Teoria do CVJ
-
Upload
leonidia-marinho -
Category
Documents
-
view
214 -
download
0
description
Transcript of Teoria do CVJ
Página 1 de 7
A
DESCRIÇÃO FENOMENOLÓGICA DO ACTO DE CONHECER
IDEIAS BÁSICAS
Em sentido fenomenológico, o conhecimento é perspectivado como fenómeno puro,
em que se analisa o que há de essencial: a relação entre um sujeito e um objecto
susceptível de ser conhecido.
No acto de conhecer intervêm dois elementos opostos: o sujeito cognoscente e o
objecto conhecido. (Relação de Oposição)
O conhecimento é a relação que se estabelece entre ambos.
Há uma relação recíproca entre sujeito e objecto: (Relação de Reciprocidade)
- O sujeito cognoscente só o é em função do objecto,.
- O objecto de conhecimento só o é em função do sujeito.
A correlação entre sujeito e objecto não significa que sejam elementos permutáveis:
O sujeito não pode ser objecto e este não pode ser sujeito porque os seus papéis são
diferentes. (Relação de Irreversibilidade)
O papel do sujeito é activo: conhecer o objecto.
O papel do objecto é passivo: ser conhecido pelo sujeito.
Sujeito e objecto unem-se no acto de conhecer, mas a sua união não anula a oposição
entre ambos.
Para o sujeito, o objecto é sempre algo distinto dele, algo que não é ele.
Há três momentos no acto de conhecer:
- o sujeito sai de si em direcção à esfera do objecto.
-O sujeito está fora de si a apreender as qualidades do objecto.
-O sujeito regressa a si para introduzir na sua esfera as qualidades representadas.
FILOSOFIA -11 º ANO
A professora: Leonídia Marinho
Página 2 de 7
As qualidades não são retiradas ao objecto.
As qualidades apreendidas não entram fisicamente na consciência do sujeito.
As qualidades apreendidas são representadas sob a forma de imagem.
No conhecimento o objecto não se altera.
O sujeito sofre alterações: nasce nele a consciência ou imagem do objecto.
Na descrição fenomenológica, os conceitos-chave são os seguintes:
Conhecimento: Acto pelo qual o sujeito apreende ou representa o objecto.
Sujeito cognoscente: Não é um sujeito real, empírico, uma pessoa identificável mas
um sujeito gnosiológico , isto é, o sujeito do conhecimento, o que apreende ou
representa o objecto.
Objecto conhecido: Tudo o que é susceptível de ser apreendido: uma pessoa, uma
ideia, uma teoria,um teorema,etc.
Representação: Resultado do acto de conhecer. Depois de apreendido, o objecto fica
na consciência do sujeito sob a forma de imagem.
B
SABER-FAZER – refere-se ao conhecimento de uma actividade, isto é, à capacidade, aptidão ou
competência para fazer alguma coisa: por exemplo, saber cozinhar, saber conduzir, saber
dançar, apanhar borboletas, dançar, entre outros CONHECIMENTO POR CONTACTO- refere-se ao conhecimento directo de alguma realidade,
seja de pessoas ou lugares: conhecer o Papa ou Veneza, ou seja, conhece-los pessoalmente. SABER QUE (PROPOSICIONAL )– refere-se ao conhecimento proposicional ou conhecimento
de verdades. Grande parte dos nossos conhecimentos é relativa ao saber-que. Sabemos que:
2+2=4; de acordo com Lavoisier, na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma;
etc.
TIPOS DE CONHECIMENTO
Página 3 de 7
C
Tiago sabe que o carro do pai está estacionado na garagem se, e só se, (Tiago sabe que P)
acredita que o carro do pai está estacionado na garagem; (se e só se S acredita que P)
é verdade que o carro do pai está estacionado na garagem; (P é verdadeiro)
tem razões para acreditar que o carro do pai está estacionado na garagem. (S tem justificação
para acreditar que P)
Tiago sabe que 8-5=3 se, e só se,
Acredita que 8-5=3 ;
É verdade que 8-5=3 ;
Está justificado a acreditar que 8-5=3 .
DEFINIÇÃO TRADICIONAL DE CONHECIMENTO: O CONHECIMENTO COMO CRENÇA
VERDADEIRA JUSTIFICADA
S sabe que P se, e só se,
S acredita que P;
P é verdadeira;
S tem justificação para acreditar que P.
EXEMPLOS
Página 4 de 7
Para que exista conhecimento têm de estar
reunidas três condições:
CRENÇA, VERDADE E JUSTIFICAÇÃO
VEJAMOS
CONHECIMENTO E CRENÇA
O conhecimento envolve uma CRENÇA. Por outras palavras, quando sabemos algo,
acreditamos nesse algo. Não parece ser possível saber algo sem acreditar no que se
sabe. Assim, diz-se que
A CRENÇA É UMA CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O CONHECIMENTO: SEM CRENÇA
NÃO HÁ CONHECIMENTO.
Exs : Sei que a Terra gravita em torno do Sol, mas não acredito nisso.
Não acredito em bruxas mas que as há,há!
Afirmações deste género são contraditórias.
Mas será a crença uma condição necessária para o
conhecimento?
Evidentemente que não uma vez que podemos ter crenças verdadeiras e crenças falsas. As
pessoas podem acreditar em coisas que não sabem simplesmente porque essas coisas não
correspondem à realidade. O conhecimento proposicional é um conhecimento de verdades e
não de falsidades.
Ex: Podemos acreditar que existem sereias mas não podemos saber que existem sereias.
PORQUÊ? Porque as sereias não existem, não correspondem à realidade.
CONCLUSÃO: A CRENÇA É UMA CONDIÇÃO NECESSÁRIA MAS NÃO SUFICIENTE PARA O
CONHECIMENTO.
Página 5 de 7
Que outras condições são necessárias para que haja
conhecimento?
CONHECIMENTO E VERDADE
O conhecimento é factivo, ou seja, não se pode conhecer falsidades. Dizer que o
conhecimento é factivo é o mesmo que dizer que sem verdade não há conhecimento. A
VERDADE é uma condição necessária para o conhecimento.
Não podemos confundir as seguintes duas coisas :
PENSAR QUE SE SABE ALGO E SABER REALMENTE ALGO
Ex: No tempo de Ptolomeu as pessoas estavam seguras de que sabiam que a Terra estava
imóvel no centro do universo. Mais tarde verificou-se que estavam enganadas. Não sabiam,
pensavam que sabiam. Estavam enganadas. A sua crença não era verdadeira.
Mas será que basta que uma crença seja verdadeira para constituir conhecimento? Também
não. Porquê?
Vejamos um exemplo:
Carlos está convencido de que lhe sairá o euromilhões e o euromilhões sai-lhe efectivamente.
A sua crença verificou-se ser verdadeira mas não constitui conhecimento. PORQUÊ? Muito
simples: O seu conhecimento só é verdadeiro por acaso ou por coincidência. Para haver
conhecimento não é suficiente que a crença seja verdadeira (porque pode ser verdadeira por
acaso ou por coincidência).
A CRENÇA VERDADEIRA NÃO É SUFICIENTE PARA HAVER CONHECIMENTO.
CONHECIMENTO E JUSTIFICAÇÃO
As nossas crenças para além de serem verdadeiras têm de ser JUSTIFICADAS. Temos que ter
razões ou argumentos que sustentem as nossas crenças. Caso contrário, não há conhecimento.
Eis então que:
A JUSTIFICAÇÃO É UMA CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O CONHECIMENTO.
Página 6 de 7
Esta é a definição tradicional de conhecimento.
O conhecimento é uma crença verdadeira justificada
A definição tradicional de conhecimento foi aceite durante mais de 2000 anos, tendo sido
criticada em 1927 pelo filósofo americano Edmund Gettier.
Através de um conjunto de contra-exemplos apresentados por E.Gettier, este conclui que a
crença verdadeira justificada NÃO É SUFICIENTE para haver conhecimento. É possível que
alguém tenha uma crença verdadeira justificada sem que tal crença corresponda a um efectivo
conhecimento. Ver compêndio adoptado (página 134)
D
FONTES DE CONHECIMENTO
Conhecimento a priori e a posteriori
Quais são as fontes ou origens do conhecimento?
Nenhumas das condições (crença, verdade e justificação) são
suficientes para haver conhecimento.
Tomadas conjuntamente parecem ser suficientes.
Se alguém tiver uma crença, se essa crença for verdadeira e se
estiver justificada, então parece impossível que essa pessoa não
tenha conhecimento
CRÍTICAS Á DEFINIÇÃO TRADICIONAL DE CONHECIMENTO (E.GETTIER)
Página 7 de 7
Vejamos:
2+2=4 Trás-os-Montes tem um relevo
montanhoso
Estamos justificados a
acreditar que “2+2=4”,
pelo pensamento ou
pela razão.
Conhecimento a priori
Estamos justificados a acreditar que “Trás-os-Montes tem um
relevo montanhoso” pela experiência ou pelos nossos sentidos.
Conhecimento a posteriori
Conhecimento a priori é um conhecimento baseado em juízos apriori, tem a sua
fonte ou origem apenas na razão, é universal na medida em que não admite
excepção sendo verdadeiro sempre e em toda a parte e é necessário, isto é,
verdadeiro em qualquer circunstância.
Conhecimento a posteriori é um conhecimento baseado em juízos a posteriori,
tem a sua origem na experiência sendo, por isso, um conhecimento empírico,
não é universal porque admite excepções, podendo não ser verdadeiro sempre
e em toda a parte e, não sendo necessário, é contingente, ou seja, é um
conhecimento verdadeiro mas poderia ser falso.