Tese_completa Sobre Nucleos de Rigidez

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  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

    AVALIAO DA RIGIDEZ DE PRTICOS TRIDIMENSIONAIS DE CONCRETO ARMADO

    JANES CLEITON ALVES DE OLIVEIRA

    ORIENTADOR: GUILHERME SALES S. A. MELLO CO-ORIENTADOR: ELDON LONDE MELLO

    TESE DE DOUTORADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUO CIVIL

    PUBLICAO: PECC.TD 001A / 09

    BRASLIA/DF: MARO 2009

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    UNIVERSIDADE DE BRASLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

    AVALIAO DA RIGIDEZ DE PRTICOS

    TRIDIMENSIONAIS DE CONCRETO ARMADO

    JANES CLEITON ALVES DE OLIVEIRA

    TESE SUMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA OBTENO DO GRAU DE DOUTOR EM ESTRUTURAS E CONSTRUO CIVIL. APROVADA POR: _______________________________________________ Prof. Guilherme Sales S. de A. Melo, PhD (ENC UnB) (Orientador) _______________________________________________ Prof. Yosiaki Nagato, PhD (ENC UnB) (Examinador Interno) _______________________________________________ Prof. Jos Luiz Vital de Brito, DSc (ENC UnB) (Examinador Interno) ______________________________________________ Prof. Giuseppe Barbosa Guimares, DSc (PUC RIO) (Examinador Externo) ______________________________________________ Prof. Dnio Raman de Carvalho, DSc (UFPa) (Examinador Externo)

    Braslia-DF, 06 de Maro de 2009

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    FICHA CATALOGRFICA OLIVEIRA, J.C.A. de Avaliao da Rigidez de Prticos Tridimensionais de Concreto Armado [Distrito Federal] 2009. xiv, 121p., 297mm (ENC/FT/UnB, Doutor, Estruturas e Construo Civil, 2009). Tese de Doutorado Universidade de Braslia Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental 1.Rigidez 2.Concreto Armado 3.Mtodo dos Elementos Finitos 4.Estabilidade 5.Dinmica 6.Plasticidade I.ENC/FT/UnB II. Ttulo (srie) REFERNCIA BIBLIOGRFICA OLIVEIRA, J.C.A. de (2009). Avaliao da Rigidez de Prticos Tridimensionais de Concreto Armado. Tese de Doutorado em Estruturas e Construo Civil, Publicao PECC.TD 001A/09, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Braslia, Braslia, DF, 121p. CESSO DE DIREITOS AUTOR: Janes Cleiton Alves de Oliveira TTULO: Avaliao da Rigidez de Prticos Tridimensionais de Concreto Armado. GRAU: Doutor ANO: 2009 concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias desta tese de doutorado e para emprestar ou vender tais cpias somente com propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte dessa tese de doutorado pode ser reproduzida sem autorizao por escrito do autor. _______________________________ Janes Cleiton Alves de Oliveira Rua SB-50 Qd.27 Lt.21 Portal do Sol II 74884-660 - Goinia Gois Brasil

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    DEDICATRIA

    Primeiramente ao Senhor Jesus, A Ele, toda honra e toda Glria.

    A minha esposa, companheira e cmplice, Luciana

    Ao meu Beb, que Deus enviou aos meus cuidados, Rayana Aos Meus Queridos Pais.

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    AGRADECIMENTOS

    Aos meus orientadores, Prof. Guilherme e Prof. Eldon, por toda ateno dispensada a este trabalho. Nunca esquecerei o que fizeram por mim e serei grato, por toda minha vida, pela oportunidade que me deram. Ao mestre Prof. Marcello da Cunha Moraes pelo incentivo nos estudos de Ps-graduao. A minha querida esposa Luciana, fiel companheira em todas as etapas de minha vida. Receba, querida, este trabalho como uma prova de meu amor. Ao meu beb, Rayana, sinnimo de orgulho e alegria em minha vida. Aos meus pais, Antnio e Maria, responsveis pela minha educao e pelo meu carter. As minhas irms e cunhados, com muito carinho. Ao Padre Joo Dias, meu segundo Pai. Aos meus melhores amigos: Andr Luiz, Antnio Marques, Cida, Fernando Neves e Marcus Vincius. Vocs so responsveis diretos por todo este trabalho. A todos os Professores do PECC-UnB, em especial: Prof. Teatini, Prof. Paul, Profa. Graziela, Prof. Brito, Profa. Dianne e Prof. Nagato. Responsveis pela minha formao na Universidade de Braslia. Universidade Catlica de Gois e a Universidade Estadual de Gois, pelo incentivo durante os estudos de ps-graduao. Aos professores Jos Alves, Manoel lvares, Alberto Chaer e Antonio Pasqualetto, pelo incentivo e amizade sincera.

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    RESUMO

    AVALIAO DA RIGIDEZ DE PRTICOS TRIDIMENSIONAIS DE CONCRETO ARMADO

    Autor: Janes Cleiton Alves de Oliveira Orientador: Guilherme Sales S. de A. Melo Co-Orientador: Eldon Londe Mello Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil Braslia, Maro de 2009 A avaliao da rigidez de prticos tridimensionais importante para aferir a confiabilidade de projetos estruturais, principalmente os que envolvem edifcios altos, frente aos estados limites ltimos e de utilizao. Nos edifcios de concreto armado, esta avaliao realizada atravs de uma anlise da estabilidade global seja por processos aproximados, determinando o parmetro de instabilidade e o coeficiente z e/ou, por processos mais rigorosos, utilizando por exemplo o mtodo P- ou uma anlise criteriosa de segunda ordem.

    Este trabalho visa contribuir para a avaliao da rigidez de prticos de concreto armado considerando alguns fatores que julgamos relevantes para a anlise como: o aspecto tridimensional da estrutura, a interao conjunta dos elementos lajes vigas pilares, o fator de carga de colapso plstico, o fator de carga crtica de Euler e as freqncias naturais, obtidas atravs de uma anlise de vibraes livres. Atravs de modelagens numricas, baseadas no mtodo dos elementos finitos (MEF), foram produzidos programas, em linguagem Fortran, que permitem avaliar o comportamento de prticos em uma anlise elastoplstica incremental, anlise de instabilidade elstica e anlise de freqncias naturais sob vibraes livres. So apresentadas correlaes entre todos os parmetros envolvidos obtidos de forma simplificada (parmetro e z) e atravs de processos rigorosos (c, cr e ), utilizando o MEF. Os programas desenvolvidos so utilizados em exemplos reais de estruturas de edifcios mostrando o grau de influncia de cada parmetro na rigidez do arranjo estrutural. Palavras-Chave: Concreto Armado Prticos MEF Estabilidade Vibraes Livres

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    ABSTRACT

    EVALUATION OF STIFFNESS IN THREE-DIMENSIONAL FRAMES OF REINFORCED CONCRETE

    Author: Janes Cleiton Alves de Oliveira Advisor: Guilherme Sales S. de A. Melo Co-Advisor: Eldon Londe Mello Post-graduate Course in Structures and Civil Engineering Braslia, March - 2009

    An evaluation of stiffness in three-dimensional frames is important to ensure safety in structural projects, especially in tall buildings, where both ultimate limit state and serviceability limit state have to be considered. In reinforced concrete buildings, this evaluation is calculated through an analysis of global stability, either through approximate methods, determining the parameter of instability and z parameters or by more demanding methods, for example, using the P- analysis. This work aims to contribute to an evaluation of strength in reinforced concrete frames. It considers a few factors which the author deems relevant to the analysis such as:

    1. the tri-dimensional aspect of the structure. 2. the combined interaction of slabs, beams and columns. 3. the plastic collapse load factor. 4. the critical load factor. 5. natural frequencies.

    Using numerical models based on the method of finite elements (FEM), software programs were developed in Fortran language. They allow an evaluation of the behavior of frames in an incremental elastoplastic analysis, in an elastic stability analysis and in one of natural frequencies under free vibrations. Correlations are presented among all of the involved parameters, which were obtained from the simplified methods ( and z parameters) and from the more rigorous methods (c, cr e ), using FEM. These software programs are used in actual building structures and show the degree of influence of each parameter which contributes to the stiffness of the structural framework. Key-words: reinforced concrete frames FEM stability free vibrations

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    SUMRIO

    1 INTRODUO

    1.1 APRESENTAO DO PROBLEMA E MOTIVAO......................................... 01

    1.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECFICOS DO TRABALHO..................................... 02

    1.3 METODOLOGIA..................................................................................................... 03

    1.4 APRESENTAO DOS CAPTULOS................................................................. 04

    2 FUNDAMENTOS TERICOS

    2.1 HISTRICO SOBRE A AVALIAO DA RIGIDEZ DOS EDIFCIOS DE

    CONCRETO ARMADO....................................................................................................06

    2.1.1 O Parmetro ............................................................................................ 07 2.1.2 O Coeficiente z ..........................................................................................13 2.1.3 O Mtodo P-..............................................................................................15

    2.1.4 Anlise Rigorosa de Segunda Ordem..........................................................17

    2.2 SOBRE A EVOLUO DAS PESQUISAS NO CAMPO DA ESTABILIDADE

    GLOBAL.............................................................................................................................20

    2.3 CONSIDERAES SOBRE OS MODELOS DE

    CLCULO..........................................................................................................................22

    2.4 RELAO MOMENTO FLETOR x CURVATURA............................................... 24

    2.5 BASES TERICAS SOBRE A ANLISE PLSTICA.........................................26

    2.5.1 Critrio de Plastificao Lajes...................................................................31

    2.5.2 Critrio de Plastificao Vigas................................................................. 34

    2.5.3 Critrio de Plastificao Pilares................................................................ 36

    2.6 ANLISE DE INSTABILIDADE ELSTICA.......................................................38

    2.7 ANLISE DINMICA DE VIBRAES LIVRES NO AMORTECIDAS......44

    2.8 O CRITRIO DE RANKINE-MERCHANT............................................................50

    3 IMPLEMENTAES NUMRICAS

    3.1 INTRODUO........................................................................................................ 54

    3.2 O PROGRAMA DE ANLISE LINEAR ELSTICA (ALEL)............................. 55

    3.2.1 Consideraes sobre o Elemento de Placa................................................... 55

    3.2.2 O Modelo de Prtico Espacial..................................................................... 66

  • ix

    3.2.3 A Acoplagem Prtico - Placa..........................................................................71

    3.2.4 A Influncia das Paredes Estruturais..............................................................73

    3.2.5 Fluxograma do Programa ALEL....................................................................79

    3.3 O PROGRAMA DE ANLISE DE INSTABILIDADE ELSTICA (AIEL)......... 79

    3.3.1 A Obteno da Matriz de Rigidez Tangente (kT)....................................... 80

    3.3.2 O Fluxograma do Programa AIEL............................................................. 82

    3.4 O PROGRAMA DE ANLISE DE VIBRAES LIVRES (ADVL).................... 82

    3.4.1 Fluxograna do Programa ADVL................................................................ 84

    3.5 O PROGRAMA DE ANLISE ELASTOPLSTICA INCREMENTAL AEPI... 85

    3.6 EXEMPLOS DE CALIBRAO E VALIDAO................................................. 86

    3.6.1 Calibrao do Programa ALEL Deslocamentos no Prtico Espacial...... 86

    3.6.2 Calibrao do Programa ALEL Deslocamentos na Laje Isolada............ 87

    3.6.3 Calibrao do Programa ALEL Acoplamento Prtico Placa............... 88

    3.6.4 Calibrao dos Programas AIEL e ADVL Instabilidade e Dinmica..... 90

    3.6.5 calibrao do Programa AEPI Anlise Elastoplstica............................. 91

    4 APLICAES PRTICAS

    4.1 INTRODUO............................................................................................................ 92

    4.2 EXEMPLO 1 EDIFCIO COM 10 PAVIMENTOS TIPO E COBERTURA........... 93

    4.3 EXEMPLO 2 EDIFCIO DE 12 PAVIMENTOS TIPO E COBERTURA.............. 97

    4.4 EXEMPLO 3 EDIFCIO DE 15 PAVIMENTOS TIPO E COBERTURA............101

    4.5 EXEMPLO 4 EDIFCIO COM 24 PAVIMENTOS TIPO E COBERTURA ...........105

    4.6 ANLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS............................................................ 108

    5 CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

    5.1 CONCLUSES........................................................................................................... 113

    5.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS...................................................... 115

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Freqncia Crtica para casos especiais de estruturas submetidas vibrao pela ao de pessoas (NBR 6118/2003) ........................................................

    47

    Tabela 2.2 Parmetro para Determinao de Efeitos Dinmicos (NBR6123/1988) ..

    48

    Tabela 2.3 - Consideraes sobre a relao CR / C .................................................... 53Tabela 3.1 Deslocamentos Monitorados no Prtico Espacial .................................... 87

    Tabela 3.2 Deslocamentos no centro da laje .............................................................. 88

    Tabela 3.3 Validao do Acoplamento ...................................................................... 89

    Tabela 4.1 Efeitos de Segunda Ordem (Direes x e/ou y) Edifcio 1.................... 95

    Tabela 4.2 Valores de cr, c, cr/c e R Exemplo 1........................................... 95Tabela 4.3 Valores de Perodos Fundamentais e Frequncias Naturais - Exemplo 1 96

    Tabela 4.4 - Efeitos de Segunda Ordem (Direo x ) Edifcio 2................................ 99

    Tabela 4.5 Valores de cr, c, cr/c e R Exemplo 2........................................... 100Tabela 4.6 Valores de Perodos Fundamentais e Freqncias Naturais - Exemplo 2 100

    Tabela 4.7 - Efeitos de Segunda Ordem (Direo x ) Edifcio 3................................ 103

    Tabela 4.8 Valores de cr, c, cr/c e R Exemplo 3........................................... 104Tabela 4.9 Valores de Perodos Fundamentais e Freqncias Naturais - Exemplo 3 104

    Tabela 4.10 - Efeitos de Segunda Ordem (Direo x ) Edifcio 4.............................. 107

    Tabela 4.11 Valores de cr, c, cr/c e R Exemplo 4......................................... 107Tabela 4.12 Valores de Perodos Fundamentais e Freqncias Naturais - Exemplo 4 108

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Edifcios Altos do Mundo ......................................................................... 1Figura 2.1 Anlise da Coluna Isolada ( Parmetro ) ............................................... 8Figura 2.2 - Valores de klim de acordo com o Contraventamento Utilizado .............. 11Figura 2.3 - Simplificao Adotada no Clculo da Inrcia Equivalente ....................... 12

    Figura 2.4 - Clculo das foras horizontais adicionais (sway forces) ....................... 15

    Figura 2.5 Atuao das Sway Forces em um Prtico ................................................ 16

    Figura 2.6 Elemento Indeformado e Deformado Prtico ........................................ 17

    Figura 2.7 Principais Modelos de Clculo Admitidos ............................................... 23

    Figura 2.8 Relao Momento Fletor x Curvatura (Macgregor, 2005)....................... 25

    Figura 2.9 Caractersticas da Ductilidade de Sees Concreto Armado sob Flexo 26

    Figura 2.10 - Modelo de Material Rgido-Plstico ....................................................... 27Figura 2.11 - Teoremas da Anlise Plstica (Mello, 1993)............................................ 28Figura 2.12 - Modelo de Material Elastoplstico .......................................................... 29Figura 2.13 Distribuio de Tenses em uma Seo de Ao ..................................... 30Figura 2.14 Distribuio de Tenses em uma Seo de Concreto Armado ............... 31Figura 2.15 Diagrama de Tenses e Deformaes Seo Retangular .................... 32

    Figura 2.16 Domnios de Dimensionamento ............................................................ 32

    Figura 2.17 Barra Reta Carregada Axialmente .......................................................... 38

    Figura 2.18 Barra Reta Com Carregamento Excntrico ............................................ 39

    Figura 2.19 Problema de Ponto Limite ...................................................................... 40

    Figura 2.20 Modos de Flambagem Coluna Isolada ................................................ 41

    Figura 2.21 - Clculo da Carga Crtica em Prticos ..................................................... 42

    Figura 2.22 Esquema para Modelo Dinmico Discreto (NBR 6123/1988) ............... 49

    Figura 2.23- Curva Carga versus Deflexo Linear e No Linear Elstica ................... 51

    Figura 3.1 Quadro Resumo das Implementaes Numricas .................................... 54

    Figura.3.2 Esquema da Placa Idealizada .................................................................... 55

    Figura 3.3 Plano Mdio Indeformado e Deformado - Teoria de Reissner-Mindlin .. 57

    Figura 3.4 Conveno de Sinais para os Esforos Internos ....................................... 59

    Figura 3.5 Distribuio das Tenses Cisalhantes no Elemento de Placa ................... 60

    Figura 3.6 Condies de Contorno usuais para as Placas .......................................... 62

    Figura 3.7 Elemento Finito Bilinear de 4 Ns ........................................................... 63

    Figura 3.8 - Eixos locais, globais e de referncia ......................................................... 66

    Figura 3.9 - Sistema de Numerao Local .................................................................... 66

    Figura 3.10 - Sistema de Numerao Global ................................................................ 66

  • xii

    Figura 3.11 - Rotao de um Membro de Prtico Espacial em torno do eixo Xm ........ 67

    Figura 3.12 - Representao dos Esforos Internos ...................................................... 68

    Figura 3.13 - Matrizes de Rigidezes Elemento Desconexo de Prtico Espacial .......... 69Figura 3.14 Matriz de Rigidez Global Elemento Desconexo de Prtico Espacial ..... 70Figura 3.15 Graus de Liberdade para o Elemento de Prtico e Placa ........................ 72

    Figura 3.16- Especificao para Paredes Estruturais Segundo a NBR6118 /2003 ....... 73Figura 3.17 - Influncia do Arranjo Estrutural na Anlise com Paredes Estruturais .... 74Figura 3.18 - Idealizao das Colunas Rgidas ............................................................. 75Figura 3.19 - Idealizao das Paredes Estruturais com Furos - Mt. Colunas Rgidas 76

    Figura 3.20 - Vigas com Extremidades Rgidas ........................................................... 77

    Figura 3.21 Translaes/Rotaes Unitrias-Vigas c/ Extremidades Rgidas ....... 77

    Figura 3.22 Fluxograma do Programa ALEL ............................................................ 79Figura 3.23 Graus de Liberdade Elemento de Prtico Plano .................................. 80

    Figura. 3.24 Fluxograma do Programa AIEL ............................................................ 82

    Figura. 3.25 Fluxograma do Programa ADVL .......................................................... 84

    Figura 3.26 Fluxograma do Programa AEPI .......................................................... 85

    Figura 3.27 Portico Espacial (Harrison, 1972)......................................................... 86Figura 3.28 Laje Isolada (Timoshenko & Krieger, 1959)........................................... 87Figura 3.29 Prtico Acoplado Placa ........................................................................ 89Figura 3.30 Modos de Vibrao Prtico Espacial................................................... 90

    Figura 3.31 Anlise Elastoplstica Prtico Espacial............................................... 91

    Figura 4.1 Esquema do Edifcio Exemplo 1 ........................................................... 93

    Figura 4.2 Forma do Pavimento Tipo Exemplo 1 ................................................... 94

    Figura 4.3 Esquema do Edifcio Exemplo 2 ........................................................... 97

    Figura 4.4 Forma do Pavimento Tipo Exemplo 2 ................................................... 98

    Figura 4.5 Esquema do Edifcio Exemplo 3 ........................................................... 101

    Figura 4.6 Forma do Pavimento Tipo Exemplo 3 ................................................... 102

    Figura 4.7 Esquema do Edifcio Exemplo 4 ........................................................... 105

    Figura 4.8 Forma do Pavimento Tipo Exemplo 4 ................................................... 106

    Figura 4.9 Comparao de Valores Parmetro ..................................................... 108Figura 4.10 Comparao de Valores Parmetro z.................................................. 109Figura 4.11 Comparao de Valores Parmetro cr/c........................................... 110Figura 4.12 Comparao de Valores Parmetro R.................................................. 110Figura 4.13 Comparao de Valores Freqncias Naturais f (Hz)........................ 111

  • xiii

    LISTA DE SMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAES 1.ESCALARES Pk carga vertical atuante Ai rea de influncia correspondente coordenada i As rea de ao E mdulo de elasticidade longitudinal fck resistncia caracterstica compresso do concreto G mdulo de elasticidade transversal H altura total da edificao M1d momento de 1. Ordem M2d momento de segunda ordem Md,tot momento fletor total de clculo Mp momento de plastificao My momento de incio de escoamento Nd esforo normal de clculo Pcrit carga crtica de flambagem Q ndice de estabilidade Rc resultante de foras no concreto Rs resultante de foras na armadura T perodo fundamental f freqncia natural de vibrao Vd esforo cortante de clculo Z brao de alavanca ndice de esbeltez parmetro de estabilidade z coeficiente gama z P- mtodo P-Delta a/H relao flecha altura 2.MATRIZES E VETORES A matriz de interpolao a vetor das propores entre as cargas aplicadas estrutura B matriz de deformao do elemento de placa Bc matriz de deformao de cisalhamento do elemento de placa Bf matriz de deformao de flexo do elemento de placa Bi matriz de deformao associada ao n i do elemento de placa D matriz que relaciona tenses e deformaes Df matriz que relaciona tenses de flexo e deformaes de flexo J matriz do jacobiano K matriz de rigidez Kf matriz da contribuio de flexo para a rigidez do elemento de placa KF matriz de rigidez de um elemento de prtico espacial KP matriz da contribuio de rigidez de elementos de placa KFP matriz de rigidez da estrutura composta por prtico e placa KG matriz de rigidez geomtrica KT matriz de rigidez tangente

  • xiv

    L matriz de equilbrio que relaciona esforos nodais e cargas nodais aplicadas MP matriz de massa do elemento de placa MF matriz de massa do elemeto de prtico MFP matriz de massa associada ao n i da estrutura composto de prtico e placa M matriz de massa Nu matriz das funes de forma para interpolao de deslocamentos u vetor de deslocamentos vetor de deformaes vetor de cargas nodais vetor de tenses 3.ABREVIATURAS ACI American Concrete Institute NBR Norma Brasileira Registrada CEB Comit Europen Du Beton

  • 1

    1 INTRODUO

    1.1 APRESENTAO DO PROBLEMA E MOTIVAO

    A presena de edifcios altos est cada vez mais freqente nos grandes centros

    urbanos e desafiam a cada dia os projetistas de estruturas, na concepo de arranjos

    estruturais eficientes, capaz de suportar aes que lhes so impostas com deslocamentos

    admissveis. Os avanos obtidos com a tecnologia dos materiais, projetos mais sofisticados

    de elevadores, o surgimento de computadores e softwares que permitam uma anlise mais

    realista do comportamento das estruturas so alguns dos fatores que viabilizaram a

    construo de concepes cada vez mais altas e esbeltas.

    As torres altas tm sido erguidas com estruturas formadas exclusivamente de

    concreto armado, arranjos estruturais predominantemente metlicos ou uma concepo

    denominada mista, utilizando prticos metlicos aliados a ncleos rgidos de concreto.

    Em menos de 100 anos, de 1931 at os dias atuais, percebe-se um acrscimo significativo

    na altura e na esbeltez dos edifcios.

    Figura 1.1 Edifcios Altos do Mundo (fonte: Council on Tall Buildings and Urban Habitat)

  • 2

    Observando a figura 1.1, que apresenta uma comparao entre os dez edifcios mais

    altos do mundo, percebe-se que o edifcio Burj Dubai , que est sendo construdo

    atualmente nos Emirados rabes, com uma altura total prevista para 610 metros, supera em

    muito o edifcio Empire State, de 381 metros, inaugurado em 1931 na cidade de Nova York

    e considerado como grande representante dos edifcios altos no mundo.

    Sabe-se que o projeto e execuo de um edifcio alto uma tarefa extremamente

    laboriosa e que deve ser tratada com muita responsabilidade e planejamento. No que tange

    ao projeto estrutural, muitos fatores devem ser levados em considerao de forma a prever

    o comportamento destes edifcios frente a diversas aes que lhes so impostas. A

    avaliao da rigidez destas torres, sobretudo da estabilidade global, de suma importncia

    para viabiliz-las. Alguns fatores como os efeitos de segunda ordem, a considerao da

    ao do vento, efeitos de abalos ssmicos e a interao solo-estrutura que, normalmente, so

    negligenciados em projetos de menor porte, so itens essenciais no projeto e que

    possibilitaro a construo de um edifcio alto de forma segura e econmica.

    Uma avaliao da rigidez dos edifcios de concreto armado abordando os

    parmetros de estabilidade previstos nos cdigos normativos e a correlao com outros

    parmetros como o fator de carga crtica de Euler, o fator de carga de colapso plstico e as

    freqncias naturais obtidas em uma anlise de vibraes livres constitui o foco principal

    deste trabalho e ser pormenorizado nos captulos seguintes.

    1.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECFICOS DO TRABALHO

    Como objetivos gerais, este trabalho se prope a contribuir na avaliao da

    estabilidade global de edifcios de concreto armado considerando o aspecto tridimensional

    dos prticos, o lanamento estrutural e as aes atuantes. Ser proposto um sistema

    computacional, em linguagem FORTRAN, baseado no mtodo dos elementos finitos, capaz

    de analisar o comportamento de prticos tridimensionais em uma anlise elstica,

    elastoplstica, de instabilidade e das freqncias naturais de vibrao.

    So estes os objetivos especficos deste trabalho:

    1. Proceder anlise de instabilidade elstica de prticos tridimensionais levando-se

    em considerao o comportamento conjunto de lajes, vigas e pilares e definindo o

  • 3

    fator de carga crtica de flambagem, denominada fator de carga de Euler, para os

    edifcios de concreto armado;

    2. Atravs de uma anlise elastoplstica incremental, considerando as sees

    transversais dos elementos estruturais e armaduras admitidas, definir o fator de

    carga de colapso plstico de prticos tridimensionais;

    3. Determinar as freqncias naturais de prticos tridimensionais atravs de uma

    anlise de vibraes livres;

    4. Correlacionar os resultados obtidos neste trabalho para o fator de carga crtica de

    flambagem, fator de carga de colapso plstico e freqncias naturais com

    parmetros e mtodos utilizados pelos projetistas como o parmetro , o coeficiente z e o mtodo P-;

    5. Estabelecer algumas comparaes com concepes estruturais publicadas na

    literatura e exemplos reais de edifcios projetados. Apresentar algumas concluses

    sobre as correlaes realizadas nos casos estudados.

    1.3 METODOLOGIA

    A fim de atingir os objetivos propostos buscou-se inicialmente uma reviso bibliogrfica sobre referncias que tratavam de assuntos pertinentes a este trabalho como

    efeitos de segunda ordem em edifcios, parmetros de instabilidade, modelagem numrica

    de prticos tridimensionais, anlise de instabilidade elstica, plasticidade e anlise

    dinmica.

    As anlises necessrias neste trabalho foram realizadas atravs de 4 programas,

    desenvolvidos pelo autor, utilizando a linguagem FORTRAN, possibilitando a anlise

    elastoplstica, anlise de instabilidade elstica e a anlise de vibraes livres. Optou-se pelo

    desenvolvimento de programas prprios onde seria facilitada a implementao das

    hipteses de clculo e a possibilidade de fazer vrias simulaes, de uma maneira mais

    conveniente para o trabalho. No incio do trabalho pensou-se em trabalhar com softwares

  • 4

    comerciais disponveis no mercado e esta idia logo foi descartada devido dificuldade de

    implantao das sub-rotinas em pacotes fechados, principalmente as subrotinas utilizadas

    na anlise elastoplstica.

    Objetivando calibrar e validar os resultados dos programas desenvolvidos optou-se

    por exemplos j consagrados na literatura variando-se a discretizao em cada modelo,

    monitorando esforos e deslocamentos e comparando os resultados com softwares

    conhecidos como o SAP2000 e o TQS. Nas anlises realizadas so necessrios como

    entrada de dados as caractersticas geomtricas dos elementos estruturais, tipo de material

    (mdulo de elasticidade e coeficiente de Poisson) e a informao prvia das armaduras de

    pilares, vigas e lajes. Estas armaduras foram obtidas atravs de uma anlise elstica inicial e

    para o dimensionamento das armaduras, utilizou-se o software TQS, com verso em

    conformidade com a NBR6118/2003.

    1.4 APRESENTAO DOS CAPTULOS

    Uma vez exposto o problema a ser estudado e estabelecido uma metodologia de

    modo a dar indicaes que serviro de base para que se alcancem os objetivos deste

    trabalho, no captulo 2 sero descritos os fundamentos tericos utilizados na montagem dos

    programas utilizados nas anlises numricas. So descritos os teoremas que regem a anlise

    plstica, as bases tericas utilizadas para a anlise de instabilidade e de vibraes livres

    sendo tratada como um problema de autovalores e autovetores. So realizadas simulaes

    utilizando uma estrutura bastante simples, a coluna de Euler. O comportamento de um

    edifcio alto assimilado neste trabalho ao de uma coluna esbelta e so monitoradas

    algumas informaes como o fator de carga de colapso plstico, fator de carga crtica de

    Euler e as freqncias naturais com os respectivos modos de vibrao.

    No captulo 3 so pormenorizados os programas desenvolvidos neste trabalho.

    Basicamente foram confeccionados 4 programas denominados: ALEL (anlise linear

    elstica), AEPI (anlise elastoplstica incremental), AIEL (anlise de instabilidade elstica)

    e ADVL (anlise dinmica sob vibraes livres). Nesta parte so apresentadas as hipteses

    de clculo, os fluxogramas, as subrotinas principais e exemplos utilizados para calibrao e

    validao.

  • 5

    Os resultados obtidos com exemplos de estruturas reais so detalhados no quarto

    captulo. Trabalhou-se com quatro exemplos de edifcios, com variao do nmero de

    andares e da tipologia estrutural. As respostas obtidas nestes exemplos so comparadas com

    ndices sugeridos pela NBR6118/2003. No captulo 5 so apresentadas as consideraes

    finais e sugestes para trabalhos futuros.

  • 6

    2 FUNDAMENTOS TERICOS

    2.1 HISTRICO SOBRE A AVALIAO DA RIGIDEZ DOS

    EDIFCIOS DE CONCRETO ARMADO

    Observando o processo construtivo no Brasil pode-se notar o quanto se evoluiu na

    concepo das estruturas dos edifcios de concreto armado. A Norma brasileira de 1960

    sequer fazia meno sobre a necessidade de considerao dos efeitos do vento nas

    estruturas de concreto armado e a rigidez dos edifcios era garantida por concepes

    aporticadas, com pilares pouco espaados e contraventados por alvenarias bastante

    espessas. Nesta poca, a avaliao dos efeitos de segunda ordem nos prticos era uma

    tarefa bastante difcil, para no dizer impossvel, diante da impossibilidade de se contar

    com computadores e softwares que dispe-se nos dias atuais. A sensibilidade dos

    projetistas e o monitoramento de estruturas j construdas serviam como base para futuros

    projetos, cada vez mais altos e esbeltos.

    A Norma brasileira de 1978 (NB1/1978), menciona em seu item 3.1.1.3, aspectos

    referentes obrigatoriedade da considerao do vento em estruturas onde esta ao possa

    produzir efeitos estticos ou dinmicos importantes e nas estruturas com ns deslocveis,

    nas quais a a altura seja maior que 4 vezes a largura menor, ou em que, numa dada direo,

    o nmero de filas de pilares seja inferior a 4. A grande questo era como medir a

    deslocabilidade da estrutura confiando apenas no nmero de pilares em filas ou em uma

    relao simples entre a altura e a largura da edificao. Muitos edifcios foram projetados a

    partir de 1978 apoiados neste critrio mas sabe-se que os efeitos de segunda ordem podem

    ser significativos, independente do nmero de pilares ou de uma relao simples entre a

    altura e a largura.

    Um critrio importante na avaliao da rigidez dos edifcios foi proposto por Beck e

    Knig, em 1966. Por este critrio, quando os efeitos de segunda ordem so inferiores a 10%

    dos correspondentes efeitos de primeira ordem, a estrutura considerada de ns fixos.

    Segundo os mesmos pesquisadores, nestes 10% esto includas as incertezas das hipteses

    de carregamento de vento. Nestas estruturas, os efeitos de segunda ordem podem ser

    desprezados na estrutura global restando apenas a verificao dos pilares isoladamente.

  • 7

    Mas se os efeitos de segunda ordem excederem a 10%, a estrutura considerada de ns

    mveis e os mesmos no podem ser desprezados. Fica a cargo do projetista uma anlise de

    segunda ordem do conjunto, levando em considerao a no linearidade geomtrica e a no

    linearidade fsica (Franco, 1985).

    Projetar um edifcio alto sem avaliar a magnitude dos efeitos de segunda ordem

    uma deciso muito arriscada pois as conseqncias podem variar desde simples patologias

    em elementos no estruturais (paredes de vedao, caixilhos, vidros, etc.) at o

    comprometimento da estabilidade global podendo ocasionar o colapso da estrutura. As

    patologias originadas pela concepo estrutural esto cada vez mais frequentes nas

    estruturas atuais. Fusco (1993) ressalta que o aumento significativo dos vos de vigas e

    lajes, aumento das aberturas nas alvenarias, substituio das alvenarias macias por outros

    materiais, inclusive materiais leves, a colocao de alvenarias sobre lajes sem estarem

    suportadas diretamente por vigas so alguns dos fatores que contribuem para reduo da

    rigidez de edifcios altos.

    No que se refere ao projeto de edifcios de concreto armado, a avaliao da rigidez

    realizada atravs da adoo de mtodos simplificados e/ou rigorosos. Nos mtodos

    simplificados esto includos o parmetro , o coeficiente z e o mtodo P-. A considerao da no linearidade nestes mtodos feita de forma simplificada atravs da

    reduo da rigidez dos elementos estruturais que compe o arranjo estrutural. No mtodo

    rigoroso destaca-se a anlise de segunda ordem com a considerao da no linearidade

    levando-se em considerao aspectos intrnsecos do material concreto armado como a

    fissurao, deformao lenta, retrao, etc. A seguir ser feito um breve resumo de cada

    parmetro que usualmente utilizado nas anlises de estabilidade global, em edifcios de

    concreto armado.

    2.1.1 O Parmetro

    Este parmetro de estabilidade foi adotado pela norma alem DIN (1978) e,

    posteriormente, pelo CEB, objetivando auxiliar o projetista de estruturas na avaliao da

    deslocabilidade dos edifcios. O parmetro foi proposto em 1966, por Beck e Knig, aps analisar prticos rotulados, contraventados por parede atuante como viga vertical em

    balano.

  • 8

    calculado da seguinte forma:

    k

    k

    EIP

    H=

    (2.1)

    onde :

    Pk = carga vertical atuante ;

    H = altura total da edificao ;

    E.Ik = rigidez flexional.

    A relao 2.1 originada a partir do estudo de uma barra fletida, articulada em suas

    extremidades e submetida a uma carga axial. Quando a carga P atinge um valor crtico, P =

    Pcrit, a coluna alcana o chamado ponto de bifurcao de equilbrio. Este ponto define um

    estado limite onde a barra pode tomar uma das seguintes formas: a forma reta, que

    caracteriza um equilbrio instvel ou, a forma fletida, com equilbrio estvel.

    Para valores de P superiores a Pcrit (P > Pcrit), qualquer perturbao na barra faz

    com que esta sofra flambagem e assuma a configurao deformada apresentada na figura

    2.1.

    l

    P P P

    A

    B

    C C

    x

    y

    C

    P

    Figura 2.1 Anlise da Coluna Isolada ( Parmetro )

  • 9

    Admitindo como sendo x distncia da extremidade A a um ponto genrico C

    da linha elstica e y, a correspondente deflexo no mesmo ponto C, o respectivo

    momento fletor na seo vale:

    yPMc = (2.2)

    A equao diferencial que rege a deformao da barra pode ser escrita da seguinte

    forma:

    McyEI = " (2.3)

    ou, numa forma mais detalhada:

    0" =+ yEIPy

    (2.4)

    Trabalhando com uma varivel adimensional lx= para a abscissa, a expresso 2.4

    pode ser reescrita da seguinte forma:

    0)()("2

    =+ yEI

    Py l

    (2.5)

    Fazendo EI

    P 22 l= , a expresso 2.5 fica assim representada:

    0)()(" 2 =+ yy (2.6)

    A equao diferencial apresentada em 2.6 tem como soluo geral:

    cos+= BsenAy (2.7)

  • 10

    As constantes A e B podem ser encontradas impondo as condies de contorno na

    barra fazendo x = 0 e x = l, na expresso 2.7:

    x = 0 e y = 0 = 0 = 0 x = l e y = 0 = 1 . sen = 0 Para A = 0, a barra apresenta o eixo reto e para sen = 0, tem-se que = n . . O

    valor crtico corresponde ao menor valor para com n = 1. O valor de crit ser dado pela expresso 2.8 :

    ==EIPcrit

    crit l

    (2.8)

    Beck e Knig (1966) apresentaram uma variao da equao diferencial 2.5,

    adaptando-a a um modelo submetido a um carregamento , uniforme e distribudo. A expresso resultante a seguinte:

    EIyy

    42 ]')('[)("" l=+

    (2.9)

    Segundo Vasconcelos (1998), a resoluo da equao diferencial 2.9 foi obtida

    empregando as funes de Bessel. A estrutura descontnua formada por pavimentos iguais e

    superposta foi transformada em uma estrutura contnua, tratada com recursos do clculo

    diferencial. O valor de 2 nesta situao dado por:

    EIvp 32 )( l+=

    (2.10)

    Na expresso 2.10, o carregamento concentrado P foi substitudo por duas cargas

    distribudas, p e v, que representam, respectivamente, o carregamento distribudo na

    estrutura de contraventamento e contraventada. Foi adotado um nmero de pavimentos

    igual a 4 justificando assim a transformao do modelo descontnuo em contnuo. O valor

    crtico para o coeficiente , considerando n = 4 pavimentos, corresponde a:

  • 11

    84,7)(3

    2 =+=EIvp

    critl 80,2=crit

    (2.11)

    Considerando que uma margem de segurana adequada ocorre quando os momentos

    de segunda ordem no superem em 10% os respectivos momentos de 1. ordem, o valor de

    crit fica limitado a 0,6, para n igual ou superior a 4 pavimentos. Para n at 3 pavimentos, Beck e Knig (1966) sugeriram os limites:

    n = 1 crit = 0,3 n = 2 crit = 0,4 n = 3 crit = 0,5

    Outros limites para o parmetro , de acordo com a forma da linha elstica do edifcio, foram apresentados por Franco (1985) diferindo, de acordo com o tipo de

    contraventamento adotado (Figura 2.2). akqk

    Pk

    parbola do4o. grau

    0.4ak0.4a

    H/2

    H/2

    qkak

    k0.5a

    reta

    Pk

    H/2

    H/2

    qkak

    parbola do2o. grau

    k0.67a

    kP

    H/2

    H/2

    Contraventamento em Contraventamento em Contraventamento em

    Pilar parede Pilar parede + Prtico Prticos klim0.7 klim0.6 klim0.5

    Figura 2.2 - Valores de klim de Acordo com o Contraventamento Utilizado

    Para o clculo da rigidez flexional da estrutura necessita-se saber qual a inrcia

    equivalente do prtico. Ela pode ser calculada assimilando-a como a inrcia de um pilar

    isolado em balano que apresente o mesmo deslocamento, no topo, para um mesmo

    carregamento lateral (Figura 2.3). Este carregamento lateral pode ser concentrado, aplicado

    no topo da estrutura, ou distribudo, ao longo da altura do mesmo. Os valores de E.Ik podem

    ser encontrados pelas relaes 2.12 e 2.13.

  • 12

    kk a

    HpEI =

    3

    3

    sendo p, a carga concentrada ;

    (2.12)

    kk a

    HqEI =

    8

    4

    sendo q, o carregamento distribudo .

    (2.13)

    Segundo Frana (1985), a utilizao da relao 2.13 parece ser um critrio mais

    conveniente para a determinao da rigidez equivalente pois representa de forma mais

    realista o comportamento da elstica frente aos carregamentos horizontais que usualmente

    atuam nos edifcios como os provenientes da ao do vento (figura 2.3).

    a a

    H

    Sistema Real de Contraventamento Pilar Parede Isolado

    Figura 2.3 - Simplificao Adotada no Clculo da Inrcia Equivalente

    O parmetro constitui, por assim dizer, um termmetro na avaliao do estado de sade da estrutura (Vasconcelos, 1985). Se este coeficiente for menor que certo valor

    limite, os efeitos de segunda ordem podem ser desprezados na estrutura global, restando

    verificao dos pilares isoladamente. Se ultrapassar os limites estabelecidos, os efeitos de

    segunda ordem tm que ser considerados, realizando uma anlise de segunda ordem da

    estrutura. No se dispensa a considerao dos efeitos de segunda ordem nos pilares,

    isoladamente, mesmo que se tenha comprovado a indeslocabilidade da estrutura.

    Pelos critrios da NBR6118/2003, em seu item 15.5.2, os limites estabelecidos para

    o parmetro so os seguintes:

    0.2 + 0.1n, para n 3 pavimentos; 0.6, para n 4 pavimentos.

  • 13

    O parmetro , calculado de acordo com a relao 2.1 e com resultados vlidos dentro do regime elstico, muito til para avaliao de estruturas concebidas em alvenaria

    estrutural ou constitudas de elementos pr-moldados. Para estruturas de ns rgidos,

    geralmente os valores de so elevados, no autorizando desprezar os efeitos de segunda ordem. Vasconcelos (1985) afirma que pode-se reduzir o valor de se a rigidez dos ns denominados monolticos, for considerada na anlise. Outra observao que os limites estabelecidos pelo CEB, para a estrutura de 1, 2

    ou 3 andares, os valores de so tambm exagerados. Vasconcelos (1985) sugere que poderia ser substitudo em dispensar a considerao dos efeitos de segunda ordem, quando

    o valor do coeficiente de instabilidade for menor que 0,5 para prticos de 1 pavimento, inferior a 0,55 para prticos de 2 pavimentos e inferior a 0,75 para prticos de 3

    pavimentos.

    O parmetro muito utilizado pelos projetistas de estruturas por oferecer uma resposta satisfatria acerca da rigidez da estrutura e por ser de fcil obteno. A

    desvantagem do parmetro que, para estruturas de ns mveis, o projetista no tem nenhuma informao sobre a magnitude dos esforos de segunda ordem. Uma anlise de

    segunda ordem mais criteriosa obrigatria nestes casos.

    2.1.2 O Coeficiente z

    Outro grande avano no campo da estabilidade global foi a adoo do coeficiente z, em 1991, fruto de pesquisas realizadas pelos engenheiros brasileiros Mrio Franco e

    Augusto Vasconcelos. A importncia do coeficiente z reside no fato de que ele permite prever, com boa aproximao, a magnitude dos efeitos de segunda ordem na estrutura. Ele

    pode ser utilizado como um fator amplificador, majorando os esforos globais e

    substituindo a verificao atravs de uma anlise de segunda ordem criteriosa.

    Desde o seu surgimento, o coeficiente z vem sendo utilizado com sucesso nos projetos de estruturas de edifcios altos. O procedimento para o clculo deste coeficiente o

    seguinte:

    a) Primeiro faz-se uma anlise de primeira ordem levando em considerao as cargas

    verticais e horizontais. Uma reduo da rigidez da estrutura realizada com o

    objetivo de considerar, de forma aproximada, a no linearidade fsica.

  • 14

    b) Calcula-se os acrscimos de momentos, atravs da relao :

    Md = Rd . ed onde:

    (2.14)

    Md = acrscimos de momentos ; Rd = Valor de projeto da resultante de todas as cargas verticais ;

    ed = deslocamento de primeira ordem do ponto de aplicao da

    resultante Rd.

    c) O coeficiente z, que faz uma relao entre os momentos de segunda ordem com os respectivos momentos de primeira ordem, encontrado, para valores pequenos de

    Md, da seguinte forma :

    zd

    d

    MM

    =

    1

    11

    onde :

    (2.15)

    Md = acrscimos de momentos calculados na alnea b ; M1d = Momento de primeira ordem, provocado pelas foras

    horizontais.

    Se o valor de z for menor ou igual a 1.1, a estrutura pode ser considerada como indeslocvel. Acima deste limite, uma anlise de segunda ordem necessria, considerando

    a no linearidade na anlise. Para valores de z at 1,3, este pode ser utilizado como fator amplificador oferecendo resultados satisfatrios, dispensando assim uma anlise de

    segunda ordem rigorosa.

    Estudos apontam que o coeficiente z se apresenta como um excelente coeficiente amplificador pois oferece timas estimativas da magnitude dos esforos de segunda ordem

    nas estruturas usuais de concreto armado (Carmo, 1995). A grande limitao deste

    coeficiente que pode ser aplicado em estruturas com no mnimo 4 andares e, considerando

    respostas superiores a 1,3 (z > 1,3), os valores podem diferir muito dos resultados obtidos atravs de uma anlise de segunda ordem mais rigorosa. Em geral trata-se de um

    coeficiente bem aceito pelos projetistas de estruturas e est incorporado nos principais

    softwares de clculo estrutural em utilizao no Brasil.

  • 15

    2.1.3 O Mtodo P-

    Outro mtodo simplificado que oferece estimativas satisfatrias dos efeitos de

    segunda ordem o mtodo P- (tambm conhecido como N-a). Consiste em uma anlise iterativa onde, no decorrer dos clculos, o efeito dos deslocamentos sucessivos

    transformado em foras horizontais equivalentes, conhecidas na literatura como sway

    forces, induzidas por momentos P-. Estas foras horizontais consistem na soma dos esforos cortantes das colunas acima e abaixo de um determinado piso, conforme

    esquematizado na figura 2.4:

    jhjP j

    jP

    jP

    jh

    j

    HF

    j+1hj+1P j+1

    HF =jh

    jP j j+1h

    j+1P j+1

    Figura 2.4 - Clculo das foras horizontais adicionais (sway forces)

    A figura 2.5 apresenta um esquema da interao das foras horizontais adicionais

    (sway forces) em cada nvel. Estas foras horizontais so adicionadas s aes

    horizontais originais de cada pavimento e novos esforos e deslocamentos so computados

    em cada ciclo de iterao.

  • 16

    FH

    FH

    FH

    piso "k"

    piso "j"

    nvel "k"

    nvel "j"

    nvel "i"

    P k. kl

    P j . jl

    P i . il

    Figura 2.5 Atuao das Sway Forces em um Prtico

    A considerao da no linearidade fsica pode ser feita, de maneira simplificada,

    atravs da reduo da rigidez das vigas e pilares como sugere a NBR6118/2003. O nmero

    de iteraes requeridas depende do grau de rigidez da estrutura sendo que o processo se

    repete at se obter convergncia de deslocamentos, dentro de um limite especificado. Se os

    deslocamentos crescerem indefinidamente, fica constatada a instabilidade da estrutura.

    O mtodo P- utilizado em larga escala na avaliao dos esforos de segunda ordem em projetos de estruturas metlicas onde a esbeltez costuma ser mais evidente

    comparando-se com as estruturas de concreto armado. No ACI, est contemplado na seo

    10.11.4.2, onde definido pelo ndice de estabilidade Q determinado pela relao 2.16:

    cu

    ou

    VPQ l

    = onde : (2.16)

    Pu : somatrio das cargas axiais em todas as colunas do pavimento; o : deslocamento de 1. ordem devido a atuao do esforo cortante Vu; Vu : esforo cortante devido s foras horizontais;

    lc : altura do pavimento.

  • 17

    A relao 2.16 pode ser analisada sob o ponto de vista matemtico que define o

    mtodo P- como uma srie infinita onde a soma dos termos desta srie fornece os deslocamentos de segunda ordem, . O deslocamento calculado pela relao 2.17:

    cu

    ou

    o

    VP

    l

    =)(

    1

    (2.17)

    O fator de majorao denominado fator de flexibilidade e, segundo Macgregor (2005), assume um valor aproximado de 1,15 em aplicaes com prticos de concreto

    armado. Os momentos de segunda ordem, M2o, so calculados pela expresso:

    cu

    ou

    oOsO

    VP

    MMM

    l

    ==)(

    112

    (2.18)

    Duas observaes devem ser destacadas acerca do mtodo P-: - o cdigo americano ACI, seo 10.13.4.2, limita o valor de Q em 1/3, evitando-se

    trabalhar com efeitos de segunda ordem de grande magnitude;

    - observando a relao 2.15, que determina o z, e comparando com a relao 2.18 verifica-se que o coeficiente z deriva do mtodo P-, sendo o resultado da 1. iterao do mtodo.

    2.1.4 Anlise Rigorosa de Segunda Ordem

    Numa anlise de segunda ordem rigorosa so considerados os momentos devido ao

    produto P-, onde consiste na diferena entre a parte deformada e indeformada de cada elemento (Figura 2.6).

    m1 m2

    P

    V

    P

    V

    l

    m1

    m2

    P

    V

    P

    V

    l

    Figura 2.6 Elemento Indeformado e Deformado - Prtico

  • 18

    Primeiramente uma anlise linear elstica realizada, computando os esforos nas

    barras e os deslocamentos nodais . Para levar em considerao na anlise os momentos P-, em cada ciclo de iterao, a matriz de rigidez de cada elemento desconexo vai sendo

    modificada utilizando-se as funes de estabilidade desenvolvidas por Livesley & Chandler

    (1956)1. As funes de estabilidade assumem valores diferenciados de acordo com o

    esforo normal atuante na barra. De acordo com este trabalho de Livesley & Chandler, a

    matriz de rigidez do elemento desconexo fica definida como :

    =

    LGI

    LEI

    LEI

    LEI

    LEI

    LEI

    LEI

    LEI

    LEI

    LEA

    K

    x

    yy

    yy

    zz

    zz

    i

    00000

    0000

    0000

    0000

    0000

    00000

    45

    54

    23

    32

    1

    (2.19)

    onde 1, 2, 3, 4 e 5 assumem valores de acordo com o sinal do esforo axial no elemento. Por exemplo, para um elemento sob trao tem-se que :

    2

    2

    LEIQ zz

    = , 22

    LEI

    Q yy= ,

    zz Q

    PL = , y

    y QPL = ,

    2z

    zL = e

    2y

    y

    L =

    )cos(coth)(' 222 zzzBAzABzz LechLLMMLM ++= )coth1(cos2)(2 2 zzBAzABzzzBAzABz LLMMLechLMM +++

    =

    )'(4

    1

    1

    23

    1

    MLP

    EA

    1LIVESLEY, R. K. & CHANDLER, D. B. - Stability Functions for Structural Frameworks, Manchester Univ. Press, Manchester, England (1956) ; apud HARRISON, H. B. - Computer Methods in Structural Analysis, Prentice Hall, INC., Englewood Cliffs, New Jersey (1973) .

  • 19

    1coth)cothcoth( 2

    2 +=

    zz

    zzzzz

    ,

    1coth)cothcoth( 2

    3 +=

    zz

    zzzzz

    1coth)cothcoth( 2

    4 +=

    yy

    yyyyy

    ,

    1coth)cothcoth( 2

    5 +=

    yy

    yyyyy

    Para um elemento sob compresso temos que :

    2

    2

    LEIQ zz

    = , 22

    LEI

    Q yy= ,

    zz Q

    PL = , y

    y QPL = ,

    2z

    zL = e

    2y

    y

    L =

    )cos(cot)( 22 zzzBAzABzz LecLLMMLM ++= )cot1(cos2)(2 2 zzBAzABzzzBAzABz LLMMLecLMM +++

    =

    )(4

    1

    1

    23

    1

    MLP

    EA

    zz

    zzzzz

    cot1)cotcot( 2

    2 += ,

    zz

    zzzzz

    cot1)cotcot( 2

    3 +=

    yy

    yyyyy

    cot1)cotcot( 2

    4 += ,

    yy

    yyyyy

    cot1)cotcot( 2

    5 +=

    Os coeficientes 2 , 3, 4 e 5 mudam medida que o valor do esforo axial muda e assumem valores 4, -2, 4 e -2, respectivamente, para esforo axial nulo . Da mesma forma,

    o coeficiente que altera a rigidez axial , 1 ,assume valor unitrio para momentos fletores nulos . Observa-se, portanto, que a anlise linear elstica uma particularidade da anlise

    no linear. Vale ressaltar que esta anlise de segunda ordem baseada na teoria dos

    deslocamentos finitos, podendo assim desprezar as pequenas diferenas nas relaes de

    equilbrio e compatibilidade devido s deformaes (Harrison, 1973).

    Em uma anlise bem refinada leva-se em considerao as armaduras dos elementos

    estruturais e a no linearidade fsica e geomtrica. Por exigir grande esforo computacional,

  • 20

    a anlise de segunda ordem rigorosa no muito utilizada. Franco (1995) adverte que, num

    futuro prximo, programas de clculo j iro incluir tal anlise em um formato mais

    acessvel aos projetistas de estruturas.

    2.2 SOBRE A EVOLUO DAS PESQUISAS NO CAMPO DA

    ESTABILIDADE GLOBAL

    medida que os edifcios altos estavam sendo construdos, intensificaram os

    estudos para a investigao das condies de estabilidade e de previso dos efeitos de

    segunda ordem nos edifcios de andares mltiplos. Todos os trabalhos possuem igual

    importncia no desenvolvimento desta linha de pesquisa sobre o estudo da estabilidade

    global dos edifcios altos de concreto armado. Destacam-se abaixo algumas referncias que,

    de alguma forma, contriburam para a elaborao desta tese.

    Carmo (1995) faz um amplo estudo dos parmetros de instabilidade incluindo a

    relao a/H, o parmetro e o coeficiente z. So apresentados resultados obtidos de anlises de edifcios reais, com a considerao da no linearidade fsica e geomtrica. As

    concluses apresentadas atestam que o coeficiente z pode ser utilizado, com boa aproximao, na previso dos efeitos de segunda ordem nos edifcios de concreto armado.

    O comportamento de edifcios em alvenaria estrutural sob ao do vento foi

    estudado por Silva (1996), considerando a presena de paredes rgidas na anlise do

    comportamento dos lintis. Pereira (1997) investigou a eficincia dos ncleos rgidos de

    contraventamento atravs de modelagens numricas de prticos tridimensionais associados

    a ncleos rgidos.

    A influncia da flexibilidade das fundaes no comportamento das estruturas usuais

    de contraventamento foi investigada por Matias Jr. (1997), atravs da elaborao de um

    programa, em linguagem Fortran, considerando o efeito da no linearidade, extremidades

    rgidas dos elementos estruturais e a flexibilidade das fundaes no equilbrio final do

    arranjo estrutural.

    A contribuio da rigidez transversal flexo das lajes na distribuio dos esforos

    em estruturas de edifcios de andares mltiplos foi investigada por Martins (1998).

    Utilizando um programa baseado no mtodo dos elementos finitos, foram determinados

  • 21

    esforos e deslocamentos de estruturas tridimensionais, sujeitas s aes verticais e

    horizontais. A no linearidade geomtrica levada em considerao quando na verificao

    do equilbrio de foras, na posio deformada.

    Fiorin (1998) apresenta um estudo interessante sobre a importncia do arranjo das

    armaduras no comportamento mecnico dos elementos estruturais. Este trabalho conclui

    que a disposio das armaduras um item imprescindvel na anlise do comportamento das

    peas estruturais e que permite uma resposta mais realista dos elementos que compem o

    sistema estrutural.

    Zalka (2000) apresenta um estudo amplo sobre a estabilidade global de edifcios

    altos, utilizando-se de simplificaes nas anlises tridimensionais como a adoo de um

    pilar equivalente que simule o comportamento tridimensional do edifcio, uma correlao

    entre as condies de instabilidade e as freqncias naturais de vibrao da estrutura.

    Resultados experimentais tambm so apresentados buscando estabelecer algumas

    correlaes.

    Uma anlise no linear e tridimensional de edifcios de andares mltiplos com a

    presena de ncleos resistentes e considerando a rigidez a flexo das lajes foi abordado por

    Martins (2001), atravs de um algoritmo onde implementou-se a anlise de segunda ordem.

    So apresentados exemplos reais de edifcios de andares mltiplos, com a avaliao dos

    parmetros de instabilidade e z . Souza Jr. (2001) apresentou resultados sobre a interao de ncleos estruturais e

    lajes, em edifcios de mltiplos andares. So apresentadas caractersticas como o

    empenamento do elemento do ncleo, levando-se em considerao a teoria da flexo-toro

    em anlise de 1. ordem.

    Utilizando o mtodo dos elementos de contorno e elementos finitos, Carmo (2001)

    avaliou a rigidez de edifcios de andares mltiplos implementando na modelagem tcnicas

    avanadas de acoplamento entre os elementos e outros fatores importantes, como o efeito

    da excentricidade do eixo neutro das barras em relao superfcie neutra das placas.

    Pinto (2002) estudou a anlise no linear de estruturas de contraventamento em

    edifcios de concreto armado avaliando o comportamento de prticos planos, submetidos a

    diferentes carregamentos e diferentes taxas de armadura. Os resultados obtidos permitem

    estimar, com razovel preciso, os efeitos da no linearidade em prticos de concreto

    armado.

    Sanches Jr. (2003) abordou vrios tipos de modelos numricos para anlise de

    estruturas de pavimentos de edifcios, baseando-se no mtodo dos elementos finitos.

  • 22

    Considerou-se a no linearidade fsica atravs de modelos que simulam o comportamento

    mecnico do concreto e do ao.

    Fernandes (2003) utiliza o mtodo dos elementos de contorno, baseando-se nas

    hipteses de Kirchhoff, adaptadas a anlise de estruturas de pavimentos de edifcios,

    considerando a interao entre os elementos de barra e de superfcie. Na avaliao do

    comportamento mais realista das placas realizou-se uma anlise elastoplstica.

    O clculo de deslocamentos levando-se em considerao o comportamento no

    linear do concreto armado foi abordado por Guarda (2005). Abordou-se fatores importantes

    como os efeitos da fissurao, da retrao, da fluncia, colaborao do concreto tracionado

    entre as fissuras na rigidez flexo dos elementos.

    Cicolin (2007) investigou algumas formas para avaliao da estabilidade de

    edifcios de andares mltiplos contendo pavimentos com lajes planas. Neste trabalho

    analisou-se a validade dos parmetros e z, comparando os resultados obtidos com outros provenientes de uma anlise de segunda ordem, utilizando o mtodo P-.

    2.3 CONSIDERAES SOBRE OS MODELOS DE CLCULO

    Algumas questes desafiam os engenheiros estruturais a cada dia acerca do

    verdadeiro comportamento das estruturas. Questes como, por exemplo, o conhecimento da

    real capacidade resistente de um elemento estrutural ou, o valor exato das tenses atuantes

    e deformaes em um determinado ponto da estrutura sob carregamento. O grau de

    preciso das respostas a estas questes vai depender do modelo de clculo utilizado e das

    hipteses admitidas. Os principais modelos utilizados para a relao tenso versus

    deformao do material constituinte da estrutura so: modelo elstico linear, o modelo no

    linear, o modelo rgido plstico e o modelo elastoplstico. Na figura 2.7 so resumidos os

    principais modelos admitidos.

  • 23

    rgido-plstico

    elastoplstico

    no linearlinear

    Figura 2.7 Principais Modelos de Clculo Admitidos

    A escolha do modelo de clculo vai depender do tipo de problema a ser analisado e

    dos recursos disponveis para a avaliao estrutural. Quanto mais refinado o modelo, mais

    recursos so necessrios como computadores mais modernos e softwares atualizados. O

    modelo linear elstico o mais simples de todos os modelos e amplamente utilizado nos

    escritrios de clculo. Este modelo admite como linear e homognea relao tenso

    versus deformao e, por conseqncia, a relao momento fletor versus curvatura. Por

    falar na relao momento fletor x curvatura, este parmetro ser bem enfatizado neste

    trabalho, pois nos prticos de concreto armado tem-se a predominncia de esforos de

    flexo que influencia significativamente nesta relao e, por este motivo, um item

    importante no estudo do comportamento global da estrutura.

    Durante a anlise linear elstica so mantidas constantes as caractersticas

    geomtricas dos elementos estruturais considerando executados com um material

    homogneo. No caso do concreto armado em que se considera a existncia de armaduras,

    trabalha-se com o conceito de seo homogeneizada transformando a seo original numa

    seo equivalente, com base na relao entre os mdulos de elasticidade do ao e concreto.

    Este modelo oferece respostas satisfatrias quando na anlise dos estados limites de

    utilizao para carregamentos iniciais e cargas de servio. Ao se analisar os estados limites

    ltimos, as respostas se afastam muito das condies reais de ruptura sendo os valores

    obtidos bem mais conservadores. Quando se trata de estado limite ltimo, um modelo no

    linear o mais indicado.

    O modelo no linear difere do anterior pela considerao da no linearidade que se

    resume, na maioria dos casos, em duas: a no linearidade geomtrica e a no linearidade

  • 24

    fsica. A considerao da no linearidade geomtrica traduz as mudanas de geometria que

    ocorrem na estrutura deformada tornando-se um fator importante e primordial na anlise de

    estruturas esbeltas. A no linearidade fsica est intimamente ligada s caractersticas

    inerentes do material estrutural sendo que o comportamento no linear do concreto armado,

    representado pela relao momento fletor versus curvatura, uma conseqncia direta do

    comportamento no linear dos materiais constituintes: concreto e ao. Com a considerao

    da no linearidade, as rigidezes dos elementos estruturais se modificam para cada nvel de

    carregamento.

    No modelo rgido plstico, o comportamento elstico do material desprezado e a

    seo transversal permanece rgida at que o momento fletor atuante se iguale ao momento

    de plastificao. Neste instante, forma-se na seo transversal uma rtula plstica que deve

    ter ductilidade suficiente para redistribuir os esforos internos. Se em uma estrutura

    formam-se rtulas plsticas suficientes de forma a caracterizar um mecanismo constata-se o

    colapso plstico da estrutura.

    O modelo elastoplstico considera as sees transversais inicialmente em regime

    elstico com proporcionalidade entre tenso e deformao. A relao linear permanece at

    se atingir o momento de plastificao com as sees transversais passando a trabalhar em

    modelo plstico perfeito at que se forme um nmero suficiente de rtulas plsticas que

    transformam a estrutura em um mecanismo, caracterizando assim a ruptura. O modelo

    elastoplstico foi adotado neste trabalho para o clculo do fator de carga de colapso plstico

    e ser melhor abordado posteriormente.

    2.4 A RELAO MOMENTO FLETOR x CURVATURA

    Devido caracterstica no linear do concreto armado, alguns parmetros so

    imprescindveis anlise e no podem ser negligenciados. Quando se trata do estudo da

    estabilidade global de prticos, a relao momento fletor versus curvatura um parmetro

    de grande importncia pois nos prticos de concreto armado temos a predominncia de

    esforos de flexo. A figura 2.8 de autoria de Macgregor (2005) e caracteriza o diagrama

    momento fletor versus curvatura em uma seo transversal de uma viga de concreto

    armado, submetida flexo pura e obtida em um ensaio experimental.

  • 25

    momento

    curvaturao

    A

    B

    C

    DE

    M M

    Figura 2.8 Relao Momento Fletor versus Curvatura (Macgregor, 2005)

    Analisando a figura 2.8 percebem-se alguns trechos e pontos importantes no

    entendimento do comportamento estrutural do material concreto armado. O trecho O-B

    caracterizado pela inexistncia de fissurao onde o material tem o comportamento

    praticamente linear. O ponto B identifica o incio das primeiras fissuras na seo

    transversal, na regio tracionada. O comportamento do trecho B-D admitido linear onde

    se situam os carregamentos de servio representados pelo ponto C no grfico. O ponto D

    identifica o instante do escoamento do ao ou do esmagamento do concreto. A partir deste

    ponto, as curvaturas aumentam com pequenos acrscimos de momento. Temos no trecho

    D-E um patamar de escoamento que finalizado com o colapso do material. Outro fato

    importante que, desde o aparecimento das primeiras fissuras no ponto B at a ruptura do

    material, tem-se uma reduo da seo efetiva de concreto diminuindo assim, a rigidez do

    elemento estrutural. Este fato representado nos modelos de clculo pela considerao da

    no linearidade fsica, j comentado anteriormente.

    A relao momento fletor versus curvatura extremamente til na avaliao da

    ductilidade das peas de concreto armado. A diferenciao usual que utilizada para as

    vigas classificando-as em sees subarmadas, normalmente armadas e superarmadas

    baseada nesta relao. Observando o grfico da figura 2.9, um diagrama idealizado sobre o

  • 26

    comportamento das sees em concreto armado, percebe-se que nas peas superarmadas

    no se verifica um patamar de escoamento, indicando a ruptura frgil nestas peas. Nas

    peas normalmente armadas e subarmadas, a ductilidade evidente com a presena do

    patamar de escoamento. Observando as figuras 2.8 e 2.9 percebe-se que o modelo

    elastoplstico constitui um modelo satisfatrio para a anlise de elementos em concreto

    armado.

    normalmentearmada

    subarmada

    superarmada

    momentofletor

    curvatura Figura 2.9 Caractersticas da Ductilidade de Sees

    em Concreto Armado sob Flexo

    2.5 BASES TERICAS SOBRE A ANLISE PLSTICA

    O fator de carga de colapso plstico de uma estrutura pode ser entendido como o

    fator de majorao de aes que conduz a estrutura a atingir o estado limite ltimo. De

    maneira geral, a estrutura ir se transformar em um mecanismo de colapso plstico aps a

    formao de um nmero suficiente de rtulas plsticas e nesse instante, tm-se a capacidade

    de carregamento mxima atingida e o fator de majorao de aes, nesta etapa,

    corresponder ao fator de carga de colapso plstico. Admite-se, evidentemente, que no

    ocorrer instabilidade anterior formao do mecanismo, pois a flambagem tambm

    caracteriza um estado limite ltimo. Nas peas em concreto armado admite-se como rtulas

  • 27

    plsticas determinadas sees transversais onde so verificadas grandes curvaturas sem um

    acrscimo significativo nos esforos.

    Este fator de majorao, admitido como fator de carga de colapso plstico (c), pode ser encontrado com uma anlise plstica limite, que utiliza o modelo rgido plstico

    ou com uma anlise elastoplstica incremental. Antes, porm, de entrar em detalhes sobre

    os mtodos para o clculo do fator de carga de colapso plstico, essencial o entendimento

    dos teoremas bsicos que governam o colapso plstico: teorema esttico, teorema

    cinemtico e o teorema da unicidade. Estes teoremas referem-se s estruturas rgido-

    plsticas, ou seja, estruturas onde o comportamento elstico pode ser desprezado at que

    seja atingido o momento de plastificao. Na figura 2.10 possvel observar as

    caractersticas do modelo rgido-plstico sendo e , a tenso de escoamento do material.

    e

    Figura 2.10 - Modelo de Material Rgido-Plstico

    Segundo o teorema esttico, se, para um determinado fator de carga,, possvel encontrar uma distribuio de esforos em equilbrio com o carregamento aplicado e que

    satisfaz as condies de resistncia, este fator de carga, , menor ou igual ao fator de carga de runa(Horne, 1979). Este teorema tambm conhecido como o teorema do

    limite inferior ou safe theorem pois, o fator de carga determinado pelo teorema esttico

    denominado seguro ou estaticamente admissvel.

    J o teorema cinemtico rege que se, para algum mecanismo plstico assumido, o

    trabalho externo realizado pelas cargas atuantes, correspondente a um fator de carga, , igual ao trabalho plstico interno de deformao, o fator de carga, ,neste estgio de carregamento, maior ou igual ao fator de carga de runa (Horne, 1979). Este teorema

  • 28

    tambm denominado de teorema do limite superior ou unsafe theorem pois, como a

    carga de colapso real da estrutura sempre menor ou igual carga atuante,

    consequentemente, os limites superiores so valores contrrios segurana.

    O terceiro teorema, denominado teorema da unicidade, consiste na combinao do

    teorema esttico e cinemtico. Se um determinado fator de carga, , satisfaz o teorema esttico e cinemtico, conclui-se que este fator de carga, , igual ao fator de carga de colapso plstico ( =c ) (Horne, 1979). Observando o esquema mostrado na figura 2.11, apresentado por Mello (1993),

    pode-se concluir, resumidamente, que se o fator de carga, inf, corresponder a um mecanismo de colapso plstico ento inf = c. Por outro lado, se o fator de carga. sup, corresponder a uma distribuio estaticamente admissvel ento sup = c .

    cinf supestticoteorema

    cinemticoteorema

    Figura 2.11 - Teoremas da Anlise Plstica (Mello, 1993)

    A anlise plstica limite constitui uma maneira para se determinar o fator de carga

    de colapso plstico. Ela utiliza o modelo rgido-plstico, fundamentando-se na hiptese que

    uma seo, sujeita flexo, permanece rgida at que o momento fletor atinja o momento

    de plastificao. Neste momento, forma-se uma rtula plstica na seo, que deve ter

    ductilidade suficiente para redistribuir os esforos internos. Pela anlise plstica limite se

    ignora o histrico do carregamento e o fator de carga de colapso plstico pode ser

    encontrado tratando a anlise como um problema de programao linear como sugerem

    alguns pesquisadores (Smith, 1990 ; Borkowski, 1990).

    A anlise elastoplstica incremental utiliza o modelo de mesmo nome, elastoplstico

    (figura 2.6), e consiste em variar o fator de majorao da estrutura at que o momento

    fletor, obtido em uma anlise linear elstica, em uma determinada seo, se iguale ao

    momento de plastificao. Uma rtula plstica inserida nesta seo e o processo continua

    com novos incrementos de carga e a formao de novas rtulas plsticas. Se a estrutura

    acumular um nmero de rtulas plsticas suficiente de tal forma que a transforme em um

  • 29

    mecanismo, o fator de carga correspondente a esta etapa ser o fator de carga de colapso

    plstico.

    e

    e

    Figura 2.12 - Modelo de Material Elastoplstico

    Ao contrrio da anlise plstica limite, a anlise elastoplstica considera o histrico

    do carregamento e fornece a seqncia de formao e a prpria localizao das rtulas

    plsticas. Este modelo oferece resultados satisfatrios para o concreto armado e o

    engenheiro tem o completo domnio sobre o comportamento global da estrutura, em todos

    os estgios de carregamento. O conhecimento da localizao das rtulas plsticas de

    extrema importncia numa anlise dos efeitos locais de segunda ordem. Maiores detalhes

    sobre a anlise plstica limite e a anlise elastoplstica incremental podem ser encontrados

    em Harrison (1973), Neal (1977), Horne (1979), Smith (1990).

    Neste trabalho optou-se pelo mtodo incremental na anlise numrica para o clculo

    do fator de carga de colapso plstico. Os mtodos incrementais em anlises numricas

    foram inicialmente utilizados por Wang (1963) e aperfeioados por Harrison (1973). So

    mtodos que possibilitam reproduzir via computador as situaes que geralmente

    encontram-se nos laboratrios. Em suma, a estrutura tridimensional submetida a

    sucessivas anlises elsticas e os esforos so computados e concentrados nos ns da

    estrutura. A cada incremento de carga, comparam-se os esforos atuantes e existentes. Se

    em algum n ou elemento, os esforos resistentes forem ultrapassados se formar a

    primeira rtula plstica sendo que alteraes devidas na matriz de rigidez do elemento

    plastificado so necessrias antes de se proceder uma nova anlise. Repetem-se os

    procedimentos descritos acima at que se atinja o colapso da estrutura identificado atravs

    da singularidade da matriz de rigidez ou por deslocamentos excessivos na estrutura.

  • 30

    A anlise elastoplstica aplicada com mais freqncia em projetos de estruturas

    metlicas onde, para cada perfil metlico, so conhecidos, a priori, os esforos de

    plastificao. Sobretudo, importante neste instante diferenciar o momento de incio de

    escoamento (My) com o momento de plastificao (Mp). O momento fletor My caracteriza o

    maior momento que uma seo consegue resistir ainda na fase elstica. No caso de uma

    seo de ao totalmente simtrica, a tenso de escoamento, y, atingida, ao mesmo tempo, nas fibras mais tracionadas e comprimidas da seo transversal. Com acrscimos de

    momentos fletores, a seo transversal comea a plastificar-se sendo que apresenta alguns

    trechos na fase elstica. Quando o momento fletor atinge um valor limite Mp, temos a

    completa plastificao da seo transversal. Estes estgios esto esquematizados na figura

    2.13.

    y

    y

    y

    y

    y

    yseotransversal

    Distribuio deTenses na faseelstica

    Distribuio deTenses com seoparcialmente plastificada

    Distribuio deTenses com seototalmente plastificada

    Figura 2.13 Distribuio de Tenses em uma Seo de Ao

    No caso de estruturas de concreto armado esta anlise se torna mais difcil

    por causa da natureza do material (heterogeneidade). No se conhece a princpio os valores

    limites de esforos de plastificao para cada elemento (lajes, vigas e pilares) que compe o

    modelo tridimensional. Os diagramas de distribuio de tenses ficam em funo de limites

    sugeridos pelas normas e baseados em ensaios experimentais. Segundo a NBR 6118/2003,

    o momento de plastificao no concreto atingido na situao de s = 10 %o e c = 3,5 %o, na seo crtica. O diagrama de distribuio de tenses no concreto, nas diversas fases de

    carregamento, pode ser visualizado na figura 2.14.

  • 31

    c

    sseotransversal

    Distribuio deTenses na faseelstica

    Distribuio deTenses com seoparcialmente plastificada

    Distribuio deTenses com seototalmente plastificada

    0,85.fcd

    fyd

    0,85.fcd

    fyd

    Figura 2.14 Distribuio de Tenses em uma Seo de Concreto Armado

    Para o concreto armado, a anlise elastoplstica possvel mas regrada de algumas

    hipteses que neste trabalho denominou-se critrios de plastificao. Em um arranjo

    tridimensional necessrio estabelecer de antemo os critrios de plastificao

    individualizados para as lajes, vigas e pilares. Estes critrios de plastificao tero como

    base todo o arranjo estrutural do edifcio, com dimenses de sees transversais e

    armaduras previamente definidos. Uma anlise elstica necessria para se ter um

    dimensionamento prvio das armaduras e sees transversais.

    2.5.1 Critrio de Plastificao - Lajes

    Especificamente nas lajes de concreto armado, admite-se que o colapso somente

    ocorra com a formao de um conjunto de linhas de plastificao, as quais a transformam

    em um sistema hiposttico. As linhas de plastificao so geradas quando, numa

    determinada seo ou elemento, for atingido o momento de plastificao. Algumas

    hipteses valem pena ser ressaltadas quando na utilizao deste critrio:

    - admite-se o comportamento rgido plstico para a laje;

    - considera-se sobre a laje a atuao de carregamentos proporcionais admitindo

    como satisfatria a capacidade de rotao das charneiras plsticas, at o colapso

    final da laje;

  • 32

    - despreza-se a influncia dos esforos cortantes, de foras normais, dos momentos

    fletores volventes e de possveis efeitos recprocos da ao conjunta de momentos

    fletores atuantes em duas direes ortogonais.

    Segundo a norma brasileira NB1/2003, o clculo de lajes no regime rgido plstico

    permitido desde que as cargas atuem sempre no mesmo sentido e que as deformaes das

    sees da laje estejam nos domnios de deformaes 2 ou 3, conforme esquematizado nas

    figuras 2.15 e 2.16:

    d

    d'

    H

    Bw

    c

    s

    x2%o

    3,5%o cd

    s s

    0,8x

    cd

    Figura 2.15 Diagrama de Tenses e Deformaes Seo Retangular

    alongamento encurtamento

    a b

    10%o yd

    0%o 2%o 3,5%o

    3/7.H

    Hd

    d'

    1

    2

    3

    4

    4a

    5

    Figura 2.16 Domnios de Dimensionamento

  • 33

    Considerando o dimensionamento flexo simples, o momento de plastificao, Mp,

    dado por:

    ZRZRM scp == (2.20)

    onde:

    Mp : momento de plastificao;

    Rc : resultante de foras no concreto;

    Rs : resultante de foras na armadura;

    Z : brao de alavanca.

    Portanto, Rc = Rs. Substituindo os valores de Rc e Rs tem-se:

    Asfxbf ydwcd =8,085,0 (2.21)

    sendo:

    fcd : resistncia de clculo do concreto compresso;

    bw : dimenso da base da seo transversal;

    x : profundidade da linha neutra;

    fyd : tenso de escoamento da armadura;

    As : rea de ao utilizada.

    Fazendo wcd

    yd

    bfAsf

    x68,0

    = e sendo ZRM sp = , temos:

    )4,0( xdAsfM ydp = (2.22)

    )])(

    59,0[wcd

    ydp bffydAsdAsfM = (2.23)

  • 34

    Considerando w

    s bAsa = como sendo a armadura por metro linear, obtm-se o

    momento fletor de plastificao por metro de laje (mpl) representado pela relao 2.24:

    )59,0(cd

    ydsydspl f

    fadfam =

    (2.24)

    A expresso 2.24 ser utilizada neste trabalho para definir um momento de

    plastificao para os elementos de laje (mpl) considerando a armadura por metro, as, em

    cada direo.

    2.5.2 Critrio de Plastificao - Vigas

    Para os elementos de vigas, foram admitidas neste trabalho algumas hipteses

    simplificadoras objetivando diminuir o nmero de variveis no problema sem

    comprometer, de forma significativa, os resultados finais. Exemplos de calibrao e

    validao que sero apresentados no captulo 3 demonstram que as hipteses admitidas

    apresentam uma resposta satisfatria quando se trata do comportamento global da estrutura.

    A cada incremento de carga, os elementos identificados como vigas so verificados

    flexo simples, no estado limite ltimo, e algumas hipteses simplificadoras so

    admitidas:

    - as sees transversais permanecem planas at a ruptura (hiptese de Bernoulli);

    - para valores de encurtamento mximo do concreto, c, admite-se o limite de 3,5 %o; -o alongamento mximo do ao a trao equivale a 10 %o, evitando-se deformaes

    plsticas excessivas na pea;

    - despreza-se a resistncia do concreto trao;

    -adotou-se a distribuio de tenses de compresso no concreto segundo o diagrama

    retangular simplificado com um valor de cd = 0,85.fcd. Determinando-se os momentos fletores nas vigas, em cada iterao, determina-se a

    armadura longitudinal necessria atravs de um dimensionamento flexo simples.

    Compara-se a armadura calculada, em cada passo de carga, com a armadura existente no

    projeto. Caso seja superior, inserida uma rtula plstica na seo transversal admitindo-se

    rotaes significativas nesta seo transversal especfica para pequenos incrementos de

    carga. O momento de plastificao admitido para as vigas corresponde, portanto, ao

  • 35

    momento fletor correspondente fronteira 3-4, dos domnios de dimensionamento

    estabelecidos pela NB1 / 2003. No se admite neste trabalho, portanto, peas superarmadas

    (sees com armadura dupla).

    Na fronteira 3-4, com ocd %5,3= e yds = , para o ao CA50 tem-se 628,0=xk e 749,0=zk , sendo kx a profundidade de linha neutra relativa e kz, o brao de

    alavanca relativo. O momento fletor (mpv) na fronteira 3-4 que, neste trabalho especfico

    ser admitido como o momento de plastificao para as vigas vale:

    cdwpv fdbm = 232,0 (2.25)

    onde:

    mpv : momento de plastificao considerado para as vigas;

    bw : base da seo transversal;

    d : altura til;

    fcd : resistncia de clculo compresso do concreto.

    A verificao da seo com relao ao esforo cortante, no estado limite ltimo,

    tambm se faz necessria. Admitiram-se neste trabalho as recomendaes da NB1/2003 que

    define que a resistncia do elemento estrutural, numa dada seo transversal, deve ser

    considerada satisfatria quando verificadas simultaneamente as seguintes condies:

    2Rdsd VV (2.26)

    swcRdsd VVVV += 3 (2.27)

    onde:

    Vsd : fora cortante solicitante na seo;

    VRd2 : fora cortante resistente de clculo, referente runa das diagonais

    comprimidas de concreto;

    VRd3 : fora cortante resistente de clculo, relativa runa por trao diagonal,

    sendo Vc, a parcela de fora cortante absorvida por mecanismos complementares ao

    de trelia e Vsw, a parcela resistida pela armadura transversal.

  • 36

    No sendo atendidas as relaes 2.26 e 2.27, constata-se o estado limite ltimo devido ao

    esforo cortante.

    2.5.3 Critrio de Plastificao - Pilares

    Como critrio de plastificao dos pilares optou-se pelo dimensionamento flexo

    oblqua, em cada iterao, utilizando o mtodo do pilar padro com curvatura aproximada

    na determinao dos esforos locais de segunda ordem, em conformidade com a NB1/2003.

    Este mtodo pode ser empregado em pilares onde < 90, com seo transversal constante e armadura simtrica ao longo de seu eixo.

    A no linearidade geomtrica considerada de forma aproximada supondo-se que a

    deformao da barra seja senoidal. A no linearidade fsica considerada atravs de uma

    expresso aproximada da curvatura na seo crtica. O momento total mximo no pilar,

    considerando os efeitos de segunda ordem locais, calculado pela expresso:

    rNMM edAdbtotd

    1)10

    (2

    ,1, += l (2.28)

    onde:

    Md,tot : momento fletor total de clculo;

    ab : parmetro relacionado com as condies de contorno da coluna;

    M1d,A : momento de 1. ordem de clculo;

    Nd : esforo normal de clculo;

    le : comprimento de flambagem;

    1/r : curvatura da seo crtica.

    A curvatura na seo crtica avaliada pela seguinte expresso aproximada:

    hhr005,0

    )5,0(005,01 +=

    (2.29)

  • 37

    sendo h equivalente altura da seo transversal na direo considerada e v, a fora normal

    adimensional (cdc

    d

    fAN= ).

    Durante a anlise incremental, so determinados os esforos nas colunas Nd, Mdx e

    Mdy, em cada iterao. Faz-se o dimensionamento flexo oblqua para cada seo do pilar,

    determinando a armadura longitudinal compatvel com os esforos solicitantes. Esta

    armadura ser comparada com a especificada em projeto que foi determinada atravs de

    uma anlise linear elstica inicial.

    Caso a armadura dimensionada seja superior considerada inicialmente em projeto,

    ocorre nesta fase uma insero de uma rtula plstica na seo. Prossegue na anlise

    incremental at que o nmero de rtulas inseridas transforme a estrutura original em um

    mecanismo. No que se refere aos limites estabelecidos para armaduras transversais,

    utilizou-se os mesmos critrios j discutidos para as vigas e que est em conformidade com

    a NB1/2003, item 18.4.3.

    Nos projetos em que as paredes estruturais estejam presentes, estas podem ter os

    efeitos de segunda ordem considerados ou no, dependendo da esbeltez das lminas que

    compem o pilar-parede. Segundo a NB1/2003, os efeitos de segunda ordem podem ser

    negligenciados quando:

    - a base e o topo de cada lmina estiverem convenientemente fixados laje do

    edifcio, conferindo ao todo o efeito de diafragma horizontal;

    - o ndice de esbeltez de cada lmina for inferior a 35.

    Se a esbeltez de cada lmina que forma o pilar-parede for superior a 35 e menor que

    90, a NB1/2003 permite um avaliao aproximada dos efeitos de segunda ordem tratando

    cada lmina como se fosse um pilar isolado. Os esforos atuantes so proporcionais

    largura de cada lmina. A forma como so obtidos os esforos nas paredes estruturais do

    modelo numrico sero detalhados no captulo 3.

  • 38

    2.6 ANLISE DE INSTABILIDADE ELSTICA

    Ao se estudar a instabilidade elstica de prticos deve-se ater a trs problemas

    distintos e que so interrelacionados : problema de bifurcao de equilbrio ou comumente

    chamado de flambagem, problema de segunda ordem e o problema de ponto limite. A

    diferenciao entre os 3 problemas, relacionados ao equilbrio, de suma importncia para

    a compreenso do comportamento estrutural de prticos, no que se refere estabilidade.

    A NBR6118/2003 enfatiza o tema, em seu item 15.2, onde caracteriza como os trs

    tipos de instabilidade nas estruturas:

    - perda de estabilidade por bifurcao do equilbrio ou flambagem, fenmeno que

    ocorre em estruturas sem imperfeies geomtricas iniciais;

    - ponto limite com reverso que seria a perda de estabilidade sem que ocorra a

    bifurcao de equilbrio, fenmeno que ocorre em situaes particulares como nas

    estruturas abatidas;

    - ponto limite sem reverso, ocorre em estruturas de material com comportamento

    no linear, com imperfeies geomtricas iniciai