Tecnologia Dos Materias - Prof. Aelfo Luna Marques
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MATERIAIS DE ENGENHARIA ELTRICA PROF. AELFO MARQUES LUNA VOL 1
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CAPITULO I
1.1 - INTRODUO E PERSPECTIVAS HISTRICAS
Os materiais cercam o homem de todos os lados e desempenham um papel
crucial na cultura e desenvolvimento da humanidade. Na habitao, no transporte, nas
vestes, nas comunicaes, no lazer e na alimentao, ou seja, em cada segmento do
quotidiano os materiais influenciam, em grau maior ou menor, a qualidade de vida do
homem na Terra.
Historicamente a ascenso das civilizaes no mundo est estreitamente
relacionada com as habilidades do homem de produzir e manusear os materiais de
acordo com as suas necessidades.
De fato as civilizaes mais antigas foram designadas pelo nvel de
conhecimento e desenvolvimento dos materiais por elas utilizados. Deste modo
prpria histria denominam diversas eras com o nome dos materiais de uso mais
predominante, tais com as Idades da Pedra, do Cobre, do Bronze e do Ferro.
Os antepassados do homem tinham acesso a um nmero muito limitado de
materiais cuja ocorrncia era de forma natural, tais como a pedra, madeira, as peles
dos animais, o barro. Com o tempo eles foram descobrindo empiricamente tcnicas
para produo de materiais que tinham propriedades superiores queles obtidos
naturalmente. Esses novos materiais incluem as cermicas e os metais. Outrossim,
descobriram que as propriedades de um material poderiam ser alteradas por
tratamento trmico ou pela adio de outras substncias. Assim surgiu o bronze que
uma combinao do cobre e do estanho, que resultou num material mais verstil para
fundio.
A utilizao dos materiais era feita por meio de um processo seletivo, baseado
num elenco muito limitado de materiais, cujo desempenho era conhecido
empiricamente para determinadas aplicaes, em virtude de suas caractersticas.
Ao longo da Histria este processo seletivo foi dramtico, pontilhado ora de
sucessos, ora de fracassos, as custas dos quais os antigos foram aprendendo.
Por outro lado os magnficos palcios, pirmides, catedrais, pontes, muralhas e
outros numerosos artefatos construdos pelo homem e deixados para a posteridade
so, sem sombra de dvidas, o testemunho eloqente da sua extraordinria capacidade
criativa.
Em tempos mais recentes, os cientistas vieram a compreender, por meio da
Cincia dos Materiais, as relaes existentes entre os elementos da estrutura dos
materiais e suas propriedades.
Este conhecimento adquirido pela Cincia dos Materiais permitiu um
desenvolvimento, em alto grau, das propriedades dos materiais, fazendo surgir
dezenas de milhares de diferentes tipos com caractersticas especiais e que foram ao
encontro das necessidades da moderna e complexa sociedade atual. O
desenvolvimento de muitas tecnologias tornou possvel fazer a existncia do homem
bastante confortvel e isso est intimamente associado com o uso e a acessibilidade
aos materiais adequados.
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MATERIAIS DE ENGENHARIA ELTRICA PROF. AELFO MARQUES LUNA VOL 1
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Figura 1.1 -Concepo artstica da torre de Babel, imaginada pelo pintor P. Breiguel. Os tijolos utilizados na sua construo eram cozidos. No livro Gnesis, captulo11, versculo 3 est escrito: E disseram uns aos outros: Vamos! Faamos tijolos e cozamo-los ao fogo. E serviu-se dos tijolos como de pedra e o betume lhes serviu de cimento. Desconheciam os construtores daquela poca das limitaes do tijolo quanto aos esforos de compresso. Da o insucesso, com o desmoronamento da torre.
1.2 - CINCIA DOS MATERIAIS E ENGENHARIA
A Cincia dos Materiais est envolvida com a investigao cientifica das
relaes que existem entre a estrutura dos materiais e suas propriedades.
A Engenharia dos Materiais consiste, com base nas correlaes estrutura e
propriedade, no projeto ou engenharia da estrutura de um material para produzir um
conjunto predeterminado de propriedades. Ao longo deste livro sero sempre
destacadas as relaes existentes entre as propriedades e os elementos estruturais.
H convenincia de melhor precisar o significado do termo estrutura o qual ser utilizado neste livro, visto que pode, algumas vezes, apresentar-se como um
termo nebuloso, merecendo, portanto, alguns esclarecimentos.
Entende-se usualmente como estrutura do material o arranjo de seus elementos constituintes.Internos. A estrutura subatmica envolve os eltrons dentro
do seu tomo e suas interaes com o ncleo. No nvel atmico o conceito de
estrutura encerra a organizao dos tomos ou das molculas, uns em relao aos
outros. No estado seguinte, de maior dimenso, o conceito de estrutura contm uma
grande aglomerao de tomos e que recebe a denominao de microscpica,
significando que somente so observveis usando algum tipo de microscpio.
Finalmente ela denominada de macroscpica quando a estrutura dos seus elementos
pode ser observada com os olhos nus.
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Estrutura subatmica Envolve os eltrons dentro do seu tomo
e suas interaes com o ncleo
Estrutura atmica ou
molecular
Envolve a organizao dos tomos ou
das molculas, uns em relao aos
outros.
Estrutura microscpica um universo estrutural de maior
dimenso e envolve grandes grupos de
tomos, normalmente conglomerados.
Somente so observadas com algum tipo
de microscpio, da o nome de
microscpica.
Estrutura
macroscpica
Os elementos estruturais podem ser
observados com olhos nus
1.3 - CONCEITO DE PROPRIEDADE
Quando em uso, todos os materiais so expostos a estmulos externos que
determinam algum tipo de resposta do material. Por exemplo, um material submetido
a tenses (trao ou compresso) apresentar como resposta uma deformao. A
propriedade uma caracterstica do material em termos da natureza e da grandeza
da resposta a um estmulo externo imposto.
As propriedades mais importantes dos materiais podem ser agrupadas em seis
categorias:
MECNICAS
TRMICAS
ELTRICAS
MAGNTICAS
TICAS
QUMICAS OU DETERIORATIVAS *
* indicam a reatividade qumica dos materiais
Em complemento ao conceito de estrutura e de propriedade h outros dois
importantes aspectos que envolvem a Cincia e a Engenharia dos Materiais:
processamento e desempenho dos materiais. Entende-se como processamento
seqncia de estados de um sistema que se transforma. Quando do seu uso pela
engenharia os materiais so submetidos a diversos processos, a partir do seu estado
bruto at seu estado final como produto acabado. Nesta sucesso de estados os
materiais podem ter suas propriedades alteradas.
Observa-se que existe uma correlao entre estes quatro componentes, assim
verifica-se que a estrutura do material depender do seu processamento, e por sua vez
seu desempenho ser uma funo de suas propriedades finais. A esta correlao que
linear, como mostrado a seguir, toda ateno deve ser dispensada a esses quatro
fatores em termos de projeto, produo e utilizao dos materiais.
Processamento Estrutura Propriedades Desempenho
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1.4 - CRITRIOS DE SELEO DOS MATERIAIS
H vrios critrios nos quais so baseadas as decises finais para seleo
adequada dos materiais. O primeiro de todos a caracterizao das condies de
servio, a partir das quais possvel delinear as propriedades requeridas pelo
material a ser utilizado. Somente em raras oportunidades as propriedades de um
material atendem de forma ideal as condies de servio, onde ento necessrio
buscar uma soluo de compromisso entre as propriedades. Exemplo clssico envolve
a resistncia mecnica e ductilidade dos materiais: normalmente, um material que tem
alta resistncia mecnica tem uma limitada ductilidade. Em tal condio uma razovel
compromisso entre duas ou mais propriedades pode tornar-se necessrio.
Um segundo critrio considera a degradao das propriedades que pode
ocorrer com o material quando em servio. Exemplo: reduo da resistncia mecnica
como decorrncia de temperaturas elevadas ou de corroso ambiental.
Finalmente, um aspecto que provavelmente supera em importncia aos outros
critrios citados a questo econmica. Quanto custar o produto final? O material
encontrado com facilidade na natureza? E tambm em quantidades adequadas para
atender a demanda comercial? Seu processamento complexo ou simples? Muitas
vezes um material pode ser encontrado com um elenco ideal de propriedades,
entretanto, o seu custo proibitivo. Mas uma vez inevitvel adotar uma soluo de
compromisso entre os diversos requisitos.
1.5 - CLASSIFICAO DOS MATERIAIS
Existe uma imensa variedade de materiais e sob o ponto de vista de suas
aplicaes na Engenharia podem ser classificadas de vrios modos.
Os materiais podem ser agrupados segundo o seu estado de agregao, assim
tem-se os materiais no estado gasoso, lquido e slido. A Cincia pesquisa atualmente
outros estados de agregao dos materiais tais como o plasma e a matria condensada
Os materiais podem ser de origem natural ou sinttica e tambm podem ser
de natureza inorgnica ou orgnica.
Os materiais inorgnicos compem a maior parte da crosta terrestre. So
encontrados nas rochas e constitudos de metais e seus derivados, xidos, hidrxidos,
sulfetos, silicatos, cloretos, etc. Isto , pertencem ao denominado reino Mineral.
Incluem ainda compostos de todos elementos, com exceo do carbono em
substncias orgnicas.
Os materiais orgnicos compreendem a grande parte dos produtos renovveis,
pertencentes aos reinos Animal e Vegetal. Todos contm carbono e hidrognio,
podendo apresentar tambm em sua composio tomos de oxignio, nitrognio,
enxofre ou fsforo. Um exemplo desses materiais e dos mais antigos a madeira.
Aos materiais naturais o homem acrescentou uma grande diversidade de outros
produtos, destacando-se entre eles os polmeros sintticos, cuja caracterstica principal
apresentarem pesos moleculares elevados. Os polmeros so produtos orgnicos,
para os quais a matria prima principal o petrleo.
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1.6 - ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DAS
P ROPRIEDADES
O conhecimento cientfico de uma propriedade, ou seja, o conhecimento
cientfico da reao que o material apresenta quando solicitado por um estmulo
externo, pode ser de natureza qualitativa ou quantitativa. O primeiro resulta de
representaes esquemticas que ajudam o observador a determinar previamente
quais as variveis que podem ser controladas. Como exemplo considere-se a
informao qualitativa de que a resistividade dos metais condutores aumenta com a
temperatura. Ou seja, limita-se a uma descrio fenomenolgica da propriedade e dos
fatores nela intervenientes. Por outro lado o conhecimento cientfico quantificado,
como o prprio nome diz, mede os resultados produzidos pela reao do material ao
estmulo externo, este tambm devidamente mensurado. A propriedade assim
caracterizada por um nmero, que expresso mediante um sistema de unidades, bem definido e universalmente aceito, nmero este obtido por meio de procedimentos
ou processos de medio devidamente normalizados, os quais parametrizam a ao dos fatores externos variveis que podem influenciar a quantificao do
conhecimento.
Adotar procedimentos ou processos normalizados significa dizer que as
medies da propriedade devem obedecer a um conjunto padronizado de operaes e
usar instrumentos de medio devidamente aferidos.
Esses procedimentos assim padronizados constituem a origem das normas. As
normas so acordos documentados que contm especificaes tcnicas ou outros
critrios precisos destinados a ser utilizados de forma sistemtica, tanto sob formas
de regras, diretrizes ou definio de caractersticas para assegurar que os materiais,
produtos, processos e servios so aptos para seu emprego adequado e confivel.
A idia de medir est intrinsecamente associada s atividades do engenheiro.
Pitgoras, famoso matemtico que viveu alguns sculos antes de Cristo, dizia que os
nmeros regem o mundo. Lord Kelvin d tambm uma mensagem muito importante sobre a
quantificao dos fenmenos observados pelo homem:
Quando podemos medir alguma cousa de que falamos e podemos express-la em nmeros, ns sabemos algo sobre ela; mas quando no podemos expressa-la em
nmeros, nosso conhecimento um conhecimento pobre e insuficiente. O conhecimento cientfico quantificado das propriedades dos materiais
possibilita seleciona-los de forma correta e adequada, ou seja, permite a escolha
criteriosa de materiais de BOA QUALIDADE. Nos dias atuais, de economia
globalizada e fortemente competitiva valoriza-se muito a qualidade dos materiais, entendendo-se como tal esse atributo ou condio dos materiais que os distingue de
outros e lhes determina uma caracterstica peculiar mais valiosa.
Por este conceito acima expresso a qualidade parece ser, a primeira vista, uma
idia vaga, se o processo de sua avaliao permanecer no campo puramente
qualitativo, ou seja, no se expressar quantitativamente por meios de nmeros, como
recomendado por Lord Kelvin.
Pode-se afirmar que a METROLOGIA, constituda pelos sistemas de
unidades mtricas, reconhecidas universalmente, tais como o Sistema Internacional-
SI, o sistema CGS etc, em conjunto com a NORMALIZAO, constituda por sua
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vez pelo conjunto de normas, tcnicas internacionais e nacionais, formam um
continuum que desgua na caracterizao da QUALIDADE.
METROLOGIA NORMALIZAO
QUALIDADE
No pode haver qualidade sem normalizao e esta para sua aplicao,
depende de medies com instrumentos aferidos adequadamente e da expresso das
grandezas medidas, segundo um sistema metrolgico universalmente consagrado.
Tem-se, portanto, a METROLOGIA como base, a NORMALIZAO como
referncia e a QUALIDADE como fim. O nmero que mede, ou seja, o nmero
mtrico, o fundamento de todos os conhecimentos cientficos e tcnicos e veio
transformar a QUALIDADE uma idia relativamente vaga - em QUANTITADE uma idia precisa.
1.7 - RELEVNCIA DA METROLOGIA
preciso frisar que a metrologia no se preocupa to somente com o uso
adequado de sistemas de unidades padronizadas e reconhecidas, mas tambm com a
aferio e calibrao dos instrumentos de medio utilizados nos processos produtivos
e comerciais.
Para tal mister existe no Brasil uma autarquia federal, vinculada ao Ministrio
da Indstria, do Comrcio e do Turismo, denominada INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial que atua como rgo executivo
do Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial CONMETRO, colegiado este que o rgo normativo do Sistema Nacional de
Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial SINMETRO. Esta estrutura foi criada pelo Governo Federal pela Lei n. 5966 de 11/11/1973,
cabendo ao INMETRO substituir o ento Instituto Nacional de Pesos e Medidas INPM e ampliar seu raio de ao a servio da sociedade brasileira.
Historicamente, desde o Primeiro Imprio, o pas preocupou-se com a
uniformizao das medidas brasileiras, que eram na poca numerosas e confusas,
sendo, portanto, causadoras de transtornos comerciais e prejuzos financeiros. Mas
apenas em 1862, D. Pedro II promulgava a Lei Imperial n. 1157 e com ela
oficializava, em todo territrio nacional, o sistema mtrico decimal francs, tendo sido
o Brasil uma das primeiras naes a adotar o novo sistema decimal, que seria
paulatinamente utilizado em todo o mundo.
Em 1961, com a criao do Instituto Nacional de Pesos e Medidas - INPM, j
mencionado anteriormente, foi implantado no pas o Sistema Nacional de Unidades
em todo territrio nacional.
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1.8 - A NORMALIZAO NO BRASIL E OS ORGOS INTERNACIONAIS
No Brasil o conjunto de Normas Tcnicas para as engenharias coordenado e
elaborado pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT. A ABNT uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940 e
reconhecida tanto no mbito nacional como internacional, sendo a representante no
Brasil da IEC e da ISO.
Os trabalhos de elaborao das normas tcnicas so realizados por meio de
Comits. Nestes Comits so reunidos diversos profissionais de cada setor especfico,
de renomada experincia tcnica.
A ABNT j tem no seu acervo mais de 7500 Normas Tcnicas. A obedincia
rigorosa as Normas Tcnicas , sem sombra de dvidas, o aval mais valioso do
engenheiro para assegurar, tanto a qualidade dos materiais como dos produtos e obras
resultantes.
A natureza das normas da ABNT pode ser identificada por meio das siglas que
precedem a sua numerao:
CB Classificao NB Procedimento
EB Especificao PB Padronizao
MB Mtodo SB Simbologia
TB Terminologia
Convm anotar que nas normas ABNT, alm do nmero de registro da norma
no INMETRO (precedido pelas letras NBR), tambm consta o nmero com que a
norma foi registrada na ABNT.
Dentre os diversos Comits da ABNT, o de n.03, trata especificamente dos assuntos
relacionados com a rea da Engenharia Eltrica.
Observa-se que as Normas Tcnicas da rea eltrica so fortemente inspiradas nas
normas europias, especialmente nas normas da Internacional Electrical Comission
IEC.
A IEC foi fundada em 1906 e uma organizao mundial que elabora e
publica normas internacionais para tudo aquilo que tratado pela eletrotcnica,
eletrnica e tecnologias aparentadas. A IEC congrega mais de 50 pases,
compreendendo neste elenco todas as grandes naes comerciantes do mundo e um
nmero crescente de pases em vias de desenvolvimento, tendo inclusive o Brasil
como seu caudatrio. Deste modo comum a citao das normas da IEC, na hiptese
de ausncia de normas nacionais ou como referncia importante.
A sigla ISO tambm usada no mundo inteiro e significa Organizao
Internacional para Normalizao. uma organizao no governamental, criada
em 1947 e tem por misso fomentar o desenvolvimento da normalizao e atividades
conexas no mundo, tendo em vista a facilitao do comrcio de bens e servios entre
as naes, bem como desenvolver a cooperao nos domnios intelectual, cientfico,
tcnico e econmico.
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Outros pases possuem tambm rgos de normalizao que so influentes no
contexto internacional, tais como:
ANSI- American National Standards Institute.
ASTM- American Society for Testing Materials
NEC- National Electrical Code
DIN- Deutsches Institut fr Normung
AFNOR- Association Franaise de Normalisation
BSI- British Standards Institute
GOST - Rssia
VDE - Alemanha
IRAM - Instituto Argentino de Racionalizacion de Materiales
1.9 CICLO DOS MATERIAIS
Os materiais consumidos pela humanidade podem ser visualizados como
fluindo num vasto ciclo de materiais, ou seja, poucos so os materiais que podem ser
usados no seu estado natural ou bruto. Na sua grande maioria eles so elaborados, ou
seja, submetidos a diversos processos de transformaes fsicas e qumicas diversas
que o conduzem a sua forma final de uso. Assim as diversas etapas do processamento
so:
Estado bruto So extrados da terra por meio de
processos de minerao, perfurao,
explorao etc.
Exemplos: petrleo, metais. Extrao
das arvores nas florestas etc
Estado bruto intermedirio Os materiais so convertidos em
matrias BASE, ou seja,
beneficiados.
Os metais por processos metalrgicos
so transformados em lingotes; o
petrleo em produtos petroqumicos
(nafta); em madeira serrada; em
pedras compostas etc.
Materiais de engenharia Os lingotes de metal alumnio so
transformados em fios isolados com
produtos polimricos derivados do
petrleo; a madeira transformada
em madeira compensada; os produtos
petroqumicos so transformados em
componentes plsticos etc.
Utilizao como produto final ltimo estgio a sua utilizao nos
equipamentos, mquinas, dispositivos
etc.
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A capacidade de produo dos materiais estreitamente ligada aos recursos
naturais e as possibilidades de reciclagem dos resduos. Nos dias atuais a acumulao
de equipamentos e de bens de consumo acompanhada de um excesso localizado de
materiais usados (sucatas). Aps seu desempenho a servio do homem, os materiais
retornam como sucata ou sob a forma de resduos e percorrem o caminho de volta a
terra, ou se vivel penetram no denominado ciclo de reprocessamento. Exemplos significativos so exibidos pelo alumnio, ferro, cobre, vidro, papel etc. H, portanto,
um sistema global de transformao regenerativa. A recuperao para os polmeros
orgnicos mais difcil em face de sua estrutura qumica ser mais complexa
Neste ciclo existe uma forte interao entre a matria, a energia envolvida
nos processos e o meio ambiente.
Esses trs elementos no podem ser desassociados, particularmente nos dias
de hoje quando a qualidade do espao vital muito questionada pelos ambientalistas.
Muitos dos materiais que usamos so derivados de fontes no renovveis, isto ,
de recursos impossveis de serem regenerados. Nestes incluem-se os polmeros, para
os quais a matria prima bsica o petrleo. Estes recursos esto se tornando
gradualmente escassos, o que demandar as seguintes providencias:
a) Descoberta de novas reservas adicionais; b) O desenvolvimento de novos materiais que possuam propriedades
comparveis, porm apresente impacto ambiental menos adverso;
c) Maiores esforos de reciclagem e/ou o desenvolvimento de novas tecnologias de reciclagem.
Como decorrncia desse quadro est se tornando cada vez mais importante
considerar o ciclo de vida dos materiais desde o bero at o seu tmulo, em
relao ao seu processo global de fabricao.
Na Fig. 1.3 apresentado um diagrama descrevendo o ciclo dos materiais, com as
suas mltiplas fases de transformaes sucessivas, que vo da explorao dos recursos
naturais at a formao dos resduos. Uma gesto tima deste ciclo muito difcil de
se realizar na prtica.
1.10 RECURSOS E RESERVAS DE MATERIAIS
Os recursos de um elemento qumico so constitudos pela quantidade deste
elemento disponvel na crosta terrestre, nos oceanos e na atmosfera e que podem ser
extrados no futuro.
Para calcular os recursos de um elemento deve-se ter em conta a sua
concentrao media na crosta terrestre at uma profundidade relativamente baixa, ou
seja, 1 km de profundidade. Esta poro limitada da crosta terrestre corresponde a
MATRIA ENERGIA MEIO
AMBIENTE
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uma massa de cerca de 1018
ton. A concentrao media dos elementos qumicos na
crosta terrestre geralmente muito baixa para que os trabalhos de extrao e obteno
da maioria dos metais sejam rentveis. Somente as jazidas, ou seja, somente nas zonas
onde a concentrao de um mineral importante, valem a pena ser exploradas
comercialmente.
A parte dos recursos que atualmente susceptvel de ser explorada
economicamente denominada de reserva. As reservas so quantitativamente muito
menores que os recursos e o limite entre os dois determinado por um conjunto de
fatores econmicos e tecnolgicos relacionados com a sua explorao. Eles variam ao
longo do tempo e dependem igualmente das estratgias econmicas praticadas pelos
paises possuidores dessas riquezas e dos grandes grupos industriais.
DISTRIBUIO PORCENTUAL DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS NA
CROSTA TERRESTRE, NOS OCEANOS E ATMSFERA
Crosta Continental
(1km)
Massa de 1018
ton
Oceanos
Massa de 1017
ton
Atmosfera
Massa 1016
ton
Oxignio 47 % Oxignio 85% Nitrognio 79%
Silcio 27% Hidrognio 10% Oxignio 19%
Alumnio 8% Cloro 2% Argnio 2%
Ferro 5% Sdio 1%
Clcio 4%
Sdio 3%
Potssio 3%
Magnsio 2%
Titnio 0,4% Dados extrados do livro Introduction la Science des Matriaux de Wifrieda Kurz, Jean P. Mercier et Grald Zambelli Presses Polytechniques et Universitaires Romaines Suisse.
De acordo com a tabela acima, nove elementos qumicos compem 99,4% da
massa da crosta terrestre. Entre eles encontram-se dois metais muito importantes: o
ferro e o alumnio que so atualmente produzidos em larga escala. A concentrao
mdia dos outros metais da crosta terrestre e que no figuram na tabela inferior a
0,01%, ou seja, inferior a 100 g/ton. o caso do cobre que , entretanto, produzido
numa escala prxima a do alumnio.
A crosta terrestre composta, em cerca de 96% de seu volume, por xidos que
constituem recursos inesgotveis para a fabricao de produtos cermicos. Os
polmeros orgnicos so elaborados a partir do carbono e de hidrocarbonetos que
constituem igualmente de recursos muito extensos.
A extrao e a fabricao de produtos exigem uma enorme quantidade de
energia, decorrendo da que o preo dos materiais fortemente dependente do custo
da energia. Do ponto de vista energtico, os materiais orgnicos so particularmente
favorecidos, pois a energia necessria a sua sntese (contedo energtico intrnseco) e
ao seu processamento muito menor do que aquela necessria obteno e
fabricao dos metais e dos produtos cermicos. Certos metais, como por exemplo, o
alumnio, em particular, consumidor intensivo de energia eltrica. Para se obter um
kg de alumnio consome-se cerca de 13,4 kWh de energia eltrica. O crescimento da
demanda pelos metais vem sendo contido pela sua substituio por materiais
orgnicos em face de razes relacionadas com o custo da energia.
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CICLO DOS MATERIAIS
Fig. 1.3 Ciclo dos materiais
CONCEITOS CHAVES
Desempenho do material Normas IEC e ISO
Estrutura do material Propriedade do material
Metrologia Processamento do material
Normalizao Qualidade
Normas Tcnicas da ABNT Recursos e reservas
Fontes De
Recursos
ss
Resduos
Produtos
Montagem
Elementos
Fabricao
Materiais
Extrao
Matrias
Primas
Elaborao
Reciclagem
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UM EXEMPLO DA MULTIPLICIDADE DOS MATERIAIS NO CAMPO DA
ENGENHARIA ELTRICA
Os materiais so freqentemente caracterizados por suas funes ou suas
propriedades mais tpicas: materiais de alta resistncia mecnica, condutores eltricos,
ims permanentes etc. Para melhor conhecer as funes mltiplas que devem possuir
os materiais, observe-se a composio de uma linha eltrica de alta tenso(foto
acima).
O cabo que deve transmitir a corrente eltrica deve ser um bom condutor de
eletricidade. Como a tenso eltrica muita elevada, suspendem-se os cabos acima
do solo (da a expresso inglesa muito usada over head lines) e usa-se o ar como isolante, justificando assim a existncia das torres de sustentao da linha. Para
limitar o numero de torres, o cabo condutor deve ser leve e bastante resistente
ruptura. Sabe-se que os melhores condutores eltricos so os metais no estado puro: o
cobre e o alumnio preenchem este ultimo requisito, entretanto, no apresentam uma
resistncia mecnica satisfatria. Ento preciso usar um cabo condutor composto de
vrios materiais. A alma do cabo constituda de fios de ao muito resistentes as
solicitaes mecnicas elevadas, mas caracterizados por uma condutividade eltrica
fraca. A transmisso da energia eltrica feita predominantemente pelos fios de
alumnio dispostos em volta da alma de ao do cabo, pois este apresenta uma
condutividade bem maior que o ao.
As torres so fabricadas de ao para poder resistir a trao dos cabos
condutores, que nelas so suspensas e tencionadas. O ao deve ser protegido contra a
corroso por meio de uma pintura protetora de natureza polimrica, ou por um
revestimento metlico, como por exemplo, de zinco, a qual confere ao ao uma
melhor resistncia aos ataques da corroso. Tal processo de proteo denomina-se
zincagem a quente ou galvanizao. Elementos isolantes so necessrios para fixar os cabos condutores no alto das
torres metlicas. Esta importante funo cumprida por meio dos isoladores feitos em
porcelana, que um material cermico. Podem ser usados isoladores de vidro, como
alternativa aos de porcelana. O concreto, que outro material cermico, tambm
usado nas fundaes das torres. Acrescente-se ainda toda uma miscelnea de
ferragens galvanizadas para efetuar as conexes entre os cabos e os isoladores e
destes com as estruturas de sustentao.
Concluso: quase uma dezena de materiais necessria para a construo de
uma linha de transmisso de alta tenso. A combinao criteriosa de suas
propriedades permite estabelecer um sistema funcional adequado aos propsitos do
projeto. Trata-se evidentemente de um exemplo pouco complexo, entretanto, mostra
que toda realizao tcnica coloca geralmente em jogo um numero significativo de
materiais, cujas propriedades devem ser combinadas judiciosamente.
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CAPITULO II
ESTRUTURA ATMICA E LIGAES INTERATMICAS
Uma razo importante para se ter uma compreenso da estrutura e das ligaes
interatmicas se deve ao fato de que ela permite explicar as propriedades de um
material. Por exemplo, o carbono, que pode existir tanto na forma de grafite como na
forma de diamante. Enquanto, o grafite relativamente macio como graxa ao tato, o diamante o mais duro material conhecido. A matria com a qual feito o mundo
composta de partculas discretas, de dimenses submicroscpicas e onde as leis de
comportamento so descritas pelas teorias atmicas. Os estados de organizao da
matria so muito variados, desde a desordem completa dos tomos nos gases at a
ordem ditatorial, quase perfeita dos tomos num monocristal.
2.1 ESTRUTURA DA MATRIA BREVE HISTRICO
A curiosidade do homem sobre a constituio da matria muito antiga, e
remontam aos filsofos gregos que defendiam a tese de que a matria no contnua e
sim composta de pequenas partculas indivisveis chamadas tomos (palavra grega
que significa no divisvel).
Esta teoria devida ao filsofo Demcrito que viveu quatrocentos anos antes de
Cristo e prevaleceu por mais de 20 sculos, at as chamadas leis ponderais de John
Dalton (1805), que afirmavam:
a) A matria constituda de pequenas partculas chamadas de tomos; b) O tomo indivisvel e sua massa e seu tamanho caracterstico para cada
elemento qumico;
c) Os compostos so formados de tomos de diferentes elementos qumicos.
Em 1811 Amedeo Avogadro, completou a teoria atmica de Dalton, criando o
conceito de molcula e em 1883 Lord Kelvin fez a primeira estimativa do tamanho
dos tomos e molculas, cerca de 10-8
cm.
A essas teorias segui-se uma fascinante histria de modelos e descobertas sobre a
intimidade da matria a qual vale a pena fazer uma breve retrospectiva.
J.J. Thomson, em 1897, descobre experimentalmente que o tomo era composto de
partculas com carga eltrica positiva, chamada depois de prtons e de partculas
carregadas negativamente, as quais ele deu o nome de eltrons. Este mesmo J.J.
Thomson, induzido por Lord Kelvin, formulou, em 1904, um modelo que descrevia o
tomo como uma esfera de eletricidade positiva e no seu interior estava distribuda os
eltrons. Como a matria , via de regra, eletricamente neutra, considerou-se que a
carga eltrica dos prtons e dos eltrons devia ser a mesma a fim de se cancelarem.
Entretanto, em 1911 este modelo foi derrubado pelas experincias de Ernest
Rutherford com o espalhamento de partculas alfa (ncleos de hlio) quando
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bombardeava lminas finas de vrios materiais. Rutherford props assim um novo
modelo, no qual a carga eltrica positiva estava concentrada numa regio central do
tomo, muito pequena, chamada de ncleo, e os eltrons girariam em torno do ncleo,
atrados eletricamente. Um modelo bastante similar ao sistema planetrio. Veja a Fig.
2.1 (a).
Contudo este novo modelo de Rutherford apresentava uma seria dificuldade:
se os eltrons giravam em torno do ncleo, de acordo com a teoria clssica do
magnetismo, irradiavam energia sob forma de ondas eletromagnticas; assim sendo os
eltrons perderiam energia neste movimento de rotao e se precipitariam sobre o
ncleo do tomo. Veja a Fig. 2.1(b).
A resposta para este impasse foi concebida por Niels Bohr (1913) quando
afirmou que os eltrons de um tomo s podem mover-se em determinadas rbitas ao
redor do ncleo, sem absorverem, nem emitirem energia. Segundo Bohr o numero
dessas rbitas podia ser at 7 (para tomos maiores) e receberam o nome de nveis ou camadas eletrnicas .
Fig. 2.1 (a) Modelo do tomo de Rutherford. (b) O eltron precipitando-se sobre o ncleo do tomo. (adaptado do livro de ngelo Fernando Padilha Materiais de Engenharia - Microestrutura e Propriedades Edt. Hemus SP).
Foram designadas a partir do ncleo pelas letras K,L,M,N,O,P e Q. Niels
Bohr tambm afirmava, em um segundo postulado, que um eltron pode passar de um
nvel para outro, bastando para tanto o fornecimento de energia (por exemplo calor)
para que um ou mais eltrons absorvam esta energia passando para estgios
energticos mais elevados. Se o tomo adquire energia suficiente, o eltron pode at
separar-se do tomo, ficando este ionizado.
Em caso contrrio, se o eltron passa de uma rbita de maior energia para uma
de menor energia, como decorrncia deste movimento o eltron emitir radiao.
A energia radiante emitida ou absorvida surgir como um fton, de freqncia , de acordo com a equao:
Ei Ef = h (2.1) Ei = energia inicial
Ef = energia final
h = constante de Planck (6,6262 x 10-34
Js) e a freqncia da radiao.
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Se Ef > Ei, o tomo absorver um fton; se, ao contrrio, Ei >Ef ele emitir um
fton.
Entretanto, a teoria de Bohr no foi capaz de explicar diversos problemas
relevantes levantados pelos cientistas. Na verdade Bohr usava os conhecimentos da
mecnica clssica de Newton e estes eram insuficientes para esclarece-los.
Novas contribuies foram sendo propostas e a teoria de Bohr foi modificada
com base na mecnica quntica.
Entre as novas contribuies importantes tais como a proposio de
Sommerfeld, em 1916, afirmando que os eltrons de um mesmo nvel no esto
igualmente distanciados do ncleo, porque as rbitas alm de circulares podem ser
elpticas.
Esta abordagem sugere que todos os eltrons de uma mesma camada no so
iguais. Esses eltrons se subdividem em subcamadas energticas ou subnveis.. Esses
subnveis podem ser de 4 tipos: s, p, d e f. Estas designaes derivam do ingls: s de
sharp; p de principal; d de difuse e f de fine.
Fig. 2,2 Representao do tomo de alumnio segundo modelo de Bohr. (adaptado de Angelo Fernando Padilha Materiais de Engenharia Microestrutura e Propriedades- Edt. Hemus SP.
As camadas ou nveis eletrnicos K,L.M... etc, anteriormente citadas, podem
tambm ser identificadas em funo do seu numero de ordem (n), a partir do ncleo,
conforme indicado abaixo
K L M N O P Q
n=1 n=2 n=3 n=4 n=5 n=6 n=7
Cada capa limitada a um nmero mximo de eltrons dado por 2.n2
, onde n
tambm denominado de NMERO QUNTICO PRINCIPAL. De acordo com
esta restrio so preenchidas as diversas camadas, at que o tomo alcance o seu
nmero total de eltrons. A tabela abaixo mostra a seqncia de preenchimento de
conformidade com a equao 2n2.
Camada Num. Mx.. Eltrons
K 2
L 8
M 18
N 32
O 50
P 72
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Q 98
Por sua vez o numero mximo de eltrons em cada subnvel 2, 6, 10 e 14. A
representao mais usada a seguinte:
s2 , p
6 , d
10 e f
14
No sentido de melhor entender a redistribuio de energia nos subnveis das
camadas eletrnicas uma boa ajuda prestada pelo PRINCPIO DA EXCLUSO
DE PAULI, o qual postula que cada um destes subestados energticos no pode ser
ocupado por mais de que dois eltrons, e assim mesmo de spins opostos. O conceito de spin est relacionada com o movimento de rotao que o
eltron tem em torno de si mesmo, alm daquele movimento de translao ao redor do
ncleo.
Este spin gera um campo magntico quntico denominado de MAGNETO DE BOHR e cujo valor 9,29 x 10
-24 amp.m
2.
2.2 A DUALIDADE DO ELTRON
Mas a revoluo produzida pela mecnica quntica foi mais alm ao ser
estabelecido por Louis de Broglie, em 1924 a dualidade sobre a natureza do eltron.
De Broglie props que em determinadas circunstncias os eltrons poderiam
se comportar como ondas. Assim foi demonstrado experimentalmente que um feixe
de eltrons ao atingir a superfcie de um cristal apresentava uma difrao semelhante
a uma onda.
Ao interpretar esta dualidade onda-partcula do eltron Werner Karl
Heisenberg formulou o princpio da incerteza, segundo o qual no possvel
determinar com preciso a posio e a quantidade de movimento de um eltron em
um tomo.
Assim, na mecnica clssica pode-se falar em raio do tomo, enquanto na
mecnica quntica diz-se valor mais provvel do raio, ou seja, esta varivel tratada
em termos de probabilidade.
No modelo quntico, o eltron pode ser visualizado como uma nvoa de eletricidade ao invs de uma simples partcula. Veja a Fig. 2.3.
2.3 CARACTERSTICAS IMPORTANTES DAS PARTCULAS
SUBATMICAS
Observou-se que todos os tomos, com exceo do tomo de hidrognio,
possuem uma massa maior do que teriam se fosse levado em conta apenas o nmero
de prtons de seus ncleos. Tal observao conduziu a descoberta de outra partcula
no ncleo, chamada de nutron, Sua descoberta creditada a James Chadwick, em
1932.
Resumindo-se: cada tomo constitudo de um ncleo muito pequeno
composto de prtons e nutrons, envolvido pelos eltrons.
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Os eltrons e prtons tm carga eltrica idntica, ou seja, de 1,6022 x10-19
coulomb, mas de sinais opostos. Os nutrons so eletricamente neutros. Prtons e
nutrons tm aproximadamente a mesma massa (1,6725 x 10-27
kg), a qual cerca de
1836 vezes maior que a massa do eltron (9,1095 x 10-31
kg)
O ncleo muito pequeno (10-13
cm), extraordinariamente denso e carregado
positivamente. Em um tomo eletricamente neutro o numero de prtons igual ao
nmero de eltrons.
O numero de prtons de um tomo identifica o elemento qumico e
chamado de numero atmico (representado pela letra Z). Por definio o numero de
massa de um tomo (representado pela letra A) a soma das massas de seus prtons e
nutrons. Na realidade a massa mdia dos tomos neutros de um elemento e resulta
na maioria dos casos de vrios istopos (tomos com o mesmo numero de prtons,
porm com um numero de nutrons diferentes; notar ainda que a palavra istopo
significa iso=igual e topo=lugar, ou seja, elementos istopos tm mesmo numero
atmico e esto no mesmo lugar na classificao peridica de Mendeleyev.) Os
istopos de um elemento tm as mesmas propriedades qumicas, mas tm massas
diferentes.
O raio do ncleo aproximadamente de 10-4
a 10-5
do raio do tomo. Isso leva
a crer que a matria praticamente um grande vazio. O cho sob os ps de uma
pessoa consiste em tomos que, em mais de 99,9 %, so espaos vazios. Em
proporo ao tamanho de seu ncleo o sistema atmico to vazio quanto o vazio
csmico.
Outra constante muito importante o numero de Avogadro (6,0220 x 1023
)
que representa a quantidade de tomos que h em um tomo-grama de um elemento.
Representa tambm o numero de molculas que h em uma molcula-grama.
Fig. 2.3 Comparao entre o modelo clssico de Bohr (a) e o modelo quntico (b) em termos de probabilidade. (adapatado de Z.D. Jastrzebsky The nature and Properties of Engineering Materials- Edt. John Wiley & Sons- NY US
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2.4 A TABELA PERIDICA DE MENDELEYEV
A tabela peridica dos elementos foi criada por Dimitri Ivanovich
Mendeleyev, em 1869. Naquela poca eram conhecidos apenas 63 elementos, hoje
so conhecidos 107, sendo 92 naturais. O princpio bsico que norteou Mendeleyev
foi de que as propriedades dos elementos so funes peridicas de seus nmeros
atmicos.
A grande contribuio da tabela peridica dos elementos para a qumica foi a
sua capacidade em prever a existncia de elementos desconhecidos, para os quais
Mendeleyev deixou posies vagas na sua tabela.
Com o auxlio da tabela peridica, o estudo da qumica tornou-se muito
sistemtico. A organizao da tabela est relacionada com a configurao eletrnica
dos tomos. A seqncia dos elementos disposta na ordem crescente de seus
nmeros atmicos, em linhas horizontais, denominadas perodos. Tomou-se o cuidado de deixar na mesma coluna, elementos de propriedades qumicas
semelhantes, ou seja, os elementos que esto na mesma coluna vertical formam
compostos semelhantes.
De forma mais descritiva a tabela peridica de Mendeleyev apresenta-se
composta de 7 perodos, duas sries ou famlias de terras raras e de dezoito colunas,
conforme a Fig. 2.4. Existem ainda duas sries ou famlias de terras raras,
denominadas de Lantandeos e de Actindeos. A primeira citada compreende 15 elementos (La ao Lu). Esses quinze
elementos deveriam ficar na terceira casa do sexto perodo, entretanto, por
comodidade foram discriminados numa linha fora da tabela.
A segunda srie, tambm com 15 elementos (Ac ao Lw) deveria ficar na
terceira casa do stimo perodo, mas costuma-se coloc-los numa linha parte.
Cada uma das dezoito colunas rene os elementos qumicos que mais se
assemelham entre si na formao de compostos.
Fig. 2.4 Tabela Perdica de Mendeleyev
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2.5 - AS LIGAES ATMICAS
Os tomos raramente podem ser encontrados isoladamente., com exceo dos
gases nobres.. Geralmente os tomos tendem a agrupar-se para formar agregados dos
quais resultam as estruturas dos materiais. O estado de agregao pode ser slido,
lquido ou gasoso, dependendo do tipo de direcionalidade e da intensidade das foras
de coeso atmica denominadas de ligaes interatmicas. As foras de ligao interatmica podem ser classificadas segundo sua intensidade em ligaes primrias ou fortes e ligaes secundrias ou fracas, sendo aquelas dez vezes mais intensas que estas. As energias de ligao primrias so da ordem de 100 kcal/mol, enquanto
as consideradas fracas envolvem energia de coeso da ordem de 10 kcal/mol.
As ligaes primrias podem ser de trs tipos:
2.5.1 LIGACES INICAS
A ligao inica, tambm conhecida como eletrovalente, resulta da atrao
entre ons positivos e negativos. Os eltrons de valncia cedidos pelo tomo ionizado
positivamente passam a orbitar na camada de valncia do tomo ionizado
negativamente, formando plos eletrostticos de atrao coulombiana. Um exemplo
tpico de ligao inica o da formao de cristais de cloreto de sdio, o conhecido
sal de cozinha. Assim o tomo do sdio que possui um nico eltron na sua camada
externa, cede este eltron ao tomo de cloro, o qual por sua vez j continha sete
eltrons em sua camada externa. Por meio desta transferncia, a partcula do sdio
fica com a camada externa completa e estvel (igual camada do nenio); a partcula
de cloro tambm fica com a camada externa completa (igual camada de argnio). As
partculas produzidas por transferncias de eltrons, tal como descrito, so conhecidas
como ons. Veja a Fig. 2.5.
As ligaes inicas so caractersticas nos cristais de sais inorgnicos em
geral (cloreto de sdio, cloreto de magnsio, fluoreto de ltio etc) e de certos
compostos cermicos, tais como xido de alumnio, xido de magnsio etc.
Vale observar que neste tipo de ligao h um comprometimento total de todos
eltrons constituintes da ltima camada dos tomos envolvidos na ligao.
2.5.2 LIGAES COVALENTES
Na ligao covalente, um ou mais eltrons so compartilhados, entre dois
tomos gerando uma fora de atrao entre os tomos que participam da ligao.
Nestas condies, seus eltrons de valncia passam a orbitar indiferentemente nas
camadas externas dos tomos envolvidos. Este tipo de ligao muito comum na
maioria das molculas orgnicas.
Ligao Inica
Ligao Covalente
Ligao Metlica
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Suponha-se, para ilustrar: dois tomos do gs flor combinam-se por meio de
compartilhamento de um par de eltrons, conforme fig.2.6 (d) para formao da
molcula do flor.
. Fig. 2.5 - A transferncia de eltrons na formao do NaCl produz camadas externas estveis. Os ons
negativos e positivos que se formam se atraem mutuamente atravs de foras coulombianas,
constituindo assim as ligaes inicas. ( Adaptado de Maurcio Prates de Campos Filho - "A estrutura
da matria" - Editora da Unicamp - 1991 - SP)
Desta maneira cada tomo fica com a sua camada externa composta por oito
eltrons, como se fosse o gs nenio. Os dois tomos mantm-se ligados por meio das
foras eltricas envolvidas pelo compartilhamento dos eltrons que pertencem aos
orbitais externos de ambos os tomos. Por esta razo, a ligao covalente uma
ligao qumica forte e estvel. Dois tomos de hidrognio combinam-se de forma
similar, assim como o oxignio e nitrognio (Fig. 2.6). A partcula formada pela
combinao de tomos chamada de molcula.Esta combinao pode conter mais de
dois tomos e pode tambm ser constituda de tomos de elementos distintos. Desta
forma a gua formada pela ligao covalente de dois tomos de hidrognio e um
tomo de oxignio
A ligao covalente apresenta freqentemente caractersticas de
direcionalidade preferencial. Em outras palavras, ela geralmente resulta em um
determinado ngulo de ligao, como indicado na Fig. 2.7 que representa a formao
da molcula de gua. Numa ligao covalente ideal, os pares de eltrons so
igualmente compartilhados. Na ligao covalente da gua, por exemplo, ocorre uma
transferncia parcial de carga fazendo com que o hidrognio fique levemente positivo
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e o oxignio levemente negativo. Este compartilhamento desigual resulta numa
ligao polar. Somente nos casos onde os dois lados da molcula so idnticos, como no H2 e no N2, a ligao totalmente apolar.
A ligao entre tomos distintos tem sempre algum grau de polaridade. Nas
ligaes covalentes observa-se tambm um comprometimento total dos eltrons das
ltimas camadas dos tomos envolvidos.
.
Fig. 2.6 Arranjo esquemtico dos eltrons da camada mais externa, nas ligaes covalentes para: (a) Oxignio; (b) Nitrognio; (c) Hidrognio; (d) flor; (e) Hidreto de flor. (adaptado de Lawrence H. Van Vlack Princpios de Cincia dos Materiais - Edt. Edgard Blcher-SP).
Fig. 2.7 Formao da molcula polar da gua por meio da ligao covalente (Adaptado de Maurcio Prates de Campos Filho A estrutura dos Materiais Editora da Unicamp- 1991 SP)
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2.5.3 LIGAES METLICAS
A ligao metlica resulta da interao de tomos iguais ou muito similares
que apresentam a tendncia de se ionizar positivamente. Nestas condies os tomos
perdem seus eltrons de valncia e formam ons positivos. Os eltrons assim
liberados, denominados de eltrons livres, formam uma espcie de gs ou nuvem
eletrnica ao redor dos ons, criando um aglomerante eletro-magntico que atrai os
ons positivos em todas direes do espao, mantendo-os ligados fortemente entre si.
Veja a Fig. 2.8.
Fig. 2.8 Representao simplificada da natureza da ligao metlica. A nuvem eletrnica funciona como um aglomerante, mantendo os ncleos positivos unidos.(Adaptado de R. Higgins Propriedades e Estruturas dos Materiais em Engenharia- Difel SP)
Este tipo de ligao peculiar dos metais, como o prprio nome indica. Os
metais tm um, dois ou no mximo trs eltrons de valncia. Estes eltrons
fracamente presos ao ncleo no esto ligados a um nico tomo, mais esto mais ou
menos livres para se movimentar por todo o metal, formando o gs eletrnico. A Fig.
2.9 ilustra a explicao enunciada.
Fig. 2.9 Formao da estrutura do cristal de sdio por meio de uma ligao metlica. (Adaptado de Maurcio Prates de campos Filho A Estrutura dos Materiais- Edit. da Unicamp- SP)
Os tomos de um metal, assim ligados esto distribudos de tal maneira, que
seus ons se posicionam segundo uma configurao cristalina regular. Este tipo de
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ligao interatmica peculiar dos metais, que constituem cerca de trs quartos dos
elementos existentes. Apenas uma oitava parte dos elementos so no metais (a outra oitava parte so os metalides).
So os eltrons livres, resultantes da ligao metlica, que concedem aos
metais suas principais caractersticas: alta condutividade eltrica e trmica, opacidade,
brilho superficial e deformabilidade plstica.
2.5.4 LIGAES SECUNDRIAS OU FRACAS
As ligaes secundrias ou fracas esto associadas a ligaes primrias
covalentes, como por exemplo, nas estruturas moleculares e recebem a denominao
de foras de van der Waals. Em homenagem ao fsico holands que estudou este tipo
de interao entre as molculas.
A direcionalidade caracterstica das ligaes covalentes causa um
desbalanceamento de carga eltrica, fazendo com que as molculas atuem como
dipolos eltricos e se atraiam entre si , como no caso das molculas de gua, ilustrada
na Fig. 2.10(a).
Os polmeros em geral tm sua estrutura formada por longas molculas
covalentes unidas entre si por meio de ligaes dipolares fracas fornecidas por pontes
de hidrognio e outros radicais. A Fig. 2.10 (b). Ilustra a ligao entre duas cadeias
do polmero PVC.
Por fim deve ser destacado o fato de que em geral, mais de um tipo de ligao estar
atuando na formao da estrutura de um material, podendo haver, isto sim, a
predominncia de um determinado tipo.
Fig. 2.10 (a) Ligaes secundrias entre molculas de gua (Adaptado de Maurcio Prates Campos Filho A Estrutura dos Materiais- Edt. da Unicamp SP) - (b) Ligao secundria entre duas cadeias de PVC ( Adaptado de Angelo Fernando Padilha Materiais de Engenharia- Microestrutura e Propriedades-Edt. Hemus- SP)
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No caso dos metais, quanto menor o numero de eltrons de valncia do tomo
maior ser a predominncia das ligaes metlicas. o caso do Sdio, Potssio,
Cobre, Prata e Ouro, que apresentam elevada condutividade eltrica e trmica, devido
a alta mobilidade de eltrons livres na formao de suas estruturas cristalinas. No caso
dos metais com elevado numero de eltrons de valncia nos tomos, como o caso do
Nquel, Ferro, Titnio, Tungstnio e Vandio, j aparece uma parcela aprecivel de
ligaes covalentes atuando em conjunto com as ligaes metlicas. Isto tambm
explica a menor condutividade eltrica e trmica destes metais, assim como a sua
maior resistncia mecnica (ligaes reforadas) e seu maior ponto de fuso. A
predominncia das ligaes covalentes em relao s ligaes metlicas j aparece
nos materiais semicondutores como o Germnio, Silcio e Selnio.
De uma maneira generalizada pode-se afirmar que as ligaes metlicas so
tpicas nas estruturas dos elementos esquerda da tabela Peridica de Mendeleyev e
as ligaes covalentes dos elementos direita da mesma, havendo uma proporo
varivel dos dois tipos de ligaes nos elementos intermedirios.
Da mesma forma, as ligaes inicas so peculiares da formao da estrutura
de compostos resultantes da combinao de elementos opostamente situados nos
extremos da tabela Peridica. Se o material composto de elementos no situados nas
extremidades da tabela, haver uma proporo varivel de ligaes inicas e
covalentes na sua estrutura.
Por outro lado combinao de elementos situados direita da tabela pode resultar
em molculas por meio de ligaes covalentes (compostos orgnicos em geral).
Nestas condies as ligaes secundrias surgem para manter as molculas unidas
entre si na estrutura como um todo.
Outra observao importante: a ligao metlica no existe na formao de
compostos orgnicos e inorgnicos. Os compostos cermicos so formados por
ligaes inicas coadjuvadas por ligaes covalentes. Nos compostos cermicos as
ligaes covalentes reforam as ligaes inicas, concedendo a estes materiais alta
dureza e alto ponto de fuso.
No caso dos compostos orgnicos, em particular os polmeros que formam os
plsticos e borrachas, predominam totalmente as ligaes covalentes coadjuvadas
pelas ligaes secundrias (fracas). Observe-se que a ausncia de ligaes metlicas
na formao estrutural dos materiais cermicos e polimricos (ausncia de eltrons
livres) explica a baixa condutividade eltrica e trmica destes materiais, utilizados
muitas vezes como isolantes trmicos e eltricos.
Leitura para reflexo
EM BUSCA DOS TIJOLOS FUNDAMENTAIS DA
MATRIA
Desde Demcrito sabe-se que tudo no mundo feito de tomos. Embora o tomo dos gregos
seja diferente do tomo moderno, a idia de que a matria e feita de entidades fundamentais
indivisveis sobreviveu at hoje como uma das heranas culturais da Grcia Antiga.
O tomo moderno no indivisvel como o dos gregos antigos. Os tomos tm um ncleo
composto pro prtons e nutrons, por sua vez orbitado por eltrons. O mais simples dos tomos o do
hidrognio, cujo ncleo tem apenas um prton e um eltron, enquanto o de urnio tem 92 prtons e 92 eltrons e pode ter at 146 nutrons ! Os fsicos estudaram esse assunto nas dcadas de 30 a 50 e
empregaram processos envolvendo as partculas em nveis de energia cada vez maiores. A idia do
processo fazer colidir objetos coma energias altssimas em fantsticas mquinas denominadas de
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aceleradores de partculas e ver o que acontece. Por exemplo, a coliso de um prton e um ncleo de um tomo de ouro observada por meio de detectores de partculas, que so mquinas capazes de
fotografar o que acontece durante e aps a coliso. Os resultados surpreenderam os cientistas. Esses
experimentos revelaram a existncia de centenas de outras partculas elementares, resultados da transformao entre energia e massa, prevista pela teoria da relatividade especial de Einstein. A energia
de movimento das partculas transformada em matria, em novas partculas, durante a coliso. A descoberta dessas centenas de partculas conduziu os fsicos a questionar o prprio conceito
de partcula elementar, dado originalmente ao eltron, prton e nutron. Afinal, os fsicos se depararam com uma embaraosa situao; a matria feita de centenas de tijolos fundamentais. Nos
anos 60 o fsico americano Murray Gell-Mann sugeriu de que essas partculas eram compostas por
outras menores que ele chamou de quarks, expresso tirada de um romance do famoso escritor ingls Charles Dickens. A idia proposta por Murray Gell-Mann simples. Do mesmo modo que os
vrios tomos podem ser explicadas por combinaes de prtons, neutros e eltrons, essas vrias
partculas podem ser explicadas por combinaes de apenas alguns quarks. Com isso, os fsicos
chegaram a uma nova classificao das partculas fundamentais da matria: as que so compostas por
quarks e as que no so compostas por eles. As partculas que no so compostas por quarks so
chamadas de lpton, do grego leve. O eltron, por exemplo, um lpton. Os lpton so partculas que
viajam sozinhas. Por sua vez todas as partculas compostas por quarks interagem atravs da fora nuclear forte, responsvel pela coeso do ncleo atmico. Como o ncleo feito de prtons e nutrons,
os prtons sofrem uma repulso eltrica e algo mais forte que essa repulso tem de estar agindo para
manter a coeso do ncleo. Essa cola nuclear a fora nuclear forte e deriva dos quarks que constituem o ncleo atmico. Portanto, prtons e nutrons so feitos por quarks, trs para ser preciso.
Outra caracterstica dos quarks que eles so partculas que esto presas no interior de partculas
maiores e nunca so encontradas isoladamente.
Sabe-se que existem seis quarks, todos observveis em aceleradores de partculas. O mais
pesado o top quark, foi observado em 1996 no Fermilab, notvel laboratrio de pesquisas fsicas existente perto de Chicago EUA. A esses seis quarks so acrescentados seis lptons e com isso chegamos aos 12 tijolos fundamentais da matria, em sua verso atual. Fica no ar a seguinte indagao:
o que acontecer quando os aceleradores de partculas desenvolverem maiores nveis de energia em seus experimentos ?
RESUMO: OS DOZE TIJOLOS FUNDAMENTAIS DA MATRIA
LPTONS QUARKS
Partculas que viajam sozinhas Partculas que esto presas no interior de
outras partculas maiores e nunca so
encontradas isoladamente.
Toda matria
comum formada por este
grupo
ELTRON
Gira em torno do
ncleo atmico e
responsvel pela
eletricidade.
ELTRON-
NEUTRINO
Neutrinos so
partculas sem
carga; bilhes de
eltrons-neutrinos
atravessam o corpo humano a
cada segundo
UP
O prton contm
dois; o nutron
contm apenas um.
DOWN
O nutron contm
dois; o prton
contm apenas um.
A maioria dessas
partculas s existiu
depois do Big Bang
e hoje produzida
apenas em
aceleradores
A matria formada
dessas partculas
chamada de
MON
Parente mais pesado do eltron
TAU
Mais pesado ainda
MON-
NEUTRINO
Surgem em
algumas
desintegraes de
partculas
TAU-
NEUTRINO
CHARM
Parente mais pesado do up
TOP
Recentemente
descoberto
STRANGE
Parente mais prximo do down
BOTTOM
Mais pesado ainda
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matria extica. Ainda no descoberto, s
existe na teoria
OBSERVAES:
1) ANTIMATRIA: A cada uma das 12 partculas indicadas no quadro anterior, corresponde uma
antipartcula gmea (com a mesma massa e carga trocada). Oantigmeo do eltron o psitron, porque tem carga eltrica positiva.
2) Recomenda-se a leitura dos livros de Marcelo Gleiser: Retalhos Csmicos e A dana do Universo, ambos editados pela Edt. Companhia das Letras. Outro livro interessante e Gigantes da Fsica, de Richard Brennan, capitulo 8, que trata das teorias de Murray Gell-Mann, editado pela Jorge Zahar Editor
CONCEITOS CHAVES
tomo Eltron, prton e nutron
Camadas ou capas eletrnicas Numero quntico principal
Princpio de excluso de Pauli Spin
Magneto de Bohr Numero atmico
Numero de massa Numero de Avogadro
Tabela Peridica de Mendeleyev Ligao inica
Ligao covalente Ligao metlica
Ligao secundria ( van der Waals) Livre percurso mdio
QUESTES PARA ESTUDOS
2.1 Sob o ponto de vista cientifico e tecnolgico explique o que se entende por propriedade de um material e qual a importncia do seu conhecimento, tanto qualitativo, como quantitativo, no estudo da engenharia dos materiais.
2.2 De onde derivam as propriedades dos materiais?
2.3 Enumere a natureza das principais propriedades que interessam mais de perto a tecnologia dos materiais?
2.4 Quais so os critrios utilizados para uma seleo criteriosa dos materiais?
2.5 De quantos modos os tomos se ligam na constituio interna da matria?
2.8 Qual a caracterstica principal apresentada pela estrutura interna de um material gasoso?
2.9 No estado gasoso da matria o que se entende por livre percurso mdio de uma partcula?
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2.10 A prata cristaliza-se no sistema CFC e seu raio atmico 1,444 A . Qual o comprimento do lado de sua clula unitria?
2.11 Dadas s configuraes eletrnicas abaixo apresentadas, identifique os elementos qumicos que os caracterizam:
a) 1s22s
22p
63s
23p
5
b) 1s22s
22p
63s
23p
64s
1
c) 1s22s
22p
4
-
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CAPITULO III
Neste capitulo abordado os diversos estados da matria. Todos os elementos
e seus compostos podem existir sob a forma de gases, lquidos e slidos. O estado no
qual um elemento ou um composto existe, depende da combinao de temperatura e
presso a que o mesmo est submetido Em especial ser discutido neste captulo as
estruturas cristalinas e no cristalinas dos slidos.
3.1 O ESTADO GASOSO
Neste estado os tomos ou molculas do composto esto em movimento
contnuo e aleatrio e colidem entre si e com as paredes do recipiente que os contm.
As colises contra as paredes do recipiente do origem presso exercida pelo gs.
Considerando o volume do gs constante, devido expanso restringida, o resultado
que a presso ir aumentar com o aumento das colises com as paredes do recipiente.
Esse movimento randmico das partculas deve sua descoberta ao botnico
Robert Brown, em 1827 e so peculiares nos gases e nos lquidos, tendo isto levado
formulao da teoria cintica da matria.
Este estado da matria , portanto, caracterizado pela desordem total ou
caos.A velocidade mdia dos tomos ou molculas de um gs proporcional a
temperatura absoluta e pode ser encontrada pela frmula:
______
Vm = 3kT/m m/s (3.1) Onde:
Vm = velocidade mdia m/s
k = constante de Boltzman (1,38 x 10-23
J/K)
T = temperatura absoluta Kelvin
m = massa molecular do gs, gramas.
Exemplo: o hidrognio a 300 K, a velocidade mdia de suas partculas de
1600 m/s. Na sua catica e permanente agitao trmica os tomos ou molculas do
gs esto tambm continuamente colidindo umas com as outras.A distncia mdia que
uma molcula do gs poder percorrer antes de colidir com outra molcula chamada
de livre percurso mdio (). O caminho mdio livre depender da densidade do gs. Exemplo: um gs posto a 1 atmosfera de presso (que corresponde a 101.300
pascal unidade de presso do SI) e a uma temperatura de 273 K apresenta um livre percurso mdio de 10-5 cm.
3.2 O ESTADO LQUIDO
Se no estado gasoso a temperatura baixar a energia mdia dos tomos decresce
e pode-se atingir um nvel de energia mdia, no qual as foras de Van der Waals que
atuam entre os tomos so capazes de sobrepor-se ao movimento cintico dos tomos.
Ento, aqueles tomos que estiverem em nvel energtico menor que a energia
cintica mdia, atraem-se mutuamente, de tal maneira, que se juntam. Deste modo
eles se condensam, formando gotas de lquidos que caem sob a ao da gravidade.
Neste ponto, o restante da energia cintica transforma-se em calor (calor latente de
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vaporizao). Nos lquidos no existe arranjo ordenado dos tomos ou molculas;
estas partculas ainda esto livres para movimentar-se, isto , um lquido possui
mobilidade. Nos lquidos, os tomos ou molculas resvalam umas sobre as outras e
variam algo em suas localizaes mtuas Continuam estando juntas, mas no detm
uma disposio regular determinada; em lugar disso o agrupamento de molculas
varia continuamente em torno de uma posio dada.
A natureza da agitao trmica de uma molcula no lquido difere daquela no
gs, no obstante as molculas de um lquido se moverem em zig-zag, contudo, elas
demoram-se por um certo tempo em cada ponto de mudana de direo, onde vibram
com a uma freqncia de 1012
a 1013
c/s. So vibraes trmicas dadas pela expresso:
F = kT/ h onde: (3.2)
h= constante de Planck (6,6262 x 10-34
J.s)
k=constante de Boltzman (1,38 x 10-23
J/K)
T=temperatura absoluta Kelvin
A mais importante caracterstica dos lquidos a viscosidade e esta resulta do
atrito interno entre as partculas que oferecem ao escorregamento de umas sobre as
outras. A viscosidade pode ser concebida como o coeficiente de resistncia ao
escoamento. Os lquidos so mais viscosos que os gases, pois aqueles tm uma
densidade muito maior.
A viscosidade pode ser definida a partir da lei de Stockes, cuja expresso
formulada a seguir:
v = F / 6r (3.3)
v a velocidade desenvolvida por um corpo esfrico de raio r, impelido por uma
fora F num lquido cuja viscosidade dinmica . No SI a viscosidade dinmica expressa em Pa.s, e no sistema CGS medida em Poise. Denomina-se viscosidade
cinemtica dos lquidos o quociente da sua viscosidade dinmica pela sua densidade.
As unidades usadas para viscosidade cinemtica nos sistemas SI e CGS so
respectivamente m2/s e cm
2/s, esta ltima tambm chamada de stocke,
abreviadamente St. O inverso da viscosidade denominado de fluidez.Na Tabela 3.1 esto indicados os valores da viscosidade dinmica de alguns lquidos
A viscosidade dos lquidos pode ser medida por vrios processos empricos.
Um mtodo clssico baseado na medida do tempo despendido para uma certa
quantidade de lquido fluir atravs de um orifcio. Usando o viscosmetro de Engler
verifica-se quanto mais lento
Tabela 3.1
103 Pa.s 10
3 Pa.s
gua 1,01 lcool metilico 0,59
Mercrio 1,69 lcool etlico 1,19
Benzeno 0,65 ter 0,23
Glicerina 850
Temperatura considerada de 20oC
o lquido se escoa em relao a uma mesma quantidade de gua a 20oC. O resultado
expresso em grau Engler, o qual apresenta o inconveniente de no poder ser utilizado
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nos clculos de viscosidade, segundo as definies dadas anteriormente. Entretanto,
conduz a uma melhor avaliao fsica desta grandeza. Veja a ilustrao da Fig. 3.1.
Existem outros tipos de viscosmetros, tais como o de Sherwood (usado na Gr-
Bretanha) e o de Saybolt, empregado nos Estados Unidos. O viscosmetro de Engler
muito utilizado na.Europa
Continental.
Fig. 3.1 Viscosmetro de Engler (adaptado de A. Remy/ M. Gay e R. Gonthier Materiais -Edt. Hemus - SP).
O recipiente em lato A contm o lquido do qual se quer conhecer a viscosidade. O recipiente B contm
gua. Um corpo de aquecimento (resistncia) C permite levar a gua temperatura desejada, com ajuda do termmetro D. o termmetro e indica a temperatura de ensaio do lquido a medir.
Quando esta temperatura atingida eleva-se a haste F. o lquido escorre pelo bocal G na proveta I. Duas marcas H1 e H2 indicam um volume de 200 cm
3. Desde que o nvel atinja H1, aperta-se um cronmetro, e depois se desliga quando o lquido chega a H2. Os graus de Engler representam o quociente do tempo de escoamento de 200 cm3 do lquido considerado pelo tempo de escoamento de 200 cm3 de gua a 20oC, sendo as duas medidas feitas atravs de um mesmo orifcio de 2,8 mm de dimetro interno.
Tendo assim o tempo de escoamento T de 200 cm3 de lquido temperatura de toC, dividimos este tempo pelo tempo de escoamento Te de 200 cm
3 de gua destilada a 20oC. Este ltimo tempo dado por um nmero que caracterstico do viscosmetro; este valor prximo de 51,65 s. Assim temos; oEt = T / Te.
3.3 O ESTADO SLIDO
A uma temperatura mais baixa, o lquido comea a solidificar-se. Este um
processo onde os tomos ou as molculas passam de um estado desordenado para um
estado de arranjo no espao, ou seja, as partculas ocupam posies definidas no
espao, porm vibram em torno de uma posio de equilbrio. A natureza dos
deslocamentos das molculas ou tomos diversa daquela apresentada pelos lquidos
e gases
Os slidos so divididos em trs grupos, de acordo com o arranjo da sua
estrutura interna: cristais, amorfos e mistos.
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Os cristais so caracterizados por uma rigorosa e regular ordem de arranjo das
suas partculas constituintes no espao, formando as denominadas estruturas
cristalinas.
Os slidos amorfos so caracterizados pela falta de uma ordem regular das
posies relativas no espao das suas partculas constituintes. O prprio vocbulo
amorfo significa sem forma.
Costuma-se denominar os slidos amorfos de lquidos super resfriados.
Exemplos: o vidro, as resinas etc. O material amorfo difere do cristalino porque no
tem ponto de fuso definido. Por fim os slidos de estrutura mista so aqueles em que seus elementos
constituintes esto na fase cristalina e amorfa. Exemplo: os materiais cermicos.
3.3.1 AS ESTRUTURAS CRISTALINAS
A maioria dos materiais usados pela engenharia, em particular os metais
apresenta-se sob a forma de estrutura cristalina. Isto , segundo um arranjo atmico
no qual os tomos (ons) se agrupam ordenadamente no espao, obedecendo a um
padro repetitivo e sistemtico nas trs dimenses, dando lugar formao de um ou
mais cristais. O material de estrutura cristalina pode ser monocristalino (um nico
cristal) ou policristalino (constitudos de diversos cristais unidos entre si pelos seus
limites). A forma policristalina a mais freqentemente encontrada.
O trabalho mais importante descrevendo e classificando os reticulados
cristalinos deve-se ao fsico francs Auguste Bravais. Segundo este fsico existem sete
sistemas primrios de reticulados, a seguir enumerados: cubico, hexagonal,
tetragonal, ortorrmbico, rombodrico, monoclnico e triclnico. Observe a Fig. 3.2
Estes sistemas podem estar arranjados de 14 maneiras diferentes. Assim tem-
se o sistema cubico de corpo centrado (CCC) e o sistema cbico de face centrado
(CFC), ilustrados na Fig. 3.3.
Um dos parmetros que determinam o tipo de estrutura cristalina o nmero
de coordenao, definido como o nmero de tomos vizinhos a qualquer tomo da
estrutura. Os nmeros de coordenao das estruturas CFC e CCC da fig 3.3 so 12 e 8
respectivamente. Numa rede cristalina, a menor unidade geomtrica tridimensional
que se repete denominada de clula elementar da rede.
Grande parte dos slidos se apresenta sob forma cristalina, em especial a
maioria dos metais comuns se cristaliza no sistema cubico.
CFC (cubo de face centrada) Ag, Al, Au, Cu, Ni, Pt , Fe- etc.
CCC (cubo de corpo centrado) Cr, K, Li, W, Mo, Na, Fe- etc. No sistema hexagonal (H) temos os seguintes metais: Be, Cd, Mg, Zn etc.
Veja a Fig. 3.4:
Um exemplo muito lembrado do cristal de cloreto de sdio, cristalizado no
sistema cbico de face centrada (CFC), veja Fig. 3.5.
As substncias cristalinas exibem anisotropia de varias propriedades, tais
como: constantes elsticas, constantes ticas, condutividade eltrica e trmica,
dilatao trmica e at a reatividade qumica de suas superfcies depende da
orientao cristalina (anisotropia significa que o material tem propriedades variveis
com a direo).
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Fig. 3.2 Os 14 reticulados de Bravais. (Adaptado de Lawrence Van Vlack Princpios de Cincia dos Materiais Edt. Edgard Blcher SP).
3.3.2 ESTRUTURAS AMORFAS
Como foi salientado nem todos slidos so cristalinos. Assim alguns
apresentam um arranjo de seus tomos ou molculas com uma configurao
geomtrica irregular, decorrendo da o uso da expresso amorfo, ou seja, sem forma
definida. Situam-se nesta classificao os vidros e as resinas termofixas. Costuma-se
chamar os slidos amorfos como lquidos super esfriados e de fato, sob o ponto de
vista estrutural no existem diferenas significativas entre um slido amorfo e um
lquido. Por conveno, a viscosidade utilizada para distinguir um vidro de um
lquido; acima de 1015
poise, a substncia considerada amorfa.
Estes slidos amorfos no se fundem a uma temperatura definida, como no
caso dos materiais cristalinos. Ao contrrio, eles amolecem, gradualmente, tornando-
se mais fludos e com o aspecto de lquidos com elevada viscosidade. .As substncias
amorfas so habitualmente isotrpicas.
Fig. 3.3 Clulas unitrias, supondo-se serem os tomos esferas rgidas: a) cubica de faces centradas e b) cbicas de corpo centrado (Adaptado de ngelo Fernando Padilha Materiais de Engenharia Microestruturas propriedades da Edt). Hemus SP)
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Fig. 3.4 Fig. 3.5
Fig. 3.4 Estrutura hexagonal compacta. (a) Vista esquemtica, mostrando a localizao dos centros dos tomos. (b) Modelo de esferas rgidas. Fig. 3.5 Estrutura tridimensional do cloreto de sdio. O ction de sdio igualmente atrado por todos os seis nions de clore que o cercam. (Ambas figuras adaptadas de Lawrence Van Vlack Princpios de Cincia dos Materiais - Edt. Edgard Blcher SP).
3.3.3 ESTRUTURAS MISTAS
Classificam-se neste grupo as resinas termoplsticas e as cermicas. Nestes
materiais ocorrem regies cristalinas em uma matriz amorfa, ou seja, apresentam um
certo grau de cristalinidade.
3.4 CLASSIFICAO DOS MATERIAIS SLIDOS
Os diversos materiais slidos podem ser classificados segundo suas
composies, suas microestruturas ou por suas propriedades.
Normalmente so considerados trs grandes grupos de materiais:
Os metais e suas ligas
Os polmeros orgnicos
As cermicas.
Esta classificao pode ser mais bem entendida com a ajuda da Tabela Peridica
de Mendeleyev, na Fig. 2.4. parte da esquerda e centro da Tabela esto ocupados
pelos metais, ou seja, quase 2/3. A parte da direita preenchida pelos denominados
no-metais, como por exemplo, o oxignio.
No domnio intermedirio, entre os metais e no metais, encontram-se um certo
numero de elementos como o carbono, silcio e germnio, chamados de
semicondutores e que escapam a uma classificao mais simples.
Os metais, na temperatura ambiente so slidos atmicos (a exceo do mercrio
que se apresenta no estado lquido na temperatura ambiente). Os metais mais
utilizados so o ferro, alumnio e o cobre. As ligas metlicas so em geral
combinaes de dois, ou de vrios elementos como, por exemplo, o lato (liga de
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cobre e zinco) e o bronze (liga de cobre e estanho), entretanto, as ligas podem conter
elementos no metlicos. Entre estes ltimos encontra-se, por exemplo, os aos que
so ligas de ferro e carbono.
Os metais se caracterizam por sua alta condutividade eltrica e trmica. So
opacos luz visvel e podem receber polimento at que assumem grande brilho. Alm
do mais so freqentemente duros e rgidos e plasticamente deformveis. O que faz
com o que os metais apresentem tais caractersticas? Isso se deve ao fato de que os
metais perdem com facilidade os eltrons a fim de formar a ligao metlica. Ou seja,
os eltrons so deslocveis e podem facilmente transferir carga eltrica e energia
trmica.
Os polmeros orgnicos so materiais compostos de molculas que formam
geralmente longas cadeias de tomos de carbono sobre as quais esto fixados
elementos tais como o hidrognio e o cloro, ou de agrupamentos de tomos como o
radical metil (-CH3). Outros elementos podem, como o enxofre, nitrognio, silcio
etc., podem igualmente integrar a composio da cadeia. Diferentemente dos metais,
os quais dispem de eltrons migrantes (livres), os elementos no metlicos do canto
superior direito da Tabela Peridica tm uma afinidade para atrair ou compartilhar
eltrons, portanto apresentam ligaes predominantemente covalentes.
Os polmeros orgnicos apresentam propriedades bastante diversificadas
(vidros plsticos, borrachas etc.) So quase todos isolantes eltricos e trmicos,
so leves e fceis de serem moldados. Contrariamente aos metais eles so pouco
rgidos e no suportam, maior parte do tempo, a temperaturas superiores a
200oC.
Os polmeros mais conhecidos so o polietileno, policloreto de vinila (PVC),
poliamidas (nylon), o poliestireno, o metacrilato de metila (Plexiglass) de
politetrafluoretileno (teflon) entre outros numerosos polmeros.
As cermicas so materiais inorgnicos e que resultam da combinao de um certo
numero de elementos metlicos (Mg, Al, F...) com elementos no metlicos, onde o
mais correntemente encontrado o oxignio. Tais compostos apresentam tanto
ligaes inicas como covalentes. Originariamente o termo cermica ara reservado
aos xidos de silcio e alumnio (SiO2 e Al2O3), contudo, de mais a mais a tendncia
alargar esta classificao e incluir entre elas as combinaes de tomos como carbono
e tungstnio (WC) ou (SiC), obtidos por meio de processos de aglomerao trmica
(sinterizao).
Os materiais cermicos se distinguem por suas caractersticas de refratarias,
ou seja, eles so materiais que apresentam alta resistncia a temperaturas
elevadas e boas propriedades mecnicas. A maior parte deles so isolantes
eltricos e trmicos, muito embora, entre eles se encontrem os melhores condutores
trmicos (exemplos; o diamante, o grafite etc.) As cermicas so em geral muito
duras e frgeis. Os vidros minerais, que so combinaes de xidos (SiO2 + Na2O +
CaO) e tem uma estrutura amorfa, pertencem igualmente a classe dos materiais
cermicos.
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Os trs tipos de materiais podem ser combinados para formar uma nova classe
chamada de compsitos. So materiais constitudos de dois ou de vrios outros
materiais diferente, que se combinam de forma sinrgica as suas propriedades
especificas.A palavra sinergia deriva do grego, que significa cooperao. Sinergia , portanto, a associao simultnea de vrios fatores que contribuem para uma ao
coordenada. Um interessante exemplo de compsito a associao de resinas de
epoxy (polmeros) com fibras de vidro e que formam um compsito leve e de alta
resistncia mecnica, encontrada em algumas estruturas de automveis. O concreto
armado outro compsito muito usado e que resulta da combinao de cimento, ferro
e brita.
A diviso dos materiais nas trs classes aqui apresentadas baseada, sobretudo
em suas caractersticas atmicas, estruturais e sobre suas propriedades. Ela
evidentemente cmoda, mas arbitrria. As trs categorias no so nitidamente
delineadas. Assim so encontrados certos materiais, os silicones, por exemplo, cuja
natureza intermediria entre os materiais cermicos e polimricos; analogamente
materiais como o GaAs (arsenieto de glio) que um semicondutor pode ser
METAIS E LIGAS METALICAS Fe, Al, Cu, lato, aos, bronze.
CERAMICAS POLIMEROS
AL2O3, SiC ORGANICOS
Vidros
Concreto
Armado
Fios de ao +
borracha
(pneumticos)
Fibras de vidro + epoxy
Fibras de carbono + epoxy
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classificado quer seja como metal, quer seja como material cermico. Finalmente o
grafite que no se encaixa em nenhuma das trs categorias, j que apresenta
propriedades comuns com as trs. A condutividade eltrica no apangio dos metais,
desde que certos xidos como o xido de vandio (que um material cermico)
conduz eletricidade, bem como alguns polmeros orgnicos.
3.5 - ALGUMAS CONCLUSES
A engenharia lida basicamente com materiais e energia sob as suas mais
diversas formas. Cabe ao engenheiro adaptar materiais e energia visando a obteno
de utilidades para a sociedade. Para isso esfora-se em selecionar materiais com
propriedades timas e que atendam de forma mais adequada possvel aos seus
propsitos, tanto em termos tcnicos como econmicos.
Para efetuar este processo seletivo dos materiais, de forma criteriosa, ele
precisa ter um ntimo conhecimento das propriedades e caractersticas dos materiais
que ele se propem a usar.
As propriedades so as reaes que os materiais oferecem aos estmulos externos e
so fatores limitadores do seu prprio campo de aplicao.
Como j citado anteriormente, as propriedades dos materiais podem ser
agrupadas em seis categorias de acordo com a natureza do estmulo (ou agente
externo atuante sobre os materiais), conforme quadro abaixo apresentado:
As propriedades e o comportamento de um material originam-se na sua
estrutura interna, onde os eltrons, particularmente os mais afastados do ncleo, so
os que mais afetam a maioria dessas caractersticas. So esses eltrons da ultima
camada do tomo que determinam as propriedades qumicas, estabelecem a natureza
das ligaes interatmicas, controlam o tamanho do tomo, afetam a condutividade
eltrica e influenciam as caractersticas ticas dos materiais.
PROPRIEDADES
ESTMULOS
(AGENTES
EXTERNOS) Mecnicas Foras aplicadas
Trmicas Excitao trmica (calor)
Eltricas Campos eltricos
Magnticas Campos magnticos
ticas Radiaes eletromagnticas
(luz)
Qumicas Reatividade dos elementos
qumicos
Em decorrncia disso o engenheiro pode selecionar e tambm modificar as
estruturas internas dos materiais, visando o atendimento das exigncias do projeto
desejado, da mesma forma que o projetista de um circuito eltrico altera seus
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componentes eltricos. Entretanto, para fazer isso necessrio conhecer as relaes
entre as estruturas internas dos materiais e as suas propriedades.
Os materiais necessitam ser processados para atingir as especificaes que o
engenheiro requer para o produto projetado. O processamento usualmente envolve
mais do que uma simples mudana de forma seja por tratamentos trmicos, mecnicos
e qumicos. No raro, o processo de fabricao muda s propriedades de um material.
Modificaes das propriedades devem ser esperadas sempre que o processo de
fabricao alterar a estrutura interna do material.
Por fim, um material, na forma de produto acabado, possui um conjunto de
propriedades, escolhidas para atender as exigncias do projeto. Ele manter essas
propriedades indefinidamente, desde que no haja mudana na sua estrutura interna.
Esse aspecto caracteriza o desempenho esperado do material. Entretanto, se o material
for submetido a uma condio de servio capaz de alterar sua estrutura interna, deve-
se esperar que as propriedades e o seu desempenho mudem.
CONCEITOS CHAVES
Viscosidade Estrutura cristalina
Sistemas cristalinos Estrutura amorfa
Estrutura Estrutura mista
QUESTES PARA ESTUDO
3.1 possvel calcular a velocidade de deslocamento de uma partcula do gs?
3.2 Qual a caracterstica principal que um material no estado lquido apresenta?
3.3 Enuncie a lei de Stockes. E qual a unidade usada no SI para medir a viscosidade?
3.4 Explique o funcionamento do viscosmetro de Engler?
3.5 Baseado no funcionamento do viscosmetro de Engler indique (explicando) qual dos lquidos A ou B apresenta maior fluidez, sabendo-se que o lquido A tem uma
viscosidade de 2,5 graus Engler e o lquido B de 1,8 grau Engler.
3.6 O que se entende por viscosidade cinemtica e quais as unidades usadas para medi-la?
3.7 Em qual sistema cristalino a maioria dos metais se organiza espacialmente?
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3.8 A prata cristaliza-se no sistema CFC e seu raio atmico 1,44 A. Qual o comprimento do lado de sua clula unitria?
3.9 Quais os tipos de ligaes qumicas existentes nos materiais metlicos, cermicos e polimricos?
3.10 O que so compsitos? D alguns exemplos.