Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

493
ERCIO T H O M A Z

description

Livro preparado com base em tese de doutorado defendidana Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - 1999

Transcript of Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Page 1: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

E R C I O T H O M A Z

Page 2: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 3: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

TECNOLOGIA, GERENCIAMENTO E QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO

C O - E D I Ç Ã O IPT / EPUSP / PINI

E R C I O T H O M A Z

Livro preparado com base em tese de doutorado defendida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - 1999

SÃO PAULO - 2001

I - 1

Page 4: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção

© C O P Y R I G H T E D I T O R A PINI LTDA.

Todos os direitos de reprodução reservados pela Editora Pini Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Thomaz, Ercio Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção / Ercio Thomaz. — S ã o Paulo :

Editora Pini, 2 0 0 1 .

Bibliografia. I S B N 8 5 - 7 2 6 6 - 1 2 8 - X

1 . Construção 2. Indústria da construção - Administração 3. Indústria da construção - Controle de qualidade 4. Indústria da

construção - Inovações tecnológicas I. Título.

0 1 - 2 9 5 8 C D D - 6 9 0

í n d i c e s para c a t á l o g o s i s t e m á t i c o : 1 . Construção : Gerenciamento : tecnologia 690

2. Construção : Qualidade : tecnologia 690 3. Construção : Tecnologia 690

Coordenação de livros: Raquel Cardoso Reis Projeto gráfico e serviços editoriais: L.L. Artes Gráficas Capa: Lúcia Lopes Revisão: Ercio Thomaz Serviços gráficos e industriais: José Pereira da Silva

Editora Pini Ltda. Rua Anhaia, 964 - C E P 01130-900 São Paulo - S P - Brasil Fone: (11) 3224-8811 - Fax: (11) 3224-0314 Internet: http://www.pini.com.br - E-mail: [email protected]

1 a e d i ç ã o 1 § tiragem: 2.000 exemplares, julho/2001

Page 5: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Ao Felipe c ao Júlio

À Sandra e à Karina

Ao Flávio c à Vil ma

Aos meus pais.

Page 6: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 7: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Herdamos dos nossos pais as características genéticas, os traços básicos do com-

portamento e do caráter. Mas somos essencialmente frutos do meio. Apreendemos um

pouco, e de cada um, virtudes e valores. Na teoria do espelho, valorizamos os atributos

que nos são mais sagrados. Agradeço a Deus por ter colocado no meu caminho tantos

seres humanos verdadeiros. Obrigado aos meus pais, aos meus filhos, aos meus mestres

e a todos os amigos que fizeram de mim um homem.

Agradeço ao Mackenzie, que me ensinou as primeiras coisas da engenharia. A

Politécnica, que me acolheu e me aperfeiçoou. Ao IPT, a quem devo tudo que sou

profissionalmente. Alguns mestres, e alguns homens, marcaram especialmente minha

trajetória: Antonio Moliterno, Alberto de Campos Borges, Paula Viviani, Ruth Arraes,

Francisco Thomaz, Celso Bernardes da Silva, Carlos Alberto Bonfanti, Caio Moita, Alberto

Pereira de Castro, Carlos de Souza Pinto, Figueiredo Ferraz, Luiz Carlos Martins Bonilha,

Luiz Emílio Horta, Roberto Gerassi, José Carlos Thomaz e, com particular carinho,

Domingos de Bonis.

Por último, um agradecimento muito especial ao Paulo Helene, orientador do

meu doutorado na EPUSP,a partir do qual produziu-se este trabalho.Também aos amigos

e às empresas que possibilitaram a edição deste livro: Sergus, Kallas Engenharia, Via

Engenharia, Sical, Fosroc/Reax e Rodobens Engenharia.

1 - 5

Page 8: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Prefaciar este l ivro é u m a tarefa honrosa e q u e realizo c o m muito prazer. O engenheiro civi l E r c i o

T h o m a z , a l é m d o grande a m i g o c o m o qual tenho c o n v i v i d o há m a i s de 2 3 anos, pesquisador

c o m p e t e n t e e r e c o n h e c i d o , t a m b é m é u m líder de elevada c a p a c i d a d e de trabalho profissional e

esmerada sensibi l idade h u m a n a q u e b e m c o n h e c e m aqueles q u e c o m o e u t iveram o privilégio de

trabalhar c o m ele durante anos e sob as mais diversas e dif íc ies situações, tanto c o m o seu subordi -

nado hierárquico n o I P T q u a n t o c o m o s e u orientador formal de doutorado na P O L I .

Agora, para felicidade do m e i o técnico, l)r. Erc io d e c i d e publ icar este l ivro abordando nada m e n o s

q u e "Tecnologia, G e r e n c i a m e n t o e Qual idade na Construção". É u m tema tão abrangente que mui -

tos p o u c o s p o d e r i a m escrever tão b e m q u a n t o ele. Me faz recordar dos últ imos anos de m i n h a

f o r m a ç ã o profissional, na velha P O L I da Tiradentes, na década de 70. C o m o é tradição na Escola

Pol i técnica, t i n h a aulas c o m os m e l h o r e s professores d o país e m u i t o p r o v a v e l m e n t e os m a i s

atualizados. Nessa é p o c a , p o u c o m a i s de 2 5 anos atrás, Tecnologia se c o n f u n d i a c o m t é c n i c a s

construtivas, Gerenciamento c o m c a m i n h o c r í t i c o P E R T / C P M e Qualidade era praticamente

d e s c o n h e c i d a do vocabulár io t é c n i c o do engenheiro civil .

I r o n i c a m e n t e o Brasil passava p o r u m a das m a i s altas taxas de c r e s c i m e n t o e invest imento na

infraestrutura do país e c o m esses conceitos da época, vigentes na engenharia civi l mundial e hoje

claramente insuficientes para a obtenção de obras c o m qualidade, foram construídas as grandes

pontes, muitos viadutos, estradas, barragens, edifícios industriais, comerciais e 11111 sem número de

edificações habitacionais através de mega-programas nacionais patrocinados pelo B N H , C E F , C O H A B s ,

I N O C C O P s , Prefeituras e b a n c o s hipotecários. Q u a n t o s problemas na é p o c a e c o m repercussões até

hoje! Quantos insucessos! A sociedade brasileira pagou duas, tres vezes o acidente, a demolição, a

correção das falhas e às vezes até a reconstrução total de certas obras. O s pequenos proprietários,

aparente e inicialmente beneficiados pelos investimentos e m habitação de interesse social, e m pou-

c o s anos não encontravam mais recursos para fazer frente a gastos precoces e excessivos de manu-

tenção jamais imaginada.

N o f im da década de 7 0 foi introduzido e implantado 110 país o c o n c e i t o de "Avaliação de D e s e m p e -

11110", adaptação da "performance" dos franceses, voltado p r i n c i p a l m e n t e para a análise dc proces-

sos construtivos inovadores. O I P T através da Div isão de Edif icações l iderou a implantação desse

programa n o país, na realidade mais q u e u m programa, tratava-se de difundir 11111 conceito revolu-

c ionár io e m o d e r n o à é p o c a . Naquele t e m p o o jovem e n g e n h e i r o Erc io T h o m a z já coordenava

c o m c o m p e t ê n c i a e br i lho 11111 desses programas. Paralelamente, na P O L I , os m e s m o s pesquisado-

res p u b l i c a v a m através do D e p a r t a m e n t o de Engenharia de C o n s t r u ç ã o C i v i l várias dissertações

de mestrado e teses de doutorado sobre o tema. H o j e e m dia o assunto é a m p l a m e n t e c o n h e c i d o e

d o m i n a d o pela engenharia c ivi l m u n d i a l exist indo inclus ive u m a organização internacional ' W F T A O

World Fcderat ion of T e c h n i c a l Asscssment Organization" que congrega mais de 4 0 instituições e m

3 2 países, unif icando critérios de d e s e m p e n h o e c r e d e n c i a n d o organismos d e d i c a d o s à aprovação

técnica de processos inovadores n a c o n s t r u ç ã o civi l .

A i n d a 11a década de 7 0 foi introduzido o c o n c e i t o d c "Patologia e Terapia das Construções", já

Page 9: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

c o n h e c i d o d e outros países desde o s é c u l o passado. Mais q u e u m c o n c e i t o , tratava-se de uma nova

disc ipl ina da engenharia civil , introduzida e m 1 9 7 9 nos cursos de E d u c a ç ã o C o n t i n u a d a da P O L I /

F D T E e c o m o discipl ina optativa no q u i n t o ano de civil . N o I P T o tema era objeto d e Projetos e

C o n v ê n i o s c o m o B N H e outros organismos. Várias dissertações de mestrado e teses de doutorado

foram publ icadas, destacando-se c o m o u m a das pioneiras "Trincas e m Edificações" de E r c i o T h o m a z ,

imediatamente p u b l i c a d a c o m o livro pela Editora Pini, c o m grande aceitação pelo m e i o técnico.

I-ra p r e c i s o c o n h e c e r m e l h o r o q u e d e fato estava o c o r r e n d o c o m as obras de engenharia c ivi l q u e

apresentavam tão curta vida útil. O esforço foi m u n d i a l e tanto a década de 8 0 q u a n t o principal-

mente a de 9 0 foram pródigas e m metodologias de i n s p e ç ã o e de previsão de vida útil. Atualmente

está a m p l a m e n t e difundido o c o n c e i t o de "Life C y d e Cost", ferramenta indispensável para análise

e escolha adequada de u m certo processo construtivo exposto a particulares c o n d i ç õ e s ambientais

e de uso.

A c o n c e i t u a ç ã o abrangente da Q u a l i d a d e só foi introduzida 1 3 a n o s atras c o m a publ icação da

série I S O 9000, e m fins de 1 9 8 7 . Adaptada e p u b l i c a d a e m 1 9 9 0 pela A B N T , através da NBR 9000,

passou a ter a m p l a difusão na engenharia civi l , s e n d o t a m b é m objeto de dissertações e teses na

P O L I . F i c o u mais c lara a c o n c e i t u a ç ã o abrangente de G e s t ã o empresarial e a crise dos anos 9 0

a u m e n t o u a c o n c o r r ê n c i a n o setor que v i s l u m b r o u na certif icação I S O / N B R 9 0 0 0 da empresa,

através de u m a das várias organizações de Cert i f icação da Qual idade atuantes no Brasil, um argu-

mento importante nas concorrências . Atualmente programas nacionais tipo Q I I A L I H A B e P B Q P - H

fundamentam-se nos p r i n c í p i o s de qual idade d o sistema I S O 9000.

Todos esses recursos técnicos e essa visão sistêmica, necessária ao b o m exerc íc io profissional, estão

disponíveis e tratados c o m c o m p e t ê n c i a e objetividade neste livro, tão b e m preparado pelo Dr. Ercio

T h o m a z a partir de u m a ampliação d o texto de sua brilhante tese de doutorado. Sua valiosa experiên-

cia profissional aliada às suas privilegiadas qualidades éticas e didáticas, enriquecidas c o m a apresen-

tação de vários estudos de caso e e x e m p l o s vividos, fazem deste livro u m a consulta obrigatória.

O engenheiro Erc io reúne aqui sua exper iência e v isão clara de que para obter qualidade d e v e

existir u m balanço equi l ibrado entre programas d e G e s t ã o por u m lado e treinamento, conheci -

mento e d o m í n i o de T e c n o l o g i a por outro. O resultado não podia ser outro: u m a obra atual, origi-

nal, prática e completa. U m a expressiva c o n t r i b u i ç ã o ao desenvolv imento e e v o l u ç ã o da engenha-

ria c iv i l n o país.

Parabéns ao Professor Erc io T h o m a z e felicitações ao meio t é c n i c o brasileiro q u e p o d e dispor de

obra tão interessante para b e m iniciar este milênio.

ENGIiNHIURO PAULO UIÍI.ENIi Prof. Titular da Universidade de Selo Paulo PCC.USP

Coordenador Internacional da Red Rehabllitar CYTED I - 7 Deputy Cbairman f/b (CF.R-FIP) Couimission 5 Structiiral Service I.f/e As/tecís

Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção I Ercio Thomaz

Page 10: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

LISTA D E TABELAS 1 - 1 2

LISTA DE FIGURAS I - 14

I N T R O D U Ç Ã O I - 1 9

C A P Í T U L O I - PATOLOGIAS DA C O N S T R U Ç Ã O : CASOS TÍPICOS 1

1 . 1 Problemas relativos às fundações e estruturas dos edifícios correntes 1

1 .2 Problemas relativos às vedações, caixilhos e revestimentos 12

1 .3 Problemas relativos aos pisos e impermeabilizações 30

1.4 Problemas relativos às instalações prediais elétricas e hidráulicas 3 6

C A P Í T U L O II - SISTEMA ISO 9.000 D E GESTÃO DA QUALIDADE 43

2.1 Conceituação e aspectos gerais da gestão da qualidade 43

2.2 Sistema ISO 9000 para gestão da qualidade 54

2.3 Aplicação das normas ISO 9(H)0 a obras e serviços de engenharia 65

2.4 Aplicabilidade das normas ISO 9000 para a construção civil brasileira 79

C A P Í T U L O III - QUALIDADE N O PROJETO E E X E C U Ç Ã O D E EDIFÍCIOS 93

3 . 1 Qualidade no projeto e na execução de fundações 100

3.2 Qualidade no projeto e na execução de estruturas de concreto armado 125

3 .2 . 1 .Tópicos sobre os mecanismos de degradação do concreto armado 129

3.2.2.Tópicos sobre concretos de alto desempenho ( C A D ) e aditivos para concretos 140

3.2.3. Medidas visando otimizar a durabilidade das estruturas de concreto 155

3.2.4. Qualidade no projeto das estruturas de concreto 1 6 7

3.2.5. Qualidade na execução das estruturas de concreto armado 187

3.3. Qualidade no projeto c na execução de alvenarias 1 9 7

3.3.1 Propriedades gerais dos componentes e das alvenarias 198

3.3.2 Qualidade no projeto e na execução de alvenarias estruturais 206

3.3 3 Qualidade no projeto e na execução de alvenarias de vedação 2 1 9

3.4. Qualidade no projeto c na execução de revestimentos em argamassa 2 3 3

3.5. Qualidade no projeto c na execução de revestimentos cerâmicos 248

3.6. Qualidade no projeto e na execução de impermeabilizações com manta asfáltica 260

C A P Í T U L O IV - C O O R D E N A Ç Ã O D E PROJETOS 269

1 - 8

Page 11: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C A P Í T U L O V - INOVAÇÕES T E C N O L Ó G I C A S NA C O N S T R U Ç Ã O 287

5.1 . Avanços tecnológicos nos materiais e processos de construção 288

5 . 1 . 1 . Aço e componentes metálicos 288

5.1 .2. Estruturas de concreto - 2 9 1

5.1 .3- Fundações e estruturas de contenção 296

5.1.4. Paredes e divisórias ••• 298

5.1 .5. Revestimentos e pinturas - 300

5.1.6. Caixilhos e envidraçamentos 305

5.1 .7 . Pisos 308

5.1.8.Telhados e forros - 3 1 0

5.1.9. Impermeabilizações • 3 1 2

5 . 1 . 1 0 . Sistemas prediais de água - 3 1 3

5 . 1 . 1 1 . Sistemas prediais de energia elétrica - 3 1 7

5.2. Avanços tecnológicos relativos aos equipamentos 3 1 8

5 .2 . 1 . Ferramentas e equipamentos para a construção de edifícios 3 1 8

5.2.2. Equipamentos e instalações especiais para edifícios 326

5.3. Racionalização da construção - 329

C A P Í T U L O V I - G E S T Ã O DA QUALIDADE NA EMPRESA C O N S T R U T O R A 3 3 1

6.1 Organização do sistema da qualidade 3 3 1

6.2 Recomendações para elaboração do manual da qualidade 344

6.2.1 . Aspectos gerais 345

6.2.2. Administração 346

6.2.3. Planejamento 3 5 3

6.2.4. Projetos 360

6.2.5. Compras 365

6.2.6. Produção 3 7 1

6.2.7. Entrega da obra 3 8 1

6.3. Proposta para controle da qualidade de materiais c serviços na construção 383

6.3.1 . Proposições para o eonlrole tia qualidade dos materiais e eoinpoiieiiies 384

6.3.2. Proposições para o controle da qualidade dos serviços 390

6.4. Recomendações gerais para implantação do Sistema da Qualidade 397

CONSIDERAÇÕES FINAIS 407

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 427

A N E X O : Modelos de listas de verificação 441

Page 12: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 13: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Mesmo ostentando posição privilegiada no contexto mundial relativamente ao projeto e construção de

grandes obras de engenharia, como barragens, hidroelétricas, pontes e metroviários, o Brasil ainda se defron-

ta com sérios problemas de qualidade e produtividade na construção, fruto de diferentes causas. Na última

década de 1900, de forma quase febril, verificou-se a adoção de sistemas e programas da qualidade por

empresas construtoras, quase sempre voltados para a racionalização dos processos e aperfeiçoamento das

práticas gerenciais. O sistema "ISO 9.000" tem sido utilizado, por boa parte das empresas, como espécie de

"panacéia".

A despeito dos sistemas de gestão da qualidade, têm-se verificado em nossas construções inúmeros casos de

patologias, incluindo ruínas completas de edifícios. Parte considerável das falhas originam-se na subestimarão

de ações, na incompatibilidade entre projetos, na especificação equivocada de materiais ou de processos, na

inobservância de detalhes construtivos e no não atendimento de requisitos técnicos, às vezes os mais ele-

mentares.

No presente trabalho pretende-se demonstrar que a evolução da qualidade da construção brasileira está

dependendo, na mesma intensidade da verificada dedicação aos programas de gestão, da agregação de

técnicas mais corretas tanto ao projeto como à execução das obras. C o m foco nos problemas mais freqüen-

temente observados, são expostas e analisadas várias soluções técnicas, atentando-se principalmente para

os projetos dos edifícios e sua necessária coordenação. Propõe-se ainda que as construtoras passem a dis-

pensar mais cuidados aos requisitos técnicos inseridos nos programas de gestão da qualidade, bem como

intensificarem a adoção de modernas tecnologias na construção dos edifícios.

ABSTRACT In spite of its rclative good know-how concerning design and construction of dams, bridges, highways and

subways, Brazil still registers many troubles with qualitv and produetivity in building construction, mainly

dwelling buildings.

During last years of 1900, so many construction companies have been inseniinating qualitv programs, based

on development of administration processes, planning and management actions. l he qualitv management

according to "ISO 9.000" rules has been adopted in many companies like an "universal panacea".

Althougli tlie quality programs implementation, so many pathologies have been reported in building con-

struetions, including some cases of building collapses. Some failures could be attributed to actions

misconsidcration, projects incompatibilities, bad specifications of materiais or processes, and sometimes no

complain with most elementarv technical requirements.

This work intends to demonstrate that the evolution quality of Brazilian constructions requires, in thc same

importante levei of the management and quality processes, the adoption of good techniques of project and

construction. Based on analysis of most importam pathological problems it is suggested several technical

solutions, relating first of ali to projects and it s nccessary co-ordination. Under the management view, it is

suggested thc adoption of a largcr number of technical requirements in thc quality programs. as wcll as the

implementation of modern technologies in building construction.

Page 14: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

'Iabcla 1: Instituições Técnicas / Organizações dc Aprovações Técnicas, pág. I • 21

Tabela 2: Organizações de Certificação de Produtos ou Sistemas da Qualidade atuando no Brasil, pág. I - 23

Tabela 3: Método para análise e melhoria de processos - MAMP, pág. 50

Tabela 4: Método 5 S para organização c higiene dos ambientes dc trabalho, pág. 52

Tabela 5 : 0 gerente tradicional c o gerente moderno, pág. 53

Tabela 6: Formas de garantia da qualidade abrangidas na normalização ISO 9000. pág. 57

Tabela 7: Riscos para o produtor e para o consumidor cm função da colocação no mercado de produtos não conformes, pág. 59

Tabela 8: Resumo dos custos envolvidos num sistema tia qualidade, pág. 60

Tabela 9: Características da construção civil, cm relação às indústrias seriadas, pág. 66

Tabela 10:Agentes intcrvcnicntcs na construção civil. pág. 67

Tabela 11: Desperdícios que podem ocorrer na construção civil. pág. 69

Tabela 12: Utilização do tempo por oficiais e serventes nos canteiros, pág. 70

Tabela 13: Responsabilidades dos atores num sistema dc garantia da qualidade, pág. 75

Tabela 14: Parâmetros para determinação do índice Potencial de Risco, pág. 87

Tabela 15: Recomendações complcmcntarcs para projeto de fundações por tubulõcs, pág. 116

Tabela 16: Recomendações complcmcntarcs para projeto de fundações por estacas, pág. 1 1 7

Tabela 17: Principais problemas observados nas estruturas dc concreto, pág. 128

Tabela 18: Efeitos do tipo dc cimento c da relação a/c na carbonatação, pág. 133

Tabela 19: Valores estimados do módulo de deformação de CADs. pág. 152

Tabela 20: Aditivos para concretos e possíveis efeitos colaterais, pág. 156

Tabela 21: Formas de proteção das armaduras nas estruturas de concreto, pág. 159

Tabela 22: Profundidade estimada da carbonatação para diferentes sistemas dc proteção tio concreto, pág. 162

Tabela 23: Coeficientes de dilatação térmica para concretos com diferentes agregados, pág. 171

'Tabela 24: Freqüências críticas de vibração dc estruturas de concreto, pág. 173

Tabela 25: Resistência dc elementos cm concreto armado sob ação do fogo, pág. 173

Tabela 26: Classes dc agressividade do meio cm relação às estruturas dc concreto, pág. 175

Tabela 27: Agressividade do meio visando a durabilidade do concreto, pág. 175

'Tabela 28: Agressividade tio meio ao concreto (condições cio micro-clinia), pág. 176

'Tabela 29:Agressividade do meio sobre as armaduras, pág. 177

Tabela 30: Correspondência entre classe tlc agressividade e qualidade do concreto, pág. 177

Tabela 31: Cobrimento nominal tia armadura em função da agressividade do meio, pág. 178

Tabela 32 - Relações fcj/fc admitidas pela NBR 6118/99. pág. 182

Tabela 33: Limites de flechas estabelecidos pela NBR 6118/99. pág. 183

Tabela 34: I.imites tle flechas recomendados pelo IPT. pág. 184

Tabela 35: Períodos mínimos de cura para concretos tle cimento Portland. pág. 192

Tabela 36: Fatores de correção para os períodos mínimos tle cura do concretos, pág. 193

Tabela 37: Características tcrmoacústicas tlc paredes constituídas por blocos vazados, pág. 204

Tabela 38: Resistência ao fogo tlc paredes constituídas por blocos vazados, pág. 205

Tabela 39: Isolação acústica dc "drv-walls" cm gesso c estrutura dc aço. pág. 205

Tabela 40: Espaçamentos máximos para juntas tle controle cm alvenarias, pág. 212

Page 15: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

'Iabcla 4l - Traços indicativos para argamassas dc assentamento, pág. 217

Tabela 42:Traços indicativos de argamassas para execução de alvenarias de vedação, pág. 229

Tabela 43:Traços recomendados para argamassas de revestimento, pág. 240

Tabela 44: Tipos dc argamassas dc revestimento, pág. 241

Tabela 45: Argamassas dc revestimento recomendadas para diferentes tipos dc obras, pág. 242

Tabela 46: Caimcntos recomendados para os pisos das edificações, pág. 249

Tabela 47: Pisos - distâncias máximas recomendadas entre juntas de movimentação, pág. 252

Tabela 48: Recomendações para a especificação de placas cerâmicas para piso, pág. 253

Tabela 49: Imersão recomendada para peças cerâmicas, pág. 259

Tabela 50: Falhas típicas de projetos apontadas por empresas construtoras, pág. 271

Tabela 51: Características das diferentes modalidades dc coordenação de projetos, pág. 277

Tabela 52: Exemplos dc interferências entre projetos ou elementos de uma obra. pág. 281

Tabela 53: Avanços na tecnologia dos aços (perfis, chapas c vergalhões), pág. 289

Tabela 54: Avanços na tecnologia das estruturas dc concreto, pág. 292

Tabela 55: Avanços na tecnologia dos caixilhos c envidraçamentos, pág. 306

Tabela 56: Avanços na tecnologia dos pisos. pág. 309

Tabela 57: Avanços na tecnologia dos sistemas prediais dc água, pág. 314

Tabela 58: Equipamentos c ferramentas para a construção dc edifícios, pág. 319

Tabela 59: Indicadores "grosseiros" para o transporte vertical dc materiais, pág. 322

Tabela 60: Considerações para escolha e posicionamento de elevadores e gruas. pág. 324

Tabela 61: Organização do Sistema da Qualidade cm Construtoras, pág. 332

Tabela 62:Tomada de decisão sobre necessidade de programa dc gestão, pág. 334

Tabela 63: Lista dc análise dc problemas relativos aos recursos humanos, pág. 337

Tabela 64: Lista dc análise de problemas relativos â produção, pág. 337

Tabela 65: Lista dc análise dc problemas relativos aos projetos, pág. 338

Tabela 66: Lista dc análise - incidência freqüente dc problemas patológicos, pág. 338

Tabela 67: Roteiro para resolução dc problemas, pág. 340

Tabela 68: Produção dc informações num sistema eficiente dc comunicação, pág. 349

Tabela 69: Lista dc verificação para arquivamento de documentos, pág. 350

Tabela 70: Lista dc verificação para a qualidade geral do empreendimento, pág. 355

Tabela 71 • Lista de verificação: "Identificação de riscos", pág. 357

Tabela 72: Arcas necessárias para cstocagcm dc alguns materiais dc construção, pág. 373

Tabela 73: Exemplo dc procedimento dc execução: marcação da obra. pág. 376

Tabela 74: Exemplo dc procedimento de execução: assentamento de azulejos, pág. 377

Tabela 75: Planilha para previsão das Interferências entre serviços, pág. 379

Tabela 76: Relação de materiais e estratégias para controle da sua qualidade, pág. 386

Tabela 77: Modelo de ficha para controle do recebimento dc azulejos, pág. 388

Tabela 78: Modelo de ficha para controle do recebimento de janelas de aço, pág. 389

Tabela 79: Importância relativa dos controles na execução dc obras. pág. 391

Tabela 80: Modelo dc ficha para controle da execução dc alvenaria estrutural, pág. 396

Tabela 81: Cuidados a serem observados nos sistemas c planos da qualidade, pág. 403

Page 16: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Figura 1: Linha de tubulôcs apoiados cm aterro c cm solo natural: na sondagem não sc conseguiu detectar horizonte dc separação, já que o aterro havia sido executado com o mesmo solo natural, pág. 2

Figura 2: Recalques das fundações cm função do desconfinamento do solo. pela construção de edifício vizinho, pág. 3 Figura 3: Atuação de força horizontal nos elementos da fundação, pela instabilização dc taludc, pág. 4 Figura 4: Ruptura de alvenaria de vedação: deslocamento na base da parede estrutural, em função da rotação de estaca não contraventada na direção transversal da obra, pág. 4

Figura 5: Estaca mista aço / concreto: ruptura da fundação por flambagem da parte metálica, cm trecho totalmente dcsconfinado, pág. 5

Figura 6: Falta dc verticalidade de estaca metálica e de estaca pré-fabricada de concreto (com emenda), pela presença de matacõcs no solo, pág. 5

Figura 7: Flexibilidade tia estrutura de concreto armado: fissuras e destacamentos na alvenaria pela flecha desenvolvida na extremidade do balanço, pág. 7 Figura 8: Estrutura pilar-lajc: logo no início do carregamento, flechas nas extremidades dos balanços provocam fissuração das alvenarias presentes nessas regiões, pág. 8

Figura 9: Estrutura pilar-lajc: passado algum tempo do carregamento, lajes apoiam-se nas paredes laterais: aumentam as flechas nos centros dos vãos, provocando fissuração das alvenarias presentes nessas regiões, pág. 8

Figura 10: Conjugação de laje zero e contra-flccha: redução da altura útil da laje na seção de maior momento c aumento tia flecha no centro do vão. pág. 9 Figura 11: Alvenaria estrutural: fissuras nos vértices dc aberturas e destacamentos nos encontros entre paredes ancora-das com juntas a prumo, pág. 11

Figura 12: Alvenaria estrutural: fissuras causadas por concentração de tensões, decorrente da proximidade das abertu-ras de janelas, pág. 11

Figura 13: Alvenaria estrutural: fissuras horizontais decorrentes da retração das lajes dc concreto armado, pág. 12 Figura 14: Alve naria estrutural: fissura horizontal na base da parede em função da flexibilidade da laje de concreto armado, pág. 12

Figura 15: Ligação pilar x alvenaria com tela metálica: a tela cncurvada trabalha como "mola", não colaborando cm nada para evitar destacamentos, pág. 14

Figura 16: Esquema "alternativo" de ligação pilar x alvenaria com tela de estuque: destacamentos generalizados em quatro edifícios de 12 pavimentos. pág. 15

Figura 17: Contraverga cm iramos pré-moklados: desempenho inferior àquele verificado para as contra-vcrgas continuas, pág. 16

Figura 18: Quadro de concreto armado no contorno do vão dc janela: fissuras transferidas dos vértices da janela para os vértices do quadro, pág. 17

Figura 19: "Junta de controle" em alvenaria dc blocos de concreto celular, acabamento com argamassa rígida de cimen-to, cal hidratada c areia, pág. 18

Figura 20: Barra dc chapisco embutida na argamassa de revestimento, ao invés de constituir barreira de dissipação do fluxo de água. pág. 20 Figura 21: Pela proximidade das casas, as águas que fluem do telhado atingem a parede da edificação vizinha, pág. 20 Figura 22: Danos no revestimento cerâmico da parede, pelo desenvolvimento de flecha na extremidade do balanço da viga. pág. 23

Figura 23: Janela faccando paramento da fachada, pág. 25

Figura 24: Drenagem da água incidente sobre janela de correr diretamente para o interior da parede eiv alvenaria aparente de blocos vazados, pág. 26

Figura 25: Acúmulo de água na travessa inferior de janela basculantc, pág. 26

Figura 26: Puxador da guilhotina pode prender c ferir o dedo do usuário, pág. 29

Figura 27: Corrosão cm frestas, gerada pelo projeto da porta c da veneziana, pág. 30

Figura 28: Furo dc drenagem na parede, cm função do caimcnto invertido do piso. pág. 31

| - 1 4 Figura 29: Solapamcnto do aterro ao lado da calçada lateral de unidade térrea, pág. 32

Page 17: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Figura 30: Destacamento tia platibanda pela dilatação térmica do piso, sem a presença de juntas de dessolidarização 110 encontro piso / parede, pág. 33

Figura 31:Fissuração de a/ulejos na borda da piscina, dilatação térmica do piso. pág. 33

Figura 32: Falhas de projeto ou incompatibilidades entre projetos, dificultando execução da impermeabilização e fa-cultando a ocorrência de falhas, pág. 35 Figura 33: Danos à camada de impermeabilização, cm função de recalques diferenciados entre corpo do edifício c corpo das garagens, pág. 36

Figura 34: Diagrama conceituai para definição da qualidade, pág. 45

Figura 35: Fluxograma para controle da qualidade e certificação da conformidade, pág. 46

Figura 36: Círculo de Dcming: retro alimentação da qualidade, pág. 49

Figura 37: Método de resolução de problemas e melhoria de processos, pág. 51

Figura 38: Influência dos intervenientes para a ocorrência de problemas na construção, pág. 51

Figura 39: Balanço de custos - investimento em qualidade x custos das falhas, pág. 61

Figura 40: A nova forma de composição do preço de venda de um produto, pág. 6l

Figura 41: Ciclo da qualidade - desde a pesquisa de mercado até a utilização e assistência técnica, pág. 63

Figura 42: Visão geral: aspectos a serem considerados num sistema da qualidade, pág. 6-1

Figura 43: Aspectos e atores envolvidos num sistema da garantia tia qualidade, pág. 74

Figura 44: Causas de acidentes no trabalho na construção civil brasileira, pág. 83

Figura 45: Matriz de Herzberg adaptada, para aquilatar a satisfação profissional, pág. 90

Figura 46: Transmissão de pressões à camada compressível profunda, pág. 102

Figura 47: Gráficos teóricos pressão x recalque de sapatas em argilas ou areias, pág. 109

Figura 48: Recalques/distorções angulares e seus prováveis efeitos nos edifícios, pág. 110

Figura 49: Juntas nos corpos dos edifícios para prevenir a ocorrência de fissuras induzidas por recalques diferenciados das fundações, pág. 1 13

Figura 50: Junta na superestnitura. em função de diferenças de cotas no arrasamento das fundações, pág. 114

Figura 51: Limite de declividade entre blocos ou sapatas escalonadas, pág. 118

Figura 52: Resistência à compressão e profundidade tia camada carbonatada para concretos produzidos com cimento cujo teor de álcalis foi intencionalmente aumentado, pág. 135

Figura 53: Expansão volumétrica do ferro metálico em função da corrosão, pág. 136

Figura 54: Diagrama tia zona tle transição e tia matriz de pasta de cimento 110 concreto: no contato agregado/pasta maior porosidade c maior concentração de CH / CAH. pág. 141

Figura 55: Rcsistividadc elétrica de pastas e argamassas dosadas com superfluidificantc à base tle polinaftalcno sulfonado, pág. 144

Figura 56: Variação tio módulo de deformação com a idade tios concretos, pág. 150

Figura 57: Módulo tle deformação x resistência à compressão de concretos de alto desempenho, segundo diferentes estlmatlores, pág. 152

Figura 58: Redução do efeito de aditivo superfluidificantc com o passar do tempo. pág. 154

Figura 59: Ffeitos da adição de CaCO, ao cimento e das condições tle cura na absorção tle água inicial do concreto, pág. 158

Figura 60: Cobrimcnto mínimo das armaduras cm função da vida útil projetada e do avanço tias frentes de carbonatação (CIO a C50: f.k aos 28 dias), pág. 163

Figura 61: Cobrimcnto mínimo das armaduras em função da vida útil projetada e do avanço das frentes tle cloretos (CIO a C50: f fc aos 28 dias), pág. 163

Figura 62: Detalhes de projeto visando impedir fissuração. acúmulo ou escorrimento de água em componentes das estruturas de concreto armado ou protendido, pág. 166

Figura 6.3: Curvas-limite freqüência de vibração x flechas, visando prevenir desconforto causado por vibrações cm 1 - 1 5

Page 18: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

lajes dc piso (Bcckcru2), pág. 172

Figura 64: Cocfieicntcs de carga para o componente horizontal da estrutura, com cimbramcnto dois ou três pavimen-tos abaixo da concretagcm, pág. 180

Figura 65: Desenvolvimento das flechas ao longo da construção, pág. 181 Figura 66: Exemplo de junta tle retração cm parede dc concreto armado, visando induzir a ocorrência tia fissura na seção com enfraquecimento da seção tlc concreto (cerca dc 20%) c na seção tlc armadura (cerca tlc 5056), pág. 186

Figura 67: Componentes especiais para encontro entre paredes, pág. 201

Figura 68: Componentes especiais para encontro entre paredes, pág. 201

Figura 69: Sensação tio ouvido humano: curva dc equivalência entre pressão c freqüência, pág. 202

Figura 70: Variação aproximada dc Ia com a massa da parede c a freqüência do som aéreo. pág. 203

Figura 71: Resistência à compressão da alvenaria em função da resistência à compressão da argamassa: blocos vazados

tlc concreto e tlc cerâmica, respectivamente, pág. 209

Figura 72: Vergas e contravergas continuas cm alvenaria com grande número tlc aberturas, pág. 209

Figura 73: Interação entre alvenaria estrutural e viga tlc transição, pág. 210 Figura 74: Juntas a prumo: ligações com ferros embutidos nas juntas tlc assentamento e rejuntamento externo com selantc flexível, pág. 212 Figura 75: Execução de junta tle controle cm alvenaria, pág. 213

Figura 76: Apoio deslizante e junta tlc retração provisória cm laje tlc cobertura, pág. 214

Figura 77: Encabcçamcnto dos blocos, pressão no assentamento, controle tio nível das fiadas e do prumo das paredes, pág. 219

Figura 78: Ligações entre alvenarias c pilares com auxílio dc blocos tipo canalcta e tela metálica, pág. 221

Figura 79: Encunhamcnto tle parede com o emprego tle tijolos de barro cozido, meio blocos ou blocos tipo canalcta. pág. 222

Figura 80: Vergas, contra vergas e coxins dc distribuição no contorno de vãos. pág. 224

Figura 81: Último pavimento: detalhes construtivos para evitar ocorrências tlc fissuras c destacamentos nas paredes, pág. 225

Figura 82: Detalhes de ligação das alvenarias com viga ou laje muito dcformávcl, pág. 226

Figura 83: Ligações entre alvenarias e pilares, recomendadas para estruturas flexíveis, pág. 227

Figura 84: Tratamento arquitetônico dc fachada, moldagcm da argamassa tle revestimento, pág. 234

Figura 85: Tratamento tle cantos vivos cm revestimento de paredes com argamassa, pág. 235

Figura 86: Rotlapé constituído pela dobra tle piso cimentado na base tia parede, pág. 236

Figura 87: Reforços do revestimento cm argamassa com o emprego tle tela metálica, pág. 236

Figura 88: Secagem das argamassas: influência da espessura da camada do revestimento, pág. 245

Figura 89: Secagem das argamassas: influência tia porosidade e capilaridade tle diferentes substratos, pág. 245

Figura 90: Influência da porosidade do substrato na aderência com a argamassa, pág. 246

Figura 91: Secagem por absorção capilar: influência da espessura da parede do bloco. pág. 246 Figura 92: Exemplo de paginação de piso.com indicação dc cotas,caimcntos, pontos de esgoto, juntas de dcssolidarização e sentido do assentamento das placas, pág. 250

Figura 93: Junta tle dcssolidarização no encontro com obstáculos verticais, pág. 251

Figura 94: Juntas tle movimentação intermediárias cm pisos. pág. 252 Figura 95: Exemplo de paginação tlc revestimento cerâmico tle parede, com indicação de tampo tle pia. pontos dc água. esgoto e energia, pág. 258

Figura 96: Arredondamento tle cantos e sentido tia sobreposição cm sistema tle impermeabilização constituído por mantas pré-fabricadas. pág. 261

Figura 97: Encontros da impermeabilização respectivamente com tubo emergente, ralo. solcira c base tlc antena ou pára-raios instalados em laje tle cobertura, pág. 262

Page 19: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Figura 98: Blocos com menor largura nas primeiras fiadas, para embutimento das mantas, pág. 263

Figura 99: Encontro da impermeabilização com platibanda, pág. 263

Figura KM): Alargamento na entrada da prumada, para evitar redução da seção tio tubo. pág. 264

Figura 101: Detalhe da impermeabilização no encontro dc marquisc com a estrutura, pág. 264

Figura 102: Ponte na camada de impermeabilização, sobre junta de dilatação da estrutura, pág. 264

Figura 103: Arremate da impermeabilização no encontro com tubo emergente, pág. 267

Figura 104: Coordenação de projetos: desenvolvimento simultâneo dos projetos, interação entre os projetistas c interação com a produção, pág. 272

Figura 105: Conceito do ICADS • "Intcllcgcnt Huilding Dcsign System" (Pohl). pág. 279

Figura 106: Estrutura mista aço / concreto: chapas com função de fôrma, armadura c acabamento; instalações embuti-das nos vazios das chapas dobradas (Fonte: Centria - EUA), pág. 290 Figura 107: Painéis sanduíche: faces pintadas com fluorcarbono, miolo em espuma de isocianureto. Bobinas dc chapas galvanizadas dc aço para cobertura (sistema "roll-on"). pág. 290

Figura 108: Edifício Plaza Centenário - São Paulo: fachadas totalmente revestidas com painéis dc alumínio composto (Fonte: Revista Téchne n° 22 - maio/junho 1996). pág. 291

Figura 109: Fôrmas para estruturas de concreto: chassi de alumínio e apoios telescópicos. Caixões recuperáveis em PVC (Fontes:Topcc c Atcx. respectivamente), pág. 293

Figura 110: Fôrma para concretagcm simultânea de paredes e lajes (sistema túnel - fonte: Construtora Sergus). pág. 293

Figura 1 1 1 : Içamcnto de painel pré-fabricado para paredes e painel extrudado dc concreto para pisos, pág. 294

Figura 112: Pós-tcnsão dc laje com sistema não aderente, pág. 295

Figura 113: Desempc nade ira de cabo longo e desempenadeira giratória para o acabamento de lajes de concreto, pág. 295

Figura 114: Grautc industrializado não retrátil. pág. 296

Figura 115: Elementos dc fundação que associam a resistência de ponta com o atrito lateral (a - radicr sobre estacas, b - estaca "T~, c - "estapata"), pág. 297

Figura 116: Contenções: a) Gabiòcs: b) Sacos com concreto ou solo-cimcnto: c) Pré-moldados dc concreto: ü) Cortina cravada; e)Tcla metálica + concreto projetado; 0 Cortina atirantada; g) Parede diafragma. pág. 297

Figura 117: Sistema construtivo cm painéis de F.PS, telas metálicas c microconcreto projetado, pág. 299

Figura 118: Estrutura rcticulada de perfis metálicos c fixação dc painéis dc concreto, rocha ou cerâmica, constituindo

a fachada ventilada, pág. 300

Figura 119: Divisória "dry \vaH"em estrutura metálica e painéis de gesso acartonado, pág. 300

Figura 120: Revestimento de paredes com projeção mecânica dc argamassa ou gesso, pág. 301

Figura 121: Revestimentos de parede: argamassas texturizadas c quartzo pigmentado, pág. 301 Figura 122: Revestimento de fachada com "sidings" dc PVC estabilizado com aditivos absorvedores dc raios UV c ele-mentos ignífugos, pág. 302 Figura 123: Emulsâo acrílica com pigmentos cncapsulados, pág. 305 Figura 124: Caixilhos dc PVC: cortes cm janela dc correr c janela de enrolar, pág. 306

Figura 125: Janela veneziana em madeira.com mecanismo cm alumínio permitindo rcgulagcm das palhetas. pág. 307

Figura 126: Janela de enrolar em alumínio, motorizada, pág. 307

Figura 127: Fachada "pele dc vidro", com vidro laminado reflexivo, pág. 307

Figura 128: Vidro duplo, para isolamento tcrmoacústico, pág. 308

Figura 129: Piso suspenso c argamassa alto-nivclante. pág. 310

Figura 130: Piso esportivo cm manta de poliuretano c placas intertravadas coloridas na massa, pág. 310

Figura 131: Cobertura em chapas de policarbonato curvadas a frio. pág. 3 1 1

Figura 132: Subcobertura em plástico alveolar, pág. 3 1 1

Figura 133: Perfis extrudados em PVC para forro e placas com cunhas anccóicas para absorção acústica, pág. 3 12

Page 20: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Figura 134: Dispositivo anti-infiltração, no encontro com ralo. pág. 3 1 3

Figura 135: Caixa de distribuição ("Manifold") e tubos de polictilcno no interior de bainhas em PVC corrugado, pág.315

Figura 136: Dispositivo anti-retorno dc espuma, pág. 316

Figura 137: Coletor sifònico de águas pluviais, pág. 316

Figura 138: Grelha cm l'VC. pág. 316

Figura 139: Coletor solar domiciliar c painel de silício para energia fotovoliaica. pág. 318

Figura 140: Microcscavadora c mini pá carregadeira, para abertura de pequenas valas c movimentação dc material a granel, pág. 319

Figura 141: Monta-cargas tclcscópico e mini-grua. pág. 320

Figura 142: Balancim elétrico e plataforma hidráulica, para transporte vertical de trabalhadores, pág. 320 Figura 143: Robô para a montagem de painéis pré-fabricados. pág. 321

Figura 144: Equipamentos para projeção, bombeamento e acabamento de concreto ou argamassa, pág. 322 Figura 145: Equipamentos para controle geométrico dos serviços: nível alemão, nível laser, nível/prumo para arestamentos. nível eletrônico e trena digital, pág. 325 Figura 146: Aparelho F - Numbcr. pág. 326 Figura 147: Caixas de massa cncaixávcis e carrinho para transporte tias caixas; carrinho projetado para o transporte dc blocos cerâmicos em pallcts. pág. 330

Figura 148: Montagem do sistema da qualidade pela empresa, pág. 333

Figura 149: Proposta para organização do Manual da Qualidade da empresa construtora, pág. 345

Figura 150: Concepção de empreendimentos - estudos prévios c fatores condicionantcs, pág. 356

Figura 151: Influência da tecnologia e racionalização no processo construtivo, pág. 359

Figura 152: Processo de geração de projetos de obras: forma coordenada e simultânea, pág. 364

Figura 153: Processo de compra de materiais e contratação de subempreiteiros, pág. 367

Figura 154: Gráfico de balanço - acompanhamento físico da obra. pág. 380

Figura 155: Diagrama dc Parctto • relação entre variáveis e resultados dos processos, pág. 383

Figura 156: Percentuais dc custos dos materiais para construção de edifícios habitacionais de quatro pavimentos (CDHU/SP), pág. 384

Figura 157: Sistema flexibilizado de planos dc controle da produção, pág. 394

Figura 158: Fluxograma constando os diferentes aspectos a serem considerados 110 plano da qualidade dc um empre-endimento. pág. 401

Figura 159: Fluxograma / planejamento genérico de ações adotado pela Shimi/.u Corporation, com vistas â preparação para uma construção, pág. 402

Figura 160: Visão dos objetivos e metas: necessária para todos os colaboradores da empresa, pág. 405

Figura 161: Opinião de empresas inglesas certificadas sobre a eficiência da certificação, pág. 419

Page 21: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

INTRODUÇÃO

O tema "patologia e qualidade na construção" assume cada vez maior importância, não se

podendo aceitar o elevado nível de prejuízos materiais decorrentes de problemas que se

manifestam nas edificações. As economias pretendidas com sistemas de fundações que indu-

zem excessivas pressões nos terrenos, com super estruturas extremamente flexíveis e com

alvenarias ou revestimentos acentuadamente delgados,dentre outras medidas"racionalizadoras"

da construção, têm originado diversos desarranjos em obras, repercutindo diversas vezes em

prejuízos muito superiores à economia almejada. É inconcebível que ainda ocorram em nos-

so país desabamentos de edifícios ou partes deles, mutilando pessoas, ceifando vidas e colo-

cando em dúvida a própria qualidade da engenharia nacional.

Grande número de instituições técnicas nacionais, estrangeiras e internacionais de há mui-

to vêm concentrando esforços nos temas "patologia" e "qualidade" das construções, assun-

tos extremamente relacionados com a "normalização técnica","avaliação de desempenho",

"sistemas de aprovação técnica","processos de certificação" e "gestão da qualidade".

De início, pode-se afirmar que os problemas da qualidade na construção brasileira não po-

dem ser atribuídos à falta de geração de conhecimentos técnicos. A análise de um número

muito grande de documentos revela que os trabalhos nacionais apresentam, em geral, nível

equivalente aos melhores trabalhos estrangeiros ou internacionais. Na geração deste co-

nhecimento, destacam-se equipes de diversas universidades e institutos de pesquisas, como

o IPT de São Paulo, CIENTEC do Rio Grande do Sul, Escola Politécnica da USP, Universidade

Federal de São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos / USP, Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo - FAU / USPXOPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro, NORIE - Universi-

dade Federal do Rio Gr.mde do Sul e outros. No campo da especialização de profissionais

em sistemas da qualidade, além de cursos oferecidos nos departamentos de engenharia de

Page 22: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

produção de várias universidades, algumas fundações vêm realizando importantes traba-

lhos no Brasil, merecendo destaque a Fundação Carlos Alberto Vanzolini (São Paulo), e a

Fundação Christiano Ottoni (Belo Horizonte).

Mundialmente, além dos estudos tecnológicos de materiais, processos e técnicas construti-

vas, verifica-se a tendência dos centros de pesquisa atuarem na certificação cia conformida-

de dc materiais e cm processos de aprovação técnica de componentes e sistemas constru-

tivos inovadores.Tais processos de aprovação, segundo Cavam1 inspirados no sistema fran-

cês de "avis technique", baseiam-se na verificação do atendimento do produto a requisitos

e critérios de desempenho, concomitantemente à aprovação do sistema da qualidade ado-

tado pelo produtor.

Mitidieri- relata que diversas instituições já implantaram tais processos. Com a principal

finalidade de homogeneizar os critérios para concessão e mútuo reconhecimento das apro-

vações técnicas, no ano de 1996 foi criada a WFTAO - World Federation ofTechnical

Assessment Organizations, indicando-se na Tabela 1 a relação das instituições que a inte-

gram, bem como outros institutos que operam os processos de aprovação de produtos ou

sistemas para a construção civil.

Relativamente à certificação de sistemas da qualidade, nos moldes das normas ISO 9.000, já

existe número bastante significativo de certificadoras atuando no Brasil (Tabela 2), conforme

levantamento realizado por Kiss5. Algumas dessas organizações também atuam com a

certificação de produtos.

' CAVAM. G. R. O Certificado dc Homologação c o m o Instrumento para o Controle da Qualidade de Produto* c Sistemas Construtivos Inovadores. Sâo Paulo, 1989. Xlp. Dissertação (Mestrado) • Ivwot» Politécnica, Universidade de São Paulo.

2 " MITIDII .Kl 1-11.11< ), (1 V. Avaliação de Desempenho de Componentes c Elementos Construtivos Dcs-tinado* a Habitações — Proposições Especificas ã Avaliação do Desempenho Estrutural. São Paulo, 1998.218p Tese dc Doutorado apresentada à Escola Politécnica tia Universidade ik: São Paulo.

KISS. P. Resultados na Obra. Reportagem p p 18-25, Tcclinc - Revista dc Tecnologia d i Construção N° .VI. Fali tora Pini. maio/junho 1998.

Page 23: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

País Organização Técnico responsável

Continente europeu

EOTA - European Organization íor Technical Approvals

UEAtc - Union Européene |X>ur l'Agrémenl technique dans Ia construcción

Paul CALUWAERTS 32/2.502.38.14 (fax)

Emile FARHI 1 - 45 25 61 51 (fax)

Alemanha DIBt - Deutsches Institut für Bautechnik* H. G. MEYER 49 30.264.87.320 (fax)

Áustria FGW - Forscluingsgesellschaft für Wohnen, Bauen und Planen

Bélgica UBAtc - Union Belge |>our 1'Agrément technique dans Ia construction

L. BUSSCHAERT 322 / 287.31.51

Dinamarca SBI - Statens Byggeforsknings Institut

ETA - Danmark*

Espanha lETcc - Instituto de Ciências de Ia Construción Eduardo Torrojn*

ITEC - Instituto de Tecnologia de Ia Construcción de Catalunya

Antonio BLÁZQUEZ 34 - 1 30 20 700 (fax;

Joaquim MARTELL 343 - 300 48 52 (fax)

RO

PA

Finlândia VTT - Valtion Teknillinen Tutkimuskeskus* Markku SALUSJARVI 358 0 460 419 (fax)

D U J França CSTB - Centre Scientifique et Technique du Batiment* Perrie FRANÇOIS

33 - 1 -45-25 -61 -51 (fax)

Holanda SBK - Stichting Bouwkwaliteit

Hungria ÉMI - Építésügyi Minóségellenórzó Intézet* Zoltán GEREBEN Inst. de C.Q. de Edifícios

Irlanda IAB/EOLAS - Irish Agrement Board - National / Standards Authority of Ireland

Itália ICITE - Istituto Centrale |)or 1'lndustrializzazione e Ia Tecnologia Edilizia*

Giulio BALLIO 392-982 800 88 (fax)

Noruega NBI - Norgcs Byggforskningsinstitut

Polônia ITB - Instytut Techniki Budowlanej* Jadwiga A. TYVOREK 48-22 25.52.86 (fax)

Portugal LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil* J. V. PAIVA 351/1-849-76-60 (fax)

Reino Unido BBA - British Board oí Agrement* P. C. HEWLETT (01923) 662133 (fax)

Suécia SBA - Sventsk Byggodkannande Ab

(•) instituições associadas a WFTAO - World Federation of Technical Assessment Organizations 1 - 2 1

Tecnologi.i, Gerenciamento e Qualidade na Construção | Ercio Tliomaz

Page 24: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

País Organização Técnico responsável

Canadá CCMC - Canadian Construction Materials Centre* J. F. BERNDT [email protected]

EUA HITEC - Highway Innovative Technology Evaluation Center* J. Peter KISSINGER hitec@cerf .asce.org

< u ICBO ES - International Conference of Building Officials Evaluation Service*

John NOSSE 310/695.4694 (fax)

Oi NES - National Evaluation Services, Inc.* Tom FROST

[email protected]

Argentina INTI / DC - Instituto Nacional de Tecnologia Industrial - Conslrucciones

Rubén Alberto FELIX [email protected]

Brasil IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA*

Marco Antonio D'Elia Cláudio V. Mitidieri F lho

Chile IDIEM - Instituto de Investigaciones y Ensayes de M i teria les

China CBTDC - China Building Technology Development Center

índia CBRI - Central Building Research Instituto R. N. IYENGAR [email protected]

ÁSI

A Israel NBRI - National Building Research Instituto*

Sll - The Slandards Inslitut of Israel

Rachel BECKER [email protected]

Ia pão BCJ - Building Center oí Japan*

BRI - Building Research Institute*

CBL - Center ot Better Living*

HOWTEC - Japan Housing and Wood Technology Center*

5 África do Sul ASA - Agrement South África* Joop van VVAMELEN va nwamel @ bou tek. csi r.co.za

'JL U — <

SABS - Suid-Aírikaanse Buro vir Standaarde 1. M. BENNIE (2712) 344 1568 (fax)

Austrália ABSAC - Australian Building Systems Appraisal Council* Barry SCHAFER [email protected]

< Z <

CSIRO/DBCE - Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization - Building Construction Engineering

Paul WILLIANS [email protected]

L U

u O

Nova

Zelândia

BIA - Building Industry Authority

BTL - Building Technology Limited*

John HUNT (64-4) 471 0798 (fax)

Dennis WAPLE (64-4) 235 6070 (fax)

1 - 2 2 (•) instituições associadas a WFTAO - World Fcderation of Technical Assessment Organizations

Page 25: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 2 : O r g a n i z a ç õ e s de Certificação de Produtos ou Sistemas da Q u a l i d a d e atuando no Brasil

Organização

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - Certificação

ABS - Group Services do Brasil

BRTUV - Avaliações da Qualidade

BSI - British Standards Institution

BVQI - Bureau Veritas Quality International

CCB - Centro Cerâmico do Brasil

DNV - Det Norske Veritas

DQS do Brasil

FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini

Gennanishcr Lloyd do Brasil

IFB - Falcão Bauer Instituto da Qualidade

IRAM - Instituto Argentino de Racionalización cie Materiales

LRQA - Lloyds' Register Quality Assurance

NSAI - National Standards Authotity oí Ireland

SCS ICS Certificadora

SQS - Schweiz Vereiningung für Qualitatssicherungzertifikate

TUV Bayern Brasil

UCIEE União Certificadora

UL - Underwriters Laboratories

Observa-se que os problemas das construções brasileiras resultam de grande conjugação

de fatores, podendo-se citar principalmente a falta de investimentos, a impunidade que

vigora no país e a visão empresarial distorcida de alguns "homens de negócio". Mais do que

simples negócio, construir, se para alguns é uma ciência, para outros chega a ser uma arte.

Diversos fatores relevantes contribuem ainda para esta situação, como a péssima remunera-

ção dos profissionais de projeto e de construção, um certo obsoletismo nos currículos e o

ensino compartimentado nas várias disciplinas dos cursos de arquitetura e engenharia civil,

a falta de divulgação de estudos aplicados sobre as patologias dos edifícios, a pouca reciclagem

técnica de nossos engenheiros e o relativo desvirtuamento da atuação dos engenheiros de

obras, quase sempre sobrecarregados com funções burocráticas, administrativas e às vezes

até de "marketing".

Page 26: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A análise cuidadosa das causas revela que muitos dos problemas constatados nas nossas

construções poderiam ter sido evitados com a adoção dc conhecimentos já consagrados da

físico-química, da mecânica dos solos ou da teoria da elasticidade, revelando-se às vezes

diferenças pronunciadas entre a concepção dos projetos e o funcionamento real d;is obras,

entre o desempenho almejado e a resposta em serviço de alguns materiais de construção,

entre a vida útil prevista e a vida útil efetiva de muitas edificações.

A atual construção em muito se difere da construção de vinte ou trinta anos atrás.As estrutu-

ras são muito mais esbeltas, os concretos e os aços muito mais resistentes. Racionalizam-se os

processos construtivos, a construção é mais leve, muito mais sujeita, por exemplo, a variações

térmicas e higroscópicas, ou à ação do vento. Há intensiva diversificação dos sistemas de

fundações, adoção de técnicas refinadas de cálculo estrutural, desenvolvimento de modelos

de transmissão de som e transmissão de calor, novas concepções de sistemas prediais de água,

energia, detecção de incêndios e comunicações. Novos materiais vêm sendo paulatinamente

incoqx)rados às nossas construções, como os polímeros, os concretos de alto desempenho,

os blocos encaixáveis para alvenarias, as madeiras contraplacadas para assoalhos, os revesti-

mentos à base de resinas sintéticas, os painéis pré-fabricados para fachadas e as paredes indus-

trializadas com montagens a seco, as denominadas "dry walls".

A intensiva urbanização verificada a partir da metade do século XX vem estimulando cada

vez mais a arquitetura dos edifícios altos, cada vez mais leves, cada vez mais esbeltos, com

implantações cada vez mais concentradas. Esta nova arquitetura, e nova tipologia construti-

va, vem sendo muitas vezes erigida com base em técnicas tradicionais de projeto e constru-

ção, originando-se daí problemas das mais diversificadas espécies.

A especialização dos profissionais nos vários ramos da engenharia civil tem colaborado

ainda mais para a compartimentação anteriormente mencionada, dificultando aos técnicos

Page 27: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

o entendimento mais amplo do funcionamento do "complexo" edifício. Em geral, os enge-

nheiros que se especializam em projeto de fundações não dominam o comportamento das

alvenarias; os "estruturistas" desconhecem detalhes do desempenho das impermeabilizações;

e assim por diante.Tal constatação, e o fato de que muitas patologias surgem exatamente

nas interfaces entre os distintos elementos da construção, são motivações importantes

para o desenvolvimento do presente trabalho.

Assim como na Medicina, onde a excessiva especialização tem levado os médicos cada

vez mais a enxergarem menos o organismo humano como um todo, os profissionais da

Engenharia e da Arquitetura necessitam de conhecimentos mais abrangentes sobre o de-

sempenho global dos materiais, das técnicas e dos processos construtivos, forma dc agre-

gar com maior eficiência seus conhecimentos específicos ao produto final. Mesma linha

de raciocínio é desenvolvida por Helene1, ao afirmar que "a formação na graduação deve

ser ampla; o engenheiro tem de saber distinguir níveis de responsabilidade, questões

éticas, gerenciamento e relacionamento com pessoas. Depois ele terá a oportunidade de

se especializar".

No ensino da engenharia e da arquitetura é grande a dificuldade de exporem-se aos acadê-

micos as inúmeras inter-relações entre os elementos da construção, resultando como já se

disse disciplinas relativamente estanques4. Dispõem-se de excelentes manuais de concreto

armado, fundações, alvenarias, revestimentos e outros elementos da construção. Existe, en-

tretanto, pouca bibliografia que trata das interações entre solos e estruturas, entre estrutu-

ras e alvenarias, entre alvenarias e revestimentos, e assim por diantc.Tal fato também incen-

tivou a publicação do presente livro.

4 I IKI.ENlí, I'. K. I- Entrevista concedida â Tédinc - Revista <lc Tecnologia «Ia Construção, pp 14 I", Editora hni , N° 30, março/abnl 1999.

* OWrvr-sc <juc algumas lacuíiLulcs, panicularnKntc aqucLi* ligadas ã Universidade «Ic São 1'aulo, já vem muustrondo curvis «k: "l;i*sca das lülificaçòos" ou "Patologias

dis Construção", concatcnando informações em torno tlc fenômenos cujo entendimento requeira conlicamcnlos mui ti ductplmarcx

1 - 2 5

Page 28: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Relativamente à qualidade, numa espécie de incompreensível dicotomia, a construção bra-

sileira vem sendo tratada em geral sob duas diferentes vertentes: de um lado, os preceitos

técnicos de projeto e execução de obras; de outro, os programas gerenciais e os sistemas de

gestão da qualidade. Com maior ou menor conhecimento do todo, cada grupo examina e

julga o produto "construção' sob sua óptica particular. Não há, em geral, a necessária troca

de conhecimentos e experiências entre construtores, auditores, consultores, engenheiros

de produção, arquitetos e demais projetistas.

Muito em voga no Brasil, assim como em outros países, os programas de gestão da qualidade

constituem requisito necessário mas não suficiente para equacionar o trinômio qualidade -

custos - prazos, nem muito menos para resolver as patologias dos edifícios. Conforme a

opinião de Ceotto5 "a tendência é conseguir a Certificação ISO 9000 e seis meses depois

esquecer dela. Se não tivermos um grande desenvolvimento tecnológico, a tendência é

as empresas se cansarem: são muitas as variáveis e os controles passam a ter um custo

muito alUf.

O aprimoramento dos sistemas de organização das empresas construtoras e das obras, o pla-

nejamento adequado dos suprimentos e a correta seleção de fornecedores auxiliam, sem

nenhuma dúvida, a melhoria da qualidade da construção. Contudo, sua adoção isolada, não

impede a manifestação de problemas congênitos dos projetos, o desenvolvimento de proces-

sos de corrosão de metais, os recalques das fundações, o descolamento de revestimentos, os

subdimensionamentos ou os superdimensionamentos. Em outras palavras, a simples aplica-

ção das melhores técnicas de gerenciamento, na quase totalidade das vezes não pode assegu-

rar que foi adotado o processo ou a técnica construtiva mais adequada, ou que foi escolhido

o recurso mais eficiente para a otimização da qualidade e para a prevenção das falhas.

1 - 2 6 * a : < )1T<). I . II. Kn(rcvi»ta concedida ã Tcchnc - Revista de Tecnologia da (instrução, pp 10-12» Fditora Pini. N® 32. janeiro/fevereiro 1998.

Page 29: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Ao lado da implementação dos programas de gestão da qualidade, é indispensável portanto

a incorporação efetiva de novos conhecimentos técnicos aos processos de projeto e cons-

trução. Os materiais possuem características próprias, imutáveis. Compete portanto a adap-

tação das técnicas de projeto e de execução a essas características inerentes, de forma que

a resposta global do edifício seja compatível com os requisitos de segurança, estética, salu-

bridade, economia e durabilidade que se deve exigir de uma construção.

Nos setores de serviços e obras, e nos segmentos industriais de materiais de construção e

componentes, iniciativas de valor indiscutível vem sendo paulatinamente tomadas, insufla-

das, mais do que tudo, pelas crescentes exigências dos consumidores, pela pressão decor-

rente do poder de compra do Estado e pela gradativa concorrência de empresas e produtos

estrangeiros. Embora com muito atraso, começam a aflorar processos de treinamento e

requalificação de operários, programas setoriais para melhoria da qualidade de produtos,

criação de organismos independentes de certificação de produtos e de sistemas de gestão

da qualidade.

Entretanto, não se observa ainda, nos níveis requeridos, a suficiente aproximação entre a

pesquisa aplicada e a indústria da construção, entre as construtoras e as indústrias de

materiais, entre o projeto e a obra. Entre as deficiências técnicas que ainda inibem o

pleno desenvolvimento da construção brasileira, pode-se apontar, além dos aspectos an-

teriores, o insuficiente estímulo a pesquisas multi disciplinares e multi institucionais, as

dificuldades na produção e efetiva aplicação da normalização técnica brasileira, a relativa

desorganização das bases de dados sobre materiais, processos e técnicas construtivas.

Tudo culminando na insuficiente agregação de conhecimentos técnicos às práticas de

projeto e construção.

6 ABRANTHS, V; BI&KLGA. A: CC >STA. T. Elaboração dc Método dc Apreciação da Qualidade dc Projetos dc Edifícios dc Habitação. HjcukbA- dc FJIRCIIIU-ria tia Uiúvcrsidulc il<» Porto. POMO, 1989.

Page 30: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tomando por base fundamentos teóricos e a realidade dos nossos canteiros de obra, o

presente trabalho debruça-se sobretudo na atuação conjugada dos muitos atores e na análi-

se das interfaces entre os diferentes projetos e elementos da construção, citadas porAbrantes6

como as grandes responsáveis pelos problemas patológicos mais graves. Aborda também os

sistemas de gestão da qualidade, procurando enfocar, de forma equilibrada, tecnologia e

gerenciamento, matérias que vêm sendo discutidas quase que dc forma independente em

compêndios, cursos e simpósios. Como se fosse possível construir um prédio ou um viadu-

to com elevados padrões de qualidade sem os necessários conhecimentos da teoria das

estruturas ou da tecnologia do concreto.

Com esses objetivos, na preparação do livro foram desenvolvidas as seguintes atividades:

- estudo de processos degressivos dos edifícios, acidentes de obras e patologias mais

freqüentes, com base em publicações técnicas especializadas;

- reanálise de vários relatórios técnicos emitidos pelo Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, relativos a patologias e recuperação de

obras, considerando eventos em que este autor integrava a equipe técnica; neste

caso, destaca-se extensivo trabalho de levantamento em cinqüenta conjuntos

habitacionais promovidos pela CDHU - Companhia de Desenvolvimento

Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, no projeto denominado

"Retroavaliação do Programa SH-3"~;

- estudos de técnicas de projeto e execução de obras, considerando manuais, códigos,

teses, "papers" e normas técnicas nacionais, estrangeiras e internacionais;

- estudos de processos da gestão da qualidade, com base na literatura e na norma-

lização técnica disponível, com acompanhamento simultâneo da forma de im-

plantação deste processo numa empresa construtora paulista (Sergus Constru-

ções e Comércio).

InMituio dc Pcsqubas TcenoJõgka* do Ivsrado de São Paula Relatório N ° 37.110. Retro ava l iado do Programa SH-3. S i o Paulo, 1998.

Page 31: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A pesquisa de campo ("Retroavaliação do Programa SH-3"),bem como os demais estudos,

não teve por finalidade o levantamento estatístico das ocorrências (percentuais de pro-

blemas relativos a fissuras, umidade e outros) nem das causas das falhas (projetos, cons-

trução etc); procurou-se tão somente a análise qualitativa dos fenômenos e das variáveis

que neles interferiam, a nível de planejamento, projeto ou construção, podendo-se a par-

tir daí aventar medidas com potencialidades de evitar ou minimizar as patologias. No

transcorrer dos capítulos são relatados vários exemplos de falhas técnicas, às vezes, é

preciso dizer-se, erros relativamente crassos. Não se pretendeu obviamente identificar

responsáveis, mas somente transmitir experiências mal sucedidas, com a intenção dc que

não voltem a se repetir.

Do ponto de vista estritamente técnico, as patologias das construções podem ser atribuídas

ao neglicenciamento de ações, à desconsideração de agentes agressivos ou mesmo ao pe-

queno conhecimento de processos degenerativos. Constatando-se que boa parte dos pro-

blemas pode ser atribuída a omissões, falhas dc detalhamento ou estudo insuficiente das

interferências entre projetos, o trabalho acabou tomando muito esta direção. Assim, dedi-

cou-se grande esforço para o estabelecimento de recomendações visando a melhoria da

qualidade dos projetos, considerando-se os elementos mais importantes dos edifícios: fun-

dações, estruturas de concreto armado, alvenarias, revestimentos cm argamassa, revesti-

mentos cerâmicos e impermeabilizações.

Considerando-se os aspectos tecnológicos e gerenciais envolvidos, estruturou-se o presen-

te trabalho com seis capítulos, além das conclusões e dos comentários finais. No Capítulo I

apresentam-se diversos exemplos de patologias das construções, decorrentes desde pro-

blemas com as fundações até deficiências das instalações prediais. Ilustram-se casos de

incompatibilidades, comportamentos distintos entre concepção e trabalho real das estrutu-

ras, falhas de execução e características inadequadas de materiais.

Page 32: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

No Capítulo II discorre-se sobre os preceitos básicos da qualidade, os fundamentos da

organização sistêmica e o ferramental disponível para a implantação de programas da

qualidade nas empresas, tomando-se como base as diretrizes e orientações da normaliza-

ção ISO série 9000. Analisa-se a aplicabilidade e as necessidades de adequação desse

conjunto de normas à construção; apontam-se várias falhas no gerenciamento de nossas

construções.

No Capítulo III percorrem-se os elementos mais importantes da construção - fundações,

estrutura de concreto armado, alvenarias, revestimentos em argamassa, revestimentos em

cerâmica e impermeabilizações - analisando-se os principais problemas verificados e as

possíveis formas de evitá-los, tanto a nível de projeto como a nível de execução; são

propostos modelos de listas de verificação para alguns elementos, apresentadas no Ane-

xo. Estabelecem-se várias recomendações de cunho técnico, visando a prevenção de fa-

lhas, aspecto entendido como "ponto-chave" em qualquer programa da qualidade. Consi-

derando, de acordo com Power8, que "o segredo está em elencar as variáveis mais impor-

tantes, e não tentar o domínio exaustivo de todas", são propostos para cada elemento

"controles essenciais","controles importantes" e "controles desejáveis".

O Capítulo IV enfoca a necessária compatibilização entre os projetos, exemplificando-se as

interferências mais comuns entre os diferentes elementos. São indicados pontos críticos

para a coordenação dos projetos, propondo-se também algumas formas de operacionalização

desta atividade.

No Capítulo V são comentadas algumas inovações tecnológicas da construção civil, relati-

vas aos materiais e componentes, às técnicas e aos processos executivos. Exemplifica-se a

g IH>\\KR, R. 11 Qiul i ly AüHurance in Civil Enginecring, CIRIA - G>n>iruction IiuluMrv RocarcI» and Iníornuixm Asuxrunnn, Kipori KW, I»ikI<>II, F.rrvys

1 - 3 0 Printcrs U l . . 1985.

Page 33: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

automação de alguns processos, bem como a utilização nos canteiros de diversas ferramen-

tas e equipamentos.

Finalmente, no Capítulo VI, com base inclusive nas recomendações de diversos especialis-

tas. propõem-se os requisitos essenciais para a organização de um sistema da qualidade e

para o desenvolvimento de programas ou planos da qualidade na empresa construtora.

Considera-se a necessária inserção de requisitos técnicos, conforme Capítulos III e IV, além

da desejável mecanização dos canteiros de obra, conforme Capítulo V; são propostas algu-

mas listas de verificação para insumos operacionais, apresentadas no Anexo. Fm função das

diferentes fases da obra, das formas de subcontratação e dos níveis de qualidade aplicáveis

a cada caso, propõe-se a implantação de programas da qualidade em empresas construtoras

considerando a necessária hierarquização dos controles ("controles essenciais", "controles

importantes" e "controles desejáveis") e dos planos de inspeção ("nível rigoroso", "nível

normal" e "nível atenuado").

Frente à "onda de ISO 9.000" que vem assolando o país, este livro procura acima de tudo

incentivar a maior agregação de tecnologia às nossas construções e alertar para a necessi-

dade de que sejam retomadas ou desenvolvidas as boas técnicas de projeto e de execu-

ção de obras, sem o quê não se conseguirá avançar muito.

Page 34: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 35: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO: CASOS TÍPICOS 1

1.1 0 Problemas relativos às fundações e es t ruturas dos edifícios cor rentes

Tendo os edifícios incorporado maior altura c peso próprio, e as estruturas maior csbeltez,

a interação solo x edif ício passa a ganhar cada vez mais importância. Os problemas

geotécnicos mais comuns de fato dizem respeito aos recalques diferenciados das fundações,

induzindo grande série de problemas relativos à fissuração de paredes, rompimento de

tubulações e outros. C o n f o r m e o professor Victor Mello9 , para os edifícios dc grande

por te é indispensável que os pro je tos das fundações considerem, no mesmo grau de

importância do dimensionamento com base na segurança, a previsão dos recalques.

Recalques acentuados, c mesmo acidentes mais sérios com fundações, tem ocorrido cm

nossas obras cm função de:

a) insuficiência de levantamentos, sondagens ou ensaios, deixando-se de conside-

rar nos projetos e na construção eventuais falta de homogeneidade dos cerrenos

dc fundação, presença dc fossas, lançamento de entulho ou aterro, flutuações do

nível cFágua, e mesmo ocorrência de crateras no subsolo pela lixiviaçào de solos

calcários; nesse último aspecto, é bastante expressivo os problemas que ocorre-

ram e ainda podem ocorrer no município de Cajamar"' , limítrofe com o municí-

pio dc São Paulo, onde diversas edificações sofreram danos estruturais dc gran-

de monta, chegando até mesmo um sobrado de dois pavimentos a ser completa-

mente absorv ido por uma cratera que se fo rmou a cerca de 20m abaixo da

superfície do terreno;

* MlíLI.O, V.RB.; TE1XI-IRA, A.II. Fundações c Obra» dc Terra, l-scol» tlc Kiigcnharia dc S i o Cario». Universidade dc S i o Paulo. 1971. " Instituto dc Pesquisas Tecnológicas «Io l:.stado dc S i o Paulo. Avaliação da Siibsidcncia c Colapso d o s Terrenos dc Cajamar - S i o Paulo. IIH". S.io

Paulo. 1986. Relatório Técnico n* 24.353.

Page 36: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

b) recalques em fundações diretas apoiadas sobre a te r ros mal compac tados , ou

apoiadas sobre seção mista de corte e aterro;

c) incorreções nos levantamentos geotécnicos, par t icularmente sondagens de sim-

ples reconhecimento com determinação simultânea do SPT; nesse particular desta-

camos alguns casos que analisamos e out ros apontados por Quaresma1 1 :

• superest imação do SPT por problemas no amostrador e / o u por inabilidade na

execução da sondagem;

• superest imação do SPT, pela presença no solo de concreçòes ou matacões;

• linha de tubulões apo iados s imul taneamente em seção de cor te e seção de

aterro (Figura 1), numa obra em que um fundo de vale havia sido aterrado com

solo natural escavado de obra vizinha; dessa forma, o técnico responsável pela

sondagem não conseguiu detectar diferença entre a camada de aterro c o solo

natural, resul tando recalques di ferenciados relativamente acentuados;

pilares P 1 P 2 P 3 P4 P 5 P6 P 7

I I corte i » aterro remanescente i i terreno natural

Q Figura 1 Linha de tubulões apoiados cm aterro e em solo natural: na sondagem não foi detectado o horizonte de separação entre as camadas.

" QUARESMA. A. R.; DIvCOURT. I_; QUARESMA I-IIJIO. A. R.; ALMEIDA. M. $.; O W / K . I R. K ImvMigaçóc). Rco»ócnicas . In: FundaçJc*: Teoria c 2 prática. Sio Paulo: ABMS / ABKF / PINI, 1996. p. 119 - 162.

Page 37: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

d) recalques em fundações consti tuídas por estacas escavadas, em função da pre-

sença de terra solta ou lama na base da estaca;

e) recalejues p r o n u n c i a d o s em f u n ç ã o de d e s c o n f i n a m e n t o s dos solos, si tuação

importante nos grandes centros urbanos, com escavações de subsolos nas vizi-

nhanças de edifícios existentes (Figura 2); nesse particular, segundo Bernine1 2 ,

nem sempre as con tenções usuais com estacas prancha ou paredes diafragma

têm evitado o problema;

| Figura 2

Recalques das fundações em função do desconfinamento do solo, pela construção de edifício vizinho.

f) acesso de água às fundações , si tuação cm cjue aumenta a deformabi l idade de

solos argilosos; para solos colapsíveis, essencialmente porosos, o problema pode

ser ainda maior. Neste particular, com a formação dc lagos para acionamento de

usinas h idroe lé t r icas , com conseqüen te elevação d o nível d 'água , já fo ram

registrados diversos casos dc recalques e danos a cons t ruções localizadas nas

áreas de inf luencia dos lagos; Niyama1 3 menciona particularmente os casos das

barragens de Porto Primavera, no interior do estado de São Paulo, e Paranoá, no

Distrito Federal;

,J H F R M N F , I:_ (.'. Seminário: Qualidade da* Fundações . Construtora Scrjju». São Paulo, nov/1998. " N VIAM A. Sussumtx Aula* sobre Patologia* da* Fundações. Curso de Mestrado do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do F.stado dc Sàt Paulo, 1998. 3

Page 38: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

g) instabilização de taludes: por falta de compac tação ou adequada proteção d o

talude, esforços horizontais consideráveis podem ser in t roduzidos aos elemen-

tos de fundação, confo rme Figura 3;

Num edifício de quatro pavimentos com estrutura de paredes monolíticas moldadas in loco

(sistema "Outinord" - fôrma túnel), a instabilização do talude provocou ligeira rotação de estaca

"Strauss" posicionada no canto do prédio, sendo que não foram construídas vigas transversais

que pudessem transferir os esforços horizontais a outras estacas. A parede estrutural acompa-

nhou a rotação da estaca, "desprendendo-se" a parede de vedação cm alvenaria presente na

empena da obra, altura do pavimento térreo, conforme ilustrado na Figura 4.

4 contraventada na direção transvers.il da obra".

Page 39: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

h) ruptura de fundação consti tuída por estaca mista aço /conc re to , par te superior

integrada por perfil I de 12" e par te infer ior const i tuída por concreto , seção

circular - diâmetro 35cm; a fundação rompeu por f lambagem do perfil 1, que se

encontrava to ta lmente desconf inado cm função da per furação do terreno pela

parte cm concreto (Figura 5);

i) ruptura de fundação por flambagem de estaca tipo Strauss, em função de escavação

sob o corpo do prédio para construção de garagens (ação de moradores desavisados);

j) ocorrência dc ruptura ou recalques cm fundações constituídas por estacas crava-

das, com desvio da ponta da estaca pela presença de matacões (Figura 6).

Segundo Gotlieb1 5 , diversos outros problemas podem ainda ocorrer com as fundações diretas

ou profundas, como por exemplo: apodrecimento de estacas de madeira, deslizamento dc

tubulões apoiados em maciços rochosos ou mesmo fratura da rocha de apoio, ocorrência de

n r

CM

I ' V Argila orgânica V V'. mole, muilo mole-

Areia compacta .;.:

V." V U - . : ' . : V : > Y

0 Figura 5 Estaca mista aço / concreto: ruptura (Ia fundação por flambagem da parte metálica, em trecho totalmente desconfinado.

m m m m M

0 Figura 6 Falta de verticalidade de estaca metálica e de estaca pré-fabricada de concreto (com emenda), pela presença de matacões no selo.

• Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do F.stado de São Paulo. D i a g n ó s t i c o c R e c o m e n d a ç õ e s para R e c u p e r a ç ã o da» F u n d a ç õ e s dc Mdificio do Conjunto Habitacional Carapicuiba II. IPT. São Paulo. 1983. Relatório Técnico n° 19.268.

1 <;(yil.IF.U. M.; GUSMÃO RI.IIO.JL A. Rclotço dc Fundações. In: Fundações: Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABF.F / PINI. 1996. p. 471 48 1

Page 40: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

atrito negativo em estacas que atravessam aterros mal consolidados, sobreposição de bulbos de

tensão em elementos de fundação muito próximos, acentuamento de recalques pelo rebaixamento

do lençol freático, interação entre estacas cravadas muito próximas umas das outras (efeito de

grupo) c ate mesmo scccionamcnto dc estacas tipo Franki pela execução de estaca próxima.

Relativamente às estruturas de concreto armado, a principal patologia que se tem observado

é sem dúvida a corrosão de armaduras. Nesse aspecto, Andrade16 destaca como causas o

emprego dc concretos excessivamente permeáveis (relações água / cimento muito elevadas,

dosagens inadequadas), falhas construtivas que não garantem os cobrimentos das armaduras

estipulados nos projetos e a inadequação de cobrimentos normalizados. Nesse pomo deve-

se mencionar a incoerência da norma brasileira NBR 6118 /78 1 7 , estipulando diferentes

cobrimentos cm função dos tipos dc peças c da presença ou não de revestimento, mas sem

considerar a natureza do meio agressivo, a localização da obra , a classe do concre to

constituinte da estrutura e outras importantes variáveis.

Ao lado dos problemas localizados de corrosão, um problema que vem se mos t rando

cada vez mais generalizado é a excessiva flexibilidade das estruturas dos edifícios, motivada

pelo ref inamento do cálculo estrutural, pelo desenvolvimento de aços com elevadíssima

resistência mecânica e, mais m o d e r n a m e n t e , até pelo emprego dos conc re tos de alta

resistência. O problema vem ainda sendo agravado pela adoção de novas concepções

estruturais, destacando-se aí os sistemas consti tuídos unicamente por pilares c lajes.

A velocidade imposta às nossas obras tem levado ao decimbramento precoce dos componentes

horizontais das estruturas, solicitando-se o concreto jovem com tensões muito consideráveis

e introduzindo-se fissuras de flexão em vigas e lajes. O encurtamento do concreto, quando

seu módulo dc deformação ainda é relativamente baixo, e a redução do momento de inércia

" ANDRADF., C. Manual para D i a g n ó s t i c o dc Obras Deterioradas por Corrosão c m Armaduras. Editora Pini. S i o Paulo. 1992. 5 " ASSOCIAÇÃO BRASUJDRA D E NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NHR 6 1 1 8 / 7 8 - Projeto c Execução dc Obras c m Concreto Armado.

Page 41: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

das peças pelo desenvolvimento das fissuras, têm aumentado consideravelmente as flechas

nos componentes fletidos.

C o n f o r m e t raba lho anter ior 1 8 deste autor, as deformações estruturais podem provocar

várias anomalias em paredes, pisos e outros elementos. Como decorrência da flexibilidade

de vigas e lajes, manifestam-se principalmente destacamentos e fissuras em alvenarias de

vedação, problema agravado nas regiões em balanço, c o n f o r m e ilustrado na Figura 7.

i I I

s T T T

T T T

t £ i i i

t W T I W 1 i 1 i 1

z r

0 Figura 7

Flexibilidade da estrutura de concreto armado: fissuras e destacamentos na alvenaria pela flecha desenvol-vida na extremidade do balanço

Nas estruturas tipo "pilar-laje" tem-se verificado no geral lajes com alturas dc 12 a 16cm,

para espaçamentos ent re pilares da o rdem de 5 a 7 metros. Verificadas a maioria das

vezes no regime elástico, como aliás e permit ido pela norma NBR 6118 anter iormente

ci tada, as f lechas reais n o r m a l m e n t e sup lan tam as prev isões teóricas, o r ig inando

compres são e des tacamento de pisos rígidos (placas cerâmicas ou pedi as naturais) e,

pr incipalmente , f issuração de paredes de vedação.

Um exemplo desse p r o b l e m a , que diz respe i to à d i ferença en t re a concepção e o

c o m p o r t a m e n t o real do sistema es t rutura x alvenarias dc vedação, é a seguir relatado.

' THOMAZ, li. Trinca* c m l idi í iciox: Causas , Prevenção c Recuperação. São Paula Co cilição I P T / KPUSP / lúlitora Pini. Reimpressão 1W5.

Page 42: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

E m de te rminada obra , pela d e f o r m a ç ã o inicial das bordas da laje do pavimento tipo,

oco r r eu f i ssuração das alvenarias pos ic ionadas nas regiões "em ba lanço" (Figura 8),

aproximadamente seis meses após a instalação do carregamento.

\ t \

Q Figura 8

Estrutura pilar-laje: logo no início do carregamento, flechas nas extremidades dos balanços provocam fissuração das alvenarias presentes nessas regiões.

Com o desenvolvimento das flechas nas extremidades dos balanços as lajes apoiaram-se

nas alvenarias de vedação, diminuindo consideravelmente, no meio do vão, o alívio do

momento fletor positivo que era propiciado pelos balanços. Fruto deste comportamento,

intensificaram-se as flechas no meio dos vãos, passando agora a manifestarem-se fissuras

de flexào nas paredes centrais da obra, con fo rme ilustrado na Figura 9.

\

L / ;

1

) X

» 1 \

1

/

/ 1 P Figura 9 Estrutura pilar-lajc: passado algum tcm|x> do carregamento, lajes apoiam-se nas paredes laterais; aumentam as flechas nos centros dos vãos, provocando fissuração das alvenarias presentes nessas regiões.

" C A NOVAS. M. K Patologia c Terapia do Concreto Armado. São Paula Ivditora Pini. 1988.

Page 43: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

E m alguns casos, c o n f o r m e adver te Cánovas 1 9 , considerando a ausência de cura úmida

d o concre to , as f lechas das lajes têm sido agravadas pela re t ração do concre to ,

par t icu larmente aquele pos ic ionado na face superior do componen te , onde a retração

ocor re livremente pela inexistência de armaduras .

C o m o a d v e n t o das lajes que d i s p e n s a m camada de regular ização (lajes " z e r o " ) , o

p rob l ema das f lechas t ende a agravar-se. Na c o n s t r u ç ã o t radicional , as camadas de

regularização, no rma lmen te const i tu ídas por argamassa de c imento c areia, acabavam

se incorporando às lajes, atuando como capa de compressão. Daquela forma, ao aumento

d o peso p r ó p r i o da laje c o n t r a p u n h a - s e o a u m e n t o da sua al tura útil , r e d u n d a n d o

f lechas de m e n o r intensidade.

Ainda em relação às lajes "zero" , além da eliminação tia aventada sobre espessura, tem-

se verificado em alguns casos o incremento das flechas pela redução na altura útil da laje,

nas seções de maior momento positivo. Isto em função da adoção de contraflechas, sem

a cor respondente manutenção da curvatura da laje na face superior (Figura 10).

Ainda em relação às lajes, p rob l emas mu i to f r eqüen t e s são acarre tados pelas

movimentações térmicas das lajes de cober tura , com fissuração de paredes do úl t imo

pavimento , des tacamento de platibandas, etc.

| Figura 1 0 Conjugação de laje "zero" e contraílecha: redução da altura útil da laje na seção de maior momento positivo e aumento da flecha no centro do vão.

Page 44: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Dc acordo com o A O 2 0 , diversos outros problemas com as estruturas de concreto podem

ainda ser enumerados , como por exemplo:

• falhas na locação de componentes (em determinada obra inspecionada por este

autor, chegou-se a constatar afastamentos de até 20cm cm pilares que deveriam

cons t i tu i r uma fileira, t endo-se de inserir conso los em alguns pilares para o

apoio da viga);

• irregularidades geométr icas das peças

- desaprumos , desnivelamentos , cmbac iamentos

- desbi tolamentos das seções, dentes nas continuidades de pilares

- cobr imentos em desacordo com o projeto

• n inhos de concre tagem

- cm função dc taxas excessivas de armadura

- em função de falhas de dosagem, lançamento e / o u adensamento

• estados excessivos de fissuração

• manchas no concre to aparente

- falta de homogeneidade dos materiais

- c imentos com excessivos teores de álcalis

- qualidade das fôrmas e dos desmoldantes

- lixiviação, carbonatação, ef lorescências

- proliferação de fungos (pH = 5 a 6), fuligem ácida, etc.

Q u a n t o aos d e s a p r u m o s , c m o u t r a o b r a v i s t o r i a d a c o n s t a t o u - s c a f a s t a m e n t o e q u i v a l e n t e

a 22cm, tendo o edifício 30m de altura, o que leva à distorção "record" de 1/140. Esta e

outras irregularidades geométricas das estruturas de concreto repercutem em consideráveis

eng ros samen tos c conseqüen t e sobrecarga das es t ru tu ras e das fundações , problema

normalmente associado aos desabamentos de edifícios que se têm verificado no país.

•" AC! AMERICAN CONCRETE INSTTTUTE. Building Codc Rcquircmcnts for Rcinforccd Concreto. ACI CommiHcc 318. Publkatkxi 3IÍR-89. Rcviscd 1 Q 1992. Octroii. 1994.

Page 45: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

E m relação às alvenarias estruturais , sistema que vem se to rnando mui to competi t ivo

e c o n o m i c a m e n t e para ed i f íc ios de ate o i to ou dez p a v i m e n t o s , o IPT 2 1 registrou

o c o r r ê n c i a s cons ide ráve i s de f issuras nos vér t ices de vãos de p o r t a s e janelas e,

principalmente, destacamentos entre paredes assentadas com juntas a p r u m o (ancoragem

mecânica através de ganchos ou fer ros embut idos nas juntas), c o n f o r m e Figura 11.

Problemas de fissuras e esmagamentos localizados, decorrentes da concentração de tensões

dc compressão , também tem sido observados cm regiões dc paredes localizadas ent re

aberturas de janelas ou portas muito próximas, situação em que os trechos de alvenaria

comportam-se como pilares (Figura 12). Esta situação é mais importante nos pavimentos

té r reos dos edif íc ios , o n d e n o r m a l m e n t e são inser idos vãos de maior largura, para

consti tuição de salões de festa, play-grounds, etc.

Neste sistema construtivo, as interfaces alvenarias x lajes ainda requerem certos cj idados,

par t icularmente nos encont ros com lajes de cober tura ; pelas movimentações térmicas,

0 Figura 1 1 Alvenaria estrutural: fissuras nos vértices de aberturas e destacamentos nos encontros entre paredes ancoradas com juntas a prumo.

| Figura 1 2

Alvenaria estrutural: fissuras causadas por concentração de tensões, decorrente da proximidade das aberturas de janelas.

' Instituto dc Pesquisa* Tecnológicas do F.stado dc S i o Paulo. Análise das Causas <lc Fissuras c D e s t a c a m e n t o s cm Alvenarias: Residencial Parque da» Cantclias c Residencial Flamboyant* • Bauru/SP. IIT, São Paulo, 1994. Parecer Tccnico n" 6.277. j |

Page 46: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ou mesmo pela retração dessas lajes, Tiscornia2 2 relata a possibilidade de ocorrência de

diversos problemas de fissuras e destacamentos nas paredes dos últimos pavimentos.

Também em pavimentos intermediários, em função da retração das lajes de piso, observam-

se problemas de fissuras horizontais nas alvenarias, logo abaixo do apoio, ou mesmo na

linha dos pci toris de janelas, c o n f o r m e i lustrado na Figura 13. A despei to de vãos

relativamente pequenos, normalmente entre 4 e 5 metros, fissuras horizontais também

podem ser introduzidas nas alvenarias pela flexibilidade das lajes, conforme Figura 14.

0 Figura 1 3 | Figura 1 4 Alvenaria estrutural - fissuras horizontais decor- Alvenaria estrutural: fissura horizontal na base d.» parede rentes da retração das lajes de concreto armado. em função da flexibilidade da laje de concreto armado.

Outros problemas verificados nas alvenarias estruturais, com maior ou menor incidência,

são: destacamentos entre blocos (pela inadequação do traço da argamassa dc assentamento

ou falhas dc execução), descontinuídades cm grauteamentos verticais (obstrução parcial

dos furos pela argamassa de assentamento, inadequação do traço do graute), contra-

vergas muito curtas, fissuras c destacamentos cm platibandas.

1.2 0 Problemas relativos às vedações , caixilhos e revest imentos

Além dos problemas de fissuras e destacamentos, conforme item precedente, uma relação

muito extensa de problemas pode ser estabelecida para as paredes das edificações. Com

- TISCORNIA. R.; MARTORF.IJ.I, R. F e n ô m e n o s DejjreMvos en Edi f í c ios - Catiillas de Patologias cn el Sistema Constructivo Tradicional. I' pane. 2 Facultad dc Arquitcciura y Socicdail de Arquitcctos dei Uruguay. Montevidéu, 1996.

Page 47: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

base nos t rabalhos dc I o s h i m o t o 2 ' e Abrantes2 4 , e em levantamentos de campo no

âmbito do projeto SH-3 anter iormente mencionado, destacam-se as seguintes falhas:

a) Irregularidades geométricas

C o n s t a t a m - s e falhas de locação, r ep re sen t adas p o r falta de e squad ro nos e n c o n t r o s

en t re paredes (desvios de até 4° cm relação ao ângulo reto), i r regularidades graduais

que chegam a supe ra r 6 m m (em re lação à régua c o m 2m de c o m p r i m e n t o ) e

i r r egu la r idades a b r u p t a s supe r io r e s a 3 m m (em relação à régua c o m 20cm de

c o m p r i m e n t o ) . A falta de e squad ro en t re pa redes implica, d e n t r e ou t ras coisas, em

grande dif iculdade para a execução dc pisos com placas cerâmicas, for ros , etc.

Irregularidades notáveis também podem ser identificadas nos requadramentos tle vãos

de por tas e janelas, como desvios do esquadro, desaprumo de ombreiras e até caimento

invertido em peitoris de janelas, facul tando o umedccimento das paredes.

b) Falhas construtivas / interação com estrutura de concreto armado

N o caso dos edifícios, as principais falhas construtivas cm paredes estão presentes nas

ligações com vigas e pilares. A despei to da aplicação de chapisco (âs vezes argamassa

colante) nos pilares, observa-se em geral falta de pressão no assentamento dos blocos,

resultando muitas vezes a presença dc vazios entre pilares e alvenarias. Dessa forma, a

aplicação de chapisco torna-se totalmente inócua do ponto de vista técnico, e desvantajosa,

do ponto dc vista econômico.

Verifica-se tendência do emprego do "chapisco rolado", composto com quantidade razoável

dc resina acrílica ou resina PVA. Es te chapisco no rma lmen te é aplicado com grande

antecedência da elevação das alvenarias, ocorrendo polimerização e formação de película

IOSHIMOTO. lí. Pa to log ia na c o n * t r u ç 3 o - P r o g r a m a de c o l e t a dc i n f o r m a ç õ e s . Agrupamento dc Componente» da* Edificações. IPT, São Paulo, 1980.

24 ABRANTIIS, V. Manutenção c reabilitação dc edi f íc ios . Edição Universidade d o Porto - Departamento dc Engenharia Civil. Porto 1996. ^ ^

Page 48: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

superficial, a exemplo do "peeling" das argamassas colantes. Dessa forma, se o chapisco

favorece de um lado a aderência com o concreto da viga ou do pilar, de outro lado pode

até prejudicar a aderência com a alvenaria. Situação parecida quando o chapisco é preparado

com cimento AF ou POZ: a fina camada dc chapisco favorece a rápida evaporação da água,

pra t icamente inviabil izando a hidratação da escória ou do material pozolânico. Nessa

circunstância, pode-se dizer que o chapisco foi preparado com pequena quantidade de

cimento e grande quantidade de finos inertes.

Nas l igações c o m pilares, as amar rações com f e r ro - cabe lo têm s ido e fe tuadas com

ferros lisos (prejudicando a aderência aço / argamassa de assentamento) , muitas vezes

com espaçamentos muito acentuados, algumas vezes com arame de bitola muito pequena

(até 3mm). E m alguns casos, verificou-se a tentativa dc ancorar os ferros simplesmente

pelo atri to com o concre to (broca (f) 6mm, f e r ro (j) 6111111), medida totalmente incorreta

frente às elevadas tensões introduzidas pelas movimentações higrotérmicas das oaredes.

E m subst i tu ição aos fe r ros-cabe lo , algumas cons t ru to ras têm ten tado a utilização dc

telas metá l icas , e m b u t i d a s nas j un t a s de a s s e n t a m e n t o da a lvenar ia e f ixadas nos

pilares com pinos cravados por " t i ros" . Ocor re que o encurvamento da tela, con fo rme

F igura 15, c o n s t i t u i uma espéc ie de " m o l a " , a c o m p a n h a n d o m u i t o bem os

e n c u r t a m e n t o s e d i la tações dos p a n o s de a lvenar ia , ou seja, a l igação garante boa

ancoragem mecânica e estabilidade lateral das paredes, deixando todavia de colaborar

na p revenção dos d e s t a c a m e n t o s .

[] Figura 1 5

Ligação pilar x alvenaria com tela metálica: a tela encutvada trabalha como "mola", não colaborando em nada para evitar

Page 49: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O e m p r e g o de telas me tá l i cas nas a r g a m a s s a s de r e v e s t i m e n t o , nas j unções das

alvenarias com pilares, lajes ou vigas, têm sido ver i f icado com relativo sucesso em

vários empreend imen tos ; o pequeno cobr imento , e às vezes a utilização de telas não

ga lvanizadas , tem p r o v o c a d o cm alguns casos a oco r rênc ia de c o r r o s ã o do r e f o r ç o

me tá l i co .

Por imperícia d o c o n s u l t o r t écn ico em alvenar ias , ou p o r e n t e n d i m e n t o fa lho d o s

engenhe i ros da empresa (o que t ambém não exime a responsabi l idade do consul tor) ,

uma grande empresa cons t ru to ra adotou num empreend imen to de por te considerável

( q u a t r o ed i f í c i o s de 12 p a v i m e n t o s ) um s i s t ema de l igação pi lares x a lvenar ias

t o t a l m e n t e inus i t ado : folga de l e m en t r e a lvenaria e pilar, tela de e s t u q u e (metal

"Deployé") embut ida no revest imento em argamassa. C o m o era previsível, tal sistema

de l igação, r e p r e s e n t a d o na Figura 16, o r i g i n o u total f i ssuração da argamassa dc

revest imento en t re alvenarias e pi lares, t endo de ser a obra in t eg ra lmen te reparada

( todos os edif íc ios , todos os pav imentos , t odos os panos) .

Relativamente aos encunhamentos, onde valem as mesmas observações para aplicação de

chapisco e falta de "aper to" , tem-se verificado uma série de inadequações, como: espaço

muito acentuado entre topo da alvenaria e base da viga ou da laje (chegando a 4 ou 5cm),

emprego de argamassas muito rígidas ou muito retrateis, presença de argamassa apenas pelo

lado interno das paredes (onde a introdução é favorecida a partir das lajes de piso) etc.

folga de 1 cm entre pilar e alvenaria

Q Figura 1 6

Esquema "alternativo" cie ligação pilar x alvenaria com tela de estuque: como conseqüência destacamentos generalizados em quatro edifícios de 12 pavimentos.

Page 50: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Com a própria ocorrência dos problemas, o meio técnico começa a absorver a idéia de

empregar "massa p o d r e " nos e n c u n h a m e n t o s de paredes em edifícios com esrruturas

razoavelmente deformáveis. Numa obra vistoriada por este autor, contudo, com o início de

fissuração das alvenarias (por inequívoca flexibilidade das vigas dc borda), o consul tor

contratado pela empresa especificou total reexccução dos encunhamentos, desta feita com

a introdução de aditivo expansor na argamassa de encunhamento , por sua vez mais rica

em cimento. Desnecessário dizer que os problemas de fissuras agravaram-se notadamente.

Ainda em relação a e n c u n h a m e n t o s e adit ivos expansores , a lgumas cons t ru to ras têm

ado tado um b inômio no mín imo cur ioso: massa p o d r e (essencialmente à base dc cal

h idratada) e adi t ivo expansor . C o m o os adi t ivos e m p r e g a d o s a tuam d i re tamente em

combinação com o c imento , a medida tem sido inócua do p o n t o de vista técnico, e

cont raproducente do pon to de vista econômico.

Outra falha construtiva que se tem verificado em relação às alvenarias é a construção de

contravergas muito curtas (pequeno transpasse nas laterais dos vãos), peças com seção

extremamente reduzida (às vezes 5x9cm), ou contravcrga subdividida cm tramos pré-fabricados,

conforme Figura 17; neste último caso, a despeito da facilidade ergonômica (peças mais leves),

a redistribuição dc carga para a base da abertura não é feita com a mesma eficiência obtida com

as contravergas contínuas, chegando-se a verificar destacamentos dos tramos pré-moldados e

mesmo a ocorrência dc fissuras verticais na região central do vão de janela

0 Figura 1 7

Contravcrga em tramos pré-moldados: desempenho interior àquele verificado para as contravergas contínuas.

Page 51: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Também em relação aos contornos de vãos, na tentativa de redistribuiçâo das tensões,

algumas construtoras têm adotado quadros de concreto armado, conforme Figura 18. Tal

disposição construtiva apresenta em geral pequeno poder de absorção das tensões de

tração que se concentram nos vértices das aberturas, verificando-se normalmente que as

fissuras que se desenvolveriam a partir dos vértices das janelas passaram a propagar-se a

partir dos vértices do quadro de concreto armado.

0 Figura 1 8 Quadro do concreto armado no contorno do vão de janela: fissuras transferidas dos vértices da janela para os vértices do quadro.

Por inadequação do traço da argamassa dc assentamento, pelo emprego de material siltoso

ou filito cm substituição à cal hidratada, pelo emprego dc blocos saturados ou pela própria

imperícia no assentamento, tem se verificado em algumas obras destacamentos importantes

entre componen tes de alvenaria. Também nesse aspecto, o meio técnico começa a

proporcionar melhor as argamassas de assentamento, abandonando o mito das argamassas

muito ricas em cimento, o que sc verificava amiúde na execução das alvenarias estruturais.

Destacamentos mais pronunciados têm ocorr ido cm função da retração de secagem de

blocos de concreto, situação agravada com a fabricação de blocos no próprio canteiro de

obras, sem a devida assistência técnica. Numa das obras visitadas, em função de atraso

no cronograma, os blocos estavam sendo assentados praticamente após a moldagem.

Uma última falha que sc pode apontar cm relação ao projeto c execução das alvenarias

diz respeito às juntas de movimentação ou juntas de controle. Normalmente inexistentes,

já que o meio técnico brasileiro ainda não assimilou a cultura das juntas e os construtores

em geral as consideram muito caras, tal recurso poderia evitar uma série de fissuras e 17

_ I U

Z D ] [ = • — i n

II b e x

_ I U

Z D ] [ = • — i n

ii

_ I U

Z D ] [ = • — i n

b n 1 "

I I / I I II II II K I U D C z m m c n c i i c s c

Page 52: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

destacamentos em paredes muito longas, ou de pequena espessura, ou em paredes com

acentuadas mudanças de direção, ou ainda em paredes com grande presença de aberturas.

Numa obra cujas lajes dos pavimentos avançavam cm balanço nas quatro fachadas, as paredes

resultaram muito longas, o que levou o fornecedor dos blocos de concreto celular a especificar

diversas juntas de controle. Logo após o revestimento das fachadas, com emprego de argamassa

mista, fomos chamados a opinar sobre as possíveis causas da intensa fissuraçãc que se

manifestou nas paredes dc fachada, a despeito dos cuidados tomados com o traço da argamassa

de assentamento, amarração com pilares etc. Consta tando que as fissuras, verticais, com

aberturas até da ordem de 2 ou 3mni, ocorriam exatamente nas posições que deveriam

corresponder às juntas, escarificou-se a argamassa de revestimento, observando-se que havia

se procedido o enfraquecimento da seção (escarificaçao dos blocos até profundidade de 3 ou

4cm), revestindo-se em seguida as paredes e concomitantemente preenchendo-se as "juntas"

com a argamassa de revestimento. Tal situação, esquematizada na Figura 19, ilustra a falta de

entendimento do que deva ser uma junta de controle.

argamassa mista

" " l> ~ e jr •>

escarificação / enfraquecimento da parede de concreto celular

0 Figura 1 9 "Junta do controlo" em alvenaria do hlocos do concreto celular, acabamento com argamassa rígida de cimento, cal hidratada e areia.

A partir dc meados dc 1990, passou-se a verificar na construção brasileira a execução dc

alvenarias sem a aplicação de argamassa nas juntas verticais ("juntas secas"), técnica mais

f reqüente no caso de paredes de vedação. Es tudos realizados pelo IPT 3 ' revelam que:

a ln<muto dc P c s q u i w Tecnológica» do Ivsudo dc S i o 1'aulo. Avaliação do D e s e m p e n h o dc Alvenarias dc Vedação. IPT. São Paulo. IW4, Kclatórto Técnico n* 32.627.

Page 53: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- não ocorre sensível redução na resistência das paredes às cargas verticais;

- há substancial redução na resistência das paredes às cargas laterais;

- há substancial queda na resistência das alvenarias aos esforços de cisaihamento

(no p l ano das pa redes , q u a n d o estas exercem p o r e x e m p l o f u n ç õ e s

con t raven tan tes ) ;

- há significativas quedas na isolação acústica e na resistência ao fogo das paredes;

- no caso de fachadas, existe a tendência da micro-f issuração das argamassas de

revestimento, " fo tog ra f ando" os blocos (observações de campo).

c) Problemas de umidade

O s problemas de umidade foram os que apresentaram maior incidência no levantamento

realizado por Ishimoto2 3 em conjuntos habitacionais; o tema tem sido tratado por Perez26,

Alucci2 e Pytlowany28 , dentre diversos autores.

As ocorrências mais sérias de umidade são verificadas nas bases de paredes externas,

tan to p o r ascensão capilar de umidade do solo (deficiência de impermeabi l ização de

alicerces) como pelo respingamento de água dc chuva proveniente dos telhados. Nesse

sent ido, a aplicação de barra chapiscada nas bases das paredes externas constitui boa

prática, já que o chapisco dissipa os fluxos de água que vertem pelas paredes, impedindo

sua umidif icação.

C o m tal f inal idade, certa c o m p a n h i a de habi tação espec i f icou para um de seus

empreend imen tos (cerca de 100 unidades térreas): "nas bases de todas as paredes externas

deverá ser aplicada barra de chapisco de cimento e areia, traço 1:3, com altura de 50c///".

PlIRF.Z, A. R. U m i d a d e na* e d i f i c a ç õ e s . S i o Paulo. 1986. (Dissertação de mestrado apresentada ã Escola Politécnica da Universidade tle São Paulo). A l . l . m . M. P.; K l J \ 17 . IN ( ) , W D.; M I I . W O , S. Bolor c m edi f í c ios : c a u s a s e r e c o m e n d a ç õ e s . In: Tccnolo^a dc edificações / Projeto dc divulgação

tecnológica IJX da Cunha. São Paulo. PINI / IPT, I9KK. p. 563-570 PYT1 .ÕWANY, Cí. F e n ô m e n o s F í s i cos q u e Producct i H u i n c d a d . In: Seminário Patologia y Gcstión dc Calidad cn Ia Construcción. Mon cvidco. 1998.

Page 54: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Por falhas dc comunicação , c ce r to d e s c o n h e c i m e n t o da função des t inada à barra

chapiscada, esta foi inserida sob a argamassa de reves t imento das paredes, c o n f o r m e

ilustrado na Figura 20.

projeto do chapisco

8

execução do chapisco

c • . • •. o • c>-T~r • o o . • o o . o Q Figura 2 0 Barra de chapisco embutida na argamassa de revestimento, ao invés de constituir barreira de dissipação do fluxo de água.

Em alguns casos, por problemas dc implantação, verifica-se e m p o ç a m c n t o dc água no

interior dos terrenos, com acúmulo de água nas bases das paredes. Também o caimento

invertido de calçadas laterais favorece este empoçamento .

Situação até cer to p o n t o cômica, mas infel izmente real, foi identificada num con jun to

de casas populares ("embriões") construídas fora d o estado de São Paulo, onde a água

proveniente do telhado de uma habitação térrea desaguava di re tamente na fachada da

edificação vizinha, c vice-versa. Tal anomalia, ilustrada na Figura 21, ocorria em região

com grande disponibi l idade de terra, com custo dos te r renos bas tante reduzido.

0 Figura 2 1 Pela proximidade das casas, as águas que fluem do telhado atingem a parede da edificação vizinha.

Page 55: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Em edifícios multi-piso, a inobservância de detalhes arquitetônicos nas fachadas (bunhas,

frisos, pingadeiras, etc) propicia consideráveis fluxos de água nas paredes, favorecendo

a infi l t ração de água e a degeneração das pinturas . Um função da inexistência, ou dc

i nco r r eções cons t ru t ivas dc pc i tor i s (ca imcnto inver t ido , ausência de pingadeira) , c

bastante significativo o problema de umidade nas paredes sob os vãos de janelas.

C o n f o r m e Alluci2 9 , a condensação da umidade gerada internamente à edificação,

pa r t i cu l a rmen te cm banhe i ros (vapor p r o d u z i d o p o r chuvei ros) , t a m b é m favorece a

umidi f icação de paredes e tetos. Nes te par t icular , a con t inuada redução da área das

habi tações, acompanhada pela redução do pé direi to dos cômodos , tem favorecido a

manifes tação deste tipo de umidade.

d) Problemas com revestimentos em argamassa

Consti tui prática corrente no Brasil a composição de argamassas de revestimento com

material silto-argiloso, designado com di ferentes nomes cm função das regionalidades:

"taguá", "caulim", "areia de barranco", "areia de estrada", "barro", "saibro", "arenoso" etc.

Pela presença da argila, esses materiais facultam boa plasticidade às argamassas no estado

fresco. Contudo, tratando-se dc finos quimicamente inertes, tais materiais induzem grande

incidência de fissuras de retração nos revestimentos, através das quais ocorrerá infiltração

de umidade, expansão do material argiloso e conseqüente desagregação do revestimento.

Problemas de desagregação também são originados por acesso dc umidade às paredes,

c o n f o r m e alínea precedente , e consumos muito reduzidos de aglomerante, chegando-se

a verificar traços em volume de até 1 : 1 2 (aglomerante : areia + material silto-argiloso).

•' AÍJ.CCl. M. I*. Critério* relativo* ao* atendimento tias exigência* dc ventilação na habitação. In: Tecnologia dc cditlcacõc* / Projeto dc divulgação tecnológica Lix da Cunha. São Paulo. PI N I/I PT. 1988. p. 463-468. 2 1

Page 56: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Nesses casos, c o n f o r m e Cincot to 3 0 , é bastante comum a desagregação quase que total do

revestimento em áreas constantemente sujeitas à presença de umidade (bases de paredes

externas , bases de paredes in ternas em con ta to com pisos laváveis, box de chuveiro,

regiões sobre tampos de pia dc cozinha ou tanque dc lavar).

Argamassas pouco coesas propiciam o esborcinamento de cantos de paredes, situações rela-

tivamente comuns em quinas externas das construções, requadros de portas etc. Fiorito31 cita

que descolamentos das argamassas ocorrem com certa freqüência no revestimento de peças

de concreto, part icularmente lajes de teto, bases muito lisas, normalmente com pequeno

poder de absorção de água e, não raras vezes, impregnadas com óleos desmoldantes.

A ocorrência de fissuras c descolamentos das argamassas dc revestimento c ainda facilitada

pela aplicação do material em bases excessivamente porosas ou ressecadas, com rápida

perda da água tanto por evaporação como pela absorção da base. O problema é agravado

com as práticas construtivas atuais, que vêm paulatinamente dispensando a prévia aplicação

de chapisco (regulador da higroscopicidade das paredes) e / o u o prévio umedecimento

de bases muito ressecadas. Dessa forma, não é raro presenciarmos em nossas obras os

serviços de revest imento se desenvolvendo em dias de intensa insolação, às vezes com

ventos fortes, sem nenhum cuidado relativo à pré-umidificaçào das bases.

Em função de irregularidades geométricas das estruturas e das alvenarias, os revestimentos

em argamassa chegam a receber engrossamentos notáveis. N o revestimento de fachadas,

por exemplo, espessuras da ordem dc 5 ou 6cm são relativamente comuns. Já constatamos

espessuras até da ordem de 22cm, num prédio com apenas 30m de altura. Mais grave

que a própria espessura, o engrossamento não foi realizado com nenhum cuidado adicional

Vl CINCOTTO. M. A. Patologia da* argamassa* dc revestimento: análises c recomendações . S i o Paula IPT Instituto dc Pesquisas Tecnológicas «U> F.stado dc Sào Paulo. 1993. (Serie Monografias 8).

" r iORITG, A. J. S. I. .Manual dc Argamassa* c Revest imento* - Kstudos c Procedimentos dc l-.xccuçio. lUlitora Pinà. S i o Paulo, 1994.

Page 57: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

( a s sen tamen to de cacos de t i jolo, r e f o r ç o com telas metálicas, etc), r e d u n d a n d o no

descolamento de placas com elevadíssimo peso própr io .

e) Problemas com revestimentos de parede em cerâmica

Assim como foi mencionado no caso das paredes muito longas, a prática das juntas de movi-

mentação nos revestimentos cerâmicos ainda não está totalmente assimilada pelo meio técnico,

resultando daí notáveis descolamentos. Num edifício comercial com cerca de 20m de altura,

com geometria irregular e paredes de fachada com até 50m de extensão, vivenciamos uma

série infindável de descolamentos, que levaram à progressiva substituição de todo o revestimento

(cerca de ó.OOOnr). Não c preciso mencionar que, com exceção das juntas de dilatação da

estrutura, o revestimento cerâmico original não dispunha de uma única junta de movimentação.

Descolamentos também ocor rem cm função dc diversos outros fatores, conjugados ou

não, como o assentamento justaposto das placas cerâmicas (praticamente sem nenhuma

folga), a coloração escura de alguns revestimentos (maior absorbáncia da radiação solar)

c até m e s m o com a f lexibi l idade das e s t ru tu ras ; o d e s c o l a m e n t o sob tensão oco r r e

normalmente com o estilhaçamento das placas, e rupturas "estrondosas". Num determinado

edifício cons ta tamos a ruptura do revest imento in te rno em cerâmica, em prat icamente

todos os pavimentos, pela flexibilidade de vigas em balanço (Figura 22).

Q Figura 22 Danos no revestimento cerâmico da parede, pelo desenvolvimento dc flecha na extremidade do balanço da viga.

Page 58: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O e s p a l h a m e n t o d e a r g a m a s s a e o l a n t e e m g r a n d e s áreas, p r i n c i p a l m e n t e e m dias m u i t o

e n s o l a r a d o s e / o u c o m v e n t o s fortes, faci l i ta a e v a p o r a ç ã o d a água de a m a s s a m e n t o e a

p o l i m e r i z a ç ã o s u p e r f i c i a l de r e s i n a s e m p r e g a d a s p a r a a u m e n t o da a d e r ê n c i a , f o r m a n d o

o c h a m a d o " p c c l i n g " e p r e j u d i c a n d o a f ixação das peças. E s t a falha, aliada ao assentamento

d e f i c i e n t e d a s p l a c a s ( p o u c a p r e s s ã o ) , t e m o r i g i n a d o s m u i t o s c a s o s de d e s c o l a m e n t o .

R e l a t i v a m e n t e às a r g a m a s s a s c o l a n t e s , a d e s p e i t o de t o d o s os p r o d u t o r e s i n d i c a r e m c o m o

d e s n e c e s s á r i a o u c o n t r a - i n d i c a d a a pré u m i d i f i c a ç ã o d a s p lacas c e r â m i c a s , o b s e r v a - s e q u e

as m e s m a s , a p e s a r da c o m p o s i ç ã o c o m a d i t i v o s retentores de á g u a , p o d e m sofrer p e r d a s

de água s ignif icat ivas n o c a s o de c e r â m i c a s c o m e l e v a d a a b s o r ç ã o de água, p o d e n d o f icar

p r e j u d i c a d a a h i d r a t a ç ã o d o c i m e n t o e, c o n s e q u e n t e m e n t e , a a d e r ê n c i a d o r e v e s t i m e n t o .

0 Problemas relativos aos caixilhos

D o p o n t o de v i s t a da e x e c u ç ã o d a s o b r a s e d a i n s t a l a ç ã o d o s c a i x i l h o s , as falhas m a i s

c o m u n s q u e se tem v e r i f i c a d o são:

• falhas n o e s q u a d r e j a m e n t o d o s v ã o s e n o s r e q u a d r a m c n t o s de o m b r e i r a s e p e i t o -

ris, h a v e n d o s ituações e m que os peitoris a p r e s e n t a m c a i m e n t o invert ido, faci l itan-

d o o e m p o ç a m e n t o d e água j u n t o a o c a i x i l h o e a u m i d i f i c a ç ã o da parede;

• d i s t o r ç ã o c / o u falta d c p r u m o de m a r c o s d c p o r t a s ;

• d e s t a c a m e n t o s / frestas n o s e n c o n t r o s de p a r e d e s c o m o s m a r c o s de p o r t a s e

janelas , f a c u l t a n d o a p e n e t r a ç ã o de á g u a para o i n t e r i o r d a c o n s t r u ç ã o ;

• i n s t a l a ç ã o de b a t e n t e de p o r t a e m c o t a m u i t o e l e v a d a , r e s u l t a n d o fresta m u i t o

a c e n t u a d a e n t r e a f o l h a d c p o r t a c o p i s o ; a o c o n t r á r i o , a l t u r a i n s u f i c i e n t e d o

b a t e n t e , o b r i g a n d o c o r t e s p r o n u n c i a d o s n a s f o l h a s de p o r r a ;

• e m p r e g o de f o l h a s l isas c o m u n s (colas s o l ú v e i s e m água) e m p o r t a s de b a n h e i -

r o s , c o m r e s p i n g o s d e á g u a d o c h u v e i r o o u á g u a d e l a v a g e m d e p i s o s , c o m

c o n s e q ü e n t e d e s c o l a m e n t o d a s c a p a s d a f o l h a de p o r t a ;

Page 59: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• emprego de ferragens com qualidade muito deficiente (fechaduras, dobradiças,

cremonas), originando uma série de defei tos funcionais, emperramentos , corro-

são, etc;

• emprego dc "massa dc v id ro" (normalmente ca rbona to dc cálcio aglomerado

com óleo de linhaça) com qualidade deficiente, or ig inando fissuras e destaca-

mentos ;

• folgas insuficientes entre caixilhos e placas de vidro, com introdução de tensões

dc origem térmica c conseqüente fissuração ou ruptura das placas dc vidro;

• aplicação de pintura em caixilhos de ferro, sem a necessária preparação com

fundo anticorrosivo, originando processos de corrosão nos referidos caixilhos;

• pintura de caixilhos com esmaltes alquídicos mal formulados , ou de qualidade

deficiente, apresentando cm cur to espaço de tempo gretamentos, descolamentos

e descolorações ;

• proteção inadequada dos caixilhos na fase de construção, gerando amassamentos,

lascamentos, ataque dc caixilhos metálicos c das próprias placas de vidro com

substâncias básicas (cimento ou cal), ácidas (gesso) ou gordurosas .

Km algumas obras, sem que consigamos avaliar o motivo, janelas

dc abrir c basculantes tc*m sido instaladas faceando o paramento

das fachadas , fac i l i tando o acesso de água para o in ter ior da

construção (Figura 23). r

_ | Figura 2 3 Janela faceando paramento da fachada.

Geometricamcnte, ocorrem ligeiras imprecisões no posicionamento

das aber turas , e às vezes dif iculdade na instalação dos ba tentes

em função de distorções nas próprias paredes. Quanto à marcação

dos vãos, quando não executada a tempo, pode ocorrer sua supressão involuntária pela

equipe de alvenaria. O professor Geraldo Serra relata que, em obra executada no próprio

Page 60: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

campus da USP, sob fiscalização do FUNDUSP, cm três salas foram executadas paredes

cegas, quando havia a previsão de in t rodução de diversas janelas.

N u m c o n j u n t o habitacional e s tudado pelo 1PT3 2 , havia sido previsto para as janelas dc

correr drenos com saída vertical, a partir da travessa inferior do marco, com o lançamento

da água para fora das paredes através de buzinotes (Figura 24). Chamados à obra para

ver i f icarmos as causas da "pene t r ação de umidade através das paredes em alvenaria

aparente", constatamos que os buzinotes não haviam sido instalados, sendo que todas as

janelas dc correr estavam drenando a água de chuva para o interior das paredes.

dreno projetado dreno executado

J D Figura 24 Drenagem da água incidente sobre janela de correr diretamente para o interior da parede em alvenaria aparente de blocos vazados.

A

0 Figura 2 5 Acúmulo de água na travessa interior da janela basculante.

E m ou t ro con jun to habitacional, verificou-se que as

janelas basculantes dos banhe i ros , pos ic ionadas

imediatamente ao lado dos chuveiros, foram assentadas

dc m o d o a cons t i tu i r pequena canaleta ao lado da

travessa inferior, con fo rme Figura 25. Desta forma, o

problema de corrosão dc janelas que já é crítico quando

se trata de banheiros , ficou ainda mais agravado.

Relat ivamente aos caixilhos, c o n t u d o , os problemas

mais graves são decorrentes da sua própria fabricação, verificando-se para as folhas lisas

' Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo. R e c o m e n d a ç õ e s para Recuperação d o Conjunto Habitacional D.E.R. . 1PT. São Paulo. 1992. Relatório Técnico n" 30.1ÓH.

Page 61: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

dc porta inúmeros defei tos de pro je to e fabricação: estruturação deficiente, capas com

pequena espessura, contraplacados com fissuras e lascamentos, deficiências de colagem,

reforços para fixação de fechaduras consti tuídos por madeira muito mole, etc.

N o s ca ix i lhos de a lumín io , em geral de m e l h o r p a d r ã o , ve r i f i cam-se n o r m a l m e n t e

pequenos defei tos , como desco lamento ou mal embu t imen to de escovas ou batedores

de borracha nos montantes , mal func ionamento de trincos e fechos, ruptura de calços

plást icos (janelas maxim-ar) , manchas dc silicone c deficiências dc re jun tamcnto nos

encon t ro s dos montan tes com a travessa infer ior do marco, facul tando infiltração de

água para as paredes .

Existe no mercado linhas de p r o d u t o s mais populares , fabr icados com chapas mui to

leves (pequena espessura ) , o que favorece o a m a s s a m e n t o de per f i s , ocor rênc ia dc

mossas, etc. Nesses casos, e também por imperfeições de montagem, tem-se registrado

reclamações de excessiva vibração das folhas, com prejuízo ao c o n f o r t o acústico.

Um aspec to i m p o r t a n t e no p r o j e t o dos caixilhos de a lumín io são as l igações en t re

perfis: executadas normalmente com parafusos ou rebites, não apresentam por exemplo

o grau de engaste de uma ligação soldada. Dessa fo rma , ficam facili tadas as torções

dc q u a d r o s e fo lhas , a spec to pa r t i cu l a rmen te i m p o r t a n t e nas janelas p ro je t an te s e

maxim-ar. N u m grande edifício no Rio de Jane i ro 3 3 , com janelas maxim-ar com largura

em t o r n o de l , 3 0 m , c o m do i s p u x a d o r e s , o a c i o n a m e n t o i so lado de um p u x a d o r

provocava torção da folha , resul tando rup tura dc ligações e desabamen tos dc folhas

completas (montadas com as placas de vidro) até do 20" andar do edifício. Na periferia

de São Paulo já se registrou acidente semelhante , infe l izmente com vítima fatal.

" Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do listado dc S i o Pauta Ensaios Mecânicos e m Caixilhos dc Alumínio do Centro CAndido Mcndrs - RJ. IPT. São Paulo. 1985. Relatório Técnico n" 18.516.

Page 62: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O u t r o aspec to resu l tan te dessa pecul iar idade dos caixilhos dc a lumínio é o con t a to

en t r e meta is d i s t in tos , ou seja, pe r f i s de a lumín io e p a r a f u s o s de aço ga lvanizado,

p o d e n d o ocorrer cor rosão pela diferença de potencial . Embora os potenciais elétricos

desses metais estejam próximos, a corrosão desenvolvida no alumínio c cm gcrí.l muito

branda, o que nao ocorre no aço galvanizado. Pela própria dificuldade de galvanização

(arestas vivas nas roscas de porcas e parafusos, arruelas de pequena espessura), e pela

cinética das reações de corrosão nos metais ferrosos, tem-se verificado casos de intensa

corrosão dos elementos fixadores. Num grande edifício localizado no centro da cidade

de São Paulo, c o m a tmos fe ra rica em po luen tes , teve-se de subs t i tu i r r ecen temen te

mais de 20.000 pa ra fusos const i tu intes de uma fachada-cor t ina , empregando-se agora

pa ra fusos de aço inoxidável.

Ainda em se t ra tando de fachadas-cor t ina , alguns pro je tos fo ram desenvolvidos c o m

estruturação em aço, "encapando-se" os montantes da estrutura principal com perfis de

alumínio. A corrosão desenvolvida pelo contato bimetálico, c pela infiltração de umidade,

obrigou a recente substituição de todos os perfis de aço numa fachada cortina com área

superior a lO.OOOm2, também no centro da cidade de São Paulo.

Problemas de cor rosão nos perf is de alumínio podem ser gerados por deficiências das

camadas anódicas, dos pontos de vista da uniformidade, selagem e espessura das camadas.

P r o d u t o s agress ivos e m p r e g a d o s na l impeza dos caixilhos t ambém p o d e m atacar o

alumínio, as fitas, escovas, calços de borracha e as próprias placas de vidro.

Os problemas mais sérios com os caixilhos têm sido verificados, contudo, com os produtos

em aço. A despei to da presença no mercado de algumas indústrias de renome, existe

uma série enorme de pequenas serralherias e micro-indústrias, com produção praticamente

artesanal, com pouco ou nenhum controle da qualidade das peças produzidas.

Page 63: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Assim sendo, uma série enorme de defeitos pode ser identificada nesses caixilhos, ou seja:

frestas muito acentuadas (decorrendo infiltração de água), ausência de mata-juntas nos

encon t ros das folhas (janelas basculantes) , torções dos quadros e das folhas móveis

(dificultando manobras c chegando a p romover o cmpcrramento dc janelas), ruptura dc

básculas ou elementos de articulação das básculas, descontinuidades de soldas, ruptura de

soldas (com risco de desabamento de folhas de abrir), acúmulo de água na travessa inferior

do marco e ausência de drenos (janelas de correr), deformação / amassamento de perfis de

folhas t ipo veneziana, e n t o r t a m e n t o dc hastes / c m p c r r a m e n t o de c remonas , falta dc

travamento de folhas de correr (fecho tipo "bico de papagaio" não encaixa no corte executado

no montante), desgaste precoce de roldanas, amortecedores e guias (janelas de correr).

Relativamente às janelas de aço tipo veneziana, problema bastante importante diz respeito às

guilhotinas: com peso considerável, quando a janela não dispõe de trava de segurança a

guilhotina pode "desabar", chegando-se a registrar casos de lesões relativamente graves em

pessoas, particularmente crianças. Tal problema, que chega a obrigar famílias a manterem a

guilhotina permanentemente abaixada (prejudicando sensivelmente a ventilação dos dormitórios),

é agravado pelo subdimensionamento das borboletas de sustentação das guilhotinas, pela

ruptura de rebites ou soldas tle fixação dessas borboletas, etc.

Além dos problemas mencionados , por falha de proje to , os

puxadores de algumas guilhotinas, justapondo-se à aba do perfil

que constitui a travessa inferior do marco da janela, podem

ainda ferir os dedos dos usuários na operação de descida da

guilhotina, conforme ilustrado na Figura 26.

Sob o ponto de vista econômico, o problema mais sério com os

caixilhos dc aço é representado pela corrosão, acelerada muitas prender e ferir o dedo do usuário.

Page 64: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

vezes pela inobservância de fundo anticorrosivo, remoção da película de pintura em função

do atrito gerado pelo deslizamento de guilhotinas e folhas de correr, amassamentos de perfis,

riscos e danos na camada de galvanização, acúmulo de água em pcitoris de janelas, degeneração

da massa dc fixação dc vidros, etc. Em muitos casos, o próprio projeto dos caixilhos, com a

justaposição de perfis ou chapas, favorece o acúmulo de água e o desenvolvimento da

"corrosão em frestas", forma mais agressiva do fenômeno.

folha de porta externa

/ 7

;

A ; :

L

-FACE EXTERNA-

frestas

travessa inferior (sem dreno)

folha de janela veneziana

Q Figura 27 Corrosão em frestas, gerada pelo projeto da folha de porto e da veneziana.

1.3 0 Problemas relativos aos pisos e impermeabi l izações

Casas populares têm sido entregues com os pisos na laje ou no contrapiso, adotando-se

normalmente laje contínua de fundação ("radier"), que já exerce a função de contrapiso.

Normalmente com pequena espessura (7 a lOcm), c executadas em concreto magro, um

dos primeiros problemas gerados pelas lajes dc piso c a ascensão de umidade do solo.

Num conjunto habitacional implantado na Baixada Santista'1 , em terreno com nível d'água

elevado, e em local sujeito ainda a inundações, através de fissuras dc flexão presentes nos

"radiers" pequenas quantidades de água chegavam a minar no interior dc algumas casas.

A execução da laje de fundação, já com a função dc piso, implica na necessidade de

acabamentos superficiais obedecendo caimentos, tanto nos pisos internos como nas calçadas

" Instituto ilc Pesquisas Tecnológicas do F.stado dc S i o Paulo. Projeto para CorrcçJo d o s Prob lemas c m U n i d a d e s Habi tac iona i s do Conjunto Marechal Arthur da Co»ta c Silva. IPT. S i o Paulo. 1986. Relatório Técnico n" 24.824.

Page 65: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

caimento do piso

Q Figura 28

Furo de drenagem na parede, em função do caimento invertido do piso.

laterais das unidades. Aí reside um dos maiores problemas desse processo construtivo:

verificam-se empoçamentos na junção das calçadas laterais com as paredes externas e, nos

pisos internos, embaciamentos consideráveis (até lem em relação à régua de 2m) e comentos

invertidos, isto é, dcclividades de até 2% voltadas para o interior das habitações. Em alguns

casos, o caimento invertido chega a obrigar as famílias a executarem furos nas paredes,

para drenagem da água dc lavagem dos pisos, conforme Figura 28.

N u m c o n j u n t o habi tac ional loca l izado no Rio G r a n d e do Sul 3 5 , com ccrca dc 1.200

unidades, onde as casas térreas foram construídas com paredes monolíticas de concreto

assen tadas d i r e t a m e n t e sob re os " r ad i e r s " , o d e s t a c a m e n t o en t r e pa redes e laje de

fundação, aliado ao empoçamento dc água nas calçadas laterais, originava sério problema

dc umidade nos pa ramen tos in te rnos das paredes de fachada.

O u t r o s p rob lemas cons ta tados neste p rocesso de cons t rução das lajes de fundação /

pisos são: i r regular idades graduais ou a b r u p t a s (em f u n ç ã o da d i f iculdade de

d e s e m p e n a m e n t o do concre to) , desagregações ou acen tuado desgaste por abrssão cm

pisos in te rnos (em função de def iciências do concre to ) e fissuras de retração ou de

flexão nas lajes. E m unidades implantadas part icularmente cm seção dc aterro, o fluxo

de água proveniente do telhado pode provocar e rosão do te r reno nas vizinhanças das

calçadas laterais, con fo rme Figura 29.

' Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do F.stado de São Pauloi Proposta* para Recuperação de Fissuras c Des tacamentos e m Unidade* do Conjunto Habitacional l o c a l i z a d o c m Rio Grande / RS. IIT, São Pauto, 19X4. Relatório Técnico n" 19.912.

Page 66: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

B Figura 2 9

Solapamento cio aterro ao lado da calçada lateral de unidade térrea.

Em unidades térreas com sistemas tradicionais dc fundação (brocas, sapatas corridas),

ou ainda em edifícios com acabamento de pisos executado "a pos ter ior i" , até m e s m o

em função da não aplicação de rodapés, verificam-se destacamentos entre pisos internos

c paredes , com inf i l t ração dc água nos pisos laváveis. Tais inf i l t rações, que também

ocor rem nos encontros das fachadas com calçadas laterais, são ainda mais notáveis nos

encont ros dos pisos internos com ralos, par t icularmente em box de chuveiro, tendo-se

r eg i s t r ado num c o n j u n t o hab i tac iona l loca l izado em C a r a p i c u í b a / S P 3 6 grande

s o l a p a m e n t o do solo sob um box, rup tura do p iso c literal " a f u n d a m e n t o " dc uma

pessoa que utilizava o chuveiro .

Nos edifícios, cm função até bem pouco tempo da não aplicação dc impermeabilização,

pode ocorrer o gote jamento de água de lavagem de pisos sobre o apar tamento inferior,

principalmente através de fissuras que se manifestam nas lajes. N o mesmo conjunto de

Carapicuíba mencionado, chegou-se a presenciar o go te jamento de cera líquida na sala

de um dos apartamentos, pe rmeando esta cera através dc fissura presente no teto.

Quanto aos pisos com acabamento em cimento queimado, típicos nos banheiros e cozinhas

dos apar tamentos e casas populares , é comum verificar-se a ocorrência de fissuras de

retração. Tais fissuras também são constatadas nas calçadas laterais de unidades térreas

ou edifícios, e também nos pisos presentes nos átrios / áreas comuns de edifícios, cm

função da inaplicação ou excessivo dis tanciamento entre juntas dc dilatação.

Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do F.stado dc São Paulo. Pesquisa sobre as Causas mais Freqüentes de Trincas e m Edif icações . IPT. S i o Paulo.

3 2 1980. Relatório Técnico n" 14.151.

Page 67: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Q u a n t o aos p isos ce râmicos , em qua lque r pad rão de c o n s t r u ç ã o , o p rob lema mais

c o m u m é o d e s t a c a m e n t o das p lacas c e r â m i c a s , g e r a l m e n t e em f u n ç ã o de:

f l ex ib i l idade excessiva de lajes (piso a t u a n d o c o m o capa de c o m p r e s s ã o da laje) ,

a s s e n t a m e n t o c o m as p lacas j u s t a p o s t a s (sem fo lgas ) , i n o b s e r v â n c i a de jun tas dc

m o v i m e n t a ç ã o ou de d c s s o l i d a r i z a ç ã o nos e n c o n t r o s d o s p i so s c o m supe r f í c i e s

vert icais . Q u a n t o a esse ú l t imo aspecto , é re la t ivamente c o m u m o des tacamento de

p l a t i b a n d a s , em f u n ç ã o da d i l a t ação t é rmica d o s p i sos a s s e n t a d o s s o b r e lajes de

c o b e r t u r a (Figura 30).

Destacamentos dc pisos cm pedras são também verificados cm função cio assen:amcnto

mui to p róx imo ent re as placas, sal ientando-sc que, além das movimentações térmicas,

c e r t a s r o c h a s a p r e s e n t a m c o n s i d e r á v e l a b s o r ç ã o de água e, c o n s e q u e n t e m e n t e ,

cons ide ráve i s m o v i m e n t a ç õ e s h ig roscóp icas . A supe r f í c i e m u i t o lisa de f r a tu ra de

a l g u m a s r o c h a s t a m b é m faci l i ta os d e s t a c a m e n t o s . E m f u n ç ã o das a lud idas

m o v i m e n t a ç õ e s h i g r o t é r m i c a s das ped ra s , é r e l a t i vamen te c o m u m a f i s su ração de

azu le jos nos b o r d o s de p isc inas ; o p i so pe r i f é r i co d i la ta-se na d i reção da piscina,

s i tuação i lustrada na Figura 31.

0 Figura 30 Destacamento da platibanda pela dilatação térmica do piso, sem a presença de juntas intermediárias ou junta de dcssolidarização no encontro piso / parede.

0 Figura 3 1

Fissuração de azulejos na lx>rda da piscina, pela dilatação térmica do piso.

Page 68: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Rela t i vamen te às i m p e r m e a b i l i z a ç õ e s , c a t e n d o - s e s o m e n t e ao caso mais c o m u m

d o s se rv iços e x e c u t a d o s c o m m a n t a s as fá l t i cas p r é - f a b r i c a d a s , uma das p r ime i ras

poss ibi l idades de inf i l t ração de água oco r r e jus tamente pela di latação de pisos sobre

la jes dc c o b e r t u r a , c o n f o r m e e s q u c m a t i z a d o na Figura 30 a n t e r i o r , s e n d o que a

d i l a t ação d o p i so p o d e p r o v o c a r o r a s g a m e n t o da m a n t a na c o n f l u ê n c i a c o m as

p a r e d e s .

Pichi*" cita que no Brasil, embora não se disponha de estatísticas precisas, estima-se que

80% dos problemas ocor r idos com impermeabil izações possam ser atr ibuídas a falhas

nos detalhes, c o m p r e e n d e n d o encon t ro s com ralos, encon t ros com tubos ou ou t ros

obstáculos emergentes, falta de ar redondamento dos cantos nos encontros com muros e

pilares, etc.

Falhas de proje to , ou falta de compatibil idade entre projetos, são causas freqüentes de

problemas nas impermeabilizações. Alguns exemplos, ilustrados na Figura 32, são:

• proje to dc arquitetura: caimcntos insuficientes cm pisos molháveis; previsão de

floreiras ou out ros elementos com pequena largura, ou pequena folga em rela-

ção à laje a ser impermeabi l i zada (difícil acesso para os serviços de

impermeabilização); falta de previsão dos embut imentos verticais da camada de

impermeabil ização cm paredes dc ambientes molháveis; platibandas muito lon-

gas (podendo fissurar e induzir rasgamento da impermeabil ização); projeto de

paredes ou outros elementos com muitos recortes em áreas a serem impermea-

bilizadas; etc.

• projetos das instalações: disposição de tubos c eletrodutos sobre laje dc cober-

tura, sem espaço suficiente para a lo jamento da camada de impermeabil ização;

disposição de caixas de passagem na base de paredes, na região da dobra da

PI(XIII . F.A. Impermeabi l ização tle Cobcriura*. São Paulo. Instituto Brasileiro dc Impermeabilização 1BI/PINI, 1986.

Page 69: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

impermeabilização; previsão de tubos faccando paredes, em região a ser imper-

meabilizada; subd imens ionamen to do número de ralos e / o u do diâmetro dos

condutores ;

• proje to de estruturas: pequena diferença dc cota entre a estrutura principal do

pavimento e a estrutura de balcões e terraços (dificultando inserção das camadas

de impermeabi l ização e de piso); descons ideração tias espessuras necessárias

das camadas de regularização e de proteção em janelas inseridas em vigas inver-

tidas para passagem da água; previsão dc balanços muito deformáveis , poden-

do ocorrer fissuração do componen te estrutural e conseqüente rasgamento da

impermeabilização; inserção de junta de movimentação entre estrutura cio edifí-

cio e estrutura dos subsolos imediatamente na periferia do prédio. Neste caso,

além da dificuldade dc execução, a ocorrência dc recalques diferenciais entre os

corpos tende a rasgar a impermeabil ização (Figura 33).

| Figura 3 2

Falhas ou incompatibilidades entre projetos, dificultando execução da impermeabilização: canaletas muito estreitas, interferências com instalações, com janelas e com juntas estruturais, fissuras em lajes e planta muito recortada.

Page 70: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Q Figura 3 3 Danos à camada de impermeabilização, em função de recalques diferenciados entre corpo do edifício e cor|x> das garagens.

Relativamente à execução, as principais falhas nas impermeabi l izações com mantas

asfálticas pré-fabricadas ocorrem nas emendas (sobreposição insuficiente, falta de pressão,

contato direto da chama), e principalmente nas dobras da impermeabilização nas superfícies

verticais (fixação inadequada, inobservância dc tela metálica na argamassa de revestimento

e / o u proteção).

A presença de embaciamentos na base criará condições para a infiltração de umidade,

em pequenas falhas localizadas da impermeabi l ização. A preparação inadequada da

base, com presença de sujeira ou umidade, pode impedir a perfeita aderência da manta,

criando-se bolsões de ar e bolhas que poderão ser rompidas com a atuação ce carga

sobre a camada de proteção. A presença dc irregularidades pontiagudas na base, bem

c o m o o t rânsi to de car r inhos sobre a manta recém aplicada, t ambém poderá causar

danos à impermeabilização, o que também se observa com a posterior fixação de antenas,

reexecução de pisos, etc.

1.4 D Problemas relativos às instalações prediais elétricas e hidráulicas

Como falhas gerais detectadas nas instalações elétricas prediais podem ser citadas a falta

36 de identif icação de circuitos nas caixas dc al imentação ou distr ibuição, instalação de

Page 71: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

caixas dc tomadas ou in ter ruptores em cota errada, caixas mui to reentrantes ou muito

salientes nas paredes e tetos, caixas c h u m b a d a s fora do esquadro , e le t rodu tos mui to

reentrantes ou muito salientes nas paredes e tetos, e letrodutos com curvas de pequeno

raio, e letrodutos introduzidos sob tensão cm rasgos ou aberturas.

Sob o p o n t o de vista da durab i l idade das ins ta lações , esta p o d e ser c o m p r o m e t i d a

pela ação de roedores , cor rosão de caixas de ent rada, quadros ou bases, deter ioração

da i so lação dc c o n d u t o r e s , etc. A m e n c i o n a d a d e t e r i o r a ç ã o p o d e ser causada p o r

e x p o s i ç ã o ao sol ou a a l tas t e m p e r a t u r a s dos f ios ou c a b o s e l é t r i cos , a tuação dc

s o b r e c o r r e n t e p o r t e m p o p r o l o n g a d o e, mais c o m u m e n t e , p o r excesso dc f ios no

m e s m o e l e t rodu to .

O choque elétrico, sem dúvida o problema mais grave que pode ocorrer nas instalações

elétricas, pode ter origem em diversas causas, a saber:

• em componentes dos quadros de alimentação ou distribuição

- quadros com chaves faca e porta-fusíveis sem proteção

- quadros sem barreiras

• em partes vivas expostas

- emendas mal isoladas

- fios deter iorados

- bornes expostos

• em bases de lâmpadas

- interrupção do fio neutro (e não do fio fase) no interruptor, situação constatada

em instalação onde não havia diferenciação de cores entre os fios;

• em aparelhos elétricos

- ausência ou falha no a terramento

- falha na isolação elétrica do equipamento

Page 72: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• cm postes metálicos

- infiltração de umidade no abrigo do medidor

- corrente de fuga

• em caixas de passagem embutidas no piso

- infiltração de umidade

- ação de roedores .

D u n o w i c z 5 8 relata que aquec imento anormal de par tes do quadro de al imentação

ou d i s t r ibu ição p o d e o c o r r e r por mau c o n t a t o e lé t r ico en t r e c o m p o n e n t e s ou pela

a t u a ç ã o d e s o b r c c o r r c n t e , s e n d o t í p i co nas h a b i t a ç õ e s p o p u l a r e s , pe lo r e d u z i d o

n ú m e r o de tomadas , o e m p r e g o de " b e n j a m i n s " e improvisações semelhantes. O u t r o

problema grave, o cur to circuito, poderá ser ocas ionado pela deter ioração da isolação

de c o n d u t o r e s , p o r e m e n d a s mal isoladas, pe lo s u p e r a q u e c i m e n t o da f iação dev ido

à sobrecarga c pela realização de e r ros cm ligações, s i tuação mui to c o m u m q u a n d o

m o d i f i c a ç õ e s nas ins ta lações or iginais são i n t roduz idas por leigos.

Ou t ro s problemas que ocor rem com certa freqüência nas instalações elétricas prediais:

• subtensão ou sobretensão (oscilações da rede pública ou mau conta to cm liga-

ções do fio neutro);

• falhas no func ionamento ou aquecimento anormal dc tomadas e in terruptores

(defeitos dc fabricação dos componentes ) ;

• m a u f u n c i o n a m e n t o / q u e i m a d e l â m p a d a s ( s o b r e t e n s ã o , s o q u e t e s c o m

d e f e i t o ) ;

• f r eqüen te desa rme dc d i s jun tores ( sobre tensão , instalações cur to-c i rcui tadas ,

capacidade inadequada do dis juntor) ;

• falta de a ter ramento da instalação.

" DUNOWICZ. R.: GERSCOVICII, A.; VAI JUNTE. E. Manual dc Manicnicmcnio dc los Edifícios y sus Insialacioncs - Tomo II. Facuhad tlc AnpMttiura. OÍNCÕO y 1'rbanUmo dc Bucnoi Aires. 19W.

Page 73: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Relativamente às instalações de água fria, pode-se verificar insuficiência na oferta dc

água em função do subdimensionamento de reservatórios de água, dos conjuntos motor-

bomba ou do próprio subdimensionamento das tubulações de recalque. Estas, por sua vez,

poderão apresentar desempenho deficiente cm razão de diversos motivos, a saber:

• entrada de ar na bomba de recalque;

• en tup imento do crivo da bomba;

• baixo rendimento do conjunto motor -bomba, com excesso de tempo de funcio-

namento cont ínuo (balanceamento deficiente do motor) ;

• cor rosão de tubos de aço / redução da seção da tubulação de recalque;

• umidade, corrosão, mau conta to nos quadros de comando;

• casa de bomba inundada;

• au tomát ico dc bóia quebrado ou emper rado;

• falhas gerais no sistema elétrico.

Mesmo com boa disponibilidade dc água de reservação, a insuficiência de pressão ou de

vazão cm aparelhos poderá ser causada por :

• presença de ar no interior da tubulação;

• falhas de projeto (consideração incorreta de perdas de carga, simultaneidade de

uso dc aparelhos);

• acumulação de sujeira em dispersores de torneiras e crivos de chuveiros;

• estrangulamento de flexíveis ("dobras") , falhas no posicionamento do ponto de

a l imentação;

• perdas de carga localizadas causadas por má execução de juntas, estrangula-

mento e / o u amassamento de tubos;

• obs t rução parcial da tubulação —» corrosão, sedimentação metálica provocada

por água com alto teor de cálcio ("águas duras") , arraste de material sólido da

caixa d 'água, recolh imento parcial das cunha dc registros dc gaveta.

Page 74: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Rela t ivamente c o m u n s nos ed i f íc ios , os v a z a m e n t o s de água em tubu lações p o d e m

o c o r r e r p o r exces so de p r e s s ã o ( insuf ic iênc ia ou mal f u n c i o n a m e n t o de válvulas

r edu to ras de pressão) , de fe i t o s nos t ubos ou conexões , p e r f u r a ç ã o de t ubos de aço

ou d e cob re pela ação da co r ro são , r eg i s t r ando-se casos de c o r r o s ã o in tc rgranu la r

( co r rosão p o r "p i t " ) , m e s m o s em ins ta lações com m e n o s de um ano de uti l ização.

Tais vazamentos, entretanto, são mais f reqüentemente causados por falhas na execução

das juntas , ou seja:

- abertura dc roscas com cocinetcs desbitolados (juntas "largas");

- emprego de pouca quant idade de vedante em juntas rosqueadas;

- colagem de tubos de PVC sem o devido lixamento;

- ligações de tubos de PVC com excesso de cola;

- soldas mal executadas em conexões dc tubos dc cobre;

- diferença entre t ipo de rosca executada no tubo e rosca da conexão.

O u t r o problema f reqüen te nas instalações de água são os vazamentos em torneiras e

regis t ros , causados pe lo e s p a n a m e n t o da rosca dos cas te los e / o u p e l o desgas te de

gua rn i çôes ou de gaxetas. O mau f u n c i o n a m e n t o de válvulas de descarga pode ser

causado por excesso de pressão do ramal de distr ibuição, por insuficiente volume de

água ou por defe i tos na própr ia válvula (desgaste de gaxetas, desgaste ou falhas nos

reparos ) .

Uma deficiência muito importante que se verifica nas instalações de água das habitações

térreas é a falta de pressão nos chuveiros, em função da pequena altura mancmétr ica

p romovida pelos reservatór ios de água apoiados sobre as lajes de cober tura . Tal fa to

obriga diversos moradores a efetuarem a ligação do chuveiro diretamente à rede pública,

sendo que alguns moradores adotam um sistema de "by-pass", podendo o chuveiro ser

al imentado ora pela água do reservatório, ora pela água da rede pública.

Page 75: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Q u a n t o às instalações dc esgoto , ver i f icam-se en tup imen tos em função de falhas nos

p r o j e t o s (d iâmet ros e / ou decl iv idades) , acumulação de de t r i tos sól idos em juntas

mal executadas , acúmulo de de t r i tos em caixa de gordura , falta de l impeza da caixa

de g o r d u r a , e s t r a n g u l a m e n t o s , c m b a c i a m e n t o s d e c o r r e n t e s d o reca lque dc a ter ros ,

r o m p i m e n t o de tubu lações e ou t ros .

E m muitos casos verifica-se mau cheiro gerado pelas instalações de esgoto, detectando-

se como principais causas:

• subpressão, auto-s i fonagem em bacias sanitárias, lavatórios, tanques ou pias;

• s i fonagem induzida em caixas s i fonadas pela descarga de vaso sanitário ou

func ionamento à seção plena de tubos de queda;

• falhas no d imens ionamento de ramais de descarga ou tubos dc queda;

• tampas não herméticas de caixas de inspeção ou caixas de gordura ;

• falhas no re juntamento entre a bacia sanitária e o piso;

• insuficiência de altura / evaporação do selo hídrico de ralos s i fonados;

• falhas no proje to do sistema de ventilação.

E m alguns casos, ocor rendo en tupimento de prumadas ou ramais, pode ocorrer acesso

d o e s g o t o às t u b u l a ç õ e s de ven t i l ação , pela e x e c u ç ã o de l igações d o s ramais de

ventilação em zonas de sobrepressão, pela falta de caimento das tubulações horizontais

de v e n t i l a ç ã o ou pela l igação de ramais de v e n t i l a ç ã o em c o l u n a s de ven t i l ação

real izadas abaixo da cota de a f o g a m e n t o de apare lhos sani tár ios.

N o s ed i f íc ios al tos p o d e m o c o r r e r b o r b u l h a m e n t o s d o selo h íd r ico ou r e t o r n o de

e s p u m a a t ravés de ralos, em f u n ç ã o da o c o r r ê n c i a de p r e s são posi t iva o r iunda de

res t r ições ao e s c o a m e n t o de ar em desvios e / o u em curvas localizadas na base de

t u b o s dc q u e d a .

Page 76: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Conforme levantamentos em conjuntos habitacionais, e dados da F I )E W , diversas outras falhas

podem ser detectadas nas instalações de água fria e de esgoto dos edifícios, podendo-se

mencionar:

• vazamentos / t ransbordamentos dc reservatórios dc água;

• contaminação da água de reservatórios;

• saída da ventilação voltada para área de futura ampliação (casas térreas);

• tampa de caixa de inspeção mui to pesada (dificuldade de manutenção) ;

• tampas dc caixa dc gordura ou inspeção fissuradas ou quebradas;

• mau func ionamento de vasos sanitários (falta de s i fonagem, entupimentos) ;

• sifões quebrados ou danificados, vazamentos em sifões;

• falhas no func ionamento de caixas de descarga;

• tanques dc lavar roupa c tampos dc pia com acentuada erosão;

• cor rosão de armaduras (tanques de lavar, reservatórios de água);

• infil tração de água em casas de bombas ;

• fissuras em caixas d'água de f ibrocimento;

• caixa d'água em f ibroc imento com tampa quebrada;

• tubulações muito abaixo da superfície ou tubulações a f lo rando em paredes;

• torneiras mui to curtas;

• esforço anormal de manobra de registros e torneiras;

• descolamento da camada de c romeação de metais sanitários;

• g re tamento ou outros defeitos em louças sanitárias.

" FDIi - F U N D A Ç Ã O PARA O DF5F.NVOIA1MF.NTO DA F.DUCAÇACX Manual T é c n i c o dc Manutenção c RccupcraçSo. Secretária dc F-stado d* líducaçào. Kstailo ilc São Paulo. 1990.

Page 77: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

SISTEMA ISO 9000 DE GESTÃO DA QUALIDADE 2

2.1 | Conceituação e aspectos gerais da gestão da qualidade

A produção dc obras c serviços, em maior ou menor escala, sempre visou o equilíbrio do

triênio PREÇO, PRAZO e Q U A L I D A D E , embora muitas vezes estes conceitos estivessem

subentendidos nos contratos. Aspectos dúbios, subentendidos e omissões, com ou sem intenção

de dolo, têm causado inúmeros prejuízos a consumidores (diretos ou indiretos) e, mesmo

que em menor proporção, até mesmo a fornecedores. Considerando as diferentes faces c os

inúmeros intervenientes no processo construtivo, é consenso que projetos individuais de boa

qualidade não garantem a boa qualidade global do projeto, assim como especificações corretas

de materiais e serviços, por seu turno, não garantem a boa qualidade da construção.

D o ponto de vista dos materiais e componentes , aplicando-se mesma linha de raciocínio,

não se consegui rá atingir uma qual idade p ré -de t e rminada através de cont ro les

compar t imentados da matéria-prima, dos equipamentos , dos métodos de produção etc,

sem a globalização num único e eficiente programa da qualidade.

As normas ISO série 9000 (9000 a 9004) procuram justamente analisar o conceito QUALIDA-

D E de forma sistêmica, debruçando-se sobretudo nas inúmeras interfaces existentes desde a

c o n c e p ç ã o da idéia até a concre t i zação d o produto , c o n s i d e r a n d o aincla o s inúmeros fatores

materiais (insumos básicos, equipamentos, processos), humanos (treinamento, remuneração,

motivação) c gerenciais (responsabilidades, custos, comunicação, etc) que nela interferem.

Const i tuem-se em simples guia (adoção não obrigatória, portanto) para implantação da

qualidade em qualquer setor produt ivo dc bens ou serviços, além dc poderem orientar

as relações comerciais entre produtores e consumidores .

Page 78: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N o presente capítulo pretende-se estabelecer uma análise sumária dessas normas, visan-

do a real possibilidade de sua aplicação à indústria brasileira da const rução civil. Antes

porém, serão repassados diversos conceitos relativos à gestão da qualidade.

De antemão, deve-se ressaltar que os processos de controle terão maior credibilidade na

medida que a responsabilidade caminhar do agente de produção para seu supervisor, daí

para a equipe interna independente, e em seguida para auditores internos e para audito-

res ex te rnos . Const i tu i g r ande engano supor que o problema da qual idade possa ser

resolvido com a atuação de equipe competen te de auditores e técnicos em controle da

qual idade. N o Japão, por exemplo , Ishikawa4 0 "explica que os trabalhadores são alta-

mente motivados para a qualidade do trabalho que estão executando (saber exatamente

o quê está sendo fei to, para que serve, por que deve ser fei to da maneira indicada),

d i fundindo-se entre eles o conceito de "mais do que controlar a qualidade, o que deve

ser feito é produzi-la".

O termo Q U A L I D A D E tem sido definido, inclusive na norma ISO 8 .402" , como "a tota-

lidade de características de UM produto que lhe confere a capacidade de satisfazer as

necessidades explicitas e implícitas dos se/ts usuários". C o n s i d e r a n d o que essa sat isfação

p o d e ser atingida com desperdíc ios de matérias pr imas c insumos , riscos à saúde ou

segurança dos operár ios na linha de p rodução , e ainda com con taminações e o u t r o s

processos degenerat ivos da natureza, propõe-se a seguinte definição:

Q U A L I D A D E : conjunto dc propriedades dc um bem ou serviço que redunde na satisfa-

ção das necessidades dos seus usuários, com a máxima economia de insumos e energia,

com a máxima proteção à saúde e integridade física dos trabalhadores na linha dc produ-

" 1SIIIKAWA. K. Total Quality Control. Traduçio dc Mário Nishimura. I M C S i o Paulo. I9W>. ISO - International Organi/ation for Siandardiraiion . Norma ISO 8.402 / 93 - Gcatilo da qual idade c garantia da qualidade - Terminologia.

Page 79: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ção, c o m a máxima p re se rvação da na tureza . Ass im, o t e r m o Q U A L I D A D E pode ser

c o n s u b s t a n c i a d o n o seguin te diagrama:

Exigências dos usuários Requisitos de desempenho

Preço competitivo

Pequeno prazo de entrega

Assistência técnica

Trabalhador Segurança

Higiene

Salubridade

Certificar (3a. parte)

Manter

Definir (especificações)

• Obter (processos, equipes) • Controlar (inspeções, ensaios)

• Documentar (registros, arquivos)

• Demonstrar (planilhas, gráficos)

Qualidade

Produtor

Economia

Produtividade

Lucro

Mercado

Proteção à natureza

Q Figura 34 Diagrama conceituai para definição da qualidade.

Os demais termos específicos empregados no presente capítulo tem os seguintes signifi-

cados:

C O N T R O L E D A Q U A L I D A D E : técnicas operacionais e atividades dc acompanhamento c

comprovação da qualidade, p o d e n d o ocor re r em di fe ren tes níveis, c o n f o r m e Figura 35.

P O L Í T I C A D A Q U A L I D A D E : intenções c diretrizes globais dc uma organização relativas

à qual idade, f o r m a l m e n t e expressas pela alta adminis t ração. Traduzida gera lmente atra-

vés dc um M A N U A L D A Q U A L I D A D E , documento de caráter geral para todas as obras,

p r o d u t o s ou serviços da empresa .

Page 80: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Controle da produção

Auto-controle

• executados diretamente pelos trabalhadores

Controles internos-

Controle de rec. humanos • saúde • treinamento • informação • motivação

Controle de insunos

• projetos • materiais • equipamentos • procedimentos

Auditoria interna

• reportando-se à presidência ou à diretoria

Controle por supervisão

• executado por mestres e encarregados

Certificação da Conformidade

• executada por equipes externas independentes

Controle externo • recebimento do bem ou

serviço pelo proprietário, usuário ou seus prepostos

Controle interno independente

• equipe de C Q , desvinculada do Depto. de Produção

0 Figura 35 Fluxograma para controle da qualidade e certificação da conformidade.

G E S T Ã O DA Q U A L I D A D E : função gerencial que implementa a política da qual idade

def in ida pela alta adminis t ração da organização.

M A N U A L DA Q U A L I D A D E : conjunto de procedimentos técnicos e operacionais, definin-

do os níveis tia qualidade de um de te rminado p r o d u t o ou serviço, bem c o m o as fo rmas

de o b t e n ç ã o e con t ro le da qual idade a lmejada.

S I S T E M A D A Q U A L I D A D E : e s t ru tu ra o rgan izac iona l , c o m de f in i ção de responsab i -

l i d a d e s , p r o c e d i m e n t o s , p r o c e s s o s e r e c u r s o s p a r a i m p l e m e n t a ç ã o da g e s t ã o da

q u a l i d a d e .

GARANTIA DA QUALIDADE (ou QUALIDADE TOTAL): conjunto de medidas orientadas

para conseguir a qualidade e para evitar ou detectar erros em todas as fases do processo

construt ivo. Traduz-se na demons t ração documentada de que foram efe tuados todos os

46 con t ro les pe r t inen tes da qual idade.

Page 81: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

PROGRAMA DA QUALIDADE (ou PLANO DA QUALIDADE): aplicação das diretrizes

gerais da política da qualidade da empresa a uma área ou serviço específico (observan-

do, por tan to , as adaptações e deta lhamentos necessários).

CUSTOS DA QUALIDADE: custos direcionados para obtenção, acompanhamento e de-

monst ração da qualidade, incluindo despesas operacionais (equipes, ensaios etc) e cus-

tos resultantes de produtos não conformes .

N A O C O N F O R M I D A D E : não a t e n d i m e n t o d e um p r o d u t o ou s e r v i ç o a uma

d e t e r m i n a d a e s p e c i f i c a ç ã o , i n t e n c i o n a l m e n t e ou não . A não c o n f o r m i d a d e

i n t e n c i o n a l , o b v i a m e n t e , d e v e ser r epe l i da p o r t o d a s as p a r t e s , po i s além d e

r e p r e s e n t a r r i scos para os c o n s u m i d o r e s impl ica q u a s e s e m p r e em c o n c o r r ê n c i a

desleal e n t r e p r o d u t o r e s .

CERTIFICAÇÃO DA C O N F O R M I D A D E : processo desenvolvido por entidade de terceira

parte, independente do produtor , que reconhece a eficiência de um determinado sistema

da qual idade.

Segundo Ishikawa5", "controlar a qualidade é controlar fatos: às veqes as pessoas ignora///

isto e confia/// na sua própria experiência, no sen sexto sentido on em sentimentos

umbilicais

Calavcra42 destaca que o primeiro problema de natureza humana nas inspeções dc campo

pode ser batizado de "crise do conhec imen to" . O mundo da construção está evoluindo de

fo rma muito rápida: o número de materiais e técnicas cresce cont inuamente . O s

" CALAVF.RA. J. Quality Assurancc in Ruilding Construction. In "Management Quality and Ivconomks in Building". edited b> Artur Ik-í-clga and Pctcr Hrandon, l:. & HN Spor. l.ondon. 1991.

Page 82: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

conhecimentos práticos adquiridos têm cada vez menor valor relativo quando o produto

conhecido, depois de pouco tempo, é substituído ou modificado.

O pesqu i sador p rossegue a f i r m a n d o que " u m dos p o n t o s essenciais no cont ro le da

qual idade é encon t r a r pessoal adequado para implementá- lo , pa r t i cu la rmente no que

se refere às inspeções de campo. A fo rmação de um bom auditor exige um processo

longo e complexo; o equil íbr io ent re conhec imen tos teór icos e experiência prática é

a única f o r m a dc os inspe tores ganha rem o respei to dos técnicos cu jo t rabalho será

c o n t r o l a d o " .

A busca da qual idade, en t r e t an to , vai mui to além d o s imples con t ro le da p rodução

ou d o p r o d u t o acabado . Há necess idade dc pe r fe i t a o rgan i zação para a qua l idade ,

in tegração en t re pessoas e d e p a r t a m e n t o s , mo t ivação e, acima de tudo , p repa ração

t écn ica . Para D e m i n g 4 3 , existem quatorze princípios básicos para desenvolvimento e

ge s t ão da qua l idade :

1 - e s t abe lece r a f i losof ia da c o n t í n u a me lho r i a da qua l idade de p r o d u t o s e

serv iços ;

2 — adotar a nova filosofia, em todos os níveis;

3 - não se basear nos controles do produto final para atingir a qualidade;

4 - n ã o f e c h a r n e g ó c i o s c o n s i d e r a n d o a p e n a s o fator " p r e ç o " ; m i n i m i z a r o c u s t o

total do bem p roduz ido t rabalhando com o menor número possível dc forne-

c e d o r e s ;

5 - melhora r c o n s t a n t e m e n t e t odos os p rocessos de p l ane jamen to , p rodução e

controles ;

" DF.MINC». \ \: I7.. Qualidade: A Revolução da Administração. Traduçáo dc Clave Comunicações. Titulo original "Out o f Crisis". Ilditor.i Marques - Saraiva. Rio de Janeiro. 1990.

Page 83: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

6 — implantar o cont inuado treinamento da torça de trabalho;

7 - incentivar o desenvolvimento das lideranças;

8 - eliminar o receio dos trabalhadores em exporem suas opiniões;

9 - eliminar a compart imcntação entre depar tamentos ou setores da empresa;

10 - eliminar "slogans", dogmas e metas de produção para a força de trabalho;

11 - estabelecer metas de produção somente para as gerências;

12 - eliminar prêmios baseados unicamente na produção;

13 - inst i tuir p rog ramas dc a p e r f e i ç o a m e n t o para os func ionár ios dc todos os

níveis ;

14 - mot ivar a todos para que as t r an s fo rmações na empresa possam ser atin-

g i d a s .

O especial is ta n o r t e - a m e r i c a n o em p roces sos da qual idade, r e c o n h e c i d o no m u n d o

todo e pa r t i cu l a rmen te no Japão, cons idera que devam ser con t inuadas as ações de

planejamento, execução, controles e realimentação, o que c representado na Figura 36.

0 Figura 36 Círculo de Deming: retro alimentação da qualidade.

Em qualquer setor produt ivo, independen temente da tecnologia utilizada, sempre será

possível a racionalização dos processos, a economia de insumos, o desenvolvimento do

Page 84: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

produto c a otimização da sua qualidade. N u m processo que envolve várias etapas e um

grande número de variáveis, a busca da otimização e a resolução de problemas não é coisa

muito simples; se a tuarmos em diversas variáveis a um só tempo, poderemos complicar

ainda mais o problema ou, se o resolvermos, talvez jamais saibamos o que estava errado.

Na Tabela 3, com base em trabalho de J u r a n " e considerando sempre a necessidade de

separação das variáveis, são apresentados os requisitos essenciais para este processo.

Tabela 3: Método para análise e melhoria de processos - M A M P

REQUISITOS FERRAMENTAS

1. CONHECIMENTO DO PROCESSO • "Brainstorming"

(identificação das diferenças entre a solução • "Brainwriting"

atual e a situação desejada) • 3 Q 1 P O C (o quê, quem, quando, por quê.

onde, como?)

2. SELEÇÃO DE PROBLEMAS • C U T (gravidade, urgência, tendênc a)

(escalonamento e quantificação dos problemas) • Diagrama de Pareto, curva ABC

3. BUSCA DAS CAUSAS • "Brainstorming"

(identificação das causas dos problemas) • Levantamento das possíveis causas

4. GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS • "Brainstorming"

(sugestão de ações corretivas, adaptativas ou provisórias) • "Brainwriting"

5. AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS • Matriz de decisão

(estabelecimento de critérios para a escolha da solução)

6. PLANEJAMENTO DE AÇÕES • 3Q1 POC (o quê, quem, quando, por quê.

(definição dos estágios de implementação) onde, como?)

• Fluxograma

7. IMPLANTAÇÃO E AVALIAÇÃO • Avaliar se o problema foi eliminado ou

(verificação dos resultados da solução implementada) reduzido, se o processo está funcionando bem como um todo

O método apresentado para melhoria dc processos e / o u para a resolução dc proble-

mas pode ser visualizado na Figura 37 a seguir.

44 JURAN, J. M.; ( íRYNA, E M. Juran'* Quality Control Handbook. Fditora McCraw IlilL N o v York, I98#.

Page 85: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Implementar a solução

Avaliar resultados

Criar alternativas de solução Investigar

a s causas

Identificar e selecionar o

problema

I Figura 3 7 Método de resolução de problemas e melhoria de processos.

Outro método adotado na solução de problemas, considerando a discretização de variáveis,

consiste no diagrama "espinha dc peixe" ou diagrama dc Ishikawa, conforme Figura 38.

Empreendedor Arquiteto Direção da Obra

def in ição imprec isa do mercado

mudanças tard ias

formal ização insuficiente

anál ise pequena f a l h a d o experiên' custos c ia

estudo pre l iminar (nsuficienfe

riscos nao ava l iados

espera passivamonto o retorno de modi-f icações / ^ p e q u e n a

presença pos ição passiva frente às não conformidades / — p o d e r muito

l im i tado

planos não ver i f icados

levant. gootécnicos não totalmente levados c m con la

anál ise fa lha dos estudos de mercado

análises insuficientes de prob lemas

falhas de segurança no t raba lho

retardo na tomada do decisões

anál ise de riscos incompleta

atraso nos planos de obra

controles insuficientes

g rande n* de modi f icações

p lano dc obras incompleto

anál ise fa lha dc prob lemas

estudo fa lho de riscos

demora nas subcontrataçõcs

fa l ia de materiais

coordenação fa lha cnlrc os subomproitoiros

implicações dos atores nos

problemas

estudos falhos

fa l ia de autocontrolc

f raca qua l i f i cação

Controlador da qualidade

Construtora Subempreiteiros

0 Figura 38 Influência dos intervenientes para a ocorrência de problemas na construção.

Page 86: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A Figura 38, extraída de t raba lho do Minis tér io da Cons t rução da F r a n ç a i l u s t r a a

influência negativa que cada interveniente poderá ter no desenvolvimento da obra, prin-

cipalmente por falta de planejamento e organização.

Limpeza e organização são atributos vitais na busca da qualidade: canteiros "entulhados",

sujos e obstruídos representam perigo de acidentes, desperdícios e reflexos negativos na

motivação e produtividade dos trabalhadores. Adotado primeiramente na indústria seriada

do Japão, e depois cm outras indústrias c países do mundo, o "Método 5 S", resumido na

Tabela 4, traz receitas muito simples mas muito eficientes para a organização dos canteiros.

Tabela 4: Método 5 S para organização e higiene dos ambientes de trabalho

REQUISITOS COMENTÁRIOS

1. SEIRI (Descarte) "Tenha só o necessário, na quantidade certa"

2. SEITON (Arrumação) "Um lugar para cada coisa. Cada coisa em seu lugar"

3. SEISO (Limpeza) "Pessoas merecem o melhor ambiente"

4. SEIKETSU (Higiene) "Qualidade de vida no trabalho"

5. SHITSUKE (Disciplina) "Ordem, rotina e constante aperfeiçoamento"

A organização dc homens , máquinas, processos , etapas, fornec imentos , estoques c um

sem número de detalhes que influem no desempenho de uma fábrica ou de um canteiro

de obras requer técnicas apuradas de gerenciamento e de relacionamento humano. Nes-

se aspecto, a atuação dos gerentes intermediários, líderes, mestres e encarregados é que

definirá, cm última instância, o melhor ou pior desempenho da força de trabalho.

O gerente m o d e r n o é encarado como um "facil i tador de ações", um "coordenador dc

objet ivos"; segundo Ishikawa40, " o princípio fundamental do bom gerenciamento é

*s Ministcrc dc I.T.quipcmcnic, du Logciuciu ci d o Tranuports. Invcs l i s scmcni s ci Rcritalulitó cn Gcs i ion dc Ia Qualitc. Club ColUtructio» Sc Qualitc. Paris. 1993.

Page 87: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

permitir que os subordinados fuçam pleno uso dc su<t capacidade". Assim, para os

mestres e encarregados dos canteiros de obras poderiam ser definidas as seguintes funções:

• gerenciamento / implementação do sistema da garantia da qualidade

• relacionamento humano / comunicação / t re inamento das equipes

• análise dos projetos (construtibilidade, consumo de materiais, etc)

• previsão de materiais, fer ramentas e equipamentos

• recebimento e prévia conferência de materiais (quantidade, tipo, qualidade)

• análise de falhas construtivas / prevenção dc riscos c acidentes

• supervisão, auxílio, recebimento dos serviços

• supervisão geral do canteiro de obras, alojamentos, almoxarifados, etc

• realimentação da gerência da obra / diretoria da empresa.

Alguns paralelos entre gerentes "tradicionais" e gerentes "modernos" , dentro da filosofia

de Ishikawa, são apresentados na Tabela 5.

Tabela 5: O gerente tradicional e o gerente moderno46

Quesitos Gestão tradicional Gestão pela qualidade

Autoridade Chefe Líder / facilitador

Postura Burocrata Empreendedor

Responsabilidade Único res|)onsável Trabalho em equipe

Foco de ação Voltado ao su|>erior hierárquico Voltado para o cliente

Tomada dc decisão "Dono" da decisão Decisão por consenso

Cadeia Cliente/Fornecedor Julga-se o alvo das atividades Procura suprir a equipe

Comunicação Centraliza as informações Dissemina as informações

Negociação Tem sempre que ganhar algo Todos têm que ganhar

Delegação Centraliza o poder Delega aos subordinados

Substitutos Vê os subordinados como constante ameaça

Sabe que se não formar substitutos não ascenderá

Informação Julga ter dc receber todas as informações

Monitora as informações relevantes

"• Instituiu dc Pesquisas Tecnológicas tio listado dc S i o Paulo. A l g u m a s Idéias sobre Qual idade Total. Curso interno. São Paulo. I9!>7.

Page 88: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

2.2 O Sistema ISO 900047 para gestão da qualidade

N O R M A ISO 9000 - DIRETRIZES GERAIS PARA O SISTEMA DA Q U A L I D A D E

A norma ISO 9000 estabelece diretrizes gerais para implementação de políticas cia quali-

dade nas empresas, além dc orientações para a seleção do modelo de garantia da quali-

dade a ser observado nos acordo comerciais.

Esta norma deve ser empregada sempre em conjunto com a ISO 9004 (gestão da qualida-

de interna), c com uma das normas 9001, 9002 ou 9003 (todas t ra tando da garantia da

qualidade externa / balizamento para acordos comerciais).

O s principais conceitos e filosofias registrados na norma ISO 9000 sào:

a) com relação à qualidade, uma organização deve:

- atingir e manter cont inuamente a qualidade de seus produtos, a tendendo exigên-

cias implícitas ou explícitas dos consumidores;

- prover confiança ã sua própria administração no sistema da qualidade;

- prover confiança aos consumidores no sistema da qualidade;

b) na definição do modelo da garantia da qualidade, devem ser examinados custos do

sistema, benefícios e confiança para as respectivas partes, considerando-se ainda a

capacidade técnica e organizacional do fornecedor para gerenciar sua política da qualidade;

c) com relação aos contratos, produtor c fornecedor devem estabelecer consensualmcnte

qual a forma dc garantia da qualidade que deve orientar o contrato de fornecimento

' NBR ISO 4XMK> - N o r m a s dc g e s t ã o da qualidade c garantia da qualidade. Associação Brasileira dc Normas técnica.*, Rii» dc Janeiro. 1.994. Parte I: Dirctti/c» para seleção de uso Parte 2: Dirciri/cs gerais para aplicação das normas NBR 19.001. NBR 19.002 c NBR 19.003 Parte 3: Diretrizes para aplicação da norma NBK 19.001 ao desenvolvimento, fornecimento c manutenção de "software" Parte 4: Cuia para gestão do programa de depeniiahilidadc.

Page 89: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

(ISO 9001, 9002 ou 9003), procedendo ainda às adaptações que eventualmente devem

ser feitas na norma escolhida;

d) deve ser procedida ainda cuidadosa análise dc riscos, considerando-se as implicações

da parcial utilização de produtos N Ã O C O N F O R M E S .

Sob o aspecto dos riscos na utilização de um produto N Â O CONFORME-, consiceram-se

opo r tunos os seguintes comentários:

• a definição do sistema de inspeção (amostragem estatística, amostragem ao aca-

so etc) repercutirá d i re tamente na confiabil idade do sistema, mas também nos

custos; normalmente, pode-se partir dc uma I N S P E Ç Ã O RIGOROSA (amostras

maiores) , passando-se na medida que se venha c o n s t a t a n d o a con fo rmidade ,

para INSPEÇÃO N O R M A L e, subseqüentemente, para INSPEÇÃO R E D U Z I D A

(valendo também a ordem inversa para não conformidade) ;

• normalmente, devem ser estabelecidos diferentes critérios dc aceitação e rejeição

de lotes, em função da potencial gravidade do defeito; assim sendo, estes podem

ser classificados em DEFEITOS CRÍTICOS (riscos à segurança e à saúde), DEFEI-

T O S PRINCIPAIS (prejuízos à utilização) c DEFEITOS SECUNDÁRIOS (prejuízos

estét icos, falhas que não d iminuem o nível de desempenho) , cons iderando-se

ainda a facilidade e o custo de substituição de um produto defeituoso instalado;

• existem fer ramentas estatísticas (erro tipo (X = probabi l idade de aceitar-se um

lote N Ã O C O N F O R M E c e r ro t ipo [3 = probabi l idade de rejeitar-se um lote

C O N F O R M E ) que auxiliam a análise de riscos;

e) todos os elementos do sistema da qualidade devem ser documentados, demonstrados

(adequação do sistema escolhido, capacidade dos produtos atingirem conformidade ,

Page 90: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

capacidade de gestão do sistema de qualidade) e, sempre que se desejar a demons-

tração externa da qualidade, audi tados por equipes independentes ;

f) sempre que não sc puder demons t ra r previamente a capacidade dc um fo rnecedor

em atender os requisitos das normas ISO 9001, 9002 ou 9003, recomenda-se também

uma audi tor ia pre l iminar por par te tle o rgan ização i ndependen t e (avaliação pré-

contratual) ;

g) o contrato final entre fornecedor e consumidor, no que tange à garantia da qualidade,

deve ser bem en tend ido e aceito por ambas as partes, incluindo-se eventualmente

requisitos suplementares :

• re ferênc ias claras às espec i f icações técnicas de p r o d u t o s e serv iços (normas

ABNT, normas ISO, ou outra normalização acertada entre as partes);

• eventuais requisitos suplementares à norma ISO escolhida, tais como programas

da qualidade, planos de auditoria, ctc.

N O R M A S ISO 9 0 0 1 A 9003 - M O D E L O S PARA G A R A N T I A DA Q U A L I D A D E

Tais normas especificam requisitos do sistema da qualidade a ser pactuado entre forne-

cedor c consumidor, visando a garantia da qualidade externa do bem ou serviço adquirido.

As três normas , ISO 90014 8 , 900249 c 900350 , complementam (e não substituem) requisi-

tos técnicos especificados para produtos ou serviços, devendo ser empregadas cm con-

junto com a norma ISO 9000. De forma resumida, apresentam-se na Tabela 6 as diferen-

tes características dessas normas:

*' NBR 1S<> 9001 - S is temas da qualidade: Modelo para garantia da qualidade c m projeto, desenvolv imento , produção, instalação c serviço* a s s o c i a d o s . Associação Brasileira dc Norma* técnicas Rio dc Janeiro, 1.994.

' NBR ISO 9002 - Sistema» da qualidade: M o d e l o para garantia da qualidade c m produção, instalação c serv iços assoc iados , Aswciaçào Brasileira dc Norma» técnicas. Rio dc Janeiro. 1.994.

" NBR ISO 9005 - Sistemas da qualidade: M o d e l o para garantia da qual idade c m inspeção c ensa ios finais. Associação Brasileira de Normas técnicas. Rio dc Janeiro. 1.994.

Page 91: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 6: Formas de garantia da qualidade abrangidas na normalização ISO 9000

Objeto de garantia

da qualidade ISO - 9001

Norma

ISO - 9002 ISO - 9003

Projeto / desenvolvimento •

Produção • •

Instalação • •

Assistência técnica •

Inspeção e ensaios finais • • •

Projetos e especificações

técnicas

• projeto a ser

desenvolvido

• requisitos fixados ou

a serem fixados em

termos dc desempenho

definidos

Objetivos dos requisitos

estabelecidos na

normalização ISO

• demonstração da capacidade do fornecedor projetar, produzir e instalar

• prevenção de não

coníormidades em

todos os estágios

• demonstração da capacidade do fornecedor produzir e instalar

• prevenção de não

conformidades na

produção e / ou instalação

• prevenção :le não

coníormidades nos

fornecimentos

Aplicações típicas

das normas ISO

• plantas industriais

("turn keys"),

shopping-centers

• serviços públicos

(infra-estrutura,

trans|>ortes etc)

• edifícios

(habitacionais,

escolares, comerciais)

• instalações especiais

(elevadores, ar condicionado)

• construção de

obras segundo

projetos fornecidos

pelo empreendedor

• produção de bens

e serviços segundo

projetos e especificações

previamente definidas

• fornecimento de

materiais

e componentes

pelos produtores,

distribuidores e

revendas

Com nível de responsabilidade decrescente da norma 9001 para a norma 9003, conforme

quadro anterior, todas elas especificam objet ivamente os elementos a serem considera-

dos na "contra tação da qualidade", ou seja, responsabilidades, recursos materiais e hu-

Page 92: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

manos , d o c u m e n t a ç ã o da qual idade, inspeções e ensaios, ações corret ivas , auditorias

etc. Tais aspectos, de suma importância nos programas internos da qualidade, são abor-

dados a seguir.

N O R M A ISO 9004 - G E S T Ã O DA Q U A L I D A D E INTERNA NAS EMPRESAS

A n o r m a ISO 9004' 1 está subdividida em quatro partes, sendo a segunda mais propria-

mente voltada para a produção de serviços, e a terceira para a produção de bens; ambas,

contudo, assentam-se na mesma base filosófica. A primeira par te engloba diretrizes ge-

rais para operação de sistemas da qualidade, enquanto a última diretrizes para a melhoria

da qual idade.

A ISO 9004 propõe diretrizes para "um efetivo sistema dc gestão da qualidade, concebi-

do para a tender as necessidades e expectat ivas do cliente e, ao mesmo tempo, servir

para proteger os interesses da empresa" .

Sob o aspecto da fabricação / colocação em mercado de produtos deficientes, considera

os riscos e custos para o produtor e para o consumidor de acordo com a Tabela 7.

O princípios essenciais considerados nas normas ISO 9004, partes 1 a 4, são apresenta-

dos de forma resumida a seguir:

a) a responsabi l idade pela política da qualidade e o c o m p r o m e t i m e n t o com a mesma

cabem ao mais alto nível de administração da empresa; a ela também compete garan-

tir que esta política seja entendida, implementada e mantida em todos os escalões;

" NBR ISO WMM - Gestão da qual idade c e l e m e n t o s do s i s tema da qualidade. Associação Brasileira de Norma» técnicas Rio de Janeiro, 1.994. Parte 1: Diretrizes Parte 2: Diretrizes para serviços Parte 3: Diretrizes para materiais processado» Parte 4: Diretrizes para melhoria da qualidade

Page 93: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 7: Riscos para o produtor e para o consumidor em função da colocação no mercado de

produtos não conformes

PARA O PRODUTOR PARA O CONSUMIDOR

RISCOS • perda de imagem ou reputação • saúde e segurança das pessoas

• perda de mercado • insatisfação com bens c serviços

• queixas, reclamações • perda de confiança

• responsabilidade civil

CUSTOS • desperdício de materiais

• desperdício de recursos humanos

(retrabalho, reprocessamento etc.)

• reposição de produtos defeituosos

• substituição de produtos defeituosos,

com pequena durabilidade.

• elevação dos custos com operação,

manutenção, reparos.

• despesas processuais • tempo despendido com re|x>sições, reclamações, etc.

• diminuição da lucratividade global • atraso de cronograma

• lucros cessantes

b) a seleção dos e lementos a integrarem o sistema da qualidade de uma empresa deve

considerar o mercado atendido, a natureza do produto , os processos de produção c

as necessidades do consumidor ;

c) deve ser dada ênfase à prevenção de problemas, ao invés da detecção e sua poste-

rior correção;

d ) devem ser definidos objetivos e metas a serem atingidos, além de mecanismos para

efetiva aferição dos custos relacionados com a qualidade, considerando:

• esforço para prevenção de falhas (treinamento, controle da qualidade de insumos,

manu tenção preventiva);

• avaliação e demonst ração da qualidade (ensaios, auditorias internas c externas);

• rejei tos na p r o d u ç ã o (contabi l izando-se desperdíc ios de matér ia-pr ima, horas

trabalhadas, insumos energéticos, desgaste de equipamentos e outros) ;

Page 94: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• rejeição de fornecimentos (custos diretos e indiretos incorridos com assistência

técnica, reposições, responsabil idade civil, lucros cessantes e outros) .

O balanço dc custos pode ser resumido na Tabela seguinte

Tabela 8: Resumo dos custos envolvidos num sistema da qual idade

1. PREVENÇÃO 2. AVALIAÇÃO

• treinamento de equipes • equipes de controle da qualidade

• investimento em equipamentos • ensaios, análises

• estudo detalhado dos processos, etc • documentação, etc

3. FALHAS INTERNAS 4. FALHAS EXTERNAS

• rejeitos • substituições, reparos

• retrabalho • demandas judiciais

• baixa produtividade, etc • custo invisível (imagem da empresa)

e) obviamente que, quanto mais se investir na prevenção, menores serão os custos das

falhas internas e externas. Para estabelecer-se a região ideal de operação da organiza-

ção, deve ser realizada uma análise de valor (riscos calculados, custos e benefícios);

cm f u n ç ã o dos inves t imentos c do r e to rno , haverá uma faixa ideal de operação,

confo rme Figura 39

Segundo Peixoto5 2 , "nossos clientes estão, cada vez mais, interessados em produtos ou

serviços dc qualidade, a custos cada vez menores" . Assim sendo, c cons iderando a

competit ividade empresarial que aumenta dia a dia, a composição do preço final de um

bem deve ser estabelecida com base na nova filosofia do consumidor, conforme Figura 40.

PI-1XOTO. A. C. G. Qualidade: C o m a Ter Sucesso c o m o Z é , sc não T e m o s o Toshio ou o Fritz. Artigo publicado na revista Contiole da Qualidade n" 16. pp 49-56. Ivditora Manas, São Paulo. 1993.

Page 95: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

d e P * * * * 4 0

100% defeituoso 100% bom

0 Figura 39 Balanço de custos - investimento em qualidade x custos tias falhas.

PROCESSO TRADICIONAL

CUSTO + LUCRO - PREÇO

• custo • conseguido pelo empresário ' l uc ro • estabelec ido pe la empresa

preço - resultante

PROCESSO ATUAL

PREÇO - CUSTO - LUCRO

> preço • f i xado pelo mercado > custo • a t ing ido pe la empresa

-> lucro • resultante

|j] Figura 40 A nova forma de composição do preço de venda de um produto.

Segundo Taguchi, são quatro os princípios fundamentais relativos aos custos do produto:

1. Os custos são a característica mais importante de um produto;

2. Os custos não podem ser reduzidos sem que haja influência sobre a qualidade;

3. A qualidade pode ser melhorada sem aumentar os custos;

4. Os custos podem ser reduzidos através da melhoria da qualidade.

f) o impacto da qualidade sobre o demonstrat ivo de lucros e perdas deve ser constan-

temente quant i f icado c demons t r ado à alta direção da empresa , fo rneccndc-se ele-

men tos concre tos para avaliação do sistema da qual idade; na medida do possível,

custos indiretos relacionados com a qualidade (imagem da empresa, participação no

mercado) devem ser também demons t rados .

Page 96: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Definidas as linhas básicas da política e do sistema da qualidade, compete implementá-

las através de recursos gerenciais compatíveis ; assim sendo é essencial a definição de

o rganogramas (responsabil idades e autoridades) , f luxogramas (coordenação e controle

dc interfaces entre diferentes atividades), p roced imentos operacionais (recursos huma-

nos, equipamentos e técnicas visando sobre tudo prevenir ocorrência de falhas), sistemas

formais de comunicação, registro, controle, distribuição e arquivamento da documenta-

ção da qual idade. Todas as regras devem ser p rev iamente registradas em "Manual da

Qua l idade" (p roced imentos gerais) e em "P lanos da Qua l idade" (atividades setoriais,

p rodu tos ou serviços específicos).

A obtenção da qualidade é tarefa que perpassa todos os segmentos da empresa, todas as

pessoas, até os servidores mais humildes; as atividades de controle da qualidade, contu-

do, devem ser desenvolvidas por pessoal que não esteja vinculado à produção (o precei-

to básico é: quem produz não reúne total isenção para controlar). I7, recomendada tam-

bém a previsão de auditorias (pessoal in te rno ou ex te rno à organização) , através das

quais sejam relatados à Diretoria da empresa exemplos específicos de não conformidades,

eventuais ações corretivas, avaliação da implementação de ações corretivas anteriormen-

te recomendadas .

As atividades relacionadas à qualidade de um p rodu to ou serviço es tendem-se desde a

identificação inicial de sua necessidade (pesquisa de mercado, prospecções) até a satis-

fação final das expecta t ivas do c o n s u m i d o r , s endo c o n s t a n t e m e n t e reavaliadas e

retroalimentadas de acordo com o ciclo indicado na Figura 41.

Os princípios gerenciais enfocados na ISO 9004 aplicam-se a qualquer tipo de atividade

(serviço ou bem), devendo os aspectos técnicos e operacionais serem adaptados para as

situações específicas. Relativamente à prestação dc serviços, a norma adverte que "//////'-

Page 97: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

marketing e pesquisa

de mercado

< 1 utilização

assistência \\\]} técnica e ? ,

manutenção I í

projeto, especificação , e desenvolvimento

Z ^ 7} do produto

^ o 0 s u m i d o r / c / / e ^

/ * • Ciclo da qualidade ^

* / Pí°tfutor/fornece<^

Insumos

r-i planejamento e \ J L desenvolvimento — do processo

produção

inspeção e ensaios

< § f ( 5 j = ^ — " í — p — V A embalagem e vendas e distribuição armazenamento

| Figura 4 1 Ciclo da qualidade - desde a pesquisa de mercado até a utilização e assistência técnica.

tas características qualitativas, avaliadas subjetivamente pelos clientes, podem str medi-

das quantitativamente pela organização prestadora do serviçoVale recordar que, na

f i losof ia da qual idade, as necess idades implíci tas dos cl ientes devem também ser

cons ideradas .

Q u a n t o à implantação dos sis temas da qualidade, existem aspectos essenciais a serem

cons iderados 5 3 con fo rme exemplos registrados no diagrama da Figura 42, aplicáveis a

qualquer setor. As atividades pert inentes ao projeto / engenharia de produto constituem

elo com todas as demais atividades, devendo merecer, por isso mesmo, especial atenção.

Finalmente a ISO 9004 considera ainda diversos aspectos relacionados a:

- ações corretivas (responsabilidades e autoridades, registros e acompanhamentos ,

investigações dc causa c efeito, alterações no sistema da qualidade);

" THOMAZ, K. ISO 9.000 Aplicada ã Construção Civil. Revista Ti<hnc N* 2. l:.ditora Pini. Sào Paulo, janeiro / fevereiro dc 1.993.

Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção | Ércio Thomaz

Page 98: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Marketing

•demanda rael do produto • exigências e poder de compra dos usuários

• retroalimentação

Suprimentos

• consumo de materiais • armazenagem, manuseio

4> • acordo com fornecedores • planos de inspeção • "marca do conformidado"

4> • ordens de compra precisas • entendimento do pedido

4< • controles de recebimento • CQ do fornecedor • regislros qualidade

• segregação das não conformidades

• cadastro do fornecedores • avaliação periódica do

fornecedor .

Ensaios

equipamentos de ensaio

rastreabilidade/padrões

calibrações sistemáticas

controles estatísticos

Jjl i É-aUB Jjl i É-aUB

Eng. de produto j

• programa de necessidades • legislação/normas técnicas

4 ; • níveis do desempenho •avaliação de riscos • facilidade de instalação • viabilidade técnica/econômica • retorno do investimento

4, •anteprojetos • protótipos • segurança/prot. ambiental

4/ •análise das interfaces • projetos definitivos •detalhes construtivos • especificações/memoriais •critérios do aceitação

4* • mecanização/automação • quantificação/orçamento •cronogramas de produção

4, • plano de inspeções • plano CQ dos materiais •armazenamento/transporte • manual de uso/manutenção 4/ • planejamento do produção

4> • rotroalimentação do projeto • *as built"

Produção

• treinamento de equipes •definição do rosponsáveis •critérios formais de comunicaçáD

4 ' • especificações o detalhamento dos processos

• controle de suprimentos • ajustes nos processos • identificação dos lotes

4* • capacidade do processo • etapas unitárias • controlos cm cada otapa

4* • métodos de ensaio e planilhas tíe registro

• acompanhamento contínuo da produção

•documentação da qualidade • análise estatística do falhas

4> • aprovação da produção • auditoria externa independente

í L t M Não conformidades

• segregação de lotes • cadastro das falhas • análise crítica das falhas

4/ • sucateamento de lotes • medidas preventivas

G Figura 42 Visão sistêmica dos aspectos a serem considerados num sistema da qualidade.

- impor tância do es tabe lec imento de ins t ruções de uso do p r o d u t o (manuseio,

a rmazenamento , identif icação, instalação, manutenção) ;

- documentação c registro da qualidade (identificação, coleta, manutenção, revi-

são e recuperação das mais diversas informações) ;

- gerenciamento de recursos humanos (seleção, treinamento, reciclagem, conscientização,

motivação c reconhecimento dos esforços individuais c dc equipes);

- sistemas dc rastreabilidadc para facilitar o recolhimento dc produtos defeituosos,

prevenindo danos aos usuários, ações cíveis, e outras contrariedades;

- emprego de técnicas estarísticas.

Page 99: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N ã o sc p o d e c o n t u d o imaginar que se conseguirá saltar, numa só acrobacia , da não

qualidade para a qualidade total. Cada empresa, com sua cultura e sua disponibilidade

de recursos, haverá de estabelecer políticas e sistemas realistas da qualidade, gradual-

mente dosados no bom senso c na vontade dc evoluir. Nesse ponto , vale citar Ar tu ro

Vázquez Vela"s (especialista mexicano na área), e seus quatro pon tos básicos para a

modern ização :

• POLÍTICAS - claras c atingíveis, avaliadas permanentemente ;

• O B J E T I V O S - cada vez mais ambiciosos, mas a t re lados à realidade. De nada

servem metas quiméricas, que jamais serão alcançadas;

• EFICÁCIA - as avaliações internas não são suficientes, sendo indispensável aqui-

latar a opinião do público externo;

• E Q U I P E S - a qualidade só é alcançada com um grupo dc colaboradores consci-

entes e motivados; a satisfação pessoal de cada um haverá de refletir-se como

um todo na organização.

O importante é que os programas de qualidade, por mais tímidos que sejam, devem ser

imediatamente iniciados. O empresár io que se der ao luxo de ficar con templando , ou

imaginando que qualidade é apenas mais um "balão de ar quente" , segundo Vela, corre

o risco de mudar de atividade, t r ans fo rmando sua organização em museu tecnológico.

2.3 | Aplicação das normas ISO 9000 a obras e serviços de engenharia

Diferen temente de uma indústria de automóveis , remédios ou qualquer bem dc consu-

mo, com sede fixa, equipamentos e força de trabalho bem definidas, a construção civil

apresenta características mui to part iculares. N u m paralelo com uma dessas indústrias

citadas, é difícil imaginar-se para a construção linhas de montagem, operações unitárias

" Vl :,l.,\. A. V. Calidad cn Ia Construcción. Revista Ccmento & Concreta Associação Mexicana de Ccmento Portland. Ciudad de México. 1995.

Page 100: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

compar t imentadas , controles estatísticos, capacidade dos processos . E m relação às in-

dúst r ias seriadas, Mesegue r^ aponta para a construção civil as principais peculiaridades

indicadas a seguir:

Tabela 9: Características da construção civil, em relação às indústrias seriadas

CARACTERÍSTICAS DETALHES

Indústria nômade processos, mão dc obra, matérias primas e equipamentos mudam

de local para local

Produtos únicos baixa repetibilidade

Produção concentrada operários móveis, atuando sobre produto fixo

Indústria tmdicion.nl grande inércia, quase todas as |>essons acham que dominam as técnicas

Processos artesanais pouco investimento em tecnologia

Interferências entre tarefas, operações equipes de pedreiros, azulejistas, encanadores, eletricistas,

unitárias em paralelo marceneiros e outros

Mão-de-obra |x>uco qualificada absorvida do setor primário, do cani|x>

Rotatividade da mão-de-obra falta de motivação, pequena possibilidade de ascensão social e profissional

Trabalho ao ar livre sujeição às intempéries, roubo, vandalismo

Res|>onsabil idades dispersas áreas de sombra, zonas sem resjjonsável

Insumos muito variados estima-se cerca dc 13.000 a 15.000 itens

Trabalhos com boa dose dc perigo escavações, trabalhos em locais altos

Indefinições do produto final projetos executivos normalmente fornecidos com as obras em andamento

Produto deve atender necessidades higiene, conforto, saúde, lazer, trabalho, anseios psicológicos

muito complexas

Produtos com vida muito longa avaliações dos clientes ao longo dos anos

Alem das características listadas, outros fatores influem na qualidade da construção, como

produção intermitente, planejamentos falhos, submissão a prazos políticos c insuficiên-

cias da normalização técnica. Além disso, a cons t rução conta com elevado número dc

agentes intervenientes, con fo rme Tabela 10, todos interfer indo na qualidade final.

M MFSl-GUF.R. A. Cí. Controle c Garantia da Qualidade na Construção. Traduç: Roberto J. I:. Bauer. Paulo R. I.. Ilclcnc e Antonio Carmona FÍIIHX C o e d i ç i o : S I N D U S C O N / S P - Projeto Fditores. 1991.

Page 101: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 10: Agentes intervenientes na construção civil (adaptado de Meseguer5S)

INTERVENIENTE INFLUÊNCIAS NA QUALIDADE

Proprietário • tem a responsabilidade de definir os padrões de qualidade

• promove a manutenção do produto ao longo do tempo

Usuário • utiliza o produto final

• zela em maior ou menor escala pela sua conservação

Promotor • define os níveis de desempenho desejados

• realiza o planejamento do empreendimento

Agente financeiro • viabiliza o empreendimento, libera recursos periodicamente

• fiscaliza os níveis de qualidade estabelecidos

Projetistas • executam cálculos, desenhos e memoriais, influenciando largamente na

qualidade e na economia da construção

Fabricantes • fornecem materiais, componentes, equipamentos e outros insumos, cuja

qualidade pode sofrer grandes variações

Laboratórios de ensaios • avaliam a qualidade de materiais e serviços, com padrões técnicos que podem

também variar

Construtor • executa as obras e serviços, podendo atender em maior ou menor escala as

especificações e detalhes dos projetos

Gerenciador • planeja e cumpre os planos de controle da qualidade

• realiza medições, fiscaliza e recebe as obras e serviços

Assoc. de normalização • definem as bases técnicas que nortearão a qualidade dos materiais e dcs serviços

Universidades • graduam os profissionais com maior ou menor perfeição

Universidades/institutos • desenvolvem tecnologia, fornecem bases para a normalização técnica.

difundem informações tecnológicas

Estado • estal>elece toda legislação referente ã formação e atuação de profissionais.

códigos de construção e outras leis

Associações profissionais • regulamentam e fiscalizam o exercício da profissão

Companhias de seguro • estabelecem o custo do seguro em função dos riscos oferecidos pela construção,

do porte da obra, do prazo etc.

Empresas de operação • operam e executam a manutenção das edificações

Órgãos de certificação • certificam sistemas de gestão da qualidade de fabricantes

• certificam sistemas da qualidade de projetistas e construtores

Page 102: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Q u a n t o me lho r o nível dc in te ração en t re esses d iversos a tores , me lhores os resul-

tados potenciais ; a r igor, t odos dever iam ter a visão integrada de todo p rocesso d o

e m p r e e n d i m e n t o , p o d e n d o dessa f o r m a auxi l iarem-se m u t u a m e n t e e p romover com

maior fac i l idade os ace r t o s nas i númera s in t e r f aces . O c o r r e que , mui tas vezes, os

d i f e r en t e s a to res não têm a pe r fe i t a c o m p r e e n s ã o de t o d o s os passos d o processo ,

nem c o n h e c e m mui to b e m suas p róp r i a s r e sponsab i l i dades i so l adamen te . Relativa-

m e n t e ao p r o m o t o r d o e m p r e e n d i m e n t o , p o r exemplo , Áuber t 5 6 cita que "sua mis-

são não pode ficar l imitada à e laboração dc um c ronograma dc c o n s t r u ç ã o e a uma

p r o g r a m a ç ã o dc r e c u r s o s " . Es te i n t e r v e n i e n t e deve faci l i tar as a t iv idades de cada

um d o s p a r t i c i p a n t e s , v iab i l i za r a i m p l e m e n t a ç ã o de seus r e s p e c t i v o s p l anos da

qual idade , analisar as conseqüênc ia s das não c o n f o r m i d a d e s c as necessár ias medi-

das prevent ivas , an tever e prevenir riscos, analisar c rea l imentar t odos os planos de

c o n s t r u ç ã o .

O s desperd íc ios na c o n s t r u ç ã o civil são mui to acen tuados q u a n d o comparados com

aqueles da maioria das " indústr ias fixas". Cons iderando apenas os desperdícios físicos

mensuráve i s na p r o d u ç ã o (d i fe rença en t r e q u a n t i d a d e p rev i s ta no p r o j e t o ou

espec i f icação c quan t idade que rea lmente deu ent rada na obra) , pesquisa conduz ida

pela E P U S P 5 7 , para diferentes materiais c diversos canteiros dc obra distribuídos cm

doze estados brasileiros, revela que, em media, desperdiçamos cerca dc 95% dc cimento,

9% de c o n c r e t o us inado, 10% de aço e 17% de b locos ou ti jolos, para citar alguns

materiais . Além dos desperd íc ios físicos, palpáveis , existe a poss ib i l idade dc mui tos

outros , c o n f o r m e Tabela 11 a seguir.

* AUHIÍRT, V et alli. Fairc Construíra c'c*t un Méticr - l .a (icxtion <Jc Ia Qualite c h c z Ic Maitrc d'Ouvragc. Club Construction & Qtalitc. Minuicrc «Ic l.'Ivquipcmcntc, «lu I.ogcmcnt, des Traiuports ct «Ic Ia Mcr. Paris, 1993.

SOUZA. U ÍL U PAU A RI. J. C: ANDRADE. A. C; AGOPYAN", V. Perdas dc Materials no* Canteiros de Obra: a Queda do Mito. SINDUSCON/SP. Revista Qualidade na Construção N° 13. 1998.

Page 103: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 11: Desperdícios que podem ocorrer na construção civil

ORIGEM DESPERDÍCIOS TÍPICOS

Projetos/ Superdimensionamentos: fundações, vigas, lajes, arrimos, drenos, tubulações, iso ações, Especificações sistemas de ar condicionado

Subdimensionamentos: poderão acarretar patologias, exigindo inversão considerável de recursos durante a vida da obra

Consumo excessivo de cimento ou outros aglomerantes {traços muito ricos de concretos e argamassas)

Danos a fôrmas e escoramentos, em função de ausência ou inadequação de planos de concretagem

Danos à estrutura recém concretada, em função de ausência ou inadequação de planos de decimbramento

Patologias geradas por incompatibilidades físicas ou químicas entre materiais justapostos

Problemas gerais dc construtibilidade: componentes muito delgados, altas taxas de armadura, balanços muito acentuados, etc

Detalhamento falho de projetos, repercutindo em atrasos, improvisações e desperdícios

Coordenação falha entre projetos, repercutindo em demolições, acréscimo de serviços, prejuízos a kits e pré-moldados, etc

Supervisão técnica / Entulho visível (quebra de blocos, desperdício dc argamassas e concretos, locação errada gerenciamento de paredes, corte errado de tulx>s)

da obra Entulho invisível: enchimentos de lajes, juntas muito largas nas alvenarias, engrossamento de revestimentos, pinturas encorpadas

Moras ociosas de homens e equipamentos: programações inadequadas, compras

equivocadas ou falta de materiais, equipamentos quebrados, desarmonia entre

subempreiteiros ou equipes

Avarias cm materiais e componentes: processos inadequados de armazenagem ou

transporte ou manuseio, proteção inadequada de serviços acabados, limpeza com

produtos ácidos / abrasivos

Danos a componentes estruturais, em função da estocagem inadequada de materiais sobre peças recém concretadas

t3.lixa piodul ividadc c m função d c equipamento* ou fenamentas inadequiuld!» (balaiicins»,

bombas, vibradores, serras)

Retrabalho, reparos: abertura de fôrmas, ruptura de escoramentos, desaprumo e falta de

esquadro em paredes, ondulações em revestimentos, vazamentos ou entupimentos de

tubulações, pisos com caimentos invertidos, pinturas sobre bases úmidas, etc

Acidentes no trabalho, com perdas materiais, comoção, desestímulo, queda geral ia produtividade

Atrasos de cronograma, repercutindo em multas, custos financeiros, improvisações, horas extras, trabalho noturno

Page 104: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m o se pode notar, embora de difícil quantificação, existem diversos outros fatores dc

perdas, às vezes muito mais significativos do que os próprios desperdícios com materiais e

componentes . Nessa modalidade, poderiam ainda ser enquadrados prejuízos decorrentes

dc baixa produtividade (falta dc motivação ou treinamento inadequado), ações judiciais c

quedas na credibilidade da empresa, em função de desempenho inadequado ou patologias

que venham a surgir nas obras. Considerando todos estes fatores, PichP* estima que na

média os desperdícios possam atingir, em termos de custos, a assustadora margem de 30%.

Com base em levantamentos realizados na década de 90, em cem canteiros de obras de

oito estados brasileiros (SP, PR, ES, BA, SE, AL, G O e CF.), V a r g a s c h e g o u à conclusão

que o tempo produt ivo de oficiais e serventes é incrivelmente pequeno, ficando abaixo

dos 40%. Na Tabela 12 apresenta-se o resumo desses levantamentos.

Tabela 1 2 : Ut i l ização do tempo por oficiais e serventes nos canteiros (Vargas)

TEMPO DESPENDIDO Pessoal próprio ( % ) Subempreiteiros ( % )

Retrabalho 8 7

Paradas e esperas 37 35

Transporte 14 12

Controles 7 7

Atividades de construção 34 39

Mencionaram-se até agora algumas das características mais impor tantes da const rução

civil, c da brasileira cm particular: a) grande número dc intervenientes; b) grande diver-

sidade de serviços e de equipes; c) grande variedade de materiais e de insumos;

PIC1II, l:. A. Sistemas da Qualidade: U s o c m E m p r e s a s dc Construção. Sãci Paulo, 1993. Tese dc doutorado em engenharia defendida na Mscola Politécnica da Universidade dc São Paulo.

' 'VARGAS, N. Contabil idade das Perdas. Reportagem de Silvério Roclia. Tcchnc - Revista de Tecnologia da Construção II° 27, pp 14 19. lülitora Pini. 1997.

Page 105: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

d) desperdíc ios cons ideravelmente altos; e) indústr ia "móve l" , sujeita a uma série dc

atribulações, conforme Tabela 9 anterior. Ainda do capítulo I, poder-se-ia acrescentar uma

sexta característica: incidência relativamente alta de problemas patológicos. Finalmente, da

moderna tendência da "terceirização", a sétima característica: número relativamente alto de

subempreiteiros, excessiva delegação da responsabilidade de "bem construir" .

Exa tamente por essas características, a requererem esforços notáveis de organização e

gerenciamento, é que as normas ISO sobre gestão da qualidade encaixam-se quase que

perfe i tamente . Poder-se-ia dizer que, quanto maior for a complexidade da organização

ou do produto , quanto mais vultuoso for o negócio, maior a necessidade de adoção de

um sistema de gestão nos moldes da ISO 9000.

Por exemplo, sob o aspecto da organização da empresa, seja de projetos, de construção

ou de serviços, a norma ISO 9.004 perpassa praticamente todos os setores da organiza-

ção, ab rangendo tópicos sobre market ing, p lanejamento , compras , p rodução e outros ,

conforme Figura 42 anteriormente apresentada. Assim sendo, a norma pode servir como

guia para a elaboração do "sistema da qualidade da empresa" .

Sa indo d o âmago das empresas , e p a r t i n d o para as relações des tas com o mercado,

fornecedores de materiais ou serviços numa ponta e consumidores/cl ientes na outra, as

normas ISO 9001, 9002 ou 9003 podem orientar a preparação dos contratos de forneci-

mento, sob o enfoque da correta definição do produto encomendado (cujas imprecisões

têm ge rado notáveis demandas ) , das cond ições gerais dc f o r n e c i m e n t o c da própr ia

fo rma de garantia da qualidade.

Ainda quanto aos sistemas de gestão interna (ISO 9.004), dentre os vários aspectos con-

siderados pela norma , quat ro chamam part icularmente a atenção:

Page 106: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• a i m p o r t â n c i a q u e é d a d a ao p l a n e j a m e n t o : para Juran 6 0 , "no Japão, cerca de

67% do tempo é gasto com planejamento e 33% com execução. Nos ELA esses

percentuais passam respectivamente para 40% e 60%, quase se invertem. O tem-

po total dos japoneses c 15 a 20% menor do que o tempo total dos americanos:

melhor planejamento, melhor aproveitamento do tempo". N o Brasil, salvo exce-

ções, o planejamento de nossas construções têm sido relegado a segundo plano.

C o n f o r m e Boni lha 6 1 , enquanto os japoneses despendem 1 ano para planejar e

seis meses para construírem uma obra, nós planejamos cm 1 mês, construímos

em 1 ano e conser tamos por tempo indeterminado;

• o peso da e n g e n h a r i a de p r o d u t o s e c o n c e p ç ã o de pro je tos : é notório que as

falhas de concepção normalmente repercutem conseqüências muito mais graves

que as não conformidades localizadas dc materiais ou dc serviços. Já cm 1982,

bem antes do advento da ISO 9000, num boletim do CEB6 2 afirmava-se: " todo o

processo de construção é interdependente, não se podendo assegurar a qualida-

de se alguma das atividades for desconsiderada. Estima-se que 50% da qualidade

tem sua base nas atividades dc planejamento e projeto; a execução possivelmen-

te responda por 25%, enquan to que os restantes 25% serão dependentes dos

materiais, do uso e da manutenção da construção";

• a i m p o r t â n c i a d o reg i s t ro , c i r cu lação e g u a r d a d e i n f o r m a ç õ e s : em geral, as

empresas de construção não constroem ao longo dos anos uma memória técni-

ca; a saída do engenheiro ou a aposentadoria do mestre, quase sempre significa

a desmemor ização da empresa;

• a ê n f a s e nas anál ises cr í t icas , r ea l imen tações e p r evenção d c fa lhas: prevenir

é sempre melhor que remediar.

**JL'RAN. M. Joseph. A Última Palavra: Lições dc uma Vida no Gerenc iamento para a Qualidade. Revista Controle da Qualidade n° 19, pp " 9, F.ditora Nanas. S i o Paulo. 1993.

41 HONII.I IA. I- C. M. Comunicação pessoal . S i o Paulo. 1980. CI:.H - Comitê l:.uro-lntcrnational du Ikton. Quality Control and Quality Assurance for Concreto Structurc*. Hulletin dlnformation n° 157.

dcccmbcr 19X2.

Page 107: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

E m qualquer si tuação, haverá necessidade de adaptação das no rmas à modal idade do

objeto (obra, serviço etc), à cultura da empresa e às características do empreendimento.

Normalmente, deverão ser privilegiados os pontos chave das operações, tendo-se dc relegar

a segundo plano ou mesmo abandonar um sem número dc variáveis que poderiam redundar

em milhões de "bi tes" de informações, montanhas de papel, custos proibitivos e re torno

insignificante tanto para quem produz como para quem adquire o bem.

Deverão os sistemas e planos da qualidade efetivamente enfrentarem os itens com custos

mais representat ivos, os aspectos de saúde e segurança (incluindo segurança no traba-

lho), as principais fontes de patologias, os aspectos essenciais de planejamento ou admi-

nistração e, de qualquer sorte, os problemas mais comuns observados nos processos da

cons t rução .

O corolário das normas ISO 9000 é representado pela Garantia da Qualidade, definida

no início des te capí tu lo c o m o " o c o n j u n t o dc medidas o r ien tadas para conseguir a

qualidade c para evitar ou detectar erros cm todas as fases do processo, traduzindo-se

na demonst ração documentada de que foram efetuados todos os controles pertinentes

da qua l idade" .

Segundo Ary6 3 , um sistema de garantia da qualidade visa assegurar que todas as atividades

que possam influenciar o desempenho final de uma obra sejam:

- baseadas em requisitos claramente definidos, con templando condições técnicas

e operacionais, legislação, meio ambiente e condições do local da obra;

- desenvolvidas por pessoal competen te , em a tendimento a planos previamente

t raçados;

" ARY, T. (.'. Quality Assuranee and Quality Control in Construet ion. Tese apresentada ao Departamento tle Ivngenharia Civil da Universidade de Ixeds para obtenção d o grau de mestre. Ixedv, 1985.

Page 108: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

— executadas de forma aderente com especificações e instruções por escrito;

— verificadas e documentadas de forma objetiva.

Além de todas as a t ividades, um sistema de garantia da qual idade envolve todos os

diferentes intervenientes, a começar pelo proprietário da obra, con fo rme Figura 43.

Q Figura 43 Aspectos e atores envolvidos num sistema da garantia da qualidade (AryAt).

D e aco rdo com a mesma autora , a lgumas pessoas cons ideram que "para assegurar a

qualidade todas as etapas devem ser cobertas por algum tipo de controle; entretanto, tal

postura é ineficiente c muito onerosa". Segundo ela, "a chave do sucesso é implementar

os controles baseando-se no diagrama dc Pareto (algumas poucas variáveis governam as

características essenciais dos processos), ou seja, o aspecto mais importante é identificar

os pouco itens que podem causar a grande maioria dos problemas, concentrando neles

todos os es forços e técnicas aplicáveis, pr incipalmente no tocante à prevenção das fa-

lhas". Ainda segundo o mesmo trabalho, o papel cie cada interveniente num processo de

garantia da qualidade encontra-se apresentado de forma resumida na Tabela 13 a seguir.

Page 109: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 13: Responsabilidades dos atores num sistema de garantia da qualidade

Intcrvenicnte Responsabilidades

Proprietário Define suas necessidades e atitudes com respeito à qualidade

Aprova junto ao gerenciador / coordenador geral da obra os planos e custos relativos às ins|x?ções e controles

Analisa e aprova propostas não só do [xjnto de vista do "menor preço", mas também sob o

aspecto da qualidade/desempenho oferecidos

Projetistas Desenvolvem os projetos de forma aderente aos planos da qualidade, de forma a prevenir, detectar prontamente e corrigir não eonformidades

Elaboram todos as plantas, detalhes, especificações e memoriais necessários para a execução

da obra, de forma a atender a qualidade definida

Verificam sistematicamente se o construtor está obedecendo todos os detalhes, especificações e memoriais

Construtor Atende todas as especificações e detalhes previstos nos projetos

Atua de forma a prevenir, detectar e corrigir não eonformidades

Utiliza materiais e mão-de-obra de forma a atingir a qualidade definida, provendo as

inspeções e ensaios necessários

Contrata subempreiteiros aptos a atenderem a qualidade definida

Aplica técnicas de controle de recebimento a projetos e materiais

Registra, atualiza e demonstra todos os controles que efetua

Subempreiteiro Atende todos os requisitos da qualidade, de forma idêntica ao construtor

Atua de forma harmônica com o construtor e outros subempreiteiros

Fornecedores Fornece materiais e com|x>nentes atendendo as especificações técnicas, quantidades e prazos

de materiais acertados nos contratos ou pedidos

Desenvolve e documenta programas de controle da qualidade dos materiais e componentes,

demonstrando-os convenientemente

Atua de forma a prevenir, detectar e corrigir não eonformidades

Gerenciador Traduz os anseios do proprietário em planos e requisitos técnicos

Acerta com o proprietário os planos da qualidade, as formas de análise de propostas, pré-qualificação o contratação de projetistas, construtores, laboratórios de ensaio, consultores, etc

Esclarece e acerta com as diferentes empresas os planos da qualidade

Prepara todos os contratos necessários

Prove a realização de ensaios e inspeções, dando ciência ao construtor

Define os critérios de aceitação dos serviços e recebimento das obras

Atua nas interfaces, facilitando a atuação harmônica dos contratados

Acompanha a efetiva aplicação de planos da qualidade pelos contratados

Mantém registros de todos os controles realizados pelas diferentes partes

Procede as inspeções finais e o recebimento da obra

Page 110: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m o se pode observar pela leitura dos itens anteriores, as normas ISO série 9000 são

sobretudo guias gerenciais, que enfatizam a importância das práticas organizacionais, do

planejamento e das técnicas de controle da qualidade de produtos ou serviços. Per serem

dc aplicação geral, podendo ser utilizadas na indústria bélica, na prestação dc serviços

médicos ou em qualquer outra atividade, obviamente que o c o n j u n t o de normas não

contempla aspectos técnicos atinentes, de forma particular, à engenharia civil, à arquitetura,

à física das edificações. Qualquer detalhe específico de cada um dos problemas patológi-

cos apresentados no capítulo I deste livro cer tamente que não estará mencionado cm

nenhuma norma ISO 9000. Em nenhum momento, nenhuma dessas normas tece conside-

rações sobre a durabilidade dos concretos, os procedimentos de cálculo pelo método dos

estados limites ou os processos químicos e eletroquímicos de corrosão dos metais.

Assim sendo , const i tui -se ledo engano supor que a adoção isolada de um sistema da

qualidade pela empresa construtora garantirá, de per si, o nível de qualidade propos to

para um p r o d u t o , obra ou serviço, o que in fe l izmente é o e n t e n d i m e n t o de alguns.

Quan to à certificação de sistemas, alguns colegas engenheiros costumam brincar que "se

você produzir uma coisa com defeito, mas sempre de forma padronizada, você será

certificadoEsta acertiva, obviamente , é exagerada e falsa.

Indagado sobre a utilidade da norma ISO 9000, Juran6 0 afirma que a mesma está sendo

superes t imada : "Não há nada na ISO 9000 sobre aperfeiçoamento continuo, satisfação do

cliente ou participação dos funcionáriosEsse ú l t imo aspec to (mão-de-obra ) é par t icu-

larmente crítico nos países socialmente subdesenvolvidos, particularmente no Brasil como

será tratado no item seguinte.

Relat ivamente aos processos de cont ro le da p rodução pelos fabricantes de materiais e

c o m p o n e n t e s , c aos s is temas dc ges tão da qual idade em cons t ru to ra s , escr i tór ios dc

Page 111: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

projeto ou fornecedores dc serviço, a forma mais eficiente da demonstração da qualida-

de consiste nos chamados "processos de certificação da confo rmidade" ; a forma mais

legítima e confiável é quando esta certificação é concedida por uma organização técnica

independente, nomcando-sc então o processo dc "certificação de terceira parte" (no caso

a primeira parte seria o fornecedor , e a segunda parte o consumidor) .

N o caso das empresas aplica-se a denominada "Certificação de Sistemas ISO 9000", o que

c o m p r e e n d e basicamente:

• verificação do sistema da qualidade (diretrizes gerais, atribuições, responsabili-

dades, p roced imen tos gerenciais e adminis trat ivos, p rocessos e recursos para

implementação da questão da qualidade);

• verif icação da documentação de supor te (manual da qualidade, p rocedimentos

de cons t rução , listas de verif icação de serviços, critérios para recebimento de

materiais);

• processos de compra, controles dc custos etc;

• verificação da estabilidade dos processos de p rodução (através de auditorias);

• verif icação da eficiência (eliminação de desperdícios e retrabalho);

• etc.

Relativamente aos materiais e componentes , o processo de certificação visa em última

instância a verificação da conformidade do produto com uma norma ou conjunto espe-

cífico de normas. Baseia-se na inspeção do sistema de qualidade do fabricante (de ma-

neira análoga àquela acima apresentada), na inspeção do sistema de controle da produ-

ção (insumos, operações unitárias) e, sobre tudo, na realização de ensaios.

A ISO adota diferentes sistemas de certificação de terceira parte, desde os modelos

mais simples até os mais complexos, ou seja:

Page 112: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• M O D E L O 1: ensaio de tipo

• M O D E L O 2: ensaio de tipo + coleta de amostras no comércio

• M O D E L O 3: ensaio de tipo + coleta de amostras na fábrica

• M O D E L O 4: ensaio de tipo + coleta de amostras no comércio + coleta de amos-

tras na fábrica

• M O D E L O 5: ensaio de tipo + coleta de amostras no comércio + coleta de amos-

tras na fábrica + avaliação do sistema de controle da qualidade do produtor

• M O D E L O 6: avaliação do sistema dc controle da qualidade do produtor

• M O D E L O 7: ensaio de lote

• M O D E L O 8: ensaio em 100% da produção (caso especial, aplicado por exemplo

a sistemas de segurança ou equ ipamentos especiais).

Q u a n t o ás "En t idades Cer t i f icadoras de Terceira Parte", estas devem ser previamente

credenciadas pelo 1NMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Quali-

dade Industrial, sendo os processos conduzidos com base nas diretrizes da ISO6 4 . Tais

ent idades devem assumir basicamente as responsabil idades c atribuições a seguir resu-

midas:

• Avaliação dos produtos conjuntamente com serviços, sistemas ou processos uti-

lizados na sua produção;

• Execução ou supervisão dc ensaios;

• Avaliação do programa de controle da qualidade do produtor ;

• Fiscalização da continuidade da confo rmidade (após cert if icação inicial);

• Proteção contra mau uso da marca de conformidade;

• Sigilo das informações confidenciais do produtor .

" ABNT ISO / IRC Guia 65 Requisito* Gerai* para Organismo* que Operam Sistemas dc Certificai,-"1" de Produto». Rio <lc Janeiro, 199™.

Page 113: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

2.4 O Aplicabilidade das normas ISO 9000 para a construção civil brasileira

Até por não possuirmos fincada tradição no campo da organização e gerenciamento de

obras, as normas ISO 9000 podem constituir-se em excelente alavancagem para o desen-

volvimento de nossa construção. Além dos sistemas da qualidade, entretanto, a constru-

ção brasileira presc inde ainda hoje de boas técnicas de p ro je to e execução dc obras ,

con fo rme análises em várias partes deste trabalho.

O s indicadores dc desperdício apontados por Pichi58 (cerca dc 30% dc desperdícios) ou

Vargas'9 ( somente 40% do t empo empregado em atividades produtivas) são alramente

preocupantes. Enquanto o consumidor brasileiro não tinha a mínima noção de seus direitos,

e a arquitetura da especulação financeira sobrepujava a engenharia da arte dc construir,

obviamente que os custos da improdutividade vinham sendo maquiavelicamente transferidos

aos consumidores. Agora que o mercado parece se estabilizar, c o consumidor está ficando

pouco mais consciente, é difícil prever-se o futuro das construtoras "perdulárias".

Dc fa to , g rande par te da improdu t iv idade na c o n s t r u ç ã o brasileira deve-se a falhas

gerenciais, do própr io empresar iado da construção, sendo totalmente falsa a af irmação

dc alguns de que "nossos problemas são oriundos da desqualificação da mão-de-obra".

Como se houvesse algum dispositivo constitucional que proibisse o construtor de ofere-

cer treinamento para sua força de trabalho. Nesse campo, pesquisa realizada pelo NORIF/'1

jun to a 45 pequenas e médias cons t ru to ras da região metropol i tana dc Po r to Alegre,

apontava os principais problemas relativos ao gerenciamento das empresas:

• grande utilização de trabalho subempreitado no setor: 70% das empresas utiliza-

vam tan to mão-de-obra própr ia c o m o mão-de-obra subempre i tada , enquan to

30% utilizavam somente mão-de-obra subemprei tada;

" l-RUET, G. M; FORMOSO, G T. Diagnóst ico das Dif iculdades Enfrentadas por Gerentes Técn icos de Empresas de Construção Civil dc Pequeno Porte. Anais do II Seminário "Qualidade na Construção Civil - Gestão c Tecnologia", pp 1-52. Porto Alegre, 1993.

Page 114: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

a maioria das empresas contratava entre uma e três subempreiteiras para cada tipo

de serviço; 40% das empresas contratavam em cada obra 4 a 6 subempreiteiras,

enquanto 40% das empresas trabalhavam com 7 ou mais subempreiteiras. A quase

totalidade dos serviços de instalações elétricas c hidráulicas era subempreitada;

mais de 70% das empresas utilizavam como critério principal para a seleção de

pessoal o " tempo de registro em carteira", forma de "comprovar" a habilidade do

profissional;

apenas 5% das empresas adotavam programas dc t re inamento da mão-de-obra,

sendo ele minis t rado por engenhei ros e mestres dos própr ios quadros; vale-se

ressaltar que 82,5% das empresas manifestaram "problemas com a falta de qua-

lificação da mão-de-obra";

60% das empresas adotam como fator motivante o "prêmio cm dinheiro" (fator

higiênico, con fo rme matriz de Herzberg tratada a seguir); apenas 7% utilizavam

o treinamento profissional como fator motivante;

mais de 90% das cons t ru to ra s e fe tuam modi f i cações nos p ro je tos duran te o

desenvolvimento das obras;

82% das compras era realizada por pessoal administrativo, sendo que <50% das

empresas mencionaram problemas com "material entregue diferente do especi-

ficado"; somente 13% possuíam procedimentos escritos para o recebimento de

materiais e efetuavam algum tipo dc ensaio de recebimento;

em 62% dos casos os gerentes de obra exerciam funções relativas ao planeja-

mento , p ro je to , p r o d u ç ã o e realização das compras ; com taxas variáveis, em

alguns casos as funções abrangiam ainda "market ing", controle financeiro c ad-

ministração de pessoal;

corno recursos de planejamento 55% das empresas utilizam o gráf ico de Gan t t

("cronograma") e 9% adotam PF.RT / CPM, enquanto 13% declararam não utilizar

nenhuma técnica específica;

Page 115: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• out ros dados importantes , relativos á mão-de-obra:

- falta de motivação dos operários: 60% dos casos

- não entendimento ou não atendimento preciso às ordens de serviço: 4 7 3 %

- uso inadequado dc equipamentos: 45%

- problemas com absenteísmo: 35%;

• out ros dados relevantes obt idos com as entrevistas realizadas na pesquisa:

- desconhecimento total das normas ISO 9000: 71%

- inexistência dc procedimentos escritos para execução dc serviços: 71%

- inexistência dc listas de verificação para o recebimento de serviços: 91%

- inexistência de controle dos custos incorridos com reparos em obras entregues: 91%

- prática de reuniões nas obras para planejamento e acompanhamento dos servi-

ços: 27%.

- problemas gerais de comunicações falhas, indefinição de responsabilidades, etc.

O s autores do trabalho registraram ainda que nenhuma empresa forneceu indicadores

sobre acidentes no trabalho, fato até certo ponto irrelevante: levantamentos do Ministério

d o Trabalho, embora desatualizados e incompletos, cont inuam apon tando a construção

civil como a "grande campeã nacional" no campo dos acidentes.

Resguardados os limites da pesquisa mencionada, através dela já se podem extrair algu-

mas "pistas" sobre os principais problemas da construção brasileira, a serem devidamen-

te considerados nos sistemas e planos da qualidade.

Problema mais grave, conseguindo até mesmo superar as ridículas remunerações pratica-

das no mercado da cons t rução e a "consagrada imperícia da nossa mão-de-obra" , diz

respeito às condições de trabalhos ainda hoje verificadas em grande parte dos canteiros

dc obra espalhados pelo país. Pesquisa realizada no começo da década dc 90 pelo SES1

Page 116: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

— Serviço Social da Indústr ia 6 6 , nas nove principais regiões metropolitanas do país, reve-

lava que:

• em geral, o operár io da cons t rução tem pequena escolar idade; metade recebe

remuneração mensal inferior a USS 150;

• cerca de 92% utilizam os alojamentos das obras, ingerindo 2 / 3 das calorias ne-

cessárias;

• cerca de 30% são por tadores de doenças relacionadas ao trabalho;

• 19% consomem bebida dc fo rma abusiva; 4% são dependentes do álcool;

• 69% não encont ram o que fazer nas horas de lazer; 19% f reqüentam templos

religiosos;

• em 1990 registraram-se 148.000 ocorrências de acidentes no trabalho, cerca de

21% do total dc acidentes dc todos os setores no Brasil.

De lá para cá a situação melhorou um pouco, mas a construção civil continua sendo a

indústr ia campeã de acidentes. Levan tamen tos da Delegacia Regional d o Traba lho -

Grande São Paulo66 revelam que quase 50% das mortes na construção são causadas por

quedas em altura dos trabalhadores e concomitante falta de utilização do cinto de segu-

rança; levantamentos da Fundacen t ro , com base apenas nas ocorrências comunicadas ,

indicam cm 1997 o número assustador de 43.098 mortes, 259 acidentes fatais por milhão

de empregados. Pesquisa realizada no final de 1997 pelo Sindicato dos Trabalhadores da

Construção Civil de São Paulo66 , com base em 15.000 registros de acidenres que chega-

ram ao INSS, revela o perfil das causas dos acidentes, conforme Figura 44 a seguir.

A segurança nos nossos canteiros de obras têm de ser resolvida a qualquer preço, poden-

do so f r e r acen tuada melhora com a edição, em julho de 1995, da NR 18 - N o r m a

Sindicato da Indústria da Construção Civil do lo tado dc S i o Paulo. Talvez a t í a Fcl ic idadc. Matéria dc F.dmilson Conceição pubticaila na Revista "Qualidade na Construção" n° 15. pp fi-IS. São Paulo. 1999.

Page 117: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• Queda de trabalhador

Queda de material sobre trabalhador

r—1 Acidente c/ instrumentos 1—1 cortantes ou perfurantes

I—| Choque com material 1—1 ou equipamentos

I—| Queda em altura 1—'do trabalhador

• Outros

0 Figura 44

Causas de acidentes no trabalho na construção civil brasileira.

Rcgu lamen tado ra d o Minis té r io d o T r a b a l h o que trata e spec i f i camen te da c o n s t r u ç ã o

civil. Relativamente à normalização anterior, dentre várias alterações, esta norma prevê6 7 :

• necess idade de e laboração de p r o j e t o especí f ico de segurança no trabalho, ela-

borado por profissional competente , incluindo memorial descritivo, especificações

técnicas , layout d o c a n t e i r o e p r o g r a m a dc t r e i n a m e n t o re la t ivo à segurança

(mínimo de 6 horas na admissão e no início de qualquer obra) , para obras que

contem com número igual ou superior a 19 empregados (PCMAT - Programa de

Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Const rução) ;

• fica vedada a implantação de alojamentos cm subsolos e proibida a utilização dc

" t re l iches" ; a no rma estabelece condições para as d imensões mínimas dos cô-

modos do alojamento, pé direito (mínimo de 2,50m) e ventilação mínima, intro-

d u ç ã o de r e f e i tó r io , san i tá r ios , chuve i ros , lavander ia e "á reas de lazer e dc

vivência", prescrições técnicas para as camas, colchões c armários , proteção das

instalações elétricas d o s a lo jamentos etc;

Ft'NDACIiNTR<) - Fundação Jorge Duprat Figueiredo <tc Segurança e Medicina «tu Trabalho. Prevenção de Acidentes na Indústria da Construção. Favcfculos 1 e 2. São Paulo. 1998.

Page 118: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

permi t ido o t ranspor te de t rabalhadores na carroceria dc caminhão, desde que

provida tle cobertura (pé direito mínimo de 2,1 Om); os bancos deverão ser reves-

tidos com espuma, providos de cintos de segurança de três pontos, com barras de

apoio para as mãos; ferramentas c equipamentos só poderão ser transportados em

compar t imcntos independentes daquele que aloja os trabalhadores;

nos edifícios de andares, devem ser instaladas p la taformas de proteção (bande-

jas), com 2,50m de largura, instaladas no mínimo a cada três pavimentes; entre

as plataformas, obrigatória a instalação dc telas de proteção até a conclusão das

vedações externas ;

nos edifícios com mais de sete pavimentos, obrigatória a instalação de elevador

de obras, com freio de segurança e sistema automático que impeça o desloca-

mento do elevador q u a n d o a cancela, cm cada andar, estiver aber ta ou ainda

quando a segunda trava, na cabina, não estiver acionada; proibida a utilização

do elevador de obras para o t ransporte de pessoas; rampas de acesso ao eleva-

dor deverão ser providas dc guarda-corpo e rodapé, sendo cada rampa fixada

simultaneamente na estrutura do edifício c na torre do elevador;

cadeiras suspensas ("cadei r inhas") devem ser sus ten tadas p o r cabos de aço,

dispondo de trava dupla de segurança; o operário deverá trabalhar com cinto de

segurança tipo trava-quedas, f ixado em cabo independente daquele que susten-

ta a cadeira suspensa;

escadas provisórias para circulação dos trabalhadores deverão ser dimensionada

em função do f luxo previs to , sendo a largura mínima igual a 0 ,80m; escadas

verticais tipo "marinheiro" deverão ter guarda-corpo, desde 2m a partir da base

até lm acima do topo da escada;

deverão contar com fitas de sinalização e guarda-corpos (altura de l ,20m) os

limites dos andares, dos poços de elevadores ou de escadas, assim como qual-

quer ou t ro local que possa favorecer a queda em altura dos trabalhadores;

Page 119: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• nas escavações, o material escavado deverá ser depos i t ado no mínimo a uma

distância c o r r e s p o n d e n t e a Vi vez a p r o f u n d i d a d e previs ta para a escavação,

distância medida a partir da borda da vala; escavações de tubulões com alarga-

mento da base, com p ro fund idade super ior a 3m, deverão contar com prévio

es tudo do solo;

• instalações elétricas provisórias só poderão ser executadas e mantidas por profis-

sionais habi l i tados; em todos os ramais da instalação deverão ser instalados

dis juntores ou chaves magnéticas; carcaças dos equ ipamentos elétricos devem

ser aterradas; máquinas ou equipamentos elétricos só podem ser ligados através

de conjunto plugue / tomada; fios e cabos estendidos nos pisos deverão receber

proteção mecânica para a circulação de "giricas" ou carrinhos de mão;

• EPI (equipamentos de proteção individual): além daqueles anter iormente previs-

to pela legislação, devem ser ado tados cintos de segurança t ipo pára-quedista

(alças passando sob o cóccix do operário);

• acidentes: deverão ser comunicados imediatamente à respectiva Secretaria Esta-

dual do Trabalho pelo responsável técnico da obra, que também deverá prepa-

rar relatórios mensal e anualmente sobre os acidentes ocorridos.

C o n f o r m e Francisco Borges Dias 6 8 , diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria

da Construção Civil dc São Paulo, as disposições impostas pela NR 18 têm sido adotadas

"a passos de tartaruga". O principal mot ivo para isso é o custo incorr ido com bandejas,

elevadores e out ros dispositivos, que, segundo representantes das empresas construto-

ras, pode variar de 1 a 4% do orçamento total da obra. Segundo losh imoto 6 9 , no Japão

por exemplo a legislação trabalhista é rigorosíssima; além disso, as construtoras adotam

voluntar iamente as chamadas "patrulhas de segurança", comissão constituída per técni-

Tcchnc - Revista dc Tecnologia da Construção n° 35. Segurança d o Trabalho - N R o que? Reportagem de llric ( loz/a, pp 18 23. leitora Pini. São Paulo. 1998. IOSII1MOTO, II. Entrevista concedida a Tccline - Revista de Tecnologia d» Construção n° 38. pp 16-18. Hditora Pini. S i o Paulo. 1991

Page 120: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

cos da empresa ou por cia indicados, que visitam as obras sem prévio aviso com o intuito

de levantar situações de risco e aconselhar medidas preventivas.

Para a s i tuação brasileira, S a m p a i o " , um especialista na área, sugere a adoção de um

processo de prevenção dc acidentes, designado pelos nor te-americanos como FMEA —

Failure Mode and Effec ts Analysis (ou, "modalidades de falhas e análise dos seus efei-

tos"). O método consiste basicamente em estabelecer três categorizações, considerando

a gravidade (1S =índicc de severidade), probabi l idade de ocorrência ( IO = índice de

ocorrência) e possibilidade de previsão ou detecção das falhas (ID = índice dc detecção),

associando-se pontuação de 1 a 10 para cada situação.

Para cada atividade perigosa ou situação de risco, a multiplicação dos três índices ante-

riores resultará no índ ice Potencial dc Risco (IPR = IS x IO x ID) que, segundo Sampaio,

não deverá em nenhuma hipótese ser superior a 100. A prévia montagem de quadros de

análise de riscos (por exemplo, "escavação de tubulões" , "ser rar ia" , " reves t imento de

f achadas" etc) obrigará os responsáveis pela obra a ref le t i rem sobre todos os r iscos

potenciais, t o m a n d o dc an temão as cautelas necessárias. Na Tabela 14 aprescn:a-sc de-

forma resumida os parâmetros do método.

Por exemplo, considerando a possibilidade do surgimento de gases durante a escavação

dc tubulões, poderia ser montado o quadro abaixo, que teria de levar a empresa a tomar

as medidas cautelares necessárias.

SEVERIDADE DA

SITUAÇÃO

IS PROBABILIDADE

DE OCORRÊNCIA

IO POSSIBILIDADE

DE DETECÇÃO

ID IPR

MUITO ALTA BAIXA MUITO BAIXA

Risco grave e iminente. 10 Acidentes e doenças 3 Controles atuais dificilmente 9 270

podendo ocasionar morte de vez em quando detectarão a falha

" SAMPAIO, y. C. A. FMEA - U m Jeito de Prevenir paru não Ter dc Remediar. Artigo publicado na revista "Qualidade ria Construção" n° 13, pp 30-31. Sindicato da Indústria da Construção Civil do listado dc São Paulo. S i o Paulo. 1999.

Page 121: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 1 4 : Parâmetros para determinação do índice Potencial de Risco7 0

SEVERIDADE DA IS PROBABILIDADE IO POSSIBILIDADE ID IPR

SITUAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE DETECÇÃO

MUITO ALTA MUITO ALTA INDETECTÁVEL

Risco grave e iminente, 10 Acidente ou doença 10 Controles atuais não 10

podendo ocasionar morte 9 ocupacional quase

inevitável

9 detectarão a falha

ALTA ALTA MUITO BAIXA

Risco de incapacidade 8 Acidentes e doenças 8 Controles atuais

permanente ou doença 7 similares muito freqüentes 7 dificilmente detectarão 9

grave a falha

MODERADA MODERADA BAIXA

Possibilidade de 6 Acidentes e doenças 6 Controles atuais têm 8

afastamento do trabalhador 5 similares apresentam-se 5 poucas chances 7

por período superior 4 ocasionalmente 4 dc detectar a falha

a 15 dias

BAIXA BAIXA MODERADA

Possibilidade dc 3 Acidentes c doenças 3 Controles atuais 6

afastamento inferior 2 do vez em quando poderão detectar a falha 5

a 15 dias

MENOR MUITO BAIXA ALTA

Pequena possibilidade Pequena possibilidade Controles atuais

de efeito no desempenho 1 de ocorrência de 2 têm grandes chances 4

e na saúde do trabalhador acidentes e doenças

ocupacionais

de detectar a falha 3

IMPROVÁVEL MUITO ALTA

Acidentes ou doenças Controles atuais 2

com remotíssima 1 certamente 1

probabilidade detectarão a falha

Page 122: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Atrás de t o d o a p a r a t o c r i a d o p e l o h o m e m , seja o t e c l a d o de um c o m p u t a d o r , o

manche de um "Boe ing 727" ou o volante de uma be tone i ra , haverá sempre um ser

h u m a n o ; c o m asp i r ações , s o n h o s e necess idades . N e n h u m p r o g r a m a da qua l idade

p o d e r á s o b r e v i v e r se as p e s s o a s que o i n t e g r a m n ã o e s t ive rem m i n i m a m e n t e

esc larec idas e mot ivadas .

A busca da sobrevivência pelo h o m e m , e do a t end imen to de suas necessidades mais

legítimas dc motivação c auto-rcalização, é bem retratada pela Teoria dc Maslow, citado

por Peixoto12. O sociólogo identifica cinco diferentes situações relativas à capacidade de

motivação dos indivíduos, resumidas a seguir:

n e c e s s i d a d e s f i s io lógicas : na base das necessidades humanas, encontram-se as necessi-

dades mais elementares de comer, dormir , viver com dignidade. "Estas necessidades são

limitantes naturais e só podem ser desconsideradas num prazo muito curto de tempo. Na

normalidade, é muito difícil manter o grau de c o m p r o m e t i m e n t o dos funcionários se

eles não tiverem uma remuneração justa pelo t raba lho" . Aí reside a primeira g r ande

diferença entre o trabalhador brasileiro e o trabalhador japonês ou norte-americano: 150

a 350 dólares, contra 2.500 a 3.000 de remuneração média mensal;

n e c e s s i d a d e s d c s e g u r a n ç a : atendidas as necessidades do dia-a-dia, o homem começa

a pensar no fu turo . Que segurança terá no amanhã , haverá comida e moradia, possi-

bilidade de educar os filhos? Explica que " n o cur to prazo a insegurança pode ser até

inccntivadora da criatividade: no longo prazo, engessa o processo, t o r n a n d o o traba-

lhador um refém na luta para salvaguardar o emprego". Peixoto comenta que a situação

é pior no Brasil, país que vive ao sabor dos pacotes econômicos , da vertiginosa onda

da " t e rce i r i zação" e de áreas de RH que vivem de cumpr i r " o r d e n s supe r io re s " ou

" rees t ru turação da empresa" ;

Page 123: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

n e c e s s i d a d e s sociais: as pessoas passam grande parte de sua vida no trabalho, o que faz

da empresa o ambiente mais importante para atendimento das necessidades de socializa-

ção do indivíduo. Há por tan to a necessidade de um ambiente harmônico, participativo,

sol idár io; onde os níveis gerenciais incent ivem o desenvo lv imen to das pessoas , não

tolhendo ao contrár ios suas aspirações e seu desejo de crescer;

n e c e s s i d a d e s d e a u t o - e s t i m a : o ser humano vive à busca do reconhecimento do seu

valor, seja como pessoa, como pai ou como profissional. O s reforços negativos tendem

a desenvolver nas pessoas sent imentos de incapacidade, complexos de inferioridade. E

totalmente falsa a acertiva de que "fazer bem feito, é obrigação, não justificando portanto

a necessidade de elogios ou prêmios" . Todos necess i tamos de reconhec imento ;

necess idades de auto-rcal ização: atendidas as necessidades anteriores, o homem começa a

realizar seu trabalho com orgulho, fazendo bem feito porque ele quer, não porque o chefe

determinou ou o "slogan" exortou. "Atingir o estágio de auto-realização pressupõe estabelecer

uma relação dc causa c efeito entre a riqueza dos objetivos organizacionais e a dos objetivos

pessoais". A motivação do funcionário depende da motivação do gerente, que por sua vez

depende do incentivo do Diretor, que por sua vez precisa do . . .

O processo dc estímulo às necessidades dc auto-realização é, na verdade, um processo

de t ransformação cultural ao qual todos devem estar compromet idos .

O s princípios da Teoria de Maslow são tratados de forma análoga por diversos sociólo-

gos e antropólogos, incluindo Herzbcrg que estabeleceu uma matriz listando as necessi-

dades dos indivíduos na busca da satisfação profissional (Figura 45).

Relat ivamente à apropr iação do conhec imento , do "know how" , existe uma diferença

mui to impor tan te ent re a indústr ia da c o n s t r u ç ã o c a indústr ia seriada: nesta últ ima,

Page 124: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

(1) incluindo plono d c coffjo« o tolórios (2) incluindo higiene e segurança (3) uni*oim«í», olojomenlo*. iecicloQefn

picfiftlonol. mtrrfõncio médico, d c .

Q Figura 45

Matriz de Herzberg adaptada, para aquilatar a satisfação profissional.

o conhec imento dos processos industriais foi t ransfer ido dos operár ios para a fábrica;

assim sendo , a indústr ia c que de tém o c o n h e c i m e n t o d o s p rocessos , das máquinas ,

dos mater iais .

C a r d o s o 1 afirma que, "mesmo com a transferência / eliminação / simplificação de cer-

tas tarefas, a cons t rução acaba sempre por depender das especializações e dos ofícios:

requer-se p o r t a n t o melhor qual i f icação d o t raba lhador" . N o Brasil, não se conseguiu

garantir a reprodução dos conhec imentos profiss ionais , que têm se perdido de forma

dramática nesses últimos anos. A desqualificação da mão-de-obra aumentou tanto, que

esta não pode mais arcar com a responsabilidade de definir a técnica construtiva, mesmo

1 CARDOSO, l;. Novo» Enfoque» «obre a Gestão da Produção - C o m o Melhorar o D e s e m p e n h o da» Empresa» dc Construção Civil. In "Avanços em Tecnologia c ( .estão da Produção dc Edificações - ENTAC 93". Anais, pp 55'-569. ANTAC - Associação Nacional dc Tecnologia do Ambiente Construído. São Paulo, 1993. PK:III. K A. Entrevista concedida a Tcchnc - Revista dc Tecnologia da Construção n° 3. pp 09-10. Editora Pini, S i o Paulo. 1993.

Page 125: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

para as ta refas " t rad ic iona i s" . Por o u t r o lado, Pichi ~ admite que "se dependêssemos do

capo mestre italiano para atingir um padrão de qualidade, nunca chegaríamos lá, porque

ele não existe mais, nem na Itália".

Visando substancialmente a redução de custos, Farah73 identifica quatro estratégias adotadas

pelas empresas de construção na década de 80, incidindo diretamente sobre a o processo

de trabalho:

a) adoção de novos e l emen tos cons t ru t ivos , de s is temas abe r to s que permit i r iam a

compatibil ização dos sistemas estruturais com um elenco de soluções diferenciadas

para os demais e lementos da edificação; os novos sistemas eram orientados para a

simplificação da execução, envolvendo ora a fusão ou eliminação de atividades, ora

a transferência de operações para centrais de produção, tentando concentrar no can-

teiro mais as operações de montagem;

b) transferência dc uma fração do processo construtivo para o setor produtor de mate-

riais, com o desenvolvimento inclusive dc novos produtos ; neste processo ocorreu

uma redução do p rocesso produt ivo , pela t r a n s f o r m a ç ã o de at ividades singulares,

definidas para cada caso (cada obra, cada projeto) em atividades repetitivas e padro-

nizadas;

c) in tens i f icação da prát ica de subcon t ra t ação : nesse p o n t o , Farah observa que "os

subempreiteiros de mão-de-obra (gatos) caracterizam-se por um padrão selvagem de

absorção da Jorça de trabalho, em que a redução de custos se dá através da burla à

legislação trabalhista e da manutenção de péssimas condições de trabalho"-,

d) busca-se o aumento da produtividade, procurando-se reduzir erros e minimizar per-

das e tempos ociosos.

I:ARAII, M. R S. Estratégias Empresarial* c Mudanças no Processo dc Trabalho 11a Construção Habitacional no Brasil. In "Avanços cm Tecnologia c Gestão da Produção dc Ratificações - ENTAC 93". Anais. pp 581-590. Associação Nacional dc Tecnologia do Ambiente Construído. S i o Paulo. 1993.

Page 126: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Nas estratégias mencionadas, a professora Marta Farah observa pelo menos duas graves

contradições: a) as transferências e subcontratações colaboraram para a perda do saber

pelo t rabalhador , sem que este fosse ap ropr i ado pelas empresas ; "dai poder-se concluir

que não ocorre apenas uma crise de competência operária mas também de uma crise de

competência do próprio setor"; b) os n o v o s s is temas ou p r o d u t o s implicam em " n o v o

saber" , que por sua vez não foram inco rporados nem pelos t rabalhadores nem pelos

industriais.

Portanto, pelo diagnóstico traçado pelos diferentes especialistas, plenamente endossados

por este autor , qualquer p r o g r a m a de p rodu t iv idade e qual idade na cons t rução civil

brasileira deve atacar de frente, antes que mais nada, três problemas vitais: relação capi-

tal / trabalho, profissionalização da mão-de-obra c segurança no trabalho.

Page 127: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

QUALIDADE NO PROJETO E NA EXECUÇÃO DE EDIFÍCIOS ?

A qualidade final da obra, recém-acabada ou ao longo da sua vida útil, dependerá mais

do que tudo da qualidade do projeto. Primeiramente há que se definir "projeto": conjun-

to de desenhos; cálculos; modelagens; memoriais justificativos da concepção, memoriais

de cons t rução; quant i f icações; fluxogramas de atividades; c ronogramas; especificações

de materiais, equipamentos e processos necessárias à perfeita const rução da obra e sua

manutenção preventiva ao longo da vida útil que lhe foi prevista.

N o Brasil, muitos profissionais e empreendedores ainda entendem o pro je to como um

con jun to dc pranchas. Mesmo assim, não é raro que algumas pranchas sejam ricas em

falta dc detalhamento; cm símbolos, legendas e abreviações que às vezes só o projetista

entende; em omissões quanto às características dos materiais ou especificação de mate-

riais similares (quando o certo seria "materiais com tais características de desempenho").

A falta dc qualidade dos projetos c induzida, acima dc tudo, pela baixíssima remuneração

dos projetistas: paga-se pelo tamanho ou quantidade dc pranchas, não sc prevê recursos

para reuniões de coordenação dos projetos, nem se cogita em remunerar visitas dos proje-

tistas à obra. Daí, a falta de retroalimentação observada em muitos profissionais relativa-

mente a aspectos dc construtibilidade, real desempenho das soluções proposta etc.

P ro je tos c pro je t i s tas às vezes são " le i loados" por e m p r e e n d e d o r e s c c o n s t r u t o r e s

inescrupolosos: serviços chegam a ser t rocados pelo valor monetár io correspondente à

parcela da economia conseguida com redução do c o n s u m o de aço, redução da altura

das lajes, redução do número de estacas. Obviamente que nenhum construtor ou proje-

tista conf i rmará essa versão, decantada todavia nos corredores da engenharia.

Page 128: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O s edifícios tornam-se cada vez mais complexos: paisagismo, decoração, ar condiciona-

do, torres de refrigeração, elevadores, escadas ou esteiras rolantes, água, incêndio, tele-

fone, in ter fones , TV a cabo, circuito interno de TV, por tões automát icos , iluminação,

calcfação, gás combustível e outros tipos dc gases (hospitais), rede dc informática, fibra

ópt ica , antenas , impermeabi l izações , salas l impas, s is temas de ident i f icação, piscinas,

saunas, ginástica, churrasqueiras , zeladoria, berçário, salão de festas, recepção, shaf ts ,

plenuns, centrais de gás, escadas pressurizadas, chaminés, rampas e acessos para defici-

entes físicos, dctectorcs dc fumaça, sprinklcrs, luminárias, t r i turadorcs dc lixo, centrais

de medição etc.

Exigências dos códigos de construção, municipalidades, Corpo de Bombeiros, órgãos de

defesa ambiental, concessionárias dc serviços públicos c outros são cada vez mais severas.

As novas concepções de projeto devem cada vez mais considerar a introdução dc shafts,

pisos suspensos e plenuns para alojamento dos sistemas prediais; instalações "visitáveis",

para facil idade da manu tenção ; s is temas aber tos , poss ib i l i tando mudanças de layout;

custos de operação c economia dc energia nos edifícios; reciclagem de materiais c entu-

lho; desenvolvimento sustentável; melhor modulação / aprovei tamento de materiais (bi-

tolas, c o m p r i m e n t o s , áreas); facil idade de f o r n e c i m e n t o e repos ição de peças. Nes te

último aspecto, por exemplo, ao especificar tintas com cores especiais para pintura inici-

al da obra, o projetista deve-se perguntar sobre a facilidade ou dificuldade de encontrar-

se a cor original quando houver necessidade de reparos ou repinturas.

O projetista, na sua área específica, deve adquirir conhecimentos gerais sobre patologias,

f enômenos degressivos e durabilidade dos materiais; além disso, deve ter noções gerais

de construtibilidade, interações entre as partes da construção, funcionamento e qualida-

de global da obra . Tais requisitos exigem, dent re outras coisas, cont inuada reciclagem

técnica c persistente acompanhamento das obras.

Page 129: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m a atual invasão de c o m p u t a d o r e s e s o f t w a r e s nos p r o c e s s o s de p r o j e t o , vai

f i c a n d o cada vez mais ní t ida a impor t ânc i a da exper i ênc ia d o p ro je t i s t a : uma das

m a i o r e s a u t o r i d a d e s no p r o j e t o de e s t r u t u r a s de c o n c r e t o a r m a d o e p r o t e n d i d o ,

Vasconcc l lo s 7 4 certa vez af i rmou que " à s vetçes ficamos discutindo e/n detalhes a

bitola e posicionamento da armadura, se o cobrimento é adequado e qual o efetivo

grau de engastamento da viga, quando na realidade deveríamos estar questionando

se a viga era necessária".

Os proje tos devem compreender in formações completas, precisas e detalhadas sobre a

obra que está se pretendendo materializar; em resumo, devem definir o quê vai ser feito,

como vai ser feito, com que materiais, e em que época. Referindo-se a projetos específi-

cos das indústrias seriadas, Juran4 4 menciona que estes devam conter:

- memoriais descritivos do processo;

- fluxograma do processo;

- balanço de massa e energia do processo;

- diagramas dc controle do processo;

- diagramas lógicos;

- listagem / folhas de dados dos equipamentos principais;

- especificação dos materiais;

- plantas de arranjo geral;

- manuais de operação.

Melhado 7 5 apresenta extensa relação dos documentos que devem integrar os projetos de

cons t rução , em cada uma de suas modal idades; s intet icamente, pode-se dizer que tais

projetos devem ser consti tuídos por:

'' VASCONCF.IJ.OS, A. C. Ci tação pessoal . Curso Planejamento c Tecnologia <la Habitação. Instituto tle Pesquisas Tecnológicas. São Paulo, 1996. MELHAIX). S. II Qualidade do Projeto na Construção de Edif íc ios: Aplicação ao Caso da* Empresas de Incorporação e Construção. Tese

apresentada â Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (doutorado). Sãc» Paulo, 1994.

Page 130: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• a spec tos essenciais dos p lanos de obra : p rog rama de necess idades , recursos

disponíveis, níveis de acabamento , condições de vizinhança, exigências legais,

prazo de construção, processos construt ivos, es tudos de viabilidade;

• es tudos de concepção / justificativas técnicas das soluções: normalização téc-

nica, e s tudos de vo lumet r ia ou de massa , mode lagens , s imulações , aspectos

func iona i s , p a r t i d o a r q u i t e t ô n i c o e e s t ru tu ra l , ins ta lações especiais ; p r é -

o r ç a m e n t a ç ã o ;

• l evan tamentos : t opogra f i a , geo tccn ia , geologia , clima, ven tos , insolação,

pluviosidade; proximidade de aeropor tos , ferrovias, indústrias; eventuais carac-

terísticas de agressividade do meio;

• análises de riscos, ante-proje tos;

• p ro j e to s execut ivos: memór ias de cálculo, memoria is dc cons t rução , plantas,

cortes, detalhes construtivos e outros elementos gráficos; interferências com ou-

tros projetos; definição dos processos; especificação / quantif icação de materi-

ais; fornec imento de dados necessários ao proje to da produção;

• projetos da produção: especificação dos processos; especificação e quantificação

de equ ipamentos e ou t ros insumos; d imens ionamen to de equipes; manuais de

montagem e cons t rução; f luxogramas de at ividades, encadeamen to de etapas;

procedimentos executivos, controle da produção, controle da qualidade tios ser-

viços;

• manuais de uso, operação e manutenção do edifício.

Ferreira, citado por Mclhado, traça para a construção civil um paralelo com o conceito de

engenharia simultânea, adotado na engenharia automobilística, onde o "proje to do pro-

d u t o " e o "p ro je to do p rocesso" é desenvolvido s imultaneamente. A retroal imentação

entre esses projetos, e a troca de informações e experiências entre projetistas e engenhei-

ros de produção, propiciaria cer tamente proje tos de melhor qualidade.

Page 131: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

M e l h a d o 6 comenta que " o proje to deve ter seu desenvolvimento conduzido para agre-

gar o máximo de eficiência tecnológica e racionalização construt iva, a tendendo aos re-

quisitos de desempenho e funcionalidade da edificação"; af i rma ainda que, no caso de

ques tões demas iadamente complexas , projet is tas e e m p r e e n d e d o r cm con jun to devem

selecionar consultores especializados para participarem das soluções do proje to em áre-

as específicas.

Para que se atinja satisfatória qualidade do proje to , Pichi58 considera essenciais os se-

guintes requisitos:

a) qualificação e experiência dos profissionais projetistas;

b) coordenação e análise crítica dos projetos;

c) elaboração de proje tos de produção;

d) controle da qualidade dos projetos;

e) controle das modificações nos projetos durante a produção;

f) elaboração de projetos com auxílio de recursos computacionais;

g) cons ide ração nos p ro j e to s de requis i tos dc d e s e m p e n h o , pa r t i cu la rmen te

referenciados às condições de exposição e à durabilidade da obra.

Pode-se a f i rmar que a "ar te de pro je ta r" alicerça-se em cinco requisitos fundamentais ,

que devem reger o desenvolvimento de qualquer proje to:

— proje tar a par te , t endo conhec imen to geral dos requisi tos de desempenho da

obra c o m o um todo (segurança, durabi l idade , c o n f o r t o te rmoacús t ico ,

es tanqueidade etc);

- conhecer as patologias mais freqüentes do obje to em estudo, procurando evitá-

las ao nível dos detalhes construtivos e das especificações;

MEUIADO.S H.VIOI_ANI, NI A l: A Qualidade na Construção Civil e o Projeto de Edifício» Escola Politécnica «Ia Universidade de São Paulo. Boletim Técnico 1T/1CC/M2. São Paulo. 1992.

Page 132: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- conhecer as principais interferências com outros projetos, procurando equacioná-

las em cada projeto específico;

- p ro je ta r com vistas à maior rac ional idade do p rocesso cons t ru t ivo /

constru ti bi lidado;

- projetar com vistas à maximização da relação custo / benefício, o que envolve

certamente a vida útil e os custos de operação e manutenção da obra.

A agência francesa Q U A L I F O R M " ("clube da qualidade" reunindo construtores, projetistas,

fabricantes de materiais, companhias seguradoras), com base em levantamentos executados

por companhias seguradoras francesas na década de 80, aponta como fontes das patologias

as seguintes estatísticas: falhas decorrentes dos projetos: 42%; dos processos de construção:

24%; dos materiais: 17%; do uso indevido das obras: 10%; de outras causas (acidentes, erosão

etc): 7%. Tal pesquisa, que confirma resultados de tantas outras, aponta o projeto como maior

responsável pelas patologias das construções; bem entendido que a concepção de "projeto"

para os franceses é bem mais ampla do que a nossa, e que as "falhas de projeto" compreen-

dem operações dc construção que foram mal executadas por falta dc detalhamento, omis-

sões ou equívocos dos projetos relativos aos materiais e ás técnicas construtivas.

Falou-se anter iormente que a qualidade da cons t rução depende essencialmente da qua-

lidade dos projetos; afirma-se agora que da qualidade do projeto dc arquitetura, intima-

mente relacionada com o estudo das relações entre os elementos da obra e com o nível

do deta lhamento, depende a qualidade de todos os demais projetos. De fato, o proje to

dc arquitetura c que estabelecerá as grandes definições da construção: partido estrutural,

magni tude dos vãos, detalhes especiais de armação; t ipo de fundação , necessidade de

escavações e contenções; arranjo dos sistemas prediais (shafts, plenuns); potenciais pato-

logias da construção: plantas muito irregulares, componentes estruturais muito esbeltos,

" QHAUI:ORM. Gérer U Quali té sur 1c Chantlcr: IntroductJon à u n e Réf le r ion lUris. julho ik- 1987.

Page 133: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

balanços consideráveis, escor r imento de grandes fluxos de água de chuva pelas facha-

das, localização de jardins nas proximidades das fundações , especificação de alvenarias

com juntas aprumadas , conta to de metais com potenciais e le t roquímicos significativa-

mente d i fe rentes , c o m p o s i ç ã o dc fachadas com materiais com propr i edades térmicas

muito diferenciadas etc.

LI consenso atualmente a necessidade da análise crítica dos projetos, tarefa bastante difícil

para qualquer modalidade de projeto. N o que sc refere à arquitetura, a dificuldade c ainda

muito maior: afinal, não se estará tratando apenas dc custos, materiais, técnicas e processos

construtivos, mas especialmente de idéias, simbolismo, sensibilidade e criação.

Como decorrência, não existe a possibilidade de formular-se a "lista universal dc verifica-

ção do p ro j e to de arqui te tura" . Alguns organismos, c o m o a agência Q U A L I T E L s do

estado francês, propõem a análise de projetos de arquitetura com base em dados concre-

tos relativos à isolaçào acústica (ruídos internos e externos), confor to térmico, acessibili-

dade, previsão de custos dc operação (aquecimento, ar condicionado), previsão de cus-

tos de manutenção de fachadas e cober turas , e facil idade da disposição dos sistemas

prediais. As análises, baseadas em modelagem, s imulações e até ensaios, conduzem à

atribuição de notas variando de 1 a 5 para cada quesi to examinado, adotando-se como

critério de aprovação nota maior ou igual a três em cada quesito.

As interações do proje to de arquitetura ocorrem prat icamente com todas as soluções e

detalhes dc qualquer outro projeto; o desenvolvimento simultâneo dos diferentes projetos

necessários a uma construção é estratégia muito eficiente, como será tratado no Capítulo

IV. A troca simultânea de conhec imentos e experiências entre os diferentes projetistas

tende a culminar sempre na melhor solução estética, funcional, técnica e econômica.

Associam m Ql A m iil. Guidc Qualiicl 93 lUris. 199.*.

Page 134: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o n s i d e r a n d o o t i m i z a d o o p r o j e t o dc» a r q u i t e t u r a , s o b esses d i f e r e n t e s e n f o q u e s ,

e s t a b e l e c e m - s e a seguir c o n s i d e r a ç õ e s s o b r e o p r o j e t o e execução d o s p r inc ipa i s

e l emen tos da cons t rução ( fundações , e s t ru tu ra , alvenarias etc) , bem c o m o aos con-

t ro les mais i m p o r t a n t e s que r e d u n d a r ã o na o t i m i z a ç ã o da qua l idade das obras dc

ed i f í c io s .

3.1 0 Qualidade no projeto e na execução de fundações

O bom projeto dc fundações passa necessariamente por um bom plano dc investigações

geotécnicas. Bernardi '' recomenda obter o parecer prévio de um consultor de fundações

com experiência na região onde se localiza o terreno, visando obter indicações prévias

sobre as características geológicas d o subsolo; a part ir do p ro j e to de implantação do

empreendimento, o consultor indicará o tipo de sondagem a ser realizada, a localização

dos pontos de sondagem no terreno e a expectativa da p rofund idade que eles deverão

atingir, além das prescrições das situações cm que devam ocorrer a parada ou prossegui-

mento das mesmas.

De forma geral, podem ser estabelecidas as seguintes recomendações para as investiga-

ções geotécnicas:

• não economizar no número c p r o f u n d i d a d e das sondagens; os custos gerados

são infinitamente menores comparados com o custo da obra e a responsabilida-

de envolvida;

• em terrenos com ocorrência de pedregulho ou f ragmentos de rocha, substituir

sondagem a trado por sondagem rotativa;

• adotar mesmo RN dos pro je tos , prover coordenadas e cota de cada pon to de

sondagem, não localizar RN em locais sujei to a cor tes ou a te r ros , em locais

sujeito ao acesso de veículos (meio-fio, calçada);

"' BERNARDI. M Fundações: Roteiro de Atividades e Providencias nas Fases de Projeto, Planejamento e Execuç io de Fundações Scrgu? CoiiMrações ] 0 0 c Comercio. Sào Paulo, 1998.

Page 135: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• sempre prever a execução de ensaios SPT com torque (SPT-T), forma eficiente

para detecção de pedregulhos ou matacões no solo, auxiliando também o proje-

tista no es tabelec imento dos parâmet ros de resistência e deformabi l idade das

camadas dc solo;

• no caso de dúvidas sobre ho r i zon te de camadas ou na tureza d o solo (solos

colapsíveis pr incipalmente) , nível do lençol ou intensidade da pressão neutra ,

recorrer a ensaios complementa res (in situ ou em laboratório): granulometr ia ,

ensaios triaxiais, Cone Pcnetrat ion Tcst - CPT, piczocone, ensaios dc palheta,

di la tômetro;

• observar durante as sondagens as condições de manutenção dos equipamentos

e a forma de operação do ensaio.

A Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia - ÀBEF8 0 ,

estabelece diversas recomendações para execução e controle dos serviços de sondagens,

chamando atenção para o emprego de hastes deformadas, falhas nas ligações entre hastes,

torquímetros com capacidade inadequada c outros. Adverte ainda que "empresas ou funci-

onários inescrupulosos, para acelerarem os serviços, muitas vezes utilizam circulação de

água em camadas acima do lençol freático, o que deve ser rigorosamente coibido".

Bernine1 ' salienta que o operador de sondagens deve ser profissional muito experiente,

de forma a evitarem-se imprecisões na estratigrafia das camadas (até com a eventual falta

de de tecção de camadas de a ter ro) e classif icações e r radas do solo, pa r t i cu la rmente

quando os materiais sc situam nas fronteiras granulométricas (por exemplo, argila siltosa

ao invés de silte argiloso). Realça que o termo "impenetrável", relativamente comum nas

sondagens a t r ado ou à percussão , algumas vezes pode represen ta r s implesmente a

presença de matacões, pedregulho ou concreções de óxido de ferro (limonita) no solo.

" AlJlil- - Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações c Geotecnia. Manual dc Especificações d c Produtos c Procedimentos. Editora Hexagranu Sào Paulo. I9XK.

Page 136: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Alem dos levantamentos geotécnieos habituais, há certas condições de obras que exigirão

análises químicas do solo e da água: presença tle sulfatos ou outras substâncias agressivas

poderão repercutir por exemplo na necessidade de proteção superficial dos elementos de

fundação em aço ou concreto armado. Assim, sempre que se for executar fundação cm

solo turfoso, solo com camadas de aterro sanitário, locais onde anteriormente havia fábri-

cas de cerveja, laticínios, curtumes e assemelhados, essas análises são importantes.

Os estudos geotécnieos também deverão indicar a posição do nível do lençol freático (que

poderá apresentar grandes oscilações entre per íodos de chuva e per íodos de estiagem),

ocorrência dc falta de homogeneidade do terreno de fundação c ocorrência dc camadas

profundas compressíveis, com a possibilidade de adensamento secundário de argilas mo-

les; nessa situação, para as fundações diretas a prática preconiza adotar propagação de

tensões com ângulo de 60° a partir da horizontal, recomendando-se que a pressão transmi-

tida à camada compressível não supere a metade da tensão admissível (Figura 46).

O n ú m e r o a d e q u a d o de sondagens , a correta p r o f u n d i d a d e e o d i s t anc iamen to má-

x imo e n t r e elas, t odas c o n d i ç õ e s aliás p rev i s t a s na n o r m a bras i le i ra N B R 8 0 3 6 s l ,

[] Figura 46

Transmissão de pressões à camada compressível profunda.

*' ABNT - Associação Brasileira de Norma> Técnicas. NBR 8036/79. Programa dc Sondagens d c Simples Reconhec imento dos Solos par» Fundações d c I 0 2 Edifícios Riu d c Janeiro. 1979.

Page 137: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

pe rmi t i r ão ao pro je t i s ta es tabe lecer uma pr imeira ap rox imação com as soluções de

f u n d a ç ã o plausíveis para a obra em es tudo . Em f u n ç ã o d o n ú m e r o SPT, a p róp r i a

n o r m a bras i le i ra N B R 6122 s 2 estabelece classificação para a compacidade das areias

( f o f a , p o u c o c o m p a c t a ) c para a c o n s i s t ê n c i a das argi las ( m u i t o m o l e , mole) ; a

par t i r da classif icação da natureza do solo e do grau de compac idade ou consis tên-

cia (areia fina compac t a , argila dura etc) a n o r m a ainda dá indicações das pressões

admiss íve i s nos d i f e r e n t e s t e r r enos .

Nyiama1* adverte que levantamentos de SPT às vezes apresentam dados confli tantes ou

inesperados; a confrontação dos resultados com sondagens vizinhas, ou mesmo com obras

vizinhas, pode elucidar algumas dúvidas. C o m o regra geral, a ser aplicada em eventuais

verificações da qualidade das sondagens, comenta que, cm termos aproximados:

- 22% do número total de golpes ocorre nos primeiros 15cm de penetração;

- 33% do número total de golpes ocorre nos 15cm subsequentes;

- 44% do número total de golpes ocorre nos últimos 15cm.

Quaresma" adverte para o perigo de se estimar resistência ou deformabilidade do solo a

partir de modelos imprópr ios e / ou a partir de levantamentos geotécnicos falseados,

insuficientes ou imprecisos. Assim sendo, recomenda:

• estimar resistência e deformabil idade do solo somente a partir de modelos esta-

belec idos para solos similares (mesma es t ru tu ra , mesmas cond ições de pré-

adensamento etc); nunca empregar em solos residuais correlações estabelecidas

para solos sedimentares;

• empregar apenas correlações obtidas a partir de equipamentos de ensaio similares

(amostradores SPT de mesma eficiência, cones mecânicos semelhantes); nunca

extrapolar correlações obtidas com cone mecânico para cone elétrico, e vice-versa.

"•' ABNT - Associação Brasileira dc Normas Técnicas NBR 6122/96. Projeto e Execuç io d c Fundações Rio dc Janeiro. 1996. | Q 3

Page 138: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Existem muitas indicações e modelos para estimativa da capacidade de carga de fundações:

a) provas dc carga; b) indicações empíricas (brocas, estacas Strauss); c) valores tabelados por

fornecedores, a partir de ensaios de prova de carga (estacas Franki, estacas metálicas, estacas

prc-fabricadas dc concreto); d) modelos matemáticos a partir do peso específico, ângulo de

atrito e coeficiente de atrito lateral do solo (tubulões, estacas escavadas); e) modelos matemá-

ticos para fundações diretas e estacas cravadas, a partir do número SPT ("standard penetraiion

test"), CPT ("cone penetration test") ou combinações de SPT e CPT.

A l o n s o s ' apresenta diversas formulações para estimativa da capacidade de carga de fun-

dações rasas, tubulões e estacas; Teixeira84 indica diferentes formas para estimativa das

tensões admissíveis dos solos / capacidade de carga de fundações rasas; Décourt8 5 suge-

re diferentes formulações para a capacidade dc carga de fundações profundas . No exce-

lente manual "Fundações: Teoria c Prática", especialistas dão indicações das capacidades

de cargas de d i ferentes sistemas de fundações , como por exemplo Maia86 (estacas tipo

Franki) , Falconi8 7 (estacas tipo Strauss, estacas escavadas com trado espiral), Antunes8 8

(estacas t ipo hélicc cont ínua) , Saes89 (estações e estacas barrete) e Alonso9" (estacas de

madeira, estacas de aço e estacas pré-moldadas de concreto) .

Para as fundações por estacas, principalmente quando se tratar de tecnologias relativa-

mente inovadoras, é sempre recomendável a execução de estaca-piloto ou estaca-prova,

sempre que possível com a monitoração de ensaio PDA ("Pile Driving Analyser"), forma

" AI.ONSO. I'. R. Exercícios dc Fundações Editora Edgarxl Blüchcr LtiU. São Paulo. 1983-"TFJXEIRA.A ll.;C>OlX)Y.N. S Análise. Projeto e Execução dc Fundações Rasas. In FundaçõesrTeoria e prát ica São PauIoABMS /ABEF/PINI. 1996.p.227

- 264. " DÉCOURT, L.:ALBIKRO.J II.; CINTRA. J. CA. Análise c Projeto dc Fundações Profundas . In: Fundações:Teoria c prática Sào Paulo: ABMS / ABEF/PINI.

1996. p. 265 - 328. MAIA.C M. M. Execução d e Fundações Profundas - Estacas H p o Franki. In: Fundações:Teoria c prática Sào Paulo: ABMS / ABEF / U M . 1996. p. 329 -336 FALCONI. F I : SOUZA FIUIO.J.; FÍCiARO. N. I». Execução dc Fundações Profundas - Estacas Escavadas seni Lama ik-ntonitica. In: Fundações:Teoria c prát ica Sào Paulo:ABMS/ABEF / P1NI. 1996. p. 336 - 311.

"•ANTUNES.W. R.ÍTAROZZO.H. Execução d c Fundações Profundas - EstacasTipo llelicc Continua In Fundações:Teoria e prát ica São Paulo ABMS/ABEF / PINI. 1996. p. 315 - 3 <K. SAES.J. L. Execução dc Fundações Profundas - Estacas Escavadas com Lama Bentonitica. In: Fundações:Teoria e prática. São Paulo: ABMS /ABEF / PINI. 1996. p. 348 - 360.

""AI.ONSO.U. R Execução tlc Fundações Profundas - Estacas Injetadas / Estacas Prr moldadas. |n: Fundaçõcs:Teoria c prát ica São Paulo:ABMS / ABEF / 1 0 4 , , ,NI- P- - 399.

Page 139: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

de se aquilatar com maior segurança a real capacidade de carga e os potenciais recalques;

G o l o m b e k " relata bons resultados em provas de carga realizadas em estacas escavadas,

adotando-se estacas-prova com apenas VA do diâmetro das estacas reais a serem escava-

das c corre lações adequadas.

Bernardi 9 sugere que, a par t i r dc uma primeira estimativa das cargas nas fundações ,

fornecida pelo projetista da estrutura, caberá ao consultor e / o u ao projetista das funda-

ções apresentarem sugestões técnicas para a solução das fundações do empreendimento,

com respectivas estimativas de custos. Soluções e estimativas de custo deverão ser exa-

minadas cm conjunto com o projetista da estrutura c com a empresa construtora, permi-

tindo-se a escolha definitiva do tipo (ou tipos) de fundação a ser empregado.

A escolha do tipo dc fundação é assunto que já foi quase que exaustivamente analisado

cm muitas publicações específicas; nela interferem, além das características dc resistên-

cia e deformabil idade do solo, nas suas diversas camadas, inúmeros outros fatores:

- características c estado dc conservação das obras vizinhas (cm qualquer circuns-

tância, antes do início dc escavações ou execução das fundações c conveniente

proceder-se o levantamento fotográfico do estado de obras vizinhas, identifican-

do-se recalques an te r iormente ocorr idos , fissuração dc paredes, integridade dc

redes de esgoto);

- características das fundações c subsolos das edificações vizinhas (cota dc apoio

das f u n d a ç õ e s v i z i n h a s , e v e n t u a l p r e s e n ç a d e g i g a n t e s , e v e n t u a l n e c e s s i d a d e d e

reforços nessas fundações, efeitos prováveis em decorrência do desconfinamento

do solo, eventual sobreposição de bulbos de pressão);

- nível do lençol freático, presença de camadas muito duras, presença de matacões

ou concreçòes; presença dc aterros, deposições de lixo;

"" COLO.MUEK.S. In A ar te que ÍÜO SC v&Téchne - Resista ile Tecnologia tii Construção \ 3, pp31-35. Reportagem d c llclotsa Medeiros. Editora 1'ini.São l"4ulo. 1993.

Page 140: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- disponibi l idade de espaço para execução dc paredes atirantadas, visando esca-

vação na hipótese de escolha de fundações diretas;

- nível de v i b r a ç ã o r e s u l t a n t e da e x e c u ç ã o da es taca (es tacas escavadas ou

estacas Atlas p r a t i c amen te não p r o v o c a m vibração; es tacas Franki tradicio-

nais induziam fo r t e s v ib rações d u r a n t e a cravação do t ubo ; recente desen -

vo lv imen to dessa moda l idade de estacas r e d u n d o u em drás t ica redução das

v i b r a ç õ e s ) ;

- ruído resultante da execução;

- necessidade de emendas (emendas são sempre pontos fracos, necessitando mão-

de-obra especializada);

- condições dc inspeção (estacas escavadas não permi tem inspeções diretas, ao

contrár io dos tubulões);

- condições de segurança (muitos acidentes têm acontecido na inspeção direta de

tubulões, com a ocorrência de gases letais - metano c / o u butano, gases inodoros);

- preço, p razo de execução e época de execução (nos pe r íodos de chuva há

possibilidade de acesso de água a sapatas escavadas, existe maior dificuldade de

escavações e trânsito de equipamentos pesados).

C u i d a d o s especiais serão r eque r idos para a d e f i n i ç ã o d o s is tema de f u n d a ç õ e s em

solos orgânicos ou tur fosos , e também cm solos com características de colapsividade.

Souza P in to 9 2 def ine que os solos colapsíveis são const i tu ídos essencialmente por

part ículas dc quar tzo , c imentadas por part ículas coloidais de argila; oco r r endo inun-

dação do solo, resulta ruptura dos meniscos capilares e redução da tensão intersticial

en t re os grãos , com rápida e considerável redução do volume do solo. Nesta condi-

ção, ed i f icações assen tadas sob re f u n d a ç õ e s di re tas n o r m a l m e n t e são submet idas à

ação dc i n t ensos recalques .

1 0 6 y ' ' ' 'XTO.C-S Propriedades dos Solos. In Fundaçôcs:Tcorta e prática São Paulo: ABMS / ABEF / PINI. 1996. p. S l - 118.

Page 141: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Na escolha do ripo de fundação podem ainda ser considerados outros recursos técnicos,

como substituição da camada superficial do solo, lançamento de aterro hidráulico ou o

próprio reforço do solo, mediante processos de injeção de nata de cimento a alta pressão

(processo JG - "Jct Grouting", CCP - "Ccmcnt Churning Pile").

A escolha do ripo de fundação , com p ropa lados s u p e r d i m e n s i o n a m e n t o s ou

subdimens ionamentos , fica mais complexa e mais polêmica com as novidades que têm

surgido nesse campo (conforme análises no Capítulo V); estacas Omcga, Atlas, Estapata;

estacas raiz (O 10 a 40cm), com argamassa injetada sob pressão (ar comprimido); estações

(seção circular) ou estacas bar re te (seção retangular) escavadas com lama bentonít ica;

estacas tipo hclice cont ínua, estacas " T " e radiers esfaqueados vêm ganhando mercado

sucessivamente, sem que se tenha às vezes perfei ta compreensão do atrito lateral real-

mente mobil izado ou dos níveis dos recalques diferenciados que poderão ocorrer.

Golombc-k"" cita que "cada vez mais se abusa das cargas que as estacas raiz p o d e m

suportar" ; afirma ainda que essas estacas são caras e "que estariam sendo utilizadas cm

alguns casos que comportar iam soluções mais tradicionais". Outra polêmica refere-se às

estacas "T": alguns renomados especialistas em fundações, con fo rme matéria elaborada

p o r Lima9 3 , pressupõem que, se o solo tem capacidade dc carga superficial (para que o

c o r o a m e n t o da estaca " T " trabalhe), en tão poderia ser adotada fundação direta. Para

Wolle não há possibilidade da estaca " T " ser mais econômica que uma fundação direta.

Saes a f i rma que onde não se pode usar fundação direta, não se poderá também usar

estaca "T" . Décour t de fende a idéia, exatamente com base na limitação dc recalques.

C o n f o r m e citado no Capítulo 1, Victor Mello'' indica que nos edifícios de grande por te

é indispensável que os p r o j e t o s das f u n d a ç õ e s cons ide rem, no m e s m o grau de im-

** LIMA. II . Ação c Reação. Reportagem. pp 35-37.Téchnc - Revista dc Tecnologia da Construção N* 12. Kditora Pinl, set-out 199-i. | Q 7

Page 142: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

por tânc ia do d imens ionamen to com base na segurança, a previsão dc recalques. Vale

lembrar que as es t ru turas em concre to a r m a d o estão ficando cada vez mais flexíveis,

e que as alvenarias e reves t imentos (gesso, massa única) são cada vez mais susceptí-

veis aos d e s l o c a m e n t o s .

A estimativa dos recalques é tarefa bastante difícil, nela interfer indo inúmeros fatores:

he t e rogene idade do subso lo , f lu tuações d o nível d 'água , sob rep re s são neutra , a t r i to

lateral realmente mobi l izado, atr i to negativo, e fe i to dc g r u p o de estacas etc; diversos

ábacos e mode los para previsão de recalques são indicados por Teixeira"4, Dccourt**,

Bowles 9 4 , Perloff9 5 e Poulos9 6 . Alguns sof twares são citados por Décourt 8 5 para a ava-

liação da capacidade tle carga e do desenvolv imento tle recalques em g rupos de esta-

cas c radiers estaqueados: PGROUP, DEFPIG, P I G L E T c GARP.

A natureza do solo e os estados de saturação e pré -adensamento regem o desenvolvi-

mento dos recalques ao longo do tempo. Sc o solo for uma argila dura ou uma areia

compacta , os recalques decorrem essencialmente de de formações por mudança de for-

ma, função da carga atuante e do módulo tle de formação do material; no caso de solos

fo fos e moles, os recalques são provenientes basicamente da sua redução tle volume, já

que a água presente no bulbo de tensões das fundações tenderá a percolar para regiões

sujeitas a pressões menores. Para os solos altamente permeáveis como as areias, a con-

solidação (redução tle volume tio solo por percolação da água), e po r t an to o recalque,

acontece em per íodos tle tempo relativamente curtos após serem solicitados; já para os

solos menos permeáveis , c o m o as argilas, a consol idação ocor re de maneira bastante

lenta, ao longo de vários anos.

"' IKAVLlü.J.E. Foundation:Anatysls and Dcsign V cdiçio.Tokyo. McCraw-HiU Kogakusha. I<W2. 95 PERLOFF.W.II Foundation EnginccrinK llandbook (Jiaptcr I: Prvssurc diMrihution and s e u k n u n t . New York.Van Nosirand Rcinhold

Company. 1975. 1 0 8 i tH LOS.» C : DAVIS. E.II. Pile Foundation Analysis and Dcsign New Yorl.John Wilcy. I9K0.

Page 143: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Para as fundações diretas a intensidade dos recalques dependerá não só das característi-

cas do solo, mas também das dimensões do componente da fundação, conforme Figura

47; quanto maior a dimensão da fundação maior o bulbo de pressões, maior a quantida-

de dc água a pcrcolar, maior o recalque c maior o tempo requerido para a consolidação.

Por tanto , para limitar os recalques d i ferenciados e as dis torções angulares que podem

int roduzi r danos nas cons t ruções , não basta neste caso homogene izar as pressões de

conta to dos diferentes elementos da fundação.

0 Figura 47

Gráficos teóricos pressão x recalque de sapatas apoiadas em argilas ou areias.

Como regra geral, as distorções angulares deverão ser limitadas a L/300, considerando-se

aí os eventuais adensamentos de camadas compressíveis, rasas ou profundas, e os recalques

lentos de solos orgânicos ou turfosos. Bjerrum, citado por Teixeira"4, estabelece diversos

limites para os recalques diferenciados das fundações, c o n f o r m e Figura 48:

Teixeira*4 lembra ainda que os limites de distorção indicados por Bjerrum referem-se a

e s t ru tu ras cons t i tu ídas por bar ras (pilares e vigas) ou pór t i cos ; no caso de edif ícios

construídos com alvenaria estrutural os limites de distorção devem ser bem mais rigoro-

sos, ou seja, em t o r n o de 1 /800 (alvenaria a rmada , com taxa adequada de armaduras

horizontais) a 1 /1000 (alvenaria não armada).

Page 144: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 100 200 300 400 500 400 700 600 900 1.000

problom<r> com oqvípcmordos sensíveis a recalques

dono? o «trvlvrcr» apoiticadoj, contraventadas com diagonais

l imite para incxit t&nela dc f i nu ra t not cd i f i í i o j

possibilidade de fissura em alvenarias pOítibádOd* do problemas com ponto* rotontos

po«ibii>dado do dotoeçõo visual do desaprvmo do edifício d i s t o r ç ã o a n g u l a r = —

* fissura; C0Mid«râv«s «m aívonarias . limite de fissuras para paredes flexíveis com h/l < 1/4 . limito paro OCOrrÔnCiO do danos na ostruturo do CA

0 Figura 48

Recalques/distorções angulares e seus prováveis eleitos nos edifícios (Bjerrum)

Para obras com estrutura em concreto armado, Barata9" realça que na limitação dos recalques,

e dos eventuais danos aos edifícios, deverá ser considerada a interação do conjunto funda-

ções + estrutura. Por exemplo, para o caso de estruturas predominantemente flexíveis, com

fundações também flexíveis (sapatas isoladas, radiers de pequena rigidez), relata que há

tendência de recalques mais intensos nos pilares centrais, em função da distribuição de

pressões no terreno. N o caso de fundações flexíveis, com estrutura rígida (contraventamcntos

diagonais, pórticos de grande rigidez nas duas direções), o professor relata que haverá ten-

dência da uniformidade dos recalques, cabendo ã estrutura o comando do comportamento.

Barata afirma também que, em prédios de altura acentuada, apenas os primeiros pavimen-

tos colaboram para a rigidez da estrutura, relativamente à restrição dos recalques diferenci-

r HARATA, l:. I: Reca lques d e Edifícios s o b r e F u n d a ç õ e s Diretas cm T e r r e n o s dc Compress ib i l idadc Rápida c c o m a Cons ide r ação ü» Rigidez, d a Est rutura Tese para professor titular <lo Depar tamento de Gcontecânica da Escola de Engenluria da Universidade Federal tio Rio dc Jai»rin>. I~X pág

Page 145: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ados; tal fato é comprovado pela manifestação de fissuras muito mais severas nos primeiros

pavimentos de edifícios que sofreram recalques diferenciados. Lembra ainda que a estratigrafia

dos solos influi decisivamente na rigidez das fundações: por exemplo, camadas superficiais

relat ivamente resistentes, seguidas dc solos mais deformáveis , fazem as vezes de uma

verdadeira laje, conferindo rigidez ao conjunto fundações-estrutura. Estacas flutuantes re-

dundam em fundações mais flexíveis que estacas com trabalho de ponta.

O proje to da infra-estrutura, além das fundações propr iamente ditas, incluindo análises

sobre a segurança e deslocabil idade dos d i fe rentes e lementos , sempre que necessário

deverá ser complementado por:

- projeto de contenções (examinando-se suas eventuais interferências com as fun-

dações, com os terrenos e obras vizinhas);

- eventual p ro je to de terraplenagem, cons ide rando os taludes de corte e a te r ro

admissíveis em função das características do solo, da obra que será executada e

das obras vizinhas;

- eventual projeto de reforço das fundações dc edificações vizinhas, considerando-

se a capacidade de carga dos solos subjacentes à obra e as eventuais conseqüên-

cias resultantes de desconf inamentos ou rebaixamento do lençol freático;

- eventual projeto de drenagem do terreno durante a fase de escavação e execução

das fundações e, se for o caso, a previsão da necessidade de sistemas dc drena-

gem permanentes do ter reno (muito comuns nos subsolos de edifícios); nesse

aspecto, deve-se frisar que o nível do lençol pode variar em até lm entre as

épocas dc chuva e de estiagem; além disso, devem ser avaliados os potenciais

riscos de erosão do solo tanto no terreno da obra como nos terrenos vizinhos;

ressalte-se também que, par t icularmente no caso das fundações rasas, é reco-

mendável prever sistema de drenagem que impeça o acesso de água para a base

das fundações ;

Page 146: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

— eventual p ro je to de fundações provisórias para c imbramentos , gruas , corres c

guinehos, verif icando-se cr i ter iosamente as possíveis interferências entre essas

fundações , as edi f icações viz inhas e os e lementos cons t i tu in tes da fundação

definitiva da obra;

— especificações para a ter ramento de eventuais poços ou fossas existentes no ter-

reno; especificações para desmonte e / o u remoção de eventuais fundações ante-

r iormente existentes ou obstáculos similares.

O projeto de fundações, de forma geral, deverá ser constituído por memorial justificativo

da solução técnica adotada, locação dos elementos da fundação (obedecendo coordenadas

estabelecidas no projeto da superestrutura), memória de cálculo (incluindo avaliação dos

efeitos de momentos e esforços horizontais introduzidos nas fundações pela ação do vento

na superes t rutura , empuxos de terra, previsão de recalques), plantas, cortes e todos os

detalhes necessários à execução dos elementos, compreendendo plantas de fôrmas e ar-

mação de sapatas, blocos de co roamento e vigas. Km função da tipologia da fundação

(estacas, tubulões etc) deverão ser apresentados os detalhes c quantificações específicas.

E m qualquer si tuação, o p ro j e to deverá ser a c o m p a n h a d o por todos os d o c u m e n t o s

técnicos que lhe deram sustentação: levantamento planialtimétrico do terreno e dos ter-

renos lindeiros (incluindo níveis dos pisos e subsolos de edificações vizinhas), levanta-

mento cadastral (árvores, postes, poços, cortinas nos terrenos vizinhos, outras interferên-

cias), sondagens e outros es tudos geotécnicos, resultados de ensaios de caracterização

das camadas de solo, resultados dc ensaios de prova dc carga e outros.

N o sent ido de prevenir-se a ocorrênc ia de danos à es t ru tura de concre to a rmado, às

alvenarias ou aos acabamentos do edifício, f rente à possibilidade de recalques de consi-

derável intensidade, medidas poderão ser estudadas con jun tamente pelos projetistas de

Page 147: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

arquitetura, estrutura e fundações; pode-se cogitar por exemplo a flexibilização da estru-

tura de concre to armado, a adoção de detalhes especiais para vinculação das alvenarias

à estrutura e outros recursos.

Sempre que forem ajuizadas condições potencialmente perigosas para a ocorrência dos

recalques diferenciados (edifícios muito longos, solos heterogêneos, const rução em eta-

pas) os projetistas poderão ainda optar pela adoção de juntas nas fundações e na supe-

restrutura (Figura 49), dc forma que as partes da construção comportcm-se como corpos

rígidos independentes .

C A S O A

P 1 A N T A

C A S O C

• •

n • • •

C A S O B

R I A W T A

C A S O O

V777

• • • •

V J V / A •VJ

C A S O E C A S O F

• • • • • • • •

. V C V W K V V / W / V Í

Caso A: edifícios com forma muito alongada Caso B: plantas recortadas Caso C: carregamentos muito diferenciados Caso D: fundações apoiadas em cotas diferentes Caso E: diferentes tipos de fundação C a s o F : diferentes e t a p a s d e c o n s t r u ç ã o

D Figura 49

Juntas nos corjxjs dos edifícios para prevenir a ocorrência de fissuras induzidas por recalques diferenciados das fundações.

Possibilidade de introdução de junta também poderá ser considerada no caso dc constru-

ções com d i fe ren te pa tamares e / o u com d i fe renças mui to acentuadas ent re cotas de

arrasamento dos elementos da fundação, situação a ser avaliada com maior atenção no

Page 148: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

caso dc edif ícios cons t ru ídos com alvenaria es t rutural ; nesse caso a junta poderá ser

introduzida apenas na superestrutura, con fo rme ilustrado na Figura 50.

J

r r - - -U 1 LI í M [] Figura 50

Junta na superestrutura, em função de diferenças de cotas no arrasamento das fundações

Além dos elementos anter iormente citados, Bernardi 9 enfatiza que o projeto das funda-

ções compreenda :

a) análise das interferências com fundações de obras vizinhas (sobreposição de bulbos

de pressão, desconf inamento do solo, rebaixamento do lençol freático, vibrações);

b) completa especif icação das característ icas e cotas de apoio e / o u acabamento dos

blocos, baldrames e vigas alavancas, comparat ivamente aos níveis acabados dos pi-

sos cont íguos às fundações , prevendo-se espessuras de lastros, impermeabil izações,

passagens de tubulações e enchimentos ;

c) con f ron tação da locação dos e lementos da fundação com o p ro je to legal da obra ,

visando a garantia dos recuos mínimos e das dimensões dos ambientes (neste último

caso com destaque para as áreas de circulação dos subsolos c suas rampas, conside-

rando as espessuras previstas para as contenções);

d ) análise das d is tâncias em relação às divisas, aos eixos pr incipais e a ou t ros ele-

men tos da fundação , cer t i f icando a possibi l idade de perfe i ta locação da fundação

no cante i ro ;

Page 149: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

c) análise da necessidade de laje resistente à subpressão neutra ou de lastro armado;

f) análise da necessidade de disposições especiais para execução da fundação (rebaixa-

mento do lençol, escoramentos provisórios, aplicação de chapisco ou argamassa no

ter reno escavado para o alojamento dc sapatas ou blocos);

g ) es tudo das interferências entre elementos da fundação projetada, com destaque nos

casos da solução de sapatas ou blocos na região do poço de elevador;

h) análise das implicações resultantes de escavações necessárias â execução das funda-

ções, inclusive com eventual aprovei tamento da terra escavada na execução dc ater-

ros para aplainamento do terreno;

i) análise das interferências do projeto de fundações com outros projetos, ou seja:

- poços de captação de águas pluviais e de águas servidas;

- piscinas c reservatórios subterrâneos;

- taludes e contenções de obras vizinhas;

- pa s sagens de d u t o s de ins ta lações e lé t r icas e h id ráu l icas , c o m necessár ios

e n v e l o p a m e n t o s ou ou t ra s p r o t e ç õ e s , acima ou aba ixo das vigas de f u n d a -

ç ã o ;

- soluções previstas para a impermeabil ização dos elementos da fundação;

j) estabelecimento de critérios para a coleta e transmissão de informações ao projetista

sobre as excentricidades detectadas durante a execução das fundações .

E m função de características específicas a diferentes tipos de fundação, Bernardi 9 enfatiza

a necessidade de diversos outros registros nos projetos, con fo rme exemplos indicados na

Tabela 15 (tubulões) e na Tabela 16 (estacas).

Em qualquer modalidade de fundações é imprescindível o controle geométr ico da exe-

cução: localização em planta (cons iderando-se sempre as coordenadas do pro je to da

superestrutura), seções, cotas dc apoio c dc arrasamento. Durante a execução da funda-

Page 150: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 15: Recomendações complementares para projeto de fundações por tubulões

Tipo de fundação Recomendações específicas

Tubulões a céu aberto - dimensões da base e do fuste

- cota de assentamento da base

- natureza e dimensões do lastro da base

- previsão das profundidades a serem atingidas para as escavações

- cota de arrasamento do fuste, arranques e acabamento da cabeça dos tubulões

- previsão da forma de detecção e da necessidade de aeração dos fustes pela

ocorrência de gases

- previsão, em função da análise das sondagens, de ocorrência de camadas muito

resistentes, da necessidade de esgotamento de água e/ou encamisamen.o do

fuste com anéis de concreto

ção recomenda-se criterioso registro em diário-de-obra dc todas as ocorrências relativas

ao desenvolvimento dos serviços (datas dc concrctagcm ou cravação, número do pilar,

carga nominal do pilar, número do elemento de fundação, cotas de apoio e arrasamento,

ocorrência de chuvas).

Em obras que transfiram aos solos grandes tensões, ou cm situações dc subsolo desfavo-

ráveis, recomenda-se a instalação dc bases c o moni toramento de recalques, desde a fase

de carregamento da estrutura; nesta situação, é importante adotar topografia de precisão

(nível a lazer) c ccrtificar-sc que a RN seja indeslocável.

Deta lhes cons t ru t ivos e cuidados relativos à execução das fundações são meticulosa-

mente apresentados no capítulo 9 do manual "Fundações : Teoria c Prática", anterior-

men te ci tado. Alguns comen tá r io s gerais sob re execução c con t ro les são apresenta-

116 dos a seguir.

Page 151: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 16: Recomendações complementares para projeto de fundações por estacas

Tipo de fundação Recomendações específicas

Estacas em geral - seção e capacidade de carga de cada ti|x> de estaca

- previsão das profundidades a serem atingidas pelas estacas

- escolha das estacas-prova

- análise das interferências e conseqüências da cravação / execução de estacas nuito

próximas

- análise da necessidade de travamento para o combate da flambagem em estacas

próximas a taludes

Estacas cravadas - análise da possibilidade de cravação com o uso de complemento para a obtenção da

nega

- previsão de sobras e de emendas

- especificar e detalhar forma de execução das emendas

- prever furação prévia quando ocorrerem camadas iniciais muito resistentes à

penetração, ou quando o comprimento da estaca superar altura da torre

- no caso de atrito negativo muito intenso analisar possibilidade de pintura com tinta

epóxi ou betuminosa da parte da estaca afetada

- forma de determinação da nega (em função do peso do martelo do bate-estaca)

- detalhamento / especificação do acabamento da cabeça da estaca (pré-moldadas de

concreto)

- detalhamentos das chapas de apoio nas cabeças das estacas metálicas

- eventual pintura de proteção contra corrosão de estacas metálicas em terrenos porosos

(presença de oxigênio), com flutuação do NA

Estacas Franki - análise da necessidade de execução de estacas à tração

- critérios para a verificação de levantamentos (pela execução de estaca próxima) e as

suas situações limites

- detalhamento das armações das estacas

- critérios para a preparação da cal>eça da estaca

Estacas escavadas - detalhamento das armações das estacas

- detalhamento dos arranques das estacas

- características do concreto a ser empregado

- cuidados na limpeza e remoção de terra solta do fundo do íuste

- formas de prevenir estrangulamentos em função de desbarrancamentos localizados do

íuste (retirada de hélices, de tubos de revestimento etc)

- cuidados para prevenir infiltração de água antes da concretagem

- forma de evitar-se seccionamento da estaca ao sacar-se a camisa

- critérios para a preparação da cal>eça da estaca

Page 152: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

a) f u n d a ç õ e s d i r e t a s

Nas fundações diretas, a obra deve sempre ser iniciada pelos e lementos posic ionados

nas cotas mais baixas. Teixeira*4 recomenda que as escavações se iniciem próximo a um

p o n t o dc sondagem, para permit i r comparação com os levantamentos. Comenta ainda

que as cavas devem ser inspecionadas uma a uma, testando-se a un i formidade do solo

de apoio; em geral, considera-se adequado o t e r r eno onde não se consegue penetrar

manualmente uma barra de ferro com diâmetro de V2" (resistência do terreno em torno

dc 0,5MPa). A escavação deve prosseguir ate que sc atinja solo com essa característica. O

ângulo entre dois elementos contíguos, assentados em cotas distintas (conforme Figura

51), não deverá en t re tan to ser superior a 30°; caso contrário, e até o limite dc 45°, o

terreno deverá ser encunhado com cachimbo consti tuído por concreto.

N o caso de ocorrência de chuvas, e conseqüente carreamento de material siltoso para a base de

fundações diretas, antes da execução do elemento de fundação deve-se proceder raspagem do

silte e acerto da cota com lastro de concreto magro. Por imperícia ou descuido, às vezes o

terreno é cortado além da cota de assentamento dc fundações diretas; nessa situação, deve-se

recompor a cota projetada com lastro de concreto magro, mas nunca com solo apiloado.

P Figura 51 Limite d e decl ividade entre blocos ou sapatas escalonadas.

Especial atenção deverá ser dada a escavações c execução dc fundações na presença dc

solos colapsíveis, cuja resistência e deformabil idade é muito alterada com a presença de

água. Os solos colapsíveis são geralmente avermelhados (óxido de ferro), com estrutura

porosa (detectável com microscópio) , com grande teor de material siltoso. O material,

levado ao estado plástico com a adição dc água, após conformação c secagem esboroa-

se facilmente sob pressão dos dedos.

Page 153: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Ainda para as fundações diretas, Bernine12 comenta que a troca de camadas de solo com

altura re la t ivamente pequena pode p roduz i r b o n s resu l tados : às vezes o s imples

revolvimento e compactação do próprio solo local pode melhorar substancialmente suas

caracter ís t icas dc resistência e de fo rmab i l i dade . E m a m b o s os casos, é óbvio que a

compactação deve obedecer as boas regras de execução (limitação da altura da camada,

correção da umidade em função da energia de compactação) .

Sempre que coincidirem com a pos ição dc fundações diretas, ou m e s m o es tando cm

suas imediações, poços e fossas existentes no t e r r eno deverão ser conven ien temente

preenchidos com concre to ciclópico ou material equivalente. A pro teção das paredes

laterais da escavação, e a aplicação de lastro de concreto magro na sua base, são práticas

recomendadas . Antes da concre tagem das sapatas c blocos, o que t ambém se aplica a

estacas escavadas, a "p raça" deverá estar conven ien temente limpa, sem a presença de

entulho, montes de terra ou amontoados de tábuas. N o caso de concretagens em dias

chuvosos, cuidados especiais deverão ser tomados com a drenagem do terreno (eventual

emprego de bombas) c proteção do concre to recém-lançado. A concretagem deverá ser

precedida de controle das armaduras (incluindo espaçadores), das fôrmas, da disponibi-

lidade de t remonhas , calhas e out ros equipamentos.

b) t u b u l õ c s a céu abe r to

A execução de tubulões segue, em linhas gerais, a execução de sapatas e blocos. Espe-

cial atenção deverá ser dada à ocorrência de gás nas escavações (o gás metano é inodoro,

ou seja, sua presença é imperceptível ao ser humano). Existem hoje modernos detectorcs

de gás; um ramo de a r ruda na orelha do poce i ro é comumen te obse rvado em nossas

obras (a folha de arruda murcha quase que instantaneamente na presença do gás). Para

tubulões pneumát icos , cuidados especiais com pressão aplicada (p < 3 atm) e risco de

desestabilização dc solos arenosos (secagem da areia); a rigor, frente ao grande número

Page 154: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

de tecnologias hoje disponíveis, não se recomenda mais a execução de tubulões abaixo

do nível do lençol freático.

Duran te a realização dos serviços, cm nenhuma hipótese deverá ser permit ida a per-

m a n ê n c i a de o p e r á r i o s ou e n g e n h e i r o s n o f u n d o d e t u b u l õ e s sem a p re sença de

ou t r a s pessoas na super f í c i e ; não deve t a m b é m ser p e r m i t i d a a desc ida sem c in to

t rava-quedas , a m a r r a d o em es t ru tu ra i n d e p e n d e n t e d o sari lho. Acidentes fatais têm

a c o n t e c i d o cm f u n ç ã o de rup tura dc cordas , de s f a l ee imen to da pessoa pela emana-

ção dc gás c ou t ros .

Além dos controles anter iormente mencionados (data da execução, número do elemento,

locação etc), os controles mais importantes na execução dos tubulões a céu aberto são:

- diâmetro do fuste

- nível do terreno

- comprimento do fuste

- diâmetro da base

- altura da base

- ocorrência de água no fundo do poço

- cola de arrasamento do fuste

- verificações do prumo do fuste

- ocorrência de solos duros no fuste ou na base

- ocorrência de gás

- uso de encamisamento na abertura do fuste

- volume de concreto lançado

- f k do concreto

- slurnp do concreto

- comprimento do arranque

- número de barras/ diâmetros dos arranques

c) e s t a c a s e s c a v a d a s

Um dos pr incipais cu idados na execução de estacas escavadas é o cont ro le da

perpendicularidade dos equipamentos de corte, além dos controles geométricos da esta-

ca em si (perpendicu la r idade e d i â m e t r o dos fus tes , seção das bases alargadas). Na

execução, é importante prover adequada limpeza das bases de apoio e, eventualmente,

prover ligeira compactação dessas bases.

Page 155: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N o c a s o dc e s t a c a s e s c a v a d a s em s o l o s m o l e s ou c o m p o u c a c o e s ã o , é v i ta l o

e m p r e g o de lama b e n t o n í t i c a , ava l iando-se s e m p r e o vo lume de c o n c r e t o l ançado

e o vo lume de lama r emov ida ; além disso , devem s e m p r e ser c o n t r o l a d a s a dens i -

d a d e c a v i s c o s i d a d c da l ama . A c o n c r c t a g c m das e s t aca s s e g u e ate a cota d c

a r r a s a m e n t o , d e i x a n d o - s e os f e r r o s d e e spe ra ; r e c o m e n d a - s e o e n v o l v i m e n t o das

cabeças da estaca com areia, para que não seja impregnada com b a r r o ou para que

não seja d a n i f i c a d a .

Além dos controles anter iormente mencionados (data da execução, número do elemen-

to, locação etc), os controles mais importantes na execução das estacas escavadas são:

- carga da estaca - volume de concreto no bulbo

- seção da estaca - volume de concreto no íuste

- profundidade escavada da estaca - verificações do prumo da camisa metálica

- cota do terreno - critérios no preparo da cabeça da estaca

- cota de arrasamento da estaca

d) es tacas t ipo Frank i

Também nas estacas tipo Franki deve-se atentar para o controle da perpendicularidade

do equipamento dc cravação. Sempre que se verificar sublevação dc uma estaca Franki

nas proximidades de estaca em execução (em função da cravação da bucha), situação

passível de ocorrer em argilas duras ou muito plásticas, Bernine12 recomenda abandonar

temporar iamente a cravação (cicatrização do terreno poderá sanar o problema) ou pro-

ceder cravação com tubo aber to (retirada do solo com pitcira e poster ior inserção de

nova bucha) .

Além dos controles anter iormente mencionados (data da execução, número do elemen-

to, locação etc), os controles mais importantes na execução dc estacas tipo Franki são:

Page 156: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- carga da cstaca - negas dc expulsão da bucha da base

- seção cia estaca - volume do concreto empregado na bucha

- cota do terreno - comprimentos executados por percussão

- cota de arrasamento da estaca - comprimentos executados por tração

- peso do pilão - verificações do prumo da camisa metálica

- altura de queda do pilão - critérios no preparo da cabeça da estaca

- negas de íuste / negas de base - registro se ocorreu eventual substituição de estaca

e) e s t a c a s p r é - m o l d a d a s d e c o n c r e t o

Pre l iminarmente à cravação, devem ser verif icadas as condições das estacas: eventual

ocor rênc ia de fissuras, compac idade e h o m o g e n e i d a d e d o conc re to , in tegr idade das

cabeças e das pontas , linearidade c seções transversais.

N o apoio de fundações sobre maciços rochosos inclinados, recomenda-se a ancoragem do

elemento de fundação na rocha, pela inserção na estaca de ponteira de aço ou execução

dc trecho de cstaca-raiz. Para a cravação das estacas é sempre conveniente pequena perfu-

ração inicial com trado, a fim de garantir correto posicionamento e verticalidade da peça.

N o caso de solos com camada superficial muito resistente deve-se adotar a prática da pré-

furação do terreno ou recorrer-se a estacas mistas (ponta cm perfil de aço).

Durante a cravação de uma estaca, Alonso9" chama atenção para a importância do controle

da perpendicular idade, controle do peso e altura de queda do martelo, verificação da

integridade do coxim c do capacete. Especial a tenção deverá ser dada ao con:role da

verticalidade de estacas cravadas em solo residual, já que a heterogeneidade deste solo

poderá p rovoca r curvatura ou d e s a p r u m o das estacas; será necessária a tenção ainda

maior quando houver emenda de estacas. O professor adverte ainda que na cravação

podem ocorrer os seguintes problemas:

Page 157: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- ruptura da cabeça da estaca, em função de falhas na fabr icação ou falhas na

cravação (altas energias de impacto e / o u encaixe deficiente do capacete);

- ruptura ou desvio do p r u m o da estaca, em função da presença de matacões ou

camadas dc pedregulho, ou ainda con ta to da ponta da estaca com camada dc

rocha;

- separação da estaca em região de emenda , em função da cravação de estaca

próxima.

Gonçalves 9 8 indica possíveis causas dc indução de tensões de tração em estacas pré-

moldadas: t ransporte , posic ionamento na torre do bate-estacas, ação do vento e propa-

gação das ondas de choque durante a cravação.

Sempre que houver dificuldade para atingir-se a nega especificada para estacas cravadas,

Bernine12 recomenda a recravação e reavaliação da nega após um ou dois dias da crava-

ção; a cicatrização do terreno poderá repercutir no atingimento da nega (caso contrário,

deve ser providenciado suplemento da estaca ou execução dc prova de carga). Comple-

tada a cravação, as cabeças das estacas (sobras) deverão ser cu idadosamente cortadas

com o emprego de marteletes leves.

Além das medidas anteriores, os controles de cravação normalmente ainda compreendem:

- carga da estaca - peso do martelo

- seção da estaca - altura de queda do martelo

- comprimento da estaca levantado - últimas negas

- comprimento cravado do suplemento - registro se houve quebra da estaca

- comprimento dc sobra da estaca - eventuais desvios de posição / excentricidades

' «OXÇALVES.O Tensões dcTraçâo na Cravação d c Estacas Pré-moldadas d c Concre to Pre tendido Tóthiu- - Revista d c Tecnologia <U G>nstniçio N 21. p p 18-21. Editora Pini.Sào Paulo, mar/abr 1996. j 9 3

Page 158: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Nyiama'^ adverte que a moni toração da cravação de estacas através da "nega" está

sujeita a várias incorreções (presença de matacão na ponta da estaca, alivio na energia

de impacto por frenagem momentânea do guincho ou inserção de coxim novo / mui to

deformável , impossibil idade de detecção dc fratura ou cncurvamcnto da estaca duran-

te a cravação); assim , recomenda a adoção, mesmo em caráter amostrai , de processos

mais eficientes de controle como os ensaios P I T ("Pile Integritv Te st") e PDA ("Pile

Driving Analyser").

O PDA recebe sinais brutos de deformação específica e aceleração, convertendo-os para

força e velocidade; os sinais de entrada são captados por transdutores de aceleração e de

deformação específica. Existindo relativa concordância entre as ondas de propagação de

força c dc velocidade, pode-se concluir que a cravação foi realizada com sucesso. Caso

contrár io (propagação da velocidade muito maior que a propagação da força), ocorreu

descont inuidade da estaca (maior propagação da onda de velocidade no ar).

C o n f o r m e Niyama o controle d inâmico da cravação de estacas, aplicável também para

estacas escavadas (ensaio de recravação), possibilita obter as seguintes informações:

- máxima energia aplicada â estaca cravada, p o d e n d o - s e avaliar a eficiência do

sistema de cravação (coxim, capacete, peso do martelo);

- tensões desenvolvidas na estaca (evi tando ul t rapassar a tensão admissível do

material);

- carga mobil izada na cravação / dis tr ibuição da resistência por atri to lateral e

pon ta ;

- integridade e regularidade ao longo do fuste;

- valores máximos de ve loc idade e des locamento , o que pe rmi t e cont ro lar a

homogene idade do e s t aqueamento .

1 2 4 ' " NYIAMA.S.ÍAOKI.N.;C11A.MECKI.I» R Verificação dc Desempenho . In Fundaçõcs :Teor i a c p r á t i c a São Paulo:AB.MS / A B L I F / PINI. I996 .p . 725 - 751.

Page 159: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N o caso dc esforços dc tração muito importantes, pode-se reprojetar a fundação (estacas

metálicas por exemplo), reforçar a a rmação da estaca (ou até protensào) ou alterar as

condições de cravação (menor energia de impacto por exemplo).

3.2 | Qualidade no projeto e na execução de estruturas de concreto armado

O desenvolvimento dos aços e dos c imentos de alta resistência, dos concre tos de alto

d e s e m p e n h o e dos mé todos computac ionais de cálculo e d imens ionamen to estrutural,

tem propic iado a cont inuada redução nas seções dc vigas, pilares c lajes, to rnando as

es t ruturas dc concre to a rmado ou p ro tend ido cada vez mais esbeltas. Dessa forma, os

e s t ados limites de uti l ização passam a ter e n o r m e impor tânc ia , isto é, a mesma dos

estados limites de segurança.

Com o gradativo domínio do comportamento das estruturas de concreto, edifícios cada vez

mais altos têm sido construídos: as torres gêmeas ("Twin Towers") em Kuala í x m p u r —

Malaysia, com 452m de altura (88 andares de escritórios + cúpula), concreto com f . =

80MPa, constituem hoje os edifícios acabados mais altos do mundo. Na China, encontra-se

em fase dc conclusão edifício com 512m de altura; no Japão, está cm fase de projeto a

"Milennium Tower", com 800m de altura. N o Brasil o prédio mais alto é o "Centro Empre-

sarial Nações Unidas - Torre Norte", com 158m de altura, onde foram consumidos cerca de

28.000 m3 dc concreto com f , entre 35 e 50 MPa; a imprensa brasileira divulga a intenção

de construir-se na cidade de São Paulo um mega-edifício, com l.OOOm de altura.

Realidade c delírio confundem-se no novo mundo das construções em concreto, deven-

do-se atentar cada vez mais para os seguintes aspectos:

— con t raven tamentos (ação global do vento na estrutura) , principalmente com a

utilização de divisórias "dry-wall", sem nenhum poder de enrijecer ou contraventar

as estruturas;

Page 160: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

— graus efetivos de engastamento / efetividade das continuidades;

— ações oriundas de deformações impostas (recalques das fundações, movimenta-

ções térmicas);

- solicitações resultantes dc cargas acidentais (impactos, excentricidades, ação do

fogo) ;

- desconfor to provocado por vibrações;

- prevenção contra colapso progressivo (explosões, marquises, terraços em balanço);

- de fo rmações dos componen te s estruturais (rotações, torções, flechas, cncurta-

mentos) e suas respectivas implicações com alvenarias de vedação, pisos, caixi-

lhos e instalações;

— aspectos gerais que influenciam o desempenho das estruturas: resistência e módulo

de d e f o r m a ç ã o do conc re to na d e s f o r m a e no dec imbramento , escoramentos

residuais ("reescoramentos"), sobrecargas na fase de construção, cura do concre-

to, de fo rmação lenta, fluência dos tirantes de protensão;

— durabilidade e vida útil das estruturas (limitação de fissuras, cobrimentos, pre-

venção contra cor rosão de armaduras) , cons iderando as enormes modificações

que o homem introduziu na natureza (atmosferas de SO2 , chuvas ácidas, solos

con taminados) .

Na era dos conc re tos de alto d e s e m p e n h o (CAD), ainda não consegu imos atingir as

estruturas de alto desempenho (EAID), ou melhor ainda, os edifícios de alto desempe-

nho. Collepardi1 0 0 questiona porque a durabilidade das estruturas de concreto (e não do

concre to cm si) vem d iminuindo nos úl t imos anos, se os conhec imen tos teóricos sào

cada vez maiores e mais disponíveis; atribui as patologias das estruturas de concreto à

negligência humana (especificações incorretas, projetos inadequados) e à vulnerabilidade

inerente a essas estruturas: concreto com baixa resistência à tração, com alto módulo de

1 2 6 " COLLEPARDI. M. A Durabilidade cm Qucs t lo . 40" Reunião do IBRACOX - Instituto Brasileiro d o Concreto. Anais. Vol. I. Rio de Janeiro. 1998.

Page 161: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

de fo rmação e g rande susceptibil idade à fissuração; aço sujeito a processos expansivos

de cor rosão pela ação da umidade e agentes agressivos do meio. Neville"" destaca que

muitos problemas originam-se na própria formação dos engenheiros, já que "as escolas

dc engenharia dão pouca atenção para o ensino da tecnologia do concreto, comparativa-

mente com aquela que é dada ao projeto estrutural".

Com larga vivência no mundo das construções em concreto, Meseguer55 resume os prin-

cipais problemas com as estruturas de concreto na Tabela 17 a seguir:

Até bem pouco tempo considerava-se o concreto um material impermeável, quase eter-

no. A história dos edifícios, par t icularmente aqueles em concre to aparente, localizados

em grandes centros industriais ou urbanos, tem mostrado algo diferente. A evolução do

cálculo estrutural não foi acompanhada, na devida intensidade, pelo es tudo da durabili-

dade das construções em concreto. Somente no final do século XX é que nosso código

dc cons t ruções em concre to , o p ro je to de norma NBR 6118/99 1" 2 , passou a dar maior

importância ao tema.

N o s edifícios, com intensidade ainda maior do que os p rob lemas de durabilidade das

estruturas, as patologias resultantes da excessiva deformabi l idade de vigas c lajes quase

viraram rot ina; a antiga versão da NB1 (NBR 61 18 /78 ' 0 3 ) , de fato, tratava de maneira

relativamente superficial os estados limites de serviço.

Já no início da década de 80, o IPT1"1 demonstrava maior preocupação com a

de formabi l idade das es t ru turas , p r o p o n d o den t re out ras providências limitações mais

"" NEVILLE,A. Suggesiions of Rcscarch Arcas Ukely t o Improve Concrc ic Cjoncrere ImcmaUonal. p p i i - 59. maio 1966. ""ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas. Proje to de Estruturas dc Concre to . Projeto de revisão da NI5R6.1 IH. Rk> de Janeiro, ou tub ro / 1999.

ABNT - Associação Brasileira dc Normas Técnicas. Projeto c Execuç io d c Estruturas d c Concre to . NBR 6.118. Km de Janeiro. 1978. *»' INSTITUTO DE PESQHSAS TECNOLÓGICAS IX) ESTADO DE SÂO PAULO. Formulação de Critérios para Avaliação d o D e s e m p e n h o de Habitações

São Paulo. 1981 (Relatório n" 16.277).

Page 162: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 17: Principais problemas observados nas estruturas de concreto (Meseguer55)

CAUSAS AGENTES

Concreto Materiais estranhos (sal, argila, matéria orgânica, etc)

Agregados expansivos

Dosagem inadequada / concreto poroso

Ambiente Ácidos, atmosferas ácidas

Percolação

Ciclos de umedecimento e secagem

Temperatura

Fundações Recalques

Empuxos laterais dos solos

Expansão do solo

Erosão

Falhas construtivas Fôrmas (travamentos, etc)

Cura inadequada

Falhas de vibração

Bitola, quantidade e disposição de armaduras

Cobrimentos inadequados

Sobrecargas durante a construção

Projeto Avaliação incorreta dos carregamentos

Omissão de juntas

Concepção diferente do funcionamento real

Detalhamento Erros de desenho

Congestão de armaduras

Mudanças bruscas na direção ou seção das peças

Cobrimento inadequado

Problemas de ancoragem

Tecnologia de obras Deficiência na drenagem (gradiente, ralos)

Revestimentos inadequados

Cargas inesperadas Abalos sísmicos

Explosão de gás, bombas

Colisão

Colapso de edifício adjacente

Page 163: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

severas para as flechas de vigas e lajes. Na dissertação de mest rado deste autor1"3 , em

1986, apontavam-se na NB 1 alguns problemas relativos à inadequada consideração das

interações entre estruturas e alvenarias de vedação, falta de indicação de modelos mate-

máticos que considerassem de maneira mais precisa a fissuração c a deformação lenta do

concre to na previsão das flechas etc. Referido trabalho, que inclusive sugeria a fórmula

de Jagger para o cálculo das flechas em vigas e lajes, foi encarado com certo ceticismo

pela coordenação da Comissão de Revisão da NB 1, que tão logo se iniciava.

O assunto da deformabilidade das estruturas voltou a ser tratado na EPUSP e no 1PT por

diversos técnicos, resul tando por exemplo na disser tação de mestrado 1 0 6 e na tese de

doutorado 1 0 7 do pesquisador Mitidieri. Com bastante júbilo verifica-se que a nova versão

da NBR 6118 (outubro/1999) contempla com a devida profundidade os estados limites de

utilização das estruturas, passando a adotar a própria fórmula de Jagger para a previsão das

flechas, o que aliás já havia sido feito pelo AC1 - American Concrete Institute desde 1989.

3 . 2 . 1 . Tópicos sobre os mecanismos de degradação do concreto armado

Na degradação das estruturas de concreto armado, descartando-se os danos provocados

pela ação de incêndios e acidentes, há que se destacar dois aspectos fundamentais:

a) processos de degencração do concre to :

- lixiviação de compostos hidratados - part icularmente (]a(()H),;

- manchas superficiais e lixiviação provocada por chuvas ou fuligens ácidas;

- reações expansivas álcali-agregados;

- cristalização dc sais;

- reações expansivas decorrentes de ataque por sulfatos;

THOMAZ. E Trincas cm edifícios: Causas c Prevenção. Dissertação apresentada ã Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (mestrado). São Paulo. 1986.

MlTIDIERI FUI IO.CV Avaliação dc Desempenho d c Sistemas Construtivos Inovadores Destinados a HabitaçõcsTérrcas Unifamiliarcs • Desempenho estrutural São Paulo. 1988.2I9p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica. Universidade dc- São Pauto

" r MITIDIERI FILHO. C V Avaliação dc l>cscmpcnho d c Componen te s c Elementos Construtivos Inovadores Dest inados a Habitações - Proposições Específicas à Avaliação do Desempenho Estrutural São Paulo. 1998.Tese (Doutorado) - Escola Politécnica.Universidade de São Patiln 1 2 9

Page 164: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

— erosão (obras hidráulicas);

— abrasão (pisos, fachadas submetidas a rajadas de vento com partículas em sus-

pensão) ;

- proliferação de fungos (ambientes úmidos, pH = 5 a 6).

b) cor rosão das armaduras , desencadeadas ou aceleradas por processos de:

- umidificação / ciclos de molhagem e secagem das peças;

- carbonatação do concreto;

— ataque por íons cloreto.

O s m e c a n i s m o s de d e g r a d a ç ã o d o c o n c r e t o ou das a r m a d u r a s sào ace le rados p o r

e s t ados cons ideráveis dc f i ssuração, excessiva p o r o s i d a d e do conc re to , presença de

contaminantes nos materiais const i tu intes do concre to , presença de agentes agressivos

no meio ambien te e cond ições cl imáticas no local da obra ( tempera tura e umidade,

índice p luv iomct r i co) . N o caso dos edif íc ios , re la t ivamente à e s t ru tu ra , a patologia

mais c o m u m sem nenhuma dúvida é representada pela co r rosão das armaduras .

Produtos alcalinos resultantes da hidratação do cimento, álcalis e portlandita - Ca(OH)2 ,

esta última gerada principalmente a partir das reações do C.S c do C,S com a água, fazem

com que o pH dos concretos normalmente situe-se entre 10,5 c 13. Nestas condições,

Helene10* explica que se forma na superfície das barras de aço um filme protetor (oxido

duplo de ferro e cálcio), segundo a reação química:

2 F c ( O H ) 3 + C a ( O H ) , C a 0 . F e , 0 3 + 4 H , 0

O s pr incipais fa tores que p o d e m romper o equi l íbr io da camada passivadora são o

***" IIEI.ENE. P. R L. Corrosão cm Armaduras para Concre to Armado Edição conjunta Instituto dc IVv|uix»s Tecnológicas d o Estado tle São Piulo / Editora 1 3 0 Pini São Paulo. 1986.

Page 165: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ataque por c lore tos e a ca rbona tação d o conc re to ( t r ans fo rmação da por t landi ta em

carbonato de cálcio, pela ação do CO,) , que se processa segundo as seguintes reações:

CO, + H , 0 -> H,CO.

2 H 2CO, + Ca(OH), CA(HCOJ2 + 2 H , 0

CaíHCOj), + Ca(OH), -> 2 C a C 0 3 + 2 H , 0

C o l l c p a r d i " a f i r m a que a c a r b o n a t a ç ã o super f i c i a l c b e n é f i c a para o c o n c r e t o , já

que a u m e n t a sua res is tência mecân ica e a res i s tênc ia c o n t r a ação de su l fa tos pela

o b t u r a ç ã o d o s p o r o s supe r f i c i a i s (o que t a m b é m d i f i cu l t a a i n f i l t r a ç ã o de o u t r a s

subs tâncias agressivas). O c o r r e que a ca rbona tação p r o d u z redução do p H da solu-

ção i n t c r s t i c i a l , p r e s e n t e n o s p o r o s d o c o n c r e t o , c r i a n d o c o n d i ç õ e s para a

d e s p a s s i v a ç ã o das a r m a d u r a s .

Conforme se depreende das reações de carbonatação, para a formação do H,CO, é neces-

sária a presença de água c dióxido dc carbono. Portanto, a máxima carbonatação sc desen-

volve com os poros parcialmente inundados , si tuação em que é garant ida a presença

simultânea das duas substâncias. De acordo com o CEB""' a maior carbonatação ocorre

para UR entre 50 e 60%. Fissuras ou lascamentos do concreto facilitam a penetração do

CO, , criando condições cada vez mais favoráveis para o desencadeamento da corrosão.

O avanço da frente de carbonatação depende da porosidade do concreto, da sua reserva

alcalina (portlandita, K O H , NaOH) , do teor de umidade do concreto e do teor dc C O , na

a tmosfera . Segundo Neville11", os teores aproximados de C O , na atmosfera são: a) meio

rural: 0,03%; b) grandes centros urbanos: 0,10%, podendo chegar a 1%; c) túneis, gara-

gens, indústrias: pode superar 1%.

"" CEB - Comitê Euro In icnut io iu l du Botou. Duntblc Concrc tc Structures: Design Guldc. EdltionTlKMmsTelford. Lausanne, 1992. NEVIU.E.A M Propr iedades d o Concre to T.Vípp. Txlilora Pini. São Paulo. 1982

Page 166: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Além dos fatores citados, a carbonatação é influenciada pelo tipo de cimento; por exem-

plo, c imentos con tendo adições de cinzas volantes ou escória de alto fo rno tenderão a

aumentar a p rofund idade da espessura carbonatada, em função de duas razões: a) com

as adições ao clinquer, automat icamente será reduzido no aglomcrante o teor dc com-

postos (C,s c C,S) que geram a formação de Ca(OH),; b) tais adições consomem hidróxido

de cálcio. Dessa forma, haverá menor quantidade disponível de Ca(OH), para reagir com

o CC 2 , f icando liberadas maiores quantidades do gás para atingir as camadas mais pro-

fundas do concreto.

Com base nesse pressuposto, Mit idier im testou argamassas constituídas por cimento com-

posto com escória (CP II E 32), cimento de alto forno (CP 111 32) e cimento Portland de alta

resistência inicial (CP V), utilizando areia lavada com módulo dc finura = 2,10 c variando a

relação água / cimento das misturas (0,40; 0,80 e 1,20); padronizando-se a consistência das

argamassas (280 ± lOmm em "Flow Table"), foram produzidas argamassas com os traços

aproximados dc (1 : 1,30 : 0,40); (1 : 3,80 : 0,80) e (1: 5,50 : 1,20). Foram moldados cor-

pos-dc-prova prismáticos de 4x4x16cm, submetidos à cura cm câmara úmida durante 6

dias, e a seguir acondicionados em câmara seca (UR = 50%) durante um dia e em seguida

câmara de carbonatação (T = 23 a 25°C, UR = 80 a 90%, teor de C O , = 5%) ou condições

naturais do laboratório (T = 23 a 25°C, UR = 70%) durante 36 dias. Antes da introdução dos

corpos-de-prova na câmara de carbonatação, ou do acondic ionamento no ambiente do

laboratório, 50% dos CPs de cada série foram submetidos durante 15 minutos à tensão de

compressão cor respondente a 80% da tensão de ruptura (supondo-se que microfissuras

eventualmente desenvolvidas pudessem acelerar a carbonatação). A profundidade da ca-

mada de carbona tação foi verif icada com a aplicação de solução de fenolf taleína ou

timolftaleína às seções fraturadas dos CPs, chegando-se às seguintes conclusões:

MITIDIERI n u IO. CV;TIIO.MAZ, E ; I1ELE.NE. 1' R L. Influência d o Tipo d c Cimento c da Relação A/C na Carbonatação d o Concreto .ST- REIURAC -Reun ião Anual d o Ibracon. Anais. V o l . l . p p 1 6 9 - 182. Goiânia. 1995,

Page 167: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- não houve di ferença significativa (01 = 95%) nas p ro fund idades carbonatadas

relativas ao topo, fundo e laterais dos CPs;

- não houve diferença significativa ( a = 95%) nas p ro fund idades carbonatadas

considerando-se a variável pre-aplicaçào de tensão dc compressão;

- não houve di ferença significativa (CX = 95%) nas p ro fund idades carbonatadas

relativas aos cimentos CP 11 E e CP III; como o teor de escória era muito diferente

en t re os dois c imen tos (13,7 e 67,8% respec t ivamente) , o f e n ô m e n o merece

maiores es tudos;

- ocorreram diferenças muito significativas nas profundidades carbonatadas consi-

derando-se os c imentos com adição de escória (carbonatação muito mais pro-

nunciada) c o cimento sem adição (CP V); a influência da relação a / c preponde-

ra sobre a influência do tipo de cimento, con fo rme resumo de resultados apre-

sentado na tabela a seguir:

Tabela 1 8 : Efeitos do tipo de cimento e da relação a/c na carbonatação (Mitidieri'")

Profundidade da camada carbonatada (mm) - exposição natural

Idade Relação a / c Cimentos CP II E e CP III Cimento CP V (ARI)

0,40 1,3 0,3

36 dias 0,80 4,3 3,0

1,20 7,6 5,8

0,40 60 10

50 anos * 0,80 90 70

1,20 180 130

<*) estimativa com base na aplicação da Segunda Lei de Fick.

A carbona tação pode reduzir o pH a valores infer iores a 9, ins tabi l izando como foi

di to a camada passivadora de óxidos e facul tando a instalação do processo dc cor ro-

Page 168: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Teor de KOH (% da massa d« cim«nto) Idade (dias)

0 Figura 52 Resistência à compressão e profundidade da camada carbonatada para concretos produzidos com cimento cujo teor de álcalis foi intencionalmente aumentado.

A ocorrência da ca rbona tação não significa obr iga to r iamente o desencadeamento do

processo corrosivo, f enômeno onde interferem diversas outras variáveis. Dc acordo com

H e l e n e m , podem ocorrer dois processos: a oxidaçâo direta e a corrosão eletroquímica.

A oxidaçâo direta é uma reação gás-metal ou íon-metal , com formação de uma película

uniforme e contínua de óxido de ferro; é uma reação muito lenta à temperatura ambien-

te. A corrosão eletroquímica resulta da f o r m a ç ã o dc pilhas ou células dc cor rosão devi-

das à presença de uma solução aquosa na superfície das barras ou no concre to que a

envolve, solução esta que atua como eletrólito - é a corrosão que normalmente ocorre

em armaduras embutidas no concreto. Portanto, para que ocorra a corrosão eletrcquímica

é necessária a presença dc umidade.

Helene" , s afirma que sempre haverá água presente nos poros do concreto, variando o teor

dc água (umidade dc equilíbrio) com a umidade relativa do ar. Paia concretos com relação

água / cimento = 0,60 (f ,x = 26MPa) o autor estima as seguintes quantidades de água:

- UR = 40% —> umidade de equilíbrio = 3% (70 litros de água / m3);

- UR = 70% —» umidade de equilíbrio s 4% (95 litros de água / m3);

- UR = 98% —> umidade de equilíbrio = 6% (140 litros de água / m3).

IIELENE.PRI. Contribuição ao estudo da corrosão cm armaduras dc concreto armado. Tese de livre Docência apresentada ao Departamento de Construção Civil. Escola Politécnica tia Universidade dc São Paulo. São Paulo. 1 W.V

Page 169: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Além da cinética dos dois processos corrosivos, outra diferença importante entre cies

são os produtos resultantes da corrosão; na oxidação direta, estes sào uniformes, ade-

rentes e podem atuar como barreira contra o meio, impedindo o prosseguimento do

processo c até a u m e n t a n d o a resistência da a rmadura contra a co r rosão úmida. Na

co r rosão eletroquímica isso não ocor re pois o p r o d u t o da co r rosão é he terogêneo,

poroso , de baixa aderência e normalmente se fo rma fora do aço, nas vizinhanças da

sua superf íc ie . Helene10* coloca que a co r ro são e le t roquímica é regida p o r g r ande

número dc fatores: porosidade do concreto, absorção capilar, difusão de íons, nível dc

tensão nas armaduras, reserva alcalina, alcance da carbonatação, potencial elétrico de

co r rosão e pH da solução presente nos poros ; esclarece que da cor rosão resultam

diferentes produtos (óxidos e hidróxidos de ferro), com diferentes colorações e

d i f e r e n t e s po tenc ia l idades dc expansão (Figura 53). A expansão que acompanha a

t ransformação do metal em óxido ou hidróxido provoca lascamentos e fissuração do

concre to de cobr imento , facil i tando o acesso de agentes agressivos e intensif icando

cada vez mais o processo de corrosão.

o o-S o o u

Fe

FeO

Fe(OH)2

Fe(OH)3

Fe(OH)3 3HaO

I I I I I I I I 0 1 2 3 4 5 6 7

B Figura 53

Expansão volumétrica do ferro metálico em função da corrosão

Para obras executadas em ambiente mar inho, e certos t ipos de indústrias (celulose e

papel, curtumes, certas indústrias alimentícias, galvanoplastia etc), existe grande perigo

da agressão às armaduras por íons C l , que poderiam inclusive estar presentes em agre-

Page 170: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

gados con taminados ou na própr ia água de amassamento do concreto . Nesse caso, as

reações para formação do hidróxido de ferro (produto de corrosão) seriam:

F e " * + 3 Cl" -> FeCl3

FeG. + 3 O H - -> Fe(OH)3 + 3C1

Dessa forma, observando-se que o íon Cl" não é consumido na reação, a intensidade da

c o r r o s ã o da a rmadura depende rá não s o m e n t e do teor dc c lo re tos mas também da

disponibilidade de hidroxilas. A relação entre os ânions Cl / OH~ capaz de desencadear

a corrosão é ainda motivo de es tudos e de muitas controvérsias, c o n f o r m e análises de

Figueiredo1 1 4 ; alguns autores consideram a possibilidade de corrosão para Cl / O H " > 3,

enquanto outros não verificaram corrosão significativa para relações até da ordem dc 10.

Tal fa to pode ser justificado por outras condicionantes do processo de corrosão, como

t ipo de c imento , es tado de ca rbona t ação do c o n c r e t o e / o u de sa turação dos poros ,

condições de produção e cura do concre to etc.

Figueiredo considera ainda que o a luminato tricálcico (C,A), compos to que integra os

c imentos , tem a capacidade de reagir com íons c lore to , f o r m a n d o um sal complexo

insolúvel (cloro-aluminato de cálcio hidratado, ou sal de Friedel); assim sendo, cimentos

ricos em C3A têm a capacidade de mobilizar grandes quantidades de C l , diminuindo o

risco de corrosão. O pesquisador conclui ainda que a adição de escória de alto forno ou

cinzas volantes diminui a difusibilidade dos cloretos, tendo por tan to essas adições ação

positiva na prevenção da cor rosão (ao con t rá r io p o r t a n t o do efe i to observado sob o

aspec to da carbonatação) .

Figueiredo afirma que o transporte dos íons cloreto somente se dá na presença de água:

a pior situação ocorreria quando os poros estivessem saturados. Todavia, com os poros

Page 171: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

sa turados , aumenta a d i f iculdade do oxigênio atingir a a rmadura ; assim, as máximas

velocidades de cor rosão oco r r em em concre tos com elevado teor de umidade, porém

não saturados. A resistividade elétrica do concre to é p r o f u n d a m e n t e alterada pela pre-

sença de umidade (concre to seco —» resistividade = 1 0 " ohm.cm) ; Cavalicr c Vassie,

citados por Figueiredo11"1, concluíram através de trabalho experimental que:

- resistividade > 12.000 ohm.cm: corrosão dificilmente se instala;

- resistividade < 5.000 ohm.cm: grande possibilidade de desencadear-se a corrosão.

Segundo Figuei redo, as macrocélulas de co r rosão p o d e m surgir em função de:

a) heterogeneidades da fase metálica (anisotropia dos cristais, impurezas na matriz metá-

lica, e n x o f r e do combust íve l nos a l t o s - fo rnos , g rad ien tes de tensão mecânica);

b) he terogeneidade do meio (acração diferencial , concen t rações salinas diferenciadas);

c) presença de fissuras no concre to ; d) carbonatação diferenciada; e) presença de íons

Cl'. O aumen to da tempera tura catalisa o t ranspor te das moléculas, o que tenderia a

acelerar a cor rosão . Hclene 1 1 , adverte con tudo que a diminuição da temperatura pode

gerar condensação do vapor de água presente nos poros , aí sim acelerando a corrosão.

O s efeitos da interação entre a carbonatação e os íons cloreto provocam a aceleração da

velocidade de corrosão, já que, pela carbonatação, parte dos cloretos combinados (NaCl,

CaCl,) passa para a condição de íons livres. Relativamente ao ataque por cloretos, as fissuras

são pontos críticos, com a tendência de surgir nas seções fissuradas pequenas regiões anódicas,

com a grave possibilidade de ocorrência de corrosão intergranular ("corrosão por pit").

A degradação das estruturas de concreto pela corrosão de armaduras revela-se superficial-

mente na forma de fissuração, lascamentos e manchas no concreto. Diversas pesquisas

" ' IKitTJRlIX), E IMIliLENE PR I.. Assim Caminha a Corrosio.Tit.hiH- - Revista deTecnologia da Construção » l » Editora Pini, São luulo.mai/jun 1994.

] 3 3 IIELENE.P R. I- Corroston d c Ias Armaduras cn cl Hormlgón Armado Revista ('.emento y Hormigón n 591-95. Madrid. 19X5.

Page 172: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

tem sido desenvolvidas para aquilatar-se a efetiva redução na resistência mecânica das

peças em função da corrosão de armaduras. Com base em estudos práticos, Rodriguez1"'

revela que três aspectos principais afetam o compor t amen to de pilares com armaduras

corroídas:

- a redução na seção resistente, em função dos lascamentos do concreto;

- o aumento das cargas excêntricas, em função da assimetria da seção deteriorada;

- o desequilíbrio das tensões atuantes nas armaduras, em função da assimetria do

carregamento c da eventual f lambagcm do pilar.

O pesquisador conclui que a carga resistente última de um pilar com armaduras corroí-

das poderá ser prevista com base nos modelos convencionais de cálculo, levando-se em

conta a redução nas seções resistentes do aço c do concreto, a não presença de cobrimcnto

e a excentricidade adicional decorrente da corrosão (e ). Além disso, considerando a v co r r '

possibilidade de corrosão por "pi t" , o que poderia inclusive levar à ruptura de alguma

barra isolada, o autor recomenda que se considere nos cálculos a tensão resistente do

aço à compressão igual a 50% da cor respondente tensão de escoamento.

Através de es tudos práticos conduz idos com vigas s implesmente apoiadas, Rcdriguez

concluiu que não ocorre queda de resistência significativa em função da perda de ade-

rência entre o concre to e a armadura oxidada, podendo-se da mesma forma utilizar os

modelos convencionais de cálculo para vigas com armaduras corroídas, considerando-se

tão somente a redução nas seções resistentes dessas armaduras. F.ssa conclusão é parci-

a lmente contes tada por L e e , r , que também através de ensaios constatou que armaduras

fortemente corroídas (redução de até 28% na seção transversal) repercutiam em significa-

tiva perda de aderência (ate 50%), com reduções muito importantes nas cargas resisten-

" R O D R K U J E Z . ) . : O R T E C . A . I. . M : C A S A L . J . : I M K Z . J M, Corrosion of Rclníbrccmcnt and Scrvlcc Lilc of Concrc tc Structurcs In Procc:xlings «if lhe Sevcnth Intcmaiiixul Oonfcrence «>n Durability of Building Materials and Coniponenis.Vol | . p p 117-1 ií». Siockhirfm. I9'X>

L E E . I I . S . : T O M O S A W A , F.; N O G U C H I T . Efects of Rebar Corrosion o n lhe Structural Performance of Slngly Rcinforced Bcams In Procccdings of lhe Scvcnih Iniemaiional Conferencc on Durability of Etuililing Materials and Coniponenis.VoL I. p p 571-SSO. StocMtolni. 19%. ] 3 9

Page 173: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

tes das vigas. Para armaduras providas de ganchos dc ancoragem nas duas extremidades,

Lee verificou contudo que a queda na capacidade resistente das vigas era muito peque-

na, ou seja, somente havia interferência da redução da seção resistente da armadura.

Existe consenso que o principal fator que interfere na queda da resistência de vigas onde

o aço encontra-se cm processo de corrosão é a redução da seção das armaduras. Nesse

sen t ido Morinaga"* adverte que nas verificações analíticas não poderá ser simplesmente

considerada a redução média da seção das a rmaduras , já que enf raquec imentos muito

mais consideráveis poderão ocorrer em seções com pires de corrosão: por tanto , a aten-

ção deve se concentrar nas seções das vigas com a presença de fissuras. Com base cm

exposição de corpos-de-prova durante cinco anos em quarenta e três diferentes localida-

des do Japão, o pesquisador p ropôs diversos modelos matemáticos para estimativa da

taxa anual de corrosão de aços diretamente expostos às intempéries, sendo os coeficien-

tes de c o r r o s ã o calculados em f u n ç ã o da t empera tu ra média anual , da p luvios idade

média anual e dos teores médios de sais e de S 0 2 presentes na atmosfera.

3.2.2. Tópicos sobre concretos de alto desempenho (CAD) e aditivos para concretos

Com vistas a obter-se a plasticidade necessária para o lançamento, os concretos normal-

mente são produzidos com água em excesso: a presença de água livre aumenta a porosidade

do concreto, reduzindo sua resistência mecânica e sua durabilidade. Além disso, através da

vibração originam-se zonas dc alta pressão no interior da massa, deslocando-se a nata dc

cimento com elevado teor de água para regiões menos pressionadas; este fenômeno causa

por exemplo a exsudação da nata (a f lo ramento na superf íc ie livre das peças). A nata

desloca-sc cm todas as direções, até que encontre um anteparo, que pode ser a superfície

de uma fôrma (efeito Caquot) ou a superfície de um agregado graúdo (zona de transição);

assim sendo, na interface pasta/agregado ocorre normalmente elevação da relação a / c.

MORINAC.A.S Remalnlng Life of Relnforccd Concrc tc Struciurcs af tcr Corrosion Cracking In Proccvdings of clic Seventh International Confercnce | 4 Q on Durahilitv of Builihng .Materials :uul Compom-nis.Vol. I . p p 127-l.V».Siockholm, 1996.

Page 174: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Mehta1 1 9 explica que esta elevação da relação a / c na zona de transição facilita a dissolu-

ção do aluminato de cálcio e do sulfato de cálcio presentes no cimento, f icando a solu-

ção saturada de íons cálcio, sulfato, aluminato e hidroxila; em conseqüência, formam-se

na zona dc transição maiores quantidades de ctringita c portlandita, com menores quan-

tidades de silicatos hidratados de cálcio (cadeias C — S — H), que são os compostos mais

resistentes do cimento hidratado. Ainda em função da maior relação a / c (maior dispersão

dos grânulos de cimento, maior distância entre os centros dc nucleação), origina-se uma

es t ru tu ra mais porosa (cristais dc maior d imensão , com maior a f a s t amen to entre si),

c o n f o r m e esquema apresentado na Figura 54.

Zona de Transição Matriz de pasta de cimento

0 Figura 54 Diagrama da zona de transição e da matriz de pasta de cimento no concreto: no contato agregado / pasta riaior porosidade e maior concentração de Cl l e CAH

A constituição química, e a maior porosidade da matriz de cimento no conta to com os

agregados, repercute em diversas conseqüências , comparat ivamente com as proprieda-

des do c o r p o da pasta: m e n o r resis tência mecânica , m e n o r m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o ,

MUITA. K ; MONTURO. I' J. M. Concre to - Estrutura, Propr iedades c Materials Editora Pinl.Sâo Paulo. 1WÍ.

Page 175: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

maior re t ração, p re ju í zo à aderência ent re pasta e agregado. Por esses motivos, nos

conc re to s c o m u n s subme t idos à compressão , a r u p t u r a sempre se inicia através de

microfissuras ou de destacamentos que ocorrem na interface pasta / agregado graúdo.

Propr iedades mecânicas, mas p r inc ipa lmente resistência a meios agressivos, tem sido

i m p l e m e n t a d a s nos c o n c r e t o s com a ut i l ização de c inzas vo lan te s ("mater ia is

p o z o l â n i c o s " ) ou escória de al to fo rno . O e m p r e g o de sílica ativa ("micross í l ica")

f inamente pulverizada, com superf íc ie específica da o rdem dc 25.000 m 2 / k g , atua be-

ne f i camen te s egundo dois mecan i smos principais: a) o mater ial reage qu imicamente

com a po r t l and i t a , r e su l t ando c o m p o s t o s estáveis , de elevada resis tência mecânica;

b) se na dosagem for empregada quant idade de sílica ativa super ior àquela requerida

para a reação química, o material passa a funcionar como um micro filler, preenchendo

os vazios entre os grânulos de c imento.

O emprego de sílica ativa diminui portanto os vazios da pasta, minora a retração e propicia

a presença de compos tos mais resistentes no con ta to com os agregados: assin: sendo,

pode-se atingir concre tos de elevadíssima resistência mecânica (da ordem de lOOMPa),

com elevado desempenho frente â ação agressiva de meios sulfatados, íons cloreto etc.

Todavia, os principais fatores que facultam a obtenção dos concretos de alto desempe-

nho são a correta dosagem (qualidade e distribuição granulométrica contínua dos agre-

gados) e a utilização de aditivos plastificantes ou redutores de água; com o advento dos

modernos aditivos superfluidif icantcs, consegue-se produzir concretos com abat imento

em torno de 8 a lOcm, com relações água/cimento cm torno de 0,30 a 0,35, com consu-

mo relativamente moderado de cimento. Com a menor quantidade de água, os grânulos

de cimento resultam mais próximos, ocorrendo maior interpenetração dos cristais aciculares

resul tantes das reações dc hidratação: p roduz - se uma matr iz dc c imen to muito mais

Page 176: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

densa, podendo o concre to atingir resistência à compressão da o rdem de 60 a 80MPa,

mesmo sem a presença de materiais pozolânicos.

A utilização dc aditivos superfluidificantes modifica por tanto a microcstrutura da matriz

de c imento (porosidade e morfologia dos compos tos hidratados), inclusive na zona de

transição; tal modif icação repercute também em alterações na resistividade elétrica do

concreto, através da qual pode-se avaliar o potencial de corrosão das armaduras (quanto

maior a resistividade, maior a dif iculdade dc condução dc elétrons). De forma geral, a

resistividade elétrica dos concretos é inversamente proporcional ao consumo de cimen-

to, à porosidade da matriz de cimento, ao tamanho médio dos poros e à concentração de

íons na solução contida nos poros desta matriz.

Recorrendo a técnicas de porosimetria por intrusão de mercúrio, espectroscopia, medi-

das de impedância e resistividade, calorimetria, termogravimetria e microscopia eletrôni-

ca de varredura, Xu , 2° testou os efeitos de um aditivo superfluidificante (polinaftaleno de

sódio sul fonado, com 3% de sulfato de sódio) em pastas c argamassas compostas por

cimento Portland e areia silicosa (grãos com dimensões de 0,6 a 0,85mm); as argamassas

foram formuladas com relação areia /c imento = 0,30 e com relação água/cimento = 0,35

(relações em massa), dosando-se o aditivo com teores dc 0%, 0,1%, 0,3%, 0,8% e 1,5%

em relação à massa do cimento. As principais conclusões obtidas com o es tudo foram:

a) nas primeiras horas após o contato cimento / água / aditivo, ocorreu diminuição na

resistividade elétrica do material (comparando-se com o tes temunho sem a presença

de aditivo), o que pode ser explicado pela maior concentração dc íons N a ' liberados

na dissolução do aditivo à base de sal de sódio e pelo re tardamento na precipitação

de silicatos hidratados (cadeias C-S-H) e de portlandita - Ca(OH), ;

XU. Cl.; BEACDOIN. JJ . ;J0LIC0KUR. C.; PAGIÍ. M Microstructural Investigation of Port land Cernem Mortars Conta in ing Varylng Dosagcs of Potynapthalcnc Sulfonatc Superplastlcizcr In Higl» Performance Concrete - Performance and Quality o f C o n c M c S tn ic tu ro . Proceediigs of Second CANMET /ACI International Conferencc - Gramado. Khi Grande d o Sul. Brasil. 1999. AO.Special Puhlication SP-186. p p 2S5 - 27-í. | 4 3

Page 177: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

b) c o m p a r a t i v a m e n t e c o m os t e s t e m u n h o s , nas idades mais avançadas oco r r eu au-

mento da resistividade elétrica, tanto para a pasta como para as argamassas aditivadas,

con fo rme ilustrado na Figura 55; os maiores valores de resistividade observados nas

argamassas devem-se à introdução da areia, material com resistividade elétrica mui to

maior do que aquela verificada para a pasta de cimento; o aumento da resistividade

nas idades mais avançadas deve-se à maior compacidade do material e maior refi-

namento dos poros, cm função da utilização do aditivo superf luidif icante;

0 Figura 5 5

Resistividade elétrica de pastas (esquerda) e argamassas (direita) dosadas com superfluidificante à base de polinaftaleno sulfonado (a/c = 0,35).

c) conforme se observa na Figura 55, o aumento na resistividade elétrica ocorreu até um

ccrto teor dc aditivo (no caso 0,8%), caindo para teores maiores; assim sendo, para

cada traço dc concre to ou argamassa c cada t ipo dc superf lu id i f icante haverá um

consumo ót imo de aditivo;

d) imagens da microscopia eletrônica de varredura, colhidas após 28 dias de hidratação

na zona de transição c imento /agregado , revelaram presença consideravelmente mai-

or dc cristais C-S-H nas argamassas compostas com aditivo superfluidificante do que

na argamassa tes temunho; outras imagens revelaram maior adensamento de cristais

144 C-S-H no corpo da pasta do que na zona de transição, o que a rigor já era esperado;

Page 178: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

e) o e m p r e g o d o adi t ivo s u p e r f l u i d i f i c a n t c p r o d u z i u d i m i n u i ç ã o da p o r o s i d a d e e

um r e f i n a m e n t o d o s p o r o s : aos 28 dias de idade , a a r g a m a s s a c o m 0 ,8% de

adit ivo r edundou por exemplo numa poros idade total de 13,8% e num d iâmet ro

equiva len te de p o r o s igual a 25nm (contra 15,4% c 29 ,3nm da argamassa teste-

m u n h o ) ;

f) o emprego do aditivo superf luidif icante produziu cer to re ta rdamento no tempo de

indução das reações de hidratação do cimento (primeiras quatro horas); após a indução,

estas reações desenvolveram-se normalmente ;

g ) mesmo com baixas dosagens do aditivo superfluidificantc (0,1 e 0,3%), verificaram-se

alterações significativas na morfologia dos compos tos hidratados, na porosimetria e

na resistividade elétrica das pastas e argamassas produzidas.

S o b o p o n t o de vista da res i s t ênc ia m e c â n i c a , Aitcin1 2 1 a f i rma que os agregados

g r a ú d o s m e n o r e s (d imensão caracter ís t ica da o r d e m de 10 a 12mm) dão melhores

resul tados na p r o d u ç ã o dos C A D : o p rocesso dc br i tagem o c o r r e p re fe renc ia lmente

cm zonas po tenc ia lmen te f racas na rocha matr iz , s endo essas regiões el iminadas no

caso d o s agregados menores . At ravés da rup tu ra dc CPs c o n f e c c i o n a d o s com C A D

obse rva - se que as f issuras in te rnas e s t endem-se t an to através da matr iz de c imento

c o m o a t ravés d o s a g r e g a d o s g r a ú d o s ; no caso dos c o n c r e t o s n o r m a i s , as f i ssuras

oco r r em pr inc ipa lmente através da matr iz . Larrard1 2 2 corrobora a afirmação dc Aitcin,

d e m o n s t r a n d o através de e s tudo prá t ico que a resistência à compres são do concre to

é inf luenciada não só pela quant idade c vo lume relativo dc pasta , mas também pela

espessura da pasta cont ida en t re dois agregados cont íguos ; neste sent ido, agregados

de m e n o r d i m e n s ã o redundar iam em m e n o r e s espessuras de pas ta , r epe rcu t indo no

a u m e n t o da resis tência à compres são .

,J1 AITCIN. I». C Concre to d c Elevado Dcscmpcnho.Tóchnc - Revista de Tecnologia da Construçlo N 19. Tradução dc- Luiz Alfredo Falcão Biucr. Editora Pini. São Paulo, nov/dez 1995.

, u URRARD. E:TONDAT. P. Sur Ia Contr ibut ion dc Ia Topologic d c Squclcttc Granulaire à la Rcsistancc cn Compression du Bcton. Materials and Structures V 26. p p SOS - 516 1993.

Page 179: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Uma das propr iedades dos concre tos de alto desempenho que ainda merecem es tudos

mais aprofundados refere-se ao módulo de deformação, part icularmente quanto à possi-

bilidade da sua estimativa a partir da resistência à compressão, o que é prática relativa-

mente comum para os concretos normais. Diversas variáveis têm sido investigadas (influ-

ências do t ipo de cimento, das adições, das condições de cura), merecendo destaque a

nível nacional os trabalhos de Dal Molin12* e Helene124.

O módulo de deformação do concreto depende dc propriedades elásticas dos agregados c

da pasta de cimento, do grau de hidratação atingido pela pasta, do conteúdo proporcional

pas t a / ag regados e da morfologia da zona de transição pas ta /agregado . Nos concretos

normais, a resistência à compressão e o módulo de deformação são grandezas normalmen-

te regidas pelas propriedades da pasta de cimento; nos concretos dc alto desempenho, as

propriedades mecânicas c elásticas dos agregados passam a ter maior importância.

Para conc re to s normais , a no rma ACI 318-951 2 1 possibilita a estimativa do medulo de

de fo rmação do concre to como função da sua resistência à compressão, a partir do se-

guinte modelo matemático:

Ec = 4.733 (MPà) eq. 1

Já para concretos de alta resistência à compressão (f entre 21 e 83MPa), a publicação ACI

363-921 2 6 recomenda que se adote a seguinte equação:

Ec = 3.320 J T C + 6.900 (MPà) eq. 2

DAL MOUN, !>. C.C.; .MONTEIRO. PJ.M. Contr ibuição ao Estudo d o Módulo d c Deformação d c Concre tos dcAlta Resistência c o m c sem Adições d c Microssíllca Escola Politécnica tia Universidade de São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/I59.SÍO Paulo. 1996.

Helene. P R. L. Estudo da Variação d o Módulo d c Elasticidade d o Concre to com a Compos ição c Características d o Concre to Fresco e Endurecido Comodato USP/ABCP/1PT. relatório á Associação Brasileira de Cimento Portland São Paulo. 1998

American Concreto Institule - ACI Committcc 318. Building Codc Rcqulrements for Structural Conc re t c Publication ACI 318-95.1995. | 4 5 " ' 'American Concretc Institule -ACI Committcc 36.V Statc-of-the-Art Rcport on Iligh-Strcnght Concre tc PuhUcation ACI 363R-92,1992.

Page 180: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Para concretos com resistência à compressão superior a 80MPa, a norma norueguesa NS

347312 indica a seguinte correlação entre resistência e módulo:

Ec = 9.975. (./;. )0,30 (MPa) eq. 3

O Cód igo CEB-F1P1 2* prescreve para estimativa do módulo de deformação a fórmula a

seguir indicada, estabelecida para concretos compos tos com agregados quartzíticos; re-

comenda que as estimativas d o módulo dc de fo rmação dos concre tos sejam corrigidas

em função do tipo dc agregado graúdo, multiplicando-se o valor est imado por um dos

seguintes coeficientes:

- basalto, diabásio, calcário denso: fator de multiplicação = 1,2;

- quartzito, granito c gnaisse: fator dc multiplicação = 1,0;

- calcário normal: fator de multiplicação = 0,9;

- arenito: fator de multiplicação = 0,7.

Ec = 10.120 *]fck +8,16 (MPa) eq. 4

Rela t ivamente aos va lores o b t i d o s a t ravés de ensaios , a n o r m a amer icana ASTM C

469 d e t e r m i n a que o m ó d u l o dc d e f o r m a ç ã o seja aquele c o r r e s p o n d e n t e a 40% da

resis tência à c o m p r e s s ã o previs ta para o c o n c r e t o (módu lo secante) . E s t e valor de

4 0 % c o r r e s p o n d e a p r o x i m a d a m e n t e às t ensões de t r a b a l h o do c o n c r e t o em vigas

s u b m e t i d a s à f lexão , r e s u l t a n d o a p r o x i m a d a m e n t e da ap l icação de t rês f a to res ao

f . : a) 0,85 (diagrama pa rábo la - r c t ângu lo de d i s t r ibu ição de tensões no concre to na

face c o m p r i m i d a ) ; b) 1,4 ( c o e f i c i e n t e d e m i n o r a ç ã o u s u a l m e n t e a d o t a d o p a r a o

conc re to ) ; c) 1,6 (coef ic ien te de m a j o r a ç ã o das cargas p e r m a n e n t e s ) . Dessa f o r m a ,

Nonvegian Standard* Dcsign of Concrc tc Structurcs NS M7.VO>lo. 1989.

CEB - Comitê Euro-Iniernaiional du Bctoo. CEB-F1P Model Codc 1990 Final Dralt - O u p t e r s 1-3 Bullctin d Information N" 203.1991. | 4 7

Page 181: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

nas ve r i f i cações c o r r e s p o n d e n t e s aos e s t ados de se rv iço , a t ensão a t u a n t e no con -

creto seria f , x 0,85 / 1,4 x 1,6 = 0,38 f k .

A d o t a n d o o m o d e l o p r ev i s t o na n o r m a ASTM C 469, Pinto 1 2 9 executou ensaios de

módulo dc deformação secante com concretos de alto desempenho (resistência à com-

pressão entre 60 e 67MPa aos 28 dias de idade), var iando o tipo de agregado graúdo:

seixo rolado (agregado silicoso) c calcário br i tado, ambos com d imensão máxima ca-

racter ís t ica dc 2 5 m m . O s c o n c r e t o s ap re sen t avam t raço cm massa dc

1 : 0 ,10 : 1,42 : 2,45 : 0 ,33 : 0 ,03 (c imento , sílica ativa, areia, ag regado graúdo , água,

adi t ivo supe r f l u id i f i c an t e à base de n a f t a l e n o s u l f o n a d o ) , t e n d o s ido subme t idos a

d i fe rentes condições de cura.

O pesquisador c o n f r o n t o u os resultados experimentais com aqueles es t imados a partir

da equação 2 (publicação AC1 363-92), chegando às seguintes conclusões:

- para idades iniciais (concretos jovens), os valores est imados apresentaram dife-

renças muito significativas em relação aos valores obt idos experimentalmente;

- a natureza mineralógica dos agregados graúdos influenciou fortemente o módulo

de deformação dos concretos de alta resistência;

- a formulação proposta pelo AC1 363-92 conduziu a estimativas razoavelmente

precisas do módu lo dc de fo rmação dos concre tos aos 28 dias dc idade; toda-

via, b a s e a n d o - s e em técnicas de regressão , o p e s q u i s a d o r conc lu iu que os

valores est imados pela equação 2 deveriam ser multiplicados por 0,78 (no caso

do emprego dc seixo rolado) ou p o r 0,96 (no caso d o emprego do agregado

calcário) , valores que se ap rox imam razoave lmen te daqueles indicados pe lo

Código CEB-FIP.

PINTO. R C.A.illOYTR.K.C Estimalion of Modu luso f FJasticity in HighPcrfor roancc Concrc tc Mix ai Earlicr and Latcr Ages In IliglilVrformancc Concrcte - Performance and Quality of Concrctc S t ruc turo . Procccdings of Second CANMET/ACI Inu-rnaiional Confcrcncc - Graniad). Rio Grande

1 4 3 do Sul. Brasil. 1999.AO,Spcdal PUblication SI'-186. p p SK1 - 596.

Page 182: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A antiga versão da norma NBR 6.118 (1978) previa que o módu lo de de fo rmação do

concreto pudesse ser estimado a partir da fórmula: Ec = 6.600 (fcj) l /2, podendo-se conside-

rar f = f k + 3,5 (MPa). O projeto de revisão da NBR 6.118/99, no item 7.1.8 preconiza

que, na ausência dc ensaios, o módulo de de fo rmação para concretos com idace supe-

rior a 7 dias pode ser est imado a partir da seguinte equação:

Ec = 5.600 J f a {MPa) eq.5

A nova versão da NB-1 estipula ainda que nas análises elásticas de proje tos , especial-

mente para de te rminação de es fo rços solici tantes e ver i f icação de es tados limites de

serviço, deve ser adotado o módulo de elasticidade secante, que pode ser obtido multi-

plicando-sc por 0,85 o valor estimado a partir da equação 5. Ou seja, o projeto dc norma

NBR 6.118/99 adota praticamente o estimador recomendado pela norma ACI 318-95, sem

nenhum fator de correção que considere os concretos de alta resistência ou o tipo de

agregado utilizado.

Considerando que muitos projetistas consideram que a equação 1 (ACI 318-95) superes-

tima o módulo de deformação do concreto, e constatando que a nova NBR 6.118 adota

fórmula muito semelhante, antevê-se que os deslocamentos de vigas e lajes continuarão

sendo subestimados cm nossos edifícios, problema que pode ser agravado nas estruturas

que vierem a ser executadas com concre to de alta resistência.

Dal Molin12- efetuou extensa serie de ensaios dc módulo de deformação para concretos

de alto desempenho, formulados com as seguintes características:

- cimento Portland de alta resistência inicial (CP V - ARI);

- agregado miúdo: areia normal brasileira, fornecida pelo IPT;

- agregado graúdo: brita dc basalto, dimensão máxima 19mm, MF = 6,97, índice dc

Page 183: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

forma = 2,96, massa específica = 2,80 kg/dm 3 , peso unitário = 1,45 kg/m3 ;

— sílica ativa nacional, 96,0% de S iO„ massa específica = 2,20 g / c m 3 , superfície

específica = 16,2 m 2 / g , t amanho médio das partículas = 0 ,16mm, umidade =

- aditivo superfluidificante: à base de naftaleno sulfonado, massa específica = 1,05 g/cm3 ;

- adição de sílica ativa: 0 ou 10%;

- relação água / cimento + sílica ativa: 0,25; 0,28; 0,32; 0,37; 0,43; 0,50 e 0,58;

- teor dc aditivo: variando entre 0,8 e 2,0% (diminuindo com o aumento da relação a/c);

- condições de cura: câmara úmida ou ambiente do laboratório;

- idade dos ensaios: 1, 3, 7, 28, 63 e 91 dias.

Através do es tudo experimental , c com a adoção dc técnicas dc análise dc variância c

análise de regressão, foram obtida diversas conclusões, dentre as quais destacam-se:

a) comparat ivamente aos resultados obt idos para os 28 dias de idade, com o emprego

de c imen to de alta resistência inicial e sílica ativa, o módu lo de de fo rmação para

idade de 24 horas é bastante elevado, con fo rme Figura 56;

0,8%;

40 T

3 5 - -102,5%

20 0 3 7 28 63 91

Idade (dias)

0 Figura 5 6

1 5 0 Variação do módulo de deformação com a idade dos concretos (Dal Molin1")

Page 184: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

b) o p r i n c i p a l f a t o r q u e i n t e r f e r e na m a g n i t u d e d o m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o é a

relação água / ag lomerante (F , = 273,15 ; Fcrjt = 2,10), nela inf luenciando obvi-

a m e n t e a p r e s e n ç a d o a d i t i v o s u p e r f l u i d i f i c a n t e (não foi ap l i cada anál ise d e

variância para a variável "adi t ivo") ; cm seguida aparecem as inf luencias do tem-

po de cura (F , = 70,65 ; F(fji = 3,84) e da presença da sílica ativa (F , = 67.95 ; Fefii

= 3 ,84) , s e n d o as c o n c l u s õ e s e s t a t í s t i c a s o b t i d a s s e m p r e pa ra o nível de

s ignif icância de 95%;

c) considerando-se o efeito isolado da adição dc sílica ativa (0 ou 10%), o aumento no

m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o foi bas tan te m o d e s t o (apenas 3,5%, o que atesta a maior

importância dos aditivos superf luidif icantes na composição dos CAD);

d) o efei to da cura em câmara úmida também foi relativamente modes to (aumento de

apenas 3,4% em relação à cura no ambiente do laboratório); tal verificação pressupõe

que a ausência de cura úmida é muito mais nefasta para os concretos em termos de

durabilidade (porosidade, microfissuração superficial etc) do que em termos de pre-

juízos às propr iedades mecânicas e elásticas;

e ) com base nos valores dc resistência à compressão situados entre 20 e 90MPa, condi-

ção de cura úmida, através de análise de regressão obteve-se excelente correlação

entre a resistência à compres são e o m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o dos concre tos (r2 =

0,973), expressa pela fórmula:

Ec = 9.570. ( f c )0'31 (MPa) eq. 6

Com base nos resultados dos ensaios obtidos na pesquisa de Dal Molin, c considerando-

se os estimadores do módulo de deformação anter iormente indicados, pode-se construir

a Tabela 19 a seguir:

Page 185: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 19: Valores estimados do módulo de deformação de CADs (vários modelos)

Fonte Eslimador Módulo de deformação (GPa), para ft de:

30MPa 5 0M Pa 70MPa 90MPa

NBR 6118/78 Cc = 6.600 ( y 1 36,1 46,7 55,2 62,6

NBR 6118/99 Ec = 5.600 ( y * 30,7 39,6 46,8 53,1

CEB 1 ' Ec = 10.120 (frt + 8,16)I/J 34,1 39,2 43,3 46,7

NS 3473 Ec = 9.975 ( f /> ° 27,7 32,3 35,7 38,5

ACI 363-92 Ef = I3.320 (fc)"íl + 6.900 25,1 30,4 34,7 38,4

Dal Molin'" Ec = 9.570 (g0- 1 1 27,5 32,2 35,7 38,6

Obs: Para o estimador <lo CTTfí não foi adotado o fator de multiplicação 1,2 (basalto), o que levaria a valores ainda mais superestimados do módulo de deformação.

Lançando-se os pares de valores acima apontados num gráfico módulo dc deformação x

resistência à compressão (Figura 57) pode-se observar boa aproximação entre os valores

estimados pela norma norueguesa NS 3473, a norma AGI 363-92 c os valores estimados a

partir da regressão de Dal Molin (valores admitidos como reais); observa-se considerável

afastamento em relação à curva obtida a partir da fórmula do CEB, c acentuada discrepân-

cia cm relação aos valores estimados pela NBR 6118/99, o que reforça o receio deste autor

de que as flechas de vigas e lajes de nossas estruturas continuarão sendo subavaliadas.

70-

N8R 6.118/78 NBR 6.118/99 CEB NS 3473/89

••• ACI 363/92 - DAL MOLIN

1 I 30 50 70

Resistência à compressão (MPa) 90

H Figura 57 Módulo de deformação x resistência à compressão dc concretos de alto desempenho, segundo diferentes estimadores.

Page 186: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o n d u z i n d o t ambém extensa bateria de ensaios, valendo-se de concre tos fo rmulados

sem aditivos e sem sílica ativa - traços desde 1 : 3 até 1 : 7 — consistências "seca" (50 ± 5

mm), "plástica" (100 ± 10 mm) e "fluída" (200 ± 25mm) - Helene124 conclui que, mais do

que a resistência à compressão, o volume de pasta no interior do concreto exerce grande

influência no seu cor responden te módulo de deformação . Ainda para os concretos de

maior resistência à compressão (em torno de 50 a 60MPa), também a natureza mincralógica

dos agregados graúdos influi significativamente.

Verifica ainda que, em termos de correlações entre resistência e módulo de deformação

dos concre tos , as que apresentam melhores resul tados são aquelas que se baseiam na

raiz cúbica da resistência à compressão, e não na raiz quadrada. Considerando o grande

número de ensaios realizados, c as observações relativas ao volume de pasta e natureza

dos agregados graúdos , Helene sugere que a previsão do m ó d u l o de de fo rmação dos

concretos a partir da resistência à compressão seja realizada com o emprego da fórmula

adotada pelo CI IB/90 (equação 4 anterior), multiplicando-se o valor obt ido pelo respec-

tivo coeficiente relativo à natureza do agregado graúdo, e ainda por um dos coeficientes

abaixo:

- concreto de consistência "seca" (abatimento 50 ± 5 mm): coeficiente = 1,1;

- concreto de consistência "plástica" (abatimento 100 ± 10 mm): coeficiente = 1,0;

- concreto de consistência "f luída" (abatimento 200 ± 25mm): coeficiente = 0,9.

Salvo rea l ização de ensa ios ou ind icações mais prec isas , q u a n d o se t ra tar de con -

c r e t o s dc a l to d e s e m p e n h o , r e c o m e n d a m o s a d o t a r na p r ev i s ão de f l echas va lo res

do m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o es t imados através das fó rmulas do ACI 363-92 (equação

2) ou da n o r m a n o r u e g u e s a NS 3473 ( e q u a ç ã o 3). O u t r a a l t e rna t i va , a favor da

s e g u r a n ç a , é apl icar os d ive r sos m o d e l o s , a s s u m i n d o - s e o m e n o r va lor r e su l t an te

das d i f e r e n t e s es t imat ivas .

Page 187: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Existe for te tendência para o emprego dos C A D auto-adensáveis, com baixas relações

a / c . Na ca rac te r i zação da p las t i c idade desses c o n c r e t o s , Helene1*" considera que o

teste de espa lhamento (média de dois d iâmet ros perpendicu la res da amost ra abatida,

molde 0 |m = 20cm, <j)( = lOcm, h = 30cm - 15 quedas cm 15 segundos dc mesa

segundo a NBR 9606) pode representar melhor a fluidez dos concretos, especificando-

se em geral espalhamentos entre 500 e 700mm para que o concreto possa ser conside-

rado auto-adensável .

O e m p r e g o de adi t ivos super f lu id i f i can tes será cada vez mais f reqüen te . Ressalte-se

c o n t u d o que tais adit ivos, n o r m a l m e n t e sais condensados de melamina , fo rma lde ído

ou n a f t a l c n o s u l f o n a d o , a p r e s e n t a m d e s e m p e n h o s d i f e r e n c i a d o s cm f u n ç ã o das

d i fe ren tes cons t i tu ições químicas dos c imen tos ( teor dc C^A, f o r m a final d o su l fa to

de cálcio n o c i m e n t o - gesso , h e m i d r a t o ou anidr i ta ) , além da sua ef icácia não se

p r o l o n g a r g e r a l m e n t e além dos 30 ou 40 m i n u t o s (Figura 58). E n t r e t a n t o , as mais

r ecen tes f o r m u l a ç õ e s des t e s p r o d u t o s , os c h a m a d o s ad i t ivos " h i p e r f l u i d i f i c a n t e s " ,

já poss ib i l i t am que a f lu idez d o s c o n c r e t o s p r o l o n g u e - s e p o r p e r í o d o s cons ide ra -

v e l m e n t e m a i o r e s .

ALTURA DO CONE (cm)

10 minutos 25 minutos

• Figura 58

Redução do efeito dc aditivo superfluidificante com o passar do tcm|x>.

TEMPO OE

40 minutos

, v IIHJ-NE. I» R L.;ALVES, R R Estudos dc Métodos para Avaliaçio d o Efeito d c Aditivos Supcrf luldif lcantcs na Trabalhabil idadc J o 1 5 4 Concre to Fluído.Anais da 37* REIHRAC - Rcunüo Anual d o IBRACON. Goiânia. 1995.

Page 188: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Com a intensificação dos conhecimentos sobre os processos físico-químicos que regem a

hidra tação e endurec imen to dos c imentos , sobre a reologia dos concre tos e sobre os

processos deletérios que podem atuar sobre o concre to armado, a utilização de out ros

tipos dc aditivos também será cada vez mais intensa para a produção dos concretos dc

al to d e s e m p e n h o . Assim é que o c a m p o dos adi t ivos é um dos que mais conheceu

desenvolvimento nos últimos tempos, recorrendo-se cada vez mais a aditivos aeradores,

inibidores de corrosão, modif icadores do tempo de pega etc.

O desempenho desses produtos varia contudo em relação às composições químicas dos

cimentos, presença de adições (sílica ativa, cinzas volantes, escória), temperatura ambiente e

ocasião da mistura com o concreto. Cincotto1-1 adverte ainda para a necessidade de conside-

ração de potenciais efeitos colaterais dos aditivos, alguns deles indicados na Tabela 20.

3.2.3. Medidas visando otimizar a durabilidade das estruturas de concreto

C o m o já foi citado, na durabilidade do concre to interferem complexos mecanismos de

degradação e extensa série de fatores: porosidade, f rentes dc carbonatação, difusão de

íons, absorção capilar, despassivação das armaduras. A previsão da vida útil das estrutu-

ras, calcada em base científica, deverá basear-se em modelos teórico-experimentais, muitos

já desenvolvidos . Especial is tas r e n o m a d o s nesse campo, Andrade1*2 e Helcne 1 " citam

diversos modelos matemáticos, realçando os modelos de Jurin (ascensão capilar), Darcy

(difusão de umidade), Fick (frente de carbonatação), Tuutti e Clifton (frente de cloretos),

Faraday (velocidade de cor rosão das armaduras) .

A d u r a b i l i d a d e d o c o n c r e t o a r m a d o , f r e n t e à a ção de a g e n t e s ag re s s ivos ou d e

gases p resen tes na a t m o s f e r a ( ( ) „ CO,) , d e p e n d e subs tanc ia lmente da qual idade d o

1,1 ONCOTTO. MA. Curso dc Tecnologia d c Aditivos para Concre tos cArgamassas. Escola Politécnica da fnlvcrskladc d c São Paulo. São Paulo. 1995. ANDRADE. C.; ALONSO. C ; GONZALES, J. A.; RODRIGUEZ, J. Remi in ing Servicc Life of Corroding Structures IABSE Symposium Usboa. 1989. IIELENE. P R. L. Durabilidade das Estruturas d c Concre to Armado Escola Politécnica da Universidade d c São Paulo. São Paulo. 1994. | 5 5

Page 189: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 20: Aditivos para concretos e possíveis efeitos colaterais

Função do aditivo Substâncias ativas Efeitos colaterais / observações

1 .Redutor de água /

Plastificante

sais derivados do ácido lignossultônico,

ácidos carboxílicos hidroxilados,

com|x>stos |K)lihidroxilados

• lignossulfonatos podem incor|)orar ar e

diminuir a resistência

• em dosagem elevada, tendem a

retardar a pega do cimento

2. Redutor de água /

Superplastificante

naítaleno su lio na d o, condensados de

melamina formaldeído, lignossulfonatos

modificados, ésteres de carbohidratos

• perda de abatimento inicial

• podem interferir na pega

• em conjunto com incorporador de ar

há dificuldade de controlar o índice de

vazios

3. Acelerador de pega cloreto de cálcio"', íormiato de cálcio,

trietanolamina, silicato de sódio,

carbonato de sódio, nitrito de sódio,

tiocianato dc sódio, nitrito de cálcio,

nitrato de cálcio

• cloretos aumentam o risco de corrosão

das armaduras

• diminuem um pouco a resistência do

concreto nas idades avançadas

4. Relardadores

de pega

mesmos do item 1 (com a eventual

presença de íosfatos), a hidroxi

carbonila, álcoois / açúcares

• melhoram a trabalhabilidade

• podem diminuir um pouco a resistência do

concreto

• ocorrência de maior deformação plástica

5. Incorporadores

de ar

sais de hidrocarbonetos sulfonados,

ácidos resinosos e ácidos graxos,

a hidroxi carbonila, sais da lignina das

madeiras

• melhoria da trabalhabilidade

• diminuição da permeabilidade

• pequena diminuição da resistência do

concreto

• cimentos com teores elevados deálcalis

favorecem incorporação

• adições de cinzas volantes inibem a

incorporação de ar

1 5 6 (•) «i nova versão da NBR 6118/ 99 proíbe o emprego de aceleradores contendo cloreto de cálcio.

Page 190: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

material d i spos to na superf íc ie das peças, e que em última instância terá o pr imei ro

c o n t a t o c o m as subs tânc ias agressivas. Assim sendo , a p resença de mic rof i s su ras e

a p o r o s i d a d e das c a m a d a s s u p e r f i c i a i s , que p o d e d i f e r i r c o n s i d e r a v e l m e n t e da

p o r o s i d a d e das camadas mais in te rnas (pela c o n c e n t r a ç ã o dc na ta , rápida evapora-

ção da água em c o n d i ç õ e s d e s f a v o r á v e i s de cura) e x e r c e r á g r a n d e in f luênc ia na

d u r a b i l i d a d e tia e s t r u t u r a .

Uma das maneiras dc aquilatar-sc a qualidade dessa camada superficial é a determinação

da absorção de água inicial, empregando-se normalmente corpos de prova cúbicos com

lOcm de lado, imersos em água até t e m de altura a par t i r da base (superf ícies dos

co rpos -de -p rova pro teg idas a par t i r dessa al tura, resul tados expressos em gramas de

água absorvida pelo concreto, por unidade dc área cm conta to com a água).

R e c o r r e n d o a esta técnica, Camarini1 3 4 testou a influência da adição de pó calcário ao

cimento Portland comum (12% e 25% cm relação à massa de cimento) e das ccndições

de cura na absorção de água inicial do concreto. Foram moldados corpos-de-prova com

traço em massa de 1 : 2,19 : 2,57 : 0,50 (cimento, areia lavada, brita de granito - dimen-

são máxima 20mm, água), submetidos às condições de cura a seguir indicadas; testou-se

ainda a efetividade da aplicação dc um agente de cura ("Antisol XC 42", fabricante Sika)

sobre a superfície do concreto.

• T = 20°C, UR = 100%, duração 28 dias (testemunho);

• T = 20°C, UR = 60%, duração 7 dias (com e sem agente de cura);

. t = 40°C, UR = 100%, duração 7 dias;

• T = 40°C, UR = 60%, duração 7 dias (com e sem agente de cura);

• T = 40°C, UR = 30%, duração 7 dias (com e sem agente de cura).

CA.MARIXI. G.; BA1AYSSAC.J. \>.: DETKICHÉ. II InHucncc of Ccmcnt Typc and Cur ing Condi l ions on Initial Absorpt lon of Concrctc In Hlgh IVrfonnancc Omcrcltr - IVrforntanrc and Quality of Concreto Structurc*. Procecdings of Sccond CAN.MI-T/ACI International Conferenu* - Gramado. Rio Grande do Sul. Brasil. 1999ACl.Spccial Publtcation SP-186. p p 427 - 44$.

Page 191: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

As principais conclusões obtidas por Camarini, relativamente à absorção inicial de água

por par te do concreto (uma hora de imersão), foram:

a) a absorção inicial para concretos produzidos com cimento com adição de 25% de pó

calcário foi consideravelmente maior do que aquela verificada para concretos produ-

zidos com cimento com adição de 12% de pó calcário (Figura 59), sendo que a maior

poros idade dos concre tos p roduz idos com c imento com adição de 25% de CaCO,

repercutiu inclusive em menor resistência â compressão desses concretos; portanto, a

adição dc grande quant idade dc pó calcário, tentando-sc produzir um tipo de micro

argamassa na superfície do concreto, não surtiu o efei to desejado;

20°C 40*C 20°C 40°C 4CTC UR 1 0 0 % UR 100% UR 60% UR 6 0 % UR 3 0 %

aplicação de agente de cura

logo após a desforma do C P

•cimento com 2 5 % de C a C 0 3

•cimento com 1 2 % de CaCC>3

| Figura 59

Efeitos da adição de CaCO, ao cimento e das condições dc cura na absorção dc água inicial do concreto.

b) a abso rção inicial aumen ta com a t empera tu ra de cura; aumen ta t ambém com a

diminuição da umidade relativa do ar no per íodo de cura, variável mais importante;

c) os efeitos benéficos do agente de cura são muito mais pronunciados com temperatu-

ras elevadas e / o u baixa umidade relativa do ar; para temperatura de 20°C e UR = 60%

não se observou efei to significativo do agente de cura.

C o m o se a f i rmou anter iormente , sob o p o n t o de vista da durabil idade da estrutura, a

principal patologia consiste na corrosão das armaduras. Para melhorar o desempenho do

Page 192: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

concre to a rmado f rente ao risco dc cor rosão d o aço, além do em prego de concretos dc

a l to d e s e m p e n h o , c o m p e r m e a b i l i d a d e reduz id í ss ima , o u t r a s f o r m a s de p r o t e ç ã o das

a rmaduras pode rão ser adotadas, c o m o galvanização ou pintura epóxi das barras, pro te-

ção catódica c dosagem do concre to com aditivos inibidores de corrosão .

Sant iago 1 3 5 faz um balanço das vantagens e desvantagens dos mé todos alternativos de

pro teção , c o n f o r m e r e sumo apresen tado na Tabela 21.

Tabela 21: Formas de proteção das armaduras nas estruturas de concreto

Proteção aplicada diretamente nas armaduras Proteção aplicada no concreto

Proteção

catódica n

Galvanização Pinturas epóxi Aditivos inibidores

de corrosão

Pinturas epúxi,

vernizes, ceras

0 2 % £ = ri O r:

• qualquer • ataques |>or

água do mar

• carbonatação

• qualquer • ataques por

cloretos

• carbonatação

• qualquer

lA c « zC ri C >

• única eficaz

em corrosão

já iniciada

• fácil aplicação

• custo

relativamente

baixo

• dispensa

manutenção

• dispensa

manutenção

• dispensa

manutenção

• fácil aplicação

• custo

relativamente

baixo

• protege 0 concreto

como um todo

Des

vant

agen

s

• mão-de-obra

especializada

• controle

contínuo

• deterioração na

obra [xx manuseio

e transporte

• custo elevado

• aplicação

na obra

• dosagem

crítica

• exige

manutenção

• custo elevado

(*) proteção catódica: consiste na interligação elétrica das barras de aço .1 um ánodo de sacrifício (normalmente zinco) localizado fora da peça; por diferença de |>otencial elétrico entre os metais, haverá tendência de migração de elétrons do zinco (potencial oletoquímico = 0,763) para o ferro (|>otencial eletoquímico = 0,440), com possibilidade de corrosão do zinco (zona «ncklica) e não da armadura (zona catódica). Quando houver indução do fluxo de elétrons (corrente gerada por exemplo através de pequena bateria), o método de proteção é designado como "corrente impressa".

SANTIAGO.J. K S i t u a d ó a Actual d c Ias Estructuras d c Hormlgón Informes de Ia ConstructkSn.Vol. -»2. N" í 10. Instituto EduardoTorroja.Xladrid. 1990. ] 5 9

Page 193: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m o medida prevent iva con t ra a c o r r o s ã o das a rmaduras , dentre aqueles relaciona-

dos na Tabela 21, o m é t o d o que tem sido mais ut i l izado é a i n t rodução de adit ivos

i n ib ido res de c o r r o s ã o no c o n c r e t o , g e r a l m e n t e à base de n i t r i to de sód io ou de

cálcio. O pr inc íp io a t ivo dessas subs tânc ias ainda não é bem en t end ido : há peque-

no a u m e n t o da a lcal inidade d o c o n c r e t o ; p rovave lmen te f o r m a - s e em to rno das

a r m a d u r a s camada de óx idos mais res i s ten te ao Cl".

Segundo Andrade ' 3 6 , o NO," é um dos inibidores mais estudados c mais utilizados, pois

não altera significativamente as propr iedades do concreto: pega, exsudação, resistência

mecânica e outras . Para inibir comple t amen te o avanço da cor rosão , par t icu la rmente

aquela provocada pela presença de íons cloreto, a pesquisadora recomenda uma relação

N O , " / Cl" > 1,5, cons iderando-se o teor máximo de Cl" supos tamente presente. E m

qualquer situação Andrade sugere um teor mínimo de 3% de nitrito de sódio ( N a , N O J

em relação à massa do cimento; esclarece todavia que, para cimentos de alto-forno, esta

quant idade é insuf ic iente para inibir comple t amen te a cor rosão p o r cloretos , embora

nesse caso esta ocorra dc maneira bem mais tênue.

Nas estruturas em concreto aparente, além dos cuidados anteriores para prevenir a cor-

rosão de armaduras , poder-se-á recorrer à p ro teção superficial do concre to , mediante

aplicação de p in turas ou vernizes, lassas películas, com melhor ou pior desempenho ,

cons t i tuem barreiras à pene t ração de umidade, gás carbônico, íons c loreto ou ou t ras

substâncias agressivas.

Kasmierczak 1 3 explica que a seleção de um sistema de proteção superficial deve basear-

se em ensaios de d e s e m p e n h o , cons ide rando-se a efe t iv idade da barreira ( f rentes de

ANDRADE.C.;ALONSO.C.;CiONZALES. J. A. Some Laboratory Expcr imcnts o n thc Inhibitor Eflcct o f S o d i u m Nitritc on Rcinibrccmcnt Corrosion Ccmcnt.Concrci aml A^re>yirs.Vol. H. N 2.ASTM - American Society forTesting and Materials. 1W6.

"" KA/.MIERCZAK. C. S.: HELENE, P. R I. Contr ibuição para a Análise da Eficiência de Película» Aplicadas sobre Estruturas de Concre to Armado c o m | 5 0 ° Objet ivo dc Proteção contra a Carbonatação lese {Doutorado). Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. São Paulo. 1995-

Page 194: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

carbonatação, íons cloreto etc), a durabil idade f ren te à ação de microorganismos c de

raios ultravioleta, a compatibil idade com o substrato (alcalinidade, presença de fissuras,

porosidade e textura superficial), a facilidade de aplicação e de manutenção, o consumo

de material c os custos incorridos.

Com base em pesquisa de laboratór io desenvolvida em corpos-de-prova de argamassa

no traço 1 : 2,17 : 0,60 (cimento Portland pozolánico, areia normal brasileira e água),

cu rados em água du ran t e 7 dias c p o s t e r i o r m e n t e a lo jados du ran t e 70 dias na total

ausência de C O , , o pesquisador testou d i fe rentes vernizes para concre to , disponíveis

no mercado brasileiro, avaliando-os em termos da p rofund idade potencial da frente de

ca rbona t ação .

Após aplicação e polimerizaçào dos vernizes (consumo de material e forma de aplicação

recomendada pelos respectivos fabricantes), as faces envernizadas dos corpos-de-prova

foram expostas a a tmosferas com umidade relativa inicial entre 90 e 95%, saturadas de

C O , (100%), de t e rminando - se por gravimetr ia o teor de c a r b o n a t o dc cálcio que se

precipitou no interior da massa e, pela aspersão tle solução de fenolftaleína, a profundi-

dade da camada carbonatada .

E m segu ida , c o m base nos r e s u l t a d o s e x p e r i m e n t a i s , e m p r e g o de t écn icas de re-

g r e s s ã o e a d o ç ã o de m o d e l o s m a t e m á t i c o s , o p e s q u i s a d o r e s t i m o u va lo res para a

p r o f u n d i d a d e de c a r b o n a t a ç ã o dos d i f e r e n t e s s i s t emas de p r o t e ç ã o , c o n s i d e r a n d o

teores usuais de C O , na a t m o s f e r a (em t o r n o de 0,5%»)» t empera tu ra de 20 ±2°C c

umidade relat iva en t r e 70 e 80%. O s r e su l t ados dessas p r o j e ç õ e s , para a idade de

50 a n o s ( d e s c o n s i d e r a n d o - s e d e g r a d a ç õ e s das pe l í cu la s de ve rn i z pela ação das

in tempér ies ou mic roo rgan i smos ) , são a p r e s e n t a d o s de f o r m a resumida na tabela a

segu i r :

Page 195: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 22: Profundidade estimada da carbonatação para diferentes sistemas de proteção do concre-

to (Fonte: Kasmierczak137)

Natureza da resina-base Código do Número de Espessura media Profundidade estiirada da

sistema de demãos ° da película seca carhonataçãoapós 50 anos

proteção (Um) (mm)

Acrílica e estireno AE 1 primer + 2 demãos 28,3 29

AE 2 2 demãos 22,5 31

AE 3 2 demãos 21,8 36

A3 4 2 demãos 13,0 52

Acrílica AD 1 primer + 2 demãos 22,3 25

AD 2 2 demãos 46,0 22

Metil-metacrilato MM 1 demão 0,0 38

Poliuretano alifático

• Monocomponente PM 2 demãos 53,0 13

• Bicomponente PB 1 demão 69,6 37

Silano-siloxano SSA 1 demão silano +

e metil-metacrilato 1 demão metil met. 16,1 42

Argamassa de referência - - - 70

(•) intervalo entre (Irmãos variando dc 4 a 12 horas, segundo indicações dos resj>ectivos fabricantes.

Com base nos resultados da tabela anter ior podem-se verificar grandes diferenças no

d e s e m p e n h o dos sistemas de pro teção , com p ro fund idades das camadas carbonatadas

variando entre 13 e 52mm (valor muito próximo daquele verificado para o material sem

nenhum tipo de proteção) . Considerando-se que no concre to aparente os cobr imentos

normalmente estão situados entre 20 e 25mm, reforça-se a necessidade da pré-avaliação

do desempenho dos sistemas de proteção oferecidos no mercado nacional.

Mesmo cons ide rando a disponibi l idade de m o d e r n o s sistemas de pro teção , a medida

162 mais eficiente para evitar a corrosão das armaduras ainda parece ser a utilização de um

Page 196: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

concre to de baixíssima porosidade, com adequada espessura da camada de cobr imcnto

das armaduras. Nesse sentido, considerando cimentos nacionais e os modelos anterior-

men te ci tados para est imativa do avanço das f ren tes de ca rbona tação e de cloretos ,

Hclcnc1" sugere, cm função da vida útil prevista para a estrutura, a adoção dc cobrimentos

que podem ser obt idos através dos ábacos representados nas Figuras 60 e 61.

C10 C20 C30 C40

C1S C25 C35

CSO

Observação aumentai co-bnmento cm fvnçSodo tepo de cimento

POZ • UNI

AF *20%i

1 5 10 50 100 v i d a útil prevista p a r a a estrutura (anos)

0 Figura 60

Cobrimento mínimo das armaduras em função da vida útil projetada e do avanço das frentes de carbonatação (C10 a C50: f, do concreto aos 28 dias).

Observaç5o cobnmento pode ser redundo com o emprego de si-te a ativa ou com o emprego de ci-mento com teor elevado de C 3 A

íüica ativa - 2 0 %

C 3 A i 12% - 20%

v i d a úlil prevista p a r o a estrutura (anos)

Q Figura 61

Cobrimento mínimo das armaduras em função da vida útil projetada e do avanço das frentes de cloretos (CIO a C50: f. do concreto aos 28 dias).

Relativamente à otimização da durabilidade das estruturas de concreto, Collepardi" su-

gere ainda outras medidas, ou seja:

a) emprego de cinzas volantes para prevenir reações álcali-agregado, sempre que liou-

Page 197: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ver a possibilidade da presença de sílica amorfa nos agregados e não sc dispuser dc

cimento com baixos teores de álcalis;

b) maior controle na p rodução do clínqucr, com menores teores dc sulfatos or iundos

de resíduos e combustíveis ricos em enxofre nos fornos rotativos;

c) maior cuidado no projeto estrutural, com redução da incidência e abertura das fissuras

no concre to (promovidas por ações mecânicas ou movimentações higrotcrmicas);

d) maior cuidado no proje to estrutural, relativamente ao cobr imento das armaduras (já

que íons cloreto, independentemente da fissuração, podem penetrar por difusão até

a região das armaduras) .

A essa relação de medidas , Co l l epa rd i " acrescenta ainda a possibi l idade de alteração

química dos aços, to rnando-os mais resistentes à corrosão (aços inoxidáveis); com res-

peito às formas de proteção indicadas na Tabela 21 anterior, o professor aponta contudo

os seguintes inconvenientes:

— inibidores de corrosão: não têm efeito em peças fissuradas;

— armaduras com revest imento dc epóxi: perda dc aderência devida à difusão de

água e desenvolvimento de corrosão sob a película;

— aço galvanizado: a corrosão ocorre no caso do teor de íons Cl" superar 1,2% em

relação à massa do cimento;

— aço inox: a corrosão ocorre com teor de íons Cl" acima dc 3 ou 4% cm relação à

massa do c imento;

— proteção catódica: além dos custos mui to elevados ( tanto invest imento inicial

como custos de manutenção) , seria necessário proje to eletroquímico específico

para cada armadura .

Page 198: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Para Collepardi o segredo da durabil idade está na baixa poros idade do concre to e na

l imitação das fissuras, o que poderia ser conseguido com o aumen to da resistência à

tração e a diminuição do módulo de elasticidade do concreto; neste sentido, o profes-

sor cita t a m b é m a poss ib i l idade dc m o d i f i c a ç ã o dos c o n c r e t o s m e d i a n t e adição de

pol ímeros (látex de bor racha es t i reno-butadieno SBR), ainda com a eventual introdu-

ção de f ibras dc aço ou f ibras de c a r b o n o no c o n c r e t o ; c o m e n t a c o n t u d o que tais

soluções são ainda mui to dispendiosas , par t icu la rmente no que se refere às fibras de

carbono . C o m o solução alternativa no atual estágio do conhec imen to , dos pontos dc

vista técnico e econômico , o professor cita a proteção das estruturas com fina camada

(cerca de 2mm) de argamassa polimérica "flexível", constituída por exemplo com fillers

minera is e resina acríl ica. N e s t e caso, o s is tema de p r o t e ç ã o p o d e ser m o n i t o r a d o

externamente , vindo a sofrer modificações ou reparos no caso da ocorrência dc falhas.

Além de todos os fa tores já a b o r d a d o s (poros idade , ca rbona tação etc), intr ínsecos e

dependen tes da qualidade d o concreto , a durabi l idade das obras em concre to a rmado

dependerá ainda de diversos outros fatores, conforme publicações do CEBI ,W c do ACI138.

Também a NBR 6118/99 estabelece diversas considerações sobre os detalhes de projeto

que aumentarão a durabilidade da estrutura, recomendando a contemplação dos seguin-

tes cuidados nos projetos:

a) prever drenagem eficiente;

b) evitar fo rmas arquitetônicas e estruturais inadequadas;

c) garantir concre to de qualidade apropriada, par t icularmente nas regiões superfi-

ciais dos elementos estruturais;

d) garantir cobr imentos de concre to apropriados para proteção às armaduras;

e) detalhar adequadamente as a rmaduras ;

f) controlar a fissuração das peças;

1M ACI American Concrclc Institua- Committcc 201 .Guldc t o Durablc Concretc.ACJ Materials Journal, v.88. n.5. p . 5-14-582. ScpTOct. 1991 |

Page 199: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

g) prever espessuras de sacrifício ou revestimentos protetores em regiões sob con-

dições de exposição ambiental muito agressivas; e

h) definir um plano de inspeção e manutenção preventiva.

Cuidados relativos à prevenção de fissuras, emprego de aparelhos de apoio (principal-

mente em estruturas consti tuídas por elementos pré-moldados) , proteção superficial da

es t ru tura e d renagem das águas pluviais são mui to enfa t izados em todos os códigos,

pr incipalmente quando houver possibil idade da ocorrência dc chuvas ácidas, rccomcn-

dando-se a adoção de detalhes cons t ru t ivos exempli f icados na Figura 62. N o caso de

lajes com abas expostas recomenda-se a in t rodução de pingadeiras, podendo-se op ta r

em alguns casos pela utilização de peça pré-moldada na aba da laje (facilitando a intro-

dução da pingadeira).

pré-moldado 1 % i %

ti . O ° . 'c,. ti . "© o ' o "

C> Ó ' • C> C õ ' ò ó

fundo do junto •

•o". ° . ' * ', 6 b ' ô

o 6 b

a • -a . ' o • -

à b

selonte elostomèrico

JUNTAS

: ° M t> v, -P - o > " a ' "a .' 1 . ti b * õ o

ti . o 0 . b . ti • • . 'a o • 'a * -c o | | •» '• 0 • ' •" o 6 ã ; •. õ o . *'. õ '. o 1 a

"comprimbarxT

rufo

e V . * -3

. « 3 c . 3

•" í i a *

* * . Í { » • i . <

. 3 C tf . *

. 0 i-

• o • •

* . . r . * . ç L. 5 •

V 6 . P .

0 , • f " •

. • . 5 • • 5 , 5 9 • # •

. • . s • • ?

apoio deformável

9 t a 9 > , - r

9 , a 9 • # . & . • t" 6 .

proteção superfi-c ia l d a estrutura

* % -r 0 í • V . ' : 3 9

• . e . -9

» , B , • f 0 •

• i ' - . . . . . . •

* • • ! . . » 0 . ' o . . • í . « . • •

. •. p • • 9 , ò 9

O f 0 , • f 0 «

0 Figura 62

Detalhes de projeto visando impedir fissuração, acúmulo ou escorrimento de água em componentes das estruturas de concreto armado ou protendido.

Page 200: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

3.2.4 Qualidade no projetos das estruturas de concreto

O s pro je tos das es t ru turas tle concre to não podem mais se limitar a um con jun to de

pranchas e tabelas de quantif icação de materiais. As novas obras e os novos processos

exigem especificações mais completas para os concre tos (dimensão máxima do agrega-

do, tipo de cimento, utilização de aditivos), para os elementos estruturais (deformaDilidade,

durabi l idade , vida útil) e para a seqüência executiva da obra ( fundações provisórias ,

p lanos de conc re t agem, p rocessos de cura, seqüências de dec imbramen to , tensões e

de fo rmações nas fases dc execução e carregamento da estrutura).

Com a gradativa redução das seções dos elementos estruturais, com a adoção de novas

concepções estruturais (sistema pilar-laje por exemplo), com a paulatina eliminação de

e lementos contraventantcs (alvenarias x "drv-walls"), com a gradual eliminação de con-

tra-pisos ("lajes zero") e com outras modificações que vêm ocorrendo no processo cons-

trutivo (alvenarias com juntas secas, revestimentos com finas camadas de gesso), passam

a ganhar impor tânc ia mu i to maior a spec tos c o m o ação global d o ven to , tensões de

natureza térmica, deslocamentos c rotações, transmissão acústica, resistência contra ação

do fogo, desconfor to causado por vibrações e outros.

D o ponto de vista eminentemente estático, a elaboração de um projeto estrutural envol-

ve bas icamente qua t ro fases: concepção , p r é -d imens ionamen to , análise estrutural ou

numérica (dimensionamento) e deta lhamento. A participação intelectual do projetista é

imprescindível em todas as fases; o trabalho mecânico do computador é muito importan-

te nas fases de pré-dimensionamento e detalhamento, não podendo substituir cm nenhu-

ma das fases a atividade intelectual do projetista.

Existem no mercado nacional diversos softwares para o projeto das estruturas de concreto

armado, desenvolvidos no país ou adaptados dc programas estrangeiros: C O N D E 2 (profes-

Page 201: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

sor Lauro Modesto dos Santos), MIX (Sérgio Pinheiro Medeiros), SISTRUT (Marcelo Picarelli),

TQS (Nelson Covas), PROSYSTRM (Rolando Raul Canzio), STRAP (israelense - comercialização

professor Simpson Kalmus), ROBO BAT (francês), MICRO FH (alemão), FI.ACK (norte-ame-

ricano, maior aplicação para túneis), SAP 90 (Multiplus), ANSYS c COSMOS (nortc-amcrica-

nos), CYPECAD 3 D (espanhol - comercialização Multiplus), RHFX) STAUB (suíço).

Cos tuma-se dizer cjue "o c o m p u t a d o r é a q u e l a m a q u i n i n h a q u e e x e c u t a t u d o d e

f o r m a m a i s r á p i d a , inc lus ive os e r ros" . Assim, qualquer aplicativo deve ser utilizado

com muita parcimônia, não se cogi tando que possa substi tuir em nenhum momen to o

conhecimento ou a experiência do profissional projetista.

A utilização dc um aplicativo de cálculo estrutural, assim como dc qualquer outro, deve

ser acompanhada de uma "fase de implantação", onde os valores e figuras "despejados"

pela máquina sejam cu idadosamente c o n f r o n t a d o s com aqueles gerados por "cálculo

manual" , com resultados obt idos através de algori tmos conhecidos, com os resultados

ge rados por o u t r o s p rog ramas c, p r inc ipa lmente , com as o rdens dc grandeza que o

projetista tem em mente. Soluções estruturais corriqueiras devem ser testadas; alimenta-

ções com valores esdrúxulos devem ser realizadas, verificando-se as respostas operadas

e o "grau de inteligência" do programa.

Um bom software normalmente vem acompanhado da "receita do bolo", in formando o

usuário não só a fo rma de utilização da ferramenta, mas sobre tudo as bases cientificas

sobre as quais a ferramenta opera: hipóteses de cálculo, modelos físicos, algoritmos mate-

máticos, simplificações de carregamentos, parametrização decorrente da normalização téc-

nica adotada, efeitos de segunda ordem, cargas impostas, colapso progressivo, variações

nas propriedades reológicas dos materiais ao longo do tempo, cuidados e limitações na

utilização do programa. É essencial para o projetista conhecer de antemão o que c como

Page 202: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

está calculando: nenhum programa pode ser operado como uma "caixa preta" , onde as

falhas do piloto de computador só serão conhecidas quando o objeto materializado vier a

desabar. Na realidade, o computador não projeta e não dimensiona nada: ele é apenas uma

calculadora manual dc grande porte, rápida c eficiente quando bem operada.

Na escolha de um software, supondo-se obviamente que o potencial usuário disporá de

um cer to per íodo para testá-lo, devem ser levados em conta , de fo rma idealística, os

seguintes aspectos essenciais:

— versatilidade do programa estrutural (modelos de barras, cascas, lâminas);

— sistema que permita separar ou integrar módulos do projeto estrutural (incluindo

desenhos de ferragens, part icularmente dos nós da estrutura);

— sistema que permita a p rodução automática de desenhos tridimensionais, plan-

tas, cortes e detalhes em perspectiva;

— sistema que incorpore algoritmos para a previsão da vida útil da estrutura proje-

tada, considerando níveis de fissuração das peças projetadas, características dos

materiais de construção e características do meio ambiente;

— sistema que assegure a alimentação de todos os dados necessários, sem redun-

dâncias ;

— sistema que permita a produção de memórias de cálculo e memoriais descritivos,

impor tando automat icamente os dados de alimentação do proje to;

— sistema interativo, permitindo ao usuário verificações ou alterações intermediárias,

decorrentes da experiência do projetista ou de necessidades específicas da obra;

— eficiência c atualidade dos algori tmos adotados (previsão de flechas, fissuração,

retração, deformação lenta do concreto, fluência, frente de carbonatação);

— sistema que permita o cálculo de tensões e deformações em fases intermediárias da

obra, cons iderando os di ferentes qu inhões das cargas a tuantes e as diferentes

propriedades do concreto (ganho dc resistência c rigidez com o passar do tempo);

Page 203: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- discretização e atualidade dos parâmetros estabelecidos na normalização técni-

ca adotada / possibil idade de ampliação ou adaptação à normal ização técnica

nacional ;

- s is tema dc aviso au tomá t i co sob re o d c s c u m p r i m e n t o dc qua lquer exigência

normativa registrada no programa;

- sistema automático de verificação de efeitos de segunda ordem, excentricidades

acidentais, cargas impostas (recalques, tensões de natureza térmica) e possibi-

lidade dc ruptura progressiva;

- s is tema que gere au toma t i camen te lista de ver i f icação d o p ro je to , incluindo

módulos de de fo rmação parciais, progressão da fissuração, idade das peças no

decimbramento, c o n f o r m e modelo de ficha p ropos to cm anexo;

- sistema que quantif ique automat icamente o consumo de todos os materiais ne-

cessários (concreto, aço, vernizes de proteção), com possibilidade dc modifica-

ção pelo projetista tendo em vista perdas ou sobras planejadas de materiais;

- facilidade de alimentação dc dados / facilidade de operação (ambiente amigável);

- velocidade de processamento / capacidade de armazenagem dc dados;

- qualidade dos desenhos / versatilidade das escalas;

- compatibilidade com outras linguagens, outros processadores, outros programas

e outros projetos;

- possibilidade de atualização / ampliação / conexão com fu turo software, tendo

em vista os con t inuados avanços nas áreas de tecnologia da cons t rução e de

p rocessamento de dados;

- sistema dc proteção, evitando o acesso de pessoas não autorizadas.

O ideal seria ainda que o software dispusesse de recursos que auxiliassem a concepção c a

análise estrutural, o que já está a caminho através dos chamados "sistemas inteligentes" ou

"redes neurais"; algumas considerações sobre este tema são estabelecidas no Capítulo IV.

Page 204: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Na c o n c e p ç ã o da es t ru tura deve-se cons iderar as d i fe ren tes exigências funcionais da

obra (acústica, vibrações) e sua interação com os demais elementos da construção, pro-

curando-se compatibilizar funcionamento estrutural com durabilidade, níveis de confor -

to, e l iminação dc patologias cm pisos c alvenarias etc. Alguns p rob lemas potenciais

somente poderão ser resolvidos na fase de concepção. Por exemplo, os desarranjos em

alvenarias de último pavimento, tão típicos em nossas obras, poderiam ser solucionados

com a introdução de juntas dc dilatação na laje de cobertura, o que implicaria m prévia

revisão das seções das vigas c no red imens ionamento das a rmaduras das lajes. Dessa

forma, as tensões térmicas, cujos efeitos na estrutura são amplamente considerado pelo

C E B , M e pelo ACI140 , poderão ter repercussões mais importantes em outros elementos da

construção que não a estrutura.

Sob o ponto de vista do cálculo das tensões térmicas desenvolvidas em elementos estru-

turais, Schrader1 4 1 adverte que o teor de pasta e a natureza mineralógica dos agregados

exercem impor tante influência no coeficiente de dilatação térmica dos concretos, indi-

cando como valores médios aqueles apresentados na Tabela 23.

Tabela 23: Coeficientes de dilatação térmica para concretos com diferentes agregados

Material Coef. de dilatação térmica

Pasta de cimento (baixa relação a/c) 10 x 1 0 / ° C

Concreto produzido com quartzito 7 x I 0 6 / ° C

Concreto produzido com arenito 5 x I O * / ° C

Concreto produzido com granito 5 x 1 0 ' ' / ° C

Concreto produzido com rocha calcária 3 x 1 0 * / ° C

CEB - Comitê Em» International ilu lleton Thcrmal Efíects ln Concrc tc Structures Hulletin tl luíornution N" 167. Lausinnc. 1985. " AQ • American Cnncrelc InMiuilc PrcdJction of Crccp, Shrinkaxc anüTcmpera tu r c Kífccts in Concrc tc Structures 1971 (PuMicatiixt SI' 27-3).

SCHRADER. F. K Mistake5.Misconceptions.and Controvcrsial Issucs Conccmlng Concrc tc and Concrc tc Rcpairs Concrctc Intcmaticnal Outubro. 1992.

Page 205: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Sob o aspecto d o confor to antropodinâmico, em função da natureza das vibrações (cons-

tantes ou ocasionais) , Becker142 estabelece para lajes de piso curvas-limite relacionando

freqüência de vibração e flechas desenvolvidas (Figura 63).

E E o §

x •o

E o •C u «I

10 0

7.0

5.0

3.0

2.0

1.0

0.7

0 .5

0.3

0.2

0.1

0.0?

0.05

0 0 3

0.02

0.01

0 .007

0.005

0 .003

0.002

OOOl

\ \ R e t a s l imi tes p a r a :

\ \ vib raçíes constantes em habitações e hoípcau

raç&es constantes em escrit&ios e escolas

\ \ \

raçíes constantes em habitações e hoípcau

raç&es constantes em escrit&ios e escolas

\ \ \ V*

raçíes constantes em habitações e hoípcau

raç&es constantes em escrit&ios e escolas

s \ \ — vxbraçíe; tiannvJnas em escntír.oj e «colas

vibrações constantes cm edifícios industriais \ \ \ — vxbraçíe; tiannvJnas em escntír.oj e «colas

vibrações constantes cm edifícios industriais

\ \ \

— vxbraçíe; tiannvJnas em escntír.oj e «colas

vibrações constantes cm edifícios industriais

\ \ \ \

\ \

N, \ \

A s

s s

V s

\

\ A

. V \ V

\ \ \

\

\ N

\ \

1 \ \ \ \

NJ N \ \

\ \ ! N

s \ \

s

\ \

\ \

\ v \

\ s.

s

\ \

\

k \

\

\ [\ \

\

\ \

A — —

I i

? ^ r i ' 1

1 - p -i «r

I

y i-» "> •o

1

1 O v» © í <r> ri si :>5 ^ r - - r I 1 1 1

3 O <>

» M 1

v> q C

r*> rr 1 1

0 s «-; VD

1

o P o Freqüência central nas ter-S -j- cesas bandas de oitavas (Hz)

5 7 10 20 30 50 70 100

F r e q ü ê n c i a F (Hz)

Q Figura 63

Curvas-limite freqüência dc vibração x flechas, visando prevenir desconforto causado |X>r vibrações em lajes de piso (Becker,4í).

Relat ivamente ao es tado l imite de vibrações excessivas, causadas por atividades físi-

cas das pessoas (correr , dançar) , ação do vento , f u n c i o n a m e n t o de equ ipamentos ou

outros , a NBR 6 1 1 8 / 9 9 recomenda que, na falta dc valores de te rminados experimen-

ta lmente , sejam cons ideradas c o m o f reqüênc ias crít icas aquelas indicadas na Tabela

24 a seguir:

»ECKI:R. R Industr ia l izat ion a n d Robot ic in Building - C h a p t e r -^Appl ica t ion of t h c P e r f o r m a n c e A p p r o a c h l la rper Jfc Row PiiI>UsIkt> New York. 1990.

IIELEXE, P R. 1. Vida Ctil d a s Es t ru turas Tet h n e - Revista de Tecnologia da Cons t ru ído N 17. Editora l*ini. S i o Paulo, jul/ago 1995.

Page 206: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 24: Freqüências críticas de vibração de estruturas de concreto (NBR 6118/99)

Destinação da obra Freqüência crítica (Hz)

Ginásio de esportes 8,0

Salas de dança ou de concerto sem cadeiras fixas 7,0

Escritórios 3,0 a 4,0

Salas de concerto com cadeiras fixas 3,4

Passarelas de pedestres ou ciclistas 1,6 a 4,5

Em relação à resistência ao fogo, e cons iderando condições médias de ventilação dos

ambientes e poder calorífico dos materiais combustíveis (móveis, carpetes, tecidos) nor-

malmente presentes em habitações, escolas c edifícios de escritórios, Beckcr142 recomen-

da que sejam consideradas para componentes de concreto armado as resistências indicadas

na Tabela 25.

Tabela 25: Resistência de elementos em concreto armado sob ação do fogo (Beckeru2)

Resistência à ação Espessuras mínimas de: Cobrimento míiimo

do fogo (minutos) Lajes (mm) Paredes (mm) das armaduras (mm)

30 60 120 12

60 80 120 25

90 100 140 35

120 120 160 45

180 150 200 60

Sob o aspecto da isolação acústica, considerando que o nível de ruído sonoro desenvolvi-

do em ambientes residenciais possa atingir 90 dB(A), e que o nível de ruído para que não

ocorra distúrbios no sono dc uma pessoa não pode superar 40 dB(A), seria requerida uma

isolação mínima aos sons aéreos em t o r n o de 50 dB(A), válida para lajes ou paredes

Page 207: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

divisórias entre apartamentos. Para componentes sem a proteção de materiais isolantes ou

absorvedores, a exigência acústica levaria a uma espessura mínima de 15cm para as pare-

des ou lajes de piso, onde ainda existe o problema adicional dos sons transmitidos por

impacto (queda dc objetos, pessoas andando); tais fatos levam muitos códigos estrangeiros

a estabelecerem o valor de 14 ou 15cm como espessura mínima para as lajes maciças de

piso constituídas por concreto armado. A nova versão da NBR 6118/99 estabelece em 7cm

a espessura mínima das lajes de piso, fazendo apenas comentários sobre a necessidade de

considerar-se no projeto o desempenho acústico requerido para a edificação.

O s novos códigos de conc re to a r m a d o ou p r o t e n d i d o es tabelecem que as es t ru turas

deverão ser projetadas e executadas em função da vida útil especificada pelo contratan-

te, definindo-se vida útil como "o período de tempo previsto para que a estrutura atenda

os requis i tos de d e s e m p e n h o espec i f icados , sem a necess idade de manu tenções não

previstas". A norma brasileira (NBR 6118/99) estabelece a vida útil de 50 anos para as

estruturas correntes, comentando que este prazo poderá ser dilatado para obras de arte

e outras obras especiais.

Para garantir-se a durabilidade das es t ruturas de concreto, de forma compatível com a

vida útil previs ta , H e l e n c m pondera que devem ser considerados os seguintes aspectos:

• classificação da agressividade do meio (ao concre to e à armadura) ;

• classificação da resistência do concre to e da armadura a cada agente agressivo

específ ico;

• aplicação de modelos (numéricos, sempre que possível) para previsão da dete-

rioração da estrutura de concreto;

• estudo do concreto (traço, tipo de cimento, aditivos inibidores de corrosão etc) e

projeto da estrutura de concreto (cobrimentos, drenagem, impermeabilização super-

ficial, proteção das armaduras) visando garantir o tempo de vida útil especificado.

Page 208: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A nova versão da NBR 6 1 1 8 / 9 9 classifica a agressividade do meio de acordo com a

Tabela 26. C o m o características das diferentes classes de agressividade, baseando-se no

pH e nos teores de diferentes substâncias agressivas (CO,, amônia, sulfatos e outros) a

mesma norma estipula os valores indicados na Tabela 27 seguinte.

Tabela 26: Classes de agressividade do meio cm relação às estruturas de concreto

Classe de agressividade Agressividade Risco de deterioração

da estrutura

1 Fraca Insignificante

II Media Pequeno

III Forte Grande

IV Muito forte Elevado

Tabela 27: Agressividade do meio visando a durabil idade do concreto (NBR 6118/99)

Classe de pH C O , Amônia Magnésia Sulfato Sólidos

agressividade agressivo NH j* Mg2* s o , 2 - dissolvidos

mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L

I >6 ,0 < 2 0 < 100 < 150 < 4 0 0 > 150

II 5 , 9 - 5 , 1 2 0 - 3 0 1 0 0 - 150 150 - 250 400 - 700 150 - 50

III 5,0 - 4,5 3 0 - 100 1 5 0 - 2 5 0 250 - 500 700 - 1500 < 50

IV < 4 , 5 > 100 > 2 5 0 > 500 > 1500 < 50

NOTAS:

I . No caso do solos a análise devo ser feita no extrato ac|uoso do solo.

? . Âj>m e m m o v i m e n t o , t e m p e r a t u r a a c i m a <le W C , o u s o l o a g r e s s i v o m u i t o p e r m e á v e l c o n d u z a u m a u m e n t o He u m grau na classe de agressividade.

3. Ação física su|H»ríicial t.il Como abrasáo o cavitação aumentam a velocidade <k» ataque químico.

Considerando as condições dos diferentes micro-climas, a norma NBR 6118/99 estabele-

ce as classes de agressividade do meio ao concreto de acordo com indicações da Tabela

28: esclarece que deverá ser admitida a classe IV quando houver alto risco de contamina-

ção por cloretos (caso da zona dc respingos da maré).

Page 209: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 28: Agressividade do meio ao concreto (função das condições do micro-clima)

Micro-clima

Macro-clima Interior das edificações Exterior das edificações

seco<1)

UR á 6 5 %

úmido ou ciclos121 de

molhagem e secagem

seco,3>

UR £ 6 5 %

úmido ou cicbs(4>

de molhagem e secagem

Rural I 1 1 II

Urbano I II 1 II

Marinho II III III

Industrial II III II III

Especial'41 II III ou IV III III ou IV

Respingos de maré IV

Submerso > 3m 1

Solo não agressivo 1 úmido c agressivo

II, III ou IV

NOTAS:

1. Salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou armientes com concreto revestido com argamassa e pintura.

2. Vestiários, banheiros, cozinhas, lavanderias industriais e garagens.

3. Obras em regiões secas, como o nordeste do país, parles protegidas de chuva em ambientes predominantemente seco>.

4. Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e pa|>el, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

5. Macro clima es|>ecial significa ambiente com agressividade bem conhecida, que |>ermitirá definir a classe de agressividade III ou IV nos ambientes úmidos. Se o ambiente for seco, a classe de agressividade será sempre II, nos ambientes internos, e III nos externos.

C o m base em pesquisas nacionais e d iversos trabalhos d o C E B - C o m i t ê E u r o - I n t e r n a t i o n a l

du Beton e do ACI - American Concrete Institutc, Helene143 propõe ainda critérios para

classificação da agressividade do meio ambiente sobre as armaduras , con fo rme Tabela

29 a seguir:

Page 210: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 29: Agressividade do meio sobre as armaduras (Helene143)

CLASSE AMBIENTE MICRO CLIMA teor dc C 0 2 teor de Cl"

1 atmosfera rural UR < 6 0 %

interiores secos

< 0,3 % < 200 mg/L

II atmosfera urbana 6 0 % < UR < 9 5 %

peças submersas

< 0,3 % < 500 mg/L

III atmosfera marinha 6 0 % á UR £ 9 5 % S 0,3 % > 500 mg/L

ou industrial umedecimento/ secagem

IV instalações

industriais

ambientes úmidos

agentes agressivos

> 0,3 % > 500 mg/L

C o n s i d e r a n d o as classes de agressividade do meio ao concre to , c o n f o r m e Tabela 28

anterior, a nova NBR 6118/99 específica o emprego dos seguintes concretos:

Tabela 30: Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto

classe dc agressividade

Concreto tipo 1 II III IV

Relação água/cimento CA <0,65 <0,60 < 0 , 5 5 <0,45

em massa CP <0,60 < 0 , 5 5 < 0 , 5 0 <0,45

Classe de concreto CA > C20 > C25 > C30 > C40

(NBR 8953) CP S C 2 5 £ C 3 0 £ C 3 5 £ C40

Notas:

• OV comjKHientes e elementos estruturais cie concreto armado

• CP: componentes e elementos estruturais de concreto protendido

• concretos sujeitos a intensa solicitação <k> desgaste por abrasao devem ter resistência característica á compressão fiV £ 4U Ml'a (C40 da NliK 8953), abatimento do Ironco de cone (NBR 7223) < 9()mm, reduzidíssima exsudação e serem submetidos a prolong.ida cura úmida (mais de 7 dias)

Relativamente ao cobrimento das armaduras, a norma NBR 6118/99 estabelece, em fun-

ção do cobr imen to mínimo (menor valor que deve ser respei tado ao longo de todo o

elemento c ao longo de qualquer armadura, incluindo estribos), que o cobrimento nomi-

nal seja determinado como a soma do cobr imento mínimo e a variabilidade (AC) decor-

Page 211: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

rente do posicionamento das armaduras. Para condições normais dc controle nas obras

(AC = lOmm), devem ser obedec idos os cobr imentos nominais indicados na tabela a

seguir:

Tabela 31: Cobrimento nominal da armadura em função da agressividade do meio (NBR 6118/99)

tipo de estrutura Componente

ou elemento

Cobrimento nominal (Cnmii) cm mm, em função

da classe de agressividade, conforme Tabela 28

I II III IVo»

concreto armado lajem 20 25 35 45

viga / pilar 25 30 40 55

concreto protendido" todos 30 35 45 55

Notas:

1. cobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas e sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de corrosão íragilizante sob tensão.

2. para .1 face superior do lajes o vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carj>ete o madeira, com argamassa <lo revestimento o acabamentos tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos astalticos o outros tantos, as exigências acima |>odcm ser substituídas pelo item 10.4.6. da norma 6118/99, respeitado um cobrimento nominal ± 15mm.

3. laces inferiores do lajes e vigas do reservatórios, estações de tratamento do água o esgoto, condutos de esgoto, canaleMs de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos devem ler cobrimento nominal â 45mm.

Ohs.:

- quando houver controle rigoroso do cobrimento (AC = 5mm), especificado em projeto, os valores da tabela 31 (xxlerão ser reduzidos em Smm;

em qualquer situação, a dimensão máxima característica do agregado graúdo não devo excoiler 1,20 Crt<n.

Muito se tem falado sobre o tempo mínimo de desforma e decimbramento, bem como do

cscoramcnto residual ( impropriamente chamado " recscoramento") . Na verdade isto vai

depender da resistência mínima do concreto, o que é função:

- d imensões da peça concretada;

- tipo de cimento / relação água cimento;

- emprego de aditivos;

- isolação térmica das fôrmas (metal, madeira, etc);

- condições de umidade e temperatura do ambiente. 178

Page 212: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Os danos causados por decimbramcnto precoce são irreversíveis: diminuição do módulo

dc deformação do concreto, aumento da deformação lenta, aumento das flechas e, mui-

tas vezes, ocorrência de f issuras nas própr ias peças de concre to a r m a d o (efeito mais

nefasto, já que estas implicam cm elevadas reduções no momen to dc inércia das peças e

eventual risco de corrosão).

E s c o r a m e n t o s residuais, dois ou três pav imen tos abaixo daquele o n d e está se proce-

d e n d o a concrc tagem, têm sido ver i f icados cm mui tas obras, sem considerar-se con-

tudo as parcelas de cargas e fe t ivamente absorv idas por vigas e lajes dos pavimentos

i n f e r i o r e s . C o n f o r m e ana l i s ado p o r Ca lavera 1 4 4 , o quinhão de carga absorvido pela

e s t r u t u r a ho r i zon t a l de cada p a v i m e n t o in fe r io r é p r o p o r c i o n a l à resis tência e ao

m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o at ingido pelo concre to , variável cm função da idade do con-

c re to dos p a v i m e n t o s in fe r io res , do t ipo de c i m e n t o e m p r e g a d o , das cond ições dc

cura e das cond ições a tmosfé r i cas (onde a t empera tu ra exerce inf luência mui to im-

p o r t a n t e ) .

C o n s i d e r a n d o es t ru tu ra igual em t o d o s os pav imen tos , e s c o r a m e n t o com capacida-

de de t ransmi t i r cargas u n i f o r m e m e n t e d i s t r ibu ídas , e s c o r a m e n t o com rigidez infi-

nita ( capac idade de t r an smi t i r carga para os p a v i m e n t o s i n f e r i o r e s sem n e n h u m a

d e f o r m a ç ã o ) , n e n h u m reca lque d o s e s c o r a m e n t o s a p o i a d o s no so lo ( c i m b r a m e n t o

da pr imeira laje), conc rc t agem de cada p a v i m e n t o a cada 7 dias e va lores de cres-

c imen to usuais para a resis tência e m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o de um conc re to com f t

em t o r n o dc 30MPa, Calavera desenvolveu o cálculo das cargas e fe t ivamente t rans-

mi t idas para cada p a v i m e n t o , c h e g a n d o aos c o e f i c i e n t e s ind icados na Figura 64 a

segui r .

"• Kl lZ (".ALAVERA J . .I>1TARI.l. <i Calculo dc Flechas cn Estructuras dc Ilormigon Armado. INTKMAC - InstiiutoTccnicodc Maicriali-sy Coostruccioncs. Madrid. 1992.

Page 213: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

JL

laje 1 laje 1

.2. 2

cimbramonlo dois pavimentos abaixo da concretagem

1 2 3 tempo (semanas)

•ff 2

2

cimbramento três pavimentos abaixo da concroiagcm

t 2 3 tempo (semanas)

0 Figura 64

Coeficientes de carga para o componente horizontal da estrutura (laje 1), com cimbramento dois ou três pavimentos abaixo da concretagem.

C o n f o r m e se pode observar, as sobrecargas transmitidas à laje mais desfavorável pode

atingir coeficiente dc aproximadamente 2,4 ou seja, para efeito dc cálculo dc tensões c

deformações, a estrutura do pavimento estaria submetida a 2,4G, sendo G o peso próprio

do conc re to , das f ô r m a s e dos c i m b r a m e n t o s (admi t indo-se peso das fô rmas e

c imbramentos igual a 10% do peso próprio da estrutura). Conclusão interessante obtida

pelo au tor é que esse fa tor de carga aproxima-se sempre dc 2,4, s endo pra t icamente

independente do número de pavimentos que se encontra escorado ou com escoramento

residual (dois, três ou quat ro pavimentos) .

A flecha final de cada componente horizontal da estrutura deve ser computada com base

nas cargas efetivamente atuantes e nas propriedades elásticas do concre to nas respecti-

vas idades de carregamento. Cons iderando escoramento em dois pavimentos abaixo da

conc re t agem, Calavera ilustra o desenvo lv imen to das f lechas na laje mais solicitada,

conforme Figura 65; como "flecha ativa" considera a parcela da flecha que se desenvolve

após a execução das alvenarias, parcela esta que em última instância seria a responsável

pela ocorrência de eventuais fissuras e des tacamentos nas alvenarias.

Page 214: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Flecha Flecha por fluéncia

iodas as cargas permanentes

Flecha instantânea sobrecargas fixas de ocupação

Flecha por fluôncla piso + acabamentos

Flecha instantânea piso + acabamentos

Flecha por fluéncia poso próprio alvonaria

Flecha instantânea elevação da alvenaria

Flecha por liuônoa peso próprio laje 2

Flecha instantânea peso próprio laje 2

Flecha por lluência peso próprio laje 1 Flecha instantânea peso próprio laje 1

Flecha por lluência peso próprto laje 1 entre tempos T i eT?

laje 2 :

laje 1

LLUJL u m Recuperação elástica ; decimbramonto laje 2 j

To = decimbramento da laje 1

Ti T2 T3 T4 Tempo

0 Figura 65 Desenvolvimento das flechas ao longo da construção de edifício multipiso (Calavera144)

A previsão dc flechas cm componentes flctidos, alem da coerente consideração das cargas

e das propriedades reológicas dos materiais cm cada Fase da obra, exige a consideração dc

diversos ou t ros fatores: umidade relativa do ar; relação volume / área exposta da peça

(traduzida na NBR 6118/99 pela "espessura efetiva da peça"); fluéncia inicial, retração c

de fo rmação lenta do concreto; a longamento do aço; nível de fissuração da peça; altura

atingida pelas fissuras e, consequentemente, momento de inércia da peça físsurada.

Exis tem diversos mode los ap rox imados para a previsão de f lechas cm c o m p o n e n t e s

f lc t idos, c o n f o r m e a p o n t a d o p o r B r a n s o n , 4 \ Calavera144 c este autor1"; modelos mais

complexos, c mais precisos, são propos tos pelo CEB1 4 6 , pelo ACI (publicação 318R - 89)

e pelas n o r m a s européias 1 4 7 . A nova NBR 6118/99 (item 17.2.1.1 ) passa a utilizar o

mesmo modelo que vem sendo adotado pelo ACI (publicação 318R - 89) desde 1989.

BRANSON. I>. E Dcfonnat lon o i Concrctc Structures Editora McC.raw-Hill. New York. 1977. CEB • O imite Eurolntcmaiional l>n Betou Manuel dc calcul: fissuration and deformations Paris. l9KI.(Bulk1in d Inlòrnution 1Í3)

"" EL ROC.ODE 2 Dcsign for Concrctc Structures IMrt l: General Rules and Rules for Buildinj;s ENV I992-I-1. Brasscls. 1991.

Page 215: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Independentemente do modelo matemático, os des locamentos sempre serão calculados

em função do m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o do concre to ; re la t ivamente ao cresc imento do

módulo de deformação, admitindo-se relação entre o módulo e a resistência à compres-

são do concreto, pode-se tomar como referência as resistências previstas pela NBR 6118/

99 para os diferentes tipos de cimento, conforme Tabela 32 a seguir.

Tabela 32 - Relações íc/fc admitidas pela NBR 6118/99 (cura úmida, T = 21 a 30°C)

Idade (dias)

Cimento

Portland 3 7 14 28 63 91 120 240 360 720

CP III

CP IV 0,46 0,68 0,85 1 1 , 13 1 , 18 1,21 1,28 1,31 1,36

C P I

CP II 0,59 0,78 0,9 1 1,08 1 ,12 1 , 14 1 , 18 1,20 1,22

C P V 0,66 0,82 0,92 1 1,07 1,09 1 , 1 1 1 , 14 1 , 1 6 1 , 1 7

C P I cimento comum, C P II cimento com|X)Sto, C P III cimento de alto forno, C P IV cimento |>ozolânico,

C P V cimento de alta resistência inicial

As n o r m a s técnicas e cód igos de c o n s t r u ç ã o d o s d i f e ren te s países t ra tam dc f o r m a

d iversa a l imi tação das f l echas dos c o m p o n e n t e s f l c t i dos , para que não o c o r r a m

pre ju ízos es té t icos ou danos aos demais e l emen tos da c o n s t r u ç ã o (alvenarias, pisos,

caixilhos ctc); alem da l imitação da f lecha, alguns códigos dc es t ru turas dc concre to

t ambém i m p õ e m limites mín imos para a al tura útil dc vigas c lajes. E m função da

rigidez dos d i fe rentes e lementos da cons t rução cjuc podem apoiar-se nos componen-

tes horizontais da estrutura, a NBR 6118 /99 estabelece os limites dc flechas indicados

na Tabela 33.

Page 216: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 33: Limites de flechas estabelecidos pela NBR 6118/99

Razões da limitação Flecha limite Deslocamento a considerar

elementos estruturais visíveis:

evitar insegurança psicológica

L/250 deslocamento total

pisos: evitar vibrações que podem

ser sentidas [>elos usuários

L/350 deslocamentos devidos a cargas êcidentais

coberturas e varandas:

garantir a drenagem da água

L/250 "» deslocamento total

ginásios e pistas de boliche:

garantir planaridade do piso

L/350 + contraflecha <2) deslocamento total ginásios e pistas de boliche:

garantir planaridade do piso L/600 deslocamento incrementai após a

construção do piso

c t/> 0 c rs

01 i/i <z 3 ••O 1A

ri >

V

• alvenarias, caixilhos

e revestimentos

L/500'3) ou 10mm ou

0 = 0,0017 rad *

deslocamentos ocorridos após construção

da parede c t/> 0 c rs

01 i/i <z 3 ••O 1A

ri >

V

• divisórias leves e caixilhos

telescópicos L/250 " ou 25mm deslocamentos ocorridos após instalação

da divisória

c t/> 0 c rs

01 i/i <z 3 ••O 1A

ri >

V

• componentes de forro colados

diretamente nas lajes

L/350 deslocamentos ocorridos após construção

do forro

c t/> 0 c rs

01 i/i <z 3 ••O 1A

ri >

V • forros falsos, ou continentes

colados mantendo-se juntas

L/175

deslocamentos ocorridos após construção

do forro

NOTAS: 1) As su|X'rtícies devem ser suficientemente inclinadas ou o deslocamento previsto com|x?nsado |kk contraílechas, de modo .i não

ocorrer em|K>çamentos de água. 2) Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela es|>ecificação de contraílechas. Entretanto, a atuação isolada da

contraflecha não |xxle ocasionar um desvio do plano maior que L/350. 3) O vão L deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve. •1) Rotação nos elementos que suportam paredes.

Obs: - Todos os valores limites de deslocamentos supõem elementos de vão L suportados em ambas as extremidades jx>r apoios

indeslocáveis. Quando se tratar de balanços, o vão equivalente a ser considerado deve ser o dobro do comprimento dc balanço; - Para o caso de elementos de superfície, os limites prescritos consideram que o valor I. é o menor vão, exceto em casos 'le

verificação de paredes e divisórias, onde interessa a direção na qual a parede ou divisória so desenvolve, limitando-se este valor a duas vezes o vão menor;

- O deslocamento total será obtido «i paitir »l<i combinação das ações características |x»n<le*adas |X'los coeficientes tle acompanhamento definidos no capítulo 12 da NBR 6118/99;

- Deslocamentos excessivos podem ser parcialmente comj>ensados jx>r contraílechas.

E m função da constatação de problemas em número bastante representat ivo de obras,

conforme analisado no Capítulo I, ajuíza-sc que alguns limites indicados pela NBR 6118/

99 s i tuem-se além do l imite da de fo rmab i l i dade admit ida por alguns e lementos da

construção, particularmente paredes e divisórias. Assim sendo, supondo paredes apoiadas

Page 217: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

sobre laje ou viga com vão teórico de 500cm, é difícil supor-se por exemplo que não se

desenvolverão fissuras em alvenarias (flecha admitida 500/500 = lcm) ou divisórias "drv-

wall" em gesso (flecha admit ida 5 0 0 / 2 5 0 = 2cm), caso não sejam tomados cuidados

adicionais no sistema de apoio e / o u na distribuição dc armaduras nas paredes.

Com base cm recente trabalho do 1PTMX , recomendamos limites mais rigorosos para as

parcelas das flechas desenvolvidas após a instalação dos elementos, con fo rme Tabela 34:

Tabela 34: Limites de flechas recomendados para que não ocorram danos a outros elementos da

construção

Com|x>nente estrutural suportando:

Flecha máxima recomendada

Com|x>nente estrutural suportando: total após instalação

do elemento

Paredes monolíticas, alvenarias, painéis

com juntas coladas ou argamassadas

com aberturas L / 3 0 0 L / 1 . 2 0 0 Paredes monolíticas, alvenarias, painéis

com juntas coladas ou argamassadas sem aljerturas L / 2 8 0 L / 1 . 0 0 0

Paredes de painéis com juntas flexíveis,

paredes em materiais flexíveis

com aberturas L / 2 6 0 L / 9 0 3 Paredes de painéis com juntas flexíveis,

paredes em materiais flexíveis sem aberturas L / 2 5 0 L / 8 0 3

Pisos constituídos ou revestidos com: material rígido L / 2 8 0 L / 1 . 5 0 0 Pisos constituídos ou revestidos com:

material flexível L / 2 5 0 L / 1 . 0 0 0

Forros constituídos ou revestidos com: material rígido L / 2 6 0 L / 1 . 2 0 0 Forros constituídos ou revestidos com:

material flexível L / 2 4 0 L / 8 0 3

Coberturas treliças, vigas, terças e caibros (exceto ripas) L / 2 2 0 L / 1 . 0 0 0 Coberturas

lajes, canaletes, vigas-calha ou assemelhados L / 2 0 0 L / 1 . 0 0 0

(*) no caso tio emprego cie <lis|K>siiivos ou detalhes construtivos que absorvam ,is tensões concentradas no contorno de aberturas (porias, janelas), as paredes podem ser consideradas como sendo "sem alxTturas".

Nas obras correntes, um dos principais fatores que prejudicam a estética, funcionalidade,

deformabilidade c durabilidade das estruturas de concreto armado é, sem nenhuma cúvida, a

fissuração dos seus componentes. Considerando que o módulo dc deformação dos açcs é uma

grandeza aproximadamente constante e bem determinada (em torno de 210 GPa), foram de-

senvolvidos diversos modelos matemáticos que conseguem prever com bastante precisão aber-

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS r>0 ESTADO DE SÀO PAULO - 111 Cr i t é r ios M í n i m o s d c D e s e m p e n h o pa ra Hab i t ações T é r r e a s 1 g 4 Publicação con jun ta IPT / Finep / PBQP11. Sào Pauto. 199».

Page 218: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

turas c distanciamentos de fissuras em peças fletidas (CEB128, CEB146, ACI 1 2 etc). Também a

nova versão da NBR 6118/99 (item 17.2.2.1) propõe modelo matemático para a previsão das

aberturas das fissuras, considerando a "área interessada na fissuração", cobaricêntrica á armadu-

ra; no item 17.2.2.2 a norma admite a dispensa da verificação da abertura de fissuras, cm

condições específicas da disposição e diâmetro das armaduras, enquanto que no item 17.2.4.2.1

são estabelecidas taxas mínimas de armadura de flexão para vigas.

A NBR 6 1 1 8 / 9 9 preconiza "que se deve garantir , com razoável probabil idade, que as

aberturas das fissuras fiquem dentro dc limites que não comprometam as condições dc

serviço e durabilidade da estrutura". N o caso de ausência de exigências específica, como

por exemplo impermeabil idade, a norma estabelece as seguintes aberturas máximas:

• concreto a rmado / classe de agressividade I — 0,4mm;

• concreto armado / classes dc agressividade II a IV - 0,3mm;

• concre to pro tendido: 0 ,2mm.

A prevenção dc fissuras envolve o correto dimensionamento das seções c das armaduras

( tensões normais e cisalhantes), a limitação do a longamento do aço (peças fletidas ou

tracionadas), a inserção de armaduras de combate à fissuração (fretamentos e armaduras

de pele, por exemplo), a introdução de juntas de dilatação e a adoção de outros detalhes

construtivos. A disposição das armaduras (particularmente cm nós, apoios, consolos, capiteis,

escadas, articulações e seções submetidas a punc ionamento) requer cuidados especiais;

diversos detalhes de armação são propostos por Fusco1 4 9 , Calavera1*' e Thomaz 1 5 ' .

D o p o n t o de vista das juntas de dilatação, por exemplo, o ACI152 preconiza que será

inevitável o desenvolvimento dc fissuras cm paredes vinculadas às fundações caso não

' " FUSCO, I» B.Técnicas d c Armar as Kstruturas d c Concre to Editora Pini.Séko Paulo. 1995. CAIAVKRA.J. R Manual dc Dcu l l c s Construct ivos cn Obras d c Hormigón Armado INTEMAC. - Instituto Tccnico dc- Matcrialcs v Oiiwruccioncs.

Madrid. 1993. THOMAZ. Fdiurdo Fissuração - < j m » Reais. Tralvalho apresentado no S C-oloquio >ol»re Comportamento e Projeto de EMrutur.i> ITC/RJ Rio de

Janeiro. agosto/1988.

ACI - American Concretc Institule. Control of Cracklng in Concrc tc Structurcs A("J Committcc 22 Í. Puhticaikm ACI 22-iRW. lyyo. | 3 5

Page 219: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

sejam introduzidas juntas com distanciamento igual à altura da parede (paredes altas), ou

no máximo a cada 3 vezes a altura de paredes baixas. De preferência, as juntas deverão

seccionar comple tamente a parede; pode-se optar pela indução das fissuras em seções

intencionalmente enfraquecidas, con fo rme ilustrado na Figura 66.

fôrma negativo

secc ionamento de 505Ó das a r m a d u r a s

2.5

-f f"

ü

1.5

o O • v

dimensões do negativo

fita crepe

•êrm selante

CORTE HORIZONTAL

acabamento da junta

dimensões c m cm.

[] Figura 66

Exemplo de junta de retração em parede de concreto armado, visando induzir a fissura na seção com enfraquecimento do concreto (cerca de 2 0 % ) e da armadura (cerca de 50%).

O s novos proje tos das estruturas, part icularmente aquelas em concre to aparente, deve-

rão considerar a previsão da vida útil da estrutura, rccorrendo-se aos modelos matemáti-

cos anteriormente citados; cm função da agressividade do meio, c da vida útil estabelecida

pela NBR 6 1 1 8 / 9 9 (50 anos) e / o u previamente acertada com o propr ie tár io da obra ,

deverão ser estabelecidas a classe de resistência do concreto e o cobrimento mínimo das

armaduras, podendo-se recorrer nos casos das obras correntes aos valores sugeridos por

Hclcne (Figuras 60 c 61 anteriores) . O u t r o s aspectos relativos à durabi l idade da obra

deverão ser considerados, c o m o drenagem das águas de chuva, proteção superficial da

estrutura e outros.

O projeto deverá considerar as diferentes fases construtivas, cspccificando-sc rigidez dos

c imbramentos , planos de concretagem e des forma, idade e esquema de decimbramento

dos componen tes estruturais. Estimativas da deformabil idade e da fissuração das peças

deverão ser realizadas em cada etapa da cons t rução , bem como após a instalação de

Page 220: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

todas as cargas (flechas de longo prazo), de forma a evitar-se a introdução de danos na

estrutura ou nos demais elementos das obras. O aspecto da fissuração deverá ser especi-

almente considerado; como bem lembrou Collepardi '" de nada adiantará o emprego de

concretos de alto desempenho, cientificamente dosados, se o acesso dc substâncias agres-

sivas até as armaduras for facilitado através das fissuras.

A análise dos p ro je tos es t ruturais , par t icu la rmente no caso de edif ícios especiais, de

grande por te ou destinados a obras com grande afluxo dc pessoas, deverá ser procedida

cada vez com maior cuidado. N o Anexo propõem-se modelo de lista de verificação, que

poderá ser ampliada ou reduzida em função da responsabilidade e das peculiaridades de

cada obra; tal lista poderá ser aplicada pelo analista de projeto ou pelo próprio projetista.

3.2.5. Qualidade na execução das estruturas de concreto armado

Considerando a disponibilidade de um projeto com padrão técnico adequado, com todos

os elementos necessários (conforme abordado no item anterior), a qualidade d?, execu-

ção da estrutura ficará dependendo apenas da adequação da mão-de-obra c dos equipa-

mentos, além é claro do controle da qualidade dos materiais. O controle da execução de

estruturas de concreto armado tem sido tratado por diversos autores, podendo-se desta-

car Meseguer 5 5 c A n d r i o l o , M ; quanto ao controle da qualidade do concreto, trabalho

bastante atual foi publicado por Terzian e Helene1 5 4 .

Alguns aspec tos mais impor t an t e s devem ser c o n t u d o en fa t i zados , c o m o a boa

homogeneização dos aditivos no concreto; a adequação dos equipamentos de transpor-

te, l ançamento e adensamen to ; a ver i f icação de pequenas alturas no lançamento (ou

utilização de equipamentos especiais como calhas e tremonhas); as seqüências de lança-

ANDRIOLO. F R.: SGARBOZA. B. C. Inspeção c Controle da Qual idade d o Concre to Editora Ncwswork. Sào Paulo, 1993.

IIELENE, P R. L.TKRZ1AN. P Manual dc Dosagem c Controle d o Concreto . Editora Plnl, Sào Paulo. 1995. 1 8 7

Page 221: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

mento; a operação adequada de vibradores; a execução correta de juntas de concretagem;

o pos ic ionamento cor re to de armaduras . O controle geométr ico da es t rutura (locação,

prumo, nível, ângulos) é fundamental, não só do ponto de vista da estrutura mas da obra

como um todo.

Pode-se af i rmar que a qualidade global da estrutura dc concreto depende essencialmen-

te da qual idade do p ro je to e da qual idade das f ô r m a s e c imbramentos ; a rigidez dos

cimbramcntos c das fôrmas, sua exatidão geométrica, c a regularidade dos moldes, influ-

enciará d i re tamente a qualidade dos serviços de alvenarias, revest imentos, pisos, caixi-

lhos e outros elementos da obra.

Com o advento dos concretos de grande abatimento, dos processos de bombeamento c

das velocidades de concretagem cada vez maiores, as fô rmas têm que ser mais rígidas,

mais estáveis, mais contraventadas. Km função da altura do concreto (pressão "hidrostática"),

da sua plasticidade (abat imento / s lump), do mé todo dc vibração c da velocidade do

lançamento, o CIB135 c o ACI156 estabelecem as pressões de cálculo a serem absorvidas

pelas fôrmas e respectivos cimbramentos. Indicam ainda as cargas acidentais que devam

ser consideradas (peso própr io dos operários e equipamentos , eventual ação do vento ,

esforços oriundos do transporte c montagem, sobrecargas / materiais depositados sobre as

fôrmas) , bem c o m o os acréscimos decor ren tes dc ações dinâmicas no lançamento do

concreto (bombeamento, altura de lançamento etc). Fajersztajn13", com base nas referidas

recomendações do CIB e do ACI, e considerando casos práticos de lajes e vigas, desenvol-

ve todo o roteiro de cálculo necessário para o d imensionamento dos moldes, travessas,

tensores, escoras e demais componentes .

CIB - Omscil lnu-rn.iiiini.il ilu Bãtimcnt |*>ur I J Redimiu- - ComitecW 29:Conerctc Surfacc FÍ I I ÍSI I Í I IKS Manual 0fTcchn0l0gy'F0rmw0ri<" Puhliiation N* KS.Rottcrd.uu. 1985.

,v ACI - American Gmcrcle Inxiiule. Rccommcndcd Practicc for Concrctc Formwork.ACl Conimiuce 3Í7. Dctroii, 197.x "* FAIERSZTA.IN. II Fôrmas para Concreto Armado - Aplicação para o Caso do Edifício Tc*- aprescntaila á Escola l\>litécnka ila l'SI' (deutorado). Sio

1 88 , , J , , h >- , W 7-

Page 222: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O s principais requisitos de um sistema de fô rmas para concre to a rmado sào: rigidez,

du rab i l idade / n ú m e r o de ciclos de r eap rove i t amen to , peso das peças / e rgonomia ,

facil idade de mon tagem e desmon tagem, tolerâncias d imensionais das peças e regu-

lar idade geomét r i ca dos moldes .

N o caso de estruturas em concre to aparente, cuidados adicionais deverão ser tomados

com as emendas , a b s o r ç ã o de água dos mo ldes , poss ib i l idade de c o n t a m i n a ç ã o d o

concre to etc. Em qualquer caso, c principalmente nas estruturas cm concre to aparente,

merecem também cuidados especiais os agentes desmoldantes . Nesse aspecto, o CIB

es tabe lece diversas exigências: faci l idade de apl icação, t e m p o r eduz ido de secagem

(ação de chuva, poeira), imiscibilidade com água (alteração da pega do cimento, alte-

ração da cor do concreto) , p rodutos não corrosivos, efetivo poder de evitar a aderên-

cia entre o concre to e o molde, não escorregadio (operár ios podem cair se pisar em

cima), não inflamável, não tóxico; além disso, o agente desmoldante não pode prejudi-

car a aderência de a rgamassas ou o u t r o s reves t imentos que venham a ser aplicados

sobre o concreto .

Existem no mercado diversos sistemas de fôrmas, com diferentes concepções e diferen-

tes materiais (sistemas mistos aço /made i r a , moldes cm madeira compensada resinada,

plástico, alumínio, aço). Na seleção de um sistema dc fô rmas devem ser considerados

diversos aspectos, como:

a) c o n c e p ç ã o d o s i s t e m a : modulação dos componen te s , sistemas dc encaixes / liga-

ções, folgas / ajustes / regulagens / tolerâncias, dispositivos para nivelamento e pru-

mo, emprego de gabari tos , espaçadores;

b) ma te r i a i s e c o m p o n e n t e s do s i s t ema de f ô r m a s : materiais de estruturação dos mol-

des, materiais dos moldes (considerando concreto a ser revestido ou concreto aparen-

Page 223: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

te), escoramentos , con t raven tamentos , enr i jecedores , c o m p o n e n t e s para pilares, vi-

gas, lajes, paredes e ou t ros elementos;

c) a c e s s ó r i o s : pon ta le tes , escoras , supor tes , apoios te lescópicos ; fo rcados , gravatas,

t ravamcntos ; travessas, cruzetas ; guias, ap rumadores , disposi t ivos dc regulagem de

nível e p rumo; calços, cunhas, ralas; rodízios, sapatas de apoio; pla taformas de traba-

lho, guarda-corpos; dispositivos para estanqueidade das fôrmas;

d) c a r a c t e r í s t i c a s t é c n i c a s : peso p róp r io dos c o m p o n e n t e s ; concepção estrutural /

d imens ionamento ; sobrecargas admissíveis, características dc rigidez / limitação dc

f lechas e d e f o r m a ç õ e s ; t r a t amen tos ign í fugos , fungic idas , an t icor ros ivos ;

impermeabilidade; estabilidade dimensional dos componentes ; resistência / durabili-

dade frente à ação da chuva e do sol;

e) c a r ac t e r í s t i c a s dc m o n t a g e m d a s f ô r m a s : acoplamento / ligação dos componentes;

en r i j ec imen tos / c o n t r a v e n t a m e n t o s ; e squadro , p r u m o e n ive lamento ; jar.elas de

concretagem; dispositivos de estanqueidade / desmoldantes; processos / cuidados na

des fo rma ;

f) f a c i l i d a d e d c m a n u t e n ç ã o d a s f ô r m a s : manutenção preventiva (limpeza, proteção,

ajustes, regulagens); manutenção corretiva (reparos, reforços, substituição de compo-

nentes) ;

g) c a r a c t e r í s t i c a s e c o n ô m i c a s : indicadores de preço (custo por m 3 de concreto, % do

custo da estrutura); índices dc reaproveitamento; dimensionamento c produtividade de

equipes de montagem; necessidade de equipamentos para transporte / içamenro, etc.

Muitas obras ainda serão executadas com concretos de abatimento normal (entre 5 c lOcm,

por exemplo), mesmo concretos de alto desempenho, requerendo adequado processo de

vibração para que seja atingida a máxima compacidade do material. Nesse aspecto, há que

se recordar que o de sempenho de um vibrador de imersão depende da sua ampli tude

(deslocamento lateral cm relação à posição dc repouso, def in indo a intensidade dc cada

Page 224: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

golpe) e da sua freqüência (número de vibrações por minuto). Para concretos ds pouca

plasticidade, com agregados graúdos de dimensões consideráveis, os vibradores de maior

amplitude apresentam melhor resultado; para os concretos bem argamassados, CADs etc,

sào recomendados os vibradores dc alta freqüência, ou seja na faixa dc 12.000 vibrações

por minuto. Cuidados básicos deverão ser obedecidos na vibração, como raio de ação do

vibrador (em geral em torno de 30cm), "costura" com camada inferior, agulha posicionada

perpendicularmente ao concreto, imersão e retirada vagarosa da agulha e o próprio tempo

dc vibração (até que comece ocorrer a cxsudação da nata).

A qualidade final da estrutura dependerá ainda do processo de cura, cuja importância é

cada vez maior na medida cm que se está utilizando cada vez mais cimentos com adições

minerais (escória dc al to-forno, materiais pozolânicos, cinzas volantes, microssílica); vale-

se recordar que as escórias e os materiais pozolânicos não desenvolverão suas proprie-

dades aglomerantes se não houver a presença de água.

Denomina-se "período de cura" o intervalo de tempo que corresponde às reações iniciais

de hidratação do c imento e endurec imento do concreto. Tal per íodo pode influenciar

significativamente todas as propriedades do material, necessitando-se cuidados especiais

que favoreçam física c quimicamente a constituição da matriz dc cimento; assim sendo,

deve-se garantir o tempo c a quantidade de água necessária para as reações de hidratação

e para constituição do gel, variáveis em função da composição química do cimento e das

eventuais adições.

A água livre no concreto, aquela que foi utilizada em excesso ou aquela que ainda não

reagiu com o c imento, desprende-se da massa através de dois mecanismos principais:

difusão interna e evaporação superficial. A velocidade de evaporação é muito maior do

que a velocidade dc difusão; assim sendo, sc não houver cura úmida, o concre to seca

Page 225: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

pr imeiramente na superfície, decor rendo a retração de secagem. Permanecendo úmido

o núcleo da peça (po r t an to , sem al teração volumétr ica) , desenvo lvem-se tensões de

compres são nesse núcleo e tensões de tração na capa da peça. Tais tensões são res-

ponsáveis por microf issuras , através das quais começarão atuar os agentes agressivos.

O s processos úmidos de cura visam s o b r e t u d o re tardar a re t ração dos concretos , de

forma que o material possa desenvolver resistência razoável antes que se manifestem as

aludidas tensões de tração nas superfícies das peças. Em geral, cerca dc 70% da retração

total de um concreto ocorre durante o intervalo de apenas sete dias.

Q u a n t o mais água em excesso, maior a po ros idade do conc re to e maior a facilidade

c ve loc idade de l iberação da água livre, inclusive aquela que estava previs ta para a

reação química; assim sendo, quan to maior a relação á g u a / c i m e n t o , maiores os cui-

d a d o s necessár ios com a cura d o conc re to . He lene e Levy I 5 S , em função do tipo de

c i m e n t o e da relação a / c , r e c o m e n d a m os p e r í o d o s m í n i m o s de cura ind icados na

tabela a seguir:

Tabela 3 5 : Períodos mínimos de cura para concretos de cimento Portland

Tipo de Período mínimo de cura (dias) para relações água/cimento de

cimento 0,35 0,55 0.65 0,70

CP l e CP I I - 3 2 2 3 7 10

CP IV 32 (POZ) 2 3 7 10

CP III 32 (AF) 2 5 7 10

CP l e CP II 40 2 3 5 5

CP V (ARI) 2 3 5 5

192 LEVY. S.: 11ELHNE. P. R. L Cura: c o m o . q u a n d o c p o r quê .Tcchne - Revista dc Tecnologia da Construção X 20. lilitora llnJ. Sào Paulo. |an/fev 1996.

Page 226: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Considerando as condições do ambiente do local da obra (temperatura, vento e umidade

relativa do ar), a relação área exposta / volume da peça concretada, e ainda as condições

dc agressividade do ambiente , os mesmos pesquisadores recomendam que os períodos

acima indicados sejam multiplicados por um cocfícicntc dc correção k(i, expresso pelo

produto de três fatores (k = n . n2 . n j , conforme tabela seguinte:

Tabela 36: Fatores de correção para os períodos mínimos de cura do concretos

condições

atmosféricas

temperatura 0 < I 5 ° C 16°C < 0 < 39°C condições

atmosféricas umidade relativa do ar UR < 7 0 % UR > 7 0 % UR < 7 0 % UR > 7 0 %

Coef. de correção do tempo de cura (n,) 1 , 1 0 1,05 1,05 1,00

Relação área exposta / volume da peça R < 0,20 0,20 < R < 0,40 0,40 < R < 0,70 R> 0,70

Coei. de correção do tempo de cura (n.) 1,00 1,05 1 , 1 0 1,20

Agressividade do meio ambiente fraca média forte mu to forte

Coei. de correção do tempo de cura (n,) 1,00 1 , 1 0 1,20 1,30

O cont ro le da execução das es t ru turas de concre to a r m a d o requer a c o m p a n h a m e n t o

d iu tu rno por par te dc prof iss ionais qualif icados, com base cm critérios objet ivamente

estabelecidos (planos de inspeção da estrutura, tolerâncias no abat imento do concreto,

tolerâncias geométricas admitidas e outros). Os controles devem ser balizados por listas

de verif icação (modelo no Anexo); diversas medidas para a c o m p a n h a m e n t o da execu-

ção da estrutura são apresentadas a seguir:

a) mater ia is : mesmo com a suposição do controle de recebimento para todos os materiais,

de acordo com as respectivas normas técnicas, enfatiza-se a necessidade de verificar-se:

- areia isenta de pirita, argila, sais, matéria orgânica c outros contaminantes;

Page 227: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- homogeneização dos eventuais aditivos, controle do abat imento, dimensão má-

xima do agregado g raúdo , coesão do conc re to ; t empo de t r anspor t e ent re a

usina e a obra; lacre da betoneira; t empo de remistura;

- fôrmas c escoramentos: quantidade c integridade dos componentes , regularida-

de das peças (sem empenamentos , distorções), limpeza, funcionamento de apoi-

os telescópicos, quant idade e integridade dos demais acessórios;

- aço: desbi tolamentos, características geométricas (ganchos, dobras , estribos).

b) e q u i p a m e n t o s : quantidade e condições de funcionamento de gruas, elevadores, jericas,

tremonhas, vibradores, bombas, mangotes; condições de rampas e passarelas para movi-

mentação dos trabalhadores; verificar integridade e condições de funcionamento das ins-

talações elétricas; prever vibradores de reserva c / o u vibradores acionados por gasolina;

dispor de mantas plásticas para evitar acesso de água às formas, no caso de concretagem

sob chuva; dispor de moldes e hastes para preparação de corpos-de-prova;

c) m o n t a g e m dc f ô r m a s c c i m b r a m e n t o s :

- rigidez dos escoramentos, número e disposição dos apoios e contraventamentos;

- inspeção de emendas / apoios de pontaletes , escoras, chapuzes;

- locação dc cortinas c de gastalhos nos pés de pilares e nos arranques das fundações;

- locação geométr ica de pilares, vigas, cort inas e paredes (cotas, ângulos, alinha-

mentos, nível, p rumo, deslocamentos laterais e distorções); contraílechas de la-

jes ou vigas; dentes nos encontros das peças do molde;

- geometria das seções transversais das peças, desbi tolamentos;

- n ú m e r o e d ispos ição de fo rcados , gravatas, t ravamentos ; travessas, tensores ,

cruzetas, guias, aprumadores , calços, cunhas, talas;

- negativos para introdução de furos de passagem, caixas de luz, pingadeiras etc;

janelas c furos para passagem de dutos ou instalação dc shafts;

Page 228: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- presença de janelas de concretagem;

- dispositivos para construção de juntas de dilatação;

- limpeza e estanqueidade das fôrmas , aplicação de desmoldante .

d) m o n t a g e m d a s a r m a d u r a s

- disposições construtivas das armaduras: armaduras negativas, armaduras de pele,

armaduras de torção, armaduras de combate a momentos volventes, fretamen-

tos;

- ancoragens, ganchos, barras dobradas, transpasses, rigidez na montagem / amar-

ração das armaduras ;

- bitolas, espaçamentos, número de ramos dos estribos;

- número c disposição de espaçadores c caranguejos;

- a r ranques , ganchos de ancoragem para fixação de andaimes e p la ta formas de

pro teção .

e) l a n ç a m e n t o c a d e n s a m e n t o do c o n c r e t o :

- prévia conferência do embut imento de e le t rodutos e caixas de passagem;

- eventual introdução de tiras pré- formadas para juntas de dilatação;

- prévia conferência da disponibilidade dc concreto;

- obediência aos planos de concretagem;

- utilização de trombas, calhas ou outros dispositivos previstos no projeto;

- obse rva r des locamentos de a rmaduras (pr incipalmente fe r ros negativos) pelo

trânsito dc trabalhadores ou jericas;

- procedimentos de vibração (posicionamento perpendicular da agulha, imersão e

retirada suave, raio e tempo de vibração);

- observar eventuais aberturas das fôrmas ou outras irregularidades;

- observar eventual preparação dc juntas frias de concretagem.

Page 229: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

f) d c s c i m b r a m e n t o c d c s f o r m a : observar período c plano de descimbramento previsto

no pro je to ; retirada das peças sem golpes ; manu tenção dos pés-direi tos , escoras e

contraventamentos previstos no projeto.

g) c u r a : e m p r e g o de agente de cura ou p r o c e s s o / p e r í o d o de cura úmida, c o n f o r m e

previs to no p ro j e to (cuidados especiais com c imen to pozolân ico ou c imento de

alto forno) .

h) e s t ru tu ra a c a b a d a

- conferência da geometria, integridade e homogeneidade das peças, das juntas de

dilatação;

- verificação / correção de fissuras, lascamentos, ninhos dc concrctagem;

- proteção provisória das bases de pilares em subsolos ou térreo durante a cons-

trução (locais sujeitos a impactos devidos à movimentação de cargas/estoque de

materiais);

- proteção provisória contra água e temperatura em lajes de cobertura (rccomen-

dando-se execução do te lhado ou impermeabi l ização / isolação térmica logo

após per íodo de cura);

- verificação do número e posição de pés-direitos (escoramento residual);

- evitar armazenagem de materiais / sobrecargas sobre a estrutura recém-acabada;

- tempo decorrido entre a concretagem da estrutura e a sua colocação em serviço.

i) j un t a s dc d i la tação :

- bordos regulares, concre to bem seco e bem limpo;

- colocação do fundo de junta, para atender o fator de forma ideal do selante;

- aplicação de fita crepe nas laterais, evi tando impregnação do concreto;

- imprimação do concreto (primer compatível com resina do selante);

Page 230: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- aplicação compacta do selante, em várias camadas, forçando-o contra os bordos;

- acabamento superficial / alisamento do selante.

j) p r o t e ç ã o super f ic ia l d a e s t r u t u r a

- emprego do verniz especificado (resinas acrílicas, pol iuretano ali tático etc);

- remoção de poeira, manchas, eflorescências;

- imprimação para correção da alcalinidade (primer especificado no projeto);

- apl icação do sis tema dc p ro t eção com o conc re to bem seco c bem l impo,

sempre com tempo f irme, número de demãos especificado no projeto.

3.3 ] Qualidade no projeto e na execução de alvenarias

Tradic iona lmente pesadas, espessas e rígidas, as alvenarias evoluíram para as lâminas

cons ideravelmente delgadas dos nossos dias. A evolução tecnológica apontou , de um

lado, para o desenvolv imento de materiais com pequena massa especifica (enquadran-

do-se aí os concre tos celulares), c de ou t ro , para os componen te s vazados (blocos de

concre to , cerâmica ou sílica-cal); a part ir ap rox imadamente da metade do século XX,

ocorreu verdadeira revolução na técnica das alvenarias.

Em termos gerais, as alvenarias, em função sobretudo da natureza dos seus componentes

(materiais pétreos) , apresentam bom c o m p o r t a m e n t o às solicitações de compressão, o

mesmo não oco r rendo em relação às solicitações de tração, flexão e cisalhamento. E m

f u n ç ã o da ut i l ização con jugada de materiais d i f e ren te s ( c o m p o n e n t e s de alvenaria e

argamassa de a s sen tamen to ) , com p ropr i edades d i fe renc iadas (resistência mecânica ,

módulo de deformação longitudinal, coeficiente de Poisson), as alvenarias são normal-

mente he te rogêneas e anisot rópicas . Além das p rop r i edades refer idas , inf luenciam o

compor t amen to mecânico das paredes diversos outros fatores, tais como:

Page 231: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- geometr ia , rugosidade superficial e porosidade do componen te de alvenaria;

- índice de retração, poder de aderência e poder de retenção de água da argamas-

sa de assentamento;

- csbel tcz , eventual presença dc a rmaduras (alvenarias a rmadas c parcia lmente

armadas) , número e disposição das paredes contraventantes ;

- amarrações, c intamentos, disposição e tamanho dos vãos de portas e janelas;

- enfraquecimentos provocados pelo embut imento de tubulações, rigidez dos ele-

mentos de fundação, geometria do edifício.

3.3 . 1 Propriedades gerais dos componentes e das alvenarias

Existem no mercado várias opções de tijolos e blocos, com di ferentes características:

materiais, dimensões, disposições dos furos , textura e diversas outras propriedades físi-

cas e mecânicas (resistência à compressão, porosidade e capilaridade, absorção de água,

coeficientes de absorção e dilatação térmica). Trabalho anterior deste autor159 aponta os

seguintes atributos que devem ser considerados na escolha do componente de alvenaria:

- e r g o n o m i a : tamanho, textura, forma e peso do bloco influem na produtividade:

nem sempre o componente de menor tamanho repercutirá na menor produtivi-

d a d e ;

- r e g u l a r i d a d e g e o m é t r i c a : blocos regulares permi tem assentamento uni forme

(economia de argamassa de assentamento e de revestimento), viabilizando ain-

da revestimentos em gesso; nas alvenarias aparentes a regularidade ganha ainda

maior importância;

- f o r n e c i m e n t o / e m b a l a g e m : bons acondicionamentos (paletização, amarração,

proteção de plástico) facilitarão a integridade dos blocos e o t ransporte até os

pavimentos; os diferentes tipos de blocos apresentam diferentes resistências ao

manuseio (quebras, lascamento de cantos);

] 9 3 '"THOMAZ, E. Como Construir Alvenarias d c Vcdaçlo KcvtstaTcchnc n* IS c n* 16. Editora l1.NI.Sio Paulo. I W .

Page 232: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

f o r m a d o b loco , a b s o r ç ã o dc á g u a c a d c r c n c i a : os componentes de alvenaria

devem apresentar um valor mínimo de absorção de água (abaixo do qual não

haverá adequada penet ração de nata de aglomerante nos seus poros) c, idem,

um valor máximo (para que não ocorra intensa retirada dc água da argamassa,

prejudicando a hidratação do aglomerante); para mesmas condições de assenta-

mento (mesma argamassa), quan to maior a área de con ta to a rgamassa /b loco ,

maior a aderência; a penet ração de argamassa em ranhuras ou furos dc alguns

blocos pode melhorar consideravelmente a aderência;

m o v i m e n t a ç õ e s h i g r o s c ó p i c a s : os materiais porosos, constituintes dos blocos,

sofrem em maior ou menor escala variações volumétricas em função do teor de

umidade; p rodu tos sujei tos a g rande retração de secagem, ou que absorvam

mais umidade (incidência dc chuva no can te i ro ou na própr ia parede recém

erguida), tenderão a secar na parede acabada, induzindo com maior probabili-

dade a formação de fissuras e destacamentos;

m o v i m e n t a ç õ e s t é rmicas : frente a oscilações da temperatura, os materiais cons-

t i tuintes dos blocos apresentarão d i fe ren tes variações dimensionais , podendo

induzir destacamentos entre alvenaria e estrutura (paredes de vedação) ou entre

paredes ligadas com juntas a p rumo; as pinturas externas das paredes influenci-

arão decisivamente a escala das movimentações (quanto mais escura a cor, mai-

or a absorção de calor, maiores as movimentações térmicas);

t a m a n h o d o b l o c o e " f l e x i b i l i d a d e d a p a r e d e " : como regra geral, a capa-

c idade das a lvenar ias a b s o r v e r e m d e f o r m a ç õ e s i m p o s t a s ( reca lques e ou-

tros) é regida pelas juntas (de formabi l idade da argamassa, t ipo de junta - a

p r u m o ou em amar ração , espessura e q u a n t i d a d e de juntas) ; para idênticas

c o n d i ç õ e s de a s s e n t a m e n t o , p o r t a n t o , q u a n t o maior a d i m e n s ã o do b loco ,

m e n o r o n ú m e r o de juntas e, c o m p a r a t i v a m e n t e , m e n o r o p o d e r de absor -

ção dc m o v i m e n t a ç õ e s ;

Page 233: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- pe so própr io d a s p a r e d e s e d i m e n s i o n a m e n t o da e s t ru tu ra : blocos mais leves

propiciarão, no caso de alvenarias de vedação, a redução de seção dos compo-

nentes estruturais, passando a ter maior importância no projeto estrutural a consi-

deração da ação do vento c ação do fogo; a partir de uma certa flexibilidade da

estrutura deve-se também considerar o eventual papel contraventante das alve-

narias e a necessidade de adoção de uma série de detalhes para sua vir.culaçào

à estrutura;

- d e s e m p e n h o t e r m o - a c ú s t i c o : o desempenho térmico dependerá da inércia tér-

mica (função da massa da parede e do calor específico do material) e da presen-

ça de camadas confinadas de ar; do pon to de vista da isolação acústica, como

regra geral, paredes mais pesadas apresentam melhor isolação aos ruídos aéreos

("Lei das Massas"), ocor rendo o inverso em relação aos ruídos por impacto; o

desempenho acústico será mui to inf luenciado por frestas ou descont inuidades

nas juntas de assentamento, eventual reverberação nos furos dos blocos e pre-

sença de revest imento;

- o u t r a s ca rac te r í s t i cas : na escolha dos blocos deve-se ainda considerar resistên-

cia sob ação do fogo, capacidade de fixação de peças suspensas (armários, redes

de dormir) , efetividade de ligações com marcos ou contra-marcos, facilidade de

embut imento de instalações, resistência a cargas laterais, incorporação dc equi-

pamentos às paredes (exaustores, caixas de aparelho de ar condicionado, supor-

tes de filtro de água, papeleira, saboneteira, arandelas).

Aspecto extremamente importante é a coordenação dimensional: o tamanho dos blocos

deve ser compatível com os vãos estruturais ou com as dimensões das paredes estrutu-

rais, t amanho dos caixilhos, caixas de ar condicionado e outros equipamentos. As alve-

narias deverão ser alvo de projetos específicos, indicando disposição das juntas de assen-

tamento e das amarrações, posições das aberturas dc por tas c janelas, presença dc ver-

Page 234: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

gas, contravergas c tubulações. Nas ligações entre as paredes recomenda-se juntas em

amarração, recorrendo-se a componen tes especiais exemplificados nas Figuras 67 e 68.

1» fiada D Dl

| a a a i a a i D b a i a a i a d D

• Dl

2 a fiada

•j • O Í D g O D D D D Í D D I D D 4- 3a+ 1 2 a + 1

0 Figura 67 Com|K>nontcs especiais para encontro entre paredes

0 Figura 68 Coni|x>nentes especiais para encontro entre paredes

Fishcr1 6 0 af i rma que no projeto das alvenarias dc vedação, e também em alvenarias

estruturais dc pequenos edifícios, dcvc-sc considerar , mais d o que o própr io desempe-

nho mecânico, aspectos da es tanqueidade à água, isolação térmica e isolação acústica.

D o pon to dc vista da sensação acústica, recordando o conceito de Decibel (equação 7),

explica p re l iminarmente que existe para o ouv ido h u m a n o fo r te equivalência ent re a

pressão sonora c a freqüência, con fo rme ilustrado na Figura 69.

IISHKR. K Paredes Versão espanhola d* la. edição inglesa, tradução de Luís M.J. Cásneros. Barcelona. Editorial Hlume. 1976

Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção | Ercio Thomaz

Page 235: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

CIB = 2 0 . l o g

Po eq.l

p, = pressão acústica da onda expressa cm Pascais

p|( = pressão acústica do limiar da audição (p0 = 2 x IO3 Pa)

Nível sonoro (db)

Q Figura 69 Sensação do ouvido humano: curva de equivalência entre pressão e freqüência (56dB, freqüência 62,51 Iz -> mesma sensação para 40dB, freqüência 1000Hz).

A capacidade dc isolação acústica dos materiais varia dc acordo com as diferentes faixas

de freqüência que integram os sons. De acordo com Becker142, considerando uma média

ponderada dessas freqüências, a isolação aos sons aéreos (I ) para e lementos maciços

pode ser estimada através da massa da parede, aplicando-se a seguinte fórmula:

Ia = 12 + 5,3 (dBA) eq. 8

m = massa da parede, cm kg/m 2 .

humana

infra-som

freqüência (Hz)

faixa de audibilidade ultra-som

Page 236: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Fisher160 explica que, pela lei das massas e das freqüências, ocorre aproximadamente:

- para determinada freqüência, duplicando-se a massa da parede aumenta-se em 4

dBA sua isolação; situação inversa é verificada ao dividir-se esta massa pela metade;

- para determinada massa, a duplicação da freqüência redunda cm aumento dc 4

dBA na isolação acústica; situação inversa é verificada ao dividir-se a freqüência

pela metade .

A aplicação da lei das massas e das freqüências levaria por exemplo aos valores dc 1

(índice de isolação acústica aos sons aéreos) indicados na Figura 70:

l e i e x p e r i m e n t a l d a s m a s s a s

pa ta 500Hz

2 5 k g / m 2 32dB CO

1 50 k g / m 2 36dB

100 k g / m 2 40dB

ca •o * 200 k g / m 2 44dB

400 k g / m 2 4 â d B

Lei e x p e r i m e n t a l d a s f r e q ü ê n c i a s

pa ra lOOkg/m 2

125Hz 32dB m T3 1 250Hz 36dB

500Hz 40dB

ca "D 1000Hz 44dB •

2000Hz 4 â d B

0 Figura 70

Variação aproximada de I, com a massa da parede e a freqüência do som aéreo

A equação 8 antes indicada, c a lei dc massas e freqüências, não se aplicam a paredes com

vazios internos, onde a presença de câmaras dc ar pode alterar substancialmente a isolação

acústica desses elementos. Para paredes constituídas por blocos vazados de cerâmica c dc

concre to , o IPT161 obteve os valores experimentais indicados na Tabela 37, que também

reúne valores da resistência térmica obtidos para as paredes ensaiadas. A menor isolação

acústica dos blocos cerâmicos com furos na vertical deveu-se provavelmente à ressonância

no interior dos furos, que teriam funcionado como "tubos acústicos".

u t Instituto dc Pcs<|uisis Tecnológicas d o F .MJI IO dc São Paulo Análise d o Compor t amen to Térmico c Acústico dc Alvenarias IPT. São Paulo. I W S Relatório Técnico N* 21.910. 2 0 3

Page 237: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 37: Características termoacústicas de paredes constituídas por blocos vazados

Tipo de bloco Largura

do bloco

(cm)

Características da parede Tipo de bloco Largura

do bloco

(cm)

Largura

(cm)

Massa

(kg/m-)

Resistência térmica

(nv . « C / W )

1 (dBA) •1

¥ 9 9 90 • •

¥ 9 12 130 0,22 42 ¥

14 17 180 0,30 *

4j 9

9 130 * *

4j 9

12 170 0 , 1 1 42 4j

14 17 2 1 5 * 46

<i P I 14 14 120 0,31 36 <i P I 14 17 160 • 40

9 I 14 14 175 0,16 44 9 I 14 17 2 1 5 • *

* ensaios não realizados

E m função de características físicas dos materiais (condutibilidade térmica, dilatação tér-

mica, poros idade / capilaridade) e das características de cons t rução das paredes (peso

próprio, tipo de argamassa, compacidade das juntas de assentamento, forma de ligação

com a es t rutura) as alvenarias apresentam di ferentes desempenhos sob ação do fogo ;

alguns valores obt idos em ensaios realizados no IPT161 são indicados na tabela a seguir.

Chichicichio i r '1 estabelece diversas indicações sobre a resistência ao fogo c o desempenho

termoacúst ico de alvenarias. Relativamente à isolação aos sons aéreos, como termo de

comparação com as alvenarias, Becker'42 indica por exemplo para divisórias "dry-wall",

constituídas por placas de gesso e estrutura interna em perfis de aço, os valores de isolação

acústica registrados na Tabela 39.

CllICHIERCHIO. L. C. Conforto Ambiental: Desempenho Térmico e Acústico e Proteção contra o Fogo. In Manual Técn ico d e Alvenaria, p p I I9-M1. 2 0 4 Projeto Editores Associados. Sâo Paulo, 1990.

Page 238: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 38: Resistência ao togo de paredes constituídas por blocos vazados

Tipo de bloco Largura Características da parede

do bloco Largura Massa Resistência ao togo

(cm) (cm) (kg/m1) Isolação térmica Resistência mecância

9 9 90 80 90

10 12 130 105 155

14 17 180 » •

9 9 130 22 22

& 12 170 125 180

i r 14 17 2 1 5 • •

14 14 120 100 122 w 17 160 175 192

14 14 175 80 240 r 14 17 2 1 5 155 240

* ensaios não realizados

Tabela 39: Isolação acústica de "dry-walls" em gesso e estrutura de aço (Becker1-'2)

Características da parede "dry-wall" Isolação acústica (d BA)

Espessura total = 70mm, uma placa de gesso com lOmm de esjjessura 3 3

em cada face da parede

Espessura total = 70mm, uma placa de gesso com lOmm de es|)essura em 46

cada face da parede, inserção no vazio interno de manta de lã de rocha

c o m 2 5 I I I I I I c l i r cspussuia

Espessura total = 90mm, duas placas de gesso com lOmm de espessura em 51

cada face da parede, inserção no vazio interno de manta de lã de rocha

com 25mm de os|>essura

Page 239: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

3.3.2 Qualidade no projeto e na execução dc alvenarias estruturais

Relativamente ao projeto das alvenarias estruturais, comentam-se a seguir aspectos rele-

vantes a serem considerados no projeto:

a) Arqu i t e tu ra d a s f a c h a d a s

As alvenarias localizadas nas fachadas dos edifícios têm a importante função de propiciar

es tanqucidade à água; a penetração de umidade pode provocar inclusive o desenvolvi-

mento de fissuras c desagregações. Assim sendo, c desejável que as lâminas dc água sejam

descoladas o mais rapidamente possível das fachadas, o que se poderá conseguir com

alguns recursos apontados em outro trabalho deste autor163 (posicionamento das alvenari-

as em relação à estrutura, beirais, pingadeiras, peitoris, reentrâncias c outros recursos).

A pintura das fachadas em cores escuras favorece a absorção de calor, redundando em

maiores movimentações térmicas das paredes, aumentando a possibil idade de ocorrên-

cia dc fissuras c destacamentos; a combinação alternada de faixas claras e escuras numa

mesma fachada pode aumentar essa potencial idade.

N o caso de alvenarias aparentes, cuidados especiais deverão ser observados a fim de evitar

a ocorrência de eflorescências: seleção dos componen tes dc alvenaria (isentos ou com

teores mínimos de sais solúveis, argamassa de assentamento com mínima quantidade ou

sem a presença de cal, aplicação de verniz ou hidrofugante com a parede totalmente seca).

b ) P ro je to e s t ru tu ra l

A n o r m a brasi leira NBR 10837K>4 de f ine as cond ições para o p r o j e t o de alvenarias

estruturais em blocos vazados de concreto: distribuições de cargas, trechos curtos (pi-

THOMAZ. E. Patologias ilu-> Alvenarias. In .Manual Técn ico d c Alvenarias, pp 97-117. Pmjcto Editores Associados. Sáo Paulo. 19W. ""ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 10857 / 89 - Cálculo d c Alvenaria Estrutural d c Blocos Vazados d c Concre to Rio de

2 0 6 Janeiro. !98Ç>.

Page 240: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

lares), t r echos com aber tu ras sucessivas (vigas), f langes, e l ementos con t raven tan tes ,

efei to global do vento, enrijecedores e outros. A norma prevê a disposição de armadu-

ras cons t ru t ivas e a r m a d u r a s de amar ração para qua lquer moda l idade dc alvenaria,

de f in indo três modal idades : alvenaria não armada ( somente a rmaduras construt ivas) ,

alvenarias a rmadas (pilaretes g rau teados nos fu ros dos blocos , a b s o r v e n d o parte das

cargas vert icais) e, p o r úl t imo, alvenaria pa rc ia lmente a rmada (pi laretes apenas nas

paredes mais carregadas) .

Puga 1 6 ' comenta que a grande maioria dos edifícios em alvenaria hoje construídos no

Brasil c o r r e s p o n d e m à alvenaria não a rmada , por dois mo t ivos básicos: a) é mu i to

p e q u e n a a c o n t r i b u i ç ã o das a r m a d u r a s na res i s t ênc ia f inal da a lvenar ia f r en t e às

cargas verticais; b) há indústr ias que já p r o d u z e m blocos com resistências mecânicas

r e l a t i vamen te al tas , c o m boa h o m o g e n e i d a d e da p r o d u ç ã o . O p ro j e t i s t a esc larece

que a alvenaria armada justifica-se quando ocor rem esforços de tração ou no caso de

edif íc ios mui to esbel tos , o n d e a ação global do ven to passa a ser mais impor tan te .

Ao se compr imir uma alvenaria const i tuída por c o m p o n e n t e maciços, a argamassa de

assentamento sofre deformações transversais mais acentuadas que os tijolos, introduzin-

do nos mesmos um es tado triaxial de tensões: compressão vertical e t ração nas duas

direções do plano horizontal; nessas condições, a argamassa fica por tan to submetida a

um es tado triaxial de tensões de compressão . Ul t rapassada a resistência à tração dos

tijolos, começam a ocorrer fissuras verticais no corpo da parede. N o caso de alvenarias

constituídas por blocos vazados, outras tensões importantes juntar-se-ão às precedentes;

para blocos com furos retangulares dispostos verticalmente, as tensões tangenciais nor-

malmente provocam ruptura dos septos ou nervuras transversais dos blocos, levando à

ruptura da parede.

ITC.A.C. C. Cálculo d c Alvenaria Estrutural Curso d c Mestrado di> Instituto dc PesquisasTecnológicas d o Estado de Sio Paulo - IPT. I««S

Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção | Ercio Thomaz

Page 241: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Diversos fatores intervém na resistência final de uma parede a esforços axiais de com-

pressão: resistência mecânica dos componen tes de alvenaria e da argamassa de assenta-

mento; módulos de deformação longitudinal e transversal dos componentes de alvenaria

c da argamassa ; rugos idade superf icial c po ros idade dos c o m p o n e n t e s de alvenaria;

pode r de aderência, re tenção de água, elasticidade e retração da argamassa; espessura,

regularidade e tipo de junta de assentamento e, finalmente, esbeltez da parede produzi-

da. Segundo Sahlin1 6 6 , a espessura ideal das juntas de assentamento (horizontais e verti-

cais) situa-se cm torno de lOmm; juntas com espessura dc 15mm podem reduz i rá meta-

de a resistência à compressão da parede. Ressalta também que a qualidade da mão-de-

obra pode implicar em variações da ordem de 30% nesta resistência.

0 principal fator que influi na resistência à compressão da parede é a resistência à com-

pressão do bloco ou do tijolo; a influência da resistência da argamassa de assentamento

é pouca significativa. Para blocos vazados dc concre to Gomes1 6 7 relata pesquisas desen-

volvidas no B.R.E, t omando como referência a resistência à compressão de uma arga-

massa 1 : 3 (cimento e areia, em volume), verificando-se queda de apenas 20% na resis-

tência das paredes ao se reduzir a resistência à compressão da argamassa em quase 85%

(Figura 71). Para b locos vazados em cerâmica , Tubi1 6 8 chega praticamente à mesma

conclusão, observando que ao incrementar-se a resistência da argamassa acima dos 6MPa

os ganhos de resistência da parede são muito pequenos.

A s alvenarias e x e c u t a d a s c o m juntas e m amarração , i n c l u s i v e nas l i g a ç õ e s entre as pare-

des, cm con jun to com as lajes apresentam razoável poder de redistribuição dc cargas,

isto é, e spa lhamen to das cargas das paredes mais car regadas para as paredes menos

car regadas , o que, segundo Corrêa 1 6 7 , ocorre ao longo da altura do edifício, chegando

SAIILIN.SVEN Structunü Masonry Newjerscy.Prcnt ice llall. 1971. H" CiO.MK.N.S. A Resistência das Paredes d c Alvenaria. São Paulo. l9K3-l>isscrtaçio de mestrado apresentada a Escola INititécnica it» Cnivcrskladede Sto» Paulo. ,<-TL'BI. N. La Realizzazione dl Muraturc in Laterizio.AXDIL - Associazianc Nazionale degli Industríali dei Laicrizi Roma. 1986. '*" CORRÊA, M R. S.: RAMALHO. M.A Procedimento paraAni l i se dc Edifícios dc Alvenaria Estrutural Submetidos a Ações Verticais In 5 " International

2 0 8 Scmiiiar on StnKlural Masonry for Dewkiping Countries. Prixecdings. PP 305-3 l-í. Florianópolis, 199 i

Page 242: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O Figura 71

Resistência à compressão da alvenaria em função da resistência à compressão da argamassa: blocos vazados de concreto167 e de cerâmica'*8, respectivamente.

em alguns casos a constatar-se quase que total homogeneização das cargas ao acingir-se

o pavimento térreo. O professor relata ter desenvolvido um software de cálculo estrutu-

ral, levando em conta o aludido efei to da repartição de cargas.

Vale fr isar que a cons ta tada redis t r ibuição de carga é p ra t icamente in te r rompida nas

regiões das aber turas de por tas c janelas, p o n t o s cm geral com acentuada concentra-

ção de t ensões ; daí a impor t ânc ia do c o r r e t o d i m e n s i o n a m e n t o de cintas , vergas e

con t r a -ve rgas ; Tubi r e c o m e n d a que, n o caso de abe r tu ra s mu i to p róx imas , deve-se

d i m e n s i o n a r as e spa l e t a s i n t e r m e d i á r i a s c o m o pi lares , a d o t a n d o - s e vergas e

con t r ave rgas con t ínuas .

0 Figura 72

Vergas e contravergas contínuas em alvenaria com grande número de aberturas

Page 243: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m o regra geral , as alvenarias são bas tan te suscept íveis

à f i s su ração , d e v e n d o - s e l imitar as d i s t o r ç õ e s angu la res

c o n f o r m e a n a l i s a d o n o i tem 3.1. Há n e c e s s i d a d e t am-

bém de l im i t a r em-se as f l echas de vigas dc f u n d a ç ã o c

vigas de t ransição (Figura 73), já que, sob ação dos des-

locamen tos , há t endênc ia das paredes t r aba lha rem soli-

d a r i a m e n t e , c o m p o r t a n d o - s e c o m o vigas al tas.

A introdução de uma taxa mínima de armadura na alvenaria (0,2% por exemplo), não chega

a aumentar significativamente a resistência à compressão da parede; entretanto, tal armadura

melhora substancialmente o comportamento da alvenaria quanto à fissuração, normalmente

provocada por atuação de cargas excêntricas, ocorrências de recalques diferenciados, movi-

mentações térmicas, deslocamentos dos apoios ou concentração de tensões.

c) J u n t a s de a s s e n t a m e n t o

As juntas em a m a r r a ç ã o faci l i tam a red i s t r ibu ição de t ensões p r o v e n i e n t e s de car-

gas ve r t i ca i s ou i n t r o d u z i d a s p o r d e f o r m a ç õ e s e s t r u t u r a i s e m o v i m e n t a ç õ e s

h i g r o t é r m i c a s ; as j u n t a s a p r u m a d a s não p r o p i c i a m o e s p a l h a m e n t o das t e n s õ e s ,

t e n d e n d o as p a r e d e s a t r a b a l h a r e m c o m o uma s u c e s s ã o de " p i l a r e t e s " . E m b o r a

desejável a de fasagem de 1/2 bloco en t re f iadas sucessivas, sob repos ições não infe-

r iores a 1 / 3 d o b loco são aceitáveis.

As juntas poderão ser " tomadas" (retirada da argamassa expulsa para fora da parede pela

pressão do assentamento) ou "fr isadas", situação característica das alvenarias aparentes.

Nas fachadas , o f r i s amen to das juntas, além de criar depressões que favorecem o

descolamento das lâminas de água, p romovem melhor compactação da argamassa, favo-

recendo a impermeabi l idade das juntas.

/ \

.«: . 4 - . - b- . • o. - »,

• /

o • • • • • • v V o í ' " •! ' ' 0

0 Figura 73

Interação entre alvenaria estrutural e viga de transição

Page 244: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A ausência dc argamassa nas juntas verticais ("juntas secas") repercute em maiores ou

menores prejuízos à resistência ao cisalhamento da alvenaria, à resistência ao togo, ao

desempenho termoacústico, à resistência a cargas laterais e à capacidade de redistribuição

das tensões desenvolvidas nas paredes. Dessa f o r m a , nào se recomenda cm nenhuma

circunstância a adoção de "juntas secas" nas alvenarias estruturais.

d ) E n c o n t r o s en t r e p a r e d e s

N o s encontros entre paredes ("I " T " ou cruz) é sempre desejável as juntas cm amarra-

ção; recomenda-se o emprego de blocos especiais, com compr imentos ou formas adap-

tados para essas ligações, c o n f o r m e Figuras 67 e 68 anteriores. Q u a n d o optar-se por

encontros entre paredes com juntas aprumadas, uma série de cuidados deverá ser previs-

ta: maior rigidez dos apoios, disposição dc ferros ou telas metálicas nas juntas dc assen-

tamento, embut imento de tela no revestimento, cuidados redobrados na compactação da

argamassa das juntas horizontais e verticais.

N o caso de apoios com pequena dcslocabilidade, para os encontros entre paredes internas

(relativamente protegidas das oscilações de temperatura) a inserção de ganchos OJ ferros

nas juntas de assentamento , e / o u o embut imen to de tela de es tuque na argamassa de

revestimento podem evitar os destacamentos. Nos encontros entre paredes externas com

juntas a prumo, em função da intensa solicitação térmica, recomenda-se a inserção dos

ferros de amarração (garantindo a ancoragem mecânica entre paredes) e o tratamento da

junta com selante flexível, garantindo acabamento e estanqueidade (Figura 74).

c) J u n t a s d c con t ro l e

A fim de evi tar-se a oco r rênc ia de f issuras e d e s t a c a m e n t o s p r o v o c a d o s por movi-

m e n t a ç õ e s h ig ro t é rmicas dos mater ia is , de a c o r d o com t raba lho an te r io r deste au-

tor159 r e c o m e n d a - s e a inserção dc juntas dc c o n t r o l e s empre que houver mudanças

Page 245: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

u ü •

B D D Q p g l á ^ ü o c j

u • •

selante flexível

O Figura 74

Juntas a prumo: ligações com íerros embutidos nas juntas de assentamento e rejuntamento externo com selante flexível.

na d i reção ou na espessura das alvenarias , ou s e m p r e que as pa redes fo rem mui to

longas; neste caso, sugere-se que não sejam u l t rapassados os d i s tanc iamentos en t re

juntas indicados na Tabela 40.

Tabela 40: Espaçamentos máximos para juntas de controle em alvenarias (Thomaz150)

Blocos ou tijolos

assentados com

argamassa mista;

paredes revestidas/

impermeabilizadas

Comprimento máximo da parede ou distância máxima (D)

entre juntas de controle (em metros)

Blocos ou tijolos

assentados com

argamassa mista;

paredes revestidas/

impermeabilizadas

Paredes internas Paredes externas

Blocos ou tijolos

assentados com

argamassa mista;

paredes revestidas/

impermeabilizadas sem aberturas com aberturas sem aberturas com aberturas

Blocos ou tijolos

assentados com

argamassa mista;

paredes revestidas/

impermeabilizadas

b > 14 b < 14 b > 14 b < 14 b > 14 l>< 14 l>> 14 b < 14

barro cozido 15 12 12 10 11 9 9 8

cerâmica 12 10 10 8 9 8 8 7

concreto, sílica-cal 10 8 9 7 8 7 7 6

concreto celular 9 7 8 6 7 6 6 5

solo-cimento 7 6 6 5 5 4 4 4

Obs:

• b = largura do bloco em cm

• se as paredes forem dotadas de telas ou armaduras contínuas, em todas as juntas de assentamento, as distâncias acima |xxlerào ser acrescidas em 50%

• existindo junta na estrutura, deverá haver junta correspondente na parede

• nos casos gerais, recomenda-se que a distância máxima entre elementos contrawntantes ao longo da parede (pilaretes, paredes perpendiculares ele) não ultrapasse 0,9 D"7'' (paredes internas) ou 0,8 D"-" (paredes externas)

Page 246: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

É t ambém recomendáve l a i n t rodução dc juntas dc con t ro l e nas paredes mui to

en f r aquec idas pela presença de vãos de por t a s ou janelas. Para ob te r -se ancoragem

mecânica entre os trechos de parede contíguos podem ser empregados ganchos <lc ferro

<J> 5mm a cada 40 ou 50cm, c o n f o r m e Figura 75. O p reench imen to da junta deve ser

realizado com material deformável (poliest i reno ou pol iure tano expandido, ccrtiça) e

seu acabamento pode ser realizado com selante flexível ou mata-junta.

E O 5m-ri c/40

2 c 4 1 moleld dciornóvel

1 Figura 75

Execução de junta de controle em alvenaria

f) La jes de cober tu ra

As alvenarias do último pavimento são em geral muito solicitadas pelas movimentações

térmicas das lajes dc cobertura; neste aspecto, cuidados como sombreamento, ventilação dos

áticos e isolação térmica da laje de cobertura poderão minimizar a ocorrência de problemas.

Soluções mais eficazes exigem a inserção de juntas de dilatação na laje ou mesmo a adoção

de apoios deslizantes (neoprene, teflon, manta asfáltica, camada dupla de chapas mclamínicas

ou mantas dc PVC) entre laje dc cobertura e alvenaria, conforme Figura 76. Pode-se também

recorrer ao seccionamento das paredes do último pavimento, mediante introdução dc juntas

ou adoção de portas com bandeiras (parede naturalmente seccionada pelo vão).

Para evitar grandes solicitações às paredes em função da retração do concreto da laje dc

cober tura , caso não sejam previstas juntas de dilatação definit ivas poderá ser adotada

junta de retração provisória, também representada na Figura 76. Nesta circunstância, dc

sete a dez dias após a concretagem da laje seria complementado o lançamento dc con-

creto no espaço originalmente reservado para a junta provisória.

Page 247: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Impermeabi l ização

isolação térmica

/ " junta de retração provisória

^ /

concretagem após 7 dias

0 Figura 76

Apoio deslizante e junta de retração provisória em laje de cobertura,

g) E m b u t i m e n t o d e ins ta lações

O s projetos das instalações devem preceder o proje to executivo da alvenaria. A pagina-

ção das paredes deverá indicar o pos ic ionamento de tubos e eletrodutos, caixas de luz

ou te lefone, pon tos dc tomada etc. De preferência , as caixas de pequenas d imensões

devem ser previamente embutidas e chumbadas nos blocos, o que deverá estar previsto

no projeto.

Prumadas de água e esgoto devem obrigatoriamente estar alojadas em shafts, evitando o

en f raquec imen to das paredes resistentes. Ramais de dis tr ibuição dc água ou coleta de

esgoto de banheiros, cozinhas etc devem ser embut idos em "paredes hidráulicas", sem

função es t ru tura l . Espaços no d o r s o de ba ten tes de por t a s p o d e m prestar-se para o

alojamento de fios elétricos e instalação dc tomadas e interruptores.

h) F i x a ç ã o dc ca ix i lhos

A paginação das paredes deve indicar com precisão pos ic ionamentos e dimensões dos

vãos (c não dos caixilhos) a serem inseridos na alvenaria. Com base nessas dimensões,

devem ser previstos gabaritos metálicos indeformáveis para garantia das dimensões line-

ares e dos ângulos. N o caso d o e m p r e g o de con t r amarcos , estes devem ser f ixados

durante a própria elevação da parede, d ispensando-se obviamente os gabari tos.

Page 248: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O pro je to da alvenaria estrutural deverá ser a c o m p a n h a d o por memór ia de cálculo e

memorial descritivo da cons t rução; devem ser apresentados todos os detalhes gráficos

necessários, tais como:

- planta da Ia c 21 fiadas, paginação das paredes / coordenação dimensional;

- posição de vergas, cintas, grauteamentos e outros dispositivos estruturais;

- posições de portas, janelas, equipamentos, insertos para fixação de contramarcos;

- eixos de eletrodutos, posições de caixas de luz, tomadas e outros;

- detalhes construt ivos gerais (detalhes arquitetônicos das fachadas; cintas, vergas

e contravergas; encont ros ent re paredes; armaduras , ferros de arranque; juntas

de controle, juntas deslizantes, t ratamento de juntas com selantes flexíveis).

Deverá t ambém especi f icar de t a lhadamen te t o d o s os materiais a serem empregados :

meio-blocos, canaletas, blocos "J", ganchos de ligação, selantes, apoios, materiais isolan-

tes térmicos, concreto, argamassas e grautes. O memorial descritivo da construção deve

compreender todo o processo dc execução das paredes, relativamente à marcação dos

cantos, escoramento provisório de paredes (ação do vento durante a construção), prazo

para início da construção das paredes sobre os e lementos da fundação e outros.

O projeto estrutural deve basear-se na correta avaliação da resistência à compressão das

paredes, a partir da realização de ensaios de prismas; deve ainda compreender a correta

especif icação dos blocos, a adequada seleção do fo rnecedor e o eficiente concrole da

resistência característica dos blocos (f |V). O d imens ionamento das fundações , vigas de

transição, lajes, cintas c outros elementos em concreto a rmado deve ser compatível com

o func ionamen to da alvenaria, em te rmos de resistência e des locamentos admissíveis.

Kurdj ian 1 " analisa de forma sistematizada as interações entre as fundações e as paredes

estruturais, influências das aberturas nas paredes, formas de contraventamento e demais

KtRDJIAN.J. K. Cálculo Estrutural d c Alvenarias. In Manual Técn ico d c Alvenarias. p p 177-210. Projeto Editores Assocüilos, Sio Paulo. lyyo. 2 1 5

Page 249: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

detalhes necessários à boa qualidade do proje to estrutural. Gomes 1 1 faz diversas consi-

derações sobre esbeltez de paredes e pilares em alvenaria, rigidez relativa das paredes,

inserção de armaduras e outros detalhes.

O s traços de grautes e argamassas de assentamento deverão ser estabelecidos a partir das

necessidades da estrutura em questão e de ensaios de prismas ocos e cheios. Quanto à

resistência à compressão da argamassa, especifica-se em geral f = 0,7 fbk; na reali-

dade, o traço da argamassa deverá ser estabelecido em função das diferentes exigências

de aderência, impermeabilidade da junta, poder de retenção de água, plasticidade requerida

para o assentamento, módulo de de fo rmação da argamassa e outros.

Relativamente ao assentamento, recomendam-se as argamassas mistas, compostas por ci-

mento e cal hidratada. O cimento exercerá papel importante na aderência entre argamassa

e componente de alvenaria, na resistência mecânica da parede e na estanqueidade à água

das juntas. A cal, cm função de seu poder de re tenção dc água, implicará cm m e n o r

módulo dc deformação das paredes, com maior potencial de acomodar movimentações

resultantes de recalques, variações higrotérmicas etc. Tango1 2 analisa em profundidade a

influência da qualidade dos materiais (granulometria das areias, pureza da cal), p ropondo

ainda formas corretas de dosagem de grautes c argamassas de assentamento.

Sempre cons ide rando argamassas mistas, a ASTM 1 3 recomenda os traços incicativos

apresentados na Tabela 41; obviamente que os traços deverão ser a justados em função

das características dos materiais disponíveis. A norma recomenda ainda que a aplicação

das argamassas com maior resistência (tipos M ou S) seja reservada para situações espe-

ciais, como arrimos, embasamentos em contato com o solo etc.

CiOMES. N. S. Normalização Técnica dc Alvenarias. In .Manual Técnico d c Alvenarias. p p 211-246. Projeto Editores Associados. São Paulo. I W ) . ''-"TANGO; C. li. S Materiai-v Tecnologia e Controle In Manual Técn ico d c Alvenarias. p p l -15.176. Projeto Hdilores Associados. Sào Paulo, I9*X»

AMERICAN SOCIFTY FORTEST1NC. AND MATERIALS. Standard Specfflcation for Mortar for Unit Masonry ASTM C. 27046b. In Annual Book of ASTM 2 1 5 Standards. Iliiladclphia. 1987.

Page 250: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 41: Traços indicativos para argamassas de assentamento (ASTM)

Tipo de Traço em volume Resistência média

argamassa cimento cal hidratada" areia aos 28dias (MPa)

M 1 0,25 2,8 a 3,8 17,2

S 1 0,25 a 0,5 2,8 a 4,5 12,4

N 1 0,5 a 1,25 3,4 a 6,8 5,2

O 1 1,25 a 2,5 5,0 a 10,5 2,4

K 1 2,5 a 4,0 7,9 a 15,0 0,5

<*) cal hidratada em pó ou pasta de cal virgem

Existe hoje no mercado a disponibilidade dc argamassas dc assentamento industrializa-

das ou pré-dosadas , fornecidas a granel , para as quais são válidas todas as indicações

anteriores. Algumas argamassas são dosadas sem a introdução dc cal hidratada, compen-

sando-se essa ausência com a introdução de aditivos plastificantes, incorporadores de ar

c re tentores de água. O resultado final, em temos de aderência, módulo de deformação

e out ros requisitos, deve ser o mesmo.

Optando-se por assentamento com bisnaga (tipo bisnaga de confeiteiro, ou "biscoiteira"

con fo rme designação em algumas regiões do país), a argamassa de assentamento deverá

ser constituída por areia um pouco mais fina, com enriquecimento do traço.

A execução das alvenarias deverá seguir fielmente as indicações do projeto, referentes a mate-

riais, detalhes construtivos (juntas, cintas) e processo executivo (forma de assentamento, ferra-

mentas, escoramentos provisórios c outros). Sabbatini'"4 sugere diversas medidas referentes à

execução racionalizada das alvenarias não armadas; no Capítulo VI do presente trabalho (item

6.3.2) sugere-se modelo de ficha para controle da execução de alvenarias estruturais.

'*' SABBATINI. F. II O Processo Construtivo d c Edifícios dc Alvenaria Estrutural Sílico-Calciria 29S pau Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (dissertação de mestrado). Sio Paulo. 1WÍ.

Page 251: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

De forma geral, os controles de execução das alvenarias estruturais devem considerar:

- integridade, regularidade dimensional e resistência dos blocos;

- locação das paredes, ângulos, modulação dos blocos, amarrações entre paredes;

- pos ic ionamento dc vãos, vcrticalidadc das ombreiras;

- p r u m o e planeza das paredes, nível, espessura e preenchimento das juntas;

- assentamento de blocos "J", apoio de lajes, execução de apoios deslizantes;

- bitola e disposição de armaduras verticais e horizontais;

- g rautcamcnto de pilarctcs, p reenchimento de cintas, vergas c contravcrgas;

- passagem de eletrodutos, pos ic ionamento de caixas de luz;

- instalação de caixilhos, re juntamentos entre marcos de janelas e alvenarias;

- traços de argamassas, grautes e concretos.

Só devem ser empregados blocos convenientemente curados, onde a retração inicial dc

secagem já se desenvolveu completamente. A fim de evitar-se retração higroscópica dos

b locos nas paredes acabadas, p roveniente da sua sa turação por incidência de chuvas,

recomenda-se a proteção dos estoques nos pátios das fábricas e nos canteiros de obra.

Especial a t enção deverá ser dada ao con t ro l e do p r u m o das paredes , espessura c

nivelamento das fiadas. Independentemente do processo, a argamassa de assentamento

sempre deverá ser aplicada em excesso; o bloco será conduzido à sua posição definitiva

mediante fo r te pressão para baixo e para o lado (Figura 77), a t ingindo-se a espessura

desejada das juntas c fazendo-se refluir a argamassa cm cxccsso.

Impor tan te também controlar-se com todo cuidado a colocação de caixilhos. A fixação

dc marcos ou con t ramarcos poderá ser feita com grapas (chumbadas d i re tamente na

alvenaria), com parafusos e buchas dc náilon diretamente introduzidas nas alvenarias, ou

com parafusos fixados em tacos de madeira (chumbados previamente na alvenaria). Para

caixilhos de g randes d imensões , ou por t a s sujei tas a impactos , r ecomenda-se que os

218 insertos sejam fixados cm blocos tipo canaleta preenchidos com micro-concrcto.

Page 252: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

P Figura 77

Encabeçamento dos blocos, pressão no assentamento, controle do nível das liadas e do prumo das paredes.

3.3.3 Qualidade no projeto e na execução de alvenarias de vedação

A qualidade final de uma alvenaria de vedação estará intimamente associada à qualidade

da es t rutura , seja em te rmos de regularidade geométr ica (vãos, ângulos, p rumo, nível),

seja cm termos dc compor tamento mecânico. Apoiadas sobre vigas, lajes ou outros com-

ponen te s es t ruturais , interligadas com pilares ou paredes es t ruturais , as alvenarias dc

vedação não se des t inam a supor t a r ca r r egamen tos , embora lhes seja cada vez mais

comum a transmissão de tensões oriundas de deformações impostas (flechas, recalques

dc fundação, movimentações térmicas).

Face à irreversível tendência da flexibilização das es t ruturas dos edifícios, evidenciada

acima de tudo nas estruturas pilar-laje, resta compatibilizar as deformações impostas com 219

Page 253: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

os materiais / sistemas construt ivos das paredes, procurando-se evitar, desde a fase do

proje to , as fissuras, os des tacamentos e outras anomalias. E m outras palavras, deve-se

prever uma série de disposit ivos (juntas, encunhamen tos e outros) que possibili tem o

trabalho harmônico c solidário entre estruturas mais flexíveis c paredes menos flexíveis.

As d ispos ições gerais previs tas no item anter ior (arqui te tura das fachadas, juntas de

controle , fixação de caixilhos), t ambém se aplicam às alvenarias de vedação. Detalhes

específicos devem con tudo ser considerados, c o n f o r m e alíneas seguintes:

a) D i s p o s i ç ã o d a s p a r e d e s e m re lação aos p i l a res

As paredes de vedação poderão ser pro je tadas de forma a concor re rem de diferentes

maneiras com os pilares: eixos coincidentes com os eixos dos pilares, alinhadas por uma

das faces dos pilares, passando fora dos pilares.

De acordo com o I P T 1 5 , no es tudo da disposição das paredes devem ser considerados:

- paredes passando fora dos pi lares (pilares reen t ran tes cm relação à fachada)

evi tam p r o b l e m a s de de s t acamen tos en t re as alvenarias e os pilares; em

contrapart ida, as flechas desenvolvidas nas extremidades dos balanços poderão

afetar as paredes; algumas alvenarias resultarão muito extensas, exigindo a in-

serção de juntas de controle;

— em função da disposição das paredes em relação aos pilares, ocorrerá maior ou

menor incidência de recortes nos pisos e nos forros.

b) L igações c o m pi lares

Nas ligações das alvenarias com a estrutura deverão ser consideradas as diferentes proprieda-

des térmicas entre o concreto estrutural e o material constituinte dos blocos, os gradientes

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS - I I T Paredes d c Vedação cm Blocos Cerâmicos - Manual dc Execução. Publicação IIT 1767.SÍO Paulo, 2 2 0 1988.

Page 254: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

térmicos nas fachadas, as dimensões dos panos e a flexibilidade da estrutura; para estruturas

muito flexíveis, deverão ser observados os detalhes indicados na alínea "g" seguinte.

C o m o regra geral , as l igações com os pilares p o d e r ã o ser executadas com fer ros dc

espera introduzidos na concretagem do pilar (ferros dobrados, faceando a fôrma interna-

mente), ou com "ferros cabelo" posteriormente colados em furos executados com brocas

de vídea <|> 8mm (colagem com resina epoxy); recomenda-se adotar dois ferros Q 6mm a

cada 40 ou 50cm, com transpasse cm torno de 50cm. Canaletas assentadas na posição

dos "ferros cabelo" (Figura 78), posteriormente preenchidas com micro-concreto, produ-

zem ligações fortes e absorvem diferenças no posicionamento dos ferros em relação às

fiadas. A ligação poderá ainda ser reforçada com a inserção de tela metálica na argamas-

sa dc revestimento.

0 Figura 78

Ligações entre alvenarias e pilares com auxílio de blocos ti[X) canaleta e tela metálica.

As faces internas dos pilares devem receber chapisco 1 : 3 ou argamassa colante, aplicada

com desempenadeira denteada. N o assentamento, os blocos deverão ser fortemente pres-

sionados contra o pilar, resultando refluxo de argamassa e total compacidade tia junta.

c) E n c u n h a m e n t o s

Nos encunhamentos com lajes ou vigas superiores, após aplicação de chapisco ou arga-

massa colante no c o m p o n e n t e es t ru tura l , r ecomenda-se o a s sen tamen to inclinado de

Page 255: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

tijolos de barro cozido, empregando-se argamassa relativamente fraca ("massa podre").

Cria-se assim uma espécie de "colchão deformável" , amortecedor das deformações estru-

turais que seriam transmitidas à parede.

Nos projetos modulados, onde a última fiada de blocos praticamente faceia o componen-

te estrutural, deve-se com muito mais razão empregar argamassa fraca em cimento. Nes-

sa situação, tratando-se de blocos vazados, a última fiada pode ser composta por canaletas

ou mcio-blocos assentados com furos na horizontal (Figura 79), facilitando-se sobrema-

neira a execução do encunhamento . N o caso de estruturas muito deformáveis , paredes

muito extensas e / o u mui to enfraquecidas pela presença de aberturas, recomenda-se a

adoção de ligações flexíveis, con fo rme alínea "g" seguinte.

v/ào/, : . j T T ^ 131 1 1 Í , 1 1 1 - 1 1 1 1 1

1 1 1 1 1 1 I 1 1 I 1 1 1 I i

1 1 1 i i i ; 1 1 1 1 i i i 1 i

1 1 1 •- 1 | | | 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

1 1 1 1 1 1 1 1 1 i 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

1 I 1 l l l l ! I 1

0 Figura 79

Encunhamento de parede com o emprego de tijolos de barro cozido, meio blocos ou blocos tipo canaleta.

Para que nào ocorra transmissão de carregamentos entre os sucessivos pavimentos, reco-

menda-se o máximo retardamento entre a elevação das alvenarias c o encunhamento das

paredes. Transcorr ido certo prazo após a elevação, pode-se adotar o encunhamento cm

pavimentos alternados; nessa hipótese, para abrir frentes de trabalhos internos {revesti-

mentos , instalações), encunham-se dois pavimentos e pula-se o próximo, e assim suces-

s ivamente .

Page 256: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

d) L igações c o m es t ru tu ra metá l ica

E m função das acentuadas diferenças entre as propriedades físicas dos aços e dos mate-

riais consti tuintes das alvenarias (módulo de deformação, coeficiente de condutibilidade

térmica), part icularmente nas paredes dc fachada rccomcnda-sc sempre a introdução de

juntas elásticas nos encon t ros com componen te s verticais ou horizontais da estrutura,

con fo rme alínea " g " seguinte.

As ancoragens p o d e r ã o ser executadas com inser tos dc aço so ldados na es t rutura c

c h u m b a d o s na pa r ede , s egu indo- se os m e s m o s p rece i tos e s t abe lec idos nas al íneas

anter iores (bitolas, espaçamentos , t ranspasses, emprego de meio-b locos , canaletas, te-

las de reforço no revestimento). A fim de minimizar-se o risco de fissuras, advindas dc

movimentações higrotérmicas diferenciadas entre aço c alvenaria, todos os espaçamentos

entre juntas de controle indicados na Tabela 40 anterior deverão ser reduzidos em 20%.

e) Vergas , con t rave rgas e c in t a s dc a m a r r a ç ã o

Com a finalidade de absorver tensões que se concentram nos contornos dos vãos, oriun-

das de deformações impostas, devem ser previstas vergas e contravergas com tmnspasse

mínimo de 40cm para cada lado do vão. N o caso de vãos sucessivos, as vergas e contravergas

devem ser contínuas; cm casos especiais (janelas ou portas de grandes dimensões, paredes

muito altas), vergas e contravergas devem ser dimensionadas como vigas.

No caso de paredes com altura superior a 3m, devem ser previstas cintas de amarração interme-

diárias, dimensionadas sobretudo para absorver a ação de cargas laterais. Acima dos 5m de

altura, as paredes devem ser calculadas de acordo com os preceitos das alvenarias estruturais.

Vergas , c o n t r a v e r g a s e c in tas de a m a r r a ç ã o devem ser c o n v e n i e n t e m e n t e a rmadas ,

rccomendando-se pelo menos 2 0 6mm; podem ser const ruídas com concre to normal ,

Page 257: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ou m i c r o - c o n c r e t o , no caso do p r e e n c h i m e n t o de canaletas. A prát ica de adotar -se

coxins laterais de distribuição (Figura 80), ao invés de contravergas contínuas, deve ser

evitada: tais e l ementos não têm poder de redis t r ibuir tensões p rovocadas por movi-

mentações térmicas, re tração ou d is torções das alvenarias no plano das paredes.

II II II

^40 40,

l U ~ir~i

1 n ii

ii ii ii ii i m u n a

ZXZKZDCZirDIIZKII II II Z D O O z i n c

0 Figura 80

Vergas, contravergas e coxins de distribuição no contorno de vãos de janelas

f) A l v e n a r i a s d o ú l t i m o p a v i m e n t o Em função das movimentações térmicas da laje de cobertura, no último pavimento deverão

ser redobrados os cuidados referentes às alvenarias de vedação, projetando-se encunhamentos

deformáveis (alínea "g" seguinte), reforços mais cuidadosos nos vértices das aberturas etc.

E m o u t r o t raba lho desenvolv ido por este autor1 '' são sugeridos diversos detalhes para

prevenir as patologias das alvenarias do úl t imo pavimento (que poderão ser adotados

i so ladamente ou de fo rma associada, cm função da in tensidade das movimentações) ,

con fo rme relação seguinte. Alguns desses detalhes são representados na Figura 81.

• s o m b r e a m e n t o da laje;

• venti lação do ático;

• pintura da face superior das telhas com tinta branca ou reflexiva;

• isolação térmica da laje dc cober tura;

• inserção de juntas de dilatação na laje (solução mais eficiente);

'"'THOMAZ. F.. Fissuras cm Alvenarias: Causas, Prevenção c Recuperação In Seminário Patologia y (k-Mión tle Calklad cn Ia ConNlnxxión Montevidco. 1998.

Page 258: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• dimensionamento de cintamentos em concreto armado (antieconômicos);

• adoção dc armaduras nas juntas de assentamento das últimas fiadas;

• adoção de reforços mais eficientes nos vértices dos vãos de janelas;

• emprego de rejuntamento flexível entre alvenaria c estrutura;

• inserção de juntas de controle nas paredes do último pavimento (portas com

bandeira);

• inserção de tela metálica no revestimento, no encontro alvenaria / estrutura;

• adoção dc apoios deslizantes entre laje de cobertura c vigamento.

[j Figura 81

Último pavimento: detalhes construtivos para evitar ocorrências de fissuras e destacamentos nas paredes. 2 2 5

Page 259: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

g) Estruturas flexíveis

Sempre que as estruturas forem intencionalmente flexíveis, detalhes construtivos apro-

priados deverão ser adotados nos encontros das alvenarias com as vigas ou lajes, confor-

me Figura 82. A ancoragem superior das paredes, nesse caso, pode ser feita com insertos

de aço (ferro <j) 6mm, espaçamento médio em torno de 2m), fixados nas vigas ou lajes

mediante furaçao (broca (J) 8mm, profundidade do furo 5 a 6cm), limpeza e colagem com

resina epoxy. O acabamento da junta pode ser executado com selante flexível, podendo-

se optar pelo emprego de cordão dc gesso ("roda-teto").

Laje flexível o •• /> •<7";

i \

1 - moldura e gesso 2 - material deformável 3 - selante flexível 4 - ganchos de aço O 5 ou 6 mm

0 Figura 82

Detalhes de ligação das alvenarias com viga ou laje muito deformável.

T a m b é m nos encon t ros com pilares deverão ser adotadas juntas flexíveis, tanto para

limitar a introdução de tensões na alvenaria pelas deformações da estrutura, como para

evitar destacamentos em função de movimentações higrotérmicas do material. A ancora-

gem das paredes deve ser executada com "fe r ros cabelo", procedendo-se o acabamento

com selante flexível; a Figura 83 ilustra algumas soluções construtivas para essas juntas.

h) J u n t a s d c a s s e n t a m e n t o / a r g a m a s s a s dc a s s e n t a m e n t o

C o n f o r m e comentár io anterior, a ausência de argamassa nas juntas verticais ("juntas se-

cas") r epercu te cm maiores ou menore s p re ju ízos ao d e s e m p e n h o das paredes ; nas

alvenarias de vedação, há potencial risco de fissuras na argamassa de revestimento, nas

Page 260: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

@ © ©

O' .• •

d ] solanto E 3 maioria! doformíivol

a) pilar revestido com tijolos cerâmicos b) junta aparente na borda do pilar c) junta encaixada nc pilar d) junta aparente no corpo da parede e) mata-juntas fixados nos pilares f) cantoneira lixada n:> pilar

D Figura 83 Ligações entre alvenarias e pilares, recomendadas para estruturas flexíveis.

posições das "juntas secas", tanto cm função dc eventuais deformações impostas como

em decorrência da própria retração da argamassa dc revestimento. Essa técnica de assen-

tamento poderá entretanto ser adotada em situações específicas (paredes internas, panos

com pequenas dimensões), podendo-se também recorrer a dispositivos que contrabalan-

cem parc ia lmente as perdas apon tadas ( in t rodução dc tela metálica na argamassa dc

revestimento ou introdução de barras ou treliças dc arame nas juntas de assentamento).

Na preparação de chapiscos recomenda-se evitar utilização de c imcntos dc alto fo rno

(CP III) ou pozolân ico (CP IV); pelo fato do chapisco ser aplicado cm fina camada,

ocorre rápida evaporação da água dc amassamento, não havendo tempo para as reações

dc hidratação da escória e da pozolana. Na aplicação de chapisco com rolo (normalmen-

te traço 1:2, substi tuição de 20 a 30% da água dc amassamento por resina vinílica ou

acrílica), ou mesmo cm qualquer circunstância que sc adicione as mencionadas resinas

ao chapisco, recomenda-se que a aplicação preceda imediatamente a elevação da alve-

naria; caso contrário, poderá ocorrer polimerização superficial da resina ("peeling"), pre-

Page 261: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

judicando a aderência entre chapisco e argamassa de assentamento (juntas no encontro

com pilares e vigas ou lajes).

Relativamente à cal hidratada, faz-se um alerta para a presença no mercado brasileiro de

produtos mais baratos, pretensamente "substi tutos da cal", constituídos na realidade por

uma mistura de cal e filito argiloso; tais produtos , que conferem grande plasticidade às

argamassas recém preparadas (argila é material muito plástico), trazem grandes prejuízos

às argamassas, como redução da aderência, considerável aumen to da retração de seca-

gem e perda do poder de deformação.

As areias devem ser lavadas e bem granuladas, recomendando-se areias grossas para chapisco

e micro-concrcto (módulo de finura em torno de 4) c areias médias para assentamento

(módulo de finura em to rno de 3); para confecção de micro-concreto deve-se utilizar

pedrisco (dimensão máxima característica = 9,5mm). Areias com porcentagens considerá-

veis de material silto-argiloso (conhecidas no Brasil com diversos nomes: "saibro", "caulim",

"arenoso", "areia dc estrada", "areia de barranco" etc) poderão ser utilizadas nas argamas-

sas de assentamento, somente em paredes que serão revestidas e impermeabilizadas. As-

sim mesmo, recomenda-se que esse material seja utilizado apenas na elevação de paredes

internas, evitando-se seu emprego em encunhamentos e ligações com pilares.

Os traços adequados de chapiscos, concretos e argamassas só poderão ser estabelecidos

a partir das características dos materiais a serem empregados em cada obra, incluindo-se

aí os próprios blocos (com diferentes rugosidades, absorção dc água etc), e dos proces-

sos executivos a serem adotados (assentamento com colher de pedreiro ou com bisnaga,

chapisco aplicado com colher , ro lo ou equ ipamenro de projeção) . Para os processos

tradicionais de construção, considerando-se as granulometrias das areias acima indicadas,

recomendam-se os seguintes traços indicativos:

Page 262: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 42: Traços indicativos de argamassas para execução de alvenarias de vedação

Natureza/destinação Compos ição em volume - materiais na umidade natural

do material cimento cal hidratada "saibro" areia ped risco

Chapisco 1 - - 3 -

argamassa de assentamento* 1 2 - 9 a 12 -

argamassa de assentamento 1 - 2 4 a 6 -

argamassa de encunhamento 1 3 - 12 a 15 -

micro-concreto 1 0,1 - 2,5 2

<*) para alvenarias aparentes, esse traço deverá ser alterado para 1:1 :{6 a 8)

O traço da argamassa deverá ser estabelecido em função das d i ferentes exigências de

aderência, impermeabilidade da junta, poder de retenção de água, plasticidade requerida

para o assentamento c módulo de de fo rmação (propriedade ainda mais importante nas

alvenarias de vedação, f rente ao risco dc sobrecarga pelas de formações impostas). Para

argamassas de assentamento pré-dosadas são válidas as mesmas exigências.

O projeto das alvenarias de vedação deverá ser compatível com os projetos dc fundações

e estruturas (previsão dos recalques diferenciados e dos deslocamentos de vigas e lajes,

rigidez c prazos dc retirada de cimbramentos c escoramentos residuais, plano / seqüência

de elevação das alvenarias); sempre que necessário, deverão ser previstas ligações flexí-

veis ou outros detalhes construt ivos que assegurem compor tamen to harmônico entre as

partes. N o rcccbimcnto do projeto das alvenarias dc vedação (modelo dc lista dc verifi-

cação no Anexo) mencionada compatibi l idade deverá ser examinada.

F.m linhas gerais, o p ro j e to deverá apresentar especif icação dc todos os materiais dc

cons t rução necessários (incluindo traços indicativos das argamassas de assentamento e

encunhamento) , memorial descritivo da const rução (forma de locação das paredes, exe-

cução dos cantos, escoramentos provisórios frente a ação do vento, prazos entre execu-

Page 263: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ção da estrutura / elevação das paredes / encunhamentos, forma de fixação de marcos c

contramarcos) e todos os elementos gráficos necessários, ou seja:

- planta da Ia e 2;' fiadas, coordenação dimensional com a estrutura;

- coordenação dimensional com caixilhos, caixas de ar condic ionado e outros;

- coordenação / estudos das interferências com os projetos de estruturas, instala-

ções, impermeabil ização e out ros ;

- posições relativas de todas as paredes, espessuras, ângulos;

- eventual necessidade de cintas ou pilaretes dc reforço (paredes altas c / o u longas);

- paginação das paredes, indicando forma e espessura das juntas de assentamen-

to, posições e dimensões dos vãos, instalações, juntas de controle;

- detalhes cons t ru t ivos em geral (detalhes a rqui te tônicos das fachadas , ügações

com pilares, encontros entre paredes, encunhamentos , vergas, contravergas, cin-

tas de amarração, acabamentos das juntas, presença de peitoris, fixação de caixi-

lhos, embut imen to de tubulações).

A execução das alvenarias deverá seguir fielmente as indicações do projeto, referentes a

materiais, detalhes construt ivos (juntas, cintas e outros) e processo executivo (forma de

assen tamento , fer ramentas , e scoramentos provisórios) . E m outra publicação deste au-

tor159 são estabelecidas diversas recomendações para a execução; no Anexo propõe-se

modelo de lista de verificação para o controle da qualidade das alvenarias.

Em linhas gerais, devem ser observados os seguintes cuidados:

a) locação das paredes: previa conferência das posições dos componentes da estrutura,

locação pelos eixos ou faces dos pilares e vigas, de acordo com o projeto;

b) nível da primeira fiada: demarcação vertical das fiadas ("escanti lhão"), obedecendo

modulação adotada no p ro je to e m a n t e n d o folga para o encunhamen to ; acerto da

cota com argamassa ou micro-concrcto (espessura > 3cm);

Page 264: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

c) locação da cota c pos ição dc vãos dc caixilhos, vergas e contravergas , tubulações

verticais e horizontais;

d) ferros-cabelo, insertos e chapisco: locar nos pilares as posições dos ferros-cabelo e,

nas vigas ou lajes, as posições dos insertos eventualmente previstos no projeto;

c) fixação dos ferros-cabelo, a tentando-se para a p ro fund idade e limpeza do furo (ar

comprimido) antes da aplicação da resina epoxv;

f) aplicação do chapisco nas faces de pilares, vigas ou lajes: deve-se previamente limpar

a superfície, r emovendo to ta lmente resquícios dc desmoldantes eventualmente em-

pregados ( remoção p o r l ixamento, a p i c o a m e n t o ou hidroja teamento}; após

umedecimento do concreto, o chapisco poderá ser aplicado com colher de pedreiro,

rolo de lã ou equipamento de projeção;

g ) após locação das paredes e das fiadas, fixação de insertos, cura do chapisco e even-

tual correção do nível da laje, inicia-se o assentamento da primeira fiada, cuja exati-

dão influenciará toda a qual idade e produt iv idade do serviço; assentam-se inicial-

mente os blocos das extremidades de paredes, os blocos dos encont ros entre pare-

des, e os blocos que delimitarão juntas de controle;

h) no caso de blocos vazados, a partir da segunda fiada a argamassa de assentamento

deve ser aplicada em cordões, posicionados sobre as paredes longitudinais dos blo-

cos; promover elevação das paredes simultaneamente em todos os vãos da estrutura,

ou de acordo com indicações do projeto;

i) nos e n c o n t r o s com pilares, mais do que em qualquer ou t ra posição, é vital a

compactação e o refluxo da argamassa; sempre que o ferro-cabelo, previsto para ser

embutido na junta, cair fora da junta de assentamento, recomenda-se assentar canalcta

(Figura 78 anterior), ao invés de se dobrar a armadura;

j) durante a elevação da alvenaria, a cada 50 ou 60cm, e obrigatoriamente nas posições

das cintas, vergas e contravergas, deverá ser ver if icado o nivelamento e p rumo da

parede; o p r u m o deverá sempre ser verificado cm três ou quatro posições ao longo

Page 265: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

da parede, e em todas as faces (ombreiras) dos vãos de portas e janelas; nas paredes

de fachada, o p r u m o deverá ser verif icado pela face externa da parede;

k) nas posições das janelas e portas , caso as vergas e contravergas sejam consti tuídas

por canalctas, após p o s i c i o n a m e n t o das a rmaduras e conven ien te umedcc imcnto ,

estas deverão ser totalmente preenchidas com o micro-concreto especificado;

1) constitui excelente prática o chapiscamento das faces externas das paredes de facha-

da, executado logo após a elevação da alvenaria, p ro tegendo-a contra a incidência

das chuvas c evitando poster iores problemas dc fissuras c destacamentos;

m) encunhamen tos : os e n c u n h a m e n t o s rígidos devem ser executados com o máximo

re ta rdo possível após a conclusão das alvenarias em cada pavimento , nunca antes

dos dez dias; além da observância desse prazo, é recomendável que o encunhamento

das paredes dc um pavimento só sejam executados após instalação de todas as cargas

mortas mais importantes do pavimento superior (paredes, regularização de lajes etc);

n) no caso de encunhamento flexível (sem aplicação de chapisco na base da viga ou laje),

o material deformávcl (poliestireno expandido, cortiça) deve ser introduzido na junta

sob pressão, devendo para tanto apresentar espessura um pouco maior do que a folga;

o) juntas de controle : inserir nas juntas especif icadas os fe r ros de ligação, controlar

regularidade e abertura da junta, introduzir o material de enchimento; acabamento de

acordo com o projeto.

Relativamente aos controles durante a execução das alvenarias, pode-se apontar:

- rigidez, posicionamento e prazos de retirada dos cimbramentos residuais da estrutura;

- prazo entre concretagcm da laje do pavimento e início das alvenarias;

- verificação das posições das paredes, dos eventuais enchimentos nas suas bases

e da adequação das folgas para encunhamen to ;

- verificação do posicionamento das juntas de controle, dos vãos de caixilhos e das

instalações, cm estrita obediência ao proje to executivo;

Page 266: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- traços dc argamassas, chapiscos e micro-concretos;

- posições e bitolas dos ferros-cabelo e outros insertos;

- amarração, espessura , regularidade, compactação , a l inhamento , nível e p r u m o

das juntas dc assentamento;

- amarração, ângulo c presença de armaduras nos encont ros entre paredes;

- p rumo das paredes, p rumo, nível e ângulos entre os requadros dos vãos;

- posições de vergas, contravergas e cintas de amarração;

- a rmaduras , umedec imcn to c concre tagem de vergas, contravergas c cintas dc

amarração;

- verticalidade dos caixilhos e correta fixação na alvenaria;

- compactação da argamassa ou micro-concreto nos encontros com pilares;

- prazo decorr ido entre o termino da alvenaria c seu encunhamcnto ;

- compactação do material no encunhamcnto ;

- largura das juntas de controle, correta inserção do material dc enchimento e dos

ferros de ligação;

- aplicação dc selante em juntas de controle , nos encunhamentos flexíveis c nas

juntas aprumadas dc paredes externas.

3.4 | Qualidade no projeto e na execução de revestimentos em argamassa

N o s pro je tos arqui te tônicos dos edifícios c comum encontrar-se a especificação, ou o

s i m p l e s r e g i s t r o c m p r a n c h a s e s p e c í f i c a s , d c "revestimento cm argamassa". C o m o s c

houvesse uma única argamassa, única forma dc acabamento, bases sempre iguais, obras

executadas sempre no mesmo local, pintadas sempre com a mesma tinta, idênticas con-

dições dc exposição interna e externamente à edificação.

D e fato, os recursos de um material moldável, em semelhança ao concreto, têm sido mal

explorados nas soluções arquitetônicas; exceção feita aos processos relativamente con- 233

Page 267: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

vencionais da massa raspada e do " travert ino" com o emprego de argamassas industria-

lizadas, pouco se tem visto no que tange ao aprovei tamento dos recursos plásticos do

material. Algumas iniciativas consis tem na es tampagem do revest imento (detalhes em

baixo relevo, c o m o no c o n c r e t o e s t ampado) , na inserção dc calotas salientes ou na

moldagem de fasquias ("dente de serra"), con fo rme representado na Figura 84.

• • •!1 l 1 • • ; " • . h . '

. i i , " i •• •

•• <r;" • • / ' • • I V , i i . „

" ' i l í - 1 ' 1 "

i . • •• i • i,

15—irzr

/ /

h ü J •

0 Figura 84

Tratamento arquitetônico de fachada, moldagem da argamassa de revestimento.

A opção por fachadas totalmente lisas, às vezes em prédios com muitos metros de altura, leva

a crer que um projeto específico para os revestimentos em argamassa seja desnecessário.

Entendido que o tratamento arquitetônico da fachada pode colaborar sensivelmente para a

estética, para a estanqueidade, para a durabilidade do revestimento c da própria obra como

um todo, parece que os projetos do revestimento se justificam. Maciel1 afirma que, "apesar

desse tipo de revestimento ser bastante utilizado, verifica-se que o mesmo c visto apenas

como um acabamento decorativo e como uma forma de esconder as imperfeições da base".

Reconhece-se que os áureos tempos do período "art noveau" já se foram: não se trata da

simples sugestão de ornamentos ou detalhes decorativos, o que até seria válido, mas da

MACIEL. L. U MEUIADO. S. B A Inserção d o Projeto dos Revest imentos de Argamassa dc Fachada n o Processo de Produção d o Edifício. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/189. São Paulo. 1997.

Page 268: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

adoção de soluções técnicas e econômicas que melhorem o d e s e m p e n h o do edifício,

resultando em melhor conservação e menores custos de manutenção. Gregos e romanos

construíam obras com fachadas ricas em detalhes arquitetônicos (cornijas, capitéis, f ron-

tõcs, cimalhas c ou t ros ) ; além do indiscutível valor estét ico, tais detalhes implicaram

dire tamente na durabil idade das obras.

Dessa forma, assim como se observou no irem anterior, a introdução de descontinuidadcs

nas fachadas, corretamente projetadas, pode promover o afastamento dos fluxos dc água,

evitar ou minimizar fissuras de retração, descolamentos, desagregações e outras patolo-

gias. Relativamente aos revestimento de fachadas em argamassa, tais detalhes podem ser

representados por bunhas, frisos, molduras, cimalhas, meias-cana, peitoris, pingadeiras,

juntas de dilatação c outros.

O projeto do revestimento deve prever proteção da base das paredes (barra de chapisco

ou p ro teção impermeável ) , f o r m a de r e q u a d r a m e n t o dos vãos ( recomendável a ado-

ção dc gabaritos), t ra tamento de cantos vivos ( introdução dc perfil de reforço, cantos

c h a n f r a d o s ou a r r e d o n d a d o s c o n f o r m e Figura 85) e o u t r o s de ta lhes cons t ru t i vos .

Pei tor is mal p ro j e t ados , mal execu tados ou mal a s sen tados , p o d e r ã o concen t ra r os

f luxos de água nas laterais do vão da janela, p r e jud i cando sensivelmente a durabili-

dade do r eves t imen to .

:::: : MÜ! !!:! 1 I I I I

i i i i i l ü

!!!!!

iiiiiiii

Q Figura 85

Tratamento de cantos vivas em revestimento de paredes com argamassa.

Page 269: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

As bases das paredes internas sempre devem ser protegidas contra a incidência de água

de lavagem de pisos ou água de banho; a proteção poderá ser feita com rodapés ou, no

caso de const ruções mais modestas , com a própria dobra do piso c imentado no pé da

parede (Figura 86).

ao • 0

1UU p a joo

00 00 on 00

•••o

••

no •

•aol

•ooal

00 00 p n joo \ • o o ' o o • D

• O o " ó « o

0 Figura 86

Rodapé constituído pela dobra de piso cimentado na base da parede.

Reforços com telas metálicas galvanizadas devem ser previstos nas regiões das paredes sujei-

tas a impactos, nos encontros com platibandas, no fechamento de shafts, em regiões de

tubulações dc grande diâmetro embutidas nas paredes e cm outras seções com eventuais

enfraquecimentos. Nas fachadas submetidas a intensas solicitações térmicas, ou nas estrutu-

ras relativamente flexíveis, constitui boa prática a inserção de telas nos vértices inferiores das

aberturas de janelas e nas ligações das alvenarias com a estrutura, conforme Figura 87.

Q Figura 87

2 3 5 Reforços do revestimento em argamassa com o emprego de tela metálica.

Page 270: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O projeto do revestimento em argamassa deverá ainda considerar diversos outros detalhes:

- arremates nos encontros com os tetos (quinas vivas, frisos, cordão de gesso);

- arremates nos encontros com caixas de aparelho de ar condicionado;

- proteção dc topo de muro ou platibanda (rufos ou "cobrc-muros");

- tipo de acabamento (massa raspada, massa batida, acabamento camurçado; even-

tual utilização de cimento branco e pigmentos, pó de mármore ou outros);

- requisitos de desempenho (estanqueidade, isolação térmica, resistência a impactos);

- eventual função dc proteção contra ação do fogo, situação cm que se pode introdu-

zir na argamassa cargas leves (argila expandida, vermiculita) c fibras de amianto;

- t ipo de p in tura (permeabi l idade da película à água e ao C O , , faci l i tando ou

d i f i cu l t ando o p rocesso dc ca rbona tação c endu rec imen to dos revest imentos

consti tuídos por cal hidratada);

- cor da pintura , in f luenc iando na absorção de radiações e nas movimentações

térmicas do revest imento (cores escuras intensificam movimentações térmicas,

acelerando ainda as eflorescências pelo efei to catalisador da temperatura);

- retenção dc sujeira / facilidade dc limpeza (revestimentos lisos x revestimentos

texturados ou rústicos);

- tipo dc base, tipo de revest imento (camada única);

- tipo de fornecimento (massa preparada no canteiro x argamassa industrializada);

- tipo de aplicação (manual x argamassa projetada).

A definição da argamassa a ser empregada no revestimento da fachada, considerando requisi-

tos de durabilidade, deve envolver ainda apurada análise das condições de exposição: ventos,

chuvas, sol, maresia, atmosferas poluídas, umidade, umidade de condensação e outros. Cincotto1 *

enfatiza que as dosagens das argamassas devem visar simultaneamente os seguintes requisitos:

'** CINCOTTO. M A :SILVA. M A. C : C\SCl 'DO. II C Argamassas d c Revestimento: Características. Propr iedades c Métodos d c Ensaie Instituto de lVsquisas Tecnológicas d o Estado de Sio Paulo. Publicação IPT N* 2378. Slo Paulo. 1995. 2 3 7

Page 271: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

— estado fresco: consistência, coesão, plasticidade, retenção de água, trabalhabilidade

e adesão inicial;

- e s t a d o e n d u r e c i d o : res is tência mecân ica ( inc lu indo desgas t e p o r ab rasão ) ,

resistência ao fogo , resistência ao a taque p o r sul fa tos , capacidade dc de fo r -

mação, r e t ração , ade rênc ia , p e r m e a b i l i d a d e , condu t ib i l i dade t é rmica , resis-

tência ao conge lamen to (câmaras fr igoríf icas , locais com invernos r igorosos)

e du rab i l i dade .

Em qualquer circunstância, deverá haver compatibilidade de deformações entre o reves-

timento, a estrutura e as alvenarias, situação onde se realça a importância das argamassas

mistas: o c imen to con fe r e aderência , resistência mecânica e impermeabi l idade; a cal

h idra tada re tenção dc água, p las t ic idade, capacidade dc a c o m o d a r movimentações .

Cincottov l lembra ainda que o módulo de deformação deve ser decrescente das camadas

internas para as externas.

A dosagem das argamassas não é tarefa mui to fácil, pa r t i cu l a rmen te q u a n d o não se

d i spõe de areia com g ranu lome t r i a adequada : excesso de ag lomeran tc p o d e levar à

m i c r o f i s s u r a ç ã o / g r e t a m e n t o super f ic ia l ; falta de ag lomeran t e r epe rcu t e na pe rda

da coesão , ade rênc ia p o b r e , baixa res i s tênc ia a i m p a c t o s e à ab rasão , d i f i cu ldade

de apl icação / pouca plas t ic idade. C o n s i d e r a n d o esses fa tores , Selmo 1 '' p ropõe um

m é t o d o de d o s a g e m de a r g a m a s s a s m i s t a s ( c i m e n t o , cal h i d r a t a d a e areia) p a r a

r eves t imen to de fachadas , b a s e a d o f u n d a m e n t a l m e n t e em dois p a r â m e t r o s : re lação

"ag regado + cal / c i m e n t o " e relação "areia / f inos" ; o m é t o d o baseia-se nas rela-

ções cm massa (materiais secos) , d is t inguindo-se as f rações de "are ia" e de " f inos" ,

simplificadamente, pela análise granulométrica dos materiais na peneira ABNT 0,075mm.

,N* SELMO. S. M S Dosagem de Argamassas d c Cimento Pon land c Cal para Revest imento Externo d c Fachadas Escola Politécnica da Cnivcrsidadc dc São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/39. São Paulo. 1991

Page 272: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Para revestimentos internos, em áreas de estar, Lejeune1*0 cogita a possibilidade do empre-

g o de argamassas com gesso e cal, facilitando o endurecimento; além disso, lembra que

tais argamassas exigem menor poder de cobertura das pinturas, o que também poderia ser

conseguido com o emprego dc cal c cimento branco. Nos estudos dc dosagem pode-se

ainda considerar o emprego de aditivos (plastificantes, hidrofugantes, agentes fungicidas,

retardadores de pega e aditivos para melhora da aderência), bem como fillers minerais

para melhorar a plasticidade; a utilização indiscriminada dc materiais argilosos ("saibro",

"caulim", "areia de estrada"), para aumentar a plasticidade das argamassas, tem levado a

um grande número de patologias, pela acentuada retração de secagem desses materiais.

Vem crescendo a cada dia o emprego de argamassas industrializadas, tipo "massa única",

onde a cal hidratada às vezes é parcialmente substituída por aditivos incorporaciores de

ar e aditivos retentores de água; apresentam a vantagem de maior facilidade de controle

da dosagem (realizada em usina), além de facilitarem a aplicação nas obras (dispensando

a mistura dc aglomerantes no canteiro).

Com base no estudo experimental de argamassas mistas de cimento, cal hidratada e areia

(traços 1:2:9 e 1:1:6, em volume), e argamassas onde a cal foi substituída por aditivos

incorporadorcs de ar à base dc sais de colofônio (resíduo da destilação de resinas conti-

das no pinho) , John1*1 concluiu que:

— argamassas no estado fresco: os dois tipos de argamassa apresentam condições

satisfatórias de aplicação, notando-se pequena ocorrência de exsudação nas arga-

massas aditivadas; argamassas aditivadas apresentam poder de retenção dc água

consideravelmente inferior àquelas formuladas com cal hidratada, o que recomen-

daria a combinação de aditivo retentor de água com o aditivo incorporador de ar;

""' LtJLTJNI;. C. Revest imentos em Argamassa: a Contr ibuição Francesa Tcclinc - Revista de Tecnologia da Construção n 22. p p 30-J4.Tradução de Arnaldo Manoel lVreira O telho e Maria Alba Cincotto. Kditora IHnl. São 1'aulo. nui/)un 1996.

ulJOIIN.V;ONCOTTO,M.A.;GiriMARÀES.J K P;RAU>.I Cal x Aditivos Orgânicos Tcchne - ReviMa d c Tecnologia tia Qmvtrução n ' 11 Fxlüor» Pini.São Paulo, jul/ago 199 í.

Page 273: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

— argamassas no es tado endurec ido : as a rgamassas adi t ivadas apresen tam me-

nor módu lo de de fo rmação , menor a b s o r ç ã o / d i f u s ã o de água, menor retração

de secagem; para c o n s u m o s razoáveis de c imen to (1:5 ou 1:6, p o r exemplo)

não o c o r r e d iminuição sensível da aderência , em relação às argamassas mis-

tas; já para t r aços com p o u c o c o n s u m o de c i m e n t o (1:9), a d iminu ição na

aderência com o subs t ra to (blocos cerâmicos ou b locos de concreto} é bas-

tante significativa.

Em função do grande número de variáveis em jogo, é relativamente difícil o estabeleci-

mento de traços indicativos para as argamassas de revestimento, posição que foi assumi-

da na normal ização técnica brasileira que rege o assun to . Lejeune1 8 0 explica que na

França, de acordo com o DTU (Documcnt Téchnique Unifée) 26.1 emitido pelo CSTB -

Centre Scientifique et 7'echnique du Batiment para argamassas de revestimento, e consi-

derando granulometrias específicas das areias, os traços recomendados para revestimen-

to tradicional, em três camadas (chapisco, emboço e reboco), sào aqueles indicados na

Tabela 43 a seguir:

Tabela 43: Traços recomendados para argamassas de revestimento (Fonte: CSTB)

Camada Características Consumo de aglomerante (kg/ms) Traço em volume n

(cimento : cal : areia)

Camada Características

cimento cal hidratada

Traço em volume n

(cimento : cal : areia)

Chapisco Argamassa simples

(500 a 600 kg/m1) 500 / 600 - 1 : 0 : (2,1 a 2,6)

Emboço Argamassa mista

(350 a 450 kg/m») 200 / 350 1 0 0 / 1 5 0 1 : (0,5 a 1,3): (4,3 a 8,3)

Relx>co Argamassa mista

(250 a 350 kg/m1) 1 0 0 / 2 5 0 5 0 / 1 5 0 1 : (0,4 a 2,7): (6,4 a 16)

O SU|>ondo: y,.„ = 3,1 g/cm'; Y<jl = 2,3 ('/cm'; = 2,65 g/cm'; 8ilm = 0,9 g/cm'; = 0,5 g/cm'; = 1,1 g/cm»; 2 4 0 relação água/aglomerantes: variando entre 0,8 e 1,3.

Page 274: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Lejeune explica ainda que o ("STB estabeleceu a classificação " M E R U C " para argamassas

de revestimento aplicadas numa única camada ( M = massa específica aparente - estado

endurecido; E = módulo de elasticidade; R = resistência à tração; U = retenção de água;

C = capilaridade), com 6 tipos de argamassa, con fo rme Tabela 44 a seguir:

Tabela 44: Tipos de argamassas de revestimento (Fonte: CSTB)

M •> E R U C

Tipo de Massa Módulo de Resistência Retenção Capilaridade

argamassa específica elasticidade à tração de água

(kg/m») (MPa) (MPa) (%) (g/dm\min)

1 < 1.200 < 5.000 < 1,5 < 78 < 1/5

2 1.000 a 1.400 3.500 a 7.000 1,0 a 2,0 72 a 85 1,0 a 2,5

3 1.200 a 1.600 5.000 a 10.000 1,5 a 2,7 80 a 90 2,0 a 4,0

4 1.400 a 1.800 7.500 a 14.000 2,0 a 3,5 86 a 94 3,0 a 7.0

5 1.600 a 2.000 12.000 a 20.000 2,5 a 4,0 91 a 97 5,0 a 12,0

6 > 1.800 > 16.000 > 3 , 0 95 a 100 > 10.0

<•) «i aparente contradição entre os valores de massa específica e capilaridade (maior massa específica, maior capilaridade) deve-se à introdução de aditivos incoqx>radores de ar nas argamassas. Assim, as argamassas com maior teor de ar incorporado (bolhas oclusas), com menor massa es|>ecííica aparente, apresentam-se menos jjermeáveis.

C o m base nas característ icas apresentadas na Tabela 44, passíveis dc serem atingidas

mediante estudos de dosagem, o CSTB recomenda que as argamassas sejam empregadas

de acordo com as indicações da Tabela 45:

O desempenho das argamassas de revest imento dependerá sobremaneira das condições

da base (limpeza, porosidade etc) e da forma de execução dos serviços; a aplicação de

uma camada de ancoragem (chapisco) é vital para que seja otimizada a aderência com

superfícies muito lisas ou materiais pouco higroscópicos; além disso, o chapisco tem a

capacidade dc regularizar as propr iedades higroscópicas das alvenarias (diferenças nas

propriedades físicas das argamassas de assentamento e dos componen tes de alvenaria).

Page 275: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 4 5 : Argamassas de revestimento recomendadas para os diferentes tipos de obras

(Fonte: CSTB)

Tipo de aplicação ou condições climáticas Argamassa recomendada (classificação MERUC)

Característica

da parede

Fachadas expostas à chuva C - 1 ou C - 2 Característica

da parede Paredes sujeitas a impactos E - 3 ou R - 3

Característica

da parede

Paredes em contato com solo M - 4 , R - 3 ou C - 2

Condições

climáticas

na aplicação

Tempo quente ou com vento U - 5 ou U - 6 Condições

climáticas

na aplicação Clima trio M - 5 ou M - 6

Condições

climáticas

na aplicação Acabamento raspado M - 5 ou M - 6

Para me lhora r a aderência d o reves t imen to com as bases, e t radição o emprego dc

chapisco no traço 1 : 3; recentemente, vem se utilizando na construção brasileira chapisco

aplicado com rolo de lã ou rolo para textura ("chapisco rolado"), com a adição quase que

indiscr iminada de resina acrílica, resina PVA e outras . Candia1 8 2 desenvolveu estudo

experimental sobre a aderência dc uma argamassa f reqüentemente utilizada nos cantei-

ros de obra (traço 1 : 1 : 6) e de uma argamassa industrializada (massa única), aplicadas

sobre três bases distintas: blocos de concreto, blocos cerâmicos c concreto estrutural. As

aplicações foram feitas diretamente sobre as bases (ora sccas, ora úmidas), sobre chapisco

convencional (traço 1 : 3) e sobre chapisco rolado, empregando-se três resinas distintas

adquiridas no mercado.

O s es tudos de Candia conf i rmaram a maior aderência dos revest imentos aplicados cm

blocos dc concreto (f , f = 0,4 MPa para a argamassa industrializada), situação cm que a

presença ou ausência de chapisco e a pré-umidificação ou não dos blocos praticamente

não teve influência. Para os blocos cerâmicos c para o concre to estrutural , ainda com

base nos resultados obt idos para a argamassa industrializada (melhor desempenho que a

CANDIA. M . O : FRANCO. L.S Contr ibuição ao Estudo das Técnicas d c Preparo da Base n o D e s e m p e n h o dos Revest imentos d c Argamassa Escola 2 4 2 Politécnica da Universidade d c Sck> Paulo. Boletim Técnico BT/1X:C/22.V Sio Paulo, 1WK.

Page 276: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

argamassa 1 : 1 : 6), a aplicação de chapisco convencional aumentou consideravelmente

a aderência entre o revestimento e a base (f k = 0,3 MPa). Para os chapiscos rolados a

aderência não foi satisfatória (f |cr = 0,15 MPa), chegando em alguns casos a ser inferior

à aderência desenvolvida pela argamassa aplicada d i re tamente sobre a base.

Carasek1*' realizou abrangente trabalho sobre a aderência de argamassas de revestimen-

to, pesquisando a influência das composições (6 argamassas, três produzidas no labora-

tório c três industrializadas), do tipo de bloco (concreto, cerâmico estrutural, cerâmico

de vedação, sílica-cal, concreto celular e concreto leve) e do teor de umidade dos blocos

por ocasião da aplicação do revest imento (blocos secos, blocos com umidade entre 1 e

10%, blocos com umidade superior a 20%). As principais conclusões obtidas no estudo

foram:

a) todas as variáveis testadas apresentam diferenças significativas, com interações im-

portantes na maioria das vezes;

b) o principal fator que rege a aderência é o consumo de cimento da argamassa;

c) para qualquer tipo de bloco, os melhores resultados de aderência foram obtidos com

os b locos secos; Carasek a f i rma en t re t an to que " o e fe i to geral da molhagem dos

substratos é positivo para o aumento da extensão da aderência";

d) os melhores resultados de aderência foram verificados para os blocos de concreto c

cerâmico estrutural; concre to celular, concre to leve e sílica-cal apresentaram valores

intermediários; o pior resultado foi obt ido com o bloco cerâmico de vedação, não se

encontrando justificativas plausíveis para o fato;

e) pela observação da interface argamassa x parede do bloco, com técnicas dc raios X,

verificou-se penetração da fase líquida da pasta de aglomerante nos poros da cerâmi-

ca, com profundidade variável entre 100 e 160Ü|im;

CARASEK. H.: DJANIKIAN.J.G. Aderência de Argamassas a Base dc Cimcnlo Portland a Unidades d c Alvenaria Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Boletim Técnico BT/l*CC/l79.São Paulo. 1997.

Page 277: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

f) com base em observações ao microscópio eletrônico de varredura, a autora af irma

que "a aderência é um fenômeno mecânico decorrente do intertravamento de cristais

de etringita no interior dos poros do substrato cerâmico".

Fiorito51 efetuou avaliação da retração de argamassas de cimento e areia (traços 1:3, 1:4,

1:5 e 1:6), e de argamassas de cimento, cal e areia (traços 1:0,5:5 e 1:3:12), concluindo

que todas apresentam aproximadamente a mesma retração, ou seja, da ordem de 0,06%.

Dessa forma, a ocorrência dc fissuração nas argamassas dc revest imento estaria direta-

mente associada ao seu módulo de deformação, ou seja, argamassas mais rígidas estari-

am mais propensas às fissuras de retração. Joisel1"4 apresenta formulação para a previsão

da aber tu ra e d i s tanc iamento das fissuras de re t ração nas argamassas, em função do

índice dc re t ração, d o m ó d u l o de d e f o r m a ç ã o da argamassa c da efe t iv idade da sua

aderência com a base.

A aderênc ia c a r e t ração , talvez as p r inc ipa i s p r o p r i e d a d e s das a rgamassas de re-

v e s t i m e n t o , não d e p e n d e m apenas das p r o p r i e d a d e s d o mater ia l : c o m o já foi ob-

se rvado , in f luem dec i s ivamen te as c o n d i ç õ e s ambien ta i s (ven tos , sol) e as caracte-

r í s t i cas da base . D e t r i c h e 1 8 5 real i /ou pesquisas mui to interessantes com argamassas

dc r eves t imen to , inves t igando os mecan i smos c as conseqüênc ia s da perda da água

d e a m a s s a m e n t o d a s a r g a m a s s a s , t a n t o para a base c o m o pa ra o a m b i e n t e . N o

e s t u d o f o r a m ut i l i zadas a rgamassa s d o s a d a s em v o l u m e , ap l i cadas com espessu ra

de 12mm sobre uma m a n t a de p lás t ico (a rgamassa de r e fe rênc ia ) , b l o c o s de con -

c re to ou b locos ce râmicos (uma cerâmica com d i â m e t r o méd io dos capilares equi-

v a l e n t e a 0 , 2 6 | i m , e a o u t r a c o m d i â m e t r o e q u i v a l e n t e a 2 ,50 f im) . As p r inc ipa i s

o b s e r v a ç õ e s f o r a m :

JOISHL.A. Fisuras y ( ír ietas cn Moncros y Hormlgoncs: sus Causas y Remédios P Kdicio, Editores Técnicos Associados. Barcelona. 19"5. DETR1C.HE,C. H.; MASO.J. C. DifTcrential Hydration in Rcndcring Mortars Cernem and Oincrete Research.Volume 16. pp 429-Í39. IVyanum Press

2 4 4 Ud. IW6.

Page 278: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

a) relativamente à composição da argamassa, a perda de água é regida pelas proprieda-

des do aglomerante (poder de retenção) e pelo traço: quanto maior a quantidade de

areia, maior a velocidade e quant idade da água evaporada ou absorvida pela base;

b) variações da espessura da camada dc revest imento influenciam sobremaneira a eva-

poração da água de amassamento, con fo rme se pode visualizar na Figura 88:

argamassa espessura 7,5 mm

D Figura 88

Secagem das argamassas: influência da espessura da camada do revestimento

c) o diâmetro dos poros capilares do material da base é o principal fator que determina

a velocidade inicial de secagem das argamassas, sendo muito importantes os ensaios

dc absorção dc água inicial (IRA); conforme Figura 89, ocorre variação muito acentu-

ada em função da natureza da base;

, cmfc>o<;ç> cva 2$ <So-, cerâmica ccrònfca -

t toco <J«> concrolo

cfrtf»;o cu-a L <JKJ

0 Figura 89

Secagem das argamassas: influência da porosidade e capilaridade de diferentes substratos.

Page 279: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

d) a capilaridade do material da base influi decisivamente na aderência, conforme Figu-

ra 90; não fal tando água para hidratação do aglomerante, quanto maior o poder de

sucção da base (mais desenvolvimento de cristais nos seus poros), maior a aderência;

X (kPa)

1000

15' 30' 1h t e m p o

X (kPa)

1000

15* 30'

Q Figura 90

Influência da porosidade cio substrato na aderência com a argamassa.

t e m p o

e) quanto maior o consumo de aglomerante, maior a retração da argamassa; contrariando

os resultados obt idos por Fiorito31, Detriche verificou que a argamassa de traço 1 : 3

apresentou aproximadamente o dobro da retração medida para a argamassa 1 : 5;

f) a quantidade dc água absorvida pela base depende não só da natureza do seu material

constituinte, mas também de características geométricas (Figura 91); blocos de paredes

mais finas (menor volume de poros capilares absorvendo a água de amassamento da

argamassa) retiram menos águas que blocos congêneres, de paredes mais grossas.

o D Ot -o ® •o õ 50

a o "2 a 30

tempo -t >

lh 3h

0 Figura 91

Secagem por absorção capilar: influência da espessura da parede do bloco.

Page 280: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Detriche conclui que o processo de secagem das argamassas é o fator mais importante a

determinar as suas propriedades, tanto nas primeiras idades como nas idades mais avan-

çadas: "uma mesma argamassa, aplicada sob condições diferenciadas de secagem duran-

te as primeiras horas após a aplicação, deve ser considerada como dois materiais distin-

tos, com propriedades físicas e mecânicas muito distintas".

Previamente à execução dos revestimentos em argamassa, deve-se conferir a regularidade

das paredes, a verticalidadc dos marcos dc portas c janelas, o embutimento dc tubulações

e dutos de eletricidade, das caixas de tomadas c interruptores, enfim, de todos equipamen-

tos previstos para serem embutidos nas paredes. Os testes de estanqueidade de tubulações

de água fria, água quente, esgotos e águas pluviais também já deverão ter sido realizados.

A boa execução dos revestimentos em argamassa inicia-se pela correta seleção e conrrole

dos materiais a serem empregados. Areias muito finas, com distribuição granulométrica

descontínua, areias contendo excesso de material argiloso ou mesmo pirita (manchas de

ferrugem nas fachadas) não devem ser utilizadas; muitos produtos oferecidos no merca-

do como substitutos da cal não passam de filito argiloso moído, com todas as proprieda-

des indesejáveis das "areias de estrada", anter iormente comentadas.

Quan to ao preparo, os materiais devem ser bem homogeneizados, utilizando-se betonei-

ras ou argamassadeiras. Na mistura é sumamente importante a correção da umidade da

areia: umidades entre 3 e 6% correspondem em geral a coeficientes de inchamento em

to rno de 25%; se esta correção não for considerada, cer tamente estaremos produzindo

argamassas ricas em aglomerante e água, c mui to ricas também no que diz respeito à

retração e às fissuras. A prévia preparação e o prazo de descanso das argamassas dosa-

das com cal são indispensáveis para que ocor ra total ap rove i t amen to da capacidade

plastificantc do material.

Page 281: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

As bases muito absorventes ou ressecadas sempre requerem prévio umedecimento, com

cuidados especiais no chapiscamento; não é raro observar-se chapiscos onde, pela rápi-

da evaporação da água, a h idra tação d o c imen to foi apenas inc ip ien temente iniciada

("chapisco queimado", no jargão das obras). Revestimentos dc fachadas executados sob

for te insolação, ou em dias com ocorrência de vento , exigem processo de cura úmida.

Para que se desenvolva razoável aderência com o conc re to es t ru tura l (problemas de

desco lamentos em tetos são relat ivamente f reqüentes) é vital a comple ta remoção de

dcsmoldantcs; a prévia cscarificação do concre to constitui excelente prática.

A execução dos revest imentos requer cuidados especiais nos requadramentos dos vãos,

no cor re to ca imcnto dos peitoris, na execução das emendas ou juntas de trabalho, na

f o r m a c no t e m p o dc d c s c m p c n a m c n t o (em excesso, p rovoca exsudação da nata de

aglomerante para a superfície do revest imento, ge rando micro-f issuras superficiais). A

boa técnica exige ainda aplicação em camadas de pequena espessura (em média 2cm),

ligeira cscarificação entre camadas sucessivas, respeito aos pra/.os necessários para que

ocorram o endurecimento e a retração da camada anterior.

Lejeune1*" adverte que as patologias dos revest imentos em argamassa geralmente ocor-

rem por desrespei to ao número de camadas c / o u execução muito rápida dos serviços,

bases excess ivamente ressecadas (água da argamassa chega a evapora r na aplicação),

sem nenhum cuidado de cura, pelo emprego de materiais ou de traços inadequados.

3.5 0 Qualidade no projeto e na execução de revestimentos cerâmicos

Com relação aos pisos, con fo rme analisado no Capítulo I, os problemas mais freqüentes

são as irregularidades geométr icas (empoçamentos , ca imentos invertidos), pisos mui to

rústicos ou muito escorregadios, fissuras de retração em pisos cimentados, infiltração de

água nos encon t ros com paredes e descolamento de revest imentos cerâmicos 'pisos c

Page 282: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

paredes). Independentemente do material de acabamento, este autor18'" relembra que no

pro je to dos pisos devem ser considerados antes de mais nada:

• definição da rugosidade do piso: por exemplo, superfícies lisas onde a principal

exigência é a higiene (centros cirúrgicos, laboratórios) e pisos ant iderrapantes

em escadarias, cozinhas industriais, pisos externos, rampas com declividade su-

perior a 3%;

• compatibilizaçao das dimensões dos pisos com as dimensões das placas cerâmi-

cas, procurando-se evitar recorte de peças;

• diferenciação de cor entre pisos cont íguos com diferenças de cota de até 2 ou

3cm, ou pelo menos identificação visual da mudança dc cota através do empre-

go de soleiras;

• especificação dos caimentos e das cotas dos pisos, cotas de soleiras e de ralos,

cotas dc bacias sanitárias c de ou t ros apare lhos , cons ide rando espessura das

camadas de separação, assentamento , regularização e impermeabil ização.

Quan to aos caimentos, verifica-se usualmente:

Tabela 4 6 : Caimentos recomendados para os pisos das edificações

Tipo de ambiente / dependência Caimentos usuais

Ambientes de estar 0 a 0 , 5 %

Banheiros e cozinhas 0,5 a 1 , 0 %

Box de chuveiro 1,0 a 2 , 0 %

Pisos externos 0,5 a 1 , 5 %

Terraços / lajes de col>ertura 1,0 a 2 . 0 %

E m qualquer caso, o p ro je to deve apresentar todos os cor tes e detalhes cons t ru t ivos

necessários, além dos desenhos de paginação das placas nos pisos: deverão ser indicadas

larguras e tolerâncias das juntas entre as placas, das juntas de dessolidarização e das

'"THOMAZ.E..HACWC.H V F. Como Construir Piso Cerâmico Téclme - RcviMa de Tecnologia da Construção N" l . p p SI-S4. Editora Pini.Sã» Paulo, nov/ dez 1992.

Page 283: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

eventuais juntas de movimentação . T a m b é m os detalhes para a execução do piso nos

encon t ro s com ralos e com obs táculos verticais (Figura 92), indicando-se claramente

onde deverão ser assentadas as peças recortadas no caso em que não ocorra coordena-

ção dimensional entre as dimensões dos pisos c das placas, ou mesmo quando a coorde-

nação é impossível em função de irregularidades geométricas da obra (estrutura e alve-

narias).

banheiro hall d o s

I 2 . $ 4 q u a r t o s ^ •

rodapés

12.91

1.0

ralo sifonado O ponto vaso sanilário cerâmica: 29.5 x29,5cm Junta: 5mm

• — ^ sentido do assentamento

caimento do piso

isopor espessura 1 c m

rejuntamento com selante

Q Figura 92

Exemplo de paginação de piso, com indicação de cotas, caimentos, pontos de esgoto, juntas de dessolidar zação e sentido do assentamento das placas.

As camadas de separação (papel k ra f t , pape lão b e t u m a d o , f i lme de pol iet i leno) sào

necessárias sempre que fo rem previs tas d e f o r m a ç õ e s acentuadas para as lajes dc su-

porte (flechas acima de L/350, por exemplo), retração ou movimentações higrotérmicas

cons ideráve i s d o piso; a p resença de camada de impermeab i l i zação , recober ta com

papel k ra f t ou f i lme de pol ie t i leno, já con f igu ra a sepa ração mecânica ent re laje e

250 reves t imento .

b a n h e i r o

taimen» ce 2%

box d o c h u v e i r o

Page 284: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Para evitar-se o des tacamento das placas de cerâmica, além da eventual introdução de

camada de separação entre o piso e lajes de supor te , é recomendada a introdução de

juntas de des so l ida r i zação en t r e o p iso e o b s t á c u l o s ver t icais (pi lares, paredes ,

p la t ibandas ) , c o n f o r m e Figura 93, s empre que a d i m e n s ã o do piso exceder 8m em

ambientes in ternos ou 5m no caso de pisos expos tos às intempéries.

Q Figura 93

Junta de dessolidarização no encontro com obstáculos verticais.

A i n t r o d u ç ã o de juntas i n t e r m e d i á r i a s de m o v i m e n t a ç ã o t a m b é m é essencial para

evi tar os d e s t a c a m e n t o s , p r i n c i p a l m e n t e no caso de p isos e x t e r n o s de g r andes di-

mensões ; cons ide rando o eventual r e fo rço com tela metálica da camada de regulari-

zação e / o u a s s e n t a m e n t o (por exemplo aço ({) 3 ,2mm - malha lOxlOcm), recomen-

dam se os e s p a ç a m e n t o s m á x i m o s ind icados na Tabela 47. Para a execução dessas

juntas poderão ser ado tados perf is p r é - f o r m a d o s de material resiliente ou acabamen-

to c o m se lantes e l a s tomér i cos p o l i m e r i z a d o s n o local, c o n f o r m e Figura 94, s e n d o

obrigatória a disposição de juntas em posições coincidentes com as juntas estruturais

e v e n t u a l m e n t e p r e sen t e s .

Page 285: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 47: Pisos - distâncias máximas recomendadas entre juntas de movimentação

Camada de regularização

e/ou assentamento

Com camada de separação Sem camada de separação Camada de regularização

e/ou assentamento Piso interno Piso Externo Piso Interno Piso Exterro

Com tela metálica 7,5m 6,0m 6,0m 4,5m

Sem tela metálica 5,0m 4,0m 4,0m 3,0m

10 a 20mm

o o . o . o o '." o o QO - O . O O ** "o primer e fundo de junla proteção loferal/rejunte com selante

0 Figura 94

Juntas de movimentação intermediárias em pisos.

E m edifícios multi-piso, a presença dc camada dc impermeabil ização nos pisos molháveis

é imprescindível, principalmente em dependências com continuada presença de água (box

de chuveiro, lavanderia, terraços); recorda-se que os pisos em cerâmica não são imperme-

áveis (infiltrações dc água através do rejunte, part icularmente nas pequenas depressões do

piso) e o c o n c r e t o t a m b é m não é impermeáve l ; m e s m o cjue o fosse , s e m p r e haveria

possibilidade de infiltrações através de fissuras que viessem a ocorrer nas lajes. Os encon-

tros com ralos ou outros pon tos de esgoto sempre merecem atenção especial; nos encon-

tros com paredes é sempre recomendável a in t rodução dc rodapé no piso molhávcl.

N o caso de pisos cerâmicos, cons iderando a g rande diversidade de materiais prevista na

no rma NBR 13.8181*7 (GL - esmaltados e U G L - não esmaltados; prensados e extrudados,

d i f e ren te s classes de a b s o r ç ã o dc água, d i fe ren tes classes dc resistência à abrasão) , há

ABNT - Associação Brasileira dc Normas Técnicas. Placas ccrâmicas para revestimento - Especificação c mé todos d c ensaio • NBR 15HIX/V7, Rio de 2 5 2 Janeiro. 1997.

Page 286: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

necessidade de especificar-se em detalhes o t ipo de placas cerâmicas, adaptando-as às

necessidades do recinto (intensidade do tráfego, eventual presença de produtos quími-

cos, altas ou baixas temperaturas) . Com base nas classificações adotadas pela referida

norma, e nos respectivos métodos dc ensaio, recomenda-se a especificação dos seguin-

tes tipos de placas cerâmicas:

Tabela 48: Recomendações para a especificação de placas cerâmicas para piso.

Absorção Dureza Resistência à abrasão Resist. Resist.

de água Mohs CL UGL a manchas química

Residências

• Dormitórios, salas máx. 1 0 % 2:6 PEI £ 3 £ 600mmJ £ 3 -

de estar

• Cozinhas, banheiros. máx. 6 % > 6 PEI > 3 < 500mm* > 3 min. C

corredores

• Pisos externos, garagens máx. 3 % £ 7 PEI £ 3 £ 500mmJ £ 3 min. C

Escritórios, pequenas

lojas, hotéis máx. 6 % > 7 PEI > 4 < 400mm* > 4 min. B

Repartições públicas,

bancos, padarias máx. 3 % 2:8 5 £ 200mm» 2:4 min. 8

Shoppings, metrô,

aero|X>rtos, escolas máx. 3 % > 8 5** < 50mmJ > 4 min. B

1 lospitais, laboratórios,

bares, restaurantes máx. 1 % > 8 PEI > 4 < 200mm> 5 A

Ambientes industriais

agressivos" máx. 1 % > 8 5** < 50mmJ 5 A

<•) laticínios, destiladas, galvanoplastia, curtumes, conservas, produtos químicos e farmacêuticos etc.

<**) rm corredores <k? passagem do grande número de |>essoas, ou em ambientes industriais muito agressivos, utilização «le empilhadeiras etc, não se recomenda o emprego de pisos esmaltados.

253

Page 287: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Relativamente à resistência ao impacto das placas cerâmicas, a no rma NBR 13.818/97

de f ine ensaios com esfera de aço de 0 19mm, a b a n d o n a d a da altura de lm, o que

cor responde à energia de aproximadamente 0,42J; a norma não estabelece o valor míni-

mo do coeficiente dc restituição (indicando que este deva ser acordado entre fornecedor

e consumidor , em função da aplicação específica da placa cerâmica), admit indo ainda

que, sob ação do impacto, possam ocorrer lascamentos e "rachaduras radiais menores

que 2mm". Considera-se a solicitação de 0,42) muito pequena, sendo que o IPT188 esta-

belece para os pisos em geral que: "sob ação dc impactos de corpo duro com energia de

5J (altura de queda de 50cm de esfera de aço com massa de lOOOg) não devem ocorrer

fissurações, est i lhaçamentos, escamações ou outros danos similares".

Ainda como elementos dc projeto recomenda-se para as placas cerâmicas a especificação

dos seguintes parâmetros:

coeficiente de atri to das placas cerâmicas:

• caimento até 1,5% —» coeficiente de atrito > 0,3

• caimento entre 1,5 c 3% —» coeficiente de atrito > 0,5

• caimento > 3% —> "placas cerâmicas anti-derrapantes";

• coeficiente de expansão higroscópica < 0 , 3 m m / m ou 0,03% (a despeito da nor-

ma NBR 13.818 indicar o valor dc 0 , 6 m m / m como limite a partir do qual pode-

rão ocorrer patologias);

• para pisos sujeitos a solicitações mecânicas importantes (garagens, empilhadeiras):

placas cerâmicas com espessura > 8mm e Módulo tle Resistência à Flexão > 22 MPa;

• atmosferas agressivas ou ambientes industriais: revestimento e rejuntamer.to anti-

ác ido ;

• ao nível do terreno, execução do piso sobre lastro de brita e / ou camada de

impermeabil ização, visando prevenir a fo rmação de eflorescências;

"" Instituto dc- IVsquisasTecnológicos d o Estado ck- s i o Paulo - IIT. Cri térios Mínimos dc Desempenho para Habitações Térreas d c Interesse Social 2 5 4 São Paulo. 1997.

Page 288: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• no caso dc cores mui to escuras em pisos ex te rnos , r edobra r a tenção com as

juntas de assentamento e as juntas de dessolidarização / movimentação;

• em função do t amanho da placa, adotar juntas de a s sen t amen to com largura

mínima dc:

piso in terno e x t e r n o

- peças 15xl5cm: 3 m m 4 m m

- peças 20x20cm: 4 m m 6 m m

- lado > 20cm: 5mm 8 m m .

Relativamente à execução dos pisos cerâmicos, cujas deficiências poderão também cau-

sar diferentes patologias, os principais cuidados recomendados são:

a) empregar na obra, ou pelo menos no mesmo ambiente, peças procedentes do mesmo

lote de fabr icação (mesmo código em cada caixa); confer i r dados de p rodução em

cada caixa de placas cerâmicas (cor, tonalidade, código de produção, tamanho);

b) antes do início do assentamento confer i r t ipo c quant idade disponível da cerâmica;

recusar lotes cujas placas apresentem excesso de cinzas ou engobc no tardoz, o que

viria a prejudicar a aderência, ou placas cerâmicas cujo recobr imenro do esmalte nos

bo rdos das placas não at injam 2 a 3mm (podendo causar manchas por absorção de

água) ;

c) o c o r r e n d o pequenas d i ferenças nas d imensões modulares estabelecidas no proje to ,

estas poderão ser redistribuídas nas juntas entre as placas (utilizando-se número inteiro

de peças) e nos encont ros com as paredes (sob rodapés);

d) antes do início do serviço, proceder teste de cstanqucidadc de impermeabilizações (box

de chuveiro, etc) e de instalações hidráulicas; certificar-se de que estão executadas e

corretamente posicionadas todas as instalações que resultarão embutidas no piso;

e) antes do início do assen tamento providenciar conferência de níveis e cotas (mesmo

no caso de lajes "zero"), do posicionamento de ralos c outros eventuais equipamentos;

Page 289: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

f) aguardar pelo menos 10 dias entre concrc tagem de lajes / execução de camadas de

regularização e o assentamento das placas cerâmicas; antes do assentamento, limpar e

umedecer a base; para bases muito lisas, apicoar a superfície e / ou aplicar chapisco 1:3;

g) no caso dc cerâmica com absorção de água superior a 6%, submergir as peças em água

durante 5 a 10 minutos, deixando escorrer bem antes do assentamento; para placas com

dimensões excedendo 20x20cm, chapiscar previamente o tardo/, das peças;

h) iniciar assentamento nos cantos indicados no projeto, ou nas posições das eventuais

juntas dc dcssolidarização c movimentação, cons t i tu indo guias; a largura de referidas

juntas poderá ser garant ida com a in t rodução de sa r ra fos de madeira ou placas de

pol ies t i reno expandido;

i) empregar linhas esticadas e espaçadores entre as placas cerâmicas, demarcando fiadas;

utilizar régua dc alumínio para manter a perfeita linearidade das juntas; para assentamen-

to com argamassa —» traço indicativo 1 :4 (cimento e areia média lavada, em volume);

j) no assentamento, polvilhar c imento sobre a argamassa ou aplicar pasta de cimento e

areia fina traço 1:1 em volume, preparada com antecedência de aproximadamente 30

minutos; prover "bat imento" das peças com martelo de borracha e / o u desempenadeira

de madeira, a fim de atingir perfeita coplanaridade entre as mesmas;

k) adotar fe r ramentas apropr iadas para os cortes necessários das peças, inclusive nos

encontros com ralos (serras tipo copo ou dispositivos semelhantes);

I) logo após o a s sen t amen to , l impar com pano ú m i d o ou saco de es topa a nata de

c imento refluída para a face do piso; no caso de placas com superfícies rugosas (piso

ant i -derrapante) , f r iccionar com pequena quant idade de areia, bem fina e bem seca,

nunca util izando na limpeza palha dc aço ou p rodu tos ácidos;

m) após 3 ou 4 dias do assentamento , examinar a presença de peças soltas (sem cavo

quando percutidas); substituir placas eventualmente soltas e rejuntar, utilizando rejunte

industrializado ou c imento e areia fina (neste caso recomenda-se adicionar = 20% de

resina acrílica na água dc amassamento), observando-se os seguintes traços indicativos:

Page 290: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• juntas < 2mm —» 3 : 1 (cimento e areia)

• juntas entre 2 e 5mm — > 1 : 1 (cimento e areia)

• juntas > 5mm —» 1 : 2 (cimento e areia);

n) proteger o piso recém executado contra o tráfego por 7 ou mais dias; no caso de pisos

ex te rnos , mantê- los umedec idos por 3 ou 4 dias após o a s sen t amen to da cerâmica

(sacos de estopa umedecidos ou recursos semelhantes) .

Para assentamento com argamassa colante, recomenda-se espalhá-la em áreas de no má-

ximo 2m2 (piso interno) ou l ,5m 2 (piso externo) , 30 minutos após preparação com a

quantidade de água recomendada pelo fabricante, utilizando-se desempenadeira com den-

tes de 8mm. N o assentamento não deverá ocorrer em nenhuma hipótese polimerização

inicial dos aditivos empregados na formulação da argamassa (efeito de "peeling"), o que

viria a prejudicar a aderência entre a argamassa e a cerâmica. N o caso de cerâmicas muito

porosas (absorção dc água > 15%), recomenda-se o prévio umedccimento das peças.

As fichas de controle da qualidade dos pisos, tanto para o projeto como para a execução,

deverão levar em conta todos os aspectos apontados . Exemplos de fichas de controle

para pisos cerâmicos encontram-se inseridos no Anexo.

Relat ivamente aos reves t imentos cerâmicos de paredes, t ambém são válidos todos os

cu idados gerais r ecomendados para os pisos. Cons ide rando certas peculiaridades das

paredes , deverão ser observados :

a) nos desenhos de paginação deverão ser cons iderados p o n t o s de água e esgoto, de

gás, tomadas e interruptores, tampo de pia e frontão, além de outros; na Figura 95 a

seguir ilustra-se a paginação dc uma parede dc cozinha;

Page 291: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

G3 Inltrrcptc» / t o m a d a o por lo de á g u a ou gás • ponto d« «sgoío

0 Figura 95

Exemplo de paginação de revestimento cerâmico de parede, com indicação de tampo de pia, pontos de água, esgoto e energia.

b) relativamente ao material cerâmico, recomenda-se a adoção de placas com absorção

de água < 3% (box de chuveiros, lavanderias e fachadas, prédios comerciais, fachadas

de obras em locais com invernos rigorosos); além disso, valem todas as demais con-

dições indicadas para os pisos: resistência ao gretamento, resistência ao choque tér-

mico (fachadas), resistência ao congelamento (câmaras frigoríficas) e expansão por

umidade < 0,03% (a despeito da norma brasileira citar 0,06%);

c) quanto às juntas de movimentação, recomenda-se inseri-las, cm:

- revestimentos internos com área > 32m2, ou extensão maior que 8m, ou quando

houver mudança na direção ou espessura da parede (no máximo a cada 4m);

— fachadas: juntas horizontais a cada 3m ou ao nível dc cada laje, juntas verticais no

máximo a cada 5m.

Quan to aos procedimentos dc execução (modelo apresentado no Capítulo 6, item 6.2.6),

deve-se atentar em primeiro lugar para a correta preparação da base. N o assentamento

sobre elementos em concreto, part icularmente em fachadas, deve-se remover totalmente

o desmoldante e, de preferência, escarificar o concreto.

Page 292: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A execução deve ser precedida de rodos os cuidados previs tos an te r io rmente para os

pisos, incluindo fixação de marcos ou cont ramarcos de caixilhos, teste das instalações

hidráulicas, conferência dos pon tos de água, esgoto e outros; os revest imento internos

somente deverão ser executados após acabamento dos tetos.

Constitui boa prática o prévio umedecimento de bases mui to ressecadas, ou quando os

serviços fo rem executados sob condições adversas de vento ou insolação. Mitidieri1*9

recomenda a prévia imersão das placas cerâmicas nas condições indicadas na Tabela 49.

Tabela 49: Imersão recomendada para peças cerâmicas

Material de assentamento Tempo de imersão em água para placas cerâmicas com absorção de água:

AA < 3 % 3 % < AA < 6 % AA > i>%

Argamassa convencional - 5 minutos 15 minutos

Argamassa colantc - - 1 minuto

N o reves t imento de fachadas com uti l ização de argamassa tradicional deve-se evitar

o emprego de cal hidratada, para prevenir a fo rmação de ef lorescências: ao invés da

cal, podem ser empregados adit ivos plast i f icantes , i nco rporadores de ar e re tentores

d e água.

N o assen tamento com argamassas colantes deve-se espalhar a argamassa em áreas de

no máximo 2m2 (paredes internas) ou l , 5m 2 (paredes externas) . Mitidicri1*9 esclarece

que a argamassa colantc poderá ser aplicada di re tamente sobre a alvenaria sempre que

os desvios de planaridade sejam inferiores a 3mm em relação a uma régua com 2m de

c o m p r i m e n t o ; caso contrár io , a superf íc ie deverá receber camada de regularização.

MrnniERI F1IJIO.C.V: CAVAM. G. R Como Construir Revest imento Cerâmico de Paredes Téchne - Revista deT«molotya iU Construção N* 7. l>p-í7-50. Editora Pini. Silo Paulo, nov/dez 1995.

Page 293: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Relativamente às argamassas eolantes, as principais características dizem respeito ao po-

der de re tenção de água (di tado pela natureza e teor do adit ivo re ten tor ) , poder de

aderência e tempo em aberto. Recomenda-se:

• tempo cm aberto > 20 minutos (revestimentos internos) ou > 30 minutos (fachadas);

• resistência de aderência aos 28 dias > 0,4MPa (a despeito do proje to de norma

brasileira citar 0,5MPa);

• peças com área de até 250cm2: utilização de desempenadeira com dentes de 6mm;

• peças com área maior que 250cnr c fachadas: desempenadeira com dentes dc 8mm;

N o r eves t imen to de paredes a impor tânc ia dos espaçadores de plást ico (cruzetas) é

maior que nos pisos: servem para sustentar as peças cerâmicas durante o assentamento.

A largura correta das juntas (idênticas às dos pisos) previne destacamentos. O material de

r e jun t amen to , p r inc ipa lmente no caso de fachadas , deve ser c o m p o s t o com aditivos

fungicidas, e ainda ser estável às radiações: rejuntamentos de cor escura (verde, azul etc)

tendem geralmente ao esmaecimento da cor, às vezes de forma muito rápida.

3.6 | Qualidade no projeto e na execução de impermeabilizações com manta asfáltica

N o proje to da impermeabilização Picchi " recomenda estudar pre l iminarmente todas as

interferências possíveis com os demais projetos e prever todos os detalhes construtivos

necessários. Compatibil izaçòes entre os pro je tos devem ser providenciadas no caso de

plantas muito recortadas, canaletas muito estreitas, tubulações embutidas ou sobrepostas a

paredes nas regiões de dobra da impermeabilização, espaços insuficientes para as camadas

de regularização, sacadas sem a presença dc paredes ou saliências nas extremidades.

N o caso de lajes de cobertura deve-se prever no projeto a disposição da isolação térmica e

da proteção mecânica da impermeabil ização; Giampagl ia l w recomenda que a camada de

1 " GlAMPACiUA. 11 Impermeabilizações com Mamas Asfü t ícasTcehne - Resista de Tecnologia ila Construção N° S. p p SS-S7. Editora l»ini. sã» Paulo, 1993-

Page 294: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

isolação resulte sempre sob a camada de impermeabilização, já que as propriedades iso-

lantes dos materiais variam sensivelmente com o ganho de umidade. N o caso da disposi-

ção de janelas em vigas (passagem de dutos etc), deve-se considerar nas dimensões das

janelas as alturas necessárias para as camadas de regularização e / o u isolação térmica.

O principal requis i to para o bom d e s e m p e n h o das impermeabi l izações é o ef ic iente

sistema de drenagem da água, o que repercute na necessidade da adoção de caimentos

adequados para as lajes; Pirondi1 9 1 recomenda caimento mínimo de 1% para lajes de

cobertura ou lajes de piso. Na impermeabilização com mantas sempre devem ser adotados

cantos ar redondados (Figura 96), de forma a evitar fissuração ou rasgamento da manta;

nas emendas, as sobreposições deverão ser realizadas no sentido do caimento (manta a

montante recobre a manta a jusante), respeitando-se sobreposição > lOcm.

o. • 0 e.. • 0 .' ' o . 0 ' • o

V - /

0 ' " c- . . 0 ' " c-

1 Figura 96

Arredondamento de cantos c sentido da sobreposição cm sistema de impermeabilização constituído |*>r mintas pré-fabricadas.

As infi l trações dc água através das impermeabil izações com mantas asfálticas ocorrem

principalmente nas regiões dc dobras, concordâncias e emendas das mantas em degraus,

soleiras e outros obstáculos. Assim sendo o projeto da impermeabilização devera prever

todos os detalhes cons t ru t ivos de soleiras, tubos emergentes , rodapés, encont ros com

ralos c grelhas, encontro com platibandas c outros, ilustrando-sc na Figura 97 alguns dos

detalhes const rut ivos recomendados .

' " IMKONOI. Z Manual Prático d c Impermeabil ização c Isotaçio Térmica Editora Pini. Segunda edição. Sào Paulo. IW2.

Page 295: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

) f i

1° etapa 2o etapa

• o o • • o : ' ; 0 0 °

j

0 Figura 97

Encontros da impermeabilização respectivamente com tubo emergente, ralo, soleira e base dc antena ou pára-raios instalados em laje de cobertura.

O b s e r v e - s e na figura an te r io r que para as hastes instaladas na laje de cober tu ra , bem

c o m o para quaisquer o u t r o s e q u i p a m e n t o s ( to r res de re f r ige ração de ar cond i c ionado

etc) deverão ser previstas bases apropriadas, de forma a evitar-se o puncionamento e / o u

a pe r fu ração da manta resultantes da pos ter ior instalação desses equipamentos ; observe-

se que a instalação de bases de antenas , pára-raios e i luminação de sinalização é causa

c o m u m da infi l t ração de água nas lajes de cober tura dos prédios .

Para o e m b u t i m e n t o da manta em pa redes n o r m a l m e n t e necessi ta-se de cavidade com

altura de 30cm e 2cm de p ro fund idade ; sempre que possível deve-se utilizar nas primei-

ras fiadas c o m p o n e n t e s de alvenaria com m e n o r largura, a fim de criar-se menc ionada

cavidade, c o n f o r m e ilustrado na Figura 98.

N o s encon t ros da impermeabi l ização com plat ibandas, em lajes expostas , especial aten-

ção deverá ser dada às jun tas de m o v i m e n t a ç ã o e às jun tas de dcsso l ida r i zação n o s

e n c o n t r o s com as paredes , c o n f o r m e i lus t rado na Figura 99. Tais juntas deverão evitar

que a di latação térmica d o piso des loque as paredes laterais, induz indo rasgamento ou

d e s c o l a m e n t o da manta .

Page 296: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

I 11 I • • • •

.o. •. • > • . : à/ o. P .• o ; P •ô . ^ . o . <=* ."Á • ar' ° . tf" ° . o'-

0 Figura 98 Blocos com menor largura nas primeiras fiadas, para embutimento das mantas.

leia de viveiro galvanizada

manta asfáltica

. O , à fi O-, ã f*-. \â p

junla de c a m a d a de regularização dessolidarização (canto arredondado)

| Figura 99

Encontro da impermeabilização com platibanda.

N o s encontros com buzinotes ou ralos, chama-se atenção cjue nas tubulações de peque-

no diâmetro a dobra da impermeabil ização pode obturar parte importante da seção do

tubo, situação relativamente freqüente no caso da drenagem de jardineiras; assim sendo

recomenda-se a adoção de tubo de queda com bitola superior ao diâmetro do ralo ou

introdução de um alargador na extremidade do tubo ("redução"), con fo rme ilustrado na

Figura 100.

Page 297: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

r e d u ç ã o

0 Figura 100

Alargamento na entrada da prumada, para evitar redução da seção do tulx>.

Cuidados maiores deverão ainda ser obedecidos na impermeabil ização de marcuiscs, a

fim de evitar-se a infiltração de umidade na seção do seu engastamento na estrutura, com

o conseqüente risco de corrosão das armaduras apontado no Capítulo I. Neste sentido,

recomenda-se adotar detalhes construt ivos especiais, indicados na Figura 101.

Detalhe dn impermeabilização no encontro de marquise com a estrutura.

Nas regiões de juntas de di latação da es t ru tu ra deverão ser ado tadas pontes na

impermeabilização, dc forma que as movimentações sejam redistribuídas cm áreas mai-

ores (Figura 102); s egundo Picchi3 7 , m e s m o recurso poderá ser a d o t a d o na eventual

presença de fissuras nas lajes a serem impermeabilizadas.

te la me tá l i ca

Q Figura 101

selante

0 Figura 102 cola fundo de junta

Ponte na camada de impermeabilização, sobre junta de dilatação da estrutura.

Page 298: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N o caso de jardineiras, além dos cuidados mencionados para evitar estreitamento cio tubo

de drenagem, é recomendável o emprego de mantas anti-raiz (adição de herbicidas que

inibem o desenvolvimento das raízes e a conseqüente danificação da manta), sendo que a

impermeabilização deverá ultrapassar pelo menos 20cm a altura prevista para a terra.

A execução da impermeabilização somente deverá ser iniciada após certificar-se da cor-

reta e total instalação de tubulações, ralos, caixas, janelas de passagem e apoios para

hastes ou equipamentos a serem instalados nas lajes de cobertura. As bases deverão estar

convenientemente preparadas, ou seja: curadas, limpas e secas, sem a presença de pon-

tas de ferro ou outras irregularidades perfurantes ou cortantes. Deverão ser previamente

conferidos os caimentos cm direção aos pontos de drenagem, os rasgos para embutimento

da manta cm pilares c paredes, o arredondamento dos cantos nesses encontros, o diâme-

tro e a posição das tubulações de drenagem.

As mantas pré-fabricadas devem atender as especificações normalizadas, dando-se prefe-

rencia a fornecedores com processos dc certificação da conformidade; deverão ser esto-

cadas em local abr igado de radiações, calor, umidade e ações mecânicas. O trabalho

deverá ser realizado por equipes treinadas, d ispondo-se de todas as ferramentas e equi-

pamentos necessários (maçaricos, butijões de gás, esfregões, espátulas, rolos para cantos

e para emendas, réguas, estiletes ou facas); os trabalhadores deverão estar conveniente-

mente protegidos por botas de segurança e luvas.

Relativamente à cxecução da impermeabilização, recomendam-se os seguintes cuidados:

a) executar camadas de regularização com argamassa de areia e c imento (traço básico

1:4, c imen to e areia média em volume) , a r r e d o n d a n d o can tos nos encon t ro s com

paredes e pilares; conferir cuidadosamente cotas, níveis e caimentos, de acordo com o

proje to;

Page 299: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

b) n inhos even tua lmente presentes na laje deverão ser p rev iamente corr igidos com a

mesma argamassa; fissuras deverão ser reparadas com ponte (conforme Figura 102) ou

com massa asfáltica elastomérica;

c) após cura úmida ( ap rox imadamen te sete dias) c comple ta secagem da camada de

regularização, prover limpeza da base; evitar t rabalhos dc impermeabil ização quando

estiverem sendo executados serviços que geram poeira, que pela ação do vento pode-

rão atingir a impermeabil ização;

d) isolar a área de serviço c aplicar material dc impr imação espec i f icado no p ro j e to

(solução ou material be tuminoso emuls ionado em água), da maneira mais un i forme

possível e respei tando c o n s u m o indicado no proje to; proteger a imprimação contra

poeira, umidade e trânsito de pessoas ou carrinhos;

c) após evaporação d o so lvente ou cura da impr imação cons t i tu ída p o r emulsão

("cracking"), iniciar aplicação das mantas pelas partes mais baixas da laje; posicionar a

primeira manta, realizando previamente os cortes eventualmente necessários para con-

cordância com soleiras, pilares, tubulações c obstáculos em geral;

f) com o maçar ico de ar q u e n t e aquece r l ige i ramente t a n t o a i m p r i m a ç ã o como o

asfal to da face inferior da manta (até o p o n t o de início de fusão, caracterizado pela

f o r m a ç ã o de pequenas bolhas e início de d e s p r e n d i m e n t o de gases); a manta deve

ser desenrolada c aquecida s imul taneamente , sendo pressionada fo r t emen te contra a

base pelo caminhamen to do t rabalhador e / ou pela passagem de rolo;

g) pos i c iona r segunda manta ( r ecob r indo no m í n i m o lOcm a b o r d a da manta apli-

cada) , r e a l i z a n d o os e v e n t u a i s c o r t e s n e c e s s á r i o s para c o n c o r d â n c i a , de f o r m a

que a manta a m o n t a n t e rccubra a manta a jusante ( c o n f o r m e Figura 96 anterior);

p r o v e r a q u e c i m e n t o da i m p r i m a ç ã o e das m a n t a s ( f u s ã o c o m p l e t a d o f i lme de

pol ie t i leno e a m o l e c i m e n t o d o asfa l to na bo rda da manta infer ior ) , p r e s s ionando

f o r t e m e n t e a e m e n d a com ro lo a p r o p r i a d o , de f o r m a que o c o r r a l igeiro r e f l u x o

do as fa l to aquec ido ;

Page 300: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

h) nos encon t ros com pilares e paredes, reforçar con ta to da manta , com aplicação de

quantidade adicional de asfalto; se necessário, empregar pequenos grampos metálicos

para fixação da manta, r edobrando o cuidado no seu press ionamento;

i) nos encon t ros com tubos, c o n f o r m e Figura a seguir: 1 - marcar posição d o tubo c

e f e t u a r c o r t e s na man ta para encaixe; 2 - colar as pon t a s r eco r t adas da manta na

parede do tubo; 3— preparar manchão e colar na parede do tubo, sobre a manta da

b a s e ;

0 Figura 1 0 3

Arremate da impermeabilização no encontro com tubo emergente

j) nos encont ros com ralos obedecer seqüência anterior; neste caso as pontas da manta

serão viradas para baixo (coladas na parede da tubulação), introduzindo-se o manchão

com as "l ínguas" voltadas para cima;

k) no caso de tubos em aço galvanizado, promover prévia preparação da parede do tubo

com "wash pr imer" ; em qualquer caso (ralos ou tubos emergentes) , a colagem das

mantas deve ser realizada com imprimação c aquecimento das mantas;

I) para execução da impermeabil ização nos encont ros com marquises, soleiras, jardinei-

ras, canaletas, janelas e outros elementos construtivos obedecer as indicações do pro-

jeto e as recomendações gerais anteriores;

m) concluído o t recho de impermeabil ização, p romover teste dc estanqueidade por 72

horas (coluna d'água com 4 ou 5cm, preenchimento total de jardineiras); verificar base

da laje e superf íc ie /emendas das mantas para detectar a presença de bolhas ou outras

anomalias . Após ret irada da água pisar sobre as mantas , nas regiões das emendas ,

verificando formação de bolhas; em caso positivo, restaurar emendas nos trechos afe-

tados;

Page 301: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

n) verif icada a es tanque idadc da impermeabi l i zação , aplicar sobre a mesma filme dc

polieri leno ou papel k ra f t e p roceder execução da p ro teção mecânica, empregando

argamassa de cimento c areia com traço básico de 1 : 4 (cimento e areia média lavada),

camada com espessura igual ou superior a 2,5cm; conferir cuidadosamente os caimen-

tos da camada de proteção em direção aos ralos;

o) nas dobras da impermeabilização, nos encont ros com paredes e pilares, a camada de

argamassa deverá ser reforçada com tela de arame galvanizada (tela de estuque ou tela

com malhas hexagonais, abertura cm torno dc lem);

p) na camada de p ro teção deverão ser inseridas juntas de movimentação (largura em

torno de l ,5cm), fo rmando quadros com dimensões que não superem 1,5 x l ,5m; tais

juntas poderão ser formadas com guias de policstircno expandido ou ripas de madeira,

caso cm que deverá ser aplicado dcsmoldantc nas guias;

q) após cura úmida da camada de proteção (aproximadamente sete dias) e retirada das

guias, p r o m o v e r p r e e n c h i m e n t o das juntas com areia aglutinada com emulsão

betuminosa ou ou t ro material especificado no projeto.

As f ichas para con t ro le da qual idade das impermeab i l i zações com mantas asfálticas

pré- fabr icadas , tan to para o p ro j e to c o m o para a execução, deverão levar em conta

todos os aspectos apontados . Exemplos dessas fichas de controle encontram-se inseri-

dos no Anexo.

Page 302: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

COORDENAÇÃO DE PROJETOS DE EDIFÍCIOS 4

De aco rdo com Ceragiol i1 9 2 , a racionalização da construção depende sobretudo de

incrementar-se a fase de projeto c experimentação: significa assumir a metodologia nor-

malmente adotada nos projetos industriais. Significa aumentar-se o nível de organização

dos processos, prevendo-se operações e formas de controle nas diferentes tarefas cjue se

c o n t r a p o n h a m à pequena qual i f icação even tua lmente observada para a mão-de-obra ,

sem descuidar-se do controle da qualidade do p rodu to acabado.

Linha semelhante dc estratégia é defendida por Campagnac193: "dc forma geral, pode-se dizer

que a matriz da qualidade, dos custos e das horas improdutivas depende muito mais da

gestão das interfaces entre as diferentes etapas dos processos, desde a concepção até a

execução da obra, que da produtividade individual de cada um dos processos. Num contexto

onde as características do mercado não permitem explorar as economias de escala, a busca

dc ganhos dc produtividade depende da coordenação das etapas, da qualidade das articulações

e da coerência dos planos de construção". A professora defende ainda que a pré-fabricação

ou pré-montagem do maior número possível de componentes em usina ou no canteiro de

obra (vergas e contravergas, contramarcos de portas e janelas, kits hidráulicos e elétricos)

ajuda a aludida racionalização do processo executivo, facilita a seqüência das etapas, reduzindo

as "horas improdutivas", c ainda colabora para o melhor controle dimensional da obra.

Cardoso 1 9 4 af i rma que a "modern ização" de uma empresa const ru tora depende antes

de tudo do es tabelecimento dc uma estratégia que, a grosso modo , parta da definição

'''-• CHKAC.IOI.I. <;., CWAQJÃ. ('.. Svlluppo nelta Tecnologia dei Proccssl Consmmiv i in Italla In "Avanços cni Tccnofcigu c Ocstão da Produção dc Edificações • ENTAC 93". Anais, p p I9-25.ANTAC - Associação Nacional d c Tecnologia d o Ambiente G>nM ruído. São Paulo. 1993.

' " CAMPAC.NAC K Mutations des Marchés et Évolutlons des Systèmcs dc Product lon e t dcTraval l dans lc Bâtimcnt cn France et cn Europc In "Avanços cm Tecnologia c íícMão iü Produção d e Edificações • ENTAC. 93". Anais, p p 27-10. ANTAC. - Assoc iação Nacional d c Tecnologia d o Ambiente Construído. Sio Paulo. 1993.

< "ARI X ) M >. E E Novos Enfoques sobre a G C S J Í O tia Produção - Como Melhorar o Desempenho das Empresas de Construção Civil I n "Avanç« >S onTccnok via c Gestão da Produção ik- Edificações. ENTAC93*.AnaKpp S57 • 569.ANTAC - Associação National deTevnokigu do Ambiente Construído. São lUuk». 1993- 2 6 9

Page 303: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

dos objet ivos a serem at ingidos (número de obras, área cons t ru ída , fa turamento) , dos

c r i t é r ios de ef ic iência a se rem pe r segu idos e das mane i r a s c o n c r e t a s de avaliar ou

medir tais critérios: número de homens . hora por metro quadrado construído, consumo

real de materiais / c o n s u m o dc materiais previs tos nos p ro je tos , c ou t ros . Cardoso

menciona ainda que "num quadro de crise econômica não se deve pensar em mudanças

técnicas que exijam g r a n d e s inves t imen tos : nes te caso, a pol í t ica de m o d e r n i z a ç ã o

deve o b r i g a t o r i a m e n t e incluir ações que agirão s o b r e o can te i ro em si e sobre a

organização como um todo" .

Menc ionou-se an t e r io rmen te que os edif ícios ficaram mui to complexos , aumen tando

mu i to o n ú m e r o de p r o j e t o s de d i f e r e n t e s d isc ipl inas , d e s d e pa i sag i smo até redes

de i n f o r m á t i c a . Meseguer 5 5 l embra que as f a lhas mais i m p o r t a n t e s na c o n s t r u ç ã o

o c o r r e m p o r i n d e f i n i ç õ e s ou s o l u ç õ e s mal f o r m u l a d a s nas i n t e r f a c e s en t r e os

d i f e r e n t e s p r o j e t o s .

Incrcmentação da fase de pro je to e do nível de organização dos processos (Ccragioli),

gestão das interfaces desde a concepção até a execução da obra (Campagnac), mudanças

técnicas que não exijam grandes investimentos (Cardoso) e equacionamento das interfaces

entre os diferentes projetos (Mcscguer) são temas que requerem uma atividade especializa-

da na construção: a coordenação de projetos. Esta não deve ser confundida com o "controle

da qualidade" de um projeto, onde os analistas de projetos deverão aplicar conhecimentos

específicos de técnicas, modelos e aplicativos restritos ao tema em análise.

De forma parecida àquela comentada no item anterior para a cons t rução francesa, na

const rução brasileira verifica-se ainda grande número de problemas or iundos de falhas

na execução / deta lhamento de projetos, bem como na falta de harmonização entre os

diferentes projetos.

Page 304: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

E m pesquisa realizada por Fruet6% c o n s t a t o u - s e que na quase to ta l idade das vezes as

tratativas e n t r e c o n s t r u t o r a s e p r o j e t i s t a s são fe i tas de mane i r a i n f o r m a l , a t ravés de

v is i tas ou c o n t a t o s t e l e f ô n i c o s ; a p e n a s 11% das e m p r e s a s a d o t a v a m c o m u n i c a ç õ e s

p o r escr i to . Mais dc 9 0 % das e m p r e s a s e f e t u a v a m m o d i f i c a ç õ e s d u r a n t e a execução

da obra , sendo que 22% delas revelaram que as obras eram iniciadas antes da conclusão

d o s p r o j e t o s e x e c u t i v o s . O s p r o b l e m a s m a i s c o m u n s i d e n t i f i c a d o s nessa pesquisa ,

re la t ivos aos p r o j e t o s , sào ind icados na Tabela 50 a seguir :

Tabela 50: Falhas típicas de projetos apontados por empresas construtoras (Fruet65)

Tipo de problema Percentual

Incompatibilidades entre diferentes projetos 53

Erros ou diferenças de cotas, níveis, alturas 53

Especificação falha de materiais e componentes 26

Falta dc especificação dc materiais e componentes 47

Detalhamento inadequado dos projetos 47

Falta de detalhamento dos projetos 48

Outras falhas apontadas: atrasos na entrega dc projetos, inadequação dc memoriais descritivos, soluções técnicas inadequadas, falia

de interesse de projetistas em conhecer elementos da obra, revisões feitas |x>r técnicos não habilitados

A a tuação d o c o o r d e n a d o r dc p r o j e t o s deve e s t e n d e r - s e d u r a n t e t o d o o p e r í o d o de

e x e c u ç ã o da obra . M e l h a d o ' l embra que na e tapa de execução , e m b o r a indesejáveis ,

p o d e m ocor re r al terações nas especif icações , c ronogramas , m é t o d o s cons t ru t ivos e até

m e s m o no p ro je to , envo lvendo p o r t a n t o a part ic ipação de toda a equipe dc projeto .

D c a c o r d o c o m M e l h a d o , " o t r a b a l h o de c o o r d e n a ç ã o na e l a b o r a ç ã o d c p r o j e t o s

cons t i tu i - se em tarefa complexa e de cuja eficiência depende rá a qual idade d o p r o j e t o

r e s u l t a n t e , j u s t i f i c a n d o - s e p o r t a n t o a a d o ç ã o de p r o c e d i m e n t o s m e t o d o l o g i c a m e n t e

Page 305: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

estabelecidos , que visem or ientar s imultânea e c o n j u n t a m e n t e os vários prof iss ionais

c estabelecer adequado fluxo de in fo rmações entre eles, além de conduzi r as decisões

a serem tomadas no desenvolv imento do p ro je to" . A coordenação p ressupõe o f luxo

de i n f o r m a ç õ e s , a u n i f o r m i z a ç ã o da l inguagem c dos ob je t ivos dos proje t i s tas , sua

p r o f u n d a interação com a p rodução e a devida cons ideração de todos os parâmet ros

que nor te iam a implantação de um empreend imento , situação ilustrada na Figura 104

segu in te .

4 0 Figura 104: Coordenação dc projetos: desenvolvimento simultâneo dos projetos, interação entre os projetistas e interação com a produção (adaptado de Melhado75).

Os projetos, e a cons t rução consequentemente , const i tuem uma rede, onde o estímulo

aplicado a um ponto pode redundar na oscilação dc todo o conjunto; assim sendo, uma

alteração procedida num particular p ro je to pode repercutir cm inadequações cm ou t ro

projeto: a coordenação de projetos deve ter acuidade suficiente para detectar tais situações,

e recorrer aos conhecimentos necessários para equacioná-las da melhor forma possível.

A coordenação dc pro je tos deve considerar os fatores espaço e tempo: deve prever as

possíveis interferências entre as atividades ao longo do desenvolvimento da obra (espa-

ços dc manobras de equ ipamentos , t empos requer idos para cura e endurec imen to de

concre tos e argamassas, sobrepos ição dc subemprei te i ros numa mesma área de traba-

lho). Deve interagir for temente com os setores dc planejamento c orçamento e, mais do

272 que tudo, com os coordenadores de obras e gerentes de produção.

Page 306: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Com base em considerações estabelecidas pela ASCE19*, por Franco196 e por Novaes19 ,

os principais objetivos da coordenação de projetos são:

a) definir , de fo rma clara para os d i fe ren tes atores, todos os requisi tos e parâmetros

que nor t ea rão o desenvo lv imen to dos vários p ro je tos (programa dc necessidades,

pad rões de acabamen to , l imitação de cus tos , p razo de cons t rução , tecnologias de

cons t rução) ;

b) definir, de forma clara, o conteúdo esperado de cada projeto (nível de detalhamentos,

memórias de cálculo, quantif icação de materiais e insumos) e as atividades previstas

para os diferentes projetistas (reuniões de coordenação, visitas ao ter reno e à obra ,

revisões de projeto / "as built" e outros);

c) definir a padronização da forma dc apresentação das informações , inclusive a padro-

nização das representações gráficas;

d) definir softwares e outras ferramentas de informática que facilitem a troca de informa-

ções técnicas entre os projetistas / análise simultânea de proje tos / alimentação de

dados a partir dos diferentes projetos;

e) prover aos diferentes projetistas todos os levantamentos necessários (planoaltimétrico,

cadastral, clima, sondagens); definir uma única referência de nível a ser adotada em

todos os projetos;

f) garantir a máxima agregação dc tecnologia c a máxima racionalização dos processos

c o n s t r u t i v o s ;

g) def inir , em con jun to com projet is tas e p rodução , as soluções para as interferências

entre os diferentes projetos, buscando sempre a melhor forma técnica e econômica;

ASCE - American Socicty of Civil Enginccrs. Quality in t hc Cons t ruc tcd Projcct: a Guidclinc for Owncrs , Designers and Consmic tors New Yortc, 1988.

''*• FRANCO. L. S; AGOPYAN. V. Implementação da Racionalização Construtiva na Fase d c Projeto. Escola Politécnica da Universidade Jc São Paulo. Boletim Técnico HT/PCOW. São Paulo. 1993.

"* NOVAES. C. C; FRANCO. I.. S Diretrizes para Garantia da Qualidade d o Proje to na Produção d c Ediíícios Habitacionais Escola Folitccnica ila Universidade de São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/IB9. São Paulo. 1997

Page 307: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

h) efetuar , em c o n j u n t o com os projet is tas , análise de riscos de engenharia (ação do

vento, inundações, incêndios ou outros eventos semelhantes na fase de construção);

i) garantir a troca de in formações e a perfei ta comunicação entre os diferentes atores

(empreendedor , projet istas, engenhei ros dc p rodução , fornecedores) ;

j) conduzir as decisões a serem tomadas no desenvolvimento do projeto;

k) def in i r c r o n o g r a m a / p razos para desenvo lv imen to dos p r o j e t o s pelos d i fe rentes

projetistas (atraso num projeto, compromete o desenvolvimento dos demais projetos);

I) convocar reuniões com os projetistas para análise / liberação de fases dos projetos;

m) garantir a integração entre o projeto e a obra, incentivando a inserção nos projetos de

sugestões c definições da engenharia de produção;

n) ativar a contr ibuição dos setores de planejamento, orçamento, compras , custos;

o) garantir a coerência entre o p roduto proje tado c a forma de produção, considerando

as tecnologias que serão adotadas c a "cultura construtiva" da empresa construtora;

p) garantir, em conjunto com a produção, integração entre as diferentes etapas da obra;

q) controlar a qualidade em todas as etapas de desenvolvimento dos projetos, tendo em

vista os requisitos e condicionantcs previamente definidos;

r) encarregar-se pelo controle dc recebimento / aceitação dos projetos contratados;

s) observar a constante atualização dos projetos executivos distribuídos para a obra;

t) coordenar o acompanhamento das obras pelos projetistas, desenvolver cm conjuntos

com os mesmos avaliações do p ro je to e da construt ibi l idade; coordenar revisões nos

projetos e respectivos registros ("as built");

u) criar uma sistemática dc avaliação c retroalimentação dos problemas ocorridos duran-

te o desenvolvimento dos projetos; registrar todos os eventos importantes, dc forma a

274 constituir uma memória técnica que auxiliará fu turos processos semelhantes.

Page 308: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Com base em levantamentos efetuados junto a seis escritórios de projetos de arquitetura,

B a í a m relaciona algumas das dificuldades inerentes à atividade de coordenação de projetos:

• no início do projeto, em função da característica do empreendimento, a empresa

construtora pode ainda não estar contratada, ou seja, fica difícil agregar-se con-

tribuições de engenheiros da p rodução ;

• a contratação dos projetistas de estruturas, fundações e sistemas prediais ocorre

normalmen te somente na fase de p ro je to pré-executivo; também fica difícil a

contr ibuição desses profissionais na fase dc concepção da obra;

• falta de participação ativa da construtora ou de profissionais com visão da pro-

dução nas etapas iniciais de desenvolvimento dos projetos;

• ocor rênc ia de modi f i cações nos p ro j e to s acar re tadas por exigências das

municipalidades ou concessionárias dc serviços públicos, interferências entre os

p ro je tos , condic ionantes econômicas , ou mesmo por "mudanças de idéia" d o

proprietário da obra.

O coordenador de pro je tos deve cuidar para que seja atendida a " f i losof ia" do prédio

ou do e m p r e e n d i m e n t o . Tem que saber o que cada p ro je t i s t a está f azendo , q u a n t o

t e m p o levará para fazer , em que aspectos cada um d e p e n d e do out ro . Necessár io o

perfeito conhecimento do local da obra; das restrições do loteamento; das características

d o t e r r e n o , d o solo , d o s mater ia i s d i spon íve i s no c o m é r c i o , da fo rça de t r aba lho

local; da d i spon ib i l i dade de locação de e q u i p a m e n t o s para c o n s t r u ç ã o . Necessá r io

t ambém estar a par das exigências da Municipal idade, do C o r p o de Bombeiros local,

das concess ionár ias de serviços púb l icos ; da necess idade dc p r o t e ç ã o a mananciais ;

da proximidade de escolas, indústr ias e aeropor tos ; das condições climáticas do local

da obra (UR, d i reção e ve loc idade do ven to , p luv ios idade , o c o r r ê n c i a s de granizo ,

BAÍA.J. I.; MEDIADO. S. B Implantação d c um Sistema d c GcstJo da Qualidade em Empresas dc Arquitetura. Escola Politécnica IÜ USP. Boletim Técnico BT/PCC/221. São Paulo. 1998.

Page 309: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

to rmentas ) , dc picos de tempera turas mui to baixas ou mui to altas; das condições dc

agress iv idade do meio.

O inteiro domín io das condições dc execução da obra , fa tores de te rminan tes para o

cor re to desenvolvimento dos proje tos , recomenda ainda a obtenção de conhecimentos

sob re os c o s t u m e s locais ( fer iados , fes tas popu la res ) ; cond ições de implantação d o

cante i ro ; acessos à obra e t râns i to local (largura e ca lçamento das ruas, travessia de

escolares , poss ib i l idades dc c o n g e s t i o n a m e n t o d o t rá fego) ; nível d o lençol f reá t ico ,

cond ições de d renagem das águas de chuva do local e poss ib i l idade de inundações ;

exigências legais (CONDEPHAAT, conselhos estaduais de defesa do patrimônio, IBAMA,

S P H A M , C E T E S B , Minis tér ios da Marinha e Aeronáut ica) ; d i spon ib i l idade de água

potável , cond ições de f o r n e c i m e n t o dc energia no local da obra (picos de demanda ,

quedas ou in t e r rupções no fo rnec imen to ) . Levan tamentos cadastrais deverão indicar

com exatidão tipo de fundações das edificações vizinhas; presença de cortinas, gigantes

ou t i r an t e s nas e d i f i c a ç õ e s v i z inhas ; p r e s e n ç a de fo s sa s e p o ç o s ; de a t e r r o s

a n t e r i o r m e n t e lançados .

O c o o r d e n a d o r de p r o j e t o s deve reunir c o n h e c i m e n t o s e exper iência suf ic iente no

t ipo de e m p r e e n d i m e n t o que será e x e c u t a d o , c o n t a n d o c o m toda a con f i ança d o

e m p r e e n d e d o r ou da empresa c o n s t r u t o r a ; s e m p r e que poss íve l , deverá par t i c ipar

d i re tamente da escolha dos projet is tas ou empresas que deverão c o m p o r a equipe de

p r o j e t o . O c o o r d e n a d o r de p r o j e t o s p o d e r á ser o p r ó p r i o a u t o r do p r o j e t o de

a r q u i t e t u r a , um p r o f i s s i o n a l e x p e r i e n t e da e m p r e s a c o n s t r u t o r a ou um c o n s u l t o r

e spec ia lmen te c o n t r a t a d o .

Considerando análises efetuadas por Baía198, pode-se indicar na Tabela 51 seguinte algu-

mas vantagens e desvantagens das diferentes possibilidades da contratação do coordcna-

Page 310: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

dor de projetos; esta tabela reúne obviamente características observadas no geral, extre-

mamente dependentes do perfil humano, tia formação técnica e da experiência do pro-

fissional que vier a ser cogitado.

Tabela 51: Características das diferentes modalidades de coordenação de projetos

Coordenador de projetos Vantagens Desvantagens

Arquiteto ou escritório

de arquitetura

• visão sistêmica do projeto

• facilidade de detectar interferências

• imparcialidade entre técnica e custos

• não conhece bem a "cultura"

da construtora

• |x>uca familiaridade com produção

• formação tecnológica insuficiente

Profissional ligado

à construtora

• conhece a "cultura" da construtora

• maior experiência na produção

• melhor ligação entre projeto e obra

• influenciável por "vícios" da construtora

• tendência de favorecer custos

• pouco domínio das técnicas de projeto

Consultor ex|)eriente

(projeto e obra)

• visão multidisciplinar

• maior conhecimento tecnológico

• imparcialidade entre técnica e custos

• não conhece bem a "cultura" da constmtora

• eventuais barreiras junto a projetistas

e engenheiros da produção

• honorários relativamente elevacos

N o atual estágio dc desenvolvimento da construção, não se pode mais dispensar o auxí-

lio dos computadores no planejamento, proje to , gerenciamento c acompanhamento das

obras. Assim sendo, um número imenso de softwares vem sendo desenvolvido para cada

uma dessas diferentes atividades, convergindo sempre para o mesmo ponto: melhoria da

qualidade e aumento da produtividade na ação dc construir .

Os programas dc computador estão evoluindo para os chamados "sistemas neurais", onde

cada decisão ou operação ("input") passa pelo crivo de informações armazenadas ("outputs"

ge rados pela experiência do proje t is ta , dados da normal ização técnica, exemplos

Page 311: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

armazenados a partir de processamentos anteriores). G a a r s l e v m elucida que esta memória

técnica pode ser constituída por imagens, modelos matemáticos ou dados numéricos. Por

exemplo, no campo do cálculo estrutural, uma viga projetada com taxa de armadura de 3%

poderia ser au tomat icamente comparada com outra , dc p ro je to similar, projetada

anteriormente com taxa de 4%. A partir da comparação, o projetista poderia detectar com

maior facilidade eventual falha num ou nou t ro pro je to , o r d e n a n d o as modif icações

necessárias. Após a modificação, o "cérebro artificial" reprocessaria todas as informações,

buscando novos paradigmas no banco de dados. Dessa forma, a importância do projetista

fica ainda maior: um "cérebro" alimentado com informações falsas ou dados incorretos

poderia ratificar uma série enorme de erros, tornando-se um péssimo conselheira

Pohl2"0 exemplifica o desenvolvimento de um sistema inteligente denominado 1CADS

(Intelligent Building Design System), baseado segundo ele nos seguintes princípios:

a) qualquer processo projetual deve reunir o conhec imento de diversas especialidades,

disponíveis para os projetistas em ambiente CAD;

b) o sistema inteligente deverá ter possibilidade de acesso "on-l ine" a bases dc dados,

bases de conhec imentos tecnológicos, bases de conhec imentos experimentais sobre

o processo dc construção e ferramenta! inteligente de projetos, conjunto dc recursos

capaz de validar as decisões de projeto;

c) a so lução evoluída do p ro j e to deve consubs tanc ia r - se num c o n j u n t o de o b j e t o s

harmonicamente relacionados, em termos de características geométricas c não geo-

métricas;

d) o projetista exerce o importante papel de um orquestrador, maximizando a utilização

dos recursos disponíveis a partir das bases dc dados c bases dc conhecimentos.

< iAAKRSLEV.A. Ncural Networks -Tcchn iqucTcs t ed on Classlcal Bldding Stratcgy Data Sct. In '.Management Quality and Economics in Building' .pp 11X9 - 1-Í97. Editcd bv Artur Be/elga and IVicr Brandon. E «c FN Spor.Londun. 1991.

1'OIIL.J C.. ICADS - an Intellegent Building Design System In "Management Quality and Economics in Building*. p p IS>6 - IS.VT. Editcd byArtur 2 7 8 Bezclga and Petcr Brandon. Ii X FN Spor. London. 1991.

Page 312: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A arquitetura do sistema idealizado por Pohl encontra-se esquematicamente representa-

da na Figura 105 a seguir.

| Figura 105

Conceito do ICADS - "Intelligent Building Design System" (Pohl).

Karstila201 pondera que o desenvolvimento de sistemas inteligentes (ou redes neurais) no

campo da const rução pode resolver diversos tipos de problema, como por exemplo:

— a t end imen to às prescr ições da normal ização técnica, códigos de obras, leis e

regulamentos ;

— produção de anteproje tos e desenhos preliminares;

— seleção de soluções técnicas;

— diagnóstico de falhas nos projetos.

Karst i la a f i rma ainda que os s i s temas in te l igentes d e v e r ã o ser compat íve i s com os

s is temas CAI) , poss ib i l i t ando me lho r g e r e n c i a m e n t o c resolução dos p rob lemas cm

re l ação aos p r o g r a m a s C A D c o n v e n c i o n a i s . A p o n t a t a m b é m que os s i s t emas

inte l igentes facil i tarão o desenvo lv imen to de p r o d u t o s , o t r e inamen to de proje t is tas

nova tos , a análise de r iscos, a seleção de p rocessos e dc e q u i p a m e n t o s , as análises

J " KARSTII.A cl alli Expert Systems in Design, Construct ion and l lousing Administration In 'Managcmcni Quality and FOHIIWUÍCN in Building', p p 1498 - 1507. Ediicd bv Artur Bczclga and 1'ctcr Hrandon. li & FN Spor. London. 1991. 2 7 9

Page 313: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

dc c o n s t r u t i b i l i d a d e , a e l a b o r a ç ã o dc c r o n o g r a m a s c o a c o m p a n h a m e n t o f í s i co -

f i nance i ro das ob ra s .

O maior benefício que os sistemas inteligentes ou as redes neurais trarão à construção

será sem dúvida a compatibil ização entre os diferentes projetos. N u m fu turo próximo,

a a l i m e n t a ç ã o de uma m á q u i n a c o m os d i f e r e n t e s p r o j e t o s , e l a b o r a d o s na m e s m a

linguagem por d i fe rentes projet is tas , em di ferentes locais, possibil i tará a visualização

quase que imediata das incompatibi l idades c interferências entre os dis t intos projetos:

ausênc ia de janela para a passagem de uma d e t e r m i n a d a tubu lação , p e r f u r a ç ã o da

impermeabi l ização para fixação de uma haste de pára-raios, incompat ibi l idades ent re

as d e f o r m a ç õ e s da e s t ru tu ra e as d e f o r m a ç õ e s admi t idas p o r alvenarias de vedação

etc . N e s s e dia , cm p o u c a s r e u n i õ e s e n t r e os p ro j e t i s t a s , c o n s t r u t o r e s c even tua i s

consu l to res t odos os p rob lemas do p ro j e to pode rão ser so luc ionados , poss ibi l i tando

ainda a cada a to r o maior c o n h e c i m e n t o global da c o n s t r u ç ã o . O h o m e m todavia ,

c o m o o r q u e s t r a d o r do apa ra to tecnológico , jamais será subs t i tu ído .

O s s is temas intel igentes sempre d e p e n d e r ã o da análise crítica do p ro je to , da análise

da c o n s t r u t i b i l i d a d e , da r ea l imen tação a pa r t i r de ve r i f i cações d u r a n t e a execução

da obra , dos cus tos e p razos rea lmente incor r idos , da necess idade de modi f icações

d u r a n t e o t r a n s c u r s o da o b r a , d o s c o m e n t á r i o s c i n t e g r a ç ã o de n o v o s i tens n o s

" c h e c k - l i s t s " d o s i s t ema in t e l i gen te . E n q u a n t o esses s i s t emas não se e n c o n t r a m

to ta lmente desenvolv idos , res ta-nos recor rer a listas de ver if icação, à experiência e

à a c u i d a d e d o s c o o r d e n a d o r e s de p r o j e t o ; o c r u z a m e n t o s i s t e m a t i z a d o das

c a r a c t e r í s t i c a s d o s d i f e r e n t e s p r o j e t o s é um r e c u r s o va l i o so , e x e m p l i f i c f . n d o - s c

poss íve is i n t e r f e rênc ia s na Tabela 52 a seguir.

Page 314: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 52: Exemplos de interferências entre projetos ou elementos de uma obra

£ 60 fZ c o CL <v to

£ Cont

ençõ

es

Fund

açõe

s

< ü 2 3 5 tri LU A

lven

aria

s

Reve

stim

ento

s

O JZ

X

U Inst

. El

étri

cas

Inst

. H

idrá

ul.

vts

O ts

Inst

. In

cênd

io

Águ

as p

luvi

ais

Piso

s

15 <z 0J £

1" Forr

os

Cobe

rtur

as

Terraplenagem 1 2 , 3

4, 5

6 6 7 7 7 7 7 8

Contenções 9 10

11

12 13 14 15

Fundações 16

1 7

18

19 18 18 20 20 20 20

20

21 22 23

Estrutura de

concreto

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

32

33

32

33

32

33

32

34

35

36

37

38

39 40

Alvenarias 41

42

43

44

45

46

47 47

48

47 47 47 49

50

51 52 53

54

Revestimentos 55

56

57

58

59 60

61

60 60 62 63 64

Caixilhos 65 66 67 68 69 70

Instalações

elétricas

71 72

73

72 72 72

73

74 75 76

77

78

Instalações

hidráulicas

79

80

72 72 72

81

74 82

83

84 85

86

Instalações

de gás

79 72 72 74 82 87 87

Instalações

de incêndio

79 72 82

83

Águas pluviais 79 82

88

89

Pisos 90

91

92 93

94

95

Impermeabiliz. 96

97

Forros 98 99

Coberturas 100

Page 315: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

1. empuxo / solicitação dinâmica do rolo compactador sobre as contenções

2. consolidação de aterros, gerando atrito negativo em estacas, tubulões etc

3. sobrecarga, eventuais impactos dos equ ipamentos de terraplenagem nos e lementos

das fundações

4. instabilidade de taludes, gerando solicitações horizontais em elementos das fundações

5. interferências com fossas, poços ou obstáculos presentes no terreno

6. vibrações transmitidas â estrutura e alvenarias por rolo compactador

7. consolidação dc aterros, p rovocando ruptura dc tubos ou cletrodutos enterrados

8. consolidação de a terros provocando fissuras e / o u destacamentos de pisos externos

em relação ao co rpo da edificação

9. interferências com contenções vizinhas

10. danos introduzidos nas contenções pelas vibrações resultantes da cravação de estacas

11. interferências geométricas entre contenções e sapatas ou blocos de divisa

12. interferências geométricas entre contenções e pilares de divisa

13. infiltrações dc água através das contenções provocando danos em revestimentos de

paredes dc subsolos

14. en tup imento de ralos, vazamentos nas tubulações, acúmulo de água c sobrepressão

nas con tenções

15. detalhes / fo rma de execução de camada dc impermeabi l ização externa às paredes

dc con tenção (subsolos)

16. interferências com fundações vizinhas

17. recalques diferenciados entre diferentes sistemas de fundação numa mesma obra

18. previsão dc recalques para d imensionamento da superestrutura cm concreto armado,

e para adoção de detalhes visando prevenir fissuração de alvenarias / deformação de

caixilhos

19. atuação de momen tos f letores nas fundações decorrentes da ação do vento sobre a

superestrutura , excentricidade dc pilares etc

Page 316: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

20. coras / janelas cm vigas dc fundação para saída dc tubulações enterradas para fora

do corpo do edifício

21. infiltração de águas pluviais no solo, p rovocando recalques das fundações

22. recalques de fundação, p rovocando fissuras cm pisos internos c externos

23. recalques diferenciados entre corpo do edifício e anexos, causando ruptura ou outros

danos da camada de impermeabilização no encont ro com o corpo do edifício

24. escoramento residual de andares superiores

25. limitação dc embaciamcntos dc lajes, para prevenir enchimentos excessivos c sobre-

carga da estrutura

26. detalhes das ligações das alvenarias com pilares, vigas e lajes

27. l imitação da deformabi l idade de vigas e lajes, v isando prevenir f issuras e destaca-

mentos das alvenarias

28. l imitação da deformabi l idade de lajes e vigas, pr incipalmente de balanços, visando

prevenir compressão, des tacamentos e fissuras em revest imentos de paredes

29. preparação da superfície do concreto para garantir boa aderência com revestimentos

30. compatibilidade entre vãos livres da estrutura c dimensões dos caixilhos (alturas das

portas etc)

31. l imitação da deformabi l idade de lajes e vigas, pr incipalmente de balanços, visando

prevenir compressão da caixilharia; eventual adoção de detalhes especiais (caixilhos

tclescópicos, ligações deformáveis) para ligação dos caixilhos à estrutura

32. janelas em vigas e lajes para passagem de tubulações, construção de shafts

33. fixações elásticas de prumadas, para prevenir danos às instalações pela deformabilidade

da estrutura

34. adoção de detalhes (buzinotes etc) para evitar lançamento / presença de água nas

peças estruturais; localização de ralos e grelhas longe do pé de pilares e paredes;

35. limitação da deformabil idade de lajes para prevenir fissuras e destacamentos de pisos

rígidos; juntas de dessolidarização no encontro dos pisos com elementos estruturais

Page 317: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

36. rebaixos / caimentos de pisos molháveis

37. embut imen to da impermeabil ização no pé de pilares e paredes

38. rebaixos em terraços para embut imen to da impermeabil ização

39. detalhes de fixação de forro suspenso sob lajes

40. arranques em laje de cober tura para ancoragem de pilarctcs e platibandas

41. modulação, detalhes de amarração entre paredes

42. juntas dc controle em paredes mui to longas, mudanças de direção ou de espessura

da parede

43. apare lhamento das alvenarias para reduzir consumo de emboço

44. preparação da base para otimizar aderência do revest imento

45. detalhes da ligação / re jun tamento entre caixilhos e paredes; emprego de vergas e

contravergas

46. especificação de peitoris para evitar acúmulo de água nas paredes

47. espaço necessário e forma de embutimento de tubos, eletrodutos e caixas nas paredes

48. espaço necessários para embut imento e eficiência da isolação térmica em tubulações

de água quen te

49. juntas dc dessolidarização no encontro dos pisos com as paredes

50. caimentos dos pisos para evitar acúmulo de água nos encontros com paredes

51. embut imen to da impermeabil ização no pé das paredes

52. sistema dc apoio de forros suspensos nos encontros com paredes

53. isolação térmica dc lajes de cobertura, para prevenir fissuração das alvenarias; juntas

dc dilatação cm plat ibandas

54. detalhes que evitem o escorr imento de água pelas paredes de fachada

55. tipos de emboço e regularidade para aplicação de placas cerâmicas, pedras etc

56. requadramentos , reforço de quinas vivas para evitar esborcinamentos sob impactos

57. modulação / acabamento nos encontros dc caixilhos com placas cerâmicas, pedras etc

58. especificação de peitoris e pingadeiras para evitar escorr imento de água / manchas

no revest imento

Page 318: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

59. modulação / coplanaridade com caixas de luz, caixas de tomada etc

60. perfe i to con ta to entre emboço e tubos metálicos, para evitar cor rosão por aeraçào

d i ferenciada

61. coplanaridade entre o revestimento e registros, pontos de água ou esgoto nas paredes

62. adoção de detalhes (buzinotes etc) para evitar lançamento de água nos revestimentos

63. emprego de rodapés nos encont ros dos pisos com as paredes

64. tela metálica embut ida no revest imento, no encon t ro da impermeabil ização com a

p a r e d e

65. mesma cota da travessa superior dos marcos de portas e janelas

66. eventual embut imento de fiação nos marcos de portas

67. interferência dc vasos sanitários ou lavatórios com abertura de portas

68. evitar deságue de águas pluviais nas proximidades de portas

69. modulação / arremate do piso no encontro com porta balcão

70. transpasse da impermeabil ização sob soleiras de por tas balcão

71. bitola / raio de curvas / número dc fios e cabos para execução da enfiação

72. cruzamentos , sobreposições, proximidade de tubos e e le t rodutos

73. possibilidade de infil tração de água em eletrodutos

74. eventual embut imento de tubos e eletrodutos em contrapisos

75. eventuais vazamentos sobre cabinas de força, motores elétricos etc

76. proteção de fios e cabos em forros suspensos

77. fixação de luminárias em forros suspensos

78. bases para fixação de antenas e suportes de pára-raios em lajes de cobertura

79. possibilidade de cor rosão bi-metálica entre componen tes das instalações

80. bitolas / pontos de ligação da ventilação para perfeito funcionamento das instalações

de esgoto

81. eventual infiltração de água dc chuva em reservatórios de água potável

82. tubulações na base de paredes, in terfer indo com dobra da impermeabilização

Page 319: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

83. presença de tubulações ou equipamentos sobre laje* de cobertura, dificultando cxecu-

ção da impermeabi l ização

84. fixação de tubulações / eventuais vazamentos de esgoto sobre for ro suspenso

85. altura de reservatórios dc água dispostos cm áticos

86. saídas de tubos de ventilação / ladrão de caixa d'água através das coberturas

87. ventilação das instalações de gás em espaços conf inados

88. quantidade, pos ic ionamento e cota de ralos nos encont ros com impermeabilização

89. d imens ionamento / acoplamcnto dc calhas e condutores cm telhados e platibandas

90. soleiras, diferença de cota entre pisos molháveis e não molháveis

91. soleiras, diferenciação de cores entre pisos separados por pequenas diferenças de cota

92. adequação de caimentos dc contrapisos para o bom desempenho da impermeabilização

93. caimento / estanqueidade de pisos para prevenir ocorrência dc umidade no forro do

apar tamento inferior

94. altura mínima de lajes/contrapisos para prevenir danos no piso pela fixação de lumi-

nárias no forro do apartamento inferior

95. juntas de dilatação no piso / juntas de dessolidarização no encon t ro do piso com

platibanda executada sobre laje de cober tura

96. detalhes apropriados no encont ro da impermeabilização com vigas invertidas na laje

dc cober tura; embut imen to da impermeabil ização nos pés das platibandas; detalhes

apropriados nas regiões dc juntas de dilatação

97. pos ic ionamento / proteção das camadas de impermeabilização e isolação térmica

98. juntas de dilatação / juntas de dessolidarização nos forros rígidos (gesso etc)

99. detalhes de fixação / prevenção dc umidade no fo r ro cm função de infil tração dc

água pela cober tura

100. adequação da declividade do telhado / sobreposição das peças em função do tipo

de telha especificado, concordância entre águas, peças de arremate.

Page 320: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA CONSTRUÇÃO

A despeito de ser considerado mundialmente como um dos setores com menor agrega-

ção de tecnologia, a cons t rução vêm apresen tando ao longo dos últ imos dez ou vinte

anos marcante desenvolvimento, seja a nível dos materiais e processos, seja a nível da

au tomação ou dos equipamentos . Muitas das inovações só agora começam a atingir o

mercado brasileiro, verificando-se como regra geral que as construtoras brasileiras ainda

se utilizam muito pouco dos recursos tecnológicos mais modernos .

Mattei202 adverte, contudo, que muitas empresas brasileiras já sofreram na tentativa de

trazer para seu processo novas tecnologias de p rodu to . Isso aconteceu porque, depois

de adquiri-las, perceberam que não havia fornecedores aptos para a reposição de peças,

operários qualificados para as montagens , materiais nacionais complementares e calcu-

listas com experiência nas possíveis configurações estruturais.

A construção está entrando numa nova fase: na era dos "shafts" , dos pisos elevados, dos

conc re tos dc alto d e s e m p e n h o , da domót ica . Os plást icos de engenhar ia começam a

dominar alguns mercados. O s chineses constroem prédios com 500m de altura. Os japo-

neses projetam um com 1.000 metros. O mundo atinge 6 bilhões dc habitantes. Reservas

de água c energia , madeira , agregados naturais e out ras matér ias pr imas começam a

escassear em várias partes do planeta. A força de trabalho escrava já foi eliminada em

quase todas as partes do mundo. No seu lugar surgem máquinas que transformam ener-

gia cm força c trabalho.

MATTEI. J A Velocidade, uma das Tônicas d o Futuro Artigo publicado na Re viMa "Qualidade na Con>mH,-ão*n" l i . pp30-32. Sindicato d i IndúMria ila Construção Civil d o Estado de São Paulo. São Paulo. 19W.

Page 321: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Diversos materiais, processos e equipamentos têm sido desenvolvidos ao longo do tem-

po, v isando dotar o processo cons t ru t ivo de maior racionalidade, co laborando pata a

economia de insumos, para a redução do dispêndio de força física pelos trabalhadores,

para otimização da relação entre insumos consumidos e benefícios alcançados. N o pre-

sente capítulo sào expostas algumas tecnologias mais avançadas para a construção, algu-

mas delas chegando ao Brasil e outras que estarão chegando num futuro muito próximo.

5.1 Q Avanços tecnológicos nos materiais e processos de construção

5 . 1 . 1 . Aço e componentes metálicos

O emprego de produtos metálicos na construção passa por uma nova fase, principalmen-

te no que diz respeitos aos acessórios e acabamentos, onde a cada dia sào mais empre-

gados o bronze, o latão e até mesmo o ouro (acabamento de metais sanitários, decoração

de azulejos). O cobre, t radicionalmente empregado nos condu to res elétricos, tem seu

uso cada vez maior nas tubulações de água quente e mesmo água fria, na confecção de

calhas e condutores. Brevemente, os telhados cm cobre começarão ganhar maior projeção.

Com base em modernos processos de tratamentos térmicos e mecânicos (revenido, esta-

bilização, pa ten teamen to ) a resistência mecânica dos aços vêm sendo gradat ivamente

aumen tada , fabr icando-se ho je p r o d u t o s para conc re to p r o t e n d i d o com resistência à

tração da ordem de 2.000 MPa, com relaxações extremamente baixas. A indústria siderúr-

gica têm desenvolv ido aços com maior resistência à co r rosão (aços aclimáveis, aços

inox), aços soldáveis , telas c lc t rossoldadas e ou t ros c o m p o n e n t e s . Desenvolveu-se o

processo de solda por explosão, a fabricação de grandes perfis sem costura, de chapas

laminadas de reduzidíssima espessura e de ourros produtos indicados na Tabela 53.

Edifícios com estrutura metálica, tão comuns no Japão ou na América do Norte, comc-

Page 322: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

çam a ganhar força no país, verificando-se hoje a cons t rução de grandes edifícios comer-

ciais par t icu la rmente em São Paulo e Belo Hor izonte . O em prego das es t ruturas mistas

a ç o / c o n c r e t o começa a ganhar impor tância pr inc ipa lmente no caso de lajes de g randes

dimensões, situação cm que as chapas de aço podem atuar s imultaneamente como fô rma ,

a rmadura e acabamento d o te to (Figura 106).

Tabela 53: Avanços na tecnologia dos aços (perfis, chapas e vergalhões)

NOVOS MATERIAIS NOVOS PRODUTOS ou PROCESSOS

aços aclimáveis

aços inoxidáveis

aços soldaveis

perfis sem costura

tulíos de aço sem costura

cabos, apoios e ancoragens para pontes estaiadas

armaduras galvanizadas

armaduras protegidas com epoxy (deposição

eletrostática de resina em pó), adequadas para

ambiente marinho (ataque de cloretos) e para

estruturas submetidas à ação de sais de degelo.

O tratamento ainda é caro, requerendo maiores

estudos relativamente à ação do togo. Implica

ainda em maior comprimento nas emendas por

transpasse e nas ancoragens

• solda ã explosão

• telas eletrossoldadas para concreto armado

• treliças eletrossoldadas para concreto armado

• emendas com luvas

• vigas treliçadas em aço, pré-fabricadas, para cobertura

de edifícios

• reservatórios para água em aço inox

• gradis eletroíundidos

• pisos elevados

• forros e painéis em aço inox escovado ou

aço comum com pintura eletrostática

• telhas térmicas em aço, compostas com

poliestireno expandido na face inferior.

• coberturas com lâminas de aço em bobinas

(sistema "roll-on", conforme Figura 107)

• painéis sanduíche de aço galvanizado, faces pntadas

com fluorcarbono, miolo cm espuma de isocianureto

(plástico termoacústico e incombustível),

conforme Figura 107

Page 323: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Q Figura 1 0 6

Estrutura mista ÜÇO / concreto: chapas com função dc fôrma, armadura e acabamento; instalações embutidas nos vazios das chapas dobradas (Fonte: Centria - EUA).

N o campo do alumínio têm sido desenvolvidas diversas ligas (alumínio-magnésio-silício

ou a lumínio-cobre-magnésio-s i l íc io) , cons t i tu indo o c h a m a d o dura lumínio , material

com maior resistência mecânica c maior resistência â corrosão atmosférica pela colaminação

de alumínio puro na superfície das peças.

As esquadrias e fachadas-cor t ina es t ru turadas com perf is de alumínio são largamente

290 utilizadas, tendo-se ot imizado os processos dc proteção anódica ou pintura clctrostática

| Figura 107

Painéis sanduíche: faces pintadas com fluorcarljono, miolo em espuma de isDcianureto. Bobinas de chapas galvanizadas de aço para cobertura (sistema "roll-on").

Page 324: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

a pó. Existem hoje no mercado várias opções de painéis de alumínio com anodizaçâo ou

pintura eletrostática para composição de fachadas ou telhados. Uma das últimas novidades

neste setor, começando a ganhar impulso no país, são as folhas ou painéis de alumínio

composto , folhas duplas coladas com resina dc polietileno ("Alucobond", "Reynobond"

etc), destinadas ao revest imento das fachadas de edifícios.

5.1.2. Estruturas de concreto

E m cerca dc dez anos, o avanço na tecnologia do

concreto superou tudo que se havia conseguido nos

quase cem anos desde o a d v e n t o do material . O

desenvolv imento da sílica ativa, das adições e dos

aditivos colocam-nos def ron te a um novo material.

Pesquisas mais avançadas t ra tam de a rmadura s e

re forços c o m fibras sintéticas, par t icu la rmente as

fibras de carbono c as fibras acrílicas. Na Alemanha

es tuda-se a tua lmen te a adoção de cabos de

p ro tensão em fibra de vidro ("Polystal", da Bayer,

com E =50 .000 MPa e resistência à tração na casa

de 1670 MPa), an tevendo-se a possibil idade dc se [ Figura 108

i n t r o d u z i r n a s b a r r a s s e n s o r e s d c fibras ó t i c a s , Edifício Plaza Centenário - São Paulo; fachadas totalmente revestidas com painéis

c r i a n d o - s e t irantes " i n t e l i g e n t e s " . d ? ; 1 ' u m í n i ° com,>osto (Fonte: Revis;a Téchne *> n° 22 - maio/junho 1996)

O s processos de bombeamento vêm sendo aprimorados. Elevar-se o concreto a 150 ou

200m de altura através dc mangotes já se tornou realidade. Surgiram os concretos bom-

beados , os painéis ex t rudados e tantas out ras inovações resumidas na Tabela 54. N o

campo das estruturas convencionais, houve considerável avanço nos sistemas de fôrmas

industr ial izadas, com o desenvo lv imen to dc apoios tc lcscópicos , e scoramentos leves

Page 325: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

cons t i tu ídos por vigas e apo ios dc a lumínio , vigas mistas de aço e madeira , caixões

perdidos em poliest ireno expandido, caixões recuperáveis em pol ipropi leno e outros.

Tabela 54: Avanços na tecnologia das estruturas de concreto

NOVOS MATERIAIS NOVOS PRODUTOS ou PROCESSOS

cimcntos ARI, cimentos resistentes a sul fatos,

cimentos para alvenaria, cimentos aluminosos /

refratários, cimentos para injeção

aditivos plastificantes

aditivos super ou hiper fluidificantes

aditivos inibidores de corrosão

aditivos reguladores de pega

adições minerais

sílica ativa

adesivos e|>óxy ou à base de |X>liéster

concreto auto-adensável

grautes auto-adensáveis, não retrateis

concreto reforçado com fibras metálicas

concreto reforçado com fibras de

polipropileno, fibras de carbono, fibras acrílicas

concreto reforçado com fibras de vidro

resistente aos álcalis do cimento

painéis pré-fabricados concretados junto com

revestimento (granito, cerâmica, etc)

painéis alveolares extrudados para lajes ou paredes

pré-lajes / lajes pré-fabricadas protendidas

sistemas não aderentes de protensão (pós-tensão)

realizada no local

apoios deslizantes, aparelhos de apoio de

neoprene fretado

apoios anti-vibratórios (em plástico)

• escoramentos metálicos

• cimbramentos com vigas mistas de aço e madeira

• fôrmas metálicas/fôrmas para paredes monolíticas

• fôrmas leves em alumínio e madeira compensada

resinada, apoios telescópicos;

• fôrmas de PVC expandido, fôrmas leves

em poliestireno exlrudado

• fôrmas voadoras, fôrmas deslizantes

• caixões perdidos de |X>liestireno expandido

• caixões recuperáveis dc polipropileno

• concreto bombeado

• concreto projetado

• concreto rolado (compactado com rolo)

• distanciadores / lensores / espaçadores ajustáveis de

plástico (bitolas e cobrimentos)

• desmoldantes / películas de cura

• painéis pré-fabricados para paredes

Page 326: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

È

O Figura 1 0 9

Fôrmas para estruturas cie concreto: chassi cie alumínio e apoios telescópicos. Caixões recuperáveis em PVC (Fontes: Topec e Atex, respetivamente).

Lvm relação aos processos construt ivos, foram desenvolvidos nos últimos anos sistemas

de moldagem e içamento de painéis em local contíguo ao da parede (processo "tilt up"),

pré-fabricação leve e sistemas de construção em paredes monolíticas, concretadas simul-

taneamente com as lajes ("Precise", "Out inord" , conforme Figura 110).

1 • Painel horizontal 2 - Painel vertical 3 • Escora de luva 4 - Perna de estabilidade 5 - Rolete de deslocamento

6 • Macaco de regulagem 7 - Painel de fundo 8 • Focho do laje o focho do muro 9 - Molde do arranque 10- Negativos

0 Figura 1 1 0

Fôrma para concretagem simultânea de paredes e lajes (sistema túnel - Fonte: Construtora Sergus).

Page 327: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A pré- fabr icação vem g a n h a n d o g rande impulso com a gradativa util ização de gruas

em nossas obras e com a p rodução de peças em concre to protendido, part icularmente

painéis alveolarcs para lajes (Figura 111). Painéis p ré - fabr icados em concre to a r m a d o

ou p ro t end ido tem sido util izados no f echamen tos dc es t ru turas dc aço ou concreto,

já se i n c o r p o r a n d o mui tas vezes aos painéis os p r ó p r i o s mater ia i s de a c a b a m e n t o

(pedras o r n a m e n t a i s , c e râmica , g ran i l i t e , " F u l g e t " ) . C o m o a p r i m o r a m e n t o d o s

p igmentos inorgânicos, começa a ganhar intensidade a p rodução de concre to colorido

na p rópr ia massa.

0 Figura 1 1 1

Içamento de painel pré-fabricado para paredes e painel extrudado de concreto para pisos (Fontes: International Iron and Steel Inst. e Premo).

E m relação às lajes m o l d a d a s n o local , p r i n c i p a l m e n t e e m f u n ç ã o da c o n t i n u a d a a d o ç ã o

das estruturas pilar-laje, tem-se observado o desenvolvimento dos sistemas dc protensão,

recorrendo-se a cordoalhas engraxadas no interior de dutos de PVC (Figura 112).

A execução dc lajes tem passado por diversos processos dc modernização, incluindo-se

aí as lajes niveladas comumcnte denominadas "lajes zero" . Nes te processo emprega-se

Page 328: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Cordoalha engraxada e plastificada

Suporto para apoio rx>-

soto

Ancoragem

Fôrma plástica para ancoragem intermediária

Ancoragem intermediária

Macaco hidráulico

Corte da ancoragem fundida Postiças

Fôrma plástica

Cunhas Nicho

4 cm x 90» 5 ou 6.5 cm x 90» ca a

4 cm X 45° 5 ou 6.5 cm x 30®

0 Figura 1 1 2

Pós-tensão de laje com sistema não aderente (Fonte: Siderúrgica Belgo-Mineira)

concreto com fluidez relativamente acentuada (slump da ordem de 12 a 15cm), rccorren-

do-sc normalmente a réguas vibratórias c a acabadoras motorizadas ("helicóptero") para

regularização c alisamento da superfície das lajes.

0 Figura 1 1 3

Desempenadeira de cabo longo e acabadora giratória para lajes de concreto (Fontes: Construtora BKO e Construtora Sinco). 2 9 5

Page 329: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m o o g rande desenvo lv imento d o s adit ivos superf lu id i f icantcs , existem no mercado

g r a u t e s e m i c r o c o n c r e t o s au to - adensáve i s , n ã o re t ra te i s ( c o m b i n a ç ã o c o m adi t ivos

expansores ) , p r e p a r a d o s nas obras com relação água-c imento ge ra lmen te da ordem de

0,35. Esses materiais, e m p r e g a d o s cm bases, c h u m b a m e n t o s c obras de reparo , m e s m o

com a baixa relação a / c apresentam-se mui to f luídos (Figura 114).

| Figura 1 1 4

Graule industrializado não retrátil (Fonte: Fosroc / Reax).

5 . 1 . 3 . Fundações e estruturas de contenção

Muitos s is temas de f u n d a ç ã o têm sido desenvolv idos nos ú l t imos t empos , p o d e n d o - s e

ci tar as es tacas escavadas ( "es t ações" , es tacas ba r re t e , es tacas hélice, hélice con t ínua ,

O m c g a ) , estacas prensadas , estacas raiz ctc. For te tendência c verif icada na con jugação

dc fundações superficiais com fundações p r o f u n d a s , com aprove i tamento simultâneo da

pressão de con ta to c do atr i to lateral do solo a tuando nos fus tes dos e lementos , o que

deu or igem aos radiers sobre estacas, às estacas " T " e à "es tapata" (Figura 115).

Grande avanço vem sendo verificado no processo de monitoramento da cravação de estacas,

ou mesmo no processo de execução de estacas escavadas (estaca hélice contínua com

monitoração eletrônica); os ensaios dc carregamento dinâmico, com base na teoria da equação

de onda, conseguem estimar com razoável precisão a capacidade de carga da estaca (PDA —

296 "Pile Driving Analyser") ou simplesmente sua integridade (PIT - "Pile Integrity Testing").

Page 330: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

(b) (c)

Q Figura 115 Elementos de fundação que associam a resistência superficial com o atrito lateral (a - radier sobre estacas, b - estaca "T", c - "estapata", onde o atrito lateral do fuste só é mobilizado após ocorrer certo recalque da sapata).

Relativamente às obras de contenção, diversos sistemas têm sido desenvolvidos, incluin-

do cor t inas a t i ran tadas , pa redes -d ia f ragma , " so lo g r a m p e a d o " , so lo r e fo rçado com

geoss in té t icos , "cr ib-walls" , terra a rmada , muros em gabiões e out ros . Alguns desses

sistemas encontram-se ilustrados na Figura 116 a seguir.

Rcatcrro Dreno do areia Barbacás

(d)

(C)

Pinçadores

uinaieta s

Coocreio _ i projetado «J \

Dreno raso ^

( e )

— Secç&o IrnnsvorsAl

D Figura 1 1 6 (f) ( s )

Contenções: a) Gabiões; b) Sacos preenchidos com concreto ou solo-cimcnto; c) Pre-moldados dc concreto; d) Cortina cravada; e) Tela metálica + concreto projetado; í) Cortina atirantada; g) Parede diafragma (fonte: Revista Téchne 37)

Canaleta

Trecbo livre Drenos curto» (barbacás)

Berma

Page 331: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

5 . 1 . 4 . Paredes e divisórias

Além dos tradicionais tijolos e blocos de cerâmica ou concreto, alguns materiais têm sido

desenvolvidos para execução de alvenarias, podendo-se citar os blocos de concreto celular

autoclavado, os blocos sílico-calcários, os componentes em solo estabilizado com cimento

ou cal. Do ponto de vista do desenho industrial, foram desenvolvidos blocos auto-encaixáveis

e os blocos intertravados através de tarugos de concreto ou pinos em náilon ou polipropileno.

Concretos de maior resistência mecânica, e equipamentos de produção dc melhor desem-

penho, têm propiciado a fabricação de blocos vazados de concreto com paredes mais

finas, produtos mais leves e com menor consumo de material.

A Associação Brasileira da Cons t rução Industr ial izada - ABCI 2 0 3 , e mesmo o Instituto de

Pesquisas Tecnológicas - IPT 2 0 4 , relacionam vários sistemas inovadores dc const rução de

paredes, destacando-se os painéis pré-fabricados em concreto ou concreto celular, painéis-

sanduíche (madeira sarrafeada / f ibroc imento , ret iculado de aço / argamassa polimérica,

pol ies t i reno expand ido / argamassa a rmada , blocos cerâmicos / microconcre to) , paredes

monolíticas cm concre to normal ou concreto celular e ou t ros sistemas.

Na última década, tem-se verificado o desenvolvimento de sistemas de paredes utilizando

c o m o f ô r m a s placas ou peças de po l i e s t i r eno expand ido , t an to b locos cncaixávcis

(poster iormente preenchidos com concreto ou argamassa), c o m o painéis pré-fabricados de

E P S com poster ior p reench imen to e / o u reves t imento com argamassa ou microconcre to

proje tado (Figura 117).

Para as fachadas, além das fachadas-cortina an ter iormente comentadas e dos sistemas em

painéis pré- fabr icados de concre to , a lumínio ou aço, começam a ser p roduz idos painéis

2 0 5 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIAI JZA DA - AIKJ Caderno Técnico Sistemas Construtivos Industrializados FJitora Tini São Paulo. 1993-Instituto ik- Pçsquixis Tecnológicas tio Estado dc São IMulo - IPT.Catálogo d c Processos c Sistemas Construtivos para Habitação Publicação 11*1'

2 9 8 n° 2515. São Paulo. 1998.

Page 332: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Capa de compressão

Painel de gesso ' acartonado

Estrutura de pilares e vigas

Poliestireno expandido (EPS)

Norvura pró-moldada

Guia para montagem roconcreto projetado

Alma de EPS com vazios para inserção depilares

Tela de aço (100 x 100mm; 3 mm de espessura)

0 Figura 117 Sistema construtivo em painéis de EPS, telas metálicas e microconcreto projetado (Fonte: Dragados Plaslbau -Espanha).

cm PRFV, poliéstcr reforçado com fibra de vidro, com cuidadosa formulação do gcl-coat

( in t rodução de aditivos estabil izadores e absorvcdores de radiações ultravioleta). Ten-

dência verif icada na E u r o p a e nos Es tados Unidos , a cons t rução brasileira começa a

introduzir nas fachadas blocos de concreto decorativos (blocos rústicos, blocos "spli t" ,

blocos coloridos na massa). Outra tendência é a execução das chamadas "fachadas ven-

tiladas", consti tuídas normalmente por um reticulado metálico e placas de acabamento

em concreto pré-fabricado, rochas ornamentais ou placas cerâmicas (Figura 118). Neste

caso, há necessidade dc cuidados especiais para prevenção contra a corrosão dos insertos

e dos reticulados metálicos.

Para as divisórias internas existe for te tendência das cons t ru to ras utilizarem cada vez

mais as paredes construídas a seco ("drv walls"), situação cm que vêm sendo emprega-

das es t ru tu ras ret iculadas dc aço galvanizado c painéis em gesso aca r tonado (Figura

119). A util ização das "dry walls" em paredes hidráulicas vem sendo favorecida pela

introdução das tubulações flexíveis de polietileno, con fo rme analisado no item 5.1.10. 299

Page 333: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O Figura 1 1 8

Estrutura reticulada de perfis metálicos e fixação de painéis de concreto, rocha ou cerâmica, constituindo a fachada ventilada (Fonte: Marazzi - Itália).

0 Figura 1 1 9

Divisória "dry wall" em estrutura metálica e painéis de gesso acartonado (Fonte: Lafarge).

5 . 1 . 5 . Revestimentos e pinturas

As argamassas tradicionais têm sido parcialmente substituídas por argamassas pré-dosa-

das ou argamassas industrializadas, fornecidas em sacos ou, mais recentemente, em silos.

As cales vêm sendo parcialmente substituídas por aditivos plastificantes ou incorporadores

de ar, pa r t i cu la rmente sais de co lo fôn io (res íduo dc dest i lação dc resinas do p inho) .

Adit ivos também têm sido in t roduzidos para aumentar a aderência das argamassas de

revestimento, basicamente resinas fenólicas, acrílicas e vinílicas.

Com a maior un i formidade geométr ica dos componen tes de alvenaria, pastas de gesso

300 vêm sendo largamente empregadas como material de revestimento de paredes internas e

Page 334: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

tetos. Vários processos de projeção de argamassa e mesmo de gesso têm sido desenvol-

vidos, conforme ilustrado na Figura 120.

D Figura 1 2 0

Revestimento de paredes com projeção mecânica de argamassa ou gesso (Fontes: Matrix e Putzmeister, respectivamente).

C o m o desenvo lv imen to dos p igmen tos inorgânicos (oxido de f e r ro sintét ico,

micropulverizado), utilizados normalmente na faixa de 3 a 5% do peso do cimento, têm

surgido argamassas coloridas para revest imento, com diversas possibil idades dc acaba-

mento : massa "ba t ida" , massa raspada c diversas modal idades dc texturas, c o n f o r m e

Figura 121. Ou t ro sistema que vem ganhando muito campo no revestimento de paredes

é o chamado "quar tzo pigmentado", constituído pela aglomeração com resina acrílica de

agregados minerais finamente britados (principalmente quartzo, dolomita c granito); este

sistema também encontra-se ilustrado na Figura 121.

1 Figura 1 2 1

Revestimentos de parede: argamassas texturizadas e quartzo pigmentado (Fontes: Ibratin, Revplast e Kleiden, respectivamente).

Page 335: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Q u a n t o aos reves t imentos cerâmicos, menciona-se a notável evolução dos esmaltes e

dos processos de p rodução das placas cerâmicas (monoque ima em fo rnos contínuos) ,

dispondo-se de produtos com absorção de água quase nula (porcelanatos, grés cerâmico),

com excelente d e s e m p e n h o f ren te à ação dc baixas tempera turas , agentes químicos c

outros meios agressivos. Destaca-se também o surgimento dos rejuntes coloridos, provi-

dos de aditivos impermeabil izantes e fungicidas, e das "argamassas colantes flexíveis",

compos tas em geral com aditivos plastificantes, re tentores de água (hidroxietilcelulose

ou mctilcclulosc) c resinas acrílicas ou vinílicas; tais argamassas são especialmente indicadas

para o revest imento de fachadas, com solicitações higrotérmicas muito consideráveis.

Vários revest imentos em material plástico têm sido desenvolvidos, na forma de placas,

mantas ou réguas cncaixáveis ("sidings", representados na Figura 122, empregando-se

adições ou filmes absorvedores de radiações UV para aumentar a durabilidade do material).

Vêm sendo desenvolvidos plásticos ignífugos, mediante intromissão nas cadeias poliméricas

dc átomos dc halogênios (F, Cl, br), dc metais ou outros elementos ignífugos. De acordo

c o m Fleury 2 0 5 , os poliorganos-siloxanos metálicos por

exemplo podem resistir a temperaturas até da ordem

dc 1000° C.

| Figura 1 2 2

Revestimento do fachada com "sidings" de PVC estabilizado com aditivos absorvedores de raios UV e elementos ignífugos (Fonte: Madex / Wallrevest).

3 0 2 2 ü S FLEURY, G. A Síntese d o Novo Tcchnc Kcvbta dc Tecnologia da Construção n ' -í. p p 29-34. Editora Pini. São Paulo. 1995.

Page 336: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Ainda para o revestimento de paredes, tem sido desenvolvidos painéis isolantes constitu-

ídos por plásticos alveolares (espumas fenólicas), utilizados por exemplo em saunas ou

fachadas for temente insoladas. Também para o revestimento de fachadas, uma das últi-

mas novidades é a p rodução dc painéis const i tu ídos por lâminas delgadas de rochas,

coladas à estrutura de lâminas de alumínio em forma de colmeia.

Quanto aos materiais e sistemas de pintura, verifica-se atualmente a tendência de substi-

tuição dos solventes por tintas base água, com vantagens inegáveis do ponto dc vista da

segurança (toxidez e risco de ignição dos solventes) e da facilidade de preparação das

tintas; nesse ponto, relativamente às emulsões, destaca-se que o mercado começa dispor

de tintas acrílicas fornecidas em pó.

Desenvo lv imen to considerável tem sido obse rvado na fo rmulação de t intas isolantes

térmicas, compostas basicamente por resinas vinílicas com plaquetas de cerâmica sintéti-

ca cm emulsào, ou resinas alquídicas com microlâminas metálicas cm suspensão (tintas

reflexivas). Com especial atenção para a proteção de estruturas metálicas contra ação do

fogo, têm sido desenvolvidas tintas entumescentes e tintas retardadoras de chama, cons-

tituídas basicamente por silicones modificados, plásticos expansíveis, partículas metálicas

e óxidos cerâmicos.

Avanço considerável também tem sido no tado nas pro teções ant i -corrosivas , onde se

destacam as tintas à base de poliuretano alifático ou borracha clorada e as tintas epóxy

formuladas com oxido de zinco (proteção galvánica), e nos vernizes para concreto aparente

(resinas acrílicas, poliuretano, silano-siloxano, siliconas modificadas, etc).

Além do que foi mencionado, dispõe-se hoje de uma série eno rme de produtos e siste-

mas de pintura, como por exemplo:

Page 337: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• tintas acrílicas, epoxy ou borracha clorada para pintura de pisos;

• tintas para pintura de azulejos;

• pinturas ant i -derrapantes para pisos;

• pinturas fono-absorvcntcs (texturizaçào e / ou introdução dc partículas dc plás-

tico alveolar, que colaboram para diminuir a reverberação).

Com a moderna tendência do "grafitt ismo", verificada a nível mundial, vêm sendo desen-

volvidos sistemas anti-grafitti cada vez mais eficientes, onde a pixação pode ser removida

com água quente sob pressão (80°C, 80 Bars) e / ou solventes c o m o o metil isobutil

cetona, o acetato de etilglicol e o cloreto de metileno. Deve-se frisar que existem basica-

mente dois tipos de proteção anti-grafitti, ou seja:

- sistemas formadores dc filme, formulados geralmente com poliuretano, poliuretano

f luorado, emulsão de borracha de silicone ou copol ímeros f luorados, que alte-

ram as condições de permeabilidade ao vapor e modificam o aspecto e o brilho

do substrato, p o d e n d o ainda sofrer amarclecimcnto c calcinação sob ação dos

raios ultravioleta;

— sistemas reversíveis (removíveis com solventes), a tuando na obturação superfi-

cial dos poros do substrato, geralmente consti tuídos por acrílicos, polimetilme-

tacrilato, siloxanos ou ceras sintéticas.

Sob o aspecto estético das pinturas, muitos pigmentos inorgânicos vem sendo desenvol-

vidos, com incontáveis possibilidades de formulação de cores; quanto à preparação de

cores, destacam-se os sistemas tintométricos computadorizados, hoje disponíveis até mesmo

em lojas especializadas.

Quan to à estética, onde o emprego de diferentes ferramentas possibilita a obtenção de

var iados acabamen tos , des taca-se c o m o uma das úl t imas novidades a fo rmulação

Page 338: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

de emulsòes acrílicas com pigmentos encapsulados, aplicadas com revólver e fo rmando

películas marmorizadas multicoloridas, con fo rme ilustrado na Figura 123.

| F ig.123

Emulsão acrílica com pigmentos enca|>sulados (Fonte: Coral / Fractalis)

5 . 1 . 6 . Caixilhos e envidraçamentos

Com o aprimoramento das ligas metálicas e dos plásticos de construção, ao lado do desenvol-

vimento dos processos de fabricação dos vidros planos, das proteções anti-corrosivas e dos

acessórios em metal ou plástico, existem inúmeras opções para a construção das caixilharia e

envidraçamentos dos edifícios, resumindo-se na Tabela 55 os principais avanços neste setor.

Relat ivamente aos caixilhos, chama especial a tenção o grande desenvolvimento da in-

dústria do PVC, sendo cjue as janelas fabricadas com este material praticamente já domi-

nam os mercados de países da América do N o r t e e E u r o p a , com ênfase especial na

França e na Alemanha. Frente a eventuais dúvidas que ainda poderiam pairar quanto à

durabi l idade do material , Hachich2 0 6 realizou importante trabalho levando cm conta as

condições brasileiras de exposição aos agentes climáticos degenerativos.

Janelas tipo veneziana, em aço, alumínio ou mesmo madeira (Figura 125) permitem hoje a

regulagcm das palhetas, com maior possibilidade de ventilação c iluminação dos cômodos.

" , l 6 HACHICH. V. F. Critérios Mínimos para Avaliação Expedita da Durabilidade dc Produtos d c PVC Rígido para Uso Exterior nas Edificações São Paulo, 1999. lVíip.Tesc d c Doutorado apresentada á Escola l*olitécnica ila Universidade de São Paulo. 3 0 5

Page 339: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 55: Avanços na tecnologia dos caixi lhos e envidraçamentos

CAIXILHOS / FACHADAS-CORTINA VIDROS

• janelas e portas em PVC • vidros reflexivos / serigrafados, para controle da

• caixilhos com alma de alumínio e revestimento entrada de raios solares

em madeira laminada • vidros difusores de luz, com filme plástico entre

• venezianas com palhetas orientáveis duas placas de vidro para propiciar a difusão

• persianas e venezianas motorizadas / • vidros duplos, com introdução de gás inerte

comando à distância entre as placas para que não ocorra

• perfis extrudados à base de borracha vulcanizada, condensação do vapor de água

policloropreno, EPT - etileno-propileno-terpolímero, • vidros termo-refletores

EPDM - etileno-propilenodieno-monômero, • vidros termo-absorventes

para gaxetas e vedações • vidros coloridos na massa

• pintura eletrostática a |>ó (ferro e alumínio) • vidros laminados, placas coladas com película

• poliuretano expandido no local, para fixação de marcos do polibutirato dc vinila (conhecido também

ou contramarcos por butiral-polivinila)

• cola de silicone estrutural - montagem de vitrais e de • películas reflexivas / películas de controle solar

fachadas-cortina, fabricação de vidro duplo

• fechaduras acionadas |X>r cartão magnético e

até impressão digital

• acessórios em teflon, polioximetileno, náilon e poliamidas

• pastas neutras para limpeza do alumínio anodizado

0 Figura 124 Caixilhos de PVC: cortes em janela de correr e janela de enrolar (Fontes: Bellevue e Soprofen - França)

Page 340: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

As caixilharias de alumínio ganharam notável desenvolvimento

nos ú l t imos anos , a p r i m o r a n d o - s e os p rocessos de

anodização/se lagcm e pintura eletrostática a pó; já existem

janelas dc enro lar mo to r i zadas com c o m a n d o à distância

(Figura 126), e opções de caixilhos com alma de alumínio e

revest imento em madeira laminada.

0 Figura 125

A i n d ú s t r i a d o v i d r o d e s e n v o l v e u - s e n o t a v e l m e n t e , c o m a Janela veneziana em madeira, com mecanismo em alumínio

. i i i - • i i i permitindo regulagem das c o l o c a ç a o n o m e r c a d o d e d i v e r s o s t i p o s e m o d e l o s d e j M | h e t a s (Fonte: Ventilar?)

vidros planos, par t icularmente os vidros temperados. Esses

p rodu tos , associados com as colas es t ruturais de silicone possibi l i tam a execução de

extensas fachadas "pe le dc v id ro" , ge ra lmen te com o e m p r e g o dc v id ros ref lexivos

(F igura 127) para d i m i n u i ç ã o da carga t é r m i c a nos a m b i e n t e s . O x i d o s metá l i cos

a p l i c a d o s nas s u p e r f í c i e s das p lacas poss ib i l i t am a v isão a p e n a s a pa r t i r do lado

m e n o s i luminado .

Q Figura 126

Janela de enrolar em alumínio, motorizada (Fonte: Alumínio Belmetal)

D Figura 127

Fachada "pele de vidro", com vidro laminado reflexivo (Fonte: Blindex).

do tita para janola o porta integradas

Motor para janela integrada

Page 341: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A tecno log ia d o s v i d r o s d u p l o s (Figura 128) t a m b é m v e m se d e s e n v o l v e n d o m u i t o ,

t e n d o esses p r o d u t o s inegáveis van t agens q u a n t o ao d e s e m p e n h o t é r m i c o e acúst ico.

N a França vêm s e n d o desenvo lv idos e s tudos v i sando a inserção en t re as placas de

v idro de acrogcl dc sílica, material t r anspa ren te com g rande resistência térmica, com

a u m e n t o cons iderável d o i so lamen to t é r m i c o d o v idro dup lo .

Ainda neste país, encon t ram-se cm fase de desenvo lv imen to os vidros e lc t rocrômicos ,

cuja cor é moduláve l através de co r r en t e elétrica ( sendo possível p o r t a n t o regular-se a

lua incidente nos ambientes); também se estuda o isolamento dinâmico, com possibilidade

de circulação de ar entre as placas de vidro. Há ainda a possibilidade de revestir-se uma

das placas com película ref le tora .

A considerável redução na altura das lajes, possível com os novos sistemas de protensão

c com os concre tos dc alta resistência mecânica, tem repercut ido cm considerável dimi-

nuição da isolação acústica, p roblema que pode ser resolvido com os sistemas flutuantes

de piso. Mui tos s is temas de piso (al to-nivelantes, alta resistência a p r o d u t o s ácidos), e

diferentes materiais de acabamento têm sido lançados ao longo dos últimos anos, conforme

Q Figura 1 2 8

Vidro duplo, para isolamento termoacústico (Fonte: Santa Marina)

5 . 1 . 7 . Pisos

308 listagem a seguir.

Page 342: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 56: Avanços na tecnologia dos pisos

NOVOS MATERIAIS E PROCESSOS NOVOS PRODUTOS

• pisos suspensos • carpetes de madeira

• pisos "flutuantes" (camada de piso sobre • chapas melamínicas (Térmica")

isolação acústica - poliestireno ou • placas dc lx>rrncha natural ou EPDM

poliuretano) • lajotas de concreto intertravadas, inclusive com

• pisos condutores de eletricidade, para salas coloração na massa

cirúrgicas • placas de polietileno de alta densidade

• pisos de |)oliuretano, polipropileno + • placas cerâmicas e rejuntes anti-ácidos

l>olielileno, polisoprene, EPDN ou SBR • porcelanatos

("grama sintética" ou mantas para pistas fie • rejuntes coloridos, com adição de impermeabilizantes e

atletismo e quadras e$|X>rtivas) fungicidas

• pisos industriais de concreto, com ou sem • adesivos para assentamento de cerâmica sobre

barras de transferência revestimento já existente

• concreto estampado • elementos pré-formados para juntas, em poliisobutileno

• endurecedores de superfície (silicato de ou butil

sódio, etc) • mastiques para juntas moldadas no local: acrílcos,

• argamassas poliméricas alto nivelantes butílicos, poliuretano, silicones, polissulíctos (mono ou

bi-componentes)

• perfis extrudados para fundo de junta (PVC, polietileno,

poliester)

A arqui te tura dos n o v o s escr i tór ios (sistemas " a b e r t o s " de divisórias), e a necessidade

cada vez maior de instalações, inclusive redes de informát ica , têm levado ao aumento da

utilização dos pisos suspensos , que possibil i tam a flexibilização dos cabeamencos e ins-

talação de caixas (Figura 129). O s pisos al to-nivelantes, cons t i tu ídos por resinas epoxy,

po l ies te r e ou t ras , c o m e ç a m a ter seu e m p r e g o ampl i ado em indús t r ias dc a l imentos ,

hosp i t a i s etc; t a m b é m a rgamassas a l to -n ive lan tes (Figura 129), pa ra regular ização de

con t r ap i sos , têm s ido desenvolv idas . Pisos s in té t icos para rec in tos e spo r t i vos e p i sos

color idos em conc re to e s t ampado ou placas inter travadas são outras opções (Fig. 130).

Page 343: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

\\ Figura 1 2 9

Piso suspenso e argamassa alto-nivelante (Fontes: Paciíic PSI e Decapan).

0 Figura 1 3 0

Piso esjxjrtivo em manta de |>oliuretano e placas intertravadas coloridas na massa (Fontes: Lisonda e Bayer)

5 . 1 . 8 . Telhados e forros

Novas telhas de encaixe coloridas vem sendo produzidas cm cerâmica (telhas esmaltadas),

argamassa e ate em pol ipropi leno; telhas em argamassa ou micro-concrc to vêm sendo

produzidas por extrusao. Os acrílicos, o PMMA- polimetacrilato de metila e as telhas e

d o m o s de pol icarbonato têm possibilitado a execução de coberturas com elevada trans-

parência, con fo rme ilustrado na Figura 131.

Para evitar o problema de respingamentos de água ("goteiras"), relativamente freqüentes

310 nas cober tu ras cons t i tu ídas por telhas de encaixe, fo ram desenvo lv idos sis temas de

Page 344: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O Figura 1 3 1 Cobertura em chapas de policarbonato curvadas a trio (Fonte CE Plaslics).

subcoberturas, constituídas por mantas de polietileno com

elevada resistência ao rasgamento; em alguns casos (Figura

132), a subcobertura é também utilizada como elemento

de isolação térmica.

Outras opções, como telhas translúcidas de PVC, estruturas

pré-fabricadas em aço, treliças de madeira com ligações

cm chapas dentadas ("gang-nail") c isolantcs t é rmicos

(là de rocha, fibra de vidro, plást icos expandidos) têm

sido oferecidas para as coberturas.

Relativamente aos forros , e lementos que vêm ganhando

grande importância com a adoção dos "p lenuns" para ar

condic ionado e outras instalações, existe grande variedade de materiais e acabamentos,

podendo-se citar:

• c o m p o n e n t e s cm alumínio , aço e scovado , aço ou a lumínio com pin tura

eletrostática;

• perfis extrudados de PVC (Figura 133);

• painéis em vermiculita, là dc vidro, là de rocha;

• forro acústico tipo colmeia, em EPS;

0 Figura 1 3 2

Subcobertura em plástico alveolar (Fonte: Isolant do Brasil)

Page 345: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• forros acústicos: lã de rocha sobre placas perfuradas dc metal, plástico etc;

• placas fono absorventes , com cunhas anecóicas, em poliuretano expandido (Fi-

gura 133);

• placas dc gesso com diferentes fo rmas e ressaltos ou texturas, inclusive placas

curvas.

0 Figura 1 3 3

Perfis extrudados em PVC para forro e placas com cunhas anecóicas para absorção acústica (Fontes: Trikem e lllbruck)

5 . 1 . 9 . Impermeabilizações

O desempenho dos sistemas rígidos de impermeabilização vêm sendo muito melhorados

com o surg imento dos materiais cristalizantes e dos c imentos pol iméricos "flexíveis",

composições à base de cimento, aditivos e elastômeros. Os sistemas flexíveis sofreram

notável desenvolvimento nos últimos anos, com o advento das mantas asfálticas modificadas

com elastômeros (APP - polipropileno atático e SBS - estireno-butadieno-estireno), mantas

de buti l , PVC ou R P D M vulcanizado. T a m b é m obt iveram consideráveis avanços

tecnológicos os sistemas moldados no local, const i tuídos por e las tômeros em solução,

c o m o as emulsões acrílicas, n e o p r e n e (po l ic lo ropreno) e hvpalon (poliet i leno

c lo ros su l fonado) ; mais r ecen temen te , foi lançado um p r o d u t o m o n o c o m p o n e n t e

consti tuído por pol iuretano c betume modif icado ("liquid rubbcr") .

Ainda no campo das impermeabilizações, têm surgido sistemas ou componentes para as

áreas mais expostas à ação da água, podendo-se citar os pisos de plástico para box de

Page 346: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

chuveiro ("piso-box"), as piscinas em PRFV c as mantas de PVC para piscinas (solda do

filme por indução); nesse último caso, incorporam-se ao PVC fungicidas e absorvedores

de raios UV, garant indo a maior durabilidade do plástico.

Diversos acessórios têm sido desenvolvidos para facilitar o acoplamento dos sistemas de

impermeabilização com ralos, tubos emergentes e outras singularidades (colarinhos,

golas, prolongadores etc). Uma das últimas novidades no mercado brasileiro é o "dispo-

sitivo antiinfiltração" para ralos, provido dc gola para recolhimento da água que venha a

penetrar entre a impermeabilização e o ralo, con fo rme Figura 134.

Grelha

Anti

Segmento de tubo

Caixa

0 Figura 1 3 4

Dispositivo antiinfiltração, no encontro com ralo (Fonte: Akros).

5 . 1 . 1 0 . Sistemas prediais de água

Diversas inovações nos processos de projeto e novos componentes têm sido desenvolvi-

dos para a execução das instalações de água fria, água quente , esgotos e águas pluviais.

A Tabela 57 relaciona as principais inovações no setor.

Um dos avanços mais s ignif icat ivos no c a m p o dos sis temas prediais de água é sem

dúvida a possibilidade de utilização dc tubulações flexíveis de polietileno para condução

de água fria ou água quente, com sistema de engate rápido entre os tubos, as conexões

e os aparelhos; nas tubulações encamisadas, conforme Figura 135, há toda uma mudança 313

Page 347: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 57: Avanços na tecnologia dos sistemas prediais de água

ÁGUA FRIA E ÁGUA QUENTE ESGOTOS

• tubulações flexíveis de PAD (polietileno de alta • caixas de descarga embutidas / acopladas

densidade - água fria / água quente) • bacia de saída horizontal

• tubos de polietileno reticulado (PEX) • vasos sanitários "VDR" (volume de descarga

encamisados por dutos de PVC corrugado ou reduzido) - máximo de 6L em diversos países onde

CPVC (PVC clorado) para água quente a substituição das bacias antigas vêm sendo

• torneiras misluradoras mono-comando (controle procedida (México, Canadá, EUA, Japão)

mono de vazão e temperatura) • bacias VDR á vácuo

• torneiras com acionamento eletrônico: abertura • bacias elevadas

e fechamento por célula fotoelétrica, energizada • sensores de coloração (turvamento da água.

à pilha, com dispositivo para fechamento acionamento da descarga)

automático contra vandalismo (2 a 3 minutos) • dispositivo anti-retorno de espuma

• calefatores em espuma de polietileno • pressurização de instalações prediais de esgoto,

(abraçando tubos de água quente) com redução do diâmetro dos tubos

• pressurizador compacto para reservatório • válvulas de admissão de ar para sistemas de

domiciliar com pouca pressão manométrica esgotos sanitários

• reservatórios em fiberglass ou poliolefinas • peças sanitárias, tampos e cubas de pias em

• válvulas fluxíveis de pressão em PVC rígido. plásticos: acrílico, epóxy ou poliéster

fechamento progressivo para evitar gol|)e de aríete • piso de I K Í X elevado em plástico (ABS acrílico)

• silenciador hidrodinâmico para válvulas • carenagem para shafts - polipropileno revestido

fluxíveis com filme acrílico

de concepção do sistema, passando os du tos a t rabalharem no interior de bainhas (PVC

corrugado) , a exemplo dos fios e cabos elétricos.

C o m a c r e s c e n t e n e c e s s i d a d e da e c o n o m i a de água , t o r n e i r a s " e c o n o m i z a d o r a s "

v ê m s e n d o d e s e n v o l v i d a s , o c o r r e n d o o f e c h a m e n t o a u t o m á t i c o a t r a v é s de c â m a r a

de c o m p e n s a ç ã o ou o a c i o n a m e n t o ( a b e r t u r a e f e c h a m e n t o ) a t r a v é s de c é l u l a s

314 f o t o e l é t r i c a s . Para as casas t é r r e a s , o n d e a r e d u z i d a p r e s s ã o m a n o m é t r i c a é causa

Page 348: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

1 Figura 135

Caixa de distribuição ("Manifold") e tubos de polietileno 110 interior de bainhas em PVC corrugado (Fonte: Giacomini - Itália).

c o m u m d o m a l f u n c i o n a m e n t o d e a p a r e l h o s ( c h u v e i r o s e d u c h a s p a r t i c u l a r m e n t e ) ,

f o r a m d e s e n v o l v i d o s p e q u e n o s p r e s s u r i z a d o r e s a u t o m á t i c o s , a s e r e m a c o p l a d o s

a o s r e s e r v a t ó r i o s d o m i c i l i a r e s . A f a b r i c a ç ã o d e s t e s r e s e r v a t ó r i o s c o m p o l i o l e f i n a s

c o n t r i b u i p a r a a d i m i n u i ç ã o d o p e s o p r ó p r i o d o e q u i p a m e n t o , m a i o r f a c i l i d a d e n a

i n s t a l a ç ã o e l i m p e z a .

N o tocante aos sis temas dc esgoto, a adoção dc sis temas pressur izados , válvulas de

admissão de ar e colunas auto-venti ladas têm possibil i tado a redução do diâmetro das

tubulações, a simplificação e a economia nessas instalações. Diversos modelos de caixas

de descarga e bacias sanitárias têm sido desenvolv idos , des tacando-se as bacias com

saída horizontal (dispcnsando-sc cm conseqüência os rebaixos em lajes) c as bacias VDR

— bacias com volume de descarga reduzido; versões dessas bacias com dispositivos de

vácuo permitem utilizar apenas 4 ou 5 litros em cada descarga.

O s problemas dc re torno dc espuma cm instalações de esgoto (prumadas com tanques

e / ou máquinas de lavar) vem sendo sa t i s fa tor iamente resolvidos a nível de projeto.

Também com essa finalidade, foi lançado recentemente no mercado brasileiro interes-

sante disposi t ivo que visa impedir o a f lo ramen to de espuma nos andares mais baixos

(Figura 136). 315

Page 349: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Relativamente aos sistemas de águas pluviais, Gonçalves20 relata

o desenvolvimento de sistema sifônico de captação, reduzindo a

Anel de vedação

Funil

admissão de ar no sistema e permit indo aumento da capacidade Canaieta Trava

dc vazão da rede (Figura 137). Possibilita também o emprego dc

tubulações p ra t i camente em nível, van tagem inegável para as

lajes planas de cobertura. Rebaixo

Ainda para o sistema dc cap tação e coleta dc águas pluviais,

c o m o novidades exis tem as mantas d renan tes com núcleo de

polieti leno de alta densidade, revestido com manta geotêxtil , e

diversos componentes em PVC: calhas, rufos e grelhas (Fig. 138);

neste caso, o PVC recebe aditivos termoestabilizadores c absorverdores dc radiações UV,

o t imizando sua durabilidade.

D Figura 136

Dispositivo anti-retorno de espuma {Fonte: Akros).

[ F i g u r a 1 3 7 | Figura 1 3 8

Coletor sifônico de águas pluviais Grelha em PVC (Fonte: Gonçalves207) (Fonte: Supra - Itália)

GONÇALVES.O. M Sistema» Prediais - AvançosTecnológicos e Concei tuais Tcchnc - Revista dc'Tecnologia de Construção. N° 12. Editora Pini.São 3 1 5 Paulo, set/out 1994.

Page 350: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

5 . 1 . 1 1 . Sistemas prediais de energia elétrica

Relativamente à segurança das instalações elétricas, há que se destacar o desenvolvimento de

dispositivos detetores de corrente diferencial - residual (disjuntor "DR"), com capacidade de

desativar circuitos nos quais ocorrem diferenças entre a corrente que entra c a corrente que saí,

em função de correntes de fuga, falhas na blindagem / isolação de aparelhos ou outras anomalias.

As maiores novidades dizem respeito aos sistemas de gerenciamento de energia elétrica,

à medição remota do c o n s u m o (central na portaria do prédio), a tomadas inteligentes

(capacidade de detectar e desativar circuitos com sobretensão), a interruptores com pos-

sibilidade de rcgulagem do f luxo luminoso ("d immcrs") e a sensores fotoelétr icos de

presença (ac ionamento ou desat ivação de lâmpadas e aparelhos pela de tecção ou não

de pessoas no ambien te ) ; exis tem inclusive luminár ias já com o sensor de presença

embu t ido (lâmpadas economizadoras de energia).

Verdadeira revolução vem ocor rendo na fabricação de lâmpadas c luminárias, ou seja:

• lâmpadas economizadoras de energia (incandescentes halógenas, dicróicas), lâm-

padas fabricadas com multivapores metálicos;

• l âmpadas min i f luorcsccn tcs , com vapor de sódio a baixa pressão, com poder

de i luminamento por Watt muitas vezes maior que as lâmpadas incandescentes

c o m u n s ;

• lâmpadas fluorescentes com reatores eletrônicos, que redundam cm consumo de

energia da ordem da metade daquela verificada nas lâmpadas com reatores ele-

t romagnét icos;

• lâmpadas fluorescentes constituídas por xenônio, sem os inconvenientes do flúor

ou do mercúrio (toxidez dos gases metálicos / proteção à camada dc ozônio da

a tmosfera) ;

• luminárias "ant i - ref lexivas" (luz d i fusa , sem ref lexões ou bri lho excessivo das

superfícies i luminadas).

Page 351: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N o campo da geração / economia de energia elétrica nos edifícios, as pesquisas têm

evoluído para a otimização dos coletores solares, para a cogeração (geração de energia

e lé t r ica , p o r exemplo , com g e r a d o r e s a gás na tura l ) e para o d e s e n v o l v i m e n t o da

energ ia f o t o v o l t a i c a . N e s s a t ecno log ia vêm s e n d o e m p r e g a d o s pa iné i s de s i l ício

cristalino ou silício amor fo hidrogenado: a luz incidente no silício provoca instabilidade

d o s e l é t r o n s a t i ng idos pe los f ó t o n s , c o m g e r a ç ã o de p e q u e n a c o r r e n t e c o n t í n u a ,

a cumulando - se a energia n u m b a n c o de bater ias .

D Figura 1 3 9

Coletor solar domiciliar e painel de silício para energia totovoltaica (Fontes: Soletrol e Revista Téchne N° 41 - pp 37).

5.2 0 Avanços tecnológicos relativos aos equipamentos

5 . 2 . 1 . Ferramentas e equipamentos para a construção de edifícios

Um sem número de ferramentas e equipamentos vêm sendo desenvolvidos para a cons-

trução de edifícios, com utilização direta nos processos ou como instrumentos de apoio

à construção. Na Tabela 58 indicam-se alguns desses equipamentos.

Na construção moderna, a força braçal vem sendo rapidamente substituída por guinchos,

guindastes , e levadores, g ruas e pequenos equ ipamentos para escavação e movimenta-

ção de materiais a granel (Figura 140).

Page 352: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 58: Equipamentos e ferramentas para a construção de edifícios

Equipamentos para os processos Equipamentos de a|X>io / transporte

• betoneiras / centrais de dosagem • gruas e mini-gruas

• usinas e miniusinas dc concreto • andaimes tubulares, torres metálicas

• centrais de argamassa (silos + equipamentos de • andaimes motorizados (plataformas,

bombeamento) balancins, cadeiras), balancins elétricos com

• misturadores contínuos acoplados com bombas de velocidades de até 30m/min e alcance de

projeção de argamassa 100m de altura

• íresadora para concreto (pisos) • elevadores de obras

• rom|)edores / marteletes portáteis • braços mecânicos / guinchos / monta-cargas

• vibro-acabadora para pisos e lajes telescópicos

• distribuidor de concreto com comandos hidráulicos e • plataformas / elevadores com cremalheira e

controle a laser do nivelamento e planicidade pinhão

• réguas / desem[>enadeiras vibratórias • mini |x>ntes rolantes

• desem|>enadeira circular motorizada - acabadora de • esteiras rolantes

superfície ou "helicóptero" • palieis, carrinhos porta-pallets

• equipamentos para |X>limento do concreto • plataformas aéreas (até 45m de altura)

• equipamentos para lx>ml)eamonto de concreto • caminhões com caçamba basculante

• equipamentos de hidrodemolição "tríplice": material pode ser descarregado pela

• dobradeira de estribos motorizada traseira ou qualquer uma das laterais.

• perfuratrizes / equipamentos de corte • microescavadoras (larguras 58 e 8lcn)

• minitratores, micro-escavadeiras, jjcquenas

pás carregadeiras

Q Figura 140

Micro-escavadora e mini pá carregadeira, para abertura de pequeias valas e movimenta-ção de material a granai (Fontes: Komatsu e Ramrcd). 3 ^ 9

Page 353: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Para a movimentação vertical de cargas, além das tradicionais gruas e elevadores, têm

sido desenvolvidos monta-cargas e mini-gruas, con fo rme Figura 141.

Q Figura 1 4 1

Monta-cargas telescópico e mini-grua (Fontes: Hermann Paus e Wiskehr's)

Para o t ransporte vertical dos trabalhadores, p la taformas hidráulicas c novas versões de

plataformas motorizadas (balancins elétricos) têm surgido no mercado, ampliando a segu-

rança de operação e agilizando o transporte; os balancins elétricos, por exemplo, chegam

a desenvolver velocidade dc até 10 ou 12 metros/minuto, dispondo de travas de segurança

que imobilizam automaticamente o equipamento sob queda da energia elétrica.

[] Figura 1 4 2

Balancim elétrico e plataforma hidráulica, para trans|>orle vertical de trabalhadores (Fontes: Pórtico Real e Mills).

Page 354: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

E q u i p a m e n t o s para a u t o m a ç ã o dos p roces sos cons t ru t ivos têm s ido desenvolv idos em

diferentes países do mundo, com especial destaque para o Japão. Muro2"8 relata acioçào de

diversas fer ramentas automáticas na cons t rução japonesa, bem c o m o o desenvolvimento

de robôs para espalhamento e acabamento dc concreto, soldagcm de estruturas metálicas,

assentamento de pedras e azulejos etc; foram ainda desenvolvidos robôs para a montagem

de paredes com painéis pré-fabricados de concreto, c o n f o r m e ilustrado na Figura 143.

0 Figura 1 4 3

Robô para a montagem de painéis pré-fabricados (Fonte: Muro?C6)

Relativamente aos trabalhos com concreto ou argamassa, uma série de equipamentos já

são utilizados com certa rotina em praticamente todas as partes do mundo: equipamen-

tos dc projeção ou bombeamento, réguas vibratórias, acabadoras giratórias e outros,

conforme ilustrado na Figura 144.

MURO. i : j a p â o : o Horizonte da Técnica. Tcchnc - Revista dcTccnologia da Construção N 13. p p 22-26. Editora Pinl.Sio Paulo, nov / iez I W .

Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção | Ercio Thomaz

Page 355: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O processo de b o m b e a m e n t o do conc re to ganhou impulso considerável nos úl t imos

anos. Levy209 cita que, através de equipamentos com pistões hidráulicos, os recordes vêm

sendo batidos sucessivamente, tanto em altura como em distância; equipamentos chegam

a bombear 2 0 0 m 7 h , embora os mais comuns têm capacidade dc bombeamento dc 3 0 m 7

h. Em termos de altura de lançamento, Levy cita o recorde de 316m, com vazão de 46mV

h, na obra de expansão da Biblioteca Central de Los Angeles. N o Brasil, mais

especif icamente na cidade de São Paulo, na cons t rução do Centro Empresarial Nações

Unidas - Torre Norte , atingiu-se 160m na altura de bombeamento do concreto.

1 - Bombeamento de concreto 2- Rógua vibratória 3- Desempenadeira giratória 4- Projeção de argamassa

0 Figura 1 4 4

Equipamentos para projeção, bombeamento e acabamento de concreto ou argamassa (Fonte: Betomaq).

Quan to à movimentação de cargas, as obras brasileiras paulat inamente passam a incor-

porar o uso da grua, embora ainda haja certa prevenção a esse respeito. Considerando

por exemplo o t ranspor te vertical dos materiais mais pesados e de maior consumo na

construção de edifícios, relativamente à possibilidade dc opção por gruas, elevadores ou

gu inchos , Souza21" aponta os indicadores registrados na Tabela 59.

">'lo L E V Y - S : M A Y O R . A . V . Para Chegar a o Topo . Técluie - Revista d c Tecnologia iü ConMruçào N 23. Editora Pini. São Paulo, jti/ago 1996. " SOUZA. U. E. L.: FRANCO. L. S Definição d o Layout d o Canteiro d c Obras Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento d e

3 2 2 Engcnliaria d c Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/177. Sio Paulo, 1997.

Page 356: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 59: Indicadores "grosseiros" para o transporte vertical de materiais

Equipamento Duração

do ciclo

Capacidade de transporte por ciclo Equipamento Duração

do ciclo concreto argamassa aço alvenaria

Elevador de obra 5 minutos 250 litros 130 litros 100 kg 1 nV

Grua 5 minutos 500 litros 250 litros 200 kg 8 nv'

Guincho de coluna 6 minutos - 40 litros - -

Ainda quan to à poss ibi l idade de o p ç ã o en t re e levador de carga ou grua , com base no

t rabalho de Souza, apresenta-se na Tabela 60 a seguir indicadores que possam nortear as

análises c a escolha da pos ição desses equ ipamen tos .

Nessa escolha devem ser cons iderados os dados fo rnec idos pelos fabr icantes ou locatá-

rios d o s e q u i p a m e n t o s ( to rque , carga máxima na ex t r emidade da lança, ope rações dc

m a n u t e n ç ã o prevent iva , combus t íve is , lubr i f icantes etc), devendo- se s empre considerar

o es tado dc conservação dos equ ipamen tos a serem c o m p r a d o s ou locados.

A escolha dos equ ipamentos de t r anspor te vertical de cargas no rma lmen te estará vincu-

lada ainda à organização geral do canteiro, aos espaços disponíveis para a instalação c às

característ icas d o s demais processos . Por exemplo , a grua é um equ ipamen to excelente

para t r a n s p o r t a r c a ç a m b a s de c o n c r e t o a té o local do l a n ç a m e n t o ; se fo r a d o t a d o

b o m b e a m e n t o do concreto, esta vantagem deixa de existir. O elevador dc cargas não c o

equ ipamen to ideal para t ranspor ta r concre to ; cm compensação , leva vantagens sobre a

g r u a no que se re fere ao t r a n s p o r t e de janelas, po r t a s , c o m p o n e n t e s de alvenaria em

pallets. N o geral, pode-se dizer que na cons t rução dc edifícios a combinação de gruas e

e levadores de carga c a que p o d e p roduz i r melhor resultado.

Diversos ou t ros equipamentos têm sido introduzidos nos canteiros dc obras , podendo-se

citar os a lojamentos pré-fabricados, os tubos coletores de entulho, aparelhos de comuni-

Page 357: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 60: Considerações para escolha e posicionamento de elevadores e gruas

PARÂMETROS DE ANÁLISE

Crua Elevador de carga

• Localização em janelas introduzidas nas lajes • Proximidade da casa de máquinas

• Localização no poço do elevador • Interferência com balcões, terraços.

<Jl • Distância em relação a edifícios vizinhos (giro bandejas de segurança

O u tS da lança e contralança) • Interferência com a construção / t> Q. <fi O • Posição mais adequada para construção das acabamento das paredes das fachacas

2 fundações • Possibilidade tle queda em altura dos

'5 cr CÉ

• Possibilidade de acidentes / impactos contra a trabalhadores '5 cr CÉ

estrutura em construção

• Interferências entre equipamentos, no caso de

se utilizar mais de uma grua

• Interferência com serviços de escavação, construção de subsolos, etc

• Necessidade de mudanças no canteiro (alojamentos, estoques, portões)

• Agilidade no transporte dos materiais (duração dos ciclos)

• Capacidade de carga

• Relação energia consumida / peso da carga transportada

• Facilidade no acondicionamento / segurança da carga O -C c o A

• Possibilidade de transporte de peças de grandes dimensões — •

£ s t/j • Distância do ponto dc recebimento ou dos estoques de materiais o •o

"O • Distância dos |x>ntos intermediários de processamento

'fZ i— 5 • Distância dos "pontos de entrega"

CC !/> O • Facilidade de montagem e desmontagem

"55 '5 cr • Estabilidade / facilidade de fixar e contraventar o equipamento (ação do vento)

cc • Segurança dos trabalhadores quanto à queda de materiais

• Facilidade de manutenção / custo de manutenção / assistência técnica

• Facilidade de montagem / manutenção das instalações elétricas

• Facilidade / custo do transporte até o local da obra

• Custo da aquisição ou do aluguel

• Custo de operação (operadores especializados, energia e outros)

Page 358: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

cação (radiocomunicaçâo, telefonia móvel, " t runking") . Destaque especial vem merecen-

do a i n t rodução de equ ipamen tos para o con t ro le da qual idade dos serviços (alguns

representados na Figura 145), podendo-se citar:

• equipamentos dc mon i to ramen to eletrônico na cravação dc estacas;

• pacômetros / detetores de metais;

• dete tores eletrônicos de vazamentos;

• nível alemão (reservatório e mangueiras t ransparentes);

• rcgua dc nível eletrônica (emissão de sinal sono ro quando na posição dc nível

ou verticalidade);

• trena digital / nível digital.

0 Figura 145 Equipamentos para controles geométricos: nível alemão, nível / esquadro para arestamentos, nível laser, nível e trena digital (Fontes: Anvi, Swiss Levei e Starret).

O s equipamentos de nivelamento a laser, com nivelamento automático do aparelho (sem

bolhas de óleo), vêm sendo muito d i fund idos em nossas obras, minimizando uma das

falhas mais consideráveis em nossas construções , ou seja, os desvios geométricos. Para

as lajes niveladas (lajes "ze ro" ) e para os pisos em concre to , além das guias c apoios

industrializados para controle do nível na concretagem, foi desenvolvido pequeno equi-

pamento portátil (F-Number), capaz de registrar a planicidade e o nivelamento dos pisos

com grande sensibilidade (Figura 146). Munido de um perf i lômetro, o aparelho registra

Page 359: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

s imultaneamente os índices F | ; (flatness = planicidade) e F, (levelness = nivelamento),

com base em medidas sucessivas a cada 30cm.

5.2 .2 . Equipamentos e instalações especiais para edifícios

O s novos edi f íc ios requerem um sem n ú m e r o de

equipamentos e instalações especiais, como centrais de

condicionamento de ar, detetores de gás, gerenciadores

de energia, sistemas internos dc TV etc. Um dos avanços

mais significativos vem ocorrendo no campo do projeto

e c o n s t r u ç ã o de e levadores , ve r i f i cando-se o

desenvolv imento de:

• elevadores de grande velocidade, com acelera-

ção e f r enagem mais suaves, com con t ro le

i n fo rma t i zado dc a t end imento : c o m p u t a d o r e s

definem qual elevador atende cada chamada, o

elevador que atende despacha ordem cancelando chamada dos out ros elevado-

res, q u a n d o se a t inge de t e rminada carga t r ans fe re chamada para carro mais

próximo. Além disso, o sistema examina se a cabina está no nível do pavimento;

caso contrário manda renivelar. O s modernos elevadores são providos de siste-

ma de segurança eletromecânico: se a cabina ultrapassar determinada velocida-

de, desliga automat icamente os motores e trava a cabina nas guias da caixa de

corr ida , fazendo-a deslocar-se até o pav imento mais p róx imo para liberar os

passageiros;

• elevadores com corrente alternada, com tensão e freqüência variáveis, com con-

trole da velocidade d o m o t o r : segundo Galdino2 1 1 , esses elevadores são mais

silenciosos, o consumo de energia é reduzido em até 35% e há menor necessida-

de de manutenção. Velocidade atinge normalmente 180m/min , sendo que pode-

ria atingir até 800m/min . Pela carga das pessoas na cabina, regula a energia de

GALDINO. I. Elevadores - Uma Visão dos Sistemas dc Controle Lógico e Acionamento Tecline - Revista d c Tecnologia da G>nstnição N° 30. 3 2 6 Editora f ini Süo Paulo, set/out 1997.

1 Figura 1 4 6

Aparelho F - Number (Fonte: LPE Engenharia)

Page 360: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

acionamento do motor, com maior economia de energia (corrente alternada com

variação dc voltagem, variação de freqüência c controle de fluxo);

• elevadores hidráulicos, com pistões monol í t icos ou telescópicos, velocidade de

até 6 0 m / m i n , o que o recomenda para edifícios com até 20m de altura. Ainda

c o n f o r m e G a l d i n o , esses elevadores apresen tam m e n o r preço dc aquisição c

menor custo de manutenção; as cargas são transmitidas diretamente para a fun-

dação, d i spensam con t r apesos , o que r edunda na poss ib i l idade dc caixas dc

menores d imensões .

Quan to às inovações no campo do t ransporte vertical dc passageiros destacam-se ainda

os elevadores panorâmicos e os elevadores com sistema de autodiagnóstico (ao detecta-

rem alguma irregularidade no funcionamento , " m o d e m " instalado no elevador comuni-

ca-sc, via discagem automática, com central de assistência técnica).

E m função de necessidades operacionais, comunicações mais rápidas, segurança e eco-

nomia de água ou energia, mui tos e q u i p a m e n t o s vêm sendo ainda inco rporados aos

edifícios, podendo-se citar:

• gerenciadores do consumo de energia elétrica;

• sensores de temperatura e luminosidade;

• controladores de consumo e vazamentos em instalações de água ou gás;

• sistemas internos de T V (podendo incluir elevadores);

• por tões eletrônicos;

• detectores anti intrusão;

• centrais de gás;

• a p a r e l h o s d c ar c o n d i c i o n a d o , a q u e c e d o r e s d c p a s s a g e m , l a v a - l o u ç a s , s e c a d o r a s

e o u t r o s e l e t r o d o m é s t i c o s a c i o n a d o s p o r gás n a t u r a l ( m u i t o e m v o g a n o J a p ã o ) ;

• insufladores / renovadores de ar (banheiros sem ventilação direta);

• equ ipamen tos para te leconfcrências ;

• centrais digitais dc PBX;

Page 361: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• pré-cablagem ou cabeamento estruturado: interligação de sinais elétricos dc bai-

xa intensidade, como telefonia, imagens (videoconferência) , informática e ges-

tão técnica do edifício (automação de sistemas de segurança patrimonial, segu-

rança ao fogo etc).

N o c a m p o do c o n d i c i o n a m e n t o artificial do ar, onde o e m p r e g o de vidros especiais

m e n c i o n a d o s no i tem 5.1 .6 tem c o l a b o r a d o para a me lho r i a d o d e s e m p e n h o d o s

s i s t e m a s c pa ra a r e d u ç ã o no c o n s u m o dc e n e r g i a , d e s t a c a m - s e os s i s t emas d e

i n s u f l a m c n t o VAV - v o l u m e de ar variável. At ravés de t e r m o s t a t o s insta lados nos

amb ien t e s registra-se a d i f e rença en t re a t empera tu ra do amb ien t e e a t empera tu ra

p r é - a j u s t a d a pe lo usuár io , e n v i a n d o - s e a i n f o r m a ç ã o a um c o n t r o l a d o r e l e t rôn ico

que regula a vazão do ar cond ic ionado no ambien te , a fim de mante r a tempera tura

cons tante . Tais sistemas podem func ionar ainda acoplados a sensores de movimento ,

o c o r r e n d o a insuf laçao d o ar c o n d i c i o n a d o s o m e n t e com a presença de pessoas no

a m b i e n t e .

Relativamente à geração do ar frio, a par dos aparelhos portáteis que vêm sendo desen-

volvidos (sem a necess idade de abe r tu ras nas paredes) , des tacam-se os sis temas de

termoacumulação, que pressupõe a reserva de gelo ou de água resfriada durante a noite,

vindo a reserva a ser utilizada durante o dia, diminuindo-se o consumo de energia nos

picos de demanda .

R e l a t i v a m e n t e à ge r ação dc água q u e n t e , de s t aca - se a c o n t i n u a d a subs t i t u i ção dc

c h u v e i r o s e t o r n e i r a s e lé t r icas p o r a q u e c e d o r e s de p a s s a g e m a gás. N o s g r a n d e s

edif íc ios , já vem sendo instaladas b o m b a s de calor e centrais de água quente , que a

g r o s s o m o d o p o d e r i a m ser c o m p a r a d a s c o m a q u e c e d o r e s de pa s sagem de g r a n d e

po r t e , ac ionados por gás.

Page 362: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Finalmente, no campo dos sistemas prediais de segurança contra incêndios, tem surgido

uma série de equipamentos detetores de gás, de fumaça ou de aumento da temperatura

(detectores iônicos, ópticos ou térmicos), com informações analógicas endereçáveis; tais

detetores são normalmente conectados a uma central na entrada do edifício, visualizando-

se rapidamente no quadro de comando onde ocorreu o princípio de incêndio. Nos edifícios

mais altos, tem se recorrido ainda a sistemas de pressurização de escadas enclausuradas.

5.3 • Racionalização da construção

A racional ização da c o n s t r u ç ã o passa ob r iga to r i amen te pela cor re ta coo rdenação

dimensional dos componen te s e pela racionalização dos proje tos , ocasião em que será

possível prever para o edifício a inclusão de shaf ts visitáveis, plenuns, pisos suspensos,

c o m p o n e n t e s pré-moldados , centrais de aquec imento dc água c ou t ros avanços. Tam-

bém no que se refere à racional ização do p rocesso cons t ru t ivo o p ro j e to é cie suma

importância, podendo-se recorrer às inúmeras inovações tecnológicas listadas nos itens

precedentes ; assim sendo, a nível de materiais, p rocessos ou equipamentos , as defini-

ções do projeto é que determinarão a maior ou menor eficiência da forma de construir, a

maior ou menor agregação de tecnologia ao obje to construído.

Na cons t rução moderna , balizada quase sempre p o r imperat ivos f inancei ros e prazos

exíguos, é imprescindível a utilização de equipamentos para bombeamento de concretos

e argamassas, de sistemas industrializados de fôrmas, de kits hidráulicos e elétricos, de

equipamentos motor izados para movimentação de cargas e de outros recursos técnicos.

Nos países mais adiantados, por exemplo, é relativamente comum as operações dc mon-

tagem de cozinhas e banheiros (gabinetes, através de engates rápidos, são acoplados aos

sistemas hidráulicos), de por tas e janelas pré-montadas (retira-se da embalagem e apara-

fusa-se o marco no contramarco), de estruturas pré-fabricadas para paredes, coberturas e

pisos (incluindo-se carcnagcm dc shafts , pisos dc box acoplados etc).

Page 363: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N o s sistemas tradicionais de cons t rução , pequenas e variadas fe r ramentas vêm sendo

desenvolvidas, visando atender aos requisitos e rgonômicos dos trabalhadores e aumen-

tar a produtividade dos serviços: gabaritos para o posicionamento de vãos, colheres em

" V ê " para o assen tamento dc b locos vazados, desempenadei ras para cantos c quinas,

rolos de espuma para aplicação de chapisco, apoios para caixas de massa, niveladores

para conc re t agem de lajes, f i tas adesivas com marcação das fiadas ( subs t i tu indo

escantilhão), padiolas e carrinhos adaptados para as características dos materiais a serem

transportados (Figura 147).

0 Figura 147

Caixas fie massa encaixáveis e carrinho para transporte fias caixas; carrinho projetado para o trans|>orte de blocos cerâmicos em pallets (Fontes: Metalúrgica Desterro e Selecta).

C o m o providências na direção da racionalização da construção pode-se ainda apontar o

fo rnec imen to de materiais em embalagens adequadas (pallets, p ro teção com filme de

poliet i leno), a adoção de centrais para cor te e d o b r a m e n t o de a rmaduras ( lembrando

que já existem fornecedores de armaduras pre-montadas) , as centrais de preparação dc

kits das instalações elétricas e hidráulicas, as centrais dc argamassa e a pré-moldagem

em canteiro: contramarcos, peitoris, vergas e contra-vergas, escadas, placas em argamas-

sa armada para fechamento de shafts, meio-fios, canalctas, lajotas e outros componentes.

Page 364: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

GESTÃO DA QUALIDADE NA EMPRESA CONSTRUTORA §

6.1 | Organização do sistema da qualidade

Um "sistema" pode ser entendido como o conjunto de procedimentos (o que fazer, como fazer,

quando fazer, como verificar), responsabilidades (quem faz) c recursos (com que fazer), visando

a gestão aperfeiçoada e o controle de todas as atividades do negócio ou do empreendimento.

A implantação de sistemas da qualidade nas empresas construtoras visa, portanto:

• regulamentar / documenta r ;

• controlar de forma planejada e sistematizada as atividades de projeto;

• controlar de forma planejada e sistematizada as atividades de construção;

• assegurar, em tempo hábil, a adequação dos recursos necessários à construção,

incluindo equipes, materiais, equipamentos e out ros insumos;

• melhorar a produt ividade e a qualidade dos serviços;

• reduzir os custos do empreend imento ;

• otimizar as relações com os clientes;

• melhorar a imagem da empresa / obter maior e melhor participação no mercado.

De acordo com Flovd212, sistemas da qualidade devem ser vistos como ferramentas gerenciais

integrais, implicando um "overhead" mínimo e contribuindo positivamente para o sucesso

dos empreendimentos da empresa. Dc acordo com o mesmo autor, se a empresa não tiver

em sua rotina procedimentos administrativos e de controle sistematizado da qualidade, só

ocorrerão mudanças sensíveis num per íodo de 18 a 20 meses. Calavera42 af i rma que os

resultados importantes do sistema da qualidade só aparecerão em 5 anos.

•>12 " " FI.OYD, I.. W. Qual ity Management Practice for Médium and Smaller Companie*. Publicado cm "Management Quali(> and F.conomks in

Building". pp 396 a 601. editcd bv Artur Hc7elga and Pcicr Krandon. I:. & l ; N Spon. l.ondon, 1991.

Page 365: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m vistas a i m p l e m e n t a ç ã o do s i s tema, Floyd212 r e sume a necess idade de criação de

qua t ro árvores , c o n f o r m e tabela seguinte:

Tabela 61: Organização do Sistema da Qualidade em Construtoras (Floyd)

ÁRVORES CARACTERÍSTICAS

FUNÇÕES

• ALTA DIREÇÃO

• GERENTES, COORDENAÇÃO DO SISTEMA DA QUALIDADE

• COORDENADORES DE OBRAS, ENGENHEIROS

• MESTRES, ENCARREGADOS

• FUNCIONÁRIOS

GERENCIAMENTO

• ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS

• FLUXOG RAMAS

• PROCEDIMENTOS POR ESCRITO

• NORMAS OPERACIONAIS

• PLANOS DE CONTROLE

INTERFACES

• RELAÇÕES INTERDEPARTAMENTAIS

• COORDENAÇÃO DE PROJETOS

• RELAÇÕES C O M FORNECEDORES

• RELAÇÕES C O M SUBEMPREITEIROS

• RESPONSABILIDADES

DOCUMENTAÇÃO

• MANUAL DA QUALIDADE

• PROCEDIMENTOS DE OPERAÇÃO DO S.Q.

• PLANILHAS DE CONTROLE

• AUDITORIAS INTERNAS

• ARQUIVO E DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS

S i 0 h o l t 2 B e n f a t i z a a i m p o r t â n c i a d c q u e o s i s t e m a d a q u a l i d a d e , c o s d e c o r r e n t e s

p l a n o s d a q u a l i d a d e p a r a as o b r a s , s e j a m d e l i n e a d o s p o r p e s s o a l d a p r ó p r i a e m p r e s a ,

SI0IIOI.T, O. Norwcgian Quality Muiiujjciitcni System Rcady for u*c in EIíC. Publicado cm "Management t^iuliiy atui llconomio in Building", 3 3 2 pp W>2 a 899. edited b> Artur Bilclga and Pcier Brandon. l i & I- \ Spo». laiiwlon. 1991.

Page 366: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

c o n h e c e d o r e s de todas suas caracter ís t icas . A ut i l ização das n o r m a s ISO 9.000 ou

o u t r o s mode los devem servir apenas de apo io para e s t ru tu r a r o s is tema, c o n f o r m e

Figura 148.

1 Figura 148

Montagem do sistema da qualidade pela empresa.

C o m o premissa, o sistema da qualidade deverá ser aderente com as realidades estruturais

e con jun tu ra i s da empresa . Modelos eu ropeus ou japoneses , mui to teór icos c mui to

formais, cer tamente não se adaptam à grande maioria das nossas empresas de constru-

ção. Parece-nos que nossa capacidade de resolver problemas ("jeitinho brasileiro") e, até

cer to ponto, de improvisar, é uma característica positiva que deva ser explorada.

N o entanto, haverá de existir o mínimo de organização, de método, de planejamento, de

acompanhamento e de burocracia. Por onde iniciar o processo de melhoria da qualidade

e da produt iv idade? Antes de tudo, o alto escalão da empresa deverá decidir se esse

processo é ou não necessário. Nesse sentido, e se possível com prévia leitura dos capítu-

los precedentes, sugere-se que os diretores ou acionistas ponderem a situação geral da

empresa, por exemplo com o preenchimento da Tabela 62 a seguir (para cada atributo,

deverá ser atribuído conceito dc 1 a 5, cor respondendo 1 à pior e 5 à melhor situação).

Page 367: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 62: Tomada de decisão sobre necessidade de programa de gestão

ATRIBUTOS CONCEITOS ATRIBUTOS

5 4 3 2 1

1. Nossa empresa conhece muito bem o mercado em que atua, o perfil dos consumidores, a força das empresas concorrentes

2. Nossa organização define com precisão as responsabilidades, as funções, os fluxos e as interfaces entre departamentos e setores

3. Nossos empreendimentos são baseados em estudos de mercado, análise de riscos, avaliação tle tecnologias e tle processos

4. Só assumimos riscos calculados, sem prejuízos significativos ã qualidade, segurança, prazos e saúde financeira dos projetos

5. Nossos sistemas de gerenciamento são modernos, informatizados, com planejamento e acompanhamento tios custos e da produção

6. Nossa política de RH é muito boa: nossos trabalhadores são bem remunerados, bem treinados, com grau elevado de motivação

7. Nossos engenheiros e técnicos estão atualizados com modernas tecnologias e materiais, conhecem perfeitamente os processos

8. Nossos processos produtivos são muito racionalizados, com apoio de equipamentos modernos c bom grau de automação

9. Nossos projetos tle produção são adequados: quantificação e orçamentação de insumos, cronogramas, planos de controle

10. As condições das obras são excelentes: layouts dos canteiros, alojamentos, boas condições de higiene e segurança no trabalho

11 . Nossos projetistas e nossos projetos são excelentes: bem coordenados, bem detalhados, com memoriais e especificações corretas

12. Controlamos adequadamente a atualização dos projetos executivos nos canteiros; concluída a obra, o "as built" está pronto

13. Nossos processos de compra são bem conduzidos: cotações, especificações claras, critérios para recebimento de materiais

14. Temos excelente sistema dc seleção dc fornecedores: fazemos um histórico dc preços, prazos tlc entrega, qualidade, prontidão

15. Nossa documentação é muito boa: procedimentos executivos, normas para compras e subcontratações, listas de verificação, etc

16. Nosso sistema tle informação é bom: canais formais, protocolos, mensagens claras, certeza fie que foram recebidas o entendidas

17. O sistema tle arquivo é bom: no máximo em 5 minutos conseguimos recuperar qualquer documento ou arquivo informatizado

18. Ao final de cada obra efetuamos exaustiva análise crítica: projetos, construtibilidade, processos, equipes, fornecedores

19. As patologias que ocorrem em nossas obras são desprezíveis; ademais, sua catalogação serve para evitar a repetição tle falhas

20. A produtividade é boa, o preço é competitivo. Nossa margem de lucro está otimizada, não há mais nada que possa ser feito.

5 plenamente correto 4 correto 3 talvez 2 errado 1 totalmente errado

Page 368: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A tabela anterior é somente sugestiva: cada empresa poderá subtrair ou adicionar outros

a t r ibu tos , como análise crítica de con t ra tos , p lanos de inves t imento , busca de apoio

tecnológico, p rogramas de desenvolv imento tecnológico, a c o m p a n h a m e n t o das obras

pelos projet is tas , programas dc manutenção dc equipamentos , mé todos adotados para

prevenção de falhas, nível de subcontra tações prat icado pela empresa , habilidades dos

gerentes intermediários, recursos de assistência pós-venda, benefícios gerais antevistos

com a implantação de um sistema da qualidade.

A pon tuação crítica que sinalizará a necessidade ou não dc um sistema da qualidade

t ambém deverá ser def inida em função da realidade de cada empresa . C o m o simples

ins t rumento dc reflexão, cons iderando os vinte a t r ibutos listados e a possibilidade dc

pon tuação que varia dc 20 até 100, cstabclcccm-sc as seguintes observações:

a) se houver, em muitos itens, grande disparidade entre a análise dc valor de cada

sócio (um considera: 4 ou 5, o outro: 1 ou 2), provavelmente seja melhor alguém

arrumar novo sócio;

b) soma de pontos igual ou superior a 75 pode significar que tudo vai muito bem

na organização; ações localizadas na busca da melhoria cont ínua poderão ser

tomadas ;

c) soma dc pontos entre 50 c 75 pode significar que as coisas vão razoavelmente

bem na organização; ações visando a melhoria da qualidade, entretanto, deverão

ser tomadas;

d) soma de pontos entre 25 e 50 sugere a imediata implementação de programas da

qualidade, atacando-se com certa urgência os atr ibutos com menor pontuação;

e) soma de pontos abaixo de 25 pode significar que os sócios deveriam buscar um

novo ramo de atividade;

t) cm qualquer situação, pontuação 1 ou 2 significa que ações cmcrgcnciais deverão ser

tomadas, independentemente de se pensar em sistema ou programa da qualidade.

C o n c l u i n d o - s e pela necess idade de um p roces so de ges tão , a q u e s t ã o que surge c

c o m o priorizar necessidades, estabelecer metas e estratégias, def inir c detalhar ações.

Page 369: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N e s s e p o n t o , p o d e - s e r e c o r r e r a uma ex tensa re lação de p r o b l e m a s , ex is ten tes ou

pass íveis de oco r r ênc i a . E necessá r io d iagnos t i ca r com exa t idão cada p r o b l e m a ,

anal isando-se suas potenciais conseqüências no que se refere à:

• qual idade / durabi l idade / d e s e m p e n h o global da obra acabada ou do p rópr io

programa como um todo;

• segurança (dos trabalhadores, dos usuários da obra ou de terceiros);

• custos (tanto os diretos, como aqueles relativos à manutenção ou correção de

patologias) ;

• p rogramação / produt iv idade;

• p r a z o s .

Assim, com base nos p rob lemas ident i f icados nos capí tulos anter iores , e r eco r rendo

ainda à metodologia da análise do valor, sugere-se a adoção do seguinte sistema de

anál ises:

a) reunir os problemas em grupos dc requisitos ou atributos;

b) considerando o tipo de empreendimento , local da obra, condições de financia-

mento e outros parâmetros , classificar os problemas em função dos potenciais

prejuízos ou conseqüências (graus 1 a 5), relativamente à qualidade, segurança,

custos, produtividade e prazos;

c) ainda considerando as características particulares da obra, poderão ser atribuídos

pesos aos diferentes requisitos: por exemplo, peso 2 para qualidade e seguran-

ça, peso 1 para os demais fatores;

d) computar pontuação c estabelecer priorização dos problemas a serem atacados.

A metodizaçâo propos ta para análise dos problemas conduzirá a um diagnóstico mais

preciso da situação da empresa, quesito fundamental para a tomada de decisões e correta

inversão dc recursos. Reunindo-se os p rob lemas em g r u p o s , e ouv indo engenhei ros ,

gerentes , mestres e encarregados, sugere-se a utilização dc listas de análise dc proble-

mas, con fo rme exemplos apresentados nas Tabelas 63 a 66 a seguir:

Page 370: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 63: Lista de análise de problemas relativos aos recursos humanos

PROBLEMAS Reflexo na: PROBLEMAS

qualidade segurança custos produtiv. prazos soma

1. Desmotivação

2. Inabilidade

3. Absenteísmo

4. Dificuldade de entender ordens

5. Dificuldade de cumprir ordens

6. Operação inadequada de equipamentos

7. Desarmonia entre equipes

8. Elevado índice dc acidentes no trabalho

9. Produtividade em geral muito baixa

TOTAL

5 muito importante 4 importante 3 médio 2 pequeno 1 desprezível

Tabela 64: Lista de análise de problemas relativos à produção

PROBLEMAS Reflexo na: PROBLEMAS

qualidade segurança custos produtiv. prazos soma

1. Acompanhamento técnico deficiente

2. Falhas de programação/concatenação das etapas

3. Falhas de locação/irregularidades geométricas

4. Falta de modulação de blocos, caixilhos etc.

5. Des|)erdício de material, muita queixa de materiais

6. Excesso de paradas c esperas

7. Excesso de retrabalho

8. Excessivos engrossamentos em lajes e paredes

9. Quebra constante de equipamentos

10. Entrega errada de materiais

1 1 . Canteiros muito congestionados

TOTAL

5 muito importante 4 importante 3 médio 2 pequeno 1 desprezível

Page 371: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 65: Lista de análise de problemas relativos aos projetos

PROBLEMAS Reflexo na: PROBLEMAS

qualidade segurança custos produtiv. prazos soma

1. Muita demora no recebimento dos projetos

2. Muita demora no recebimento de modificações

3. Utilização de pranchas que foram substituídas

4. Falta de detalhamento dc alguns projetos

5. Projetistas não têm visitado a obra

6. Falta de projetos específicos

7. Projetos com tecnologias desatualizadas

8. Interferências entre projetos

TOTAL

5 muito imporlante 4 importante 3 médio 2 pequeno 1 desprezível

Tabela 66: Lista de análise - incidência freqüente de problemas patológicos

PROBLEMAS Reflexo na: PROBLEMAS

qualidade segurança custos produtiv. prazos soma

1. Fissuras em vigas recém desformadas

2. Destacamentos entre alvenarias e pilares

3. Destacamentos entre alvenarias e vigas

4. Entupimento de tubulações com calda dc cimento

5. Pisos com caimento invertido

6. Estrangulamento de tubos - dobra da impermeabil.

7. Descolamento de placas cerâmicas da fachada

8. Ruptura de braços de janelas projetantes

9. Fissuras no corpo da platibanda

10. Vazamentos de tubulações de esgoto

11 . Manchas amareladas no revestimento de gesso

12. Descolamento da capa de |X>rtas de banheiro

13. Ruptura de curvas e "Tês" do kit hidráulico

TOTAL

5 muito importante 4 importante 3 médio 2 pequeno 1 desprezível

Page 372: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O emprego de tal metodologia possibilitará não só a identificação dos problemas princi-

pais, como também a área da atividade mais problemática: projetos, produção, recursos

humanos , etc. Poderão ser preparadas outras tabelas além daquelas exemplificadas (pro-

blemas nas compras , p rob lemas com subemprei te i ros) . As tabelas de análise poderão

ainda ser desdobradas em tabelas mais detalhadas, como por exemplo: BAIXA PRODU-

T I V I D A D E (alvenarias, contrapisos, telhado, instalação de água quente e outros elemen-

tos), DESPERDÍCIO D E MATERIAIS (cimento, concreto, telhas), QUEBRA D E EQUIPA-

M E N T O S (betoneiras, vibradores, serra elétrica c outros).

Identificados os problemas mais importantes, pode-se partir para o diagnóstico de cada

um deles, recorrendo-se por exemplo às técnicas mencionadas no Capítulo II (diagrama

de Ishikawa, MAMP - Método de Análise c Melhoria de Processos, etc). Na análise das

causas de cada problema deverão ser pesquisadas todas as variáveis relativas aos recur-

sos humanos, gerenciamento e tecnologia. O u t r o bom método para investigar as causas

dc falhas é aquele designado "5M + D"; ou seja, as falhas sempre estariam relacionadas a:

- 1° M: Management (gerenciamento);

- 2° M: Method (processo);

- 3° M: Man (mão-de-obra);

- 4" M: Machinc (equipamentos);

- 5° M: Materials (materiais);

- D: Design (projeto).

C o m o alternativa ao gráfico de Ishikawa, podem ser adotadas tabelas semelhantes àque-

la exemplif icada a seguir; além da ident i f icação das causas d o p rob lema, deverão ser

estabelecidas as medidas necessárias para sua correção, indicando-se também responsá-

veis e recursos necessários. E m resumo, devem ser respondidas as perguntas : O quê

fazer? Como fazer? Quando fazer? Quem vai fazer? Com quais recursos fazer?

Page 373: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 67: Roteiro para resolução de problemas (exemplo)

PROBLEMA: Destacamentos entre alvenarias e pilares

Diagnóstico dc causas relacionadas a: Soluções / providências

1. Processo

- ferros cabelo muito espaçados

- ferros cabelo de pequeno 0

- adotar ferro com 0 6mm, a cada 40cm, com arranque mínimo

de 40cm na alvenaria, com penetração mínima de 6cm no

concreto

- engenheiro residente deve passar imediatamente esta instrução

ao mestre e encarregados dc alvenarias

2. Mão-de-obra

- furos com profundidade muito pequena

- furos desbitolados (inclinação da broca)

- pouco contato da argamassa com o pilar

- mestre deve treinar operários para que a broca atue serrpre

perpendicularmente ao pilar

- ojx-rários devem adotar gabarito para verificação da

profundidade dos furos: mestre deve providenciar gabarito

- mestre deve instruir operários para que os blocos sejam

encabeçados com excesso de argamassa, assentados com pressão

contra o pilar, com refluxo de argamassa

3. Equipamentos

- furadeira com pequena potência - substituir furadeiras |>or furadeiras de impacto

- engenheiro residente requisita imediatamente ao setor cie

compras duas furadeiras

4. Materiais

- argamassa com traço muito pobre

- cola epoxv com elevado tempo de cura

- enriquecer o traço da argamassa com cimento, para os blocos

em contato com pilares (cimento adicionado num canto da caixa

de massa)

- mestre passa essa instrução imediatamente para o encarregado

- assim que terminar o estoque, engenheiro deve especificar no

pedido de compra "cola À base de |X)liester"

5. Projeto

- não previu detalhe construtivo - coordenador de obras deve comunicar projetista para irserir as

técnicas de 1 a 4 nos próximos projetos e memoriais

6. Gerenciamento

- Procedimento "Alvenarias de Vedação"

não especifica este detalhe construtivo

- alterar procedimento, introduzindo a exigência de previsão deste

detalhe construtivo

- CQ intensifica verificação do cumprimento do detalhe

(no mínimo, 20% dos encontros)

Page 374: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Com maior ou menor aproximação, os sis temas da qualidade deverão adotar estrutura

semelhante àquela p ropos t a na ISO 9004 (engenharia de p r o d u t o s , supr imen tos etc,

con fo rme Figura 42 no capítulo II deste trabalho). Como af i rmou Vela54, a política deve

ser clara, os obje t ivos a t re lados à realidade, a eficácia c o n s t a n t e m e n t e avaliada, c as

equipes pe rmanen temen te treinadas e motivadas.

O problema mais sério será a operacionalização cm si do Sistema: certa burocratização,

conf l i to dc responsabi l idades, incer tezas c indef inições . Especialistas214 revelam que a

contratação de uma consultoria pode ajudar, " m a s só a e m p r e s a p o d e r á fazer a q u a -

l i d a d e " . Q u a n t o à escolha da consultoria, são indicados oi to itens a serem avaliados:

• preço: a contra tação pelo menor preço está fadada ao insucesso;

• histórico: quais foram os casos exitosos em consultorias semelhantes;

• clientes-, a consulta a out ros clientes do consultor é sempre recomendável (não

só aqueles indicados pelo consul tor) ;

• profissionais: o conhec imen to do curr ículo é fundamenta l ; cuidado para não

tratar a prestação do serviço com um e ser a tendido por ou t ros profissionais

menos qualificados; "contratar um consultor é como contratar um advogado: a

empresa vai ter que revelar muitos segredos e vai ter que seguir orientações por

caminhos que ela desconhece, tendo que confiar exclusivamente no consultor";

• amizade, este critério nào deve nortear a escolha (não sendo contudo impeditivo);

• comprometimento-, se a empresa nào estiver decidida a seguir a orientação do

consultor, se nào houver compromet imento da alta administração, a tendência é

o projeto fracassar;

• responsabilidades-, diretores e representantes da empresa no Programa da Qua

lidade devem empenhar-se com toda a seriedade;

• contrato: não devem ser aceitas multas pesadas por r omp imen to do cont ra to ;

tais multas podem ser indício dc que a consultoria visa lucrar com o eventual

fracasso do projeto.

CONCWÇÂO, 1:_ Revista "Qualidade na Construção". Liberdade, Igualdade, Qualidade. Rdiçio n° 10, pp 22-.VJ, Sind. tia IndÚMria d.t Construção Civil do lu tado <lc Sào Paulo. Sào Paulo. 1998.

Page 375: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m o passos para imp lemen tação do s is tema da qual idade , v i sando inclusive sua

certificação por entidade de terceira parte, Mattei2 '5 sugere:

I o p a s so : diagnóstico inicial

O diagnóstico deve ser focado nos processos c nas pessoas; seu resultado deve prover os

responsáveis diretos pelo desenvolvimento do sistema da qualidade dc informações ne-

cessárias para entender as barreiras a serem transpostas.

2" pa s so : treinamento

As pessoas encarregadas pela empresa para o desenvolvimento do sistema deverão ser treinadas

para que entendam perfeitamente os requisitos da norma ISO a ser aplicada (9001 ou 9002).

A equipe de implantação deverá ainda ter conhecimento, pelo menos geral, de todas as

normas da serie 9000, preparando-se para as auditorias internas dc acordo com a norma NBR

ISC) 10011. Deverão ser adquiridos conhecimentos sobre f luxogramas, elaboração de

procedimentos (linguagem adequada para os usuários), ferramentas estatísticas e outros.

3" pa s so : desenvolvimento do sistema

Definir a política da qualidade. Entender os processos atuais (inclusive administrativos),

questioná-los à luz dos requisitos internacionais c da política da qualidade estabelecida,

definir a estrutura da documentação do sistema, descrever e aprovar os procedimentos.

Este passo deverá ser desenvolvido com ampla participação dos funcionários envolvidos.

4" p a s s o : implementação do sistema

Nesta fase, o t reinamento deve seguir a hierarquia da empresa (diretores treinam enge-

nheiros c gerentes, que treinam mestres e encarregados, que treinam funcionários). Após

implementado, o sistema deverá passar por auditorias internas, forma dc checar a ade-

rência dos procedimentos às práticas da empresa.

2 1 1 MATTP.l. J. A. A ISO 9000 Aplicada ú Cons t rução Civil. Artigo publicado cm Tcclmc - Revista dc Tecnologia da Construção. n° Í4, p p 24-25. Editora Pini. 1998.

Page 376: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

5° pas so : seleção e contratação da entidade certificadora

Nem codas as certificadoras são credenciadas pelos órgãos governamentais competentes.

N o caso de exportações, verificar se a entidade é credenciada pelos respectivos órgãos

dos países para os quais se p re t ende exportar* . Cond ic iona r ainda que a análise dc

documentação seja realizada no própr io escritório da empresa const ru tora , exigir que a

ce r t i f i cadora t raba lhe com aud i to res p r ó p r i o s e não s u b c o n t r a t a d o s , não optar por

organizações que trabalhem simultaneamente com auditoria e consultoria, o que poderia

gerar conf l i tos dc interesses e mesmo dúvidas éticas no processo de certificação.

Mattei explica que o sucesso de um programa da qualidade depende, antes de tudo, do

apoio integral do alto escalão da empresa. Estabelece ainda algumas advertências para

que este sucesso possa ser atingido:

a) a tendência dos engenhe i ros é p rocura r so luções em tecnologia: no caso da

gestão da qual idade as soluções são gerenciais e passam necessar iamente por

pessoas ;

b) o programa é da "empresa" como um todo; não se deve depositar a responsabi-

lidade da sua implantação em uma única pessoa (o gerente da qualidade, por

exemplo ) ;

c) não se pode deixar dc definir prazos, tanto para as etapas intermediárias como

para a complcmentaçào do processo;

d) a empresa deve ser focada por "processos" , e não por depar tamentos;

e) não se deve iniciar o programa redigindo-se procedimentos (departamentais) de

" c o m o deveria ser a empresa" , mas sim plancjando-se o sistema da qualidade c

definindo-se as estratégias para sua "assimilação";

í) não idealizar que o programa termine com a certificação; na verdade, o processo

de melhoria continua inicia-se neste momento ;

No ca»o ila construção civil, tendo cm vista * globalização c .1 possibilidade de atuação da empresa brasileira no exterior, Mattei r eomenda que a certificadora seja credenciada pelo INMKTKO e pelo órgão competente dos l:.UA (RAB).

Page 377: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

g) não criar expectativas irreais;

h) aplicar sempre os recursos de forma adequada, com especial atenção no treina-

mento e motivação da força de trabalho;

i) adotar métodos eficazes, para que seja rompida a antiga forma de raciocínio de

todos os colaboradores da empresa.

6.2 0 R e c o m e n d a ç õ e s para e l a b o r a ç ã o d o manua l da qua l idade

Todo o sistema da qualidade da empresa construtora deverá fazer parte do "Manual da

Qual idade" , incluindo-se neste documento :

• Apresentação / Objet ivos

• Ident i f icação da empresa

• Paginação numerada / Seções

• N ú m e r o c data da edição do Manual

• N ú m e r o e data da revisão (se efetuada)

• Assinaturas dos responsáveis (elaborador, verificador c aprovador)

• Política da qualidade da empresa

• Descr ição da organização

• Descrição do sistema da qualidade

• Organogramas , competências c responsabi l idades do pessoal que gerencia, de-

sempenha e verifica atividades que influem na qualidade

• Descrição das diretrizes relativas aos requisitos das normas ISO 9000

• Lista dos procedimentos adotados (gestão de contratos, projetos, processos, ins-

peções e ensaios, t ra tamento das não conformidades , arquivamento e atualiza-

ção dc documentos )

• Descrição detalhada, com fluxograma, dos procedimentos

• Auditorias externas

• Formação e qualificação de pessoal.

Para as empresas do ramo da construção civil, com base inclusive nos estudos de Si0hol t ,

pesquisador do Norwegian Building Research Institute, sugere-se a estruturação apresen-

tada na Figura 149 a seguir.

Page 378: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

CONSIRUIORA SILVA

MANUAL OA QUALIDADE

vxião I (.Artflt)

Aspectos g e r a s 1

Administração 2

° Planejamento J

Projetos 4

o Compras S

Produção i Entrega d a obra 7

Aspectos g e r o s

A;eeien!»;l>

O rtwi IJerfl6c»;io da ecçrei»

Pciui dt q-j»fedlde

C*. u n i iram»

Deicnçlo do »«teir.»

á» oMliUir

3

Administração

. -rj-j;cf!i':r:p:íj iVúJjlc:

. Recurso* hunMow o

. Sutemu ccaubeu

.Cunoi

. Ccer;xi:»>;òei

0 . Ccesole de doc\e*ntoj

. Gertis de coatiaiw

• St juroJ • Venda»

Compras

3

. Subc :rJTal«({<t

. Docurcettos de cccçxi

. Eíje«6c»<lo de comprM

. Prxesso dt cofnpiv

. Receboento de mtfen.»

.C»!usa de trcnecedores

3

Plonejomcnto

. Propjm.» de neceindjlet

. Estuda d? Tub&dade o

. Ankfcse de tecncü3j>u

. fUáonair de pr«ess«

. Anttie de nrco»

9 • Ctttero de oUis

. Scpnrtenwi

. Equpei

. Mm» de cceaole

3

Produção

•Projete d» prodjçJo

•Trecuraento

O .STJJTÜ;! no trV>a

.Piccedmetioi de execuflo

. M >101x1

. t^mtttosJUrrxantu O . Recelenecto de semfO*

. Cceeolr dti nteifocei

. Medjçíe»

.Cceirole d- cultos

.•Ai BuY

Projetos

. Levcí4o*n:os

. Le jjtUç «3 / Ktmúz*; Io o

.Aste-pcojeto»

. Picjeto» executivo»

. Mrn>CTSi/e>peafic«t&ei

0 .Qu«efi6e4tls/orc»roer>!o

. Ankiie de ftojetot

. C«tór«t»;lo de jeejtta

. C«Ofíesu;i« de prcjc?os

Entrega d a obra

. lirjeçio fin«! d» obr»

. K de cç i Jo e

m«»iUnf l» . V.xml do {rojortíno

. tUaet» de feojtte-s

. Ainitàutt pO»-vrwl»

. Aníiie cntici d» ofer»

O Figura 149 Proposta para organização do Manual da Qualidade da empresa construtora.

3

3

Considerando a estruturação proposta , e as características típicas observadas na maioria

das cons t ru to ras brasileiras, serão estabelecidas em seguida diversas recomendações e

comentár ios .

6.2.1. Aspectos gerais

O organograma da empresa deverá indicar todos os departamentos,

inclusive o dc G e s t ã o da Qual idade (que poderá ser uma

coordenador ia , uma comissão , etc). Impor t an te que o g rupo da

qual idade responda d i re tamente à alta d i reção da organização,

f o r m a de legitimar a "Polí t ica da Q u a l i d a d e " e de dis t inguir

claramente entre quem produz c quem controla.

A s p e c t o s gera i s 1

A d m i n i s t r a ç ã o 2

° P l a n e j a m e n t o 3

Projetos 4

o C o m p r a s 5

P r o d u ç ã o 6

En t rega d a o b r a 7

Page 379: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Inicialmente, chama-se atenção para o estabelecimento da Política da Qualidade: devem

ser evitadas formas evasivas ou artificiais como: "Sempre lutaremos pela qualidade: os

objetivos dessa empresa são o Cliente e a Pátria \ Pelo contrário, a Política da Qualidade

deve revelar compromissos concretos com os acionistas, com os funcionários (clientes

internos), com os consumidores e com a sociedade como um todo. Deve refletir o nível

de conscient ização e de esclarecimento d o empresár io , expresso na f o r m a de política

industrial, política de empregos, profissionalização dos funcionários, estratégias para atingir

o mercado, planos dc investimento c outras coisas concretas.

O "Sistema da Qua l idade" deverá ser pe r f e i t amen te descr i to: A que veio? O que se

pretende? Quais os mecanismos? Quem são as pessoas? Quais as metas, os prazos? Enfim,

qual a organização p ropos t a para que os obje t ivos possam ser at ingidos. Impor t an t e

prever, de saída, a atuação entre as inúmeras interfaces departamentais e quais as formas

que serão acionadas para que se ob tenha a maior motivação e a maior participação de

todos os funcionários: nesse sentido, alguns mecanismos são "caixa de sugestões", "reu-

niões semanais na obra", "círculo da qualidade", "brainstorming" e "brainwriting".

Aspectos g e r o * 1

Adminis t ração 2

° P l a n e j a m e n t o 3

Projetos 4

o C o m p r a s 5

P r o d u ç ã o 4

Entrega d a obra 7

Dc forma concisa, deverão ser formalizadas as rotinas dc administração da companhia,

que de há muito são adotadas mas, em geral, não registradas: contratações e demissões,

contabilidade, contas a pagar e a receber, sistema de custos, encargos, controles do fluxo

6.2.2. Administração

As funções e as responsabilidades deverão estar claramente definidas.

E necessário saber dentro da empresa quem faz o quê, quem responde

prá quem. Nesse contexto, inspetores e auditores da qualidade nunca

deverão dar ordens, e muito menos admoestações, para o pessoal da

produção: gerentes, engenheiros e coordenadores deverão ser acionados.

Page 380: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

de caixa, p rev i sões de despesas e receitas, p r epa ração de concor rênc ias , balancetes ,

con t ra tação de seguros, in format ização dos p rocessos administrat ivos. T u d o deve ser

preparado como, se a partir de amanhã, todos os funcionários e diretores viessem a ser

substituídos: nesse caso hipotético, que instruções teria o pessoal que viesse a assumir?

Relativamente à política de recursos humanos, deverão ser estudadas as formas de remu-

neração direta e indireta (cesta básica, vale transporte, bolsas de estudo, planos de assis-

tência médica), sendo muito recomendável o estabelecimento dc um plano de cargos c

salários, fo rma de to rnar t ransparente as f o r m a s pelas quais cada func ionár io poderá

ascender de cargo dentro da companhia. Aqui, valem todas as observações apresentadas

no capítulo II, item 2.4, relativamente à profissionalização e motivação dos trabalhado-

res; vale-se lembrar mais uma vez que, sem eles, a contratação de consultores c o estabe-

lecimento de sistemas, normas e manuais será puro diletantismo.

Deverão ser diagnosticadas necessidades e previstas formas de treinamento para todos os

níveis funcionais, particularmente para os funcionários da produção: alfabetizaçào, leitura de

plantas, assentador de azulejos, eletricista, etc. Para os engenheiros tia produção é recomendável

a realização de pequenos cursos sobre gerenciamento e tecnologia (argamassas de revestimento,

patologias das construções). Para todos os setores administrativos c gerenciais, cursos sobre

relações humanas, planejamento c informática são sempre recomendáveis.

Relativamente às comunicações, deverá ser estabelecido um sistema formal, recorrendo-

se a impressos próprios, fax, correio eletrônico ou outros recursos; comunicações infor-

mais, recados e te lefonemas obviamente que deverão ser utilizados, seguindo-se comu-

nicação formal para todos os assuntos importantes. Vale lembrar que o problema do mal-

entendido é um dos mais graves nas nossas empresas construtoras (apontado por quase

50% dos entrevistados, c o n f o r m e item 2.4): os especialistas dizem que, nas comunica-

Page 381: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ções com um operário, só teremos certeza de que a mensagem foi perfeitamente enten-

dida se este conseguir reproduzí-la logo em seguida.

A simples emissão de uma mensagem ou de uma ordem não garantirá que a mesma seja:

a) recebida; b) /ida; c) entendida; d) cumprida. Segundo DesmadryP 1 6 , um dos aspectos

que mais prejudica a qualidade das obras diz respei to à comunicação: informações fa-

lhas, subentendidos e mal entendidos geram diversas anomalias, desde aquisição errada

de materiais até a utilização de pranchas de proje to que já foram substituídas. Relativa-

mente à comunicação, este especialista estabelece os principais requisitos de produção,

circulação c conhecimento / adoção de informações con fo rme Tabela 68 a seguir.

Quanto aos arquivos, os japoneses (Método dos "5 S") pregam que qualquer documento

deve ser recuperado no prazo dc 20 segundos; para o Brasil, consideramos cinco minutos

um prazo razoável. Os sistemas de arquivos devem ser providos dc índices, numeração

seqüencial de documentos (circulares, cartas, etc), controles das numerações seqüenciais,

controles dos documentos cancelados ou substituídos; para os arquivos eletrônicos, muito

prudente sua identificação no rodapé da primeira página impressa do documento.

Relativamente ao arquivo de documentos impressos, Meseguer55 recomenda a verificação

do a tendimento aos requisitos listados na Tabela 69 a seguir.

Ainda em relação à administração, atenção especial deverá ser dada à política dc vendas

(lançamentos, incorporações), às estratégias e recursos de marketing disponíveis: "stands",

mídia eletrônica, panfletagem, atuação visando o cliente individual ou as concorrências

públicas. Relembra-se que o se tor de vendas de qua lquer empresa mercant i l é quem

ativa todos os processos dentro da companhia: em função das vendas é que se dimensiona

2|A Dcsmadrj l ci alli. I.a Gcsdon dc Ia Q u a l i i t dano Ia Pfóparai ion <lti Chant icr . Club Construciion & Qualitc. Miniucre dc I.'Equipcmcntc. du Ix>gcmcni. des Transpom ct dc Ia Mcr. Paris. 1990.

Page 382: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 68: Produção de informações num sistema eficiente de comunicação

Exigências relativas a: Necessidades

Natureza das informações Aderência geral com o sistema da qualidade ou plano da cjualidade do

empreendimento

Natureza das informações

Materiais e componentes: planos de inspeção, formação de amostras, controle

geral dc recebimento

Natureza das informações

Elencamento de pontos críticos e pontos imprescindíveis, visando os controles e

sobretudo a prevenção dc falhas

Natureza das informações

Elencamento de pontos críticos relativos às interfaces entre os diferentes projetos,

serviços e equipes ou subempreiteiras

Veiculação das informações Criação do "organograma de comunicações", com definição das

responsabilidades dos diferentes intervenientes (emissão, distribuição, arquivo)

Veiculação das informações

Estabelecimento dos processos de emissão, modificação, substituição,

arquivamento e conservação de documentos

Veiculação das informações

Avaliação do sistema de informações relativamente à identificação das

mensagens (numeração, índice, assinaturas), clareza e correta relação dos

destinatários

Veiculação das informações

Controle do recebimento das mensagens pelo pessoal interessado

(sistema dc protocolo, por exemplo)

Utilização das informações Verificação da real adoção das medidas e resoluções contidas nas mensagens

(acompanhamentos)

Utilização das informações

Verificação da atualidade das informações (projetos, circulares, etc) disponíveis

em cada setor / cada interveniente

a produção, e não o contrário. Com o advento do Código de Defesa do Consumidor1 1 7 ,

mui to cuidado com as promessas c anúncios de cor re tores desavisados: qualquer pro-

messa devidamente tes temunhada , mesmo que descabida, deverá ser cumprida ou res-

sarcida pela construtora. Esta poderá ainda ser processada por "propaganda enganosa",

cor rendo o risco de variados ônus.

2 1 BRASll- Ixi n° 8078. dc 11/09/90. Código tle Defesa do Consumidor. Bra*ili». setembro dc 1990.

Page 383: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 69: Lista de verificação para arquivamento de documentos (Meseguer55)

QUESITO

Atendimento PROVIDÊNCIAS QUESITO

SIM NÃO PROVIDÊNCIAS

1. Existe procedimento para guarda definitiva dos documentos da obra?

2. Existe arquivo apropriado na obra?

3. Existem instruções para utilização dos arquivos?

localização / responsáveis

relação de documentos arquivados

sistema de atualização de documentos

fluxos de distribuição de documentos

4. O proprietário da obra recebeu todos os documentos que constituem

o arquivo definitivo?

5. A documentação encontra-se arquivada com a correta identificação?

6. Arquivos são convenientemente protegidos contra

umidade e inundações

fogo

insetos e roedores

7. É adequado o sistema dc manutenção / preservação dos documentos?

8. Os arquivos são inspecionados / atualizados com a periodicidade devida?

A gestão de con t ra tos deve ser procedida com toda cautela, tan to com fornecedores ,

subemprei teiros ou consumidores . Nos contratos de fornecimento de material ou mão-

de-obra devem ser inser idas cláusulas relativas à garant ia da qual idade; sempre que

prat icável , deve-se exigir de f o r n e c e d o r e s de materiais e c o m p o n e n t e s p rocessos de

certificação da conformidade, conforme foi analisado no item 2.3 — Capítulo II.

350 N o s contratos com subempreiteiros deve-se recordar que, independentemente das cláu-

Page 384: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

sulas c condições consagradas, as responsabilidades sobre acidentes no trabalho, preju-

ízos a terceiros, litígios trabalhistas e outras recairão em última instância sobre a constru-

tora, que poderá ent re tanto valer-se da faculdade da "responsabi l idade solidária". Vale

ainda lembrar que o INSS2 1 8 prevê diferentes condições de subcontratação, c no que se

refere aos encargos trabalhistas, a responsabilidade solidária (inciso VI, artigo 30 da Lei

8 .212/91) " só se aplica nos cont ra tos de execução de obra por emprei tada global, ou

quando houver o repasse integral do contrato nas mesmas condições pactuadas".

Nas incorporações , c o n f o r m e inciso IV d o ar t igo 43 da lei específica2 1 ' ' , "é vsdado ao

incorpora dor alterar o projeto, especialmente no que se refere à unidade do adquiretite

e às partes comuns, modificar as especificações, ou desviar-se do plano da construção,

salvo autorização unânime dos interessados ou exigência legar. Assim, muito cuidado

com as decisões tomadas somente em consenso com a "Comissão de Representantes".

Nas relações com os consumido re s , o Cód igo de Defesa do Consumidor 2 1 7 (CDC)

promoveu alterações substanciais em relação ao Código Civil (CC): este ditava que "ao

acusador caberia o ônus da prova". Fala-se no CC em "responsabilidade subjetiva ou com

culpa, r epercu t indo no dever de indenizar de todo aquele que, por ação ou omissão

voluntária, imprudência, negligência ou imperícia, cause prejuízo a ou t rem" .

O n o v o Código possibilita a " inversão do ônus da p rova" , quando o juiz considerar

verossímil a alegação ou q u a n d o reconhecer incapacidade f inanceira do consumidor ,

passando a prevalecer a "responsabi l idade objetiva": dever de indenizar de todo aquele

que cause prejuízo a ou t rem, independentemente dc comprovação da culpa prevista no

artigo 159 do Código Civil.

" i BRASIL Instituto Nacional d o Seguro Social. Ordem de Serviço n° 209. Brasília, maio dc 1999. BRASIL. U i n° « 9 1 , de 16/12/64. L d das IncnrporaçAe*. Brasília, dc/cmbro dc 1.964.

Page 385: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

N o artigo 12 o CDC determina que: "o fabricante, o produtor, o construtor e o importador

r e spondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos

causados aos consumidores por defei tos decorrentes de projeto, fabricação, construção,

montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamcnto de produtos, bem

como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos".

N o artigo 47 da mesma lei fica estipulado que "as cláusulas contratuais serão interpretadas

dc maneira mais favorável ao consumidor", ou seja, em dúvida, veredicto pró reciamante.

Pelo CDC, artigo 39 inciso VIII, todo o acervo dc normas da ABNT resulta praticamente

anexado à lei, ou seja, emprego obrigatório. Nes te ponto , surge aparente controvérsia

com a resolução 2 / 9 7 do C O N M E T R O , que faz a distinção entre "regulamento técnico"

(cumprimento obrigatório) e "no rma técnica" (cumprimento facultativo); como o texto

do C D C obriga o a tendimento a "normas técnicas", Grandiski220 explica que prevalece o

ditame do CDC, que tem inclusive caráter dc lei de o r d e m púb l i ca (são nulas cie pleno

direito quaisquer cláusulas que contrariem esse tipo de lei).

Q u a n t o ao dire i to de reclamar e de ob t e r ressa rc imento (Art igos 26 e 27 do C D C ) ,

considerando a diferença entre defe i tos de construção (falhas que causam ou que possam

vir a causar prejuízos à saúde e à segurança) e vícios de construção (falhas que implicam

cm pre ju ízos f inancei ros c / o u d e s e m p e n h o infer ior ao esperado) , c conce i tuando-sc

ainda p r a z o d e d e c a d ê n c i a (limite a partir do qual o consumidor, ao reclamar, perde o

direito da "inversão do ônus da prova") e p r azo de p r e sc r i ção (decorrido este prazo, o

fornecedor não é mais obrigado a reparar, tendo culpa ou não), verifica-se:

- para os vícios aparentes, o C D C prevê 90 dias como prazo de decadência; como

é omitido o prazo de prescrição, tem sido admitido o mesmo prazo de 90 dias;

- para os vícios ocultos (falhas em componentes enterrados, tubulações embutidas,

impermeabil izações encober tas etc) valem os mesmos prazos acima indicados,

352 que todavia passam a ser contados a partir da constatação da falha;

Page 386: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- para os defeitos (falhas aparentes ou ocultas que envolvam segurança ou solidez,

tendo causado ou podendo vir a causar danos à saúde ou à segurança), Grandiski

informa que existe jurisprudência firmando o prazo de decadência em 5 anos; con-

forme a Súmula 194/97 do STJ - Superior Tribunal de Justiça, a reparação dc defeitos

pode ser exigida no prazo de 20 anos (portanto, prazo de prescrição = 20 anos).

F ina lmente , deve-se ainda enfa t izar que, no caso de obras de engenhar ia , os prazos

acima referidos começam a ser contados a partir da data dc entrega das chaves, c não a

part ir da data do "Hab i t e - se" , c o m o querem interpre tar algumas cons t ru to ras menos

avisadas. Acrescente-se t ambém que a f ru ição desses prazos cessa au tomat icamente a

partir da data de reclamação formal do consumidor à construtora (de preferência, através

de carta registrada cm cartório) , da data dc reclamação formal cm órgão dc defesa do

consumidor , ou da data de instauração de inquérito civil.

6.2.3. Planejamento

Planejamento compreende tanto ações estratégicas da companhia (planos

de investimento, táticas para conquista de mercado, etc) como o

planejamento em si dos empreendimentos e das obras. Embora as duas

vertentes freqüentemente se interponham, o manual deve ocupar-se so-

mente com os empreendimentos, ou seja, com os Planos da Qualidade.

P l a n e j a m e n t o

. Prfrgranv» de níc?HÍivieí

. Ectudos de vutúhlí O

. Anake it ttuiobgias

.Racioiuk* depricesjcj

. Aitiisí de nscoj ° • Cwleuo de oica:

. Sufrraen»:

. Equipe)

. Planos de contrcè

3

Nenhum sistema da qualidade será eficiente se não considerar todas os setores de uma

empresa, atingindo todos os colaboradores; da mesma forma, para uma obra específica,

nenhum plano da qualidade trará os resultados esperados se não cobrir todas suas fases.

Portanto, para cada empreendimento específico deverão ser elaborados planos ce cons-

GRANDISKI, P. Prazos tlc Garantia na Construção. Artigo publicado cm Tcchnc - Revista <lc Tecnologia da Construção, n° 12, pp 21 25. lulitora Pini. 1994.

Page 387: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

t rução e de controles , aderentes ao programa de necessidades. Deverá ser estabelecida

uma "matr iz de cons t rução" , cons iderando segundo Aubert221 os seguintes aspectos:

• características do local da obra e do seu en torno ;

• características gerais do empreendimento , sua finalidade social, impactos econô-

micos, características inovadoras;

• pa râmet ros quant i ta t ivos

- exigências essenciais (estabilidade, confor to , higiene, segurança ao fogo c outros)

- investimentos iniciais e custos de operação

- prazo de construção

- durabilidade / vida útil da construção;

• condições dc uso c manutenção da obra;

• pa râmet ros quali tat ivos

- necessidades implícitas dos usuários

- relações funcionais entre as diferentes partes da construção

- relações funcionais entre os diferentes usuários da construção

- outros.

Par t indo do programa de necessidades, deverão ser procedidos diversos levantamentos

físicos c cadastrais, projeções financeiras, estudos dc impacto ambiental, normalização c

legislação aplicável. Somente para sc atingir a fase dc concepção de um empreendimen-

to habitacional, por exemplo, o Ministério da Construção francês37 ' propõe o fluxograma

apresentado na Figura 150.

Como passos posteriores, o mesmo ministério francês223 sugere a adoção dc uma lista geral

dc verificação para os anteprojetos, conforme tabela seguinte, tendo o empreendedor c os

projetistas a oportunidade dc debaterem eventuais ressalvas ou soluções alternativas.

221 AUBIiRT, V. cl atli. I.a Gention dc Ia Quali tc dai»* Ia Conccption. Club Construction & Qualitc. Mmisicrc dc l/lvquipcmcntc, dii l / jgcircnl, des Trantpori» ct dc Ia Mcr. Paris 1990. 1:RANTÇA Minincrc dc I.T.quipcmcntc, du Lugcmcnt ct dc» Tramports. Outil* pratique* dc j»c*tion dc Ia qualitc - Projjrammc du preparation

fo rmadon du chanticr. Club Comtruction & Qualitc. Pati>. 1993. Ministcrc dc l /Pquipcmcntc , du Logcmcnt ct des Transports. R c c o m c n d a t i o n s ci Out l l s pour Gcrcr Ia Qual i tc dc Ia C o n s i o c t i o n . Club

Construction & Qualitc. Paris, 1993

Page 388: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 70: Lista de verificação para a qualidade geral do empreendimento

Requisitos Exigências / condicionantcs Alternativa

proposta

Requisitos

qualidade dc vida economia manutenção segurança

Alternativa proposta

área

s ex

tern

as

Estacionamentos

área

s ex

tern

as

Rotas de pedestres

área

s ex

tern

as Áreas verdes

área

s ex

tern

as

Iluminação pública

área

s ex

tern

as

Recreação infantil

área

s ex

tern

as

Portaria / vigia

área

s ex

tern

as

Acesso a deficientes

área

s ex

tern

as

Muros de divisa

enve

lope

Volumetria

enve

lope

Paredes - estrutura

enve

lope

Rircdcs - revesti mento

enve

lope

Co!>ertura enve

lope

Terraços / balcões

enve

lope

Caixilharia

área

s co

mun

s

Halls / escadarias

área

s co

mun

s

Elevadores

área

s co

mun

s

Lixeiras

área

s co

mun

s

Subsolos área

s co

mun

s

Estacionamentos

inst

alaç

ões

Reservatórios

inst

alaç

ões Inst. hidráulicas

inst

alaç

ões

Instalações elétricas

inst

alaç

ões

Instalações de gás

inst

alaç

ões

Inst. telefone

Page 389: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

0 Figura 150 Concepção de empreendimentos - estudos prévios e fatores condicionantes

Quanto aos estudos de viabilidade técnica e financeira, o mesmo órgão francês recomen-

da que os mesmos sejam repet idos por pelo menos uma equipe independente daquela

que está encarregada pelos projetos e planos da obra em questão. Nesses estudos, Ahmad224

adverte que sejam considerados os potenciais riscos ao bom desempenho financeiro do

empreendimento, incluindo a possibilidade de atrasos, eventuais alterações nos projetos,

falhas nos levantamentos, mudanças na legislação, variação cambial, inflação, caracterís-

ticas regionais e culturais, falhas em equipamentos, acidentes, erros e omissões, intempé-

ries e motivos de força maior.

McKim 2 2 ' explica que, na América do Norte , em função da prática de concorrências pelo

"menor preço", as construtoras , no ata de conseguirem os contratos, normalmente aca-

bam desconsiderando ou subestimando os riscos de construção, o que tem gerado gran-

des pendências judiciais. Lembra que os riscos envolvem as duas partes, construtora c

AIIMAD, I. Computcr-Aidcd Dccisiun and Risk Anais si* in Construction. C1B • Ccm»cil International du Batmxnt. CIB 92 - Congrrs Mondial du Batimcnt. Ana», pp 458-459. Montreal. 1992.

"" ' McKIM. R. A. Ri*k Bchaviour, Ri«k Allocation and Contraci Stratcgy. Publicado cm "Management Quality and Ivconomics in BuiMing™, pp 199 a 206. edited by Artur Bc/elga and Pcicr Brandon. I:. & !•' \ Spon. I.ondon. 1991

Page 390: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 71 - Lista de verificação: "Identificação de riscos"

PROVENIÊNCIA RISCOS POTENCIAIS

Natureza Vento (rajadas, tormentas) Chuva, neve, granizo, descargas atmosféricas, neblina Estiagem, poeira, altas temperaturas Radiações Inundações, erosão, correnteza de água pluvial

Avalanches, deslizamento de taludes Correnteza, objetos flutuantes

Ressaca marítima Animais, microorganismos Estratificação do solo Nível do lençol freático, subpressão

Solos expansíveis ou colapsíveis Recalques, liquefação do solo

Sabotagem, vandalismo Incêndio, explosões Impactos, lançamentos, queda de objetos Choque elétrico

Agentes químicos Arrombamentos, roubos

Execução da obra Incêndio, curtos-circuitos Acidentes com veículos, equipamentos móveis

Cruas, guinchos, elevador de obras, balancins Fornecimento, instalação de energia

Queda de materiais a partir de lugar alto

Ruptura ou tombamento dc fôrmas, escoramcntos, andaimes Atos perigosos de pessoas estranhas que adentrem a obra

Ruína dc partes da construção pela instalação precoce de carga Entorno Cargas e sobrecargas

Armazenagem dc materiais e combustíveis

Vibrações e abalos (máquinas, ginásios)

Impactos (barcos, automóveis, animais) Trnns|x>rte de mercadorias perigosas Fogo e explosões (mesmo em edifícios vizinhos)

Riscos a obras adjacentes Modificações no nível do lençol freático Vibrações (estaqueamentos. compactação do solo por rolo vibrador) Recalques de estruturas adjacentes Fissuras em obras adjacentes

Deslizamentos Prejuízos à comunidade local Ruído, poeira, trânsito de pedestres

Trânsito de veículos Crianças

Tubulações e redes Linhas elétricas

públicas Redes dc água e esgoto Rede de telefone

Rede de gás

Page 391: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

e m p r e e n d e d o r , r e c o m e n d a n d o que a m b o s façam uma pré-avaliaçào dos riscos e dos

conseqüentes impactos econômicos (diagrama de Pareto, por exemplo), definindo-se no

cont ra to as responsabil idades das partes.

Ainda em relação aos riscos, não só enfocando a saúde financeira do empreendimento mas

também as condições de segurança no trabalho, operação do canteiro, cumprimento de

prazos e realização da obra, Meseguer " recomenda ações de planejamento no sentido de

detectar c tomar medidas preventivas relativas aos riscos listados na Tabela 71, consideran-

do apenas aqueles mais importantes em função do tipo e localização da obra.

De acordo com Meseguer55, "planejar significa ordenar previamente os meios para

conseguir um objetivo; e a base fundamental para a obtenção posterior dc resulta-

dos satisfatórios". O p lane jamento não se limita a d imens ionar equipes, quant if icar

insumos, programar entregas, orçar, descobrir o caminho crítico num diagrama de Gantt .

Planejar, mui to mais do que isso, é selecionar a melhor tecnologia, obter o máximo dc

racional ização de cada p rocesso , o rdena r os p rocessos c as equipes , equac ionar as

interfaces. As modernas tecnologias, p rocessos e equipamentos , alguns discutidos no

capítulo V, inf luenciarão todos os aspectos do processo construt ivo, con fo rme Figura

151, repercutindo diretamente nos resultados técnicos e financeiros do empreendimento.

A organização do canteiro de obras também é fundamental em termos da qualidade, da

economia, da segurança e da produtividade. Layouts bem determinados , materiais ade-

q u a d a m e n t e es tocados , bancadas de p reparação de kits, can te i ro dc p ré -moldados c

alojamentos decentes são pontos vitais para a atividade de construção. O estudo prévio

dos f luxos de materiais e pessoas , do raio de ação de equ ipamentos , da descarga de

materiais, da manobra de caminhões, da drenagem e forma de conservação des cami-

nhos, sào também aspectos importantes .

Page 392: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O Figura 151 Influência da tecnologia e racionalização no processo construtivo.

O s c o n t r o l e s d o can t e i ro de o b r a s p o d e r ã o incluir a r r u m a ç ã o e l impeza ( M é t o d o

"5S" ) , c o n d i ç õ e s de a r m a z e n a m e n t o d o s ma te r i a i s , o r g a n i z a ç ã o d o a l m o x a r i f a d o ,

e s t o q u e dc ma te r i a i s , m a n u t e n ç ã o dc e q u i p a m e n t o s , a n d a i m e s , f ô r m a s , etc. C o m

base em m a t e r i a l u t i l i z a d o pela C o n s t r u t o r a Scrgus 2 2 6 , cons ide rando inclusive as

a tuais exigências da N R 18, a p r e s e n t a - s e no Anexo a lgumas p lan i lhas de c o n t r o l e

d o can te i ro de obras .

Ainda q u a n t o ao can te i ro , a p rev i são de a lguns c o m p o n e n t e s dc reserva p o d e ser

vital para que a obra não s o f r a para l i sações p o r quebra de e q u i p a m e n t o s ou falta

de mater iais . P r inc ipa lmente q u a n d o t r aba lhamos cm locais a fa s t ados d o comérc io ,

é s e m p r e r e c o m e n d á v e l a m a n u t e n ç ã o dc p e q u e n o e s t o q u e dc ma te r i a i s c peças ,

tais c o m o : c o m p o n e n t e s das i n s t a l a ç õ e s e l é t r i cas ( d i s j u n t o r e s , chaves t ipo faca ,

e x t e n s õ e s , t r a n s f o r m a d o r e s e o u t r o s ) , r o l a m e n t o s , m a n g o t e s de v ib radores , c a b o s

dc aço , t u b u l a ç õ e s , made i r a se r r ada , c h a p a s dc made i ra c o m p e n s a d a , c o m p o n e n -

tes dc anda imes tubu la res , a p o i o s t c lcscópicos , g raxas c lub r i f i can tes , p a r a f u s o s c

p o r c a s , e tc .

2 2 6 SI-Rt.CS CONSTRCCÕILS E COM1-.RCIO I.TO.V Manual da Qualidade. Alphaville, Sà<» Paul... 1999.

Page 393: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O s p l anos de c o n t r o l e devem prever reg is t ros do a n d a m e n t o f ís ico dos t raba lhos ,

c o n s u m o de materiais , horas despend idas nas respectivas tarefas e ou t ros , c o n f o r m e

será t r a t a d o n o i tem 6.2 .6 . D e v e p r e v e r t a m b é m i n d i c a d o r e s de r e n d i m e n t o e

p r o d u t i v i d a d e .

6.2.4. Projetos

C o n f o r m e t r a t a d o no c a p í t u l o 111, os p r o j e t o s d e v e m ser

const i tuídos pela justificativa técnica das soluções, pelo con jun to

de p ranchas , memor ia i s , espec i f icações , de ta lhes cons t ru t ivos e

quantificação dc insumos. O projeto só sc completa com os planos

de operação e manutenção preventiva, o que se aplica à estrutura,

p in turas , caixilhos, etc.

O proje to deverá ser aderente com o programa de necessidades e com o planejamento

global do empreendimento. O Manual da Qualidade deverá prever inicialmente listas de

verificação dos levantamentos necessários (topografia, geotecnia, insolação, pluviosidade)

e das exigências normativas (prefeitura, corpo de bombeiros, concessionárias de serviços

públicos, órgãos de preservação do patrimônio histórico). Já na fase dos estudos prelimi-

nares, deverá ser examinada a coerência da análise de riscos, considerando as condições

do local da obra e dos processos de produção cogitados.

Devem ser previstas condições para apresentação e para controle dos estudos prelimina-

res, estudos de volumetria ou de massa (tradução inicial da idéia, sem nenhum detalhamento),

anteprojetos e projetos executivos. Nesse último aspecto, atenção especial para a apresentação

dc todos os detalhes construtivos necessários, da completa especificação dos materiais c

correta quantificação de todos os insumos. Conforme capítulo III, o projeto dc estruturas

de concreto a rmado deverá compreender cálculo das fôrmas e cimbramentos, planos de

Projeto»

. Lcvwtanacntos

. L«8)!)»;5o / noroikaçio o

.ARte-pfojttoí

. Pleitos executvo:

. Mcrnor.ieí/eíptctíjcaçíci

° .Quinafie*;SD/«rç*Mnto

. Anikie dt ftcjtws

. Ccriratiç&o de projeto:

. CocrdtridçSo d? fccçeto»

Page 394: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

concretagem e decimbramento, escoramento residual e previsão da deformabil idade dos

componentes estruturais para as diferentes maturidades do concreto.

Dc a c o r d o com o CEB 2 2" , no julgamento da qualidade dc um proje to três diferentes

aspectos têm de ser considerados:

• a qualidade da concepção (aspectos técnicos e funcionais , estética, alternativas

tecnológicas analisadas, racionalidade dos processos construt ivos, previsão total

dos custos, prazo necessário para a construção);

• a qualidade da apresentação e da descrição das soluções (plantas, cortes, deta-

lhes construt ivos, especificações e memoriais);

• a qualidade das justificativas apresentadas para a escolha da solução (cálculos,

estudos de higrotermia e insolação, fluxos de pessoas, construtibilidade, etc).

Relativamente aos projetos das estruturas, observando-se todavia a aplicabilidade a pra-

ticamente todas as modalidades de projeto, o mesmo CEB admite que poderão ser esta-

belecidos três diferentes níveis de qualidade:

a ) N í v e l 1: os cálculos são consistentes com a normalização técnica; todavia são incom-

pletos, não se apresenta exaustiva identificação de símbolos ou dados. O s desenhos

não são completos , faltam detalhes construt ivos, existem notas ambíguas;

li) Nível 2: os cálculos são comple tos e consis tentes , a apresentação dos desenhos é

cor re ta ; nota-se c o n t u d o que n e n h u m t empo foi ap l icado para pesquisar melhor

solução técnica;

£} Nível 3: os cálculos tomam como referência as disposições da normalização técnica,

sendo contudo pesquisadas alternativas de concepção, interação entre a estrutura c

os demais materiais e componentes; os detalhes construtivos são muito ricos e todos

os aspectos que podem influenciar o desempenho final da estrutura são examinados.

—' COMITH I-URO-INTI-RNATIONAI. OU BIÍTON. Qualiiy Awurancc for Building. Bullcrin <rinformarion n» 184, Liusannc. I9S8.

Page 395: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O documento conclui que os projetos do nível 1 sào insatisfatórios. Os do nível 2 podem

ser aceitos para obras comuns . Para proje tos importantes ou especiais, todavia, devem

ser adotados projetos do nível 3.

A prática de controle de projeto é relativamente recente, opondo-se a ela diversas barrei-

ras. Calavera42 revela que há ocasiões em que alguns projetistas manifestam, explícita ou

implicitamente, resistência em submeter seu trabalho a algum tipo de controle. " É evi-

dente que essa reação é influenciada por complexas at i tudes psicológicas, que podem

incluir, de um lado, a insegurança de ver o projeto avaliado de maneira tão explícita e, de

outro, a presença dc uma forte vaidade. Alguns profissionais caracterizam o con:rolc do

proje to como verdadeira af ronta pessoal".

Outra dificuldade presente na análise c revisão de projetos é que normalmente as empre-

sas construtoras não têm pessoal habilitado para este tipo de trabalho, alem de existir um

cer to movimento inercial sempre na direção do mesmo projetista. Dessa forma, as em-

presas têm começado a recorrer a profissionais externos c a consultores, observando-se

as seguintes modalidades de análise dc projetos:

• o analista examina o pro je to por amostragem (verificação parcial dos cálculos),

com o mesmo ferramental técnico adotado no projeto original; o preço é relati-

vamente pequeno, mas corre-se o risco dc nào examinar partes importantes ou

mesmo em incorrer-se nas mesmas falhas do projeto original;

• os cálculos são totalmente refeitos, com os mesmos modelos teóricos; o preço c

médio, a possibilidade dc repetição das eventuais falhas existentes continua;

• os cálculos são to ta lmente refei tos com base em modelos teóricos diferentes ,

com outros programas de computador; a solução é eficiente, mas em geral cara.

A qualidade do pro je to depende muito da qualidade das pré-definiçòes do proprietário

da obra , da ex tensão dos l evan tamentos e da minimização das a l terações dos dados

iniciais de al imentação. Depende mui to também da modalidade da contratação. C o m o

Page 396: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

apontado pelo CEB 2 2 , o construtor disposto a remunerar pelo nível 1 não poderá esperar

mui to dos es tudos de c o m p o r t a m e n t o físico, durabi l idade, facil idade de executar ou

manter a obra.

De qualquer fo rma , cont ra tan te e con t ra t ado deverão considerar tempos despendidos

com levantamentos de dados, reuniões para coordenação dos proje tos e visitas iniciais

ao terreno. Deve-se ainda prever um número mínimo de visitas dos projetistas à obra

em execução, única f o r m a razoável de corr igirem-se cm tempo hábil eventuais falhas

dos projetos. Tal prática favorecerá ainda a retro alimentação do projetista relativamente

à adequação do d e t a l h a m e n t o do p ro j e to , cons t ru t i b i l i dade , i n t e r faces c o m o u t r o s

p ro je tos e ocorrência de patologias provenientes dos proje tos , c o n f o r m e análises nos

capítulos I e III.

Problema bastante sério, e bas tante comum no Brasil, é o início da obra sem que os

p r o j e t o s execu t ivos es te jam conc lu ídos . Necessár ia p o r t a n t o a p rog ramação prévia

das a t i v i d a d e s d e p r o j e t o , r e c o r d a n d o - s e q u e pa ra o b r a s m u i t o c o m p l e x a s , ou

d e f i n i ç õ e s mu i to imprec isas , o p r azo para d e s e n v o l v i m e n t o dos p r o j e t o s pode ser

b a s t a n t e l ongo .

Se o sistema de "au tocont ro le" deve ser incentivado em qualquer atividade da constru-

ção, mais ainda neste setor , onde a especialização prof iss ional reduz dras t icamente o

número de "audi tores" de projeto. As listas de verificação comentadas e exemplificadas

no capítulo 111 podem não só servir de base para o recebimento dos projetos mas tam-

bém favorecer o processo de produção e o autocontrole do projetista. Recorda-se ainda

que já são disponíveis na atualidade recursos informat izados para controle geométr ico

de projetos, os chamados sistemas neurais.

Page 397: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O u t r o detalhe impor tan te , no sent ido de facilitar a "conversação" ent re os diferentes

p r o j e t i s t a s e a necessár ia compa t ib i l i z ação dos p r o j e t o s , é a u t i l ização do m e s m o

p rog rama de c o m p u t a d o r , ou pelo m e n o s de p rog ramas compat íve is ; com o auxílio

d o c o r r e i o e l e t r ô n i c o , o s d i f e r e n t e s p r o f i s s i o n a i s p o d e r ã o t r aba lha r p r a t i c a m e n t e

em c o n j u n t o .

Pichi2 2 8 a f i rma que "na cons t rução de edif ícios os p ro je tos sào geralmente

desenvo lv idos em parale lo pelos d iversos pro je t i s tas , s endo reun idos , muitas vezes,

s o m e n t e na ho ra d e e x e c u ç ã o d o s se rv i ços , na o b r a ; tal p r o c e d i m e n t o gera uma

série de i n c o m p a t i b i l i d a d e s , que c o m p r o m e t e m a qua l idade d o p r o d u t o e causam

e n o r m e s p e r d a s de m a t e r i a i s c p r o d u t i v i d a d e " . Na r e a l i d a d e , d e s d e a fase d o s

a n t e p r o j e t o s , n e c e s s i t a - s e da i n t e r a ç ã o c d o t r a b a l h o c o l a b o r a t i v o e n t r e os

p ro f i s s iona i s , o que é i lus t rado na Figura 152.

1 Figura Processo

e s t u d o o j u s t i f i c a - \ t i v a d a c o n c e p ç ã o

p l a n t a s , c o r t e s , de - \ t a l h e s c o n s t r u t i v o s / ^

A / \ V

p i a n o s d e o p e r a ç ã o \ e m a n u t e n ç ã o J

m e m o r i a i s e e s p e c i f i c a ç õ e s

q u a n t i f i c a ç ã o d e i n s u m o s

152 de geração de projetos de obras: forma coordenada e simultânea.

p r o g r a m a de n e c e s s i d a d e s

condi c i o n a n t e s do m e i o físico

r e s t r i ç õ e s l e g a i s c n o r m a t i v a s

t e c n o l o g i a s e m a t e -riais d i s p o n í v e i s

r e c u r s o s , f o r m a s d e financiamento

. OUTROS

INSTALAÇÕES

iESTRUTURA

~ PICCIII, K A.: AGOPYAN. V. Sistemas da Qualidade na Construção dc Edifício*. Ilscola Politécnica tia Universidade dc Sào Paulo, Departamento dc 1 Engenharia de Construção Civil. Boletim Tccnico HT/PCC/104. São Paulo. 1993.

Page 398: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A coordenação de projetos, embora se atenuando de forma progressiva, deve prosseguir

até o final da obra: a in t rodução de alterações num de te rminado pro je to normalmente

implica conseqüênc ias em ou t ros p ro je tos , o que deve ser dev idamente analisado. O

sistema dc gestão de proje tos deve prever a fo rma de controle das modificações e sua

efetiva introdução no processo produt ivo (atualização de documentos na obra). A avali-

ação final dos projetos, conforme item 6.2.7, possibilitará a criação do cadastro de projetistas

da empresa const rutora .

6.2.5. Compras

N o título "compras" inclui-se dc forma geral compra de materiais c

componentes , aquisição ou locação de equipamentos , processos de

"leasing" e subcontratação de serviços. Neste último aspecto, deve-

se observar que existem diferentes formas jurídicas de fornecimento

( somen te mão-de -ob ra , mão -de -ob ra c materiais etc), c o n f o r m e

discutido no item 6.2.1.

Rela t ivamente ao p rocesso de compras , o Manual da Qua l idade deve estabelecer as

fo rmas de seleção e cadas t ramento de fornecedores , tomadas de preço, julgamento de

p ropos t a s e con t ro le s de r eceb imen to de materiais , e q u i p a m e n t o s e serviços. E m

complementação, devem ser definidos os fluxos de compra (quem solicita, quem promo-

ve cotação, quem aprova, quem recebe) c os documentos de compra .

De acordo com pesquisa de l7ruet ío, a compra de materiais e componentes pelas empresas

construtoras é feita ainda quase que exclusivamente na base do "menor preço", sendo os

processos dc compra desenvolvidos muito mais por pessoal administrativo do que pessoal

técnico. Ainda de acordo com esta pesquisa, a maior parte das empresas (91%) trabalha

com uma lista de fornecedores , qualificados de maneira um tanto informal pelo porte e

C o m p r a s

. Subccrir.Uȍ5ts o

. E>3ruTKn!o: de :oeipra

. Eíf«fifi:»;So d; ccznçtas 0 . Processo de confrat

. Reccbnwtto densateru»

.Cídíitxo de Íorwcídotes

3

Page 399: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

histórico de fornecimentos (capacidade de atendimento, qualidade do material fornecido e

preços praticados). Os maiores problemas nas compras revelados neste estudo foram:

- atrasos nas entregas: 71%

- entrega de material diferente do especificado: 60%

- qualidade deficiente do material: 51%.

Souza2 2 9 , referindo-se aos produtores de materiais e componentes , recomenda que a

seleção de fornecedores , visando inclusive o trabalho em parceria, seja baseada na aná-

lise dos seguintes itens:

• filosofia gerencial do fornecedor

• carteira de clientes: empresas que adquirem os p rodu tos do fornecedor

• histórico do fornecedor (há quanto tempo opera, conceituaçào no mercado)

• h is tór ico dos seus fo rnec imen tos (preços, qual idade dos p rodu tos , prazos de

ent rega)

• tipos e diversidade dos produtos fabricados

• detalhes de equipamentos , processos e capacidade de p rodução

• sistema de garantia da qualidade

• sistema da qualidade dos subfornecedores .

Além dos materiais e componentes , a qualidade da construção depende muito da atuação

dos subempreiteiros. Confo rme visto no item 6.2.2, a responsabilidade final pela qualida-

de da obra é sempre da cons t ru to ra , embora esta às vezes não tenha mecanismos de

interferir na organização e na forma de trabalho dos subempreiteiros. Desta forma, Barner230

analisa que a construtora poderá adotar duas posturas: a) colocar-se no papel de auditor

externo, ou b) ajudar o subempreiteiro na busca da qualidade, preparando ou fornecen-

do procedimentos , auxiliando no t re inamento dos operários, etc.

229 SOUZA. R. ci alli. Sistema dc Gcst io da Qualidade para Empreso» Construtora*. SKBRAE / SP - Serviço dc Apoio is Micro c Pci|ucias Fmpresas «Ic São Paulo, SINDCSCON / SP - Sindicato da Indústria da Construção Civil do l-lstatio «Ic São Paulo. São Paulo, 1994.

BARBF.R.J. N Quality Management in Construction - Contratual Aspccts. CIRIA - Construction Industry Rcx-arch and Informatior Association. Spccial Publkation n* K4. laindon. 1992.

Page 400: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A agência francesa de qualidade da construção2 3 1 propõe que os processos de compra de

produtos e serviços sejam conduzidos de acordo com o fluxograma indicado na Figura 153.

O s franceses chamam especial a tenção para a necessidade de correta compreensão do

pedido por parte do fornecedor, c também para que a análise inicial confronte apenas as

propos tas dos potenciais fornecedores com as especificações técnicas do pedido; numa

segunda etapa, aí sim a comparação entre as propostas que atendam os requisitos técnicos.

FORNECEDORES

ORÇAMENTOS

PEDIDO

Q) c 2 "D

ENTREGA DO PRODUTO

F A T U R A

GESTÃO DA QUALIDADE

i den t i f i c a r c l a r a m e n t e a s n e c e s s i d a d e s ( q u a n t i d a d e , cus to , p r a z o , a s s i s t ê n c i a )

i n f o r m a r - s e s o b r e a c o m p e t ê n c i a d o s p o t e n c i a i s f o r n e c e d o r e s

e s p e c i f i c a r c o r r e t a m e n t e n e c e s s i d a d e s c e r t i f i c a r - s e q u e o p e d i d o foi e n t e n d i d o

c o n f r o n t a r a s o f e r t a s c o m a s n e c e s s i -d a d e s , a n t e s de c o m p a r á - l a s

e s c o l h e r a m e l h o r p r o p o s t a e f o r m a l i z a r o p e d i d o

def inir a f o r m a d e con t ro l e q u e a c o n s -t r u t o r a e x e r c e r á s o b r e o f o r n e c i m e n t o

Controlar as fases de execução

c o n t r o l a r a c o n f o r m i d a d e final frente à s e s p e c i f i c a ç õ e s d o p e d i d o

c u m p r i r a s c o n d i ç õ e s c o n t r a t u a i s ( p r a z o s e f o r m a de p a g a m e n t o )

SUBCONTRATADOS

ORÇAMENTOS

C O N T R A T O

PREPARAÇÃO

- > EXECUÇÃO DO SERVIÇO

ENTREGA DO PRODUTO

F A T U R A

a> c 2 3 "O

Avaliar o produto fornecido • j u l g a m e n t o p a r a n o v o s p e d i d o s

• r e t r o a l i m e n t a ç ã o d o f o r n e c e d o r

J >

w O O . o> •CJ

Avaliar o produto fornecido • j u l g a m e n t o p a r a n o v o s p e d i d o s

• r e t r o a l i m e n t a ç ã o d o f o r n e c e d o r

depo

is w

O O . o> •CJ

ALIMENTAR CADASTRO DE FORNECEDORES ( i n f o r m a ç õ e s s o b r e p r a z o , qua l idade , e t c ) ,

depo

is

Q Figura 153 Processo de compra de materiais e contratação de subempreiteiros.

231 . . . IRAN( , \ \ . Mini<tcrc «k- r iülucaunn Natinnalc. Ensc ignc r Ia Qua l i t c BTP . Agcncc Qualitc Construction. lalitmn* Nathan. Paris. 1993.

Page 401: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Processos formais de cont ra tação de subempre i te i ros deverão ser estabelecidos. Com

vistas à seleção do fornecedor , e base para preparação tio respectivo contrato, uma boa

prática é a preparação de edital, contendo:

a) objetivo: descrição pormenor izada dos serviços a serem executados;

b) quan t i f i cação dos serviços: relação de itens e quant idades , d isposta na f e r m a de

planilha que possibilite a orçamentação (quantidade, preço unitário, preço do item);

c) procedimentos executivos e especificações técnicas: descrição detalhada da forma de

execução de cada serviço, necessidade dc equipamentos c ferramentas, especificação

dos materiais (no caso do fornecimento prever mão-de-obra e materiais);

d) prazo total previsto para o serviço, programação das atividades / cronograma;

e) sistema a ser adotado no controle da qualidade dos serviços;

f) eventual forma de interação com outros subempreiteiros;

g) indicação de prepos to , para atuar na coordenação e acompanhamento dos traba-

lhos, aferição da qualidade e interfaces com construtora e outros subempreiteiros;

h) eventual necessidade de trabalho noturno, em finais de semana ou feriados;

i) capacitação c t re inamento requerido da mão-de-obra;

j) condições de a lojamento dos funcionários do subempreiteiro;

k) eventual necessidade de un i formes e uso de crachás pelos trabalhadores;

I) normas de segurança no trabalho, relação dc equipamentos individuais dc segurança;

m) local da guarda dc materiais, equipamentos , ferramentas e acessórios;

n) condições de limpeza do local de trabalho e retirada de entulho;

o) necessidade do subempreiteiro manter "Diár io da Obra" ;

p ) contratação de seguro para a mão-de-obra a ser fornecida, seguros de responsabili-

dade civil geral e cruzada, riscos dc engenharia e propriedades circunvizinhas (in-

dicando-se no segundo caso o valor mínimo da cobertura);

q) fo rma de realização e condições de pagamento das medições;

r) documen tação a ser apresentada pelo subcon t ra t ado (guia da ART - Anotação dc

Page 402: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Responsabil idade Técnica, da quitação dc obr igações trabalhistas, previdenciárias c

fiscais, incluindo 1APAS, FGTS, PIS, contribuição social, ISS);

s) forma e valor de retenções a título de caução;

t) fo rma de recebimento provisório c recebimento definitivo dos serviços;

u) multas por atrasos na conclusão dos serviços;

v) prazo de garantia para os serviços a serem executados, incluindo materiais fornecidos.

Normalmente , prevê-se no edital que o p roponen te vencedor da tomada de preços ou

do convite deva ainda apresentar:

\v) planejamento geral do trabalho (etapas, seqüências, frentes de trabalho, constituição

da equipe que estará a tuando na obra);

x) o rçamento global, planilhas de preços, c ronograma físico-financeiro;

y) composição dos preços unitários, com discriminação das despesas diretas c indiretas

(serviços pre l iminares , l impeza da obra , m ã o - d e - o b r a , mater ia is , equ ipamen tos ,

f e r ramentas , combus t íve i s , lubr i f icantes , encargos , r emuneração , desmobi l ização,

taxas, impos tos , p rêmios de seguro e quaisquer out ras despesas) .

Na aquisição de materiais e componentes , chama-se atenção para o fato de que alguns

produtos já estão sendo oferecidos no mercado brasileiro com processos de pré-qualifi-

cação ou mesmo certificação da conformidade (vergalhões de aço, fios e cabos elétricos

etc), processos que devem ser exigidos cada vez mais pelas construtoras .

N o processo de compra é necessária a correta e exaustiva especificação do produto. Por

exemplo, não adianta indicar "placa cerâmica de acordo com a NBR 13.818"; esta norma

prevê diferentes classes de absorção de água, diferentes tolerâncias dimensionais, várias

classes de resistência ao desgaste por abrasão. Desta forma, a menção "dc acordo com a

NBR 13.818" pode ser traduzida por "qualquer padrão de qualidade".

Na inexistência dc processos de qualificação ou cert if icação dc confo rmidade , a rigor, 369

Page 403: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

seria necessário efetuar-se o controle de recebimento dos materiais de acordo com as

respectivas especificações da ABNT e do IN METRO, processo muito difícil de ser obser-

vado em função dos altos custos e do excessivo t empo necessário para realização da

maioria dos ensaios. Dessa forma, propõe-se metodologia simplificada para controle da

qualidade dos materiais e componen tes convencionais, c o n f o r m e item 6.3.

N o caso da aquisição de produtos inovadores recomenda-se que seja exigido do fornece-

dor relatórios de avaliação do produto" ou, melhor ainda, processo de aprovação técnica,

baseado em ensaios de desempenho e verificação do sistema de controle da qualidade do

fabricante, conforme explica Mitidieri2*2. Até o final do ano 2000, a única instituição brasileira

que operava esse processo era o Inst i tuto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de Sào

Paulo ("Referência Técnica IPT").

Sempre que possível (e hoje existem muitos recursos), o sistema de compras deverá ser

informat izado, fo rma de prevenirem-se os f reqüentes erros anter iormente relatados. A

Cons t ru to ra Sergus226, por exemplo, desenvolveu um sistema eletrônico onde cerca de

13.000 itens encontram-se codificados, com precisa descrição dc cada p roduto (material,

bi tola, padrão , cor, tipo) e, sempre que possível , amar rados com a respectiva no rma

técnica; a tecla apertada pelo engenheiro residente, ao emitir automaticamente um "pedi-

do de compra" , comanda toda a sucessão do processo através dos Depar tamentos de

Compras, Contas a Pagar, Contabilidade e sistema dc custos da obra c da empresa.

Finalmente, ainda em relação às compras , chama-se atenção para dois aspectos:

• na construção civil, deve-se praticar o sistema de "compra técnica", consideran-

do-se requisitos dc desempenho, previsão da vida útil, custos dc reposição c dc

23 •> MITIDIHRI r i l . l lO . C, V. Avaliação «le Desempenho d c Componente» c Klemcntn* Construtivos Inovadores Dest inados a H a b taçfics. Tese apresentada à F.scola Politécnica da Universidade «le São Paulo (doutorado). São Paulo, 1998.

" chama-se atenção para o fato de que alguns fornecedores às vezes apresentam relatórios ou certificados de ensaios completamente desatualizados, com ensaios que nem sempre condizem com as características que teriam de ser avaliadas e. algumas ve/es . com resultados que nào atendem as

3 7 0 exigências da normalização técnica. O pior é que algumas empresas aceitam esse* documentos como prova da qualidade do produto.

Page 404: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

manutenção do produto etc; por tanto , as compras devem ser feitas por pessoal

habil i tado;

• a manutenção de um bom cadastro de fornecedores (prazos de entrega, preços,

qualidade e assistência técnica) pode às vezes suprir , pelo menos em parte, a

ausência de exaustivo plano de ensaios ou avaliações.

6.2.6. Produção

Antes de mais nada, o engenhe i ro responsável pela cons t rução ,

com apoio dc mestres e encarregados, deve fazer uma análise rigorosa

dos projetos executivos, conferindo referências de nível, cotas, eixos,

pos ições , de ta lhes cons t ru t ivos , quan t i f i cação dos mater iais .

Qua i sque r dúvidas deverão ser de f in idas p rev iamente com os

respectivos projetistas.

Se os proje tos convencionais estabelecem " o quê fazer" e "com quais materiais", resta

definir "como fazer", "quem vai fazer", "onde c quando vai ser feito". V. necessário desen-

volver o p ro je to da p rodução , eng lobando organização do canteiro, de ta lhamento dos

p rocessos , d i m e n s i o n a m e n t o das equipes , de f in ição de e q u i p a m e n t o s e fe r ramentas ,

subcon t ra t ações , previsão das medidas de segurança, e s t abe lec imento dos planos de

inspeções c ensaios, conca tcnação das fases e etapas de cons t rução num cronograma

coerente no espaço e no tempo.

Souza-1" cons idera mui to i m p o r t a n t e a de f in ição das estratégias da p rodução , ou o

estabelecimento do "plano de ataque" da obra, isto é, definir-se a relação dc precedência

entre as atividades principais da construção. Como exemplos: construir o corpo do pré-

dio e depois os subsolos per i fér icos , ou construir tudo s imultaneamente? Construir a

periferia em partes, começando pela frente ou pelos fundos? Ferreira233 cita que o plano

dc ataque deve ser estabelecido através da conf ron tação das vantagens c desvantagens

Produção

. Projeto da pfodu<8o

.Tictnairiítío o .Scic«»;atvoa4iilho

.Pioccimratcj dr cxecoçòc

. MXenais

. Eqwaiwaoí.'ícnairini:-» O . Recetenento de :erwço«

.Coceolt d» mfcrfaceí

.MfikçÍM

. CorJroJí d» custa

.'At Bufr

Page 405: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

de cada alternativa em relação ao a t end imen to das metas c dos requisitos e diretrizes

condicionantes do processo construt ivo; salienta que, dentre outros, devem ser analisa-

dos os fatores prazos, custos, acesso e movimentação de pessoal e de materiais, espaço

necessário para produção, liberação de frentes de serviços, restrições construtivas c inter-

ferências entre os serviços.

A definição do plano de ataque deverá ser estabelecida em conjunto com diversas deci-

sões que estarão a fe tando diretamente a produção, como por exemplo:

• condições dos acessos, disponibil idade de espaço para instalação do canteiro;

• topograf ia do terreno, interferências com edificações vizinhas, ruído, poeira;

• fo rma de cons t rução dos subsolos (estacas prancha ou muros de arrimo);

• tipologia das fundações (blocos, tubulões, estacas cravadas ou escavadas, etc);

• eventual p rodução de pré -moldados na obra (vergas, contravergas, painéis, es-

cadas) ;

• modalidade de produção de argamassas (central de argamassa, argamassa em silos

com transporte pneumático, argamassa ensacada com preparação nos andares, etc);

• f o r m a de apl icação da argamassa nos r eves t imen tos de paredes ( lançamento

normal ou projeção com equipamentos apropriados) ;

• t ranspor te e lançamento de concre to (convencional ou concre to bombeado) ;

• f rentes de concretagcm (acesso para os caminhões e para as bombas) ;

• fo rnec imen to das a rmaduras (convencional ou armaduras pré-montadas) ;

• fo rnec imento dos componen te s de alvenaria (convencional ou em pallets);

• d imensões c peso dos componen tes dc alvenaria (fatores e rgonômicos que afe-

t a r ã o a p r o d u t i v i d a d e ) ;

• p rodução das instalações prediais (convencional ou com prévia preparação de

"kits" hidráulicos e elétricos);

• o u t r o s .

O u t r a s d e c i s õ e s i m p o r t a n t e s r e l a c i o n a m - s e c o m os e q u i p a m e n t o s que sc p o d e r á

c o n t a r para o t r a n s p o r t e hor izon ta l e vertical dc mater ia is , c o n f o r m e anal isado no

Page 406: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C a p í t u l o V. Pesquisa rea l izada p o r F e r r e i r a 2 " revela que os a s p e c t o s re la t ivos ao

r e c e b i m e n t o , a r m a z e n a m e n t o e m o v i m e n t a ç ã o de m a t e r i a i s são os que mais

p r o b l e m a s aca r r e t am ao f u n c i o n a m e n t o e f i c i en te dos can te i ros , ex ig indo p o r t a n t o

c u i d a d o s e spec i a i s c o m re l ação a o s a l m o x a r i f a d o s , c a r r i n h o s , p a d i o l a s , g r u a s ,

g u i n c h o s , e l evadores de carga e o u t r o s .

Def inidos o plano de ataque e os processos de construção, incluindo-se os equipamen-

tos dc apoio, estabclccc-sc um es tudo prel iminar do c ronograma , com vistas ao pré-

d imens ionamento de equipes, alojamentos (diretrizes da NR 18, citada no Capítulo II),

áreas para estocagem de materiais, áreas de circulação, acessos, pistas de concretagem,

bancadas, etc. Para d imens ionamento das áreas de es toque de materiais, por exemplo,

Souza210 sugere as necessidades indicadas na Tabela 72.

Tabela 72: Áreas necessárias para estocagem de alguns materiais de construção (Souza-10)

Material Quantidade Estoque Área necessária (m2)

Cimento 200 sacos pilhas com 10 sacos 8,4

Cal 200 sacos pilhas com 15 sacos 4,8

Areia lOm1 altura média 0,8m 12,5

Blocos de 14x19x39 1000 unidades altura média l,6m 7,5

Argamassa 1 m3 altura média 0,3m 3,4

Argamassa em sacos 100 sacos pilhas com 10 sacos 4,2

Azulejo/cerâmica 100 nv altura média 1,6m 4,0

Chapas compensadas 75 chapas até 75 chapas 4,5

Madeira serrada 320 metros lineares altura média 0,6m 6,0

Na idealização do canteiro, diversos outros e lementos deverão ainda ser considerados,

con fo rme ficha de verificação no Anexo (extraída do Manual da Qualidade Sergus226).

233 FERREIRA, F..A. M.; FRANCO. I . S. Metodologia para Elaboração do Projeto do Canteiro de Obra i dc Edifício*. Escola Politécnica di UrávctSKbdc dc São Paulo. Departamento «lc Engenharia d c Construção Civil. Boletim Técnico 11T/PCC/2I0. São Paulo. 1998. 3 7 3

Page 407: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Após todas as pré-definições necessárias é que se poderá pensar no projeto definitivo de

implantação do canteiro (ou projeto da produção?); Muther, citado por Ferreira2", consi-

dera como base para o projeto de qualquer instalação a resposta a 5 questões:

• O q u e será p r o d u z i d o ?

• Q u a n t o d e c a d a i t em será p r o d u z i d o ?

• C o m o serão p r o d u z i d o s os i t ens?

• Q u a i s os serv iços dc apo io à p r o d u ç ã o q u e se rão neces sá r io s?

• Q u a n d o e o n d e os i t ens se rão p r o d u z i d o s ?

Def in idos os planos dc const rução pode-se então cstabclccer c ronograma coerente das

fases e etapas da obra, onde o auxílio da técnica CPM é muito recomendado. Para alguns

serviços ou fases o c ronograma poderá indicar apenas as datas de início e fim; para

outros, como por exemplo serviços de preparação e colocação de armaduras, concrctagcns,

alvenarias c revest imentos cm argamassa, Souza21" recomenda programação semanal.

O u t r o s fa tores , além dos p rocessos cons t ru t ivos , in ter fer i rão no es tabe lec imento do

cronograma definitivo da obra, tais como a modalidade do empreendimento (lançamen-

to, incorporação), a disponibilidade dc capital dc giro / fluxo de caixa, a capacidade dc

fornec imento pelos fabricantes de materiais, etc.

Rela t ivamente à m o n t a g e m do c ronog rama , Rocha Lima2 , 4 adverte que nào se deve

trabalhar na programação com "metas desafio", mas com metas para as quais se descreve

o caminho de c o m o atingir. Segundo ele, cons ta ta -se que nas empresas que fazem

"planejamento de gabinete", as metas que surgem na programação representam a fanta-

sia do "planejador", que se choca com a realidade estrutural da empresa c com a conjun-

tura que envolve o processo de produção. Complementa a f i rmando que as "metas desa-

I.IMA |R, J. R. Qual idade d o Empreend imento na Construção Civil - Inovação c Competit ividade. l:.»cola Politécnica da Univcnuladc <lc Sào Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/144. Sào Paulo. 1995.

Page 408: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

fio" podem, no limite, levar ao descrédito nos sistemas de produção e da organização,

s i t uação e m q u e o fazer melhor se subs t i t u i p o r fazer como sempre se vem fazendo, o

que f rus t ra a inovação e não habilita a empresa a alcançar padrões de qualidade em

evolução .

Para que se atinja a p rodu t iv idade planejada , além de todos os p o n t o s analisados, é

necessário prever medidas concre tas para a prevenção de acidentes no trabalho e um

bom programa de t re inamento dos trabalhadores. Com vistas a isso, algumas constru-

toras brasileiras já vem ado tando pequenos cursos no início de cada obra, abordando

t an to a p r o d u ç ã o c o m o a segurança , o que já é exigido aliás na n o r m a NR 18. O

t r e i n a m e n t o deve rá ser e m i n e n t e m e n t e p rá t i co , a p o i a n d o - s e em apos t i las c o m

linguagem c sistema de comunicação adaptada para o públ ico-a lvo (muita ilustração,

p o u c a r edação ) .

O t re inamento , e a execução da obra , deverá basear-se em "p roced imen tos dc execu-

ção", con fo rme exemplos nas Tabelas 73 e 74; sendo dirigidos a mestres, pedreiros etc,

devem ser sintéticos, i lustrados e com linguagem apropriada, englobando os principais

serviços:

• marcação da obra: referencia de nível, eixos principais, eixos auxiliarcs;

• escavações, escoramentos , contenções , taludes, trabalho com terra em geral;

• fundações diretas, fundações em tubulões, estacas cravadas ou escavadas;

• c i m b r a m e n t o s , f ô r m a s , e s t r u t u r a d e c o n c r e t o a r m a d o ;

• alvenarias (estrutural ou de vedação), fixação de caixilhos, ligações com estrutura;

• telhado: estrutura de apoio, colocação ou fixação das telhas;

• instalações prediais (elétricas, água fria e água quente , gás, águas pluviais);

• revest imentos em argamassa, gesso, cerâmica, rochas ornamenta is ou outros;

• pinturas sobre argamassa, concreto , madeiras e metais;

• impermeabil izações: mantas pré-fabricadas, moldadas no local, etc.

Page 409: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 73: Exemplo de procedimento de execução: marcação da obra

CONSTRUTORA

SILVA

Procedimento Executivo Oò: MARCAÇÃO DA OBRA

Versão: Data: Aprovação:

1. Equipe: engenheiro residente, mestre, 1 auxiliar dc topografia, 1 carpinteiro, 2 ajudantes Responsável: engenheiro residente

2. Condições para início • controle de recebimento da terraplcnagem (Ficha de Controle OX) • controle de recebimento da locação topográfica (Ficha de Controle OY)

3. Necessidades / referências • piquetes / RN / eixos principais da topografia / referências plani-altimétricas auxiliares • planta de fôrmas da estrutura e da fundação (medidas acumuladas nas direções x e y)

4. Equipamentos necessários 5. Materiais necessários • teodolito e nível topográfico • pontaletes de peroba 6x6cm, devidamente apontados • trena metálica • sarrafos de pinho 2,5x1 Ocm • serrote, martelo, furadeira, brocas, cavadeira. • tábuas de pinho 2,5x25cm, semi aparelhadas

pá, enxada, soquete, marreta de cabo longo, • concreto magro linha de náilon, fio de prumo, arame n° 18 • pregos 18x24

• rolo para pintura, trincha • tinta PVA branca • esmalte sintético cores preta, vermelha e verde

6. Execução a) considerando piquetes da topografia, esticar linhas demarcando eixos e faces da obra b) externamente às linhas que demarcam faces da obra, a 2m de distância, cravar piquetes auxiliares e esticar

arames (vide esquema); c) marcar [xjsição dos pontaletes (nos cantos e intermediários, sempre com espaçamento £ 2m); d) nas |X)sições dos [xjntaletes, abrir buracos com cerca de 40cm de profundidade; e) com a marreta, cravar pontaletes no solo, até = 40cm após a base dos furos; 0 nivelar, pregar as tábuas (inicialmente um prego só em cada ligação), de forma que a cota resulte aproximada-

mente a 80cm da cota de arrasamento das vigas da fundação (vide esquema); g) acertar ângulos, facear as tábuas com os arames bem esticados, conlraventar os |X)ntaletes com os sarrafos,

conferir cotas e fixar definitivamente as tábuas (2 pregos em cada ligação); h) lançar concreto magro, com pouca umidade, nos |>cs dos pontaletes e apiloar com cuidado; i) pintar as tábuas e pontaletes com tinta PVA branca, em duas demãos; j) com base nos projetos, marcar nas tábuas eixos dos pilares, das linhas de estacas e dos centros de gravidade

dos blocos de coroamcnto; cravar em cada local dois pregos, para que as linhas corram entre eles; k) identificar nas tábuas [>osições dos eixos, utilizando as seguinte cores:

- preto: pilares, - vermelho: estacas, - verde: CG de gru|X> de estacas I) a cada três |X>ntaletes, marcar nível a 50cm do respaldo das vigas dc fundação. 7. Disposições especiais para segurança no trabalho: nenhuma disposição especial

8. Esquema 2 m

: t

L

< 2 m 2 m pregos

eixos de topografia — arames pontaletes • = tábuas

Page 410: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 74: Exemplo de procedimento de execução: assentamento de azulejos

CONSTRUTORA

SILVA

Procedimento Executivo 21: ASSENTAMENTO DE AZULEJOS

Versão: Data: Aprovação: 1. Equipe: encarregado, pedreiros e ajudantes

Responsável: encarregado 2. Condições para início

• controle do revestimento em massa grossa (Ficha de Controle OW) • conferência dos pontos de hidráulica, eletricidade e gás; prova de estanqueidade das instalações de água • conferência da colocação de marcos e contra marcos (posição, esquadro, etc) • conferência da quantidade de azulejos e do código de produção (deve ser igual em todas as caixas)

3. Necessidades / referências • RN do pavimento, cota do piso acabado, cota do forro do ambiente onde vai ser executado o serviço • projeto executivo de arquitetura / paginação das paredes

4. Equipamentos necessários • equipamento para corte de cerâmica, ponta de vídea • desempenadeira com dentes de 6mm • martelo de borracha • trena metálica, réguas de alumínio, linha de náilon,

fio de prumo, nível de mangueira, brocha, caixas de massa, arco de serra, esquadro, gabarito p/ corte 45°

• rodo para aplicação de rejunte, frisador de madeira macia, saco de estopa, saco de algodão

5. Materiais necessários • azulejos, espaçadores de PVC • perfis de alumínio (cantos vivos e nequadros) • argamassa colante • material de rejunte

6. Esquema

7. Execução a) com base na RN do pavimento, marcar nível em todas as paredes, a 50cm da cota do piso acabado; b) conferir pé direito, esquadro das paredes, |x>sições das janelas, dos pontos de água, luz e gás; conferir nível e

profundidade das caixas de luz, profundidade dos pontos de água, etc; qualquer irregularidade, comunicar o mestre-de-obras e não dar início ao serviço antes de qualquer decisão;

c) confrontar comprimento e altura reais da parede a revestir com o desenho de paginação; diferenças dc até 1cm poderão ser tiradas com o recorte de peças ou com o alargamento das juntas; acima de lem comunicar o mestre-de-obras e aguardar decisão; se a paginação não prevê recorte ao longo do comprimento, o lozal de colocação das peças recortadas deverá ser decidido pelo engenheiro;

d) com argamassa de cimento e areia, chumbar cantoneiras de alumínio, conferindo prumo, nível e esquadro e) esticar linha de náilon na base da primeira fiada de azulejos, bem nivelada, na cota determinada; f) assentar a primeira fiada de azulejos na base da parede, com auxílio de régua de alumínio e espaçadores; g) com auxílio do fio de prumo, assentar primeira coluna de azulejos, utilizando espaçadores; h) completar o assentamento de baixo para cima, pressionando bem os azulejos contra a parede, utilizando os

espaçadores e a régua de alumínio nas duas direções para verificação e acerto da planeza; i) recortar as peças para os arremates (janelas, caixas dc luz, etc), assentando-as cuidadosamente (nível, prumo,

largura da junta, manutenção do plano); j) três dias após o assentamento, promover o rejunte (proporção de água fixada pelo fabricante) e frisamento. CUIDADOS ESPECIAIS: • preparar a argamassa com a quantidade de água especificada |>elo fabricante, 30 minutos antes da ap icação • não espalhar argamassa em área superior a 1,5m?; no caso de superfícies muito ressecadas, locais sujeitos à

insolaçâo ou ventilação pronunciada, umedecer previamente superfície da parede e/ou tardoz das peças; • acertar nível a cada três fiadas e prumo a cada três colunas de azulejos; • concomitantcmente com o assentamento, promover limpeza dos azulejos com sacos de estopa / algodão. 8. Dis|?osições es[)eciais para segurança no trabalho: nenhuma disposição especial

Page 411: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Na preparação dos "procedimentos" , podendo-se consultar as respectivas normas brasi-

leiras, as recomendações elaboradas no Capítulo III e outros documentos , é importante

introduzir a experiência da empresa, a forma como ela trabalha; para isso deve-se contar

com a contr ibuição dc engenhei ros dc campo, mestres e oficiais. Aspec tos relativos a

condic ionantes para início do serviço, const i tuição das equipes, fer ramentas e equipa-

mentos necessários, materiais e condições especiais de segurança no t rabalho (se hou-

ver) devem ser introduzidos. A utilização dos "procedimentos de execução" deverá estar

amarrada com planilhas dc controle dc materiais e dc serviços, conforme tratado no item

6.3 seguinte.

Com vistas a atender as necessidades dos serviços, nos prazos previstos no cronograma

da obra, deverá ser preparada completa programação de compras dc materiais, equipa-

mentos, ferramentas e todos os insumos necessários. Os pedidos de compra deverão ser

emitidos com a devida antecedência, em função dos prazos requeridos para as tomadas

de preço, análise das propostas, emissão do pedido e entrega dos produtos pelos forne-

cedores. Em função das limitações de espaço no canteiro, c também para preservação do

capital dc giro, pode-se es tudar a possibi l idade de aquisição dos materiais em etapas,

imediatamente antes da sua utilização ("just-in-time"); adverte-se con tudo que o atraso

na entrega dc alguns supr imentos pode repercutir cm prejuízos consideráveis.

Deverá ser con t ro l ado o es toque de materiais , man tendo- se o mín imo necessário de

c imento , cal, aço, agregados, madeira e ou t ros para que a obra não sof ra solução de

continuidade. Um almoxarifc com razoável t re inamento pode executar essa tarefa, man-

tendo constante entendimento com o engenheiro residente a fim dc confrontar estoque

existente, materiais requeridos para as próximas etapas, materiais a serem comprados.

O Manual da Qualidade, ou Plano da Qualidade para a obra específica, deverá prever as

interferências entre as di ferentes etapas, serviços, subemprei te i ros etc, buscando-sc dc

Page 412: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

an temão definir as medidas para equacioná-las. Nesse sent ido, a metodologia sugerida

para verificação das interferências entre projetos (Capítulo IV) pode ser utilizada, confor-

me exemplo ap resen tado na Tabela 75. Além disso, cada p r o c e d i m e n t o de execução

deve indicar ligações e dependências com outros serviços, conforme já foi exemplificado.

Tabela 75: Planilha para previsão das interferências entre serviços.

Estrutura Alvenarias Instalações

Hidráulicas

Impermeabilização Revestimentos

em cerâmica

Estrutura • sobrecarga de

andares superiores

• montagem de

escadas

• trans|jorte de

material

• depósito de

material sobre

lajes

• chumbamento

dc suportes

• estanqueidade

das instalações

de água

• sobrecarga de

camadas de

regularização

• vazamentos

• escorrimentos

• sobrecarga de

camadas de

regularização

• juntas de des-

solidarizaçâo

Alvenarias • maturidade do

concreto

• irregularidades

geométricas

• retirada de

escoramentos

residuais

• sobrecarga de

andares superiores

• modulação /

amarração

entre paredes

• dutos das válv.

de descarga

• abertura de

rasgos para

ixtssagem de tubos

• locação correta

dos pontos

• aderência das

dobras da im-

permeabilização

• vazamentos

• escorrimentos

• empoçamento

de água nas bases

das paredes

• juntas de

dessolidarização

Instalações

hidráulicas

• janelas em

vigas e lajes

• liberação de

reservatórios

• suportes de

tubulações aéreas

• irregularidades

geométricas

• destacamentos

de blocos

• liberação das

prumadas

• sobreposição

de tubos

tubos de plástico

• estrangulamento

de ralos

• ação do fogo

ou calor em

encontro d shatts

• encontros com

ralos, pontos de

água, etc.

• modulação

Impermeabi-

lização

• acabamento superficial de lajes

• juntas dilatação

• encaixes manta

• liberação de reservatórios

• construções sobre a laje de cobertura

• estreitamento da

base para encaixe

da impemeabili-

zação

• juntas de

controle

• tubos emergentes na laje de cobertura

• tubulações presentes em dobras da imper-meabilização

• trânsito sobre

impermeabiliza-

ção já aplicada

• descolamentos

de dobras da im-

permeabilização

• cotas dos pisos acabados

• caimentos dos pisas

• encaixes da im-permeabilização em degraus e pisos com cotas ditererv.es

Revestimentos

em cerâmica

• acabamento

superficial de lajes

• irregularidades

geométricas

• irregularidades

geométricas

• fissuras nas

alvenarias

• locação e bitola

de ralos

• tubos emergen-

tes em paredes

• dobras salientes

bases de paredes

• cotas diferentes

das previstas

• caimentos

invertidos

• ajuste :le cota

entre o; pisos

OBSERVAÇÃO: a planilha é montada analisando-so a interferência do elemento de cada coluna sobre todos os elemento; d.is linhas. Por exemplo, influência ou interferências da estrutura sobre alvenarias, instalações hidráulicas, etc. Dejiois, influêicia ou interferências das alvenarias sobre estrutura, instalações hidráulicas, etc. 3 7 9

Page 413: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Com base no cronograma geral da obra e equacionamento das interfaces, procede-se às

programações específicas, que necessitam constante acompanhamen to e realimentação.

Nesse aspecto, a montagem de cronograma de barras, incluindo datas previstas e datas

realizadas, c uma boa forma dc acompanhamento do andamento físico. Nesse cronograma,

as atividades integrantes do caminho crítico podem ser realçadas, con fo rme Figura 154.

ATIVIDADES MESES

ATIVIDADES 1 2 3 | 4 | 5

HID

ULI

CA ramais AQ 9 Q 1 2 0 3 1 6 Q S

P • • 3 i e D i 8 • •

HID

ULI

CA

ramais AF 3 Q O

8 251 7 • 30 11| | l6 2 6 p ~

! • d 31 9 Q l 3

HID

ULI

CA

prumadas y

• 24

• 1 0 n ? 5

• • !

• 3 •

ALV

ENA

RIA

massa grossa |18 28|

|20 29|

: | 7 17| |20 :3c

;l 1 M |7 17 | |20 3C

I I I

ALV

ENA

RIA

encunhamento Q 1 8

• 20 D2 0 ;

• • i

D 7 D20 • •

ALV

ENA

RIA

elevação 20 28 | 9 21| |2 9 11| |15 24] 1 10| A

LVEN

AR

IA

elevação 19 29| 10 21I 1 1 1 1 I

EST

RU

TU

RA

escadas 20\Z 20\Z

-24

te a « •

20

19 • 9 29(1

c

] ] 3 22| |25 •

EST

RU

TU

RA

vigas/lajes 1 3 | l l S

1 4 | 119 « O " O 1 3 2 3 [ • 2

2 1 0 •

i isl I20 •

EST

RU

TU

RA

pilares 1 1 2 | 25 ID 17 27| 9 19| 3 14|

EST

RU

TU

RA

pilares 1 131 26 8| IS 26| I I

pavimentos estrutura térreo r Y 3o 4"

| | programado | | realizado | | programado / caminho critico

Q Figura 154 Gráfico de balanço - acompanhamento tísico da obra.

O último, e o mais impor tan te dos cont ro les gerenciais, é o controle de custos. Para

tanto, existem diversos aplicativos eletrônicos, criando-se os chamados "planos dc con-

tas", com possibilidade de discriminação das despesas por obras, materiais, mão-de-obra

direta (com possibilidade de subdivisão por categorias), contratos com terceiros, etc. Este

controle possibilitará identificar discrepâncias entre planejado e realizado, facultando a

380 tomada dc decisões em tempo hábil.

Page 414: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

6.2.7. Entrega da obra

A entrega da obra é realizada mediante assinatura dc "termo dc recebimento"

por parte do proprietário, após inspeção realizada em conjunto com a

empresa construtora. Tal inspeção deve ser baseada em lista de verificação

relativamente simples, contemplando os elementos mais visíveis da

construção (vidros, azulejos, pisos, caixilhos, pinturas, ctc).

A assinatura d o t emo de receb imento pelo propr ie tár io não exime a cons t ru to ra , em

nenhuma hipótese, por defei tos que venham a afetar a estabilidade ou a segurança da

estrutura, ou vícios ocultos em qualquer elemento (conforme item 6.2.2).

Antes da inspeção da obra em conjunto com o proprietário, constitui prática necessária

o exame mais cuidadoso do produto que está sendo entregue, confiando-se normalmente

este ú l t imo exame ao d e p a r t a m e n t o de m a n u t e n ç ã o da empresa . Dessa fo rma , além

dos a s p e c t o s visuais a n t e r i o r m e n t e a p o n t a d o s (vidros , azule jos , p in tu ras , etc), são

realizadas diversas inspeções com base em planilha previamente preparada, abrangendo:

• instalações elétricas: funcionamento dos interruptores, energização dc todas as toma-

das, nível e condições de fixação de espelhos, estado geral dos quadros de entrada;

• instalações hidro-sanitárias: desobstrução de tubos dc esgoto, funcionamento dc

torneiras c válvulas dc descarga, rigidez da fixação dc pias c lavatórios, presença

dc grelhas;

• caixilhos: func ionamento suave dc portas c janelas, folgas entre folhas móveis c

marcos, fixação de guarnições, pinturas, funcionamento de trincos e fechaduras;

• diversos: caimento de pisos, ondulações em paredes e tetos (observação sob luz

indireta) , presença de peças cerâmicas des tacadas , regularidade dos

requadramentos c outros .

Jun to com a entrega da obra devem ser fornecidos todos os proje tos completos, inclu-

indo todas as modif icações cm relação aos pro je tos originais. Para tanto é impor tante

Entrega da obra

. Inspeção Gai da c 9 . Muiulde op;r*;&oe

tneruteDfio . Manual <&5 pnpnetih»

° .Etíregideprjjetos . Asrctcrcu pts-venda . Aaáàic cnbci da obra

Page 415: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

que todas as modificações sejam registradas e inseridas em cada projeto, vindo a constituir

o chamado proje to "como-cons t ru ído" ("as built", dos ingleses).

Devem ser também preparados e entregues os manuais de uso, operação e manutenção

da obra: no caso de edifícios habitacionais, o "manual do proprietário" (contendo infor-

mações sob re o a p a r t a m e n t o : de t ec to res de gás, pos ições dc du tos , manu tenção dc

janelas, pisos e ou t ros componentes ) e o "manual do s índico" , con tendo informações

sobre as partes comuns do edifício: piscinas, pressurização de escadas, reservatórios de

água, pára-raios, i luminação de emergência, etc.

N o Manual da Qualidade da empresa cons t ru tora deverão ainda constar as normas de

assistência pós-venda, incluindo orientações para análise de pedidos e reclamações, proce-

dimentos de manutenção corretiva e, no caso de edifícios habitacionais, orientação jurídica

para a regularização do condomínio.

En t regue a obra, é mui to impor tan te que se proceda sua análise crítica, reunindo opi-

niões e i n f o r m a ç õ e s de e n g e n h e i r o s e c o o r d e n a d o r e s , mes t r e -de -ob ra s , a lmoxar i fe ,

responsável pelo setor de compras c ou t ros prof iss ionais . Sugere-se a preparação de

pequeno relatório, que ficará incorporado à "memór ia" da empresa, sintetizando dentre

out ras coisas:

• eficiência dos projetos c dos projetistas: prazos, nível dc detalhamento dos dife-

rentes p ro je tos , p r o n t i d ã o das respos tas , in te r fe rênc ias en t re os p ro je tos ,

construt ibi l idade;

• ef iciência dos p rocessos (níveis de racional ização a t ingidos) , o rganização d o

canteiro, desempenho das equipes, agilidade e utilidade dos controles;

• eficiência dos fornecimentos (prazos dc entrega, preços c qualidade dos materiais),

desempenho de equipamentos , competênc ia /esp í r i to de colaboração dos

subempreiteiros;

382 * eficiência do planejamento estratégico e do planejamento físico e financeiro.

Page 416: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

6.3 Q Proposta para con t ro le da qua l idade d e mater ia is e serviços na cons t rução

A anál ise dos cap í tu los c i tens an te r io res revela um n ú m e r o a b s u r d a m e n t e a l to de

variáveis que interferem na qualidade da construção, todas passíveis de controle. C o m o

afirmou Ary63, o segredo está na seleção das variáveis que serão efetivamente controladas.

Há que se considerar que cm qualquer atividade produtiva, e na construção cm particu-

lar, algumas variáveis mais importantes governam grande parte dos resultados do proces-

so, situação identificada na curva de Pareto ilustrada na Figura 155 a seguir.

% de problemas 100-

"Em um processo que depende de muitas variáveis, uma parte mínima delas governa a maior parte do processo. Em geral, 20% das variáveis governa 80% do processo"

ao íoo (%)

Q Figura 155 Diagrama de Pareto - relação entre variáveis e resultados dos processos.

A pesquisa de Fruet65, muito citada neste trabalho, revelou que somente 20% das empre-

sas consultadas adotava procedimentos padronizados no controle da produção, percentual

que caia para 13% re la t ivamente ao con t ro l e de r eceb imen to de mater iais ; con t ro le

tecnológico através de ensaios de laboratório era praticado apenas para concretos, aços,

madeiras e c o m p o n e n t e s de alvenaria. Tal s i tuação exige rápida mudança de postura ,

com a adoção pelas cons t ru toras de programas de controle , técnica e f inanceiramente

exeqüíveis .

Page 417: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

6.3.1. Proposições para o controle da qualidade dos materiais e componentes

Utiliza-se na construção civil um número muito grande dc materiais, componentes e acessórios.

Considerando-se os diferentes tipos c variedades de produtos (cimentos, aços, braçadeiras,

pinos, pregos, parafusos, fios, conexões e outros), a Const rutora Sergus22'', por exemplo,

chega a catalogar mais dc 13.000 itens. Do ponto dc vista das compras, há mesmo necessidade

dc que todos produtos sejam catalogados c devidamente identificados.

D o ponto de vista da viabilidade dos controles, técnica e financeira, estes deverão conside-

rar, a princípio, os materiais com maior peso econômico na construção, o que irá variar cm

função das tipologias dos projetos c dos processos construtivos. Relativamente aos custos

dos materiais de construção, por exemplo, a CDHU2v> apurou para prédios de 4 pavimentos,

com estrutura em concreto armado, os percentuais indicados na Figura 156.

1,6%

Concretos e argamassas Telha s e domos

Armaduras para concreto Tintas e vernizes

j-jxft Estacas pré-moldadas

£77] Esquadrias metálicas

Componentes de madeira

Blocos e tijolos

Vidros e acessórios

Outros

0 Figura 156 Percentuais de custos dos materiais para construção de edifícios habitacionais de quatro pavimentos (CDHU / SP).

Companhia tio Desenvolvimento Habitacional c Urbano d o listado dc Silo Paulo Tijolo por Tijolo. Reportagem dc lUlcr Santim. Tcchnc - Revista dc Tecnologia da Conftruçâo n° 23. pp IX-24. lUlitora Pini. São Paulo. 1996,

Page 418: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

O controle do recebimento de materiais poderá prever diferentes mecanismos e diferen-

tes níveis de rigor: pode-se recorrer ao cadastro de fornecedores (histórico de forneci-

mentos) , à inspeção visual, à inspeção visual + verificação das características geométri-

cas, à execução dc ensaios, etc. Ao contrário do que ocorre no Brasil, é comum verificar-

se nos cante i ros de obra da Eu ropa pequenos labora tór ios providos de ins t rumental

s imples e re la t ivamente bara to: pequena prensa , pequena es tufa , balança, t renas ,

paqu ímet ros , lupas.

As propriedades tecnológicas dos materiais obviamente só poderão ser constatadas me-

diante realização de ensaios. Todavia, através de inspeção visual e algumas medições

muito simples, diversas características dos p rodu tos poderão ser avaliadas: regularidade

geométrica, integridade, defei tos no acabamento. A eficaz conferência do material rece-

bido é decisiva para que não se venha a observar falhas apenas no m o m e n t o da sua

aplicação. Por exemplo, não basta confer i r o número de caixas con tendo fechaduras: é

necessário verificar se foram cor re tamente fornecidos os espelhos, as testas c contra-

testas, as maçanetas c os parafusos (nas bitolas, acabamentos c quantidades requeridas).

Cons ide rando os aspectos levantados, o peso econômico (custo de aquisição) do ma-

terial, o cus to com repos ições e m a n u t e n ç õ e s cor re t ivas , as pa to log ias que se tem

ver i f icado com maior intensidade, e as repercussões que a não c o n f o r m i d a d e de um

de te rminado material pode causar, p ropõem-se que sejam contemplados num programa

de con t ro l e da qual idade os p r o d u t o s l is tados na Tabela 76. C o n s i d e r a n d o ainda o

estágio de evolução dos diferentes setores produtivos dc materiais (alguns com programas

da qualidade já consolidados) , a certificação compulsória exigida pelo IN M E T R O para

alguns produtos , a capacidade média instalada nos laboratórios de ensaio, e finalmente

a espec i f i c idade e o cus to de a lguns ensa ios , p r o p õ e m - s e a a d o ç ã o das es t ra tégias

indicadas na mesma tabela.

Page 419: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 76: Relação de materiais e estratégias para controle da sua qualidade

MATERIAIS E COMPONENTES ESTRATÉGIAS DE CONTROLE

• cimento Portland

• barras e tios dc aço para armaduras

• placas cerâmicas para revestimento

• tios e cabos elétricos

• com|>oncntes das instalações elétricas (disjuntores,

tomadas, interruptores, quadros de luz, etc)

• portas corta-fogo

• extintores, "sprinklers", detetores de fumaça

• Exigência que o fabricante / fornecedor detenha

processo de certificação da conformidade

• chapas e perfis de aço estrutural

• telas de aço eletrossoldadas

• cal hidratada

• argamassa industrializada (ensacada ou cm silos)

• chapas de madeira compensada

• telhas e canaletes de cimento-amianto

• eletrodutos

• tubos e conexões de PVC

• tubos e conexões de aço galvanizado

• tubos e conexões de cobre

• vidros planos

• Exigência que o fornecedor demonstre que opera

controle da qualidade na produção

• Exigência de apresentação pelo fornecedor de

relatórios de ensaios atualizados

• componentes de alvenaria com função de vedação

• metais sanitários

• louças sanitárias

• gesso para revestimento

• fechaduras

• caixilhos de alumínio

• caixilhos de PVC

• reservatórios de água em cimento-amianto

• caixas de descarga e sifões em plástico

• Exigência que o fornecedor demonstre que opera

controle da qualidade na produção

• Ensaio inicial para aprovação da compra

(ensaio de tipo)

• Eventuais ensaios de acompanhamento

• agregados para concretos e argamassas

• tintas e emulsões

• madeira serrada

• telhas cerâmicas

• lajes pré-fabricadas

• portas e janelas em aço

• portas e janelas em madeira

• reservatórios de água em poliolefinas

• Ensaio inicial para aprovação da compra

(ensaio de tipo)

• Avaliação sistemática

• Controle parcial das características do produto

mediante realização de ensaios

• concreto dosado em central

• concreto dosado na obra

• com|x>nentes de alvenaria com função estrutural

• argamassas pré-dosadas, a granel

• Avaliação sistemática

• Controle de todas as características do produto

mediante ensaios previstos na normalização técnica

Page 420: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Em função do "histórico dos fornecedores", das características da obra, de condicionantes

regionais e da própria cultura técnica da construtora, as proposições formuladas na tabe-

la anterior poderão naturalmente ser alteradas.

Relativamente à cert if icação, cons t ru to ras e órgãos de gove rno devem ser os grandes

indutores do processo; ressalva-se con tudo que materiais certificados poderão ter peque-

no diferencial dc preço, o que af ronta diretamente os princípios de algumas empresas

que ainda efetuam suas compras exclusivamente pelo "cri tério" do menor preço. Obser-

va-se também que os processos de certificação ou qualificação dependem dc importan-

tes a justes técnicos e operacionais , devendo ser real izados em est r i to consenso com

associações de produtores; esta forma de parceria foi adotada no Programa QUALIHAB236 ,

que vem sendo desenvolvido com sucesso pelo governo do estado de São Paulo, através

da CDHU.

Para produtos inovadores (argamassas poliméricas, carpetes de madeira etc) recomenda-

se a exigência de processos dc aprovação técnica, c o m o a "Referênc ia Técnica I P T "

citada an t e r i o rmen te . Tais ap rovações são baseadas em ensaios que visam avaliar o

desempenho potencial do produto (comportamento sob ação do fogo, durabilidade etc),

nortcando-sc a aprovação no atendimento a requisitos c critérios como aqueles registrados

na publicação "Critérios Mínimos de Desempenho"1 1* mencionada no Capítulo LI.

Para os materiais tradicionais, independentemente da modalidade ou rigor do controle,

devem ser preparadas fichas para controle do recebimento, definindo-se formas de con-

ferência da quantidade recebida, inspeções visuais, verificação da integridade dos produ-

tos etc, con fo rme modelos apresentados nas Tabelas 77 e 78.

•>v> Companhia dc Desenvolvimento Habitacional c l ' tb*no do F.stado dc Sào Paulo - CDIIU. I Seminário sobre o QUAI.1HAB - Programa da Qual idade na Construção d c Hahitaçfle*. São Paulo. 1996.

Page 421: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 77: Modelo de ficha para controle do recebimento de azulejos.

CONSTRUTORA

SILVA

Ficha M 14 - Recebimento de AZULEJOS

Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

PEDIDO n°:

FORNECEDOR:

NF n°:

Remessa n°:

Número de caixas:

FABRICANTE:

COR / MODELO:

CÓDIGO DE PRODUÇÃO:

Dimensões nominais:

Metragem declarada em cada caixa:.

A. Análise preliminar do fornecimento Condição / Exigência Atend

SIM

mcnto

NÃO

1. Foi apresentada comprovação da certificação da conformidade do produto? Existe marca no tardoz das placas?

certificação

registro da marca

2. Nota Fiscal descreve com precisão tipo e quantidade do material entregue? Corretos nosso endereço e CGC?

NF correta

3. Cor, modelo, padrão e tonalidade do material entregue correspondem às especificações do pedido?

atendimento ao pedido

4. Dimensões nominais correspondem ao |)edido? atendimento ao fiedido

5. Quantidade entregue corresponde ao pedido / remessa? atendimento ao pedido

6. Todas as caixas indicam o mesmo código de produção? código igual nas caixas

7. Embalagens apresentam-se íntegras, sem violação? embalagens íntegras

8. Fornecimento foi realizado no prazo prometido? Não. atraso dias

B. Inspeção visual

Amostra: separar aleatoriamente 10% tias caixas do fornecimento

(mínimo de 5, máximo de 12 caixas); de cada caixa, retirar

aleatoriamente duas peças.

Condição / Exigência

Atend

SIM

mento

NÃO

1. Colocadas as peças lado a lado, em local bem iluminado, são imperceptíveis as diferenças de cor / tonalidade?

homogeneidade de cor

2. São imperceptíveis pintas, manchas, bolhas, riscos, escorri mentos, lascamentos, fraturas ou outros defeitos?

sem defeitos

3. Examinando-se as placas com lente de aumento, são imperceptíveis pequenas fissuras ou gretamentos?

sem gretamento

4. O esmalte recobre parcialmente as bordas dos azulejos? recobrir parcialmente

5. Pequena quantia de cinzas / engobe no tardoz das placas? pequena quantia tolerada 6. Paquímetro: os lados das placas apresentam diferenças

inferiores a 3mm em relação às medidas de fabricação? desvios < 3mm

7. Paquímetro: comparando-se os mesmos lados das placas, as diferenças das medidas são inferiores a 2mm?

desvios <, 2mm

8. Apoiando-se as placas sobre um plano, são imperceptíveis empenamentos ou torções dos vértices?

sem desvios de forma

Data e local:

assinatura do responsável pelo recebimento visto do engenheiro

Page 422: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 78: Modelo de ficha para controle do recebimento de janelas de aço.

CONSTRUTORA

SILVA

Ficha M 21 - Recebimento de AZULEJOS

Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

PEDIDO n°:

FORNECEDOR:

NF n°:

Remessa n":

FABRICANTE:

MODELO:

Dimensões externas:

Fundo anticorrosivo:

A. Análise preliminar do fornecimento Condição / Exigência Atent

SIM

mento

NÃO

1. Nota Fiscal descreve com precisão tipo e quantidade do material entregue? Corretos nosso endereço e CGC?

NF correta

2. Modelo e dimensões das janelas entregues correspondem ãs especificações do pedido?

atendimento ao pedido

3. Em algum lugar da janela aparece estampada no metal a marca do fabricante, em local visível após a instalação?

registro da marca

4. Quantidade entregue corresponde ao pedido / remessa? atendimento ao pedido

5. Embalagens apresentam-se íntegras, protegem convenientemente as janelas?

embalagens íntegras

6. Fornecimento foi realizado no prazo prometido? Não. atraso dias

B. Inspeção visual

Amostra: Separar aleatoriamente 10% das janelas do lote (mínimo de 5, máximo de 10 janelas). Comparativamente com o protótipo ensaiado (ensaio de tipo), responder:

Condição / Exigência

Atend

SIM

mento

NÃO

1. A diferença de peso de cada janela, comparando-se com o protótipo, é inferior a 5%? Mantidas bitolas das chapas?

desvios no peso < 5%

2. Mantida a qualidade e quantidade das ligações (cordões de solda, rebites, parafusos, etc)?

padrão do protóti(X)

3. Mantida a qualidade dos acessórios (cremonas, hastes, l>orboletas, dobradiças, puxadores)?

padrão do protóti|x>

4. Inexistem defeitos nas janelas examinadas (amassamentos, desconti nu idades do fundo protetor, riscos etc)?

sem defeitos

5. Inexistem frestas que favoreçam o depósito de água, com risco dc corrosão?

inexistência de frestas

6. São realizadas com suavidade as 0|>crações de abertura e fechamento das folhas tipo veneziana e da guilhotina?

facilidade de manobra

C. Inspeção por ensaios

a) Das janelas examinadas, selecionar duas e encaminhar para o laboratório , para execução

dos ensaios: • espessura, aderência e caracterização do fundo anticorrosivo;

• resistência ao arrancamento das borboletas e das dobradiças.

b) Conforme acordo, solicitar ao Laboratório que debite 50% para a Construtora e 50% para o Fabricante.

Data e local:

assinatura do responsável pelo recebimento visto do engenheiro

Page 423: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

6.3.2. Proposições para o controle da qualidade dos serviços

N o capítulo 111 c no Anexo constam modelos de listas de verificação, englobando controles

para os proje tos c para os serviços dc construção. Pelo forte impacto que os projetos

tendem a representar nos resultados técnicos e financeiros das obras, ajuíza-se que todos

os controles dc projetos devam ser praticados.

Já para os serviços, visando racionalizar o sistema da qualidade, deverão ser estabelecidas

p r io r idades e a jus tes nos p lanos dc inspeção. Froger2* previne que os programas da

qualidade, c os respectivos p roced imentos técnicos c operacionais , deverão identificar

pe r fe i t amente os critérios de apreciação e os limites toleráveis para cada atr ibuto em

julgamento. Além disso, enfatiza que a flexibilidade é uma das características mais impor-

tantes de qualquer programa ou plano da qualidade.

Cons iderando o sem número de controles passíveis de serem realizados numa constru-

ção, desde a fase de p lane jamento até o pe r íodo de uso e manutenção , Desmadryl2 1 6

chama atenção para que na organização dos controles sejam devidamente consideradas:

a) as dificuldades de execução das obras;

b) a gravidade das conseqüências das possíveis não eonformidades ;

c) a experiência do cons t ru to r adquirida cm obras an te r iormente executadas.

O mesmo autor esclarece que deve ser estabelecida uma hierarquia entre os diferentes

controles, devendo-se distinguir os controles correntes (ou comuns) , os pon tos críticos

e os "pon tos imprescindíveis", tão importantes que exigiriam a realização de auditorias

ex te rnas e a devida a p r o v a ç ã o para p r o s s e g u i m e n t o da o b r a . Alguns exemplos de

p o n t o s crí t icos c " p o n t o s impresc indíve is" , c i tados pe lo au tor , são apresen tados na

tabela a seguir:

FR<X»1:.R ci alli. La gention dc Ia qualit£ dan« Ia programmaiion. Club Consiruciion Qualiic. Ministcfc dc LT-quipcmcnic, du Lagcmcnr. des 3 9 0 Tran tpom ct dc Ia Mcr. Pari*. 1990.

Page 424: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 79: Importância relativa dos controles na execução de obras (Desmadryl)

Elementos CONTROLES Elementos

Correntes Críticos Imprescindíveis

To|X>grat'ia Declividades, desníveis, cotas,

ângulos

Obras vizinhas, interferências

no terreno, raio de ação de

equipamentos

Locação do terreno, locação

dos eixos principais da obra,

referência de nível

Fundações Prumo, nível, seções,

integridade de estacas

pré-moldadas, energias de

cravação ou compactação

Área de a|x>io, profundidade

ou cota de apoio, continuidade,

resistência do concreto,

posicionamento de armaduras

Locação ílos elementos, cotas

de arrasamento

Estrutura Nível, prumo, ângulos, seções,

rigidez de fôrmas e

escoramentos, presença de

espaçado res, etc

Resistência do concreto,

posicionamento de armaduras,

cobrimentos, idade do

decimbramento

Locação dos elementos, cotas,

janelas para passagem de

dutos, adoção de detalhes

construtivos

Alvenarias Nível, prumo, ângulos,

resistência dos blocos,

dosagem da argamassa

Modulação, posicionamento

de juntas de controle, ligações

com a estrutura

Locação, posicionamento de

vãos, embutimento de

tubulações

Instalações

hidráulicas

Geometria, bitolas, tipos de

rosca, adequação das

conexões, etc

Vazão, pressão Prova de estanqueidade

O c o n t r o l e dos p r o c e s s o s deverá ser p r o c e d i d o c o m base nos p r o j e t o s execu t ivos

(plantas, memoria is , paginação de pisos e de alvenarias etc) e nos p roced imen tos de

execução , p r o p o s t o s no i tem 6.2.6. A u t i l ização de e q u i p a m e n t o s s imples ( f io de

p r u m o , nível de bo lha , t rena, esquadro , cálibre) e o e m p r e g o de gabar i tos (vãos de-

por tas c janelas, altura c pa tamar dos degraus , cotas dos p o n t o s dc água ou dc luz,

e spessu ra das juntas de a s s e n t a m e n t o ou das camadas de r eves t imen to ) faci l i tarão

sobremaneira as inspeções. F.m situações muito especiais, como a locação das fô rmas

da es t ru tura , serão necessár ios equ ipamen tos de maior precisão, c o m o teodol i tos ou

níveis t opográ f i cos .

Page 425: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Dc antemão, é imprescindível que haja técnicos treinados para essa finalidade, com os

sen t idos mui to acurados : g rande par te dos de fe i tos na fase de c o n s t r u ç ã o pode ser

identificada mediante simples inspeções visuais. Um profissional bem treinado é capa/,

dc detectar, caminhando, a declividade dc um piso; com o olhar atento, a diferença de

bitola ou o desvio de um arestamento ou requadramento em relação ao ângulo reto. Na

busca da qualidade, esses profissionais deverão ser preparados, mais do que tudo, para

"enxergar defei tos" e para "prevenir defeitos".

As inspeções deverão ser executadas de forma educada c colaborativa. De forma algu-

ma, o pessoal da p r o d u ç ã o , ou m e s m o o engenhe i ro res idente , deverá cons iderar o

" i n spe to r " um inimigo. Além disso, as inspeções deverão ser planejadas com critério,

para que não venham a atrapalhar a produção. Esta atividade, mais do que "analisar o

que foi feito er rado" , tem como maior sentido "prevenir o que pode vir a ser feito de

forma errada". Exemplificando, falhas detectadas na concretagem da estrutura do primei-

ro pavimento tipo, não devem ser repetidas nos andares seguintes.

O inspetor deverá estar p reparado para comunicar-se com quaisquer pessoas: apon ta r

falhas, contudo, somente para o engenheiro responsável ou o mestre-de-obras, sc o primeiro

assim solicitar.

As inspeções devem adotar como roteiro planilhas convenientemente preparadas e pre-

viamente acordadas entre engenheiros da produção, coordenadores de obras e diretoria

da empresa cons t ru tora . Tais planilhas, preparadas na forma de "listas de verificação",

deverão ser simples c objetivas, possibili tando rápido preenchimento c utilização repeti-

da no acompanhamento de um serviço ou tarefa.

Considerando a impossibilidade e a desnecessidade de "controlar tudo" (o T Q C - "total

quality cont ro l" - parece mais apropriado aos japoneses), a necessária agilidade na exe-

Page 426: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

cução e análise dos controles, seguidas das necessárias c imediatas ações, propõem-se a

seguir fo rma de controle da produção baseada nas seguintes premissas:

a) as falhas mais impor tan tes podem ser de tec tadas por inspeção visual: as planilhas

dc c o n t r o l e devem levar cm con ta este fa to , r e c o r r e n d o - s c a med ições somen te

quando o inspetor ficar em dúvida se está ou não diante de uma não conformidade;

a tes tada a não c o n f o r m i d a d e , s o m e n t e aí será reg i s t rado na plani lha o valor d o

d e s v i o ;

b) haverá uma relativização da importância dos controles, adotando-se a classificação:

• controles essenciais (CE) c> vitais para garantia do desempenho dos elementos;

• controles importantes (Cl) <=> atingir qualidade, evitar desperdícios, cumprir pro-

gramação ;

• controles ocasionais (CO) cc> visando otimizar a qualidade dos serviços.

c) as falhas constatadas também terão importância relativa:

• falhas críticas (FC) não c o n f o r m i d a d e s que p o d e m afe tar a segurança ou a

durabi l idade da obra , interferir ser iamente com ou t ros serviços, prejudicar as

condições de saúde c segurança no trabalho;

• falhas graves (FG) ^ não conformidades que podem repercutir em importantes

desperdícios ou retrabalhos, compromete r a programação c os prazos, prejudi-

car o desempenho da obra acabada;

• falhas secundárias (FS) cc> não conformidades que p roduzem pequenos desper-

dícios, p o d e n d o todavia so f re rem cor reções nem mui to onerosas nem mui to

trabalhosas.

d) será também adotada hierarquização nos planos de inspeção, ou seja:

• plano normal (PN) cc> inspeções semanais, operando controles essenciais e con-

troles importantes;

• p lano r igoroso (PR) cí> inspeções com menor per iodicidade (diárias, etc), ope-

rando controles essenciais, importantes e, eventualmente, ocasionais;

• p lano a t enuado (PA) c> inspeções mais espaçadas (dez dias, quinzenais etc),

controles essenciais e, eventualmente, controles importantes .

Page 427: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A definição do tipo de controle (considerando ou não os importantes e os ocasionais), e

da forma de inspeção (normal, rigorosa, atenuada), dependerá da época e das condições

de normalidade. Por exemplo, o Plano Normal poderá ser adotado no início da obra ou

dc um serviço específico, na contratação dc um novo subemprei te i ro c sempre cjuc sc

ver if icarem condições de normal idade no a n d a m e n t o dos trabalhos. O c o r r e n d o falha

crítica, ou um número razoável de falhas graves, poderá ser acionado o Plano Rigoroso.

Recuperando-se a condição de normalidade, retorna-se ao Plano Normal; constatando-se

pouca ou n e n h u m a ocor rênc ia de defe i tos , adota-se o Plano A t e n u a d o dc inspeção.

Algumas possibilidades são ilustradas no fluxograma apresentado na Figura 157.

0 Figura 157

Sistema flexibilizado de planos de controle da produção.

Essa proposta de flexibilidade das inspeções e controles, em parte baseada nos 'índices

dc amostragem" antigamente adotados na norma NBR 6 1 1 8 r , também flexibiliza a apli-

cação dos diferentes planos a diferentes elementos e serviços. Ou seja, poderá ser adotado

^ ^ o Plano Rigoroso para as instalações de gás, o Plano Normal para a estrutura de concreto

Page 428: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

a r m a d o c o Plano Atenuado para os cont ra -p isos . E m d e t e r m i n a d o m o m e n t o d o

cronograma, em função do maior ou menor acerto na execução dos serviços, diferentes

p lanos pode rão estar sendo prat icados . O impor t an t e é que sempre exista um plano.

Que sempre algum tipo de inspeção c controle seja efetuado.

Q u a n t o às planilhas de inspeção, deverão ser listados todos os a t r ibutos passíveis de

cont ro le (vide alguns exemplos no Anexo) , passando-se então a elcncar os controles

"essenc ia i s" , os con t ro les " i m p o r t a n t e s " c os con t ro les "ocas iona i s" ; em função do

t ipo de obra as classificações poderão ser di ferentes . Poderão ser montadas planilhas

com todos os controles (essenciais, impor tantes , ocasionais), ou planilhas individuais.

N o r m a l m e n t e as planilhas deverão abranger os cont ro les "essencia is" e os controles

" i m p o r t a n t e s " , c o n f o r m e mode lo ap re sen t ado na Tabela 80 (exemplo para alvenaria

es t ru tu ra l ) .

Sempre que detectar uma falha, o inspetor deverá classificá-la, utilizando as siglas " C "

(falha crítica), " G " (falha grave) ou "S" (falha secundária). Sempre que ocorrer uma falha

crítica, a direção da obra deverá ser imediatamente comunicada. Para falhas graves pode-

rá também ser adotada a mesma postura. O exame sistemático das planilhas preenchidas

permit i rá identif icar repet ição de falhas, p roced imen tos incorre tos etc, possibi l i tando

medidas cabíveis para prevenção dos problemas e rcorientaçào dos processos.

Na preparação das planilhas deve-se tomar todo o cuidado para a perfeita identificação

d o serviço, das equipes e, principalmente, do local cm que a inspeção está sendo reali-

zada (se necessário, numa cópia da planta ou em pequeno croqui no verso da ficha de

inspeção) . Já foi t e s t emunhado caso em que o fLot I [ Iv l t io 'le um lote de concre to ficou

muito abaixo do f , do projeto, mas ninguém na obra sabia exatamente onde o concreto

havia sido lançado.

Page 429: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tabela 80: Modelo de ficha para controle da execução de alvenaria estrutural.

CONSTRUTORA Ficha E 16 - Execução de ALVENARIA ESTRUTURAL

SILVA Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

PAVIMENTO: LOCAL:

EQUIPE: Encarregado:

Controles Condição/

exigência

N° da inspeção / Atendimento Controles Condição/

exigência 1 2 3 4

Controles Condição/

exigência

S N S N S N S N

Ess

enci

ais

1. locação das paredes desvio < 1 cm

Ess

enci

ais

2. ângulos entre paredes* desvio < 0,2°

Ess

enci

ais

3. modulação dos blocos cf. projeto G

Ess

enci

ais

4. posicionamento de vãos desvio < lem

Ess

enci

ais

5. prumo da parede desv. < 1 mm

Ess

enci

ais

6. nível das juntas desv. <, 2mm

Ess

enci

ais

7. preenchimento das juntas compacto

Ess

enci

ais

8. armaduras verticais cf. projeto

Ess

enci

ais

9. armaduras horizontais cf. projeto

Ess

enci

ais

10. preenchimento do graute compacto

Ess

enci

ais

11. preenchimento das cintas compacto S

Ess

enci

ais

12. preenchimento contravergas compacto

vi Í> c 2 k. 2. E

a) amarrações entre paredes cf. projeto

vi Í> c 2 k. 2. E

b) planeza da face das paredes desv. £ 3mm

vi Í> c 2 k. 2. E

c) es|)essura das juntas 1 < e < 1,5cm vi Í> c 2 k. 2. E

d) verticalidade das ombreiras desv. < 1 mm vi Í> c 2 k. 2. E

e) passagem de eletrodutos cf. projeto C

vi Í> c 2 k. 2. E í) posicionamento caixas de luz desv. £ 5mm

vi Í> c 2 k. 2. E

g) assentamento blocos nível/alinh 2mm

vi Í> c 2 k. 2. E

h) traço da argamassa cf. projeto S

vi Í> c 2 k. 2. E

i) traço do graute cf. projeto

(•) desvio do esquadro: cniro a extremidade do lado do

ísíjuxiro com 30cm e a face da parede não deverá resultar

folga maior (pie Imm (verificada «xii pente dc folga)

data (•) desvio do esquadro: cniro a extremidade do lado do

ísíjuxiro com 30cm e a face da parede não deverá resultar

folga maior (pie Imm (verificada «xii pente dc folga)

inspetor

(•) desvio do esquadro: cniro a extremidade do lado do

ísíjuxiro com 30cm e a face da parede não deverá resultar

folga maior (pie Imm (verificada «xii pente dc folga) visto

OBSERVAÇÕES:

a) a inspeção dos serviços deve ser realizada com base no respectivo Procedimento; as não coníormidades devem

ser detalhadas no campo apropriado, no verso desta Lista de Verificação.

b) as falhas devem ser classificadas em críticas (C), graves (G) ou secundárias (S), conforme definido no respectivo

Procedimento.

c) na constatação de qualquer falha considerada crítica, comunicar imediatamente o engenheiro residente.

Page 430: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

6.4 D R e c o m e n d a ç õ e s gerais para implan tação d o Sistema da Q u a l i d a d e

A implementação do sistema da qualidade numa empresa, independentemente do ramo

da atividade, deverá partir dc alguns pressupostos básicos:

a) a coisa tem de ser "prá valer": implantação de sis temas "vi r tua is" , c o m o simples

jogada de marketing, logo será percebida pelos gerentes e trabalhadores. A partir daí

vem o descrédito no sistema, na direção e na empresa;

b) qua lquer s is tema, p lano ou p rograma é o p e r a d o por h o m e n s : se as pessoas não

detém o conhec imen to dos segredos da sua prof issão, se não sabem muito bem o

que e para que es tão f azendo , qualquer tentat iva de p rog rama será um exercício

esotér ico;

c) duas filosofias devem nortear qualquer programa da qualidade: " fazer bem feito na

primeira vez" (autocontrole), c "prevenção dc falhas";

d) a certificação ISO 9000 pode ser decorrência, nunca a meta;

e) para o t r e inamen to das equipes , mode rn i zação das máquinas , racional ização dos

processos e organização dos programas, i n v e s t i m e n t o s s ã o n e c e s s á r i o s .

Segundo Peixoto5 2 , "as e/f/presas precisam entender que o sucesso de um programa da

qualidade e produtividade exige formulação de uma Política de Recursos Humanos com-

patível com os objetivos organizacionais a que se propõe, com o ambiente tecnológico

no qual a empresa opera, com o nível de concorrência no mercado em que atua, com o

perfil de competência profissional exigirei dos trabalhadores. Todas estas ações tem um

custo e um beneficio. Não há como querer o beneficio sem o ônus do custo".

Relativamente à implantação dos sistemas da qualidade, Barber230 observa:

• a adoção do sistema encoraja as empresas a pensarem nos processos e a fazer

bem feito já na primeira vez; a boa vontade depende do re torno financeiro;

• o sistema da qualidade atua benef icamente na psicologia da força de trabalho;

• com o sistema, o empresário ficará mais seguro, controlará melhor os custos;

Page 431: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

• existe o perigo em considerar que os procedimentos possam substituir o treina-

m e n t o . "Há necessidade dc pessoas treinadas e competentes, antes dos siste-

mast"

• o sistema da qualidade prove uma estrutura: O sistema da qualidade nunca irá

dizer "use o equipamento X, ou o material Y". O sistema apenas irá dizer "Vocc

considerou estes aspectos na sua decisão?"

• o sistema da qual idade não garante que t odos os ob je t ivos serão alcançados:

prove uma estrutura para minimização dos problemas, nào os eliminanco intei-

ramente ;

• sistema da qualidade é apenas Organização e Métodos , com auditorias;

• o sistema da qualidade é um meio dc colocar toda a experiência da companhia

em cada projeto, desde o seu começo;

• o sistema da qualidade é uma forma da companhia investir recursos antes, para

nào incorrer em custos depois.

Sc a implantação do sistema em qualquer indústria seriada já pode ser um tanto compli-

cada, na construção civil ainda mais. As características diferenciadas da construção, ana-

lisadas no Capítulo II, e o sem número de variáveis a controlar no tempo e no espaço,

repercutem necessidades suplementares dc organização c planejamento. C o m o af i rmou

Barber23", o s is tema da qual idade é apenas isso. C o m o julga Juran 2 3 8 , " o conjunto de

normas ISC) 9000 nada mais é do que uma grande reunião de coisas óbvias".

Cer tamente , a maior dificuldade na implantação do sistema será o t reinamento das pes-

s o a s . T o m a n d o - s e o c a s o d o s i n s p e t o r e s o u a u d i t o r e s i n t e r n o s d a q u a l i d a d e , p o r e x e m -

plo, deveriam ser técnicos bem qualif icados, com facilidade de comunicação, com co-

nhecimento razoável das patologias das construções, exemplificadas no Capítulo 1, c do

" c o m o fazer" , discorr ido no Capítulo III. Recordando a "crise do conhecimento" , e a

necessidade de profissionais, apontadas por Calavera42 no Capítulo II, qual seria melhor

JURAN, M. Ji»cplv A Última Palavra: I j ç5c* dc uma Vida no Gcrcnciamcntn para a Qualidade. Kcvi*ta Controle da Qualidade n" 19, pp 7-9, 3 9 8 F.dilora Bana*. São Paulo. 1993.

Page 432: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

auditor, o tecnólogo recém fo rmado ou o velho mestre-de-obras que a empresa acabou

dc aposentar? Ou, quem sabe, a junção dos dois?

Mas dois funcionários custam para a empresa mais do que um (obviedade não prevista

na ISO 9000). Aí começam a surgir os problemas. Aí é que se começa sentir o cuanto a

empresa está disposta a investir. Part icularmente, o quanto está disposta a investir nos

recursos humanos , talvez hoje em dia o único segredo de qualquer negócio.

Se o termômetro indicar real anseio pela implantação do sistema, mãos à obra. Uma série

de simplif icações poderão ser assumidas, sem nenhum exercício de " reengenhar ia" ou

" tercei r ização" , ne fas tos mod i smos tão em voga nas nossas empresas . Na direção do

simples c exeqüível, as propostas de procedimentos "enxutos" (item 6.2.6) e as estratégi-

as para controle da qualidade de materiais e serviços, esboçadas no item 6.3.

A ordem é "não burocratizar". O sistema da qualidade não pode, em nenhuma hipótese

c sob nenhum pretexto, "engessar" a empresa: planos da qualidade flexíveis devem ser

estabelecidos para cada obra, adequando-se às características da construção, aos forne-

cedores locais, aos equipamentos disponíveis.

Por onde começar? Há necessidade da contratação de consultor? Vai dar certo? K neces-

sário"? São dúvidas que normalmente perpassam as cabeças dos diretores antes de qual-

quer decisão. Todas válidas.

A experiência, e os diversos autores, recomendam em geral que sejam seguidos os se-

guintes passos:

* Quanto dúvida sobre a necessidade, se houver muita dncrgcncia entre os sócios quotistas rccomcnda-sc que os mesmos respondam em conjunto ao questionário apresentado na TABELA 62: "Tomada dc dccisdo sobre necessidade dc programa dc gestão" (item 6.1). Ali. a avenuda possibilidade dc "dissolução da sociedade", obviamente foi sugerida cm tom dc brincadeira.

Page 433: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

t=> montar pequeno comitê dentro da construtora (um diretor, dois coordenadores, um

mestre etc), incumbido de estabelecer estratégias dc atuação a curto e médio prazos;

este próprio comitê irá definir a necessidade ou não da contratação de consultor;

«=í> efetuar levantamento detalhado dos problemas que vêm pre judicando a quali-

dade / produtividade (indefinição de responsabilidades, rotatividade da mão-de-

obra, compras incorretas, fornecedores que atrasam entregas, equipamentos que

vivem quebrando, principais patologias nas últimas obras);

c=> listar em ordem de importância os problemas (neste sentido, podem ser úteis as

"listas dc análise" sugeridas nas Tabelas 63 a 66 - item 6.1);

c> selecionar os três ou quat ro problemas mais importantes , planejando todas as

medidas previsíveis para comba te - los (quem, quando , c o m o , onde , com que

recursos, quais responsabilidades); os métodos "MAMP", "Ishikawa" e "5M + D",

anter iormente comentados , poderão facilitar os diagnósticos;

<=> estabelecer metas a serem progressivamente atingidas e obter da diretoria apro-

vação e apoio para implementar as medidas planejadas;

cí> preparar , dc fo rma concisa mas absolutamente precisa, todos os documentos

técnicos dc supor te à implementação c a c o m p a n h a m e n t o das medidas (f luxo-

gramas, projetos , procedimentos , planilhas de controle);

cí> organizar e treinar adequadamente as equipes; prover todos os insumos neces-

sários para a adoção das medidas planejadas;

c> implementar as ações, incent ivando e apoiando tecnicamente as equipes;

acompanhar com eficiência a implementação, inclusive com controle dc custos

(investimentos x re tornos obt idos) , apuração dc responsabil idades (não de cul-

pados), modif icações necessárias em relação ao planejamento original etc;

c> documentar tudo, também de forma concisa mas absolutamente precisa;

d e m o n s t r a r para a d i re tor ia o s r e su l t ados o b t i d o s c o m o s i n v e s t i m e n t o s ( e c o n o

mias obtidas, ganhos dc produtividade, maior satisfação dos funcionários, melhoria

da imagem da empresa e outras);

c> passar para os dois ou três p rob lemas seguintes, nunca re legando a segundo

plano a manutenção / apr imoramento das medidas já adotadas;

c> concomitantemcnte com as primeiras ações, iniciar preparação dos procedimentos

de recepção de materiais, execução de serviços, planilhas de controle e outros, que

400 virão a integrar o "Manual da Qualidade" da empresa (sugestões no item 6.2).

Page 434: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Numa empresa construtora, ate mais importantes que o próprio sistema sào os planos da

qualidade, aplicáveis a cada obra específica. Sob o enfoque da realização de um empre-

endimento de engenharia, as questões tratadas a nível conceituai e genérico no sistema,

deverão ser resolvidas dc forma prática e material nos "planos da qualidade". Assim, para

as condições reais de cada obra deverão ser percorridos todos os passos dos estudos de

mercado, dos levantamentos do meio físico e outros, segundo fluxograma geral apresen-

tado na Figura 158.

> PLANEJAMENTO

t levantamentos T estudos d e viabilidade

o p ç o e s d e tecnologia r planos

definições do empreendimento

O (reccblmcito) p r o c e s s o s i n s u m o s c a n t e i r o o b r a s c r o n o g r a m a s c o n t r o l e s

> PROJETO

t desenhos

>

t detalhamento I memonais

compatibil idade d e sistemas e s p e c i f i c a ç õ e s

FABRICAÇÃO / PRÉ-MOLDAGEM

T T O (receblmeüto)

controle t í no lóg ico controle do I transporte / e s t o c a g e m dos materiais processo controle do produto

MONTAGEM / EXECUÇÃO

T O (rcccbimeüto)

>

t t f T t canteiro d e obras | controle dos materiais | 'asbuilt'

transporte / e s t o c a g e m controle dos processos MANUTENÇÃO / OPERAÇÃO

O (recebimento)

manual de uso /manutençâo t

manual de o p e r a ç ã o

J 0 0 0 0 t t t manutenção preventiva

Figura 158

Fluxograma constando os diferentes aspectos a serem considerados no plano da qualidade de um empreendimento.

N o s p lanos da qua l idade os e s t u d o s p rév ios da obra , a se leção das tecnolog ias , o

p r o j e t o da p r o d u ç ã o c os p rocessos de re t roa l imentação (do p ro je to , dos processos ,

d o s cus tos ) d e v e m ser e x t r e m a m e n t e e n f a t i z a d o s . C o m q u a s e d u z e n t o s anos de 401

Page 435: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

existência e uma das maiores cons t ru toras do mundo, a Shimizu Corporation2*' resume

as n e c e s s i d a d e s , os cana is de dec i s ão , o s f l uxos e o p l a n e j a m e n t o geral da o b r a

c o n f o r m e Figura 159.

0 Figura 159 Fluxograma / planejamento genérico dc ações adotado pela Shimizu Corporation, com vistas à preparação para uma construção.

A implantação dos sistemas ou planos da qualidade requer conhecimentos técnicos, boa

vontade e muita persistência. Várias correções dc rota serão necessárias. Alguns aspectos

que devem ser incentivados, e outros que devem ser evitados, são indicados na Tabela 81.

Assumpção 2 4 0 considera que o planejamento da produção é fator fundamental para au-

mentar a eficiência das empresas dc construção. Enfatiza ainda para a importância da:

- utilização da informática no planejamento e acompanhamento da produção;

~ SHIMIZU CORPORATION. An Oudinc of Quality Assurancc Activitie». Tokxw. 1994.

240 ASSUMPÇAO, J. P. Planejamento da Produção dc Edifício*: Um Processo cm Evolução. Artigo publicado na Revisa "Qualidade na Construção"

4 0 2 PP 25-29. Sindicato da Indústria tia Construção Civil do Estado dc São Paulo. São Paulo, 1999.

Decisão de contritar Adjudicação Formulação do contrato

^Cont ra io

(Coleta do informações e análises) Condição preliminares Projeto, ordem de serviço, locação

roíroca gerenciai Estratégia, gerencial Pontos cnbcos

Arquivo de dados Experiências anteriores Pesquisas e desenvolv.

(Planejamento) • M M • Planejamento geral Planejamentos • tecnológico

I r da construção setoriais • gerenoal

(Revtsào do Planejamento)

I ( ventacâo V

Stafl Base geral de dados

Retroalmentaçâo do projeto

(Detalhamento do ptano amento)

Construção

Entrega da obra

I

Estudos preimmares da construção

1

(Participação do Statt)

)

Diários de Controle da Qualidade. Custos. Forneomentos e Segurança • Planej. de cada método construtivo Autocontrc*e • Normafcaçáo de trabalhos de rotina petos fornecedores • Ráprfa retroalimentaçào e subempreiteiros • Partihamento de responsabídade com fornecedores e subemprettetros

1 1 , | Anáfcse das diferenças entre dados reas e planejados |

(Avaliação)

Verificações periódicas Decisões rápidas

i Técnicas de construção i Avakaçào global

RetroaLmcntaçâo

Page 436: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

TABELA 81: Cuidados a serem observados nos sistemas e planos da qualidade.

O QUE DEVE SER INCENTIVADO

o filosofia do "fazer bem feito, uma única vez"

c> práticas de autocontrole

o filosofia da "prevenção de falhas"

"QUANTO ANTES A FALHA FOR DETECTADA,

MENOR É A SUA REPERCUSSÃO".

cs> comunhão de todos os funcionários, até o menor

escalão, com a filosofia em implantação

co treinamento / profissionalização dos funcionários

o estratégias que garantam envolvimento e

participação de todos os funcionários

co prêmios de produção, com qualidade

o planejamento de curto, médio e longo prazos,

com metas !>em definidas, definição dos recursos, etc

co implantação de programa 5 S ("faxina geral",

classificação, limpeza / higiene, ordenação e

arranjos físicos, disciplina / manutenção da ordem)

co escolher condições favoráveis

t=> implantar programa-pi loto, curto, objetivo,

exeqüível a curto prazo (efeito demonstrativo)

co organizar equipes para melhoria dos processos

administrativos e dos processos de produção

(pequenos ciclos da qualidade)

o visão clara e integrada dos objetivos e metas

o maior agregação possível da própria experiência

da empresa.

O QUE DEVE SER EVITADO

o metas filosóficas, grandiloqüentes, inatingíveis

cj> treinamento <—> ação: evitar longos períodos

de sensibilização

co regulamentos e procedimentos demasiadamente

extensos, muita papelada, muita burocracia

co fichas de controle muito extensas, |X>uco objetivas,

com itens su|>éríluos ou superabundantes

o indefinição das responsabilidades ou dos canais

("preenchi a ficha de controle, e agora o que eu faço?")

co envolvimento insuficiente da direção ou dos

níveis gerenciais

co comunicações pouco claras, sistema informal

de comunicação

co evitar a qualquer custo que o "Comitê da Qualidade"

seja entendido dentro da empresa como uma

"força policial".

Page 437: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

- pad ron ização dc p rocessos , tecnologias e s is temas cons t ru t ivos , suger indo

seqüências padron izadas dc execução , p r inc ipa lmen te nas obras de edif ícios

onde tais seqüências podem ser mantidas em diversos empreendimentos ;

- concatenar planejamento da produção com os setores de projetos, suprimentos e

outros;

- evitar a implantação de "pacotes fechados integrados", que prometem resolver de

uma só vez produção, orçamentos , suprimentos, controle dc custos;

- nas obras de edifícios, tirar proveito das operações e serviços que se repetem de

andar para andar, facilitando a padronização de atividades, equipamentos, insumos

e outros;

- disseminar as técnicas dc planejamento cm todos os setores da empresa, utilizan-

do recursos facilmente disponíveis (como os aplicativos para microcomputadores,

baseados na técnica CPM);

- implantar dc forma gradativa, dc modo que os sistemas e procedimentos sejam

assimilados sem percalços pela organização.

Na implantação do sistema da qualidade, englobando toda a empresa, ou dos planos da

qualidade, aplicáveis a obras específicas, não se deve subestimar a capacidade dc criação

dos funcionários, até dos mais humildes. Exemplos fantásticos dessas colaborações têm

sido registrados ao longo da história industrial. Para a resolução de problemas na produ-

ção, por exemplo, Juran2 ? 8 é ex t remamente enfát ico: "Ninguém está mais preparado para

aperfeiçoar a qualidade do que a força de trabalho. Pergunte a eles sobre os problemas,

e peça as soluções".

Finalmente, a necessidade da constante reavaliação das metas, estratégias e diretrizes do

programa da qualidade. Nunca esquecer que o programa gerencial, por mais alto estágio

de perfeição que tenha atingido, em momento nenhum poderá substituir a necessidade de

profissionais competentes e de constante atualização tecnológica. Não se poderá perder de

vista que os objetivos são a empresa e os homens que a integram, a sociedade que se vale

404 da maior competência da empresa, ou se penitencia com sua menor eficiência.

Page 438: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Para que o sistema func ione , c necessária a qualquer t empo a visão clara e integrada

dos objet ivos e metas. F necessário que todos possam enxergar para onde caminha a

o rgan ização .

Q Figura 160 Visão cios objetivos e metas: necessária a qualquer tempo, para todos os colaboradores da empresa.

Page 439: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 440: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitos fatores causam os problemas de patologia, os acidentes c os desabamentos que se tem

verificado nas cons t ruções brasileiras: forte atração pelo lucro fácil, imposições do modelo

econômico , pressões resultantes de prazos políticos, inadequação ou insuficiência da norma-

lização técnica, falhas d e planejamento, deficiências no acompanhamen to técnico das obras e

falta de t re inamento da mão-de-obra.

Sob o e n f o q u e técnico, observam-se e m muitos casos o e m p r e g o de novos materiais c o m

velhas técnicas, o e m p r e g o d e técnicas inovadoras sem a devida exper imentação e com-

provação, falta d e de ta lhamento dos projetos , coordenação falha en t r e os projetos, falta d e

retroal imentação dos p ro je tos e dos projetistas. Confo rme análises n o Capítulo I, muitas

patologias originam-se d o c o n h e c i m e n t o insuficiente de projetistas e const rutores .

As e m p r e s a s cons t ru toras , p o r p rob l emas de c u n h o gerencial ou tecnológico , têm incor-

rido e m express ivos cus tos marginais, não contabi l izados, p r inc ipa lmen te cus tos indire-

tos (baixa produt iv idade , horas ociosas, ac iden tes n o t rabalho, in ternações , r eexecuçao

d e serviços, desperd íc io d e materiais , indenizações e t c ) e os c h a m a d o s cus tos invisíveis

(p re ju ízos à imagem da empresa , pe rda d e mercado , cus tos processua is e outros) . A mai-

or pa r t e dos prejuízos , c o n t u d o , tem sido absorvida pe los consumidores , na forma de

p r o d u t o s e serv iços mais caros, m a n u t e n ç õ e s mais cons t an t e s e onerosas . Para o país,

i n d e p e n d e n t e m e n t e dc q u e m arca c o m o p re ju ízo direto, há p e r d a s ainda maiores: jun to

c o m o c i m e n t o q u e se despe rd içou , jogamos fora, sem perceber , u m p o u c o d e diversas

coisas: matér ias primas, t ra tor q u e as extraiu, energia elétr ica, l inhas d e transmissão, car-

vão mineral , ó leo combust ível , p n e u s , pav imentos , e q u i p a m e n t o s d e p r o d u ç ã o etc.

Page 441: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Aos prejuízos materiais somam-se outros mais impor tantes . No balancim q u e despencou ,

ou n o préd io q u e ruiu, quem arca c o m as muti lações, invalidez, mortes? Qual o p reço de

um braço decepado? Quan to custa um filho? O u u m chefe de família? Até q u a n d o seremos

c a m p e õ e s em acidentes no trabalho? Até q u a n d o te remos explosões e m shopp ing centers ,

desabamen to de te tos de t emplos e de supermercados , desabamen to de prédios inteiros?

O s p r o b l e m a s c o m os e n g e n h e i r o s c o m e ç a m n o s c u r s o s d e f o r m a ç ã o . Pesquisa d c

Bringhenti241 realizada junto a a lunos e professores da EPUSP, provavelmente a melhor es-

cola de engenhar ia d o Brasil, revela deficiências q u e devem ser c o m u n s às demais escolas

d e engenharia: relativa desmotivação dos alunos, d i rec ionamento dos es tudos para "passar

d e a n o " e não para o efetivo aprendizado, carga curr icular mui to extensa, excesso de maté-

rias teóricas nos dois ou três pr imeiros anos d o curso (per íodo crí t ico para a motivação),

insuficiência de coordenação en t re algumas disciplinas, insuficiência de disciplinas na área

d e ciências humanas (sociologia, relações humanas) , insuficiência de exemplos que possi-

bilitem aos a lunos visualizarem a aplicação prática d o ens inamento teórico, falta du didáti-

ca para alguns professores, falta de exper iência prática para outros .

Kallas2 '2, um dos raros engenhe i ros q u e teve o privilégio de compar t i lhar a vida de constru-

tor c o m a vida acadêmica, afirma q u e "teoria e prática estão muito desassociadas dentro

da construção. Normalmente, temos engenheiros com bastante experiência prática, mas

que dedicam pouco tempo ao estudo. De outro lado, há profissionais que dominam

bem os conceitos teóricos, )nas nunca pisaram em um canteiro de obras".

Talvez mais grave que o problema de formação, seja o problema da utilização dos engenhei-

ros pelas empresas cons t ru toras . Misto d e guarda-livros, apon tador e geren te geral, es te

1 ' 1 BRINGHENTI. I.;VARGAS, M. Proposições para o Ensino d o Curso dc Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP Escola Polnccni:a da lInlver-Mil.uk- dc São Paulo, Departamento dc Engenharia de Construção Civil, Boletim Técnico BT/PCC/V6. São Paulo. 1993.

4 0 8 1 K A L L A S . E. R. E. Entrevista concedida aTéchnc - Revista dc Tecnologia da Construção n ' 13. PP 1+15. Editora Pini. São Paulo. 199 í.

Page 442: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

profissional tem sido induzido a "esquecer" os ens inamentos q u e b e m ou mal lhe foram

ministrados, e n q u a n t o cor re atrás dos uPFs", das medições , d o r ec ru t amen to dos serventes

( e não do t re inamento) , da verificação dos car tões d e p o n t o e d c outras tarefas ainda m e n o s

nobres . C o m o mencionava nosso saudoso professor Figueiredo Fer raz 2 4 3 "nossos engenhei-

ros estão sendo t ransformados em tijolos". E c o m o se não bastasse, grande par te dos enge-

nheiros d e obra assiste a t udo isso passivamente, t rocando sua e n o r m e responsabil idade

social e até seu p rópr io p ro je to de vida p o r p e q u e n a par t ic ipação n o lucro dos empreendi-

mentos . Lucro que, afinal, poderia ser mui to maior se a obra tivesse con tado c o m a efetiva

assistência técnica de u m Engenheiro.

Para escolas q u e já ens inam técnicas d e T Q C e ISO 9000, poder-se-ia pensa r que elas própri-

as adotassem u m Sistema da Qualidade: p lane jamento d o e m p r e e n d i m e n t o (curso e disci-

plinas); coo rdenação d e projetos, ou melhor, de disciplinas; seleção dos fornecedores (pro-

fessores); t re inamento e satisfação dos clientes. Neste pon to , q u e tal pesquisas junto aos

cl ientes (engenhe i ros a p ó s c inco ou dez anos na vida profissional): o n d e foram aplicadas as

equações de Fontviolant, as recorrências de Laplace ou a teoria das bielas comprimidas?

Não teria sido melhor a p r e e n d e r mais sol idamente as técnicas de p ro je to e execução de

alvenarias, os segredos da dosagem d e argamassas, os f e n ô m e n o s q u e geram as degradações

das pinturas, a importância do pro je to da p rodução , as leis da segurança n o trabalho? E será

que , m e s m o c o m cursos mais objet ivos e práticos, c o m formação mais eclética, os novos

engenhe i ros ter iam consen t imen to para aplicar seus conhec imen tos , permissão e t e m p o

para pensar?

Os cons tan tes insucessos têm provocado muita c o m o ç ã o social, descrédi to nas instituições

e descrédi to na própr ia prof issão de engenhei ro . Se este é, c o m algumas exceções , mal

~ ' * FERRAZ.J.C1 : Desenvolvimento Tecnológico da Const rução Civil Palestra apresentada n o V Congresso Utasileim de Engenliein» Civis. Sio 1'jtilo. agosto d c 1993-

Page 443: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

fo rmado e mal utilizado, o que se dizer das funções técnicas agregadas. Qual a estrutura d e

cursos médios no país? Dc técnicos em edificações, tecnólogos, topógrafos, desenhistas,

projetistas, técnicos de laboratório, sondadores geo técn icos etc? Se o p rob lema com a en-

genharia p o d e estar na qualidade dos cursos, n o nível méd io está na absurda insuficiência

ou inexistência de cursos. Se nosso dest ino é a cons t rução , s o m o s quase compel idos a

op ta r en t re engenhe i ro e peão . Se grandes recursos dos Governos t êm sido dirigidos ao

custeio de cursos super iores , f r eqüen tados hoje boa par te das vezes p o r p e q u e n a casta d e

privilegiados, p o r q u e não um p o u c o de invest imentos públ icos nos cursos médios e nos

cursos profissionalizantes?

C h e g a m o s ao elo mais f raco da cadeia . A força d e t rabalho. O g rande con t ingen te d e

carpinte i ros , a rmadores , soldadores , pedre i ros , encanadores , eletr icistas e a judantes , eter-

n a m e n t e responsabi l izados p o r i m p o r t a n t e pa r t e dos cons t ru to r e s pe los g randes proble-

mas da nossa cons t rução :"nossa mão-de-obra é despreparada" .

Cer ta vez, n u m a palestra dirigida a e m p r e s á r i o s da c o n s t r u ç ã o , e s te e n g e n h e i r o q u a s e

foi "engol ido" ao a f i rmar q u e cons iderava "r idícula" es ta tese. Afinal, qual ar t igo da Cons-

t i tu ição proibia q u e as e m p r e s a s min is t rassem t r e i n a m e n t o pa ra seus operár ios? Afinal,

qual a r t igo da CLT vedava m e l h o r e s c o n d i ç õ e s d e segurança , r e m u n e r a ç ã o mais digna?

C o m o incut i r na c a b e ç a desses prof iss ionais a filosofia da qual idade , d o au tocon t ro l e ,

da p r e v e n ç ã o d e falhas? C o m o mot ivar o p e r á r i o s q u e , d e a c o r d o c o m as teor ias d e

Maslow o u d e He rzbe rg ( cap í tu lo II), n ã o t êm a tend idas suas mín imas c o n d i ç õ e s d e

h ig iene (prof iss ional ização, salário, s a ú d e e segurança no t rabalho)?

O m u n d o adiantado já e n t r o u na era das "células d e manufa tura" , c o m operár ios multi-

habil i tados c u i d a n d o s imul t aneamen te d e diversas máqu inas e diversas tarefas. For en-

quan to , nós ainda não consegu imos resolver e l emen ta re s p rob l emas de fo rmação e alfa-

Page 444: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

bet ização. Para operá r ios q u e às vezes n ã o s a b e m escrever o n o m e , vai ser um p o u c o

difícil assimilar as t écn icas d o "just-in-time", da "lean cons t ruc t ion" , d o "tilt up" , do "look

ahead" e tan tos o u t r o s anglicismos; talvez fosse b o m iniciar p o r cu r sos rápidos de inglês.

Entretanto, a c o m p a n h a n d o a tendência dos países evoluídos, ado tamos a "terceirização".

Se não consegu imos resolver nossos prob lemas de "despreparo da mão-de-obra", que tal

terceirizá-los? Quan to à esta nefasta onda (há empresas "construtoras" q u e terceirizam tudo),

Farah244 pondera q u e a subcontra tação, inicialmente aplicada pelas cons t ru toras às e tapas

mais complexas o u especializadas da obra, generalizou-se; "a contratação de operários

sem especialização, quase sempre sem registro em carteira ("gatos"), passa a configu-

rar um padrão predatório de arregimentação da mão-de-obra".

Mattei246 a f i rma que deve remos voltar a ter a t e n ç ã o c o m a mão-de-obra direta. Segundo

e l e ti l s u b e m p r e i t a r o serviço significa na prática repassar o ônus do gerenciamento da

produtividade e garantir margens através de uma negociação predatória, na qual

ganha quem oferecer o menor preço, mesmo que não tenha preocupações com a

qualidade, a segurança dos operários, o pagamento dos impostos, o atendimento á

legislação trabalhista". Prevê que , da forma c o m o as coisas c aminham, nossas construto-

ras t e n d e m a não ter mais n e m engenhe i ro s n e m ope rá r ios e m seus quadros . Portanto,

não se o c u p a r e m mais c o m a qual i f icação da mão-de-obra direta, c o m a produt iv idade e

c o m o u t r o s fatores q u e n o r m a l m e n t e p r e o c u p a m q u e m cons t ró i ou p r o d u z algo.

Na s e q ü ê n c i a das análises, a t ing imos o can te i ro . Pode-se ainda ver i f icar e m muitas ob ra s

g r andes e scavações manuais , sacos d e c i m e n t o s e n d o t r a n s p o r t a d o s nas cos tas d o s

ope rá r ios , m o v i m e n t a ç ã o d e te lhas e t i jolos, u n i d a d e a un idade , d e um operá r io para

ou t ro . Em a lgumas obras , e l evador d e carga é luxo . Grua , n e m falar. O s p rocessos , e o s

FAKAJI.M.F.S. Processo d c Trabalho na Const rução Habitacional :Tradlçio c .Mudança Editora Annahlumc.Süo Paulo. 199<>. 4 1 1

Page 445: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

prob lemas , são p r a t i c a m e n t e o s m e s m o s : q u a s e aque le s d o p r i n c í p i o d o século . Novos

mater ia is , n o v o s e q u i p a m e n t o s e novas tecnologias , c o m o a lgumas d iscu t idas no Capí-

tulo V, só nos livros e congressos.

Indignação, exagero nos quadros fo r t emen te pintados? Um pouco , ce r tamente . Exageros à

par te , d e q u e m é a responsabi l idade pe lo quadro forte? Do Governo, dos operários, dos

engenheiros , dos conse lhos de engenharia? Cer tamente , a t odos nos cabe uma parcela. Mas,

sem qua lque r dúvida, as cons t ru to ras são as maiores responsáveis pe los p rob lemas d e

desp repa ro da mão-de-obra, baixa produtividade, insuficiente agregação d e tecnologia, aci-

den tes e desabamentos . Falta, antes d e mais nada, invest imento.

C o m o m e n c i o n o u Peixoto 5 2 , c i t a d o n o C a p í t u l o VI," Não há como querer o benefí-

cio sem o ônus do custo". Vargas59, e m f u n ç ã o d o s d e s p e r d í c i o s , fal ta d c t r e i n a m e n t o

da mão-de-obra , falta d e i n v e s t i m e n t o s e o u t r a s anomal i a s na nossa c o n s t r u ç ã o civil,

d iz q u e até 1992 a p r o d u ç ã o n ã o era e l e m e n t o d e c o m p e t i t i v i d a d e p a r a o se tor : u a

tecnologia do lobby era mais importante".

R o c h a Lima215 a f i rma q u e "até u m passado r e c e n t e , a o p e r a ç ã o d e c o n s t r u i r foi t ra tada

p e l o s e m p r e s á r i o s d o s e t o r c o m o u m p r o c e d i m e n t o q u e , d o â n g u l o d e anál ise d o

e m p r e e n d e d o r , deve r i a s e r l ido c o m o d e f r a n c a e s p e c u l a ç ã o , d e s o r t e q u e o ú n i c o

r e fe renc ia l p r e s e n t e nas d e c i s õ e s e a ç õ e s é o p r e ç o possível d e s e r p ra t i cado , busca-

d o p o r q u a i s q u e r me ios , inc lus ive o s d e s p r o v i d o s d e é t ica" . A d m i t e o a u t o r que exis-

te i n t e r e s se e m me lhora r . Todavia, "em c e r t a s á reas m e n o s n o b r e s d o s e t o r n ã o há

e s t e in te resse , pe la ev idênc i a clara d e q u e n ã o são c a p a z e s d e d o m i n a r seu ins t in to

e s p e c u l a t i v o e fazer e m p r e s a s p e r e n e s ; pa ra m u i t o s , e s p e c i a l m e n t e o s q u e se s e n t e m

c a p a z e s d e m a n t e r g r a n d e s g a n h o s c o m p a r c o s i n v e s t i m e n t o s , s o m e n t e pe la força da

2 , S LLMAJR.J. R Qualidade na Construção Civil - Concei tos c Referenciais liscola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engc-

4 ^ 2 n l u r i a d e Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/l20.Sào Paulo. 1993.

Page 446: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

e x p l o r a ç ã o e da e s p e c u l a ç ã o , ou a b a s t e c e n d o - s e nas b u r r a s d o s Es tados ger idos p o r

e s t r u t u r a s c o r r o m p i d a s , n ã o há razão pa ra m u d a r " .

Além dos aspectos já discutidos, e da impor tan te razão apontada p o r Lima, outros fatores

dificultam o desenvolvimento da cons t rução civil e m nosso país:

• es t rutura familiar de muitas empresas dificulta a efetiva gestão empresarial do negó-

cio (estrutura de marketing, informatização, avaliação efetiva de custos);

• visão sectária pe los cons t ru tores dos temas "tecnologia","planejamento","qualida-

de","engenharia do valor"; o tema "gestão da qualidade" é visto p o r muitos empre-

sários da cons t rução c o m o despesa e não c o m o invest imento;

• falta d e re t roal imentação de pro je tos e p rocessos c o m a exper iência real da obra,

tendendo-se na maioria das vezes a dissimular erros, buscar-se evasivas para as

patologias, recorrer-se às leis jurídicas e m substi tuição às leis da física;

• falta d e real imentação técnica c o m base na análise d e p rob lemas patológicos (den-

tro do se tor e até den t ro de uma mesma empresa , o n d e er ros comet idos numa obra

repetem-se n o espaço e 110 tempo) ;

• insuficiência d e canais formais e ef ic ientes d e comun icação en t r e fabricantes d e

materiais, projetistas e cons t ru tores ; en t re equ ipes d e uma mesma obra, esses ca-

nais às vezes chegam a ser precários;

• não t emos na cons t rução , c o m o regra geral e c m qualquer nível ou função, a cultura

da qualidade.

Resguardam-se as carac ter í s t icas d c cada cu l tura . O s j a p o n e s e s p o r e x e m p l o cu l tuam a

fi losofia d o "kaizen". q u e e m g r a n d e s l inhas significa a busca da me lho r i a e m tudo q u e

p ra t i cam, até n a s re lações pessoa i s e n o t ra to c o m a na tu reza . Cu l tuam t a m b é m o"poka -

yoke" , ou seja, f azer b e m fe i to u m a única vez, evi tar e r ros , ado ta r s i s temas d e p r o d u ç ã o

à p rova d e e r ros .

Page 447: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

C o m p a r a n d o a c o n s t r u ç ã o brasileira c o m o r e spec t ivo se to r j aponês , Ioshimoto 6 9 esta-

be l ece o s segu in te s paralelos:

- as empresas japonesas investem muito no desenvolvimento de tecnologia: a Shimizu',

p o r exemplo , m a n t é m um insti tuto c o m cerca de 800 técnicos, pesquisando novos

materiais, novas técnicas construt ivas e novas soluções cont ra incêndios e terre-

motos;

- o mode lo "just-in-time" é aplicado d e longa data, em toda pleni tude, a té po rque as

obras japonesas não t êm muita disponibil idade d e espaço para a rmazenamento d e

materiais;

- n o J a p ã o p ra t i ca - se a f i losof ia d o r e s p e i t o : a n t e s d o in íc io d e c a d a o b r a , o

e n g e n h e i r o r e s p o n s á v e l é o b r i g a d o a e x p l i c a r a o s v i z i n h o s q u e t i p o de o b r a

será c o n s t r u í d a , qua l a j o r n a d a d e t r a b a l h o e q u e i n t e r f e r ê n c i a s p o d e r á t e r

c o m a c o m u n i d a d e local ; t o d o s o s c a m i n h õ e s s ã o l avados na saída da o b r a , e

se s u j a r e m a r u a a c o n s t r u t o r a t e r á d e varrê- la e lavá-la n o f inal d o dia;

- n o J a p ã o não ex i s te a f igura d o mest re-de-obras ; cada ob ra é tocada p o r do i s ou

t rês engenhe i ro s , q u e t ê m inclusive d e desenvo lve r e de ta lha r os p ro j e to s d e

p r o d u ç ã o , f o r m a d e f i ca rem in te i rados d e cada de ta lhe d o s p roces sos , dos equi-

p a m e n t o s , dos mater iais ;

- c a d a o b r a t e m a d m i n i s t r a ç ã o i n d e p e n d e n t e ; c o m o a m o e d a é es tável , as c o m -

pras são fe i tas d i r e t a m e n t e pela ob ra , c o m base n u m " m o n s t r u o s o " ca tá logo

d e mater ia i s , f o r n e c e d o r e s e p r e ç o s ;

- a mão-de-obra e o s p r o c e s s o s são rac ional izados ao m á x i m o : n o J a p ã o diz-se q u e

"a qua l idade é i n v e r s a m e n t e p r o p o r c i o n a l ao n ú m e r o d e t raba lhadores : q u a n t o

mais pessoas , mais difícil con t ro l a r a qua l idade final d o p r o d u t o " .

* Sliimi/u Corporation,maior con-anitura d<> Japão.com filiai», cm vári<»s paiscs. inclusive •» Brasil Segundo loshimoto.o faturamento anual da Sliimi/u 4 ^ 4 fc'rj na casa dc l'S$ 15 bilIxVs. cerca dc S W/CM» faturamento da O n u r p i Corrêa,unia <U> maiores construtoras brasileiras.

Page 448: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

In ic ia t ivas i m p o r t a n t e s t ê m s ido t o m a d a s p o r a lgumas c o n s t r u t o r a s bras i le i ras n o sen-

t ido da m o d e r n i z a ç ã o e rac iona l ização d o s p r o c e s s o s , inc lus ive c o m a f o r m a ç ã o d e

a l g u m a s " joint v e n t u r e s " c o m e m p r e s a s d o Canadá e Es tados Unidos . Na d i r eção da

a lmejada " indús t r i a d e m o n t a g e m " , a l g u m a s t en ta t ivas t a m b é m já são sen t idas visan-

d o t r ans f e r i r a t iv idades para as i ndús t r i a s d e mate r ia i s o u pa ra a p ré -moldagem e m

c a n t e i r o .

Confo rme Farah2 H , esta t ransferência implica na necessidade cada vez maior da coordena-

ção do processo produt ivo, e u m maior cont ro le sobre o "saber fazer", q u e r nas centrais de

p rodução , q u e r 110 p rópr io canteiro; exige uma "recapaci tação" da engenharia , q u e possibi-

lite a const i tuição de um novo pó lo d e saber nas const rutoras . Tal recapaci tação envolve

maior aprox imação d o engenhe i ro c o m a execução , r eque rendo ao mesmo t e m p o que este

se familiarize c o m pr incípios de engenhar ia de p rodução e d e administração. Com relação

à força de trabalho, mesma necess idade de recapaci tação dos trabalhadores, além de uma

nova organização e nova gestão da mão-de-obra.

S e g u n d o Juran 2 5 8 , " e n q u a n t o o s é c u l o XX foi o s é c u l o da p r o d u t i v i d a d e , o s écu lo XXI

será o s é c u l o da qua l idade . Isto e m f u n ç ã o da g r a n d e c o m p e t i ç ã o in t e rnac iona l q u e já

e s t a m o s v i v e n d o e da c o n s c i e n t i z a ç ã o d o h o m e m para a real n e c e s s i d a d e dc p ro t e -

ç ã o à na tu reza" . Para o Brasil, c o m a r e c e n t e " a b e r t u r a d o s p o r t o s às n a ç õ e s amigas" , a

a f i r m a ç ã o d e J u r a n p a r e c e m u i t o c o n s i s t e n t e . A r e c e n t e c h e g a d a d e n ú m e r o razoavel-

m e n t e i m p o r t a n t e d e ma te r i a i s e e q u i p a m e n t o s e s t r ange i ros , e m p r e s a s d e p r o j e t o e

e m p r e s a s d e c o n s t r u ç ã o , p o d e se r o i n d u t o r final na d i r e ç ã o da m o d e r n i z a ç ã o da

n o s s a c o n s t r u ç ã o . O a v a n ç o t e c n o l ó g i c o d e v e r á c o n t u d o e s t a r a t r e l a d o à

" r ecapac i t a ção" dos e n g e n h e i r o s , p r o p o s t a p o r Fa rah 2 " , à m o d e r n i z a ç ã o d o ens ino , à

p ro f i s s iona l i zação da mão-de-obra e a u m a nova b a s e d e re lação e n t r e o capi tal e o

t r aba lho , e n t r e a e m p r e s a e o t r aba lhador .

Page 449: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Finalmente, a t ingimos o p o n t o central de discussão deste livro:

G e r e n c i a m e n t o o u Tecnologia?

Nos países mais adiantados, a história demons t ra q u e a evolução da cons t rução calcou-se

substancia lmente no desenvolvimento técnico e tecnológico: mode los dinâmicos de trans-

missão de calor, modelagem física, no rmas de d e s e m p e n h o , sistemas computac ionais apli-

cados às di ferentes áreas dc projeto, ensaios não destrutivos, novos sistemas de fundações ,

novos sistemas d e paredes , plásticos d e engenharia , aços resistentes à corrosão, concre tos

d e alto d e s e m p e n h o , sistemas industrializados de fôrmas, pré-fabricação e operações de

mon tagem, e q u i p a m e n t o s para p ro j eção d e argamassas e b o m b e a m e n t o d e concre tos ,

m o d e r n o s equ ipamen tos para t ranspor te e içamento d e cargas.

Nesses países, o n d e a relação capital x t rabalho já foi de a mui to resolvida, e onde é "sine

qua non" , óbvia mesmo, a necess idade dc organização e p lane jamento para q u e qualquer

organização ou negócio perenize-se e progrida, tornou-se desde logo evidente que a evolu-

ção da cons t rução depend ia da própr ia evolução da tecnologia. A consol idação das grandes

empresas de cons t rução norte-americanas, japonesas e européias acon teceu dezenas de

anos an tes d c se falar cm "gestão da qualidade" ou e m "sistema ISO 9000".

Na busca da modernização, é natural q u e o caminho d o desenvolvimento técnico também

seja pe rco r r ido pe lo Brasil. Entretanto, nossa realidade é outra , c o n f o r m e fica demons t rado

na grande relação dc problemas anter iormente apontados. Defrontamo-nos ainda, pelo m e n o s

e m par te d o se tor da cons t rução , c o m problemas singelos d e organização, métodos , plane-

jamento, políticas d e pessoal, segurança n o trabalho, produt ividade, desperdíc ios e outros. E

é nes te p o n t o q u e os sistemas de gestão da qual idade p o d e r ã o ser mui to úteis.

Inocênc ia e n t r e t a n t o s u p o r q u e tais s is temas, o u q u e u m a n o r m a de ges tão , pos sam

resolver t o d o s os p r o b l e m a s da nossa c o n s t r u ç ã o . C o m o o "sis tema" t ransformará a vi-

416 são social m í o p e da maioria d o s nossos cons t ru to re s? De q u e fo rma o"s i s t ema"garan t i -

Page 450: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ra nova filosofia d e t r e i n a m e n t o e prof i ss ional ização d e ope rá r io s ? C o m o impedira a

o n d a d e t e rce i r i zação q u e descapi ta l iza p ro f i s s iona lmen te as empresas , l ançando fora

ao m e s m o t e m p o seus t r aba lhadores e sua m e m ó r i a técnica? Com q u e m e i o s con ta rá

para garant i r a ap l icação das boas t écn icas d e p r o j e t o e c o n s t r u ç ã o , a lgumas apon tadas

n o Capí tu lo III? Qua i s o s r e c u r s o s para p r even i r as pa to logias a p o n t a d a s n o Capí tulo I,

se n o s s i s temas d e ce r t i f i cação a lguns aud i to res não d e t é m n e m m e s m o a f o r m a ç ã o d e

e n g e n h e i r o civil?

Mattei246 afirma q u e "as empresas com experiência de operação em mercados de forte

concorrência sabem que os problemas que afetam a eficácia das organizações têm

razões técnicas em apenas 20% dos casos, enquanto as razões gerenciais prevalecem

em todos os demais. Nós engenheiros, não fomos preparados para entender isso".

A sua idéia se con t r apõe a visão d e Rocha Lima247, quando afirma q u e "não cabe que sejam

criados falsos valores para que se vendam mais serviços desnecessários (consultorias),

como também não cabe que se pretenda fazer gerenciamento tentando desvendar a

essência do processo produtivo, como se aí estivesse o centro do problema".

C o n c o r d a m o s e m p a r t e c o m Mattei : há n e c e s s i d a d e d e b o m g e r e n c i a m e n t o . Concor -

d a m o s a inda mais c o m Lima: a e s sênc ia d o s u c e s s o na p r o d u ç ã o d e u m t u b o d e PVC

es tá n o c o n h e c i m e n t o das ca r ac t e r í s t i c a s d o s m o n ô m e r o s , d o s p las t i f i can tes , d o s

p r o c e s s o s d e p o l i m e r i z a ç ã o , das m á q u i n a s d e e x t r u s ã o . A c o l o c a ç ã o e m m e r c a d o , a

p r o d u t i v i d a d e e a c o n s e q ü e n t e luc ra t iv idade , s e m dúv ida pas sam p o r q u e s t õ e s d e

g e r e n c i a m e n t o .

'Aliás, como lembrou Jur.ni (Op i tu lo II). aspecto parcamente enfocado na norma ISO \XKX).

~ | ( S .MATTH.J A. M. Barreiras na Implementação d o Sistema Revista Qualidade na Construção n 7. Sindicato tia Indústria da Construção do Estado dc São Paulo. Sao Paulo. 1998.

2 1 IJMAJK.J « Gerenc iamento na Const rução Civil - Uma Abordagem Sistêmica Kscob IVlitécnica tia ISP. IHpanamcnto d c Kngcnltarta «Jc Construção Civil. Boletim Técnico BT-27/90. São Paulo. 1990.

Page 451: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Parece-nos claro que e m qualquer atividade produtiva, e par t icularmente na construção,

o n d e o n ú m e r o d c variáveis e imponderáveis sobrepu ja aqueles verif icados na maioria das

indústrias seriadas, o s p rocessos d e gestão tecnológica e gestão gerencial caminhem lado a

lado. Parece-nos to ta lmente incorre to o grande pe so que se vem dando n o país aos sistemas

d e gestão da qualidade, cu jo ápice é at ingido c o m a cert i f icação ISO 9.000.

Ques tão polêmica a da cert if icação d e sistemas. De forma simplista, para ter o sistema da

qual idade audi tado e cert if icado, a empresa tem que a t ender bas icamente a três requisitos:

a) colocar no papel tudo que pretende fazer;

b) cumprir tudo que está colocado no papel;

c) demonstrar objetivamente que cumpriu tudo o que está no papel.

Os auditores, i n d e p e n d e n t e m e n t e de sua fo rmação técnica ou d o ramo d e atividade da

empresa , são treinados para confer i r os três quesi tos mencionados : verificam a existência

dos p roced imen tos executivos, das fichas para cont ro le d o receb imen to de materiais etc;

examinam a disponibil idade de pessoal, o p r e e n c h i m e n t o d e listas de verif icação etc; con-

terem os sistemas d e registro, a rquivamento e circulação de informações. Entretanto, não

en t ram n o mér i to se as exigências técnicas são completas , corre tas e atualizadas, o q u e

poder ia até m e s m o vir a confund i r a ope ração d e auditoria c o m uma de consultoria. Daí, a

m e n ç ã o jocosa n o Capítulo II d e que "se você produzir uma coisa com defeito, mas sem-

pre de forma padronizada, sua empresa será certificada

Quan to ao sistema da qualidade desemboca r necessar iamente num processo d e cert if icação

exis tem tendências to ta lmente divergentes: s egundo Curado2"*, os ingleses p o r exemplo

são f rancamente adep tos d o processo, exist indo cerca d e 30.000 empresas certificadas; os

alemães op tam p o r for te base regulamentar e efetivo cont ro le da qualidade de p rodu tos e

4 1 8 CfRAIX).M.T.Certif icação d c Sistemas. Revista Tcchnc n 32. Ripurtanom ik- EdcrSani lm.pp I-M6. Kditom 1'íni.Sio Paulo. 1998.

Page 452: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

serviços; as empresas dos EUA apresen tam certa relutância em relação à certificação d e

sistemas. De acordo c o m Iosh imoto 6 V/ /o Japão a ISO 9000 tem um papel muito peque-

no. A maioria elas empresas trabalha com o gerenciamento pela qualidade total, ado-

tando as técnicas do TQC e repassando suas diretrizes aos subempreiteiros".

Confo rme pesquisa de opinião realizada p o r Curado junto a empresas cert if icadas da Ingla-

terra, o n d e p ra t i camente nasceu o sistema ISO 9000, as pr incipais crít icas referem-se a

cus tos elevados, manifestação d e resistências e conf l i tos in te rnamente à empresa e exces-

so d e burocracia ; n ú m e r o cons iderável d e respostas , en t re tan to , cons ide ra que h o u v e

melhor ia na eficácia e eficiência dos processos , con fo rme gráfico abaixo:

1 ;

!

!

D ;

!

!

—V

;

!

!

1 1 : 1

;

!

!

) :

inadequada à construção

custos muito «lavados

sistema muito burocrático

melhoria na qualidade do seiviço

importante fator de marketing

melhorias na eficácia e eficiência

motiva os trabalhadores

20% 40% 40% 00% 100%

D Figura 161 Opinião de empresas inglesas certificadas, sobre a eficiência da certificação.

Quan to à cert if icação de sistemas, Barber250 explica q u e na Inglaterra as principais obje-

ções dos cons t ru tores e dos engenhe i ros res identes diz respei to a:

- audi tores das cert i f icadoras não têm exper iência prática: apenas lêem livros; mui tos

são engenhei ros recém-tormados, sem matur idade;

- audi tores são vistos c o m reservas pelos trabalhadores; não fazem pa r t e do time;

- a a tuação dos audi tores p o d e ser afetada p o r in junções dc q u e m lhes paga (constru-

toras).

Page 453: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Calavera 2 ' 9 atiça o deba t e e x p o n d o q u e o s logan "qual idade" t em s ido subme t ido à in-

tensa m a n i p u l a ç ã o comerc ia l , r eg i s t r ando q u e a té escolas infant is se anunc iam c o m o

"escolas c o m garant ia da qua l idade" . Narra q u e na sessão d e e n c e r r a m e n t o da Confe-

rência "Quality M a n a g e m e n t in Building", realizada e m j u n h o d e 1994 e m Lillehammer,

R. Hansen , d i r e to r d e Ges tão da Qua l idade da Elf Pe t ro l eum da Noruega , dava o segu in te

conse lho : " / ! motivação das companhias para obter um certificado ISO 9000 deve-

ria basear-se em objetivos de negócio, usando a avaliação independente como diag-

nóstico das melhorias. Se os propósitos publicitários são a causa real do interesse

em certificar-se, a vantagem competitiva só durará até que os demais competidores

também tenham se certificado".

Calavera a f i rma q u e o n ú m e r o d e o r g a n i z a ç õ e s q u e p r e t e n d e m ga ran t i r a qua l idade

d e o u t r a s v e m c r e s c e n d o , o q u e às v e z e s c o n f u n d e o m e r c a d o . "Na prá t ica , institui-

ç õ e s b e m c a p a c i t a d a s e s e m fins luc ra t ivos c o e x i s t e m c o m o r g a n i z a ç õ e s c a o t i c a m e n -

te e s t r u t u r a d a s , q u e visam a c e r t i f i c a ç ã o a p e n a s c o m o u m a mane i r a d e au fe r i r em lu-

c ros" . Adve r t e a inda q u e a p r o l i f e r a ç ã o d e i n ú m e r o s s i s t emas d e c e r t i f i c a ç ã o impl ica

q u e os p r o d u t o r e s d e d i q u e m u m a p a r t e i m p o r t a n t e d o s e u t e m p o p a r a d e m o n s t r a r

q u e e s t ão t r a b a l h a n d o b e m , q u a n d o na r ea l idade p o d e r i a m d e s p e n d e r esse t e m p o

p r o c u r a n d o t r aba lha r b e m .

No Brasil, o n d e tais p r o c e s s o s se iniciaram a pa r t i r d e 1991 /1992 , t a m b é m exis tem

mui tas o p i n i õ e s favoráveis e desfavoráveis . Alber to Pereira d e Cas t ro 2 5 0 , p rovave lmen te

o e n g e n h e i r o brasi le iro c o m maior e x p e r i ê n c i a na qua l idade d e p r o c e s s o s industr iais ,

adve r t e q u e "o maior perigo, principalmente dentro da mentalidade brasileira, é de

que todo o sistema de certificação venha a virar um sistema cartoriaT.

2 >K> CALAVERA.J Luzes c Sombras Artigo publicado c m T é c h n c - Revista dcTecnologia da Construção i r 2-f .pp 54-35. Editora Pini.São IMnlo. I«/X»

4 2 0 " S ° < a - s t r O . A I» Entrevista concedida àTécIme - Revi-ta dc Tecnologia da Construção n* 16. p p 10-13. Editora Pini São Paulo. 1995.

Page 454: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Ceotto1 1 , c i tado na in t rodução des te t rabalho, op inou que "a tendência é conseguir a

Certificação ISO 9000 e seis meses depois esquecer dela; se não tivermos um grande

desenvolvimento tecnológico, a tendência é as empresas se cansarem: são muitas as

variáveis e os controles passam a ter um custo muito alto".

Conceição2 5 1 , e m r e p o r t a g e m q u e e f e tuou para a revista "Qual idade na Const rução" , re-

gistrou que , s e g u n d o pesquisa realizada c o m cons t ru to ras brasileiras, "apenas 2!% das

empresas que obtiveram certificação consideraram ter alcançado mais de 70% dos

seus objetivos ao entrar no Programa da Qualidade. Decepcionadas, as demais 79%

ficaram abaixo disso". Reis252, e m pesquisa realizada j un to a qu inze cons t ru toras certifi-

cadas do es tado d e São Paulo, diagnost ica as pr inc ipa is d i f iculdades para o desenvolvi-

m e n t o e m a n u t e n ç ã o d o s s is temas d e ges tão da qual idade: resistência d e a lguns trabalha-

do re s à a d o ç ã o de novas posturas ; d e s c o n h e c i m e n t o da re lação cus to-benef íc io do siste-

ma; falta d e t rabalho c o o r d e n a d o c o m f o r n e c e d o r e s dc mater iais e subemprei te i ros ; bai-

xo invest imento na formação, capaci tação e motivação do c o r p o gerencial e dc operários.

Peixoto 5 2 a p o n t a q u e "a d e s c r e n ç a e m sis temas, gerada a pa r t i r d e implan tações mal

conduzidas, o n d e se investiu e m melhor ias que não t rouxeram resultados, mas sim excesso

d e i n f o r m a ç õ e s e a u m e n t o d e bu roc rac i a adminis t ra t iva , f izeram c o m q u e e m p r e s a s

re tornassem aos seus p roced imen tos anteriores".

Para es te autor , p a r t e da d e s c r e n ç a c ge rada pe lo e n t e n d i m e n t o e q u i v o c a d o d o que seja

a "cer t i f icação d o s is tema", t ido p o r a lguns c o m o " forma universal d e resolver proble-

mas" . C o m o af i rma Barber2 3 0 : "O s is tema da qua l idade p r o v ê u m a es t ru tu ra : o s is tema da

1 CONCEIÇÃO. E Liberdade, Igualdade. Qualidade Reportagem. Revista "Qualidade na <x>nstruçio" n* 10. p p 22-39. Sindicato da ImlúMria da Cons-trução Civil d<> Estado dc São Paulo. São Paulo. 1998.

RI3S.P F.; MEJJIADO.S. B. Implementação d c Sistema» dc Gestão da Qualidade cru Pequenas c Médias; Empresas dc Construção d c Edifícios: Estudos d c Caso. Escola Politécnica da CSP, Departamento de Engenharia de Construção Civil Boletim Técnico BT/PC C/226. São Paulo, I99S 4 2 I

Page 455: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

qua l idade n u n c a irá d ize r "use o e q u i p a m e n t o X, ou o mater ia l Y. O s is tema apenas irá

dizer: Você c o n s i d e r o u es tes a s p e c t o s na sua decisão? Existe o p e r i g o e m cons ide ra r

q u e os p r o c e d i m e n t o s da qua l idade pos sam subs t i tu i r o t r e inamen to . Existe a necessi-

d a d e d e pes soas t re inadas e c o m p e t e n t e s an tes dos sistemas."

O m e s m o autor p rossegue a f i rmando q u e o sucesso dos programas da qual idade emerge d e

uma combinação de fatores, c o m o :

a) o envolvimento e motivação das pessoas;

b) a "qualidade" individual das pessoas envolvidas, sua competência e experiência relativas às

atividades dc projeto c construção;

c) a habilidade e a boa vontade das pessoas em darem suas contribuições e a atitude colaborativa

frente a conflitos;

d) disponibilidade de tempo e de recursos;

c) uma base tecnológica adequada;

t) procedimentos, gestão da qualidade.

C o n t i n u a , r e v e l a n d o "o r e c e i o d e q u e as p e s s o a s s e c o n c e n t r e m m a i s e m " f " ,

n e g l i c e n c i a n d o " a " a t é " e " ; isto é , q u e o ritual d e " a c o m p a n h a r a o n d a " possa se r p e n s a d o

c o m o su f i c i en te para a s segura r a qua l idade" .

Receio semelhante des te au tor gerou a idéia do p re sen t e trabalho. Nele, p rocuramos res-

postas para as seguintes perguntas :

a) o sistema de gestão consegue isoladamente evitar as patologias exemplificadas no Capítulo

I?

b) o sistema de gestão consegue suplantar as distorções relativas às políticas de recursos

humanos, segurança no trabalho, capacitação e motivação apontadas no Capítulo 11?

422 c) o sistema de gestão, de per si, tem meios de assegurar a adoção de boas técnicas de projeto

Page 456: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

e execução de obras, conforme exemplos no Capítulo 111?

d) com a adoção de tal sistema pode-se prescindir da atuação de projetistas e consultores

especializados nas atividades de coordenação de projetos, conforme Capítulo IV?

c) este sistema consegue fazer com que as empresas adotem modernização dc processos,

maior mecanização c automação, conforme sugerido no Capítulo V?

Os dados apresentados , a cont inuada observação de patologias e m obras executadas p o r

cons t ru toras "certificadas", as estatísticas fornecidas e as opiniões registradas de inúmeros

professores, pesquisadores e a té m e s m o cons t ru tores , nacionais e estrangeiros, fazem c o m

que as respostas para todas as perguntas convir jam para uma única resposta: NÃO!

Assim sendo, pa rece demons t r ado que a adoção de sistemas de gestão da qualidade não

p o d e substituir, e m n e n h u m a circunstância, a compe tênc ia dos técnicos e a eficiência das

tecnologias co r r e t amen te aplicadas. Não basta averiguar se a p rancha no escr i tór io da obra

p e r t e n c e à versão mais recente do p ro je to execut ivo. Não basta inspecionar a existência

das mon tanhas de papel sugeridas pela ISO. Não basta verificar a apos ição das assinaturas

nos papéis .

Page 457: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Sobre o autor

Ercio Thomaz é engenheiro civil pela Universidade iMackenzie (1973), com doutorado em

construção civil pela Escola Politécnica da USP. Também pela USP - Faculdade dc Saúde

Pública, c engenheiro dc segurança no trabalho.

Com quase trinta anos de profissão, desenvolveu a maior parte de suas atividades técnicas

no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Fstado de São Paulo - IPT, nas áreas de materi-

ais dc construção, estruturas, componentes e sistemas construtivos. Entre suas idas c vin-

das ao IPT, teve a oportunidade dc atuar com projeto c consultoria (Policonsult), desenvol-

vimento de produtos (Eternit), normalização técnica (Cobracon/ABNT) e construção

(Ix)ibrás c Pavi-Obras), neste caso desde engenheiro residente até diretor de planejamento.

Por vocação, e até mesmo pelo estágio de desenvolvimento da construção brasileira, tem

atuado em inúmeros casos dc patologias e recuperação dc obras.

Aliado à profissão de engenheiro, o autor leciona há cerca de vinte anos, sendo atualmente

professor titular das cadeiras de Materiais de Construção (Faculdade de Engenharia de

Sorocaba) e de Técnicas de Construção Civil (Faculdade de Engenharia da FAAP). Tam-

bém é professor c coordenador da disciplina Patologias da Construção, no curso dc mestrado

do IPI".

E autor de diversos trabalhos sobre construção, destacando-se o livro "Trincas em Edifíci-

os", com primeira edição publicada pela Editora Pini cm 1986. Ainda com a Pini tem

desenvolvido diversos trabalhos, fazendo parte do Conselho de Administração da Revista

Téchne desde a sua criação há quase dez anos.

Page 458: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 459: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 460: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CAVAM. C«. R. O Certificado de Homologação como Instrumento para o Controle da Qualidade de Produtos e Sistemas Construtivos Inovadores. Sào Paulo, 1989.81 p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade dc São Paulo.

2. MITIDIERI PILHO, C. V. Avaliação de Desempenho de Componentes e Elementos Construtivos Destinados a Habitações - Proposições Específicas à Avaliação do Desempenho Estrutural. São Paulo. 1998.218p. Tcsc dc Doutorado apresentada à Escola Politécnica da Universidade de Sào Paulo.

3. KISS, P Resultados na Obra. Reportagem pp. 18-25,'Icchnc - Revista dc Tecnologia da Construção N° 34, Editora Pini. maio/junho 1998.

4. HELENE, P. R. L. Entrevista concedida à Tcchnc - Revista dc Tecnologia da Construção, pp 14-17, Editora Pini, N° 30, março/abril 1999.

5. CEOITO, I.. II. Entrevista concedida à Tcchnc - Revista dc Tecnologia da Construção, pp 10-12, Editora Pini, N° 32, janeiro/fevereiro 1998.

6. ABRANTES. V; BEZELGA.A; COSTA.T. Elaboração dc Método dc Apreciação da Qualidade dc Projetos dc Edifícios dc Habitação. Faculdade dc Engenharia da Universidade do Porto. Porto, 1989.

7. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc Sào Paulo. Relatório N° 37.110. Rctroavaliação do Programa SH-3. São Paulo, 1998.

8. POWER, R. I). Quality Assurancc in Civil Enginccring, CIRIA - Construction Industry Research and Information Association, Rcport 109. London, Errcy's Printcrs Ltd.. 1985.

9. MELLO. V.F.B.;TEIXEIRA,A.H. Fundações e Obras de Terra. Escola dc Engenharia dc São Carlos. Universidade dc Sào Paulo, 1971.

10. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Avaliação da Subsidêncla c Colapso dos Terrenos de Cajamar - São Paulo. IPT.São Paulo, 1986. Relatório Técnico n° 24.353.

11. QUARESMA.A. R.; DÉCOURT, L; QUARESMA PILHO.A. R.: ALMEIDA. M. S.; DANZIGER. F. Investigações geotécnicas.. In: Fundações: Teoria e prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI, 1996. p. 119- 162.

12. BERNINE, E. C. Seminário: Qualidade das Fundações. Construtora Scrgus. São Paulo, nov/1998.

13. NYIAMA, Sussumo. Patologias das Fundações. Aulas proferidas no Curso dc Mestrado do Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo, 1998.

14. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo. Diagnóstico c Recomendações para Recuperação das Fundações dc Edifício do Conjunto Habitacional Carapicuíba II. IPT, Sào Paulo, 1983. Relatório Técnico n° 19.268.

15. GOTLIEB. M . GUSMÃO FILHO, J. A. Rcfuiçu dc Fmida<,òc». In. FaiiUüvõts.Tturia c prática. São Paulo. ABMS / ABEF /PINI, 1996, p. 471 -482.

16. ANDRADE, C. Manual para Diagnóstico dc Obras Deterioradas por Corrosão dc Armaduras. Editor» Pini. São Paulo. 1992.

17. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6 1 1 8 / 7 8 - Projeto e Execução dc Obras em Concreto Armado.

18. THOMAZ. E. Trincas cm Edifícios: Causas, Prevenção e Recuperação. São Paulo. Co-edição IPT/ EPUSP/ Editora Pini. Reimpressão 1995.

19. CÁNOVAS, M. F. Patologia c Terapia do Concreto Armado. Sào Paulo. Editora Pini. 1988.

Page 461: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

20. ACI - AMERICAN CONCRETO INSTITUTE. BuUding Codc Rcquirements for Reinforccd Concrete.ACI Committcc 318. Publicaiion 318R-89. Rcviscd 1992. Detroit. 199-1

21. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do listado de São Paulo. Análise das Causas dc Fissuras c Destacamentos cm Alvenarias: Residencial Parque das Camélias e Residencial Flamboyants - Bauru/SP. IIT, São Paulo, 1994. Parecer Técnico n° 6.277.

22. TISCORNIA. R.; MARTORELLI. R. Fenômenos Degresivos cn Edifícios - Cartillas de Patologias cn cl Sistema Constructivo Tradicional. 1" parte. Facultad dc Arquitcctura y Sociedad de Arquitectos dei Uruguay. Montcvideo, 1996.

23- IOSHIMOTO, E. Patologia na construção - Programa de coleta de informações. Agrupamento dc Componentes das Edificações. IIT. São Paulo. 1980.

24. ABRANTES.V. Manutenção e reabilitação de edifícios. Edição Universidade do Porto-Departamento dc Engenha-ria Civil. Porto. 1996.

25. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Avaliação do Desempenho dc Alvenarias dc Vedação. IPT, São Paulo, 1994. Relatório Técnico n° 32.627.

26. PEREZ.A. R. Umidade nas edificações. São Paulo. 1986. (Dissertação dc mestrado apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).

27. ALLl JCI, M. P; FIAI JZINO.W. D.;MILANO,S. Bolor em edifícios: causas e recomendações. In:Tecnologia dc edificações / Projeto dc divulgação tecnológica Lix da Cunha. São Paulo. PINI/IIT, 1988. p. 565-570

28. PYTLOWANY, G. Fenômenos Físicos que Producen Humedad. In: Seminário Patologia y Gestión dc Ca idad cn Ia Construcción. Montcvideo, 1998.

29. ALLUCI. M. P Critérios relativos aos atendimento das exigências dc ventilação na habitação. In:Tecnologia dc edificações / Projeto dc divulgação tecnológica Lix da Cunha. São Paulo, PINI/I PI", 1988, p. 463-468.

30. CINCOTTO, M. A. Patologia das argamassas dc revestimento: análises c recomendações. São Paulo. IIT • Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo, 1993- (Série Monografias 8).

31. FIORITO, A. J. S. I. Manual de Argamassas c Revestimentos - Estudos e Procedimentos de Execução. Editora Pini. São Paulo. 1994.

32. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo. Recomendações para Recuperação do Conjunto Habitacional D.E.R.. IPE São Paulo. 1992. Relatório Técnico n° 30.168.

33- Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo. Ensaios Mecânicos cm Caixilhos dc Alumínio do Centro Cândido Mendes - HJ. IPT, São Paulo, 1983. Relatório Técnico n° 18.516.

34. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo. Projeto para Correção dos Problemas cm Unidades Habitacionais do Conjunto Marechal Arthur da Costa e Silva. IPT, São Paulo. 1986. Relatório Técnico n° 24.824.

35. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Propostas para Recuperação de Fissuras c Destaca-mentos cm Unidades do Conjunto Habitacional Localizado cm Rio Grande / RS. IIT, São Paulo. 1984. Relatório Técnico n° 19.912.

36. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado dc São Paulo. Pesquisa sobre as Causas mais Freqüentes dc Trincas em Edificações. IIT, São Paulo, 1980. Relatório Técnico n° 14.151.

37. PICCHI, EA. Impermeabilização dc Coberturas. Instituto Brasileiro dc Impermeabilização - IBI / Editora PINI, 220 páginas. São Paulo 1986.

38. DUNOWICZ, R.; GERSCOVICH.A.; VAUENTE, E. Manual de Mantcniemento de los Edifícios y sus Instalaciones -^ ^ Tomo II. Facultad dc Arquitcctura, Discno y Urbanismo dc Buenos Aires. 1993-

Page 462: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

39. FDE - FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Manual Técnico de Manutenção e Recupera-ção. Secretária de Estado da Educação. Estado de São Paulo. 1990.

40. ISHIKAWA. K. Total Quality Control.Tradução de Mário Nishimura. IMC. São Paulo, 1986.

41. ISO - International Organization for Standardi/ation . Norma ISO 8.402 / 93 - Gestão da qualidade e garantia da qualidade - Terminologia.

42. CALAVERA.J. Quality Assurance In Building Construction. In "Management Quality and Economics in Building". edited bvArtur Bezclga and Peter Brandon, E & FN Spor, London. 1991.

43- DEMING.W. E. Qualldade:A Revolução da Admlnlstiação.Tradução dc Clave Comunicações.Título original "Out of Crisis". Editora Marques - Saraiva. Rio de Janeiro, 1990.

44. JURANJ. M.; GRYNA, F. M.Juran's Quality Control Handbook. Editor» McGrawHill. New York, 1988.

45. Ministère dc l.'Equipcmentc, du Logement et des Transports. Investissements et Rentabilité en Gestlon de la Qualité. Club Construction & Qualité. Paris. 1993.

46. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Algumas Idéias sobre Qualidade Total. Curso interno. São Paulo, 1997.

47. NBR ISO 9000 - Normas dc gestão da qualidade c garantia da qualidade. Associação Brasileira dc Normas técni-cas. Rio de Janeiro. 1.994.

Parte I: Diretrizes para seleção dc uso Parte 2: Diretrizes gerais para aplicação das normas NBR 19.001, NBR 19.002 c NBR 19.003 Parte 3: Diretrizes para aplicação da norma NBR 19.001 ao desenvolvimento, fornecimento e manuten-

ção de "software" Parte 4: Guia para gestão do programa de dependabilidade.

48. NBR ISO 9001 - Sistemas da qualidade: Modelo para garantia da qualidade em projeto, desenvolvimento, produção, instalação c serviços associados. Associação Brasileira de Normas técnicas, Rio de Janeiro. 1.994.

49. NBR ISO 9002 - Sistemas da qualidade: Modelo para garantia da qualidade em produção, instalação c serviços associados. Associação Brasileira dc Normas técnicas. Rio dc Janeiro, 1.994.

50. NBR ISO 9003 - Sistemas da qualidade: Modelo para garantia da qualidade cm inspeção c ensaios finais. Associação Brasileira dc Normas técnicas, Rio de Janeiro, 1.994.

51. NBR ISO 9004 - Gestão da qualidade c elementos do sistema da qualidade. Associação Brasileira de Normas técnicas. Rio de Janeiro. 1.994.

Parte 1: Diretrizes Parte 2: Diretrizes para serviços Parte 3: Diretrizes para materiais processados Parte 4: Diretrizes para melhoria da qualidade

52. PEIXOTO, A. C. G. Qualidade: Como Ter Sucesso com o Zé, sc não Temos oToshio ou o Fritz. Artigo publicado na revista Controle da Qualidade n° 16. pp 49-56. Editora Banas.São Paulo, 1993-

53- THOMAZ, E. ISO 9.000 Aplicada à Construção Civil. Revista Téchne N° 2. Editora Pini, São Paulo, janeiro / fevereiro de 1.993.

54. VELA.A. V. Calidad cn la Constmcción. Revista Construcción y Tecnologia. Instituto Mexicano dcl Cemcnto y dei Concreto. Ciudad dc México, nov / 1992.

55. MESEGUER. A. G. Controle c Garantia da Qualidade na Construção. Tradução: Roberto J. F. Bauer. Paulo R. L. Ilclcne c Antonio Carmona Filho. Co-edição: SINDUSCON/SP - Projeto Editores. 1991.

56. AUBERT.Y. et alli. Fairc Construlre c'cst un Métier - La Gcstion dc la Qualité chcz 1c Maltre d'Ouvrage. Club Construction & Qualité. Ministère dc L'EquipemeiUc, du Logement. des Transports et de la Mcr. Paris, 1993.

57. SOUZA, U. E. I.; PALIARIJ. C;ANDRADE,A. C;AGOPYAN,V Perdas de Materials nos Canteiros de Obra: a Queda do

Page 463: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Mito. SINDUSCON/SR Revista Qualidade na Construção N° 13, 1998.

58. PICCHI, F.A. Sistemas da Qualidade: Uso cm Empresas dc Construção. São Paulo, 1993 Tese dc doutorado cm engenharia defendida na Escola Politécnica da Universidade tlc São Paulo.

59- VARGAS, N. Contabilidade das Perdas. Reportagem de Silvério Rocha. Téchne - Revista de Tecnologia da Constru-ção n° 27. pp 1-1-19. Editora Pini. 1997.

60. JURAN. M.Joseph. A Última Palavra: Lições dc uma Vida no Gerenciamento para a Qualidade. Revista Controle da Qualidade n° 19. pp 7-9. Editora Banas, São Paulo. 1993.

61. BONILHA. L. C. M. Comunicação pessoal. São Paulo. 1980.

62. CEB - Comitê Euro-lntcrnational du Bcton. Quality Control and Quality Assurance for Concretc Structures. Bullctin d'Information n° 157, dcccmbcr 1982.

63. ARY.T.C. Quality Assurancc and Quality Control in ConstrucÜon.Tcsc apresentada ao Departamento dc Engenha-ria Civil da Universidade dc Lee tis para obtenção do grau tlc mestre. I-ceds, 1985.

64. ABNT ISO / IEC Guia 65 - Requisitos Gerais para Organismos que Operam Sistemas de Certificação de Produ-tos. Rio de Janeiro, 1997.

65. FRUET.G. M; FORMOSO, C.T. Diagnóstico das Dificuldades Enfrentadas por Gerentes Técnicos de Eir.presas de Construção Civil dc Pequeno Porte. Anais do II Seminário "Qualidade na Construção Civil - Gestão c Tecnologia", pp 1-52. Porto Alegre, 1993.

66. Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo. Talvez até a Fclicidadc. Matéria dc EdmiUon Conceição publicada na Revista "Qualidade na Construção" n° 15. pp 6-18. São Paulo, 1999.

67. FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo dc Segurança c Medicina do Trabalho. Prevenção de Aciden-tes na Indústria da Construção. Fascículos 1 c 2. São Paulo. 1998.

68. Téchne - Revista de Tecnologia da Construção n° 35. Segurança do Trabalho - NR o quê? Reportagem de Eric Cozza, pp 18-23. Editora Pini. São Paulo. 1998.

69. IOSHIMOTO, E. Entrevista concedida aTéchnc - Revista dc Tecnologia da Construção n" 38. pp 16-18. Editora Pini. São Paulo, 1999.

70. SAMPAIO. J. C.A. FMEA - Um Jeito dc Prevenir para não Ter dc Remediar. Artigo publicado na revista "Qualidade na Construção" il° 15. pp 30-31. Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado dc São Paulo. São Paulo. 1999.

71. CARDOSO, F. F Novos Enfoques sobre a Gestão da Produção - Como Melhorar o Desempenho das Empresas dc Construção Civil. In " Avanços em Tecnologia c Gestão da Produção tlc Edificações - ENTAC 93". Anais, pp 557-569. ANTAC - Associação Nacional dc Tecnologia do Ambiente Construído. São Paulo, 1993.

72. PICCHI, F.A. Entrevista concedida aTéchnc - Revista dc Tecnologia da Construção n° 3. pp 09-10. Fditora Pini. São Paulo, 1993.

73- FARAII, M. F. S. Estratégias Empresariais c Mudanças no Processo de Trabalho na Construção Habitacional no Brasil. In "Avanços cm Tecnologia c Gestão da Produção dc Edificações - ENTAC 93". Anais, pp 581-590. ANTAC -Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. São Paulo, 1993-

74. VASCONCELLOS, A. C. Citação pessoal. Curso Planejamento c Tecnologia da Habitação. Instituto tlc Pesquisas Tecnológicas. São Paulo, 1996.

75. MELHADO, S. B. Qualidade do Projeto na Construção dc Edifícios:Aplicação ao Caso das Empresas dc Incorpo-ração c Construção. Tese apresentada ã Escola Politécnica da Universidade tlc São Paulo (doutorado). São Paulo. 1994.

76. MELHADO,S. B: VIOLANI, M.A. EA Qualidade na Construção Civil c o Projeto dc Edifícios. Escola Politécnica da

Page 464: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Universidade de São Paulo. Boletim Técnico TT/PCC/02. São Paulo. 1992.

77. QUALII ORM. Gércr Ia Qualité sur lc Chanticr: Introduction à une Réflcxion. Paris, julho dc 1987.

78. Association QUALITEL. Guidc Qualitcl 93- Paris. 1993.

79. BERNARDl. M. Fundações: Roteiro dc Atividades c Providências nas Fases dc Projeto, Planejamento c Execu-ção de Fundações. Scrgus Construções c Comércio. São Paulo. 1998.

80. ABEF • Associação Brasileira dc Empresas dc Engenharia dc Fundações c Gcotccnia. Manual de Especificações de Produtos c Procedimentos. Editora Hcxagrama. São Paulo. 1988.

81. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8036/79. Programa de Sondagens de Simples Reconheci-mento dos Solos para Fundações dc Edifícios. Rio dc Janeiro. 1979.

82. ABNT - Associação Brasileira dc Normas Técnicas. NBR 6122/96. Projeto e Execução de Fundações. Rio dc Janeiro, 1996.

83- ALONSO. U. R. Exercícios dc Fundações. Editora Edgard Blüchcr Ltda. São Paulo. 1983.

84. TEIXEIRA,A. H.; GODOY, N. S. Análise. Projeto c Execução dc Fundações Rasas . In: Fundações:Teoria c prática. São Paulo: ABMS/ABEF / PINI, 1996. p. 227 - 264.

85. DÉCOURT, L; ALBIERO, J. H.; CINTRA. J. C. A. Análise c Projeto dc Fundações Profundas . In: Fundações: Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI. 1996. p. 265 - 328.

86. MA IA, C. M. M. Execução dc Fundações Profundas - Estacas Tipo Franki. In: Fundaçõcs:Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI. 1996. p. 329 - 336.

87. FALCONI, E E; SOUZA IILHO. J.: FÍGARO, N. D. Execução de Fundações Profundas - Estacas Escavadas sem Lama Bcntonítica. In: Fundações:Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI. 1996. p. 336 - 344.

88. ANTUNES, W. R.;TAROZZO, H. Execução de Fundações Profundas - Estacas Tipo Hélicc Contínua. In: Fundações: Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI, 1996. p. 345 - 348.

89. SAES.J. L Execução dc Fundações Profundas - Estacas Escavadas com Lama Bcntonítica. In: Fundações: Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI, 1996. p. 348 - 360.

90. ALONSO, U. R. Execução de Fundações Profundas - Estacas Injetadas / Estacas Pré-moldadas. In: Fundações:Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI. 1996. p. 361 - 399.

91. GOLOMBEK.S. In A arte que não se vê.Téchnc - Revista de Tecnologia da Construção N° 3. pp31-35. Reportagem dc Heloísa Medeiros. Editora Pini. São Paulo. 1993.

92. PINTO. C. S. Propriedades dos Solos. In: Fundações:Teoria c prática. São Paulo: ABMS / ABEF / PINI, 19'X>. p. 51 -118.

93.1.IMA. H. Ação c Reação. Reportagem, pp 35-37,Téchnc - Revista dc Tecnologia da Construção N° 12. Editora Pini. SCt-out 1994.

94. BOWI.ES. J.E. Foundation: Analysis and Design. 3J edição.Tokyo, McGraw-llill Kogakusha, 1982.

95. PERLOIT.W.H. Foundation Enginccring Handbook. Chaptcr 4: Prcssurc distribution and scttlcment. New York, Van Nostntnd Rcinhold Conipany, 1975.

96. POULOS, H.G.; DAVIS. E.H. Pile Foundation Analysis and Design. New York. John Wiley, 1980.

97. BARATA, F. E. Recalques dc Edifícios sobre Fundações Diretas cm Terrenos dc Comprcssibilidadc Rápida c com a Consideração da Rigidez da Estrutura.Tese para professor titular do Departamento de Geomccãnica da Escola dc Engenharia da Universidade Federal do Rio dc Janeiro, 178 pág. 1986.

431

Page 465: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

98. GONÇALVES, C. Tensões de Tração na Cravação de Estacas Pré-moldadas de Concreto Protendido Téchne -Revista dc Tecnologia da Construção N° 21. pp 18-21. Editora Pini, São Paulo, mar/abr 1996.

99. NYIAMA. S.; AO Kl, N.; CIIAMECKI, P R. Verificação de Desempenho. In: Fundações: Teoria e prática. São Paulo: ABMS /ABEF / PINI. 1996. p. 723 - 751.

100. COLLEPARDI, M. A Durabilidade cm Questão. Í0° Reunião do 1BRACON - Instituto Brasileiro do Concreto. Anais. Vol. I. Rio dc Janeiro, 1998.

101. NEVILLE.A. Suggcstions of Research Arcas Llkcly to Improve Concrctc. Concrete International, pp 44 - 59. maio 1966.

102. ABNT - Associação Brasileira dc Normas Técnicas. Projeto dc Estruturas de Concreto. Projeto dc revisão da NBR 6118. Rio de Janeiro, outubro / 1999.

103. ARNT - Associação Brasileira dc Normas Técnicas. Projeto e Execução de Estruturas de Concreto. NBR 6118. Rio dc Janeiro, 1978.

101 INSTITUTO DL PESQUISAS TECNOLÓGICAS IX) EST ADO DE SÃO PAI !LO. Formulação dc Critérios pira Avalia-ção do Desempenho dc Habitações. São Paulo. 1981 (Relatório n° 16.277).

105. THOMAZ, E. Trincas cm edifícios: Causas c Prevenção. Dissertação apresentada à Escola Politécnica d» Universi-dade de São Paulo (mestrado). São Paulo. 1986.

106. MITTDIERI FILHO, C. V. Avaliação de Desempenho de Sistemas Construtivos Inovadores Destinados a Habita-ções Térreas Unifamiliares - Desempenho estrutural. São Paulo. 1988. 219p. Dissertação (Mestrado) - Lscola Poli-técnica, Universidade dc São Paulo.

107. MITTDIERI FILHO, C. V. Avaliação dc Desempenho dc Componentes c Elementos Construtivos Inovadores Destinados a Habitações - Proposições Específicas à Avaliação do Desempenho Estrutural. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

108. H OLEN E. P R. L. Corrosão em Armaduras para Concreto Armado. Edição conjunta Institutodc PcsquisasTccnológicas do Estado dc São Paulo / Editora Pini. São Paulo, 1986.

109. CEB • Comitê Euro-Intcrnational du Beton. Durablc Concrctc Structurcs: CEB Dcsign Guidc. Lausannc, 1992. (Bullctin DTnformation N° 183).

110. NEVILLE, A. M. Propriedades do Concreto. 738pp. Editora Pini, São Paulo, 1982.

111. MITTDIERI FILHO, C. V.: THOMAZ. E.; HELENE. P R. L. Influência do Tipo dc Cimento c da Relação A/C na Carbonatação do Concreto. 37' REIBRAC - Reunião Anual do Ibracon. Anais, Vol. I, pp 169 - 182. Goiânia, 1995.

112. XU,A.; RO D HE, M.; CHANDRA, S. Influcncc of Alkali on Carbonation of Concrctc. In Procccdings of thc Scventh International Confercnce on Durability of Building Materials and Components. Vol. I. pp 596-60-1. Stockholm. 1996.

113. HELENE, P.R.L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto armado. Tese dc Livre Docência a|>ic.scnlaila ao D c p a i l a i i i c n l o t le ConMni«,ão Civil. ISscohi Po l i l ccu ica da U n i v e r s i d a d e d c São Paulo. São Paulo, 1993.

114. FIGUEIREIX), E. P; HELENE. P R. L Assim Caminha a Corrosão.Téchne - Revista de Tecnologia da Construção n° 10. Editora Pini. São Paulo, mai/jun 1994.

115. HELENE, P. R. I.. Corrosion de Ias Armaduras en cl Hormigón Armado. Revista Ccmcnto y Hormigón n° 591-93. Madrid. 1983.

116. RODRIGUEZJ.; ORTEGA. L. M.; CASAL, J.; DIEZ.J. M. Corrosion of Rcinforccmcnt and Service Life of Concrctc Structurcs. In Procccdings of thc Scventh International Confercnce on Durability of Building Materials and Components, Vol. I. pp 117-126. Stockholm, 1996.

117. LEE, H. S.;TOMOSAWA, E: NOGUCHI T. Efccts of Rebar Corrosion on thc Structural Performance of Singly

Page 466: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Reinforced Beams. In Procecdings of lhe Sevenih International Conference on Durability of Building Materials and Components. Vol. I. pp 571-580. Stockholm. 1996.

118. MOR1NAGA.S. Remaining Life of Reinforced Concrete Structures after Corrosion Cracking. In Procecdings of thc Scventh International Conference on Durability of Building Materials and Components, Vol. I. pp 127-136. Stockholm, 1996.

119. M 1:11 IA. K.; MONT EIRO, P J. M. Concreto - Estrutura, Propriedades e Materials. Editora Pini. São Paub, 1994.

120. XtJ, G.: BEAUDOIN, J.J.: JOLICOEUR. C.; PAGÉ, M. Mlcrostructural Invcstlgatlon of Portland Ccmcnt Mortare Contalning Varying Dosages of Polynapthalene Sulfonate Superplastlclzer. In High Performance Concrctc -Performance and Quality of Concrctc Structures, Procecdings of Sccond CANMLT/ACI International Conference -Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil, 1999. ACI, Spccial Publication SP-186, pp 253 - 274.

121. AITCIN, P C. Concreto dc Elevado Desempenho Tcchnc - Revista dc Tecnologia da Construção N° 19. Tradução dc Luiz Alfredo Palcão Baucr. Editora Pini. São Paulo, nov/dez 1995.

122. LARRARD, E; TONDAT, P. Sur la Contribution de la Topologie de Squelette Granulaire à la Resistance en Compression du Bcton. Materials and Structures N° 26. pp 505 - 516. 1993.

123. DAL MOLIN. D. C. C.; MONTEIRO. P J. M. Contribuição ao Estudo do Módulo dc Deformação de Concretos de Alta Resistência com c sem Adições dc Microssíllca. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/159. São Paulo. 1996.

124. Helene, P R. L. Estudo da Variação do Módulo de Elasticidade do Concreto com a Composição e Característi-cas do Concreto Fresco e Endurecido. Comodato USP/ABCP/IIT. relatório à Associação Brasileira dc Cimento Portland. São Paulo, 1998.

125. American Concrctc Institutc -ACI Committcc 318. Building Codc Rcquircmcnts for Structural Concrctc. Publication ACI 318-95, 1995.

126. American Concrctc Institutc -ACI Committcc 363-State-of-the-Art Report on Hlgh-Strenght Concrete. Publication ACI 363R-92. 1992.

127. Norwegian Standards. Design of Concrete Structures. NS 3473. Oslo, 1989.

128. CEB - Comitê Euro-International du Bcton. CEB-FIP Model Codc 1990. Final Draft - Chapters 1-3. Bullctin d lnformation N° 203, 1991.

129. PINTO. R. CA.: HOVER, K. C. Estimation of Modulus of Elasticity in High-Performancc Concrete Mix at Earlier and LatcrAgcs. In High Performance Concrctc - Performance and Quality of Concrctc Structures, Procecdings of Sccond CANMET/ACI International Conference - Gramado, Rio Grande do Sul. Brasil, 1999. ACI, Spccial Publication SP-186. pp 581 - 596.

130. HELENE, P. R. L.;ALVES, R. R. Estudos dc Métodos para Avaliação do Efeito de Aditivos Superfluidifkantcs na Trabalhabilidadc do Concreto Fluído. Anais da 37° REIBRAC - Reunião Anual do IBRACON. Goiânia. 1995.

131. C I N C O I T O . M. A. C u i s u d c T e c n o l o g i a d c Adi l ivoa p a r a Conc ic lo :» c Ai^ainas^a:». Escola Pol i técnica da Univer-sidade de São Paulo. São Paulo, 1995.

132. ANDRADE, C; ALONSO, C; GONZALES, J. A.; RODRIGUEZ, J. Remaining Scrvicc Life of Corroding Structures. 1ABSE Symposium. Lisboa. 1989.

133. HELENE, P. R. L. Durabilidade das Estruturas de Concreto Armado. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. São Paulo. 1994.

134. CAMARINI, G.; BALAYSSACJ. P: DETRICHÉ, II. Influcncc of Ccment Typc and Curing Conditions on Initial Absorption of Concrctc. In High Performance Concrctc - Performance and Quality of Concrctc Structures, Procecdings of Sccond CANMET/ACI International Conference - Gramado. Rio Grande do Sul. Brasil. 1999. ACI. Spccial Publication SP-186. pp 427 - 443.

Page 467: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

135. SANTIAGOJ. R. Situación Actual de Ias Estructuras de Hormigón. Informes de Ia Constructión.VoI. 42, N® 410. Instituto Eduardo Torroja, Madrid. 1990.

136. ANDRADE, C.;ALONSO. C; GONZALES, J. A. Some Laboratory Experiments on the Inhibitor Effect of Sodium Nitritc on Rcinforccmcnt Corrosion. Ccment. Concrct and Aggregatcs,Vol. 8. N° 2. AST M - American Socicty for Testing and Materials, 1986.

137. KAZMIERCZAK, C. S.; HELENE, P R. I. . Contribuição para a Análise da Eficiência de Películas Aplicadas sobre Estruturas dc Concreto Armado c o m o Objetivo dc Proteção contra a Carbonatação. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. São Paulo. 1995.

138. ACI American Concrctc Institutc Committcc 201. Guide to Durablc Concrctc.ACI Materials Journal. v88. n.5. p. 544-582. Scp./Oct. 1991.

139. CEB - Comitê Euro International du Bcton. Thcrmal Effccts in Concrctc Structurcs. Bullctin dlnformation N° 167. Lausanne, 1985.

140. ACI - American Concrctc Institutc. Prediction of Creep, Shrinkage and Temperature Effects in Concrete Structurcs. 1971 (Publication SP 27-3).

141. SCHRADER, E. K. Mistakcs, Misconccptions, and Controvcrsial Issues Conccrning Concrctc and Concrctc Rcpairs. Concrctc International. Outubro, 1992.

142. BECKER, R. Industrialization and Robotic in Building - Chaptcr 4: Application of thc Pcrformancc Approach. Ilarpcr & Row Publishers. New York. 1990.

143. HELENE. P. R. L. Vida Útil das Estruturas. Téchne - Revista de Tecnologia da Construção N° 17. Editora Pini. São Paulo, jul/ago 1995.

144. RUIZ CAL/VVERA.J.; DUTARI. I.. G. Calculo de Flechas en Estructuras de Hormigon Armado. INTEMAC - Instituto Técnico dc Matcrialcs y Construccioncs. Madrid. 1992.

145. BRANSON. D. E. Dcformation of Concrctc Structurcs. Editora McGraw-Hill. New York. 1977.

146. CEB-Comitê Euro-lntcrnational Du Bcton. Manuel de calcul: fissuration and deformations. Paris. 1981. (Bullctin dlnformation 143).

147. EUROCODE 2.Dcsign for Concrctc Structurcs. Part l:Gcncr.ü Rulcsand Rides for Buildings. ENV 1992-1-1. Bntsscls. 1991.

148. INSTTIITFO DE PESQUISAS T ECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT. Critérios Mínimos de Desempe-nho para Habitações Tcrrcas. Publicação conjunta IPT / Fincp / PBQP-H. São Paulo. 1998.

149. FUSCO, P B. Técnicas dc Armar as Estruturas dc Concreto. Editora Pini. São Paulo, 1995.

150. CALAVERA, J. R. Manual dc Detallcs Constructivos c n Obras de Hormigón Armado. INTEMAC - InstitutoTccnico dc Matcrialcs y Construccioncs. Madrid. 1993.

151. THOMAZ, Eduaido. Fissuração - Caso:» Reais. Trabalho apicMiilado no Culóquiu sob ic Compor tamento t" Projcto de Estruturas. Pt'C/RJ. Rio de Janeiro, agosto/1988.

152. ACI - American Concrete Institutc. Control of Cracking in Concrctc Structurcs. ACI Committcc 224. Publication ACI 224R-90. 1990.

153. ANDRIOLO, E R.; SGARBOZA, B. C. Inspeção c Controle da Qualidade do Concreto. Editora Ncwswork. São Paulo. 1993.

1 5 1 HELENE. P R. L;TERZIAN. P Manual dc Dosagem c Controle do Concreto. Editora Pini. São Paulo. 1993.

155. CIB - Conscil International du Bãtimcnt pour Ia Rcchcrchc - ComitécW 29: Concrctc Surface Finishings. Manual of Technology "Formwork". Publication N° 85. Rottcrdam. 1985.

Page 468: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

156. ACI - American Concretc Institule. Recommended Piactice for Concrete Formwotk.ACI Comminee 347. Dctroit, 1978.

157. FAJERSZTAJN, H. Fôrmas para Concreto Armado - Aplicação para o Caso do Edifício.Tese apresentada à Escola Politécnica da USP (doutorado). São Paulo, 1987.

158. LEVY, S.; HELENE, P R. L. Cura: como, quando e por quê.Téchnc - Revista de Tecnologia tia Construção N° 20. Editora Pini. São Paulo, jan/fcv 1996.

159. THOMAZ. E. Como Construir Alvenarias dc Vedação. Revista Téchnc n° 15 c n° 16. Editora PINI. São Paulo. 1995.

160. FISHER, R. Paredes. Versão espanhola da la. edição inglesa, tradução de Luis M.J. Cisncros. Barcelona, Editorial Blumc, 1976

161. Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Análise do Comportamento Térmico c Acústico de Alvenarias. IIT. São Paulo, 1985. Relatório Técnico N° 21.910.

162. CHICHIERCHIO, L. C. Conforto Ambiental: Desempenho Térmico c Acústico c Proteção contra o Fogo. In Manual Técnico de Alvenaria, pp 119-141. Projeto Editores Associados, São Paulo, 1990.

163- TIIO.MAZ, E. Patologias das Alvenarias. In Manual Técnico de Alvenarias. pp 97-117. Projeto Editores Associados, São Paulo, 1990.

164. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 108.37 / 89 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados dc Concreto. Rio dc Janeiro. 1989.

165. PUGA.C. C. Cálculo de Alvenaria Estrutural. Curso dc Mestrado do Instituto dc Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, 1998.

166. SAHLI.N, SVEN. Structural Masonry. New Jerscy, Prcnticc Hall, 1971.

167. GOMES, N. S. A Resistência das Paredes dc Alvenaria. São Paulo, 1983. Dissertação dc mestrado apresentada à Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo.

168. TUBI, N. La Rcalizzazionc di Muraturc in Latcrizio. ANDII. - Associazionc Nazionalc dcgli Industriali dei Latcrizi. Roma, 1986.

169. CORRÊA, M. R. S.: RAMALHO, M. A. Procedimento para Análise de Edifícios de Alvenaria Estrutural Submetidos a Ações Verticais. In 5,h International Scminar on Structural Masonry for Dcvcloping Coiintrics. Procccdings, pp 305-314. Florianópolis, 1994.

170. KURDJIAN.J. K. Cálculo Estrutural de Alvenarias. In Manual Técnico dc Alvenarias. pp 177-210. Projeto Editores Associados, São Paulo, 1990.

171. GOMES, N.S. Normalização Técnica dc Alvenarias. In ManualTécnico de Alvenarias, pp 211-246. Projeto Editores Associados, São Paulo, 1990.

172. TANGO; C. E. S. Materiais:Tecnologia e Controle. In Manual Técnico de Alvenarias. pp 14.3-176. Projeto Editores AxMJtiadi». São Paulo. 1990.

173. AMERICAN SOCIETY FORTESTING AND MATERIALS. Standard Spccification for Mortar for Unit Masonry. ASTM C 270-86b. In Animal Book of ASTM Standards. Philadclphia, 1987.

174. SABBATINI, F.H.O Processo Construtivo dc Edifícios dc Alvenaria Estrutural Sílico-Calcária. 298 pág. Escola Politécnica tia Universidade dc São Paulo (dissertação de mestrado). São Paulo, 1984.

175. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS - IPT. Paredes dc Vedação cm Blocos Cerâmicos - Manual dc Execução. Publicação IIT 1767. São Paulo, 1988.

176. THOMAZ. E. Fissuras em Alvenarias: Causas, Prevenção e Recuperação. In: Seminário Patologia y Gcstión de Cal ida d cn la Construcción. Montcvideo, 1998.

4 3 5

Page 469: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

177. MACIEL. L U MELHADO.S. B.A Inserção do Projeto dos Revestimentos de Argamassa de Fachada no Processo de Produção do Edifício. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/189. São Paulo. 1997.

178. CINCOTTO, M. A.; SILVA, M A. C.; CASCUDO, II. C. Argamassas de Revestimento: Características, Propriedades e Métodos dc Ensaio. Instituto dc PcsquisasTccnológicas do Estado dc São Paulo. Publicação IPT N° 2378.São Paulo. 1995.

179. SELMO,S. M. S. Dosagem dc Argamassas dc Cimento Portland c Cal para Revestimento Externo dc Fachadas. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/39- São Paulo. 1991.

IHO. I.EJEUNE, C. Revestimentos em Argamassa: a Contribuição Francesa.Téchne - Revista dc Tecnologia da Constru-ção n° 22. pp 30-34.Tradução dc Arnaldo Manoel Pereira Coelho c Maria Alba Cincotto. Editora Pini. Sào Paulo, mai/jun 1996.

181. JOHN. V.: CINCOTTO. M. A.; GUIMARÃES, J. E P: RAGO, F. Cal x Aditivos Orgânicos.Téchne - Revista dc Tecnologia da Construção n° II. Editora Pini, São Paulo, jul/ago 1994.

182. CANDIA, M. C: FRANCO, L. S. Contribuição ao Estudo das Técnicas de Preparo da Base no Desempenho dos Revestimentos de Argamassa. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/223. São Paulo, 1998.

183. CARASEK, H.: DJANIKIAN.J. G. Aderência dc Argamassas a Base dc Cimento Portland a Unidades dc Alvenaria. Escola Politécnica tia Universidade de São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/179. São Paulo, 1997.

184. JOISEL.A. Fisuras y Grictas cn Mortcros y Hormigoncs: sus Causas y Rcmcdios. 4J Edição, Editores Técnicos Associados. Barcelona, 1975.

185. DETRICHE, C. H.; MASO, J. C. Dlfferentlal Hydratlon in Rendering Mortars. Cemcnt and Concrctc Research. Volume 16. pp 429-439. Pcrgamon Press Ltd. 1986.

186. THOMAZ. E.: HACHICH V. F.Como Construir Piso Cerâmico.Téchne - Revista de Tecnologia da Construção N° 1. pp 51-54. Editora Pini, São Paulo, nov/dez 1992.

187. ABNT - Associação Brasileira dc Normas Técnicas. Placas cerâmicas para revestimento - Especificação c méto-dos de ensaio - NBR 13818/97. Rio dc Janeiro, 1997.

188. Instituto dc PcsquisasTccnológicas do Estado de São Paulo - IPT. Critérios Mínimos dc Desempenho para Habitações Térreas de Interesse Social. São Paulo. 1997.

189. MITTDIERI FILHO, C. V; CAVANI, G. R.Como Construir Revestimento Cerâmico de Paredes .Téchne - Revista dc Tecnologia da Construção N° 7. pp47-50. Editora Pini, São Paulo, nov/dez 1993-

190. GIAMPAGLIA, H. Impermeabilizações com Mantas Asfálticas. Téchne - Revista dc Tecnologia da Construção N° 5. pp 55-57. Editora Pini. São Paulo, 1993.

191. PIRONDI, Z. M a n u a l P r á t i c o d c I m p e r m e a b i l i z a r ã o c I s o l a r ã o T é r m i c a . Editora Pini, S e c u n d a ed ição . São Paulo, 1992.

192. CERAGIOLI, G.; CAVACLIÁ, G. Sviluppo nclla Tecnologia dei Proccssi Construttivi in Italla. In "Avanços em Tecnologia e Gestão da Produção dc Edificações - ENTAC 93".Anais, pp 19-25. ANTAC - Associação Nacional dc Tecnologia do Ambiente Construído. São Paulo, 1993.

193. CAMPAGNAC. E. Mutations des Marehés ct Évolutions des Systèmcs dc Production ct dc Travail dans lc Bâtimcnt cn Francc ct cn Europc. In "Avanços cm Tecnologia c Gestão da Produção dc Edificações - ENTAC 93". Anais, pp 27-40. ANTAC - Associação Nacional dc Tecnologia do Ambiente Construído. São Paulo, 1993.

194. CARDOSO. F. F. Novos Enfoques sobre a Gestão da Produção - Como Melhorar o Desempenho das Empresas dc Construção Civil. In "Avanços cm Tecnologia c Gestão da Produção dc Edificações • ENTAC 93". Anais, pp 557 -569. ANTAC - Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. São Paulo, 1993-

Page 470: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

195. ASCI- - American Socicty of Civil Enginccrs. Quality in the Constructcd Project: a Guideline for Owncrs, Designers and Constructors. New York, 1988.

196. FRANCO. L. S:AGOPYAN.V. Implementação da Racionalização Construtiva na Fase dc Projeto. Escola Politécni-ca da Universidade tlc São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/94. São Paulo, 1993.

197. NOVAES, C. C; FRANCO, L. S. Diretrizes para Garantia da Qualidade do Projeto na Produção de Edifícios Habitacionais. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. Boletim Técnico BT/PCC/189. São Paulo. 1997

198. BAÍA, J. L; MELHADO, S. B. Implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade em Empresas de Arquitetura. Escola Politécnica da USP Boletim Técnico BT/PCC/221. São Paulo. 1998.

199. GAARRSLEV.A. Neural Networks - Technique Tested on Classical Bidding Strategy Data Sct. In -Management Quality and Economics in Building", pp 1489 - 1497. Editcd by Artur Bczclga and Pctcr Brandon, E & FN Spor. Loiulon, 1991.

2<M). POHL.J. G. ICADS - an Intellegent Building Design System. In "Management Quality and Economics in Building", pp 1526 - 1537. Editcd by Artur Bczclga and Pctcr Brandon, E & FN Spor. London. 1991.

201. KARSTILA et alli. Expcrt Systems in Design, Construction and HousingAdministration. In "Management Quality and Economics in Building", pp 1498 - 1507. Editcd by Artur Bczclga and Pctcr Brandon, E & FN Spor. London, 1991.

202. MATTEI. J. A. Velocidade, uma das Tônicas do Futuro. Artigo publicado na Revista "Qualidade na Construção" n° 14, pp30-32. Sindicato tia Indústria tia Construção Civil tio Estado tlc São Paulo. São Paulo, 1999.

203. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA - ABCI. Caderno Técnico Sistemas Construti-vos Industrializados. Editora Pini. São Paulo, 1993.

204. Instituto tlc Pesquisas Tecnológicas tio Estado tlc São Paulo - IPT. Catálogo de Processos e Sistemas Construtivos para Habitação. Publicação IPT n° 2515. São Paulo. 1998.

205. FLEURY.G.A Síntese do Novo.Téchnc Revista dc Tecnologia da Construção n° 4 ,pp 29-34. Editora Pini.Sào Paulo. 1993.

206. HACHICH. V. F. Critérios Mínimos para Avaliação Expedita da Durabilidade dc Produtos dc PVC Rígido para Uso Exterior nas Edificações. São Paulo, 1999. 196p.Tese tlc Doutorado apresentada à Escola Politécnica tia Uni-versidade de Sào Paulo.

207. GONÇALVES, O. M. Sistemas Prediais - Avanços Tecnológicos c Conceituais.Téchne - Revista dc Tecnologia dc Construção, N° 12. Editora Pini, São Paulo, set/out 1994.

208. MURO, E.Japão: o Horizonte da Técnica. Téchne - Revista de Tecnologia da Construção N° 13. pp 22-26. Editora Pini, São Paulo, nov/dez 1994.

209. LEVY. S.; HELENE, P.; MAYOR, A. V. Para Chegar ao Topo. Téchnc - Revista dc Tecnologia da Construção N° 23. Editora Pini. São Paulo, jul/ago 1996.

210. SOUZA, U. E. L.; FRANCO, I.. S. Definição do Layout do Canteiro de Obras. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo. Departamento tlc Engenharia tlc Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/177. São Paulo. 1997.

211. GALDINO. L. Elevadores - Uma Visão dos Sistemas dc Controle Lógico c Acionamento. Téchnc - Revista tlc Tecnologia da Construção N° 30. Editora Pini. Sào Paulo, set/out 1997.

212. FLOYD, L. W. Quality Management Practicc for Mcdium and Smallcr Companics. Publicado em "Management Quality and Economics in Building", pp 596 a 601, editcd by Artur Bczclga and Pctcr Brandon, E & F N Spon. London, 1991.'

213. SI0IIOLT. O. Norwegian Quality Management System Ready for use in EEC. Publicado cm "Management Quality and Economics in Building", pp 892 a 899. editcd bv Artur Bczclga and Pctcr Brandon, E & F N Spon. London. 1991.

4 3 7

Page 471: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

2 1 1 CONCEIÇÃO. E. Revista "Qualidade na Construção". Liberdade, Igualdade, Qualidade. Edição n° 10. pp 22-39. Sind. da Indústria da Construção Civil do Estado dc São Paulo. São Paulo, 1998.

215. MATTEL J. A. A ISO 9000 Aplicada ã Construção Civil. Artigo publicado cm Tcchnc - Revista de Tecnologia da Construção. n° 34. pp 24-25. Editora Pini. 1998.

216. Dcsmadryl et alli. La Gestlon de la Qualité dans la Préparatlon du Chantler. Club Construction & Qualité. Ministcrc dc LEquipcmcntc. du Logemcnt, des Transports ct dc la Mcr. Paris. 1990.

217. BRASIL. Lei n° 8078. dc 11/09/90. Código de Defesa do Consumidor. Brasília, setembro dc 1990. 218. BRASIL Instituto Nacional do Seguro Social. Ordem dc Serviço n° 209 Brasília, maio dc 1999.

219. BRASIL. Lei n° 4.591. de 16/12/64. Lei das Incorporações. Brasília, dezembro de 1.964.

220. GRANDISKI, P Prazos de Garantia na Construção. Artigo publicado cm Tcchnc - Revista dc Tecnologia da Cons-trução. n° 12, pp 21-25. Editora Pini, 1994.

221. AUBERT. Y. ct alli. La Gcstion dc la Qualité dans la Conccption. Club Construction & Qualité. Ministcrc dc LEquipcmcntc, du Logemcnt, des Transports ct dc la Mcr. Paris. 1990.

222. FRANÇA • Ministcrc dc LEquipementc, du Logemcnt ct des Transports. Outils pratiques dc gcstion dc la qualité - Programme du préparation et formation du chantier. Club Construction & Qualité. Paris. 1993.

223. Ministcrc dc LEquipcmente, du Logemcnt ct des Transports. Recomendations ct Outils pour Gerer la Qualité de la Construction. Club Construction & Qualité. Paris. 1993

224. AHMAD.I.Computer-Aided Dcclsion and RiskAnalysis in Construction.CIB-Conscil International duBatinicnt. CIB 92 - Congrcs Mondial du Batinicnt. Anais, pp 458-459. Montreal, 1992.

225. McKIM. R. A. Risk Bchaviour, Risk Allocation and Contract Stratcgy. Publicado cm "Management Quality and Economics in Building", pp 199 a 206, edited bv Artur Bczclga and Pctcr Brandon, E & P N Spon. London, 1991

226. SERGUS CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LI DA. Manual da Qualidade. Alphavillc. São Paulo, 1999.

227. COMITÊ EUROINTERNATIONAL DU BETON. Quality Assurancc for Building. Bullctin dlnformation n° 184. Lausanne, 1988.

228. PICCHI, E A.;AGOPYAN, V. Sistemas da Qualidade na Construção dc Edifícios. Escola Politécnica da Universida-de dc São Paulo. Departamento dc Engenharia dc Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/104. São P.ulo. 1993.

229. SOUZA. R. ct alli. Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras. SEBRAE/SP - Serviço dc Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Sào Paulo, S1NDUSCON / SP - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado dc São Paulo. São Paulo, 1994.

230. BARBER.J.N. Quality Management in Construction - Contratual Aspccts.CIRIA - Construction Industrv Research and Information Association. Spccial Publication n° 84. London, 1992.

231. FRANÇA. Ministcrc de TEducation Nationalc. Enseigner la Qualité BTP. Agencc Qualité Construction. Éditions Nathan. Paris, 1993.

232. MTTIDIERI FILHO, C. V. Avaliação de Desempenho de Componentes e Elementos Construtivos Inovadores Destinados a Habitações. lese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (douterado). São Paulo, 1998.

233. FERREIRA, E A. .YL; FRANCO, L. S. Metodologia para Elaboração do Projeto do Canteiro dc Obras dc Edifícios. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia dc Construção Civil. Boletim Técni-co BT/PCC/210. São Paulo, 1998.

234.1.1MA JR.J. R. Qualidade do Empreendimento na Construção Civil - Inovação c Competitividade. Escola Poli-

Page 472: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

técnica cia Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/ 144. São Paulo, 1995.

235. Companhia dc Desenvolvimento Habitacional c Urbano do Estado de São Paulo. Tijolo por Tijolo. Reportagem dc Edcr Santim.Téchnc - Revista dc Tecnologia da Construção n° 23. pp 18-24. Editora Pini. São Paulo, 1996.

236. Companhia dc Desenvolvimento Habitacional c Urbano do Estado dc São Paulo - CDHU. I Seminário sobre o QUALIHAB - Programa da Qualidade na Construção de Habitações. São Paulo, 1996.

237.I-ROGER ct alli. La gestion dc la qualité dans la programmation. Club Construction & Qualitc. Ministcrc dc L'Equipcmcn(c, du Logcmcnt, des Transports ct dc la Mcr. Paris. 1990.

238. JURAN, M.Joscph. A Última Palavra: Lições dc uma Vida no Gcrcnciamcnto para a Qualidade. Rcvisti Controle da Qualidade 11o 19. pp 7-9. Editora Banas.São Paulo, 1993.

239. SHIMIZU CORPORATION. An OuUlnc of Quality Assurancc Activities. Tokyo. 1994.

240. ASSUMPÇÂO.J. E P Planejamento da Produção dc Edifícios: Um Processo cm Evolução. Artigo publicado na Revista "Qualidade 11a Construção" 11o 14, pp 25-29. Sindicato tia Indústria tia Construção Civil tio listado de São Paulo. São Paulo, 1999.

241. BRINGHENTLL;VARGAS. M. Proposições para o Ensino do Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo, Departamento dc Engenharia de Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/96. São Paulo, 1993.

242. KALLAS, E. R. E. Entrevista concedida a Téchnc - Revista de Tecnologia da Construção n° 13, pp 14-15. Editora Pini. São Paulo, 1994.

243. FERRAZ. J.C. E Desenvolvimento Tecnológico da Construção Civil. Palestra apresentada noV Congresso Brasilei-ro de Engenheiros Civis. São Paulo, agosto de 1993-

244. FARAH, .VI. E S. Processo dc Trabalho na Construção Habitacional:Tradição c Mudança. Editora Annablume, São Paulo, 1990.

245. LIMAJR.J. R. Qualidade na Construção Civil - Conceitos c Rcfcrcnciais. Escola Politécnica da Universidade dc São Paulo, Departamento de Engenharia dc Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/120. São Paulo, 1993.

246. MATTEI, J. A. M. Barreiras na Implementação do Sistema. Revista Qualidade na Construção n° 7. Sindicato tia Indústria da Construção tio Estado de São Paulo. São Paulo, 1998.

247. LIMAJR.J. R. Gerenciamento na Construção Civil - Uma Abordagem Sistêmica. Escola Politécnica da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil. Boletim Técnico BT-27/90. São Paulo. 1990.

248. CURADO, M.T. Certificação dc Sistemas. Revista T échnc n° 32. Reportagem de Edcr Santim. pp 14-16. Editora Pini. São Paulo, 1998.

249. CALAVERA, J. Luzes c Sombras. Artigo publicado cm Téchnc - Revista de Tecnologia da Construção n° 24. pp 34-35. Editora Pini. São Paulo. 1996.

250. CASTRO, A. P Entrevista concedida à Téchnc - Revista de Tecnologia tia Construção n°l6, pp 10-13. Editora Pini. São Paulo, 1995.

251. CONCEIÇÃO, E. Liberdade, Igualdade, Qualidade. Reportagem. Revista "Qualidade na Construção" 11o 10. pp 22-39. Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado dc São Paulo. São Paulo, 1998.

252. REIS, P. E: MELHADO, S. B. Implementação dc Sistemas dc Gestão da Qualidade cm Pequenas c Médias Empre-sas dc Construção dc Edifícios: Estudos dc Caso. Escola Politécnica tia USP, Departamento dc Engenharia dc Construção Civil. Boletim Técnico BT/PCC/226. São Paulo. 1998.

Page 473: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 474: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

ANEXO Modelos de fichas para controle da qualidade de projetos e serviços.

Page 475: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

M o d e l o - Controle do recebimento do projeto da estrutura de concreto armado

CONSTRUTORA

SILVA

Ficha P t 7 - Recebimento do projeto da estrutura de concreto

Versão: Data: Aprovação:

OBRA: _

LOCAL: .

OBJETO:

PROJETISTA:

N ü DO PROJETO:

Pranchas N-:

A. Análise formal do projeto Atendimento Observações A. Análise formal do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Foram apresentadas todas as pranchas necessárias,

cortes e detalhes construtivos, em escalas adequadas?

2. Foram apresentados em separado projeto e

especificações técnicas das fôrmas e cimbramentos?

3. Foi efetuada análise de riscos, contemplando colapso

progressivo, explosões, deslizamentos, sabotagem, etc?

4. Foi apresentado memorial técnico contemplando as|)ectos dc

durabilidade, ação do fogo, acústica e vibrações?

5. O projeto identifica claramente a vida útil prevista para a

estrutura e a classe de concreto a ser empregado?

6. O projeto contempla planos de concretagem, prazos

de decimbramento, escoramentos residuais etc?

7. Apresentou-se memória de cálculo com estimativas da

fissuração e deformabilidade das poças (isodeformadas etc)?

8. Foi identificado o software de cálculo estrutural,

os algoritmos e modelos nele embutidos?

9. Foram apresentados memoriais, especificações e quantificação

de todos os materiais e equipamentos necessários?

10. Foram especificados os equipamentos necessários e

os processos a serem obedecidos na execução da estrutura?

11. Todas as cotas, níveis e caimentos foram representados?

12. Encontram-se convenientemente representadas as

interferências com impermeabilizações, instalações e outros?

13. A referência de nível e as cotas corres|X>ndem

àquelas dos demais projetos?

14. Correias numeração, carimbos e assinaturas nas pranchas?

B. Análise técnica do projeto Atendimento Observações B. Análise técnica do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Está correta a assumida classe de agressividade do meio?

2. Os modelos para previsão da vida útil são adequados

3. Classe do concreto e cobrimcntos atendem necessidades?

4. Proteção superficial do concreto atende necessidades?

5. Detalhes de drenagem, ruíos e pingadeiras estão corretos?

6. Cimbramentos projetados apresentam boa rigidez?

Foi prevista eventual necessidade de fundações provisórias ?

7. Ação global do vento foi convenientemente considerada?

Page 476: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Análise do projeto da estrutura (continuação)

B. Análise técnica do projeto Atendimento Observações B. Análise técnica do projeto

SIM NÃO

Observações

8. Deformações impostas (recalques, solicitações térmicas) foram

convenientemente consideradas?

9. Solicitações de segunda ordem foram corretamente consideradas?

10. Está afastada a possibilidade de colapso progressivo?

11. Contraílechas foram convenientemente previstas?

12. Interferências com outros projetos foram bem resolvidas?

13. Foram previstas todas as janelas e furos necessários?

14. Na laje de cobertura foram previstos apoios sobressalentes

para antenas, pára-raios e outros equipamentos?

15. Dimensão máxima do agregado graúdo é compatível com os

cobrimentos e densidades das armaduras?

16. Abatimento do concreto é compatível com seções das peças e

com densidades das armaduras?

17. Inexistem seções com grande congestão de armaduras?

18. Ganchos, arranques, emendas por transpasse são corretos? 19. Reforços em mísulas, consolos etc estão corretos?

20. Armaduras construtivas, armaduras de suspensão etc foram

corretamente projetadas?

21. Consumo total de aço (kg / mJ de concreto) encontra-se dentro

dos padrões usuais para o tipo de obra em questão? 22. Sào adequados os modelos assumidos para previsão da

fissuração e deformabilidade das peças?

23. t aceitável o nível de fissuração previsto para as peças? 24. Ú aceitável a deformabilidade prevista para as peças?

25. Na previsão dos deslocamentos e rotações foram assumidos

graus de engastamento corretos?

26. Na previsão dos deslocamentos foram assumidos valores

compatíveis para o módulo de deformação do concreto?

27. Na previsão dos deslocamentos foram corretamente

consideradas as reduções de inércia pela fissuração?

28. Projeto atende exigências de vibrações?

29. Projeto atende exigências de acústica?

30. Projeto atende exigências de resistência ao fogo? 31. Projeto define claramente as tolerâncias dimensionais para

locação das peças (pilares, vigas, etc)?

32. Projeto define claramente as tolerâncias dimensionais para as

seções das peças (pilares, vigas, lajes etc)?

33. O processo de cura do concreto foi bem especificado? 34. Foi corretamente prevista a proteção provisória de peças

(bases de pilares, etc) durante a execução da obra?

Data e local:

assinatura do responsável pelo recebimento visto do coordenador de projetos

Page 477: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Modelo - Controle da execução da estrutura de concreto armado

CONSTRUTORA Ficha E 21 - Execução da estrutura de concreto

SILVA Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

PAVIMENTO: LOCAL:

EQUIPE: Encarregado:

Controles Condição/

exigência

N° da inspeção / Atendimento

Controles Condição/

exigência 1 2 3 4 Controles

Condição/

exigência S N S N S N S N

Ess

enci

ais

1. n° adequado de gruas, elevadores etc cf. planejam.

Ess

enci

ais

2. n° de tremonhas, jericas, vibradores cf. planejam.

Ess

enci

ais

3. rigidez dos cimbramentos / apoios cf. projeto

Ess

enci

ais

4. sem dentes ou irregularidades nos moldes ausentes

Ess

enci

ais

5. locação das fôrmas fie pilares, vigas desv. < 15mm

Ess

enci

ais

6. seções de vigas, pilares, lajes etc desv.á3mm

Ess

enci

ais

7. prumo das fôrmas de pilares, cortinas < h/600 ou 5mm

Ess

enci

ais

8. cotas das fôrmas de lajes e vigas desv. < 15mm

Ess

enci

ais

9. dimensões de contraflechas desv. 5 2 mm

Ess

enci

ais

10. nível das fôrmas de lajes e vigas <, L/600 ou 5 mm

Ess

enci

ais

11. distorção angular das fôrmas desvio < 0,2°

Ess

enci

ais

12.empenamentos laterais das fôrmas desv. < L/500

Ess

enci

ais 13. rigidez, limpeza e estanqueidade fôrmas cf. projeto

Ess

enci

ais

14. furos em vigas, lajes / janelas de concret. cf. projeto

Ess

enci

ais

15. aplicação de desmoldante procedim. POI

Ess

enci

ais

16. bitolas /disposição armaduras, arranques cf. projeto

Ess

enci

ais

17. disposição de espaçadores/caranguejos cf. projeto

Ess

enci

ais

18. embutimento de instalações cf. projeto

Ess

enci

ais

19. posição / largura juntas de dilatação máx. 15 e 2mm

Ess

enci

ais

20. prumo do edifício (to|x> até base) S h/600 ou 3cm

Ess

enci

ais

21. quantidade disponível dc concreto cf. projeto

Ess

enci

ais

22. slump do concreto / 0 máx. do agregado cf. projeto

Ess

enci

ais

23. seqüência do lançamento cf. projeto

Ess

enci

ais

24. procedimento e tempo de vibração procedim. P01

Ess

enci

ais

25. tempo e condições de cura procedim. P01

Ess

enci

ais

26. tempo de desforma / decimbramento cf. projeto

Ess

enci

ais

27. n° e posição escoramentos residuais cf. projeto

Ess

enci

ais

28. geometria das peças concretadas limites acima

OBS. Classificar falhas como críticas (Cl, graves <G> ou

secundárias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo

talha crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng residente.

Data OBS. Classificar falhas como críticas (Cl, graves <G> ou

secundárias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo

talha crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng residente.

lns|x?tor

OBS. Classificar falhas como críticas (Cl, graves <G> ou

secundárias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo

talha crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng residente. Visto

Page 478: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Modelo - Controle do recebimento do projeto de alvenaria de vedação

CONSTRUTORA

SILVA

Ficha P 12 - Recebimento do projeto de alvenaria de vedação

Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

LOCAL:

DEPENDÊNCIA:

PROJETISTA:

N ü DO PROJETO:

Pranchas Nc:

A. Análise formal do projeto Atendimento Observações A. Análise formal do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Foram apresentadas todas as pranchas necessárias, paginação

das paredes, cortes e detalhes construtivos?

2. Foram apresentados memoriais, esjjeciíicações e quantificação

de todos os materiais e equipamentos necessários?

3. São adequadas as escalas dos desenhos? Todas as posições e

cotas dos caixilhos foram representadas?

4. A referência de nível e as cotas corrcs|X>ndcm àquelas dos

demais projetos?

5. Correta a numeração, carimbos e assinaturas nas pranchas?

B. Análise técnica do projeto Atendimento Observações B. Análise técnica do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Detalhes arquitetônicos das fachadas são satisfatórios?

2. Locação dc paredes cm relação a pilares e vigas está correta?

3. Projeto compatível com recalques previstos das fundações?

4. Projeto compatível com flechas previstas de vigas c lajes?

5. Coordenação dimensional com vãos estruturais, caixilhos,

equipamentos, pisos e forros é satisfatória?

6. Detalhes de amarração entre as paredes estão corretos?

7. Seção, transpasse e armação de vergas, contravergas e

cintas foram corretamente projetados?

B. Detalhes de ligação com pilares estão corretos?

9. Encunhamcntos foram corretamente especifiçados?

10. Juntas de controle foram corretamente especificadas?

11. Detalhes do último pav. (isolação, juntas etc) são corretos?

M . Previsto embutimento de impermeab. nos pes das paredes?

13. Posição de dutos c pontos compatível com proj. hidráulica?

14. Posição dc dutos e pontos compatível com proj. de elétrica?

15. Posição de dutos e pontos compatível com projeto de gás?

16. Detalhes de fixação de caixilhos estão corretos?

17. Detalhes de fixação de rodapés estão corretos?

18. Argamassa dc assentamento foi corretamente especificada?

Data e local:

assinatura do responsável pelo recebimento visto do coordenador dc projetos

Page 479: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Modelo - Controle da execução de alvenaria de vedação

CONSTRUTORA Ficha E 12 - Execução da alvenaria de vedação

SILVA Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

PAVIMENTO: LOCAL:

EQUIPE: Encarregado:

Controles Condição/

exigência

N° da inspeção / Atendimento

Controles Condição/

exigência 1 2 3 4 Controles

Condição/

exigência S N S N S N S N

Ess

enci

ais

1. prazo de cura da estrutura cf. projeto

Ess

enci

ais

2. locação das paredes desvio < l em

Ess

enci

ais

3. ângulos entre paredes* desvio £ 0,2°

Ess

enci

ais

4. modulação dos blocos cf. projeto

Ess

enci

ais

5. posicionamento de vãos desvio <, l e m

Ess

enci

ais 6. prumo da parede desv. <, 2mm

Ess

enci

ais

7. nível das juntas desv. <, 2mm

Ess

enci

ais

8. preenchimento das juntas compacto Ess

enci

ais

9. ligações com pilares cf. projeto

Ess

enci

ais

10. encunhamentos (prazo/detalhes) cf. projeto

Ess

enci

ais

11. embutimento impermeabilização cf. projeto

Ess

enci

ais

12. enchimento cintas / contravergas compacto

Ess

enci

ais

13. detalhes no último pavimento cf. projeto

Impo

rtan

tes

a) seqüência dc elevação das paredes cf. projeto

Impo

rtan

tes

b) contraventamento na elevação cf. projeto

Impo

rtan

tes

c) amarrações entre paredes cf. projeto

Impo

rtan

tes

d) planeza da face das paredes desv. < 3mm

Impo

rtan

tes

e) es|x?ssura das juntas 1 < e < 1,5cm

Impo

rtan

tes

0 verticalidade das ombreiras desv. < 1 mm

Impo

rtan

tes

g) fixação de marcos / contramarcos cf. projeto Impo

rtan

tes

h) passagem de eletrodutos cf. projeto

Impo

rtan

tes

i) posicionamento caixas do luz desv. ^ 5mm

Impo

rtan

tes

j) assentamento de peitoris cf. projeto

Impo

rtan

tes

k) traço da argamassa cf. projeto

<•) desvio do esquadro: entre <i extremidade do lado do esquadro

com 30cm e a lace da parede não deverá resultar folga maior

que lmm (verificada com pente de folga)

data <•) desvio do esquadro: entre <i extremidade do lado do esquadro

com 30cm e a lace da parede não deverá resultar folga maior

que lmm (verificada com pente de folga)

inspetor

<•) desvio do esquadro: entre <i extremidade do lado do esquadro

com 30cm e a lace da parede não deverá resultar folga maior

que lmm (verificada com pente de folga) visto

OBSERVAÇÃO:

Classificar as falhas como críticas (C), graves (C) ou secundárias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo

falha crítica ou grave, comunicar imediatamente o engenheiro residente.

Page 480: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Modelo - Controle do recebimento do projeto de pisos cerâmicos

CONSTRUTORA

SILVA

Ficha P 17 - Recebimento do projeto de piso cerâmico

Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

LOCAL:

DEPENDÊNCIA:

PROJETISTA:

N ü DO PROJETO:

Pranchas Nc:

A. Análise formal do projeto Atendimento Observações A. Análise formal do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Foram apresentadas todas as pranchas necessárias, paginação

tios pisos, cortes e detalhes construtivos?

2. Foram apresentatlos memoriais, especificações e quantificação

de todos os materiais e equipamentos necessários?

3. São adequadas as escalas dos desenhos? Todas as cotas,

níveis c caimentos foram representados?

4. Encontram-se convenientemente representadas as

interferências com impermeabilizações, instalações e outros?

5. A referência tle nível e as cotas corres|X)ndem àquelas tios

demais projetos?

6. Correta a numeração, carimbos e assinaturas nas pranchas?

A. Análise técnica do projeto Atendimento Observações A. Análise técnica do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Rugosidade tios pisos atende necessidades?

2. Tamanho das placas c ideal / atende coord. dimensional?

3. Cerâmica está corretamente especificada (desgaste PEI,

resistência a agentes químicos, impacto, coei. de atrito etc)?

4. São diferentes as cores / tonalidades tle pisos contíguos?

5. Todas as cotas e caimentos estão corretos?

6. Sentidos dos assentamentos estão corretos?

7. Pontos tle esgoto coincidem sempre com cantos tias placas?

8. Juntas tle dessolidarização foram corretamente projetadas?

9. Espaçamento entre juntas de movimentação está correto?

10. I arguta das juntas de assentamento fKlá rnrreta?

11. Camadas tle separação ou regularização estão corretas?

12. Foi prevista drenagem sob pisos d o pavimento térreo?

13. Rodapés foram convenientemente projetados?

14. Material tle assentamento foi corretamente especificado?

15. Material d e rejuntamento foi corretamente especificado?

16. Materiais tle acabamento de juntas estão corretos?

Data e local:

assinatura do responsável pelo recebimento visto do coordenador de projetos

Page 481: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Modelo - Controle da execução de piso cerâmico

CONSTRUTORA Ficha E 21 - Execução de piso cerâmico

SILVA Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

PAVIMENTO: LOCAL:

EQUIPE: Encarregado:

Controles Condição/

exigência

N° da inspeção / Atendimento

Controles Condição/

exigência 1 2 3 4 Controles

Condição/

exigência S N S N S N S N

Ess

enci

ais

1. tipo e quantidade da cerâmica cf. projeto

Ess

enci

ais

2. placas do mesmo lote de produção mesmo lote

Ess

enci

ais

3. esmalte nos bordos / tardoz das placas 2 mm/limpo

Ess

enci

ais

4. todas as instalações executadas projetos instai.

Ess

enci

ais

5. instalações de água testadas estanqueidade

Ess

enci

ais

6. impermeabilização testada estanqueidade

Ess

enci

ais 7. cotas atendem projeto desvio ± 5 mm

Ess

enci

ais

8. caimentos atendem projeto desvio ± 0,1%

Ess

enci

ais

9. paginações atendem projeto cf. projeto Ess

enci

ais

10. largura juntas de dessolidarização desvio ± 2 mm

Ess

enci

ais

11. disposição/largura juntas movimentação desvio ± 2 mm

Ess

enci

ais

12. largura juntas de assentamento desvio ± 1 mm

Ess

enci

ais

13. ressaltos entre placas adjacentes máx. 1 mm

Ess

enci

ais

14. traço da argamassa convencional cf. projeto

Ess

enci

ais

15. tempo em aberto argamassa colante > 20 min.

Impo

rtan

tes

a. teni|x> de cura da base min. 10 dias

Impo

rtan

tes

b. limpeza / umedecimento da base procedim. PI 2

Impo

rtan

tes

c. execução de fiadas-mestras procedim. P12

Impo

rtan

tes d. utilização de espaçadores procedim. PI 2

Impo

rtan

tes

e. linearidade das juntas desv. < 2mm

Impo

rtan

tes

f. regularidade dos cortes de peças sem dentes

Impo

rtan

tes

g. polvilhamento de cimento procedim. P12

Impo

rtan

tes

h. batimento das peças afluxo de nata

Impo

rtan

tes

i. limpeza das peças após assentamento procedim. P12

Impo

rtan

tes

j. compacidade e írisamento do rejunte procedim. PI 2

OBS. Classificar falhas como críticas (O. graves (G> ou

secundarias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo talha

crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng° residente.

Data OBS. Classificar falhas como críticas (O. graves (G> ou

secundarias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo talha

crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng° residente.

lns|>etor

OBS. Classificar falhas como críticas (O. graves (G> ou

secundarias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo talha

crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng° residente. Visto

Page 482: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Modelo - Recebimento do projeto de impermeabilização com manta asfáltica

CONSTRUTORA

SILVA

Ficha P 22 - Recebimento do projeto dc impermeabilização

Versão: Data: Aprovação:

OBRA: _

LOCAL:

DEPENDENCIA:

PROJETISTA:

N ü DO PROJETO:

Pranchas N°:

A. Análise formal do projeto Atendimento Observações A. Análise formal do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Foram apresentadas todas as pranchas necessárias,

cortes e detalhes construtivos?

2. Foram apresentados memoriais, especificações e quantificação

de todos os materiais e equipamentos necessários?

3. São adequadas as escalas dos desenhos? Todas as cotas,

níveis e caimentos foram representados?

4. A referência de nível e as cotas correspondem àquelas

dos demais projetos?

5. Correta a numeração, carimbos e assinaturas nas pranchas?

B. Análise técnica do projeto Atendimento Observações B. Análise técnica do projeto

SIM NÃO

Observações

1. Espessura da manta foi corretamente especificada?

2. Prevista manta anti-raiz ou outro tipo de manta especial?

3. Material dc imprimação foi corretamente especificado?

4. Largura/sentido da sobreposição das mantas estão corretos?

5. Camadas de regularização foram previstas corretamente?

6. Caimento mínimo em direção aos ralos está correto?

7. Arredondamento dos cantos foi corretamente previsto?

8. Embutimento das mantas em paredes e pilares está correto?

9. Resolvidas interferências com dutos nas bases de paredes?

10. Detalhes das soleiras estão corretos?

11. Detalhes de tubos emergentes estão corretos?

12. Detalhes nos encontros com ralos estão corretos?

13. Detalhes das jardineiras estão corretos?

14. Detalhes das janelas em vigas ou lajes estão corretos?

15. Detalhes nos encontros com marquises estão corretos?

16. Detalhes nas juntas de movimentação estão corretos?

17. Detalhes das |)ontes sobre fissuras de lajes estão corretos?

18. Foi prevista proteção para as mantas durante a execução?

19. Camada de proteção foi corretamente especificada?

20. Material de rejuntamento foi corretamente especificado?

Data e local:

assinatura do responsável pelo recebimento visto do coordenador de projetos

Page 483: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Modelo - Controle da execução de impermeabilização com mantas asfálticas

CONSTRUTORA Ficha E 21 - Execução de impermeabilização com mantas asfálticas

SILVA Versão: Data: Aprovação:

OBRA:

PAVIMENTO: LOCAL:

EQUIPE: Encarregado:

Controles Condição/

exigência

N° da ins|>eção / Atendimento

Controles Condição/

exigência 1 2 3 4 Controles

Condição/

exigência S N S N S N S N

Ess

enci

ais

1. tipo e quantidade dos materiais especif. cf. projeto

Ess

enci

ais

2. equipamentos corretos (incluindo EPIs) cf. projeto

Ess

enci

ais

3. presença de ralos, grelhas, dutos, caixas cf. projeto

Ess

enci

ais

4. presença de bases para fixação de hastes cf. projeto

Ess

enci

ais

5. cotas atendem projeto desvio ± 5 mm

Ess

enci

ais

6. base isenta de saliências perturantes sem pontas

Ess

enci

ais

7. corretos encaixes em paredes e pilares cf. projeto

Ess

enci

ais

8. correto arredondamento dos cantos cf. projeto

Ess

enci

ais 9. corretos os caimentos da base desvio ± 0,1%

Ess

enci

ais

10. base sem áreas cJ empoçamento de água < 3mm em 2m

Ess

enci

ais

11. consumo / temperatura da imprimação cf. projeto Ess

enci

ais

12. mantas anti-raiz em jardineiras cf. projeto

Ess

enci

ais

13. aquec./ pressão das mantas nas emendas cf. projeto

Ess

enci

ais

14. sobreposição das mantas nas emendas £ lOcm

Ess

enci

ais

15. inexistência de bolhas sob as mantas sem bolhas

Ess

enci

ais

16. dobras encontros com paredes e pilares cf. projeto

Ess

enci

ais

17. corretos encontros com ralos cf. projeto

Ess

enci

ais

18. corretos encontros cJ tulx>s emergentes cf. projeto

Ess

enci

ais

19. teste de estanqueidade da impermeab. sem infiltraç.

Impo

rtan

tes

a. preparação da base limpa e seca

Impo

rtan

tes

b. fissuras foram previamente tratadas cf. projeto

Impo

rtan

tes

c. corretos traço/espessura da regularização cf. projeto

Impo

rtan

tes

d. área de trabalho corretamente protegida proteção

Impo

rtan

tes

e. corretos traço / espessura da proteção 2,5 < e < 3cm Impo

rtan

tes

f. corretas juntas perimetrais/intermediárias cf. projeto

Impo

rtan

tes

g. material / compac. do rejunte da proteção cf. projeto

OlíS. Classificar falhas como críticas (O, graves <G> ou

secundárias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo falha

crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng residente.

Data OlíS. Classificar falhas como críticas (O, graves <G> ou

secundárias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo falha

crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng residente.

Inspetor

OlíS. Classificar falhas como críticas (O, graves <G> ou

secundárias (S), conforme Manual da Qualidade. Ocorrendo falha

crítica ou grave, comunicar imediatamente o eng residente. Visto

Page 484: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Fonte VERIFICAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

SERGUS OBRA: TÉCNICO DE SEGURANÇA:

Construtora DATA: /. /

ITEM DISCRIMINAÇÃO SIM NÃO 1 ALOJAMENTO

1.1 As paredes são em: Alvenaria madeira 1.2 Os pisos são: Cimentado madeira 1.3 A ventilação corresponde no mínimo a 1/10 da área do piso? 1.4 Existe iluminação natural adequada? 1.5 A iluminação artificial é de no mínimo 100VV/8m2 ? 1.6 O "pé direito" é de no mínimo 2,60 m para camas simples e 3m para beliches? 1.7 A área destinada a cada módulo cama / armário / circulação é £ 3,00 m- ? 1.8 Foram evitados alojamentos em subsolos ou |K>rões? 1.9 As instalações elétricas estão adequadamente protegidas? 1.10 As telhas de cobertura dos alojamentos são de: barro fibrocimento 2 REFEITÓRIO

2.1 As paredes são em: alvenaria madeira 2.2 Os pisos são: cimentado madeira 2.3 A ventilação corresponde no mínimo a 1/10 da área do piso? 2.4 Existe iluminação natural adequada? 2.5 A iluminação artificial é de no mínimo 150YV/6m- ? 2.6 A área do refeitório corresponde a 1,00 m- por pessoa / turno? 2.7 O "pé direito" é de no mínimo 2,80 m de altura ? 2.8 As instalações elétricas estão adequadamente protegidas? 2.9 Existe "barra lisa" impermeável até a altura de 1,50 m do piso? 2.10 Evitou-se comunicação direta com locais dc trabalho ou instalações sanitárias? 2.11 As telhas de cobertura do refeitório são de: Barro fibrocimento 3 VESTIÁRIOS

3.1 As paredes são em: alvenaria madeira 3.2 Os pisos são: cimentado madeira 3.3 A ventilação corresponde no mínimo a 1/10 da área do piso? 3.4 Existe iluminação natural adequada? 3.5 O "pé direito" é de no mínimo 2,50 m de altura? 3.6 A área do vestiário é > 1,50 nv* por pessoa? 3.7 Vestiários possuem bancos em número suficiente, largura mínima de 0,30 m ? 3.8 As instalações elétricas cslão adequadamente protegidas? 3.9 Os vestiários possuem armários individuais? 4 INSTALAÇÕES SANITARIAS

4.1 As paredes e pisos sáo construídos com alvenaria / materiais impermeáveis? 4.2 O "pé direito" é de no mínimo 2,50 m de altura? 4.3 Existe "barra lisa" impermeável até a altura de 1,50 m do piso? 4.4 Existe 1 (um) lavatório para cada grupo de 20 empregados ou fração? 4.5 Os lavatórios ti|x> calha apresentam comprimento £ 0,60 m ? 4.6 A altura mínima dos lavatórios é de 0,90 m ? 4.7 Existe mictório tipo calha com L > 60 cm p/ cada grupo de 20 empregados ou fração? 4.8 A altura máxima dos mictórios é dc 0,45 m ? 4.9 Existe 1 (um) chuveiro para cada gru|x> de 10 empregados ou fração? 4.10 Os chuveiros estão aterrados? 4.11 Existe 1 (um) Ix-bedouro para cada grupo de 50 empregados ou fração?

Page 485: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 486: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

FOSROC

V!4

A Fosroc International é uma das maiores fabricantes de produtos químicos para a construção no mundo, distribuindo seus produtos para mais de 120 países, através de suas 32 operações.

A Fosroc Reax está instalada há 20 anos no Brasil, sendo líder no fornecimento de produtos para o reparo e proteção de estruturas de concreto e uma das principais empresas no segmento de revestimentos para pisos industriais e anticorrosivos. A Fosroc Reax registra uma participação importante no mercado de produtos voltados para construções novas, tais como: grautes, adesivos, resinas para ancoragem e produtos para a impermeabilização. Já no mercado de aditivos para concreto, a empresa detém uma elevada reputação entre seus clientes no que tange ao suporte técnico e qualidade dos produtos fornecidos, também consolidando um expressivo crescimento na área de tintas para uso industrial e marítimo.

A Fosroc Reax fabrica uma linha diversificada de produtos para atender às mais diversas especificações em todas as etapas do processo construtivo. O constante investimento da Fosroc Reax em inovações tecnológicas permite o desenvolvimento de novos materiais, sempre voltados para as reais necessidades do mercado. Para cada situação, uma solução.

Nossa missão é fabricar e oferecer as melhores soluções técnicas e comerciais em produtos para construção, com uma busca incessante pela liderança do mercado, oferecendo benefícios claros e de reconhecida qualidade e que esteja ao alcance de todos os segmentos da construção.

No Brasil, a Fosroc Reax tem se destacado não só pela qualidade dos produtos que fabrica, mas também pelo apoio técnico oferecido em todas as fases da obra e pela sua efetiva contribuição junto ao meio técnico.

Fosroc Reax - SP R. Ten. Onofre Rodrigues de Aguiar, 800 CEP 08770-000 - Mogi das Cruzes - SP Tel. (11) 4791 -9900 - Fax (11) 4791 -9940 Home Page: www.fosrocreax/.com.br

Fosroc Reax - RJ Estrada São Lourenço, 751 CEP 25243-150 - Duque de Caxias - RJ Tel. (21) 676-1265 - Fax (21) 676-*804 E-mail: [email protected]

Page 487: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Rua João Lourenço, 432 - Vila Nova Conceição CEP 04508-030 São Paulo, SP

Fone: 11 3842-8499 Fax 11 3842-3689

A Kallas Engenharia e Empreendimentos Ltda. é uma empresa que

atua nas áreas da construção civil e incorporações imobiliárias.

Nasceu em 1983, tendo já, portanto, 17 anos de existência.

Como construtora, atua no setor de obras públicas, no de

obras oriundas da iniciativa privada, além de construir seus próprios

empreendimentos imobiliários.

Constrói, portanto, edifícios residenciais e comerciais, conjuntos

habitacionais, presídios, creches, escolas, passarelas, além de

outras tantas distintas das anteriormente mencionadas, sempre

dentro das técnicas e dos conceitos mais avançados. Ao longo da

sua vida, a Kallas já lançou a mercado mais de um milhão de metros

quadrados de área construída em incorporações próprias, num total

aproximado de 8.000 unidades. No momento está construindo 1.740

unidades, perfazendo aproximadamente 150.000 metros quadrados.

Atua tanto com recursos próprios como com recursos oriundos do SFH, destacando-se aí a Caixa Econômica

Federal, o Bradesco, o Banco Itaú, o Banco Real e o Banespa.

Neste ano recebeu a premiação do Jornal o Estado de São Paulo - "Top Imobiliário", como a 8° melhor construtora

de São Paulo, mostrando mais uma vez que a seriedade e competência geram excelentes resultados.

Page 488: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

A MANEIRA MAIS SIMPLES E INTELIGENTE DE ADQUIRIR SEU IMÓVEL

0800-121125 www.sistemafacil.com.br

vH 20 Parcelas • / N a d a de juros ^ N a d a de intermediárias S Nada de parcelas extras

na entrega das chaves V S e m avalista v^Sem comprovação de

renda

O Sistema Fácil é uma forma de aquisição imobiliária pioneira no sistema de autofinanciamento, criado pela Rodobens Engenharia, empresa do Grupo Verdi, que já comercializou mais de 4.000 unidades residenciais em diversas cidades do Brasil, como: São Paulo, Guarujá, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Porto Alegre e Curitiba.

rocJoben/ Engenharia

GRUPO VERDI

Parceiros

Stéfi Noa

cani 'ogueira

o LUCI0 E N G E N H A R I A

FERNANDEZ = M | B A =

C O N S V I U T O I A R O M E U CHAPCHAP

NOGUEIRA PORTO L I N I B M N J C O

Page 489: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

SERGUS CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA. NOSSA HISTÓRIA

SERGUS

A união da tecnologia túnel com os projetos executivos de arquitetura e instalações hi-dráulicas e elétricas, desenvolvidos especificamente para atender o trinômio - Produtivi-dade, Racionalização e Qualidade - deu origem ao "SISTEMA CONSTRUTIVO SERGUS". O sistema permite racionalização da construção, caracterizando-se pela rapidez na execução do edifício, em função dos ciclos diários de montagem e desmontagem das fôrmas metálicas. No CONDOMÍNIO RESIDENCIAL TORRES DE SABARÁ. iniciado em 1991, ulilizou-se pela primeira vez o "SISTEMA CONSTRUTIVO SERGUS", na execução de 156 apartamentos. Sempre pautada na filosofia do aprimoramento de seus colaboradores, a empresa inau-gurou em 1997 moderno Centro de Treinamento, localizado em Tatuí/SP. dotado de completa infra-estrutura para realização de treinamentos nas mais diversas áreas da construção civil, assegurando assim a especialização necessária à força de trabalho para melhor desempenhar suas funções e garantir a qualidade de seus produtos. Em junho de 2000, a Sergus tomou-se a primeira empresa construtora do Brasil a receber do INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT "REFE-RÊNCIA TÉCNICA" para seu Sistema Construtivo. Após ter sido submetido a rigoroso proces-so de avaliação, e atendido especificações e condições técnicas de produção, controle da qualidade e desempenho requeridos, o "SISTEMA CONSTRUTIVO SERGUS* foi considera-do adequado para o uso avaliado e recebeu do IPT a "REFERÊNCIA TÉCNICA" n° 11. Atuando nos mais variados campos da Engenharia, a SERGUS já entregou mais de 15.000 unidades habitacionais, totalizando aproximadamente 1.500.000 m2 de área construída. O objetivo alcançado redundou dos esforços da SERGUS e de todos aqueles que a têm apoiado e prestigiado, além dos que a incentivaram na busca contínua de inovações e avanços que contribuam para a melhoria da engenharia nacional e para o beneficio dos parceiros e clientes.

PRINCIPAIS REALIZAÇÕES

OBRAS EXECUTADAS COM SISTEMA CONSTRUTIVO SERGUS Condomirc Torrescto Sabarâ l ÁREA OONSRUÍDA 12.355 M'COT I56UN<J

Condomínio Torres do Sabará II ÁREA CONSOLIDA 12.328 M'CORR 156UND. Condomínio Torres dos Ourives ÁREA CONSOLIDA L2.L54M'COO- I56UNID Condomínio Portai da Natureza ARCA CONSOLIDA 20.943 M' OON- 260 UND Condomínio American Life ÁREA CONSOLIDA 21.744 M}CON- I56UN<L Condomínio Ducado da Toscana ÁREA CONSOLIDA 14 850M'CORR I04UND. Condomínio Top Village ÁREACONSRUÍDA21.231M-COFR 156 UND. Condomínio Costa Marina ( I a fase) ÁREA OONSOIIDA I6 644M'OCXR208UN»± Condomínio Costa do Atlântico III Á/CA CONSOLIDA 7.757 M' COM 104 UR»D.

Condomínio Cosia do Alántico IV ÁREA CONSOLIDA 7 674 M' COM IOÍ UR«J Condomínio Costa Marina (2a fase) ÁROA CONSOLIDA 15.406 M'COCR 208 UNID Condomínio Costa do Atlântico II ÁREA CONSOLIDA 7 903 M? COM 104 UND.

OBRAS EM EXECUÇÃOCOM SISTEMA CONSTRUTIVO SERGUS Condomínio Reserva Atlântica ÁREA CONSOLIDA 11.600 M'COM 168 UND. Condomínio Torres de Sáo Paulo AREACONSOIIDA I7.9I4M?CORR260UND Condomínio Ilhas Gregas ÁREA CONSOLIDA 7.765 M'CCM 16UN<I Condomínio Parque Botânico ÁREA OONSOIIDA 10.751 M'CORR 124 UND.

OUTRAS OBRAS

Hospital Ermelino Matarazzo ÁREA OONSOIIDA 22.000 M\ Pronto Socorro do Jabaqjara ÁREA OONSOIIDA 12 500 M'. Residencial Campo Limpo ÁREA CONSOLIDA 132.048 M'COEI 2.012 UN<J. Residencial Jardim Celeste ÁREA CONSOLIDA 82 619 NV-0C*R LXGUN*}

SERGUS CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA.. DESDE 1965 CONSTRUINDO SEGURANÇA E QUALIDADE

AL. JURUÁ. 477 - ALPHAVILLE - BARUERI - SÃO PAULO. CEP 06455-904. TEL: (11) 4191-5466, FAX: 4191-5596'4195-5065

Desde 1965, a SERGUS vem atuando na área de construção civil, tendo iniciado suas atividades junto a instituições públicas voltadas para os setores da saúde, educação, ener-gia e infra-estrutura urbana, executando obras como: hospitais, prontos-socorros, escolas, centros esportivos, subestações distribuidoras de energia elétrica e agências bancárias. A partir de 1984 passou a atuar em incorporações residenciais, construindo seus própri-os empreendimentos, com o apoio dos agentes integrantes do Sistema Financeiro de Habitação, tais como: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ITAÚ, BANESPA, NOSSA CAI-XA NOSSO BANCO. BRADESCO. SUDAMERIS, AMÉRICA DO SUL E BCN-SEULAR. Preocupada com o aumento de cus-tos gerado pela baixa produtividade da construção habitacional convencional, iniciou em 1989 pesquisas e estudos com vistas à implantação de um sis-tema construtivo que pudesse aliar alta capacidade de produção à racionali-zação do processo construtivo, reque-ridos para manter a competitividade no mercado. Tais estudos conduziram a empresa à tecnologia túnel, constituí-da de paredes e lajes de concreto ar-mado. moldadas no local, com o em-prego de fôrmas metálicas tipo túnel.

E-MAIL: [email protected] http://www.sergus.com.br

Page 490: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

SICAI.v' SICAL Industrial S.A.

Matriz/ fábrica Via Geraldo Dias. km 2,5 Barreiro de Cima - Belo Horizonte/MG Cep 30641-970 - Caixa Postal 4596 Fone: (31)3384-0199 Fax: (31)3384-0200 e-mail: [email protected] site: www.sical.ind.br

Filial São Paulo Av. Brigadeiro Faria Lima, 1912 -conjunto 9D São Paulo/SP Cep 01451-000 Fone: (11) 3813-3466 Fax: (11)3032-4405 e-mail: [email protected]

A SICAL Industrial S.A, empresa mineira, situada em Belo Horizonte-MG. iniciou sua produção de

blocos de concreto celular autoclavado em outubro de 1982, com tecnologia adquirida do grupo STEMA, da

Dinamarca. Hoje a SICAL é a maior empresa brasileira no segmento de concreto celular autoclavado - CCA.

Os produtos SICAL (blocos, canaletas. placas, painéis-laje, painéis-forro. painéis de vedação e vergas)

são normalizados - NBR 13438, 13439 e 13440 - e possuem o certificado de qualidade ISO 9002.

A capacidade instalada da fábrica permite produzir 300.000 m3/ano, o equivalente a 3.000.000 nvV

ano de alvenaria.

O concreto celular autoclavado é fabricado a partir de uma mistura de cimento, cal, areia e pó de

alumínio, que. submetida a uma pressão de 12 ATM e a uma temperatura de 180°C em autoclave, dá

origem a um produto de alta tecnologia, leve, resistente, isolante térmico/acústico e incombustível,

características essas que o fazem um produto funcional e econômico.

Inovando tecnologicamente a SICAL lançou no mercado painéis revestidos para fachadas,

economizando mão-de-obra, reduzindo o prazo de execução das obras e conseqüentemente o custo

final destas.

Devido a essa seriedade e constante busca de aperfeiçoamento a fábrica idealizada, inic almente,

para atuar dentro do estado de Minas Gerais, possui hoje representantes e obras em quase todos os

estados brasileiros, além de exportar para países do MERCOSUL.

Page 491: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

f Dragados Brasília - São Paulo - Rio de Janeiro - Belo Horizonte

Brasília S/A Trecho 03 Lote 1705/15 - Setor de Indústria Brasília - DF CEP: 71200-030 E-mail: [email protected] Internet: www.viadragados.com.br Telefone: (61) 233-6644 - Fax: (61) 233-0134

Filial São Paulo Rua dos Franceses, 471 - Bairro Bela Vista São Paulo - SP CEP: 01329-010 Telefone: (11) 284-8066 - Fax: (11) 237-5264

Histórico da Empresa Fundada em 1980, a Via Engenharia, hoje com 21 anos de vida, iniciou suas atividades no mercado de Brasília. Aproveitando o incremento de financiamentos para a habitação e saneamento, a Empresa construiu mais de 20 mil unidades em várias localidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Em 1998, a Via Engenharia, atenta às mudanças do mercado, promoveu uma reestruturação na sua organização, criando Unidades de Negócios, independentes e autônomas.

Em 1999, a Via Engenharia consolidou o novo modelo de gestão e de organização, uma concentração nos mercados relevantes: empreendimentos imobil iár ios, obras civ is e de infra-estrutura, e concessões de rodovias com o seu vetor de negócios voltado para o cliente e o mercado, consolidando-se como uma das mais importantes empresas de construção do Brasil, tendo a sua excelência empresarial reconhecida pelas mais conceituadas publicações do país, como as revistas Exame, Gazeta Mercantil, Conjuntura Econômica e o Empreiteiro, além de ter recebido da Fundação Instituto Miguel Calmon, da Bahia, o Prêmio Desempenho/1999, como a melhor empresa de Edificações do Brasil.

Em março de 2001, a Via Engenharia e a empresa espanhola Dragados Obras y Projectos finalizaram a joint venture e a estrutura societária em participações iguais formando a empresa VIA DRAGADOS S. A.,que planeja figurar entre as maiores empresas de construção pesada do país.

Missão Institucional A Via Dragados tem como missão a satisfação diferenciada, por intermédio da busca e da disponib lidade de soluções tecnológicas e suficientes para o atendimento das demandas atuais e potenciais dos seus clientes, no mercado de construção do Brasil, atendendo também aos acionistas, colaboradores e à sociecade.

O cumprimento dessa Missão requer, dentre outros propósitos, o atendimento diferenciado, ofertas de soluções para as necessidades identificadas e a contribuição para a geração dos produtos necessários à adequada condução dos negócios dos clientes contratantes, onde a competitividade - qualidade, produtividade e preço - é o fator determinante do sucesso.

Desenvolvimento Tecnológico Na gestão de tecnologias, a Via Dragados tem como objetivo prioritário atingir a excelência de seus colaboradores e prestadores de serviços na execução de suas atividades e tarefas, focando e prorizando suas ações e compromissos em tecnologias de gestão e de processo, constituindo equipes, com desempenho diferenciado e competitivo, fortemente comprometidas com o resultado global da Empresa.

Page 492: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção
Page 493: Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade Na Construção

Tecnologia, Gerenciamento e Qual idade na Construção Ercio Thomaz

Os materiais, as técnicas e os processos de construção de edifícios têm evoluído de forma acentuada nos últimos tempos, requerendo cada vez mais conheci-mentos multidisciplinares por parte dos engenheiros, arquitetos e construtores em geral. Novos processos têm sido adotados com base em práticas tradicio-nais da construção, repercutindo muitas vezes em insucessos técnicos e econô-micos. No presente livro procura-se aprofundar o estudo das inúmeras inter-relações entre os diferentes projetos e os diferentes elementos da construção, o que nem sempre é tratado com a devida ênfase nos manuais específicos de fundações, concreto armado, alvenarias e outros.

Também as práticas gerenciais evoluíram, culminando mais recentemente nos sistemas de certificação ISO 9000. Muitas empresas construtoras têm adotado a cert i f icação na esperança de verem reso lv idos todos seus prob lemas mercadológicos, técnicos e operacionais. Sem subestimar a importância do gerenciamento, o presente livro procura demonstrar que pouco ou nenhum be-nefício será alcançado se não ocorrerem efetivos investimentos nos homens que projetam e constroem, se não houver maior e efetiva agregação de tecnologia às nossas construções.

Aos estudantes de engenharia e arquitetura, que se deparam na maioria das vezes com planos pedagógicos calcados no ensino compartimentado das disci-plinas, o livro deve possibilitar uma visão mais integrada do edifício. Aos cole-gas engenheiros e arquitetos, o livro pode ajudar no equacionamento de alguns problemas do dia-a-dia da construção.

Apoio tecnológico

c r ^ _ . rodober

Dragados Engenharia|