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A Anta Muito GulosaTânia Mara de Matogrosso

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FICHA TÉCNICA

2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoA Anta Muito GulosaMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

ILUSTRAÇÕES:Amanda de Deus LyrioAmanda Klein SouzaValquíria Estandislau BarbosaHenrique de Barros NantesJackeline FerronatoGabriela ZardoKatherine Michelly de Almeida FrancoAmanda Pereira Vera da CostaNatália Gimenes ZampieriAndré Luiz Estabile NaressiDaniel Luz SantosElias de Oliveira Junior

Escola: Centro de Ensino Reino do Saber

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A Anta Muito GulosaTânia Mara de Matogrosso

Voce já viu uma anta de perto?Se não viu tem que ver.

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A anta é considerada o maior mamífero terrestre da fauna brasileira.O Pantanal é a região onde mais se vê antas. Elas são grandes, fortes, dáaté um pouquinho de medo, mas sabemos que elas são pacíficas. É muitoraro elas atacarem.

As antas chegam a atingir até um metro de altura por dois decomprimento. Não falei que nossas amiguinhas antas são enormes? Elassão conhecidas pelo seu fucinho. Tromba móvel. Sua tromba é curtinha efaz com que a anta se torne um animal diferente.

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As antas gostam de muita água e são grandes nadadeiras emergulhadoras. Por isso vivem sempre em lugares que têm água emabundância. Como no Pantanal.

É interessante, bonito, ver uma anta nadando. E quando elasmergulham, a cada mergulho é agua para todos os lados.

Elas ficam à certa distância, bem escondidinhas. Elas são desconfiadas,se defendem da maldade de certos seres humanos. Elas não gostam dapresença de intrusos, e nós seres humanos somos estes intrusos, não sópara as antas, mas para o mundo animal.

O ser humano muitas vezes mata, machuca, destrói, desequilibra a

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natureza, com desmatamentos e queimadas.Por que tantas destruições? Falta de amor, respeito ao criador e suas

criações.

É dificil até explicar o por quê. É vergonhoso, cruel.A natureza e tudo que existe no universo foram feitos com muito amor

e carinho. Por isso há tantas coisas lindas para a gente ver, sentir e ouvir.

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O que não podemos admitir é que a destruição continue em nossoplaneta.

Devemos dar um basta. É preciso preservar, respeitar. E para issotemos que dar bons exemplos. Você ama a natureza? Fala sobre apreservação? O valor da conservação? Faz a sua parte? Tenho certezaque voce ama a natureza. Em especial o Pantanal, o nosso paraísoecológico. Somos privilegiados com imensa riqueza e beleza.

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Estou feliz em saber que voce é amante da mãe natureza. Parabéns!Certo dia, vi um casal de antas que andava pelas planícies pantaneiras.

De repente começaram a correr. Que barulhão! Até me assustei. Estavamà procura de frutinhas silvestres. Quando encontraram, começaram acomer. O macho comia menos e lentamente. Mas a fêmea... Parecia queia comer até os arbustos!

Que fome...

As antas se alimentam de folhas, frutos silvestres, raízes, têm gosto pratudo. Eu gosto de algumas raízes. Por exemplo, mandioca e outras.

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E a anta continuava a comer, comer. Apelidei a anta de gulosa. Suabarriga estava grande, então pensei: Também, ela come muito!

Neste momento, alguém retrucou:- Não, não é de comer que a barriga está grande.Pensei. Será inchaço?Será que está doente?Não, também não era de inchaço.Então, o que seria?Uma surpresa! A anta estava esperando filhote.

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“Dona anta, me desculpe. Eu não sabia que estava esperando umfilhote. Por isso sua barriga tão grande.”

Mas, mesmo assim, a anta era muito gulosa!

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Desenhar um casal de anta com um filhote.

Respeite a natureza.

A natureza vive sem o ser humano.O ser humano não vive sem a natureza.

Pantanal

O Pantanal é um dos mais importantes pólos ecológicos do Brasil e domundo. Um verdadeiro paraíso onde vivem animais, pássaros, peixes,répteis, plantas e os pantaneiros.

São milhares de quilômetros de área alagada na época das águas(chuvas), formando o que antigamente era chamado Mar de Xaraés.

O Pantanal se estende pelos estados de Mato Grosso e Mato Grossodo Sul e pelos países Paraguai e Bolívia.

Para manter o equilíbrio é preciso preservar.

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A Bruxinha Poderosae a Rosa Cor-de-Rosa

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2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoA Bruxinha Poderosa e a Rosa Cor-de-RosaMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

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A Buxinha Poderosa e a Rosa Cor-de-RosaTânia Mara de Matogrosso

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A bruxinha teimosa vivia a cantar. Ela morava no Pantanal, santuárioecológico mundial, onde tudo era encantamento, vida. Tinha um lindosorriso. Os cabelos dourados pareciam favos de mel. Seu rostinho erarosado e suas mãozinhas pequenas e bem feitas. Era uma verdadeiraboneca. Um presente da natureza. Era criada por Miréia, a bruxa quevivia em pleno contato com a natureza. Era uma pessoa apaixonada pelospássaros, animais, flores, vegetação rasteira, as árvores, cachoeiras, rios,serras, sol, lua, céu estrelado. Tudo para Miréia era motivo decontemplação.

Miréia cuidava da mãe natureza com amor e dedicação. Não deixavaninguém destruir a natureza. Ali tudo era conservado. O lugar onde elamorava pertencia à sua família há várias gerações. Eram quilômetros equilômetros de terras que se perdiam de vista. Era uma fazenda. Ela tinhaalguns amigos, mas eram poucos. Miréia vivia sozinha num casarão. Haviaperdido seu pai quando era um bebê. Foi criada por sua avó e sua mãe.Quando tinha dez anos perdera sua avó tão amada e atenciosa. Aos quinzeanos, sua mãe.

Ela tinha parentes, mas muito distantes. Os amigos de sua mãe tentaramlevá-la para cidade. Miréia era muito bela, linda e jovem e era perigosoviver num lugar tão afastado, sozinha. A casa de Miréia era de pedrasgrossas. Um grande pomar nos fundos e um lindo jardim na frente da

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casa. Numa tarde, o sol já ia se pondo no horizonte. Miréia estava nojardim apanhando flores para colocar nos vasos para enfeitar sua sala. Operfume das flores era embriagador. Miréia suspirava, triste pela perda desua mãe. Porém, feliz por morar num lugar tão especial com uma visãomagnífica. De onde estava, avistava a baía e a planície pantaneira. Miréiaainda estava colhendo flores quando olhou para a estrada e viu que vinhagente. E a pessoa foi se aproximando. Chegando cada vez mais perto. Eraum homem e vinha montado num burro. O pobre do animal estava tãocansado que mal conseguia andar. Miréia com as flores nas mãos maisparecia uma fada rainha das flores.

Miréia foi ao encontro da pessoa que vinha chegando. Logo viu queera um velhinho, montado num burrinho cheio de objetos penduradosnas laterais do animal. O velhinho tinha as roupas pretas, um chapéutambém preto enorme que tampava boa parte de seu rosto já muito cansadopelo tempo.

O velho tirou o chapéu e cumprimentou Miréia. Sua voz rouca ecansada mal conseguia falar. Desceu do burrinho e acomodou-se numacadeira bem confortável na imensa varanda. O velhinho a fitava comrespeito. Miréia tirou as tralhas de cima do burrinho. Deu água, alimentou-o e o soltou no pasto. Depois trouxe água para o velhinho. E alimentos. Ovelhinho continuava no mesmo lugar. Miréia falou:

- O senhor está doente ou é cansaço? Moro aqui sozinha. Meus paismorreram e eu não quero e não vou sair daqui. Quero e vou viver nestelugar que amo. Aqui é meu paraíso.

O velhinho balançou a cabeça e disse:

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- Eu sei, minha filha, eu sei. Por isso estou aqui. Pegue daquele sacovelho como eu ali no chão um pequeno bauzinho de madeira. Pegue,minha filha, e me dê. Estou cansado e doente, muito doente.

Miréia pegou o saco e abriu a boca. De dentro do saco tirou umpequeno bauzinho de madeira todo trabalhado. Em sua tampa estavaescrito B.M.I. Miréia, curiosa, perguntou o que significava aquelas iniciais.

O velhinho pela primeira vez sorriu para Miréia. Balançou a cabeça edisse:

- Bruxo. Mágico. Ilhéu.- Ilhéu? É o seu nome? Mas o senhor é um bruxo que faz mágica

mesmo?- Sim, minha filha. Sou um bruxo e faço mágicas e meu nome é Ilhéu.O velhinho tirou do bolso de seu paletó uma chave presa numa corrente

de ouro. Suas mãos tremiam muito. Pediu a Miréia que abrisse o baú. Elaestava curiosa para saber o que tinha dentro do baú. Ao abrir teve umagrande surpresa. O velho tirou de dentro do baú um livro bem grosso evelho com a capa preta e escrito com letras de ouro. “Livro dos Mestres”.

Miréia arregalou os olhos e perguntou:- Foi o senhor que escreveu este livro?- Não, minha filha, este livro já tem mais de 200 anos. Ele é escrito a

mão. Foi escrito por vários mestres que habitaram este planeta. Grandesestudiosos. Filha, este livro só poderá ser lido por uma pessoa de cadavez. Nele há vários mistérios. Ao terminar de ler este livro aprendemos overdadeiro valor da vida. Sinto que o meu fim neste planeta está próximo.Questão de horas. Vou partir feliz. Acho que cumpri bem minha missão

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neste mundo. Todos têm uma missão muito importante nos dada pelo Pai.Miréia conversou mais alguns minutos e foi para cozinha para preparar

o jantar. Antes perguntou se o velhinho queria tomar banho. Ele disse queiria esperá-la ali mesmo. Queria descansar mais um pouco. Quando voltou,Miréia encontrou o velhinho sentado no mesmo lugar. Numa das mãos obaú e na outra mão uma rosa cor-de-rosa. Parecia dormir.

- Senhor, vamos jantar? Acorde, senhor, depois o senhor dorme nacama e descansa.

Nisso, percebeu que o velhinho estava frio e saiu correndo. Correu,correu até chegar à casa do vizinho mais próximo. Contou o que haviaacontecido e os vizinhos acompanharam Miréia em sua charrete até suacasa. Miréia estava assustada. Chorava muito. O vizinho ainda retrucou:

- Nós a avisamos que você não pode ficar sozinha aqui nesta fazenda.Você é da mesma idade da nossa filha. Vamos para casa até o dia queseus parentes vierem para cuidar de você.

Miréia continuava em silêncio. Minutos depois chegaram à casa deMiréia. E para surpresa de todos, na cadeira só havia um punhado decinzas e a rosa cor-de-rosa. Os vizinhos procuraram o velhinho por todaparte. Como poderia ter sumido se não havia ninguém ali? As cinzas Miréiaguardou num vasinho e a rosa colocou ao lado numa cômoda em seuquarto. Naquela noite seus vizinhos dormiram na casa da Miréia. Já eramuito tarde e por mais que quisessem não conseguiam levar Miréia. Todosforam se deitar. Os vizinhos pensavam que Miréia estava ficando louca.Não era certo uma moça tão linda e jovem ali sozinha, naquele lugardeserto. Miréia entrou em seu quarto pensativa e triste. Sentiu um forte

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arrepio. Quando olhou para sua cama, viu outra rosa cor-de-rosa, ascinzas no vasinho, o baú com o livro dentro e a chave ao lado. Correuassustada para a porta, iria mostrar para os vizinhos, mas a porta nãoabriu. Nervosa, sentou-se na cama e lembrou-se do velhinho. Só umapessoa poderia ler o livro. Era muita responsabilidade. Pegou a chave.Esta caiu no chão. Abaixou-se e pegou a chave novamente. Aí se lembrou:“só um adepto poderá ler o livro”. Depois de muito pensar:

- Eu quero ser uma adepta.Pegou a chave e abriu o baú. Tirou o livro e daquele dia em diante

sentiu-se mais feliz, útil, realizada.Os vizinhos insistiram muito para Miréia ficar com eles até os parentes

chegarem. Mas Miréia não quis. Agradeceu e na sua casa ficou. Os parentesde Miréia nunca chegaram, nunca deram resposta.

E assim o tempo foi passando e Miréia envelhecendo sozinha. Suabeleza acabando e ela sempre sozinha. Sua missão era cuidar da natureza,do seu Pantanal tão amado e esplêndido. Escreveu vários livros sobre anatureza e suas belezas. O valor de cada criação exaltando sempre oCriador.

Um dia, andando pela natureza, viu uma carroça. Dentro, uma mulherdoente e grávida. A mulher havia fugido dos maus tratos do marido. Miréiase aproximou da carroça mas o cavalo se assustou e começou a correr.Depois de algum tempo parou. Miréia levou a mulher para sua casa.

Nesta época Miréia estava com cinquenta anos. Seus longos cabeloseram agora brancos e usava sempre uma grande trança. Seu vestido, longoe simples. Ainda era muito bela. A mulher deu à luz uma linda menina

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com cabelos dourados, olhos azuis iguais aos de Miréia. A menina eralinda. A mulher faleceu logo após o parto. Miréia cuidou do enterro. Emsua fazenda havia o cemitério da família. Corajosa, criou a linda meninaque se parecia com ela. A menina a chamava de mãe.

Miréia deu-lhe o nome de Mariazinha. Sua bonequinha enchera suavida e sua casa de felicidade. Miréia não precisou sair de sua casa paraarranjar uma adepta. Mariazinha foi crescendo. Seus lindos cabelos lourosdourados eram de encantar e aos raios de sol eram um verdadeiro encantoda natureza.

Miréia ensinou a sua bonequinha viva tudo de bom que haviaaprendido na vida. E assim Mariazinha cresceu mimada e teimosa. E elaa apelidou de bruxinha teimosa, e era linda como a rosa cor-de-rosa.

“O sorriso de uma criança é a parte mais linda de minha vida, sorrisoeste que não me sai da lembrança. A ti, criança, ofereço uma rosa cor-de-rosa com amor, carinho e esperança de que você amará intensamente amãe natureza e fará sua parte para conservá-la.”

Sabe qual o mistério principal do livro dos grandes mestres?A palavra mágica. Amor.Amar a Deus sobre todas as coisas.O próximo como a si mesmo.E a natureza, a obra de arte do Criador como um todo. Ame, admire,

conserve, respeite. Valorize. Ajude-nos.

A natureza vive sem o ser humano.O ser humano não vive sem a natureza.

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A Cobrinha SapecaTânia Mara de Matogrosso

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2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrosA Cobrinha SapecaMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

Ilustrações:Amanda de Deus LyrioAmanda Klein SouzaValquíria Estandislau BarbosaHenrique de Barros NantesJackeline FerronatoGabriela ZardoKatherine Michelly de Almeida FrancoAmanda Pereira Vera Da CostaNatália Gimenes ZampieriAndré Luiz Estabile NaressiDaniel Luz SantosElias de Oliveira JuniorEscola: Centro de Ensino Reino do Saber

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A Cobrinha SapecaTânia Mara de Matogrosso

A cobrinha sapeca morava no Pantanal. Não conseguia ficar parada.Andava de um lado para o outro. Arrastava-se ligeiramente pelo chão.Provocava muitos ruídos. Adorava andar sobre as folhas secas. A cobrinhasapeca era verde, brilhava muito quando saía ao sol. Tinha os olhinhosvivos e alegres. Adorava subir nas árvores e, lá de cima, ficava olhandotudo que se passava na mata.

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Ela não era grande no tamanho. Media 60 cm. Mas era grande amiga.Todos gostavam da cobrinha sapeca, que irradiava felicidade.

Alimentava-se de certos vegetais, frutinhas silvestres, insetos. Quandosubia nas árvores, confundia-se entre os galhos e as folhas verdes e eraquase impossível notá-la.

Alguns pássaros a temiam, pensavam que ela poderia comê-los, masa cobrinha sapeca queria apenas ser amiga. Ela gostava de ouvir o cantardos pássaros e queria cantar também. Tentava cantar mas não conseguia.Ela não era um pássaro e sim uma linda e dengosa cobrinha verde ebrilhante.

Numa bela manhã ensolarada, a cobrinha sapeca resolveu subir numaárvore enorme e frondosa, num misto de lindas e coloridas flores.

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A cobrinha avistara um ninho de passarinho e foi logo tentar subir notopo da árvore para ver o ninho e os ovinhos. A mamãe passarinha ficarano ninho chocando. A cobrinha sapeca esticou curiosamente a cabeçapara ver o que havia dentro do ninho. Curiosa, seus olhinhos brilhavamainda mais... Estava trêmula de emoção. Queria ver os passarinhos eouvi-los cantar, naquele lindo dia de sol.

Sua alegria durou pouco. Papai passarinho ia chegando ao ninho, viua cobrinha e bicou-lhe a cabeça com toda força.

A cobrinha, assustada e desprevinida, caiu. Por sorte nas costas dedona onça, que descansava após sua primeira refeição. A onça saiucorrendo sem direção. Depois de muito correr, resolveu parar e olhar paratrás e ficou surpresa com a cobrinha sapeca pendurada, quase caindo deseu pescoço.

Dona onça, irritada, sacudiu o pescoço jogando a cobrinha no chãoquente. A cobrinha saiu correndo e entrou na primeira moita que encontrou.Ali era fresquinho e aconchegante. Que bom! Ficou triste com o papaipassarinho.

- Por que será que levei tantas bicadas se não fiz nada de mal? Seráque todos os pássaros são assim bravos, bicadores? Acho que não. Vou láde novo, mas tomarei cuidado para que não me vejam.

A cobrinha subiu na árvore e escondeu-se entre as folhas, tão verdesquanto ela. Ficou atentamente olhando para o ninho, seus olhinhos atéardiam de tanta curiosidade.

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As horas foram passando. Mamãe passarinho estava toda vaidosacom seus filhotes recém-nascidos. Logo chegou papai passarinho comalimentos: uma minhoca. A cobrinha sapeca aproveitou o entusiasmodos pássaros e aproximou-se do ninho. Os pássaros viram a cobrinha edesta vez a bicaram pra valer.

Os passarinhos sentiram pena da cobrinha. Estavam arrependidospor serem tão brutos. A cobrinha estava sentindo dores por todo seucorpinho. Quase que a quebraram. Não conseguia nem se mexer. Ospassarinhos cuidaram da cobrinha com carinho e atenção. Perceberamque ela era meiga e só queria a amizade deles.

Os dias se passaram e após tantos cuidados a cobrinha se recuperou.Um dia, a mata pegou fogo, havia fumaça por todos os lados, estava

sufocante. Todos os animais fugiam assustados. Muitos morriam. Quantadestruição por causa das queimadas!

A cobrinha sapeca tambem começou a fugir. Lembrou-se dos amigospassarinhos. O fogo já estava perto da árvore onde moravam os pássaros.A cobrinha sapeca subiu na árvore rapidamente e viu os pássaros tentandosalvar seus filhotes que começavam a criar penas.

A cobrinha pegou um dos passarinhos pela perninha e desceu da árvore.Quando chegou ao chão estava cansada. Não encontrava jeito paracarregar o passarinho. Então a cobrinha pediu socorro. O macaquinhoKiukiu que ia passando levou os filhotes de passarinho e a cobrinha paraa outra margem do riacho. A solidariedade era mútua. Papai e mamãepassarinho estavam felizes com seus filhotes salvos, graças a amiguinhacobrinha sapeca. E ao macaquinho.

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Por isso, não podemos julgar. As aparências enganam. E temos queser solidários. Um ajudando o outro para que o nosso mundo fique cadavez melhor.

Meses depois a mata foi se recuperando e tudo voltando ao normal. Acobrinha sapeca fazendo amigos que pra ela eram a maior riqueza. Eouvindo a sinfonia dos pássaros. No seu paraíso, o Pantanal.

O nosso mundo é lindo, maravilhoso.Devemos conservar a natureza.

A natureza vive sem o ser humano.O ser humano não vive sem a natureza.

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O Pantanal é um dos mais importantes pólos ecológicos do Brasil e domundo. Um verdadeiro paraíso onde vivem animais, pássaros, peixes,répteis, plantas e os pantaneiros.

São milhares de quilômetros de área alagada na época das águas(chuvas), formando o que antigamente era chamado Mar de Xaraés.

O Pantanal se estende pelos estados de Mato Grosso e Mato Grossodo Sul e pelos países Paraguai e Bolívia.

Para manter o equilíbrio é preciso preservar.

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A Formiga e o TrabalhoTânia Mara de Matogrosso

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FICHA TÉCNICA2010

Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoA Formiga e o TrabalhoMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

Ilustrações:Amanda de Deus LyrioAmanda Klein SouzaValquíria Estandislau BarbosaHenrique de Barros NantesJackeline FerronatoGabriela ZardoKatherine Michelly de Almeida FrancoAmanda Pereira Vera da CostaNatália Gimenes ZampieriAndré Luiz Estabile NaressiDaniel Luz SantosElias de Oliveira JuniorEscola: Centro de Ensino Reino do Saber

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A Formiga e o TrabalhoTânia Mara de Matogrosso

Certo dia, uma formiguinha resolveu que não iria mais trabalhar. Jáestava cansada. Achava que trabalhava muito e não se conformava coma rotina. Ela queria algo melhor, uma vida sem trabalho, mais divertida. Ea formiguinha começou a pensar.

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Depois de muito pensar, andou ligeiramente em busca de uma sombra.O sol estava muito quente. O chão parecia ferver. Encontrou um lugarfresquinho. O chão estava úmido. Era perto de uma vazante no Pantanal.E a formiguinha sentiu-se aliviada.

Olhou para um lado, olhou para o outro, e resolveu descansar.

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Por algumas horas ficou ali quietinha, olhando a natureza. Viu asflores do campo. Achou as flores lindas. Quanta beleza!

Espantada, viu uma colorida borboleta voando alegremente. Derepente, várias borboletas. Pareciam ter desenhos em suas asas. Quemaravilha!

Logo notou os passarinhos voando, saltitando, construindo seus ninhoscom alegria e carinho. Alguns cantavam lindamente.

De repente se assustou. Uma cobra enorme que passava quase aesmagou.

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Viu vários animais correndo. Porém, alguns se escondiam na mata.Eram os caçadores. Cada um sobrevivia como podia. Por um momentosentiu medo. Em um cantinho silencioso começou a sentir falta do trabalho.Olhou para cima. Olhou para baixo. Olhou para um lado. Olhou para ooutro lado.

Ali onde estava era tudo tão bonito. Viu o brilho das águas cristalinasde um riacho. Era muito curiosa e quis ver a água de perto. Sua curiosidadeera tanta que escorregou e caiu na água. Pobre formiguinha... Passoutanto medo, que apuro, nunca entrara na água. E era tanta água, o quefazer? Ela não sabia nadar.

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Teve sorte, um galho com folhas secas descia nas águas. A formiguinhajuntou-se rapidamente ao galho e conseguiu se salvar. O galho parou nabarranca do rio. E a formiguinha mais que depressa subiu o barranco.Estava apavorada, parecia até que ia explodir de medo. Assustada, quisvoltar para o formigueiro.

Lá ela trabalhava muito, mas estava protegida.

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Desenhar vários trierinhos. A formiguinha e o formigueiro.

E assim a formiguinha com a sua ajuda voltou para o formigueiro. Deonde ela nunca deveria ter saído.

Sabe por quê? Existem neste mundo muitos lugares bonitos, diferentes.Mas nada como nosso lar.

Nossa casa, família, escola, nossos deveres, amigos. A ligação quetemos com Deus. É tudo muito importante. Por mais difícil que seja alição, o trabalho, é para o nosso bem, para o nosso aprendizado.

Quando for fazer algum trabalho, obrigação, faça com amor, carinho,dedicação. A formiga aprendeu que o trabalho edifica. Nunca mais sentiupreguiça. Agora ela trabalha com muita alegria.

Desenhar uma formiga com uma folhinha nas costas. Trabalhandofeliz.

É importante lembrar que o Criador criou tudo com muito amor.Respeite.

A natureza vive sem o ser humano.O ser humano não vive sem a natureza.

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Pantanal

O Pantanal é um dos mais importantes pólos ecológicos do Brasil e domundo. Um verdadeiro paraíso onde vivem animais, pássaros, peixes,répteis, plantas e os pantaneiros.

São milhares de quilômetros de área alagada na época das águas(chuvas), formando o que antigamente era chamado Mar de Xaraés.

O Pantanal se estende pelos estados de Mato Grosso e Mato Grossodo Sul e pelos países Paraguai e Bolívia.

Para manter o equilíbrio é preciso preservar.

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A Mula ValenteTânia Mara de Matogrosso

Coleção Pantanal

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FICHA TÉCNICA

2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoA Mula ValenteCapa: Foto de EslandoMontagem, texto e site: Rommel Mathias Biehl

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A Mula ValenteTânia Mara de Matogrosso

A mula valente morava numa currutela na região do Pantanal. Quandoera mais nova, ela fazia parte de uma comitiva pantaneira. Quando ficoumais velha, foi vendida para um velhinho que tinha uma carroça. Moravasozinho num casebre na beira da estrada. Tinha umas vaquinhas, porcos,carneiros, cachorros, gatos, patos e papagaios. Amava os animais. Tinhamuitas plantas e sempre plantava mais. De vez em quando, fazia algunscarretos com sua carrocinha e a mula valente, a qual ele tratava muitobem.

Quando seu dono a soltava no pasto, ela corria alegremente de umlado para o outro. Sempre ao anoitecer seu dono lhe jogava água nolombo para refrescar. Eram felizes. Todas as tardes, quando o velhinho e amula valente chegavam, os animais faziam uma verdadeira festa. Oscachorros latiam, os gatos miavam, o papagaio falava, o galo cantava eas galinhas cocoricavam. Sabiam que iriam ser bem alimentados.

O velhinho levantava-se bem cedo e fazia o mesmo ritual. Acendiaseu fogão a lenha. De longe se via a fumaça da chaminé. Depois iaalimentar seus animais, regar sua horta, seu pequeno jardim e tirar leitede suas vaquinhas. O velhinho era trabalhador. Não tinha tantanecessidade de trabalhar. Era aposentado. Mas trabalhava com amor.

Sempre dizia:- Só descanso depois que morrer.Certo dia, levantou-se bem cedo, tirou leite de suas vaquinhas,

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alimentou seus animais e saiu com sua carrocinha e sua mulinha. Tinhammuito serviço para aquele dia. Iam pela estradinha de chão, quando deuma moita saíram dois homens. A estrada era deserta. Um dos homensestava armado, e disse:

- Olha, velho, põe as mãos na cabeça e vá andando em direção aomato. Ande logo, senão te mato aqui mesmo. Antes, passe todo o dinheiro,relógio, o que tiver de valor!

- Eu não carrego dinheiro. Este relógio é muito velho. É de estimação.- Este velho é um inútil! Não presta nem para carregar dinheiro. Revista

ele! Eu vou surrar este velho. Enquanto isso, você vai até a casa dele eroube o que achar de valor.

- Por favor, não me bata!- Cala a boca, seu inútil!E começou a bater no velhinho. O outro homem sumia na estradinha.A mula valente se esforçou o que pôde e deu um coice certeiro no

ladrão, que caiu longe, e não conseguia levantar-se. Aproveitou e passoua carroça em cima das pernas do maldoso e cruel ladrão. A mula valentedisparou na estrada e foi até a casa dos vizinhos do velhinho. Estes aseguiram e encontraram o velhinho e o ladrão no chão. Voltaram para acurrutela e prenderam o outro ladrão.

O velhinho logo recuperou-se da surra e do susto e a vida continuou.A felicidade era mantida também através do trabalho de um ser

humano e um animal, que juntos eram um todo. E assim o velhinho comsua fiel mula e os outros animais foram felizes para sempre. Porque eramverdadeiros amigos. O homem respeitava a lei da natureza amando os

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animais e os animais encontravam em seu dono um amigo leal ecuidadoso.

A natureza vive sem o ser humano.O ser humano não vive sem a natureza

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A Seriema de Mato GrossoTânia Mara de Matogrosso

Coleção Pantanal

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FICHA TÉCNICA

2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoA Seriema de Mato GrossoMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

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A Seriema de Mato GrossoTânia Mara de Matogrosso

Sabemos que o Pantanal é um paraíso, apesar das agressões que vemsofrendo. Em meio a tantas belezas existentes, há centenas de espécies deplantas, animais, pássaros, peixes, répteis, além dos seres humanos, quevivem em plena harmonia e equilíbrio com a natureza.

Em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul também existe o cerrado,que é uma formação vegetal mais ou menos densa, em que predominamarbustos de caule tortos e cascas grossas com raízes profundas. O cerradoé muito comum na região Centro Oeste. Ele tem seus encantos e belezas.

O cerrado é um cenário da destruição mas ainda podemos ajudar aconservar o que resta.

São nos cerrados, e também no Pantanal, que encontramos as seriemas.Lá, elas se sentem livres e sabem realmente valorizar o espaço que têm.

A seriema é uma ave charmosa, esbelta, tem um porte elegante. Correvelozmente. É considerada uma ave arisca. Constroi seus ninhos em árvoresnão muito altas.

O seu canto é muito representativo especialmente para os mato-grossenses e sul-mato-grossenses.

A seriema é uma das poucas aves munidas de peitorais. São as suaspeitorais que salientam mais o seu porte elegante. As seriemas alimentam-se muito bem. Gostam de comer lagartos, insetos, cobras e principalmentegafanhotos.

Se algum dia você tiver o prazer de conhecer uma seriema, preste

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atenção no seu modo de andar e mesmo de viver. Ouça com carinho oseu cantar. Ela canta alto. Não é inibida quando está cantando. O seucanto é forte. Como todos os pássaros, a seriema gosta de viver livremente.A liberdade faz parte de sua vida.

Elas gostam de cantar em cima dos postes das cercas. De longesabemos que é uma seriema que está cantando.

Elas sabem se defender muito bem. O nosso mundo seria bem melhorse os seres humanos respeitassem mais a mãe natureza e seus integrantes.Sabemos que todos têm direito à vida.

Aqui é o Pantanal, um habitat natural, onde vivem livremente a cantar.Elas são um símbolo tradicional dos mato-grossenses. Com elas, os campossão mais alegres. Costumam ficar nas estradas, trieros e em cima dasárvores. Elas são parte importante da nossa fauna.

Falamos sobre o cerrado para que haja mais consciência, mais amore respeito e que juntos possamos salvar o que resta. Precisamos cuidardas belezas do nosso mundo. Olhe bem como é linda a natureza!

Admire os encantos desta seriema que canta com alegria. Algumaspessoas acham seu canto triste, saudoso, melancólico. Gosto é gosto. Euadoro o seu cantar que encanta os nossos dias.

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Música

A Seriema de Mato GrossoDe: Mario Zam e Nhô Pai

Oh, seriema de Mato GrossoTeu canto triste me faz lembrarDaqueles tempos que eu viajavaTenho saudades de seu cantar

Maracajú, Ponta Porã.Quero voltar ao meu sertãoRever os campos que eu conheciE a seriema eu quero ouvir

Oh, seriema, quando tu cantasDo Mato Grosso a saudade vemOh, seriema, quando tu chorasE vai embora, choro também.

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Valorize os encantos da natureza.Respeite e ajude a preservar.

A natureza vive sem o ser humanoO ser humano não vive sem a natureza.

Pantanal

O Pantanal é um dos mais importantes pólos ecológicos do Brasil e domundo. Um verdadeiro paraíso onde vivem animais, pássaros, peixes,répteis, plantas e os pantaneiros.

São milhares de quilômetros de área alagada na época das águas(chuvas), formando o que antigamente era chamado Mar de Xaraés.

O Pantanal se estende pelos estados de Mato Grosso e Mato Grossodo Sul e pelos países Paraguai e Bolívia.

Para manter o equilíbrio é preciso preservar.

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As Araras de Minha TerraTânia Mara de Matogrosso

Coleção Pantanal

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2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoAs Araras de Minha TerraMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

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As Araras de Minha TerraTânia Mara de Matogrosso

Coleção Pantanal

Como é bom a gente ver as araras de minha terra. Elas são aves ativas,alegram os nossos dias e têm um colorido! Quando elas cantam, fico felizporque o seu canto dá a impressão que elas estão conversando. Quandotreinadas, elas falam.

Devemos amar e respeitar o lugar onde moramos. As araras em geralquando estão no seu habitat natural são brandas, meigas e têm um coloridofascinante. No Pantanal há muitas araras, graças às pessoas que lutarame lutam até hoje para que as araras vivam livremente. As araras azuis nãoestão mais em extinção.

Os nossos índios respeitavam e respeitam os pássaros. As araras eramconsideradas símbolo da pureza, beleza e fartura. Elas são amigas.

Quando aprendem falar, falam bastante, mas quando tratadas comcarinho. Tem um ditado que diz que quando uma pessoa fala muito, “fulanofala como arara”.

Triste é que muitas pessoas têm suas araras em cativeiro. Um crime.As araras se alimentam de frutas, legumes, folhas, alface, couve.

Adoram sementes de girassol e outros. Elas costumam voar em bando ouem casais.

É lindo vê-las no entardecer cruzando o céu. Dá a impressão de queelas são os verdadeiros exemplos do amor e união.

Entre um macho e uma fêmea, um casal, há muita meiguice. O carinho

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com que se tratam é mesmo de encantar. De vez em quando brigam, masé muito raro. Quando o sol está se pondo no horizonte, as araras passeam,retornando para seus ninhos. De longe ouvimos o barulho. Elas conversamentre si, e têm muito assunto. Os pássaros foram criados por Deus paraserem livres.

O cativeiro é parte da destruição e extinção. Certa vez, havia seisararas. Três machos e três fêmeas. Viviam felizes a cantar. Mas uma dasararas teve a infelicidade de ser capturada e foi aprisionada em um quintal.Foi colocada dentro de uma gaiola. Estava só e presa. Seu companheiro,aflito, a seguira e viu onde a prenderam. Desesperado e cada vez maistriste, nada podia fazer para libertar sua amada. Voou para bem longe,para a mata onde morava. Estava nervoso. No dia seguinte voltou paraonde estava sua companheira e deu alguns gritos. Bem alto... Rá, rá, rá.

Os donos da casa onde haviam prendido a arara ficaram felizes.Pensaram, logo teremos outra arara. A arara que estava presa tambémcomeçou a gritar e se esforçava para sair de dentro da gaiola, quando omacho percebeu a presença dos humanos. Voou o mais alto que pôde.

De longe, os gritos de sua companheira. Seu coraçãozinho estava empedaços. Aflito e triste. Seus amigos o incentivavam, mas nem a presençados amigos ele queria. Só queria mesmo sua amada, sua companheira.

Sua esperança era ver sua companheira voando ao seu lado livremente.Ele era persistente e não iria desistir. Todos os dias ele ia ver sua amada,bem cedinho e à tardezinha. Quando não havia ninguém, ele se aproximavada gaiola e lágrimas rolavam de seus lindos olhinhos, agora tristes.

Um dia, colocaram cola para capturá-lo. Ele foi mais esperto e voou

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rapidamente. No dia seguinte, fizeram uma arapuca para prendê-lo. Eletambém conseguiu escapar, e assim, os dias foram passando. Já faziadois meses que a arara estava presa e seu companheiro persistia em livrá-la daquela gaiola. Ele era pontual e vinha todos os dias visitá-la. Mas jáestava ficando doente e fraco. Perdera o apetite, a solidão o estava matando.Então resolveu que iria se entregar. Assim, tinha a esperança de ficarperto de sua amada.

Sabia que iria perder a liberdade. Não poderia mais voar e cantar.Mas o que fazer...

No dia seguinte esperou o dia clarear. Voou para a cidade e foi paraperto da gaiola. Onde estava sua companheira. Ao chegar lá, viu ummenino alimentando-a. Aproximou-se o mais que pôde em silêncio. Omenino estava com tanta preguiça e pressa que nem notou a sua presença.Ao sair, o menino esqueceu a porta da gaiola aberta. Aproveitando aoportunidade, a arara voou. Voou para bem longe com seu amado.Tiveram que parar algumas vezes para descansar. Ela estava muito fraca.

Quando chegaram ao Pantanal, pararam para descansar numa árvorefrondosa e florida. Olharam para a natureza. Os campos, matas, serrasrios e outros pássaros. E felizes começaram a gritar, era a liberdade. Láonde estavam, não tinha o ser humano, que prendia, matava, destruía anatureza.

E assim, o casal de araras que muito se amava, viveu feliz voandolivremente no céu azul. Curtindo a natureza e suas belezas. Longe de certosseres humanos. Aqui na minha terra, ao entardecer, é só olhar para o céuque podemos ver as araras.

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Dizem que, dos seres viventes, é um dos mais fieis. Não traem, sãoleais ao seu amor. Por isso que eu falo, como são lindas as araras deminha terra!

Preserve-as. Não aprisione, é crime.

Desenhe um casal de araras.

Os pássaros e animais nasceram para viver livremente.

A natureza vive sem o ser humanoO ser humano não vive sem a natureza.

Pantanal

O Pantanal é um dos mais importantes pólos ecológicos do Brasil e domundo. Um verdadeiro paraíso onde vivem animais, pássaros, peixes,répteis, plantas e os pantaneiros.

São milhares de quilômetros de área alagada na época das águas(chuvas), formando o que antigamente era chamado Mar de Xaraés.

O Pantanal se estende pelos estados de Mato Grosso e Mato Grossodo Sul e pelos países Paraguai e Bolívia.

Para manter o equilíbrio é preciso preservar.

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O Beija-Flor AmorosoTânia Mara de Matogrosso

Coleção Pantanal

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2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoO Beija Flor AmorosoCapa e Fotos: José Ademir FerreiraMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

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O Beija-Flor AmorosoTânia Mara de Matogrosso

O beija-flor é amoroso, meigo, carinhoso e amigo. Adora as flores.Ama, beija. Aqui no Pantanal temos várias espécies de beija-flor. Érealmente uma bela visão um beija-flor beijando as flores. O maiordivertimento do beija-flor é estar no meio das flores.

O que o beija-flor tem de mais atraente? Você sabe? Dê só umaolhadinha na sua atração principal, o seu bico. Como é bonito o bico dobeija-flor.

Seu bico é comprido e afinado. O beija-flor é pequenino. Ele é tãobonitinho, esperto. Sua rapidez encanta. O beija-flor para no ar batendoas asinhas. Parece flutuar. Como ele consegue ficar tanto tempo paradono ar. Quanta perfeição!

Um dia, o beija-flor estava num jardim visitando uma flor. Que lindo!Era primavera e havia várias flores. Todas belas, cada uma mais lindaque a outra e o beija-flor estava muito feliz com tanta beleza e tantasflores. Esse jardim era de uma casa numa fazenda no Pantanal, ondemorava um menino cruel, covarde e insensível. É muita covardia querermatar um beija-flor. O menino tinha um estilingue e queria porque queriamatar o beija-flor. Ele falava:

- Este passarinho estraga as flores. Por isso vai morrer.Além de mau, era mentiroso. O beija-flor não estraga flores. Ele foi

criado por Deus para se alimentar do néctar das flores. O menino atéque achava o passarinho bonitinho. Admirava o modo como o beija-flor

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voava. O beija-flor visitava flor por flor. Mesmo assim, o menino queriamatar o beija-flor. Estava decidido. Juntou vários pedregulhos e começoua mandar pedras no beija-flor. O passarinho não sabia para onde correr.O beija-flor voou tão rápido e com tanto medo, que trombou numa parede.Coitadinho do beija-flor, quase que se arrebentou na parede! O beija-florestava muito ferido. O menino correu para vê-lo, pensou que o tivessematado.

Por um momento ficou feliz. Sentiu-se realizado. Pena que naquelemomento não tinha nenhum amigo para mostrar como era bom depontaria.

Ao ver o beija-flor tão pequeno se retorcendo na calçada, o meninosentiu remorso e começou a chorar. Olhou para o céu e pediu perdão.“Perdão! Não faço mais isto!”

Agora o menino não era mais mau e cruel. Mas e o beija-flor? Seucoraçãozinho ainda batia e muito acelerado. De repente, ficou imóvel. Omenino correu com o beija-flor para dentro de casa e o colocou dentrode uma caixinha de sapato com paninhos macios e limpinhos.

O beija-flor dormiu, dormiu muito. Horas depois acordou e tentavaficar em pé. Estava muito tonto. Com muito esforço o beija-flor aprumouseu corpinho e por várias vezes tentou voar mas não conseguiu. O meninoestava triste por ter judiado do passarinho.

Novamente o beija-flor tentou voar e conseguiu! Saiu pela janela. Omenino ficou feliz porque o beija-flor voou e ficou triste porque queria obeija-flor pra ele criar, um passarinho de estimação. O beija-flor vooupara a janela e foi para o jardim. Depois foi embora.

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Dias se passaram e, numa linda manhã, ao abrir a janela de seuquarto, o menino teve uma surpresa. O beija-flor estava bem pertinho domenino que, encantado, nem conseguia pensar. O menino batizou o beija-flor de Beija-Flor Amoroso.

O menino aprendeu com aquele pássaro que não devemos guardarrancores, mágoas, ou sermos vingativos, como fazem certos humanos.O menino vibrou de felicidade. Curioso, queria saber onde o beija-flormorava. Então o menino pendurou perto de sua janela uma vasilhinhacom água doce. Enfeitou com as flores que o beija-flor mais visitava.

Flores do Pantanal

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Para sua surpresa, um dia, ao acordar, o beija-flor estava construindopertinho de sua janela o seu ninho. O menino ficou tão feliz, mas tãofeliz, que chorou e agradeceu a Deus por aquele pássaro tão pequeninoque havia lhe ensinado tanto.

A vida é mesmo uma lição. É só prestarmos atenção.

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O Tuiuiú SolitárioTânia Mara de Matogrosso

Coleção Pantanal

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2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoO Tuiuiú SolitárioMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

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O Tuiuiú SolitárioTânia Mara de Matogrosso

Como é linda a natureza, o Pantanal, santuário ecológico mundial!Esse é o tuiuiú. Ele tem as pernas compridas. Seu bico é forte. É o

símbolo do Pantanal. Ele também é chamado de jaburu. É um grandeconsumidor de peixes.

O tuiuiú é uma ave grande, robusta e chega a medir mais de 1,15m dealtura. O seu bico é grosso e afilado na ponta, medindo uns trintacentímetros de comprimento. Seu pescoço é preto e uma pequena parte édotada de notável elasticidade avermelhada. O tuiuiú é muito bonito.

Geralmente o tuiuiú adulto tem as penas brancas. Isto é, quando estãolimpinhos. Ele voa muito bem, apesar do tamanho. É lindo, inesquecívelver um tuiuiú voando. Dá uma sensação de liberdade, grandeza. E, porincrível que pareça, consegue voar bem alto.

Sabe o que o nosso tuiuiú gosta de comer? Peixes, moluscos e anfíbiose, quando domesticado, come carne crua.

Os tuiuiús adoram comer peixes. Eles sabem muito bem como sealimentar. Por isso eles crescem e ficam tão fortes e majestosos.

Os tuiuiús gostam de descansar numa perna só. Nas margens dosrios, lagos, corixos, vazantes etc.

O seu andar é deselegante e vagaroso. Também gostam de ficar horase horas nos galhos das árvores observando a natureza. Eles amam o lugaronde vivem e não destroem a natureza. Sabem viver bem apesar de seruma ave.

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Os tuiuiús vivem em bandos, nas regiões em que existe água, ondeencontram com facilidade seu alimento. Eles fazem seu grande ninhoentrelaçados nas árvores. Seus ninhos são feitos de ramos. Enquanto umachoca, o outro fica na beira do ninho observando e ao mesmo tempovigiando constantemente. É um verdadeiro protetor. Sabe valorizar suafamília. Um cuida do outro com amor e respeito.

Este é o tuiuiú solitário. Não gosta e não consegue se adaptar comoutros tuiuiús. Não é briguento. Só gosta de viver sozinho. Certamente umdia ele irá arrumar uma companheira.

Ele tentou ser amigo das garças, mas não deu certo, elas são um poucorápidas para o nosso tuiuiú.

Fez amizade com o tatu. Mas ele era muito baixinho. De tanto olharpara baixo, se cansou e continuou solitário.

Ele é amigo de todos os tuiuiús. Porém, gosta de viver só. Porque seráque ele quer viver só? Muito simples. Ele vive só porque gosta da solidão.Ele parece triste. Só parece. Existem muitas pessoas que gostam do silêncio,da solidão. Gosto é gosto. O importante é ser feliz. E viver como gosta.Mas viver só é muito chato. E o tuiuiú sabe disso.

Se algum dia encontrar um tuiuiú solitário, lembre-se de que ele precisade um amigo. Um amigo à sua altura. Que saiba apreciar a natureza.Encantar-se com tudo de bom que a vida lhe proporciona. Ele sabe ovalor da fauna e da flora. Em especial do Pantanal. Por isso ama, respeitae valoriza. Ele manda um recado:

- Queridos amiguinhos, por enquanto estou solitário. Peço a vocêsque cuidem bem da natureza. Um dia, venham me visitar. Venham

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conhecer o nosso santuário e todos que aqui vivem. Ficarei feliz com suapresença. Até breve, do amigo Tuiuiú solitário. Um pedido. Quando vierme visitar, contemple o silêncio.

Desenhar um tuiuiú no pantanal.

Se você ama a natureza, contribua preservando.

A natureza vive sem o ser humano.O ser humano não vive sem a natureza.

Pantanal

O Pantanal é um dos mais importantes pólos ecológicos do Brasil e domundo. Um verdadeiro paraíso onde vivem animais, pássaros, peixes,répteis, plantas e os pantaneiros.

São milhares de quilômetros de área alagada na época das águas(chuvas), formando o que antigamente era chamado Mar de Xaraés.

O Pantanal se estende pelos estados de Mato Grosso e Mato Grossodo Sul e pelos países Paraguai e Bolívia.

Para manter o equilíbrio é preciso preservar.

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O Urubu PerfumadoTânia Mara de Matogrosso

Coleção Pantanal

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FICHA TÉCNICA

2010Coleção PantanalTânia Mara de MatogrossoO Urubu PerfumadoMontagem, Texto e Site: Rommel Mathias Biehl

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O Urubu PerfumadoTânia Mara de Matogrosso

Só a palavra urubu já dá a impressão de coisa mal cheirosa. Por queserá que os urubus são tão rejeitados? Vamos saber o porquê. Eu achoque eles são rejeitados pelo mau cheiro. Afinal, eles se alimentam de carnede animais mortos. Carne de qualquer animal, contanto que esteja commau cheiro.

Os urubus tambem comem rãs, lagostas e pequenos roedores. Osurubus não cantam. Crucitam. Quanto mais famintos, mais os urubusvoam alto. Lá do alto sua visão aumenta e eles enxergam melhor a caça.

Existem várias espécies de urubus. Geralmente sua envergadura passade um metro. Eles têm uma visão extremamente aguda. Não precisamusar óculos de grau nem binóculos. Bom pra eles.

Certa vez, havia vários urubus. Mas teve um que se destacou mais.Ele gostava muito de voar. Tinha um apetite! Vivia atrás de animais mortos.Comia tudo que via com muito prazer; ele era muito guloso. Porém, umdia o urubu se destraiu e foi capturado. Uma arapuca. Pobre urubu! Osmeninos que capturaram o urubu o levaram para casa dentro da arapuca.Amarraram bem.

No dia seguinte, lavaram-no com sabão em pó, detergente,desinfetante, e passaram colônia no urubu. Quase mataram o coitado dourubu... Era água para todos os lados. A intenção dos meninos era tentarmudar os hábitos do urubu. Depois de darem banho, deram-lhe de comer.Alface, cenoura, couve, mamão, banana. Não deu certo. O urubu não

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queria ser vegetariano. Dois dias depois deram outro banho no urubu.Ele quase morreu de tanto fazer ânsia. Para o urubu era o fim. Preferiamorrer a ter que tomar banho.

Depois de várias tentativas para o urubu comer, desistiram.Resolveram soltá-lo. Antes, deram mais um banho no urubu e passarammais colônia. Agora, ele estava bem perfumado. O urubu mal conseguiavoar.

Estava faminto, sentia-se mal pelo cheiro da colônia. Voou paraprocurar seus amigos urubus. Coitado. Seus amigos o rejeitaram. Elesnão suportavam o cheiro. Aliás, o mau cheiro do urubu. Sentia-se isolado.Triste, sozinho. A fome apertou e ele foi procurar alimentos.

Voou bem alto. Lá de cima viu uma vaca morta. Ao ver a carniça sealegrou. Apressou-se e desceu voando com tanta força e pressa que caiuem cima da carniça e se lambusou. Ajeitou-se e começou a comer, comer,comer. Depois de comer e rolar na vaca morta, foi novamente procurarseus amigos. Eles o receberam bem. Afinal, estava agora com seu cheironatural, o que eles os urubus adoravam. Criança que não toma banhofica com cheiro de urubu. Adultos que não tomam banho ficam pior.Cheira dois urubus. Portanto, cuidado com o mau cheiro.

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Desenhar um urubu tomando banho.

Não devemos querer modificar o modo de vida de nenhum ser vivente.Pessoas, pássaros, animais....

A natureza vive sem o ser humanoO ser humano não vive sem a natureza.

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O Pantanal é um dos mais importantes pólos ecológicos do Brasil e domundo. Um verdadeiro paraíso onde vivem animais, pássaros, peixes,répteis, plantas e os pantaneiros.

São milhares de quilômetros de área alagada na época das águas(chuvas), formando o que antigamente era chamado Mar de Xaraés.

O Pantanal se estende pelos estados de Mato Grosso e Mato Grossodo Sul e pelos países Paraguai e Bolívia.

Para manter o equilíbrio é preciso preservar.