Thepost novembro2015

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Protestos contra Cunha e ajuste fiscal ganham as ruas do Brasil Choramos todos por Mariana Luciana Genro fala com o The Post Vinte e oito movimentos sociais se uniram sob o nome de “Frente Povo Sem Medo”. Palavras de ordem foram gri- tadas pelos os manifestan- tes, numa clara alusão às articulações feitas pelo depu- tado Eduardo Cunha (PMDB -RJ) nos últimos dias para atrasar o rito das votações do Conselho de Ética, em que corre o processo que inves- tiga o seu caso. PÁGINA 4 Ganância infinita, irresponsabili- dade e Estado incapaz de fisca- lizar e proteger a população foram os responsáveis por sepultar no mar de lama o dis- trito de Bento Rodrigues na região de Mariana. A Samarco ainda não tem plano de recupe- ração para o desastre ambiental e humano causado pelo rompi- mento da barragem. PÁGINA 2 A ex-presidenciável do PSOL, Luciana Genro, concedeu entrevista ao The Post na qual fez críticas ao governo e apre- sentou as propostas do partido. PÁGINA 5 Todo o poder do Black Cabelos e vestimentas no melhor estilo afro voltam com força total numa retomada e valorização da cultura negra. PÁGINA 12 É tempo de FIQ A 9ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) foi realizada em Belo Horizonte. O evento é conside- rado o maior do gênero no país e reuniu artistas e admiradores de his- tórias em quadrinhos. O visitante do festival pôde participar de palestras, comprar lançamentos das principais editoras, ver artistas desenhando ao vivo e arriscar traços em um enorme painel montado na feira. PÁGINA 8 The Post Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ NATÁLIA PRADO Protestos aconteceram no domingo, 8 de novembro, em pelo menos dez cidades do país HELÔ COSTA

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Publicação da Central de Produção Jornalística do Centro Universitário Newton Paiva

Transcript of Thepost novembro2015

Protestos contra Cunha e ajuste fiscal ganham as ruas do Brasil

Choramos todos por Mariana

Luciana Genro fala com

o The Post

V i n t e e o i t o m o v i m e n t o s

sociais se uniram sob o nome

de “Frente Povo Sem Medo”.

Palavras de ordem foram gri-

tadas pelos os manifestan-

tes, numa clara alusão às

articulações feitas pelo depu-

tado Eduardo Cunha (PMDB

-RJ) nos últ imos dias para

atrasar o rito das votações do

Conselho de Ética, em que

corre o processo que inves-

tiga o seu caso. PÁGINA 4

Ganância infinita, irresponsabili-

dade e Estado incapaz de fisca-

lizar e proteger a população

foram os responsáveis por

sepultar no mar de lama o dis-

trito de Bento Rodrigues na

região de Mariana. A Samarco

ainda não tem plano de recupe-

ração para o desastre ambiental

e humano causado pelo rompi-

mento da barragem. PÁGINA 2

A ex-presidenciável do PSOL,

Luciana Genro, concedeu

entrevista ao The Post na qual

fez críticas ao governo e apre-

sentou as propostas do partido.

PÁGINA 5

Todo o poder

do BlackCabelos e vest imentas no

melhor estilo afro voltam com

força total numa retomada e

valorização da cultura negra.

PÁGINA 12

É tempo de FIQA 9ª edição do Festival Internacional

de Quadrinhos (FIQ) foi realizada em

Belo Horizonte. O evento é conside-

rado o maior do gênero no país e

reuniu artistas e admiradores de his-

tórias em quadrinhos. O visitante do

festival pôde participar de palestras,

comprar lançamentos das principais

editoras, ver artistas desenhando ao

vivo e arriscar traços em um enorme

painel montado na feira. PÁGINA 8

The PostNúmero 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

NATÁLIA PRADO

Protestos aconteceram no domingo, 8 de novembro, em pelo menos dez cidades do país

HE

LÔ C

OS

TA

2Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

opinião

CHARGE do mês

CLICK do mês

editorial opinião

The PostNúmero 1 | Novembro de 2015Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

EDITORAIzamara Arcanjo

ESTAGIÁRIOS DA CENTRAL DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA - CPJMonitores: Daniel Silva e Eurico Souza Amanda Siqueira, Bruno Silva, Elias Costa, Fernanda Ferreira, Fernando Bezerra, Michele Ribeiro, Natália Prado e Ycaro RodarteAPOIONÚCLEO DE PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS - NPAEditora de Arte e Projeto Gráfico: Helô CostaDiagramação: Ariane Lopes e Marina PachecoEstagiárias do curso de Jornalismo

Minas chora pelo Rio Doce

MICHELE RIBEIRO

4º período

Todos os mineiros (pelo

menos deviam ter sido todos)

assistiram a grande tragédia que

ocorreu no município de Mariana.

No dia 5 de novembro, a barragem

de contenção de rejeitos na

empresa Samarco rompeu-se dei-

xando um cenário de destruição no

município de Bento Rodrigues. Um

rio de lama se formou e literalmente

tomou conta da cidade. Pessoas

ficaram desabrigadas, perderam

tudo o que tinham, sem contar que

vidas também foram perdidas. Por

falar em vida, devemos nos lembrar

da morte do rio Doce.

O rio Doce, um rio que tem sua

nascente em Minas e passa pelo

estado do Espirito Santo, era a fonte

de água potável para a população

que vivia nos municípios do

entorno. Como recuperar as águas

doces do rio que agora se tornou

uma grande extensão de uma mis-

tura amarga de minério e rejeitos?

Como fazer para restaurar a fauna e

a flora que foram perdidas?

E quem é o responsável por

essa tragédia? O Governo que

não fiscalizou? A Samarco? O

diretor da empresa, Ricardo Ves-

covi, garantiu que foram cumpri-

das todas as exigências do pro-

grama de emergência aprovado

pela prefeitura de Mariana e pelos

órgãos responsáveis pela fiscali-

zação da mineradora. Mas será

possível uma barragem romper

de uma hora para outra?

Em meio as dificuldades,

também vemos pessoas preo-

cupadas em ajudar e vemos

boa parte dos mineiros arreca-

dando doações para quem

perdeu tudo. Os mineiros cho-

ram, mas ao mesmo tempo,

mostram que ainda sobra for-

ças para a solidariedade. Facebook | Instagram | Youtube | Flickr | Sound Cloud | Twitter

npa.newtonpaiva.br/postcpj

DEBATE COM ESTUDANTESLuciana Genro conversa com alunos da UFMG durante vinda a Belo Horizonte; ex-presidenciável faz crítícas ao PT e às políticas conservadoras do Congresso.

IZAMARA ARCANJOeditora

Ajudar a pensar um jor-

nal laboratório não é nada

fácil, mas ao tempo é desa-

fiador. Ainda mais quando

este jornal faz parte de um

projeto maior, de um jorna-

lismo multiplataforma, que é

pensado para multiplicar a

informação em variadas

mídias e formatos.

Nesta primeira edição do

The Post procuramos diversi-

ficar as notícias abordadas,

atender à expectativa de

variados públicos, mas sem

nos esquecermos dos princí-

pios fundamentais dos jor-

nais laboratoriais: dar vazão à

experimentação constante,

consolidar novas formas de

l inguagem, conteúdos e

apresentação gráfica.

Os alunos da Central de

Produção Jornalística (CPJ)

desenvolveram um material

rico em questões polêmi-

cas, matérias divertidas,

crítica de cinema, ensaio

fotográfico, tudo isso, à dis-

posição On demand na

internet. Apreciem !

N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj

VEJA TAMBÉM

3Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

cotidiano

Bate papo e muito esporteDANIEL SILVA

4° período

Uma palestra que mar-

cou os alunos dos cursos de

Comunicação Social do Cen-

tro Universitár io Newton

Paiva. Assim pode ser defi-

nhada a palestra realizada na

noite da terça-feira, 27 de

novembro no auditório Nomi-

nato, no campus 220. Estive-

ram presentes os jornalistas

Oswaldo Reis (Sistema Globo

de Rádio), Adriana Spinelli (TV

Galo e Premier) , Úrsula

Nogueira e Mário Henrique

“Caixa” (Rádio Itatiaia). O

evento foi apresentado pela

professora Izamara Arcanjo,

juntamente com a coordena-

dora do curso de jornalismo

Juliana Dias.Mais que integrar

alunos e profissionais, o

evento ajudou familiarizar os

estudantes com sua futura

área de trabalho.

Em um bate papo des-

contraído, que durou cerca

de três horas, os convidados

puderam compartilhar suas

experiências de vida e até a

consolidada carreira profis-

sional. Vinicius Willen é aluno

do 4° período de jornalismo e

comentou a importância de

um evento como esse. ” Meu

sonho é trabalhar no meio

esportivo, e ter a oportuni-

dade de tirar dúvidas com

profissionais renomados

como eles, só aumenta ainda

mais minha vontade de

seguir nessa caminhada”,

afirma Willen.

Quem também aprovei-

tou para tirar suas dúvidas

sobre os bastidores da notí-

cia foi Alberto Carvalho,

a luno do 3° per íodo do

c u r s o d e j o r n a l i s m o .

Segundo ele, é um sonho

realizado e um estímulo a

mais. “É magnífico, você

ouve o rádio e não tem a

noção de quanto é traba-

lhoso para que tudo saia per-

feito a nós ouvintes. Esse é um

momento ímpar que só vem a

acrescentar ao nosso conte-

údo de sala de aula”, diz.

Debate: Izamara Arcanjo, Oswaldo Reis (Pequetito), Úrsula Nogueira, Adriana Spinelli e Mário Henrique (Caixa)

YCARO RODARTE3º período

De uns anos para cá, o

a u m e n t o d e m u l h e r e s

comandando um programa

esportivo tem sido conside-

rável. Programas como Jogo

Aberto, da TV Bandeirantes,

que é apresentado por

Renata Fan desde 2007;

Bate Bola, na ESPN, anco-

rado por Marcela Rafael ao

lado de Bruno Vicari, além, é

c l a r o , d o E s p o r t e - M G ,

c o m a n d a d o p o r M a í r a

Lemos na TV Globo são

exemplos da abertura que o

esporte deu para as profis-

sionais do jornalismo. Sem

contar com as editorias e a

coordenação de esportes.

Esse cenário é bem dife-

rente do que se havia há uns

10, 20, 30 anos atrás, como

nos conta Adriana Spinelli.

Ela foi umas das primeiras

mulheres a cobrir constante-

mente o futebol e o esporte.

“No início foi difícil. Eu tive

que viver com realidades

como por exemplo: após o

término das partidas entre-

vistar os jogadores nos ves-

tiários. Quando nós (mulhe-

res) tentávamos entrar, éra-

mos barradas” diz.

Adriana ainda ressalta

que não foi fácil mudar essa

realidade na época para ser o

que é hoje em dia e assegura:

“Eu costumo dizer que o difí-

cil é arrancar as árvores,

depois quem segue a estrada

é mais fácil”, revela. Apesar

disso, ela afirma que nunca

teve problemas com colegas

e que sempre foi muito res-

peitada. Hoje, Adriana é

repórter da TV Galo e asses-

sora de comunicação.

O u t r a p r e s e n t e n a

palestra dessa terça foi

Úrsula Nogueira, coordena-

dora de esportes da Rádio

Itatiaia desde 2011. É a pri-

meira mulher nesse cargo

em 60 anos da rád io .

Segundo ela, o algo a mais

para a mulher é o domínio da

informação. “Você tem que

most ra r conhec imento .

Além de ser mulher tem um

p reconce i to no rma l na

sociedade, você tem que

estar no meio (esportivo)

sabendo um pouco mais ou

igual os homens”.

Mulheres ganham espaço na cobertura esportiva

MIIC

HE

LE R

IBE

IRO

N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj

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4Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

Protestos contra Cunha e o ajuste fiscal ocupam

as ruas do BrasilNATÁLIA PRADO

2º período

A crise econômica mun-

dial iniciou-se com a quebra de

instituições financeiras dos

EUA e da Europa em 2008,

porém suas consequências

negativas se deram em cadeia

pelo mundo e foram fator catali-

sador da recessão econômica

que atingiu o Brasil no primeiro

semestre deste ano. Como

resultado, desencadeou-se

o aumento do desemprego,

da miséria e a redução de

direitos trabalhistas.

Ainda que a economia

permaneça patinando, os

bancos e bilionários conti-

nuam lucrando e aumen-

tando suas fortunas. Con-

tudo, o ajuste fiscal proposto

pelo ministro Joaquim Levy,

visa diminuir o déficit das

contas públicas por meio de

redução de investimentos

sociais e cortes na educa-

ção, tornando as camadas

mais pobres da população

as únicas a sentir o ônus pelo

fim da recessão econômica.

Inconformados com a

política de austeridade, 28

movimentos sociais se uniram

sob o nome de “Frente Povo

Sem Medo” afim de pressionar

o governo por mudanças. O

grupo organizou os protestos

que ocorreram em 14 capitais

no domingo, dia 08 de novem-

bro, exigindo que a crise seja

paga por meio da taxação de

grandes fortunas, auditoria

da dívida pública e suspen-

são de compromissos com

os banqueiros.

A saída as ruas requereu

igualmente a destituição de

Eduardo Cunha do cargo de

Presidente da Câmara dos

Deputados, em razão das

acusações de corrupção, e

questionou as medidas anti-

populares e antidemocráti-

cas do Congresso Nacional,

como a redução da maiori-

dade penal, ampliação das

terceirizações, tentativas de

privatização da Petrobrás e

a lei antiterrorismo que cri-

minaliza lutas populares.

Entre todas as estas medi-

das, destaca-se ainda a PL

5069/2013 de autoria do

presidente da Câmara que

gerou imensa reação con-

trária das mulheres por pre-

carizar o atendimento às

vítimas de estupro pelo SUS

e dificultar o acesso à pílula

do dia seguinte.

SÃO PAULO REÚNE 50 MIL

Em São Paulo, cidade

onde ocorreu o maior pro-

testo, reuniram-se cerca de

50 mil pessoas com ampla

participação de militantes da

CUT e do MTST. Em Belo Hori-

zonte, destacou-se a pre-

sença das Brigadas Popula-

res, O Movimento de Luta nos

Bairros, Vilas e Favelas (MLB),

grupos feministas e movi-

mentos da juventude que

reuniram cerca de 1.500 pes-

soas de todas as idades. As

pautas feministas dominaram

o ato que transcorreu pacifi-

camente. A concentração

começou timidamente, às 9

horas da manhã, na Praça

da Liberdade e terminou por

volta das 13 horas ,na Praça

da Estação, centro da capi-

tal mineira.

PSOL aposta em movimentos

sociais para mudar o país

Manifestantes contra Presidente da Câmara, Eduardo Cunha

NATÁLIA PRADO2º período

Advogada e fundadora

do Partido Socialismo e Liber-

dade (PSOL), Luciana Genro

ficou em quarto lugar na

última disputa eleitoral. Sem

preocupação em citar assun-

tos polêmicos, fascinou

milhões de jovens por sua

coragem. Genro se tornou a

primeira candidata à presi-

dência da história brasileira a

defender publicamente os

direitos civis da comunidade

LGBT. Também não teve

receio em desafiar interes-

ses da famí l ia Mar inho

durante debate promovido

pela própria Rede Globo ao

declarar a importância do

recolhimento de impostos

sobre grandes fortunas.

A ex-presidenciável che-

gou à capital na quarta-feira

(28) para visitar o PSOL de

Minas. O partido acabou de

eleger como presidente Sara

Azevedo, professora de Edu-

cação Física da rede estadual

de ensino e militante pelo

Movimento de Esquerda

Socialista desde 2006. Aze-

vedo é natural de Belém do

Pará, vive em Belo Horizonte

desde 2010, tendo partici-

pado ativamente de diversas

lutas sociais, como a luta pela

redução da tarifa de ônibus.

NATÁLIA PRADO

política

N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj

VEJA TAMBÉM

5Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

política

Luciana Genro fala com o The PostNATÁLIA PRADO

2º período

Luciana Genro tem 44 anos. É

advogada e filha do ex-governa-

dor do Rio Grande do Sul, Tarso

Genro do PT, e foi no PT que aos

14 anos começou a militância

política. Foi eleita duas vezes

deputada estadual e federal. Em

2003, Luciana Genro votou con-

tra a reforma da previdência e foi

expulsa do PT juntamente com a

Senadora Heloisa Helena. Em

2004, ajuda a fundar o PSOL. Já

em 2014, disputa as eleições

presidenciais pelo partido. A

ex-presidenciável conversou

com o The Post sobre a atual

situação do país, fez críticas ao

governo e falou sobre as propos-

tas do PSOL.

The Post: Você é filha do Tarso

Genro do PT e iniciou sua carreira

política pelo mesmo partido, como

hoje você avalia os governos petis-

tas de Lula e Dilma?

LG: Eu vejo que o PT é um

partido que cumpriu um papel

importante no momento que

surgiu como expressão das

lutas dos operários, dos estu-

dantes, da luta contra a dita-

dura, mas escolheu um cami-

nho que acabou deixando ele

muito parecido com os parti-

dos tradicionais e, portanto, já

não serve mais como um

m o d e l o d e p a r t i d o d e

esquerda, pelo menos não da

esquerda que nós queremos

construir. Por isso lá já no início

do governo Lula nós começa-

mos a criticar certas escolhas

que ele vinha fazendo, como a

manutenção da política eco-

nômica do Fernando Henri-

que, como as indicações aos

ministérios de figuras tradicio-

nais da direita como o Henri-

que Meireles, que vinha do

PSDB, o Sarney como presi-

dente do Senado e outros tan-

tos que se aliaram ao PT como

o próprio Collor E por isso, nós

construímos o PSOL.

The Post: Estas críticas

contribuíram para sua saída do

PT e te inspirou a fundar um novo

partido?

LG: Exatamente. Nossa

decisão ao fundar o PSOL era

justamente nos manter coe-

rentes. Nós não aceitávamos

a ideia e não aceitamos a ideia

de que quem chega no poder

tem de se moldar à essas

estruturas. Nós entendemos

que é preciso chegar ao

poder para mudar essas

estruturas. Para colocar abaixo

esse tipo de política que não

serve aos interesses do povo.

E para isso é preciso chegar no

poder sendo coerente, sem

fazer alianças a qualquer

preço com figuras das mais

lamentáveis da política.

The Post: Quais são as prin-

cipais mudanças estruturais e

políticas que o PSOL defende?

LG: Eu falei sobre isso na

campanha eleitoral. A primeira

questão que a gente precisa

atacar é o problema da dívida

pública, que hoje o país é

refém do capital financeiro,

dos especuladores. Fazer

uma auditora nessa dívida,

como já fez o Equador, como já

fez a Grécia, é fundamental

para se identificar as incoerên-

cias deste processo da cons-

trução dessa dívida, dos abu-

sos que foram cometidos e se

realmente ainda se deve e

quanto se deve, porque toda

nossa política econômica hoje

é voltada para garantir o paga-

mento de juros da dívida. E a

segunda questão fundamen-

tal é a estrutura tributária. Ela

penaliza o assalariado, a

classe média, o trabalhador, e

protege os milionários. Então

fazer o imposto sobre gran-

des fortunas, diminuir as isen-

ções e benefícios que existem

para os grandes, como os

bancos que são os que mais

lucram e os que menos

pagam impostos para se ter

mais recursos para poder

investir nas áreas que real-

mente interessam ao povo.

The Post: Nós temos hoje

um congresso muito conserva-

dor com bancadas fortes popu-

larmente chamadas de banca-

das do boi, da bala e da bíblia.

Para você quais são os motivos

de termos hoje um crescente

discurso reacionário das pes-

soas e de nossos políticos?

LG: Eu acho que existe

uma polarização no Brasil.

Nós temos avançado muito

no que diz respeito aos direi-

tos dos LGBTs, aos direitos

das mulheres e há uma rea-

ção conservadora que tenta

barrar esses avanços, então,

há uma disputa política. Mas

no balanço final eu acredito

que nós já avançamos muito

mais do que estes setores

reacionários podem conse-

guir fazer retroceder. Por outro

lado, o PT tem uma responsa-

bilidade grande no cresci-

mento do conservadorismo,

porque eles deram fôlego

para estes setores.

The Post: Qual a sua opinião

sobre a tentativa de impeach-

ment da Dilma?

LG: Eu acho que peda-

lada fiscal não é razão para

impeachment. Fala-se muito

das pedaladas, mas não se

explica o que ela é. Pedalada

fiscal é simplesmente adiar o

pagamento de uma dívida e

isto não é crime, e pode até

ser necessário e justo depen-

dendo para que que se usa o

dinheiro que deveria ir para

pagar essa dívida. O pro-

blema da Dilma não são as

pedaladas. O problema da

Dilma é a corrupção que é de

todo o governo do PT. Mas

um impeachment conduzido

pelo Cunha e incentivado

pelo PSDB jamais terá o

apoio do PSOL.

LUIZA PRADO

N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj

VEJA TAMBÉM

6Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

vox print

Conheça o projeto Damas da CaridadeDANIEL SILVA

4º período

O Santuário da Saúde e

da Paz, conhecida como Igreja

do Padre Eustáquio, é um local

onde vários fieis comparecem

para professar a sua fé. Eles

participam de missas, nove-

nas e outros eventos religio-

sos. Como quase toda institui-

ção religiosa, a antiga igreja

envolve-se com causas e pro-

jetos sociais. Um deles é a

manutenção do pro je to

Damas da Caridade.

Idealizado pelo então

Padre Vigário em 1948, mas

registrado apenas em 19 de

novembro de 1951, o projeto

busca por meio das colabora-

ções de fiéis e devotos de

Padre Eustáquio, ajudar famí-

lias de baixa renda e morado-

res de rua. Liderada por Dona

Isabel Leite, desde de 1956, a

instituição realiza ao longo de

seus 70 anos, atividades

como: doações de donativos,

cestas básicas, compra de

materiais de construção,

pagamento de contas de

água e luz, e até mesmo auxí-

lio funerário. ” Nós procura-

mos seguir o legado deixando

pelo Padre Vigário: ajudar

aqueles que realmente preci-

sam. É o que pretendo fazer o

resto da minha vida”, garante

dona Isabel.

De acordo com Dona

Isabel, já são mais de 140

famílias cadastradas no pro-

jeto, e as visitas à sete do

projeto são necessárias para

que o beneficiado possa

comprovar a necessidade

real de ajuda. A entidade

ainda serve todas as quintas-

feiras, um almoço aos mora-

dores de rua, além de provi-

denciar itens de higiene pes-

soal. Atualmente 30 senhoras

cooperam na instituição,

onde realizam processos de

costura, limpeza e preparo

dos alimentos.

O projeto Damas da

C a r i d a d e , f u n c i o n a d e

segunda a sex ta - f e i r a ,

(exceto quarta-feira) ,a partir

das 8h. O endereço é rua

Castigliano, n°818, bairro

Padre Eustáquio-BH.,

Tradição do Congado mantêm-se viva YCARO RODARTE

4º período

Organizada desde de

1943, a Festa Nossa Senhora

do Rosário, mais conhecida

como Festa do Congado, é

uma das mais tradicionais da

região Noroeste de Belo Hori-

zonte. A festa é realizada pela

Guarda de Congo Feminina,

localizada no bairro Apare-

cida e se tornou uma atração,

sendo apoiada pela prefei-

tura de Belo Horizonte. A

novidade desse ano foi a

Concentração da Guarda do

Congo pela manhã com a

chegada das Guardas Visi-

tantes e Convidados, que

foram seguidas de café da

manhã, almoço e procissão.

Tradição afro-brasileira

O Congado é uma mani-

festação religiosa afro-brasi-

leira, que remete às tradições

e costumes de Angola e do

Congo. As danças, por

exemplo, lembram a coroa-

ção do rei congolês e da rai-

nha de Angola. A celebração,

realizada no Brasil desde o

século XVII, é marcada tam-

bém por elementos religio-

sos católicos.

A F e s t a d e N o s s a

Senhora do Rosár io, do

bairro Aparecida, foi ideali-

zada por Francisco Carolino,

pai de duas das três organi-

zadoras do evento. Neusa

Pereira, 67 anos, é a respon-

sável pelas comidas servidas

durante o evento “Tenho essa

tradição desde mais jovem.

Isso veio do meu pai, um dos

que ajudaram a realiza-la

aqui na região, porque essa

cultura já vem de muitas

décadas. Tudo começa aqui

em minha casa, a capela é

aqui e a festa começa aqui”,

conta. Maria Aparecida, irmã

de Neusa, conta com a ajuda

de Dona Zilda Lisboa,66, na

organização da procissão e

do congado, embelezando

ainda mais o ambiente.

Na abertura do evento

deste ano, os moradores

participaram de uma novena

na capela local. Além da

novena, o início dos festejos

contou também com o levan-

tamento do mastro da ban-

deira com direito à barraqui-

nha e várias atrações, aproxi-

mando a inda ma is aos

moradores com a festa que

mistura fé e cultura.

SEM APOIO

A realização da festa,

porém, pode estar com os

dias contados. Neusa Pereira

revela que após anos de

dedicação ao evento, a

comunidade não tem mais

reservas para manter acesa a

tradição centenária. “Como

não temos verba de nenhum

lugar e nem patrocínio, con-

tamos apenas com um apoio

da prefeitura. Não temos

mais condições de manter a

festa por mais alguns anos,

tanto é que esse ano, tivemos

um dia a menos”, explica.

Integrantes do projeto Damas

da Caridade em mais um dia de

trabalho

FERNANDO BEZERRA

7Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

vox print

BRUNO SILVA 4º período

O Santuário da Saúde e

da Paz é a mais nova capela

de Belo Horizonte. Conhe-

cido como Igreja do Padre

Eustáquio pela comunidade

local, o santuário promove

vários projetos sociais. Um

deles é a manutenção da

Creche Padre Eustáquio, que

acolhe atualmente 169 crian-

ças. Fundada no início da

década de 90, a instituição

recebe meninos e meninas

com idade entre 1 e 5 anos,

em período integral. No local,

os pequeninos têm acesso a

atividades variadas, que esti-

mulam e contribuem para a

formação intelectual e social

das crianças.

Assim como tudo que há

na paróquia, a creche home-

nageia ao Padre Eustáquio

que sempre sonhou com a

criação da inst i tuição.

Desde que Eustá-

quio chegou

à comuni-

d a d e ,

m u i t o s

p r o j e t o s

são realiza-

dos para ajudar

aos mais necessi-

tados, como conta o

padre Vinicius Maciel,

responsável do santuário e

presidente da associação.

Segundo ele, a creche foi

fundada há cerca de 25 anos,

inspirada numa caracterís-

tica marcante do beato. “Ele

tinha grande preocupação

em ajudar as pessoas mais

necessitadas e com as crian-

ças não era diferente. Certa

vez, ele escreveu que não

conseguiria dormir em paz

vendo as crianças de sua

comunidade desampara-

das. Ele foi a inspiração para

o surgimento da creche, ”

afirma o padre.

O religioso revela ainda

como a instituição é susten-

tada por doações feitas pela

comunidade. Ele ressalta

que sem a ajuda das pes-

soas a creche não sobrevive-

ria. “Só a dois anos atrás é

que conseguimos um convê-

nio com a prefeitura de Belo

Horizonte, que nos ajuda

com uma verba. Recebemos

também uma doação men-

sal do grupo Amigos da Cre-

che Padre Eustáquio, diz

padre Vinícius.

A creche Padre Eustá-

quio conta hoje com vinte e

dois funcionários, dos quais

dez são professoras, três são

funcionários de apoio, e os

outros se dividem entre as

atividades de porteiro, cozi-

nheiras e serviços gerais.

ATIVIDADES

A creche Padre Eustá-

quio está aberta para receber

crianças de qualquer bairro

de Belo Horizonte. Pela

manhã, ocorrem aulas peda-

gógicas, incluindo 40 minu-

tos de Ensino Religioso, no

qual as crianças aprendem

sobre valores, ética e res-

peito. Apesar de ser católica,

a instituição não prega a reli-

gião e admitem crianças de

todas as crenças. Já à tarde,

são realizadas oficinas com

temas diversos, como musi-

calização, nutrição, jogos e

br incadeiras, educação

física e dança. “A ideia é

implantar um projeto de infor-

mática e iniciar uma campa-

nha para construir um parqui-

nho para as crianças dentro

da creche, revela padre Viní-

cius.

DOAÇÕES

A creche recebe doa-

ções t an to f i nance i r as

quanto materiais. Para doar

quantias em dinheiro, basta

fazer o depósito nos envelo-

pes que ficam disponibili-

zados na ig re ja ou

d i r e t a m e n t e n a

conta bancár ia

da paróquia. É

possível tam-

bém fazer doa-

ções pelo tele-

fone. O número é

(31)2531–5488.

J á d o a ç õ e s

materiais devem

ser feitas direta-

mente na creche,

localizada na rua

Hen r ique Gor-

c e i x , 3 4 0 ,

bairro Padre

Eustáquio.

Creche apoia crianças carentes

FER

NA

ND

O B

EZE

RR

A

8Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

NATÁLIA PRADO 2º período

Assim como há aqueles

que usam o cinema como uma

fuga da realidade, outros o uti-

lizam para refletir sobre ela.

Este é o caso de “Que horas

ela volta?” que escancara todo

o preconceito sócio–econô-

mico mascarado pelas famí-

l ias que fazem parte do

pequeno grupo de privilegia-

dos do Brasil. O filme retrata a

história de Val (Regina Casé),

uma mulher carinhosa e amá-

vel que saiu de Recife há mais

de uma década em busca de

uma vida melhor em São

Paulo. A personagem acaba

indo trabalhar como empre-

gada doméstica na casa de

Bárbara (Karine Teles) e Zé

Carlos (Lourenço Mutarelli).

Parte do dinheiro que ganha,

ela envia à família que ficou em

sua terra natal.

Val que não vê a própria

filha a mais de 10 anos, depo-

sita todo seu amor maternal

em Fabinho (Michel Joelsas),

filho de seus patrões que ajuda

a criar. Ela está lá não apenas

para limpar a casa, passear

com o cachorro, regar o jardim

ou servir o almoço, mas até o

guaraná é entregue na mão

dos patrões e os pratos sujos

são buscados no quarto.

As cenas são constante-

mente filmadas na cozinha

da casa de modo a retratar a

perspectiva da protagonista.

Percebemos, logo cedo,

como ela parece confortável

com seu lugar nesta família.

Eles a tratam bem, pagam

um bom salário e isto parece

ser suficiente.

Bárbara diz a ela que é

quase da família, mas o casal

não vê problema em deixar

uma quase parente dormir

num quarto minúsculo no

fundo, sem ventilação, fazer

com que ela almoce após todo

mundo e que não coma da

mesma comida.

A dinâmica familiar muda

quando chega a filha de Val,

Jéssica (Camila Márdila), para

se preparar para prestar vesti-

bular de Arquitetura e Urba-

nismo na USP. Ela desafia

constantemente as regras

quando toma café na mesa

dos patrões, quando almoça

com Carlos, come o sorvete de

Fabinho e quando aceita que a

patroa de sua mãe faça um

suco para ela.

O brilhante “Que horas

ela volta?” como um todo

denuncia a violência simbólica

e o preconceito social de uma

elite. É uma sensível história

que revela a necessidade de

bolsas de estudo, cotas, cur-

sos noturnos, creches, resi-

dências estudantis, bandejões

e transporte público barato.

Um lembrete que demonstra a

importância de criarmos uma

sociedade mais justa, igualitá-

ria e inclusiva.

ELIAS COSTA 4° período

O Festival Internacional

de Quadrinhos (FIQ) deste

ano homenageou o baiano e

quadrinista Antônio Cedraz,

dono de uma carreira conso-

lidada e reconhecida mun-

dialmente. O cr iador da

“Turma do Xaxado” teve

diversas tiras publicadas em

dezenas de jornais e revistas

do Brasil e em outros países

como, Angola, Cuba e Portu-

gal, onde foi intitulado de um

dos mestres das HQs.

O FIQ é realizado a cada

dois anos na capital mineira.

A organização do encontro é

de responsabilidade da Pre-

feitura de Belo Horizonte e da

Fundação Municipal de Cul-

tura. Esse ano, o evento ocor-

reu entre os dias 11 e 15 de

novembro na Serraria Souza

Pinto, e a visitação foi aberta

ao público gratuitamente. C.

Os cartunistas contaram

para um público variado

como é feita a produção das

revistinhas, desde o surgi-

mento da ideia até a sua ilus-

tração e também a exposição

de todo o material artístico.

Os contos abrangem contos

infantis, policiais, ficções,

sexo, entre outros.

Durante o festival, os

artistas exploram o universo

dos quadrinhos de forma

bem simples e objetiva. Eles

falaram ainda da dificuldade

enfrentada para transpor

determinado assunto para o

papel e ainda como traba-

lhar com o tema sexo nos

quadrinhos.

cultura

Que Horas ela volta?DIVULGAÇÃO

HELÔ COSTA

Jornalismo marca presença no FIQ

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9Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

variedades

ensaio fotográfico

Chefs para o futuroELIAS COSTA

4o período

Tudo começou no ano

de 2012 quando surgiu uma

parceria do Lar dos Meninos

com o projeto, que visava

oferecer oportunidades de

estudos e de aproximação

com o mercado de trabalho

para jovens carentes. Através

de um curso que qualifica

futuros chefs de cozinha, o

objetivo dos coordenadores

foi se tornando cada dia

mais possível por meio do

Projeto Mãos à Obra que

pouco tempo depois de ini-

ciado já formou 12 alunos,

sendo que 7 deles já foram

encaminhados ao mercado

de trabalho e hoje trabalham

de carteira assinada.

Ao longo desses poucos

anos de minist ração do

curso, é possível ver e conhe-

cer o trabalho de algumas

pessoas que através da

superação estão alcançando

lugares de prestígio em res-

taurantes renomados de

B e l o H o r i z o n t e . M a s o

sucesso aqui não está condi-

cionado apenas aos dotes

culinários, todos os alunos

são submetidos a acompa-

nhamentos por profissionais

da educação. É necessário

também um bom desempe-

nho nos estudos, o conheci-

mento de novas culturas

através de incentivos a leitura

e isso é um propósito do

curso preparatório, uma vez

que o cronograma visa des-

pertar o aprendiz para um

bom relacionamento não só

com as pessoas no âmbito

familiar, mas também, com a

sociedade no geral.

Outro acréscimo que o

projeto oferece para esses

alunos é a oportunidade de

cuidar da saúde por meio de

consultas médicas que o

Projeto Mãos à Obra disponi-

biliza. O aluno Breno Luiz de

19 anos se sente privilegiado

por fazer parte desse plano

de sucesso. “Você tem que

ser um profissional exemplar,

procurar fazer o melhor”,

esse é um dos segredos para

ter sucesso no curso.

Fotos da estagiária da CPJ Natália Prado durante

manistações em Belo Horizonte.

Estágiarios da CPJ gravam no Lar São Vicente de Paula

Equipe de alunos do Lar São Vicente de Paula

FOTOS AGNUS CORDEIRO

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10Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

cotidiano

AIDS volta a assombrar a juventudeELIAS COST

4º período

No ano de 1982, uma

nova doença surge no Haiti,

EUA e África Central, o Vírus

d a I m u n o d e f i c i ê n c i a

Humana (HIV), doença que

ficou conhecida como Aids.

Os Estados Unidos passa-

ram, então, a se preocupar

com a aparição de pessoas

infectadas. Apesar do pouco

tempo da descoberta do

vírus, os especialistas identi-

ficaram o mal como Doença

do 5 H, uma representação

dos homossexuais, hemofíli-

cos, haitianos, heroinôma-

nos (pessoas que faziam o

uso de heroína injetável) e os

hookers, profissionais do

sexo. Os anos seguintes

s e r i a m m a r c a d o s p e l a

intensa busca da medicina

em definir verdadeiramente a

origem e as prováveis formas

de infecção. No Brasil, o pri-

meiro caso é registrado em

uma mulher no ano de 1983,

logo após, conseguiram noti-

ficar que uma criança havia

sido infectada. Agora, 32

anos depois, a doença volta

com força e ataca jovens

com idade entre 13 a 25 anos

que, hoje, formam o grupo

onde há o maior índice de

contaminação, segundo o

Ministério Saúde.

A maioria desses jovens

declaram não usar preservati-

vos com seus parceiros sexu-

ais. Muitos deles costumam

frequentar ambientes onde a

prática livre do sexo é comum,

principalmente em saunas. O

denominado “Dark Room” ou

quarto escuro é o

local onde os casais

se relacionam livre-

mente. O assis-

tente de planeja-

mento, A. Souza,

20, que já frequen-

t o u o e s p a ç o

revela: “o ambiente

é formado por sen-

sações onde cada

um faz a sua,

para alguns,

é algo total-

mente pra-

zeroso, para

outros misterioso, arr is-

cado. É um ambiente de

aventura, onde há oportuni-

dade para praticar o bem ou

o mal”, afirma.

A liberdade é condicio-

nada a algumas regras impos-

tas pelo estabelecimento. É

preciso ser maior de idade,

drogas e bebidas não são

permitidas e o visitante precisa

usar apenas uma toalha sobre

seu corpo. “Dentro do recinto

existe apenas um objeto, uma

cama redonda gigante, onde

só é possível chegar até ela

por meio do tato”, confiden-

ciou Souza.

A música ambiente, o

snack bar, os sofás, compõem

os diversos ambientes. Além

disso, a casa também oferece

para usuários, sauna seca,

cabine de tv, entre outros. De

acordo com o assis-

tente de p laneja-

mento, “lá chega a

ser tão propicio que,

o cliente pode ape-

nas relaxar, como

aproveitar a tentação

do lugar para o público

gay”, conclui.

SEM PUDORES

O Promoter

Felipe Oliveira,

24, trabalhou

e m b o a t e s

GLS e con ta

que, existem certos exageros

quando se fala em Dark

Room. “O ambiente se tor-

nou bastante repulsivo e não

tem sido tão agradável para

todos os visitantes, pelo fato

de haver algumas práticas

constrangedoras que inco-

modam os demais frequen-

tadores da sala que querem

um pouco mais de privaci-

dade”, diz o promoter.

De acordo com Oliveria,

mesmo sendo bastante movi-

mento, os frequentadores

dos chamados “dark rooms”

não se constrangem em pro-

mover muitas orgias e até

mesmo o uso de drogas.

Garotos e garotas de pro-

grama são vistos diariamente

dentro dos estabelecimentos

para atender os clientes que

chegam sem acompanhan-

tes. O promoter revela tam-

bém que sempre ocorrem

inconvenientes dentro des-

ses locais: “acontecia que a

pessoa entrava nesse quarto

para ficar mais à vontade com

alguém e ela acabava sendo

roubada, saia de lá sem car-

teira, sem nada, dava boletim

de ocorrência, sempre deu

muita confusão”, garante.

Quem conhece esses

ambientes afirma que, o fato

de casais se relacionarem

livremente, proporciona e faci-

lita a transmissão de doenças

e há ainda aqueles que não

fazem o uso do preservativo,

sendo assim, ficam vulnerá-

veis as doenças sexualmente

transmissíveis. Mas esse não é

só um problema encontrado

nas boates voltadas para o

público GLS, as boates dire-

cionadas para o público hétero

também permitem tal prática.

PROGRAMA

DE COMBATE A AIDS

Há 30 anos, surgia o

Grupo de Apoio à Prevenção à

Aids (GAPA). Est foi a primeira

ONG criada no Brasil e na

América Latina para dar

suporte aos soropositivos. Na

mesma época, o governo

federal lançou o Programa

Nacional de DST e AIDS, que

tinha por finalidade, reduzir a

incidência do HIV e oferecer

ajuda na qualidade de vida

para os portadores do vírus.

Desde então, foram desenvol-

vidas políticas de apoio e

conscientização dentro da

sociedade. Lamentavelmente

os esforços feitos até aqui, tem

apenas o poder de tentar mini-

mizar o problema. De acordo

com Portal Brasil do Governo

Federal, aponta que, aproxi-

madamente 145 mil pessoas

não têm conhecimento de que

são portadores do vírus ou de

outras doenças sexualmente

transmissíveis.

A maioria dos jovens declaram não usar preservativos com seus parceiros sexuais

11Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

variedades

FERNANDA FERREIRA4° período

Uma pesquisa realizada

por uma grande multinacional

de produtos odontológicos

revela que mais de 50% das

crianças de 5 anos de idade já

tiveram cáries. É para diminuir

esta estatística que os alunos

de Odontologia do Centro Uni-

versitário Newton Paiva ofere-

cem, por meio de parcerias,

atendimentos para tratamen-

tos dentários. O projeto “Clí-

nica Bebê” ajuda a levar infor-

mações e serviços às crianças

carentes com idade de 0 a 3

anos e demais pessoas da

comunidade. O projeto é

desenvolvido pelos alunos

dos 7° a 9° período do curso de

Odontologia do Centro Univer-

sitário Newton Paiva. É uma

oportunidade para os alunos

do curso colocarem em prá-

tica o conteúdo aprendido em

sala de aula, e, consequente-

mente, proporcionar à popula-

ção um tratamento de quali-

dade e gratuito.

Thais Lage uma das

estagiarias diz que ao inte-

grar o projeto tem ganhado

muita experiência. “Estou

aprendendo a te r ma is

paciência e cada dia é algo

novo”. Segundo Thais, o tra-

tamento em crianças é sem-

pre um desafio, já que ele não

depende somente delas. “É

um trabalho conjunto de pais

e filho”, revela.

CUIDAR DESDE CEDO É

IMPORTANTE

Para a coordenadora, Veri-

diana Salles, é necessário um

cuidado especial com a saúde

bucal, inclusive na infância, que

é uma fase importante para

a formação do ser humano.

“Infelizmente, nem todos os

pais possuem uma rotina de

manutenção dental dos filhos e

nem todos conseguem fazer a

higienização durante a noite”,

afirma Veridiana.

De acordo com Veridiana

Sales, o cuidado com a saúde

bucal começar desde os pri-

me i ros anos de v ida e ,

segundo a dentista, uma das

principais causas da cárie na

infância é a má alimentação e a

falta de orientação dos pais

para uma boa higiene bucal. ”

Por isso, o projeto “Clínica

Bebê” acompanha o trata-

mento odontológico das crian-

ças, mas também tem o foco

de auxiliar com o acompanha-

mento socioeducativo e psico-

lógico dos pais,” garante.

A coordenadora ainda

revela que o projeto foi ideali-

zado devido à demora no

a t e n d i m e n t o d o S i s -

tema Único de Saúde (SUS),

que é prejudicial a todas as

especial idades l igada à

odontologia, inclusive os tra-

tamentos para crianças, o

que pode agravar o quadro

da saúde bucal delas. ” É

aí que o apoio das parcerias

com o projeto e Newton Paiva

entram em cena permitindo

um atendimento mais rápido

e de boa qualidade”, conclui.

A IMPORTÂNCIA DO

PROJETO

O projeto tem grande

importância para a comuni-

dade uma vez que leva aten-

d i m e n t o d e q u a l i d a d e

para aqueles que não tem

chance de pagar um trata-

mento particular. “O trata-

mento é muito satisfatório,

meu filho é muito bem tratado

pelas dentistas e estudantes.

É uma grande oportunidade,

já que eu não teria condição

para levar meu filho à outra

clínica , pois os dentistas são

muito caros,”afirma Rodrigo,

pai de uma das crianças

atendidas na Clínica Bebê.

Natalia, mãe de Isabela, que

também é cuidada pela clí-

nica, afirma que está muito

satisfeita com o tratamento

que filha vem recebendo.“Eu

até fui em uma clínica particu-

lar, mas tudo seria muito

longo e caro,” ressalta.

É preciso cuidar do sorriso

Na PráticaNa Central de Produção Jornalística da

Newton Paiva (CPJ) todo mundo pode ser

repórter por um dia. Neste vídeo, o repórter foi o

Bruno Silva. Ele ainda era aluno do 1º período

quando se aventurou com uma câmera na

mão.E deu tudo muito certo.

Hoje o Bruno é um de nossos estagiários,

além de ser repórter de TV, ele faz matérias de

rádio, reportagens impressas e ainda divulga

tudo nas redes sociais . Você, aluno da Newton

pode ser o próximo “Na Prática”. Estamos te

esperando!

N A W E Bnpa.newtonpaiva.br/postcpj

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12Número 1 | Novembro de 2015 | Publicação realizada pela Central de Produção Jornalítica Newton - CPJ

cotidiano

AMANDA ARAÚJO 3º período

Eles estão em todos os

lugares, e chamam a atenção

para uma beleza que até

pouco tempo atrás passava

despercebida, camuflada por

alisantes e chapinhas. Esta-

mos falando da volta dos

looks e cabelos afro, bastante

comuns da década de 70. A

mudança revela a adoção de

um novo estilo e a retomada e

valorização da cultura negra.

É ainda consequência de uma

melhor aceitação por parte da

sociedade brasileira de práti-

cas comuns que tem origem

na miscigenação que formou

a população do pais.

Dados do o último censo

do Instituto Brasileiro de Geo-

grafia e Estatística (IBGE),

realizado em 2010, revelam

que aumentou o percentual

de pessoas que se declaram

pretas e pardas no Brasil. O

número de pessoas que se

declararam pardas cresceu

de 38,5% no ano 2000 para

43,1% em 2010. Já o número

dos que se declaravam pre-

tos, subiu de 6,2% para 7,6%,

o que mostra uma mudança

na aceitação da própria cor.

Percebe-se a exaltação

da beleza negra na própria

internet, onde cresce o número

de páginas voltadas para a

valorização dos cabelos cres-

pos e cacheados. Nos grupos,

mulheres de todas as idades

trocam experiências e discu-

tem temas importantes como

o preconceito, feminismo e

auto aceitação. Segundo

Meressa Souza, de 21 anos,

que é uma das administrado-

ras do blog Cacheia, falar

sobre os cuidados com cabe-

los crespos e cacheados é

essencial, já que os conteúdos

desses espaços são feitos por

mulheres desse universo,

mulheres cachedas, crespas e

negras e não por alguém que

não compreende do assunto.

“Falar sobre os cuidados com

cabelos cacheados e crespos

é muito importante se conside-

ramos que ainda existe a

crença de que eles são difíceis

de cuidar. Por falta de informa-

ção e influenciadas por essa

ideia, muitas pessoas buscam

nos tratamentos químicos a

facilidade que os meios de

comunicação de grande

alcance como a televisão e as

revistas atribuem ao liso,

”afirma a blogueira.

UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

Muitas vezes o alisamento

dos fios é imposto desde a

infância, o que pode acarretar

prejuízos psicológicos graves

para quem foi obrigado a modi-

ficar os próprios traços para

seguir um padrão. Segundo a

psicóloga Sylvia Flores,a pri-

meira coisa que acontece é a

destruição do auto estima e

uma total insegurança que a

acompanha toda a vida. “A

pessoa fica fragilizada social-

mente, se sente desqualifi-

cada já que o seu cabelo não é

considerado aceitável e isso é

um problema enorme na for-

mação do gênero,” afirma Syl-

via. Ainda segundo a psicó-

loga, a aceitação da beleza

negra na sociedade eleva a

autoestima da população afro-

descendente e traz, segundo

ela, dignidade humana.

Fernanda Santos, de 19

anos, há cinco não usa quí-

mica nos cabelos ou realiza

qualquer procedimento para

modificar a estrutura dos fios.

Decidiu parar com os proces-

sos já que, segundo ela, che-

gou um momento em que já

não se identificava com os

cabelos lisos.

Ela começou a alisar o

cabelo porque se viu pressio-

nada, já que todos tinham

cabelos lisos, seja de forma

natural ou não. “Parece a coisa

mais estúpida do mundo, mas

eu realmente queria fazer parte

do grupinho”, revela. Fernanda

relata ainda que a mãe não

sabia lidar tão bem com o seu

cabelo, causando incômodos

e excesso de trabalho. Então,

achando que o liso seria mais

prático, aderiu ao estilo.

Fernanda afirma que não

é apenas a beleza negra que

está mais valorizada e sim a

beleza mais natural da mulher.

Para ela, tudo fica mais bonito

ao natural, seja aceitando o

seu cabelo ou o seu corpo.

“Aceitando pequenas coisas,

como o cabelo você vai acei-

tando as pequenas diferen-

ças”. Fernanda conta ainda

que não tinha paciência para

escovar os cabelos e hoje

poder só molhar e sair. Além da

praticidade, ela afirma que

agora se sente ela mesma.

“Antes eu era apenas mais

uma, hoje me sinto mais Fer-

nanda e tenho certeza do que

eu sou de verdade,” conclui.

Fernanda Santos, estudante de Jornalismo

FOTO

S N

ATÁ

LIA

PR

AD

O

Libera o black!

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