Trab. de Lógica Falácia Linhares
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FTL-FACULDADE TEOLÓGICA DE LORENA
CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA
WHERBERT VINÍCIUS VALENTIM LINHARES
LÓGICA
WHERBERT VINÍCIUS VALENTIM LINHARES
FALÁCIA
Trabalho solicitado Pelo professor
Claúdio Gibelle, como parte
integrante da avaliação da matéria
Filosofia I, do Curso de Bacharel em
Teologia.
2014
EPIGRÁFE
“Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.”
“Talvez eu seja enganado inúmeras vezes...Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém merece minha confiança.”
Aristóteles
Resumo: Abordagem objetiva sobre falácia, expondo definições conceituais e os principais tipos empregados. Visa introduzir a questão para possibilitar a defesa contra argumentos falaciosos, bem como evitar o uso dos mesmos no dialogo informal ou no oficio do ministério eclesiástico. Haja vista a tamanha responsabilidade de cada cristão ser chamado para ser defensor do evangelho de Cristo, faz-se necessário mergulharmos com profundidade na hermenêutica bíblica e abandonarmos as pregações falaciosas, emocionais e sensacionalistas de nossos tempos, as quais apenas nos induzem a um conhecimento distorcido das escrituras. Com isso, esperamos cooperar para a obtenção de um raciocínio mais lógico no âmbito da comunidade cristã.
Palavra Chave: Falácia, Lógica, teologia
Abstrat: Objective approach to fallacy, exposing conceptual definitions and the main types used. Aims to introduce the issue to enable protection against fallacious arguments, as well as prevent their use in informal dialogue or the office of the ecclesiastical ministry. Considering such a responsibility of every Christian is called to be a defender of the gospel of Christ, it is necessary to delve deeply in biblical hermeneutics and abandon the spurious, emotional and sensational preaching of our times, which only lead us to a distorted understanding scripture. With this, we hope to cooperate to obtain a more logical reasoning within the Christian community.
SUMÁRIOI. INTRODUÇÃO 06
II. DEFINIÇÃO DE FALÁCIA
III. TIPOS DE FALÁCIA 07
A. FALÁCIAS FORMAIS 07
B. FALÁCIAS NÃO FORMAIS 08
1.1)O ARGUMENTO DE AUTORIDADE 08
1.2) O ARGUMENTO CONTRA O HOMEM 09
1.3) A FALÁCIA DE ACIDENTE OU DE GENERALIZAÇÃO
APRESSADA
10
1.4) A FALÁCIA DA CONCLUSÃO IRRELEVANTE 10
1.5) AS FALÁCIAS DE PETIÇÃO DE PRINCÍPIO, OU
CÍRCULO VICIOSO
10
1.6) FALÁCIAS DE AMBIGUIDADE 11
1.7) FALÁCIAS DE FALSA CAUSA 11
IV. CONCLUSÃO 12
V. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 13
I. INTRODUÇÃO
O tema em questão é oportuno ao considerarmos a intensa carga de
informação que incide sobre nós, veiculado pelos meios midiáticos e cibernéticos.
Entre tal gama de informações, há argumentos persuasivos valendo-se de artifícios
de retórica para manipular expectadores, internautas, clientes que buscam alargar
seus horizontes políticos, sociais, à procura de novos adeptos de suas ideologias,
angariar votos e ainda conquistar novas classes de freguesia. Quer esteja presente
nos meios de comunicação, num simples debate informal de esquina, ou em meios
acadêmicos, a falácia é um argumento de aparência lógica, utilizado para convencer
o ouvinte e conduzi-lo a aceitação imediata de um ponto de vista tendencioso e
infundado.
O estudo de falácia mostra-se útil porque desperta o receptor para a urgência
de refletir na mensagem do locutor, averiguando conscientemente a veracidade das
premissas apresentadas. Nesse processo de raciocínio lógico busca-se evitar
pensamentos preconcebidos, revestidos de preconceitos; inocência de acatar
precipitadamente meias-verdades que culminam na ignorância acerca de um
assunto, ou visão limitada e parcial do mesmo.
Aqui, abordaremos o tema de forma sintética, abordando aspectos relevantes
para um conhecimento geral do assunto, tais como definição e algumas das
principaisfalácias apresentadas em materias acadêmicos reconhecidos no meio
filosófico. O método utilizado para a realização do presente trabalho é o bibliográfico,
visando citar o parecer de renomados especialistas do assunto. Dessa forma,
esperamos atingir o objetivo de proporcionar ao leitor instrumentos para aferir e
filtrar todo o conhecimento que nossos sentidosretêm, servindo de auxílio na
apropriação do pensamento lógico e a identificação de toda reflexão falaciosa e
incoerente.
6
II. DEFINIÇÃO DE FALÁCIA
A falácia, ou paralogismo, é um tipo de raciocínio incorreto, apesar de ter a
aparência de correção. É conhecida também como sofisma, embora alguns
estudiosos façam uma distinção, pela qual o sofisma teria a intenção de enganar o
interlocutor, diferentemente da falácia, que seria um engano involuntário.
São inúmeros os tipos de falácia, e por isso vamos nos restringir a alguns
poucos.
III. TIPOS DE FALÁCIAS
A. FALÁCIAS FORMAIS
As falácias formais ocorrem quando as regras do raciocínio correto são
contrariadas ou não se atende às regras da inferência válida. Por exemplo:
“Todos os cães são mamíferos. Todos os gatos são mamíferos.Logo, todos os gatos são cães.”
Nesse silogismo as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa; a
argumentação é inválida. Vejamos mais um silogismo:
“Todo inseto é invertebrado. Todo inseto é hexápode (tem seis patas).Logo, todo hexápode é invertebrado.”
Nesse caso, todas as proposições são verdadeiras. No entanto, a inferência é
inválida.
Ao analisar ambos os exemplos, temos que no primeiro(Todos os cães... ),o
termo médioque aparece na primeira e na segunda premissas é "mamífero" e faz a
ligação entre "cão' e "gato". Segundo aregra 51 do silogismo, o termo médio deve ter
pelo menos uma vez extensão total, mas nas duas proposições ele éparticular, ou
seja, "Todos os cães são (alguns dentre os) mamíferos" e "Todos os gatos são
(alguns dentre os) mamíferos".
1As oito regras do silogismo: 1) O silogismo só deve ter três termos (o maior, o menor e o médio); 2) De duas
premissas negativas nada resulta; 3) De duas premissas particulares nada resulta; 4) O termo médio nunca entra na
conclusão; 5) O termo médio deve ser pelo menos uma vez total; 6) Nenhum termo pode ser total na conclusão sem
ser total nas premissas; 7) De duas premissas afirmativas não se conclui uma negativa; 8) Aconclusão segue sempre a
premissa mais fraca (se nas premissas uma delas for negativa, a conclusão deve ser negativa; se uma for particular, a
conclusão deve ser particular).
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No segundo exemplo(Todo inseto...),os três termos são "inseto', "hexápode" e
"invertebrado'. O termo menor, "hexápode", tem extensão particular na premissa
menor: "Todo inseto é (algum) hexápode", mas na conclusão é tomado em toda
extensão (todo hexápode). Portanto, fere a regra 6 (Nenhum termo pode ser total na
conclusão sem ser total nas premissas).Os dois exemplos de argumentos
analisados, são considerados inválidos, por infringirem, respectivamente, as regras 5
e 6. Portanto, são exemplos de falácias.
Asfalácias quanto à matéria (quanto ao conteúdo, e não quanto à forma) são
as que constituem um argumento formalmente correto, mas cuja conclusão deriva
de premissa falsa. Veja o exemplo a seguir:
“Todos os homens são louros. Ora, eu sou homem. Logo, eu sou louro.”
B. FALÁCIAS NÃO FORMAIS
São diversos os tipos de falácias não formais: muitas decorrem da
irrelevância das premissas, que não estabelecem a conclusão; outras são
generalizações apressadas, que partem de falsas causas ou se baseiam em
preconceitos; e assim por diante. Geralmente exercem a função psicológica de
convencer, ao mobilizar emoções como entusiasmo, medo, hostilidade ou
reverência. Vejamos algumas delas:
1.1- O argumento de autoridade (Apelo à autoridade -argumentum ad
verecundiam):não é totalmenteimpertinente, desde que a autoridade seja
umespecialista naquele assunto, mas é irrelevantese, por exemplo, recorrermos à
autoridade deum cientista para justificar posições religiosasou de um jogador de
futebol para avaliar política.Trata-se de recurso muito comum na propaganda,
quando artistas famosos "vendem" desde sabonetes até idéias, como as propostas
políticas de um candidato. Exemplos:
“O famoso psicólogo Dr. FrasierCrane recomenda que compre o último modelo de carro da Skoda.”
“O economista John Kenneth Galbraith defende que uma apertada políticaeconômica é a melhor cura para a recessão. (Apesar de Galbraith ser umperito, nem todos os economistas estão de acordo nesta questão.)”
8
“Caminhamos para uma guerra nuclear. A semana passada Ronald Reagandisse que começaríamos a bombardear a Rússia em menos de cinco minutos. (Claro que o disse por piada ao testar o microfone.)”
“Sousa disse que nunca perdoaria ao Pinto. (Trata-se de um caso de “ouvirdizer” — de fato ele apenas disse que Pinto nada tinha feito para ser perdoado.)”
1.2- Oargumento contra o homem(Ataques Pessoais-argumentum ad
hominem):é um tipo de argumento de autoridade "às avessas”, no sentido de ser
pejorativo e ofensivo. Ocorre quando não aceitamos uma conclusão por estar
baseada no testemunho de alguém que depreciamos. Ao questionar, atacamos
quem fez a afirmação, por exemplo, se desvalorizamos a filosofia de Francis Bacon
porque ele perdeu seu cargo de Chanceler da Inglaterra depois de serem
constatados atos de desonestidade; ou ainda se desmerecemos o valor musical de
Wagner por causa de sua adesão aos movimentos antissemitas; ou, ainda, se
desconsideramos a versão de um mendigo como testemunha de um crime.
Há três formas maiores da falácia ad hominem:
1. Ad hominem (abusivo): em vez de atacar uma afirmação, o argumento ataca
pessoa que a proferiu.
2. Ad hominem (circunstancial): em vez de atacar uma afirmação, o autor aponta
para as circunstâncias em que a pessoa que a fez e as suas circunstâncias.
3. Tu quoque: esta forma de ataque à pessoa consiste em fazer notar que a pessoa
não pratica o que diz.Exemplos:
“Podes dizer que Deus não existe, mas está apenas a seguindo a moda (ad hominem abusivo).”
“É natural que o ministro diga que essa política fiscal é boa porque ele não será atingido por ela (ad hominem circunstancial).”
“Podemos passar por alto as afirmações de Simplício porque ele é patrocinado pela indústria da madeira (ad hominem circunstancial).”
“Diz que eu não devo beber, mas não está sóbrio faz mais de um ano (tu quoque).”
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1.3- A falácia de acidente ou de generalização apressada (precipitada)é um tipo
de falácia indutiva: diante de um erro médico, concluímos apressadamente que a
medicina é inútil. Ocorre também quando uma regra geral é aplicada em
circunstâncias particulares e "acidentais" em que seria inaplicável. Um exemplo:
pessoas excessivamente legalistas que julgam a partir da letra fria das normas e das
leis, independentemente da análise cuidadosa das circunstâncias específicas dos
acontecimentos. A amostra é demasiado limitada e é usada apenas para apoiar uma
conclusão tendenciosa. Exemplos:
“Fred, o australiano, roubou a minha carteira. Portanto, os Australianos são ladrões. (Claro que não devemos julgar os Australianos na base de um exemplo.);”
“Perguntei a seis dos meus amigos o que eles pensavam das novas restrições ao consumo e eles concordaram em que se trata de uma boa idéia. Portanto as novas restrições são populares.”
1.4- A falácia da conclusão irrelevante (ignoratio elenchi) consiste em seafastar da
questão, desviando a discussão. Um advogado habilidoso, que não tem como negar
o crime do réu, enfatiza que ele é bom filho, bom marido, trabalhador etc.; um
vereador acusado de realizar gastos sem autorização da Câmara põe em relevo a
importância e a urgência das despesas; o deputado que defende o governo acusado
de corrupção não se detém nos fatos devidamente comprovados, mas discute
questões formais do relatório da comissão de inquérito ou enfatiza o pretenso
revanchismo dos deputados oposicionistas. Um argumento prova uma coisa
diferente da pretendida.Exemplos:
“Deve aceitar a nova política de reforma agrária. Não podemos continuar aver pessoas invadindo fazendas, devemos ter distribuição de terras. (Podemos pensar que é inaceitável ver pessoas invadindo fazendas e, no entanto, não estarmos de acordo com a nova política);”
“A lei deve estipular uma porcentagem mínima de mulheres nos cargos políticos, repartições e empresas. Os homens dominam praticamente todos os cargos importantes. Só uma sociedade discriminatória pode suportar. Não fazermos nada para alterar esse estado de coisas é inaceitável. (Podemos concluir, com o argumentador, que a nossa sociedade é machista sem termos de aceitar que a discriminação positiva que ele propõe é a solução.).”
1.5- As falácias de petição de princípio, ou círculo vicioso, supõem conhecido o
que é objeto da questão. "Tal ação é injusta porque é condenável; e é
10
condenável porque é injusta:' Nesse exemplo é fácil perceber o erro, mas o
mesmo não ocorre neste outro, relatado por Irving Copi:
"Permitir a todos os homensuma liberdade ilimitada de expressão deve ser sempre. de um modo geral, vantajoso para o Estado; pois é altamente propício aos interesses da comunidade que cada indivíduo desfrute de liberdade. perfeitamente ilimitada. para expressar os seus sentimentos".
1.6- Nas falácias de ambiguidade (também chamadas semânticas ou de
equívoco). Os conceitos ou enunciados não são suficientemente esclarecidos ou os
termos são empregados com sentidos diferentes nas diversas etapas da
argumentação. No exemplo seguinte o termofim é usado em dois sentidos diferentes
como se fosse o mesmo:
"O fim de uma coisa é a sua perfeição; a morte é o fim da vida; logo a morte é a perfeição da vida".
1.7- As falácias de falsa causa (ou post hoc) são muito comuns e representam as
inúmeras inferências que fazemos no cotidiano ao tomarmos como causa o que não
é a causa real. Por exemplo: "Não levo minha namorada em jogo do meu time
porque da última vez que a levei, meu time perdeu: ela é `pé frio!`”.
Exemplos:
“A imigração do Nordeste para São Paulo aumentou mal a prosperidadeaumentou. Portanto, o incremento da imigração foi causado peloincremento da prosperidade”.
“Tomei o EZ-Mata-Gripe e dois dias depois a minha constipação desapareceu...”
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IV. CONCLUSÃO
Ao desfecho do presente trabalho vale destacar a amplitude e riqueza do
assunto aqui tratado. Tal característica foi tão evidente que confesso não ter
condições, nem a pretensão de esgotá-lo nessas poucas paginas. Contudo as
pequenas fagulhas de luz lançadas, serviram para aderir mais conhecimento
acerca das falácias, a ponto de poder identificá-las da próxima vez que nos
depararmos com um discurso retórico por aí.
A importância desse estudo é notória ao considerarmos sua pouca
propagação nos meios de comunicação e educacionais. Porque a incidência de
tal fenômeno? Será que beneficia alguma camada seleta de pessoas, ao
manter tal ensino restrito a uma minoria privilegiada? Certamente a ignorância
do assunto promove a vulnerabilidade das massas frente a discursos políticos
recheados de falácias e promessas frustradas. Promove uma manipulação em
massa através de raciocínios tendenciosos, persuasivos, cuja construção por
vezes pode ser desmascarada pela própria ilogicidade de suas premissas.
Sendo assim, concluímos lembrado da importância do tema, seu alto
grau de interesse e aplicabilidade no cotidiano. Seu meio de atuação não se
limita a fronteiras nenhuma, mas antes, onde houver um simples diálogo,
debate, discurso ou pregação, a todo instante a retórica pode ser empregada.
Um método complexo, que visa persuadir o ouvinte, querendo conformar a
opinião alheia a do locutor, sem compromisso com a verdade. Desse podemos
com certeza esperar afirmações convincentes, que ao ser averiguada com
mais minúcia pela lógica aristotélica, veremos que muitas vezes são
inconsistentes, premissas invalidadas, por não passarem de falácias.
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V. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ARANHA, M.L. de A. e MARTINS, M. H. PiresFilosofando: introdução à
filosofia. 4ª. Ed. – Ed. Moderna, São Paulo, 2009;
DOWNES, Stephen.Guia das falácias, tradução
deGuidetotheLogicalFallacies, 1995.
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