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Do ensinamento interativo às comunidades de aprendizagem, em direção a uma nova sociabilidade na educação

Vani Moreira Kenski

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Do ensinamento interativo às comunidades de aprendizagem, em direção a uma nova sociabilidade na educação

Divisão social em grupos “dominantes” e “dominados” impregna as relações cotidianas e termina por se refletir também no ambiente educativo.

Mais do que poder hierárquico, ser professor é ter poder em relação ao conhecimento, desencadeando a vontade de aprender por meio do desenvolvimento do pensamento.

Até algum tempo atrás, aprendizagem acontecia em espaços definidos - sendo o caminho natural para o aluno, após diplomado, mudar de “lado” nas relações hierárquicas (SERRES, 1996). Atual momento social, no entanto, faz com que possibilidades tecnológicas de comunicação transformem e ampliem ambiente de aprendizado, ao mesmo tempo em que colocam em questão a idéia de conhecimento “oficial” e acabado.

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Do ensinamento interativo às comunidades de aprendizagem, em direção a uma nova sociabilidade na educação

Hoje, é o saber que viaja e transforma a idéia de “classe”. Informar-se, dentro ou fora da escola, é o caminho para aprender. (SERRES, 1996)

Por outro lado, informação torna-se um bem volátil, efêmero, exigindo consumo imediato. Nesse sentido, pessoas sentem que apenas saber não basta; é necessário buscar o outro para dialogar e refletir sobre a informação, gerando conhecimento em conjunto.

Reunidas em comunidades virtuais, sem se ater a espaços físicos ou hierarquias rígidas, pessoas inauguram uma nova pedagogia, baseada na troca de conhecimentos e de ações em comum. Cada membro é responsável pela sua aprendizagem e também pela dos demais participantes.

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Do ensinamento interativo às comunidades de aprendizagem, em direção a uma nova sociabilidade na educação

Crescimento das interações multiplica a energia mental humana, assim como o grau de colaboração entre as mentes, que percorrem caminhos diferentes dos habituais.

A organização social humana desenvolveu-se a partir das inovações produzidas pelo tipo de tecnologia social utilizada. Modelo atual guia-se pela informação, baseado na combinação de tecnologia da informação e da comunicação.

Comunidades virtuais têm o potencial de alterar percepções, estabelecer novas relações interpessoais e alterar ou influenciar organização política. Em um mundo competitivo, surgem grupos de cidadãos conscientes de que podem ganhar mais por meio da cooperação e da união. (RHEINGOLD, 1996)

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Para que se realize a democracia participativa, facilitada pela vivência comunitária, é necessário “o esclarecimento da opinião pública e o desenvolvimento da educação, de maneira que todos os cidadãos adotem espírito sinérgico e de ajuda mútua”. (MATSUDA, 1995)

Castells (1999) preocupa-se como o acesso ainda restritivo às tecnologias, o que pode tornar sua existência um reforço potencial das redes sociais culturalmente dominantes. Kerckhove (1999) não considera a inteligência partilhada como “coletiva”, mas como “conectada”.

Para que se aproveite de forma satisfatória o potencial do novo paradigma comunicacional e educativo, são necessárias transformações urgentes e radicais na forma de ensino e na relação com o conhecimento.

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Do ensinamento interativo às comunidades de aprendizagem, em direção a uma nova sociabilidade na educação

Ensino e suas instituições devem se pautar em uma relação crítica permanente e contínua, relacionada com a aprendizagem pessoal e coletiva. Comunidades virtuais podem realizar os ideais de democracia participativa antecipados por Matsuda (1995).

Desafio maior é não reproduzir, nos novos espaços educacionais, as práticas de exclusão e discriminação já existentes nas instituições tradicionais de ensino – mas sim estimular a formação de cidadãos que atuem democraticamente em espaços virtuais ou não, com base na nova relação criada entre os que ensinam e os que aprendem.