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“Mediação,linguagem erecursostecnológicos”
Ementa: A importância da linguagem noprocesso comunicativo por meio derecursos tecnológicos. A língua paraalém do texto sem erro gramatical. Aelaboração de textos e devolutivas viarecursos tecnológicos. Objetivos: - analisar a importância da linguagemna mediação via recursos tecnoló-gicos;- apropriar-se de estruturas dis-cursivas.
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CRÉDITOS...UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ -UFPR REITORProf. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca VICE-REITORAProf.ª Dr.ª Graciela Inês Bolzón de Muniz PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO - PROGRADProf. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PRPPGProf. Dr. Francisco de Assis Mendonça PRÓ-REITOR DE EXTENSÃOE CULTURA -PROECProf. Dr. Leandro Franklin Gorsdorf PRÓ-REITOR DE GESTÃO DE PESSOAS -PROGEPEM. Douglas Ortiz Hamermuller PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO - PRAProf. Dr. Marco Antonio Ribas Cavalieri PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO,ORÇAMENTO E FINANÇAS – PROPLANProf. Dr. Fernando Marinho Mezzadri PRÓ-REITORA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS- PRAEProfª. Drª. Maria Rita de Assis Cesar
COORDENADORIA DE INTEGRAÇÃODE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO ADISTÂNCIA - CIPEAD COORDENAÇÃO CIPEADProf.ª Dr.ª Maria Josele Bucco Coelho CONTEÚDO DO MÓDULOProf.ª Dr.ª Geovana Gentili Santos REVISÃO PEDAGÓGICA DOMATERIALMa. Marina Lupepso DIAGRAMAÇÃO DO MATERIALProf.ª Dr.ª Geovana Gentili Santos ILUSTRAÇÃO CAPA Julia Alessandra Ponnick Prof.ª Dr.ª Ana Carolina de AraújoSilva (supervisão)
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Conteúdo
03
Vamos de Quiz?
04
"Sujeito, discurso e sala de aulavirtual"
12
"Tutorial: um gênero discursivovalioso em tempos de ensinoremoto emergencial (ERE)"
https://pt.quizur.com/trivia/quais-sao-suas-escolhas-wD2rhttps://pt.quizur.com/trivia/quais-sao-suas-escolhas-wD2r
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Vamos de Quiz?
Como foi sua compra na quitanda? Como ficaria sua salada de frutas, fresquinha e sabo-
rosa? A analogia proposta em forma de um Quiz nada mais é do que um convite à reflexão da
importância das palavras e da nossa responsabilidade nas escolhas lexicais para a construção das
nossas falas/enunciados.
Nossa relação com o mundo é mediada pela linguagem - tanto a verbal quanto a não-verbal
- e, por ser tão natural e intrínseca a nós, nem sempre paramos para pensar na qualidade das
nossas interações, no modo como nos colocamos em diálogo com o outro, ou seja, com a
coletividade. Não avaliamos ou não monitoramos o processo de seleção lexical que operamos no
interior da língua, não analisamos os diferentes impactos que nossos atos de fala podem causar
nas diferentes situações comunicativas das quais somos partícipes.
E a essa não reflexão sobre nossas elaborações discursivas, somam-se aquelas poten-
cializações geradas pela frieza dos aparelhos nas interações via recursos tecnológicos em que a
presencialidade do interlocutor não se materializa diante de nós. Com essa "ausência" do outro, o
cuidado com o texto - oral ou escrito - fica em segundo plano, a releitura antes do envio é
deixada de lado e a reescrita para evitar colocações que possam afetar o outro, muitas vezes, não
é feita.
A cada dia, principalmente nas vivências comunicativas via redes sociais, notamos o quan-
to o filtro linguístico e a modalização do dizer são abandonados, os textos saem em seu estado
bruto e, sem qualquer lapidação, revelam uma prática verbal centrada no descuido com outro e
com uma forte centralização no "eu": "eu falo mesmo", "eu exponho o outro", "eu xingo" etc. Toda
essa dinâmica - tal como abordado no texto "A frieza da tela e a potencialização do discursoagressivo em sala de aula virtual", na Gazeta do Curso - reverbera nos espaços deaprendizagem mediados por recursos tecnológicos, convocando-nos inevitavelmente a pensar e
a dialogar sobre a temática: mediação, linguagem e recursos tecnológicos. PÁGINA 03
Clique na imagem abaixo e participe do Quiz do Curso!
https://pt.quizur.com/trivia/quais-sao-suas-escolhas-wD2r
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Um dos aspectos que esse período de
enfrentamento à pandemia da Covid-19 tem
colocado em evidência é a natureza social do
ser humano e sua necessidade de interação.
Não somos seres isolados! Ao contrário,quando nos vimos restringidos da
presencialidade nos espaços de convívio,
prontamente intensificamos o uso de recursos
tecnológicos para, minimamente, seguirmos
em contato com o outro (família, amigos,
colegas de trabalho etc.).
Vivemos em sociedade e construímos
nossos posicionamentos a partir das
interações que estabelecemos. Significamos o
mundo e nos colocamos nele por meio da
linguagem, repleta de signos que emergem e
significam no interior das relações sociais, isto
é, entre seres socialmente organizados.
s u j e i t o , D I S C U R S O e s a l a d e a u l a v i r t u a l
Por Geovana Gentili
PÁGINA 04
As concepções de mundo, as crenças e mesmo os instáveis estados deespírito ideológicos também não existem no interior, nas cabeças, nas'almas' das pessoas. Eles tornam-se realidade ideológica quando realizadosnas palavras, nas ações, na roupa, nas maneiras, nas organizações daspessoas e dos objetos, em uma palavra, em algum material em forma de umsigno determinado. (MEDVIÉDEV, 2012, p. 48)
Pelo nosso modo de ser, estar e enunciar,
criamos e revelamos nossos posicionamentos
axiológicos, evidenciando que não há
neutralidade nas nossas construções discursivas
e, mesmo quando afirmamos ser "neutros" ou
"isentos" em algum tema ou assunto, assumimos
essa postura como um ato valorativo ou
responsivo ao contexto em que estamos. Essa
atitude, por mais imparcial que se pretenda,
expressa a tomada de um posicionamento
sociopolítico-ideológico e revela, também, muito
sobre nós.
Assim, nos mais diferentes campos da
atividade humana, estamos imersos em um
grande e contínuo colóquio em que
incorporamos ou repelimos em nossas falas os
discursos de outrem. Nesse movimento, a partir
do uso da linguagem, espelhamos quem
somos e nossos enun-
ciados, orais ou escritos,
por meio de sua
constituição (conteúdo,
estilo e composição),
refletem nossa individu-
alidade.
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"o ouvinte ao perceber e compreender o
significado (linguístico) do discurso, ocupa
simultaneamente em relação a ele uma ativa
posição responsiva: concorda ou discorda dele
(total ou parcialmente), completa-o, aplica-o,
prepara-se para usá-lo etc.; essa posição
responsiva do ouvinte se forma ao longo de
todo o processo de audição e compreensão
desde o seu início, às vezes literalmente a
partir da primeira palavra do falante. Toda
compreensão da fala viva, do enunciado vivo é
de natureza ativamente responsiva [...]."
(BAKHTIN, 2011, p. 271, grifo nosso)
Atualmente, com o avanço dos estudos
linguísticos, o esquema comunicativo ganhou
uma nova percepção, na qual os sujeitos
envolvidos são considerados ativos no uso da
língua, pois, entende-se que o processo decompreensão da mensagem enunciadademanda do ouvinte um posicionamento:
Quando pensamos nas interações no Am-
biente Virtual de Aprendizagem (AVA) ou nos
diversos espaços on-line de vivência formativa,
compreender toda essa dimensão do processo
comunicativo - os atores envolvidos, ospapéis desempenhados, as especificidadesdo canal e da linguagem - é de sumaimportância para assegurar a qualidade da
experiência educacional.
Por muito tempo, a dinâmica comunicati-
va foi entendida de modo que os sujeitos
envolvidos eram ora ativos (quando falante) ora
passivos (quando ouvinte) e, durante o proces-
so de comunicação, trocavam de papéis.
Nessa perspectiva, o emissor faz um uso
ativo da língua e o receptor apenas um uso
passivo, como se todo o sentido já estivesse
contido e pronto no texto do enunciador e ele,
receptor, apenas fosse o "depósito" final da
mensagem, sem qualquer participação ou
interferência na construção do sentido do texto
enunciado.
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Emissor(falante)
Ativo
Receptor(ouvinte)Passivo
Receptor(ouvinte)Passivo
Emissor(falante)
Ativo
Não há passividade no processo comuni-
cativo e os atores envolvidos desempenham
papel fundamental um em relação ao outro,
sendo as palavras a ponte entre eles, tal como
se afirma na epígrafe desse Módulo, na
formulação feita por Volóchinov.
Essa responsividade pode ser no ato, gerando
ações imediatas, ou pode ser silenciosa,
atuando no ouvinte em manifestações, falas ou
comportamentos posteriores.
Nessa perspectiva, entende-se que a real
unidade da comunicação discursiva é o
enunciado, sempre fundido em uma forma -diálogo face a face, carta, bilhete, e-mail,
notícia, telefonema etc. - pertencente a um
sujeito que ocupa uma determinada posição
social, política e ideológica.
-
E como a compreensão desse movimento
durante o processo comunicativo pode ser útil
para as interações em salas de aula virtual ou
mediadas por recursos tecnológicos?
Essa percepção do processo de comunica-
ção permite-nos adotar uma postura discursiva
mais consciente, com intervenções mais
cuidadas, incluindo o outro no processo
comunicativo não como mero "depósito" do
que diremos, mas como partícipe ativo na
construção dos sentidos e do próprio ato
comunicativo.
O texto - tanto o oral quanto o escrito -
deixa de ser apenas uma sequência de palavras
para a transmissão de um conteúdo e passa a
ser entendido como a produção discursiva de
um sujeito com sua visão de mundo e
impregnado de valores.
Com essa compreensão, as elaborações -
desde uma mensagem de acolhimento até os
exercícios - passam a ser produzidas com mais
esmero, entendendo que as escolhas lexicais, a
ordem das frases, o cuidado gramatical na
composição dos enunciados não só cooperam
para transmitir o conteúdo desejado como
também falam/revelam sobre quem os
enuncia.
As formulações discursivas funcionamcomo espelho, refletem também o quesomos. E, cientes dessa complexidade, na salade aula virtual, por meio das nossas inter-
venções e mediações, podemos construir um
ambiente de aprendizagem saudável, produ-
tivo e colaborativo.
Vamos analisar algumas situações em
ambiente virtual de aprendizagem e tentar
verificar como um texto reflete para além do
plano temático:
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responsividade
OuvinteAtivo
FalanteAtivo
¿Hablas español?
Contexto: curso de graduação em língua
espanhola. Ocorre um problema no sistema
e as questões da Atividade de Sistema-
tização (AS) estão trocadas. Ao perceber
essa falha, o professor-tutor envia uma
mensagem aos estudantes:
Prezados alunos
,
Foi veri
ficado que o ba
nco de questõe
s da
AS I veio trocado
na nossa discip
lina.
Nesse s
entido, ele enc
ontra-se indispo
nível
até que haja a
revisão dos
altere o
exercício por pa
rte do setor de
REVISÃO.
Assim
que for soluc
ionado o prob
lema,
envio uma mensa
gem a vocês inf
ormando a
liberação.
Aguarde
m!
Un abra
zo,
Prof. Fulano.
Este AV
ISO NÃO é pa
ra ser respond
ido.
Caso queira fala
r comigo, entre
em contato
pelo canal FAL
E COM O SEU
TUTOR na
plataforma do A
VA."
-
Como você se sentiu ao ler essa mensagem? O que lhe ressaltou mais pós-leitura? O que visualmente lhe chamou a atenção? Com qual impressão do professor-tutor você ficou? Ao término da mensagem, o que você recorda mais: a explicação sobre a falha ou aorientação final sobre o canal de contato com o professor-tutor?
Iniciemos por analisar a mensagem em três planos: estrutural, linguístico e afetivo. Na
sequência, vejamos como cada um dos aspectos mencionados são decisivos para a leitura que
fazemos, para a construção da imagem do emissor e para a criação de um posicionamento
responsivo.
O texto do primeiro núcleo da mensagem
- aquele em cinza - é conciso e bastante
direto, elaborado com frases curtas. Além da
exposição do problema e do encami-
nhamento já adotado, há uma orientação
final feita de modo bastante contundente
com o uso isolado, na frase, do verbo no
imperativo: "aguardem". Na sequência, é feita
a saudação final em língua espanhola "un
abrazo".
O segundo núcleo da mensagem, ainda
que não seja o que trata da essência do
problema, é o que ganha destaque pelo uso
da cor vermelha e das letras em maiúscula.
Na mensagem com um todo, nota-se,
ainda, um descuido na revisão do texto antes
da publicação, com trechos fragmentados e
desconexos, com desvio das normas
gramaticais da língua portuguesa.
A mensagem como um todo revela a
preocupação em notificar a falha no
sistema e assegurar que não haja excesso
de mensagens reportando o mesmo
problema para o professor-tutor. Não há,
no texto, qualquer indício verbal de
empatia à situação de possível confusão
pelo alunado diante do banco de questões
trocado. A saudação final no idioma em
estudo, seja, talvez, uma tentativa de
manter algum vínculo afetivo.
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Plano Linguístico A mensagem enviada pelo professor-
tutor tem 2 núcleos. O primeiro, escrito na
cor cinza, tem como temática a falha do
sistema e a troca do banco de questões da
atividade AS I. O segundo, escrito na cor
vermelha, tem como foco o pedido de não
comunicação/interação com o professor-
tutor.
Plano Estrutural
Plano Afetivo
Pelos planos analisados, podemos perceber que pressa e escrita são dois elementos quenão combinam! E o resultado dessa junção é sempre um texto descuidado em seus diferentesníveis.
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Se, por um lado, os desvios gramaticais
e a falta de revisão textual revelam a pressa
do professor-tutor em realizar/publicar o
comunicado (e aqui podemos entender
esse comportamento por inúmeras razões);
por outro, eles indicam ou podem sugerir
uma postura de relapso e/ou de
desprestígio para com o interlocutor.
Alguns podem pensar que seria um
pouco de exagero sustentar essa leitura,
afinal, tais deslizes textuais acontecem com
todos nós! Sim, isso é verdade! Estamos
todos suscetíveis a cometer equívocos;
mas, cada vez mais, precisamos nos
conscientizar de que a elaboração
discursiva requer cuidado e atenção em
sua construção e enunciação. Da mesma
forma que não presenteamos alguém com
algo quebrado ou pelas metades, nossa
fala também deve ser o mais inteira
possível em respeito aos outros sujeitos
envolvidos no processo comunicativo.
As cores selecionadas na mensagem
revelam uma certa inversão de relevância
dos conteúdos. Se a primeira parte sobre a
falha no sistema devesse receber a ênfase
maior na mensagem por ser o âmago da
questão e o motivo da escrita da mensa-
gem; com a cor vermelha e as letras em
maiúscula, o destaque fica para o pedido
post-scriptum "não resposta a este aviso".
A objetividade das frases curtas, o uso
do verbo imperativo e, sobretudo, a
ausência de qualquer expressão que
manifestasse um lamento ou um pesar
pelo ocorrido e pela confusão na hora
de tentar realizar a AS I com questões
trocadas gera uma impressão de fala
grossa e ríspida por parte do professor-
tutor; por mais que a intenção original não
fosse essa.
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A saudação em língua espanhola até fun-
cionaria como uma tentativa de reaver o vínculo
e a gentileza, mas, a ênfase dada ao pedido de
não resposta ao aviso devora qualquer tentativa
de aproximação ou empatia.
Com isso, verificamos que se a comunicação
face a face já exige de nós um esforço para
sermos compreendidos, na interação mediada
por recursos tecnológicos, o cuidado deve ser
redobrado nas elaborações discursivas haja vista
a ausência de elementos que demonstrem a
responsividade imediata do interlocutor
mediante nosso texto, tais como: entonação da
voz e expressão facial/corporal.
Vejamos outra situação...
Nota injusta!
Contexto: simulemos que você é estudante de
um curso e não concorda com a correção feita
de sua atividade, em especial, por um desconto
na nota. Você escreve para o seu professor-
tutor pedindo revisão e recebe a seguinte
resposta:
Prezad
o aluno
,
Seu
questio
namento
sobre a
reduçã
o da not
a
por atr
aso nã
o tem f
undame
nto po
is sobr
e
isso est
á tudo
explica
do no
Guia do
Curso,
lá
na Am
bientaçã
o. Voc
ê leu
esse m
aterial?
Antes d
e questi
onar é i
mportan
te faze
r essas
leituras.
Sendo
assim
, sua n
ota seg
ue a
mesma.
-
Como você se sentiu ao ler essamensagem? Com qual impressão do professor-tutor você ficou? Apesar do texto estar bem escrito,
seguindo as regras da norma culta da
língua portuguesa, seu impacto é bastante
negativo. Mediante um pedido de revisão
de nota, obter como resposta um texto que
ainda indique uma displicência do
interlocutor não parece ser uma boa
maneira de mediar questões e problemas
no espaço da sala de aula virtual.
Uma elaboração discursiva como a dada
no exemplo desconsidera por completo o
sentimento manifesto pelo interlocutor - o
estudante - e foca apenas na "verdade" e
segurança (isto é, no respaldo dado pelo
Guia do Curso para o desconto de nota por
atraso) que o professor dispõe para efetuar
a redução da nota. Por mais correta que
esteja a atitude do docente, respeitando
uma política de desconto de nota, o nãocuidado com a forma de dizer - ainda quegramaticalmente o texto esteja impecável -
pode incitar uma responsividadenegativa para a vivência formativa: raiva,indignação, desmotivação, humilhação,
hostilidade, desprezo, inferioridade etc.
Todo o cuidado com o outro deve
manifestar-se nas construções discursivas e
isso não quer dizer aceitar tudo que o outro
diz. Podemos e devemos nos colocar
assertivamente, faz parte, inclusive, das
práticas-docente a formação de uma pos-
tura ética e condizente com as regras,
normas e combinados estabelecidos para a
boa vivência em sala de aula (presencial ou
virtual) bem como para o desempenho nas
atividades, avaliações e futuro exercício
profissional do estudante.
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Olá, Fulano, Que bom que entrou em contato para
esclarecer sobre a sua nota! A política
de desconto na nota por período de
atraso consta no “Guia do Curso”, lá se
explica que passados 8 (oito) dias do
prazo de entrega, desconta-se 15
(quinze) pontos.O mais importante para o seu processo
formativo foi ter vivenciado a realização
da atividade. Sigo à disposição.
Professor Beltrano
Sentiu diferença entre esta resposta eaquela anterior? Como estudante, a sua responsividade aessa nova mensagem seria a mesma daquelaprimeira resposta? É importante observar que apesar de o pro-
fessor indicar e reforçar de forma assertiva ao
estudante que a informação sobre o desconto
na nota por entrega da atividade em atraso está
disponível no Guia do Curso e que, portanto, ele
procedeu conforme as normas e a nota estava
adequada, a aceitabilidade dessa mensagem é
maior. Isso se deve a alguns elementos
presentes no texto que auxiliam no
estabelecimento de um diálogo mais amigável.
Mas, vejamos uma outra resposta possível
que o professor poderia ter elaborado e enviado:
-
“Que bom que entrou em contato para esclarecer sobre a sua nota!”
esclarecimento
Procura-se esclarecer a dúvida exposta ou o questionamento feito. Para tanto, explica-se
ou fundamenta-se a ação realizada com o cuidado de elucidar e não de assinalar um típico:
"você não sabe de nada" ou, pior, de "ostentar saber ou superioridade".
acolhimento
motivação/reconhecimento
Acolher o outro não é sinônimo de aceitar tudo e agradecer por um ataque, uma falta de
respeito, de educação etc., veja que se considera positivo o contato e não o teor/tom da
mensagem recebida (caso tivesse sido grosseira).
“A política de desconto na nota por período de atraso consta no Guia do Curso, láse explica que passados 8 (oito) dias do prazo de entrega, desconta-se 15 (quinze)
pontos.”
Reforça-se o que há de positivo, conduzindo a uma mudança de foco da reclamação para
a importância da vivência formativa, o cumprimento da atividade independente do atraso.
“O mais importante para o seu processo formativo foi ter vivenciado arealização da atividade.”
saudações (inicial e final) / individualização
Os sujeitos envolvidos na comunicação são devidamente nomeados. A personalização – o
emprego dos nomes próprios –, nesse tipo de resposta, ressalta a atenção dada para a
mensagem recebida, o atendimento particular oferecido ao estudante (= acolhimento).
“Olá, Fulano // Sigo à disposição, Professor Beltrano”
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Com os dois exemplos mencionados - ¿Hablas español? e Nota injusta! - pudemos analisar a
importância do cuidado nas elaborações discursivas na sala de aula virtual ou nas interações
mediadas por recursos tecnológicos, verificando algumas estratégias textuais - acolhimento,
esclarecimento, motivação/reconhecimento, saudação/individualização - para elaborar mensagens
que, em sua estrutura, considerem o outro e um possível direcionamento de sua responsividade.
Para finalizar essa primeira parte de nossa reflexão sobre linguagem, mediação e sala de au-
la virtual, lembre-se: se precisar "tomar um respiro" antes de responder a alguém, faço-o! Pormais que recebamos uma mensagem ofensiva, cabe ainda a nós a decisão de apenas reagir(seguindo no mesmo clima discursivo proposto por nosso interlocutor) ou agir (dando o nosso tomà conversa, mantendo nossa essência e solicitando ao nosso interlocutor uma nova
postura/responsividade).
Nossos enunciados falam muito sobre nós e sobre nossa essência, sobre aqueles com quem
dialogamos e nos afinamos nesse simpósio de vozes que é vida. Tanto nas interações pessoais
quanto nas profissionais (seja com colegas ou com discentes) nos colocamos textualmente para
além do conteúdo que tratamos. Ter essa consciência em nossas práticas-docente nos auxilia a ler
as mensagens de nossos estudantes para além do exposto no plano temático, passamos a ler nas
tramas do texto a complexidade do sujeito enunciador. Com isso, certamente, nos tornamos mais
competentes e habilidosos na condução e na mediação das interações via recursos tecnológicos.
BAKHTIN, Mikail M. Estética da criação verbal. Tradução e Introdução: Paulo Bezerra, 6. ed. SãoPaulo: WMF Martins Fontes, 2011.
MEDVIÉDEV, Pável N. O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poéticasociológica. Tradução: Sheila Grillo e Ekaterina V. Américo. São Paulo: Contexto, 2012.
VOLÓCHINOV, Valentin (Círculo de Bakhtin). Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução: SheilaGrillo e Ekaterina V. Américo. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2018.
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Referências bibliográficas
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Em tempos em que o sistema educa-
cional se vê impedido de seguir com suas
práticas de ensino de forma presencial, dado o
enfrentamento à pandemia que exige, como
medida de proteção à vida, o distanciamento
social, as atividades de ensino e aprendizagem
passam a ser executadas remotamente,
conforme os amparos legais assegurados
tanto pelo Ministério da Educação (MEC)
quanto pelos órgãos superiores no âmbito de
cada universidade.
Entender que se trata de um período
excepcional e nomeá-lo como tal é
fundamental para que não se incorra no risco
de confundir as práticas-docente a serem
adotadas nesse momento atípico com a
modalidade a distância, sobretudo.
Essa distinção, tal como já discutido em
oportunidade anterior, é basilar para que
saibamos compreender, analisar e não
pactuar com qualquer medida ou tentativa de
banalização dos princípios que regem a
educação pública.
t u t o r i a l : u m g ê n e r o d i s c u r s i v o v a l i o s o e m t e m p o s
d e E n s i n o R e m o t o E m e r g e n c i a l ( E R E )
Por Geovana Gentili
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Para esse momento de ensino remoto
emergencial (ERE), nos vemos impelidos a
repensar a metodologia de ensino de nossas
disciplinas/módulos, valendo-nos, principal-
mente dos recursos tecnológicos.
À diferença da comunicação face a face,
as interações mediadas por recursos tecnoló-
gicos demandam estratégias ou gêneros
discursivos específicos para assegurar uma
comunicação de qualidade e eficaz.
Nesse sentido, o gênero "tutorial" tem sido
de grande valia, na medida em que "oferece
instruções práticas sobre um assunto
específico" (Michaelis).
O tutorial caracteriza-se, portanto, por ter
um conteúdo orientativo,
"[...] baseado em informações iniciais ou primárias
sobre determinado assunto [...]. As informações
transmitidas nos tutoriais, por norma, apresentam
um 'passo a passo' sobre determinado tema,
ensinando as funções básicas e tirando as dúvidas
corriqueiras." (Significados)
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/tutorial%20/https://www.significados.com.br/tutorial/
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Instruções
1 - abra o programa Power Point;
2 - crie sua apresentação (com imagens, textos
etc.) e salve como arquivo "pptx";
3 - na aba "Apresentação de Slides", clique em
"Gravar apresentação de slides";
4 - na nova tela, clique no botão redondo
vermelho, à esquerda, na parte superior para
iniciar sua gravação. Caso deseje que além do
áudio também haja captura do vídeo, clique no
ícone da câmera, na parte inferior, à direita;
5 - faça a gravação tela por tela;
6 - na aba "Arquivo", em "salvar como" selecione
o tipo de arquivo "vídeo mp4".
Para fins pedagógicos, o tutorial pode ser um grande aliado para explicações pontuais de
um conteúdo, para resolução de exercícios, para orientar a execução de tarefas, para sanar
dúvidas etc.
A produção de um tutorial pode ser feita a partir de software de captura/gravação de
tela ou é possível, pelo programa Power Point, criar uma apresentação narrada. Para essa
produção, o procedimento é bastante simples: leia as instruções abaixo (de 1 a 6) ou aperte o
play e veja o tutorial...
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BAKHTIN, Mikail M. Estética da criação verbal. Tradução e Introdução: Paulo Bezerra, 6. ed. SãoPaulo: WMF Martins Fontes, 2011. DICIONÁRIO MICHAELIS. Disponível em: Acesso
em 25 de maio de 2020, às 02h55m. SIGNIFICADOS. Disponível em: Acesso em: Acesso em 25de maio de 2020, às 02h55m.
Referências
Dica de leitura
SILVA, Priscilla C. D. et al. Afetividade nas interações em AVA: um estudo sobre a interação em
educação a distância. In: Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância (RBAAD). SãoPaulo, v. 14, 2015,
https://youtu.be/VACTDgkv4Y4https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2014/12/lista-tem-cinco-programas-gratuitos-para-gravar-tela-do-seu-computador.htmlhttps://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2014/12/lista-tem-cinco-programas-gratuitos-para-gravar-tela-do-seu-computador.htmlhttp://seer.abed.net.br/index.php/RBAAD/article/view/261/174
-
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