Telhados e Coberturas Ecológicas aliadas ao conforto ambiental e arquitetônico
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Telhados ecológicos a favor do futuro do planeta1
Marcus Vinicius Mocelin dos Reis2
Resumo: Trata de um campo dentro da Engenharia Civil que, principalmente, cuida da
sustentabilidade. Os telhados ecológicos são tão bem vistos pela sociedade, quanto pela
própria natureza e seus benefícios englobam ambos. Um dos grandes empecilhos é o
alto custo, que, felizmente, tem retorno a longo prazo.
Palavras-chave: Engenharia Civil, sustentabilidade, sociedade, habitabilidade3, telhado
ecológico, natureza, custo, benefícios.
Um dos grandes problemas que vem sendo imposto à humanidade advém das
questões ambientais. Aliando-se a isso, os mais diversos nichos profissionais têm se
adequando aos novos meios sustentáveis de trabalho. Não foi diferente com a
Engenharia Civil, que além de preocupar-se principalmente com o bem-estar das
pessoas, passou a inteirar-se com a importância da natureza incorporada ao mesmo. A
aplicação dos telhados verdes em coberturas é pauta na área da construção. Contudo, a
prerrogativa é sobre os benefícios resultantes em paralelo com a viabilidade da
aplicação dos mesmos.
As coberturas ecológicas foram inicialmente incorporadas na Europa, onde são
muito populares e no Brasil elas vêm sendo gradativamente implementadas com o
intuito de divulgar o ambientalismo pelas empresas e pela própria sociedade. A
aplicação das mesmas é visível no compasso de que a própria prefeitura, “City Hall”, de
Chicago adotou-as, sendo uma das coberturas mais famosas dos Estados Unidos. O
telhado que antes era um espaço abandonado pode tomar partida e tornar-se muito útil,
pois, além deles “complementarem a vegetação tradicional, não atrapalham a infra-
estrutura urbana”, defende Carlos Prates 4 (apud D‟ELIA, 2009, p. 36). Os ecotelhados
trazem diversos benefícios, não somente para a sociedade e o ecossistema, mas também
no que se referem ao conforto que proporciona nas próprias habitações.
1 Artigo de Opinião para a disciplina LET ___ no semestre 1, de 2010.
2 Aluno do curso de Engenharia Civil da UCS.
3 Conjunto de condições que uma habitação.
4 Engenheiro agrônomo.
Existem dois tipos de telhados ecológicos: os intensivos e os extensivos. Os
intensivos são basicamente parques elevados. Eles conseguem sustentar
arbustos, árvores, passagens e bancos com suas camadas para suporte
estrutural complexo, irrigação drenagem e proteção das raízes. Os telhados
ecológicos extensivos são relativamente leves, com uma cobertura de solo
nativo que exige pouca manutenção. Os extensivos geralmente existem
apenas por seus benefícios ambientais e não funcionam como jardins de
coberturas acessíveis. (DOWDEY, 2009).
Os telhados ecológicos em sua definição são coberturas nas quais é aplicada uma
vegetação, sendo esta a causa de uma melhora significativa nas habitações e na
atmosfera urbana, pois melhora a qualidade da mesma através da fotossíntese, assim
como proporciona melhorias nas condições termoacústicas e reduz a poluição
ambiental. De acordo com o jornalista Fabiano Costa, “O ecotelhado é uma estrutura
arquitetônica formada por um subtelhado convencional, que pode ser constituído de
telhas cerâmicas, fibrocimento ou laje de concreto, e revestido pelas ecotelhas
vegetadas”. Os ecotelhados podem melhorar em torno de 30% as condições térmicas, de
acordo com pesquisas alemãs5 engajadas no assunto. Devido a essa diminuição, muitas
vezes não há necessidade de ar-condicionado ou climatizadores reduzindo, então, os
gastos e o consumo de energia. Segundo João Emanuel Lick Feijó6 (apud BOSIO,
2009), “Ele funciona como isolante acústico e térmico mantendo o ambiente sempre
fresco”. Como a planta utiliza a água das chuvas, o proprietário não só fica livre do
compromisso de irrigá-la, mas também contribui na melhoria do paisagismo e
urbanismo das cidades, pois ainda nas palavras de Lick Feijó, “Com a urbanização das
cidades, o solo se tornou impermeável, fazendo com que as águas provenientes da
chuva sejam levadas diretamente para os rios. Em casos extremos, esse excesso de água
causa enchentes”. Levando em consideração ainda que não sejam precisos trabalhos de
manutenção, pois há uma diversidade de espécies de plantas adequadas às diversas
situações climáticas
O frenesi do desenvolvimento nas cidades está em nível elevado. Com esse
aumento populacional, industrial e de tráfego, a poluição que já era grande, tomou
proporções incomparáveis. Um exemplo desse caos urbano são as Ilhas de Calor, que é
o contraste (elevação) de temperatura entre uma área urbana e uma rural. Isso
literalmente gera uma ilha climática dentro dos limites periféricos da cidade. A
5 Realizadas por EPA.
6 Engenheiro agrônomo e sócio da empresa Ecotelhado.
cobertura vegetal presente na área rural possibilita o processo de evapotranspiração7 e
evaporação, amenizando a temperatura na mesma. Um dos grandes causadores desse
problema é a falta de áreas revestidas de vegetação no pólo central da metrópole. De
acordo com pesquisas8 do arquiteto alemão Jörg Spagenberg
9 (apud D‟ELIA, 2009, p.
35), a utilização de ecotelhados em larga escala poderia reduzir a temperatura em 1ºC
ou 2ºC das cidades. “[...] essa redução já é o suficiente para impactar na qualidade de
vida da população e das pessoas que habitam esses ambientes”, complementa. Além de
diminuir em aproximadamente 15ºC a superfície das lajes10
. “Nas zonas de climas frios,
„aquecem‟, pois armazenam o calor dos ambientes interiores e nos climas quentes
„resfriam‟, já que mantém os espaços internos isolados das altas temperaturas externas”,
(PISSETTI NETO apud MINKE, 2005).
Quanto a um estudo canadense11
, um telhado ecológico de 15 cm de
comprimento pode diminuir o consumo de energia em 75% no verão. Como ele mantém
a umidade relativa do ar constante ao redor da edificação, forma um microclima e
purifica o ar gerando um microecossistema. Isso novamente influi na diminuição do
consumo de ar-condicionado, não sendo adicionado como um dos efeitos do
aquecimento global.
Essas coberturas ecológicas possuem muitas vantagens inclusive na composição
das mesmas, pois essas podem ter composição de materiais recicláveis e já comparados
aos telhados tradicionais feitos de alcatrão, asfalto e cascalho. Resumidamente, elas
devolvem a área verde à paisagem urbana, proporcionando a continuidade dos
ecossistemas; diminuindo as enchentes, pois retém a água das chuvas; age como filtro,
retendo as impurezas do ar urbano; diminui o calor nas cidades, como já citado, pois o
mesmo é gerado pelo reflexo dos raios infravermelhos; além de primordialmente servir
como habitat para espécies de animais. Entretanto, seu custo inicial é muito elevado, por
7 Perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração.
8 In loco no Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP). 9 Doutorando pela Bauhaus em convênio com a USP.
10 Elemento estrutural de uma edificação. É uma lâmina horizontal normalmente composta de concreto
armado. 11
Realizada por Professional Roofing.
exemplo, de acordo com o EPA12
, as coberturas ecológicas têm um custo médio de
US$88,00 por m², enquanto que os tradicionais aproximam-se de US$13,75 por m². O
primeiro possui uma diferença gritante a mais, devido ao fato de que os ecotelhados
necessitam de uma mão de obra profissional e análise estrutural, além de várias camadas
e sistemas. Parafraseando Dowdey, nos Estados Unidos, conforme cresce a procura por
essas coberturas, o preço diminui. O engenheiro americano John Winsdrow defende
que, “relevando os benefícios econômicos a longo prazo, o custo inicial já é
ultrapassado”.
A aplicação dos telhados vivos nas coberturas tem o intuito de utilizar um
espaço que sempre esteve viável e disponível. Contudo, o grande empecilho para a
implementação dos mesmos é o seu alto custo. Vale ressaltar ainda que os ecotelhados
não só são produzidos através de materiais recicláveis, como também contribuem para
uma melhoria significativa de toda atmosfera urbana. Seja a nível social ou econômico,
essas coberturas têm demonstrado acentuadamente, que, através de seus respectivos
acréscimos em benefício da sociedade, o seu custo inicial elevado – aproximadamente
seis vezes maior comparado aos tradicionais - tornar-se-á zerado com o tempo. Aos
nossos olhos, percebemos que não há nada mais importante que os benefícios aos
impactos ambientais resultando na melhora da nossa condição de vida e de nossa saúde.
REFERÊNCIAS
BOSIO, Aline. Telhado verde é a opção de sustentabilidade. Disponível em: <
http://www.arquitetura.com.br/noticias/noticia.php?idNot=79 >. Acesso em: 01 abr. 2010.
COSTA, Fabiano. Arquitetura ecológica. Zero Hora, Porto Alegre, 29 jun. 2008. Ambiente,
Laboratório, p. 4.
D‟ELIA, Renata. Telhados verdes. Téchne, São Paulo, p. 34-39, jul. 2009.
ECOTELHA. Disponível em: < http://www.redetec.org.br/inventabrasil/ecotelh.htm >. Acesso
em: 01 abr. 2010.
12
United States Environmental Protection Agency - é uma agência do governo federal dos Estados Unidos encarregada de proteger a saúde humana e o ambiente, conforme escrito e sua aplicação nas normas embasadas nas leis aprovadas pelo Congresso.
PISSETTI NETO, David. Comparativo do Desempenho Térmico do Telhado de
Fibrocimento com o de Tetra Pak e o Telhado Verde, em Ambiente Controlado. Itajaí:
UNIVALI, 2009, 68 p.. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso), Engenharia ambiental,
Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí,
2009.
TÓFOLI, Daniela. Moradores usam "telhado vivo" contra calor. Folha de São Paulo,
São Paulo, 12 fev. 2006. Cotidiano.