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TEORIA TEXTUAL III PROPRIEDADES DO TEXTO 1. Coerência Coerência é a relação que se estabelece entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido. 2. Coesão Coesão é a ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões ou frases do texto. A coesão é manifestada por elementos formais. Os elementos coesivos assinalam a conexão entre partes do texto. São muitos os mecanismos de coesão textual. 3. Progressão Um bom texto implica progressão, isto é, que cada segmento que se sucede vá acrescentando informações novas aos anunciados anteriores. Cada segmento que ocorre deve acrescentar um dado novo ao anterior, se a repetição de dados for funcional, acrescentará dados novos ao texto e se justificará. As repetições sem função desqualificam o texto. FALTA DE COESÃO ADEQUADA Levantamos muito cedo. Fazia frio e a água havia congelado nas torneiras. Até os animais, acostumados com baixas temperaturas, permaneciam, preguiçosamente, em suas tocas. Apesar disso, deixamos de fazer nossa caminhada matinal com as crianças. Conclui-se o seguinte: as partes do texto não estavam devidamente ligadas. Diz-se então que faltou coesão textual. Consequentemente, o trecho ficou sem coerência, isto é, sem sentido lógico. Termos Anafóricos e Catafóricos André e Pedro são ambos fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz. Meu pai me disse isto: vá deitar cedo, onde “isto” antecipa “vá deitar cedo. Elementos conectores 1) Pronomes pessoais, retos ou oblíquos Ex.: Meu filho está na escola. Ele tem uma prova hoje. 2) Pronomes possessivos Ex.: Pedro, chegou a sua maior oportunidade. 3) Pronomes demonstrativos a) O filho está demorando, e isso preocupa a mãe. b) Isto preocupa a mãe: o filho está demorando. c) O homem e a mulher estavam sorrindo. Aquele porque foi promovido; esta por ter recebido um presente. 4) Pronomes indefinidos

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TEORIA TEXTUAL III

PROPRIEDADES DO TEXTO

1. Coernciatc "1. Coerncia"Coerncia a relao que se estabelece entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido.

2. Coesotc "2. Coeso"Coeso a ligao, a relao, a conexo entre as palavras, expresses ou frases do texto. A coeso manifestada por elementos formais. Os elementos coesivos assinalam a conexo entre partes do texto. So muitos os mecanismos de coeso textual.

3. Progressotc "3. Progresso"Um bom texto implica progresso, isto , que cada segmento que se sucede v acrescentando informaes novas aos anunciados anteriores. Cada segmento que ocorre deve acrescentar um dado novo ao anterior, se a repetio de dados for funcional, acrescentar dados novos ao texto e se justificar. As repeties sem funo desqualificam o texto.

FALTA DE COESO ADEQUADA

Levantamos muito cedo. Fazia frio e a gua havia congelado nas torneiras. At os animais, acostumados com baixas temperaturas, permaneciam, preguiosamente, em suas tocas. Apesar disso, deixamos de fazer nossa caminhada matinal com as crianas.

Concluise o seguinte: as partes do texto no estavam devidamente ligadas. Dizse ento que faltou coeso textual. Consequentemente, o trecho ficou sem coerncia, isto , sem sentido lgico.

Termos Anafricos e CatafricosAndr e Pedro so ambos fanticos torcedores de futebol. Apesar disso, so diferentes. Este no briga com quem torce para outro time; aquele o faz.

Meu pai me disse isto: v deitar cedo, onde isto antecipa v deitar cedo.

Elementos conectorestc "III - Elementos conectores"1) Pronomes pessoais, retos ou oblquos

Ex.: Meu filho est na escola. Ele tem uma prova hoje.

2) Pronomes possessivos

Ex.: Pedro, chegou a sua maior oportunidade.

3) Pronomes demonstrativos

a) O filho est demorando, e isso preocupa a me.

b) Isto preocupa a me: o filho est demorando.

c) O homem e a mulher estavam sorrindo. Aquele porque foi promovido; esta por ter recebido um presente.

4) Pronomes indefinidos

Ex.: Naquela poca, os homens, as mulheres, as crianas, todos acreditavam na vitria.

5) Pronomes relativos

Ex.: Havia ali pessoas que me ajudavam.

6) Pronomes interrogativos

Ex.: Quem ser responsabilizado? O rapaz do almoxarifado, por no ter conferido os materiais.

7) Substantivos

Ex.: Jos e Helena chegaram de frias. Crianas ainda, no entendem o que aconteceu com o professor.

Crianas = Jos e Helena

8) Advrbios

Ex.: A faculdade ensinouo a viver. L se tornou um homem.

L = faculdade

9) Preposies

Ex.: Preciso de ajuda.

Morreu de frio.

Ex.: Perdemos tudo com a seca.

Ex.: Trouxe copos de papel.

De fim ou finalidade

Ex.: Vivia para o estudo.

De meio

Ex.: Falaram por telefone.

De instrumento

Ex.: Feriuse com a tesoura.

10) Conjunes e locues conjuntivas

Ex.: Assim que sairmos, a aula acabar.

QUESTES DE PROVA

1. (CESPE/INSS) O gnero textual apresentado permite o emprego da linguagem coloquial, como ocorre, por exemplo, em Qualquer um, no sendo irremediavelmente burro (R.13) e um tijolo de burrice (R.14).

2. (CESPE/INSS) A esperana de vida ao nascer e indicadores de renda e de educao compem o ndice de desenvolvimento humano, usado para medir a qualidade de vida nos municpios e regies brasileiras e nos diversos pases do mundo.

3. (CESPE/INSS) O termo Essa situao, empregado no ltimo perodo do texto, refere-se exclusivamente informao prestada no penltimo perodo.

5. (CESPE_STF) O termo ali (R.9) refere-se ao antecedente um grupo de escolas estaduais de ensino mdio de Pernambuco (R.6-7).(ESAF) Nas questes 6 e 7, numere os seguintes perodos de modo a constiturem um texto coeso e coerente e, depois, indique a seqncia correta.

6.

( )Tal euforia foi alimentada pela expanso imoderada do crdito e, naturalmente, estava amparada em expectativas privadas excessivamente otimistas a respeito da evoluo dos ganhos de capital e dos fluxos de rendimentos que decorreriam dos novos empreendimentos.

( )O Fundo Monetrio Internacional est sob fogo cerrado.

( )S agora os sbios entenderam que a degringolada foi resultado de sobrevalorizao de ativos (includos os investimentos em capacidade produtiva).

( )Tais increpaes so at justificadas, mas no h qualquer sinal de que os acusadores tivessem sugerido, ainda que remotamente, a possibilidade do colapso.

( )Muitos economistas de prestgio, como Jeffrey Sachs, vm criticando duramente a incapacidade da instituio de se antecipar e prevenir o episdio asitico.

(Baseado em texto de Luiz Gonzaga Beluzzo - Carta Capital, 18/2/1998)

a)2, 3, 5, 4, 1

b)3, 4, 2, 1, 5

c)5, 1, 4, 3, 2

d)4, 1, 3, 5, 2

e)3, 4, 2, 5, 1

7.

( )No obstante, ali que a velocidade espantosa das conquistas tecnolgicas dispensa em maior grau a mobilizao de novos recursos humanos para aumentar a produtividade das empresas.

( ) A causa fundamental est nas migraes de grupos tnicos em processo de dizimao em seus pases e de milhes de pessoas tangidas pela fome.

( )Nos Estados Unidos, por exemplo, a mo-de-obra fora do mercado de trabalho tem a mesma dimenso estatstica dos ltimos cinco anos.

( )As elevadas estatsticas de desemprego no Brasil no podem ser justificadas com o argumento de que se trata de fenmeno mundial.

( )Na Europa, onde h dezoito milhes de trabalhadores atirados ociosidade forada, o desemprego no resulta apenas da substituio do homem pela mquina.

(Josemar Dantas - Direito & Justia, 23/2/1998)

a)4, 1, 2, 5, 3

b)5, 3, 1, 2, 4

c)1, 2, 3, 5, 4

d)3, 5, 2, 1, 4

e)2, 3, 5, 4, 1

8. (FCC_TRE)

No entanto, o conceito de cidadania no se esgota no direito de eleger e de ser eleito para compor os rgos estatais incumbidos de elaborar, executar ou fazer cumprir as leis.

A frase que reproduz corretamente, em outras palavras, o sentido original do segmento transcrito acima :

(A) Entretanto, como no conceito de cidadania, ele se esgota no direito de eleger e de ser eleito para os rgos do Estado que vo elaborar, executar as leis ou fazer que se cumpra.

(B) O conceito de cidadania restringe-se ao direito de votar, no entanto, e de ser eleito aos rgos que se incumbiu de elaborar, executar ou cumprir as leis como se deve.

(C) No entanto, porm, o conceito de cidadania deve esgotar- se no no direito dos rgos estatais de eleger e de ser eleito para comp-las, incumbidos de elaborar, executar ou fazer cumprir as leis.

(D) Cidadania um conceito que se limita, no entanto, ao direito de eleger e de ser eleito para ser incumbido no s de elaborar, executar ou fazer cumprir as leis, em rgos estatais.

(E) O conceito de cidadania, porm, abrange mais do que o direito de votar e de fazer parte dos rgos do Estado aos quais compete criar, executar ou fiscalizar o cumprimento das leis.

9. (FCC) ... l tambm ... (2o pargrafo)

correto afirmar que l retoma, considerando-se o contexto, a expresso:

(A) densidade raramente obtida.

(B) papel fundamental.

(C) resto do mundo.

(D) critrio de valorao.

(E) norma europeia.10. (FCC) A frase que introduz uma ressalva no contexto :

(A) ... mas pode ser relevante no longo prazo.

(B) o que ajuda a reduzir o efeito estufa.

(C) ... porque ainda no se mediu a capacidade de ressurreio da floresta.

(D) ... que alguns proprietrios de terras abandonam certas reas ao longo do tempo ...

(E) ... o que ocorre nas florestas secundrias tambm importante ...

11. (FCC) No se sabe ainda com que intensidade esse fenmeno acontece na Amaznia. (3o pargrafo)

A expresso grifada retoma corretamente, considerando- se o contexto, a

(A) reconstituio de toda a biodiversidade da floresta.

(B) capacidade de regenerao da mata aps a derrubada.

(C) reabsoro de parte do carbono emitido com o desmatamento.

(D) preservao de boa parte da rea coberta por mata original.

(E) percepo do que realmente acontece com as florestas secundrias.15. Assinale a opo que constitui continuao coesa e coerente para o trecho do texto retirado do Jornal do Brasil, 28/01/2008.

O Brasil tem na China um de seus maiores e mais estratgicos parceiros comerciais no planeta. No por acaso, ambas as naes se alinham entre os quatro pases emergentes abrigados sob a sigla Bric (os outros so a Rssia e a ndia). As compras e vendas de ambos os lados saltaram de US$ 1,54 bilho em 1999 para mais de US$ 23 bilhes no ano passado.

a) Os brasileiros exportam minrio de ferro e soja aos bilhes. Vendem tambm avies fabricados pela Embraer, caf, torneiras eltricas, cachaa, calados, algodo. Importam mquinas industriais. Tambm adquirem toalhas e brinquedos produzidos por chineses, e negociados aqui com a etiqueta de marcas brasileiras.

b) E os encargos sociais que elevam at o dobro o custo de cada funcionrio brasileiro. Est certo que deixou de citar o fato de os empregados chineses arcarem com uma carga horria humilhante e terem pouco ou nenhum direito trabalhista.

c) O fato, contudo, que os quase - 60 tributos entre taxas, impostos e contribuies - cobrados no Brasil desestimulam o investimento. E no de hoje que o pas cobra a modernizao das leis do trabalho.

d) Ao responder por que mais barato fabricar na China e comercializar aqui (ttica j adotada por empresas brasileiras e centenas de outras no mundo) cita, em primeiro lugar, a carga tributria a brasileira corresponde a 36% do Produto Interno Bruto; a chinesa, a 17,5%.

e) As reformas tributria e trabalhista esto na pauta brasileira h anos. A primeira, volta agenda poltica este ano, no embalo do fim da Contribuio Provisria sobre Movimentao Financeira e da urgncia de o governo abrir uma frente para recriar a CPMF via Congresso.

PARFRASE

1) Emprego de sinnimos.

Ex.: Embora voltasse cedo, deixava os pais preocupados.

Conquanto retornasse cedo, deixava os genitores preocupados.

2) Emprego de antnimos, com apoio de uma palavra negativa.

Ex.: Ele era fraco.

Ele no era forte.

3) Utilizao de termos analgicos, isto , que remetem a outros j citados no texto.

Ex.: Paulo e Antnio j saram. Paulo foi ao colgio; Antnio, ao cinema.

Paulo e Antnio j saram. Aquele foi ao colgio; este, ao cinema.

4) Troca de termo verbal por nominal, e viceversa.

Ex.: necessrio que todos colaborem.

necessria a colaborao de todos.

Quero o respeito do grupo.

Quero que o grupo me respeite.

5) Omisso de termos facilmente subentendidos.

Ex.: Ns desejvamos uma misso mais delicada, mais importante.

Desejvamos misso mais delicada e importante.

6) Mudana de ordem dos termos no perodo.

Ex.: Lendo o jornal, cheguei concluso de que tudo aquilo seria esquecido aps trs ou quatro meses de investigao.

Cheguei concluso, lendo o jornal, de que tudo aquilo, aps trs ou quatro meses de pesquisa, seria esquecido.

7) Mudana de voz verbalEx.: A mulher plantou uma roseira em seu jardim, (voz ativa)

Uma roseira foi plantada pela mulher em seu jardim. (voz passiva analtica)

8) Troca de discurso

Ex.: Naquela tarde, Pedro dirigiuse ao pai dizendo: Cortarei a grama sozinho. (discurso direto)

Naquela tarde, Pedro dirigiuse ao pai dizendo que cortaria a grama sozinho. (discurso indireto)

9) Troca de palavras por expresses perifrsicas e viceversa

Ex.: Castro Alves visitou Paris naquele ano.

O poeta dos escravos visitou a cidade luz naquele ano.

10) Troca de locues por palavras e viceversa

Ex.: O homem da cidade no conhece a linguagem do cu.

O homem urbano no conhece a linguagem celeste.

Da cidade e do cu so locues adjetivas e correspondem aos adjetivos urbano e celeste. importante conhecer um bom nmero de locues adjetivas.

QUESTES DE PROVA1. Mantm-se o sentido original de um segmento do texto, com outras palavras, em:

(A) tm sido superlativas aqui = so as mais cultivadas no planeta.

(B) alcanam nveis de superao artstica = precisavam apresentar qualidade superior.

(C) pode compor um elenco = apresenta uma equipe de prestgio.

(D) acabou se alastrando para outros campos = estendeu- se para diversas esferas.

(E) que feito em outras paragens = que serve de exemplo para outros lugares.

2. (FCC) Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma frase ou expresso do texto em:

(A) Certos estavam os telogos = os telogos estavam seguros.

(B) tenha secretamente elegido a Terra = com desvelo foi escolhida a Terra.

(C) onde o fogo crepita = aonde ardem as labaredas.

(D) se riram da sua ingenuidade e presuno = fizeram glosa de sua inocncia e premeditao.

(E) era uma deformao do esprito = representava uma deturpao da alma.

3. (FCC) coerente com o sentido da frase Nosso individualismo, alis, a condio de nossa solidariedade a seguinte afirmao:

(A) Fssemos menos individualistas, poderamos ser mais solidrios.

(B) No obstante sejamos individualistas, sabemos ser tambm solidrios.

(C) da nossa solidariedade que decorre todo o nosso individualismo.

(D) No fosse nossa solidariedade, no seramos to individualistas.

(E) Nossa solidariedade depende substancialmente do nosso individualismo.

6. As informaes do texto deixam pressuposta a ideia de que a capacidade construtiva do setor naval brasileiro sempre esteve em plena atividade. f15. (FCC_TRE_AL) (...) as crianas, seres naturalmente carregados de energia e vitalidade, esto vivendo longas horas dirias de concentrao solitria e de imobilidade.

Pode-se reconstruir com correo e coerncia a frase acima, comeando por As crianas esto vivendo longas horas dirias de concentrao solitria e de imobilidade e complementando com

(A) em que pesem os seres naturais, imbudos de energia e de vitalidade.

(B) no obstante sejam naturalmente providas de muita energia e vitalidade.

(C) porquanto constituem-se como seres de natural energia e vitalidade.

(D) ainda quando seres incutidos de energia e vitalidade em sua natureza.

(E) mesmo quando se mostram atreladas a muita energia e fora vital.IDEIA CENTRAL DO TEXTO

a ideia que no pode ser eliminada. Aquela em torno da qual giram as demais. Contm tudo o que essencial no pargrafo.

Como trabalhar adequadamente para reconhecer as ideias principais:

Fazer uma leitura geral do texto.

Efetuar uma leitura por pargrafo.

Destacar em cada um, aquilo que for mais importante, sublinhando as ideias principais ou fazendo anotaes.

Sublinhar o mais importante e fazer anotaes nas margens:

Aplicar essa tcnica simples e rpida exige que acompanhemos o texto com ateno e avaliemos continuamente aquilo que o emissor quis dizer e o que mais importante em cada pargrafo.

O recomendvel trabalhar sobre o pargrafo como unidade de sentido: ler primeiro todo o pargrafo e em seguida, descobrir o que ele diz e se sua mensagem central relevante.

Somente devemos sublinhar o fundamental. Os detalhes, os exemplos, as digresses do relato devem ser evitados. O ideal, e quase sempre possvel, sublinhar de modo que, ao ler unicamente o que est sublinhado, o texto conserve o sentido e inclua todas as informaes necessrias para a compreenso dos temas fundamentais.

1. (FCC_TRF 4R) As tcnicas no determinam nada, em si mesmas. Dependem de interpretaes e usos conduzidos por grupos ou indivduos que delas se apropriam.

A ideia central do trecho acima est resumida de forma clara e correta nesta frase:

(A) Uma vez que dependam de seu uso, as tcnicas em nada se determinam por si mesmas.

(B) No por elas, em si, mas pelo uso que delas se d que as tcnicas acabam por alcanar sua prpria determinao.

(C) o controle exercido pelas tcnicas que d a quem as administra o poder de vir a determinar tudo.

(D) O que as tcnicas podem determinar no est nelas mesmas, mas no uso que delas faz quem as controla.

(E) Como dependem de seu uso, no so as tcnicas que se deixam conduzir por quem delas se aproprie.

H uma rotina de ideias a que no escapa sequer o escritor original. Os grandes temas, os temas universais, reduzem-se a uma contagem nos dedos e quem escreve fico vai beber sempre na mesma aguada. Um ficcionista puxa outro. Dostoievski, Faulkner, Kafka deflagraram muitos contemporneos, graas sua fora extraordinria de gravitao. Servem de impulso primeira largada, seus modos de dizer e maneira de ver e sentir o mundo deixam de ser propriedade privada, incorporam-se literatura como conquista de uma poca, um condomnio em que as ideias se desligam e flutuam soltas.

Fala-se comumente em influncias na obra deste ou daquele autor. O termo, com o tempo, perdeu contorno pejorativo. Quem no tem influncias, quem no se abeberou em algum? Literatura um organismo vivo que no cessa de receber subsdios. Felizes os que, contribuindo com essa coisa inquietante que escrever, revigoram-lhe o lastro. Eles se realizam em termos de criao artstica e contribuem, com sua experincia e suas descobertas, para que outros cheguem e deitem ali, tambm, o seu fardo.

Stendhal inventou para o amor a teoria da cristalizao que se poderia aplicar coisa literria. No fundo, as ideias so as mesmas, descrevem um crculo vicioso que o escritor preenche conscientemente, se acrescentar ao que j encontrou feito uma dimenso pessoal. Criao espontnea, inspirao, musa? Provavelmente no existem, pelo menos na proporo em que os romnticos quiseram valorizar as manifestaes do seu esprito. Escrever e falo sempre em termos de criar um exerccio meticuloso em busca do amadurecimento; quem escreve retoma uma experincia sedimentada, com o dever, que s alguns eleitos cumprem, de alarg-la dentro da perspectiva do homem e da poca.

(Hlio Plvora. Graciliano, Machado, Drummond & Outros. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, pp. 37-38)

2. (FCC_TRT_PAR) A ideia central do texto est corretamente reproduzida em:

(A) Alguns temas, que so universais, tornam-se a matria-prima de escritores, que habitualmente se influenciam uns aos outros.

(B) Obras que tratam de alguns temas, abordados sob influncia explcita de outros autores, nem sempre apresentam verdadeiro valor literrio.

(C) Poucos escritores conseguiram, em sua poca e em seu meio, abordar em suas obras temas edificantes para o acervo cultural da humanidade.

(D) Os autores romnticos parecem ter sido, realmente, os nicos inovadores quanto transformao de experincias de vida em temas literrios.

(E) Temas de domnio comum, compartilhados por autores sob influncia mtua em uma mesma poca, resultam em pequena valorizao das obras em que so tratados.

3. (FCC_TRT_PAR) A afirmativa correta, de acordo com o texto, :

(A) A criao literria deve ser entendida como resultado de um amadurecimento pessoal, capaz de trabalhar temas universais segundo novos prismas, caractersticos de um tempo especfico.

(B) A literatura se baseia, segundo alguns escritores, em grandes causas humanistas, principalmente aquelas pertencentes a uma nica comunidade, ainda que em pocas distintas.

(C) O fato de se transformarem em conhecimento de domnio pblico, pela troca recproca de influncias entre os autores de uma mesma poca, compromete o valor literrio de certas obras.

(D) Os ficcionistas realmente considerados como modelo para que outros se deixem influenciar por eles so pouqussimos, ainda que a literatura, como organismo vivo, sempre esteja se modificando.

(E) A ideia de transformao da literatura em um condomnio, com temas inalterveis tanto no tempo quanto nos mais variados lugares, reduz o ato de criao a mero exerccio imitativo de publicaes anteriores. 4. (FCC_TRT_PAR)

correto afirmar que as questes colocadas nos 2o e 3o pargrafos (A) estimulam a estranheza do leitor por introduzirem uma voluntria incoerncia de seu autor no contexto.

(B) apresentam semelhana de sentido e pressupem respostas que embasam a opinio defendida pelo autor.

(C) constituem recursos enfticos adotados pelo autor para contradizer a opinio exposta no 1o pargrafo.

(D) assinalam uma crtica velada do autor a escritores que recebem influncia de outros, pois tratam dos mesmos temas.

(E) permitem perceber o sentido irnico do questionamento que se coloca entre a criao artstica espontnea e a imitao de terceiros.