Tipos de mutilação genital feminina

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Tipos de mutilação genital feminina A mutilação genital feminina utiliza vários materiais para a “operação”, nomeadamente laminas, facas, amuletos entre outros, não existindo anestesia ou qualquer medicamento/ processo para atenuar a dor. Este processo é feito com base em crenças oriundas de certas culturas, em certos países que acreditam que o que a mulher possui entre as pernas é impuro, pelo que tem de ser retirado. Além da dor intolerável causada por este procedimento a “ sangue frio” a mutilação têm consequências muito graves a nível físico e psicológico, sendo muito perigoso pois a pessoa em questão corre perigo de morte ou infeção, bem como o trauma provocado. A OMS e a UNICEF (2009: 6) catalogam diferentes tipos de mutilação genital feminina em quatro categorias: Tipo 1 No tipo 1 (ou clitoridectomia) , o clítoris é preso entre o dedo polegar e indicador, puxado para fora e amputado com um corte de um objeto afiado, removendo assim o prazer sexual da mulher. Nos tempos modernos que decorrem existem pessoas que aplicam pontos na zona do clítoris para estancar a hemorragia. Tipo 2 No tipo 2 (ou excisão) o clítoris é decepado e os lábios menores são removidos total ou parcialmente, maior parte das vezes com um mesmo golpe. O sangue é enxugado com ligaduras ou com alguns pontos, que podem ou não tapar parte da abertura vaginal. Fig.1 - Clitoridectomia Fig.2- Excisão

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Tipos de mutilação genital feminina

A mutilação genital feminina utiliza vários materiais para a “operação”, nomeadamente

laminas, facas, amuletos entre outros, não existindo anestesia ou qualquer medicamento/

processo para atenuar a dor.

Este processo é feito com base em crenças oriundas de certas culturas, em certos países que

acreditam que o que a mulher possui entre as pernas é impuro, pelo que tem de ser retirado.

Além da dor intolerável causada por este procedimento a “ sangue frio” a mutilação têm

consequências muito graves a nível físico e psicológico, sendo muito perigoso pois a pessoa

em questão corre perigo de morte ou infeção, bem como o trauma provocado.

A OMS e a UNICEF (2009: 6) catalogam diferentes tipos de mutilação genital feminina em

quatro categorias:

Tipo 1

No tipo 1 (ou clitoridectomia) , o clítoris é preso entre o

dedo polegar e indicador, puxado para fora e amputado

com um corte de um objeto afiado, removendo assim o

prazer sexual da mulher.

Nos tempos modernos que decorrem existem pessoas

que aplicam pontos na zona do clítoris para estancar a

hemorragia.

Tipo 2

No tipo 2 (ou excisão) o clítoris é decepado e os lábios

menores são removidos total ou parcialmente, maior

parte das vezes com um mesmo golpe. O sangue é

enxugado com ligaduras ou com alguns pontos, que

podem ou não tapar parte da abertura vaginal.

Fig.1 - Clitoridectomia

Fig.2- Excisão

Page 2: Tipos de mutilação genital feminina

Tipo 3

O tipo 3 (ou infibulação), é a maneira mais radical e

baseia-se na remoção do clítoris e lábios menores, bem

como a superfície interior dos lábios maiores. Em

seguida os lábios maiores são ligados com pontos ou

espinhos e as pernas são atadas durante 2 a 6 semanas.

Somente uma pequena abertura é deixada para permitir

a passagem de urina e sangue menstrual .

Tipo 4

O tipo 4 corresponde a um corte efetuado na zona da vagina executado usualmente um

instrumento afiado e que abrange um conjunto de práticas que não se enquadram nos tipos

anteriores, como por exemplo a cauterização por queima do clítoris e do tecido envolvente;

raspagem do tecido envolvente do orifício vaginal, introdução de substancias corrosivas ou

ervas na vagina, para estimular o sangramento ou com o intuito de a estreitar.

Fig.3 - Infibulação

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Países onde é praticada a MGF

De acordo com números divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância

(UNICEF), pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Amnistia Internacional,

calcula-se que perto de três milhões de raparigas sejam submetidas a esta prática todos os

anos: quase 6000 por dia, ou seja, quatro em cada minuto que passa. E calcula-se que o total

de mulheres genitalmente mutiladas seja de 130 milhões em toda a África e Médio Oriente.

A existência casos de MGF em outros continentes como Ásia, América, Austrália e Europa

(nomeadamente em França, Itália, Holanda e Reino Unido) é originada pelo fluxo das

comunidades migrantes onde esta prática se encontra vulgarizada.

Há conhecimento desta pratica entre os curdos do Iraque e suspeita-se que também no resto

do Iraque, bem como em outros países árabes, onde os regimes autocráticos e a inexistência

de organizações da sociedade civil barram a divulgação da realidade

Segundo a autora Ana Lucas, (2006: 1), a idade em que é praticada varia: alguns povos

fazem-na nas raparigas logo à nascença, enquanto outros esperam pela primeira gravidez da

mulher, mas a esmagadora maioria pratica-a ainda na infância ou princípio da adolescência

(entre os quatro e os 14 anos).

Através desta seguinte tabela podemos verificar que a MGF se encontra mais fixada no

continente africano, ou pelo menos mais divulgada.

Países Percentagem

Benin 30% a 50%;

Burkina Faso 78%;

Camarões 15%;

Chade 40%;

Costa do Marfim 44.5%;

Djibuti 90% a 98%;

Eritréia 95%;

Etiópia 73% e 90%;

Gâmbia 60% a 90%

Ghana 20%;

Guiné 60%;

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Tabela 1- Países africanos que praticam MGF

Nota : Dados da Amnistia Internacional em Portugal, 2007

Comparando os valores, em África, observa-se a concentração desta prática em países como

Djibuti, Eritréia, Etiópia, Gâmbia, Serra Leoa, Somália e Sudão, apresentando percentagens

altíssimas que atingem os noventa e tal por cento.

Apesar de em alguns países a percentagem ser baixa, não deixa de ser assustador pensar que

ainda existe esta realidade.

.

Guiné Bissau 45%

Quénia 38%;

Libéria 55%

Mali 15% a 20%;

Mauritânia 55%;

Níger 11%;

Nigéria 60%;

República Central

Africana

35%;

Senegal 15% a 20%

Serra Leoa 80% a 90%;

Somália 99%;

Sudão 90%;

Tanzânia 18%;

Togo 12%;

Uganda 20%.

Fig.4 – Mapa dos países africanos que praticam MGF

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De Gouveia, Helena (2011): “Mutilação genital feminina- parte 1: Os diferentes tipos”

Internet. Disponível em http://www.dw.de/mutila%C3%A7%C3%A3o-genital-feminina-

parte-1-os-diferentes-tipos/a-6618606 (consultado em 2013-11-28)

Piedade, Sandra (Setembro de 2008): “Mutilação Genital Feminina em Portugal” Internet,

Disponível em “http://www.amnistiainternacional.pt/dmdocuments/EstudoMutilacaoGenFemi

nina.pdf” ( consultado em 2013-11-29)

Lucas, Ana (Novembro de 2006): “Excisão: A mutilação da mulher” Internet. Disponível em

“http://www.alem-mar.org/cgibin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEykklZFplze

IszmoZ” (consultado em 2013-11-30)

Cunningham, F. Gary ; Leveno, Kenneth J.,Spong, Catherine Y. , Hauth, John C. , Bloom,

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