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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    EMANUELLE RENCK

    COMPARAO ENTRE AS EMBARCAES PESQUEIRAS QUE PRATICAM O

    MTODO DE CERCO CONSTRUDAS NO VALE DO ITAJA E PERU

    JOINVILLE2014

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    EMANUELLE RENCK

    COMPARAO ENTRE AS EMBARCAES PESQUEIRAS QUE PRATICAM O

    MTODO DE CERCO CONSTRUDAS NO VALE DO ITAJA E PERU

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado ao Curso de Graduao em

    Engenharia Naval da Universidade

    Federal de Santa Catarina como requisito

    parcial para a obteno do ttulo deEngenheiro Naval.

    Professor Orientador: Ricardo Aurlio Quinhes Pinto.

    Joinville

    2014

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    EMANUELLE RENCK

    COMPARAO ENTRE AS EMBARCAES PESQUEIRAS QUE PRATICAM O

    MTODO DE CERCO CONSTRUDAS NO VALE DO ITAJA E PERU

    Este Trabalho de Concluso de Curso foi julgado adequado para obteno do Ttulo

    de Engenheiro Naval, e aprovado em sua forma final pela comisso examinadora e

    pelo Curso de Graduao em Engenharia Naval da Universidade Federal de SantaCatarina.

    Joinville, 02 de Dezembro de 2014.

    ________________________

    Prof. Thiago Pontin Tancredi

    Coordenador do Curso

    COMISSO EXAMINADORA:

    __________________________

    Prof. Ricardo Aurlio Quinhes Pinto.

    Orientador

    __________________________

    Prof. Luiz Eduardo Bueno Minioli

    __________________________

    Prof. Thiago Pontin Tancredi.

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    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Maria Eliete e Leomar, meu irmo Lucas, minhas queridas

    avs e ao meu av e a toda minha famlia que me incentivou a seguir em frente

    sempre com muito carinho palavras de apoio.

    A todos os meus professores que me acompanharam e me ajudaram a

    crescer no apenas como aluno durante toda graduao.

    Ao professor Ricardo Aurlio Quinhes Pinto pela pacincia e pelas ideias

    durante a orientao.

    A todos os meus amigos que fizeram de Joinville um lugar especial. Que

    nossa amizade conhea as fronteiras dessa cidade e sempre faa parte de nossas

    vidas.

    A todas as pessoas que se dispuseram a conversar e prestar entrevistapara a realizao desse trabalho.

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    RESUMO

    A regio do Vale do Itaja conhecida como o maior polo pesqueiro brasileiro,

    onde grande parte da produo de pescado no estado de Santa Catarina

    desembarcada. Os municpios de Itaja e Navegantes possuem estrutura para

    atender ao setor pesqueiro, construindo as embarcaes pesqueiras nacionais mais

    tecnolgicas. Assim, o presente trabalho aborda de forma sucinta a situao nessa

    regio em relao s ltimas embarcaes construdas que praticam o mtodo decerco e como elas se encontram em questes de equipamentos eletrnicos e de

    artes de pesca para o convs. O objetivo principal comparar essas embarcaes

    com as construdas no Peru, na qual, praticam o mesmo mtodo de captura para

    espcies-alvo semelhantes (sardinha / anchoveta). Para este levantamento foram

    feitas entrevistas semi-estruturadas com pessoas que trabalham nos diferentes

    ramos que englobam as embarcaes pesqueiras, desde tripulao a engenheiros.

    Como resultados verificou-se que o Peru est mais bem estruturado em termos deprojeto e construo de embarcaes pesqueiras que praticam o mtodo de cerco,

    alm de que suas embarcaes possuem maiores dimenses, so mais bem

    equipadas e possuem equipamentos de convs que no so usadas em

    embarcaes brasileiras.

    Palavras-chave: Pesca Industrial com rede cerco. Traineira. Vale do Itaja. Peru.

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    ABSTRACT

    The Vale do Itaja region is known as the largest Brazilian fishing hub, where

    most of the fishery production in Santa Catarina is landed in this area. The towns of

    Itaja and Navegantes have structure to attend the fishing sector, building the most

    technological national fishing vessels. Thus, this paper briefly describe the situation

    in the region , in relation of the latest purse seiners built and how it are on issues of

    electronic equipment and fishing gear on deck. The main objective is to compare

    these vessels to the ones built in Peru, which practice the same method of capture,the purse seine, for similar target species (sardine / anchovy). For this survey were

    made semi-structured interviews with people who work in different sectors that

    encompass the fishing vessels, from crew to engineers. The results showed that

    Peru is much better structured in terms of design and construction of fishing vessels

    and that its purse seiners are larger, better equipped and have deck equipment that

    are not used on Brazilian vessels.

    Keywords: Purse Seine industrial fishery. Purse seiner. Vale do Itaja. Peru.

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    MPA Ministrio da Pesca e Agricultura

    EPAGRI Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa

    Catarina

    PROFROTA Programa Nacional de Financiamento da Ampliao e Modernizao

    da Frota Pesqueira Nacional

    SUDEPE Superintendncia para o Desenvolvimento da Pesca

    UNIVALI Universidade do Vale do Itaja

    SINDIPI Sindicato dos Armadores e das Indstrias da Pesca de Itaja e

    Regio

    CCTmar Centro de Cincias Tecnolgicas da Terra e do Mar

    FAO Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura

    GEP Grupo de Estudo Pesqueiro

    RSW Refrigerao por gua do mar

    AB Arqueao Bruta

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    SUMRIO

    1. INTRODUO .................................................................................................................................. 10

    2. FUNDAMENTAO TERICA........................................................................................................ 14

    2.1 PESCA......................................................................................................................................... 14

    2.1.1 PESCA ARTESANAL .......................................................................................................... 16

    2.1.2 PESCA INDUSTRIAL........................................................................................................... 19

    2.2 CARACTERIZAO DA INDSTRIA DE PESCA CATARINENSE ......................................... 21

    2.3 EMBARCAES PESQUEIRAS INDUSTRIAIS ....................................................................... 23

    2.4 MODALIDADES DE PESCAS .................................................................................................... 26

    2.4.1 ARRASTO DE PORTAS NICO.......................................................................................... 28

    2.4.2 ARRASTO DE PORTAS COM DUAS EMBARCAES.................................................... 28

    2.4.3 ARRASTO DE PORTAS COM TANGONES ....................................................................... 28

    2.4.4 REDE DE EMALHAR FLUTUANTE E DE FUNDO............................................................. 29

    2.4.5 REDE DE CERCO ................................................................................................................ 29

    2.4.6 ESPINHEL SUPERFICIAL E DE FUNDO............................................................................ 33

    2.4.7 VARA E ISCA VIVA.............................................................................................................. 33

    2.5 DESEMPENHO DOS DESEMBARQUES POR MODALIDADE ................................................ 333. EMBARCAES PESQUEIRAS MTODO DE CERCO ................................................................ 36

    3.1 TRAINEIRAS ARTESANAIS E INDUSTRIAIS ........................................................................... 37

    3.2 TRAINEIRAS EM RELAO AO ARRANJO DO CONVS ..................................................... 39

    3.3 TRAINEIRAS SEGUNDO ESPCIE-ALVO DE CAPTURA ....................................................... 40

    3.4 TRAINEIRAS SEGUNDO A SUA TTICA ................................................................................. 43

    4. EQUIPAMENTOS ............................................................................................................................. 44

    4.1 EQUIPAMENTOS DE CONVS ................................................................................................. 44

    4.1.1GUINCHO DE CERCO .......................................................................................................... 444.1.2 POWER BLOCK................................................................................................................... 46

    4.1.3 ROLO TRIPLO...................................................................................................................... 47

    4.1.4 ESTIVADOR (ESPALHADOR) ............................................................................................ 49

    4.1.5 PETREL V-SHEAVES.......................................................................................................... 50

    4.1.6 TAMBOR DE REDE ............................................................................................................. 51

    4.1.7 SARICO (BRAILER)............................................................................................................. 51

    4.1.8 BOMBA DE SUCO DE PEIXE........................................................................................ 53

    4.1.9 GRUA.................................................................................................................................... 55

    4.1.10 ROLO DE BORDA.............................................................................................................. 56

    4.1.11 PATESCA........................................................................................................................... 57

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    4.2 SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO ............................................................................................. 57

    4.2.1SISTEMA DE ARMAZENAMENTO POR GELO .................................................................. 57

    4.2.2 SISTEMA DE REFRIGERAO PELA GUA DO MAR.................................................... 58

    4.2.3 SALMOURA ......................................................................................................................... 594.2.4 SISTEMA DE CONGELAMENTO A SECO ......................................................................... 60

    4.3 REDE DE CERCO .......................................................................................................................... 60

    4.4 EQUIPAMENTOS ELETRNICOS ............................................................................................ 61

    4.4.1 RADAR ................................................................................................................................. 62

    4.4.2 PILOTO AUTOMTICO ....................................................................................................... 62

    4.4.3 GPS....................................................................................................................................... 63

    4.4.4 ECO SONDA ........................................................................................................................ 63

    4.4.5 NETSONDA.......................................................................................................................... 64

    4.4.6 SONAR ................................................................................................................................. 64

    4.4.7 RDIO................................................................................................................................... 65

    5. ESTUDO DE CASO A ...................................................................................................................... 66

    5.1 CARACTERISTICAS DAS TRAINEIRAS DA REGIO DO VALE DO ITAJA ......................... 67

    5.1.1 MTANOS SEIF...................................................................................................................... 70

    5.2 CONSTRUES DE NOVAS TRAINEIRAS.............................................................................. 73

    5.2.1 NABIHA JORGE SEIF ......................................................................................................... 74

    5.2.2 TRIMAR XVI e TRIMAR XVII ............................................................................................... 76

    6. ESTUDO DE CASO B ...................................................................................................................... 80

    6.1 SRIE INCAMAR ........................................................................................................................ 84

    7. RESULTADOS.................................................................................................................................. 87

    8. CONCLUSO E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................... 89

    8.1 CONCLUSO.............................................................................................................................. 89

    8.2 SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS ......................................................................... 91

    9. REFERNCIAS................................................................................................................................. 92

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    1. INTRODUO

    A regio de Itaja considerada como o centro da pesca industrial moderna

    no Brasil, onde se encontram os barcos mais bem equipados nesse setor, quando

    comparados aos de outras regies brasileiras. Porm, muitas das embarcaes de

    pesca industrial foram construdas h muitos anos e no se renovaram ao longo do

    tempo. Elas tambm carecem de tecnologia para a realizao de viagens a longas

    distncias da costa, conservao do pescado no mar, captura intensiva e segurana

    da tripulao a bordo.Os fatos mencionados no se limitam a essa regio, pois toda a costa

    brasileira tm apresentado srias dificuldades em relao s embarcaes

    pesqueiras industriais. Segundo o MPA1 (2014), os problemas esto relacionados

    com a defasagem tecnolgica associada s diversas etapas da cadeia produtiva,

    excesso de esforo da pesca e a baixa qualidade dos produtos pesqueiros.

    A fim de aprimorar e desenvolver a frota pesqueira nacional e a sua

    construo, o governo federal criou em 2004 o Programa Nacional de Financiamento

    da Ampliao e Modernizao da Frota Pesqueira Nacional - Profrota Pesqueira que

    tem por finalidade fornecer crdito atravs de financiamentos para aquisio,

    construo, conservao e modernizao de embarcaes para empresas

    industriais. Aps 4 anos com o programa estagnado, devido a dificuldade de muitos

    armadores em atender s exigncias, o plano governamental retornou em 2014

    adequando-se melhor a realidade dos armadores.

    Alm do investimento por parte do governo fundamental valorizar os

    estudos e pesquisas relacionados s embarcaes pesqueiras nacionais. Assim

    pode-se adquirir e renovar o contedo sobre essa rea, reconhecendo os elos onde

    h fraqueza e o porqu do seu desenvolvimento parecer estar estagnado. E nesse

    contexto que o presente trabalho deseja contribuir com informaes e dados teis.

    Com esses investimentos no setor naval almeja-se que as embarcaes

    tornem-se cada vez mais eficientes para a produo do pescado, acarretando em

    menores custos das operaes de pesca, menor tempo gasto no trabalho, maior

    1 MPA Pesca Indutrial. Disponvel em:< http://www.mpa.gov.br/index.php/pesca/industrial>. Acesso em

    Julho de 2014.

    http://www.mpa.gov.br/index.php/http://www.mpa.gov.br/index.php/
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    lucratividade, maior volume de pescado capturado, entre outros. Com embarcaes

    eficientes o Estado catarinense e os outros no Brasil podem se tornar mais

    competitivos e fortalecer o mercado interno.

    O objetivo deste trabalho elaborar um levantamento das caractersticas de

    embarcaes pesqueiras de cerco, tambm conhecidas como traineiras, atuantes na

    pesca industrial, principalmente na pesca da sardinha, e construdas no Vale do

    Itaja. A escolha pela traineira devido a sua importncia na regio, onde elas foram

    responsveis por desembarcar 67.840 toneladas nas cidades de Itaja, Navegantes

    e Porto Belo, de um total 68.094 no estado catarinense. O foco nas ltimas

    traineiras construdas na regio, onde elas sero comparadas com embarcaes do

    Peru, pas destaque na produo pesqueira atravs do mtodo estudado.

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    1.1 METODOLOGIA

    A metodologia utilizada nesse trabalho baseou-se em uma pesquisa

    exploratria e em entrevistas semi-estruturadas. A pesquisa exploratria

    proporcionou ao autor maior conhecimento sobre o assunto estudado, atravs de

    extensa pesquisa bibliogrfica e estudo de caso. Na entrevista semi-estruturada foi

    possvel levantar dados e caractersticas das embarcaes que praticam o mtodo

    de cerco, alm de possibilitar melhor discernimento sobre o assunto.

    Objetivando preservar a identidade dos entrevistados os nomes foram

    alterados. Ao total foram ouvidos uma mulher e 10 homens, entre eles esto:a) Sr. Joo funcionrio, no setor de coordenadoria, do Sindicato dos

    Armadores e das Indstrias da regio do Vale do Itaja;

    b) Sr. Ricardo engenheiro responsvel por diversos projetos de embarcaes

    pesqueiras que esto sendo construdas em Itaja e Navegantes;

    c) Sr. Carlos administrador de um estaleiro em Itaja que parou de construir

    embarcaes pesqueiras;

    d) Sr. Otvio gerente de produo de um estaleiro em Itaja, na qual constri erepara embarcaes pesqueiras de madeira e ao;

    e) Sr. Antnio armador de embarcaes pesqueiras de diversas modalidades;

    f) Sr. Fernando chefe de frota de uma empresa de pescado peruana;

    g) Sr. Jos capito de navio pesqueiro no Peru;

    h) Sr. Leandro gerente do desembarque de pescado de uma empresa de

    captura e comrcio de pescados em Itaja;

    i) Sr. Rodrigo comandante de pesca de uma embarcao de cerco construdaem Itaja;

    j) Sr. Joo tripulante de uma embarcao de cerco construda em Itaja;

    k) Sra. Marcela gerente de uma empresa revendedora de equipamentos

    eletrnicos.

    Para a caracterizao das traineiras catarinense, foram analisadas suas

    dimenses principais, material do casco, equipamentos utilizados para a pesca,

    motorizao, tripulao e sistema de armazenamento, que os entrevistados

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    apontaram como principais itens que identificam as boas qualidades pesqueiras de

    uma embarcao.

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    2. FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 PESCA

    A pesca faz parte da vida humana h muitos anos, sendo ela anterior

    agricultura. Alguns mtodos so to antigos que pesquisadores se baseiam em

    indicaes arqueolgicas e etnolgicas para datar a utilizao deles. H anzis, por

    exemplo, esculpidos em madeira e osso que foram encontrados em stios datados

    de 8000 a.C. e existem registros que no Egito por volta de 2000 a.C., redes e arpes

    eram manuseadas pela populao (JENNINGS; KAISER; REYNOLDS, 2001).

    Antes de o Brasil ser colonizado pelos portugueses, os indgenas j

    praticavam a pesca como forma de subsistncia. Peixes, crustceos e moluscos

    eram alimentos de grande importncia para sua dieta alimentar (DIEGUES, 1999).

    As tribos nativas possuam sua prpria tcnica para a construo de canoas e

    artefatos utilizados na captura do pescado.

    Anos mais tarde a atividade pesqueira brasileira foi influenciada por diferentes

    pases, destacando-se Portugal e Espanha. E foi atravs da presena marcante da

    pesca que diversas culturas regionais se desenvolveram, entre elas: jangadeiro, em

    todo o litoral do Nordeste; caiara, na regio litornea entre o Rio de Janeiro e So

    Paulo e a cultura aoriana, no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul

    (DIEGUES, 1999).

    At nos anos 30, a atividade pesqueira era voltada para a pequena produo

    mercantil. Os pescadores ao redor da costa brasileira, excluindo aqueles quehabitavam grandes centros urbanos, praticavam a agricultura e a pesca. A partir

    dessa dcada, a pesca da sardinha atravs do mtodo de cerco foi inserida em

    algumas regies, provocando mudanas tecnolgicas significativas. Grandes

    volumes capturados aliados estruturao industrial do ramo originaram a uma

    desvinculao da produo de baixa escala para assumir um carter comercial

    (DIEGUES, 1983).

    Aproximadamente 30 anos mais tarde, na dcada de 60 , a indstriapesqueira recebeu apoio do governo brasileiro, por intermdio do rgo da Sudepe,

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    onde foram concedidos incentivos fiscais. Aps uma dcada dessa implementao a

    pesca comercial teve seu auge, seguida de uma grande crise nos anos 80. Os

    principais motivos para essa ocorrncia foram rpida sobre pesca de algumas

    espcies de pescado e a recesso econmica no pas (DIEGUES, 1999).

    Como ressalta o artigo 36 para os efeitos da Lei de Crimes Ambientais

    considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender

    ou capturar espcimes dos grupos dos peixes, crustceos, moluscos e vegetais

    hidrbios2, suscetveis ou no de aproveitamento econmico, ressalvadas as

    espcies ameaadas de extino, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora

    (BRASIL, Lei n 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998, 1998).

    Segundo o IBGE a costa brasileira entende-se pelo Oceano Atlntico atravsde 7.367 km onde no se observa acidentes geogrficos de expresso3. O extenso

    costado brasileiro, grandes rios e afluentes podem ser vistos como um potencial

    para a atividade pesqueira.

    Segundo o 1 Anurio Brasileiro da Pesca e Aquicultura (2014) a atividade

    pesqueira brasileira, pesca extrativa e aquicultura, gera um PIB nacional de R$ 5

    bilhes, proporcionando 3,5 milhes de empregos diretos e indiretos. A expectativa

    da FAO que em 2030 o Brasil torne-se um dos maiores produtores de pescado domundo, com um total de 20 milhes de toneladas por ano, aproximadamente 18,6

    milhes a mais do que foi produzido em 2011 (1 ANURIO BRASILEIRO DA

    PESCA E AQUICULTURA, 2014).

    Alm da sua principal funo, fornecer alimento, seja para o consumo prprio ou

    para o comrcio, a pesca empregada como importante atividade econmica e de

    lazer. usualmente classificada em trs categorias:

    (1) Esportiva/ recreativa (amadora);(2) Subsistncia (amadora);

    (3) Comercial (profissional).

    A pesca esportiva/recreativa a modalidade onde o praticante o faz por hobby,

    esporte ou como meio de recreao, sem que dela dependa a subsistncia do

    pescador.

    2So seres autotrficos aquticos empregados como recursos pesqueiros ou ligados a cadeias trficasmantendo esse tipo de recurso. Segundo Instituto Chico Mendes. Disponvel em: . Acesso em Agosto de 2014.3 Acidentes geogrficos de expresso so reas onde a terra e o mar coexistem harmoniosamente.

    http://www.icmbio.gov.br/sisbio/duvidas-frequentes/32-vegetais-hidrobios.htmlhttp://www.icmbio.gov.br/sisbio/duvidas-frequentes/32-vegetais-hidrobios.html
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    Na pesca de subsistncia, o pescado utilizado como fonte de alimento de quem

    pesca e de sua famlia. Nessa atividade extrativista no h como finalidade o

    comrcio ou escambo.

    A pesca comercial a atividade pesqueira com fins comerciais, pode ser

    segmentada em funo da proporcionalidade na produo. Sendo a proporo de

    baixa escala tem-se a pesca artesanal, j para mdia e alta a pesca conhecida

    como empresarial ou industrial.

    Segundo o Diagnstico da Cadeia Produtiva da Pesca Martima no estado do

    Rio de Janeiro (2009, p. 146) a atividade pesqueira a ao de capturar espcies

    em regies marinhas, estuarinas ou continentais e posteriormente vend-las. Essa

    prtica necessita de um esforo para a obteno do pescado, que pode sersimplificado pela seguinte equao.

    = [ , , anzis, ]

    Onde a captura faz referncia a quantidade de pescado em quilos adquirido

    durante o esforo, que pode ser em termos de tempo (hora), lance, nmero de

    anzis ou por viagem.

    2.1.1 PESCA ARTESANAL

    A pesca artesanal caracterizada por ser praticada em regime familiar e/ou

    por pequenas comunidades, que fazem uso de embarcaes de pequeno porte ou

    at mesmo sem embarcaes, em regies costeiras e estuarinas. Esse tipo de

    pesca tem valor cultural, devido s tradies nessa associada, como festas, lendas,

    mtodos e apetrechos de pesca (LINS, 2011).

    As embarcaes pesqueiras artesanais podem ser particularizadas por

    possurem at 20 toneladas de registro bruto, geralmente construdas de madeira,

    com meios de produo mecanizados ou no. O que pode ser visto no Brasil,

    atualmente, que os pescadores artesanais apesar de, geralmente, possurem o

    conhecimento tradicional sobre pesca utilizam baixo capital e meios acessveis de

    produo, caracterizando a utilizao de uma sistemtica simples, algumas vezes

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    defasado e com baixos nmeros de produo de acordo com a Secretaria de Estado

    de Pesca e Aquicultura do Par4.

    Para fins de legislao a pesca artesanal pode ser definida, como ressalta o

    artigo Art. 8o da Pesca Comercial: a) artesanal: quando praticada diretamente por

    pescador profissional, de forma autnoma ou em regime de economia familiar, com

    meios de produo prprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado,

    podendo utilizar embarcaes de pequeno porte; (BRASIL, Lei n 11.959, de 29 de

    junho de 2009).

    De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de

    Santa Catarina EPAGRI (2004), cerca de 25 mil pescadores artesanais atuam no

    estado. Eles so responsveis, correspondente ao ano de 2011, por 23% daproduo catarinense de pescado, no ano de 2007 produziram apenas 7,36% do

    total. J no Brasil aproximadamente 45% da produo anual

    brasileira desembarcada de pescado oriunda da pesca artesanal. (MPA5, 2014).

    Os municpios onde a pesca artesanal se sobressai em Santa Catarina so

    Laguna, Itapo, Palhoa, Penha, Governador Celso Ramos, Florianpolis e Passo

    de Torres (SEVERO, 2008)

    Grfico 1 Produo pesqueira desembarcada em Santa Catarina de 1990 a 2010.

    Fonte: Autor, segundo Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina (2012).

    4 Site oficial da Secretaria de Estado Pesca e Aquicultura do Par. Disponvel em: . Acesso em Junho de 2014.5 Disponvel em : < http://www.mpa.gov.br/index.php/pesca/artesanal>. Acesso em Setembro de 2014.

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    Valoresemkgdepescado

    desem

    barcado

    Produo pesqueira em SC

    Pesca Industrial

    Pesca artesanal

    Total

    http://www.sepaq.pa.gov.br/http://www.mpa.gov.br/index.php/http://www.mpa.gov.br/index.php/http://www.sepaq.pa.gov.br/
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    A figura 1 mostra a relevncia da pesca industrial em relao pesca

    artesanal no estado de Santa Catarina. Tambm representada em forma de grfico

    como pode ser visualizado no grfico 1.

    Figura 1 Valores em quilogramas da Produo pesqueira desembarcada no estado

    catarinense, entre os anos de 1990 a 2012.

    Fonte: Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina - ano 2012.

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    2.1.2 PESCA INDUSTRIAL

    Evidenciando o artigo Art. 8o da Pesca Comercial: b) industrial: quando

    praticada por pessoa fsica ou jurdica e envolver pescadores profissionais,

    empregados ou em regime de parceria por cotas-partes, utilizando embarcaes de

    pequeno, mdio ou grande porte, com finalidade comercial; (BRASIL, Lei n 11.959,

    de 29 de junho de 2009).

    Diversos autores diferem a pesca industrial da artesanal em algumas

    caractersticas. Segundo Klippel, S. et al. (2005) as principais diferenas na pesca

    industrial so (1) uso de barcos e apetrechos com maior capacidade de produo emais tecnolgicos, (2) diviso de atividades, e (3) o armador no participa da pesca.

    De acordo com Martins (1995) a pesca artesanal se distingue da industrial

    pelas seguintes caractersticas (1) no utilizao de embarcaes ou com

    comprimento de at 8 metros, (2) geralmente sem sistema de refrigerao, e (3)

    menor poder de pesca, por conseguinte, rea de atuao menor.

    Apesar de ser comum aos autores caracterizarem as diferenas significativas

    entre esses dois tipos de pesca comercial, a atividade pesqueira pode variarconforme a regio e armador, o que dificulta uma classificao exata. Para fins do

    trabalho, como definido anteriormente, a atividade pesqueira pode ser classificada

    como: pequena, mdia e grande escala.

    A pesca industrial captura altos volumes de pescado com finalidade mercante.

    Essa mercadoria, alm de introduzida no mercado nacional, s vezes exportada,

    como o caso do camaro e da lagosta, ambos ocupam grande espao na

    exportao brasileira (1 Anurio brasileiro da Pesca e Aquicultura, 2014).Outros pescados so utilizados na indstria, onde so processados e estocados

    para posterior venda. Exemplos comuns da industrializao do pescado so os

    cortes especiais de sua carne, como postas ou fils e o enlatamento de suas partes.

    O quadro 1 representa as principais diferenas, de forma generalizada, entre

    a pesca artesanal e a industrial observadas no Brasil.

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    Quadro 1 Principais diferenas entre a Pesca Artesanal e a Pesca Industrial.

    Pesca Artesanal Pesca Industrial

    Tamanho

    embarcao Pequeno Mdio/Grande

    Trabalho Familiar/Comunidade

    Vnculo empregatcio com o

    armador

    Local da pesca Costa/Esturio

    Costa/Zona pelgica e demersal

    (regio ocenica)

    Destino do

    pescado

    Geralmente mercado

    local Mercado/Indstria/ExportaoAutonomia At 24 horas De dois a alguns dias

    Tcnicas

    Rudimentares/Baixa

    tecnologia

    Sofisticadas/Emprego de

    Tecnologia

    Capacidade

    produo Baixa Mdia/ Alta

    Fonte: Autor.

    Na pesca industrial h diviso das tarefas entre a tripulao, isso ocorredevido ao porte da embarcao, sua autonomia no mar e tambm em funo da

    tecnologia empregada na operao. O nmero de integrantes varia conforme o

    mtodo de pesca utilizado e da automatizao dos equipamentos. Entre as funes

    existentes esto o mestre, contramestre, gelador, proeiro, cozinheiro, motorista e os

    homens de convs (DIEGUES, 1983, p.119).

    As embarcaes pesqueiras industriais possuem mecanizao para o seu

    deslocamento e tambm no desenvolvimento do processo de captura, um exemplo

    a automatizao no lanamento e o recolhimento das redes. Os equipamentos

    eletrnicos como o sonar, sonda, radar, GPS6 e rdio so fundamentais para a

    localizao de cardumes, navegao e a segurana envolvida no trecho percorrido.

    Os apetrechos e equipamentos influenciam diretamente na produtividade alcanada.

    Segundo o MPA7 (2014), quando se trata de pesca industrial empresarial , a

    empresa a responsvel pela embarcao e pelos equipamentos utilizados para a

    6 Sistema de Posicionamento Global (do ingls global positioning system, GPS)7 MPA. Pesca Industrial. Disponvel em:< http://www.mpa.gov.br/index.php/pesca/industrial>. Acesso em

    Julho de 2014.

    http://www.mpa.gov.br/index.php/http://www.mpa.gov.br/index.php/
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    pesca. Ela tambm planejada em diferentes setores, podendo em alguns casos

    existir simultaneamente as etapas de captura, beneficiamento e comercializao do

    pescado.

    Com base no Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina - ano

    2012, o total de pescado desembarcado pela frota industrial no Estado de Santa

    Catarina em 2012 foi de 157.223 t, sendo que as cidades de Itaja e Navegantes

    foram responsveis por 83% desse valor.

    Segundo o mesmo Boletim os peixes sseos so os mais capturados pela

    frota pesqueira catarinense, eles representaram a aproximadamente 83% de todo o

    pescado desembarcado em 2012. Os principais peixes capturados em 2012 foram:

    sardinha-verdadeira (51.877.914 kg), bonito-listrado (20.327.163 kg), corvina(13.277.420 kg), castanha (5.384.834 kg), abrtea-de-fundo (5.173.555 kg),

    cavalinha (5.138.963 kg), sardinha-lage (3.680.126 kg).

    2.2 CARACTERIZAO DA INDSTRIA DE PESCA CATARINENSE

    O acompanhamento do desenvolvimento da produo pesqueira catarinense,

    em nmeros, acontece desde 1964. O Estado de Santa Catarina por intermdio do

    Governo do Estado e do setor pesqueiro industrial concentram seus esforos a fim

    de continuar com a gerao e a divulgao de dados estatsticos sobre a pesca

    industrial no estado.

    De acordo com o Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral do Brasil

    (2004), a publicao mais antiga sobre dados relativos estatstica pesqueira em

    Santa Catarina de 1964, onde atravs do Centro de Pesquisas de Pesca foi

    publicado o boletim Produo Pesqueira de Santa Catarina. A partir dessa data

    iniciou-se o levantamento de dados a cerca do desembarque de pescado. Nos anos

    seguintes novas entidades apoiaram essa pesquisa, como exemplo a extinta

    Superintendncia do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) e a Organizao das

    Naes Unidas para Alimentao e Agricultura (FAO).

    Em 1999, o boletim ganhou novos apoios e foi chamado de BoletimEstatstico da Pesca Industrial. Atualmente a ltima publicao ganhou reforo com

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    o convnio 3359/20138 e alm dos valores da produo pesqueira anual e mensal

    da pesca industrial de Santa Catarina, ela traz resultados discriminados por

    modalidades, espcies, cidades, entre outros.

    Segundo Oliveira (2013) 9 apenas Santa Catarina e Rio de Janeiro trabalham

    com boletins estatsticos no setor de produo relacionado pesca industrial. Os

    outros estados brasileiros apresentam seus dados com base em estimativas.

    Atravs da publicao do Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa

    Catarina10 referente ao ano de 2012, notaram-se significativos resultados, que

    evidenciam a importncia dessa atividade no Estado. Em 2012 foram

    desembarcadas 157 mil toneladas, um recorde na produo pesqueira,

    considerando os ltimos 22 anos. Alm disso, o Estado foi apontado como o maiorprodutor de pescado de origem marinha e de sediar o maior polo pesqueiro industrial

    no Brasil.

    na regio litornea do Vale do Itaja, englobando os municpios de Itaja,

    Navegantes e Porto Belo que est localizado o maior polo pesqueiro industrial do

    Brasil, responsvel por aproximadamente 90% da produo pesqueira total do

    estado catarinense. Entre os estaleiros pesqueiros sediados nessa regio, podem-se

    citar Estaleiro Felipe, Ablio Souza, Maccarini, D Leon e Santa Gertrudes. Entre asempresas que trabalham com captura e processamento de pescados, e possuem

    uma frota de embarcaes pesqueiras tem-se Costa Sul Pescados, Femepe, Cais

    do Atlntico, Rio Pesca, JS Pescados, entre outros.

    As principais modalidades de pesca industrial praticadas nos municpios de

    Itaja, Navegantes e Porto Belo so o arrasto-duplo, o arrasto simples, o cerco, o

    emalhe fundo, o espinhel de superfcie e a tcnica de vara e isca-viva (Boletim

    Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina, 2013).No ano de 2012, Itaja e Porto Belo desembarcaram grande parte de sua

    produo pesqueira utilizando do mtodo de cerco, j em Navegantes as tcnicas de

    arrasto duplo e de cerco se destacaram. Sendo assim, em Santa Catarina a frota de

    cerco considerada a mais importante e representativa em termos de tonelagem

    8 Atualmente o boletim possui parceria entre a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, a Secretaria de

    Desenvolvimento Regional de Itaja, o Sindicato dos Armadores e das Indstrias da Pesca de Itaja e Regio

    (Sindipi) e a Universidade do Vale do Itaja (Univali).

    9 Revista Sindipi, edio n 60, ano 2013, Boletins estatsticos da pesca industrial so lanados com apoio doGoverno Estadual, por Flavio Roberto Oliveira.10 Download disponibilizado no site do Grupo de Estudo Pesqueiro GEP. Disponvel

    em:. Acesso em Julho de 2014.

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    desembarcada (Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina, 2013, p.

    23).

    O Sindicato dos Armadores e das Indstrias da Pesca de Itaja e Regio

    (Sindipi) possui 300 associados, entre os quais esto armadores e indstrias, que

    geram em torno de 30 mil empregos diretos e 70 mil indiretos. Segundo os dados

    apresentados no Boletim Estatstico da Pesca Industrial de 2012, a regio de Itaja

    contribui com 90,95% dos empregos do setor no estado.

    A frota brasileira pesqueira, de acordo com o Ministrio da Pesca e

    Agricultura - MPA (2006) de aproximadamente 30 mil barcos, a grande maioria

    destinada a pesca artesanal. Em 2011, o nmero de embarcaes destinadas

    pesca industrial era por volta de cinco mil (1 Anurio Brasileiro da Pesca eAquicultura, 2014).

    2.3 EMBARCAES PESQUEIRAS INDUSTRIAIS

    Assim como a maioria das embarcaes, no momento do projeto e daconstruo as funes principais da embarcao pesqueira devem ser levadas em

    considerao, logo, o estudo das atividades a serem realizadas fundamental para

    o desenvolvimento do projeto. Outro estudo relevante o dos equipamentos, pois

    eles exercem um papel essencial na operao de captura, armazenamento e

    eventual processamento do pescado.

    Os principais requisitos nesse tipo de embarcao so responder

    adequadamente a modalidade de pesca; possuir um arranjo geral correspondentequanto disposio dos apetrechos, poro de armazenamento, casa de mquinas

    entre outros; possibilitar que a autonomia da embarcao seja garantida durante o

    perodo de pesca no mar; possuir linhas de casco que assegurem uma boa

    navegabilidade; possibilidade de navegar na rota pr-determinada (LAMB, 2003).

    Existem diversos fatores que interferem no projeto de embarcaes

    pesqueiras, segundo Arroyo (1994), as principais so:

    a) A modalidade de pesca empregada na captura (cerco, espinhel, arrasto,

    emalhe, vara e isca-viva entre outros);

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    b) Tamanho/Volume da captura a ser transportada;

    c) Clima e condio do mar no local de atuao;

    d) Distncia da costa regio de operao (tempo mnimo de trajeto);

    e) Requisitos de estabilidade e velocidade;

    f) Quantidade de tripulantes e quantas cabines sero necessrias para a

    acomodao;

    g) Autonomia mxima durante a pescaria;

    h) Regulamentos governamentais.

    Segundo Endal (data desconhecida) o casco a principal parte da estrutura

    de uma embarcao e o mesmo deve satisfazer os seguintes requisitos:i. Flutuar com a carga desejada no projeto;

    ii. Possuir estrutura e ser forte o suficiente para resistir s foras estticas

    causadas pelo prprio peso e pela carga, e foras dinmicas provenientes

    mar (ondas etc.);

    iii. Perfil hidrodinmico;

    iv. Ser adequado para a tripulao exercer suas tarefas, funcionando como um

    local de trabalho.

    As embarcaes pesqueiras industriais podem ser construdas em diferentes

    materiais. Os materiais mais comuns so de madeira, polmero, ao e alumnio. A

    escolha do material regida nas decises referente aos custos e nos requisitos de

    construo. A madeira j no um material muito empregado na construo de

    novas embarcaes de pesca, devido aos altos valores e a sua manuteno. Outro

    fator para a queda no uso da madeira est relacionado com legislaes ambientais econsequentemente a pouca disponibilidade de madeiras nobres no mercado.

    Em Santa Catarina os elevados preos de madeira de alta qualidade

    prejudicam a construo naval, onde vrios estaleiros trabalhavam com essa

    matria prima, como o caso do D Leon, Estaleiro Felipe e Estaleiro Santa

    Gertrudes. Atualmente muitos deles se dedicam a rea de reparo das embarcaes

    j construdas.

    A estabilidade um fator muito importante para todas as embarcaes, com

    as pesqueiras no diferente, entre os fatores influenciadores esto os apetrechos,

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    as operaes de pesca, estado do mar e a superfcie livre. O projeto deve

    corresponder positivamente quanto ao critrio de estabilidade que for adotado.

    As embarcaes pesqueiras industriais possuem mecanizao para a sua

    navegao e tambm no desenvolvimento do processo de captura, um exemplo o

    lanamento e o recolhimento das redes (DIAS NETO; MARRUL FILHO, 2003, p. 13).

    Os apetrechos e os equipamentos eletrnicos para deteco de cardumes

    influenciam diretamente na produtividade alcanada em cada captura. J o GPS e

    rdio so fundamentais na navegao e segurana envolvida no trecho percorrido.

    Para conhecer os tipos mais comuns de embarcaes pesqueiras devem-se

    conhecer os mtodos de pescas industriais realizados. No Captulo 2.3 esto

    listadas essas embarcaes industriais existentes conforme a modalidade praticada.Os navios indstrias so identificados pelo fato que alm de capturar o

    pescado, eles so capazes de process-lo a bordo, conservando-o em boas

    condies at na hora do desembarque. O processamento varia conforme a

    espcie, o mercado que se deseja alcanar e os requisitos do armador. Entre as

    operaes que o pescado pode ser submetido esto a filetagem, corte, esfola,

    descasque, refrigerao e congelamento (DGRM)11.

    Entre algumas caractersticas que, geralmente, essas embarcaes possuemem comum so: grandes dimenses, alta autonomia, grande capacidade de

    armazenamento, alta tecnologia empregada.

    De acordo com a FAO12, uma frota pesqueira de navios-indstrias e de navios

    de arrasto/indstria foi construda pelo bloco sovitico entre os anos de 1960 a

    1980, onde os maiores navios possuam cerca de 8.000 toneladas de arqueao

    bruta e mais de 120 metros de comprimento. No Brasil ainda no foi construdo

    nenhum navio fbrica.

    11 Site do governo de Portugal sobre a Direo-Geral de Recursos Naturais, Segurana e Servios Martimos.

    Disponvel em:< http://www.dgrm.min-

    agricultura.pt/xportal/xmain?xpid=dgrm&actualmenu=8580&selectedmenu=106019&xpgid=genericPage&conteudoDetalhe=108653>. Acesso em Outubro de 2014.12 Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura que trabalha no combate fome e

    pobreza. Disponvel em:< http://www.fao.org/fishery/topic/13635/en>. Acesso em junho de 2014.

    http://www.dgrm.min-/http://www.dgrm.min-/
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    2.4 MODALIDADES DE PESCAS

    Como relata Andrade (1998, p. 5) h sete principais tipos de pesca industrial

    em relao captura do pescado em Santa Catarina. Abaixo so listados os

    principais tipos e o nome da frota utilizada para cada tipo de pescaria.

    a) Arrasto de portas nico - frota de arrasteiros simples;

    b) Arrasto de portas com duas embarcaes - frota de parelhas;

    c) Arrasto de portas com tangones - frota de camaroeiros;

    d) Rede de emalhar flutuante e de fundo frota de caceio;e) Rede de cerco - frota de traineiras;

    f) Espinhel superficial e de fundo - frota de espinheleiros;

    g) Vara e isca-viva - frota de vara e isca-viva.

    No grfico 2 mostra a porcentagem de cada frota em relao ao total

    registrada no estado de Santa Catarina, em 2008. As frotas esto separadas por

    mtodo que praticam e a pesca por arrasto de portas com tangones que possui a

    maior frota em Santa Catarina, cerca de 280 embarcaes.

    Grfico 2 Porcentagem de cada frota em relao ao total de embarcaes catarinenses

    registradas no ano de 2008.

    Fonte: Autor, segundo dados do Grupo de Estudo Pesqueiro (GEP13).

    13 Grupo de Estudo Pesqueiro da Univali em convnio com outras entidades, promovendo pesquisas voltadas a

    estatsticas e projetos, como exemplo o IGEPESCA. Disponvel em: . Acesso em Agosto de 2014.

    4%5%

    37%

    20%

    15%

    11%

    5%

    3%

    Frota pesqueira catarinense

    Arrasteiros simples

    Parelhas

    Camaroeiros /tangoneiros

    Caceio

    Traineiras (rede de cerco)

    Espinheleiros

    Vara e isca-viva

    Outros

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    De acordo com o Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense (2013, p.

    33) a tabela 1, lista a modalidade seguida do nmero de embarcaes diferentes, de

    cada tcnica, que atuaram durante o ano de 2012, na pesca industrial em Santa

    Catarina e qual foi o seu rendimento mdio por ms (Kg/viagem).

    O mtodo que apresentou o maior rendimento mdio por ms, no ano de

    2012 em Santa Catarina, foi o vara e isca-viva, seguido pelo Arrasto de portas com

    duas embarcaes. Um dos motivos que leva a tcnica da vara e isca-viva ser mais

    rentvel devido espcie-alvo de captura, peixes maiores, que agregam maior

    peso por unidade pescada.

    Tabela 1- Embarcaes pesqueiras industriais de Santa Catarina, total de embarcaes

    atuantes em cada modalidade e o seu rendimento mdio mensal.

    Embarcao Total de barcos Rendimento [ ]

    Arrasteiros com tangones 276 17.167

    Arrasteiros de Parelhas 28 64.786

    Arrasteiros simples 25 49.996

    Traineira 102 29.671

    Caceio de fundo 153 17.797

    Espinheleiro de superfcie 91 11.496

    Espinheleiro de fundo 7 15.534

    Vara e isca-viva 38 85.591

    Fonte: Autor, baseado no Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense (2013, p. 33).

    Nos prximos tpicos so apresentadas as principais modalidades atuantes

    na pesca industrial em Santa Catarina.

    O mtodo de arrasto pode ser classificado de acordo com a conformao das

    embarcaes e redes e do procedimento da operao, como escrito no tpico

    anterior so o arrasto simples/de portas nico (otter trawl), arrasto duplo/de portas

    com tangones (double-rig trawl) e arrasto de parelha/ de portas com duas

    embarcaes (pair trawl).

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    2.4.1 ARRASTO DE PORTAS NICO

    No arrasto de portas nico utilizado apenas uma embarcao e uma nica

    rede cnica com hidroportas ou portas. A operao de pesca ocorre atravs do

    lanamento da rede que tracionada pela popa e conforme a embarcao avana, a

    captura vai ocorrendo. A profundidade que a rede atuar e a durao variam

    conforme escolha do armador e/ou comandante de pesca.

    2.4.2 ARRASTO DE PORTAS COM DUAS EMBARCAES

    Essa modalidade tambm conhecida com arrasto de parelha. A operao de

    captura exercida por duas embarcaes na qual apenas uma delas lana e recolhe

    a rede. Entretanto no momento do arrasto as duas sero utilizadas para deslocar a

    rede. A rede possui grandes dimenses e seu formato cnico. As embarcaes

    geralmente possuem o mesmo porte e no momento da captura devem se portar de

    maneira similar, navegando com velocidade uniforme e mantendo a distncia

    constante (GEP14).

    2.4.3 ARRASTO DE PORTAS COM TANGONES

    Tambm conhecido como arrasto duplo, nessa modalidade so utilizadas

    duas ou mais redes cnicas para a captura do pescado. As redes possuem um par

    de portas retangulares em cada extremidade para evitar que a ela se feche. As

    redes podem ser utilizadas paralelamente, pois a embarcao pesqueira dessa

    modalidade possui tangones15. Elas variam de malha conforme o que se deseja

    14 Arrasto de Parelhas GEP. Disponvel em: . Acesso em Agosto de 2014.15 Grandes braos laterais nos quais se fixam os cabos de trao das redes, fixando as mesmas. Os tangones

    so dispostos em cada lado da embarcao e permitem o arrasto simultneo de redes iguais e as mantem

    afastadas do barco.

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    capturar, as malhas mais finas so adequadas para o arrasto de camares, por

    exemplo (GEP16).

    2.4.4 REDE DE EMALHAR FLUTUANTE E DE FUNDO

    Na tcnica de pesca por emalhe a captura ocorre atravs da reteno do

    pescado nas malhas da rede de emalhe, tambm conhecida como rede de espera.

    Segundo o GEP17, na frota industrial de Santa Catarina, so armadas de 200 a 400

    redes, em uma operao de pesca, cada uma com 50 metros e unidas entre si. Asredes so armazenadas e lanadas da popa da embarcao, elas permanecem no

    mar de 8 a 12 horas. A captura dos peixes ocorre atravs da coliso e do

    emaranhamento deles com a rede. Aps o tempo determinado, a rede recolhida

    por um guincho localizado prximo a proa.

    2.4.5 REDE DE CERCO

    Segundo Valentini e Pezzuto (2006) o mtodo de pesca pela rede de cerco

    iniciou na dcada de 40 no Brasil e sempre teve como espcie-alvo a sardinha-

    verdadeira. Entretanto, nos ltimos anos com a queda na produo desse recurso, a

    frota de traineiras diversificou a captura para outras espcies como, por exemplo, a

    tainha e a sardinha-lage (ROSSI-WONGTSCHOWSKI; VILA-DA-SILVA;

    CERGOLE, 2006). Essa modalidade tem caractersticas industriais e tradicional

    nas regies Sul e Sudeste do Brasil.

    A tcnica de pesca de cerco consiste em cercar os cardumes pelas laterais e

    tambm pelo fundo atravs da utilizao de longas e largas redes. As capturas

    16 Arrasto Duplo - GEP. Disponvel em: < http://siaiacad04.univali.br/?page=conheca_frotas_detalhes/arrasto-

    duplo>. Acesso em Julho de 2014.17 Rede de emalhar de fundo e superfcie- GEP. Disponvel em: . Acesso em Julho de

    2014.

    http://siaiacad04.univali.br/http://siaiacad04.univali.br/http://siaiacad04.univali.br/http://siaiacad04.univali.br/
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    ocorrem comumente na superfcie ou meia gua, atingindo principalmente as

    espcies pelgicas.

    De um modo geral a operao da pesca de cerco inicia pela deteco do

    cardume atravs de instrumentos eletrnicos, comumente o sonar, caracterizado no

    captulo 3.1, e tambm pela experincia do proeiro (comandante da pesca). Na

    figura 2 pode ser visualizado um sonar em funcionamento, atuando na localizao

    de cardumes de sardinhas.

    Outra prtica muito importante utilizada na localizao do cardume a

    observao de sinais ao redor da zona de pesca que pode indicar a presena de

    aglomerado de peixes, seja pela concentrao de aves marinhas, agitao na

    superfcie do mar e a presena de golfinhos (BEN-YAMI, 1994).Aps a visualizao do cardume, um bote auxiliar, denominado de panga ou

    caco lanado da embarcao principal detendo uma extremidade da rede, como

    ilustrado na figura 3. O panga permanece parado enquanto a embarcao de cerco

    circunda o cardume liberando a rede de cerco pela popa, como na figura 4.

    Figura 2 Foto ilustrativa do sonar marca Furuno modelo CSH-8L .

    Fonte: Vdeo postado por Tomas Basaldua18.

    18 Disponvel em:< https://www.youtube.com/watch?v=JUZtLPG5xHQ>. Acesso Outubro de 2014.

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    Figura 3 Ilustrao do Panga liberado da popa da embarcao de cerco.

    Fonte: Gulf of Maine Research Institute.19

    A traineira retorna a posio inicial, com o cerco j formado, e ento se inicia

    o fechamento do fundo da rede atravs do recolhimento do cabo de cerco que

    percorre por dentro de anilhas localizadas no fundo da rede, juntamente com o lastro

    dela. H embarcaes onde a rede se fecha passando uma asa para cada lado, no

    necessitando do cabo. Essa operao realizada pelo guincho de convs e de

    extrema importncia, pois atravs dela que o cardume mantm-se no cerco.

    Figura 4 Ilustrao da embarcao principal circundando o cardume na operao do

    cerco.

    Fonte: Gulf of Maine Research Institute.

    19 Herring Harvest: Purse Seining. Disponvel em: . Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.youtube.com/watch
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    Nesse momento o panga posiciona-se perpendicularmente a traineira

    segurando um cabo conhecido por tesoura. As extremidades desse cabo so

    presas uma na popa e outra na proa da embarcao principal. Isso auxilia para que

    a embarcao se mantenha mais estvel no momento que a rede e os peixes sejam

    recolhidos da gua e para que a traineira no avance para cima da rede.

    A rede fechada forma uma bolsa, impedindo a fuga do cardume. O

    recolhimento da maior parte da rede necessrio para que a bolsa reduza o seu

    tamanho. Assim, os peixes ficam em um pequeno espao, facilitando a sua retirada,

    como ilustrado na figura 5. O reboque da rede de cerco pode ser atravs de

    equipamentos de convs (captulo 4.1) como o power block, o rolo triplo, a tambor

    ou com o petrel.O transbordo do pescado usualmente ocorre atravs de dois mtodos o sarico

    e a bomba de suco de peixe. Para peixes de grandes propores o uso da bomba

    invivel, sendo o sarico o equipamento utilizado.

    A principal espcie-alvo no mtodo do cerco em Santa Catarina a sardinha-

    verdadeira, outras espcies importantes so a cavalinha, enchova, palombeta ,

    sardinha-lage e tainha (Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina,

    2013).

    Figura 5 Ilustrao do procedimento realizado para fechar a rede de cerco, enquanto o

    panga reboca a embarcao pelo lado contrrio ao recolhimento da rede.

    Fonte: Gulf of Maine Research Institute.

    http://www.gma.org/herring/harvest_and_processing/seining/
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    2.4.6 ESPINHEL SUPERFICIAL E DE FUNDO

    Conhecida tambm como longline (linha longa), esse tipo de pesca faz o uso

    de uma linha muito longa, podendo chegar at 100 km. Ao longo da linha principal

    h diversas linhas secundrias onde so espalhados os anzis juntamente com

    algum tipo de isca (JABLONSKI et al., 2006). Alm dos anzis so largados pela

    popa da embarcao boias e boias-rdio para a localizao do espinhel aps o

    tempo de espera na captura do peixe.

    2.4.7 VARA E ISCA VIVA

    Nesse mtodo so necessrios vrios pescadores equipados com varas com

    linhas e anzis. Eles lanam esse apetrecho em cima do cardume e de acordo o

    GEP20 devido voracidade dos peixes eles so fisgados mesmo sem a isca no

    anzol. Para manter o cardume prximo embarcao e/ou atrai-lo so lanados

    alguns peixes vivos (isca-viva) no mar e tambm so jorrados jatos de gua no mar

    para simular a movimentao de peixes(presa) na superfcie.

    2.5 DESEMPENHO DOS DESEMBARQUES POR MODALIDADE

    Com base no Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense (2013) foipossvel descrever de forma simplificada o desempenho dos desembarques

    realizados pelas principais frotas industriais no estado de Santa Catarina, durante o

    ano de 2012. O grfico 3 resume em termos de porcentagem os valores obtidos.

    20 GEP. Vara e isca-viva. Disponvel em: . Acesso em Agosto de 2014.

    http://siaiacad04.univali.br/http://siaiacad04.univali.br/
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    (a) Arrasto de porta nico

    A frota industrial de arrasto simples foi de 25 embarcaes, na quais foram

    responsveis por 7.194 t de pescados desembarcados.

    (b) Arrasto com duas embarcaes

    No arrasto de parelha atuaram 28 embarcaes que foram responsveis por

    desembarcar 11.855 t de pescado.

    (c) Arrasto de porta com tangones

    No arrasto duplo, 276 diferentes embarcaes atracaram nos portos

    catarinenses. A produo total da frota nesse mesmo ano foi de 25.047 t, sendo que

    Itaja e Navegantes receberam 93% desse total.

    (d) Emalhe de fundo

    A frota industrial de emalhe de fundo foi de 153 embarcaes. Elas foram

    responsveis por 20.000 t de pescados desembarcados no estado, sendo que Itaja

    destacou-se entre os municpios, produzindo aproximadamente metade do volume

    total arrecadado.

    (e) Cerco

    Na frota industrial de cerco houve um registro de 102 embarcaes diferentes

    que desembarcaram em Santa Catarina. A produo total atravs do mtodo de

    cerco foi de 68.094 t sendo que Itaja abrangeu a maior parte da produo (47.372

    t), seguida por Navegantes (13.750 t) e Porto Belo (6.718 t).

    (f.1) Espinhel de superfcie

    Durante o ano de 2012, 91 embarcaes de espinhel de superfcie atuaram e

    foram responsveis por desembarcar 2.495 t de pescado.

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    (f.2) Espinhel de fundo

    A frota de espinhel de fundo pouco representativa em Santa Catarina, no

    ano de 2012 apenas 7 embarcaes diferentes desembarcaram no estado. Os

    descarregamentos ocorreram exclusivamente no porto de Itaja e foram

    responsveis pela produo de 215 t de pescados.

    (g) Vara e isca-viva

    A frota Vara e isca-viva foi de 38 embarcaes. O volume total produzido e

    desembarcado no estado foi equivalente a 21.817 t.

    Como citado anteriormente o mtodo de cerco possui a terceira maior frota

    em Santa Catarina (Grfico 3) e o quarto maior rendimento mdio mensal no estado

    (Tabela 1). Contudo, a frota que mais desembarca pescado e corresponde a

    aproximadamente 43% da produo total, sendo assim, uma das frotas mais

    importantes economicamente para o estado catarinense.

    Grfico 3- Desembarque realizado em Santa Catarina no ano de 2012, pelas principaisfrotas de pesca industrial.

    Fonte: Autor, atravs de dados do Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense(2013).

    5%7%

    16%

    13%43%

    2%0% 14%

    Desembarque em SC por frota

    Arrasto simples

    Arrasto de parelhas

    Arrasto duplo

    Emalhe de fundo

    Rede de Cerco

    Espinhel de Superfcie

    Espinhel de fundo

    Vara e isca-viva

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    3. EMBARCAES PESQUEIRAS MTODO DE CERCO

    As embarcaes que praticam o mtodo de cerco so conhecidas como

    traineiras. Elas podem ser classificadas conforme a tecnologia empregada e volume

    alcanado na operao; do ponto de vista do arranjo do convs; em relao

    espcie a ser capturada e da ttica que utilizam, variando conforme o pas.

    Segundo o autor Schmidt (1960) o projeto das traineiras devem seguir sete

    requisitos gerais:

    (1) Mau tempo A embarcao deve ser projetada para realizar a operao de

    pesca tanto em mau tempo quanto em guas calmas;(2) Eficincia de mo de obra O processo deve manusear as grandes redes de

    cerco com o mnimo de mo de obra possvel. O que emprega o uso de

    maquinrios, que reduzem a quantidade de tripulantes e tornam a operao

    mais produtiva;

    (3) Segurana dos pescadores e eliminao de trabalho duro De acordo com o

    autor a educao e o padro de vida aumentaram em diferentes reas da

    pescaria, com isso importante melhorar a segurana e eliminardesnecessrios trabalhos pesados, a fim de atrair uma melhor tripulao para

    a indstria;

    (4) Rapidez no estabelecimento e recolhimento - fundamental que a rede

    esteja disponvel para ser montado o cerco com uma velocidade rpida. O

    autor acredita que os ataques de tubaro podem ser reduzidos se a rede for

    iada rapidamente;

    (5) Rapidez no recolhimento dos peixes Um eficiente sistema de sarico deve

    ser concebido a fim de transferir o peixe da rede de cerco para o poro da

    embarcao rapidamente;

    (6) Eficincia Novamente o autor frisa a importncia de um acelerado ritmo nas

    operaes acimas citadas. Nos anos 60 a resposta para essa eficincia era o

    uso de modernos guinchos do tipo tambor.

    (7) Pescaria noturna A tcnica no qual a traineira opera deve ser igualmente

    eficaz quando realizada a noite, assim como durante o dia.

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    3.1 TRAINEIRAS ARTESANAIS E INDUSTRIAIS

    A primeira classificao, como anteriormente comentada, se d pela proporo

    na produo (baixa, mdia, alta escala), incluindo algumas caractersticas como, por

    exemplo, comprimento e grau de tecnologia envolvido, sejam em equipamentos e/ou

    maquinrios. Assim, tem-se:

    (a) Traineiras de pesca artesanal ou semi-industrial, figura 6;

    (b) Traineiras de pesca industrial, figura 7.

    Segundo a FAO21, nas traineiras de pesca artesanal ou semi-industrial os

    equipamentos de manuseio so o guincho de cerco; carretel/rolo linha de cerco;sarico; power block e o tambor de rede. J nas traineiras que atuam na pesca

    industrial os equipamentos, no geral, so o power blockhidrulico ou o rolo triplo,

    um potente e grande guincho de cerco, guindastes, sarico ou bomba para suco de

    peixes.

    Uma caracterstica presente em muitas embarcaes traineiras um desenho de

    casco com uma espcie de rampa na popa, que facilita a descida da rede e tambm

    do panga. As que no possuem essa rampa devem ter uma espcie de cilindro(roller) para a mesma funo.

    Nas figuras 6 e 7 observam-se as diferenas em termos de casco, arranjo,

    potncia de equipamentos de duas embarcaes que praticam o mesmo mtodo de

    pesca, a modalidade de cerco, mas uma sendo considerada de artesanal a semi-

    industrial e a Fig. 7 caracterizando uma embarcao industrial. As duas

    embarcaes trabalham com o panga, rede de cerco, grua e power block,

    21 Fishing Gear Types Purse seines (FAO). Disponvel em: < http://www.fao.org/fishery/geartype/249/en>.

    Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.fao.org/fishery/geartype/249/enhttp://www.fao.org/fishery/geartype/249/en
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    Figura 6 Foto ilustrativa da traineira semi-industrial catariense V Chico V

    Fonte: No encanto azul do mar.22

    Figura 7 Foto ilustrativa da embarcao de cerco industrial Cape Cod dos Estados

    Unidos.

    Fonte: Trimarine23

    22 Disponvel em:< https://www.facebook.com/noencantoazuldomar>. Acesso em Outubro de 2014.23 Disponvel em:< http://www.trimarinegroup.com/operations/fleet.php>. Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.facebook.com/noencantoazuldomarhttp://www.facebook.com/noencantoazuldomar
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    3.2 TRAINEIRAS EM RELAO AO ARRANJO DO CONVS

    Do ponto de vista do arranjo do convs, de acordo com a FAO24, h dois

    principais tipos traineiras, que podem ser distinguidos: Americanas (Fig. 8),

    europeias (Fig. 9).

    As traineiras americanas so mais comuns nas costas da Amrica do Norte e

    em muitas reas da Oceania. No convs o passadio e os alojamentos esto

    organizados na proa, ou prximos a ela, e o convs de trabalho na popa. Algumas

    caractersticas da classe da embarcao de cerco americana so listadas abaixo(FAO25).

    a) Comprimento total normalmente> 25 metros

    b) Potncia normalmente> 350 Hp

    c) Arqueao Bruta> 50 AB (TAB em toneladas de arqueao)

    Figura 8 Ilustrao do tpico arranjo de convs em uma embarcao americana.

    Fonte: FAO.

    24 Fishing Vessel Types Purse seiners (FAO). Disponvel em:< http://www.fao.org/fishery/vesseltype/140/en>.Acesso em Outubro de 2014.25 Fishing Vessel Types American seiners (FAO). Disponvel em:. Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.fao.org/fishery/vesseltype/140/enhttp://www.fao.org/fishery/vesseltype/140/enhttp://www.trimarinegroup.com/operations/fleet.php
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    As embarcaes de cerco estilo europeias so comuns em todas as guas

    pescadas pelos pases europeus, como o Mar do Norte e o Bltico. O arranjo de

    convs nesse tipo de embarcao caracterizado por ter os alojamentos e o

    passadio perto da meia nau em direo popa da embarcao, onde est

    armazenada a rede de cerco. O convs de trabalho est situado da meia nau para

    frente. Algumas caractersticas da classe da embarcao de cerco europeia so

    listadas abaixo (FAO26).

    a) Comprimento total normalmente> 30 metros

    b) Potncia normalmente> 350 Hp

    c) Arqueao Bruta> 60 AB (TAB em toneladas de arqueao)

    Figura 9 Ilustrao do tpico arranjo de convs em uma embarcao europeia.

    Fonte: FAO.

    3.3 TRAINEIRAS SEGUNDO ESPCIE-ALVO DE CAPTURA

    H as traineiras segundo espcie-alvo de captura: a tambor (Fig. 10) e a de

    atum (Fig. 11). As traineiras destinadas a espcies pelgicas como a sardinha e a

    26 Fishing Vessel Types European seiners (FAO). Disponvel em:. Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.fao.org/fishery/vesseltype/710/en
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    anchova no foram descritas, por possurem o arranjo parecido com as

    embarcaes americanas.

    As traineiras a tambor foram desenvolvidas para projetos de pequenas

    embarcaes que praticam a pesca de salmo em esturios de rios, baas e

    enseadas. Possuem o passadio e o alojamento montados a proa da embarcao e

    o cilindro/tambor montado na popa. A rede fica armazenada de modo a estar

    enrolada nesse tambor, conforme pode ser observado na Figura 10.

    Traineiras de atum, atualmente, compem uma frota muito moderna, que est

    em constante desenvolvimento, em termos de tamanho e tambm em equipamentos

    e tcnicas de pesca (IEO, 2008). Esse investimento ocorre devido ao elevado preo

    que algumas espcies de atum possuem e tambm pela alta demanda de volume daindstria de conservas de atum no mercado. Essas embarcaes aumentaram o

    tamanho e a capacidade gradualmente para poder capitalizar bancos de pesca

    longnquos e produtivos.

    Figura 10 Foto ilustrativa de uma embarcao de cerco a tambor navegando no Estreito

    de Johnstone, na Colmbia Britnica.

    Fonte: Flickr / winkyintheuk27

    A pesca de cerco do atum pode ser realizada em grupo, apesar de no ser

    to comum quanto operao desempenhada por apenas uma embarcao. As

    traineiras que trabalham em grupo recebem o apoio de outras embarcaes no

    momento da localizao, captura, armazenagem e tambm para o transporte

    (SPC/FISHERIES, 1989).

    27 Disponvel em:< http://www.flickr.com/photos/winkyintheuk/2771639367/>. Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.fao.org/fishery/vesseltype/720/en
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    O arranjo das embarcaes de cerco de atum quanto ao convs semelhante

    s embarcaes americanas, com o passadio e alojamentos projetados mais para

    a proa. Nessas embarcaes comumente h uma torre de atum que est disposta

    no topo de um mastro. Essa torre normalmente equipada com todos os

    dispositivos de controle e manobra. Alm da torre, o helicptero pode ser um

    excelente visualizador de cardumes de atum, sendo assim deve existir no convs

    uma estrutura adequada para o pouso e decolagem, o heliponto.

    As redes de atum geralmente so maiores e mais pesadas, necessitando de

    equipamentos mais potentes. Algumas embarcaes dispem de propulsores de

    proa para auxiliar na manobra.

    Alm do panga, as traineiras de atum podem possuir lanchas rpidas queauxiliam a embarcao principal na funo de reunir o cardume. As lanchas

    navegam velozmente em pontos estratgicos assustando os atuns e reunindo-os.

    Figura 11 Foto ilustrativa de uma embarcao de cerco de atum chamada Capt. M. J.Souza.

    Fonte: David Leggott28

    28 Disponvel em:< http://nelsonians.blogspot.com.br/2010/02/helicopter-what-helicopter.html>. Acesso em

    Outro de 2014.

    http://nelsonians.blogspot.com.br/2010/02/helicopter-what-helicopter.htmlhttp://nelsonians.blogspot.com.br/2010/02/helicopter-what-helicopter.htmlhttp://www.flickr.com/photos/winkyintheuk/2771639367/
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    3.4 TRAINEIRAS SEGUNDO A SUA TTICA

    O autor Schmidt (1960, p. 38) faz classificaes conforme a ttica utilizada em

    diferentes reas e para diferentes espcies. Alguns exemplos dessas traineiras so:

    Traineira da costa do Pacifico, Traineira Sul Africana para sardinhas e Traineira

    portuguesa de sardinha apresentadas na Figura 12.

    Figura 12 Ilustrao de embarcaes de cerco, segundo sua ttica. Da esquerda para a

    direita: Traineira da costa do Pacifico, Traineira Sul Africana de sardinhas e Traineira

    portuguesa de sardinha.

    Fonte: Schmidt (1960, p. 38).

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    4. EQUIPAMENTOS

    Ao longo dos anos, pescadores e fabricantes de equipamentos de convs

    introduziram diversas inovaes voltadas para a reduo da mo de obra a bordo e

    tambm para facilitar o processo de trabalho durante as operaes de pesca (FAO)

    De acordo com Miyake (2004) na pesca industrial do atum os principais

    avanos foram o uso do guindaste hidrulico na dcada de 1960; o aumento

    progressivo no poder dos guinchos; modificaes em relao ao tamanho e

    componente das redes; introduo do radar de deteco de aves em 1987.

    4.1 EQUIPAMENTOS DE CONVS

    4.1.1GUINCHO DE CERCO

    Antigamente era comum o uso de guinchos de transmisso por correia, mas

    eles no eram confiveis quando uma tenso extra era aplicada ao mesmo.

    Atualmente os guinchos utilizados em traineiras so hidrulicos ou eltricos (WATT,

    1986).

    O guincho para o mtodo de cerco um dos principais maquinrios do

    convs. Ele possui formato de tambor onde um longo cabo encontra-se enrolado a

    ele, geralmente o cabo de ao de 15 a 25 mm de dimetro. H guinchos que

    possuem mais de um tambor para realizar sua funo, como mostra a Figura 14.

    Quando a rede de cerco lanada ao mar, de metros em metros anilhas so

    largadas tambm. Por dentro dessas anilhas percorre o cabo de cerco que est

    conectado com o guincho, nesse momento o guincho deixa o cabo livre, sem

    exercer trao sobre o ele (SPC/FISHERIES, 1989). Esse arranjo pode ser

    visualizado na Figura 13.

    Quando o cerco j est formado o guincho recolhe o cabo que passa entre as

    anilhas, na extremidade inferior da rede, para ento fechar o fundo da rede,

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    formando uma espcie de bolsa. Essa operao muito importante, pois ela que

    ir impedir que o cardume escape.

    Figura 13 Ilustrao da pesca de cerco com luz, onde a espcie-alvo possui hbitos

    noturnos.

    Fonte: Fisheries Research & Development Corporation Fishing Methods, traduzido pelo

    autor.

    O guincho deve ser capaz de puxar a rede em diferentes velocidades, pois a

    operao no mtodo de cerco no sempre realizada com a mesma velocidade. O

    fechamento completo da rede de cerco varia de tempo conforme diversos aspectos,

    entre eles o quo profundo o peixe est; o tamanho e o peso da rede; lugar onde a

    rede foi lanada; potncia do guincho; velocidade do guincho e a direo da correntemartima (WATT, 1986).

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    Figura 14- Foto ilustrativa do Guincho de cerco Marco modelo WS 455

    Fonte: Catalogo TH Marco.

    4.1.2 POWER BLOCK

    Introduzido nos anos 50 a linha Puretic Power Block foi um sistema que

    revolucionou a mecanizao da pesca em cerco. Combinada com a tecnologia de

    energia hidrulica e redes novas, maiores e sintticas, o carter desse mtodo de

    pesca mudou. A partir da introduo desse equipamento foi possvel reduzir 12pescadores na tripulao para cada rede de cerco. Com isso, a eficincia na

    operao dobrou, o iamento da rede comeou a ser mais rpido e foi possvel

    cercar cardumes cada vez maiores (SCHMIDT JR., 1960)

    O power block constitudo por uma roldana em forma de V montada na

    extremidade de uma grua ou de um pau de carga, como apresentado na Figura 15.

    O material que reveste a roldana geralmente uma borracha dura ou uma borracha

    travada que melhora a trao da rede durante seu hasteamento e reduz osdesgastes.

    Esse equipamento tem a funo de iar a rede a partir da gua, passando

    sobre uma polia que gira ao descer a rede at chegar ao nvel do convs. A rede

    ser deixada na posio onde ser empilhada e posteriormente poder ser limpa, de

    modo a retirar algas, peixes, entre outros, pela tripulao, essa localizao onde

    ela ficar armazenada at o prximo lanamento de rede.

    Opower block um equipamento que funciona atravs de energia hidrulica

    fornecida por bombas hidrulicas que so alimentadas pelo motor principal ou

    auxiliar. controlado remotamente atravs de um console montado no convs, onde

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    possvel ajustar as rotaes e a fora de trao em funo da exigncia na

    operao (PARENTE, 2003)

    O power block continua em desenvolvimento em relao a dimenso e

    potncia para poder acompanhar o crescimento quanto ao tamanho e peso de novas

    redes de cerco. Os benefcios desse equipamento alm de trazer a rede para dentro

    da embarcao com maior rapidez utilizando menos mo-de-obra oferece maior

    segurana para a tripulao.

    Figura 15 Foto ilustrativa de um Power BlockMarco em funcionamento.

    Fonte: Tcnicas hidrulicas Marco29.

    4.1.3 ROLO TRIPLO

    O rolo triplo (triple roller) um sistema de trao mltipla, na qual a rede

    transportada por um sistema de guincho de rede com trs rolos. conhecido,

    mundialmente, com o nome comercial de trplex.

    O rolo triplo possui a mesma funo operacional que o power block. Ele

    formado por trs rolos que funcionam simultaneamente, com a diferena que o rolo

    do centro possui o sentido de rotao diferente dos outros dois. Na Figura 16

    possvel visualizar com clareza os trs rolos que formam esse equipamento. Os

    29 Site oficial da empresa TH Marco. Disponvel em: < http://www.thmarco.com/en/productos/una-purse-

    seiners__6/item/uretic-powerblocks__6.html>. Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.thmarco.com/en/productos/una-purse-http://www.thmarco.com/en/productos/una-purse-
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    rolos podem ser inclinados no eixo vertical a fim que o seu posicionamento possa

    ser alterado (PARENTE, 2003).

    Esse apetrecho costuma estar localizado perto do costado boreste da

    embarcao, devido ao fato que o cerco e a suspenso da rede ocorrem por esse

    bordo, ou ento na popa a meia nau.

    O uso desse equipamento beneficia a estabilidade da traineira em relao ao

    uso do power block, uma vez que o ponto de trao da rede efetuado a uma

    distncia menor do convs (PARENTE, 2003).

    Outras vantagens do rolo triplo so em relao a maior facilidade para realizar

    as manobras (principalmente em embarcaes de cerco europeias), pois a rede

    estar localizada longe do hlice do navio (FAO30).

    Figura 16 Foto ilustrativa do maior rolo triplo do mundo, Triplex 1020, instalado em umaembarcao de cerco norueguesa, a Svanaug Elise.

    Fonte: Site oficial da empresa Triplex AS31.

    30 Fishing Technology Equipments Triple roller. Disponvel em: . Acesso em Outubro de 2014.31 Disponvel em: < http://www.triplex.no/news/view/worlds_largest_triplex_to_svanaug_elise>. Acesso em

    Outubro de 2014.

    http://www.fao.org/fishery/equipment/tripleroller/enhttp://www.triplex.no/news/view/worlds_largest_triplex_to_svanaug_elisehttp://www.triplex.no/news/view/worlds_largest_triplex_to_svanaug_elisehttp://www.fao.org/fishery/equipment/tripleroller/en
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    4.1.4 ESTIVADOR (ESPALHADOR)

    Para manusear e empilhar a rede de cerco aps o rolo triplo conveniente embarcao possuir um estivador, que possui o mesmo princpio dopower block, s

    que com menor potncia. O estivador est suspenso por uma lana, estabelecido

    em estrutura que pode estar fixa no convs ou em uma grua (PARENTE, 2003).

    Esse guindaste reduz o trabalho dos tripulantes para deixar a rede empilhada

    e tambm pode reduzir o tempo necessrio para a rede esteja novamente pronta

    para o lanamento. Entre o rolo triplo e o estivador pode ser adicionado um cilindro

    de rampa e transporte para auxiliar a passagem da rede para a popa daembarcao. O sistema rolo triplo, rampa e estivador pode ser visualizado na Figura

    17.

    Figura 17 Foto ilustrativa de uma embarcao de cerco com o rolo triplo, cilindro de

    transporte e estivador.

    Fonte: Site oficial Triplex AS.

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    4.1.5 PETREL V-SHEAVES

    Esse equipamento foi lanado pela Petrel Engenharia da frica do Sul, que considerada uma das empresas lderes no projeto e na fabricao de equipamentos

    de convs para a indstria pesqueira.

    Petrel v-sheave um sistema para iamento da rede atravs de um

    equipamento parecido com o power block. Esse apetrecho possui uma roldana

    hidrulica revestida de borracha ou ao inoxidvel, porm, diferente dopower block,

    esse apetrecho montado ao nvel do convs, uma foto ilustrativa desse

    equipamento pode ser vista na Figura 18.Aps a rede passar pela roldana principal ela atravessa uma roldana

    intermediaria abaixo do nvel do petrel v-sheave, este arranjo aumenta a frico,

    reduzindo o escorregamento e aumentando a velocidade de trao

    (SPC/FISHERIES, 1989).

    Segundo Purse seining32 o fato dopetrel v-sheave ter o centro de gravidade

    localizado mais abaixo que os outros rebocadores de rede proporciona mais

    estabilidade, quando a falta dela causada pelo mau tempo( principalmente ventos

    fortes).

    Figura 18 Foto ilustrativa de um Petrel v-sheave modelo NW-56-SF

    Fonte: Catalogo Petrel, disponvel no site oficial da empresa.

    32 Equipamentos e tcnicas do cerco. Disponvel em:. Acesso em

    Outubro de 2014.

    http://purse-seining.over-blog.com/newtechttp://purse-seining.over-blog.com/newtec
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    4.1.6 TAMBOR DE REDE

    Tambor de rede (Figura 19) um carretel de grande potncia, geralmentehidrulico, no qual uma rede de arrasto ou uma rede de cerco enrolada nele para

    realizar seu recolhimento da gua. um equipamento tpico em conveses de

    traineiras destinadas a captura do salmo, como anteriormente mencionado.

    Figura 19 Foto ilustrativa de uma rede de cerco enrolada no tambor de rede.

    Fonte: Site oficial do Governo do Canad Segurana no transporte a bordo do Canad. 33

    4.1.7 SARICO (BRAILER)

    Nos anos 60 o uso do convencional sarico j estava bem desenvolvido na

    Noruega, Islndia e Canad. De acordo com o autor Schmidt (1960) j naquela

    poca era notvel que em poucos anos o sarico seria superado pelas bombas de

    suco, em locais onde os peixes capturados teriam como destino a reduo(farinha e leo). Para peixes como salmo e atum o autor acreditava que o mtodo

    com sarico continuaria.

    O sarico um pu de rede operado mecanicamente. Ele usado para

    transferir a captura do cerco para o bordo da traineira, quando a rede j est

    reduzida e encostada no costado da embarcao.

    33 Disponvel em:< http://www.bst-tsb.gc.ca/eng/rapports-reports/marine/2002/m02w0147/m02w0147.asp >.

    Acesso em Outubro de 2014.

    http://www.bst-tsb.gc.ca/eng/rapports-reports/marine/2002/m02w0147/m02w0147.asphttp://www.bst-tsb.gc.ca/eng/rapports-reports/marine/2002/m02w0147/m02w0147.asp
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    O sarico possui um dispositivo chamado de brailer blocke ele que sustenta

    a base at o momento em que o fundo deve ser aberto para os peixes escoarem

    para o poro de armazenamento.

    Uma diferena entre os tipos de saricos existentes a presena ou no de

    um cabo. Com o cabo a tripulao pode auxiliar no posicionamento desse apetrecho

    ou ento ele poder necessitar de uma estrutura adequada na embarcao para

    facilitar sua operao.

    A figura 20 mostra a operao de recolhimento do peixe atravs de um

    modelo de sarico sem o cabo e a imagem 21 sem o cabo.

    Figura 20 Ilustrao da operao de recolhimento do peixe atravs de um modelo desarico sem o cabo. Modelo espanhol.

    Fonte: Observer training Guidebook International Seafood Sustainability Foundation

    ISSF.

    Na pescaria de salmo , quando pequenas capturas so realizadas o peixe

    trazido a bordo junto com a rede toda, sem o uso de sarico ou bomba.

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    Figura 21- Ilustrao da operao de recolhimento do pescado atravs de um modelo de

    sarico com um longo cabo.

    Fonte: Observer training Guidebook International Seafood Sustainability Foundation

    ISSF.

    4.1.8 BOMBA DE SUCO DE PEIXE

    As bombas de suco de peixes possuem a mesma funo que os saricos e

    so responsveis por desembarcar o pescado da rede de cerco e tambm transferi-

    lo da embarcao para o cais. Esse equipamento demanda menos esforo da

    tripulao comparado com o sistema com sarico.

    Uma mangueira conectada a bomba, que permanece no convs, esse

    tubo/mangueira colocado dentro da bolsa formada pela rede de cerco e alm de

    succionar os peixes, ele ir aspira gua. Aps passar por esta etapa, o pescado e a

    gua passam por uma tubulao que os levar para o poro de armazenamento,porm, antes chegar nele os peixes e a gua atravessam um equipamento para

    retirar a gua, conhecido como separador de gua. O separador de gua se

    assemelha com uma grelha, como pode ser visto na figura 23.

    Algumas bombas de peixe criam uma presso positiva de gua para empurrar

    o peixe e a gua da mangueira at o convs da traineira. Isto permite a utilizao de

    mangueiras flexveis e leves que alm de serem fceis de manusear, podem ser

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    enroladas para o armazenamento, quando a bomba no est em uso (FAO34). A

    Figura 24 mostra uma mangueira flexvel (na cor azul) posicionada dentro da rede

    de cerco, antes do inicio da operao de suco do pescado.

    Atualmente as bombas de suco de peixes so instaladas at mesmo em

    classe de traineiras pequenas a mdias (18 m a 24 m). Assim como os outros

    equipamentos as bombas vm se modernizando com o tempo, entre as inovaes e

    atualizaes esto a busca por maior quantidade de peixe transportado pelo menor

    tempo possvel, profundidade que a mangueira da bomba alcana e uma forma de

    suco mais suave para no agredir o pescado.

    A figura 22 apresenta um modelo de bomba que est venda pela empresa

    Marco.

    Figura 22 Foto ilustrativa de uma bomba para suco de peixes Modelo U882

    CAPSULPUMP da marca Marco.

    Fonte: Catlogo Marco

    34 Fishing Technology Equipments Fish pump. Disponvel em: . Acesso em Outubro de 2014.

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    Figura 23 Foto ilustrativa de um separador de gua usado em embarcaes de cerco

    peruanas.

    Fonte: Arquivo pessoal Gunther Fillies Araujo Chefe de Operaes de Frota.

    Figura 24 Foto ilustrativa de Mangueira da bomba Capsule.

    Fonte: Site oficial da empresa Marco.

    4.1.9 GRUA

    A grua um equipamento muito verstil, que pode ter diferentes funes paraa traineira durante a operao de pesca. Entre as utilidades, pode se citar:

    http://www.fao.org/fishery/equipment/fishpump/en
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    (a) a instalao do rolo de estivador na extremidade da grua;

    (b) descarga do pescado no cais atravs de algum suporte;

    (c) retirada do peixe do cerco atravs do sarico instalado na grua;

    (d) quando a rede de cerco j est reduzida, importante que a grua segure um lado

    da rede para mant-la em uma posio alta, evitando a fuga dos peixes;

    (e) operao de carga e descarga de redes e outros petrechos.

    4.1.10 ROLO DE BORDA

    Rolo de borda, enxugador ou roller (Figura 25) um rolo cilndrico, movido

    hidraulicamente, posicionado sobre a borda falsa de um bordo da traineira. Sua

    funo facilitar o recolhimento da rede de cerco, atravs do movimento de rotao

    que conferido ao cilindro.

    Parte da rede puxada pelo bordo com a ajuda do rolo de borda, diminuindo

    o trabalho da tripulao e proporcionando que os cardumes fiquem concentrados em

    um menor espao.

    Figura 25 Foto ilustrativa de um rolo de borda em uma embarcao de cerco.

    Fonte: Site oficial TH Marco.

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    4.1.11 PATESCA

    Patesca (Figura 26) um equipamento de sistema de roldanas e poliasutilizadas com um cabo, formando ngulos retos. Tem por finalidade agregar fora e

    capacidade ao guincho. Seu uso no exclusivo de embarcaes pesqueiras, sua

    aplicao tambm est relacionada em ancoragem e guincho de veculos (Acro

    Cabos de ao) 35.

    Figura 26 Foto ilustrativa de uma patesca com olhal ou gancho

    Fonte: Acro Cabos de Ao.

    4.2 SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO

    4.2.1SISTEMA DE ARMAZENAMENTO POR GELO

    Esse sistema muito utilizado quando se trata de pescarias curtas ou ento

    para a pesca artesanal. Em Santa Catarina o uso do sistema de gelo est presente

    em quase 100% das traineiras.

    35 Site Acro Cabos de ao, produtor de patescas. Disponvel em:< http://www.acrocabo.com.br/patesca-

    patescas.php>. Acesso em 17 de Outubro de 2014.

    http://www.acrocabo.com.br/patesca-http://www.acrocabo.com.br/patesca-
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    O principio dessa tcnica intercalar camadas de peixe e gelo no poro de

    armazenamento. Os primeiros peixes inseridos no poro recebem o peso dos outros

    pescados capturados, sobreposto tambm ao gelo, com isso parte da captura

    danificada, principalmente aquela que est por baixo, resultando em perdas

    significativas na produo.

    Outro agravante que comumente visto nesse sistema, o fato das

    embarcaes no possurem uma refrigerao que garanta a preservao do gelo.

    4.2.2 SISTEMA DE REFRIGERAO PELA GUA DO MAR

    Segundo Kelman (1977) h dois mtodos mais difundidos de arrefecimento

    da gua do mar praticados em embarcaes pesqueiras, um atravs da refrigerao

    mecnica e o outro atravs da adio de gelo.

    CSW , geralmente, empregado quando se trata de gua do mar refrigerada

    pela adio de gelo, enquanto a sigla RSW referente Refrigerated salt water

    Refrigerao por gua do mar e pela ao mecnica.O sistema RSW basicamente um mtodo de refrigerao utilizando