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Tecnologia Parceria visa ampliar mercado latino-americano atuando em prestação de serviços e manutenção Montagem e manutenção locais bene- ficiarão ou- tros compra- dores, como Peru, México e Venezuela Brasil vai montar helicópteros russos Viagem pela Transiberiana A ferrovia que per- mite ir da Europa ao extremo oriente da Rússia em 7 dias P.4 Tolerância zero à droga Para chefe da agência de con- trole de narcóticos russa, descrimina- lização é “solução ilusória” P.2 QUARTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2013 O melhor da gazetarussa.com.br Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES www.rbth.ru NOTAS No dia 8 de abril, durante visita oficial à Alemanha, o presidente Vladímir Pútin teve seu discurso interrompido por ativistas do movimento Femen. Com os seios à mostra e palavras de baixo calão em russo pinta- das nas costas, as mulheres foram retiradas da sala à força por seguranças. “Aquilo não me pareceu certo, podiam tê-las tratado de maneira mais suave”, disse Pútin. Lenta.ru Pútin defende Femen De acordo com estudo da companhia de pesquisas tecnológicas W3Techs, o russo é hoje o segundo idioma mais usado na in- ternet (em 5,9% dos sites), atrás apenas do inglês (54,7%). O russo ultrapassou o ale- mão (5,9%), que agora ocupa a terceira po- sição por uma questão de centésimos, se- guido pelo espanhol (4,7%). Além disso, o domínio “.ru” alcançou o primeiro lugar entre domínios de topo genérico de países e mantém a terceira posição no ranking geral, atrás do “.com” e “.net”. Kommersant Russo é segundo idioma mais frequente na rede Golubtsi, o charutinho de repolho russo POLÍTICA E SOCIEDADE RECEITA Políticos russos descobrem as redes sociais PÁGINA 2 PÁGINA 4 NESTA EDIÇÃO Moscou encabeça a lista das cidades mais congestionadas do mundo. Organizada pelo grupo holandês TomTom GPS, o estudo mos- trou que o tempo médio que os moscovitas perdem no trânsito aumentou 66% entre 2011 e 2012. O morador da capital gasta em média 127 horas por ano no trânsito. Se- gundo a pesquisa, o dia mais engarrafado de 2012 foi 29 de novembro, quando a cida- de ficou paralisada devido a fortes nevascas. RBC Congestionamento líder VASSÍLI KRILOV GAZETA RUSSA Dificuldade de manutenção de equipamentos russos devido à distância estimula Russian Helicopters a construir montadora no país. Durante a cúpula dos Brics na África do Sul no final de março, o vice-diretor da cor- poração estatal Rostekh, Dmítri Chugaev, declarou que a fabricante de helicóp- teros Russian Helicopters passará a montar alguns ve- ículos no Brasil. “A empre- sa Rostekh, em cooperação com o grupo industrial-mi- litar brasileiro Odebrecht, planeja realizar a montagem, manutenção e reparação de helicópteros russos e de ou- tros produtos militares e civis russos no Brasil”, de- clarou Chugaev. “Atualmen- te temos centros de manu- tenção e serviço em diversos países da União Europeia, Ásia e América do Sul”, completou. A Rússia já exporta para o Brasil os helicópteros mi- litares para transporte Mi-35 e de múltiplas funções com rotores coaxiais Ka-32A11VS. Serviço mais próximo “O Brasil é um dos maiores importadores de helicópte- ros russos, mas a grande dis- tância entre o Brasil e a Rús- sia dificulta a manutenção e o serviço técnico dos equi- pamentos. A construção de uma montadora no território brasileiro resolverá esses pro- blemas”, disse à Gazeta Russa o analista militar Dmítri Litóvkin. “O projeto é, sem dúvida, mutuamente vantajoso, por- que, além dos brasileiros, a Rússia está exportando equi- pamentos militares e civis também para a Venezuela, Peru e México”, afirma. O primeiro contrato para o fornecimento de helicóp- teros Ka-62 à empresa bra- sileira Atlas Táxi Aéreo foi assinado em dezembro de 2012, durante a visita oficial da presidente brasileira Dilma Rousseff a Moscou. “O contrato prevê forneci- mento de sete helicópteros Ka-62 ao parceiro brasilei- ro entre 2015 e 2016”, afir- ma Chugaev. Além da cooperação com o Brasil, a Russian Helicop- ters está intensificando a co- operação com a sul-africana Denel Aviation. No início de 2013, as empresas abriram um centro de manutenção conjunto na África do Sul. “Tudo isso é parte da nossa estratégia para facilitar a ma- nutenção dos nossos produtos no exterior”, diz o vice-dire- tor geral da Russian Helicop- ters, Andrêi Chibitov. A 5ª cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e Áfri- ca do Sul), realizada no final de março em Durban, na África do Sul, teve a agenda mais ambiciosa da história Impasse Países não chegam a consenso sobre instituição Cúpula do Brics resultou em diversos acordos, inclusive a criação de um Conselho Empresarial. Banco do grupo, porém, terá de aguardar. Banco dos Brics fica só na intenção Presidente russo Vladí- mir Pútin comparou países do Brics a ani- mais africa- nos: elefante, rinoceronte, búfalo, leão e leopardo ALINA SABÍTOVA ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA do grupo. No encontro, os chefes de Estado dos cinco países planejavam abordar uma série de questões, desde a tradicional reestruturação da economia global à toma- da de ações reais sobre o pro- jeto de criação do banco do Brics. No entanto, nem todos os temas resultaram em acordos. Após uma série de encon- tros, os cinco líderes do Brics adotaram o Plano de Ação, CONTINUA NA PÁGINA 3 que especifica as atividades para o próximo ano e cobre novas áreas de compromis- so entre os países, e assina- ram a “Declaração de eThekwini - Parceria para o Desenvolvimento, Integra- ção e Industrialização”, cujo nome homenageia a região de Durban que sediou o encontro. “Esses documentos apre- sentam a percepção da atual situação política e econômi- ca no mundo e registram as abordagens comuns das eco- nomias do Brics em relação às questões mais relevantes da cooperação multilateral”, disse o conselheiro do Kre- mlin para política exterior, Iúri Uchakov. Primeiros sucessos Para o presidente russo Vla- dímir Pútin, as comunidades empresariais dos países do Brics conseguiram criar con- dições para garantir a segu- rança, estabilidade e prospe- ridade no mundo. “O Brics consiste em cinco países, e cinco é um número especial para a África. Os grandes animais do continen- te, as cinco espécies mais res- peitadas entre os caçadores, são o elefante, o rinoceronte, o búfalo, o leão e o leopar- do”, disse Pútin durante a cú- pula, fazendo referência ao poder e influência dos Estados-membros. A declaração bate com a retórica sobre o Brics. O gru- Diante do alarmante declí- nio demográfico na Rússia, o governo está intensifican- do a luta contra uma famosa paixão nacional: as bebidas alcoólicas. Em janeiro, im- postos mais severos aumen- taram os preços da vodca, en- quanto duras restrições sobre os varejistas proibiram a venda de bebidas alcoólicas após as 22h. O consumo de vodca tem caído nos últimos anos, ainda que a redução não tenha sido uniforme. Ao longo de qua- tro anos, a queda foi de 7%, de 1,7 bilhão de litros em 2009 para 1,5 bilhão de litros em 2012. Apesar disso, a média continua em torno de 12 li- tros por pessoa ao ano, colo- cando os russos entre os maiores consumidores de ál- cool do mundo. A previsão é de que o con- sumo caia mais rapidamen- te neste ano, para 1,3 bilhão Álcool Restrições são sociais e legais Kremlin quer cidadãos mais sóbrios A lendária capacidade dos russos de beber em excesso é finalmente desafiada - por mudanças na ética de traba- lho e pressão do governo. BEN ARIS ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA de litros (9,88 litros por pessoa). Longevidade O álcool e o fumo são as duas principais causas de morte na Rússia, respondendo por cerca de metade de todos os óbitos do país, de acordo com a OMC (Organização Mun- dial de Saúde). Cada vez mais preocupado com o im- pacto desse hábito no desen- volvimento econômico da Rússia, o governo está inten- sificando suas campanhas contra as bebidas alcoólicas. Mesmo assim, as mudan- ças não são facilmente per- ceptíveis, já que não houve nenhuma campanha especí- fica de conscientização pú- blica. A redução do consumo de álcool é considerada uma decisão política arriscada desde a campanha antiálco- ol de 1980, promovida pelo líder soviético Mikhail Gor- batchov. Sua intenção era li- mitar o horário de vendas entre as 2 da tarde e as 7 da noite, seguindo regras dra- conianas, mas a ação foi CONTINUA NA PÁGINA 2 ITAR-TASS ITAR-TASS SHUTTERSTOCK/LEGION-MEDIA LORI/LEGION MEDIA KOMMERSANT ALEXSEY DRUGINYN/ RIA NOVOSTI

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Tecnologia Parceria visa ampliar mercado latino-americano atuando em prestação de serviços e manutenção

Montagem e manutenção locais bene-ficiarão ou-tros compra-dores, como Peru, México e Venezuela

Brasil vai montar helicópteros russos

Viagem pela TransiberianaA ferrovia que per-mite ir da Europa ao extremo oriente da Rússia em 7 dias

P.4

Tolerância zero à droga Para chefe da agência de con-trole de narcóticos russa, descrimina-lização é “solução ilusória”

P.2

QUARTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2013

O melhor da gazetarussa.com.br

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

PRODUZIDO PORRUSSIA BEYONDTHE HEADLINESwww.rbth.ru

NOTAS

No dia 8 de abril, durante visita ofi cial à Alemanha, o presidente Vladímir Pútin teve seu discurso interrompido por ativistas do movimento Femen. Com os seios à mostra e palavras de baixo calão em russo pinta-das nas costas, as mulheres foram retiradas da sala à força por seguranças. “Aquilo não me pareceu certo, podiam tê-las tratado de maneira mais suave”, disse Pútin.

Lenta.ru

Pútin defende Femen

De acordo com estudo da companhia de pesquisas tecnológicas W3Techs, o russo é hoje o segundo idioma mais usado na in-ternet (em 5,9% dos sites), atrás apenas do inglês (54,7%). O russo ultrapassou o ale-mão (5,9%), que agora ocupa a terceira po-sição por uma questão de centésimos, se-guido pelo espanhol (4,7%). Além disso, o domínio “.ru” alcançou o primeiro lugar entre domínios de topo genérico de países e mantém a terceira posição no ranking geral, atrás do “.com” e “.net”.

Kommersant

Russo é segundo idioma mais frequente na rede

Golubtsi, o charutinho de repolho russo

POLÍTICA E SOCIEDADE

RECEITA

Políticos russos descobrem as redes sociaisPÁGINA 2

PÁGINA 4

NESTA EDIÇÃO

Moscou encabeça a lista das cidades mais congestionadas do mundo. Organizada pelo grupo holandês TomTom GPS, o estudo mos-trou que o tempo médio que os moscovitas perdem no trânsito aumentou 66% entre 2011 e 2012. O morador da capital gasta em média 127 horas por ano no trânsito. Se-gundo a pesquisa, o dia mais engarrafado de 2012 foi 29 de novembro, quando a cida-de ficou paralisada devido a fortes nevascas.

RBC

Congestionamento líder

VASSÍLI KRILOVGAZETA RUSSA

Dificuldade de manutenção de equipamentos russos devido à distância estimula Russian Helicopters a construir montadora no país.

Durante a cúpula dos Brics na África do Sul no fi nal de março, o vice-diretor da cor-poração estatal Rostekh, Dmítri Chugaev, declarou que a fabricante de helicóp-teros Russian Helicopters passará a montar alguns ve-

ículos no Brasil. “A empre-sa Rostekh, em cooperação com o grupo industrial-mi-litar brasileiro Odebrecht, planeja realizar a montagem, manutenção e reparação de helicópteros russos e de ou-tros produtos militares e

civis russos no Brasil”, de-clarou Chugaev. “Atualmen-te temos centros de manu-tenção e serviço em diversos países da União Europeia, Ásia e América do Sul”, completou.

A Rússia já exporta para

o Brasil os helicópteros mi-litares para transporte Mi-35 e de múltiplas funções com r o t o r e s c o a x i a i s Ka-32A11VS.

Serviço mais próximo“O Brasil é um dos maiores importadores de helicópte-ros russos, mas a grande dis-tância entre o Brasil e a Rús-sia difi culta a manutenção e o serviço técnico dos equi-pamentos. A construção de uma montadora no território brasileiro resolverá esses pro-blemas”, disse à Gazeta Russa o analista militar Dmítri Litóvkin.

“O projeto é, sem dúvida, mutuamente vantajoso, por-que, além dos brasileiros, a Rússia está exportando equi-pamentos militares e civis também para a Venezuela, Peru e México”, afi rma.

O primeiro contrato para o fornecimento de helicóp-teros Ka-62 à empresa bra-sileira Atlas Táxi Aéreo foi assinado em dezembro de 2012, durante a visita ofi cial da presidente brasileira Dilma Rousseff a Moscou. “O contrato prevê forneci-mento de sete helicópteros Ka-62 ao parceiro brasilei-ro entre 2015 e 2016”, afi r-ma Chugaev.

Além da cooperação com o Brasil, a Russian Helicop-ters está intensifi cando a co-operação com a sul-africana Denel Aviation. No início de 2013, as empresas abriram um centro de manutenção conjunto na África do Sul.

“Tudo isso é parte da nossa estratégia para facilitar a ma-nutenção dos nossos produtos no exterior”, diz o vice-dire-tor geral da Russian Helicop-ters, Andrêi Chibitov.

A 5ª cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e Áfri-ca do Sul), realizada no fi nal de março em Durban, na África do Sul, teve a agenda mais ambiciosa da história

Impasse Países não chegam a consenso sobre instituição

Cúpula do Brics resultou em diversos acordos, inclusive a criação de um Conselho Empresarial. Banco do grupo, porém, terá de aguardar.

Banco dos Brics fica só na intenção

Presidente russo Vladí-mir Pútin comparou países do Brics a ani-mais africa-nos: elefante, rinoceronte, búfalo, leão e leopardo

ALINA SABÍTOVAESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

do grupo. No encontro, os chefes de Estado dos cinco países planejavam abordar uma série de questões, desde a tradicional reestruturação da economia global à toma-da de ações reais sobre o pro-jeto de criação do banco do Brics. No entanto, nem todos os temas resultaram em acordos.

Após uma série de encon-tros, os cinco líderes do Brics adotaram o Plano de Ação, CONTINUA NA PÁGINA 3

que especifi ca as atividades para o próximo ano e cobre novas áreas de compromis-so entre os países, e assina-ram a “Declaração de eThekwini - Parceria para o Desenvolvimento, Integra-ção e Industrialização”, cujo nome homenageia a região de Durban que sediou o encontro.

“Esses documentos apre-sentam a percepção da atual situação política e econômi-ca no mundo e registram as abordagens comuns das eco-nomias do Brics em relação às questões mais relevantes da cooperação multilateral”, disse o conselheiro do Kre-mlin para política exterior, Iúri Uchakov.

Primeiros sucessos Para o presidente russo Vla-dímir Pútin, as comunidades empresariais dos países do Brics conseguiram criar con-dições para garantir a segu-rança, estabilidade e prospe-ridade no mundo.

“O Brics consiste em cinco países, e cinco é um número especial para a África. Os grandes animais do continen-te, as cinco espécies mais res-peitadas entre os caçadores, são o elefante, o rinoceronte, o búfalo, o leão e o leopar-do”, disse Pútin durante a cú-pula, fazendo referência ao poder e inf luência dos Estados-membros.

A declaração bate com a retórica sobre o Brics. O gru-

Diante do alarmante declí-nio demográfi co na Rússia, o governo está intensifi can-do a luta contra uma famosa paixão nacional: as bebidas alcoólicas. Em janeiro, im-postos mais severos aumen-taram os preços da vodca, en-quanto duras restrições sobre os varejistas proibiram a venda de bebidas alcoólicas após as 22h.

O consumo de vodca tem caído nos últimos anos, ainda que a redução não tenha sido uniforme. Ao longo de qua-tro anos, a queda foi de 7%, de 1,7 bilhão de litros em 2009 para 1,5 bilhão de litros em 2012. Apesar disso, a média continua em torno de 12 li-tros por pessoa ao ano, colo-cando os russos entre os maiores consumidores de ál-cool do mundo.

A previsão é de que o con-sumo caia mais rapidamen-te neste ano, para 1,3 bilhão

Álcool Restrições são sociais e legais

Kremlin quer cidadãos mais sóbriosA lendária capacidade dos russos de beber em excesso é finalmente desafiada - por mudanças na ética de traba-lho e pressão do governo.

BEN ARISESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

de litros (9,88 litros por pessoa).

LongevidadeO álcool e o fumo são as duas principais causas de morte na Rússia, respondendo por cerca de metade de todos os óbitos do país, de acordo com a OMC (Organização Mun-dial de Saúde). Cada vez mais preocupado com o im-pacto desse hábito no desen-volvimento econômico da Rússia, o governo está inten-sificando suas campanhas c o n t r a a s b e b i d a s alcoólicas.

Mesmo assim, as mudan-ças não são facilmente per-ceptíveis, já que não houve nenhuma campanha especí-fi ca de conscientização pú-blica. A redução do consumo de álcool é considerada uma decisão política arriscada desde a campanha antiálco-ol de 1980, promovida pelo líder soviético Mikhail Gor-batchov. Sua intenção era li-mitar o horário de vendas entre as 2 da tarde e as 7 da noite, seguindo regras dra-conianas, mas a ação foi

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BRPolítica e Sociedade

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‘Descriminalizar drogas é ilusão’

VOZ DA RÚSSIA

Durante uma sessão da Co-missão sobre Narcóticos das Nações Unidas, realizada em Viena em meados de março, o diretor do Serviço Federal para Controle de Drogas da Rússia, Víktor Ivanov, mani-festou-se contra a legaliza-ção até mesmo de drogas con-sideradas leves, como a maconha. Segundo o espe-cialista, a descriminalização das drogas é uma “solução ilusória”.

Questionado sobre a ori-gem do problema de propa-gação das drogas, Ivanov en-fatizou a existência de dois centros globais de produção em dimensão industrial: países da América do Sul (Colômbia, Peru e Bolívia) e Afeganistão.

O problema dos narcóti-cos se alastrou por diversos países, como explicar o fe-nômeno?Enquanto a América do Sul produz 100% da cocaína do mundo todo, no Afeganis-tão se produz de 90% a 95% da heroína mundial. Esse é um fato que condiciona não apenas a produção, mas também o tráfi co de drogas posterior por territórios de diversos países.

Mas o Ocidente afirma que a Rússia é a principal via de passagem para narcóticos do Afeganistão à Europa...Isso não corresponde à re-alidade. Não conheço caso

roína afegã atravessa o ter-ritório iraquiano para o Sahel na África Ocidental e Central e, de lá, para a Á f r i c a d o No r t e e a Europa.

O senhor afirmou em uma entrevista que uma grande quantidade de drogas sinté-ticas entra na Rússia a partir da Europa...Cerca de 50% das drogas sintéticas provêm da Alema-nha, Holanda, Bulgária, Po-lônia e países do Báltico. São transportadas, geralmente, em carros de passageiros, veículos de carga, aviões e navios.

O consumo de drogas na Rússia está aumentando ou diminuindo?Nosso órgão está completan-do 10 anos de trabalho. A estrutura do serviço conta com especialistas no assun-to entre os efetivos do Mi-nistério do Interior e essa decisão comprovou sua efi cácia.

Conseguimos organizar a luta contra o narcotráfi co e hoje investigamos cerca de 85% dos crimes de narcóti-cos cometidos por grupos or-ganizados, assim como todos os processos ligados à lava-gem de dinheiro e à legali-zação de meios relacionados às drogas.

Como resultado, aproxi-madamente 90% dos centros clandestinos de consumo de drogas foram liquidados. Coordenamos a atividade

com a polícia e a alfândega, e o número de consumido-res de drogas na Rússia não está crescendo. Nos últimos sete anos, esse número per-maneceu estável, em 8,5 mi-lhões de dependentes com d i f e r e n t e s g r a u s d e regularidade.

Uma parte já é totalmen-te dependente, outra encon-tra-se numa etapa de for-mação at iva do v íc io. Consideramos essa quanti-dade muito grande e, por isso, queremos ter ações ainda maiores contra o fe-nômeno. Essa tarefa não pode, contudo, ser realiza-da apenas em caráter poli-cial: é preciso desenvolver um sistema nacional de re-abilitação de consumidores de drogas.

O que mais preocupa na luta contra as drogas?A criação de novas drogas, que vem ganhando especial força. Durante o último ano, foram sintetizados 50 novos tipos de drogas, ou seja, um novo narcótico foi criado por semana.

Nossa tarefa é suspender provisoriamente a venda de tais preparados até que sejam concluídos longos pro-cedimentos de coordenação e investigações biomédicas antes de apresentar ao go-verno as listas de substân-cias sujeitas a controle. Se tal decisão for tomada, nos-sas ações serão ainda mais rápidas e adequadas contra essa ameaça.

O polêmico presidente da Tchetchênia, Ramzan Kadi-rov, tem seu próprio perfi l no Instagram e, de acordo com sua assessoria, é o mais cita-do entre os políticos. Não sa-tisfeito, Kadirov nomeou um de seus seguidores na rede so-cial, Arbi Tamaiev, para titu-lar de seu novo Ministério para Cooperação com a So-ciedade Civil.

“[Com o Instagram,] ele ad-quiriu uma combinação única

Redes Sociais Políticos russos desbravam o mundo do Twitter e Instagram

Políticos encontram um novo cenário para aparecer, mas suas ações por vezes recebem críticas contundentes de seguidores.

de confiabilidade, por usar foto e interatividade”, diz o presidente da agência de co-municação Agency One, Aleksêi Goreslávski. Para ele, a nomeação feita por Kadirov é um tipo de “populismo mo-derno, uma tentativa de obter novos seguidores e fazer disso um show popular”.

Caudilho da redeAté 2008, era possível contar nos dedos a quantidade de po-líticos-blogueiros na Rússia. Um dos precursores foi o ex--presidente e atual premiê russo Dmítri Medvedev, que clamava incansavelmente aos políticos que criassem seus próprios blogs.

O maior impulso, contudo,

aconteceu durante a visita de Medvedev à sede do micro-blog Twitter, em São Fran-cisco (EUA), em 2010. Na oca-sião, o então presidente criou uma conta e logo começou a postar: “Olá a todos! Estou no Twitter e esta é a minha pri-meira mensagem!”.

Depois disso, uma massa de políticos seguiu seu exemplo em diversas redes sociais. Seus blogs costumam fi car dividi-dos em duas categorias: a ofi -cial, administrada pelos as-sessores de imprensa, e a pessoal. Enquanto na primei-ra são raras as surpresas, a segunda está repleta delas.

Em outubro de 2010, por exemplo, o então governador da região de Tver, Dmítri Ze-

lênin, publicou no Twitter a foto de uma minhoca que teria supostamente encontrado na salada durante uma recepção no Kremlin. Instantes depois, surgia um novo microblog, que previa o afastamento de Ze-lenin e anunciava a própria minhoca como futura gover-nadora da região.

Entre Twitter e briochesNo ano passado, foi a vez do governador da região de Kras-nodar, Aleksandr Tkatchev, ficar famoso com ajuda do Twitter. Um morador local havia se queixado para o go-vernador dos salários baixos, que giravam em torno de 15 mil rublos (US$ 500). Tka-tchev aconselhou-o, então, a mudar de emprego. Os usuá-rios do microblog iniciaram um debate relembrando a cé-lebre frase da rainha Maria Antonieta, às vésperas da Re-volução Francesa: “Se não tem pão, comam brioches”.

É difícil calcular os riscos enfrentados pelos políticos ao estabelecerem contato direto com os cidadãos nas redes. O vice-premiê Dmítri Rogózin, que possui 125 mil seguido-res em seu Twitter, anunciou recentemente que terá ajuda de assessores para dar conti-nuidade às suas postagens. No passado, Rogózin gerou polê-mica ao publicar comentários severos sobre o caso Pussy Riot e a turnê de Madonna pela Rússia.

Além disso, a resposta nas redes sociais vem a jato. Re-centemente, o jornal russo “Moskóvski Komsomolets” referiu-se a várias deputadas da Duma do Estado (câmara baixa do parlamento russo) como “prostitutas políticas”, termo inventado por Lênin. Andrêi Isaiev, deputado da Duma pelo partido governis-ta Rússia Unida, reagiu na mesma hora. “O editor e autor da matéria responderão por isso”, escreveu em seu Twitter.

Políticos chegam às redes sociais

O premiê Medvedev é figura carimbada nas redes sociais, sempre conectado no Twitter

DMÍTRI ROMENDIKESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

amplamente ridicularizada. A medida rapidamente levou a uma queda das mortes re-lacionadas ao consumo de ál-cool, mas o índice acabou au-mentando novamente depois que as pessoas começaram a consumir vodca ilegal e al-ternativas caseiras ainda pio-res. Até hoje, Gorbatchov é um dos líderes mais odiados pelos cidadãos russos, em grande parte devido a sua fa-migerada lei seca.

Ações atuaisUma das medidas mais efi -cazes do atual governo foi a de reprimir fábricas ilegais, responsáveis por cerca de um terço da produção nacional de vodca.

“[As autoridades] reforça-ram o controle sobre a pro-dução ilícita de álcool e vá-rias fábricas ilegais foram fechadas recentemente pela agência reguladora”, explica a copresidente da Coalizão Russa para Controle do Ál-cool, Daria Khaltúrina. Se-gundo estimativas da enti-dade, o consumo de bebidas com alto teor alcoólico co-meçou a cair a partir de 2005.

Porém, embora a classe média russa esteja se tornan-do cada vez mais consciente em relação a seus hábitos e dê mais atenção à qualidade de vida, consumindo bebidas alcoólicas mais brandas, como vinho e cerveja, o au-mento da renda levou alguns russos a beber mais.

“A classe média emergen-te realmente bebe menos, mas as classes mais altas e bai-xas bebem mais à medida que

seus rendimentos aumen-tam”, diz Vadim Drôbiz, di-retor do Centro de Pesquisas de Mercados de Álcool da Rússia.

Sociedade em transiçãoEmbora o consumo total de vodca venha caindo, a mu-dança não é uniforme: o con-sumo aumentou em 6% entre 2010 e 2012, um dos motivos pelos quais o governo deci-diu reforçar as medidas na área.

Algumas mudanças na so-ciedade também podem con-

tribuir. Alterações na ética de trabalho já tiveram um grande impacto sobre os há-bitos de consumo. Nos tem-pos soviéticos, um gerente re-gional que precisasse de mais recursos do Estado iria sim-plesmente aparecer em Mos-cou para se reunir com fun-cionários portando uma garrafa de vodca.

“No passado, era comum beber no local de trabalho ou discutir negócios entre drinks. Agora o álcool é proi-bido na maioria dos escritó-rios”, diz Khaltúrina.

Sobriedade como marca nacional

Entre medidas, governo proibiu venda de álcool após as 22h

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

ENTREVISTA VÍKTOR IVANOV

DIRETOR DO SERVIÇO FEDERAL PARA CONTROLE DE DROGAS DA RÚSSIA CONTESTA IDEIA DE QUE POLÍTICA ANTIDROGAS

É INEFICAZ E SE OPÕE À LEGALIZAÇÃO COMO FORMA DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

algum em que a heroína afegã tenha sido levada atra-vés de território russo.

A heroína afegã entra na Europa por dois caminhos. Um deles é histórico, pas-sando por países da Penín-sula Balcânica, e usado até hoje. O outro é pelo Iraque, que passa por uma grave si-tuação, destruído por uma longa guerra. Assim, a he-

Consumo livre de penaDe acordo com a lei fede-ral russa “Sobre Entorpecen-tes e Substâncias Psicotrópi-cas”, de 8 de janeiro de 1998, consumir entorpecentes não é em si uma ação sujeita a in-fração penal. A responsabi-

lidade penal é aplicável ao cultivo ilícito de plantas que contenham substâncias narcó-ticas, estímulo ao uso de en-torpecentes, porte e venda de narcóticos. A produção ilegal de entorpecentes, psicotró-

IDADE: 62 ANOS

FORMAÇÃO: ENGENHEIRO

Formado em 1974, Víktor Ivanov serviu o exército so-viético e trabalhou como engenheiro em São Peters-burgo até 1977, quando in-gressou nos órgãos de se-gurança estatais. Trabalhou na área por 20 anos, che-gando ao cargo de vice--diretor do FSB (Serviço de Segurança Federal, órgão que substituiu o KGB). É di-retor da agência de controle de narcóticos desde 2008.

RAIO-X

picos ou análogos é punível com prisão de quatro a oito anos, enquanto o tráfico em escolas, clubes e bares pode render até 12 anos de prisão. Pela produção, tráfico ou por-te em grandes quantidades, a pena é de 15 anos a prisão perpétua.

12 litrosfoi a média de vod-ca consumida por pessoa na Rússia em 2012. Índice po-de cair para 10 litros em 2013.

52%das mortes de rus-sos com idades en-tre 15 e 54 foram relacionadas ao con-sumo de álcool en-tre 1990 e 2001

US$ 400é o valor médio gasto pelos russos com bebidas alcoó-licas durante as fes-tas de fim de ano no país

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR Economia e Negócios

Depois de embates com a União Europeia e tentativas desesperadas para encontrar soluções com os russos, o Chi-pre finalmente colocou em prática as exigências de Bru-xelas e Berlim sobre a rees-truturação de seu sistema bancário.

Agora, serão os depositan-tes russos que vão pagar as contas do Chipre. De acordo com estimativas da agência Moody’s, o total de depósitos nos bancos do Chipre ultra-passa os 68 bilhões de euros. Desses, mais de 30 bilhões pertencem a empresas e ci-dadãos russos.

O empréstimo de 10 bilhões de euros para salvar a ilha teve consequências desastro-sas para o país. O novo pre-sidente Nicos Anastasiades foi forçado a tomar uma de-cisão muito difícil, privando Chipre de sua vantajosa con-dição de offshore – a ilha dei-xou de ser paraíso fi scal.

Pela primeira vez na his-tória da zona do euro, insti-tuições bancárias deverão ser salvas por seus depositantes, e não por seus acionistas ou credores.

Segundo os acordos alcan-çados entre a União Euro-peia e o Chipre, os mais ricos serão os mais prejudicados com as medidas. Depositan-tes com mais 100 mil euros nos dois maiores bancos da ilha, o Banco do Chipre e o Laiki, perderão parte de seu dinheiro.

Enquanto os clientes do primeiro terão que deixar para trás cerca de 30% de seus depósitos, os clientes do Laiki provavelmente perde-rão todo o investimento.

De acordo com o vice-pre-miê russo Ígor Chuvalov, ainda não se sabe qual a soma exata perdida pela Rússia com a crise na ilha. Para o

Crise Ilha perderá status de paraíso fiscal

Resgate do Chipre caiu na conta dos russos

Russos perderão, no mínimo, 4 bilhões de euros no país

Caso expõe como normas rígidas são aplicadas também a outros países; estados brasileiros sofrem embargo há quase 2 anos

Mais de 30 bilhões de euros, quase a metade dos depósitos em bancos do Chipre, pertencem a empre-sas ou cidadãos da Rússia.

EVGUÊNI BASMANOVESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

analista bancário da Moody’s, Evguêni Tarzimanov, esse valor ultrapassará os 4 bi-lhões de euros.

“Minha previsão é muito otimista. Meus colegas no ex-terior afi rmam que a Rússia pode perder mais da metade de seu dinheiro no Chipre”, diz Tarzimanov.

Dois coelhos de uma vezEspecialistas fi nanceiros rus-sos acreditam que a dura po-lítica de Berlim, insistindo em maior transparência nas operações fi nanceiras do Chi-pre, permitiu que a Alema-nha resolvesse dois proble-mas de uma só vez, pondo fi m às questões fi nanceiras do país mediterrâneo, mas também baixando drastica-mente sua atratividade para investidores estrangeiros, es-pecialmente russos.

“Esperamos que o sistema bancário cipriota consiga evi-tar a fuga de capitais. No en-tanto, agora já não podemos mais contar com o afl uxo de novos fundos estrangeiros”, afi rma o diretor-executivo do Piraeus Bank, Constan-tinos Loizides. Ao contrário do Laiki e do Banco do Chi-pre, o Piraeus Bank conse-guiu manter intacto o dinhei-ro de seus clientes.

“A livre circulação de fl u-xos fi nanceiros entre bancos de diferentes países é uma das principais característi-cas da união monetária. Se esse movimento é restringi-do, o valor do euro em uma conta bancária cipriota não vai corresponder ao valor do euro em outros países. Isso signifi ca que um euro no Chi-pre não é realmente um euro. Colocando restrições à cir-culação de capitais, o Banco Central Europeu criou uma nova moeda no Chipre”, diz o vice-diretor da consultoria fi nanceira Bruegel, Guntram Wolff.

De acordo com especialis-tas, se Bruxelas e Berlim con-tinuarem a controlar o fl uxo de dinheiro entre os bancos europeus, o euro deixará de existir no futuro.

po das principais economias em crescimento fi xou, desde seu início, a tarefa de reor-ganizar a ordem mundial.

Segundo Kirill Likha-tchev, membro do Comitê Nacional de Estudos sobre o Brics, os resultados do en-contro já eram previstos, com grandes iniciativas como a proposta de Pútin de uma estratégia interna-cional do grupo e o concei-to para cooperação econô-mica a longo prazo. A área de projetos comuns de in-fraestrutura também apre-sentou progresso e as agên-cias estatais envolvidas se mostraram prontas para as-sinar e implementar objeti-vos conjuntos.

Conselho Empresarial São também notáveis os es-forços feitos para envolver a África do Sul na estrutu-ra do Brics, mas uma das mais importantes conquis-tas do evento foi a criação do Conselho Empresarial do Brics, instituição que reu-nirá as principais estrutu-r a s d e n e g ó c i o s d o s países-membros.

No conselho, a Rússia será representada pela Câmara de Comércio e Indústria e

Sem banco, Brics avançam em outros acordos durante cúpula

Impasse quanto ao banco foi superado por criação de Conselho Empresarial

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

pelo Vnecheconombank, se-gundo Likhatchev. “A par-ticipação de organizações privadas deve dar um po-deroso impulso aos investi-mentos significativos em p r o j e t o s c o n j u n t o s”, explica.

Banco dos Brics O debate sobre um banco do Brics, iniciado durante a cúpula anterior, na Índia, foi postergado devido à falta de consenso entre os países--membros. Apesar da decla-ração do presidente sul-afri-

cano Jacob Zuma de que os líderes “instruíram os mi-nistros das Finanças a es-tudar a questão a fundo, bem como a preparar terre-no para iniciar o banco”, o lançamento do projeto pa-rece mais distante que nunca.

Entre os pontos de diver-gência está a localização fí-sica da instituição, que todos os Estados-membros gosta-riam de abrigar, as taxas de adesão e os projetos a serem financiados pelo banco comum - se seriam apenas

projetos exclusivos do Brics ou também de terceiros.

Nado contra a corrente?O acadêmico Leonid Gusev, do Instituto Estatal de Re-lações Internacionais de Moscou (Mgimo, na sigla em russo), não acredita que um banco do Brics pudesse ser efi caz no momento atual.

“O Brics consiste em eco-nomias de peso, como China e Índia, mas a economia chi-nesa é tão integrada à nor-te-americana que eles têm quase um mercado comum. O mesmo vale para a Índia, portanto, é bastante impro-vável que esses laços sejam rompidos”, acredita Gusev. “Tudo depende dos aconte-cimentos nos EUA e na zona do euro”, acrescenta.

Para o editor-chefe da re-vista “Russia in Global Affairs”, Fiódor Lukianov, o entrave ligado às grandes economias ocidentais não representa, entretanto, con-trariedade a essas.

“A composição do grupo e suas reuniões frequentes são a essência do bloco. A própria existência do Brics e seu formato se adequam aos objetivos e abordagem da política externa russa, não contra, mas contornan-do o Ocidente.”

Laços da China e da Índia com os EUA podem tornar ineficazes esforços por banco dos Brics

Depois de encontrar DNA equino em produtos supos-tamente bovinos, a Rússia está considerando a hipóte-se de decretar embargo à carne espanhola. O Rosse-lkhoznadzor (Serviço Fede-ral de Vigilância Veteriná-ria e Fitossanitária da Rússia) realizou testes com produtos de 19 frigorífi cos espanhóis.

Atualmente, a lista das empresas espanholas auto-rizados a vender carne e leite aos países da União Adua-neira (Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão) conta com 746 frigorífi cos, dos quais 614 operam sob a garantia do serviço veterinário do país. No entanto, a vistoria realizada pelo Rosselkhoz-

Commodity Após escândalo europeu, russos acham DNA de cavalo em suposta carne de boi

Carne espanhola corre risco de ser embargada

Participação do país no mercado russo é pequena, de cerca de 2%. Carne suína representa 7% do mercado - contra os 25% da brasileira.

VÍKTOR KUZMINESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

nadzor mostrou que os for-necedores espanhóis não têm conhecimento sobre as nor-mas veterinárias vigentes no terr itório da União Aduaneira.

“Como não confi amos nes-sas garantias, estamos con-siderando restringir as im-portações de carne das empresas que operam sob ga-rantia do serviço veterinário da Espanha”, declarou o chefe do Rosselkhoznadzor, Serguêi Dankvert.

“As demais empresas terão um mês para adaptar suas exportações às normas da União Aduaneira. Depois, re-alizaremos nova inspeção”, afi rma Dankvert.

ReincidênciaNão é a primeira vez que au-toridades veterinárias rus-sas reclamam da carne es-panhola. Recentemente, a vigilância veterinária russa anunciou ter encontrado DNA de cavalo em derivados de carne provenientes da Es-

rivados. O maior exportador de carne suína à Rússia con-tinua sendo o Brasil, com mais de 25% do mercado, seguido pela Alemanha, com 16%, e pelo Canadá.

Acredita-se, porém, que um possível embargo não afete derivados considerados nobres, mas apenas a carne in natura.

“Um ‘jamón’ [presunto] normal só pode ser feito na Espanha. Entre os fatores im-portantes para sua produção estão a cultura de prepara-ção, o ambiente microbiano específi co etc.”, disse à Ga-zeta Russa o diretor-execu-tivo da União Nacional Russa de Processadores de Carne, Vassíli Prochenkov.

Além disso, a Espanha detém uma fatia de 10% do mercado russo de toucinho salgado, alimento que faz parte da tradição gastronô-mica dos povos eslavos e é produzido tradicionalmente na Ucrânia, Bielorússia e Rússia. Ainda assim, o maior exportador do toucinho sal-gado para a Rússia é a União Europeia, com uma partici-pação de 40% a 43% no mer-cado russo.

“O toucinho de fabricação ucraniana ou bielorrussa só pode ser encontrado em mer-cados pequenos. O forneci-mento do produto em larga escala é proveniente de ou-t r o s l u g a r e s ” , d i z Prochenkov.

OMC x mercado internoCom a entrada da Rússia na OMC (Organização Mundial do Comércio), as importações russas de carne, especialmen-te suína, aumentaram muito no ano passado, colocando os fabricantes nacionais em si-tuação difícil. A maioria dos fabricantes nacionais têm tido problemas com as ven-das devido à queda nos pre-ços. Assim, crescem as sus-peitas de que as medidas seriam tomadas pelo país para proteger o produtor local.

“É óbvio que decretar em-bargos a pretexto de viola-ção das normas fi tossanitá-rias ou veterinárias se torna uma prática de apoio ao pro-dutor nacional e de limita-ção das importações”, diz Pitchúguina.

Enquanto o lugar da Es-panha no mercado russo pode ser ocupado por fabri-cantes nacionais ou por ex-portadores brasileiros e ca-nadenses, a produção de carne suína continua a so-frer com o fornecimento ir-regular. Assim, a lacuna entre o desaparecimento da carne espanhola e o aumen-to da produção nacional de carne pode desacelerar e até frear a recente queda dos preços.

Caso brasileiro perto do fi mDepois de um ano e 11 meses, o embargo russo à carne de três estados brasileiros (Paraná, Ma-to Grosso e Rio Grande do Sul), poderá finalmente chegar ao fim. “Aguardamos apenas uma confirmação da parte brasilei-ra para realizar uma verifica-ção ainda em abril”, afirmou à Gazeta Russa o porta-voz da agência veterinária russa Ros-selkhoznadzor, Aleksêi Aleksê-enko. Em março deste ano, dois frigoríficos do Paraná já foram autorizados a exportar à Rússia.“Mas, por enquanto, só pode-

rão exportar para nós os frigo-ríficos que passaram pela ins-peção de especialistas da União Aduaneira com a Bielorrússia e o Cazaquistão, com os quais de-vemos trabalhar em conjunto”, completa.Segundo ele, a agência russa verificará não apenas as condi-ções sanitárias desses Estados, mas também o uso da ractopa-mina, hormônio de crescimen-to cujo uso causou o embargo. “Esse é nosso principal ponto de interesse.”

Marina Darmaros

panha. Agora, as autorida-des tentam descobrir quais empresas enviaram esses produtos.

“A Espanha nunca teve uma participação expressi-va nas importações de carne russas, com uma fatia de mercado limitada a 2%”, diz

a analista da empresa de in-vestimentos Investkafe, Daria Pitchúguina.

A Rússia absorve 5% das exportações de carne suína espanhola, enquanto a par-ticipação ibérica no mercado russo não supera os 7% na carne suína e os 10% em de-

Entre pontos de divergência quanto à instituição, está a localização: todos querem abrigá-la

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BREm Foco

RECEITA

Golubtsi, o charutinho de repolho que virou tradição russa

O golubtsi, ou charutinho de repolho recheado, é um dos pratos mais tradicionais de toda a culinária russa. A maioria das crianças que cresceram na União Soviética deve ser lembrar do delicio-so prato, preparado por suas mães e avós. Sua origem e nome, porém, são estrangeiros, apesar de ter ganhado receita própria na Rússia. O golubtsi é um parente próximo do “dol-ma”, prato típico da Grécia e das montanhas do Cáucaso, feito à base de folhas de uva

recheadas com carne. Quando esses povos se estabeleceram na Rússia, o repolho substi-tuiu as folhas de uva, dada a dificuldade de plantar videi-ras na região, e a carne bovi-na tomou o lugar da carne de cordeiro. A especialidade se difundiu na Rússia no século 18, quando a gastronomia francesa começou a conquistar seus primeiros fãs em São Petersburgo. O nome golubtsi remete aos pombos (“golub”, em russo) na culiná-ria francesa, cozidos envoltos em folhas de repolho.

Irakli Iosebashvili

ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Ingredientes:

• 200 gramas de repolho para forrar a panela;• 1 repolho grande;• 250 gramas de carne bovi-na moída;• 250 gramas de carne de porco moída;• 1/2 xícara de arroz;• 1 cebola;• 1 cenoura;• 2 a 3 tomates;• 2 a 3 colheres de sopa de extrato de tomate;• 3 dentes de alho picados;• Salsinha picada;• Sal e pimenta a gosto

Modo de preparo:

Lave o repolho e desprenda suas folhas; em seguida, es-calde-as em água fervente por alguns instantes.Corte e descarte a parte mais rígida das folhas.Lave a cenoura e corte-a em tiras finas.Refogue a cenoura e a cebo-la em uma panela até que fi-quem macias.Prepare o arroz sem deixá-lo

amolecer demais (afinal, ele será cozido novamente).Lave os tomates e bata-os no li-quidificador.Misture bem a carne moída com o arroz, a cebola, a cenoura, o tomate batido e a salsa. Tempe-re a gosto.Coloque duas ou três colheres de sopa da mistura sobre cada folha de repolho.Dobre um lado da folha sobre o recheio e, a partir da base, en-role-a até formar um charutinho, pressionando bem a mistura.Forre o fundo de uma panela com folhas de repolho e espalhe os golubtsi em seu interior.Ferva um pouco de água, adi-cione o extrato de tomate e despeje sobre a panela.Cozinhe em fogo brando duran-te 45 minutos a 1 hora. Verifique se os charutinhos estão tenros: o repolho deve estar mole, mas não pastoso, e a carne deve es-tar bem cozida.Sirva os golubtsi no molho em que foram preparados e adicio-ne uma colher de sopa de sour cream ou coalhada fresca.

Priátnogo Appetita!

CALENDÁRIO CULTURA E NEGÓCIOS CONFIRA MAISwww.gazetarussa.com.br

EXPEDIENTEEDITOR-CHEFE: EVGUÊNI ABOV; EDITOR-CHEFE EXECUTIVO: PÁVEL GOLUB; EDITOR: DMÍTRI GOLUB; SUBEDITOR: MARINA DARMAROS; EDITOR NO BRASIL: WAGNER BARREIRA; REVISOR: PAULO PALADINO; EDITOR-ASSISTENTE: ALEKSANDRA GURIANOVADIRETOR DE ARTE: ANDRÊI CHIMÁRSKI; EDITOR DE FOTO: ANDRÊI ZÁITSEV; CHEFE DA SEÇÃO DE PRÉ-IMPRESSÃO: MILLA DOMOGÁTSKAIA; PAGINADOR: MARIA OSCHÉPKOVA; PARA A PUBLICAÇÃO DE MATERIAIS PUBLICITÁRIOS NO SUPLEMENTO, CONTATE JÚLIA GOLIKOVA, DIRETORA DA SEÇÃO PUBLICITÁRIA: [email protected] © COPYRIGHT 2013 – FSFI ROSSIYSKAYA GAZETA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

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A HISTÓRIA DA EXTRAVAGÂNCIA RUSSAA HISTÓRIA DA EXTRAVAGÂNCIA RUSSA

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É TUDO VERDADE - RESTROSPECTIVA DZIGA VERTOV BRASÍLIA: ATÉ 21 DE ABRILCAMPINAS: DE 23 A 28 DE ABRILHORÁRIOS A CONFERIRPrincipal festival de documentários do país homenageia neste ano o cineasta pioneiro Dziga Vertov. › www.itsalltrue.org

ROMANCE DE FORMAÇÃO: CRIME E CASTIGO (1866)27 DE ABRIL (SÁB.), ÀS 10H, BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE, SÃO PAULOPaulo Bezerra, o principal tradutor de Dostoiévski no Brasil, integra o ciclo de palestras organizado para discutir o tema da fomação do indivíduo. › www.bma.sp.gov.br

ANNA KARENINACINEMAS E HORÁRIOS A CONFERIRVencedor do Oscar na categoria “melhor figurino”, o filme é baseado na obra homônima de Lev Tolstói. O enredo retrata a jovem aristocrata Anna Karenina (Keira Knightley), em um caso de adultério na Rússia do final do século 19. › www.annakareninamovie.co.uk

STRAVINSKY E RIMSKY-KORSAKOV NA SALA SÃO PAULO24 DE ABRIL (QUA.), 21H, SALA SÃO PAULO, SÃO PAULONo programa da Sinfônica de Montreal, constarão Nikolai Rímski-Korsanov, com Sheherazade Op.35., e Igor Stravinsky, com O Pássaro de Fogo. › www.osesp.art.br

METROL EXPO 2013DE 21 A 23 DE MAIO, VVC, MOSCOU-RÚSSIA Em sua 9ª edição, o fórum sobre instrumentos de medição de precisão abriga a exibição de instrumentação e diagnósticos técnicos “Control Diagnostic” e “Resmetering”, voltada a medição de recursos energéticos. › www.metrol.expoprom.ru

Uma das mais antigas estra-das de ferro da Rússia, a Transiberiana, é hoje o sonho de muitos viajantes interna-cionais. O principal trecho da ferrovia, com extensão total de 7.500 km, liga a ci-dade de Tcheliábinsk, na Rússia ocidental, a Vladivos-tok, e foi construído entre 1891 e 1916.

Já o transporte direto de passageiros entre Moscou e Vladivostok só teve início após a conclusão da constru-ção da ponte sobre o rio Amur, junto à cidade de Kha-bárovsk, no ano de 1916. Antes disso, para percorrer o mesmo trajeto, eram utili-zados trechos da estrada de ferro Chinesa-Oriental e a viagem em um único sentido prolongava-se por 16 dias.

A construção de uma fer-rovia de tais dimensões foi um evento importantíssimo para o Império Russo, e a missa de inauguração con-tou com a presença do prín-cipe Nikolái Aleksándrovi-tch, por incumbência do tsar Aleksandr 3°.

Equipamento primitivoA construção da Transibe-riana demandou enormes re-cursos. Os cálculos prelimi-nares do comitê responsável pela construção apontavam um custo na faixa de 350 milhões de rublos em ouro, o equivalente a US$ 5,2 bi-lhões hoje.

Além disso, foram neces-sários enormes esforços hu-

De Leste a Oeste Trajeto leva cerca de uma semana

Uma viagem pela história da ferrovia Transiberiana

Um brasileiro na selva ferroviária

Há 121 anos, eram lançadas em Vladivostok as bases da mais extensa ferrovia do mundo. Estrada de ferro atravessa dois continentes.

RIA NÓVOSTI

mais extenso do mundo na época: de Kharkov a Vladi-vostok. A viagem cobria 9.714 km de distância em 174 horas e 10 minutos. Atual-mente, o percurso Kiev-Vla-divostok é considerado o mais longo do mundo, com 10.259 km percorridos em 187 horas e 50 minutos.

O trem de passageiros que percorre mais rápido o tre-cho Moscou–Vladivostok é o nº 1/2 “Rússia”. São 146 horas ou quase 7 dias de viagem. Em média, esse trem trans-porta 200 mil pessoas por ano.

A ferrovia Transiberiana também possui grande po-tencial em termos de trans-porte de cargas, devido ao alto nível tecnológico. A linha de mão dupla da fer-

manos. A construção da Transiberiana foi realizada sob condições climáticas ad-versas e, em quase toda a sua extensão, em regiões despovoadas. Praticamente todo o trabalho foi execu-tado de forma manual e com o uso de ferramentas primi-tivas: machados, serras, pás, picaretas e carrinhos de mão. Ainda assim, a cada ano eram construídos de 500 a 6 0 0 k m d e l i n h a ferroviária.

Logo quando começou a funcionar, a Transiberiana mostrou seu valor para o de-senvolvimento econômico do país, agilizando a circula-ção de mercadorias. Apesar disso, a capacidade de fl uxo da ferrovia ainda era insu-

fi ciente, sobretudo nos anos de guerra.

Mais tarde, os trens se tornaram mais velozes, a

linha da ferrovia foi moder-nizada e as pontes provisó-rias, de madeira, substituí-das por estruturas mais resistentes.

Viagem recorde O trem nº 53/54, que tran-sitou até maio de 2010 pela ferrovia, fazia o percurso

FABRÍCIO YURI VITORINOESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Percorrer a Transiberiana é um sonho especialmente difícil de se realizar: idioma, clima, orçamento, paradas... Para nós, brasileiros, o desafio é ainda maior.

Para comeco de conversa, cito Fiódor Tiutchev, um grande poeta russo: “Não se enten-de a Rússia com a razão. Na Rússia é preciso apenas crer”. Esse deve ser o lema de um brasileiro ao cruzar o maior país do mundo.

Hoje, a viagem começa em uma tela de computador. É preciso saber o itinerário, os preços e montar um quebra-

-cabeca de trens, horários e cidades. Fica o aviso: se isso não for feito com todo o cui-dado, a chance de alguma coisa dar errado é monstru-osa. Afi nal, mesmo em Biro-bidjan, no Extremo Oriente

e com fuso na casa dos dois dígitos, os trens rodam...no horário de Moscou.

Duas coisas assustam: o clima e a língua. O primeiro é driblável: escolha prima-vera ou outono. Evite o verão,

época de trens lotados, pre-ços altos e muito calor - a maioria dos vagões não têm ar condicionado ou janelas que abrem.

A língua é um inimigo cruel. Russos são, num primei-ro momento, difíceis. Duros, grosseiros, esquisitos. Para nossa natureza pessoal e lati-na, é complicado. Mas, assim como um lago congelado, basta quebrar a primeira ca-mada de gelo que todo um ecossistema rico e vivo se reve-la. Os rus- sos são encantadores.

O jornalista Fabrício Yuri realizou seu sonho de atravessar a estrada de ferro em me-ados de 2012

Com extensão de 9.298 km, trajeto Moscou-Vladivostok é percorrido em 146 horas

JUNWEXDE 29 DE MAIO A 2 DE JUNHO, VVC, PAVILHÃO 75, MOSCOU - RÚSSIAA 12ª Exibição internacional de Joias e Relógios traz novas tecnologias e equipamentos e é uma ótima oportunidade para estabelecer contatos com compradores, revendedores,joalheiros, lojistas e designers. › www.junwex.com

EXTREME WORLD EXPODE 12 A 16 DE JUNHO, SOKOLNIKI PARK, MOSCOU-RÚSSIAO evento é dedicado aos amantes dos esportes radicais e visa a popularizá-los. É dividido em 9 categorias, incluindo esportes aquáticos, aéreos, moda, equipamento digital, viagens e material médico. › www.extreme-expo.com

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rovia foi completamente ele-trifi cada em 2002 e, atual-mente, a Transiberiana tem capacidade de transportar até 100 milhões de tonela-das de carga por ano.

LORI/LEGION MEDIA; SERGEY VENYAVSKY/RIA NOVOSTI

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