despedida.

Saudade em versos e prosas...

cantiga mais entoada. Entre os espinhos e as rosas

é a solidão perfumada.

Se acaba meu jogo agora

mesmo com placar zerado, jamais eu joguei por fora;

perdi... ganhei... fui honrado.

Se a vitória é consequência dos degraus da falsidade os valores da aparência

jamais compram dignidade.

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Se combate entre gigantes é buscar sempre o poder,

os humildes, mais distantes, lutam só para viver.

Sei, nem tudo é um mar-de-rosas;

aprendi com teus carinhos. As paisagens mentirosas

mostram flores sem espinhos.

Sensibilidade extrema é tocar de leve na alma

com a pena de um poema... e logo a angústia se acalma.

Sinto a brisa descansar

sua ternura em minha alma quando a luz do teu olhar a minha tormenta acalma.

Souberam dizer não... sim...

mostrando o mundo sem véu. Os meus pais são para mim

um pedacinho do céu.

Sublime na doação o espírito se comporta.

De quem não estende a mão a fé sem obras é morta.

Tens apenas um defeito: ferir-me na insensatez e eu apenas o direito

de morrer uma só vez !

Um grande amor é igual planta

pois cresce sem ser notado. Diamante somente encanta

depois de ser lapidado!

Uma rede na varanda, luz prata do lampião...

paz e amor dançam ciranda cercando o caramanchão.

Um raio de luz somente

bastaria que a esperança revigorasse a semente

na terra que amor alcança.

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Vinte e oito pinceladas

e um quadro estampa tua arte de resumir, ampliadas, as emoções ao pintar-te.

Fontes: Facebook

http://jobaxaol.blogspot.com

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Lilinha Fernandes, a "Rainha da Trova Brasileira" texto de Luiz Otávio Maria das Dores Fernandes Ribeiro da Silva - mais conhecida por LILINHA FERNANDES - nasceu no Cachambi (Meyer), Rio de Janeiro, em dia 24 de agosto de 1891. Foram seus pais: José Lourenço Guimarães Fernandes (português) e Francisca Julieta Guimarães Fernandes (brasileira). Ele foi poeta, cantava e compunha; ela foi pianista. Lilinha Fernandes passou a infância no Meyer, onde fez o curso primário em Escola Pública. Completou seus estudos com o professor Oscar Senachal, de Gofredo. Estudou música e piano com sua mão. Aprendeu sozinha violão e bandorrino - instrumento de invenção de seu marido - Heitor Ribeiro da Silva. Compôs várias canções, valsas, choros, etc., para piano e bandorrino. Foi afamada a canção de Leonel de Azevedo e J. Cascata, com letra de sua autoria: "Escravo do Amor", gravada pelo cantor Orlando Silva. Mais antiga ainda é: "Beijo Fatal", sua primeira canção com música popular do Norte. Muita gente ainda há de recordar-se: "Aquele beijo apaixonado, prolongado, / que tu me deste ao luar." / Foi a sua primeira letra. E a canção correu pelo Brasil e chegou até Portugal. Lilinha Fernandes começou a fazer trovas antes dos oito anos,sempre com muito brilho e inspiração. Quando bem moça, escreveu muitas poesias infantis que foram publicadas durante anos em "O Tico-Tico". Colaborou assiduamente, entre outros, nos seguintes jornais e revistas: "O Malho", "Revista Souza Cruz", "Beira-Mar", "Jornal das Moças", "Vida Capichaba", "A Gazeta', (de Vitória), etc. Apesar de possuir inspiração fértil, conservou os seus livros inéditos por muitos anos. Somente em 1952, com filhos e netos, é que publicou o primeiro: "Flores Agrestes", composto de sonetos. No ano a seguir apareceu o volume de trovas "Contas Perdidas" e em 1954 "Appoggiaturas" (sonetilhos).

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Seus livros tiveram excelente acolhida pela crítica, poetas e leitores. Assim, o poeta Jorge de Lima escreveu: "Parabéns, primorosa poetisa que, com seu fino estro, fez um buquê de "Flores Agrestes". O grande trovador Adelmar Tavares assim se manifestou: "... tendo em muitas delas de repetir a leitura para que meu ouvido bebesse todo o encantamento. Você é uma trovadora. Parabéns" E Agripino Grieco escreveu: " ... suas trovas, ilustre patrícia, são das melhores que se escreveram no Brasil nos últimos tempos." E assim dezenas de poetas e escritores ilustres tiveram palavras de louvor para a sua Poesia. Conheci Lilinha Fernandes em circunstâncias curiosas. Aí por volta de 1950, quando estava organizando o livro "Meus Irmãos, os Trovadores", comecei a ler algumas de suas trovas na Imprensa. Por não conhecê-la, nem alguém que me desse informações suas, comecei a desconfiar que fosse trovadora portuguesa. Essa suspeita aumentou quando, em 1951, o programa radiofônico do poeta Álvaro Moreira, "Conversa em Família" pela Rádio Globo, convidou-me para uma visita, a fim de palestrar sobre trovas e trovadores. O "tio Álvaro" tinha como sobrinhos Helena Ferraz (Álvaro Armando), Raul Brunini, Rubens Amaral e Sérgio de Oliveira. Constituíam uma família alegre e hospitaleira! Depois de duas visitas minhas, acompanhado de outros trovadores como Albano Lopes de Almeida, Ciro Vieira da Cunha, João Felício dos Santos, Eva Reis, Petrarca Maranhão, recebi da Rádio Globo um telefonema em que me comunicava ter recebido certo embrulho que um ouvinte havia encontrado na rua e como era constituído de páginas com trovas manuscritas, queria entregar-me o volume. No meio de uma porção de quadras portuguesas de Antônio Correia de Oliveira, Silva Tavares, Augusto Gil, João Grave, estavam muitas de Lilinha Fernandes. Daí ter concluído falsamente que deveria ser mesmo trovadora portuguesa. Resolvi escrever para "A Gazeta" e "Vida Capixaba" de Vitória, onde continuava a ler com freqüência bonitas trovas de Lilinha. E, na mesma ocasião, a "Conversa em Família" começou a irradiar trabalhos dessa autora. Fiz um pedido ao "tio Álvaro" que divulgasse pelo Rádio o meu interesse em saber o endereço daquela poetisa. E assim, pela

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Imprensa de Vitória e pela Rádio Globo, do Rio, vim a saber que Lilinha Fernandes não era portuguesa mas, sim, brasileira e quase minha vizinha... Vivendo para o Lar, seus filhos e netos, Lilinha Fernandes compunha muitas trovas, mas as divulgava relativamente, pouco. Depois de conhecê-la pessoalmente, tomei melhor contato com sua obra ainda inédita, tornando-me um sincero admirador de seus dons extraordinários de trovadora. Procurei incentivá-la, escrevendo sobre a autora e divulgando as suas trovas pelo Brasil e Portugal. Certa ocasião, escrevi de maneira um tanto humorística, mas com uma base profundamente verdadeira: "Lilinha Fernandes é o Adelmar Tavares de saias.. . " frase em que a poetisa achou muita graça, mas que guardou ternamente em seu coração. Em outra oportunidade, declarei: "É a expressão máxima, feminina, da trova brasileira." Devida a estas e outras manifestações carinhosas às suas trovas, disse-me modestamente certo dia: "Nunca pensei que elas valessem alguma coisa..." Digam os leitores se valem ... Leiam as cem trovas destas páginas e dêem a resposta. Que eu por mim há muito já respondi... Mas não são apenas as cem encontradas neste livrinho que valem alguma coisa... Vejam esta de fundo cristão:

"Eu comparo o arrependido que o perdão vê numa cruz,

ao viandante perdido que avista, ao longe uma luz."

E esta, conceituosa, com uma imagem tão sugestiva:

"Da tua vida a viagem se é triste o pintor imita,

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que da mais tosca paisagem faz a tela mais bonita!"

O lirismo de Lilinha Fernandes é contagioso e encantador. Muitas de suas quadras são amorosas, delicadas. Esta, por exemplo:

"Era outro o teu caminho... Quiseste, por gosto, errar.

Por que entraste em meu cantinho, se não podias ficar?"

Seu amor à trova originou esta concepção carinhosa:

"A trova sorri e chora. Possui encanto divino. Criou-a Nossa Senhora

pra embalar o Deus-menino." Esta outra tem um cunho brejeiro, mordaz:

"Ventura, é coisa sabida, seja muita ou seja escassa,

se não for interrompida perde a metade da graça."

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Vejam, finalmente, o quanto vale a espontaneidade, a harmonia, o lirismo, a feminilidade destas duas trovas:

"Um pelo outro, passamos, com os olhos fitos no chão...

Mas, com que ardor nos olhamos com os olhos do coração!"

"Zangaste. Fiquei zangada.

E eu que fui a ofendida, que chorei, sem dizer nada é que estou arrependida."

Tenho a certeza de que aqueles que já conheciam as trovas de Lilinha Fernandes aplaudirão a escolha que fizemos de seu nome para abrir a Coleção "TROVADORES BRASILEIROS"; e os que ainda não a conheciam, ficarão satisfeitos com a oportunidade que tiveram de entrar em contato com estas trovas inspiradas e bem feitas, melodiosas e singelas, que hão de colocar a autora entre os mais destacados trovadores da língua portuguesa.

Trovas

Do pomar da poesia,

os frutos que você trouxe, coube á trova a primazia

por ser menor e mais doce.

Desejei fogo atear

ao mundo por onde trilho, vendo uma cega indagar como era o rosto do filho.

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Tua ironia maldosa, do amor não me, apaga o lume:

Procura esmagar a rosa, vê se não fica o perfume.

Feliz nunca fui! Sem crença,

procuro a felicidade, Como o cego de nascença que quer ver a claridade.

"Que levas tu na mochila?"

Diz ao corcunda um peralta. E o corcunda: - "A alma tranquila

e a educação que te falta."

Quando tu passas na estrada,

dentro de casa adivinho: é teu passo uma toada

musicando teu caminho.

São meus ouvidos dois ninhos onde guardo, ao meu sabor, um bando de passarinhos! - Tuas mentiras de amor.

Na velha igreja te ouço sino alegre ... Estás dizendo que há muito coração moço

em peito velho batendo.

Eu não bebia... te juro!

Beijei-te, então, podes crer: foi teu beijo, vinho impuro, que me ensinou a beber.

Se ouvisse o homem da terra,

de Deus o conselho amigo, em vez de campos de guerra

faria campos de trigo.

Velho em trajes de rapaz

dá a impressão, diz o povo, de um livro antigo demais

encadernado de novo.

Que o mundo acabe, no fundo,

não me causa dissabor, pois vivo fora do mundo, no meu mundo de amor.

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Amanhece... Vibra a terra! O sol que em ouro reluz, sai da garganta da serra como uma trova de luz.

Vejo teu rosto, formosa,

e o corpo - graça profana - como se visse lima rosa num jarro de porcelana.

Chorei na infância insofrida

para na roda ir cantar. Hoje, na roda da vida,

eu canto pra não chorar.

No trabalho em que me escudo,

lutando para viver, tenho tempo para tudo, menos para te esquecer.

O mar que geme e palpita no seu tormento profundo,

é uma lágrima infinita que Deus chorou sobre o mundo.

Minha netinha embalando, da alegria sigo os passos.

Julgo-me o Inverno cantando com a Primavera nos braços.

A modéstia não se ostenta, se esconde e é pressentida: a presunção se apresenta

e passa despercebida.

Dei-te amor sem falsidade.

- Uma floresta de amor! E tu, só por crueldade,

te fizeste lenhador.

Sofres no céu, Mãe querida,

sentindo, ao ver minha sorte, que me pudeste dar vida

e não me podes dar morte!

Minhas netas, sempre rindo, são meu alegre evangelho.

Musgo verde revestindo de esperança, um muro velho.

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A Inveja dorme na rede da Injustiça, sua amiga;

do Mal se alimenta, e a sede mata na fonte da Intriga.

Sempre a tristeza se espanta

e se amenizam cansaços, tendo trovas na garganta e uma viola nos braços.

Quem não tem ouro disperso,

nem prata velha na mão, paga com o níquel do verso

as contas do coração.

Partiste ... Ficou-me n'alma

tua voz suave e pura... - Ave a cantar sobre a calma

da mais triste sepultura.

A aurora corou de pejo naquele claro arrebol,

sentindo na face o beijo da boca rubra do Sol.

Num vôo de pomba mansa, quisera ir ao céu saber qual o crime da criança

que é condenada a nascer.

Ao amor fiel, que não minta,

a palavra injuriosa é como um borrão de tinta manchando tela famosa.

É assim a boca do mundo que vigia nossas portas: esconde nossos triunfos, propala nossas derrotas.

Se te vais, que dor imensa!

Mas s e vens, meu grande amor, ante a tua indiferença

cresce mais a minha dor.

Que eu tive felicidade,

minha saudade vos diz, pois só pode ter saudade quem já foi multo feliz!

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O tempo passa voando ... Mentira, posso jurar.

Se estou meu bem esperando, como ele custa a passar!

Amei e não fui amada...

Minha alma encheu-se de dor. E fui tão desventurada

que não morri desse amor.

Como é um facho de luz, fosse de madeira a trova,

eu mesma faria a cruz que irá marcar minha cova.

A um cego alguém perguntou

vendo-o só: - Que é de teu guia? E ele sorrindo mostrou

a cruz que ao peito trazia.

Abelha que o favo, prova

é o trovador - velho ou novo fabricando o mel da trova que adoça a boca do povo.

Pra que acender a candeia da minha choça? Pra quê?

Basta a luz que me incendeia que há nos olhos de você.

A cordilheira hoje à tarde, de um verde claro e bonito, era um colar de esmeraldas

no pescoço do infinito.

Sua cruz que eu sei pesada,

minha mãe leva sozinha. Mesmo assim, velha e cansada,

me ajuda a levar a minha.

Minhas trovas sem beleza, se as dizes, são divinais! Só por isso, com certeza,

elas serão imortais.

Que bom quando todos deixam

na casa o silencio agir, e os dedos do sono fecham

meus olhos, para eu dormir.

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Por te amar de alma inditosa, não quero paga nenhuma:

o vento desfolha a rosa, mesmo assim ela o perfuma

Morreu o abade. O terror do pecado, o clero invade:

era uma trova de amor o escapulário do abade.

Minha casa pobre, é rica!

Mesmo no escuro tem brilhos; porque o amor a santifica,

porque a iluminam meus filhos.

Num beijo fez imortal

o nosso amor sem ressábios: um romance original

escrito por quatro lábios.

A trova é a alma da gente

desventurada ou feliz. Em quatro versos somente, quanta coisa a gente diz!

Vida e morte vão andando no mesmo campo a lutar.

A primeira semeando, para a segunda ceifar.

Pra que eu te esqueça, não tenhas

confiança em teu desdém: quanto mais de mim desdenhas,

quanto mais te quero bem.

De idéias velhas ou novas,

eu faço trovas também. Quem gosta de fazer trovas, nunca faz mal a ninguém.

Não me odeias nem me queres... Meu Deus! Que tortura imensa! Mais do que o ódio, as mulheres

detestam a indiferença.

Da morta felicidade

guarda a saudade dorida, pois quem tem uma saudade

tem muita coisa na vida.

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Não peço um prazer sequer à vida que à dor se iguala.

Já faz muito se me der coragem pra suportá-la.

Eu canto quando a saudade

me fere com seu desdém. O canto é a modalidade

mais bela que o pranto tem.

A definição exata

do remorso, está patente: fino punhal que não mata mas tira a vida da gente.

Para rimar com teu nome, que é do céu a obra-prima,

mãe, não existe um vocábulo! Nem mesmo Deus achou rima.

Saudade é assim como fado

lembrando quem vive ausente: é um suspiro do passado na garganta do presente.

Meu amor foi acabando ... Mas a saudade chegou: chuva boa refrescando

o chão que o sol causticou

És de beleza um portento,

no perfil, nas formas puras. Mas beleza sem talento

é um palácio às escuras.

No meu viver triste e escuro,

na minha sede de amar, és aquele que eu procuro e não me quer encontrar.

Meus filhos! ... Minha alegria!

Dentro da minha pobreza, nunca pensei ter um dia

tão opulenta riqueza!

Pensei fazer um feitiço

para esquecer-te, mas vi que de tanto pensar nisso é que penso mais em ti.

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Nunca maldigas teu fado. Confia em Deus, firmemente.

O arvoredo mais copado já foi humilde semente.

Mãe: nem um tálamo nobre

esquecerei, sem mentir, aquele bercinho pobre

que embalavas pra eu dormir,

Todo amante, em sua lida, o espinho chama de flor, porque a verdade da vida

é a mentira do amor.

Mãe: por mais que um filho aprenda,

sempre esquece que sois vós a única fonte de renda

que paga imposto por nós.

Quem é do dever escravo e não faz coisas a esmo,

pode dizer que é um bravo e o próprio rei de si mesmo.

Embora em própria defesa, é réu quem vidas destrói.

Mas na guerra, que tristeza! quem mata se chama herói.

Na tua fronte bendita

dei um beijo, mãe querida! Foi a trova mais bonita

que já fiz em minha vida.

Do nosso amor acabado

não pode esquecer a gente, porque a saudade é o passado

que nunca sai do presente.

Quem vive em casa ou nas ruas,

chagas alheias curando, nem se apercebe que as suas

foram sozinhas fechando.

Felicidade... Sonhá-la

é um mal de fundas raízes. O desejo de encontrá-la é que nos faz infelizes.

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Manhã. O Sol é um botão de fina prata dourada, abotoando o roupão

todo azul da madrugada.

Esperança, és bandoleira,

mas és também sol doirado, de luz a única esteira

na cela de um condenado.

Há muita gente cativa

neste mundo, como eu, que vive porque está viva, no entanto, nunca viveu.

Quem - seja nobre ou plebeu -

no Bem sua vida encerra, sem estar dentro do céu,

está acima da terra.

De vergonha não se peja

quem em sua última viagem, o ódio, o Remorso e a Inveja não leva em sua bagagem.

Cantas! Minha alma te aprova e eu choro - que coisa louca!

querendo ser uma trova para andar em tua boca.

Lua e Saudade - rendeiras

da dor que com a ausência vem, se vós não sois brasileiras, pátria não tendes também.

Pra quem é mãe não existe

bem de mais funda raiz, que o de viver sempre triste,

mas ver seu filho feliz.

"A traição é a própria vida." É a violeta que assim fala,

porque se esconde e é traída pelo perfume que exala.

Chamas-me louca e eu não chamo

infamante a tua boca. Quem ama como eu te amo é muito mais do que louca.

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Para ingratos trabalhando, de santo prazer me inundo,

pois, perdendo vou ganhando a maior glória do mundo.

O vento que atro zunia, queria a noite açoitar;

e a noite, calma, dormia no regaço do luar.

O amor que brinca com a sorte, que é sempre chama incendida,

é o que vai além da morte! - Não há dois em toda a vida!

Procurar-te, eu? que loucura!

Olha, eu te vou confessar: de mim mesma ando à procura

e não consigo me achar.

De Cornélia, as jóias caras, vêm ao pensamento meu

quando vejo outras mais raras; as netas que Deus me deu.

Esses teus olhos rasgados, muito azuis, muito leais,

são miosótis deitados em vasos originais.

Podem subir os felizes!

Agarro-me ao solo, em festa. - Se não fossem as raízes,

que seria da floresta?

Do orgulho, conforme vês,

tenho opinião formada: é a senhora estupidez

com presunção de educada.

Pela saudade ferida,

minha musa se renova! E eu abro o livro da vida e escrevo nele uma trova.

Se o bem não podes fazer, o mal não faças também,

que o bem já faz sem saber, quem não faz mal a ninguém.

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É a trova, em seu natural, mordaz, alegre ou dolente,

lindo trecho musical de quatro notas somente.

Do violão o segredo

de imitar os passarinhos, é já ter sido arvoredo

e abrigo de muitos ninhos.

Dizem que o amor é feitiço,

é mágoa, alegria e dor. - Mas se amor não fosse isso,

que graça teria o amor?

Sem ti, que treva cerrada pelos caminhos que trilho! Sou como a Lua apagada

que, sem o Sol, não tem brilho.

Morre o poeta. Em oração se escutam vozes bizarras.

- É a missa que as cigarras celebram por seu irmão.

Se a trova faz suicidas, não sou eu quem a reprova. - Vale uma trova mil vidas! Não vale a vida uma trova!

Noel exclamou pesaroso vendo a cidade: - Jesus! Quanto cartaz luminoso e quanto teto sem luz!

Quisera, de idéia nova

de teu amor presa aos laços, fazendo a última trova,

morrer feliz em teus braços.

Fontes: Luiz Otávio e J.G. de Araujo Jorge . 100 Trovas de Lilinha

Fernandes. vol. 2.RJ: Ed. Vecchi, 1959. Coleção Trovadores Brasileiros

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Carlos da Silva Guimarães Júnior nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 22 de outubro de 1915, filho de Carlos da Silva Guimarães e Ermelinda Conceição Guimarães. Aposentou-se como engenheiro da Estrada de Ferro Central do Brasil. Com o falecimento de Luiz Otávio em janeiro de 1977, assumiu a presidência nacional da UBT (União Brasileira de Trovadores), cargo que exerceu até 1997, quando faleceu. Editou, em 1978, "Cantigas que Alguém Espera", com 303 trovas e, em 1993, o livro de poemas "Rumos Diversos". "Magnífico Trovador".

TROVAS"A coisa está toda errada" - diz o pescador Romão -

"No mar, peixinhos de nada, na praia, cada peixão!"

A confusão foi tamanha...

Móveis quebrados... Berreiro,,, É que a sogra do Saldanha

baixou naquele terreiro.

A minha comadre Clara

está bonita e feliz: gastou os olhos da cara, mas consertou o nariz.

A minha mão, estendida ao teu aperto de mão,

revela a mágoa esquecida, mostra a paz no coração.

A minha sogra é uma bola

e meu sogro já dizia: - Dorme até sem camisola,

pra fazer economia.

Ante o desquite, maroto, segreda o primo da Berta:

- Velho casado com "broto", tem que "dar galho", na certa.

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Ao meu sogro, ninguém logra vencer em azar, ninguém, pois atura a minha sogra e a sogra dele, também.

Ao vê-la cheia de graça, vizinhas contam piadas,

mas, se é o marido quem passa, há explosões de gargalhadas.

Ao vê-Ia, na cova, inerme, roliça qual um presunto,

segreda um verme a outro verme: - que abundância de defunto!

Ao vê-la na igreja entrar,

bamboleante, os braços nus, Santo Antônio, em seu altar,

cobre os olhos de Jesus!

Ao vê-lo descer inerme,

em meio a tanto aparato, disse um verme a um outro verme

- Vou comprar bicarbonato...

Ao ver a loura passar, diz um luso muito vivo:

- Espero ainda encontrar esse "troço" em negativo.

A poça d'água da rua

- igual a certas pessoas - pensa ao refletir a lua, ser a maior das lagoas.

Aqui Jaz o Godofredo,

porque o vizinho, avisado, chegou um pouco mais cedo

do que havia combinado.

"Aqui Jaz Zé das Boêmias". E os vermes, por precaução,

não permitiram que as fêmeas visitassem-lhe, o caixão...

As vezes, a gente canta

para a si mesmo enganar, sentindo um nó na garganta,

com vontade de chorar.

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Até parece pilhéria, ouvir, de certa pessoa,

a informação de que és séria, só porque não ris à toa...

Boa de bola e aguerrida, chutando bem, a Lalá

é sempre muito aplaudida, nas cabeçadas que dá.

Boa mulata, a Anacleta

diz por piada, talvez, que, apesar de analfabeta, conhece bem português.

Cai a chuva escassa e mansa,

no sertão de sol ardente: - reticências de esperança,

que Deus manda àquela gente.

Cansado, desiludido,

chego ao fim da minha estrada, sem horizonte, perdido,

entre as brumas da jornada

Cão de marujo, também, por mais perigos que arroste,

imita o seu dono e tem um amor em cada poste.

Caro doutor, saiba disso:

se esse transplante malogra, eu pago em dobro o serviço, que a coroa é minha sogra.

Casou-se o pobre Peçanha,

com mulher feia e sem graça: Para quem não tem champanha,

vale um trago de cachaça...

Cheque sem fundos, o Meira

recebeu naquele dia: - Vendendo uma geladeira, o coitado "entrou em fria"

Começou mal a semana

o beberrão azarado: abusou tanto da cana,

que acabou sendo "encanado".

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Como pode, Madalena, nem sei como acreditar, pílula assim tão pequena nosso segredo guardar...

Comprou, na Agência Postal,

o menor selo que havia, deu-lhe um jeito de avental

e eis a tanga de Maria !

Com todo o senso de artista

e, apesar de todo o zelo, não sou bom filatelista,

no entanto, procuro "sê-lo"

Da gravata à borboleta,

que eu usei esta semana, a minha prima, Julieta, fez um biquíni bacana.

Da ingente lida cansada, velha cegonha matreira, hoje, vive, aposentada,

a assustar moça solteira.

Datilógrafa, a Maria é "boa" como ninguém: mesmo em datilografia,

tem seus méritos, também.

Declara, em meio à homenagem,

o astronauta, herói da Nasa - Prova mesmo de coragem vou dar voltando pra casa!

De fazenda é tão escasso

o biquíni da Julieta, que até não sobrou espaço

pra colocar a etiqueta...

Deixei minha namorada, numa agonia tremenda:

escondi, na mão fechada, o seu biquíni de renda.

Dentro do meu coração, na minha radiografia,

o doutor - que indiscrição! - viu tua fotografia!

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Deu-me tanta bola a Berta, com sorrisos e olhar doce,

que eu fui em frente na certa: aí, a Berta trancou-se !

Diz a mulata Maria, sem explicar a razão que o luso da padaria

é pão vendendo outro pão....

Diz que detesta covarde

e odeia os homens pecatos; da coragem, faz alarde

e, em casa, é quem lava os pratos...

Do amor fervorosa crente, a mulher do seu Tomás,

sendo uma cara pra frente, vive a passá-lo pra trás...

Do espelho da tua sala,

procura o exemplo seguir: ele reflete e não fala, tu falas sem refletir...

Eis um conceito maroto, que aos quatro cantos espalho:

se todo o galho foi broto, nem todo o "broto" "dá galho".

Ela é séria e não dá bola,

chega a ser ultrapassada... Com tantas curvas, Carola,

afinal, é tão quadrada...

Ela vive no oculista

e ele é motivo de troça, pois se ela trata, da vista,

ele faz a vista grossa...

Em perfeita comunhão,

na vila de Santarém, a mulher do sacristão

ajuda ao padre, também.

Entra a esposa bem idosa

e uma "gatinha" assanhada, o macumbeiro Barbosa

vive numa encruzilhada.

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Entre um branca gelada e uma preta bem quentinha,

topo as duas, camarada: - não perco uma cervejinha.

Estendido sobre a cama, na brancura do lençol,

que saudades meu pijama sente do teu "baby-doll"!

Eu tenho quatro vizinhas

- que santas meninas são! - à sua porta, às tardinhas, há homens em procissão...

Explica a mulher a alguém,

que seu marido é pintor: é por isso, que ela tem um filho de cada cor...

Explica cheia de sestro,

que não engana a ninguém: sendo mulher de maestro,

faz seus "arranjos", também.

Felicidade, querida, assim posso enunciar:

- moeda falsa que a vida insiste em querer passar.

Imploraste a Santo Antônio

um casamento, Maria: deu-te o santo o matrimônio

mas fui eu que "entrou em fria"...

Já pronto para o transplante,

pergunta, aflito, o ancião: - Fico em forma, doutor Dante,

só trocando o coração?

Jogador inveterado,

morre o amigo Zé do Taco... Vai entrar, pobre coitado, no seu último buraco...

Louvado sejas, Senhor, pela crença que me dás,

pelo que eu logro em Amor, pelo que recebo em Paz,

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Maria, a minha Maria, põe nos beijos tal calor, que a noite pode ser fria e eu não uso cobertor...

Maria, ao jogar "pelada",

me dá bola a tarde inteira e porque joga avançada,

terminamos na "banheira"...

Meu amigo, Zé da Mota, fala mal da sogra à toa,

pois eu conheço a velhota e ela até que é muito boa!

Meu gato sumiu e o fato

deixa a gata tiririca, lamentando, sempre, o gato,

ao ouvir certa cuíca.

Minha sogra sempre anota

meus atrasos num caderno: se essa "coroa" empacota,

vai ser porteira do inferno...

Morre a sogra e, comovido o meu compadre Tomás,

na coroa, distraído, escreveu: "Descanso em paz"!

Morreu lutando, e aqui jaz Chico Bomba, o corajoso... E esse epitáfio, quem faz

é o seu primo: o Zé Medroso...

Muito embora não se esgote

todo assunto que é você, pelo V do seu decote

quanta coisa a gente vê!

Mulata boa, essa Helena,

que afirma ser tua prima... Sempre que passa, me acena

de polegar para cima.

Na bebida, a minha mágoa

procuro ver afogada... Já me chamam de pau-d'água, mas, a minha mágoa... nada...

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Namorei a Margarida, mas como me deu trabalho!

Nunca vi, na minha vida, um broto dar tanto galho...

Não fez o menor sarilho

meu amigo Vivaldino e deu, ao décimo filho, o nome de PILULINO...

Não vende móveis, Maria,

mas, segundo as faladeiras, atrai boa freguesia

com seu "jogo de cadeiras"

No banheiro, de surpresa,

ao entrar, reparo bem, que até no banho, Teresa é enxuta como ninguém.

Num biquíni diferente,

pôs fogo na praia inteira, ao desfilar imponente, só de peruca e piteira...

O Machado é grande amigo, que eu tenho, sempre, ao meu lado:

qualquer problema comigo, quem "quebra o galho" é o Machado.

O que eu desejo, sem pressa,

consigo sempre, Maria... Hoje, me dás, sem que eu peça,

o que me negaste um dia...

O rapaz tanto bebia,

que, um mês depois de enterrado, nenhum verme conseguia

fazer "quatro", nem deitado...

Pão duro a mais não poder, o meu compadre Zulmiro, em vez de dar, quis vender

o seu último suspiro.

Para casar, o Joaquim

tornou bruta carraspana: Esse cara só diz "sim",

com a cara cheia de "cana".

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Para evitar confusão, afirma, sempre o Ramalho, que não tem superstição: tem alergia ao trabalho...

Pelo olhar de antipatia, que o vigário me lançou, estou certo que Maria,

de manhã se confessou.

Pensam que caí num logro, mas, aviso a quem quiser - pelo dinheiro do sogro, aturo sogra e mulher.

Perdão, Senhor, mas não posso

resistir à tentação de, ao rezar o Padre-Nosso,

pedir manteiga no pão.

Pões tal feitiço na ginga,

que, ao sambar, eu me atrapalho: és tu, mulata, o coringa,

que faltava em meu baralho

Por bigamia, garanto, castigo do céu não logras: deve ter honras de santo,

quem aturou duas sogras...

Por mera superstição

Zé Cachaça explica bem: Bebe antes da refeição,

durante e depois, também.

Porque a mulher é de morte, estranha o compadre Osmar,

que o chamemos de "consorte", se ele viva é "com azar".

Porque a mulher do goleiro, jogando um tanto avançada,

me deu bola o dia inteiro, entrei, também, na pelada....

Quando bebo mais um pouco,

uma coisa me maltrata e me deixa quase louco:

- é ver sogra em duplicata...

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Quando ela passa, divina, penso ao ver-lhe a majestade: - Ah! Se eu pudesse, menina,

dividir por dois a idade! ...

Quando eu morrer, a mulher

em apuros, que não fique: se na cova eu não couber,

que me enterre no alambique...

Quando minha sogra entrou

no inferno, em grande escarcéu, o Demônio se assustou

e se mandou para o Céu.

Quando ouviu o Pai-de-Santo falar, em "trabalho", o Augusto

que é folgado, tremeu tanto e quase morreu de susto...

Que importa meu dia-a-dia seja de mágoa e tristonho:

nas asas da fantasia, vivo momentos de sonho.

Quem usa como remédio a soIidão, na verdade,

não cura os males do tédio só aumenta a dor da saudade.

Se a vida tem algo errado, a própria vida conserta; vejam só: o Zé Trancado,

ontem, casou-se com a Berta.

Se meus apelos comovem ao senhor, eu peço, então,

que transplante um corpo jovem, no meu velho coração...

Soldador de profissão,

vive a soldar Zé Trancado e a mulher, por distração,

vai namorando um "soldado".

Superstição esquisita

essa que tem Dona Aurora, pois só recebe visita,

quando o marido está fora.

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Tanto mente o Zé Patranha, faz tanto rolo e trapaça,

que se estoura uma champanha, há quem jure que é cachaça.

Tem, o Zé, vida apertada e a má sorte a castigá-lo: se a mulher dá cabeçada, é nele que nasce o galo...

Tem tanto medo da bronca da mulher, o meu vizinho,

que até mesmo quando ronca, o seu ronco sai fininho.

"Tenho coragem" dizia

e provou do que é capaz, ao correr naquele dia

com o marido "dela" atrás.

Trazendo a Prudência ao lado,

eu demonstro inteligência, pois viajo sossegado,

se dirijo com "prudência" .....

Vem gente de todo o lado, ver minha prima Janete,

num "triquini" muito ousado: chapéu, sandália e chiclete...

Vem Maria, ao meu amor,

que, com jeito, a gente arranja botar no congelador

tuas flores de laranja.

Vive o Domingos feliz

sem o trabalho enfrentar, que os "domingos" - ele diz -

são feitos pra descansar.

Voltou de cesta vazia,

pois não pescou nada, nada... Mas, foi nessa pescaria,

que Benvinda foi pescada...

Fonte:

UBT Juiz de Fora

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Concursos de Trovas

XXXIII CONCURSO DA ACADEMIA

DE TROVAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ATRN – 2013

Prazo:

até 30/6/2013; TROVAS LÍRICAS E FILOSÓFICAS:

1 - ÂMBITO NACIONAL

Tema: AREIA. Coordenador: José Lucas de Barros Travessa Alda Ramalho Pereira, 1010, Tirol Natal/RN CEP 59014-602.

2 - ÂMBITO ESTADUAL

Tema: RASTRO.

Coordenador: Thalma Tavares Rua México, nº 584 - Jdm. das Américas São Simão/SP CEP: 14200-000

3 - PARA SÓCIOS EFETIVOS

Tema: MÃO.

Coordenadora: Eliana Ruiz Jimenez Rua 2950 n. 671 – Centro Balneário Camboriú – SC CEP: 88330-348

4 - PARA SÓCIOS CORRESPONDENTES –

Tema: BÊNÇÃO.

Coordenador: Hélio Pedro Souza

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Rua Cel. Luciano Saldanha, 1.740, Capim Macio Natal/RN CEP 59078-390

OUTROS INFORMES:

As trovas devem ser endereçadas aos respectivos

coordenadores (sistema de envelopes, colocando-se, em lugar do remetente, o nome de ADEMAR MACEDO);

Quantidade de trovas por tema: no máximo 2 (duas); Festa de premiação: 3 e 4 de outubro de 2013.

Responsável:

ACADEMIA DE TROVAS DO RIO GRANDE DO NORTE-ATRN.

XXII JOGOS FLORAIS DE PORTO ALEGRE/RS

Prazo: 30 de junho de 2013

Enviar para:

Rua Grão Pará, 212

CEP 90850-170 Porto Alegre – RS,

com exceção da hispanica.

TEMAS PARA AUTORES BRASILEIROS E PORTUGUESES (exceção ao RS):

"ÁGUA" (lírico/filosóficas) "VINHO" (humorísticas)

TEMAS PARA AUTORES DO RIO GRANDE DO SUL:

"FONTE" (lírico/filosóficas) "SEDE" (humorísticas)

PARA AUTORES DE LÍNGUA HISPANICA: JUVENTUD (L/F)

enviar para [email protected] Máximo de 03 trovas por autor, em cada tema.

"Sistema de envelopes", exceto Língua Hispânica

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XII CONCURSO DE TROVAS DO CTS/UBT/CAICÓ

PRAZO:

até 30.06.2013.

Tema para autores brasileiros e de outros países de língua portuguesa: "FUGA" (Lírica/Filosófica)

Remeter para Djalma Mota Rua José Eustáquioo, 1330-Bairro Paraíba Caico-RN CEP: 59300-000 Tema para autores do RN:

"RESPOSTA"

Remeter para Wellington Freitas Rua Renato Dantas, 33-Bairro Acampamento Caicó-RN CEP: 59300-000

Tema para autores de língua hispânica: "VENTANA"

enviar para [email protected] e [email protected]. Uma trova por autor em todos os temas.

Sistema de envelopes, exceto para língua hispânica

CONCURSO ESTADUAL DE TROVAS DE SÃO GONÇALO/RJ - 2013

Prazo:

31 de Julho de 2013

Concurso de Trovas em Homenagem ao Centenário do Prefeito Joaquim de Almeida

Lavoura Promovido pela AGLAC - Academias Gonçalense

de Letras Artes e Ciências

REGULAMENTO

1. O Concurso de Trovas, exclusivamente aberto a Trovadores do Estado do Rio de Janeiro, tem

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por objetivo homenagear o emblemático Prefeito do Município de São Gonçalo, JOAQUIM DE ALMEIDA LAVOURA, no Centenário de seu nascimento, e faz parte do Calendário Cultural do Município de São Gonçalo. 2.As Trovas concorrentes deverão ter por tema “Centenário do Prefeito Joaquim Lavoura”, serem inéditas e de autoria do próprio concorrente. 3. O prazo limite para recebimento das Trovas será o dia 31 de Julho de 2013, podendo o concorrente enviar até 3 (três) Trovas. 4. O resultado do Concurso será divulgado dia 31 de Agosto de 2013 através da imprensa local e, aos premiados, através de correspondência postal. 5. Serão concedidos troféus aos vencedores, nas seguintes modalidades: 3 (três) Vencedores e 3 (três) Menções Honrosas.

6. A apresentação dos trabalhos será o tradicional “Sistema de Envelopes”, adotado pela UBT – UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES. 7. Os trabalhos concorrentes deverão ser enviados para

Carlos Alberto de Carvalho Rua Antônio das Santos Figueiredo, 172 –

Centro São Gonçalo/RJ CEP: 24445-480.

8. Não será permitida a participação de integrantes ou de parentes direta ou indiretamente ligados aos associados da UBT – Seção São Gonçalo/Rio de Janeiro. 9. A Comissão Julgadora será constituída por membros da UBT – São Gonçalo, previamente selecionada e divulgada pela organização do concurso. 10. A Solenidade de Premiação será realizada no dia 20 de Setembro de 2013, a partir das 19 horas no “Centro Cultural Joaquim Lavoura”,

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situado a Av. Presidente Kennedy, 721 – Estrela do Norte – São Gonçalo. 11. Os premiados presentes receberão seus Troféus e Menções Honrosas durante o evento citado no item 10. Os que não puderem comparecer receberão via Correios. 12. Os casos os omissos serão resolvidos pela Comissão Organizadora do concurso. FERNANDO FÉLIX CARVALHO Pres. da AGLAC- Academia Gonçalense de Letras,

Artes e Ciências

IX CONCURSO DE TROVAS DA

ACADEMIA MAGEENSE DE LETRAS

- 2013

Prazo: 2 de Julho de2013

Temas: Lírico/Filosóficas: ACADEMIA Humorísticas: TREM A Academia Mageense de Letras, no decurso de seu XXV Aniversário de Fundação, promoverá o presente IX Concurso de Trovas, na forma do Regulamento a seguir: Art. 1.º O certame, de âmbito nacional/internacional, compreenderá duas categorias, com os seguintes temas: “Academia” (Lírico/Filosófico) e “Trem” (Humorístico). Art. 2.º Cada poeta poderá participar, em cada categoria, com apenas 01 (uma) única trova inédita, a ser enviada até 02 de julho de 2013, valendo a data da postagem. Parágrafo único. Considera-se trova a composição em quatro versos, em redondilha maior, rimando o 1.º com o 3.º e o 2.º com o 4.º versos, com rimas perfeitas, formando sentido completo e sem título.

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Art. 3.º A trova a ser enviada, pelo sistema de envelopes, deverá ser remetida para o endereço:

Caixa Postal 93.717 Magé, RJ, 25.900-000.

No remetente escrever Luiz Otávio, repetindo o endereço do destinatário. Art. 4.º A premiação ocorrerá na festa de aniversário de academia, dia 26 de agosto de 2013, em local e horário a serem confirmados. Art. 5.º Serão conferidos diplomas aos dez primeiros classificados, em cada categoria. Art. 6.º Fica vedada a participação dos acadêmicos e de seus familiares no certame. Art. 7.º A comissão julgadora será composta por 03 (três) acadêmicos, convidados pela organização do certame, cuja decisão será irrecorrível. Art. 8.º Qualquer eventualidade será decidida de forma irrecorrível pela organização do Concurso.

Alzir Ferreira = Presidente Antônio Seixas = Coordenador do Concurso

CONCURSO DE TROVAS - CENTRO DA COMUNIDADE LUSO-

BRASILEIRA DE BELO HORIZONTE

Prazo: 31 de Agosto de 2013

Homenagem ao 10 de junho - Dia de Portugal, de Luis de Camões e das Comunidades Portuguesas Promoção: Diretoria Cultural do Centro da Comunidade Luso-Brasileira de Belo Horizonte União Brasileira de Trovadores-Seção de Belo Horizonte-UBTBHte., TEMA: –

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CAMÕES (valendo termos correlatos como camoniano, etc.), em lembrança do grande poeta divulgador da Língua Portuguesa e dos descobrimentos portugueses. LIMITE E FORMA: – O Concurso é aberto a poetas, trovadores ou não. Cada participante pode concorrer com até 02 (DUAS) trovas inéditas, de natureza lírica ou filosófica pelo sistema ABAB, isto é, com rima entre o 1º (primeiro) e o 3º (terceiro) versos e entre o 2º (segundo) e o 4º (quarto), sendo todos setissilábicos e de sentido completo. REMESSA: – Para remessa dos trabalhos, deverá ser observado o sistema de envelopes, isto é, as trovas deverão ser escritas na parte externa de um envelope pequeno (8x15 cm), que conterá em seu interior os dados do autor e que, devidamente fechado, deverá ser colocado em um envelope maior endereçado para

DIRETORIA CULTURAL DO CENTRO DA COMUNIDADE

LUSO-BRASILEIRA DE BELO HORIZONTE – CONCURSO DE TROVA -

Rua Curitiba, n° 746, 1º. andar CEP 30.170-120

Belo Horizonte - Minas Gerais. PRAZO: A remessa dos trabalhos deverá ser feita pelo correio comum até 31 de AGOSTO de 2013, valendo a data da postagem. JULGAMENTO: As trovas recebidas serão examinadas e avaliadas por uma Comissão Especial de Trovadores. De suas decisões não caberá recurso. SELEÇÃO: Serão selecionadas como finalistas 03 (TRÊS) trovas como vencedora, menção especial e menção honrosa, cujos autores receberão prêmio

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especial e diploma. Todos os demais concorrentes receberão certificado de participação. PREMIAÇÃO: A premiação ocorrerá em SETEMBRO DE 2013, durante solenidade comemorativa do 101º aniversário do Centro da Comunidade Luso-Brasileira, a ser realizada em dia a ser marcado no salão nobre de sua sede na Rua Curitiba, No. 746, 4º. Andar, em Belo Horizonte. CASOS OMISSOS – Serão resolvidos pela Comissão Organizadora. Belo Horizonte, 08 de abril de 2013 Pela organização do certame, Antônio Augusto d’Almeida–Diretor Cultural do Centro da Comunidade Luso-Brasileira.

CONCURSO NACIONAL INTERSEDES 2013

Prazo:

20 de agosto de 2013 Realização UBT-Curitiba. (Exclusivo para trovadores filiados a seções e/ou delegacias da UBT, exceto Curitiba). 1. Do Tema. - Tema: Túnel (Lírica/filosófica) 1.1.- A palavra tema deverá constar do corpo da trova. 1.2.- Uma trova por concorrente, inédita, de autoria do remetente e, deve ser datilografada/digitada na face externa de um envelope branco, - sistema de envelopes - que deve ser remetido fechado. Dentro de cada envelope, colocar um papel com a identificação: nome completo, e-mail, endereço postal completo e assinatura, além do nome da delegacia ou seção a que pertence.

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1.3.- O envelope (8x11) com a trova deve ser colocado em outro maior, para a remessa e, neste deverá constar como remetente “Luiz Otávio” e o mesmo endereço do destinatário. 2. Do Prazo Serão consideradas as trovas que chegarem até 20/08/2013. 3. - Do endereço para remessa. –

A/C Centro de Letras do Paraná. Rua Fernando Moreira, 370. Centro.

CEP 80.410-120 Curitiba – Paraná.

4 – Da Premiação Dia: 24 de novembro de 2013. (Durante o almoço de confraternização de final de ano da UBT-Curitiba. O mesmo é realizado por adesão). Horário: 11 horas

Local: a ser confirmado 4.1. - Será concedido – Troféu e Diploma para os três primeiros colocados. E para a Seção e /ou delegacia a que pertencer o primeiro colocado. 4.2.- A premiação será remetida via postal para o classificado que não puder comparecer na data aprazada para seu recebimento. 4.3.- A UBT-Curitiba não se responsabilizará por quaisquer despesas de locomoção, hospedagem e/ou alimentação dos classificados para o recebimento dos prêmios. Sendo, contudo de responsabilidade da UBT-Curitiba despesas referentes à remessa pelo correio dos prêmios, na hipótese do não comparecimento para recebimento do mesmo. (Nota: A seção ou delegacia a que pertencer o vencedor, automaticamente deverá promover o concurso subsequente). 5. - Da Comissão Organizadora

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5.1 A Comissão Organizadora resolverá os casos e suas decisões serão definitivas e irrecorríveis. 5.2 As trovas remetidas em desacordo com qualquer item, serão eliminadas automaticamente do concurso. 5.3 A simples remessa das trovas significa total conhecimento e completa aceitação deste Regulamento. Maiores informações pelo e-mail: [email protected] Ou pelo telefone (41) 9964-7377

Concurso Paralelo: - Concurso interno exclusivo da UBT-Curitiba 1. - Do Tema: Tema: Refúgio (lírica/filosófica) 1.1.- A palavra tema deverá constar do corpo da trova.

1.2.- Uma trova por concorrente, inédita, de autoria do remetente e, deve ser datilografada/digitada na face externa de um envelope branco, - sistema de envelopes - que deve ser remetido fechado. Dentro de cada envelope, colocar um papel com a identificação: nome completo, e-mail, endereço postal completo e assinatura. 1.3.- O envelope (8x11) com a trova deve ser colocado em outro maior, para a remessa e, neste deverá constar como remetente “Luís Otávio” e o mesmo endereço do destinatário. 2. Do Prazo Prazo: Serão consideradas as trovas que chegarem até 20/08/2013. 3. - Do endereço para remessa. –

A/C Centro de Letras do Paraná. Rua Fernando Moreira, 370. Centro.

CEP 80.410-120

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Curitiba – Paraná. 4 – Da Premiação Dia: 24 de novembro de 2013. (Durante o almoço de confraternização de final de ano da UBT-Curitiba. O mesmo é realizado por adesão). Horário: 11 horas Local: a ser confirmado 4.1. - Será concedido – Troféu e Diploma para os três primeiros colocados. Os classificados que não puderem receber sua premiação durante o almoço de confraternização poderão retirá-la em reunião interna da UBT-Curitiba em março de 2014. Maiores informações pelo e-mail: [email protected] Ou pelo telefone (41) 9964-7377.

Concursos da UBT São Paulo

Prazo Máximo: 31 de Julho

TEMAS: 01 – ROSA (Nacional/Internacional) Enviar para: Ana Cristina de Souza Rua Pariquera-Açu, 78 Cep 04517–010 São Paulo/SP 02 – DISTÂNCIA (para assinantes do Informativo UBT São Paulo) Enviar para: Domitilla Borges Beltrame Rua Batista Cepelos, 18, aptº 31 Cep 04109-120 São Paulo/SP 03 – DESPEDIDA (para associados da Seção São Paulo)

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Enviar para: J.B. Xavier Rua Leandro de Carvalho, 277 Cep 01551-010 São Paulo/SP 04 – GAROTA (também para associados da UBT Seção São Paulo) Enviar para: Giva da Rocha Av. São Luiz, 214, aptº 801 Cep 01046-000 São Paulo/SP Observações: 1) Sistema de Envelopes, máximo de 03 trovas por tema 2) prazo máximo para recebimento das trovas: 31.07.2013 3) Com exceção do tema 04, que é humorístico, os demais temas são para trovas líricas, filosóficas ou afins. **********************************

Paralelamente haverá um concurso de poesia livre, exclusivo para os residentes na Capital paulista e Grande São Paulo. Tema: MULHER Enviar para: Pedro Mello Rua Costa Barros, 863, aptº 24 – Vila Alpina Cep 03210-000 São Paulo/SP Os trabalhos, em máximo de dois, deverão ser digitados em três vias, com pseudônimo, juntando envelope lacrado com identificação completa e repetindo o pseudônimo. ***************************************** Toda a temática é em homenagem ao centenário de nascimento de Vinícius de Moraes, o “Poetinha”, nascido a 19 de outubro de 1913 no Rio de Janeiro, e falecido ali mesmo, em 09 de julho de 1980.

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JOSÉ FELDMAN

Academia de Letras do Brasil / Paraná Cadeira n.1 – Patrono: Paulo Leminski

Academia de Letras de Teófilo Otoni Membro correspondente

Sociedade Mundial de Poetas Unión Hispanomundial de Escritores (UHE)

Ordem Nacional dos Escritores (ONE) União Brasileira dos Trovadores/ Seção Maringá Casa do Poeta de São Paulo “Lampião de Gaz” Associação dos Literatos de Ubiratã (ALIUBI)

Editor de e-livretos:

Coleção Memória Viva: Trovas

Coleção Memória Viva: Tributos

Almanaque Paraná de Trovas

Trova Brasil

Santuário de Trovas

Paraná Poético

Almanaque O Voo da Gralha Azul

Boletim Literário Singrando Horizontes

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Um espaço da Trova Brasileira

Criação, seleção e arte final: José Feldman

Contatos: [email protected] Site: http://singrandohorizontes.blogspot.com.br

Endereço para correspondência:

Rua Vereador Arlindo Planas, 901 casa A – Zona 6 Cep. 87080-330 – Maringá/PR

P a r t i c i p e c o m s u a s t r o v a s T r o v a s L e g e n d a s d e E l i a n a J i m e n e z ( S a n t a C a t a r i n a )

http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br

B l o g d o P r o f . P e d r o M e l o ( S ã o P a u l o ) T o d o s o s d i a s , u m n o v o t r o v a d o r e u m a n o v a t r o v a

h t t p : / / b l o g d o p e d r o m e l l o . b l o g s p o t . c o m . b r

B l o g d a U B T - C u r i t i b a , n o t í c i a s , t r o v a s , e v e n t o s .

http://ubt-curitiba.blogspot.com

B l o g S i m u l t a n e i d a d e s , d a A n d r é a M o t t a ( C u r i t i b a ) http://simultaneidades.blogspot.com.br

S i t e d o M á r i o Z a m a t a r o ( C u r i t i b a ) http://www.umavirgula.com.br

B l o g d o A . A . d e A s s i s ( M a r i n g á ) http://aadeassis.blogspot.com

A montagem da capa foi realizada com a imagem do mapa do Brasil retirada da internet, a qual não consta a autoria. Se souber

de quem é, informe-me, para que sejam dados os devidos créditos.

Esta publicação não pode ser comercializada em hipótese alguma.