TCC AMANDA B. PIVATTO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ AMANDA BRANDENBURG PIVATTO REFORÇO ESTRUTURAL À FLEXÃO PARA VIGA BIAPOIADA DE CONCRETO ARMADO POR CHAPAS METÁLICAS E COMPÓSITO REFORÇADO COM FIBRAS DE CARBONO CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

AMANDA BRANDENBURG PIVATTO

REFORÇO ESTRUTURAL À FLEXÃO PARA VIGA BIAPOIADA DE CONCRETO

ARMADO POR CHAPAS METÁLICAS E COMPÓSITO REFORÇADO C OM

FIBRAS DE CARBONO

CURITIBA

2014

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AMANDA BRANDENBURG PIVATTO

REFORÇO ESTRUTURAL À FLEXÃO PARA VIGA BIAPOIADA DE CONCRETO

ARMADO POR CHAPAS METÁLICAS E COMPÓSITO REFORÇADO C OM

FIBRAS DE CARBONO

CURITIBA 2014

Trabalho de graduação apresentado à disciplina Trabalho de Final de Curso II do curso de Engenharia Civil do Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Marcos Arndt.

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TERMO DE APROVAÇÃO

AMANDA BRANDENBURG PIVATTO

REFORÇO ESTRUTURAL À FLEXÃO PARA VIGA BIAPOIADA DE CONCRETO

ARMADO POR CHAPAS METÁLICAS E COMPÓSITO REFORÇADO C OM

FIBRAS DE CARBONO

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro

Civil, pelo Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte

banca examinadora:

Prof. Dr. Marcos Arndt (Doutorado UFPR)

Departamento de Construção Civil da UFPR

Prof ª. Dr ª. Lia Yamamoto (Doutorado UTFPR)

Departamento de Construção Civil da UFPR

Prof. Dr. Roberto Dalledone Machado (Doutorado UFSC)

Departamento de Construção Civil da UFPR

Curitiba, 17 de novembro de 2014.

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À Deus.

Aos meus pais, Amadeo e Lisiane.

Aos meus avós Edgar (in memorian) e Geni e à madrinha Aleida (in memorian).

Aos amigos.

Às alegrias que foram e que ainda virão.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por estar sempre presente em cada instante da minha vida e nunca

desistir de mim, me mostrando que é necessário paciência e serenidade para

superar todas as coisas e encontrar o melhor caminho.

À Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, por me acompanhar nos momentos

mais difíceis, sempre me iluminando e me fazendo companhia.

Aos meus pais amados, Amadeo e Lisiane, pelo amor, carinho, amizade e por

todos os momentos felizes. Agradeço pelo incentivo, pelas conversas e pela

confiança para comigo. Se eu pudesse escolher meus pais escolheria sempre

vocês.

Aos meus avós Edgar (in memorian) e Geni, pelo incentivo e amor desde

sempre. E aos meus avós Hilda e Eugênio, pelo carinho.

Aos padrinhos Osmar e Edson e às madrinhas Aleida (in memorian) e Joseane, por

todas as orações, pelo carinho e amor.

Ao Professor Dr. Marcos Arndt, por toda colaboração, compreensão,

paciência e orientação disponibilizada para o desenvolvimento deste estudo.

À Engenheira Débora Perelles, por todo o conhecimento repassado e ajuda

disponibilizada para a realização deste trabalho.

À Lucas, por todo o companheirismo, apoio e por poder contar sempre.

Aos demais amigos, por cada momento compartilhado, por cada descoberta e

conquista que fizemos juntos e pela alegria de ter conhecido vocês.

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RESUMO

A falta de manutenção, a mudança de carregamentos, as deficiências de projeto, de execução e até mesmo dos materiais constituintes de uma peça estrutural levam à necessidade de aplicação de um reforço estrutural. Para isto existem diversos métodos de reforço, com o intuito de reabilitar a peça em questão. Este trabalho tem como objetivo elaborar uma comparação entre os métodos de reforço estrutural por adição de chapas metálicas, colagem de compósitos reforçados com fibras de carbono e protensão externa, identificando as vantagens e desvantagens de cada um. Foi descrito também o dimensionamento para o uso da chapa metálica e das fibras de carbono para duas vigas biapoiadas de concreto armado. Com os resultados do dimensionamento, puderam ser feitas comparações entre a eficácia dos métodos de estudo, e que, muito mais do que a carga solicitada, a escolha de um determinado processo de reforço depende muito do local de aplicação, das condições da peça a se reforçar e do comportamento da estrutura global a que esta pertence.

Palavras-chave: Viga de concreto armado. Reforço estrutural. Carga.

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ABSTRACT The lack of maintenance, the change in loadings, project and execution failures, and even failures of constituent materials of a structural part lead to the necessity of applying a structural reinforcement. For this there are several methods of reinforcement in order to rehabilitate the piece in question. This paper aims to develop a comparison between structural reinforcement methods for adding metallic plates, collage of composites reinforced with carbon fibers and external prestressing, identifying the advantages and disadvantages of each one. It has also been described the sizing for the use of the metallic plate and carbon fibers for two reinforced bi-supported concrete beans. With the results of the sizing, it was possible to do comparisons between the effectiveness of the methods of study, and that, more than the requested load, the choice of a specific process of enhancing relies heavily on the application site, the conditions of the component to strengthen and the behaviour of global structure to which this belongs to.

Key-words: Concrete structure. Reinforcement. Load.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: ELEMENTO ESTRUTURAL SEM E COM ALÍVIO DE CARGAS. ............ 6

FIGURA 2: DESPRENDIMENTO DA MANTA DE COMPÓSITO DE CARBONO EM

UMA VIGA SUBMETIDA À FLEXÃO (FONTE: FERRARI et al, 2002). ...................... 9

FIGURA 3: INCREMENTO DE ANCORAGEM ESTUDADO POR FERRARI ET AL

(2002) .......................................................................................................................... 9

FIGURA 4: ILUSTRAÇÃO DOS DIAGRAMAS DE TENSÃO X DEFORMAÇÃO DE

UM COMPÓSITO REFOÇADO COM FIBRA DE CARBONO. .................................. 11

FIGURA 5: FIBRAS DESCONTÍNUAS ..................................................................... 13

FIGURA 6: EFEITO DE SEGUNDA ORDEM QUANDO OS CABOS NÃO

ACOMPANHAM A DEFLEXÃO DA VIGA. ................................................................ 18

FIGURA 7: TRAÇADOS PARA CABOS DE PROTENSÃO. ..................................... 20

FIGURA 8: EXEMPLO DE APLICAÇÃO: PONTE SOBRE CANAL SAINT-DENNIS

NA FRANÇA, 1997 .................................................................................................... 23

FIGURA 9: ETAPAS DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DOS CRFC CURADOS IN

SITU. ......................................................................................................................... 25

FIGURA 10: TENSÃO EM FUNÇÃO DA DEFORMAÇÃO DO AÇO, ADAPTADO DE

BASTOS (2010) ........................................................................................................ 29

FIGURA 11: ESQUEMA DE CÁLCULO ADAPTADO DE MACHADO, 2002. ........... 30

FIGURA 12: PONTOS A SEREM FEITOS OS SOMATÓRIO DE MOMENTOS

FLETORES ............................................................................................................... 34

FIGURA 13: TERMINAÇÕES PARA LÂMINAS DE CFC. ......................................... 39

FIGURA 14: VIGA REFORÇADA COM CHAPAS METÁLICAS COM E SEM

PARAFUSOS METÁLICOS....................................................................................... 41

FIGURA 15: SOLUÇÃO PARA GRANDE ÁREA DE ARMADURA DE REFORÇO E

SOLUÇÃO PARA EVITAR FENDILHAÇÃO NOS CANTOS. .................................... 42

FIGURA 16: FORMAS DE ANCORAGEM DO REFORÇO POR CHAPAS

METÁLICAS. FONTE: REIS, 1998, APUD CAMPAGNOLO, 1993. .......................... 43

FIGURA 17: CARACTERÍSTICAS DA VIGA DE ESTUDO. ...................................... 45

FIGURA 18: VIGA DE ESTUDO CONSIDERANDO MODO DE RUPTURA LIMITE

DOS DOMÍNIOS 2 E 3. ............................................................................................. 50

FIGURA 19: FOLGA ENTRE REFORÇO E BASE DA VIGA. MEDIDAS EM CM. .... 55

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FIGURA 20: CÁLCULO DA CARGA MÁXIMA A SE DESCARREGAR NA VIGA DE

KRAMER (2013), COM O USO DE REFORÇO COM CHAPA METÁLICA............... 64

FIGURA 21: VIGA DE KRAMER (2013) COM DESCARREGAMENTO TOTAL E NO

MODO DE RUPTURA DO DOMÍNIO 3. .................................................................... 67

FIGURA 22: VIGA DE KRAMER (2013) SEM DESCARREGAMENTO E NO MODO

DE RUPTURA DO DOMÍNIO 3 ................................................................................. 68

FIGURA 23: DETALHE LONGITUDINAL DA VIGA DE KRAMER (2013) COM

REFORÇO POR CRFC, COM ALÍVIO DE CARGAS. MEDIDAS EM CM. ................ 70

FIGURA 24: SEÇÃO AA' E BB' DA VIGA DE KRAMER (2013) REFORÇADA COM

CRFC, COM DESCARREGAMENTO. ...................................................................... 70

FIGURA 25: VIGA DE KRAMER (2013) COM REFORÇO POR CRFC, SEM O

ALÍVIO DE CARGAS. MEDIDAS EM CM. ................................................................ 71

FIGURA 26: SEÇÃO CC' E DD’ DA VIGA DE KRAMER (2013) REFORÇADA COM

CRFC, SEM DESCARREGAMENTO. ....................................................................... 72

FIGURA 27: DETALHE LONGITUDINAL DA VIGA DE KRAMER (2013) COM

REFORÇO POR ADIÇÃO DE CHAPAS METÁLICAS, SEM DESCARREGAMENTO.

MEDIDAS EM CM. .................................................................................................... 73

FIGURA 28: SEÇÕES EE' E FF’ DA VIGA DE KRAMER (2013) COM REFORÇO

COM CHAPAS METÁLICAS, SEM DESCARREGAMENTO .................................... 73

FIGURA 29: VIGA DIMENSIONADA POR BASTOS (2010). MEDIDAS EM CM. ..... 77

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: PROPRIEDADES TÍPICAS DOS SISTEMAS CFC, ADAPTADO DE

MACHADO, 2002. ..................................................................................................... 13

TABELA 2: AÇOS - VALORES DE CÁLCULO, ADAPTADO DA NBR 6118/2014.... 29

TABELA 3: FATOR DE REDUÇÃO DA TENSÃO DE RUPTURA DO MATERIAL

FONTE: PERELLES, 2013, APUD ACI 440.2R, 2008. ............................................. 33

TABELA 4: CARACTERÍSITICAS FÍSICAS DA FIBRA DE CARBONO CF - 130

MBRACE FONTE: MACHADO (2006), REFERENCIANDO CATÁLOGO MBRACE.46

TABELA 5: ÁREA COM DESCARREGAMENTE DE 5,95% DA CARGA APLICADA

.................................................................................................................................. 60

TABELA 6: LARGURA EFETIVA E NÚMERO DE CAMADAS .................................. 60

TABELA 7: RESULTADOS OBTIDOS NO ESTUDO REALIZADO POR KRAMER

(2013) ........................................................................................................................ 74

TABELA 8: DETERMINAÇÃO DA DEFORMAÇÃO INICIAL DO BORDO INFERIOR

DA VIGA DE BASTOS (2010) COM DESCARREGAMENTO ................................... 78

TABELA 9: DETERMINAÇÃO DA DEFORMAÇÃO INICIAL DO BORDO INFERIOR

DA VIGA DE BASTOS (2010) SEM DESCARREGAMENTO ................................... 79

TABELA 10: CÁLCULO DO MOMENTO RESISTENTE COM REFORÇO - SEÇÃO

NORMALMENTE ARMADA - PARA A VIGA DE BASTOS (2010) ............................ 80

TABELA 11: RESULTADOS ENCONTRADOS PARA X=22,13 CM ......................... 81

TABELA 12: DEFORMAÇÃO DO REFORÇO E ÁREA DE REFORÇO - SITUAÇÃO

DESCARREGADA .................................................................................................... 82

TABELA 13: LARGURA EFETIVA DE REFORÇO .................................................... 82

TABELA 14: VERIFICAÇÃO DE DELAMINAÇÃO DA VIGA DE BASTOS (2010)

COM DESCARREGAMENTO E COM CRFC ........................................................... 83

TABELA 15: DESCARREGAMENTO PARCIAL DA VIGA DE BASTOS (2010), COM

CRFC ........................................................................................................................ 84

TABELA 16: ÁREA DE REFORÇO COM CRFC COM DESCARREGAMENTO

PARCIAL ................................................................................................................... 85

TABELA 17: LARGURA EFETIVA E CAMADAS COM DESCARREGAMENTO

PARCIAL ................................................................................................................... 85

TABELA 18: VERIFICAÇÃO DA DELAMINAÇÃO COM DESCARREGAMENTO

PARCIAL COM REFORÇO COM CRFC .................................................................. 86

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TABELA 19: DEFORMAÇÃO DO REFORÇO E ÁREA DO REFORÇO PARA

SITUAÇÃO DESCARREGADA - COM CHAPA METÁLICA ..................................... 86

TABELA 20: LARGURA EFETIVA, ESPESSURA E COMPRIMENTO DE

ANCORAGEM DO REFORÇO COM CHAPA METÁLICA, COM

DESCARREGAMENTO ............................................................................................ 87

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LISTA DE SÍMBOLOS

� – coeficiente que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão

com a resistência à tração direta

� – distância do centro de gravidade da seção transversal à sua fibra mais

tracionada

ϛ – fator de correção do diagrama parábola-retângulo

Ψ – fator de redução da resistência característica à compressão

Φ – coeficiente de redução pelo sistema de reforço ser “novidade”

ϱ - coeficiente de minoração da resistência do concreto

εs – Deformação da armadura inferior;

εRu* – Deformação de ruptura do reforço, dada pelo fabricante;

εRu – Deformação máxima do reforço, corrigida;

εR – Deformação inicial do reforço;

εc – Deformação máxima da região comprimida;

εbi – Deformação inicial do bordo inferior da peça

ε’s – Deformação da armadura superior;

ε’R – Deformação efetiva do reforço;

γS – fator de minoração da resistência do aço interno

γR – fator de minoração da resistência do aço de reforço

γPc - peso específico do concreto armado

γC – fator de minoração da resistência do concreto

x – posição da linha neutra

t – distância entre o centro de gravidade da armadura inferior até a fibra mais inferior

da viga

s – folga entre largura da viga e largura do reforço

n - número de camadas do reforço

MSdi - momento resistente antes da aplicação do reforço

MRf – momento resistente após a aplicação do reforço

lt,max - o comprimento de aderência do reforço;

lt,adotado - o comprimento adotado para a aderência do reforço;

li – largura teórica do reforço

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le – largura efetiva do reforço

L – vão da viga

h- altura da viga

gd – carga distribuída referente ao peso próprio

fyR - tensão de escoamento do reforço

fyk - resistência característica ao escoamento do aço da armadura

fyd - resistência de cálculo ao escoamento do aço da armadura

FS – Força resultante da seção tracionada da armadura inferior;

fR - tensão admissível do reforço

FR – Força resultante da seção tracionada de reforço;

fct,m - resistência média à tração do concreto

fck - resistência característica do concreto

fcd - resistência do cálculo do concreto

FC – Força resultante da seção comprimida de concreto;

F’S – Força resultante da seção comprimida da armadura superior;

f’Ru - tensão máxima de resistência do reforço com fator de redução CE

ES – módulo de elasticidade do aço

Er – módulo de elasticidade do reforço

EC – módulo de elasticidade do concreto

e – espessura da camada de reforço

d’- distância entre a fibra mais comprimida de concreto e o centro de gravidade da

armadura superior

d – distância entre a fibra mais comprimida de concreto e o centro de gravidade da

armadura inferior

CE – Fator de redução, pelo tipo de adesivo e ambiente

bw – base da viga

AS – área de armadura de tração

AR – área de armadura do reforço

A’S- área de armadura de compressão

�� – valor adimensional que define a tensão de tração referente à armadura de

tração

Page 14: TCC AMANDA B. PIVATTO

�´� - valor adimensional que define a tensão de tração referente à armadura de

compressão

��� - resistência à tração direta do concreto

– momento de inércia da seção bruta de concreto

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 OBJETIVO .................................................................................................... 2

1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................. 2

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................. 2

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................... ......................................................... 4

2.1 REFORÇO ESTRUTURAL ................................................................................ 4

2.2 TIPOLOGIA DE REFORÇOS ESTRUTURAIS .................................................. 6

2.2.1 Aumento da seção de concreto armado ...................................................... 7

2.2.2 Reforço com perfis metálicos ...................................................................... 7

2.2.3 Reforço com polímeros reforçados por fibras (PRF) ................................... 8

2.2.3.1 Características dos compósitos reforçados com fibras .......................... 10

2.2.3.2 Fibras de Carbono .................................................................................. 11

2.2.3.3 Matriz Polimérica .................................................................................... 14

2.2.3.4 Aplicações dos sistemas compósitos ..................................................... 15

2.2.3.5 Formas de utilização dos polímeros reforçados com fibra de carbono

(PRFC) ............................................................................................................... 15

2.2.4 Reforço com chapa de aço colada ............................................................ 16

2.2.4.1 Ligantes na interface substrato – chapa metálica .................................. 17

2.2.5 Reforço com protensão exterior ................................................................ 17

2.2.5.1 Posicionamento e Traçado de Cabos de Protensão .............................. 19

2.2.5.2 Perdas de protensão .............................................................................. 20

2.2.5.3 Aplicações do método de reforço com protensão externa ..................... 21

2.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO ..................................................................... 21

2.3.1 Processo de execução de reforço com chapas metálicas ......................... 21

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2.3.2 Processo de execução de reforço com polímeros reforçados com fibras de

carbono .............................................................................................................. 23

2.3.3 Processo de execução de reforço com protensão externa ....................... 25

2.4 MODELAGEM COMPUTACIONAL DO REFORÇO ESTRUTURAL ............... 26

2.5 DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO ................................................................... 27

2.5.1 Considerações do dimensionamento ........................................................ 27

2.5.2 Modos de ruptura segundo a NBR 6118/2014 .......................................... 28

2.5.3 Esquema de cálculo .................................................................................. 29

2.5.4 Procedimento para dimensionamento ....................................................... 36

2.5.5 Considerações adicionais para o dimensionamento de CRFC, segundo

Machado (2002) ................................................................................................. 36

2.5.5.1 Falha na colagem ................................................................................... 37

2.5.5.2 Tensões de recobrimento do concreto ................................................... 38

2.5.5.3 Cisalhamento da viga ............................................................................. 39

2.5.5.4 Irregularidades superficiais .................................................................... 40

2.5.5.5 Comprimento de aderência .................................................................... 40

2.5.6 Considerações adicionais para o dimensionamento de reforço com adição

de chapas metálicas .......................................................................................... 40

2.6 REFORÇO COM PROTENSÃO EXTERNA ............................................... 43

3. DIMENSIONAMENTO DE REFORÇO À FLEXÃO DA VIGA DE K RAMER (2013)

44

3.1 VIGA DE KRAMER (2013) ............................................................................... 44

3.2 CÁLCULO DA DEFORMAÇÃO INICIAL NA BASE INFERIOR DA VIGA ... 46

3.3 CÁLCULO DO MOMENTO RESISTENTE COM O REFORÇO ...................... 50

3.4 REFORÇO COM CRFC MBRACE CF130 ....................................................... 53

3.4.1 Reforço com CRFC com alívio de carga ................................................... 53

3.4.1.1 Considerações adicionais para o reforço com CRFC, com alívio de

cargas ................................................................................................................ 56

Page 17: TCC AMANDA B. PIVATTO

3.4.2 Reforço com CRFC sem alívio de carga ................................................... 58

3.4.3 Cálculo da porcentagem mínima a se descarregar ................................... 58

3.4.3.1 Cálculo da área de reforço com CRFC com o mínimo descarregamento

calculado ............................................................................................................ 59

3.4.3.2 Considerações adicionais para o reforço com CRFC, com o alívio parcial

de cargas ........................................................................................................... 60

3.5 REFORÇO COM CHAPA METÁLICA MR25 .............................................. 62

3.5.1 Reforço com chapa metálica com alívio de carga ..................................... 62

3.5.2 Reforço com chapa metálica sem alívio de carga ..................................... 62

3.5.3 Reforço com chapa metálica, considerando viga parcialmente

descarregada ..................................................................................................... 63

3.5.3.1 Considerações adicionais para o uso do reforço com chapa com alívio

parcial de cargas ................................................................................................ 66

3.5.4 Reforço com chapa metálica com a viga no domínio 3 ............................. 66

3.6 DETALHAMENTO DA VIGA DE ESTUDO ...................................................... 69

3.6.1 Desenho da viga reforçada com CRFC, com alívio de cargas .................. 69

3.6.2 Desenho da viga reforçada com CRFC, com alívio parcial de cargas ...... 71

3.6.3 Desenho da viga reforçada com chapa metálica, com alívio parcial de

cargas ................................................................................................................ 72

3.7 DIMENSIONAMENTO DE KRAMER (2013) PARA O REFORÇO COM

PROTENSÃO EXTERNA ...................................................................................... 74

3.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO DE CASO DA VIGA DE

KRAMER (2013) .................................................................................................... 75

4. DIMENSIONAMENTO DE REFORÇO À FLEXÃO DA VIGA DE B ASTOS (2010)

77

4.1 VIGA BIAPOIADA DE CONCRETO ARMADO DE BASTOS (2010) .......... 77

4.2 CÁLCULO DA DEFORMAÇÃO INICIAL NA BASE INFERIOR DA VIGA ... 78

4.3 CÁLCULO DO MOMENTO RESISTENTE DO REFORÇO PARA A VIGA DE

BASTOS (2010) ..................................................................................................... 79

Page 18: TCC AMANDA B. PIVATTO

4.4 REFORÇO COM COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRA DE

CARBONO PARA VIGA DESCARREGADA ......................................................... 82

4.4.1 Reforço com compósitos reforçados com fibra de carbono para viga não

descarregada ..................................................................................................... 83

4.4.2 Reforço com compósitos reforçados com fibra de carbono para viga

parcialmente descarregada ................................................................................ 84

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................... ................................................... 89

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS POSTERIORE S ............. 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ................................................. 95

APÊNDICE A ........................................ .................................................................... 98

APÊNDICE B ........................................ .................................................................. 104

Page 19: TCC AMANDA B. PIVATTO

1

1. INTRODUÇÃO

A falta de manutenção ao longo da vida útil e muitas vezes a insuficiência de

controle de qualidade das edificações são situações indesejadas, mas que podem

ocorrer nas construções. Soma-se a isto o fato de que erros humanos podem

ocorrer em várias etapas do projeto e/ou construção como: falhas na interpretação

da necessidade do cliente, falhas na leitura de projeto, interpretação incorreta de

valores e resultados, problemas na execução com ausência ou ineficiência de

monitoramento de profissionais adequados, entre outros. Além disso, mudanças na

finalidade das edificações frente às necessidades do proprietário ou necessidades

de ampliação muitas vezes acarretam em alterações nas cargas solicitantes da

estrutura. Perante isto, a estrutura pode não estar devidamente preparada para

receber os esforços solicitantes.

Além disso, uma estrutura de concreto armado tem uma durabilidade limitada,

com uma vida útil projetada, apresentando falhas com o passar do tempo. Deste

modo, é importante salientar a necessidade, muitas vezes postergada, da

manutenção dos elementos estruturais.

Logo, quando alguma destas situações ocorre, é importante que sejam

tomadas as providências necessárias de recuperação ou reforço estrutural a fim de

que a funcionalidade e a segurança da edificação sejam garantidas, evitando

também o surgimento de manifestações patológicas nestas estruturas.

O reforço é uma forma de reabilitação estrutural e, para que seja feito da

melhor maneira possível, é imprescindível que a peça esteja completamente

recuperada e sã antes da sua aplicação, buscando seu máximo desempenho.

Entre os principais métodos de reforço estrutural estão: (a) o encamisamento

da peça, sendo um dos mais utilizados nas edificações em geral; (b) a colagem de

chapas metálicas por meio de resina epóxi, amplamente utilizado a partir de 1980 e,

se bem executado, com ótimo desempenho de acordo com Ripper e Souza (1998);

(c) a utilização de compósitos reforçados com fibras de carbono (CRFC), o método

mais moderno da literatura, sendo ainda muito estudado; (d) a protensão de cabos

exteriores, apresentando bons resultados na inibição de deformações e

redistribuição de cargas; e (e) a implantação de perfis metálicos, método utilizado

principalmente em casos de emergência, sendo também muito tradicional segundo

Page 20: TCC AMANDA B. PIVATTO

2

Machado (2002). Destaca-se que cada caso de implantação de reforço deve ser

analisado singularmente, pois muitas particularidades podem existir dependendo da

situação.

Este trabalho visa elaborar um estudo de dois diferentes métodos de reforço

para viga de concreto armado biapoiada: a colagem com chapas metálicas e a

implantação de compósitos reforçados com fibras de carbono. Estes reforços

também serão comparados com o reforço por protensão externa com cordoalhas

engraxadas, realizado por Kramer (2013). Estas três formas de reforço estrutural

não necessitam de mudanças consideráveis na seção da peça e, dependendo da

situação, podem ser aplicados sem interromper a utilização da edificação a ser

reforçada.

1.1 OBJETIVO

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é estudar o dimensionamento à flexão de dois

diferentes métodos de reforço estrutural (a colagem de chapas metálicas e a

utilização de polímeros reforçados com fibras de carbono) para vigas biapoiadas de

concreto armado. Estes métodos serão comparados com o método de reforço por

protensão externa, analisando as vantagens e desvantagens entre eles, além da

segurança.

1.1.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos deste trabalho:

o Descrever os métodos de reforço por colagem de chapas metálicas e a

utilização de polímeros reforçados com fibras de carbono e apresentar o

processo de dimensionamento à flexão de vigas reforçadas por estes

métodos;

o Estudar a influência do descarregamento sobre o dimensionamento destes

reforços em vigas biapoiadas de concreto armado;

Page 21: TCC AMANDA B. PIVATTO

3

o Comparar os reforços com chapas metálicas e com fibras de carbono obtidos

para as vigas biapoiadas estudadas por Kramer (2013) e Bastos (2010);

o Comparar os reforços com chapas metálicas e com fibras de carbono com o

reforço por protensão externa dimensionado por Kramer (2013).

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 2, de revisão bibliográfica, são apresentados os conceitos,

informações, características e estudos já realizados sobre o assunto em questão,

que serão a base para as demais etapas deste trabalho.

Nos dois capítulos seguintes (capítulos 3 e 4) são expostas as situações de

estudo - viga de Kramer (2013) e de Bastos (2010) - juntamente com o

dimensionamento à flexão de reforço por compósitos reforçados com fibra de

carbono e por adição de chapas metálicas. Também são apresentados os desenhos

para a etapa de execução dos processos referidos de reforço estrutural da viga de

Kramer (2013). Além disso, são ilustrados os resultados encontrados por Kramer

(2013) em seu estudo utilizando o método de protensão externa.

Em seguida, no capítulo 5, os resultados são discutidos e analisados,

ilustrando as diferenças nos resultados encontrados a partir das considerações

feitas e das características das vigas de estudo. Estes resultados também são

comparados com aqueles encontrados por Kramer (2013) para a protensão externa.

No capítulo 6, a partir do que foi lido, estudado e por meio do

dimensionamento calculado, são apresentadas as conclusões a respeito dos

métodos de reforço estrutural e sua pertinência dependendo do local e situação em

que se encontra a peça estrutural. Também neste capítulo são sugeridos estudos

para realização posterior, para melhor entendimento e aprofundamento do assunto.

Posteriormente estão as referências bibliográficas consultadas para a

realização deste estudo e, por fim, os anexos. Nos anexos são expostas as planilhas

eletrônicas utilizadas para o dimensionamento dos reforços com compósitos

reforçados com fibra de carbono e por adição de chapas metálicas para a viga de

Kramer (2013).

Page 22: TCC AMANDA B. PIVATTO

4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 REFORÇO ESTRUTURAL

Segundo Reis (2001) existe uma diferença entre reparo, recuperação e

reabilitação. O primeiro é a correção localizada de um problema patológico, a

segunda é a correção deste problema com caráter de readequação da utilização de

toda a estrutura e a última envolve reparos simples e também o reforço. De acordo

com Ferrari et al (2002), o reforço pode ser definido como o aumento da capacidade

suportada por uma peça estrutural, tanto para lajes, quanto vigas, pilares ou

qualquer outro elemento estrutural.

A aplicação de reforço estrutural vem cada vez mais sendo utilizada na

construção civil. Existem vários motivos para esta ocorrência, dentre eles

(MACHADO, 2002):

o Falta de manutenção da edificação, ou mesmo a utilização incorreta e

envelhecimento;

o Projeto inadequado ou método construtivo incorreto;

o Erro humano em uma ou mais fases do projeto e/ou construção;

o Aumento das exigências de segurança;

o Agressividade do meio onde está a edificação, o que pode comprometer o

correto desempenho dos materiais utilizados com o passar do tempo;

o Ocorrência de acidentes de causa humana (explosões, choques,

incêndios, entre outros) ou naturais;

o Aumento das cargas destinadas à estrutura, tanto por sobrecarga quanto

por mudança da utilização da construção.

Segundo Machado (2002), dentre esses motivos, este último está ocorrendo

mais frequentemente até mesmo antes de a construção do edifício estar finalizada,

por mudança de interesse do idealizador da obra.

A maioria destas causas passa a gerar manifestações patológicas na edificação.

Machado (2002) afirma que as deficiências de execução e de projeto somam mais

de 50 % das principais origens dos problemas patológicos em uma estrutura. Deste

modo, as manifestações patológicas e a estrutura original devem ser bem estudadas

para a aplicação da melhor forma de reforço.

Page 23: TCC AMANDA B. PIVATTO

5

Lima (2009) destaca que a forma utilizada para reforço estrutural deve ser

facilmente distinguível da estrutura original. Isso porque facilita o processo de

manutenção e inspeção, evitando a adulteração de materiais antigos e impedindo a

reversibilidade do processo. Entretanto, segundo Reis (2001) em qualquer método

de reforço externo é importante que o comportamento do sistema seja como uma

nova e única peça.

Se tratando do dimensionamento do reforço de uma estrutura, ele se diferencia

do cálculo de uma estrutura nova, pois há a necessidade de análise do

comportamento da estrutura antiga ao longo do tempo, estudo de sua deformação e

chance de colapso. Soma-se a isto, o fato de não existir nenhum software capaz de

calcular um reforço estrutural, diferentemente do cálculo de estruturas novas

(NAKAMURA, 2009).

De acordo com Machado (2002), no caso de reabilitação estrutural deve-se,

sobretudo, definir as condições de utilização e destinação da edificação, bem como

se deve definir os carregamentos limites. Isto evitará que ocorra uma solicitação

indevida e que se excedam as tensões e as deformações admissíveis.

É importante destacar também o procedimento de descarregamento (alívio) do

elemento estrutural antes de ser reforçado. Segundo Reis (1998), a estrutura pode

ser escorada ou até mesmo erguida por meio de macacos hidráulicos com o objetivo

de reduzir as flechas existentes e neutralizar parte das solicitações, conforme a

FIGURA 1. Segundo a autora, “este processo garante que o reforço contribua

efetivamente na resistência e controle de deformações causadas pelas ações

permanentes”.

Page 24: TCC AMANDA B. PIVATTO

6

FIGURA 1: ELEMENTO ESTRUTURAL SEM E COM ALÍVIO DE CARGAS. (FONTE: REIS, 1998).

Para o processo de reforço estrutural, o planejamento é fundamental. Logo, é

importante atribuir à inspeção, o estabelecimento de recursos a serem utilizados, a

determinação de retirada de amostras ou a execução de ensaios na peça e a

necessidade de intervenção emergencial (NAKAMURA, 2009).

2.2 TIPOLOGIA DE REFORÇOS ESTRUTURAIS

Se uma estrutura não conseguir mais resistir aos esforços direcionados a ela

sem o aparecimento de manifestações patológicas ou se houver a incapacidade de

adequação desta estrutura a novas cargas, ocorre a necessidade de reabilitação

dessa peça estrutural.

Segundo Almeida (2001), Reis (2001), Romero (2007) e, Ripper e Souza

(1998), o reforço estrutural pode ser feito pela associação de materiais metálicos

como barras de aço adicionais ou chapas metálicas, pela implementação de

concreto, pela utilização de fibras e também por meio da aplicação de forças que se

contraponham às tensões adicionais através do uso da protensão.

Na sequência, apresenta-se uma breve descrição de alguns métodos de

reforço estrutural, com maior ênfase nos processos estudados neste trabalho, ou

Page 25: TCC AMANDA B. PIVATTO

7

seja, colagem de chapas metálicas, compósitos de fibra de carbono e protensão

externa, sendo que este último será utilizado como método para comparação.

2.2.1 Aumento da seção de concreto armado

O aumento da seção de concreto armado é a técnica mais utilizada e mais

antiga, onde há a implementação de uma nova camada de concreto, aumentando a

seção da peça (RIPPER; SOUZA, 1998).

Conforme Reis (2001), o reforço com concreto armado possui facilidade de

execução e economia, mas interfere na forma arquitetônica da edificação, bem como

na utilização da mesma durante e depois do processo de reforço. Além disso, este

método pode ocasionar um acréscimo de cargas à fundação, já que o peso da

estrutura nova (reforço mais a original) passa a ser consideravelmente maior devido

ao peso específico do material de reforço.

Entretanto, Romero (2007) afirma que “uma camada de concreto adicional

colocada em cima da laje original pode aumentar a capacidade estrutural das vigas

que a suportam devido ao aumento da altura efetiva da armadura na região de

momento positivo.” Segundo ele, isso também pode ser obtido para o momento

negativo caso exista o acréscimo de armadura negativa na região.

Mas entre as principais desvantagens deste método estão o aumento das

dimensões da peça e de seu peso próprio, além das dificuldades causadas pela

retração, falhas na aderência e possíveis fissurações entre concreto antigo e novo

(CARNEIRO, 1998). Ademais, para que manifestações patológicas sejam evitadas o

CEB (1983) aconselha que sejam tomadas uma série de cuidados na execução do

encamisamento da peça.

2.2.2 Reforço com perfis metálicos

Segundo Reis (2001), este método é uma das soluções mais tradicionais,

sendo comumente utilizada em situações de emergência. O autor destaca que é

importante dar relevância à ligação estrutura-reforço, averiguando se as partes estão

devidamente interligadas e, para isso, a superfície da peça deve estar corretamente

Page 26: TCC AMANDA B. PIVATTO

8

preparada antes da implantação dos perfis, o que pode ser alcançado por processos

de reparo.

Moraes (2009) coloca algumas vantagens da utilização deste método como

reforço, como o elevado desempenho mecânico e a flexibilidade do sistema

construtivo. Além disso, o autor destaca que esta solução é consideravelmente leve

e de fácil aplicação junto à peça, sendo aplicada mediante a inserção de parafusos

expansivos e resinas injetáveis.

2.2.3 Reforço com polímeros reforçados por fibras (PRF)

O reforço com polímeros reforçados por fibras (PRF) é utilizado tanto em

estruturas novas quanto em antigas e, de acordo com Reis (2001) pode melhorar as

condições de ductilidade, resistência, flexão e cisalhamento. Quando utilizado como

reforço de estruturas antigas é de rápida execução sem até mesmo interromper o

uso da edificação.

Outros autores destacam outras vantagens da técnica. Entre elas estão a

neutralidade eletromagnética e a da facilidade de aplicação (SOUTO FILHO, 2002).

Soma-se a isto a resistência à corrosão (diferentemente da colagem de chapas

metálicas), a baixa expansão térmica, a facilidade de transporte e a resistência à

fadiga (PERELLES, 2013).

Romero (2007) acrescenta algumas desvantagens, como a dificuldade de

visualização de fissuras pelo tecido, custo elevado, coeficiente de dilatação diferente

do concreto e possibilidade de destacamento prematuro nas bordas devido às

tensões.

Ferrari et al (2002) relatam que o rompimento por descolamento ocorre sem

aviso prévio e faz com que não se utilize completamente as propriedades mecânicas

do reforço, como pode ser visto na FIGURA 2.

Page 27: TCC AMANDA B. PIVATTO

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FIGURA 2: DESPRENDIMENTO DA MANTA DE COMPÓSITO DE CARBONO EM UMA VIGA SUBMETIDA À FLEXÃO

(FONTE: FERRARI et al, 2002).

Para evitar este desprendimento, Ferrari et al (2002) sugerem a implantação

de mecanismos de incremento de ancoragem, que fazem com que toda a

capacidade mecânica do reforço seja alcançada. O mecanismo utilizado pelos

autores em seu estudo é a aplicação de uma manta de fibra de carbono colada

transversalmente àquela de reforço, com comprimento igual ou maior à largura da

viga, conforme mostra a FIGURA 3. Segundo os autores, esta ancoragem pode

aumentar a resistência à flexão em média 97% e pode distanciar as cargas de

plastificação e ruína do aço interior, se comparada a mesma peça sem reforço.

FIGURA 3: INCREMENTO DE ANCORAGEM ESTUDADO POR FERRARI ET AL (2002) (FONTE: FERRARI et al, 2002).

Em se tratando dos custos elevados, Ferrari e Padaratz (2004) destacam que

os custos com a mão de obra e com equipamentos para a execução da técnica não

são exagerados. Segundo eles, o uso deste método acarreta na diminuição de

gastos com paralização do uso da edificação para a realização do processo

Page 28: TCC AMANDA B. PIVATTO

10

construtivo do reforço e na diminuição de número de trabalhadores se comparado a

outros métodos de reforço.

2.2.3.1 Características dos compósitos reforçados com fibras

Beim (2008) define os compósitos como a união macroscópica de dois

elementos principais e diferentes entre si, constituídos por uma matriz polimérica e

um material de reforço que é formado principalmente por fibras.

Perelles (2013) afirma que a matriz tem a finalidade de conectar as fibras,

para que haja a transferência de tensões entre o concreto e o compósito, e também

de protegê-las de agentes agressivos ou algum outro dano. Deste modo, a matriz

polimérica mantém as fibras coesas e ativas no sistema.

Com relação às fibras, são elas que geram o reforço, aumentando a

resistência, elasticidade e rigidez (PERELLES, 2013). De acordo com Machado

(2002), as fibras posicionadas unidirecionalmente dentro da matriz polimérica

absorvem a esforços de tração solicitados pela estrutura.

Machado (2002) também destaca que o alongamento de ruptura da matriz

deve ser maior que o da fibra, fazendo com que a primeira continue suportando a

carga solicitada depois de a fibra ter atingido sua tensão limite. Para isso, os

sistemas compostos com fibras de carbono devem ter a fibra com ruptura frágil e a

matriz com ruptura dúctil, conforme a relação à esquerda da FIGURA 4. Desta

maneira, desconsidera-se a possibilidade de colapso por ruptura frágil da matriz,

conforme o lado direito da FIGURA 4.

Page 29: TCC AMANDA B. PIVATTO

11

FIGURA 4: ILUSTRAÇÃO DOS DIAGRAMAS DE TENSÃO X DEFORMAÇÃO DE UM COMPÓSITO REFOÇADO COM FIBRA DE CARBONO.

(FONTE: MACHADO, 2002).

Entretanto, Perelles (2013) por sua vez afirma que, em se tratando do

compósito em si (união da fibra e matriz), ele possui ruptura frágil mantendo

comportamento elástico até a ruptura, sendo uma das desvantagens deste material.

Além disso, Wu (1990) afirma que, para esforços de compressão, o material não

possui resultados tão satisfatórios, com uma tensão de ruptura da ordem de 78% da

tensão de ruptura à tração.

Quanto à resistência ao fogo, esta depende do tipo de matriz envolvente. O

material utilizado para formação do composto, em geral, passa a um estado

vitrificado quando em alta temperatura (temperatura de transição vítrea), em torno

de 90 oC, onde a matriz passa a perder a adesão das fibras ao composto,

comprometendo a capacidade estrutural do material. Deste modo, é importante

ressaltar a necessidade de um projeto adequado de prevenção contra incêndios

quando há a utilização desta solução de reforço (MACHADO, 2011).

2.2.3.2 Fibras de Carbono

As fibras de alto desempenho mais utilizadas para reforço de polímeros para

uso em reforço estrutural são as de vidro, aramida e carbono. Entretanto, as fibras

de boro, poliéster, polietileno, poliamida e basálticas já estão sendo, em alguns

casos, utilizadas (GARCEZ, 2007). No entanto, por ser uma das fibras mais

utilizadas, apenas a fibra de carbono será estudada neste trabalho.

Page 30: TCC AMANDA B. PIVATTO

12

Segundo Machado (2011), as fibras de carbono resultam da queima em

temperatura entre 1000 °C e 1500 °C de fibras orgânicas (poliacrilonitril – PAN), de

fibras de rayon ou com base no alcatrão derivado do petróleo ou do carvão.

Posteriormente a esta carbonização, o autor afirma que “os átomos de carbono se

apresentam totalmente alinhados ao longo da fibra precursora, conferindo

extraordinária resistência mecânica ao produto final”.

A fibra de carbono se destaca pelo seu alto módulo de elasticidade e baixo fator

de relaxação (SOUTO FILHO, 2002). É a mais apropriada para reforço de vigas de

concreto armado pelo seu alto desempenho mecânico, pela sua resistência à

corrosão, alta resistência à tração (com sistema compósito de fibras de carbono

(CFC) alcançando até 3800 MPa (MACHADO, 2002)), pela sua rigidez e por ser um

material de baixo peso específico (1,8 kN/m³) o que não leva a um aumento

considerável do peso da estrutura a se reforçar (FERRARI et al, 2002). Garcez

(2007) também relata muitas vantagens do uso da fibra de carbono em compósitos,

dentre elas: resistência à tração até dez vezes maior que a do aço e cinco vezes

mais leve; maior módulo de elasticidade específico se comparada a outras fibras,

como a aramida e a de vidro; elevada resistência à fadiga; e imunidade à corrosão.

A forma como a fibra de carbono é obtida, anteriormente citada, é um dos

motivos que torna seu preço menos atrativo. Pelo seu alto custo, quando os

requisitos de desempenho não são tão exigentes, a competitividade de outras fibras

em relação à de carbono aumenta (GARCEZ, 2007).

Quanto às suas propriedades físicas, Perelles (2013) destaca que dependendo

do tipo de tratamento que é aplicado à fibra, sua resistência mecânica pode superar

a resistência do aço. Afirma também que as fibras possuem excelente

características de amortecimento às vibrações. Além disso, apresentam estabilidade

dimensional ao possuírem elevada rigidez, tornando as deformações menores - o

que confirma a colocação de Garcez (2007) - e preservando as dimensões das

peças.

Em relação ao seu comportamento térmico, as fibras possuem coeficiente de

dilatação térmica longitudinal de valor negativo (cerca de -10-6/oC). Isto significa que,

com o aumento de temperatura a fibra retrai e com diminuição da temperatura, ela

expande. Esta característica pode ser prejudicial já que o concreto tem coeficiente

Page 31: TCC AMANDA B. PIVATTO

13

da mesma ordem, mas positivo, deformando de maneira oposta à fibra com a

variação de temperatura (MACHADO, 2011).

Outra característica importante é o posicionamento das fibras no compósito. A

orientação das fibras interfere amplamente em seus elevados módulos de

elasticidade e resistência (BEBER, 2003), conforme a TABELA 1. Isto significa que o

posicionamento das fibras, além da matriz e da interface matriz-reforço, pode

acarretar em uma maior resistência e rigidez (PERELLES, 2013).

TABELA 1: PROPRIEDADES TÍPICAS DOS SISTEMAS CFC, ADAPTADO DE MACHADO, 2002.

Conforme o seu posicionamento, as fibras podem ser descontínuas (aleatórias

ou unidirecionais) ou contínuas. As descontínuas são usuais em situações de baixa

solicitação mecânica. Já a disposição contínua apresenta fibras longas e contínuas,

utilizadas quando se necessita de alta rigidez e resistência (BEIM, 2008, apud

ALMEIDA, 2005). A FIGURA 5, abaixo, ilustra as fibras descontínuas.

FIGURA 5: FIBRAS DESCONTÍNUAS (FONTE: BEIM, 2008).

Orientação do sistema Carbono/ Epóxi (graus)

Representação da orientaçãoMódulo de

tração (Gpa)Tensão Máxima de Tração (MPa)

Deformação de ruptura (%)

Coeficiente de expansão térmica (-10-6/oC)

0 Fibra unidirecional 117 - 145 1380 - 2070 1,0 - 1,5 0

0/90 55 - 76 690 - 1035 1,0 - 1,5 1,7

45/-45 14 - 28 175 - 275 1,5 - 2,5 5,5 - 8,3

Fibra igualmente orientada segundo direções ortogonais, onde 0 (ou 45) é a direção do carregamento e 90 (ou -45) é a normal à direção do carregamento

Page 32: TCC AMANDA B. PIVATTO

14

Fatores como a uniformidade ou homogeneidade do compósito estão

relacionados diretamente a distribuição da fibra. Se a distribuição for mais uniforme,

mais homogêneo torna-se o reforço e menores as chances de falhas nas áreas mais

frágeis (BEIM, 2008).

Além disso, o comprimento das fibras também pode alterar no resultado de

resistência. Segundo Beber et al (2001), fibras mais longas geram menor retração e

maior resistência mecânica, pela maior facilidade de orientação dentro do

compósito, entretanto são mais caras que as curtas.

2.2.3.3 Matriz Polimérica

A matriz polimérica é aplicada em compósitos de fibra de aramida, vidro e

carbono em temperaturas relativamente baixas. Possui vantagens como facilidade

de processamento, flexibilidade na orientação das fibras e custo relativamente baixo

de produção (BEIM, 2008).

Ela tem a função de integrar as fibras, transmitindo os esforços de umas para

as outras, além de protegê-las contra agentes agressivos (REIS, 2001). Além disso,

Garcez (2007) destaca que é importante que a matriz e as fibras sejam compatíveis

química e termicamente.

Classifica-se a matriz em termoplástica e termorrígida, sendo a primeira

caracterizada pela tenacidade e ductilidade, e a segunda pela resistência, rigidez e

fragilidade. (BEIM, 2008, citando ALMEIDA, 2005).

Segundo Garcez (2007), o rompimento das moléculas de um polímero

termorrígido só ocorre com a aplicação de considerada quantidade de energia, que

pode inclusive deteriorar o polímero em questão. Já os polímeros termoplásticos, de

acordo com o autor, são extremamente maleáveis, podendo ser moldados depois da

fabricação, por meio do acréscimo de temperatura. Entretanto, os termoplásticos

possuem alta viscosidade, o que pode provocar dificuldade de aplicação da matriz e

formação de bolhas em seu interior, além do desalinhamento das fibras.

Perelles (2013) afirma que as matrizes poliméricas mais utilizadas são as

termorrígidas, principalmente as epoxídicas. Isto porque são fáceis de manusear e

podem ser aplicadas em diferentes tipos de ambientes. Possuem boa aderência ao

Page 33: TCC AMANDA B. PIVATTO

15

concreto, utilidade para diversos climas, capacidade de preenchimento de vazios e

ligação adequada entre a resina e a fibra (DE LUCA, 2006). Além disso, conforme

Beber (2003), elas se destacam por apresentar boa estabilidade térmica, boa

resistência química e baixa relaxação. Dentre as termorrígidas estão as resinas a

base de poliéster, epóxi e éster vinílicas (GARCEZ, 2007).

A partir disso, neste trabalho será utilizada a matriz termorrígida epoxídica,

pelo fato de que, conforme mencionado acima, é uma das mais utilizadas.

2.2.3.4 Aplicações dos sistemas compósitos

Segundo Machado (2002), é possível utilizar o sistema compósito de fibras de

carbono (CFC) para diferentes tipos de estruturas. Dentre elas, estão:

• Reforço de vigas à flexão e ao cisalhamento;

• Reforço de lajes à flexão;

• Reforço de pilares e colunas, aumentando a resistência à flexão e à

compressão por confinamento da seção;

• Reforço de pilares e colunas pelo aumento da ductibilidade para resistir a

efeitos sísmicos, por meio do confinamento, como forma preventiva;

• Reforço de tanques, silos e reservatórios;

• Reforço de muros de arrimo, vigas-parede e alvenarias;

• Reforço de túneis e tubulações;

• Reforço para aplicação de novos carregamentos.

2.2.3.5 Formas de utilização dos polímeros reforçados com fibra de carbono (PRFC)

Dentre as formas de utilização de PRFC estão: os fios (comercializados em

rolos) que podem ser aplicados em cabos de protensão externa ou até mesmo

fazendo o papel de armaduras; os laminados, utilizados como reforço e aplicados na

estrutura original por meio de adesivos e mais pertinentes em superfícies planas; as

grelhas e perfis; e os tecidos (tecelagem de fios) e mantas (aglomerados de fibras),

elementos de reforço formados in situ (GARCEZ, 2007).

Page 34: TCC AMANDA B. PIVATTO

16

Os reforços com lâminas (laminados) são caracterizados pela facilidade de

execução, pois apenas é preciso que se cole o material sobre a superfície a ser

reforçada utilizando um adesivo epoxídico, além de ser feita uma limpeza prévia

(PERELLES, 2013).

Já aqueles reforços executados in situ devem, além de uma limpeza prévia,

receber também uma camada de primer acompanhada de uma camada de

regularização. Logo após, é aplicada a resina epoxídica com a intenção de

aderência entre as camadas, seguindo com uma camada do tecido de fibras, mais

uma camada regularizadora e, por fim, um acabamento estético (PERELLES, 2013).

2.2.4 Reforço com chapa de aço colada

Nesta técnica, as chapas de aço são coladas na superfície de concreto por

meio de resina epóxi. É uma solução de baixo custo e com pouca interferência na

arquitetura, pois a seção reforçada possui apenas pequenas alterações geométricas,

sendo, portanto, de grande aceitação (REIS, 2001; SOUTO FILHO, 2002). Romero

(2007) ainda ressalta a simplicidade de execução e a facilidade de adquirir os

materiais a serem utilizados.

Entretanto, Romero (2007) destaca que as chapas acabam impossibilitando a

visualização de fissuras na peça original e a corrosão na parte interna das chapas.

Além disso, há a necessidade de um sistema de prevenção de incêndio (pela alta

sensibilidade das resinas epóxi a elevadas temperaturas) e a possibilidade de

descolamento e deslocamento das chapas metálicas devido à concentração de

tensões. Esse aspecto é confirmado por Souto Filho (2002).

Souto Filho (2002) afirma que tanto o reforço feito com perfis metálicos (citado

anteriormente) como a técnica de chapa de aço colada são uma boa solução

quando é o aço das armaduras existentes na peça que está deficiente e a qualidade

do concreto e suas dimensões continuam apropriadas. O que é confirmado por

Appleton e Gomes (1997) e por Sousa (2008), que também afirmam que a ligação

estrutura antiga/nova deste tipo de reforço pode ser feita por meio de resina epóxi e

também por parafusos metálicos.

Page 35: TCC AMANDA B. PIVATTO

17

Reis (2001) destaca que o adesivo epóxi é de extrema importância para o

processo, garantindo a transferência de tensões e fazendo com que a peça antiga e

o reforço atuem como uma única peça.

2.2.4.1 Ligantes na interface substrato – chapa metálica

A resina epoxídica, é sensível à variação de temperatura, resistente à

corrosão (por ser insensível à umidade), é aderente a diferentes tipos de substrato,

tem cura rápida, elevada resistência mecânica, além de ser muito resistente à

retração durante seu endurecimento. Isso faz com que este tipo de adesivo seja

utilizado no lugar de algum outro (RIPPER; SOUZA, 1998).

Segundo os autores, é preferível a aplicação da resina em uma temperatura

entre 10 °C a 30 °C, porque caso contrário, a temperatura intervém no processo de

polimerização do material. Os autores também sugerem a utilização de resinas

epoxídicas flexíveis no lugar das rígidas, de modo a facilitar a movimentação frente a

deformações, evitando fissuras e a entrada de água.

A utilização de parafusos na ligação entre o reforço e o substrato é também

muito comum. Os parafusos diminuem as chances de a chapa metálica descolar e

são insensíveis à variação de temperatura, ao contrário do que já foi citado sobre as

resinas epoxídicas. Entretanto, quando são utilizados, os parafusos geram um maior

tempo de aplicação do reforço, uma vez que só podem ser aplicados juntamente

com a resina (RIPPER; SOUZA, 1998).

2.2.5 Reforço com protensão exterior

Conforme Reis (2001) e Romero (2007), a protensão exterior atua em

elementos deformados, com cargas de serviço, diferentemente do uso de perfis

metálicos e encamisamento, em que há a necessidade de descarregar a peça a ser

reforçada para que possa ser feito o processo de reforço. Tem facilidade de

manutenção e de controle de perda de protensão, baixo peso próprio e elevada

resistência à tração. Entretanto, deve-se averiguar o correto posicionamento e

funcionamento das ancoragens, além do alto custo.

Page 36: TCC AMANDA B. PIVATTO

18

Segundo Romero (2007) o método de reforço utilizando a protensão começou

a ser usado em torno de 1950, mas só nas últimas décadas é que se tornou de

utilização mais frequente, devido às formas encontradas para evitar a corrosão dos

cabos além do surgimento dos cabos de fibras de plástico, que não sofrem corrosão.

Almeida (2001) afirma que as vigas protendidas com cabos externos podem

ser consideradas como aquelas com cabos internos não aderentes, sendo a

diferença entre elas que os cabos externos não acompanham a deflexão da viga em

todas as seções, devendo este fato ser considerado um efeito de segunda ordem,

como ilustrado na FIGURA 6, o que pode ser minorado por meio do uso de

desviadores.

FIGURA 6: EFEITO DE SEGUNDA ORDEM QUANDO OS CABOS NÃO ACOMPANHAM A DEFLEXÃO DA VIGA.

(FONTE: ROMERO, 2007).

Almeida (2001) diz que “não é necessário que a viga se deforme para que o

reforço comece a atuar sobre ela”, pois este método de reabilitação é ativo,

trabalhando continuamente na peça estrutural.

Outra vantagem é que o sistema de reforço por meio de protensão externa

pode ser utilizado em diferentes tipos de peças estruturais e de diferentes materiais

(madeira, aço ou concreto), sendo uma solução viável para diversos casos, sem

mesmo interromper a utilização do local durante a execução.

Conforme Almeida (2001), além deste método de reforço melhorar o

comportamento da peça frente às cargas solicitantes de serviço, torna a peça capaz

de suportar cargas maiores do que as previstas além de contribuir na resistência

Page 37: TCC AMANDA B. PIVATTO

19

também ao cisalhamento. Para mais, garante também uma maior resistência à

fadiga.

Romero (2007) observou em seu estudo que o reforço estrutural por meio de

protensão externa auxilia na recuperação de deformações verticais, de fissuras de

flexão e também no alívio de tensões nas armaduras interiores.

Para a segurança do método, Ripper e Souza (1998) destacam a importância

da garantia da eficiência da ancoragem neste sistema, tal que uma vez que esta

falhar, o método perde a eficácia.

2.2.5.1 Posicionamento e Traçado de Cabos de Protensão

O posicionamento dos cabos pode ser reto (com ou sem desviadores) ou

poligonal. Os desviadores são dispositivos que forçam o traçado dos cabos a se

posicionarem em determinados pontos, para auxiliar na formação de um diagrama

de esforços contrário ao solicitante ou para permitir que o cabo acompanhe a

deformação da peça (KRAMER, 2013).

Almeida (2001) relata que, no caso da existência de fissuras na peça, é

adequada a utilização de cabos retos. Já para reduzir deformações, tanto os

poligonais quanto os cabos retos podem ser utilizados, dependendo do caso. Ambos

podem ser aplicados também como substitutos das armaduras interiores de uma

viga. Estes tipos de traçados são ilustrados na FIGURA 7 abaixo.

Page 38: TCC AMANDA B. PIVATTO

20

FIGURA 7: TRAÇADOS PARA CABOS DE PROTENSÃO. (FONTE: ALMEIDA, 2001)

2.2.5.2 Perdas de protensão

É de grande importância o conhecimento das perdas de protensão em uma

peça, a fim de que se possa conhecer a força de protensão total a ser aplicada, já

que se deve somar as perdas à força que efetivamente atuará na estrutura

(KRAMER, 2013).

Kramer (2013, apud TEJEDOR, 2013), afirma que a ocorrência de perdas de

protensão em cordoalhas engraxadas é menor do que em cordoalhas aderentes.

Logo, no caso de reforço com protensão externa, isto se torna uma vantagem.

Para Kramer (2013, apud FERREIRA, 2007) as perdas de protensão a serem

consideradas no caso de protensão externa de vigas metálicas (o que se assemelha

ao caso de reforço exterior) são as imediatas. Elas podem ser ocasionadas por

perdas no macaco hidráulico no momento da aplicação da protensão; por atrito, pela

imposição de forças contrárias à força de protensão; por protensão sucessiva; e por

Page 39: TCC AMANDA B. PIVATTO

21

perdas nas ancoragens, no momento da liberação dos cabos dos macacos, gerando

uma acomodação e, por consequência, perda no alongamento.

2.2.5.3 Aplicações do método de reforço com protensão externa

De acordo com Ripper e Souza (1998), a utilização deste método de

reabilitação de peças estruturais é preferível para os casos de costuras de fendas

em vigas; imposição de inibição de deformação (ambos pela aplicação de uma

deformação contrária à existente); redistribuição de esforços em peças contínuas,

retirando parte da carga de estruturas muito solicitadas ou danificadas, e reforço por

adição, como apoios adicionais, funcionando como tirantes.

2.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO

Segundo Machado (2002), “qualquer que seja o tipo de reforço externo

aderido que venha a ser utilizado, é imprescindível que o substrato de concreto

esteja adequado”. Ou seja, para os casos de estudo de reforço deste trabalho, o

substrato deve estar são, sem fissuras e trincas, e limpo.

Todas as falhas e manifestações patológicas devem ser definidas e corrigidas

e suas causas identificadas, antes de qualquer operação. Para o caso mais comum,

corrosão das armaduras, primeiramente deve-se recuperar e passivar as barras de

aço (formação de camada de óxido que evita o processo de corrosão), bem como

substituir o concreto deteriorado. As fissuras com largura maior que 0,25 mm devem

ser recuperadas por meio de injeção com resina epóxi e as menores que 0,25 mm,

em locais de agressividade do meio, devem receber tratamento com seladores como

prevenção contra contaminações (MACHADO, 2002).

Posteriormente aos processos de recuperação do elemento estrutural citados

acima, deve-se fazer a preparação da superfície que irá receber o reforço.

A seguir, são abordados os processos construtivos dos três métodos de

reforço estrutural estudados neste trabalho.

2.3.1 Processo de execução de reforço com chapas metálicas

Page 40: TCC AMANDA B. PIVATTO

22

O reforço com chapas metálicas é caracterizado pela simples e rápida

execução.

Para os casos de reforço com chapas metálicas e com polímeros reforçados

com fibras, deve-se executar o apicoamento da superfície, retirando a camada de

nata de cimento, fazendo com que a superfície apresente irregularidades. No caso

das chapas metálicas, segundo Ferrari e Padaratz (2004) estas irregularidades são

pertinentes, pois melhoram a aderência entre a peça original e o componente de

reforço estrutural.

Além disso, outra etapa da preparação é a limpeza apropriada da superfície

de concreto que irá receber as chapas. Este processo auxilia na aderência entre os

materiais (concreto/adesivo/chapa metálica), e na garantia de transferência de

cargas da estrutura antiga para o reforço por meio da resina epóxi (SOUTO FILHO,

2002).

Entretanto, segundo Appleton e Gomes (1997) quando há rugosidade em

excesso existe a necessidade de aplicação de uma camada de resina epóxi de

maior espessura. Isto não é adequado considerando que quanto maior a espessura

de cola aplicada, menor a resistência à tração (RIPPER; SOUZA, 1998).

Depois deste processo, aplica-se homogeneamente o adesivo epóxi no

concreto e na chapa. A espessura da cola é uma divergência entre os autores:

Souto Filho (2002) diz que a espessura máxima é de 1,5 mm, já Appleton e Gomes

(1997) afirmam que a máxima possível é de 2 mm. Posteriormente à aplicação da

cola, deve-se impor pressão leve na chapa durante o tempo especificado pelo

fabricante do adesivo, até o início da cura e aderência inicial (mínimo de 24 horas),

para assegurar a ligação entre os componentes (SOUTO FILHO, 2002). Branco

(2012) afirma ser suficiente cerca de sete dias para a total desmontagem do sistema

de pressão.

É importante aplicar proteção contra o fogo e contra a corrosão após a

concepção do reforço, uma vez que a chapa metálica não é resistente à corrosão e

o adesivo epóxi deteriora-se em temperaturas maiores que 60 oC (BRANCO, 2012).

A proteção para a chapa colada contra os efeitos da alta temperatura pode

ser feita por meio de argamassa projetada (menor custo e maior velocidade de

execução), manta de fibra cerâmica ou painéis de lã de rocha (aplicação limpa em

edificações em funcionamento), tintas intumescentes (bom acabamento e resistência

Page 41: TCC AMANDA B. PIVATTO

23

mecânica, mas mão de obra especializada para controle de espessura), placas

rígidas e argamassa a base de vermiculita (BRANCO, 2012).

A FIGURA 8 abaixo ilustra um exemplo de aplicação das chapas metálicas

para reforço estrutural de uma ponte na França. Suas vigas foram reforçadas tanto

na base quanto nas laterais.

FIGURA 8: EXEMPLO DE APLICAÇÃO: PONTE SOBRE CANAL SAINT-DENNIS NA FRANÇA, 1997 (FONTE: BRANCO, 2012).

Souza e Ripper (1998) destacam que para que exista o sucesso no

desempenho do reforço com chapas metálicas, a qualidade da resina utilizada, a

preparação da superfície concreto/aço (para aderência da cola) e a forma de

execução são os critérios limitantes.

2.3.2 Processo de execução de reforço com polímeros reforçados com fibras de

carbono

O reforço com polímeros é caracterizado por apresentar um bom

desempenho. Entretanto, necessita de mão-de-obra qualificada para a sua

execução, uma vez que qualquer desperdício pode acarretar em grandes despesas,

devido ao elevado custo de fabricação do material.

O processo de execução a seguir se refere à polímeros curados in situ (onde

todo o sistema é moldado no local a reforçar), uma vez que a aplicação de

Page 42: TCC AMANDA B. PIVATTO

24

laminados é muito simples, bastando apenas a colagem do compósito no substrato

(PERELLES, 2013).

De acordo com Perelles (2013), para garantir o bom desempenho do reforço

estrutural, é fundamental que a superfície da peça a ser reforçada seja preparada

adequadamente (conforme citado na descrição da execução de reforço com chapas

metálicas), isto porque resíduos e poeira podem impedir que a resina epoxídica seja

aderente entre o compósito e o substrato. Diferentemente da técnica de colagem de

chapas metálicas, na preparação da superfície para colagem com polímeros

reforçados com fibras, a superfície depois do apicoamento deve ser a mais regular

possível (FERRARI; PADARATZ, 2004). Esta regularização pode ser obtida pela

aplicação de argamassa niveladora (MACHADO, 2002).

Ferrari et al. (2002) em seu estudo, perceberam que a preparação da

superfície, para esta técnica, fazendo o apicoamento por meio de uma lixa acoplada

à uma esmerilhadeira, com movimentos circulares, gera uma superfície regular, com

exposição parcial dos agregados. Este tratamento originou, segundo os autores,

acréscimos consideráveis nas cargas de ruptura à flexão.

Posteriormente ao apicoamento, para o caso de reforço à flexão, Machado

(2002) afirma que o método de colagem é o de condição crítica, com as seguintes

recomendações: deve-se efetuar a limpeza do substrato a ser reforçado por meio de

jatos de água ou areia e utilização de abrasivos, expondo qualquer imperfeição e

recobrindo-a corretamente; no caso de aplicação de CFC em mais de uma das

superfícies laterais da peça estrutural, deve-se arredondar as quinas desta peça,

evitando regiões de vazios entre o concreto e o reforço e reprimindo a concentração

de tensões; a superfície a receber o reforço com fibras deve estar seca, já que a

água dificulta a ação das resinas de colagem.

Depois disso, deve-se fazer a aplicação do imprimador primário (primmer)

garantindo aderência entre o componente novo e o antigo. Após, aplica-se a camada

regularizadora de superfície, evitando a instalação do CFC em ondulações.

Posteriormente, faz-se o corte da lâmina de fibra de carbono e a imprimação com

resina de saturação, podendo a imprimação ser da lâmina de fibra de carbono ou da

superfície de concreto a receber a lâmina (sendo a primeira mais econômica). A

colocação da lâmina de fibra de carbono deve ocorrer logo após a imprimação, uma

Page 43: TCC AMANDA B. PIVATTO

25

vez que o tempo para aplicação da resina é de aproximadamente 30 minutos.

(MACHADO, 2011).

Posteriormente a isto, faz-se o procedimento que evita a formação de bolhas

de ar aprisionadas entre o reforço e a peça original, por meio da passagem de

roletes de aço denteados sobre a camada da lâmina. Finalmente, após 30 minutos

da imprimação, deve-se aplicar novamente a resina saturante, garantindo a imersão

da lâmina de fibra de carbono. Para o caso de mais de uma camada de CFC, deve-

se repetir estes processos. E, no caso de emendas, o transpasse deve ser no

mínimo de 10 cm (MACHADO, 2002).

As camadas de produtos a serem aplicados na peça a reforçar, no caso de

laminados de compósitos de fibra de carbono curados in situ, podem ser vistos na

Figura 9.

FIGURA 9: ETAPAS DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DOS CRFC CURADOS IN SITU.

FONTE: MACHADO, 2011

2.3.3 Processo de execução de reforço com protensão externa

Para o processo de reforço com protensão externa, apesar de parcialmente

simples, também é necessária mão-de-obra qualificada, de forma a garantir o bom

funcionamento do método e evitar possíveis falhas.

Page 44: TCC AMANDA B. PIVATTO

26

Segundo Kramer (2013), primeiramente deve ser feita a preparação da viga

(peça) em questão com o posicionamento dos desviadores dos cabos de protensão,

conforme seus traçados previamente definidos em projeto.

Seguindo o processo, deve ser feita a formação dos cabos, agrupando as

cordoalhas necessárias dispostas no interior da bainha de polietileno de alta

densidade. Após, pode ser feita a implantação do sistema de ancoragens, onde os

cabos serão posteriormente tensionados (KRAMER, 2013).

Depois disso, os cabos são posicionados e tracionados, por meio de um

macaco hidráulico, onde as tensões podem ser controladas e aplicadas de acordo

com a solicitação de projeto, seguindo com a cravação das ancoragens. Na

liberação dos esforços sobre o macaco, existe a tendência dos cabos voltarem a

posição inicial, mas são impedidos pela cunha, que penetra na abertura cônica,

produzindo uma perda de protensão por cravação das ancoragens. Como

finalização, é feita a injeção de nata de cimento dentro da bainha, preenchendo os

vazios e protegendo os cabos de processos corrosivos (KRAMER, 2013).

2.4 MODELAGEM COMPUTACIONAL DO REFORÇO ESTRUTURAL

Dadas as circunstâncias para o projeto e execução de reforço de uma peça,

surge a necessidade de realização de análises computacionais. Isso pode ser feito

com o auxílio de modelos matemáticos confiáveis, que reportem as características

físicas e mecânicas estruturais antes e depois da aplicação do reforço (SOUTO

FILHO, 2002).

Existem vários estudos feitos a respeito de formas de modelar o reforço junto

à estrutura original.

Lima (2009) elaborou uma análise computacional, através do software Ansys,

para o caso de reforço estrutural de uma viga de madeira. Foram cinco diferentes

casos analisados: utilização de chapas metálicas laterais à viga; chapas metálicas

posicionadas na base da viga; perfil U em todo o contorno da viga; perfil U

contornando a viga parcialmente e perfil T invertido. Como resultado, a autora

obteve uma relação entre o consumo de aço e a tensão normal absorvida pelo

reforço implantado. Concluiu que o perfil U, o perfil T e as chapas laterais foram os

Page 45: TCC AMANDA B. PIVATTO

27

métodos mais eficientes (mais tensão normal absorvida para um mesmo consumo

de aço).

Outro estudo foi o de Alfaiate e Costa (2004), que elaboraram a modelagem

de vigas de concreto armado com diferentes áreas de aço pré-existentes, reforçadas

ou não. Os pesquisadores observaram que as curvas carga-deslocamento

encontradas pelo modelo numérico proposto, foram semelhantes às curvas

provenientes do método experimental. Nos modelos empregados foi considerada

uma interface reforço/peça original de espessura nula. Concluíram, então, que o

modelo proposto é adequado para descrever o comportamento de estruturas de

concreto armado interna e externamente.

2.5 DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO

O dimensionamento contido neste trabalho é referente apenas à flexão. Não

são considerados neste caso outros efeitos, como o cisalhamento. De acordo com

Santos (2008) é possível utilizar o mesmo método de dimensionamento tanto para o

CRFC como para a chapa metálica. Deste modo, neste trabalho assim será feito.

Para que o dimensionamento seja elaborado com sucesso é preciso conhecer

a geometria da peça a ser reforçada, as cargas solicitantes, as propriedades dos

materiais empregados e a disposição das armaduras na seção transversal. Isto pode

ser feito através da análise in loco ou por meio do projeto estrutural (RIPPER;

SOUZA, 1998).

2.5.1 Considerações do dimensionamento

Segundo Machado (2002), algumas considerações devem ser tomadas no

dimensionamento, como:

o Seguir os critérios de Bernoulli, onde as seções planas permanecem planas

após a incidência de esforços e sua deformação é proporcional a sua

distância à linha neutra;

o Os cálculos devem ser feitos de acordo com as dimensões, propriedades dos

materiais e taxa de armadura da peça em questão, a ser reforçada;

o O concreto é dito como não resistente à tração;

Page 46: TCC AMANDA B. PIVATTO

28

o Deformação linear até ruptura no compósito, seguindo a lei de Hooke para

deformações;

o O concreto pode deformar até 0,0035 cm/cm (segundo critérios da NBR

6118/2014) ou 0,0030 cm/cm (segundo critérios da ACI 440.2R);

o Considera-se aderência ótima entre o reforço e a peça original.

2.5.2 Modos de ruptura segundo a NBR 6118/2014

As deformações de vigas de concreto armado submetidas à flexão simples

podem estar nos domínios 2, 3 (comumente chamados de subarmados) ou 4

(superarmados).

No domínio 2 a deformação da armadura tracionada (alongamento) é igual a

1%, correspondente a tensão de escoamento fyd máxima permitida. Já o

encurtamento máximo do concreto varia entre 0 e 0,35%. Isto significa que neste

domínio a armadura tracionada é econômica, porém o concreto não é utilizado até a

sua máxima resistência no momento do rompimento. O aço escoa, ocasionando

fissurações na peça estrutural, possibilitando algum tipo de interferência antes de

seu rompimento (ruptura com aviso prévio).

No domínio 3 o encurtamento máximo do concreto é igual a 0,35 % e o

alongamento da armadura de tração varia entre εyd (deformação de início de

escoamento) e 1%. Segundo Bastos (2010), a tensão na armadura é a máxima

permissível em norma, já que para qualquer deformação entre εyd e 1%, a tensão

será a máxima possível (fyd), conforme FIGURA 10. Desta forma, os dois materiais

são aproveitados ao máximo e a armadura também é considerada econômica. Além

disso, o rompimento, assim como no domínio 2, tem aviso prévio, pois a partir do

início do escoamento da armadura a peça estrutural exibirá fissuras.

Os valores que representam a deformação de início de escoamento variando

para cada tipo de aço, pela NBR 6118/2014, estão apresentados na TABELA 2,

abaixo.

Page 47: TCC AMANDA B. PIVATTO

29

FIGURA 10: TENSÃO EM FUNÇÃO DA DEFORMAÇÃO DO AÇO, ADAPTADO DE BASTOS (2010)

TABELA 2: AÇOS - VALORES DE CÁLCULO, ADAPTADO DA NBR 6118/2014

No domínio 4 o encurtamento máximo do concreto é igual a 0,35 %, sendo o

máximo permissível. Porém, o aço tem um alongamento menor a εyd, caracterizando

uma armadura não econômica. Isto significa que o concreto irá romper antes de a

armadura atingir sua tensão máxima fyd, discretizada pela FIGURA 10. Desta forma,

a peça irá romper sem aviso prévio, com uma ruptura frágil, o que é prejudicial à

segurança.

Segundo Garcez (2007), buscando garantir uma ductilidade adequada para a

peça reforçada, pode-se adequar a quantidade de fibras reforçadas para que a

armadura atinja o escoamento antes do esmagamento do concreto (ruptura dúctil).

Isto porque o dimensionamento se dá pela compatibilidade de deformações,

equilíbrio interno de forças e pelas propriedades dos materiais empregados,

considerando o Estado Limite Último (PERELLES, 2013).

2.5.3 Esquema de cálculo

AÇO fyk (MPa) fyd (MPa)DEFORMAÇÃO DE INÍCIO

DE ESCOAMENTO (%)

CA-25 250 217 0,1035

CA-50 500 435 0,207

CA-60 600 522 0,2484

Page 48: TCC AMANDA B. PIVATTO

30

A FIGURA 11 ilustra o esquema de cálculo utilizado para o dimensionamento.

FIGURA 11: ESQUEMA DE CÁLCULO ADAPTADO DE MACHADO, 2002.

Em que:

bw – base da viga;

h – altura da viga;

d – distância da fibra mais comprimida até o centro de gravidade da armadura

inferior;

d’ – distância da fibra mais comprimida até o centro de gravidade da armadura

superior;

t – distância da base inferior da viga até o centro de gravidade da armadura inferior;

x – distância da fibra mais comprimida até a Linha Neutra;

As – Armadura inferior (de tração);

A’s – Armadura superior (de compressão);

Ar – Área de reforço;

εc – Deformação da região comprimida;

εs – Deformação da armadura inferior;

ε’s – Deformação da armadura superior;

εR – Deformação do reforço;

FC – Força resultante da seção comprimida de concreto;

FS – Força resultante da seção tracionada da armadura inferior;

Page 49: TCC AMANDA B. PIVATTO

31

F’S – Força resultante da seção comprimida da armadura superior;

FR – Força resultante da seção tracionada de reforço.

A partir do modo de ruptura determinado, as deformações de cada material

componente da viga são calculadas por linearidade de sua variação.

Para o cálculo de FC é necessário considerar alguns coeficientes de

majoração e de redução: γC, ϱ, ϛ e Ψ (MACHADO, 2002), onde:

�– Coeficiente de ponderação da resistência do concreto, que de acordo com a

NBR 6118 (2014), pode ser considerado como 1,4 para combinações normais, no

Estado Limite Último (ELU;

ϱ – Coeficiente de minoração da resistência do concreto, que de acordo com a NBR

6118 (2014) tem valor igual a 0,80 (para seções transversais que aumentam a

largura conforme se aproxima da LN) ou a 0,85 (para o contrário ou para seções

retangulares), devido ao efeito Rüsch (que considera a variação da resistência do

concreto frente a velocidade de carregamento da peça), ao ganho de resistência do

concreto ao longo do tempo e a influência da forma cilíndrica do corpo de prova;

ϛ – Fator de correção do diagrama parábola-retângulo de tensão do concreto

comprimido que, de acordo com a NBR 6118 (2014), pode ser admitido como 0,8;

Ψ – Coeficiente de minoração do fck, que varia de acordo com a deformação

referente ao concreto (MACHADO, 2002):

Ψ = 1, para εc = 0,35% Equação 1

� = 1,25 . �1 − 0,002/�3 . !", para 0,2%≤εc ≤0,35% Equação 2

Ψ= 2,53 . $ εc

0,002, para εc<0,2% Equação 3

Desta forma, tem-se:

Page 50: TCC AMANDA B. PIVATTO

32

FC=ϱ. fckγ, .Ψ.ϛ.x.bw Equação 4

Ou seja,

FC=0,85. fck1,4 .Ψ.0,8.x.bw

As tensões atuantes podem ser encontradas pela Lei de Hooke, conhecendo

o modo de elasticidade dos materiais e as deformações lineares já encontradas.

Para o cálculo das forças correspondentes às resultantes das armaduras

comprimidas e tracionadas (F’S e FS) deve-se considerar a área conhecida da

armadura correspondente e a tensão do material (valor de cálculo) para fS e f’S para

o aço interior e fR para o material de reforço. Deste modo:

3�=4�. �� Equação 5

3′�=4′�. �′� Equação 6

36=46 . �6 Equação 7

Para tanto, as tensões atuantes podem ser encontradas pelas equações:

� = 7 . Equação 8

�� = �′� = �89�: Equação 9

�6; = <= . �6;∗ Equação 10

6; = <= . 6;∗ Equação 11

sendo:

�6;∗ - a tensão de ruptura última do reforço, fornecida pelo fabricante do material;

εRu* - deformação última fornecida pelo fabricante do material;

�: – coeficiente de minoração da resistência do aço;

7- Módulo de elasticidade do concreto, obtido por:

Page 51: TCC AMANDA B. PIVATTO

33

7 = 4700.@��A , em MPa Equação 12

<=- Coeficiente de redução da resistência do reforço, de acordo com o material

aplicado e o tipo de ambiente (para o caso de reforço com CRFC). Garcez (2007)

destaca a importância de que a peça reforçada consiga resistir a um determinado

esforço caso o reforço de CRFC seja danificado. Para isso, é utilizado este

coeficiente (de acordo com a TABELA 3), evitando ocorrer rupturas prematuras.

TABELA 3: FATOR DE REDUÇÃO DA TENSÃO DE RUPTURA DO MATERIAL FONTE: PERELLES, 2013, APUD ACI 440.2R, 2008.

A partir destes cálculos é possível determinar o somatório de momentos no

ponto do reforço (A), como mostra a FIGURA 12, considerando desprezíveis as

espessuras do reforço e da cola para sua fixação. O momento fletor encontrado

neste ponto é válido para qualquer outro ponto na viga e será pertinente se for de

um valor maior ou igual ao solicitante.

Page 52: TCC AMANDA B. PIVATTO

34

FIGURA 12: PONTOS A SEREM FEITOS OS SOMATÓRIO DE MOMENTOS FLETORES

A equação para cálculo do momento no ponto A pode ser definida como:

MRA�FC. Eh-0,8. x2HIF'S.Lh-d'N-FS.�h-d" Equação 13

Se o valor encontrado para o momento fletor resistente (MRd) for igual ou

maior que o solicitante (MSd), significa que a peça, juntamente com o reforço,

resistirão aos esforços. Se o valor encontrado para MRd for muito maior que o

solicitante, os valores arbitrados de modo de ruptura e posição da linha neutra

arbitrada (x) não são pertinentes, uma vez que não são econômicos. Caso o valor

encontrado seja aceitável, pode-se seguir com o procedimento, fazendo o somatório

de momentos em outro ponto da viga e igualando isto a MRd, sendo:

OMB�MRd�FC. Ed-0,8.x2HIF

'S.Ld-d'NIFR.t.Φ Equação 14

OMC�MRd�FS. Ed-0,8.x2HIF

'S.L0,4.x-d'NIFR.Φ.�h-0,8.x2 "

Equação 15

Page 53: TCC AMANDA B. PIVATTO

35

Tal que,

Φ – fator de redução, sugerido pelo ACI 440.2R (2008), aplicado à fibra de carbono

em função de o compósito ser considerado uma “novidade”. Neste trabalho este

coeficiente de redução será utilizado também para o cálculo do dimensionamento de

reforço com chapas metálicas, por ser a favor da segurança.

Estas equações resultam em dois valores para FR, que por equilíbrio devem

ser iguais.

Com a determinação de FR, é possível determinar a área de reforço

necessária para suportar os esforços solicitantes:

AR=FRfR Equação 16

fR=ε'R.ER≤fRu Equação 17

Tal que,

ER – é o módulo de elasticidade do reforço, fornecido pelo fabricante do material;

fR – é a tensão resistente no reforço;

ε’R – é a deformação do material de reforço, encontrada por:

′6 = 6 − UV ≤ 6; Equação 18

sendo,

εR – a deformação do reforço encontrada pela variabilidade linear de deformações

considerada, de acordo com a posição da LN (x);

εbi – a deformação preexistente na viga, resultado de seu carregamento antigo. Este

valor depende do método de aplicação do reforço e descarregamento (disposição de

escoramento ou não).

O valor de εbi deve ser considerado porque, de acordo com Machado (2002),

é preciso conhecer o nível de tensão já existente na estrutura a se reforçar, para que

então seja possível conhecer o nível de tensão que o reforço será submetido em sua

aplicação. A deformação preexistente na peça estrutural deve ser calculada a partir

Page 54: TCC AMANDA B. PIVATTO

36

do seu peso próprio, quando na aplicação do reforço a peça é escorada, ou a partir

de toda a sua carga atuante, no caso de não se optar pelo escoramento.

2.5.4 Procedimento para dimensionamento

O procedimento para dimensionamento é iterativo, seguindo as etapas

(MACHADO, 2002):

o Arbitra-se uma profundidade até a linha neutra (x), de acordo com o modo de

ruptura desejado;

o Calculam-se as deformações dos materiais, admitindo linearidade de sua

variação;

o Calculam-se as tensões de acordo com as deformações;

o A partir das tensões, encontram-se as forças atuantes e, por equilíbrio,

encontra-se o momento fletor resistente da viga;

o Se o momento fletor resistente for igual ou maior que o solicitante, o processo

está completo. Mas se o momento for menor, arbitra-se outro valor para a

posição da LN e inicia-se o processo novamente;

o Com o valor do momento fletor resistente, obtém-se o valor da força do

reforço e, por consequência, a área de reforço.

Neste processo, existe um valor de x em que se encontra o momento

solicitante igual ao resistente, sendo esta a situação mais econômica com a menor

área de reforço a se implantar (dimensionamento econômico), e que é o objeto de

análise neste trabalho.

Para a elaboração deste trabalho foram elaboradas planilhas eletrônicas,

onde dados da estrutura são inseridos e o valor do momento resistente com o

reforço é calculado, juntamente com a área de reforço, da seção transversal da viga,

a se aplicar.

2.5.5 Considerações adicionais para o dimensionamento de CRFC, segundo

Machado (2002)

Por meio da transferência de tensões entre o concreto e o reforço, pode

ocorrer a delaminação deste último antes de alcançada a resistência de ruptura do

Page 55: TCC AMANDA B. PIVATTO

37

concreto, sendo que em geral este fenômeno de descolamento é obtido para cargas

significativamente superiores às de serviço. Segundo Machado (2002), fissuras por

cisalhamento da viga, ruptura por cisalhamento interfacial, irregularidades

superficiais e a elevada tensão do recobrimento do concreto são as causas mais

frequentes de descolamento do reforço.

Perelles (2013) aponta causas de ocorrência da delaminação, como a tensão

excessiva na interface e baixa resistência à compressão do concreto (que deve ser

maior que 17 MPa para aplicação deste reforço).

As considerações a seguir expostas são sugeridas por Machado (2002).

2.5.5.1 Falha na colagem

Falhas na colagem podem ser ocasionadas por problemas de aderência ou

falhas de execução de algum dos produtos utilizados. Mecanismos de aderência

(apresentados anteriormente) podem aumentar a eficiência na transferência das

tensões e diminuir as chances de delaminação.

Uma equipe capacitada e com treinamento devido também é de extrema

importância para que a execução seja feita sem erros.

Recomenda-se também a utilização de um coeficiente redutor da resistência

da cola (κm), o qual deve multiplicar a deformação de ruptura, para prevenir a

delaminação e ruptura da colagem (rompimento frágil), conforme a equação:

km� 160.εRu . Y1- n.E6.e

360000\#0,90paran.ER.e≤180000N mm⁄ Equação 19

km� 160.εRu . Y

90000n.ER.e\#0,90paran.ER.e>180000N/mm Equação 20

Em que,

o a. 76 . b é a rigidez do reforço em N/mm;

o e é a espessura da camada de reforço (mm);

o n é o número de camadas de PRFC superpostas sobre o substrato na

seção do esforço;

o fu é a deformação de ruptura do reforço;

Page 56: TCC AMANDA B. PIVATTO

38

o κm é o coeficiente de redução da deformação de ruptura do reforço,

encontrado por observações de engenheiros feitas em campo,

evitando-se as falhas citadas anteriormente.

o Quanto maior o número de n, maior a rigidez do reforço e maior

também a possibilidade de delaminação. Entretanto maior a resistência

à flexão (PERELLES, 2013).

Deste modo, tem-se que a deformação máxima do reforço é:

ε'R=εR-εbi≤εRu. km Equação 21

2.5.5.2 Tensões de recobrimento do concreto

Neste caso, a armadura se comporta de forma que se perca a aderência ao

plano horizontal, fazendo com que uma determinada área de concreto se solte da

peça.

Para vigas contínuas, este processo pode ser evitado, se o reforço for

estendido pelo menos 15 cm após o ponto de momento nulo, para o caso de

utilização de apenas uma camada de reforço, e no caso de mais de uma camada,

seguir a recomendação anterior para a última e defasar 15 cm para cada camada a

mais FIGURA 13a. Já para o caso de vigas simplesmente apoiadas, as mesmas

recomendações são feitas, exceto de que o ponto de análise não é o de momento

nulo, mas o de momento crítico (de fissuração da peça), conforme a FIGURA 13b.

O momento crítico (MCR) pode ser definido, segundo Cunha (2011), como “o

momento fletor capaz de provocar a primeira fissura na peça”. Conforme o autor,

pode ser encontrado pela seguinte Equação:

d6 = � . ��� . �

Equação 22

Sendo:

� – coeficiente que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na

flexão com a resistência à tração direta (1,2 para seções “T” e 1,5 para seções

retangulares);

Page 57: TCC AMANDA B. PIVATTO

39

– é o momento de inércia da seção bruta de concreto;

� – é a distância do centro de gravidade da seção transversal à sua fibra mais

tracionada;

���- é a resistência à tração direta do concreto, que pode ser encontrada por:

��� � 0,3. ��A. 0,667 Equação 23

FIGURA 13: TERMINAÇÕES PARA LÂMINAS DE CFC. (FONTE: MACHADO, 2002).

2.5.5.3 Cisalhamento da viga

O surgimento de solicitações muito superiores às calculadas podem ocasionar

fissuras devido ao cisalhamento. Desta maneira, estas fissuras tracionam a lâmina,

podendo ocasionar o início da delaminação.

Page 58: TCC AMANDA B. PIVATTO

40

2.5.5.4 Irregularidades superficiais

As irregularidades côncavas ou convexas na superfície de concreto também

podem iniciar a delaminação. Para que isto não ocorra é apropriado preencher

qualquer irregularidade, conforme explicitado no item processo de execução, citado

anteriormente.

2.5.5.5 Comprimento de aderência

Outro fator importante a ser considerado é o comprimento de aderência do

CFC, que depende da resistência do concreto à tração e é calculado por:

lt,max=0,7.fEfc. tfcfct,m Equação 24

Sendo:

lt,max - comprimento de ancoragem em mm;

tfc - espessura do plástico do CFC em mm;

Efc - módulo de elasticidade à tração pura ou tração na flexão do plástico;

fct,m - resistência média à tração do concreto, encontrado por:

fct,m=0,3.$fck23

Equação 25

2.5.6 Considerações adicionais para o dimensionamento de reforço com adição de

chapas metálicas

Também o reforço estrutural utilizando chapas metálicas tem suas

considerações adicionais. Conforme Reis (1998), o item de maior relevância na

ligação entre o substrato e o reforço é a adesão. Esta é dependente da qualidade da

resina, do preparo do substrato, e da situação do elemento de reforço.

Page 59: TCC AMANDA B. PIVATTO

41

Segundo Appleton e Gomes (1997), a chapa de aço não deve exceder a

espessura de 4 mm quando não há a utilização de pinos e de 12 mm quando há

pinos; a largura da chapa deve ser maior que 50 mm quando não há pinos e maior

que 80 mm quando há pinos. Isso pode ser visto na FIGURA 14 abaixo. Já a

espessura da cola, como já mencionado no item 2.3.1 varia, dependendo do autor,

entre 1,5 mm e 2 mm.

FIGURA 14: VIGA REFORÇADA COM CHAPAS METÁLICAS COM E SEM PARAFUSOS METÁLICOS.

(FONTE: APPLETON E GOMES, 1997).

Ripper e Souza (1998) destacam que a resistência somada à peça pelo

incremento de reforço deve ser de até 50% da resistência da peça sem reforço (nos

casos de flexão e cisalhamento).

Além disso, Reis (1998) afirma que a espessura da chapa não deve

ultrapassar 10 mm, porque estas não se adaptam às irregularidades do substrato.

Para mais, Reis (1998), apud Rodrigues (1994), destaca que a relação entre a

largura da chapa e sua espessura deve estar entre 50 e 60 e, quando menor que 40

pode gerar excesso de tensões na região de colagem e causar delaminação.

Sousa (2008) relata a necessidade de aplicação de chapas de aço também

nas laterais da viga quando esta necessita de elevada área de armadura para

reforçá-la. Também destaca a necessidade de aplicação de pinos e de que a largura

da chapa metálica deve ser a mesma da viga para evitar fissuração nos cantos da

peça de concreto. Estes aspectos podem ser vistos na FIGURA 15.

Page 60: TCC AMANDA B. PIVATTO

42

Souto Filho (2002) afirma que quando as chapas forem utilizadas a fim de

reforçar a flexão, a largura da chapa deve ser um pouco menor que a da viga em

questão, evitando a entrada de água entre elas pela aplicação de adesivo em suas

extremidades. Mas se a chapa necessitar de um comprimento de ancoragem maior

do que o disponível deve-se somar ao reforço o encamisamento do pilar de

sustentação da viga ou a utilização de estribos pré-tracionados nas extremidades.

FIGURA 15: SOLUÇÃO PARA GRANDE ÁREA DE ARMADURA DE REFORÇO E SOLUÇÃO PARA EVITAR FENDILHAÇÃO NOS CANTOS.

(FONTE: SOUSA, 2008).

Quanto ao seu posicionamento, chapas de aço colocadas na base de uma

viga de concreto aumentam a resistência e a rigidez à flexão e aquelas colocadas

nas laterais da viga aumentam a resistência à flexão e ao cisalhamento (ROMERO,

2007).

Porém, se as chapas forem utilizadas para reforço ao cisalhamento, é

importante prever a implantação de chumbadores próximos às extremidades da

viga. Isto devido às elevadas tensões nestas regiões que podem levar ao

deslocamento das chapas, aumentando a ductilidade do sistema (SOUTO FILHO,

2002).

Também o descolamento na região de ancoragem pode ser evitado pela

implantação de chumbadores tipo parabolt ou a colagem de chapas lateralmente à

viga ou a envolvendo (método de ancoragem), conforme a FIGURA 16 (REIS, 1998).

Page 61: TCC AMANDA B. PIVATTO

43

FIGURA 16: FORMAS DE ANCORAGEM DO REFORÇO POR CHAPAS METÁLICAS. FONTE: REIS, 1998, APUD CAMPAGNOLO, 1993.

Quando o comprimento da chapa for insuficiente para cobrir a extensão do

reforço, deve-se fazer emendas por meio da soldagem das chapas e sobre a solda

deve-se efetuar uma cobrejunta com chapa de mesma espessura aderida à emenda

através de resina epóxi (REIS, 1998).

2.6 REFORÇO COM PROTENSÃO EXTERNA

O procedimento de dimensionamento à flexão do reforço com protensão

externa não é aqui apresentado porque neste trabalho este tipo de reforço será

utilizado como termo de comparação com os outros dois. Para tanto são utilizados

os resultados obtidos por Kramer (2013).

Page 62: TCC AMANDA B. PIVATTO

44

3. DIMENSIONAMENTO DE REFORÇO À FLEXÃO DA VIGA DE K RAMER (2013)

Neste capítulo é exposta a viga de estudo de Kramer (2013), bem como os

cálculos para o dimensionamento do reforço estrutural com compósitos de fibra de

carbono e pelo uso de chapas metálicas aderidas.

3.1 VIGA DE KRAMER (2013)

A viga a ser estudada, primeiramente, neste trabalho é, como anteriormente

mencionado, a mesma analisada por Kramer (2013). A viga biapoiada tem uma base

de 25 cm, altura de 65 cm, resistência característica do concreto de 25 MPa,

composta por 3 ϕ 20 mm como armadura de tração (área total de 9,45 cm²) e 2 ϕ

12,5 mm como armadura de compressão (área total de 2,45 cm²). O vão da viga é

de 600 cm, a tensão de escoamento do aço é de 500 MPa, a altura útil (d) é de

59,37 cm e a distância entre a fibra mais comprimida até o centro de gravidade da

armadura superior é de 5,27 cm.

De acordo com a autora, esta viga resiste a um momento fletor inicial (Msdi) de

23496,3 kN.cm e existe a necessidade de aumentar esta resistência em

aproximadamente 30%, resultando em um momento fletor solicitante, posteriormente

a implantação do reforço (MSd), de 30600 kN.cm. Os principais dados iniciais da viga

em análise estão ilustrados na

FIGURA 17 abaixo.

Page 63: TCC AMANDA B. PIVATTO

45

FIGURA 17: CARACTERÍSTICAS DA VIGA DE ESTUDO.

Os materiais escolhidos para o reforço desta viga foram:

• Compósito de Fibra de Carbono MBrace CF130 (MACHADO, 2006) com

propriedades:

o Módulo de elasticidade (ER) de 22700 KN/cm²;

o Deformação máxima dada pelo fabricante (εru*) de 1,7%;

o Espessura do reforço (e) de 0,165 mm;

o Resistência máxima de tração, dada pelo fabricante (fRu*) de 3800

MPa.

As características físicas da fibra escolhida estão apresentadas na TABELA 4,

abaixo:

Page 64: TCC AMANDA B. PIVATTO

46

TABELA 4: CARACTERÍSITICAS FÍSICAS DA FIBRA DE CARBONO CF - 130 MBRACE FONTE: MACHADO (2006), REFERENCIANDO CATÁLOGO MBRACE.

• Chapa metálica MR250 com propriedades (Santos, 2008):

o Tensão de escoamento fyR de 25 kN/cm²;

o Módulo de elasticidade da chapa ER de 20000 kN/cm²;

o Deformação limite de escoamento (εry) de 1%;

o Deformação de início de escoamento de 0,1035%;

o Fator de minoração da tensão de escoamento (γ R) de 1,15.

3.2 CÁLCULO DA DEFORMAÇÃO INICIAL NA BASE INFERIOR DA VIGA

Primeiramente são analisadas as diferenças na implantação do reforço

estrutural com e sem o descarregamento inicial da viga. Procura-se verificar a

diferença na área de reforço a ser instalada, uma vez que se espera que no caso da

não utilização do descarregamento a área de reforço seja consideravelmente maior

já que a solicitação inicial da peça, neste caso, é maior. Já com a execução do

descarregamento da viga por meio de escoras e/ou macacos hidráulicos a carga que

o reforço irá resistir, inicialmente, é menor, referente apenas ao peso próprio da

peça estrutural.

3.2.1 Cálculo da deformação existente na viga com a utilização do descarregamento

A carga atuante na viga descarregada é apenas o seu peso próprio.

Considera-se, neste caso, para valor de cálculo, a carga multiplicada por 1,4

Page 65: TCC AMANDA B. PIVATTO

47

(coeficiente de majoração de cargas para combinações normais diretas

desfavoráveis, de acordo com a NBR6118/2014, para edificações tipo 2 – cargas

acidentais não superam 5 kN/m²). Como a viga é biapoiada, seu momento máximo

fica no meio do vão. Deste modo a carga distribuída e o momento solicitante podem

ser calculados por:

gd�bw.h.γPc.1,4 Equação 26

sendo:

gd – carga distribuída (valor de cálculo) da viga descarregada;

γPc – peso específico do concreto armado.

Para a viga em estudo, tem-se:

gd=25cm.65cm.25kN/m³.1,4

1000000

gd=0,0569 kN/cm

d�9 = i9. jk8

Equação 27

Mlm = 0,0569. 600k ÷ 8

d�9 = 2559,375 op!q

Segundo Perelles (2013), as armaduras de compressão não influenciam de

maneira significativa na posição da linha neutra, deste modo, nesta parte inicial dos

cálculos, serão desconsideradas. Considerando então apenas a porção de concreto

e a armadura de tração (inferior), por equilíbrio, pode-se definir o momento

solicitante de cálculo, no ponto do centro de gravidade da armadura de tração, em:

d�9 = 3 . Er − ϛ. s2H = ϱ. s. ��9 . tu. ϛ . �r − ϛ. s

2" Equação 28

Assim:

s = d�9/�tu. ϱ. ��9 . ϛ. Er − ϛ. s2H"

Equação 29

Deste modo, a posição da linha neutra pode ser encontrada, por equilíbrio,

por uma equação do segundo grau de modelo ax²+bx+c=0. Fazendo com que a

Page 66: TCC AMANDA B. PIVATTO

48

Equação 29 seja uma equação deste modelo ax²+bx+c=0, onde x é a posição da

linha neutra, tem-se que:

v � tu. ϱ. ��9 . ϛ²/2

Equação 30

��9 = ��A�� Equação 31

v = 25.0,85. 2,51,4 . 0,8k2 = 12,143

t = −�tu. ϱ. ��9 . ϛ. r" Equação 32

t = −�25.0,85. 1,786. 0,8. 59,37" = −1802,304

! = d�9 Equação 33

! = 2559,375

Resolvendo, para o caso em questão tem-se que:

s = 1,434!q

Deste modo, pode-se calcular a força referente à armadura inferior:

3� = d�9 ÷ �r − ϛ. s2" Equação 34

3� = 2559,375 ÷ Y59,37 − 0,8. 1,4342 \ = 43,529op

Pelas Equações 5 e 8, tem-se que:

�: = 3� ÷ 4: = 43,529 ÷ 9,42 = 4,6209op/!q²

� = �:7: = 4,6209xp/!q²21000xp/!q² = 0,00022qqqq = 0,022%

Page 67: TCC AMANDA B. PIVATTO

49

Assim, é possível encontrar o valor da deformação inicial da base inferior da

viga por semelhança de triângulos, sendo que esta deformação deverá ser subtraída

da deformação referente ao reforço, que será ilustrada posteriormente. Logo:

UV � :. �ℎ − s"�r − s" = 0,022. 65 − 1,43459,37 − 1,434 = 0,02414%

3.2.2 Cálculo da deformação existente na viga sem a utilização do descarregamento

Sem o alívio de cargas da viga, o momento fletor solicitante é tomado igual ao

resistente (antes da aplicação do reforço), com valor de 23496,3 kN.cm. Assim, pelo

mesmo processo do item anterior, a posição da linha neutra fica:

s = 14,442!q

Por conseguinte, a força referente à armadura inferior, sua deformação e a

deformação inicial da base inferior da viga são:

3� = 23496,3 ÷ Y59,37 − 0,8. 14,4422 \ = 438,419kp

�: = 3� ÷ 4: = 438,419 ÷ 9,42 = 46,541op/!q²

Como, devido a não consideração da armadura de compressão, a tensão no

aço resultou em um valor maior que a de escoamento, será utilizada a tensão de

escoamento, logo:

�: = �89 = 501,15 = 43,478op/!q²

Com a tensão de escoamento e sabendo que a deformação do concreto (ε,) é

de 0,35% para a consideração feita para o cálculo de Fc, pode-se encontrar o valor

da deformação do aço por semelhança de triângulos. Isto porque a partir da tensão

Page 68: TCC AMANDA B. PIVATTO

50

de escoamento o aço não se comporta como rege a Lei de Hooke, conforme a

FIGURA 10 já apresentada. Deste modo, tem-se que a deformação do aço é de

1,089%, sendo este valor maior que a deformação limite de escoamento (1%)

possivelmente justificado pela desconsideração inicial das armaduras de

compressão.

Assim, será considerado que a deformação do aço seja de 1%. Com isto, por

semelhança de triângulos, tem-se que a deformação inicial do bordo inferior da viga

( UV) é de 1,125%.

3.3 CÁLCULO DO MOMENTO RESISTENTE COM O REFORÇO

Como fora discutido no capítulo de dimensionamento, o cálculo da área de

reforço é um processo feito por tentativas. Deste modo, parte-se do princípio que a

viga seja normalmente armada, ou seja, esteja no limite dos domínios 2 e 3 dos

modos de ruptura. Isto significa que a deformação do aço inferior é de 1% e a

deformação da fibra mais comprimida de concreto é de 0,35%. Assim, é possível

encontrar, por semelhança de triângulos, a posição da linha neutra, as forças

correspondentes às armaduras e ao concreto, a força correspondente ao reforço e

finalmente a área de reforço a ser implantada na peça.

FIGURA 18: VIGA DE ESTUDO CONSIDERANDO MODO DE RUPTURA LIMITE DOS DOMÍNIOS 2 E 3.

Page 69: TCC AMANDA B. PIVATTO

51

Conforme a FIGURA 18 acima, é possível extrair o valor da posição da linha

neutra pela Equação 35:

s � r. � � + : Equação 35

s = 59,37. 0,350,35 + 1 = 15,392!q

Sabendo que a deformação máxima do concreto εC é de 0,35%, pelas

Equações 1 e 4 tem-se que:

3 = 0,85.1,786.1.0,8.15,392.25 = 467,264op

Como a tensão de escoamento do aço é de 50 kN/cm², pelas Equações 5, 6 e

9 tem-se:

�′: = �: = 501,15 = 43,478op/!q²

3′� = 2,45!q². 43,478xp!qk = 106,522op

3� = 9,42. 43,478xp!qk = 409,570op

Com estes valores é possível determinar o valor do momento fletor no ponto

A (MRA), conforme a FIGURA 12 já ilustrada anteriormente e, por meio da Equação

13 e verificar se é maior ou igual ao solicitante:

d6z = 467,264. Y59,37 − 0,8. 15,3922 \ + 106,522.�65 − 5,27" − 409,570. �65 − 59,37" d6z = 31551,952op!q

Page 70: TCC AMANDA B. PIVATTO

52

No caso desta viga de estudo, o momento fletor encontrado considerando o

modo de ruptura normalmente armado (domínios 2 e 3), já foi o suficiente para o

momento solicitante (MSd) de 30600 kNcm.

Isto pode ser justificado pelo fato de que a viga de Kramer (2013), conforme

cálculos da própria autora, possui um �′�1 no valor de 0,663, que é menor que 1. Isto

significa que nem toda a capacidade da armadura de compressão existente na viga

está sendo utilizada, pois para isto este valor deveria ser 1 (tensão atuante na

armadura igual à tensão de escoamento do aço). Este fato não acontece para a

armadura de tração, que também conforme os cálculos de Kramer (2013) tem valor

de��2 igual a 1, o que significa que todo o seu potencial resistente está sendo

utilizado (tensão na armadura é igual a tensão de escoamento do aço).

Como a ruptura da viga com reforço está no limite dos domínios 2 e 3, é

possível que o reforço esteja agindo na viga de maneira que seja utilizada toda a

capacidade das armaduras de compressão e de tração. Deste modo, nesta situação,

o reforço possivelmente não acarretaria em nenhum ganho de resistência à peça,

exceto que a armadura de compressão estaria utilizada ao máximo sem romper a

armadura de tração.

É importante destacar que para uma maior posição da linha neutra, a peça

reforçada resistiria a um momento maior ainda que 31551,952 kN.cm e estaria no

modo de ruptura do domínio 3:

{bs � 16!q

� = 0,949% < 1%

= 0,35%

d6z = 32519,5op. !q > 31551,952op. !q

Seguindo com os cálculos com o momento resistente no valor de 31551,952

kN.cm, com a posição da linha neutra (x) em 15,392 cm e, a partir das Equações 14

e 15 é possível encontrar os somatórios dos momentos fletores referentes aos

pontos B e C da FIGURA 12. É importante destacar que estes momentos devem ter

valores iguais entre si e iguais ao valor encontrado para MRA, uma vez que a viga

1 Valor adimensional que define a tensão de tração referente à armadura de tração 2 Valor adimensional que define a tensão de tração referente à armadura de compressão

Page 71: TCC AMANDA B. PIVATTO

53

deve estar em equilíbrio. Por consequência, encontra-se a força referente ao reforço

que também deve ser de mesmo valor para os dois somatórios (pontos B e C).

Od| �467,264. Y59,37 − 0,8. 15,3922 \ + 106,522. �59,37 − 5,27" +

+36 . �65 − 59,37". 0,85 = 31551,952xp!q

36 = 193,2op

Od =409,57. Y59,37 − 0,8. 15,3922 \ + 106,522. Y0,8. 15,3922 − 5,27\ +

+36 . Y65 − 0,8. 15,3922 \ . 0,85 = 31551,952xp!q

36 = 193,2op

Por meio de semelhança de triângulos, é possível então, determinar a deformação

na linha do reforço (εR), pela Equação 36:

6 = . �ℎ − s"s Equação 36

6 = 0,35. �65 − 15,392"15,392 = 1,128%

3.4 REFORÇO COM CRFC MBRACE CF130

A partir da força determinada para o reforço e da deformação na linha do

reforço, encontradas no item acima, e com as propriedades do CRFC adotado,

mencionadas na apresentação da viga de estudo, é possível calcular a área de

material de reforço a ser implantada para que a peça suporte a carga solicitada de

30600 kN.cm.

3.4.1 Reforço com CRFC com alívio de carga

Através da Equação 18 e sabendo que a peça sofreu descarregamento por

meio de escoras e/ou macacos hidráulicos, é possível determinar a deformação real

da região do reforço:

Page 72: TCC AMANDA B. PIVATTO

54

}6 � 1,128 − 0,024 = 1,106%

Este valor ε’R deve ser inferior à deformação última do reforço (εRu), que é

dada pela Equação 11 e de acordo com a TABELA 3. Será adotado o valor do

coeficiente de redução da deformação de ruptura pelo tipo de ambiente (CE) igual a

0,85, considerando um ambiente externo e sabendo que o reforço é com fibra de

carbono e a ligação por resina epóxi:

6; = 0,85. 1,67% = 1,42%

Logo, tem-se que:

}6 = 1,1060% < 6; = 1,42%

Isto significa que, para a solicitação de carga dada, a deformação alcançada

pelo reforço não ultrapassará a deformação última de ruptura do reforço escolhido e

que, portanto, o reforço não romperá.

Assim, a tensão resistente do reforço, dada pela Equação 17 fica:

�6 = 1,1060100 . 22700xp!qk = 251,0653 op!qk

De acordo com (MACHADO, 2002), a fibra CF-130 tem resistência dada pelo

fabricante (fRu*) de 3800 MPa. Com o fator de redução relativo ao ambiente (CE),

pela Equação 10 tem-se:

�6; = 380 xp!qk . 0,85 = 323 op!qk�6 = 251,0653 < 323 ∴ �b����!v!

E a área de reforço em CRFC a ser instalada fica com o valor de (a partir da

Equação 7):

46 = 36�6 = 193,2251,0653 = 0,770!q²

Page 73: TCC AMANDA B. PIVATTO

55

Com o valor da área de reforço a ser implantada e, sabendo que a espessura

do CRFC MBrace CF 130 é de 0,165 mm, é possível determinar a largura teórica da

seção transversal de reforço:

�V � 46b

Equação 37

�V � 0,7700,0165 � 46,638!q

Entretanto, esta largura deve levar em consideração a largura (bw) da viga, o

número de camadas de reforço e a folga (s) que se deseja deixar entre a viga e o

reforço, conforme FIGURA 19.

FIGURA 19: FOLGA ENTRE REFORÇO E BASE DA VIGA. MEDIDAS EM CM.

Adotando uma folga (s) de 0,5 cm em cada lado da viga, tem-se que o

número de camadas de reforço (n), sendo n um valor inteiro, seja de:

Page 74: TCC AMANDA B. PIVATTO

56

a � ��tu − 2. �

Equação 38

a = 46,63825 − 2. 0,5 = 2!vqvrv�

Assim, a largura efetiva (le), na seção transversal, é definida por:

�� = tu − 2. � Equação 39

Deste modo, a largura efetiva (��) equivale a 24 cm.

3.4.1.1 Considerações adicionais para o reforço com CRFC, com alívio de cargas

Conforme a revisão bibliográfica apresentada, algumas considerações

importantes devem ser feitas para garantir um melhor comportamento do reforço

frente aos esforços. De acordo com as Equações 19, 20 e 40, a rigidez da estrutura

de reforço (G) interfere na determinação do coeficiente κm, o qual é um coeficiente

redutor da deformação última do reforço devido à ação da cola. Deste modo, tem-se

que:

� = a. b. 76 Equação 40

� = 2. 0,165qq. 22700d�v = 74910 ∴ �� = 160. 6; . Y1 − �360000\ ≤ 0,9

�� = 160. 0,017 . Y1 − 74910360000\ = 0,790

A partir disto, a deformação última do reforço com fibra de carbono ficaria

reduzida em, de acordo com a Equação 21:

}6 = 1,50% ≤ 6;. ��

}6 = 1,05% ≤ 1,445%. 0,790

Page 75: TCC AMANDA B. PIVATTO

57

}6 � 1,05% ≤ 1,122% ∴ �b����!v!

Conforme esta última equação é possível observar que a deformação

ocasionada no reforço é menor que a deformação última do material multiplicada

pelo coeficiente redutor de aderência do adesivo. Isto significa a delaminação pela

aderência substrato/cola/reforço será evitada.

Outro item importante a ser analisado é o comprimento de aderência

necessário para o reforço em questão. De acordo com a Equação 25, tem-se que a

resistência média do concreto à tração é:

���,� = 0,3. $��Ak� = 0,3. @25k� = 2,565d�v = 0,257 op!qk

Deste modo, pela Equação 24, o comprimento de aderência, neste caso, é de:

����� = 0,7.f22700. 0,1650,257 = 84,589mq

���9���9� = 10!q

Como forma de aderência do material à viga, será executada uma camada de

CRFC, perpendicular às camadas atuantes como reforço, com um comprimento no

valor de lt adotado, como ancoragem ao processo, evitando a delaminação conforme

foi mencionado da revisão bibliográfica e ilustrado da FIGURA 3.

Para o posicionamento do reforço com PFC, calcula-se o momento crítico,

definido no item 2.5.5.2, pela Equação 22. Sendo que:

� = 25. 65. 652 + 9,42. �65 − 59,37" + 2,45. �65 − 5,27"25. 65 + 9,42 + 2.45 = 32,386!q

��� = 0,3. 2510 . 0,667 = 0,5op/!q² d6 = 1,5.0,5. Y25.

65�12 \�32,386"

d6 = 13249,6op. !q

Page 76: TCC AMANDA B. PIVATTO

58

Calculando o ponto do vão da viga, no qual o momento é igual ao crítico,

encontram-se os valores de 71,527 cm e 528,473 cm. Como no caso em questão

há a necessidade de 2 camadas de reforço com fibras, conforme exposto na revisão

bibliográfica na FIGURA 13, recomenda-se que a finalização de cada camada deve

ser defasada em 15 cm, sendo que a última camada deve estar defasada 15 cm

destes pontos de momento crítico.

3.4.2 Reforço com CRFC sem alívio de carga

Da mesma forma que foi feito no cálculo do reforço com CRFC com alívio de

carga, neste item será calculada uma área correspondente para o reforço com este

material sem o descarregamento. Para isto será utilizada a deformação inicial da

base da viga calculada no item 3.2.

Pela Equação 18 é possível determinar a deformação real da região do

reforço, sem o descarregamento:

UV � 0,233%

}6 = 1,128 − 0,125 = 0,003%

Este valor ε’R é muito próximo de zero. Isto pode ser justificado pelo fato de

que nesta viga em questão toda a capacidade do aço de tração está sendo utilizada,

com deformação de escoamento limite (próximo de 1%). Deste modo, é possível que

a aplicação do reforço sem o descarregamento da viga leve o aço de tração iniciar

processo de ruptura, podendo até mesmo apresentar estricções.

Assim, sem o descarregamento, o reforço não trabalharia de forma adequada,

sendo inviável a sua aplicação.

Entretanto, pode-se calcular a porcentagem necessária de descarregamento

da carga aplicada, de modo que se evite este acontecimento.

3.4.3 Cálculo da porcentagem mínima a se descarregar

Page 77: TCC AMANDA B. PIVATTO

59

Sabendo que não é aconselhável a aplicação do reforço sem o

descarregamento neste caso, este item ilustrará a porcentagem mínima necessária

de alívio de carga para que o processo de reforço com CRFC seja, então, possível.

Adotando a tensão do aço ligeiramente inferior à de escoamento (valor

adotado de 43,46 kN/cm²), é possível calcular a força referente ao aço (Fs) e, pela

Lei de Hooke, a deformação do aço:

�: � 43,46 op!qk

3� = 43,46. 9,42 = 409,393op

� = 43,4621000 = 0,207%

Deste modo, fazendo o cálculo inverso ao que fora feito para a determinação

da deformação inicial do bordo inferior da viga e com os valores descritos acima,

chega-se em uma posição da linha neutra de 13,486 cm, uma deformação inicial do

bordo inferior da viga igual 0,232% e a um momento solicitante aplicado de

22097,251 kN.cm.

Este valor de momento é 5,95% menor que o momento solicitante inicial

calculado (23496,3 kN.cm). Isto significa que a viga deve ser descarregada no

mínimo 5,95% para que o reforço com CRFC tenha sua funcionalidade.

Para este valor de momento e para a deformação inicial do bordo inferior da

viga encontrado pode-se calcular a área de reforço a se implantar.

3.4.3.1 Cálculo da área de reforço com CRFC com o mínimo descarregamento

calculado

Nota-se que se for feito o alívio parcial ou total de cargas, neste estudo de

caso, é possível utilizar o reforço por meio de CRFC. Entretanto, conforme fora

mencionado na revisão bibliográfica, é aconselhável que seja feito o

descarregamento total, para que o reforço contribua efetivamente na resistência e

controle de deformações da peça (REIS, 1998). Como este caso é teórico, a

continuidade dos cálculos será feita para o alívio parcial de cargas. No entanto, no

caso de uma peça real, deve-se averiguar as consequências deste descarregamento

Page 78: TCC AMANDA B. PIVATTO

60

parcial, optando, talvez, por outro método de reforço ou utilizando o

descarregamento total da peça (que já se mostrou pertinente para a situação).

De acordo com os cálculos do item anterior e do item de cálculo do momento

resistente, pode-se calcular a área de reforço a se instalar com 5,95% da carga

aplicada descarregada. Os resultados podem ser vistos na TABELA 5.

TABELA 5: ÁREA COM DESCARREGAMENTE DE 5,95% DA CARGA APLICADA

O número de camadas e a largura efetiva estão apresentados na TABELA 6,

sendo calculados seguindo os mesmos critérios que na opção com todo o

descarregamento.

TABELA 6: LARGURA EFETIVA E NÚMERO DE CAMADAS

Isto significa que serão necessárias 3 camadas de CRFC com largura de 24

cm cada uma.

3.4.3.2 Considerações adicionais para o reforço com CRFC, com o alívio parcial de

cargas

MrA (KNcm) 31551,952

Fr B (KN) 193,200

Fr C (KN) 193,200

MrB (KNcm) 31551,952

MrC (KNcm) 31551,952

MRf (KNcm) 31551,952

εR (%) 1,128

ε'R (%) 0,896

fr (KN/cm²) 203,318

Ar (cm²) 0,950

VERIFICA!

OK!

Verificação

Largura li (cm) 57,590

Espessura da camada e (mm) 0,165

Número de camadas n 3

Largura efetiva de cada camada le (cm) 24,000

Page 79: TCC AMANDA B. PIVATTO

61

Da mesma maneira que no item 3.4.1.1, as considerações adicionais para o

reforço com CRFC com descarregamento parcial serão ilustradas a seguir.

De acordo com as Equações 19, 20 e 40, a rigidez da estrutura de reforço

(G), o coeficiente κm e a deformação última do reforço com fibra de carbono reduzida

por este coeficiente ficam, respectivamente:

� � 3. 0,165qq. 22700d�v = 112365 ∴ �� = 160. 6; . Y1 − �360000\ ≤ 0,9

�� = 160. 0,0167.Y1 − 112365360000\ = 0,687

A partir disto, a deformação última do reforço com fibra de carbono ficaria

reduzido em, de acordo com a Equação 21:

}6 = 0,896% ≤ 6;. ��

}6 = 0,896% ≤ 1,42%. 0,687

}6 = 0,896 ≤ 0,974% ∴ �b����!v!

Conforme esta última equação é possível observar que a deformação gerada

no reforço é menor que a deformação última do material multiplicada pelo coeficiente

redutor de aderência do adesivo. Isto significa que o material não irá descolar pela

aderência entre substrato/cola/reforço.

O comprimento de aderência necessário para o reforço não fica diferente para

os casos de descarregamento, porque depende da resistência média à tração do

concreto, da espessura e do módulo de elasticidade do reforço. Assim, este

comprimento se mantém igual para os dois casos:

����� = 0,7.f22700. 0,1650,257 = 84,506mq

���9���9� = 10!q

Da mesma forma que no caso com descarregamento total, recomenda-se que

a finalização de cada camada deve ser defasada em 15 cm, sendo que a última

Page 80: TCC AMANDA B. PIVATTO

62

camada deve estar defasada 15 cm dos pontos de momento crítico, que são os

mesmo da opção com descarregamento total.

3.5 REFORÇO COM CHAPA METÁLICA MR25

O dimensionamento de reforço estrutural com adição de chapas metálicas

segue o mesmo procedimento que para CRFC, de acordo com Santos (2008),

mudando apenas as propriedades e características do material a ser implantado.

Então, da mesma forma que no processo anterior, tendo determinado a força

referente ao reforço e com as características do material (chapa metálica tipo

MR250), o procedimento de cálculo é similar, com as deformações iniciais do bordo

inferior da viga com e sem descarregamento possuindo os mesmos valores.

3.5.1 Reforço com chapa metálica com alívio de carga

Com o descarregamento da peça e por meio da Equação 18 já citada

anteriormente, tem-se que a deformação real para a região de reforço é:

}6 � 1,128 − 0,024 = 1,104%

Este valor ε’R deve ser inferior à deformação limite de escoamento do reforço

(εRy), que no caso da chapa metálica é de 1% (SANTOS, 2008). Deste modo, como

a deformação encontrada para o reforço na viga foi maior que a limite, significa que,

nesta situação, a estrutura de reforço romperia, não sendo possível sua utilização.

3.5.2 Reforço com chapa metálica sem alívio de carga

Com a não utilização do descarregamento da peça e por meio da Equação 18

já citada anteriormente, tem-se que a deformação real para a região de reforço é:

}6 = 1,128 − 1,125 = 0,003%

Page 81: TCC AMANDA B. PIVATTO

63

Isto significa que tanto para o reforço com CRFC como com chapas

metálicas, esta viga em questão deve ser descarregada para a aplicabilidade do

sistema.

3.5.3 Reforço com chapa metálica, considerando viga parcialmente descarregada

Neste item será verificada a carga máxima que é possível escorar,

considerando a deformação máxima do reforço (ε’R) de 1%, evitando o início do

rompimento do reforço. Para tanto deve ser feito o cálculo inverso do que fora feito.

Com o valor de ε’R máximo de 1% e sabendo que εR é de 1,128%, por

semelhança de triângulos, tem-se um εbi mínimo de 0,128%. Fazendo o processo

inverso para o cálculo da deformação inicial do bordo inferior ilustrada

anteriormente, tem-se que a carga distribuída máxima a se descarregar é de 0,283

kN/cm, gerando um momento fletor de 12720,31 kN.cm, conforme a FIGURA 20,

abaixo.

Page 82: TCC AMANDA B. PIVATTO

64

FIGURA 20: CÁLCULO DA CARGA MÁXIMA A SE DESCARREGAR NA VIGA DE KRAMER (2013), COM O USO DE REFORÇO COM CHAPA METÁLICA.

Isto significa que o reforço não rompe com o descarregamento de 45,862% do

momento fletor inicial atuante sobre a viga de estudo.

Desta maneira, nota-se que se não for feito o alívio total de cargas, neste

estudo de caso, é possível utilizar o reforço por meio de chapas metálicas, sem a

estrutura de reforço romper. Como este caso é teórico, a continuidade dos cálculos

será feita. No entanto, no caso de uma peça real, devem-se averiguar as

consequências de não descarregar totalmente a peça, optando por outro método de

reforço, como o CRFC, que resistiria ao esforço solicitado. Isto porque, conforme

Reis (1998), o alívio de cargas permite que o reforço contribua efetivamente na

resistência e controle de deformações causadas pelas ações permanentes.

εbi (%) 1,125

εR (%)1,128

ε'R (%) 1,000

ε'Rmáx (%) 1

εbimín (%) 0,128

Msd(KNcm) 12720,311

qd (KN/cm) 0,283

a 12,143

b -1802,304

c 12720,311

Δ 2630454,490

xi' (cm) 140,995

xi'' (cm) 7,430

xi (cm) 7,430

Fs (KN) 228,556

fs (KN/cm²) 24,263

εs(mm/mm) 0,001

εs (%) 0,116

εbi (%) 0,128

Porcentagem

descarregada45,862

Cálculo da carga máxima a escorar,

considerando deformação máxima

do reforço

Page 83: TCC AMANDA B. PIVATTO

65

Caso a deformação encontrada para o reforço seja menor que a deformação

de início de escoamento do aço da chapa, a tensão resistente do reforço é obtida

pela Lei de Hooke (fR=ε’R x ER). Entretanto, caso a deformação do reforço esteja

entre a deformação do início e fim do escoamento da chapa, deve ser adotada a

tensão de escoamento do material multiplicada pelo seu fator de minoração. Este

último caso é o acontece neste dimensionamento.

A tensão resistente do reforço por chapa metálica é a tensão de escoamento

do material MR250 e o fator de minoração da resistência adotado será o mesmo

para o caso do aço interno da viga (γ s = γ R=1,15), como proposto por Santos

(2008):

�68 = 25 op!qk

�689 = 25γ6 = 251,15 = 21,739op/!qk

Então, a área de reforço em chapa metálica a ser instalada, a partir da

Equação 7, fica com o valor de:

A� = F�f�� = 193,221,739 = 8,887cm²

Para a espessura da chapa metálica foi escolhido o valor de 4 mm, sendo o

máximo sugerido para reforço de acordo com a literatura citada anteriormente.

Assim, pela Equação 37 é possível determinar a largura teórica da seção transversal

de reforço:

l� = 8,8870,4 = 22,218cm

Como a largura da viga (bw) é de 25 cm, significa que o reforço com adição de

chapas metálicas não irá ultrapassar a base da viga. Neste caso, adotou-se um

comprimento efetivo (l��) de 23 cm. A relação entre a largura da chapa e sua

espessura, fica no valor de:

���b = 230,4 = 55,545

Page 84: TCC AMANDA B. PIVATTO

66

Deste modo, como a relação acima está entre 50 e 60, significa que a

delaminação pode ser evitada, conforme mencionado na revisão bibliográfica.

3.5.3.1 Considerações adicionais para o uso do reforço com chapa com alívio parcial

de cargas

Em relação ao comprimento de ancoragem, será utilizado o mesmo cálculo

executado para a ancoragem do CRFC, utilizando as caraterísticas, agora, da chapa

em questão:

�� � 0,7.f20000. 40,256 = 390,933qq

���9���9� = 40!q

3.5.4 Reforço com chapa metálica com a viga no domínio 3

Nos itens anteriores a chapa metálica foi dimensionada da forma mais

econômica possível, ou seja, com a menor área de reforço a se implantar. Isto fez

com que se encontrasse um modo de ruptura normalmente armado (limite dos

domínios 2 e 3 da NBR 6118/2014). Caso a viga de estudo seja dimensionada com

um valor maior para a posição da linha neutra (porção comprimida de concreto

maior), atingindo exclusivamente o domínio 3, percebe-se que a utilização das

chapas metálicas com descarregamento total torna-se possível.

Por tentativas, é possível perceber que para que a chapa metálica não atinja

a sua deformação limite, a posição mínima da linha da linha neutra é igual a 16,6 cm

(no domínio 3). A partir disto, é possível definir o momento resistente com o reforço

no valor de 33465,963 kN.cm, maior que o solicitante de 30000 kN.cm

(aproximadamente 10% maior). Com este valor chega-se a uma área de chapa

metálica a se aplicar, na seção transversal da viga, de valor igual a 10,871 cm² para

o caso de descarregamento total e de 11,527 cm² para o caso sem

descarregamento. Isto é ilustrado nas figuras a seguir (FIGURA 21 e FIGURA 22):

Page 85: TCC AMANDA B. PIVATTO

67

FIGURA 21: VIGA DE KRAMER (2013) COM DESCARREGAMENTO TOTAL E NO MODO DE RUPTURA DO DOMÍNIO 3.

Cálculo do Momento resistente com reforço,

AUMENTANDO POSIÇÃO DA LN x (cm) 16,600

Deformação do aço εs (%) 0,902

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Posição da LN x (cm) 16,600

Coeficiente de redução da resistência característica à compressão (ACI)Ψc 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 503,929

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 409,565

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,239

Tensão armadura de compressão inicial f's1 (KN/cm²) 50,166

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 106,522

Coeficiente de redução do Reforço "novidade" Φ 0,850

MrA (KNcm) 33465,963

Fr B (KN) 236,335

Fr C (KN) 236,335

MrB (KNcm) 33465,963

MrC (KNcm) 33465,963

MRf (KNcm) 33465,963

εR(%) 1,020

ε'R (%) 0,996

fr (KN/cm²) 21,739

Ar (cm²) 10,871

Largura li (cm) 27,179

Espessura da camada e (mm) 4,000

Relação largura/espessura li/e 67,946

Verificação VERIFICA!

OK!

Caso com descarregamento

Page 86: TCC AMANDA B. PIVATTO

68

FIGURA 22: VIGA DE KRAMER (2013) SEM DESCARREGAMENTO E NO MODO DE RUPTURA DO DOMÍNIO 3

Por meio disto, é possível perceber que a utilização do reforço com chapa

metálica com descarregamento total é capaz de suportar o acréscimo de carga

solicitante previsto para a peça de estudo.

Entretanto, para o caso sem descarregamento algum a deformação do reforço

apresentou-se negativa, o que significa que o reforço não trabalha de forma

Cálculo do Momento resistente com reforço,

AUMENTANDO POSIÇÃO DA LN x (cm) 16,600

Deformação do aço εs (%) 0,902

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Posição da LN x (cm) 16,600

Coeficiente de redução da resistência característica à

compressão Ψc 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 503,929

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 409,565

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,239

Tensão armadura de compressão inicial f's1 (KN/cm²) 50,166

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 106,522

Coeficiente de redução do Reforço "novidade" Φ 0,850

MrA (KNcm) 33465,963

Fr B (KN) 236,335

Fr C (KN) 250,594

MrB (KNcm) 33534,197

MrC (KNcm) 34173,267

MRf (KNcm) 33534,197

εR(%) 1,020

ε'R (%) -0,105

fr (KN/cm²) 21,739

Ar (cm²) 11,527

Largura li (cm) 28,818

Espessura da camada e (mm) 4,000

Relação largura/espessura li/e 72,046

Caso sem descarregamento

Verificação VERIFICA!

Deformação negativa

Page 87: TCC AMANDA B. PIVATTO

69

adequada. Isto mostra que esta solução sem alívio de cargas não é pertinente,

assim como nas demais situações sem alívio de cargas estudadas neste trabalho.

É importante destacar também que a relação de largura e espessura da

chapa ilustrada na FIGURA 21 acima é maior que 50, como sugerido no item 2.5.6

deste trabalho. Entretanto, este valor é maior que 60, o que significa que a

espessura da chapa poderia ser maior. No entanto, conforme as recomendações

expostas no item 2.5.6 não é recomendado o uso de reforço estrutural com chapas

de espessura maior que 4 mm.

3.6 DETALHAMENTO DA VIGA DE ESTUDO

Neste item serão apresentados os desenhos da viga analisada, com os

detalhes do reforço estrutural aplicado.

3.6.1 Desenho da viga reforçada com CRFC, com alívio de cargas

De acordo com os cálculos apresentados anteriormente, a viga de estudo

com um aumento de 30% de seu momento fletor solicitante sustentado por meio do

reforço com fibra de carbono (CRFC) e com o alívio de cargas inicial, é ilustrada

conforme as figuras a seguir (FIGURA 23, FIGURA 24).

Como pode ser visto, estendeu-se a última camada de reforço 15 cm após os

pontos de momento crítico (71,53 cm) de cada lado da viga e a primeira camada

espaçada 15 cm da segunda, conforme a recomendação já mencionada de

Machado (2002). O reforço também recebe a porção de ancoragem calculada (de 10

cm), evitando a delaminação e a ruína prematura da viga reforçada.

É importante destacar que a camada de ancoragem do reforço com CRFC é

perpendicular à primeira camada disposta longitudinalmente sob a viga. Esta

camada de ancoragem pode ser aplicada na largura da viga ou se estender até uma

porção das laterais da peça. No caso em questão, optou-se por estender a

ancoragem às laterais, como feito por Ferrari et al (2002), em 10 cm cada lado,

como ilustrado na FIGURA 23.

Page 88: TCC AMANDA B. PIVATTO

70

FIGURA 23: DETALHE LONGITUDINAL DA VIGA DE KRAMER (2013) COM REFORÇO POR CRFC, COM ALÍVIO DE CARGAS. MEDIDAS EM CM.

FIGURA 24: SEÇÃO AA' E BB' DA VIGA DE KRAMER (2013) REFORÇADA COM CRFC, COM

DESCARREGAMENTO.

A área total de CRFC CF-130 a ser utilizada, neste caso, é de:

4� � �600 − 2. �71,527 I 15"". 24 I L600 � 2. �71,527 I 30"N. 24 I 10. �25 I 10I 10". 2 � 20673,408!q² � 2,067q²

Page 89: TCC AMANDA B. PIVATTO

71

3.6.2 Desenho da viga reforçada com CRFC, com alívio parcial de cargas

Da mesma forma que no item anterior, está exposto nas FIGURA 25 e

FIGURA 26, o reforço da mesma viga, mas com o descarregamento parcial de

5,95% (momento fletor solicitante de 22097,251 kN.cm) antes do início da aplicação

do reforço. Os mesmos critérios de detalhamento foram adotados, mas para o

número de 3 camadas calculado anteriormente.

FIGURA 25: VIGA DE KRAMER (2013) COM REFORÇO POR CRFC, SEM O ALÍVIO DE CARGAS. MEDIDAS EM CM.

Page 90: TCC AMANDA B. PIVATTO

72

FIGURA 26: SEÇÃO CC' E DD’ DA VIGA DE KRAMER (2013) REFORÇADA COM CRFC, SEM DESCARREGAMENTO.

A área total de CRFC CF-130 a ser utilizada, neste caso, é de:

4� � L600 − 2. �71,527 I 15"N. 24 I L600 � 2. �71,527 I 30"N. 24I L600 � 2. �71,527 I 45"N. 24 I 10. �25 I 10 I 10". 2 � 29480,112!q²� 2,948q²

3.6.3 Desenho da viga reforçada com chapa metálica, com alívio parcial de cargas

Conforme os cálculos elaborados para o reforço com chapa metálica, pode-se

exemplificar como ficaria a viga reforçada com a chapa metálica, com 45% de

descarregamento, ou seja, com momento solicitante de 12720,31 kN.cm.

Para a ancoragem optou-se por chapas laterais de 10 cm de altura e com o

comprimento adotado no dimensionamento (40 cm). A ancoragem também poderia

ser feita com chapas envolventes ou com o auxílio de parabolts.

No encontro entre o pilar e a viga, pode ser utilizada uma chapa envolvente

juntamente com parabolts para maior fixação da chapa de reforço à peça existente.

Estes detalhes podem ser vistos nas FIGURA 27 e FIGURA 28, abaixo.

Page 91: TCC AMANDA B. PIVATTO

73

FIGURA 27: DETALHE LONGITUDINAL DA VIGA DE KRAMER (2013) COM REFORÇO POR ADIÇÃO DE CHAPAS METÁLICAS, SEM DESCARREGAMENTO. MEDIDAS EM CM.

FIGURA 28: SEÇÕES EE' E FF’ DA VIGA DE KRAMER (2013) COM REFORÇO COM CHAPAS METÁLICAS, SEM DESCARREGAMENTO

A área total de chapa metálica MR250 a ser utilizada, neste caso, é de:

Reforço

Ancoragem e ligação com pilar

Page 92: TCC AMANDA B. PIVATTO

74

4� � 14710!q² � 1,471q²

3.7 DIMENSIONAMENTO DE KRAMER (2013) PARA O REFORÇO COM

PROTENSÃO EXTERNA

Em seu estudo, Kramer (2013) calculou a força de protensão e o número de

cabos a se aplicar, alterando o valor da excentricidade dos mesmos. No caso 1, os

cabos foram posicionados no centro de gravidade da peça (excentricidade nula), no

caso 2, os cabos foram colocados em uma excentricidade de 15 cm, no caso 3,

foram colocados 2 cm abaixo da viga (excentricidade de 34,5 cm) e no caso 4 foram

utilizados cabos poligonais com excentricidade de 15 cm.

A partir disto, a autora encontrou os seguintes resultados, conforme a

TABELA 7.

TABELA 7: RESULTADOS OBTIDOS NO ESTUDO REALIZADO POR KRAMER (2013)

Cabos posicionados no centro de gravidade (caso 1) não só levam a um

gasto desnecessário de material, se comparados com os demais casos, mas

também possuem um momento resistente muito maior que o solicitante, o que não

se torna uma aplicação econômica (KRAMER, 2013).

De acordo com Kramer (2013), cabos com traçado poligonal, como no caso 4,

tem a vantagem de ter um alívio de tensões se comparado ao traçado reto de

Page 93: TCC AMANDA B. PIVATTO

75

excentricidade nula do caso 1. Isto porque traçados que se aproximam do diagrama

de momentos fletores são mais eficientes, já que nas regiões de apoio o momento

diminui, não sendo necessária manter a mesma resistência (KRAMER, 2013, apud

PFEIL, 1980).

Com isto, a autora concluiu que as opções dos casos 3 e 4 são as mais

eficientes para a viga em questão. O caso 4, por apresentar um traçado próximo do

diagrama de momentos, reduzir a força de protensão e levar a economia de

material. E o caso 3, por atingir um momento resistente muito próximo do solicitante,

mas com a desvantagem de levar a formação de esforços de tração na região dos

apoios. Porém este problema pode ser solucionado com a ancoragem dos cabos

antes dos apoios (KRAMER, 2013).

3.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO DE CASO DA VIGA DE KRAMER

(2013)

De acordo com os resultados obtidos, a viga do estudo de Kramer (2013)

alcançou o dimensionamento econômico com ruptura no limite entre os domínios 2 e

3 da NBR 6118(2014): deformação máxima do concreto (εC) em 0,35% e

deformação máxima do aço (εS) em 1%.

Entretanto, como já fora mencionado no item de cálculo do momento

resistente com reforço, é possível que este modo de ruptura tenha sido alcançado

pelo comportamento da viga antes do reforço ser aplicado. Antes de receber o

reforço, não estava sendo utilizada toda a capacidade da armadura de compressão

(�′�<1), mas toda a armadura de tração estava sendo solicitada (��=1), sendo que

caso a viga recebesse uma solicitação maior que os 23496,3 kN.cm, a armadura de

tração iria ultrapassar a deformação limite de escoamento de 1% e iniciar o processo

de ruptura. Com a aplicação do reforço, foi possível conferir à viga que suas

armaduras (de tração e de compressão) fossem utilizadas ao máximo, sem que a

armadura de tração rompesse.

Caso a viga de Kramer (2013) estivesse solicitada à um momento fletor maior

que os 31551,952 kN.cm, é provável que as armaduras estariam solicitadas ao

máximo e o reforço não atuaria só para que isto acontecesse mas também para

garantir resistência à este acréscimo de carga.

Page 94: TCC AMANDA B. PIVATTO

76

Entretanto, a fim de demostrar que nem sempre a viga reforçada se apresenta

no limite entre os domínios 2 e 3, é apresentado outro caso de dimensionamento de

viga biapoiada de concreto armado no capítulo posterior. Esta possui armadura

simples (sem armadura de compressão), com dimensionamento à flexão

apresentado por Bastos (2010).

Page 95: TCC AMANDA B. PIVATTO

77

4. DIMENSIONAMENTO DE REFORÇO À FLEXÃO DA VIGA DE B ASTOS (2010)

4.1 VIGA BIAPOIADA DE CONCRETO ARMADO DE BASTOS (2010)

Bastos (2010) apresentou o dimensionamento de uma viga biapoiada de

concreto armado em suas notas de aula, como professor do Departamento de

Engenharia da Universidade Estadual Paulista (UNESP). As dimensões, armadura e

demais características da viga estão apresentadas na FIGURA 29 abaixo.

FIGURA 29: VIGA DIMENSIONADA POR BASTOS (2010). MEDIDAS EM CM.

A viga possuía anteriormente ao reforço um momento resistente, de 13577,11

kN.cm. Foi então dimensionado um reforço para que esta viga passe a suportar até

20 % a mais do momento anterior, ou seja, 16292,532 kN.cm.

Não são ilustrados os desenhos de projeto desta viga com a adição dos

reforços. Isto porque o dimensionamento de reforço para a viga de Bastos (2010) foi

desenvolvido com o objetivo de expor uma situação de dimensionamento diferente

do caso de estudo anterior, como análise comparativa.

Page 96: TCC AMANDA B. PIVATTO

78

4.2 CÁLCULO DA DEFORMAÇÃO INICIAL NA BASE INFERIOR DA VIGA

Os cálculos ilustrados a seguir seguem os mesmos critérios do

dimensionamento da viga de Kramer (2013). Deste modo serão apresentados

apenas os resultados, discutindo-os em seguida.

TABELA 8: DETERMINAÇÃO DA DEFORMAÇÃO INICIAL DO BORDO INFERIOR DA VIGA DE BASTOS (2010) COM DESCARREGAMENTO

Conforme a TABELA 8, a posição da linha neutra pode ser encontrada, por

equilíbrio, pelas Equações 30, 32 e 33:

s � 1,237!q

Deste modo, pode-se calcular a força, a tensão e a deformação referente à

armadura inferior, pelas Equações 34 e 5. Deste modo, a deformação inicial do

bordo inferior da viga (ε��), por semelhança de triângulos, pode então ser encontrada

no valor de 0,016 %.

Carga distribuída referente ao peso próprio gd (KN/cm) 0,035

Momento solicitante do pp Msd (KNcm) 1093,750

a 7,771

b -893,714

c 1093,750

Δ 764725,224

xi' (cm) 113,763

xi'' (cm) 1,237

xi (cm) 1,237

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 24,036

Tensão para armadura de tração fs (KN/cm²) 2,989

Deformação das armaduras de tração εs(mm/mm) 0,00014

Deformação das armaduras de tração εs (%) 0,014

Deformação inicial na base inferior da viga εbi (%) 0,016

Posição da LN

Determinação da deformação inicial - utilização do descarregamento

Page 97: TCC AMANDA B. PIVATTO

79

TABELA 9: DETERMINAÇÃO DA DEFORMAÇÃO INICIAL DO BORDO INFERIOR DA VIGA DE BASTOS (2010) SEM DESCARREGAMENTO

Sem o alívio de cargas da viga, como pode ser visto na TABELA 9, o

momento fletor solicitante é tomado igual ao resistente (antes da aplicação do

reforço), com valor de 13577,11 kN.cm. Assim, a posição da linha neutra fica:

s � 18,013!q

Entretanto, como no caso da viga de Kramer (2013), a tensão encontrada

para o aço (fs) foi a de escoamento, com o valor de 43,478 kN/cm². Deste modo,

também neste caso a deformação do aço alcança 1% e a deformação inicial do

bordo inferior da viga é de 1,143%.

4.3 CÁLCULO DO MOMENTO RESISTENTE DO REFORÇO PARA A VIGA DE

BASTOS (2010)

O cálculo do momento resistente para a viga de Bastos (2010), considerando-

a normalmente armada, pode ser visto pela TABELA 10.

Momento sol ici tante inicia l = Momento Res istente inicia l Msd(KNcm) 13577,110

Carga distribuída total - cálculo qd (KN/cm) 0,434

a 7,771

b -893,714

c 13577,110

Δ 376671,062

xi' (cm) 96,987

xi'' (cm) 18,013

xi (cm) 18,013

xi (cm) 18,013

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 349,974

Tensão para armadura de tração fs (KN/cm²) 43,478

Deformação das armaduras de tração εs(mm/mm) 0,0100

Deformação das armaduras de tração εs (%) 1,000

Deformação inicial εbi (%) 1,143

Posição da LN

Determinação da deformação inicial - sem descarregamento

Page 98: TCC AMANDA B. PIVATTO

80

TABELA 10: CÁLCULO DO MOMENTO RESISTENTE COM REFORÇO - SEÇÃO NORMALMENTE ARMADA - PARA A VIGA DE BASTOS (2010)

Assim, considerando, inicialmente, a viga normalmente armada (limite dos

domínios 2 e 3 dos modos de ruptura da NBR6118/2014), a posição da linha neutra

(x) alcança o valor de 11,926 cm. Com este valor podem ser calculadas as forças

referentes ao concreto e aos aços de tração e compressão.

Percebe-se que para a viga normalmente armada, o valor de é de 0,35%.

Portanto, segundo a Equação 1, o coeficiente de redução da resistência

característica à compressão (ψ) proposto pelo ACI 440.2R tem valor igual a 1.

A partir disto pode-se calcular o valor do momento resistente no ponto do

reforço (MRA), pela Equação 13, que alcança o valor de 9081,178 kN.cm. Entretanto,

este valor não atinge o momento solicitante (MSdr), que é 16292,532 kN.cm.

Deste modo, é necessário que seja arbitrado um novo valor para a posição da

linha neutra (x), mantendo-se o valor de e encontrando um novo valor para �. Isto

é feito, desejando que a peça esteja dentro do domínio 3 dos modos de ruptura da

NBR6118/2014, para que a viga apresente ruptura dúctil, sendo este método

sugerido por Machado (2002) e por Santos (2008).

Perante isto, arbitram-se valores para a posição da linha neutra (x) e, por

tentativas em planilha eletrônica, encontra-se um valor para ela, tal que o momento

resistente seja igual ou maior que o solicitante.

Deformação do aço εs (%) 1,000

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Posição da LN x (cm) 11,926

Coeficiente de redução da resistência característica à

compressão (ACI) Ψ 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 231,704

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 349,674

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,350

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 0,000

Coeficiente de redução do Reforço de Fibra de Carbono Φ 0,850

Momento resistente no ponto do reforço (A) MrA (KNcm) 9081,178

Cálculo do Momento resistente com reforço, admitindo seção normalmente armada

Page 99: TCC AMANDA B. PIVATTO

81

TABELA 11: RESULTADOS ENCONTRADOS PARA X=22,13 CM

Conforme pode ser visto na TABELA 11, o valor encontrado, por tentativas,

para a posição da linha neutra (x) é de 22,13 cm, atingindo um valor para o

momento fletor resistente de 16293,498 kN.cm, que é maior que o solicitante

(MSd=16292,532 kN.cm). Como o valor resistente é ligeiramente superior ao

solicitante, significa que a posição da linha neutra arbitrada representa uma solução

econômica para a peça em questão.

É importante destacar que o valor encontrado para a deformação do aço está

entre a deformação de início de escoamento (0,207%) e a limite (1,0%) para o aço

CA-50 (conforme a TABELA 2), o que significa que está submetido à tensão de

escoamento (fyd) e está sendo aproveitado ao máximo.

O momento crítico, para posterior adequação do posicionamento do reforço

com CRFC, seguindo os mesmos princípios do cálculo feito para a viga de Kramer

(2013), tem o valor de 5033,625 kN.cm, nas posições de 42,4 cm e 457,6 cm .

Cálculo do Momento resistente com reforço,

AUMENTANDO POSIÇÃO DA LN x (cm) 22,130

Deformação do aço εs (%) 0,378

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Coeficiente de redução da resistência característica à

compressão (ACI) Ψ 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 429,954

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 349,565

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,350

Tensão armadura de compressão inicial f's1 (KN/cm²) 73,500

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 0,000

Coeficiente de redução do Reforço de Fibra de Carbono Φ 0,850

MrA (KNcm) 16293,498

Fr B (KN) 94,575

Fr C (KN) 94,575

MrB (KNcm) 16293,498

MrC (KNcm) 16293,498

MRf (KNcm) 16293,498

VERIFICA!

Verificação

Page 100: TCC AMANDA B. PIVATTO

82

4.4 REFORÇO COM COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRA DE CARBONO

PARA VIGA DESCARREGADA

A partir do momento fletor resistente encontrado no item anterior, é possível

encontrar os valores para força referente ao reforço, a deformação do reforço, a

deformação do reforço corrigida (subtraindo a deformação inicial do bordo inferior da

viga), como mostra a TABELA 12. É valido destacar que a deformação encontrada

para o reforço, no valor de 0,425%, é inferior à deformação última do material, que é

de 1,42%, da mesma forma que no caso da viga de Kramer (2013).

Deste modo, pela Lei de Hooke é possível determinar a tensão referente ao

reforço e, por consequência, área de reforço a ser aplicada, que neste caso é de

0,98 cm².

TABELA 12: DEFORMAÇÃO DO REFORÇO E ÁREA DE REFORÇO - SITUAÇÃO DESCARREGADA

Com a área de reforço e a espessura do material é possível calcular a largura

efetiva e o número de camadas de reforço, como mostra a TABELA 13.

TABELA 13: LARGURA EFETIVA DE REFORÇO

Deste modo, nesta situação há a necessidade de 4 camadas de reforço com

espessura de 0,165 mm, e com uma largura efetiva de 15 cm.

Deformação do reforço εR (%) 0,441

Deformação do reforço corrigida ε'R (%) 0,425

Tensão atuante no reforço fr (KN/cm²) 96,537

Área de reforço Ar (cm²) 0,980

deformação menor que a última

do reforço

Área de reforço Ar (cm²) 0,980

Largura li (cm) 59,374

Espessura da camada e (mm) 0,165

Número de camadas n 4,000

Largura efetiva de cada camada le (cm) 15,000

Page 101: TCC AMANDA B. PIVATTO

83

Além disso, da mesma forma que fora feito para o caso da viga de Kramer

(2013), é necessário verificar a delaminação do reforço. Os resultados desses

cálculos estão ilustrados na TABELA 14.

TABELA 14: VERIFICAÇÃO DE DELAMINAÇÃO DA VIGA DE BASTOS (2010) COM DESCARREGAMENTO E COM CRFC

Assim, como o valor da deformação do reforço encontrada no

dimensionamento (de 0,425%) foi menor que a encontrada pelas limitações da cola

(igual a 0,827%), significa que a delaminação pela aderência substrato/cola/reforço

será evitada.

O comprimento de ancoragem necessário para a viga em questão é de 91,12

mm, sendo adotado o valor de 10 cm.

4.4.1 Reforço com compósitos reforçados com fibra de carbono para viga não

descarregada

A deformação no reforço (εR) de valor 0,425% subtraída pela deformação

inicial do bordo inferior da viga (εbi) sem o descarregamento no valor de 1,143%

resultaria em uma deformação no reforço corrigida (ε’R) de valor negativo. Isto

significa que, da mesma forma que no caso de uso de reforço com CRFC sem

descarregamento para a viga de Kramer (2013), este reforço para a viga de Bastos

(2010) não atingiria um comportamento ideal. Deste modo, é provável que o uso

deste reforço sem o descarregamento, também para este caso, não seja pertinente.

VERIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO MÁXIMA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CAMADAS

Rigidez G 149820,000

Coeficiente relativo à cola κm 0,583

εru (%) 0,827

lt (mm) 91,120

lt adotado (cm) 10

DEFORMAÇÃO OK

DELAMINAÇÃO

Deformação ultima do reforço com correção da cola

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM

Page 102: TCC AMANDA B. PIVATTO

84

4.4.2 Reforço com compósitos reforçados com fibra de carbono para viga

parcialmente descarregada

Da mesma maneira que foi calculado para a viga de Kramer (2013), para esta

situação também será estimada uma porcentagem mínima de descarregamento

para a aplicabilidade do reforço com CRFC, além da situação de total

descarregamento.

Tomando a tensão do aço ligeiramente inferior ao valor de sua tensão de

escoamento, pode-se obter um valor para a força referente ao aço (FS) e também a

deformação no aço.

Fazendo o processo inverso do cálculo da deformação inicial do bordo inferior

da viga, determinando que a força do aço (FS) é esta mencionada no parágrafo

anterior, é possível encontrar os resultados da TABELA 15 abaixo.

TABELA 15: DESCARREGAMENTO PARCIAL DA VIGA DE BASTOS (2010), COM CRFC

fs 43,46

Fs 349,4184

εs(mm/mm) 0,002069524

εs (%) 0,2070

Msd' 13559,550

a 7,771

b -893,714

c 13559,550

Δ 377216,929

xi' (cm) 97,015

xi'' (cm) 17,985

xi (cm) 17,985

xi (cm) 349,418

εbi (%) 0,237

Determinação da

deformação inicial - viga

parcialmente descarregada

Porcentagem

descarregada0,129

Page 103: TCC AMANDA B. PIVATTO

85

Com isto, percebe-se que é possível não descarregar toda a carga atuante na

viga para a aplicação do reforço, apesar de ser recomendado pela literatura (como

anteriormente já mencionado). Deste modo, o descarregamento mínimo encontrado,

para este caso, é próximo de 0,13%, o que indica que nesta situação a chance de se

aplicar o reforço sem descarregamento algum é muito próxima de acontecer.

Deste modo, é possível calcular a área de reforço a se aplicar com base nesta

nova deformação inicial da base da viga, como ilustra a TABELA 16.

TABELA 16: ÁREA DE REFORÇO COM CRFC COM DESCARREGAMENTO PARCIAL

Como pode ser visto, a deformação corrigida do reforço tem valor menor que

a limite do material (1,42%), o que significa que o material pode suportar a carga em

questão. Também a tensão no reforço (fR) está dentro do limite, sendo inferior à 323

kN/cm², que é a tensão máxima do material multiplicada pelo fator de redução pelo

tipo de ambiente.

Os valores da largura efetiva e no número de camadas estão apresentados

na TABELA 17, nos valores de 18 cm e 7 camadas, respectivamente. Percebe-se

que utilizando esta solução o número de camadas é relativamente alto, podendo

dificultar a execução.

TABELA 17: LARGURA EFETIVA E CAMADAS COM DESCARREGAMENTO PARCIAL

Deformação do reforço εR (%) 0,441

Deformação do reforço corrigida ε'R (%) 0,204

Tensão atuante no reforço fr (KN/cm²) 46,372

Área de reforço Ar (cm²) 2,040

deformação menor que a última

do reforço

Área de reforço Ar (cm²) 2,040

Largura li (cm) 123,606

Espessura da camada e (mm) 0,165

Número de camadas n 7,000

Largura efetiva de cada camada le (cm) 18,000

Page 104: TCC AMANDA B. PIVATTO

86

De acordo com a TABELA 18 é possível perceber que será evitada a

delaminação por problemas de aderência entre substrato/cola/reforço, pois a

deformação encontrada para o reforço no valor de 0,204% foi menor que 0,486%.

TABELA 18: VERIFICAÇÃO DA DELAMINAÇÃO COM DESCARREGAMENTO PARCIAL COM REFORÇO COM CRFC

4.5 REFORÇO COM CHAPA METÁLICA MR250

Na sequência são apresentados os cálculos para o dimensionamento do

reforço estrutural da viga de Bastos (2010) por meio da chapa metálica MR250.

Serão seguidos os mesmos critérios que no dimensionamento da viga de Kramer

(2013) para reforço com chapas metálicas.

4.5.1 Reforço com chapa metálica com alívio de carga

Com o descarregamento da peça e por meio da Equação 18 já citada

anteriormente, tem-se os valores da deformação real para a região de reforço, da

tensão e da área de reforço, como mostra a TABELA 19.

TABELA 19: DEFORMAÇÃO DO REFORÇO E ÁREA DO REFORÇO PARA SITUAÇÃO DESCARREGADA - COM CHAPA METÁLICA

VERIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO MÁXIMA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CAMADAS

Rigidez G 262185,000

Coeficiente relativo à cola κm 0,343

εru (%) 0,486

lt (mm) 91,120

lt adotado (cm) 10

DEFORMAÇÃO OK

DELAMINAÇÃO

Deformação ultima do reforço com correção da cola

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM

Deformação do reforço εR(%) 0,441

Deformação do reforço corrigida ε'R (%) 0,425

Tensão atuante no reforço fr (KN/cm²) 21,739

Área de reforço Ar (cm²) 4,345

Page 105: TCC AMANDA B. PIVATTO

87

Como já fora dito no capítulo do dimensionamento da outra viga, o valor de ε’R

deve ser inferior à deformação limite de escoamento do reforço (εRy), que no caso da

chapa metálica é de 1%. Assim, como a deformação encontrada para o reforço na

viga foi menor que a limite (no valor de 0,425%), significa que, nesta situação, a

estrutura de reforço com adição de chapas metálicas com descarregamento está

apta a ser utilizada.

Posteriormente, com o valor da deformação do reforço é possível analisar o

valor da tensão aplicada no mesmo. Como a deformação ultrapassou a deformação

de início de escoamento do aço (aço de reforço CA-25) que é de 0,1035% (conforme

a TABELA 2) e não atingiu a limite, a sua tensão atuante é a tensão de escoamento

dada pelo fabricante (fyR) dividida pelo fator de minoração, que como já foi

mencionado anteriormente, será adotado como γR = 1,15, o que resulta em

fR=21,739 kN/cm², como mostra a TABELA 19.

Desta forma, a área de reforço a se implantar é de 4,345 cm².

Neste caso optou-se por uma espessura de chapa de 2,75. Assim, tem-se

que a largura da chapa deve ser de 15,309 cm, sendo adotado16 cm de largura

efetiva.

A relação entre a largura e a espessura da chapa está na ordem de 57 (entre

50 e 60), o que significa que a delaminação será evitada.

O comprimento de ancoragem neste caso é de 349,174 mm, sendo adotados

35 cm de ancoragem da chapa à viga.

Estes valores estão ilustrados na TABELA 20.

TABELA 20: LARGURA EFETIVA, ESPESSURA E COMPRIMENTO DE ANCORAGEM DO REFORÇO COM CHAPA METÁLICA, COM DESCARREGAMENTO

4.5.2 Reforço com chapa metálica sem alívio de cargas

Largura li (cm) 15,799

Espessura da camada e (mm) 2,750

Relação largura/espessura li/e 57,449

lt (mm) 349,1741561

lt adotado (cm) 35COMPRIMENTO DE ANCORAGEM

Page 106: TCC AMANDA B. PIVATTO

88

Com a não utilização do descarregamento da peça e por meio da Equação 18

já citada anteriormente, tem-se que a deformação real para a região de reforço é um

valor negativo:

}6 � 0,441 − 1,143 = −0,702%

Isto significa que tanto para o reforço com CRFC como com chapas

metálicas, esta viga em questão deve ser descarregada para a aplicabilidade do

sistema.

Além disso, como a deformação do reforço sem o desconto da deformação

inicial da base da viga ( 6) é menor que 1%, com um valor de 0,441%, não há a

possibilidade de descarregamento parcial desta viga para a aplicação de reforço

com chapas metálicas. Isto porque, a deformação no reforço é muito pequena se

comparada à do substrato (0,441%<<1,143%), ao contrário da viga de Kramer

(2013) para reforço com chapas metálicas, onde esta deformação do reforço atingiu

um valor maior que 1%.

Page 107: TCC AMANDA B. PIVATTO

89

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Segundo o estudo feito para a viga de Kramer (2013), o modo de ruptura

econômico encontrado para a peça foi o normalmente armado. Isto significa que

tanto o aço quanto o concreto da viga são utilizados ao máximo, além de a peça

apresentar fissuras antes da ruptura, o que é considerado adequado.

Entretanto, como já foi mencionado no cálculo do momento fletor resistente

com o reforço, é possível que este modo de ruptura tenha sido alcançado porque,

antes da aplicação do reforço, a armadura de compressão da viga não estava sendo

utilizada integralmente. No entanto, como toda a capacidade da armadura de tração

estava sendo utilizada, esta viga não poderia suportar carga maior visto que, nesse

caso, a armadura de tração iniciaria processo de ruptura. Para que isto fosse

possível, deveria ser aumentada a área de armadura de tração.

Com a aplicação do reforço, esta viga passou a suportar uma carga com a

utilização de toda a capacidade resistente das armaduras de tração e de

compressão, sem permitir que a armadura de tração iniciasse ruptura.

Caso a posição da linha neutra aumentasse (aumento do trecho comprimido

da seção transversal) para um valor maior que o encontrado para a ruptura

normalmente armada, a viga reforçada resistiria a um momento fletor ainda maior e

estaria no modo de ruptura do domínio 3. Também é importante destacar que se

caso o aumento do momento fletor solicitante fosse maior que o acréscimo de 30%

utilizado nos cálculos, a viga estaria em um modo de ruptura do domínio 3, apenas.

Analisando os casos calculados para esta viga com reforço por CRFC

totalmente descarregada e para um descarregamento mínimo de 5,95%, houve um

aumento na área de reforço no valor de 23,5% para este segundo caso. Isto

demonstra que uma grande economia pode ser feita caso se opte pelo

descarregamento, já que o CRFC não é um material de baixo custo.

Todavia, quanto ao descarregamento total da peça para instalação de reforço

por chapa metálica, no caso da viga de Kramer (2013) não se tornou possível esta

aplicação. Isto porque o aço tem uma deformação de escoamento muito menor que

a do CRFC (1% para o aço e 1,42% para o CRFC) e, como a viga em questão foi

dimensionada com ruptura normalmente armada, a deformação da chapa alcançou

o limite de escoamento. Entretanto, para esta viga em questão, com 45% de sua

Page 108: TCC AMANDA B. PIVATTO

90

carga aliviada é possível a utilização de reforço com chapas metálicas com o valor

exato da deformação limite alcançado pelo reforço, com uma área de material a se

implantar na seção transversal da viga no valor de 8,887 cm².

Entretanto, é difícil garantir que o valor de 45% da carga seja descarregada,

uma vez que se houver um descarregamento maior, a deformação inicial do bordo

inferior da viga será menor e o reforço alcançará ou até mesmo ultrapassará a sua

deformação limite.

Utilizando um valor maior para a posição da linha neutra (maior porção de

concreto comprimido), a viga tem ruptura no domínio 3 e a utilização do reforço com

chapas metálicas com alívio total e também sem descarregamento de cargas

tornam-se possíveis.

No caso da viga de Bastos (2010) o modo de ruptura foi no domínio 3,

utilizando o máximo do concreto e início de escoamento do aço.

Com relação ao reforço com CRFC, caso esta viga tivesse alívio mínimo de

cargas, a área a se aplicar de reforço seria cerca de 200% maior do que na situação

com descarregamento total da peça, o que se mostra inviável devido ao custo com

material.

Quando reforçada com chapa metálica, esta viga não apresentou problemas

com o descarregamento, pois a chapa não teve sua deformação ultrapassando o

limite de escoamento. Isto pode ser justificado pelo fato de esta viga não estar no

limite dos domínios 2 e 3 como a de Kramer (2013).

Em relação à protensão externa, Kramer (2013) concluiu que, apesar da

complexidade de execução pelo posicionamento de desviadores, a opção de traçado

de cabo poligonal é uma das mais pertinentes, sobretudo onde o traçado se

assemelha com o diagrama de momentos fletores da peça. Outra opção de traçado

é o traçado reto posicionado abaixo da viga que, segundo Kramer (2013), com um

momento resistente próximo ao solicitante, reduz a força de protensão a se aplicar e

diminui o número de cabos a se implantar, sendo mais econômico. Porém, esta

última opção deve ser feita com uma ancoragem diferenciada para não ocasionar

tração nos apoios.

Para ambos os casos de protensão externa, o momento fletor resistente tem

um valor de, no mínimo, 382807 kN.cm, que é cerca de 12,5 vezes maior que o

solicitante para a viga de Kramer (2013), (30600 kN.cm). Isto mostra que a

Page 109: TCC AMANDA B. PIVATTO

91

protensão externa produz os maiores efeitos de resistência como reforço se

comparada aos dois outros métodos. Porém, percebe-se que para o caso em

questão, a utilização deste modelo de reforço e de protensão externa, estaria

superdimensionado, sendo antieconômico.

Para a viga de Bastos (2010) reforçada com chapas metálicas e com o

mínimo descarregamento (5,95% da carga aliviada) seria necessária a aplicação de

uma área de reforço de mesmo valor que a área obtida na situação de

descarregamento total. Isto pode ser justificado pelo fato de que nos dois casos

(descarregamento total e parcial) a deformação do aço da chapa ultrapassou a

deformação de início de escoamento (de valor 0,1035% para o aço de reforço em

questão – CA25). Deste modo, para ambos os casos, a tensão do aço não segue a

Lei de Hooke, possuindo o valor constante da tensão de escoamento dividida pelo

seu fator de minoração (fR=21,739 kN/cm²).

Para ambas as soluções de reforço (com CRFC e com chapas metálicas) e

para as duas vigas de estudo, não foi possível aplicar o reforço sem alívio algum de

cargas. Isto porque, deste modo o material de reforço não trabalharia de forma

adequada e haveria a possibilidade de ineficiência do sistema. Este resultado

confirma o que concluiu Reis (1998), afirmando que o alívio de cargas permite que o

reforço contribua efetivamente na resistência e controle de deformações causadas

pelas ações permanentes.

No entanto, é importante frisar a dificuldade de execução do processo de

descarregamento. É conveniente a elaboração de um projeto de disposição,

distribuição e especificação das escoras e/ou macacos hidráulicos utilizados,

juntamente com o projeto de execução do reforço estrutural. Além disso, com o

descarregamento existe uma dificuldade maior durante a aplicação do reforço

estrutural do que sem o alívio das cargas. Isto porque no momento em que o

material de reforço é aplicado na estrutura, as escoras e/ou os macacos hidráulicos

estão dispostos sob ela, muitas vezes ocupando o mesmo espaço que o material de

reforço ocupará. Deste modo, é importante prever esta dificuldade de execução

durante a fase de projeto, analisando processos de execução do alívio da carga de

uma peça sem comprometer o processo executivo.

Page 110: TCC AMANDA B. PIVATTO

92

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS POSTERIORE S

Este trabalho apresentou três diferentes métodos de reforço estrutural: o

reforço por adição de chapas metálicas, o uso de fibras de carbono e a protensão

externa.

Em relação ao dimensionamento, não existe ainda nenhuma norma brasileira

que seja específica para o cálculo de reforço estrutural, levando a utilização de

normas estrangeiras, como o ACI 440.2R (2008). Isto tanto para o reforço com

CRFC como para a protensão externa. No caso do dimensionamento de reforço com

chapas metálicas, segundo Ripper; Souza (1998) existem diferentes métodos de

cálculo. Entretanto, optou-se por utilizar o mesmo adotado para o caso dos CRFC,

como fez Santos (2008) em seu trabalho, que é o método proposto por Machado

(2002), baseado na norma americana.

Na situação da viga de Kramer (2013), como a armadura de compressão da

peça não estava sendo utilizada integralmente antes da aplicação do reforço, o

acréscimo de carga solicitante proposto fez com que a viga tivesse modo de ruptura

normalmente armado.

Para esta viga, o dimensionamento de reforço com chapas metálicas não se

tornou adequado não só para a situação de descarregamento total, mas também

para o caso sem alívio de cargas, apresentando um resultado pertinente apenas

para a carga parcialmente aliviada. Entretanto, esta situação de uso de chapas

metálicas com a viga parcialmente descarregada, possivelmente geraria dificuldades

na execução, uma vez que o descarregamento é feito com escoras e/ou macacos

hidráulicos, sendo difícil garantir que uma determinada porcentagem de alívio de

cargas seja atendida. Isto também é válido para a utilização de CRFC com

descarregamento parcial.

Para a protensão externa, como Kramer (2013) verificou em seu trabalho, a

utilização de protensão externa tanto com cabos poligonais como aqueles

posicionados abaixo da peça, resultou em uma solução possível para o acréscimo

de carga solicitado para a viga. Porém, devido aos grandes efeitos de resistência

provocados pela protensão externa, conforme relatado no capítulo 5, estes valores

de momento resistente foram cerca de 12,5 vezes maiores que o solicitante, não

sendo uma solução econômica.

Page 111: TCC AMANDA B. PIVATTO

93

Deste modo, é possível que uma das soluções de reforço mais adequadas

para a viga de Kramer (2013) seja o CRFC com descarregamento total, já que o

dimensionamento não apresentou nenhum problema de deformação excessiva. Esta

solução, ao contrário da adição de chapas metálicas, foi pertinente para o caso de

Kramer (2013) pela elevada deformação que o CRFC pode sofrer antes de romper e

por sua elevada resistência mecânica (3800 MPa para o CRFC e 25 MPa para a

chapa metálica). É válido destacar também que há uma economia considerável com

a utilização do descarregamento total da peça, com uma redução de 23% de

material de CRFC, se comparado à situação com alívio parcial de cargas.

Outra solução pertinente é a utilização da chapa metálica com ruptura no

domínio 3, com descarregamento das cargas. Nesta opção o material resiste ao

esforço solicitante, mas o momento resistente com a adição do reforço é maior que o

solicitante.

Já para o caso da viga de Bastos (2010) o modo de ruptura encontrado foi

pertencente ao domínio 3 (viga subarmada). Quanto à solução mais adequada para

o reforço da peça, tanto o CRFC quanto a chapa metálica (ambas com alívio inicial

de cargas) foram aptas para solicitação proposta.

Tanto o dimensionamento da viga de Kramer (2013) como da viga de Bastos

(2010) mostram que o comportamento inicial da peça e da estrutura global à que

esta pertence, além do dimensionamento que a peça recebeu antes de se reforçar e

do seu modo de ruptura, influenciam significativamente na escolha do método de

reforço.

Além disso, as condições ambientais que a peça se encontra, como a

existência de um projeto de prevenção contra incêndios, a presença de corrosão das

armaduras, a degradação do concreto e o valor do acréscimo de carga solicitante

são parâmetros primordiais para a escolha da alternativa de reforço mais oportuna.

Ademais, é preciso verificar se o local em que a peça se encontra pode ser

paralisado ou não para a execução do reforço e se o projeto arquitetônico pode ser

alterado. Isto porque há métodos que necessitam de paralização e interferem

significativamente na arquitetura (como o encamisamento) e outros não (como os

estudados neste trabalho).

Outra consideração importante é a possibilidade ou não de execução de um

projeto de elaboração do processo de descarregamento (quando este houver). Isto

Page 112: TCC AMANDA B. PIVATTO

94

porque, como foi descrito no capítulo 5, existe certa dificuldade de execução deste

processo, além de ser necessário garantir o descarregamento calculado para que o

reforço estrutural trabalhe conforme previsto na concepção do projeto.

Entretanto, nos casos em que vários métodos de reforço são aplicáveis, é

conveniente realizar um estudo de custos de execução dos métodos de reforço, uma

vez que o custo pode ser muitas vezes um fator determinante na escolha de projeto.

No entanto, para todos os casos é necessário que seja feita a recuperação da

estrutura e do substrato originais, caso apresentem problemas, antes de qualquer

interferência estrutural.

Como sugestões para trabalhos futuros, nesta área de pesquisa, propõem-se:

o Estudo do comportamento de laminados de CRFC protendidos;

o Viabilidade da utilização de matriz cimentícia de elevado

desempenho, junto às fibras de carbono;

o Desenvolvimento do dimensionamento ao cisalhamento para os

reforços com CRFC e chapas metálicas, uma vez que a resistência

ao cisalhamento pode limitar o momento fletor resistente, levando a

estrutura à ruína pelo cisalhamento;

o Modelagem estrutural de peças reforçadas, analisando o

comportamento da peça frente à variação de cargas.

Page 113: TCC AMANDA B. PIVATTO

95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 114: TCC AMANDA B. PIVATTO

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Page 116: TCC AMANDA B. PIVATTO

98

APÊNDICE A

Planilha eletrônica para cálculo do reforço com CRFC – viga de Kramer (2013)

Page 117: TCC AMANDA B. PIVATTO

99

Com descarregamento:

Inserção de Dados

MOMENTO SOLICITANTE COM REFORÇO - Msdr(KNcm) 30600,000

MOMENTO RESISTENTE INICIAL - Msdi (KNcm) 23496,300

Base da viga bw (cm) 25,000

Altura da viga h (cm) 65,000

Peso específico do concreto armado γPc (KN/m³) 25,000

Resistência característica do concreto fck (MPa) 25,000

Resistência característica do concreto fck (KN/cm²) 2,500

Resistência de cálculo do concreto fcd (KN/cm²) 1,786

Resistência média à tração do concreto fct,m (KN/cm²) 0,256

Módulo de elasticidade do concreto Ec (MPa) 23500,000

Módulo de elasticidade do concreto Ec (KN/cm²) 2350,000

Módulo de elasticidade do aço Es (KN/cm²) 21000,000

Área de armadura inferior As 9,420

Área de armadura superior As' 2,450

Altura útil da viga d (cm) 59,370

Distância entre fibra mais comprimida e centro de

gravidade da armadura superior d' (cm) 5,270

Distância entre o CG da armadura inferior até a fibra

mais inferior t (cm) 5,630

Vão da viga L (cm) 600,000

Coeficiente referente co efeito Rüsch ϱ 0,850

Fator de correção do diagrama parábola-retângulo ϛ 0,800

Tensão de escoamento do aço (inferior) fyk (KN/cm²) 50,000

Tensão de escoamento do aço - cálculo (inferior) fyd (KN/cm²) 43,478

Tensão de escoamento do aço (superior) f'yk (KN/cm²) 50,000

Tensão de escoamento do aço - cálculo (superior) f'yd (KN/cm²) 43,478

Momento solicitante de cálculo sem reforço Msdi (KNcm) 23496,300

Espessura do reforço e (mm) 0,165

Módulo de elasticidade do reforço Er (KN/cm²) 22700,000Tensão máxima de resistência do reforço, dada pelo

fabricante fru* (KN/cm²) 380,000Fator de redução da deformação de ruptura, pelo tipo de

ambiente Ce 0,850

Tensão máxima de resistência do reforço, com coeficiente de

redução Ce fru (KN/cm²) 323,000

Deformação máxima do reforço dado, pelo fabricante εru* (%) 1,670

Deformação de ruptura do reforço, corrigida εru (%) 1,420

Folga em cada lado da viga s (cm) 0,500

Dados Iniciais

Page 118: TCC AMANDA B. PIVATTO

100

Carga distribuída referente ao peso próprio gd (KN/cm) 0,057

Momento solicitante do pp Msd (KNcm) 2559,375

a 12,143

b -1802,304

c 2559,375

Δ 3123985,664

xi' (cm) 146,991

xi'' (cm) 1,434

xi (cm) 1,434

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 43,529

Tensão para armadura de tração fs (KN/cm²) 4,621

Deformação das armaduras de tração εs(mm/mm) 0,000220

Deformação das armaduras de tração εs (%) 0,022

Deformação inicial εbi (%) 0,024

Determinação da deformação inicial - peso próprio da viga - ANÁLISE COM

DESCARREGAMENTO

Posição da LN

Deformação do aço εs (%) 1,000

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Posição da LN x (cm) 15,392

Coeficiente de redução da resistência característica à

compressão (ACI) Ψc 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 467,264

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 409,565

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,230

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 106,522

Coeficiente de redução do Reforço de Fibra de Carbono Φ 0,850

MrA (KNcm) 31551,952

Fr B (KN) 193,200

Fr C (KN) 193,200

MrB (KNcm) 31551,952

MrC (KNcm) 31551,952

MRf (KNcm) 31551,952

εR(%) 1,128

ε'R (%) 1,106

fr (KN/cm²) 251,065

Ar (cm²) 0,770

Verificação

OK!

VERIFICA!

Cálculo do Momento resistente com reforço, admitindo seção normalmente armada

Page 119: TCC AMANDA B. PIVATTO

101

Sem descarregamento:

Com descarregamento parcial:

Largura li (cm) 46,638

Espessura da camada e (mm) 0,165

Número de camadas n 2

Largura efetiva de cada camada le (cm) 24,000

Rigidez G 74910,000

Coeficiente relativo à cola κm 0,790

εru (%) 1,122

lt (mm) 84,589

lt adotado (cm) 10

Deformação ultima do reforço com correção da cola

DELAMINAÇÃO

COMPRIMENTO DE ADERÊNCIA

VERIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO MÁXIMA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CAMADAS

Maior que solicitada. OK!

Momento solicitante = Momento resistente Msd(KNcm) 23496,300

Carga distribuída total - cálculo qd (KN/cm) 0,522

a 12,143

b -1802,304

c 23496,300

Δ 2107049,306

xi' (cm) 133,983

xi'' (cm) 14,442

xi (cm) 14,442

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 438,420

Tensão para armadura de tração fs (KN/cm²) 43,478

Deformação das armaduras de tração εs(mm/mm) 0,01000

Deformação das armaduras de tração εs (%) 1,000

Deformação inicial εbi (%) 1,125

Posição da LN

Determinação da deformação inicial - peso próprio da viga + carga máxima inicial - ANÁLISE

SEM DESCARREGAMENTO

Page 120: TCC AMANDA B. PIVATTO

102

fs 43,460

Fs 409,393

εs(mm/mm) 0,002

εs (%) 0,207

Msd(KNcm) 22097,251

qd (KN/cm) 0,491

a 12,143

b -1802,304

c 22097,251

Δ 2175003,100

xi' (cm) 134,939

xi'' (cm) 13,486

xi (cm) 13,486

Fs (KN) 409,393

εbi (%) 0,232

Determinação da deformação

inicial - viga parcialmente

descarregada

Porcentagem

descarregada5,954

Page 121: TCC AMANDA B. PIVATTO

103

Deformação do aço εs (%) 1,000

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Posição da LN x (cm) 15,392

Coeficiente de redução da resistência característica à

compressão Ψc 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 467,264

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 409,565

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,230

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 106,522

Coeficiente de redução do Reforço de Fibra de Carbono Φ 0,850

MrA (KNcm) 31551,952

Fr B (KN) 193,200

Fr C (KN) 193,200

MrB (KNcm) 31551,952

MrC (KNcm) 31551,952

MRf (KNcm) 31551,952

εR (%) 1,128

ε'R (%) 0,896

fr (KN/cm²) 203,318

Ar (cm²) 0,950

VERIFICA!

OK!

Verificação

Cálculo do Momento resistente sem reforço para viga parcialmente descarregada, admitindo

seção normalmente armada

Largura li (cm) 57,590

Espessura da camada e (mm) 0,165

Número de camadas n 3

Largura efetiva de cada camada le (cm) 24,000

Rigidez G 112365,000

Coeficiente relativo à cola κm 0,687

εru (%) 0,974

lt (mm) 84,589

lt adotado (cm) 10

DELAMINAÇÃO

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM

VERIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO MÁXIMA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CAMADAS

Deformação ultima do reforço com correção da colaMaior que solicitada. OK!

Page 122: TCC AMANDA B. PIVATTO

104

APÊNDICE B

Planilha eletrônica para cálculo do reforço com chapa metálica – viga de Kramer

(2013)

Inserção de Dados

MOMENTO SOLICITANTE COM REFORÇO - Msdr(KNcm) 30600

MOMENTO RESISTENTE INICIAL - Msdi (KNcm) 23496,3

Base da viga bw (cm) 25,000

Altura da viga h (cm) 65,000

Peso específico do concreto armado γPc (KN/m³) 25,000

Resistência característica do concreto fck (MPa) 25,000

Resistência característica do concreto fck (KN/cm²) 2,500

Fator de minoração da resistência do concreto γc 1,400

Resistência de cálculo do concreto fcd (KN/cm²) 1,786

Resistência média à tração do concreto fct,m (KN/cm²) 0,256

Módulo de elasticidade do concreto Ec (MPa) 23500,000

Módulo de elasticidade do concreto Ec (KN/cm²) 2350,000

Módulo de elasticidade do aço Es (KN/cm²) 21000,000

Área de armadura inferior As 9,420

Área de armadura superior As' 2,450

Altura útil da viga d (cm) 59,370

Distância entre fibra mais comprimida e centro de

gravidade da armadura superior d' (cm) 5,270

Distância entre o CG da armadura inferior até a fibra

mais inferior t (cm) 5,630

Vão da viga L (cm) 600,000

Coeficiente referente co efeito Rüsch ϱ 0,850

Fator de correção do diagrama parábola-retângulo ϛ 0,800

Tensão de escoamento do aço (inferior) fyk (KN/cm²) 50,000

Fator de minoração da resistência do aço γs 1,150

Tensão de escoamento do aço - cálculo (inferior) fyd (KN/cm²) 43,478

Tensão de escoamento do aço (superior) f'yk (KN/cm²) 50,000

Tensão de escoamento do aço - cálculo (superior) f'yd (KN/cm²) 43,478

Momento solicitante de cálculo sem reforço Msd0 (KNcm) 23496,300

Espessura do reforço e (mm) 4,000

Módulo de elasticidade do reforço Er (KN/cm²) 20000,000

Tensão de escoamento do aço de reforço fyr (KN/cm²) 25,000

Fator de minoração da resistência do aço de reforço γr 1,15

Tensão de escoamento do aço de reforço - cálculo fyrd (KN/cm²) 21,739

Deformação máxima do reforço dado, pelo fabricante εru* (%) 2,000

Deformação de ruptura do reforço, corrigida εru (%) 1,000

Dados Iniciais

Page 123: TCC AMANDA B. PIVATTO

105

Com descarregamento:

Carga distribuída referente ao peso próprio gd (KN/cm) 0,057

Momento solicitante do pp Msd (KNcm) 2559,375

a 12,143

b -1802,304

c 2559,375

Δ 3123985,664

xi' (cm) 146,991

xi'' (cm) 1,434

xi (cm) 1,434

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 43,529

Tensão para armadura de tração fs (KN/cm²) 4,621

Deformação das armaduras de tração εs(mm/mm) 0,000

Deformação das armaduras de tração εs (%) 0,022

Deformação inicial na base inferior da viga εbi (%) 0,024

Posição da LN

Determinação da deformação inicial - peso próprio da viga - ANÁLISE COM

DESCARREGAMENTO

Deformação do aço εs (%) 1,000

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Posição da LN x (cm) 15,392

Coeficiente de redução da resistência característica à

compressão (ACI) Ψc 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 467,264

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 409,565

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,230

Tensão armadura de compressão inicial f's1 (KN/cm²) 48,335

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 106,522

Coeficiente de redução do Reforço "novidade" Φ 0,850

MrA (KNcm) 31551,952

Fr B (KN) 193,200

Fr C (KN) 193,200

MrB (KNcm) 31551,952

MrC (KNcm) 31551,952

MRf (KNcm) 31551,952

εR (%) 1,128

ε'R (%) 1,104

fr (KN/cm²) 21,739

Ar (cm²) 8,887

Cálculo do Momento resistente com reforço, admitindo seção normalmente armada

Verificação

Alcançou deformação de

escoamento

VERIFICA!

Page 124: TCC AMANDA B. PIVATTO

106

Sem descarregamento:

Momento solicitante Msd(KNcm) 23496,300

Carga distribuída total - cálculo qd (KN/cm) 0,522

a 12,143

b -1802,304

c 23496,300

Δ 2107049,306

xi' (cm) 133,983

xi'' (cm) 14,442

xi (cm) 14,442

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 450,561

Tensão para armadura de tração fs (KN/cm²) 43,478

Deformação das armaduras de tração εs(mm/mm) 0,01000

Deformação das armaduras de tração εs (%) 1,000

Deformação inicial na base inferior da viga εbi (%) 1,125

Posição da LN

Determinação da deformação inicial - peso próprio da viga + carga máxima inicial

Page 125: TCC AMANDA B. PIVATTO

107

Com descarregamento parcial:

εbi (%) 1,125

εR (%)1,128

ε'R (%) 1,000

ε'Rmáx (%) 1

εbimín (%) 0,128

Msd(KNcm) 12720,311

qd (KN/cm) 0,283

a 12,143

b -1802,304

c 12720,311

Δ 2630454,490

xi' (cm) 140,995

xi'' (cm) 7,430

xi (cm) 7,430

Fs (KN) 228,556

fs (KN/cm²) 24,263

εs(mm/mm) 0,001

εs (%) 0,116

εbi (%) 0,128

Porcentagem

descarregada45,862

Cálculo da carga máxima a escorar,

considerando deformação máxima

do reforço

Page 126: TCC AMANDA B. PIVATTO

108

Deformação do aço εs (%) 1,000

Deformação do concreto εc (%) 0,350

Posição da LN x (cm) 15,392

Coeficiente de redução da resistência característica à

compressão Ψc 1,000

Força resultante concreto Fc (KN) 467,264

Força resultante armadura de tração Fs (KN) 409,565

Deformação na armadura superior ε's (%) 0,230

Tensão armadura de compressão inicial f's1 (KN/cm²) 48,335

Tensão armadura de compressão real f's (KN/cm²) 43,478

Força resultante armadura de compressão F's (KN) 106,522

Coeficiente de redução do Reforço "novidade" Φ 0,850

MrA (KNcm) 31551,952

Fr B (KN) 193,200

Fr C (KN) 193,200

MrB (KNcm) 31551,952

MrC (KNcm) 31551,952

MRf (KNcm) 31551,952

εR (%) 1,128

ε'R (%) 1,000

fr (KN/cm²) 21,739

Ar (cm²) 8,887

Verificação VERIFICA!

OK!

Cálculo do Momento resistente sem reforço, admitindo seção normalmente armada

Largura li (cm) 22,218

Espessura da camada e (mm) 4,000

Relação largura/espessura li/e 55,545

lt (mm) 390,9330639

lt adotado (cm) 40COMPRIMENTO DE ANCORAGEM