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Revista Brasileira de Musicoterapia - Ano XVIII n° 21 ANO 2016 GATTINO, G. et al. Tradução, adaptação transcultural e evidências de validade da escala Improvisation Assessment Profiles (IAPs) para uso no brasil: parte 2 (p. 51-72) 51 TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ESCALA IMPROVISATION ASSESSMENT PROFILES (IAPs) PARA USO NO BRASIL: PARTE 2 TRANSLATION, TRANSCULTURAL ADAPTATION AND VALIDITY EVIDENCES OF THE IMPROVISATIONAL ASSESSMENT PROFILES SCALE (IAPs) FOR USE IN BRAZIL: SECTION 2 Gustavo Schulz Gattino 5 , Karina Daniela Ferrari 6 , Graciane Azevedo 7 , Felipe de Souza 8 , Flavia Christine Dal Pizzol 9 , Daniel da Conceição Santana 10 Resumo - este artigo tem o propósito de apresentar a segunda parte da pesquisa sobre a criação da versão para uso no Brasil da escala Improvisation Assessment Profiles (IAPs) a partir dos processos formais de tradução, bem como pela análise do instrumento no que se refere à sua adaptação transcultural. A escala foi avaliada ainda por um conjunto de especialistas que verificou evidências de validade no que se refere ao conteúdo da escala na sua clareza e relevância. Concluindo, a escala apresentou padrões elevados de clareza e relevância e está habilitada para aplicação dentro do território brasileiro. Palavras-Chave: tradução, adaptação transcultural, evidências de validade, Improvisation Assessment Profile. 5 Professor Assistente dos cursos de bacharelado, mestrado e doutorado em musicoterapia na Faculdade de Humanidades (Departamento de Comunicações e Psicologia) da Universidade de Aalborg, Dinamarca. Email: [email protected] 6 Professora titular da Licenciatura em Musicoterapia da Universidade de Buenos Aires. Chefe do serviço de Musicoterapia no Sanatorio San José e no Hospital Dr. Teodoro Alvarez. Email: [email protected] 7 Aluna do curso de Especialização em Musicoterapia da Faculdade de Candeias, Santa Catarina. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0691567174081441. Email: [email protected] 8 Musicoterapeuta, professor do Curso de Especialização em Musicoterapia da Faculdade de Candeias. Email: [email protected] 9 Musicoterapeuta formada pela Faculdade de Artes do Paraná. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9139522343665509. Email: [email protected] 10 Musicoterapeuta formado no curso de Musicoterapia do Complexo Educacional das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Membro das comissões Científica, Publicação e Mercado de Trabalho da Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo (APEMESP). Lattes: http://lattes.cnpq.br/4243959806535128. Email: [email protected]

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Revista Brasileira de Musicoterapia - Ano XVIII n° 21 ANO 2016 GATTINO, G. et al. Tradução, adaptação transcultural e evidências de validade da escala

Improvisation Assessment Profiles (IAPs) para uso no brasil: parte 2 (p. 51-72)

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TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ESCALA IMPROVISATION ASSESSMENT PROFILES (IAPs)

PARA USO NO BRASIL: PARTE 2

TRANSLATION, TRANSCULTURAL ADAPTATION AND VALIDITY EVIDENCES OF THE IMPROVISATIONAL ASSESSMENT PROFILES

SCALE (IAPs) FOR USE IN BRAZIL: SECTION 2

Gustavo Schulz Gattino5, Karina Daniela Ferrari 6, Graciane Azevedo7, Felipe de Souza 8, Flavia Christine Dal Pizzol9, Daniel da Conceição Santana10

Resumo - este artigo tem o propósito de apresentar a segunda parte da pesquisa sobre a criação da versão para uso no Brasil da escala Improvisation Assessment Profiles (IAPs) a partir dos processos formais de tradução, bem como pela análise do instrumento no que se refere à sua adaptação transcultural. A escala foi avaliada ainda por um conjunto de especialistas que verificou evidências de validade no que se refere ao conteúdo da escala na sua clareza e relevância. Concluindo, a escala apresentou padrões elevados de clareza e relevância e está habilitada para aplicação dentro do território brasileiro. Palavras-Chave: tradução, adaptação transcultural, evidências de validade, Improvisation Assessment Profile.

5 Professor Assistente dos cursos de bacharelado, mestrado e doutorado em musicoterapia na Faculdade de Humanidades (Departamento de Comunicações e Psicologia) da Universidade de Aalborg, Dinamarca. Email: [email protected] 6 Professora titular da Licenciatura em Musicoterapia da Universidade de Buenos Aires. Chefe do serviço de Musicoterapia no Sanatorio San José e no Hospital Dr. Teodoro Alvarez. Email: [email protected] 7 Aluna do curso de Especialização em Musicoterapia da Faculdade de Candeias, Santa Catarina. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0691567174081441. Email: [email protected] 8 Musicoterapeuta, professor do Curso de Especialização em Musicoterapia da Faculdade de Candeias. Email: [email protected] 9 Musicoterapeuta formada pela Faculdade de Artes do Paraná. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9139522343665509. Email: [email protected] 10 Musicoterapeuta formado no curso de Musicoterapia do Complexo Educacional das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Membro das comissões Científica, Publicação e Mercado de Trabalho da Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo (APEMESP). Lattes: http://lattes.cnpq.br/4243959806535128. Email: [email protected]

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Abstract - this article is intended to present the second part of the research which created the Improvisation Assessment Profiles (IAPs) version in Brazil according to a formal translation process and the analysis of the instrument in relation to its cross-cultural adaptation. The scale was also evaluated by a panel of experts who found validity evidences as regards the content in the range of clarity and relevance. In conclusion, the scale showed high standards of clarity and relevance and is enabled for application within the Brazilian territory. Keywords: translation, cross-cultural adaptation, validty evidences, Improvisation Assessment Profiles.

Introdução

O termo ‘avaliação’ em Musicoterapia possui diferentes significados e

aplicações conforme o contexto onde está inserido. Segundo o Dicionário de

Musicoterapia (KIRKLAND, 2013), existem dois grandes termos em inglês

associados a prática avaliativa em musicoterapia: “assessment” e “evaluation”.

O temo assessment está relacionado a observações mais profundas sobre a

história do paciente com o propósito de se investigar possíveis objetivos a

serem trabalhados no processo musicoterapêutico e que serão incluídos no

plano de tratamento do referido caso. Segundo Bruscia (2003), nesta categoria

de avaliação o musicoterapeuta está interessado na análise de três aspectos:

relação global da pessoa com a música, história clínica, história de vida do

paciente e características musicais da pessoa (o que consegue e o que não

consegue fazer musicalmente). Essa fase dura em média de três a quatro

encontros com o paciente. Sem uma adequada avaliação, as intervenções do

musicoterapeuta terão um caráter mais experimental do que programático. Por

sua vez, o termo evaluation tem o intuito de observar a evolução do paciente

durante o processo de tratamento (KIRKLAND, 2013). Em outras palavras, o

interesse deste tipo de avaliação é verificar se os objetivos estabelecidos como

plano de atendimento foram atingidos e se o paciente apresentou mudanças a

partir do início da aplicação do tratamento musicoterapêutico.

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Sobre os possíveis tipos de aplicações das práticas avaliativas em

musicoterapia Wigram, Pedersen e Bonde (2002) oferecem cinco

possibilidades conforme descrito na tabela 1.

Tabela 1. Aplicações das práticas avaliativas em musicoterapia

De acordo com a Wigram e Wosch (2007), a variedade dos instrumentos

e modelos de avaliação em musicoterapia dependem dos seguintes fatores:

proposta do instrumento, foco principal, população, variável dependente,

método de análise e tipo de coletas de dados (quantidade de avaliações por

exemplo). Por esta razão, a quantidade de instrumentos avaliativos ao redor do

mundo é expressiva. Contudo, segundo a revisão de Jacobsen (2012), as a

maior parte das avaliações em musicoterapia não foram sistematizadas e não

passaram por processos de validação. Cabe destacar que Sabbatella (2004)

apresentou anteriormente uma revisão da literatura a respeito da padronização

dos instrumentos de avaliação em musicoterapia, onde analisou 41 referências

publicadas em 11 revistas de musicoterapia entre 1985 e 2001. A autora

encontrou a mesma falta de detalhes e o foco limitado sobre os procedimentos

metodológicos na avaliação de musicoterapia, incluindo detalhes sobre coleta

de dados, categorias de dados e medição, áreas de avaliação, interpretação e

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relatórios. Gattino e colaboradores (2014) realizaram uma revisão sobre os

instrumentos validados em musicoterapia e até aquele momento foram

encontrados 4 avaliações: Category System of Music Therapy (KAMUTHE, de

Cristine Plahl), Improvisation Assessment Profiles-IAPs (em processo de

validação, de Kenneth Bruscia), Individualized Music Therapy Assessment

Profiles (IMTAP,de Holly Baxter e colaboradores), Escala de Relações

Intramusicais (ERI, de Karina Ferrari) Posteriormente, os IAPs foram traduzidos

e validados (conforme será apresentado neste artigo). Da mesma maneira, as

escalas Individual Music-Centered Assessment Profile for Neurodevelopmental

Disorders (IMCAP-ND, de John Carpente), Music in Everyday Life (MEL de Tali

Gottfried & Grace Thompson) foram traduzidas nos últimos dois anos

(CARPENTE, 2016; GOTFRIED, THOMPSON & GATTINO, 2016). Desta

maneira, no Brasil existem oficialmente 7 instrumentos validados.

A partir do exposto, fica o seguinte questionamento: qual a necessidade

de padronização/sistematização e validação de avaliações

musicoterapêuticas? Em relação a padronização/ sistematização, quanto mais

próximos forem os procedimentos e as interpretações avaliativas dos

musicotearpeutas, mais fácil será o intercâmbio de informações entre

diferentes profissionais tanto para finalidades científicas quanto para a prática

clínica (Gattino, 2012). No que se refere à validade, a resposta é um pouco

mais complexa.

O processo de validação se refere ao estudo das propriedades

psicométricas de um instrumento e consiste num processo contínuo onde o

instrumento acumula evidências de validade em relação às suas possíveis

aplicações. Em outras palavras, a validação de um instrumento não se esgota

em uma pesquisa somente. Os processos de validação se referem a tradução

e adaptação de escalas, aplicação e comparação da escala com instrumentos

de outras disciplinas. Ainda incluem a verificação da relevância e clareza dos

dados da escala e comparação dos resultados da escala aplicada a diferentes

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populações. Em síntese, se não estudamos as propriedades das avaliações

usadas em musicoterapia, não há como afirmar que elas funcionam para o que

se propões e ainda não podemos atribuir possíveis usos desses instrumentos

para populações distintas para as quais a avaliação for criada (Gattino et al.,

2010). Além disso, a falta de instrumentos validados em musicoterapia

enfraquece a comprovação dos resultados obtidos na intervenção

musicoterapêutica, pois se o instrumento utilizado para aferir as mudanças no

paciente não foi testado de modo criterioso os resultados mensurados por tais

avaliações são duvidosos (Gattino et al., 2010).

Concordando com o que foi apresentado até este momento, o objetivo

deste artigo é apresentar a tradução, adaptação transcultural e evidências de

validade da escala Improvisation Assessment Profiles-IAPs (Perfis de

Valoração da Improvisação) de Kenneth Brusica. Esse instrumento ainda não

havia sido oficialmente traduzido no Brasil, visto que esta é a primeira tradução

a ser realizada com autorização da editora Charles Thomas Publishers que

detém os direitos autorais da escala, juntamente com a autorização do autor do

instrumento, o musicoterapeuta Kenneth Bruscia. Além disso, esta é a primeira

tradução que segue os critérios e procedimentos metodológicos usados para a

tradução e adaptação transcultural de escalas. Ao final deste artigo está a

versão completa da escala, originalmente publicada em 1987 no livro

Improvisational models of music therapy de Kenneth Bruscia e uma versão

resumida da escala que foi enviada por Bruscia especialmente para este artigo

de tradução e validação o qual foi elaborada no ano de 2012. Segundo o autor,

esta é uma versão funcional da escala.

Algumas considerações sobre os perfis dos IAPs No primeiro artigo desta pesquisa, foram apresentadas as distintas

características do instrumento de avaliação, a descrição dos seus seis perfis

(saliência, tensão, autonomia, variabilidade, integração e congruência, bem

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como as suas distintas formas de aplicação. Alguns destes perfis necessitam

de uma maior reflexão do que outros, especialmente os perfis de saliência,

tensão, variabilidade e congruência. Esses perfis possuem diferentes formas

de uso e intepretações que merecem ser destacadas nesta publicação antes

da apresentação dos processos de tradução, adaptação e validação da escala.

Algumas considerações sobre o perfil saliência Posteriormente à publicação do manuscrito, Bruscia relatou em uma

entrevista ministrada por Brynjulf Stige (2000) considerações importantes sobre

a forma de interpretar esse perfil. Para ele, a saliência inclui não só ouvir para

determinar quais elementos musicais são mais importantes, mas também

determinar os perfis e as escalas que são mais relevantes. Esse perfil é útil

para guiar a consciência musical enquanto se improvisa, concentrando-se na

análise de uma única improvisação sobre os elementos mais significativos, e

para identificar as semelhanças e diferenças entre as várias improvisações

musicais. A saliência é crucial também segmentar a improvisação e determinar

quais os elementos musicais criam a "forma" da improvisação.

O perfil saliência não fornece uma análise holística e abrangente; faz

exatamente o contrário, limita o terapeuta aos aspectos da improvisação

apresentados como os mais significativos. Nesse sentido, é possível afirmar

que os IAPs realizam um grande esforço de compreensão a partir da obtenção

de várias improvisações diferentes desde o ponto de vista do paciente em uma

ampla variedade de condições, que pode ser considerada incompleta dentro do

espectro de possibilidades do paciente, e logo comparar dados. Bruscia

destaca ainda que a ênfase no perfil saliência reflete uma abordagem

fenomenológica à avaliação da improvisação.

Para o autor, não se pode culpar ninguém por tomar um enfoque mais

centrado nos IAPs utilizando apenas determinadas escalas e perfis em sua

abordagem de trabalho. Na verdade, em certas situações, é o senso de comum

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que o musicoterapeuta baseia-se na compreensão dos problemas clínicos do

diagnóstico e tratamento de certas populações e o terapeuta define a avaliação

apenas aos aspectos de uma improvisação que refletem ou revelam essas

questões envolvidas. Portanto, esta modificação do IAPs é certamente razoável

e muitas vezes justificada. Bruscia (2000) coloca ainda que o uso perfil

saliência para orientar uma determinada análise é mais consistente com uma

abordagem qualitativa, embora limitando a análise para as escalas e perfis

específicos o enfoque mais consistente seria uma abordagem quantitativa.

Algumas considerações sobre o perfil tensão A chave para interpretar o perfil de Tensão é o reconhecimento de suas

várias influências recíprocas. A tensão musical pode existir no estímulo

musical, no improvisador como produtor e no improvisador como ouvinte.

Dessa forma, a tensão mutuamente essas distintas variáveis. Por exemplo,

quando o improvisador toca com tensão, a música soa tensa; quando a música

soa tensa, o improvisador reage com tensão; e quando o improvisador reage

com a tensão, ele / ela começa a fazer música de modo mais tenso. Este

circuito reacionário pode servir para aumentar, reduzir ou modular os níveis de

tensão no processo de improvisação ou o próprio produto. Outra área de

influência mútua está dentro da música. A tensão de um dos elementos ou o

processo musical são afetados reciprocamente. Por exemplo, quando existe

uma tensão no elemento de timbre, a tensão é também criada nos outros

elementos. E quando há tensão no processo de integração rítmica

(superdiferenciação), o resultado é a tensão rítmica.

Normalmente, a complexidade, a diferenciação e contraste criam altos

níveis de tensão, enquanto que a simplicidade, a fusão e estabilidade criam

níveis mais baixos. Os equilíbrios entre esses opostos (por exemplo, de

integração e de variabilidade) geralmente criam níveis de tensão cíclicos. É

muito interessante para interpretar quando essas tendências são revertidas, ou

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quando os níveis de tensão entre os elementos musicais começam a interagir.

Por exemplo, quando a fusão rítmica é acompanhada por uma tensão de um

volume elevado, uma sensação de urgência é transmitida. A pergunta que

orienta a interpretação é por que há tanta força, poder ou energia para manter

a figuração rítmica, e a estabilidade rítmica unida. A direção e o fluxo de tensão

também é uma consideração importante. Quando a tensão se acumula, há um

movimento até a diante, previsibilidade e uma expectativa de descarga no

futuro. O foco está centrado sobre o que vai acontecer. Quando a energia é

armazenada por longos períodos sem libertação, sem descarga, as situações

de clímax ou catarse são esperadas. Quando o clímax se torna demasiado

frequente ou intenso, o fluxo de energia perde seu impacto. Por outro lado,

quando a tensão é liberada, há um movimento em retrocesso e uma

previsibilidade e expectativa de que a energia será dissipada. O foco é sobre o

que aconteceu. Quando a tensão é continuamente libertada sem se acumular,

ocorre um esgotamento de energia e comprometimento. As situações de

clímax e catarse não acontecem, e o resultado pode ser o tédio.

Algumas considerações sobre o perfil variabilidade O perfil de Variabilidade se preocupa com a tendência dos indivíduos

para manter ou mudar situações ao longo do tempo. Assim, o perfil reflete as

relações temporais entre ideias e sentimentos do passado, presente e futuro. A

regularidade é preservada quando há necessidade de permanência,

estabilidade, previsibilidade, "tradição" ou seletividade. Quando levado ao

extremo, a regularidade leva a fixações, obsessões, compulsões, perseverança

e ritualismo. A uniformidade é preservada, mantendo ou repetindo ideias ou

sentimentos anteriores, e minimizando a introdução do novo e do diferente. A

manutenção do que se tem e a não aceitação de cada mudança ou ideia nova

que aparece permite que se construa uma base segura para o presente, e uma

direção clara para o futuro. No entanto, quando a uniformidade é preservada de

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forma rígida e convincente, não há segurança nesta e não há uma direção para

o futuro. Ao manter o que já se tem, se realiza o processo de viver o presente

no passado, ou de reviver o passado no presente. Este, portanto, é um

processo regressivo. À medida que o futuro não é procurado, também se refere

a um processo estático. Os processos regressivos e estáticos são muito

importantes. Não habilitar o presente ou o futuro poder ser uma forma de

indulgência do tempo. Fazer pausas, esperar ou estar suspenção pode ser

uma exploração das possibilidades existentes antes de seguir adiante.

Contudo, quando isso é levado ao extremo, ficar no passado regressivamente

pode levar a anular a possibilidade do presente e o futuro, e nunca mais voltar

a partir da regressão. Sem focalizar no futuro, no futuro, o presente é

incompreensível, e o passado não tem qualquer significado ou propósito.

Em relação às mudanças, a mudança ocorre quando há necessidade de

divergência, experimentação, liberdade, flexibilidade e adaptação. Quando

levada ao extremo, a mudança leva à dispersão, impulsividade,

desorganização, descontinuidade e fragmentação. A mudança é feita através

da apresentação de novas ideias e sentimentos, minimizando a repetição ou

manutenção dos mesmos. O processo é inovador e liberal. Deve-se explorar,

inventar e criar algo novo para melhorar e crescer. Uma pessoa não pode ser

limitada ao conhecido e confortável. No entanto, quando levadas ao extremo,

as mudanças excessivas significam que não há nenhum mapa para orientar o

curso de exploração, e não há nenhum sentido racional ao inventado ou criado.

Desse modo, o presente torna-se aleatório e o futuro errático, sem orientação

do passado. A mudança requer avançar no tempo, prevendo o futuro e

formulando expectativas sobre o que será desenvolvido para mais além do

presente e do passado, de modo progressivo e dinâmico. Sem olhar para o

futuro, esperando que alguma coisa vai emerja, o presente se torna

imprevisível e o passado se torna sem sentido. De modo distinto, quando

levada ao extremo, o futurismo e a inovação tornam-se rígidos na sua

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preservação da aleatoriedade e descontinuidade. Paradoxalmente tornam-se

forças regressivas, conservadoras e estáticas.

Algumas considerações sobre o perfil congruência O perfil Congruência aponta como o paciente se sente sobre seus

próprios pensamentos e sentimentos e como as suas experiências internas são

consistentes com suas expressões externas. Para interpretar este perfil,

algumas perguntas podem ser úteis. É preciso refletir se as ideias do paciente

são consistentes umas com as outras, com o outro e com os sentimentos

associados a essas ideias. Ainda cabe questionar se estes sentimentos são

ambíguos, ambivalentes ou dissociados. Outro ponto de reflexão é se alguns

elementos musicais enviam uma mensagem e os outros elementos e

processos enviam uma outra mensagem distinta. Do mesmo modo, deve-se

questionar se as partes simultâneas são consistentes em relação aos

sentimentos e expectativas. Ainda pode-se verificar se as relações de papéis

entre as partes e elementos são consistentes uns com os outros e se os sons

musicais são consistentes com a linguagem corporal e a verbalização do

paciente.

Metodologia

As metodologias de tradução e adaptação transcultural diferem entre si

em relação ao tipo de instrumento, no que refere-se à sua forma de

preenchimento (se preenchido pelo avaliando ou por um avaliador externo),

pela quantidade de etapas (que podem incluir análises mais simples ou mais

complexas das evidências de conteúdo do instrumento, no que diz respeito à

validade), assim como a forma de traduzir, por tradutores específicos da área

ou por tradutores bilíngues que não possuem um conhecimento aprofundado

no tipo de instrumento em questão (Guillemin, 1993; Sperber, 2004, Wild et al,

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2005). Ainda, há divergências sobre o papel do comitê de especialistas na

análise do instrumento traduzido. Desta maneira optou-se - para os IAPS - por

uma mescla de modelos unindo o caráter prático proposto por Sperper e o foco

na realização de diversas revisões e versão do instrumento de avaliação

proposto por Guillemim e colaboradores (1993), Wild e colaboradores (2005) e

Sperber (2004). Da mesma maneira, a verificação da adaptação transcultural

ocorreu segundo as diretrizes para testes educacionais e psicológicos de 2014,

propostas pela American Educational Research Association (AERA), American

Psychological Association (APA) National Council on Measurement in

Education (NCME), no que diz respeito às evidências de validade relacionadas

ao conteúdo.

Etapas da tradução, adaptação transcultural e evidências de validade A tradução ocorreu segundo as seguintes etapas: autorização da

tradução; elaboração de duas traduções independentes; análise das traduções

e criação de uma versão única (versão 1); retrotradução; revisão e

harmonização da retrotradução e elaboração da versão 2; revisão pelo comitê

de especialistas; verificação das evidências de conteúdo e elaboração da

versão 3; reconciliação e elaboração da versão final. Cabe destacar que, no

que se refere às evidências relacionadas ao conteúdo, o foco foi buscar o

quanto o conteúdo da escala estava claro e relevante a partir da análise dos

especialistas.

Resultados

Os resultados serão descritos conforme os dados obtidos nas diferentes

fases do estudo:

Autorização da tradução: a permissão para a tradução dos IAPs em

português do Brasil foi alcançada mediante a autorização do autor do

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instrumento, Kenneth Bruscia e pela autorização da editora Charles Thomas

Publishers, que detém os direitos autorais. A editora autorizou a tradução na

íntegra apenas das duas páginas onde estão descritos os seis perfis dos IAPs.

O autor da escala autorizou também a publicação da versão resumida

elaborada em 2012, para a publicação na Revista Brasileira de Musicoterapia.

Elaboração de duas traduções independentes: dois tradutores com

domínio na língua inglesa realizaram uma tradução da escala de modo

independente e enviaram para o pesquisador coordenador do estudo. Um dos

tradutores em questão foi um musicoterapeuta.

Análise das traduções e criação de uma versão única: um

musicoterapeuta com experiência na validação de instrumentos avaliativos

comparou os dois instrumentos e criou uma versão única (a versão 1).

Retrotradução: a versão 1 foi retraduzida para o inglês por um tradutor

fluente em português e língua inglesa. O tradutor desta versão não esteve

envolvido nos processos anteriores de tradução.

Revisão e harmonização da retrotradução e elaboração da versão 2: a

partir da revisão da retrotradução por um musicoterapeuta especialista em

validação de instrumentos avaliativos, a versão 1 e a retrotradução foram

comparadas e em seguida foi elaborada a versão 2 do instrumento.

Revisão pelo comitê de especialistas, verificação das evidências de

validade e elaboração da versão 3: um comitê formado por quatro

musicoterapeutas avaliou a descrição de cada perfil e de seus respectivos 5

gradientes, onde foram atribuídas classificações sobre o nível de clareza e

relevância de cada perfil como um todo (evidências de validade relacionadas

ao conteúdo). Para maior clareza, os musicoterapeutas deveriam marcar em

cada perfil uma pontuação de 0 a 5 conforme as seguintes categorias: 0 (não

entendi nada); 1 (entendi só um pouco); 2 (entendi mais ou menos); 3 (entendi

quase tudo, mas tive algumas dúvidas); 4 (entendi quase tudo); 5 (entendi

perfeitamente e não tenho dúvidas). No que e diz respeito a relevância de cada

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perfil, os musicoterapeutas deveriam atribuir os seguintes escores: 1 (não

relevante); 2 (pouco relevante); 3 (relevante) e 4 (muito relevante).

Dentre as evidências de validade relacionadas ao conteúdo, os

musicoterapeutas mostraram que os IAPs apresentam um percentual

expressivo de clareza, já que em todas as análises dos quatro especialistas, as

pontuações ficaram entre 4 e 5 pontos para todos os perfis. Dessa maneira, os

perfis foram entendidos em quase tudo ou entendidos perfeitamente. Acredita-

se que a taxa de respostas de entendimento perfeito não chegou aos cem por

centro devido à complexidade do instrumento. No que diz respeito à relevância,

todos os musicoterapeutas marcaram classificações entre 3 e 4 (relevante e

muito relevante, respectivamente) para todos perfis, com exceção do perfil

Saliência (dois musicoterapeutas marcaram como pouco relevante). A partir

dessa evidência de validade, a descrição da tradução foi novamente revisada.

Reconciliação e elaboração da versão final: a partir da análise dos

especialistas verificou-se que o instrumento foi considerado claro e relevante,

sendo que apenas o perfil Saliência foi considerado pouco relevante para um

dos musicoterapeutas. Atribuiu-se esta pouca relevância à dificuldade de

interpretação deste perfil, na versão original do instrumento. Não é por acaso

que, em 2000, Bruscia realizou várias considerações novas sobre este perfil - o

colocando numa posição diferente - inclusive sendo o primeiro a ser avaliado

na versão resumida criada pelo autor em 2012. Após a análise dos

especialistas, fez-se uma pequena correção no perfil Integração, visto que a

descrição dos gradientes deveria estar colocada no plural, já que este perfil

sempre está relacionando mais do que uma parte de um elemento musical ou

até mesmo dois elementos musicais distintos.

Sobre a versão resumida dos IAPs, esta passou por um processo de

tradução diferente da versão original, por se tratar de um instrumento

secundário. O método de tradução seguiu as recomendações de Sperber

(2014), do original em inglês para o português (falado no Brasil), por dois

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tradutores independentes, e as duas versões foram comparadas pelos

pesquisadores até a obtenção da versão final. Esta sofreu retrotradução para o

inglês por um tradutor não participante das etapas anteriores e que não esteve

em contato com o texto original.

Considerações Finais

Os Perfis de Valoração da Improvisação (IAPs) de Kenneth Bruscia

continuam atuais mesmo depois de quase 30 anos da sua versão oficial. A

partir da sua complexidade e das suas amplas possibilidades de aplicação

apresentadas nesse artigo, os IAPs podem ser considerados como um

instrumento funcional e relevante tanto na parte da pesquisa quanto para a

prática clínica. Sugere-se para a melhor aplicação deste instrumento a leitura

da seção dedicada aos IAPs no livro original elaborado por Bruscia, assim

como o fórum especial de discussão dos IAPs organizado pelo Nordic Journal

of Music Therapy, no ano de 2000, que sugere ainda trabalhos adicionais e

formas atualizadas de pensar a aplicação do instrumento. A versão resumida

sugerida por Bruscia em 2012 não substitui a original, porém traz um caráter

mais prático para a aplicação do instrumento.

Espera-se que a tradução do referido instrumento seja o primeiro passo

para estudos de evidências de validade dentro do contexto brasileiro, com

diferentes populações e formas de aplicar essa escala. Além disso, acredita-se

que em trabalhos futuros poderão sugerir diferentes formas de interpretar a sua

aplicação, partindo de teorias distintas daquelas sugeridas por Bruscia. Por fim,

há uma expectativa que a tradução dos IAPs possa encorajar mais

musicoterapeutas a utilizar um instrumento padronizado, sistematizado e com

evidências de validade no Brasil, para uma maior consolidação da

Musicoterapia como disciplina e como profissão.

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Agradecimentos Profundos agradecimentos a toda a equipe envolvida neste grande

estudo em todas as etapas da pesquisa. Também, faz-se um agradecimento

especial aos especialistas que colaboraram para este estudo, a editora Charles

Thomas Publishers e especialmente a Kenneth Bruscia por sua generosidade e

por tornar este sonho possível.

Referências AERA, APA & NCME. Standards for Educational and Psychological Testing. Estados Unidos: American Educational Research Association, 2014. BRUSCIA, K. Improvisational Models of Music Therapy. Springfield: Charles Thomas Publishers, 1987. BRUSCIA, K. Reconocer, Descubrir, Compartir... en Musicoterapia: Conferencias Porteñas, 2001. Buenos Aires: Asam, 2003. CARPENTE, J. Individual Music-Centered Assessment Profile for Neurodevelopmental Disorders (IMCAP-ND) - versão brasileira. Tradução por Gustavo Schulz Gattino. North Baldwin: Regina Publishers, 2016. GATTINO, G.; WALTER, F; FACCINI,L. Fundamentos sobre validade para o campo musicoterapêutico. Anais... X Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia. Salvador, Bahia, 2010. GATTINO, G. Musicoterapia aplicada à avaliação da comunicação não verbal de crianças com transtornos do espectro autista : revisão sistemática e estudo de validação. Tese de doutorado. PPG em Saúde da Criança e do Adolescente, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2012. GATTINO, G.; ARAUJO, G; ORTEGA,,I.; MAUAT, A. Instrumentos de avaliação em musicoterapia validados no Brasil. XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia. Brasília, Distrito Federal, nov 7-9, 2014. GOTFRIED, T.; THOMPSON, G; GATTINO, G. Music in everyday life by parentes with their chidren with autism. 10th European Conference of Music Therapy. Viena, Austria, jul 5-9, 2016.

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GUILLEMIN, F.; BOMBARDIER, C; BEATON, D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. Journal of Clinical Epidemiology, vol 46, p. 1417-1432, 1993. KIRLAND, K (ed). International Dictionary of Music Therapy. London: FISH Books, 2013. JACOBSEN, S. Music therapy assessment and development of parental competences in families where children have experienced emotional neglet. Tese de doutorado. Doutorado em Musicoterapia. Universidade de Aalborg. Aalborg, 2012. SABBATELLA, P. E. Assessment And Clinical Evaluation In Music Therapy: an Overview From Literature And Clinical Practice. Music Therapy Today ,vol.5, n.1, 2004. SPERBER, A.D. Translation and validation of study instruments for cross-cultural research. Gastroenterology, vol.126, p.124-128, 2004. STIGE, B. (org). IAP revisted. Archival material by Nordic Journal of Music Therapy 1998-2008, 2000. WIGRAM, T.; PEDERSEN, I.; BONDE, L. A Comprehensive Guide to Music Therapy: Theory, Clinical Practice, Research and Training. London: Jessica Kingsley Publishers, 2002. WILD, D. [et al.] - Principles of good practice for the translation and cultural adaptation process for patient-reported outcomes (PRO) measures: report of the ISPOR task force for translation and cultural adaptation. Value Health, Vol. 8, nº 2, p. 94-104, 2005. WOSCH, T. & WIGRAM, T (Eds.). Microanalysis: Methods, Techniques and Applications for Clinicians, Researchers, Educators and Students. .London: Jessica Kingsley Publishers, 2007.

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ANEXO I

Versão Brasileira da escala Improvisation Assessment Profiles (IAPs) de Kenneth Bruscia (1987)

SALIÊNCIA

Este perfil lida com a forma como, a certos elementos musicais, é dada mais

saliência que outros. As escalas do perfil descrevem o quanto de proeminência

e controle é dado a cada elemento, ou componente musical.

INTEGRAÇÃO Este perfil lida com a forma como aspectos simultâneos da música são

organizados. As escalas dentro do perfil descrevem até que extensão os

componentes, dentro de cada elemento musical, são semelhantes, separados

e independentes um do outro.

VARIABILIDADE

Este perfil lida com a forma como aspectos sequenciais da música são

organizados e relacionados. As escalas neste perfil descrevem até que ponto

cada elemento musical ou componente permanece o mesmo, ou muda.

TENSÃO

Este perfil lida com o quanto de tensão é criada, dentro e através de vários

aspectos da música. As escalas do perfil descrevem o quanto cada elemento e

componente musical acumula, sustenta, modula ou libera tensão.

Submisso Concordante Contributivo Controlador Opressivo

Indiferenciados Fusionados Integrados Diferenciados Super

diferenciados

Rígido Estável Variável Contrastante Aleatório

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AUTONOMIA

Este perfil lida com os tipos de papéis nas relações formadas entre os

improvisadores. As escalas do perfil descrevem a extensão pela qual cada

elemento e componente musical são utilizados, para conduzir ou acompanhar o

outro.

CONGRUÊNCIA

Esta escala lida com até que ponto estados de sentimento simultâneos e

relações de papéis são congruentes. As escalas do perfil descrevem o quão

consistentes os elementos e componentes musicais são em relação a níveis de

tensão e relações de papéis.

Hipotenso Calmo Cíclico Tenso Hipertenso

Dependente Seguidor Companheiro Líder Independente

Não

Comprometido Congruente Centrado Incongruente Polarizado