Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo...

58
UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Gustavo Costa Alves Fonseca Marcelo Soares do Carmo Rafael Ferreira Tavares ESTUDO DE VIABILIDADE PARA MECANIZAÇÃO DAS ETAPAS DE CHAPISCO, EMBOÇO E REBOCO NA CONSTRUÇÃO CIVIL GOVERNADOR VALADADRES 2011

Transcript of Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo...

Page 1: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Gustavo Costa Alves Fonseca

Marcelo Soares do Carmo

Rafael Ferreira Tavares

ESTUDO DE VIABILIDADE PARA MECANIZAÇÃO DAS ETAPAS DE CHAPISCO,

EMBOÇO E REBOCO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

GOVERNADOR VALADADRES

2011

Page 2: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

Gustavo Costa Alves Fonseca

Marcelo Soares do Carmo

Rafael Ferreira Tavares

ESTUDO DE VIABILIDADE PARA MECANIZAÇÃO DAS ETAPAS DE CHAPISCO,

EMBOÇO E REBOCO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão do Curso para

obtenção do grau de bacharel em

Engenharia Civil, apresentada à

Faculdade de Engenharia da

Universidade Vale do Rio Doce.

Orientador: Anderson Caetano Gusmão

GOVERNADOR VALADARES

2011

Page 3: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

Gustavo Costa Alves Fonseca

Marcelo Soares do Carmo

Rafael Ferreira Tavares

ESTUDO DE VIABILIDADE PARA MECANIZAÇÃO DAS ETAPAS DE CHAPISCO,

EMBOÇO E REBOCO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão do Curso para

obtenção do grau de bacharel em

Engenharia Civil, apresentada à

Faculdade de Engenharia da

Universidade Vale do Rio Doce.

Orientador: Anderson Caetano Gusmão

Governador Valadares, ___ de dezembro de 2011.

Banca Examinadora:

__________________________________________ Prof. Almir Cleber Lacorte

Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________ Prof. Anderson Caetano Gusmão Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________ Prof. Oton Silva Soares

Universidade Vale do Rio Doce

Page 4: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pela luz, força e as bênçãos derramadas nesta

longa caminhada.

Agradecemos aos professores e mestres pela dedicação e paciência.

Aos nossos familiares pela paciência, carinho e orações.

A todos que, de alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse possível.

Page 5: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

“O mundo é um lugar perigoso de se

viver, não por causa daqueles que fazem

o mal, mas sim por causa daqueles que

observam e deixam o mal acontecer.”

Albert Einstein

Page 6: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

RESUMO

Este trabalho estuda a viabilidade financeira em se adotar um método de projeção

de argamassa de forma mecanizado comparando os custos das formas de projeção

convencional (manual) e mecanizada. Desta maneira, pretende-se apresentar uma

forma bastante eficiente de introduzir a mecanização na construção civil a fim de

diminuir custos e prazos de execução. Especificamente, trata-se de uma maneira

viável de melhorar as aplicações de chapisco, emboço e reboco na construção civil,

sendo este último não abordado devido a sua baixa utilização atualmente, já que os

construtores têm preferido por apenas duas camadas de revestimento. Para a

comparação, foram levantados dados através de medições em diferentes obras e

adotados valores de produtividade encontrados em outras publicações acadêmicas

e comerciais. Foi medida a quantidade de horas-trabalhadas de uma equipe, por

metro quadrado de revestimento realizado pelo método de projeção por spray de ar

comprimido com recipiente acoplado (“canequinha”). A medição trouxe um resultado

de 0,10 h/m2 de emboço pelo método mecanizado com a “Canequinha B”. A “Bomba

A” de argamassa teve uma produtividade média adotada de 0,043 h/m². Em relação

aos custos de aquisição do equipamento, utilizando-se de ferramentas de

orçamentação de capital como VPL e payback descontado, foi verificado que a

Bomba A (R$ 34.920,00) necessita de uma produção média de 2946,62 m² por ano

para o retorno do capital investido durante a vida útil da máquina, que é de cinco

anos. A canequinha B (R$ 4.890,00) necessita de uma produção média de 710,72

m² por ano para o mesmo fim. Os custos por metro quadrado de serviço encontrados

foram de R$ 17,53 para a Bomba A adquirida, R$ 17,77 para a Bomba A alugada,

R$ 15,27 para a canequinha B e R$ 20,47 para o serviço manual. Isso demonstra

que o método de projeção por spray é o mais vantajoso para as produtividades

encontradas.

Palavras-chave: Projeção de argamassa. Mecanização. Viabilidade financeira.

Page 7: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

ABSTRACT

This work studies the financial feasibility of adopting a method projection mortar

mechanically comparing the costs of conventional forms of projection (manual) and

mechanized. It aims to present a very efficient way to introduce mechanization in

construction in order to reduce costs and deadlines execution. Data were collected

through productivity measurements of equipment named “cannikin” and values about

mortar pumps and the conventional method were adopted based on others academic

or commercial publications. The “Cannikin B” productivity level was 0,10 h/m² of

rendering. It was adopted a value of 0,043 h/m² for the “Pump A” and 0,40 h/m² for

the manual method. The price to acquire the “Pump A” is US$ 18.875,67 and through

tools of capital budgeting as NPV and discounted payback, it was possible to appoint

that the “Pump A” had a demand of 2946,62 m² of rendering so the builder could

have returned his invested capital. The “Cannikin B” costs US$ 2.643,24 and had a

demand of 710,72 m² for the same purpose. The price per square meter encountered

for each situation was: US$ 9,47 for a bought “Pump A”, US$ 9,60 for a rented

“Pump A”, US$ 8,25 for the “Cannikin B” and US$ 11,06 for the conventional method.

It demonstrates that the projection using the “Cannikin B” is the most advantageous

to the productivity levels adopted.

Key-words: Mortar projection. Mechanization. Financial feasibility.

Page 8: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma dos processos para argamassa mista preparada em obra ... 18 

Figura 2 - Fluxograma dos processos para argamassa industrializada em sacos ... 18 

Figura 3 - a) Abastecimento do equipamento; b) Equipamento em funcionamento. . 21 

Figura 4 - a) Orifícios que permitem a saída do ar; b) furos para passagem da

argamassa; c) detalhe do registro (gatilho); d) vista geral da canequinha. ............... 22 

Figura 5 - a) aplicação errada; b) aplicação correta. ................................................. 23 

Figura 6 - a) projeção por eixo helicoidal; b) projeção por pistão .............................. 24 

Figura 7 - Aplicação em zigue-zague do revestimento bombeado ............................ 24 

Figura 8 - Obra n º 1. ................................................................................................. 37 

Figura 9 - Obra nº 2. .................................................................................................. 38 

Figura 10 - a) Vista "wireframe" do equipamento; b) Vista renderizada do

equipamento. ............................................................................................................. 39 

Figura 11 - a) Recipiente para argamassa e tubo com saídas de ar; b) Furo para a

saída da argamassa; c) Recipiente pronto. ............................................................... 40 

Figura 12 - a) Parede chapiscada; b) Parede já revestida. ....................................... 44 

Figura 13 - Aspecto de textura do revestimento projetado. ....................................... 45 

Figura 14 - Gráfico de comparação ........................................................................... 51 

Page 9: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espessuras admissíveis de revestimentos ............................................... 15 

Tabela 2 - Espessuras mínimas nos pontos críticos ................................................. 16 

Tabela 3 - Controle de recebimento de materiais ...................................................... 19 

Tabela 4 - Tabela para determinação do custo horário do combustível .................... 32 

Tabela 5 - BDI adotado pelo grupo ........................................................................... 42 

Tabela 6 - Tabela de Encargos Sociais para mensalistas ......................................... 43 

Tabela 7 - Demonstração do custo horário da Bomba A. .......................................... 47 

Tabela 8 - VPL nulo da Bomba A .............................................................................. 47 

Tabela 9 - Payback descontado da Bomba A ........................................................... 48 

Tabela 10 - Demonstração do custo horário da Canequinha B ................................. 48 

Tabela 11 - VPL nulo da Canequinha B .................................................................... 49 

Tabela 12 – Payback descontado da Canequinha B ................................................. 49 

Tabela 13 - Composição de custo do serviço manual ............................................... 50 

Page 10: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 13 

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 13 

3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 14 

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 15 

4.1 REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA ................................................................ 15 

4.1.1 Chapisco ......................................................................................................... 16 

4.1.2 Emboço ........................................................................................................... 16 

4.1.3 Taliscamento e mestras ................................................................................. 17 

4.1.4 Argamassas industrializadas ........................................................................ 17 

4.2 TECNOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................... 19 

4.3 EQUIPAMENTOS DE PROJEÇÃO DE ARGAMASSA ....................................... 20 

4.3.1 Projetor tipo spray de ar comprimido com recipiente acoplado ................ 21 

4.3.2 Bomba de projeção de argamassa ............................................................... 23 

4.3.2.1 Argamassa de gesso e outros acabamentos projetáveis ........................ 25 

4.3.3 Qualidade do revestimento projetado .......................................................... 25 

4.4 INVESTIMENTO EM EQUIPAMENTOS ............................................................. 26 

4.4.1 Olhar financeiro: técnicas de orçamento de capital .................................... 26 

4.4.1.1 Payback descontado ..................................................................................... 27 

4.4.1.2 VPL ................................................................................................................ 27 

4.4.1.3 TIR ................................................................................................................. 28 

4.4.2 Olhar pelo setor de orçamentação ............................................................... 28 

4.4.2.1 Depreciação .................................................................................................. 30 

4.4.2.1.1 Método linear .............................................................................................. 30 

4.4.2.1.2 Método do saldo devedor ........................................................................... 30 

Page 11: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

4.4.2.1.3 Método da soma dos anos ......................................................................... 31 

4.4.2.2 Juros .............................................................................................................. 31 

4.4.2.3 Pneus ............................................................................................................ 31 

4.4.2.4 Combustível e energia elétrica ...................................................................... 32 

4.4.2.5 Lubrificantes .................................................................................................. 32 

4.4.2.6 Mão de obra .................................................................................................. 33 

4.4.2.7 Manutenção ................................................................................................... 33 

4.4.2.8 Equipamento alugado.................................................................................... 34 

4.5 PRODUTIVIDADE ............................................................................................... 34 

4.5.1 Razão Unitária de Produção .......................................................................... 35 

4.6 BDI ...................................................................................................................... 35 

5 metodologia de trabalho ...................................................................................... 37 

5.1 COMPARAÇÃO DE PRODUTIVIDADE .............................................................. 37 

5.1.2 Desenvolvimento do equipamento ............................................................... 39 

5.2 ORÇAMENTO DE CAPITAL ............................................................................... 40 

5.2.1 Critérios adotados .......................................................................................... 41 

5.2.1.1 Escolha do BDI .............................................................................................. 42 

5.2.1.2 Encargos da mão de obra ............................................................................. 42 

6 DEMONSTRAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................... 44 

6.1 COLETA DE DADOS EM CAMPO ...................................................................... 44 

6.1.2 Dificuldades no equipamento produzido ..................................................... 46 

6.2 ADOÇÃO DE ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE ................................................... 46 

6.3 PLANILHAS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL ..................................................... 47 

6.4 VIABILIDADE DE LOCAÇÃO .............................................................................. 50 

6.5 ANÁLISE FINAL DOS RESULTADOS ................................................................ 52 

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 53 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 55 

Page 12: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

11

1 INTRODUÇÃO

O que se espera dos novos engenheiros civis é a procura pela constante

melhoria dos serviços e processos na construção civil, em que sejam menos

custosos, mais rápidos e sustentavelmente corretos. Esse desafio deve ser

encarado com extrema seriedade, pois essa busca é fator decisivo para se

sobressair no atual mercado, cada vez mais competitivo. A busca pela

racionalização de algumas etapas pode ser um desses fatores decisivos.

Ao longo do tempo, diversos setores da economia têm se modernizado e

investido em novas tecnologias para melhoria dos seus produtos finais. A construção

civil, sobretudo a parte voltada a edificações, ainda anda em passos lentos, visto

que vários processos construtivos ainda são, de certa forma, arcaicos. O

levantamento de alvenarias para vedação, fabricação de argamassas, aplicação de

tintas e revestimentos, por exemplo, têm praticamente os mesmos procedimentos

executivos há décadas.

Os revestimentos de argamassa, industrializada ou não, ainda são aplicados

de forma manual em grande parte do país, inclusive na região de Governador

Valadares. Esta etapa depende muito de mão de obra bem treinada para que o

serviço seja de boa qualidade e o revestimento raramente apresenta uniformidade

durante sua execução.

O maquinário específico para esta etapa da construção civil, já vem se

desenvolvendo há algumas décadas, principalmente na Europa, sede de muitas

empresas que fabricam projetoras de argamassa. No Brasil essa tecnologia foi

apresentada apenas no final do século XX e mesmo com mais de vinte anos, ela é

pouquíssima aproveitada.

No Brasil predominam dois métodos de aplicação de argamassa por projeção:

um por recipiente acoplado aplicado com ar comprimido e outro por bombas, este

último é o que a Associação Brasileira de Argamassas Industrializadas (ABAI)

considera como o “verdadeiro” projetor de argamassas.

Os custos de implementação desse tipo de sistema ainda é uma das

principais barreiras para sua expansão. Outro empecilho é a mão de obra que tem

enorme dificuldade para superar paradigmas e abraçar novas tecnologias. Alguns

Page 13: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

12

construtores que já se aproximaram desse método, simplesmente o abandonaram

devido à falta adaptação de seus funcionários.

O que deve ser explicitado é como a adoção de métodos para aplicação de

argamassa projetada trará benefícios para todo o conjunto da obra, diminuindo a

necessidade de grandes quantidades de trabalhadores, indo de encontro à escassez

de mão de obra no setor da construção civil. Outra questão abordável é saber se

vale a pena as construtoras se reestruturarem para a adoção do método ou o

surgimento de empresas especializadas nessa etapa seria uma alternativa mais

eficaz.

Page 14: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

13

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Demonstrar que a adoção do sistema mecanizado de projeção de

argamassas é economicamente viável para Governador Valadares e região,

trazendo resultados melhores aos obtidos com o método convencional.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Comparar por meio de medições em campo e informações de fabricantes de

máquinas projetoras, a produtividade dos métodos convencional e

mecanizado de aplicação de revestimento de argamassa;

b) Determinar se é mais vantajoso adquirir o equipamento em definitivo

(comprar) ou se a locação é a saída mais indicada;

c) Identificar outros fatores que estão atrelados à mudança do método de

aplicação de revestimento de argamassa e seus consequentes custos e

benefícios;

d) Incentivar a busca por novas tecnologias na construção civil a fim de

modernizar ainda mais os processos.

Page 15: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

14

3 JUSTIFICATIVA

O aquecimento acelerado do setor da construção civil e a facilidade na

obtenção de crédito para fins de habitação fizeram as construções de edificações

alcançarem um patamar nunca antes visto no Brasil. O setor impulsionou o

surgimento de inúmeras novas empresas atraídas pelo volume de dinheiro injetado

no mercado e a concorrência aumentou drasticamente. Nesse cenário, os

construtores necessitam se destacar em algum segmento do seu trabalho, pela

economia ou pela agilidade já trazer produtos de qualidade é obrigação de todos,

apesar de não ser possível observar isso claramente em todo o mercado.

O revestimento, segundo Salgado (2009), é o elemento que protege a

construção das intempéries (ventos, chuva, sol, variação da umidade, entre outros) e

garante estanqueidade a edificação. Mesmo sendo elemento tão importante, muitos

profissionais não tratam esta etapa com a seriedade necessária e o revestimento é

recorrente “vítima” de patologias, quase sempre por falta de acompanhamento do

engenheiro (ou responsável) na produção e aplicação da argamassa.

Diante dessa importância técnica e também econômica, já que o revestimento

representa de 2% a 4% do orçamento da construção, agilizar esta etapa e

consequentemente diminuir custos, principalmente com relação à mão de obra, é

uma grande vantagem para os construtores (CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010). É

importante frisar que esse processo diminui a parcela de custo da parte operacional,

pois apenas 21% dos custos envolvidos na aplicação do revestimento são com

material (CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010).

Além dos benefícios econômicos, o revestimento projetado ainda não

encontrou empecilho técnico em termos de patologia, porque os problemas

encontrados se devem mais a composição e produção da argamassa do que a fase

de projeção propriamente dita (CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010).

Diante do cenário apresentado, este trabalho busca apresentar com clareza

as reais vantagens que os empresários, engenheiros e empreendedores da

construção civil, principalmente voltados à edificações, obterão ao substituir o

método convencional de aplicação de argamassa, pelo método mecanizado.

Page 16: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

15

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA

A NBR 13529 (ABNT, 1995) define o revestimento de argamassa como

“cobrimento de uma superfície com uma ou mais camadas superpostas de

argamassa, apto a receber acabamento decorativo ou constituir-se acabamento

final”. Esta camada deve ser aplicada sobre uma base (parede ou teto não

metálicos), previamente limpos respeitando as indicações da NBR 7200 (ABNT,

1998) que contempla substratos de tijolo e bloco cerâmico, bloco de concreto, de

concreto celular e sílico-calcário.

A NBR 13749 (ABNT, 1996) recomenda um desvio de prumo máximo de

H/900, sendo H a altura da parede em metros. A mesma norma sugere desnível de

nivelamento sempre inferior a L/900, sendo L o comprimento do maior vão do teto

em metros.

As espessuras máximas e mínimas recomendadas pela NBR 13749 (ABNT,

1996) estão descritas na tabela 1:

Tabela 1 - Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos

Revestimento Espessura

Parede interna 5 ≤ e ≤ 20

Parede externa 20 ≤ e ≤ 30

Teto interno e externo e ≤ 20 Fonte: ABNT NBR 13749 Nota: Dimensões em milímetros

Baía e Sabbatini (2001) recomendam que se use uma tela de aço

galvanizado, caso haja necessidade de revestimento com espessura maior a

máxima estabelecida em norma. Deve-se sempre, porém, respeitar o tempo de cura

de cada camada entre uma aplicação e outra, sendo este período de três dias entre

o chapisco e emboço, vinte e um ou dias se a argamassa de emboço for a base de

cal e sete dias se forem mistas ou hidráulicas entre emboço e reboco e mais vinte

Page 17: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

16

um dias de idade entre o reboco e o acabamento final (ABNT, 1996). Segundo Baía

e Sabbatini (2001), espessuras mínimas diferentes devem ser utilizadas em alguns

casos de substratos específicos como mostrado na tabela 2:

Tabela 2 - Espessuras mínimas nos pontos críticos

TIPO DE BASE  ESPESSURA MÍNIMA (mm) 

Estrutura de concreto em pontos localizados  10 

Alvenaria em pontos localizados  15 

Vigas e pilares em regiões extensas  15 

Alvenaria em regiões extensas  20 Fonte: Baía e Sabbatini (2001)

4.1.1 Chapisco

A NBR 13259 (ABNT, 1995) define o chapisco como uma camada de preparo

de base que tem o propósito de uniformizar a superfície em relação a absorção e

melhorar a aderência do revestimento. Este revestimento preliminar é bastante fluido

e constituído basicamente de cimento e areia grossa, quase sempre na proporção

de 1:3. Usualmente é preparado em obra, mas também é vendido como argamassa

industrializada, ou ainda, pode ser aplicado com rolo (chapisco rolado) na parede.

Segundo Salgado (2009) a espessura do chapisco deve variar entre cinco e sete

milímetros.

4.1.2 Emboço

O emboço é a camada de revestimento executada após o chapisco. Segundo

a NBR 13529 (ABNT, 1995) tem a finalidade de regularizar a camada anterior e

servir de base para outro revestimento, como reboco ou revestimento decorativo, ou

mesmo ser definida como acabamento final. Segundo Salgado (2009) é cada vez

Page 18: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

17

mais comum adotarem-se apenas duas camadas de revestimento, o chapisco e o

emboço, antes do acabamento.

Baía e Sabbatini (2001) diferenciam essa segunda camada de revestimento

entre emboço (caso seja base para o reboco) e massa única (se for a última camada

de revestimento). Este trabalho tem maior enfoque na aplicação do emboço como

revestimento final.

4.1.3 Taliscamento e mestras

Baía e Sabbatini (2001) definem taliscamento como a etapa em que cacos

cerâmicos são fixados na base com a mesma argamassa que se usará para

revestimento que servem para demonstrar a altura da camada. É recomendada uma

distância horizontal máxima de 1,80 metros entre as taliscas, assentadas utilizando-

se de fios de prumo e linha (SALGADO, 2009) e entre as mesmas, verticalmente

devem ser feitas mestras para o auxílio do sarrafeamento. Mestras, segundo

Salgado (2009), são faixas de revestimento realizadas entre cada conjunto de

taliscas.

4.1.4 Argamassas industrializadas

As argamassas industrializadas podem ser definidas como:

Produto proveniente da dosagem controlada, em instalação própria, de aglomerante(s) de origem mineral, agregado(s) miúdo(s) e, eventualmente, aditivo(s) e adição(ões) em estado seco e homogêneo, ao qual o usuário somente necessita adicionar a quantidade de água requerida (ABNT, 1995, p. 4).

Esse produto ainda é muito pouco utilizado na construção civil. Excetuando as

argamassas colantes para assentamento de cerâmicas, pedras e outros

acabamentos, quase nenhuma outra etapa se utiliza desse produto. Regattieri e

Silva (2003) acreditam que isso se deve á falta de avaliação das empresas sobre a

possibilidade de ganhos na eficiência em processos que vão desde o recebimento à

Page 19: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

18

utilização da argamassa. Os mesmos autores compararam os processos envolvidos

na utilização da argamassa preparada em obra e da industrial em fluxogramas,

conforme as figuras 1 e 2.

Figura 1 - Fluxograma dos processos para argamassa mista preparada em obra

Fonte: REGATTIERI e SILVA, 2003

Figura 2 - Fluxograma dos processos para argamassa industrializada em sacos

Fonte: REGATTIERI e SILVA, 2003

O uso da argamassa industrializada é um dos fatores que diferenciam os dois

métodos de projeção de argamassa existentes no Brasil. Enquanto a “canequinha”

aplica a argamassa virada em obra, a bomba projetora só aceita o produto

industrializado. Este é um importante fator de avaliação na hora do construtor

escolher o método que melhor lhe atende.

Uma grande vantagem da argamassa industrializada, esta ligada à logística,

está no fato de a mesma permitir um descarregamento mais mecanizado (tanto em

Page 20: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

19

sacos quanto em silos) o que pode ter como consequência uma menor quantidade

de mão de obra envolvida e menor desperdício (REGATTIERI e SILVA, 2003).

Regattieri e Silva (2003) apontam também a maior necessidade de controle

da argamassa preparada em obra devido a maior quantidade de materiais

envolvidos na sua preparação. A tabela 3 demonstra alguns cuidados que devem

ser tomados durante o recebimento do material.

Tabela 3 - Controle de recebimento de materiais

Fonte: adaptado de SOUZA; TAMAKI, 2001 apud REGATTIERI e SILVA, 2003

4.2 TECNOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Para Santos (2003) apud Corrêa (2008) a construção civil começou a se

industrializar no Brasil quando novos processos de construtivos começaram a

chegar a partir da década de 1980.

Abiko (2003) diferencia técnica de tecnologia ao dar o seguinte exemplo:

(...) o pedreiro ao assentar um tijolo para executar uma alvenaria, está utilizando uma técnica que envolve o conhecimento do manuseio da colher de pedreiro, o conhecimento da elaboração de uma argamassa de assentamento misturando cal, cimento, areia e água nas proporções adequadas, e a melhor amarração entre os tijolos e a sua colocação em prumo. O pedreiro ao executar esta alvenaria domina uma técnica e não uma tecnologia (ABIKO, 2003, p. 1)

Page 21: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

20

O autor, porém, lembra que a falta de conhecimento da tecnologia não quer dizer

que o pedreiro executa mal a alvenaria, já que, neste segmento, o bom profissional é

aquele que domina a técnica. A definição de tecnologia poderia ser: “a solução de

problemas técnicos por meio de teorias, métodos e processos científicos” (ABIKO,

2003, p.2).

Segundo Abiko (2003) a falta de uma base teórica para aqueles que praticam

as técnicas construtivas ajudam a barrar o avanço de tecnologias para o setor da

construção civil. O autor aponta que as pessoas que adotam esse tipo de inovação

são geralmente “construtores e empresários que utilizam o conhecimento técnico e

científico desenvolvendo seus sistemas e processos construtivos” (ABIKO, 2003,

p.5).

4.3 EQUIPAMENTOS DE PROJEÇÃO DE ARGAMASSA

Ainda são poucas obras que abordam este assunto, a maioria relacionada ao

tema, apenas cita a possibilidade de se fazer a aplicação de argamassas de modo

manual e mecanizado. Os métodos de mecanização da etapa se dividem entre a

projeção por spray de ar comprimido com recipiente acoplado, conhecido como

“canequinha”, e a bomba de argamassa com eixo helicoidal ou bomba de pistão

(CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010).

A projeção de argamassas na Europa data de longo período. Em países como

França e Portugal, esse método é bastante difundido e aplicado quase

exclusivamente com o uso das bombas de argamassa.

Independente do método adotado encontra-se qualidade no revestimento

projetado, já que a quantidade de ar no processo é reduzida e a constante energia

de lançamento da argamassa garante maior superfície de contato entre a

argamassa e o substrato e menor variação no coeficiente de aderência

(CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010).

Além dos métodos citados, o grupo encontrou um terceiro método que

consiste na aplicação da argamassa por uma máquina de esteira. Esse equipamento

é abastecido manualmente e travado no piso e teto do local, enquanto sobe pelas

barras de apoio, sua esteira coleta argamassa no recipiente e a projeta na parede a

Page 22: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

21

sua frente. A esteira, aparentemente, faz também o trabalho da régua, pois a

argamassa já fica com um aspecto de sarrafeada e desempenada. A figura 3 traz

uma dessas máquinas. O grupo não fez estudo específico sobre o equipamento, por

não ter encontrado informação suficiente sobre a máquina e seu desempenho.

a)

b)

Figura 3 - a) Abastecimento do equipamento; b) Equipamento em funcionamento.

Fonte: BARAM, 2011

4.3.1 Projetor tipo spray de ar comprimido com recipiente acoplado

A projeção por bomba de argamassa foi a primeira tecnologia que chegou ao

Brasil e devido a dificuldades em se adaptar ao processo, o método da projeção com

o recipiente acoplado é mais facilmente aceito (CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010).

Page 23: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

22

A “canequinha” consiste em um recipiente de plástico ou metal preso a uma

base metálica que possui 4 furos com cerca de 20 mm, por onde sai a argamassa, e

mais 4 orifícios com cerca de 2 mm por onde o ar é lançado (FERNANDES, 2007). A

base é ligada a um tubo metálico que serve tanto para apoio como para passagem

do ar comprimido, sendo que este tubo contém uma válvula que regula a entrada de

ar que vem do compressor (FERNANDES, 2007). A figura 4 ilustra bem a

composição da “canequinha”.

a) b)

C

c) d) Figura 4 - a) Orifícios que permitem a saída do ar; b) furos para passagem da argamassa; c) detalhe

do registro (gatilho); d) vista geral da canequinha.

Fonte: GRUPO, 2011.

Este método foi adotado principalmente em São Paulo, devido principalmente

à sua simplicidade de operação e quase nenhuma necessidade de treinamento

(TÉCHNE, 2008; FERNANDES, 2007), nem por isso não existam desvantagens,

como o peso do equipamento carregado (FERNANDES, 2007) e a própria

necessidade de ficar reabastecendo o equipamento, tornando a aplicação um

processo intermitente (CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010).

A curvatura no tubo próximo ao engaste com o recipiente se deve a

necessidade de a aplicação ser feita de forma ortogonal a parede, de baixo para

Page 24: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

23

cima (FERNANDES, 2010). A figura 5 ilustra a forma errada e a correta de se

proceder:

a) b)

Figura 5 - a) aplicação errada; b) aplicação correta.

Fonte: FERNANDES, 2010.

4.3.2 Bomba de projeção de argamassa

Os equipamentos de projeção de argamassa são mais sofisticados que o

apresentado no método anterior exigindo maiores mudanças na logística da obra e

normalmente vem integrado com um misturador de argamassa (PARAVISI, 2008). O

sistema também é impulsionado por ar comprimido, mas o equipamento também

possui um motor elétrico e um painel.

Essas máquinas possuem modelos de projeção por eixo helicoidal e por

pistão, sendo o primeiro mais indicado para produções menores (vazão de até 5

m³/h) e a outra para produção mais vultuosas, pois tem vazão de 20 m³/h

(PARAVISI, 2008). Goodier (2002) apud Paravisi (2008), porém afirma que o

sistema com pistão é menos confiável devido a presença de válvulas. A figura 6

ilustra ambos os meios de projeção.

Page 25: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

24

a)

b)

Figura 6 - a) projeção por eixo helicoidal; b) projeção por pistão

Fonte: PARAVISI, 2008 apud SANTOS, 2003.

Diferente do movimento da “canequinha”, este método pede uma aplicação

em zigue-zague em movimentos horizontais. A figura 7 mostra o aspecto da parede

após a aplicação do revestimento.

Figura 7 - Aplicação em zigue-zague do revestimento bombeado

Fonte: CORRÊA, 2008.

Page 26: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

25

Este método de aplicação de argamassa é ainda muito pouco adotado no

Brasil e sua utilização é concentrada em centros como Brasília, Salvador, Curitiba e

Campinas (CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010). Os motivos dessa baixa adesão são

variados:

a) Alto custo de aquisição do equipamento;

b) Necessidade de treinamento especializado para a equipe de aplicadores;

c) Cuidados especiais na utilização de argamassa preparada em obra;

d) Mudanças em vários processos (necessidade de aprimoramento de logística)

para que o sistema funcione plenamente.

4.3.2.1 Argamassa de gesso e outros acabamentos projetáveis

Nenhum trabalho sobre projeção de argamassas de gesso projetadas pelo

método da “canequinha” foi encontrado, mas o a bomba de argamassa permite isso.

Existem empresas que fornecem argamassas de gesso e outros revestimentos

decorativos projetáveis exclusivos para projeção (TÉCHNE, 2010), sendo aplicadas

diretamente sobre o chapisco. É necessário observar, no entanto, se o equipamento

aceita esse tipo de argamassa, nem todos são preparados para isso.

4.3.3 Qualidade do revestimento projetado

Paravisi (2007) encontrou bons resultados na utilização da argamassa

projetada em relação à resistência de aderência à tração do revestimento. A autora

cita uma resistência média de 0,39 MPa, acima dos 0,30 MPa sugeridos por norma

ficando apenas 26,6% dos corpos de prova (em um de seus estudos de caso)

abaixo deste último valor.

Em relação a permeabilidade, Paravisi (2007) encontrou resultados bastante

variados, como 0,059 ml/min e 0,029 ml/min. A autora credita tal fato a grande

sensibilidade do ensaio às condições climáticas.

Page 27: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

26

O revestimento apresenta um melhor comportamento quando tanto a etapa

de chapisco quanto de emboço são realizadas mecanicamente (PARAVISI, 2007,

p.113). Sobre o ponto de vista patológico, as empresas não observaram problemas

no revestimento que possa ser diretamente relacionado ao método de projeção, mas

sim com a argamassa (CONSTRUÇÃO MERCADO, 2010).

4.4 INVESTIMENTO EM EQUIPAMENTOS

“Quando o construtor adquire um equipamento, ele não está gastando seu

dinheiro – está investindo, está trocando uma quantia em dinheiro por um bem de

valor equivalente” (MATTOS, 2006, p. 110). É importante ressaltar que a aquisição

de equipamento de projeção trata-se de um investimento e, se sua compra foi bem

planejada, haverá retorno do capital investido, já que muitos profissionais da área

desistem da mudança devido aos preços envolvidos na aquisição do equipamento.

Outros podem acabar comprando o aparelho sem observar se tem serviços

suficientes que viabilizem economicamente o investimento.

A avaliação da aquisição de um equipamento pode ser observada por dois

aspectos: sob o olhar do setor financeiro da empresa e de orçamentação

(especificamente para obras), porém ambos devem apontar para um mesmo fim.

4.4.1 Olhar financeiro: técnicas de orçamento de capital

As empresas desenvolvem fluxos de caixa relevantes para decidirem sobre

variados tipos de projetos de investimento, que podem acabar sendo aceitos,

rejeitados ou colocados em ordem de importância (GITMAN, 2001, p. 299). Existem

ferramentas que auxiliam a essa tomada de decisão ao projetar o tempo de retorno

do investimento realizado, ou o valor máximo de desconto de capital (custo de

capital) durante o período avaliado.

As principais técnicas de orçamento de capital são: payback, payback

descontado, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), sendo o

Page 28: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

27

payback pouco eficaz devido à falta de consideração da perda do valor do dinheiro

ao longo do tempo (GITMAN, 2001, p.301).

4.4.1.1 Payback descontado

Ao contrário do payback simples, esse método considera o reajuste do valor

do dinheiro ao longo do tempo. O resultado da utilização dessa ferramenta é em

quanto tempo vai haver retorno do capital investido. Esse método de orçamento de

capital será utilizado no trabalho.

4.4.1.2 VPL

O VPL é uma ferramenta que considera o valor do dinheiro ao longo do tempo

e é considerada uma técnica de orçamento de capital sofisticada (GITMAN, 2001,

p.302). Segundo Gitman (2001) ele é o resultado da subtração do investimento

inicial de um projeto com o valor presente de seus fluxos de caixa de entrada e

apresenta como resultado um valor absoluto. Encontrado através da equação 1.1:

1

O critério de decisão para aceitar ou rejeitar o projeto se estabelecem da seguinte

forma, segundo Gitman (2001):

a) VPL > $ 0, aceitar o projeto;

b) VPL < $ 0, rejeitar o projeto.

O zero significaria que o projeto tem retorno igual ao custo do capital investido

com sua respectiva correção monetária.

(1.1)

Page 29: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

28

4.4.1.3 TIR

Diferente do VPL a Taxa Interna de Retorno apresenta um resultado em valor

percentual, mas também considera o valor do dinheiro ao longo do tempo e é

“provavelmente a técnica de orçamento de capital sofisticada mais usada” (GITMAN,

2001, p.303). A TIR é a taxa de desconto que iguala o VPL a $ 0 e por ser um valor

percentual assim como taxa de juros e lucratividade, profissionais da área financeira

preferem optar por ela ao invés do VPL (GITMAN, 2001, p.310).

A equação 1.2 demonstra como se obter a Taxa Interna de Retorno:

$0 1

Gitman (2001) afirma que o critério para se aceitar ou rejeitar o projeto após a

equação é:

a) TIR > custo do capital, aceitar o projeto;

b) TIR < custo do capital, rejeitar o projeto.

Além deste modelo de orçamento, há ainda a Taxa Interna de Retorno

Modificada (MTIR). A MTIR é utilizada quando a taxa de financiamento do

investimento é diferente da taxa de aplicação do capital (TOBIAS, 2007). Este

modelo não será usado neste trabalho.

4.4.2 Olhar pelo setor de orçamentação

Este segmento deve avaliar a obtenção do custo de um equipamento não

especificamente do ponto de vista da empresa e sim da obra. Os equipamentos,

alugados ou próprios, podem ocupar muitas frentes de serviços em diversas etapas

da construção civil e devido a essa representatividade devem ser criteriosamente

inseridos na composição de custos (MATTOS, 2006, p. 108).

(1.2)

Page 30: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

29

O investidor deve recuperar todo o capital injetado no projeto e atingir esse

objetivo, o orçamentista converte todo o valor do desembolso, uso, operação,

manutenção, seguro, taxas, etc. além de juros (MATTOS, 2006, p. 108), em um

custo horário obtido através da equação 1.3:

çã çã

Onde:

a) Dh (custo horário de depreciação) representa a diminuição do valor da

máquina ao longo de sua vida útil causado por desgaste físico, obsoletismo e

inadequação (TCPO, 2008, p. 512), será analisado mais profundamente no

item 4.4.2.1;

b) Jh (custo horário de juros) é o valor que o investimento teria se estivesse

aplicado em outro serviço, como CDB ou mercado financeiro;

c) Ph (custo horário dos pneus) é o custo dos pneus (se houver), sendo essa

separação necessária devido à diferença de vida útil entre o equipamento e

os pneus;

d) Gh (custo horário do combustível) caso o equipamento trabalhe com motor a

combustão ou Eh (custo horário energético) se for motor elétrico;

e) Lh (custo horário da lubrificação) caso o equipamento necessite;

f) MOh (custo horário da mão de obra) é o valor pago aos operadores do

equipamento;

g) Mh (custo horário de manutenção) é o valor pago para serviços de

manutenção do equipamento.

Caso o equipamento esteja improdutivo, Mattos (2006) sugere a equação 1.4, pois

com essas informações o construtor pode vir a fazer futuras reivindicações.

O valor de MOh é considerado, pois mesmo o equipamento estando parado, o

operador continua disponível.

(1.3)

(1.4)

Page 31: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

30

4.4.2.1 Depreciação

O valor da depreciação horária do equipamento depende de três outros

fatores: o valor de aquisição, a vida útil e o valor residual (MATTOS, 2006, p. 111).

Segundo Mattos (2006) valor de aquisição (Vq) é o valor pelo qual foi comprado o

equipamento, conforme nota fiscal ou recibo de compra; já vida útil (Vu) é o tempo

que o equipamento trabalha de forma plena; por fim, valor residual (Vr) é o valor que

resta ao equipamento depois de sua utilização durante a vida útil adotada.

Mattos (2006) afirma que existem três métodos pelo qual é possível

determinar a depreciação da máquina: o método linear, o método do saldo devedor

(exponencial) e o método da soma dos anos. Dentre esses, o linear é o mais

utilizado devido a sua simplicidade, porém os outros dois métodos representam

melhor a realidade do que ocorre com o valor do equipamento ao longo do tempo

(MATTOS, 2006, p. 116).

A depreciação horária, segundo Mattos (2006) pode ser obtida através da

equação 1.4.1:

4.4.2.1.1 Método linear

Este método assume que o valor do equipamento decrescerá a uma taxa

uniforme, sendo a perda de valor entre os anos consecutivos sempre constante

(MATTOS, 2006, p. 113).

4.4.2.1.2 Método do saldo devedor

Este método leva a idade do equipamento em consideração ao calcular sua

depreciação, sendo esta maior nos primeiros anos e menor ao se aproximar do

(1.5.1)

Page 32: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

31

limite de sua vida útil (MATTOS, 2006, p. 114). Mattos (2006) explica que neste

método o percentual cobrado por ano é o dobro daquela da depreciação linear.

4.4.2.1.3 Método da soma dos anos

O método da soma dos anos tem como diferencial a taxa de depreciação

inconstante ao longo da vida útil do equipamento. Para alcançar esta taxa devem-se

colocar os anos da vida útil em ordem crescente e somá-los, depois atribuir a cada

ano a razão entre o próprio ano e a soma dos números (MATTOS, 2006, p. 115).

4.4.2.2 Juros

Os juros são os valores que o capital renderia se estivesse rendendo em

alguma aplicação financeira, ao invés de ter sido introduzido no projeto (TCPO,

2008, p. 512). Não deve ser confundido com lucro, pois é apenas uma correção no

poder de compra do valor investido (MATTOS, 2006, p. 117). O valor do custo

horário dos juros é dado pelas equações 1.6.1 e 1.6.2:

12

4.4.2.3 Pneus

Estes custos são considerados a parte do valor de compra do equipamento,

devido a diferente vida útil entre eles (MATTOS, 2006, p. 119). Este trabalho não

(1.6.1)

(1.6.2)

Page 33: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

32

levará em consideração este custo, pois os equipamentos estudados não se utilizam

de pneus.

4.4.2.4 Combustível e energia elétrica

Segundo Mattos (2006) as informações para obtenção de custo horário com

combustível, devem levar em conta os dados na tabela 4:

Tabela 4 - Tabela para determinação do custo horário do combustível

Fonte de energia Consumo ¹ Fator de potência ² Custo

Gasolina 0,23 40%, 55% ou 75%

R$/l

Diesel 0,15 R$/l

Energia Elétrica Variável ³ - R$/(kW/h) Fonte: MATTOS, 2006, adaptado. Nota¹: Consumo com equipamento em condições ideais de uso; Nota²: Fator potência (f) varia conforme o grau de utilização do equipamento entre baixo (40%), médio (55%) e alto (75%); Nota³: Consumo varia de acordo com o equipamento.

4.4.2.5 Lubrificantes

Perifoy (1989) apud Mattos (2006) demonstra através da equação 1.7 a forma

de se obter o custo horário dos lubrificantes. A fórmula obtém apenas o valor do óleo

de cárter e para os demais lubrificantes, basta adicionar ao resultado encontrado na

equação 50% (MATTOS, 2006, p. 121).

0,6 0,0027 /0,893 /

Sendo:

a) Q = consumo (l/h);

b) HP = potência do motor (HP);

(1.7)

Page 34: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

33

c) c = capacidade do cárter (l);

d) t = intervalo de trocas (h).

4.4.2.6 Mão de obra

“O custo da mão de obra de operação corresponde ao custo do homem-hora

do operado” (MATTOS, 2006, p. 123). Devem ser considerados os encargos sociais

do operador. Neste trabalho os encargos seguirão o valor sugerido por Tisaka

(2006) para execução de obra de engenharia civil.

4.4.2.7 Manutenção

As atividades de manutenção envolvem serviços de limpeza, inspeção,

ajustes, calibração, regulagem e outros, sendo geralmente feitas no próprio local em

que está sendo utilizado o equipamento, devendo-se levar em conta as informações

sobre as condições de trabalho em que a máquina é colocada (MATTOS, 2006, p.

123 e 124). Não deve ser confundido com reparo, pois este “consiste no conserto ou

substituição de peças e partes danificadas, defeituosas ou quebradas” (MATTOS,

2006, p. 123) além de serem mais esporádicos e executados em local especializado.

Os custos de manutenção mecânica representam uma linha ascendente, porém com descontinuação. Enquanto a máquina é nova, o risco de defeitos mecânicos é muito pequeno e a produtividade do equipamento é bastante elevada. Com o passar do tempo aumenta a incidência de reparos mecânicos. (TCPO, 2008, p. 513).

O valor horário que representa o custo da manutenção é dado pela equação

1.8:

(1.8)

Page 35: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

34

Onde k é um coeficiente que varia de acordo com as condições do trabalho da

máquina e normalmente é fornecido pelo fabricante do equipamento (TCPO, 2008,

p. 513).

4.4.2.8 Equipamento alugado

Segundo Mattos (2006) pode haver a possibilidade de o construtor necessitar

de equipamento, mas não com uma demanda suficiente para comprá-lo e nessa

situação o aluguel deve ser considerado. O autor ainda afirma que a locação pode

se dar de três maneiras diferentes:

a) Tarifa: método em que o construtor paga um preço fixo por um certo período

e podem estar incluídos ou não os custos do operador, da manutenção,

combustível, lubrificação, etc;

b) Leasing: método em que o construtor paga um valor fixo pelo aluguel e há a

opção de compra pelo arrendatário, sendo que os valores já pagos são

abatidos no preço de aquisição do equipamento;

c) Empreitada: método em que o construtor paga ao locador pelo trabalho

realizado.

A forma com que se verificará a viabilidade na locação do equipamento será a

sugerida por Mattos (2006): será calculado o custo horário do equipamento para que

este equivalha ao custo horário de locação e se o equipamento trabalhar por ano

mais que essa quantidade, será preferível comprá-lo.

4.5 PRODUTIVIDADE

Produtividade pode ser definida como a taxa de produção de uma pessoa ou

equipe ou equipamento, é a rapidez com que se executa determinado serviço

(MATTOS, 2006, p. 70). Neste trabalho será considerado um índice que

corresponde ao inverso da produtividade, conhecido como RUP (Razão Unitária de

Produção).

Page 36: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

35

Segundo Mattos (2010) é muito mais prático e simples quando o planejador

dispões de dados da equipe para montar seu planejamento, apesar de no Brasil ser

mais fácil encontrar índices de produtividade individuais, ou seja, por recurso. Neste

trabalho serão adotados índices correspondentes a produtividade de equipes e não

individuais, porque os equipamentos abordados quase sempre necessitam do apoio

de uma equipe para que apresentem resultados satisfatórios.

4.5.1 Razão Unitária de Produção

Segundo Mattos (2006) a RUP é bastante útil para:

a) Saber a produtividade de mão de obra e equipamento e material a ser

adotado no orçamento;

b) Fornecer parâmetro de comparação entre planejado e realizado;

c) Representar o limite a partir do qual a atividade se torna ineficiente;

d) Permitir detectar desvios;

e) Auxiliar no estabelecimento de metas de desempenho.

A TCPO estabelece alguns intervalos para determinar o valor da RUP

dependendo da dificuldade do serviço, o modo como ele será executado,

experiência da equipe entre outros fatores que tenham relevância para a realização

da execução (TCPO, 2008). A TCPO traz apenas índices de produtividade

individuais, para obtenção de dados de equipes, é necessário utilizar-se de outro

banco de dados, como a tabela Badra, por exemplo (MATTOS, 2010, p. 88).

4.6 BDI

O BDI é um termo originado da língua inglesa, sigla de Budget Difference

Income e normalmente é traduzido por Benefício (ou Bonificação) e Despesas

indiretas. Trata-se de um valor percentual que deverá ser multiplicado aos custos

diretos da obra para que se demonstre o valor de venda do serviço (MATTOS, 2006,

p. 234).

Page 37: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

36

No BDI estão incluídos os custos que não “puderam” ser colocados na

planilha, Mattos (2006) aponta os seguintes itens:

a) Despesas indiretas de funcionamento da obra;

b) Custo da administração central (matriz);

c) Custos financeiros;

d) Fatores imprevistos;

e) Impostos;

f) Lucro.

Tisaka (2006) utiliza a equação 1.9 para encontrar o BDI de forma direta, ou

seja, sem necessariamente saber o preço de venda.

1 1 11

1 100

Onde:

a) l é o valor, em decimal, das despesas indiretas;

b) r é o valor, em decimal, do risco do empreendimento;

c) f representa, em decimal, o custo financeiro do capital;

d) g representa, em decimal, os custos legais (impostos);

e) c representa, em decimal, o custo de comercialização;

f) b é o valor, em decimal, do lucro (benefício).

(1.9)

Page 38: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

37

5 METODOLOGIA DE TRABALHO

Este trabalho foi realizado com foco em dois fatores decisivos para a adoção

do método mecanizado de projeção de argamassa: a comparação de produtividade

entre o método convencional e o mecanizado, indo a obras e desenvolvendo

equipamento próprio; além do custo do equipamento e tempo de retorno do capital

investido. Para este último era necessário descobrir a produtividade média

necessária que geraria receita suficiente para pagar o investimento.

5.1 COMPARAÇÃO DE PRODUTIVIDADE

A comparação foi realizada em duas obras:

a) A obra nº 1 estava localizada no município de Ipatinga e se tratava de um

edifício residencial de quatro andares (figura 8), feito em alvenaria estrutural.

b) A obra nº 2 está localizada no município de Governador Valadares e a parte

utilizada para medição, especificamente, tratava-se de um muro de arrimo,

como mostra a figura 9.

Figura 8 - Obra n º 1.

Fonte – GRUPO, 2011.

Page 39: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

38

Figura 9 - Obra nº 2.

Fonte: GRUPO, 2011.

Em ambas as obras, foi utilizada a projeção por spray de ar comprimido com

recipiente acoplado, a “canequinha”. A diferença entre elas foi que a equipe

responsável pela obra nº 1 tinha experiência com o equipamento e utilizava-se de

um produto já comercializado, enquanto na obra nº 2, foi utilizado o equipamento

desenvolvido pelo próprio grupo deste trabalho. A projeção no muro de arrimo foi

realizada por membros deste grupo.

Como forma de comparação, foi utilizada na obra nº 1 uma planilha (quadro 1)

semelhante à sugerida por Corrêa (2008) em que o encarregado da obra foi

responsável pelo seu preenchimento.

Projeção de argamassa mecanizada

DATA ENTRADA SAÍDA PESSOAS

ENVOLVIDAS HORAS

TRABALHADASINTERVALO

TIPO DE REVESTIMENTO

& ÁREA PRODUTIVIDADE

Quadro 1 - Planilha de levantamento de dados

Page 40: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

39

A mesma planilha não foi utilizada na obra nº 2, pois os próprios membros do grupo

realizaram a tarefa e efetuaram a medição.

5.1.2 Desenvolvimento do equipamento

Devido à escassez de obras na região utilizando-se da técnica abordada, o

grupo decidiu por elaborar um equipamento baseado nas observações realizadas na

obra nº 1. A ferramenta para projeção em si (“canequinha”), não era de grande

dificuldade de execução. Para isso medidas do equipamento foram retiradas com

auxílio de paquímetro e trena.

A partir das medidas encontradas, um modelo em 3D foi feito em AutoCAD

(figura 10) e cotado de acordo com as necessidades do grupo e, por fim, foi enviado

para a produção. O equipamento foi produzido em uma empresa de manutenção

mecânica industrial de Governador Valadares, apresentando algumas diferenças em

relação ao original, como o material do recipiente que recebe a argamassa, que

originalmente é de plástico, mas foi utilizado aço, e o tamanho do tubo que o

operário utiliza para manusear o equipamento, que também serve para passagem

de ar comprimido. A figura 11 demonstra algumas etapas da montagem da máquina.

Não foram utilizadas normas específicas para a produção deste equipamento.

a) b)

Figura 10 - a) Vista "wireframe" do equipamento; b) Vista renderizada do equipamento.

Fonte: GRUPO, 2011.

Page 41: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

40

a) b)

c)

Figura 11 - a) Recipiente para argamassa e tubo com saídas de ar; b) Furo para a saída da argamassa; c) Recipiente pronto.

Fonte: GRUPO, 2011.

5.2 ORÇAMENTO DE CAPITAL

Para a verificação do retorno do capital investido, foram requisitados

orçamentos das máquinas de projeção de argamassa de dois fabricantes e também

da possibilidade de locação do equipamento. Nesta etapa foram verificados os

preços tanto da bomba de argamassa quanto da “canequinha”.

A partir do conceito de VPL e payback descontado, foi encontrada fluxo de

caixa relevante médio necessário para que o investimento seja pago no período de

vida útil da máquina correspondente há cinco anos (2.000 horas por ano). Foram

considerados também os valores encontrados no cálculo do custo horário do

Page 42: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

41

equipamento incluindo depreciação, juros, energia, consumo de argamassa e mão

de obra necessária para o funcionamento do sistema.

Para o cálculo do VPL e payback descontado, foi utilizado o programa

Microsoft Excel e a sua ferramenta Solver. Este software foi escolhido devido a sua

praticidade e existência em praticamente todos os escritórios de setores de

planejamento e orçamento das empresas, não só da construção civil, mas de vários

outros segmentos.

Os critérios (restrições) adotados para o Solver foram para que as células que

representam o fluxo de caixa sejam iguais entre si fazendo com que o resultado

encontrado seja um fluxo de caixa médio para o período determinado.

5.2.1 Critérios adotados

Para a verificação da viabilidade do equipamento foram adotados os

seguintes critérios:

a) A produtividade da bomba de argamassa utilizada é a encontrada por Corrêa

(2008);

b) A produtividade da “canequinha” utilizada é a encontrada pelo grupo;

c) A produtividade manual adotada é a proposta pela tabela Badra de

produtividade (MATTOS, 2010, p. 91);

d) Para determinar a depreciação do equipamento foi utilizado o método da

soma dos anos;

e) Para determinar o valor dos juros foi utilizada a taxa de 12% ao ano;

f) Foi escolhido um valor residual correspondente a 10% do valor de aquisição;

g) A vida útil dos equipamentos ficou definida em cinco anos;

h) A utilização média ficou definida em duas mil horas por ano;

i) O BDI adotado é de 57,50%, sendo o lucro correspondente a 15%.

j) A mão de obra adotada terá os encargos definidos por Tisaka (2006) para

mensalistas

Os itens “f”, “g” e “h” foram escolhidos com base na TCPO (2008). Não foi levada em

consideração, nesse trabalho, a hipótese de mais de uma máquina de projetar

argamassa na mesma obra.

Page 43: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

42

Foi considerado que a máquina operará apenas com 80% de sua capacidade

de produção, portanto durante 20% do tempo de produção anual estará ociosa. Para

esse período de ociosidade (porém, à disposição) é considerado o valor de hora

improdutiva do equipamento.

5.2.1.1 Escolha do BDI

O BDI adotado, descrito na tabela 5, é baseado no trabalho de Tisaka (2009),

adaptado para a realidade tributária de Governador Valadares adotando o regime de

lucro real em relação ao imposto de renda devido.

Tabela 5 - BDI adotado pelo grupo

ITEM DISCRIMINAÇÃO LUCRO REAL 1 Administração Central 10%

1.1 Rateio Adm. Central 9% 1.2 Despesas específicas 1% 2 Taxa de Risco 1% 3 Despesa financeira 2% 4 Tributos 9,05%

4.1 PIS 0,7% 4.2 COFINS 3,0% 4.3 IRPJ 1,5% 4.4 CSLL 0,9% 4.5 ISS 5,0% 5 Taxa Comercialização 2%

6 Lucro 15%

BDI 57,50% Fonte: TISAKA, 2009, adaptado.

5.2.1.2 Encargos da mão de obra

Estão sendo adotados os valores correspondentes a mensalistas, pois o

grupo considera que este serviço requer certa prática e seria ideal ter uma equipe

fixa para projetar a argamassa pelo método mecanizado. A adoção dos valores

correspondentes aos “horistas” representaria que este serviço teria a mesma

Page 44: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

43

rotatividade que outros da construção civil, ou seja, várias pessoas passariam pelo

equipamento e não haveria tempo suficiente para os operários se adequarem ao

método e atingir uma produtividade equivalente ao potencial da máquina.

A tabela 6 está representando os encargos envolvidos, sendo ela baseada

nos estudos de Tisaka (2006).

Tabela 6 - Tabela de Encargos Sociais para mensalistas

Encargos Sociais Básicos

A1 Previdência Social 20,00%

A2 FGTS 8,00%

A3 Salário-Educação 2,50%

A4 SESI 1,50%

A5 SENAI 1,00%

A6 SEBRAE 0,60%

A7 INCRA 0,20%

A8 Seguro contra riscos de acidente de trabalho 3,00%

A9 SECONCI 1,00%

Sub-Total A 37,80%

Encargos sociais que recebem a incidência de A

B1 13º Salário 8,22%

Sub-Total B 8,22%

Encargos sociais que não recebem as incidências globais de A

C1 Depósito por despedida injusta 50% de A2+(A2xB) 4,33%

C2 Férias 10,93%

C3 Aviso Prévio 10,20%

Sub-Total C 25,46%

Taxa de reincidência

D1 Reincidência de A sobre B (38,3% x 8,22%) 3,11%

D2 Reincidência de A2 sobre C3 (8,5% x 10,2%) 0,82%

Sub-Total D 3,93%

TOTAL 75,41% Fonte: TISAKA, 2006, adaptado.

Para a produção do revestimento de forma manual, está sendo adotado o percentual

de 125,58%, também baseado no que diz Tisaka (2006). Isso porque esse tipo de

serviço apresenta certa rotatividade na construção civil e adoção do índice dos

mensalistas fugiria da realidade do setor.

Page 45: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

44

6 DEMONSTRAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1 COLETA DE DADOS EM CAMPO

A planilha da obra nº 1, teve os resultados apresentados no quadro 2:

Projeção de argamassa mecanizada

DATA ENTRADA SAÍDA PESSOAS

ENVOLVIDASHORAS

TRABALHADASINTERVALO

PAREDE A SER

REVESTIDA PRODUTIVIDADE

19/ago 07:30 17:00 2 Pedreiros; 4 ajudantes

08:30 01:00 70 m²

(Reboco) 0,12 Hh/m²

23/ago 07:30 16:00 2 Pedreiros; 4 ajudantes

07:30 01:00 73 m²

(Reboco) 0,10 Hh/m²

24/ago 07:30 16:00 2 Pedreiros; 4 ajudantes

07:30 01:00 60 m²

(Reboco); 0,13 Hh/m²;

25/ago 07:30 16:00 2 Pedreiros; 4 ajudantes

07:30 01:00 80 m²

(Reboco) 0,09 Hh/m²

03/ago 07:30 16:00 2 Pedreiros; 4 ajudantes

07:30 01:00 96 m²

(Reboco) 0,08 Hh/m²

Quadro 2 - Resultados da coleta da obra nº 1

A equipe de funcionários se utilizou da “canequinha” para projetar a

argamassa, eles já conheciam o equipamento e já haviam utilizado o mesmo em

outras obras. Os seis integrantes da equipe eram organizados da seguinte maneira:

um pedreiro realizava a projeção enquanto o outro sarrafeava, corrigia as

imperfeições e regularizava o revestimento e 4 ajudantes eram responsáveis por

produzir e transportar a argamassa. A última medição pode ser observada pela

diferença entre a figura 12 a) e 12 b).

a) b)

Figura 12 - a) Parede chapiscada; b) Parede já revestida.

Fonte: GRUPO, 2011.

Page 46: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

45

A RUP média da equipe foi de 0,10 h/m² e 0,62 Hh/m² por funcionário. As

paredes a serem revestidas eram de grandes vãos (parte externa).

O encarregado que preencheu a planilha anotou “reboco” para o que estamos

tratando neste trabalho como massa única. Mesmo o fabricante do equipamento

utilizado nessa obra, utiliza o termo “reboco” para descrever esta etapa.

A título de curiosidade, na argamassa foi utilizada areia artificial,

provavelmente um subproduto de britagem de rocha gnaisse, o que deu um aspecto

de revestimento texturizado à parede (figura 13).

Figura 13 - Aspecto de textura do revestimento projetado.

Fonte: GRUPO, 2011.

Os resultados da produtividade da obra nº 2 não puderam ser aproveitados

neste trabalho devido à inconsistência da informação encontrada pelo grupo. A parte

de projeção da argamassa, que foi realizada por membros do grupo, não foi bem

medida em relação ao tempo, pois não foi observada a produção de um dia inteiro

de serviço, mas sim, apenas o tempo exato de aplicação do revestimento de

argamassa por projeção. Isso trouxe dados que não demonstravam a realidade de

um dia de trabalho comum, já que é quase impossível que a produção se

mantivesse no mesmo nível durante todo o dia de trabalho.

A atividade serviu para o grupo pudesse observar dificuldades na utilização

do equipamento e possíveis melhorias, tanto no equipamento desenvolvido, quanto

naquele já comercializado.

Page 47: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

46

6.1.2 Dificuldades no equipamento produzido

A principal dificuldade observada pelo grupo foi em relação ao peso do

equipamento. Quando o grupo conheceu o modelo comercial da “canequinha”,

imaginou que a troca do recipiente plástico que recebe a argamassa por um de

material mais resistente seria benéfica, pois aumentaria a vida útil do equipamento.

O que ficou evidenciado, porém, é que o material plástico era necessário para

diminuir o peso do conjunto, pois com o recipiente de aço, ficou difícil de operá-lo.

Outra dificuldade encontrada foi em relação ao registro que permite a

passagem do ar, por não ter encontrado o gatilho que se usa no equipamento

comercial visto em Ipatinga, o grupo utilizou um registro de esfera. Ficou claro que o

gatilho propicia maior precisão na aplicação da argamassa, pois é mais fácil de

manusear e de regular a saída de ar do compressor.

6.2 ADOÇÃO DE ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE

Foram adotados índices de produtividade para a projeção de argamassa com

a utilização de bomba e para a aplicação manual. Foi necessário adotar dados em

relação à aplicação manual, porque na obra nº 1 não foi executado nenhum

revestimento com argamassa dessa forma e na obra nº 2 os dados não puderam ser

aproveitados pelo mesmo motivo citado quanto a produção mecanizada.

As informações relacionadas à produção manual foram retiradas da tabela

Badra de produtividade presente na publicação de Mattos (2010). Nesta tabela

adotamos o valor de 0,40 h/ m² para emboço, sendo a equipe formada por um

pedreiro e um servente.

Os índices de produtividade adotados são aqueles encontrados por Corrêa

(2008). Foi utilizada a média dos índices que ele encontrou que são 0,034 h/m² para

paredes com grandes vãos e poucas aberturas e 0,052 h/m² para paredes pequenas

com muitas aberturas. A média simples entre esses índices é 0,043 h/m². A equipe

era formada por cinco funcionários.

Page 48: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

47

6.3 PLANILHAS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL

Foram orçadas uma bomba de projeção de argamassa e um projetor de

argamassa por spray de ar comprimido. Também foi solicitado informação quanto ao

aluguel da mesma bomba.

A Bomba A foi orçada em R$ 34.920,00 e inclui um misturador com

capacidade para 320 kg de argamassa. A tabela 7 demonstra os cálculos feitos para

se encontrar o custo horário de funcionamento desse equipamento.

Tabela 7 - Demonstração do custo horário da Bomba A.

CÁLCULO DOS CUSTOS DE OPERAÇÃO DA BOMBA A

Custo horário Observações: Depreciação R$ 5,24 Método da soma dos anos Juros R$ 1,34 12% ao ano Energia R$ 1,62 Custo kW/h = R$ 0,24 Mão de obra R$ 40,66 5 funcionários - 2 Pd + 3 Aj Manutenção R$ 3,16 k = 0,904 Argamassa R$ 200,99 Rendimento 0,29 l p/ saco - R$ 13,00 Sub-Total R$ 253,01

BDI 57,50% ISS 5% (Governador Valadares)

H. PROD. R$ 398,49

H. IMPROD. R$ 74,41

A alta produtividade do equipamento (22,73 m²/h) empurra para cima o

consumo de argamassa, o maior custo desta composição, e para baixo o preço do

serviço por metro quadrado: R$ 17,71.

O fluxo de caixa que é gerado pela demanda que torna nulo o VPL da bomba

A, está representado na tabela 8.

Tabela 8 - VPL nulo da Bomba A

CÁLCULO DO VPL BOMBA A

Investimento R$ 34.920,00 Custo do capital 12% a.a.Período Fluxo de Caixa Custos Lucro Ano 00 R$ 34.920,00 R$ 34.920,00Ano 01 R$ 64.580,99 R$ 54.893,84 R$ 9.687,15Ano 02 R$ 64.580,99 R$ 54.893,84 R$ 9.687,15Ano 03 R$ 64.580,99 R$ 54.893,84 R$ 9.687,15Ano 04 R$ 64.580,99 R$ 54.893,84 R$ 9.687,15Ano 05 R$ 64.580,99 R$ 54.893,84 R$ 9.687,15

VPL R$ 0,00

Page 49: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

48

A comprovação é feita pelo payback descontado deste mesmo equipamento

(tabela 9):

Tabela 9 - Payback descontado da Bomba A

CÁLCULO DO PAYBACK DESCONTADO DA BOMBA A

Investimento R$ 34.920,00 Custo do capital 12% a.a.Ano Fluxo de caixa final Fluxo Corrigido Saldo

0 -R$ 34.920,00 -R$ 34.920,00 -R$ 34.920,001 R$ 9.687,15 R$ 8.649,24 -R$ 26.270,762 R$ 9.687,15 R$ 7.722,53 -R$ 18.548,233 R$ 9.687,15 R$ 6.895,12 -R$ 11.653,114 R$ 9.687,15 R$ 6.156,36 -R$ 5.496,75

5 R$ 9.687,15 R$ 5.496,75 R$ 0,00

Considerando os gastos com a máquina, demonstrados na tabela 7, e sua

produtividade, para que houvesse esse fluxo de caixa deveria haver uma demanda

de 2.946,62 m² de revestimento por ano, ou 245,55 m² por mês, uma demanda

razoavelmente alta para os padrões da região. Esta demanda é encontrada por uma

simples “regra de três”, pois é conhecida a produtividade anual da máquina através

da RUP da equipe que a utilizou (45.454,55 m²/ano).

A partir desses dados, é possível perceber que a bomba A só seria indicada

para construtoras com alta demanda de revestimento durante todo o ano ou

empresas que se dedicassem a prestar serviço de projeção de argamassa.

A “canequinha” B foi orçada em R$4.890,00 e o conjunto é constituído por um

compressor, um pulmão de armazenamento de ar comprimido, com pressostato e

sistema de segurança, além de uma caneca. A tabela 10 demonstra o custo horário

que este equipamento possui.

Tabela 10 - Demonstração do custo horário da Canequinha B

CÁLCULO DOS CUSTOS DE OPERAÇÃO DA "CANEQUINHA B" Custo horário Observações:

Depreciação R$ 0,73 Método da soma dos anos Juros R$ 0,19 12% ao ano Energia R$ 1,37 Custo kW/h = R$ 0,24 Mão de obra R$ 47,84 6 funcionários - 2 Pd + 4 Aj Manutenção R$ 0,44 k = 0,9 Argamassa R$ 46,38 Virada em obra Sub-Total R$ 96,95 BDI 57,50% ISS 5% (Governador Valadares)

H. PROD. R$ 152,69

H. IMPROD. R$ 76,80

Page 50: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

49

A produtividade da projeção por spray (10 m²/h) e o traço de 1:2:8 de cimento,

cal hidratada e areia garantem um preço de custo bem menor da “canequinha” em

relação à Bomba A. Com esse custo, o preço do serviço por metro quadrado chega

a R$ 15,27, mais barato que a Bomba A.

O fluxo de caixa que é gerado pela demanda que torna nulo o VPL da

canequinha B, está representado na tabela 11.

Tabela 11 - VPL nulo da Canequinha B

CÁLCULO DO VPL DA CANEQUINHA B

Investimento R$ 4.890,00 Custo do capital 12% a.a.Período Fluxo de Caixa Custos Lucro Ano 00 R$ 4.890,00 R$ 4.890,00Ano 01 R$ 13.565,34 R$ 12.208,80 R$ 1.356,53Ano 02 R$ 13.565,34 R$ 12.208,80 R$ 1.356,53Ano 03 R$ 13.565,34 R$ 12.208,80 R$ 1.356,53Ano 04 R$ 13.565,34 R$ 12.208,80 R$ 1.356,53

Ano 05 R$ 13.565,34 R$ 12.208,80 R$ 1.356,53

VPL R$ 0,00

O payback descontado, apresentado na tabela 12 comprova os dados da

tabela acima.

Tabela 12 – Payback descontado da Canequinha B

CÁLCULO DO PAYBACK DESCONTADO DA CANEQUINHA B

Investimento R$ 4.890,00 Custo do capital 12% a.a.Ano Fluxo de caixa final Fluxo Corrigido Saldo

0 -R$ 4.890,00 -R$ 4.890,00 -R$ 4.890,001 R$ 1.356,53 R$ 1.211,19 -R$ 3.678,812 R$ 1.356,53 R$ 1.081,42 -R$ 2.597,393 R$ 1.356,53 R$ 965,55 -R$ 1.631,844 R$ 1.356,53 R$ 862,10 -R$ 769,73

5 R$ 1.356,53 R$ 769,73 R$ 0,00

A demanda necessária para gerar esse fluxo de caixa é de 710,72 m² de

revestimento por ano ou 52,23 m² por mês. Esta é uma demanda bastante baixa que

é facilmente alcançada por quase a totalidade dos construtores da região. A

produção anual da canequinha B levando em consideração o RUP da equipe que a

opera é de 20.000 m².

Através deste fluxo de caixa e do preço por metro quadrado encontrado, é

possível perceber que a canequinha B é um sistema mais adequado do que a

Bomba A para se adotar na região de Governador Valadares.

Page 51: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

50

A composição de custos da aplicação manual de revestimento de argamassa

está descrita na tabela 13.

Tabela 13 - Composição de custo do serviço manual

COMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DA APLICAÇÃO MANUAL

Custo horário Observações:

Mão de obra R$ 21,53 2 funcionários (1 Pd + 1 Aj)

Argamassa R$ 11,59 Virada em obra

Sub-Total R$ 33,13

BDI 57,50% ISS 5% (Governador Valadares)

TOTAL R$ 52,17

Esta composição leva em conta a produtividade manual (2,50 m²/h) para

estabelecer o custo horário da argamassa, cujo traço adotado é o mesmo utilizado

na projeção por spray. O preço do serviço por metro quadrado encontrado foi de R$

20,87. O valor é superior a ambos os métodos mecanizados analisados.

6.4 VIABILIDADE DE LOCAÇÃO

A locação da Bomba A é sob a forma de tarifa e custa R$ 2.890,00 por mês

sendo o período mínimo de locação de dois meses. O quadro 3 traça um

comparativo entre as duas formas de aquisição:

Equipamento próprio

XEquipamento alugado

Valor de aquisição R$ 34.920,00 Locação R$ 13,14 /h

Valor residual 10% OBS.: locatário arca com as

Vida Útil 5 anos despesas de operação e

Taxa de Juros 12% a.a. manutenção

Quadro 3 - Comparação entre opção de compra e locação

Só precisam ser considerados os custos de depreciação e juros, pois os

custos de operação e manutenção são os mesmos para o equipamento alugado ou

comprado. A depreciação foi calculada pelo método linear nesse caso.

A depreciação em função do período “a”, em horas é:

Page 52: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

51

34920 34925

∴6285,60

O custo horário de juros em função de “a” foi:

0,1234920 3492

5 12 5

3492 ∴2681,86

A soma de ambos os valores em função de “a” é 8967,46. Então:

8967,4613,14 ∴ 682,45

Portanto se a empresa utilizar o equipamento por mais de 682,45 horas em um ano,

é mais vantajoso comprar o equipamento, se não, a vantagem está em alugar.

O custo do serviço executado com o equipamento alugado é de R$ 17,99 por

metro quadrado. Esse valor é um pouco acima do encontrado com o equipamento

comprado. Neste custo são considerados apenas os custos de energia elétrica, mão

de obra, argamassa e o próprio valor do aluguel.

A figura 14 apresenta um gráfico que demonstra a variação entre os valores

encontrados.

Figura 14 - Gráfico de comparação

R$ ‐

R$ 5,00 

R$ 10,00 

R$ 15,00 

R$ 20,00 

R$ 25,00 

Serviço manual Aluguel Bomba A Bomba A Canequinha B

Custo por m²

Métodos de Execução

Comparação entre os métodos analisados

(2.1)

(2.2)

(2.3)

Page 53: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

52

6.5 ANÁLISE FINAL DOS RESULTADOS

As possibilidades apresentadas apresentaram resultados distintos entre si,

principalmente entre os métodos mecanizados e manual. Comparando o custo por

metro quadrado do serviço realizado com o spray de ar comprimido e o manual, a

utilização da “canequinha” é 26,84% mais barata que o método manual. Se

comparado com a (aquisição) bomba de argamassa, o processo manual é 19,03%

mais caro.

Em relação a comparação entre o desempenho da bomba contra o da

“canequinha”, deve-se levar em consideração os dados de produtividade adotados

para a bomba de argamassa. Os índices tomados de Corrêa (2008) apresentavam,

também, uma média de produtividade em projeção de áreas com muitas aberturas,

enquanto as medições realizadas no método de spray, contavam quase

exclusivamente com medição de áreas externas, ou seja, com grandes vãos e

poucas aberturas. Portanto, a produtividade da “canequinha” pode ser um pouco

inferior à apresentada.

Para que a bomba de argamassa tenha um custo horário mais baixo, o

principal produto a ser objeto de tomada de preços é a argamassa industrializada.

Apesar de algumas dessas máquinas aceitarem o traço virado em obra, os cuidados

que deve haver para que os materiais (principalmente em relação à granulometria

dos agregados miúdos) não prejudiquem o equipamento, podem tornar o fluxo de

trabalho demasiadamente intermitente, sendo o fluxo contínuo de trabalho

justamente uma das vantagens da bomba em relação à “canequinha”.

O menor preço por metro quadrado encontrado com a projeção pela

“canequinha B”, sua baixa demanda de serviço para que haja o pagamento do

equipamento durante sua vida útil e a mínima necessidade de treinamento, fazem a

projeção por spray de ar comprimido ser uma boa alternativa ao método

convencional para a cidade de Governador Valadares e região.

Page 54: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

53

7 CONCLUSÃO

As informações encontradas neste trabalho servirão para as empresas de

Governador Valadares e região observarem com maior atenção a evolução

tecnológica que deve haver na construção civil, principalmente na área de

edificações, para que se possa sair na frente neste concorrido momento de mercado

em que o país se encontra.

Este trabalho buscou apresentar com clareza o que deve ser considerado

quando o construtor optar por um dos métodos de mecanização da etapa de

revestimento de argamassa, as vantagens e desvantagens dos sistemas.

A opção pelo método de spray de ar comprimido com recipiente acoplado,

tratado comumente como “canequinha” traz um grande ganho de produtividade com

pouca necessidade de treinamento. Este método pouco exige em mudanças no

preparo da argamassa, exige apenas velocidade no preparo já que a produtividade é

bastante superior ao método convencional. Entretanto, o fluxo intermitente de

trabalho e o peso da caneca utilizada pelo operador, trazem limitações ao aparelho.

O sistema de bomba de argamassa apresenta produtividade muito superior,

sendo ideal para construtoras com altíssima demanda de trabalho. Apesar se poder

trabalhar com argamassa virada em obra, o ideal, para conservar o aparelho e

também para aproveitar a alta produtividade, é utilizar argamassas industrializadas.

É necessário um treinamento específico da mão de obra para trabalhar este sistema.

O método exige grandes mudanças no planejamento da etapa de aplicação do

revestimento, como a presença de balancins elétricos ou uma estrutura de andaimes

já pronta antes do início da aplicação, pois sem um serviço bem planejado, o

trabalho pode não render o esperado.

As bombas de argamassa apresentam ainda a vantagem de poderem projetar

outros revestimentos além dos básicos para a construção civil (chapisco, emboço e

reboco), como monocapas, argamassas a prova de fogo (fireproofing), texturas

variadas e até tintas. Importante ressaltar que nem todas são capazes disso.

Em se tratando da qualidade do revestimento, nenhum problema ainda foi

encontrado no revestimento projetado que possa ser atrelado ao modo de aplicação.

As fissuras e outros problemas semelhantes encontrados são ocasionados ou pela

fabricação ou má qualidade de materiais utilizados na argamassa. Os ensaios de

Page 55: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

54

resistência à tração já realizados provaram que o revestimento pode ter resultados

acima do determinado pela norma, especialmente se a etapa de chapisco do

substrato também foi realizada de maneira mecanizada.

No aspecto visual do revestimento de argamassa, o padrão de acabamento

ainda depende de um bom desempenho manual do profissional. Isso porque os

métodos apresentados possuem as etapas de sarrafeamento e desempeno não

mecanizadas. Porém, foi demonstrado que já existe um equipamento que traz essa

alternativa, em que o próprio também faz a regularização da superfície revestida.

Conclui-se então, que os profissionais da cidade de Governador Valadares e

região podem voltar seus olhos com maior atenção para as tecnologias disponíveis

para a construção civil. A região apresenta demanda suficiente de serviço para que

a adoção de métodos mecanizados de revestimento de argamassa sejam escolhidos

ao invés da manutenção da aplicação quase artesanal, que domina a região.

Page 56: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIKO, Alex Kenya. Tecnologias apropriadas em construção civil. In: Freire, Wesley

Jorge; Beraldo, Antonio Ludovico (*), coord.. Tecnologias e materiais alternativos

de construção. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003. p. 55-64.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7200: Execução de

revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas. Rio de Janeiro, 1998.

_____. NBR 13529: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas.

Rio de Janeiro, 1995.

_____. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas:

Especificação. Rio de Janeiro, 1996.

BAÍA, Luciana Leone Maciel; SABBATINI, Fernando Henrique. Projeto e execução

de revestimento de argamassa. 2. ed. São Paulo: O Nome da Rosa Ltda, 2001.

BARAM. Esteio, 2011. Apresenta características do equipamento de acabamento de

reboco. Disponível em:

<http://www.maquinadereboco.com.br/>. Acesso em: 18 nov. 2011.

CICHINELI, G. C. Acabamento projetado. Téchne. São Paulo, n. 158, maio 2010.

Disponível em:

< http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/158/revestimento-174087-1.asp>.

Acesso em 31 ago. 2011.

CICHINELI, G. C. Escassez de mão de obra abre espaço para projeção mecanizada

de argamassas. Construção Mercado. São Paulo, n. 105, abril 2010. Disponível

em:

<http://revista.construcaomercado.com.br/negocios-incorporacao-construcao/105/

artigo169120-1.asp>. Acesso em: 25 ago. 2011.

Page 57: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

56

CORRÊA, Anderson. Comparação de execução de revestimentos argamassados

utilizando máquina de projeção e o método manual. 2010. 54 f. (Monografia) –

Curso de Engenharia Civil, Área de Ciências Exatas e Ambientais, UNOCHAPECÓ,

Chapecó.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira: essencial. 2. ed.

Porto Alegre: Bookman, 2001. xviii, 610 p.

MATTOS, A. Dórea. Como preparar orçamentos de obras. São Paulo: Pini, 2006.

281 p.

MATTOS, A. Dórea. Planejamento e controle de obras. São Paulo: Pini, 2010. 420

p.

PARAVISI, S. Avaliação de Sistemas de Produção de Revestimentos de

Fachada com Aplicação Mecânica e Manual de Argamassa. 2007. Dissertação

(Mestrado em engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil,

UFRGS, Porto Alegre, 2008.

REGATTIERI, Carlos E.; SILVA, Luciano L.R. Ganhos potenciais na utilização da

argamassa industrializada. São Paulo: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS, 2003. Disponível em:

<http://www.abai.org.br/images/ganhos%20potenciais.pdf>. Acesso em: 16 set.

2011.

SALGADO, Julio Cesar Pereira. Técnicas e práticas construtivas para

edificação. 2. ed. rev. São Paulo: Érica, 2009. 320 p

TISAKA, Maçahico. Metodologia de calculo da taxa do BDI e custos diretos para a

elaboração do orçamento na construção civil. Atualização de método para cálculo de

BDI. São Paulo: Instituto de Engenharia, 2010. Disponível em:

<http://www.ie.org.br/site/noticia.php?id_sessao=7&id_noticia=4075>. Acesso em:

10 nov. 2011.

Page 58: Trabalho de conclusão de curso - pergamum.univale.br · estudo de viabilidade para mecanizaÇÃo das etapas de chapisco, emboÇo e reboco na construÇÃo civil governador valadadres

57

TISAKA, Maçahico. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e

execução. São Paulo: Pini, 2009. 367 p.

TOBIAS, Afonso. Express Training: Taxa Interna de Retorno Modificada. Apresenta

informações sobre funções para Microsoft Excel. São Paulo: Cavalcante, 2007.

Disponível em:

<http://expresstraining.com.br/index.php?page=article&id=237>. Acesso em: 5 out.

2011.