Thepost novembro2015
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Transcript of Thepost novembro2015
Protestos contra Cunha e ajuste fiscal ganham as ruas do Brasil
Choramos todos por Mariana
Luciana Genro fala com
o The Post
V i n t e e o i t o m o v i m e n t o s
sociais se uniram sob o nome
de “Frente Povo Sem Medo”.
Palavras de ordem foram gri-
tadas pelos os manifestan-
tes, numa clara alusão às
articulações feitas pelo depu-
tado Eduardo Cunha (PMDB
-RJ) nos últ imos dias para
atrasar o rito das votações do
Conselho de Ética, em que
corre o processo que inves-
tiga o seu caso. PÁGINA 4
Ganância infinita, irresponsabili-
dade e Estado incapaz de fisca-
lizar e proteger a população
foram os responsáveis por
sepultar no mar de lama o dis-
trito de Bento Rodrigues na
região de Mariana. A Samarco
ainda não tem plano de recupe-
ração para o desastre ambiental
e humano causado pelo rompi-
mento da barragem. PÁGINA 2
A ex-presidenciável do PSOL,
Luciana Genro, concedeu
entrevista ao The Post na qual
fez críticas ao governo e apre-
sentou as propostas do partido.
PÁGINA 5
Todo o poder
do BlackCabelos e vest imentas no
melhor estilo afro voltam com
força total numa retomada e
valorização da cultura negra.
PÁGINA 12
É tempo de FIQA 9ª edição do Festival Internacional
de Quadrinhos (FIQ) foi realizada em
Belo Horizonte. O evento é conside-
rado o maior do gênero no país e
reuniu artistas e admiradores de his-
tórias em quadrinhos. O visitante do
festival pôde participar de palestras,
comprar lançamentos das principais
editoras, ver artistas desenhando ao
vivo e arriscar traços em um enorme
painel montado na feira. PÁGINA 8
The PostNúmero 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
NATÁLIA PRADO
Protestos aconteceram no domingo, 8 de novembro, em pelo menos dez cidades do país
HE
LÔ C
OS
TA
2Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
opinião
CHARGE do mês
CLICK do mês
editorial opinião
The PostNúmero 1 | Novembro de 2015Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
EDITORAIzamara Arcanjo
ESTAGIÁRIOS DA CENTRAL DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA - CPJMonitores: Daniel Silva e Eurico Souza Amanda Siqueira, Bruno Silva, Elias Costa, Fernanda Ferreira, Fernando Bezerra, Michele Ribeiro, Natália Prado e Ycaro RodarteAPOIONÚCLEO DE PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS - NPAEditora de Arte e Projeto Gráfico: Helô CostaDiagramação: Ariane Lopes e Marina PachecoEstagiárias do curso de Jornalismo
Minas chora pelo Rio Doce
MICHELE RIBEIRO
4º período
Todos os mineiros (pelo
menos deviam ter sido todos)
assistiram a grande tragédia que
ocorreu no município de Mariana.
No dia 5 de novembro, a barragem
de contenção de rejeitos na
empresa Samarco rompeu-se dei-
xando um cenário de destruição no
município de Bento Rodrigues. Um
rio de lama se formou e literalmente
tomou conta da cidade. Pessoas
ficaram desabrigadas, perderam
tudo o que tinham, sem contar que
vidas também foram perdidas. Por
falar em vida, devemos nos lembrar
da morte do rio Doce.
O rio Doce, um rio que tem sua
nascente em Minas e passa pelo
estado do Espirito Santo, era a fonte
de água potável para a população
que vivia nos municípios do
entorno. Como recuperar as águas
doces do rio que agora se tornou
uma grande extensão de uma mis-
tura amarga de minério e rejeitos?
Como fazer para restaurar a fauna e
a flora que foram perdidas?
E quem é o responsável por
essa tragédia? O Governo que
não fiscalizou? A Samarco? O
diretor da empresa, Ricardo Ves-
covi, garantiu que foram cumpri-
das todas as exigências do pro-
grama de emergência aprovado
pela prefeitura de Mariana e pelos
órgãos responsáveis pela fiscali-
zação da mineradora. Mas será
possível uma barragem romper
de uma hora para outra?
Em meio as dificuldades,
também vemos pessoas preo-
cupadas em ajudar e vemos
boa parte dos mineiros arreca-
dando doações para quem
perdeu tudo. Os mineiros cho-
ram, mas ao mesmo tempo,
mostram que ainda sobra for-
ças para a solidariedade. Facebook | Instagram | Youtube | Flickr | Sound Cloud | Twitter
npa.newtonpaiva.br/postcpj
DEBATE COM ESTUDANTESLuciana Genro conversa com alunos da UFMG durante vinda a Belo Horizonte; ex-presidenciável faz crítícas ao PT e às políticas conservadoras do Congresso.
IZAMARA ARCANJOeditora
Ajudar a pensar um jor-
nal laboratório não é nada
fácil, mas ao tempo é desa-
fiador. Ainda mais quando
este jornal faz parte de um
projeto maior, de um jorna-
lismo multiplataforma, que é
pensado para multiplicar a
informação em variadas
mídias e formatos.
Nesta primeira edição do
The Post procuramos diversi-
ficar as notícias abordadas,
atender à expectativa de
variados públicos, mas sem
nos esquecermos dos princí-
pios fundamentais dos jor-
nais laboratoriais: dar vazão à
experimentação constante,
consolidar novas formas de
l inguagem, conteúdos e
apresentação gráfica.
Os alunos da Central de
Produção Jornalística (CPJ)
desenvolveram um material
rico em questões polêmi-
cas, matérias divertidas,
crítica de cinema, ensaio
fotográfico, tudo isso, à dis-
posição On demand na
internet. Apreciem !
N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj
VEJA TAMBÉM
3Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
cotidiano
Bate papo e muito esporteDANIEL SILVA
4° período
Uma palestra que mar-
cou os alunos dos cursos de
Comunicação Social do Cen-
tro Universitár io Newton
Paiva. Assim pode ser defi-
nhada a palestra realizada na
noite da terça-feira, 27 de
novembro no auditório Nomi-
nato, no campus 220. Estive-
ram presentes os jornalistas
Oswaldo Reis (Sistema Globo
de Rádio), Adriana Spinelli (TV
Galo e Premier) , Úrsula
Nogueira e Mário Henrique
“Caixa” (Rádio Itatiaia). O
evento foi apresentado pela
professora Izamara Arcanjo,
juntamente com a coordena-
dora do curso de jornalismo
Juliana Dias.Mais que integrar
alunos e profissionais, o
evento ajudou familiarizar os
estudantes com sua futura
área de trabalho.
Em um bate papo des-
contraído, que durou cerca
de três horas, os convidados
puderam compartilhar suas
experiências de vida e até a
consolidada carreira profis-
sional. Vinicius Willen é aluno
do 4° período de jornalismo e
comentou a importância de
um evento como esse. ” Meu
sonho é trabalhar no meio
esportivo, e ter a oportuni-
dade de tirar dúvidas com
profissionais renomados
como eles, só aumenta ainda
mais minha vontade de
seguir nessa caminhada”,
afirma Willen.
Quem também aprovei-
tou para tirar suas dúvidas
sobre os bastidores da notí-
cia foi Alberto Carvalho,
a luno do 3° per íodo do
c u r s o d e j o r n a l i s m o .
Segundo ele, é um sonho
realizado e um estímulo a
mais. “É magnífico, você
ouve o rádio e não tem a
noção de quanto é traba-
lhoso para que tudo saia per-
feito a nós ouvintes. Esse é um
momento ímpar que só vem a
acrescentar ao nosso conte-
údo de sala de aula”, diz.
Debate: Izamara Arcanjo, Oswaldo Reis (Pequetito), Úrsula Nogueira, Adriana Spinelli e Mário Henrique (Caixa)
YCARO RODARTE3º período
De uns anos para cá, o
a u m e n t o d e m u l h e r e s
comandando um programa
esportivo tem sido conside-
rável. Programas como Jogo
Aberto, da TV Bandeirantes,
que é apresentado por
Renata Fan desde 2007;
Bate Bola, na ESPN, anco-
rado por Marcela Rafael ao
lado de Bruno Vicari, além, é
c l a r o , d o E s p o r t e - M G ,
c o m a n d a d o p o r M a í r a
Lemos na TV Globo são
exemplos da abertura que o
esporte deu para as profis-
sionais do jornalismo. Sem
contar com as editorias e a
coordenação de esportes.
Esse cenário é bem dife-
rente do que se havia há uns
10, 20, 30 anos atrás, como
nos conta Adriana Spinelli.
Ela foi umas das primeiras
mulheres a cobrir constante-
mente o futebol e o esporte.
“No início foi difícil. Eu tive
que viver com realidades
como por exemplo: após o
término das partidas entre-
vistar os jogadores nos ves-
tiários. Quando nós (mulhe-
res) tentávamos entrar, éra-
mos barradas” diz.
Adriana ainda ressalta
que não foi fácil mudar essa
realidade na época para ser o
que é hoje em dia e assegura:
“Eu costumo dizer que o difí-
cil é arrancar as árvores,
depois quem segue a estrada
é mais fácil”, revela. Apesar
disso, ela afirma que nunca
teve problemas com colegas
e que sempre foi muito res-
peitada. Hoje, Adriana é
repórter da TV Galo e asses-
sora de comunicação.
O u t r a p r e s e n t e n a
palestra dessa terça foi
Úrsula Nogueira, coordena-
dora de esportes da Rádio
Itatiaia desde 2011. É a pri-
meira mulher nesse cargo
em 60 anos da rád io .
Segundo ela, o algo a mais
para a mulher é o domínio da
informação. “Você tem que
most ra r conhec imento .
Além de ser mulher tem um
p reconce i to no rma l na
sociedade, você tem que
estar no meio (esportivo)
sabendo um pouco mais ou
igual os homens”.
Mulheres ganham espaço na cobertura esportiva
MIIC
HE
LE R
IBE
IRO
N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj
VEJA TAMBÉM
4Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
Protestos contra Cunha e o ajuste fiscal ocupam
as ruas do BrasilNATÁLIA PRADO
2º período
A crise econômica mun-
dial iniciou-se com a quebra de
instituições financeiras dos
EUA e da Europa em 2008,
porém suas consequências
negativas se deram em cadeia
pelo mundo e foram fator catali-
sador da recessão econômica
que atingiu o Brasil no primeiro
semestre deste ano. Como
resultado, desencadeou-se
o aumento do desemprego,
da miséria e a redução de
direitos trabalhistas.
Ainda que a economia
permaneça patinando, os
bancos e bilionários conti-
nuam lucrando e aumen-
tando suas fortunas. Con-
tudo, o ajuste fiscal proposto
pelo ministro Joaquim Levy,
visa diminuir o déficit das
contas públicas por meio de
redução de investimentos
sociais e cortes na educa-
ção, tornando as camadas
mais pobres da população
as únicas a sentir o ônus pelo
fim da recessão econômica.
Inconformados com a
política de austeridade, 28
movimentos sociais se uniram
sob o nome de “Frente Povo
Sem Medo” afim de pressionar
o governo por mudanças. O
grupo organizou os protestos
que ocorreram em 14 capitais
no domingo, dia 08 de novem-
bro, exigindo que a crise seja
paga por meio da taxação de
grandes fortunas, auditoria
da dívida pública e suspen-
são de compromissos com
os banqueiros.
A saída as ruas requereu
igualmente a destituição de
Eduardo Cunha do cargo de
Presidente da Câmara dos
Deputados, em razão das
acusações de corrupção, e
questionou as medidas anti-
populares e antidemocráti-
cas do Congresso Nacional,
como a redução da maiori-
dade penal, ampliação das
terceirizações, tentativas de
privatização da Petrobrás e
a lei antiterrorismo que cri-
minaliza lutas populares.
Entre todas as estas medi-
das, destaca-se ainda a PL
5069/2013 de autoria do
presidente da Câmara que
gerou imensa reação con-
trária das mulheres por pre-
carizar o atendimento às
vítimas de estupro pelo SUS
e dificultar o acesso à pílula
do dia seguinte.
SÃO PAULO REÚNE 50 MIL
Em São Paulo, cidade
onde ocorreu o maior pro-
testo, reuniram-se cerca de
50 mil pessoas com ampla
participação de militantes da
CUT e do MTST. Em Belo Hori-
zonte, destacou-se a pre-
sença das Brigadas Popula-
res, O Movimento de Luta nos
Bairros, Vilas e Favelas (MLB),
grupos feministas e movi-
mentos da juventude que
reuniram cerca de 1.500 pes-
soas de todas as idades. As
pautas feministas dominaram
o ato que transcorreu pacifi-
camente. A concentração
começou timidamente, às 9
horas da manhã, na Praça
da Liberdade e terminou por
volta das 13 horas ,na Praça
da Estação, centro da capi-
tal mineira.
PSOL aposta em movimentos
sociais para mudar o país
Manifestantes contra Presidente da Câmara, Eduardo Cunha
NATÁLIA PRADO2º período
Advogada e fundadora
do Partido Socialismo e Liber-
dade (PSOL), Luciana Genro
ficou em quarto lugar na
última disputa eleitoral. Sem
preocupação em citar assun-
tos polêmicos, fascinou
milhões de jovens por sua
coragem. Genro se tornou a
primeira candidata à presi-
dência da história brasileira a
defender publicamente os
direitos civis da comunidade
LGBT. Também não teve
receio em desafiar interes-
ses da famí l ia Mar inho
durante debate promovido
pela própria Rede Globo ao
declarar a importância do
recolhimento de impostos
sobre grandes fortunas.
A ex-presidenciável che-
gou à capital na quarta-feira
(28) para visitar o PSOL de
Minas. O partido acabou de
eleger como presidente Sara
Azevedo, professora de Edu-
cação Física da rede estadual
de ensino e militante pelo
Movimento de Esquerda
Socialista desde 2006. Aze-
vedo é natural de Belém do
Pará, vive em Belo Horizonte
desde 2010, tendo partici-
pado ativamente de diversas
lutas sociais, como a luta pela
redução da tarifa de ônibus.
NATÁLIA PRADO
política
N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj
VEJA TAMBÉM
5Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
política
Luciana Genro fala com o The PostNATÁLIA PRADO
2º período
Luciana Genro tem 44 anos. É
advogada e filha do ex-governa-
dor do Rio Grande do Sul, Tarso
Genro do PT, e foi no PT que aos
14 anos começou a militância
política. Foi eleita duas vezes
deputada estadual e federal. Em
2003, Luciana Genro votou con-
tra a reforma da previdência e foi
expulsa do PT juntamente com a
Senadora Heloisa Helena. Em
2004, ajuda a fundar o PSOL. Já
em 2014, disputa as eleições
presidenciais pelo partido. A
ex-presidenciável conversou
com o The Post sobre a atual
situação do país, fez críticas ao
governo e falou sobre as propos-
tas do PSOL.
The Post: Você é filha do Tarso
Genro do PT e iniciou sua carreira
política pelo mesmo partido, como
hoje você avalia os governos petis-
tas de Lula e Dilma?
LG: Eu vejo que o PT é um
partido que cumpriu um papel
importante no momento que
surgiu como expressão das
lutas dos operários, dos estu-
dantes, da luta contra a dita-
dura, mas escolheu um cami-
nho que acabou deixando ele
muito parecido com os parti-
dos tradicionais e, portanto, já
não serve mais como um
m o d e l o d e p a r t i d o d e
esquerda, pelo menos não da
esquerda que nós queremos
construir. Por isso lá já no início
do governo Lula nós começa-
mos a criticar certas escolhas
que ele vinha fazendo, como a
manutenção da política eco-
nômica do Fernando Henri-
que, como as indicações aos
ministérios de figuras tradicio-
nais da direita como o Henri-
que Meireles, que vinha do
PSDB, o Sarney como presi-
dente do Senado e outros tan-
tos que se aliaram ao PT como
o próprio Collor E por isso, nós
construímos o PSOL.
The Post: Estas críticas
contribuíram para sua saída do
PT e te inspirou a fundar um novo
partido?
LG: Exatamente. Nossa
decisão ao fundar o PSOL era
justamente nos manter coe-
rentes. Nós não aceitávamos
a ideia e não aceitamos a ideia
de que quem chega no poder
tem de se moldar à essas
estruturas. Nós entendemos
que é preciso chegar ao
poder para mudar essas
estruturas. Para colocar abaixo
esse tipo de política que não
serve aos interesses do povo.
E para isso é preciso chegar no
poder sendo coerente, sem
fazer alianças a qualquer
preço com figuras das mais
lamentáveis da política.
The Post: Quais são as prin-
cipais mudanças estruturais e
políticas que o PSOL defende?
LG: Eu falei sobre isso na
campanha eleitoral. A primeira
questão que a gente precisa
atacar é o problema da dívida
pública, que hoje o país é
refém do capital financeiro,
dos especuladores. Fazer
uma auditora nessa dívida,
como já fez o Equador, como já
fez a Grécia, é fundamental
para se identificar as incoerên-
cias deste processo da cons-
trução dessa dívida, dos abu-
sos que foram cometidos e se
realmente ainda se deve e
quanto se deve, porque toda
nossa política econômica hoje
é voltada para garantir o paga-
mento de juros da dívida. E a
segunda questão fundamen-
tal é a estrutura tributária. Ela
penaliza o assalariado, a
classe média, o trabalhador, e
protege os milionários. Então
fazer o imposto sobre gran-
des fortunas, diminuir as isen-
ções e benefícios que existem
para os grandes, como os
bancos que são os que mais
lucram e os que menos
pagam impostos para se ter
mais recursos para poder
investir nas áreas que real-
mente interessam ao povo.
The Post: Nós temos hoje
um congresso muito conserva-
dor com bancadas fortes popu-
larmente chamadas de banca-
das do boi, da bala e da bíblia.
Para você quais são os motivos
de termos hoje um crescente
discurso reacionário das pes-
soas e de nossos políticos?
LG: Eu acho que existe
uma polarização no Brasil.
Nós temos avançado muito
no que diz respeito aos direi-
tos dos LGBTs, aos direitos
das mulheres e há uma rea-
ção conservadora que tenta
barrar esses avanços, então,
há uma disputa política. Mas
no balanço final eu acredito
que nós já avançamos muito
mais do que estes setores
reacionários podem conse-
guir fazer retroceder. Por outro
lado, o PT tem uma responsa-
bilidade grande no cresci-
mento do conservadorismo,
porque eles deram fôlego
para estes setores.
The Post: Qual a sua opinião
sobre a tentativa de impeach-
ment da Dilma?
LG: Eu acho que peda-
lada fiscal não é razão para
impeachment. Fala-se muito
das pedaladas, mas não se
explica o que ela é. Pedalada
fiscal é simplesmente adiar o
pagamento de uma dívida e
isto não é crime, e pode até
ser necessário e justo depen-
dendo para que que se usa o
dinheiro que deveria ir para
pagar essa dívida. O pro-
blema da Dilma não são as
pedaladas. O problema da
Dilma é a corrupção que é de
todo o governo do PT. Mas
um impeachment conduzido
pelo Cunha e incentivado
pelo PSDB jamais terá o
apoio do PSOL.
LUIZA PRADO
N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj
VEJA TAMBÉM
6Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
vox print
Conheça o projeto Damas da CaridadeDANIEL SILVA
4º período
O Santuário da Saúde e
da Paz, conhecida como Igreja
do Padre Eustáquio, é um local
onde vários fieis comparecem
para professar a sua fé. Eles
participam de missas, nove-
nas e outros eventos religio-
sos. Como quase toda institui-
ção religiosa, a antiga igreja
envolve-se com causas e pro-
jetos sociais. Um deles é a
manutenção do pro je to
Damas da Caridade.
Idealizado pelo então
Padre Vigário em 1948, mas
registrado apenas em 19 de
novembro de 1951, o projeto
busca por meio das colabora-
ções de fiéis e devotos de
Padre Eustáquio, ajudar famí-
lias de baixa renda e morado-
res de rua. Liderada por Dona
Isabel Leite, desde de 1956, a
instituição realiza ao longo de
seus 70 anos, atividades
como: doações de donativos,
cestas básicas, compra de
materiais de construção,
pagamento de contas de
água e luz, e até mesmo auxí-
lio funerário. ” Nós procura-
mos seguir o legado deixando
pelo Padre Vigário: ajudar
aqueles que realmente preci-
sam. É o que pretendo fazer o
resto da minha vida”, garante
dona Isabel.
De acordo com Dona
Isabel, já são mais de 140
famílias cadastradas no pro-
jeto, e as visitas à sete do
projeto são necessárias para
que o beneficiado possa
comprovar a necessidade
real de ajuda. A entidade
ainda serve todas as quintas-
feiras, um almoço aos mora-
dores de rua, além de provi-
denciar itens de higiene pes-
soal. Atualmente 30 senhoras
cooperam na instituição,
onde realizam processos de
costura, limpeza e preparo
dos alimentos.
O projeto Damas da
C a r i d a d e , f u n c i o n a d e
segunda a sex ta - f e i r a ,
(exceto quarta-feira) ,a partir
das 8h. O endereço é rua
Castigliano, n°818, bairro
Padre Eustáquio-BH.,
Tradição do Congado mantêm-se viva YCARO RODARTE
4º período
Organizada desde de
1943, a Festa Nossa Senhora
do Rosário, mais conhecida
como Festa do Congado, é
uma das mais tradicionais da
região Noroeste de Belo Hori-
zonte. A festa é realizada pela
Guarda de Congo Feminina,
localizada no bairro Apare-
cida e se tornou uma atração,
sendo apoiada pela prefei-
tura de Belo Horizonte. A
novidade desse ano foi a
Concentração da Guarda do
Congo pela manhã com a
chegada das Guardas Visi-
tantes e Convidados, que
foram seguidas de café da
manhã, almoço e procissão.
Tradição afro-brasileira
O Congado é uma mani-
festação religiosa afro-brasi-
leira, que remete às tradições
e costumes de Angola e do
Congo. As danças, por
exemplo, lembram a coroa-
ção do rei congolês e da rai-
nha de Angola. A celebração,
realizada no Brasil desde o
século XVII, é marcada tam-
bém por elementos religio-
sos católicos.
A F e s t a d e N o s s a
Senhora do Rosár io, do
bairro Aparecida, foi ideali-
zada por Francisco Carolino,
pai de duas das três organi-
zadoras do evento. Neusa
Pereira, 67 anos, é a respon-
sável pelas comidas servidas
durante o evento “Tenho essa
tradição desde mais jovem.
Isso veio do meu pai, um dos
que ajudaram a realiza-la
aqui na região, porque essa
cultura já vem de muitas
décadas. Tudo começa aqui
em minha casa, a capela é
aqui e a festa começa aqui”,
conta. Maria Aparecida, irmã
de Neusa, conta com a ajuda
de Dona Zilda Lisboa,66, na
organização da procissão e
do congado, embelezando
ainda mais o ambiente.
Na abertura do evento
deste ano, os moradores
participaram de uma novena
na capela local. Além da
novena, o início dos festejos
contou também com o levan-
tamento do mastro da ban-
deira com direito à barraqui-
nha e várias atrações, aproxi-
mando a inda ma is aos
moradores com a festa que
mistura fé e cultura.
SEM APOIO
A realização da festa,
porém, pode estar com os
dias contados. Neusa Pereira
revela que após anos de
dedicação ao evento, a
comunidade não tem mais
reservas para manter acesa a
tradição centenária. “Como
não temos verba de nenhum
lugar e nem patrocínio, con-
tamos apenas com um apoio
da prefeitura. Não temos
mais condições de manter a
festa por mais alguns anos,
tanto é que esse ano, tivemos
um dia a menos”, explica.
Integrantes do projeto Damas
da Caridade em mais um dia de
trabalho
FERNANDO BEZERRA
7Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
vox print
BRUNO SILVA 4º período
O Santuário da Saúde e
da Paz é a mais nova capela
de Belo Horizonte. Conhe-
cido como Igreja do Padre
Eustáquio pela comunidade
local, o santuário promove
vários projetos sociais. Um
deles é a manutenção da
Creche Padre Eustáquio, que
acolhe atualmente 169 crian-
ças. Fundada no início da
década de 90, a instituição
recebe meninos e meninas
com idade entre 1 e 5 anos,
em período integral. No local,
os pequeninos têm acesso a
atividades variadas, que esti-
mulam e contribuem para a
formação intelectual e social
das crianças.
Assim como tudo que há
na paróquia, a creche home-
nageia ao Padre Eustáquio
que sempre sonhou com a
criação da inst i tuição.
Desde que Eustá-
quio chegou
à comuni-
d a d e ,
m u i t o s
p r o j e t o s
são realiza-
dos para ajudar
aos mais necessi-
tados, como conta o
padre Vinicius Maciel,
responsável do santuário e
presidente da associação.
Segundo ele, a creche foi
fundada há cerca de 25 anos,
inspirada numa caracterís-
tica marcante do beato. “Ele
tinha grande preocupação
em ajudar as pessoas mais
necessitadas e com as crian-
ças não era diferente. Certa
vez, ele escreveu que não
conseguiria dormir em paz
vendo as crianças de sua
comunidade desampara-
das. Ele foi a inspiração para
o surgimento da creche, ”
afirma o padre.
O religioso revela ainda
como a instituição é susten-
tada por doações feitas pela
comunidade. Ele ressalta
que sem a ajuda das pes-
soas a creche não sobrevive-
ria. “Só a dois anos atrás é
que conseguimos um convê-
nio com a prefeitura de Belo
Horizonte, que nos ajuda
com uma verba. Recebemos
também uma doação men-
sal do grupo Amigos da Cre-
che Padre Eustáquio, diz
padre Vinícius.
A creche Padre Eustá-
quio conta hoje com vinte e
dois funcionários, dos quais
dez são professoras, três são
funcionários de apoio, e os
outros se dividem entre as
atividades de porteiro, cozi-
nheiras e serviços gerais.
ATIVIDADES
A creche Padre Eustá-
quio está aberta para receber
crianças de qualquer bairro
de Belo Horizonte. Pela
manhã, ocorrem aulas peda-
gógicas, incluindo 40 minu-
tos de Ensino Religioso, no
qual as crianças aprendem
sobre valores, ética e res-
peito. Apesar de ser católica,
a instituição não prega a reli-
gião e admitem crianças de
todas as crenças. Já à tarde,
são realizadas oficinas com
temas diversos, como musi-
calização, nutrição, jogos e
br incadeiras, educação
física e dança. “A ideia é
implantar um projeto de infor-
mática e iniciar uma campa-
nha para construir um parqui-
nho para as crianças dentro
da creche, revela padre Viní-
cius.
DOAÇÕES
A creche recebe doa-
ções t an to f i nance i r as
quanto materiais. Para doar
quantias em dinheiro, basta
fazer o depósito nos envelo-
pes que ficam disponibili-
zados na ig re ja ou
d i r e t a m e n t e n a
conta bancár ia
da paróquia. É
possível tam-
bém fazer doa-
ções pelo tele-
fone. O número é
(31)2531–5488.
J á d o a ç õ e s
materiais devem
ser feitas direta-
mente na creche,
localizada na rua
Hen r ique Gor-
c e i x , 3 4 0 ,
bairro Padre
Eustáquio.
Creche apoia crianças carentes
FER
NA
ND
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8Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
NATÁLIA PRADO 2º período
Assim como há aqueles
que usam o cinema como uma
fuga da realidade, outros o uti-
lizam para refletir sobre ela.
Este é o caso de “Que horas
ela volta?” que escancara todo
o preconceito sócio–econô-
mico mascarado pelas famí-
l ias que fazem parte do
pequeno grupo de privilegia-
dos do Brasil. O filme retrata a
história de Val (Regina Casé),
uma mulher carinhosa e amá-
vel que saiu de Recife há mais
de uma década em busca de
uma vida melhor em São
Paulo. A personagem acaba
indo trabalhar como empre-
gada doméstica na casa de
Bárbara (Karine Teles) e Zé
Carlos (Lourenço Mutarelli).
Parte do dinheiro que ganha,
ela envia à família que ficou em
sua terra natal.
Val que não vê a própria
filha a mais de 10 anos, depo-
sita todo seu amor maternal
em Fabinho (Michel Joelsas),
filho de seus patrões que ajuda
a criar. Ela está lá não apenas
para limpar a casa, passear
com o cachorro, regar o jardim
ou servir o almoço, mas até o
guaraná é entregue na mão
dos patrões e os pratos sujos
são buscados no quarto.
As cenas são constante-
mente filmadas na cozinha
da casa de modo a retratar a
perspectiva da protagonista.
Percebemos, logo cedo,
como ela parece confortável
com seu lugar nesta família.
Eles a tratam bem, pagam
um bom salário e isto parece
ser suficiente.
Bárbara diz a ela que é
quase da família, mas o casal
não vê problema em deixar
uma quase parente dormir
num quarto minúsculo no
fundo, sem ventilação, fazer
com que ela almoce após todo
mundo e que não coma da
mesma comida.
A dinâmica familiar muda
quando chega a filha de Val,
Jéssica (Camila Márdila), para
se preparar para prestar vesti-
bular de Arquitetura e Urba-
nismo na USP. Ela desafia
constantemente as regras
quando toma café na mesa
dos patrões, quando almoça
com Carlos, come o sorvete de
Fabinho e quando aceita que a
patroa de sua mãe faça um
suco para ela.
O brilhante “Que horas
ela volta?” como um todo
denuncia a violência simbólica
e o preconceito social de uma
elite. É uma sensível história
que revela a necessidade de
bolsas de estudo, cotas, cur-
sos noturnos, creches, resi-
dências estudantis, bandejões
e transporte público barato.
Um lembrete que demonstra a
importância de criarmos uma
sociedade mais justa, igualitá-
ria e inclusiva.
ELIAS COSTA 4° período
O Festival Internacional
de Quadrinhos (FIQ) deste
ano homenageou o baiano e
quadrinista Antônio Cedraz,
dono de uma carreira conso-
lidada e reconhecida mun-
dialmente. O cr iador da
“Turma do Xaxado” teve
diversas tiras publicadas em
dezenas de jornais e revistas
do Brasil e em outros países
como, Angola, Cuba e Portu-
gal, onde foi intitulado de um
dos mestres das HQs.
O FIQ é realizado a cada
dois anos na capital mineira.
A organização do encontro é
de responsabilidade da Pre-
feitura de Belo Horizonte e da
Fundação Municipal de Cul-
tura. Esse ano, o evento ocor-
reu entre os dias 11 e 15 de
novembro na Serraria Souza
Pinto, e a visitação foi aberta
ao público gratuitamente. C.
Os cartunistas contaram
para um público variado
como é feita a produção das
revistinhas, desde o surgi-
mento da ideia até a sua ilus-
tração e também a exposição
de todo o material artístico.
Os contos abrangem contos
infantis, policiais, ficções,
sexo, entre outros.
Durante o festival, os
artistas exploram o universo
dos quadrinhos de forma
bem simples e objetiva. Eles
falaram ainda da dificuldade
enfrentada para transpor
determinado assunto para o
papel e ainda como traba-
lhar com o tema sexo nos
quadrinhos.
cultura
Que Horas ela volta?DIVULGAÇÃO
HELÔ COSTA
Jornalismo marca presença no FIQ
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9Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
variedades
ensaio fotográfico
Chefs para o futuroELIAS COSTA
4o período
Tudo começou no ano
de 2012 quando surgiu uma
parceria do Lar dos Meninos
com o projeto, que visava
oferecer oportunidades de
estudos e de aproximação
com o mercado de trabalho
para jovens carentes. Através
de um curso que qualifica
futuros chefs de cozinha, o
objetivo dos coordenadores
foi se tornando cada dia
mais possível por meio do
Projeto Mãos à Obra que
pouco tempo depois de ini-
ciado já formou 12 alunos,
sendo que 7 deles já foram
encaminhados ao mercado
de trabalho e hoje trabalham
de carteira assinada.
Ao longo desses poucos
anos de minist ração do
curso, é possível ver e conhe-
cer o trabalho de algumas
pessoas que através da
superação estão alcançando
lugares de prestígio em res-
taurantes renomados de
B e l o H o r i z o n t e . M a s o
sucesso aqui não está condi-
cionado apenas aos dotes
culinários, todos os alunos
são submetidos a acompa-
nhamentos por profissionais
da educação. É necessário
também um bom desempe-
nho nos estudos, o conheci-
mento de novas culturas
através de incentivos a leitura
e isso é um propósito do
curso preparatório, uma vez
que o cronograma visa des-
pertar o aprendiz para um
bom relacionamento não só
com as pessoas no âmbito
familiar, mas também, com a
sociedade no geral.
Outro acréscimo que o
projeto oferece para esses
alunos é a oportunidade de
cuidar da saúde por meio de
consultas médicas que o
Projeto Mãos à Obra disponi-
biliza. O aluno Breno Luiz de
19 anos se sente privilegiado
por fazer parte desse plano
de sucesso. “Você tem que
ser um profissional exemplar,
procurar fazer o melhor”,
esse é um dos segredos para
ter sucesso no curso.
Fotos da estagiária da CPJ Natália Prado durante
manistações em Belo Horizonte.
Estágiarios da CPJ gravam no Lar São Vicente de Paula
Equipe de alunos do Lar São Vicente de Paula
FOTOS AGNUS CORDEIRO
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10Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
cotidiano
AIDS volta a assombrar a juventudeELIAS COST
4º período
No ano de 1982, uma
nova doença surge no Haiti,
EUA e África Central, o Vírus
d a I m u n o d e f i c i ê n c i a
Humana (HIV), doença que
ficou conhecida como Aids.
Os Estados Unidos passa-
ram, então, a se preocupar
com a aparição de pessoas
infectadas. Apesar do pouco
tempo da descoberta do
vírus, os especialistas identi-
ficaram o mal como Doença
do 5 H, uma representação
dos homossexuais, hemofíli-
cos, haitianos, heroinôma-
nos (pessoas que faziam o
uso de heroína injetável) e os
hookers, profissionais do
sexo. Os anos seguintes
s e r i a m m a r c a d o s p e l a
intensa busca da medicina
em definir verdadeiramente a
origem e as prováveis formas
de infecção. No Brasil, o pri-
meiro caso é registrado em
uma mulher no ano de 1983,
logo após, conseguiram noti-
ficar que uma criança havia
sido infectada. Agora, 32
anos depois, a doença volta
com força e ataca jovens
com idade entre 13 a 25 anos
que, hoje, formam o grupo
onde há o maior índice de
contaminação, segundo o
Ministério Saúde.
A maioria desses jovens
declaram não usar preservati-
vos com seus parceiros sexu-
ais. Muitos deles costumam
frequentar ambientes onde a
prática livre do sexo é comum,
principalmente em saunas. O
denominado “Dark Room” ou
quarto escuro é o
local onde os casais
se relacionam livre-
mente. O assis-
tente de planeja-
mento, A. Souza,
20, que já frequen-
t o u o e s p a ç o
revela: “o ambiente
é formado por sen-
sações onde cada
um faz a sua,
para alguns,
é algo total-
mente pra-
zeroso, para
outros misterioso, arr is-
cado. É um ambiente de
aventura, onde há oportuni-
dade para praticar o bem ou
o mal”, afirma.
A liberdade é condicio-
nada a algumas regras impos-
tas pelo estabelecimento. É
preciso ser maior de idade,
drogas e bebidas não são
permitidas e o visitante precisa
usar apenas uma toalha sobre
seu corpo. “Dentro do recinto
existe apenas um objeto, uma
cama redonda gigante, onde
só é possível chegar até ela
por meio do tato”, confiden-
ciou Souza.
A música ambiente, o
snack bar, os sofás, compõem
os diversos ambientes. Além
disso, a casa também oferece
para usuários, sauna seca,
cabine de tv, entre outros. De
acordo com o assis-
tente de p laneja-
mento, “lá chega a
ser tão propicio que,
o cliente pode ape-
nas relaxar, como
aproveitar a tentação
do lugar para o público
gay”, conclui.
SEM PUDORES
O Promoter
Felipe Oliveira,
24, trabalhou
e m b o a t e s
GLS e con ta
que, existem certos exageros
quando se fala em Dark
Room. “O ambiente se tor-
nou bastante repulsivo e não
tem sido tão agradável para
todos os visitantes, pelo fato
de haver algumas práticas
constrangedoras que inco-
modam os demais frequen-
tadores da sala que querem
um pouco mais de privaci-
dade”, diz o promoter.
De acordo com Oliveria,
mesmo sendo bastante movi-
mento, os frequentadores
dos chamados “dark rooms”
não se constrangem em pro-
mover muitas orgias e até
mesmo o uso de drogas.
Garotos e garotas de pro-
grama são vistos diariamente
dentro dos estabelecimentos
para atender os clientes que
chegam sem acompanhan-
tes. O promoter revela tam-
bém que sempre ocorrem
inconvenientes dentro des-
ses locais: “acontecia que a
pessoa entrava nesse quarto
para ficar mais à vontade com
alguém e ela acabava sendo
roubada, saia de lá sem car-
teira, sem nada, dava boletim
de ocorrência, sempre deu
muita confusão”, garante.
Quem conhece esses
ambientes afirma que, o fato
de casais se relacionarem
livremente, proporciona e faci-
lita a transmissão de doenças
e há ainda aqueles que não
fazem o uso do preservativo,
sendo assim, ficam vulnerá-
veis as doenças sexualmente
transmissíveis. Mas esse não é
só um problema encontrado
nas boates voltadas para o
público GLS, as boates dire-
cionadas para o público hétero
também permitem tal prática.
PROGRAMA
DE COMBATE A AIDS
Há 30 anos, surgia o
Grupo de Apoio à Prevenção à
Aids (GAPA). Est foi a primeira
ONG criada no Brasil e na
América Latina para dar
suporte aos soropositivos. Na
mesma época, o governo
federal lançou o Programa
Nacional de DST e AIDS, que
tinha por finalidade, reduzir a
incidência do HIV e oferecer
ajuda na qualidade de vida
para os portadores do vírus.
Desde então, foram desenvol-
vidas políticas de apoio e
conscientização dentro da
sociedade. Lamentavelmente
os esforços feitos até aqui, tem
apenas o poder de tentar mini-
mizar o problema. De acordo
com Portal Brasil do Governo
Federal, aponta que, aproxi-
madamente 145 mil pessoas
não têm conhecimento de que
são portadores do vírus ou de
outras doenças sexualmente
transmissíveis.
A maioria dos jovens declaram não usar preservativos com seus parceiros sexuais
11Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
variedades
FERNANDA FERREIRA4° período
Uma pesquisa realizada
por uma grande multinacional
de produtos odontológicos
revela que mais de 50% das
crianças de 5 anos de idade já
tiveram cáries. É para diminuir
esta estatística que os alunos
de Odontologia do Centro Uni-
versitário Newton Paiva ofere-
cem, por meio de parcerias,
atendimentos para tratamen-
tos dentários. O projeto “Clí-
nica Bebê” ajuda a levar infor-
mações e serviços às crianças
carentes com idade de 0 a 3
anos e demais pessoas da
comunidade. O projeto é
desenvolvido pelos alunos
dos 7° a 9° período do curso de
Odontologia do Centro Univer-
sitário Newton Paiva. É uma
oportunidade para os alunos
do curso colocarem em prá-
tica o conteúdo aprendido em
sala de aula, e, consequente-
mente, proporcionar à popula-
ção um tratamento de quali-
dade e gratuito.
Thais Lage uma das
estagiarias diz que ao inte-
grar o projeto tem ganhado
muita experiência. “Estou
aprendendo a te r ma is
paciência e cada dia é algo
novo”. Segundo Thais, o tra-
tamento em crianças é sem-
pre um desafio, já que ele não
depende somente delas. “É
um trabalho conjunto de pais
e filho”, revela.
CUIDAR DESDE CEDO É
IMPORTANTE
Para a coordenadora, Veri-
diana Salles, é necessário um
cuidado especial com a saúde
bucal, inclusive na infância, que
é uma fase importante para
a formação do ser humano.
“Infelizmente, nem todos os
pais possuem uma rotina de
manutenção dental dos filhos e
nem todos conseguem fazer a
higienização durante a noite”,
afirma Veridiana.
De acordo com Veridiana
Sales, o cuidado com a saúde
bucal começar desde os pri-
me i ros anos de v ida e ,
segundo a dentista, uma das
principais causas da cárie na
infância é a má alimentação e a
falta de orientação dos pais
para uma boa higiene bucal. ”
Por isso, o projeto “Clínica
Bebê” acompanha o trata-
mento odontológico das crian-
ças, mas também tem o foco
de auxiliar com o acompanha-
mento socioeducativo e psico-
lógico dos pais,” garante.
A coordenadora ainda
revela que o projeto foi ideali-
zado devido à demora no
a t e n d i m e n t o d o S i s -
tema Único de Saúde (SUS),
que é prejudicial a todas as
especial idades l igada à
odontologia, inclusive os tra-
tamentos para crianças, o
que pode agravar o quadro
da saúde bucal delas. ” É
aí que o apoio das parcerias
com o projeto e Newton Paiva
entram em cena permitindo
um atendimento mais rápido
e de boa qualidade”, conclui.
A IMPORTÂNCIA DO
PROJETO
O projeto tem grande
importância para a comuni-
dade uma vez que leva aten-
d i m e n t o d e q u a l i d a d e
para aqueles que não tem
chance de pagar um trata-
mento particular. “O trata-
mento é muito satisfatório,
meu filho é muito bem tratado
pelas dentistas e estudantes.
É uma grande oportunidade,
já que eu não teria condição
para levar meu filho à outra
clínica , pois os dentistas são
muito caros,”afirma Rodrigo,
pai de uma das crianças
atendidas na Clínica Bebê.
Natalia, mãe de Isabela, que
também é cuidada pela clí-
nica, afirma que está muito
satisfeita com o tratamento
que filha vem recebendo.“Eu
até fui em uma clínica particu-
lar, mas tudo seria muito
longo e caro,” ressalta.
É preciso cuidar do sorriso
Na PráticaNa Central de Produção Jornalística da
Newton Paiva (CPJ) todo mundo pode ser
repórter por um dia. Neste vídeo, o repórter foi o
Bruno Silva. Ele ainda era aluno do 1º período
quando se aventurou com uma câmera na
mão.E deu tudo muito certo.
Hoje o Bruno é um de nossos estagiários,
além de ser repórter de TV, ele faz matérias de
rádio, reportagens impressas e ainda divulga
tudo nas redes sociais . Você, aluno da Newton
pode ser o próximo “Na Prática”. Estamos te
esperando!
N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj
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12Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ
cotidiano
AMANDA ARAÚJO 3º período
Eles estão em todos os
lugares, e chamam a atenção
para uma beleza que até
pouco tempo atrás passava
despercebida, camuflada por
alisantes e chapinhas. Esta-
mos falando da volta dos
looks e cabelos afro, bastante
comuns da década de 70. A
mudança revela a adoção de
um novo estilo e a retomada e
valorização da cultura negra.
É ainda consequência de uma
melhor aceitação por parte da
sociedade brasileira de práti-
cas comuns que tem origem
na miscigenação que formou
a população do pais.
Dados do o último censo
do Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE),
realizado em 2010, revelam
que aumentou o percentual
de pessoas que se declaram
pretas e pardas no Brasil. O
número de pessoas que se
declararam pardas cresceu
de 38,5% no ano 2000 para
43,1% em 2010. Já o número
dos que se declaravam pre-
tos, subiu de 6,2% para 7,6%,
o que mostra uma mudança
na aceitação da própria cor.
Percebe-se a exaltação
da beleza negra na própria
internet, onde cresce o número
de páginas voltadas para a
valorização dos cabelos cres-
pos e cacheados. Nos grupos,
mulheres de todas as idades
trocam experiências e discu-
tem temas importantes como
o preconceito, feminismo e
auto aceitação. Segundo
Meressa Souza, de 21 anos,
que é uma das administrado-
ras do blog Cacheia, falar
sobre os cuidados com cabe-
los crespos e cacheados é
essencial, já que os conteúdos
desses espaços são feitos por
mulheres desse universo,
mulheres cachedas, crespas e
negras e não por alguém que
não compreende do assunto.
“Falar sobre os cuidados com
cabelos cacheados e crespos
é muito importante se conside-
ramos que ainda existe a
crença de que eles são difíceis
de cuidar. Por falta de informa-
ção e influenciadas por essa
ideia, muitas pessoas buscam
nos tratamentos químicos a
facilidade que os meios de
comunicação de grande
alcance como a televisão e as
revistas atribuem ao liso,
”afirma a blogueira.
UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE
Muitas vezes o alisamento
dos fios é imposto desde a
infância, o que pode acarretar
prejuízos psicológicos graves
para quem foi obrigado a modi-
ficar os próprios traços para
seguir um padrão. Segundo a
psicóloga Sylvia Flores,a pri-
meira coisa que acontece é a
destruição do auto estima e
uma total insegurança que a
acompanha toda a vida. “A
pessoa fica fragilizada social-
mente, se sente desqualifi-
cada já que o seu cabelo não é
considerado aceitável e isso é
um problema enorme na for-
mação do gênero,” afirma Syl-
via. Ainda segundo a psicó-
loga, a aceitação da beleza
negra na sociedade eleva a
autoestima da população afro-
descendente e traz, segundo
ela, dignidade humana.
Fernanda Santos, de 19
anos, há cinco não usa quí-
mica nos cabelos ou realiza
qualquer procedimento para
modificar a estrutura dos fios.
Decidiu parar com os proces-
sos já que, segundo ela, che-
gou um momento em que já
não se identificava com os
cabelos lisos.
Ela começou a alisar o
cabelo porque se viu pressio-
nada, já que todos tinham
cabelos lisos, seja de forma
natural ou não. “Parece a coisa
mais estúpida do mundo, mas
eu realmente queria fazer parte
do grupinho”, revela. Fernanda
relata ainda que a mãe não
sabia lidar tão bem com o seu
cabelo, causando incômodos
e excesso de trabalho. Então,
achando que o liso seria mais
prático, aderiu ao estilo.
Fernanda afirma que não
é apenas a beleza negra que
está mais valorizada e sim a
beleza mais natural da mulher.
Para ela, tudo fica mais bonito
ao natural, seja aceitando o
seu cabelo ou o seu corpo.
“Aceitando pequenas coisas,
como o cabelo você vai acei-
tando as pequenas diferen-
ças”. Fernanda conta ainda
que não tinha paciência para
escovar os cabelos e hoje
poder só molhar e sair. Além da
praticidade, ela afirma que
agora se sente ela mesma.
“Antes eu era apenas mais
uma, hoje me sinto mais Fer-
nanda e tenho certeza do que
eu sou de verdade,” conclui.
Fernanda Santos, estudante de Jornalismo
FOTO
S N
ATÁ
LIA
PR
AD
O
Libera o black!
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