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Taboão da Serra: cidade educadora Marta Gil São Paulo, abril 2009.

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Taboão da Serra: cidade educadora

Marta Gil

São Paulo, abril 2009.

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Sumário

Apresentação

A Educação em Taboão da Serra

Prêmios

Visibilidade

Programas da Secretaria de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia

1. Programa Interação Família-Escola

Respaldo legal

Replicabilidade

Desdobramentos

Oportunidades educacionais para a comunidade

Laboratório de Aprendizagem

GAP – Grupo de Apoio Pedagógico

GAPEs – Grupo de Apoio Pedagógico Especializado

2. Programa Fazendo Arte na Escola

3. Programa de Inclusão Digital

A rede municipal de ensino e a Educação Especial

Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva

Equipe de Formação

PAD – Programa de Avaliação Diagnóstica

Alguns resultados – PAD 2008

Orientação Técnica para Coordenadores

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Equipe Multidisciplinar

Formas de atuação da Equipe

Curso de Capacitação para Educadores de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais

Alunos diagnosticados 2008

A voz do Professor – práticas educacionais significativas

Myrian de Rezende Martins

Luciana Maria Souza Lima Vieira

Maria da Glória Moraes da Silva

A voz da Diretora

Márcia Aparecida de Oliveira

Anexos

1. Roteiro de entrevista

2. Decreto 033 - dispõe sobre a instituição do Programa Família Escola, seu objetivo de ampliar a rede de proteção social da criança e do adolescente e sua execução pela Secretaria de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia

3. Instrução Normativa 001/2005 - define as normas para a sua execução em todas as Escolas Municipais de Ensino Fundamental

4. Marta Gil: currículo vitae

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Apresentação

Taboão da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, mudou muito desde que, por volta de 1910, algumas casas, a maioria chácaras, foram erguidas às margens dos córregos Poá e Pirajuçara e onde frutas e hortaliças eram cultivadas até tornar-se um município com 221.176 habitantes 1, que tem uma indústria vigorosa, especialmente nos ramos da metalurgia e da movelaria.

As indústrias atraíram trabalhadores de São Paulo e Taboão passou a ser vista como “cidade dormitório”. Porém, quando elas saíram da cidade ou fecharam, o nível de desemprego subiu e o município passou a investir no comércio. Para reverter esse cenário de periferia de cidade grande, com elevado índice de criminalidade e baixa escolaridade, entre outras características, nos últimos anos a Prefeitura investiu significativamente na Educação.

Atualmente Taboão se apresenta como Cidade Educadora, título que denota uma significativa mudança no seu rumo e na sua imagem. Renato Almeida é um dos exemplos da mudança: com 13 anos, cursa a 6.a série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Antonio Fenólio e tem deficiência visual. Foi um dos alunos que chegou até à segunda fase das Olimpíadas de Matemática das Escolas Públicas em 2007.

Segundo informações da Prefeitura, a cidade apresentou desempenho superior às médias nacionais no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), cujo resultado foi anunciado recentemente. Criado em 2007 pelo Governo Federal, o Ideb leva em conta as taxas de aprovação, abandono escolar e o desempenho em duas avaliações nacionais, realizadas em 2007: o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e a Prova Brasil.

Enquanto a média nacional da 1.a à 4.a séries foi de 4,21, o índice de Taboão em 2005 foi de 4,5 e em 2008 subiu para 4,9. Nas séries finais do ensino fundamental, o Ideb de Taboão subiu de 4,2 para 4,8, o que também é considerado um crescimento expressivo. As previsões do MEC eram que o Município só atingiria essa meta em 2012.

Ao comentar o resultado, Cesar Callegari, secretário da Educação do município, que também é presidente da Câmara de Educação Básica do

1 http://www.taboaodaserra.sp.gov.br/index.php?dm=27

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Conselho Nacional de Educação (CNE), afirmou que a educação da cidade está baseada no tripé: aluno, professor e família.

“A prefeitura investe muito na formação continuada dos professores, em projetos pedagógicos de qualidade e na participação da família. E quem sai ganhando é o aluno”, conta César Callegari, que acrescenta: “O desempenho dos alunos a partir do programa Interação Família Escola faz com que cerca de mil crianças deixem de ser reprovadas a cada ano”.

Introduzir a mudança e o novo dentro da rede pública de ensino é difícil, pois há mais fatores atuando contra a melhoria do que a favor dela. Taboão da Serra mostra que isso é possível. Para tanto, desenvolveu ferramentas e implementou ações, partindo da compreensão de que Educação é um conceito abrangente, que engloba e ultrapassa a escolarização. Aqui vão alguns exemplos:

A Biblioteca Municipal Castro Alves passou a funcionar também como uma “lan house” pública, disponibilizando à população sete computadores, de domingo a domingo, da manhã à noite. Neles, os usuários podem fazer pesquisas, enviar currículos, verificar e-mails, entre outras atividades, além de consultar os livros e revistas do acervo da biblioteca – e sem pagar nada.

Em setembro de 2008, a Companhia Brasileira do Teatro Bolshoi se apresentou em Taboão da Serra, com a missão de inspirar talentos e selecionar novos bailarinos.

Vale destacar também a Mostra Paulista de Cinema Nordestino, que em outubro de 2008 teve a sua 3.a edição. A Mostra, que nasceu no Taboão, agora acontece também em São Paulo e Osasco. A cada edição é exibido um número crescente de filmes; este ano foram 60.

Desnecessário alongar-se sobre a importância destas atividades, tomadas para exemplificar o compromisso do Município com a Educação, Cultura, qualidade de vida e o processo de desenvolvimento da cidade e região, pois são evidentes.

O foco deste texto é a Educação Especial tendo como perspectiva a Educação Inclusiva. Assim, após breve contextualização do cenário do Município e da Educação, vamos nos deter neste tema.

A Educação em Taboão da Serra

Para oferecer educação de qualidade é preciso investir no aprimoramento dos educadores, pois escolas de qualidade dependem de educadores preparados, motivados e atualizados.

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Uma das principais iniciativas neste sentido foi a criação da Casa do Educador.

Casa do Educador - Centro de Formação e Aperfeiçoamento dos profissionais da educação

Inaugurado pela Prefeitura em 2007, o Centro de Formação e Aperfeiçoamento dos profissionais da educação, mais conhecido como Casa do Educador é um espaço para pesquisas, cursos, oficinas e troca de experiências para professores, coordenadores, diretores, assistentes, inspetores e Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADI).

O Centro possui instalações e equipamentos para cursos de formação continuada, além de computadores com acesso à Internet, materiais didáticos e em breve terá publicações especializadas. A unidade também sedia a Equipe Multidisciplinar, que atende e acompanha alunos com deficiência incluídos nas escolas municipais e cujo trabalho será apresentado adiante.

Prêmios

Taboão faz jus ao título de Cidade Educadora, pois, além de ter taxa de alfabetização de 94,03%2, recebeu prêmios significativos neste campo, mostrando o retorno desse investimento:

Ministério da Cultura – Concurso Pontos de Leitura 2008 – Edição Machado de Assis

Dentre os selecionados há dois proponentes de Taboão da Serra: Arrastão Movimento de Promoção Humana - Projeto “Saboreando as Letras” e Solid Rock Church Brasil – Projeto “Fazendo minha História no Abrigo Solid Rock Church Brasil”.

Dezembro/2008 - Escola de Taboão ganha Prêmio Nacional em Direitos Humanos 3

2 http://www.taboaodaserra.sp.gov.br/index.php?dm=27 3 Fonte: Assessoria de Imprensa da PMTS; http://www.taboaodaserra.sp.gov.br/index.php?nt=1592

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A Escola Estadual Julieta Caldas Ferraz conquistou o Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, no último dia 3 de dezembro, em cerimônia que aconteceu no Memorial JK em Brasília. O prêmio foi promovido pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República. A escola competiu com mais de 350 projetos de todo o Brasil.

O secretário de Educação de Taboão da Serra, Cesar Callegari comentou: “É muito bom saber que as escolas de Taboão da Serra se preocupam com esse tema, principalmente neste ano em que se comemoram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, salientou.

De acordo com a diretora, Leni de Cássia Hayashida, a escola realiza, desde 2007, um Fórum Permanente de combate a discriminação. “O Fórum é formado por 30 alunos que se encontram semanalmente para estudos e para resolver casos de racismo e bullying4”, explica. O Fórum acontece no contra-turno escolar e os alunos são orientados pelas educadoras Rosemary Romera de Freitas e Rosemeire de Moraes.

“Se todos nos juntarmos contra a discriminação poderemos ter um mundo muito melhor”, ensina a aluna Daiane Gomes, de 15 anos. A escola recebeu um prêmio de R$ 5 mil que será utilizado no projeto.

Dezembro/2008 - Prêmio do Instituto Ambiental Chico Mendes5

Dia 10 de dezembro, a Prefeitura de Taboão da Serra recebeu o Prêmio Socioambiental Chico Mendes, por desenvolver políticas públicas de preservação do meio ambiente no município. O prêmio é concedido a prefeituras, instituições, organizações não governamentais (ONG) e empresas do Brasil e do mundo, como reconhecimento de ações no âmbito social e ambiental, capazes de demonstrar a criatividade e eficácia no sentido de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da humanidade.

O prêmio foi entregue pela presidente do Instituto Socioambiental Chico Mendes, Clarice Santos Soares. “O mais importante neste prêmio é reconhecer nessas ações, a melhora na qualidade de vida das pessoas. Não é só uma questão de preservação do meio ambiente, é muito além, preservar o local onde vivemos é garantir a cidadania”, explicou Clarice.

4 Bullying - atos repetidos de violência física ou psicológica praticados por alunos 5 Fonte: http://www.taboaodaserra.sp.gov.br/index.php?nt=1590

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Além de Taboão da Serra mais seis prefeituras foram premiadas. Para chegar até os vencedores, o Instituto analisou cerca de 15 mil ações, nacionais e internacionais, dentre elas 35 foram selecionadas.

De acordo com o Instituto, um dos objetivos do Prêmio Socioambiental Chico Mendes é melhorar a integração entre as sociedades civil, empresarial e governamental. Além disso, estimular novas atitudes e comportamentos nestes segmentos, o que prevê a redução de riscos ambientais, sociais e econômicos por meio da implantação de modelos de prevenção.

Novembro 2008 – Selo de Qualidade em Educação Infantil 6, como reconhecimento pelas atividades desenvolvidas no âmbito do Programa Formar em Rede e que foi concedido pelo Instituto Avisá-la, instituição não governamental que contribui com a qualificação e o desenvolvimento de educadores.

Taboão da Serra concorreu com outras 260 cidades; destas, apenas 30 foram contempladas. A cidade foi patrocinada pelo Instituto Camargo Correia.

Desde 2007, a Secretaria de Educação de Taboão da Serra desenvolve esse programa em todas as Escolas Municipais de Educação Infantil. Participaram 40 gestores (entre diretores e coordenadores) e 470 educadores (entre professores e ADI) beneficiando cerca de dez mil crianças. O Programa estimula os professores de educação infantil a adotar diferentes estratégias para o desenvolvimento escolar;

Abril 2008 - Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODM Brasil 2007, iniciativa da ONU em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), primeiro prêmio que Taboão ganha que é atribuído por uma instituição internacional.

O ganhador foi o Programa Interação Família Escola, que cumpre o objetivo número 2 das Metas do Milênio, oferecer educação básica de qualidade para todos.

A cidade disputou com 1.062 experiências de todo o Brasil e 42 delas receberam visitas dos técnicos do PNUD, inclusive Taboão. As 20 prefeituras e organizações da sociedade civil premiadas foram divulgadas em abril.

6 http://www.taboaodaserra.sp.gov.br/index.php?nt=1567

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O Programa 7, no qual os professores visitam seus alunos em casa, estreita a relação entre a família e a escola, diminuindo a evasão e a repetência e melhorando o ensino municipal.

O Prêmio ODM Brasil, proposto em 2004, visa incentivar ações, programas e projetos que contribuem efetivamente para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Taboão da Serra também foi finalista na primeira edição do Prêmio, realizada em dezembro de 2005, mas não pôde ser classificado por não ter um ano de existência, na época, tempo mínimo exigido pelo regulamento.

Visibilidade

Essas Iniciativas receberam ampla divulgação, em decorrência de sua importância. A seguir, são mencionadas algumas:

TV SPTV e Jornal Nacional (Globo); Jornal das 10 (Globo News); Provocações (TV Cultura), Rede Record News e Ressoar, Jornal SP Acontece (Band)

Mídia impressa O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo, Revista Carta Capital, O Diário de São Paulo, O Cidadão (Taboão da Serra), Revista Sentidos, Revista Desafios do Desenvolvimento (IPEA); Revista Direcional Educador; Revista Nova Escola; Jornal da Tarde

Internet Site da Presidência da República, UOL/Portal Aprendiz e Painel Brasil (transmissão via Internet); BOL Notícias; Folha online

Rádio Rádio CBN

Programas da Secretaria de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia

Os principais programas em funcionamento são apresentados a seguir:

7 Apresentado a seguir com mais detalhes.

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1. Programa Interação Família Escola

Implantado em 2005, propicia o encontro entre os pais e o professor, para conversar, em sua casa, sobre o desenvolvimento do aluno, seu aproveitamento escolar, como se relaciona com os pais e os irmãos, como e onde estuda, o que mais gosta de fazer. Na volta à escola o professor discute com a equipe pedagógica como transferir o conhecimento que adquiriu na visita para a sala de aula e como fazer as adequações pedagógicas necessárias para contribuir com o processo de aprendizagem desta criança.

Seiscentos professores, do total de pouco mais de mil, participam do Programa, que contabiliza cerca de 20 mil visitas, desde seu início, em 2005. O foco são os alunos desde a educação infantil até o quinto ano do ensino fundamental.

A adesão dos professores não é obrigatória, mas o Programa conta com o envolvimento e adesão da maioria deles, que recebem um pró-labore pelo trabalho extraordinário, além da oportunidade de participar de cursos de formação.

Na maioria das visitas, a professora sai direto da escola e vai caminhando, com o aluno, até a sua casa. Os estudantes quase sempre moram a poucos metros de onde estudam, e isso também é uma estratégia para garantir a segurança ao entrar em bairros violentos. Não há nenhum registro de ocorrências desagradáveis durante as visitas.

Programa de Interação Família – Escola 8

2005 / 2008

Número alunos da rede municipal 32 mil

Número alunos visitados 20 mil

Escolas envolvidas 45

Professores envolvidos 600

A visita dos professores à casa dos seus alunos é um acontecimento marcante para todos: famílias, estudantes e educadores. Pais e responsáveis têm uma oportunidade única de discutir, bem de perto, assuntos envolvendo os filhos e a escola.

Para os alunos, é uma chance de demonstrar outros talentos, habilidades e apresentar seu mundo pessoal. Para os profissionais da educação, é uma oportunidade de conhecer o ambiente extra-escolar de seus alunos e, respeitando as características e potencialidades de cada um, propor uma pedagogia que respeite as singularidades. Todos aprendem e, portanto, todos ganham, como evidenciam os indicadores abaixo:

8 Fonte: Prefeitura de Taboão da Serra

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Para Artur Costa Neto, educador da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) uma das razões principais para o Programa dar certo é a relação entre afetividade e aprendizagem. “A criança aprende mais quando estabelece esse vínculo, quando gosta do professor”, diz.

Respaldo legal

O Programa Interação Família Escola baseia-se no Decreto Nº 033, de Maio de 2005, que dispõe sobre sua instituição, seu objetivo de ampliar a rede de proteção social da criança e do adolescente e sua execução pela Secretaria de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia.

Esse Decreto é complementado pela Instrução Normativa Nº. 001/2005, que define as normas para a sua execução em todas as Escolas Municipais de Ensino Fundamental.

Replicabilidade

Os programas educacionais de Taboão da Serra despertaram o interesse de outros municípios e Estados, como Hortolândia, SP e Sergipe. Os responsáveis pela Educação conheceram o Programa de Interação Família Escola e desejam implantá-lo, já em 2009, nos seus respectivos Município e Estado.

Desdobramentos

O Programa de Interação Família Escola permitiu identificar outras frentes de atuação, a partir do contato direto com a realidade dos alunos, como as oportunidades educacionais para a comunidade, os Laboratórios de

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Aprendizagem, o GAP – Grupo de Apoio Pedagógico e o GAPEs – Grupo de Apoio Pedagógico Especializado.

Oportunidades educacionais para a comunidade

A partir das demandas dos familiares das crianças visitadas, mais de 10 mil jovens e adultos foram beneficiados com cursos de inglês e informática durante a noite ou nos finais de semana e 2 mil adultos tiveram pela primeira vez a oportunidade de completar os estudos.

Além disso, 5 mil pessoas participaram do Programa Fazendo Arte na Escola, de atividades culturais, apresentado a seguir.

Laboratórios de Aprendizagem

São equipamentos voltados ao diagnóstico e orientação dos problemas de desenvolvimento escolar, recuperando o rendimento de 140 alunos. Esta ação foi desenvolvida de 2007 a 2008, quando foram implantados seis Laboratórios.

A partir de 2009, os espaços e equipamentos dos Laboratórios serão destinados a outras atividades.

GAP - Grupo de Apoio Pedagógico

O GAP nasceu em 2007, a partir do Programa Interação Família Escola, que evidenciou a necessidade de estreitar o relacionamento entre a família e a escola, pois muitas dificuldades enfrentadas pelos alunos derivam de problemas vividos no âmbito familiar e são uma das causas da presença de alunos freqüentando o 3.o, o 4.o e até o 5.o ano sem saber ler e escrever. A avaliação mostra que aproximadamente 50% das dificuldades têm origem em problemas de ordem afetiva.

Divani Aparecida Pereira Albuquerque Nunes foi a idealizadora deste formato, inspirada por uma experiência semelhante em Minas Gerais, trabalhando com 23 professores. Por também ser professora da rede municipal do Taboão, ela conhece a dificuldade do professor de sala regular de dar conta de salas com muitos alunos, ficar atualizado, criar recursos pedagógicos novos. Assim, entende o GAP como um parceiro desse professor.

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O GAP visa organizar ações e reunir esforços para melhorar a qualidade de ensino, principalmente competências de leitura e escrita. Para tanto, utiliza recursos como palavras de incentivo, abraços e confiança na capacidade de aprender que os alunos têm, além de jogos, brincadeiras e músicas, relacionados à alfabetização e que estimulam a psicomotricidade, como jogos de corda e bola, criando rotinas diferentes da sala de aula.

Representa uma estratégia de inclusão, que atende crianças até então “marginalizadas” do processo de aprendizagem, usando metodologias diversificadas e possibilitando sua inserção no ambiente escolar. Sua clientela é formada por crianças com outro ritmo de aprendizagem, como esclarece a coordenação; esse é seu diferencial. É como se fossem “estrangeiros” na sala de aula, vendo seus colegas desempenhar tarefas, como ler e escrever, que eles não seguem.

Essa atividade acontece duas vezes por semana, no contraturno, durante duas horas por vez.

Cada professor do GAP se responsabiliza por 60 crianças, ou seja, 4 grupos com 15 alunos cada. Assim que a criança consegue se alfabetizar, é desligada do GAP e entra outra em seu lugar.

Alguns números mostram o alcance desta ação

Alunos atendidos

Alunos promovidos

Alunos retidos

2007 1.035 692 (66%) 343 (34%)

2008 1.587 1.259 (79%) 328 (21%)

Produção textual

2008 Alunos atendidos

Alunos promovidos

Alunos retidos

1.051 90% 10%

Os professores do GAP têm reuniões de formação quinzenalmente, quando a sua prática é discutida. Nelas, os professores têm contato com textos de qualidade e de diversos estilos, discutem brincadeiras envolvendo leitura e escrita que utilizam músicas, letras móveis, a lousa, mas nunca cadernos,

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marcando assim uma diferenciação do que acontecia na sala de aula regular, onde o aluno experimentava o fracasso.

A base da formação é a teoria de Schön (1983), que distingue três conceitos que integram o pensamento prático: conhecimento na ação; reflexão na ação; reflexão sobre a ação.

Assim, o GAP promove a reflexão com os professores discutindo sua prática, analisando suas estratégias, objetivos e a teoria que embasa o conhecimento. Assim, em parceria, o professor aprende a construir novas estratégias de ação, novas formas de pesquisa e categorias de compreensão, novos meios de definir e enfrentar problemas.

O repasse da experiência e dos conhecimentos acumulados pelo professor do GAP para o professor da sala regular acontece nos horários de HTC (horário de trabalho coletivo), nas reuniões ou em encontros informais. No início do trabalho, há professores que se sentem um pouco inseguros frente ao professor do GAP. Com a convivência, em geral essa sensação desaparece e gradualmente os professores das salas regulares se sentem mais seguros e interessados em absorver novos conhecimentos.

A força da atuação do GAP está nessa atividade de formação, que dirige o olhar para quem aprende, além do fato de responder às necessidades locais, pois foi concebido em Taboão e por pessoas que conhecem sua realidade, por são parte dela.

Todo início de ano escolar a Equipe de Formação de Professores faz uma avaliação diagnóstica de todas as crianças. Após as duas primeiras semanas de aula, aproximadamente, o professor já formou uma primeira idéia de sua sala. Assim, tanto as crianças que foram inicialmente diagnosticadas pela Equipe como as que posteriormente são detectadas pelo professor da sala e que apresentam indícios de ter esse ritmo diferenciado de aprendizagem são encaminhadas ao GAP.

Este faz outra triagem e monta os grupos de acordo com o grau de dificuldade das crianças. Algumas professoras do GAP também são visitadoras, participando do Programa Interação Família Escola.

A coordenação, que trabalha no Taboão há 20 anos, identifica a liberdade de ação como uma característica presente nas diversas gestões das quais participou, e credita a ela parte dos resultados que a Educação voltada para a inclusão vem alcançando no município.

GAPEs – Grupo de Apoio Pedagógico Especializado

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A partir da constatação de que diversos alunos que freqüentavam o GAP não alcançavam os resultados esperados, essa mesma equipe submeteu-os a uma avaliação, para verificar se havia casos de deficiência. Eles precisavam de um atendimento pedagógico mais especializado. Daí surgiu o GAPEs, que funciona no contraturno, como o GAP.

Segundo Vilma Elísio Nascimento, sua Coordenadora, esta ação foi criada com o seguinte objetivo:

O GAPEs absorverá a demanda de crianças com atraso ou dificuldades no desenvolvimento global, que pode apresentar-se quando:

- Houver deficiências;

- Dificuldades acentuadas na aprendizagem;

- Hiperatividade, com ou sem transtorno;

- Transtorno, distúrbio de conduta, quando este interferir de forma significativa na aprendizagem;

- Problemas no desenvolvimento da linguagem e comunicação;

- Outras condições onde haja prejuízo na aquisição de conhecimentos (dislexia, atraso no processamento auditivo central, entre outros).

O GAPEs caracteriza-se como o atendimento especializado a que a criança tem direito, segundo a legislação atual; não pode ser confundido com sala especial, pois atende crianças em grupos de 5 a 10 participantes; no contraturno e tem caráter transitório. Segundo Vilma, a Educação Especial tem o papel de “estabelecer parcerias com os demais educadores, entre a Educação Especial e o ensino regular. Essa é a sua contribuição”.

Como o professor do GAPEs atua:

Interage constantemente com o professor da sala, para juntos descobrirem alternativas de ação;

É o elo de comunicação e interação dentro da escola, através da participação no HTP;

Participa de formação continuada semanal.

O GAPEs começou há seis meses, em seis escolas, com um projeto piloto e nasceu da constatação dos professores, que achavam que algumas crianças que passavam pelo GAP, ao voltarem à sala de aula, não tinham absorvido o conteúdo trabalhado. Tem como foco o trabalho com as habilidades necessárias ao desenvolvimento da leitura e da escrita. A aquisição da

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linguagem é um problema para as crianças atendidas pelo GAPEs, assim como o atraso nesta aquisição.

Para 2009, está previsto ampliar o atendimento, alcançando 14 escolas.

Vilma considera que o projeto ainda está em gestação, dado seu curto tempo de existência.

Assim, estas crianças, com comprometimentos graves – embora muitas não tivessem deficiência intelectual, apresentavam transtornos, às vezes acompanhados por traumas e apresentavam atrasos no desenvolvimento desde a educação infantil. Algumas eram encaminhadas para fazer o diagnóstico diferencial. Constatou-se que, quando o ambiente não favorece, o atraso se acentua.

O GAPEs tem constatado que, das crianças atendidas, poucas têm a deficiência instalada; a maioria tem atrasos no seu processo de desenvolvimento.

Para Vilma, a Coordenadora do GAPEs, esta ação é abrangente e não justifica o atendimento “apenas” para crianças com deficiência intelectual; algumas crianças atendidas podem ser depressivas, apáticas, podem ter dificuldades acentuadas de aprendizagem, com ou sem uma deficiência. Até o início do GAPEs, essa demanda não era atendida. Assim, o GAPEs foi criado para atender casos bastante comprometidos; prepara o aluno para interagir com o grupo e o professor, para que receba o aluno.

Um dos recursos pedagógicos bastante utilizado são os jogos cooperativos, pois estas crianças precisam experimentar o sucesso.

O GAPEs constrói o vínculo entre a criança e a escola. No caso de crianças com hiperatividade, por exemplo, é possível notar um aumento de tolerância em cada atividade.

O profissional do GAPEs é um Agente da Inclusão; trabalha junto com o professor, para que este desenvolva estratégias de como lidar com esta criança, especialmente no que se refere à comunicação e interação, pois uma característica apresentada por ela é não saber como interagir.

O professor da sala regular encaminha alunos para o GAPEs mediante o preenchimento de uma ficha de encaminhamento, com um relatório que justifica a queixa apresentada pelo professor (relatório de queixa escolar).

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A equipe faz a triagem e o encaminhamento para o GAP ou o GAPES.

Outra constatação do GAPES foi a ausência de um histórico escolar dos alunos que apresentam comprometimentos graves que realmente retrate suas habilidades e não “reprovações”. Assim, foi desenvolvido um instrumento que mostre as habilidades adquiridas e que deve ser acompanhado por um relatório do professor, dissertativo, que contenha seu olhar sobre esse aluno. Há um modelo de relatório, com itens como “autonomia”, que orientam o olhar do professor.

A equipe do GAPEs é composta pela Coordenadora Vilma e oito profissionais: professores especialistas (que trabalham as habilidades), psicopedagogos (testes projetivos, relação com família) e psicólogos (aspectos emocionais). Após o atendimento, o profissional do GAPEs tem um espaço para fazer o registro e documentar sua atuação.

Para Vilma, é chegado o momento de articular o fluxo destas ações voltadas para a inclusão em Taboão da Serra, articulando o trabalho desenvolvido pelo GAPEs, GAP, Equipe Multidisciplinar e Equipe de Formação de Professores.

O trabalho do GAPEs é divulgado nos HTC – horário de trabalho coletivo e também informalmente.

Os profissionais do GAPEs também participam do programa Interação Professor – Escola. As visitas surtem efeitos importantes, pois são indicadores na elaboração de intervenções específicas para cada criança.

2. Programa Fazendo Arte na Escola

A Prefeitura, através da Divisão de Educação Complementar da Secretaria de Educação mantém esse Programa desde 2005, com cursos gratuitos de coral cênico, teatro infantil, balé, sapateado, jazz, dança contemporânea, popular, de rua e salão.

Fazendo Arte na Escola começou como um projeto piloto nas EMEF Dr. Anísio Dias dos Reis, Ugo Arduini, Prof.ª Dalva Barbosa L. Janson e Armando Andrade, atendendo ainda alunos das EMEF Therezinha Volpato Baro, Antonio Fenólio e Francisco Ferreira Paes.

O objetivo principal do programa é propiciar aos alunos da Rede Municipal de Ensino o contato com o fazer artístico, objetivando seu melhor desenvolvimento em sala de aula, contribuindo com sua formação cultural e fazendo um acompanhamento dentro do contexto pedagógico.

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Para as Escolas Municipais de Educação Infantil são desenvolvidas atividades especiais dentro das modalidades de dança e teatro infantil, considerando-se a faixa etária dos alunos.

Com os cursos, os alunos além de despertarem para uma atividade artística desenvolvem auto-estima, independência, coordenação motora e socialização.

Considerando os resultados positivos, a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia ampliou o programa e diversificou as áreas artísticas abrangidas, passando a incluir Atividades Educacionais Complementares Extracurriculares, levando em consideração o programa pedagógico de cada Unidade Escolar.

Sempre que possível, as escolas abriram cursos à comunidade à noite e aos finais de semana, resgatando o espaço escolar como espaço de convívio familiar, propiciando ao conjunto da sociedade taboanense – alunos, educadores, pais e familiares – o acesso às manifestações artísticas em suas diferentes vertentes.

As aulas acontecem em 17 escolas municipais e beneficiam mais de cinco mil pessoas. Desde 2007, uma parte das vagas é oferecida à comunidade.

Visitas a teatros, museus e espaços culturais também fazem parte do Programa.

3. Programa de Inclusão Digital

Através da Secretaria Municipal de Educação, políticas públicas de acesso à inclusão digital foram implantadas.

Todas as escolas municipais de ensino fundamental possuem laboratórios equipados com 20 computadores com acesso à Internet. Durante o dia, os computadores são ferramentas que servem de apoio ao processo de ensino e aprendizagem. Professores de várias disciplinas, assessorados por especialistas, desenvolvem atividades utilizando softwares educacionais, com temas que complementam os ensinamentos da sala de aula, inclusive com trabalho específico para alunos com deficiência.

À noite e nos finais de semanas, os laboratórios de 9 escolas municipais promovem cursos gratuitos para a comunidade, em cursos de 60 horas. A Prefeitura mantém ainda duas Unidades Móveis de inclusão digital que percorrem os bairros da cidade e oferecem gratuitamente cursos e acesso à Internet.

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Também são oferecidos cursos gratuitos de Inglês básico e Inglês para o Trabalho, dirigido a garçons, recepcionistas, taxistas, secretárias e funcionários da rede hoteleira.

A rede municipal de ensino e a Educação Especial

A situação atual de Taboão da Serra, no que se refere aos alunos com deficiência, caracteriza-se pela transição para a Educação Inclusiva. Tanto a rede regular como a Educação Especial atendem esses alunos, mas seu acesso à rede regular é cada vez maior, em resposta às diretrizes traçadas pelo MEC e ao movimento inclusivo que permeia a sociedade e se reflete na Educação.

Essa tendência se faz sentir em todo o Brasil, como evidenciam os números do Censo Escolar (MEC/INEP) 9, que mostram crescimento do número de matrículas no ensino regular de crianças com deficiência e conseqüente diminuição no ensino especial.

Composição da rede municipal de ensino

Número Tipo Atendimento 42 Unidades de Educação Infantil10 Até 5 anos

1 ADT – Associação de Deficientes de Taboão 11

A partir de 18 anos

22 Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF)

De 6 a 14 anos

10 Classes Especiais

1 Centro de Reabilitação Social Jardim Vitória 12

A partir de 15 anos; atende a comunidade; EJA no período diurno

1 Centro Municipal de Habilitação e Reabilitação Amor Perfeito

9 INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – www.inep.gov.br 10 Abrange as Escolas Municipais de Educação Infantil e os PAC – Programa de Atendimento à Criança, em parceria com igrejas e ONGs 11 Entidade da sociedade civil sem fins lucrativos, que é conveniada com a Prefeitura 12 Pertence à Secretaria de Assistência Social

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1 Centro de Atendimento ao Deficiente Visual e Auditivo (CIADEVA)

1 Sala Multifuncional (EMEF Maria José Luizetto)

O Centro Municipal de Habilitação e Reabilitação Amor Perfeito recebe os casos mais graves, que não apresentam condições para freqüentar as salas especiais e nem para inclusão. Também oferece estimulação precoce.

O CIADEVA funciona como uma sala de recursos, atendendo no contraturno; também atende alunos que não são da rede municipal.

Tanto o Amor Perfeito como o CIADEVA são equipamentos da Secretaria de Educação da Prefeitura de Taboão da Serra.

Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva

A Educação Especial é alvo de atenção diferenciada em Taboão da Serra, o que lamentavelmente nem sempre acontece em outros Municípios.

A Secretaria de Educação desenvolveu formas inovadoras de atuação para que a Educação Especial pudesse desenvolver seu trabalho com qualidade: a Equipe de Formação de Professores, a Equipe Multidisciplinar, o GAP (Grupo de Apoio Pedagógico), os Laboratórios de Aprendizagem, o curso de Capacitação de Educadores para pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (em sua 4.a turma), o GAPEs (Grupo de Apoio Pedagógico Especializado) e a Sala Multifuncional, doada pelo MEC mediante aprovação de projeto, que visa responder aos problemas de dificuldades de aprendizagem encontrados na rede.

Equipe de Formação

A Equipe de Formação atua desde 2005. No início, era composta por três pessoas (Dirce, Domingas e Vanderly), responsáveis pelo curso de formação na área de Português (Letra e Vida).

Ao final de 2006, a Equipe se reestrutura e amplia os componentes, com a entrada de Helenice e também as ações desenvolvidas, passando a oferecer Matemática. Ao final de 2007, a chegada de Rute completou a equipe, que mantém esse formato:

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Coordenadora Geral - Dirce Matiko Takano e Formadoras: Domingas Pereira da Silva, Helenice Corrêa Dias Bozzi, Rute Cordeiro de Souza e Vanderly de Almeida Lima.

Em 2007, a Equipe de Formação assume com mais ênfase a Educação Infantil, iniciando junto aos coordenadores a elaboração dos quadros de Habilidades e Expectativas.

Resultados da Formação Continuada

Professores Carga horária

2005 1.505 1.398

2006 1.849 3.368

2007 4.751 20.512

2008 5.379 7.436

Total 13.484 32.714

A construção deste documento sinalizou para o ano de 2009 a necessidade da construção de um instrumento do registro de avaliação e do processo de construção do conhecimento dos alunos da rede Municipal, onde o burocrático desse lugar ao "efetivo". Assim, em 2007 a Equipe de Formação elabora o 1° PAD – Programa de Avaliação Diagnóstica.

PAD - Programa de Avaliação Diagnóstica

Objetivos

Proporcionar aos agentes educacionais e à sociedade a visão concreta dos resultados do processo de ensino e de aprendizagem.

Colher dados e identificar indicadores que possibilitem maior compreensão dos fatores que influenciam o desempenho dos alunos nos diversos ciclos.

Implantar e consolidar uma cultura de avaliação e de diagnóstico na rede municipal de ensino, objetivando o estímulo e a adoção de projetos voltados à melhoria constante do desempenho escolar.

Sistematizar dados para subsidiar políticas e diretrizes públicas no âmbito do Município.

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A metodologia utilizada pelo PAD inclui avaliação do que os alunos sabem e são capazes de fazer em diversos momentos de seu percurso escolar. Para tanto, aplica provas a todos os alunos matriculados nos 3º. Ano do Ciclo Inicial, nos 5º, 6º e 9º Anos do Ciclo Final do Ensino Fundamental de nove Anos.

Alguns resultados - PAD 2008

Aplicação: 17.182 avaliações

Participação

8.591 alunos do Ensino Fundamental

4.311 alunos do 3º. Ano do Ciclo Inicial

3.930 alunos das 4ªs séries

350 alunos das 6ªs séries

Os resultados indicam que o desempenho dos alunos melhorou, pois as habilidades que apresentaram indicadores baixos em 2007 tiveram aumento significativo em 2008.

Na elaboração das Matrizes de Referência são considerados os conteúdos praticados nas escolas municipais de ensino fundamental nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática até junho de cada ano. As provas serão elaboradas pela Equipe Pedagógica sob Coordenação da Supervisão Escolar, de acordo com as orientações que norteiam o SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica e a PROVA BRASIL.

A correção é realizada com o envolvimento de todos os Coordenadores Pedagógicos, adotando-se a sistemática da linha de produção, onde cada habilidade é corrigida por uma banca. Desta forma se manterá a unidade do gabarito de correção, que é preliminarmente discutido.

Os resultados obtidos pelos alunos são remetidos por meio eletrônico às unidades escolares, esperando-se o desenvolvimento de discussões em Horários de Trabalho Coletivo para melhoria efetiva da aprendizagem.

Em 2007, tivemos a primeira prova aplicada durante o mês de agosto, o que se repetiu no ano de 2008, fazendo parte do calendário de 2009.

Para acompanhar o trabalho foi criado um Sistema de Monitoramento, Acompanhamento e Avaliação, que envolve:

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• Ficha de avaliação e acompanhamento do desempenho dos alunos - (EMI e EMEF);

• Planos gestores – monitoramento dos projetos;

• Acompanhamento do desempenho dos professores a partir da formação continuada;

• Planos de aula – elaborados a partir das habilidades e expectativas do Ciclo.

Em 2008, após o resultado do PAD, sentimos a necessidade de ter um ponto de partida, pois a avaliação é feita ao final do Ciclo.

Neste sentido foi proposto o 1° Diagnóstico Inicial, elaborado com a equipe de coordenadores na Orientação Técnica, em encontros semanais.

Em 2009, foi aplicado de forma simultânea o Diagnóstico Inicial; os resultados subsidiaram o planejamento dos professores do 1° ao 9° ano.

Orientação Técnica para Coordenadores

Teve inicio em 2007, com encontros semanais para discutir o papel e a função dos coordenadores nas Escolas de Educação infantil e Fundamental.

Esse é um dos diferenciais da ação da Secretaria na melhoria do desempenho dos alunos.

Resultados dos encontros:

1. Documentos de Habilidades e Expectativas

2. Avaliação Diagnóstica Inicial

3. PAD - Programa de Avaliação Diagnóstica

Equipe Multidisciplinar

A Equipe, sediada na Casa do Educador, iniciou seus trabalhos em 2007.

Tem por Missão trabalhar na construção de políticas públicas, que contribuam para a ampliação de um ensino de qualidade, que assegure o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos os alunos.

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É composta atualmente por:

Ester Furquim de Almeida – Pedagoga habilitada em Deficiência Mental – Coordenadora Técnica

Maria Carmem Fernandez Ruiz – Pedagoga especialista em Educação Especial e Psicopedagoga – Coordenadora Administrativa

Meri Rui Riveiros – Pedagoga habilitada em Deficiência Mental e Psicopedagoga clínica especializada em Educação Inclusiva

Paula Mari da Costa Maruchi – Professora, Psicóloga especialista em Educação Especial

Rosana Behaker Crippa Garcia – Professora, Psicóloga e Mestre em Distúrbios da Aprendizagem

Dr. Paulo Antonio Pollini – Médico Pediatra

Formas de atuação da Equipe

Proposta direcionada à Secretaria de Educação

Identificar e propor as adaptações necessárias à inclusão

Normatizar procedimentos

Providenciar convênios e parcerias

Planejar e efetivar formação continuada

Planejar e efetivar palestras, e/ ou orientação aos familiares de alunos com NEE

Elaborar projetos pertinentes à Educação de acordo com as necessidades da SEMUECCT13

Proposta direcionada ao aluno

Triagem

Observação

Anamnese

Avaliação

Discussão e estudo de caso

Encaminhamentos

Acompanhamento escolar

Proposta direcionada às escolas

13 Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia

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Parceria no processo de inclusão

Auxiliar e orientar na recepção do aluno

Auxiliar o professor e equipe escolar a planejar os ajustes pedagógicos (intervenção)

Prestar apoio/ suporte de forma sistematizada

Acompanhar e verificar resultados

Desenvolver estudos de casos através de grupos

Auxiliar na elaboração do Plano Educacional Individualizado (PEI) para os alunos com necessidades educacionais especiais

Participar de HTC visando à formação, orientação e troca com os profissionais

Proposta direcionada à família

Realizar apoio psicológico e social através de encontros (sob responsabilidade do setor de psicologia e serviço social)

Realizar encaminhamentos

Atendimento e orientação

Visitas domiciliares

Os atendimentos são feitos de forma integrada com outras Secretarias, como Saúde, Assistência Social, Transporte.

A Equipe também trabalha em parceria com o CAPSI (Centro de Atendimento Psicossocial Infantil) e com o SER (Serviço Especializado de Reabilitação), ambos da Secretaria Municipal de Saúde, assim como com o CRAS 14 e o CIADEVA – Centro Integrado de Apoio ao Deficiente Visual e Auditivo 15 e participa do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (CMPD), visando estabelecer uma rede de apoio aos alunos com deficiência matriculados na rede pública do Município, considerando suas características e necessidades como um todo.

Curso de Capacitação para Educadores de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais

Este Curso, uma das principais ações da Equipe Multidisciplinar, foi inicialmente oferecido em setembro de 2007, a partir da constatação de que apenas o horário de HTC não dava conta de todas as questões apresentadas pelos professores. Assim, ele veio atender uma demanda recorrente deles.

14 CRAS – Conselho Regional de Assistência Social 15 O CIADEVA é da Prefeitura; nasceu como sala de recursos para alunos com deficiência visual, passou a ser um Centro e está ligado à Secretaria de Educação. Funciona como Atendimento Educacional Especializado (AEE), no contraturno.

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O objetivo do Curso é auxiliar o professor, disseminando práticas inclusivas e oferecendo subsídios para identificar a presença de deficiências ou outras condições.

O curso tem 40 horas e é preciso apresentar um trabalho, feito em grupo, no final. Durante o Curso, os participantes precisam desenvolver tarefas na própria escola e apresentá-las no horário de HTC, exercitando assim seu papel de multiplicadores.

Até o momento, foram formadas quatro turmas, duas em 2007 e duas em 2008.

Cada turma tem 40 alunos, em média; no quarto curso oferecido (segundo semestre de 2008), foram feitas mais de 130 inscrições; 60 profissionais ingressaram no curso e concluíram 55. Esses números demonstram que os professores reconhecem a qualidade do curso.

Critérios para seleção dos participantes: no primeiro curso, foi estabelecido que cada escola poderia enviar apenas um professor, com perfil de multiplicador e que tivesse aluno(s) com deficiência na sala. O diretor nomeava essa pessoa; participar do curso é opcional.

Desde o início do Curso, em 2007, também foram oferecidas vagas para ADI, mas era dada prioridade para as que trabalham em classe ou escola especial ou que atuam diretamente com alunos com deficiência, quando não há professor na sala ou na escola.

No segundo curso oferecido, os critérios foram flexibilizados, de modo a permitir a inscrição de ADI (mesmo que não trabalhe com criança com deficiência) e de professores da Educação Especial. A participação das ADI merece ser destacada, pois elas têm demonstrado um forte interesse. Vale dizer que elas não ganham pontos por frequentar o curso, como acontece com os professores, que ganham certificado e pontos.

Em 2008, as vagas também foram oferecidas para gestores, além de professores e ADI.

A Equipe Multidisciplinar constata que o Curso tem sido bem avaliado pelos participantes e que um dos resultados foi a melhoria no fluxo de informação e comunicação.

Até agora, foi oferecido o primeiro módulo do Curso, com noções básicas. Está previsto um segundo módulo, que abordará o tema de adaptações curriculares.

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Nas escolas onde o trabalho voltado para a inclusão foi implantado e acompanhado, os professores puderam conhecer a Equipe Multidisciplinar. Eles podem fazer contato direto com a Equipe, o que aumentou a demanda por seus serviços.

Atendimentos realizados pela Equipe Multidisciplinar

N.o

Unidades

Escolares

Unidades

Escolares

Atendidas

Visitas

às

Escolas

Avaliações Encaminhamentos

2007 58 58 102 71 89

2008 60 41 171 119 142

Obs.: Os dados constantes da tabela abrangem o período entre o 2º semestre de 2007 e maio de 2008.

A tabela acima, que corresponde a um período inferior a 12 meses, ilustra o trabalho da Equipe Multidisciplinar. Vale destacar que até o final de 2008 todas as escolas foram visitadas, o que também significa que o número de avaliações e encaminhamentos ultrapassa os que constam da tabela.

Em 2007, a Equipe Multidisciplinar estava iniciando seu trabalho, apresentando-se às escolas e conhecendo a problemática do Município.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

ESCOLA

GAP

INTERACAOFAMÍLIA ESCOLA

PCD

LABORATÓRIO APRENDIZAGEM

SALA RECURSOS

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A ênfase de 2008 foi o aprofundamento do trabalho; as avaliações foram feitas nas escolas e envolveram os professores, a equipe gestora e a coordenação. A porta de entrada do trabalho da Equipe é a escola, o que justifica a realização das avaliações nestes locais e não na Casa do Educador, sede da Equipe.

Uma criança pode ser encaminhada a um ou a vários serviços. Vale destacar que, como é difícil contabilizar todos os atendimentos feitos – o importante é fazer o encaminhamento e conseguir o apoio necessário para a criança – os números não refletem a realidade – os encaminhamentos feitos foram em muito maior número.

Alunos diagnosticados - 2008

EMI – Escolas Municipais de Educação Infantil

Os quadros apresentados a seguir referem-se aos alunos diagnosticados pela Equipe Multidisciplinar da Secretaria de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia de Taboão da Serra durante 2008.

A seguir são apresentados os quadros gerais, que possibilitam ter a visão da rede como um todo.

Sua análise permite identificar necessidades e traçar medidas de ação que as contemplem. Exemplificando: em 2008 as EMI receberam 11 crianças com deficiência física. O relato de algumas professoras aponta a falta de acessibilidade arquitetônica nas escolas. É lícito e desejável supor que estas crianças permanecerão na rede e continuarão seus estudos. Assim, é preciso fazer adequações não apenas nas EMI, mas também nos níveis subseqüentes.

Podemos supor, ainda, que gradualmente outras crianças com deficiência serão matriculadas, em decorrência dos bons resultados alcançados e da crescente conscientização dos direitos por parte das famílias. Assim, cabe à Secretaria preparar-se para acolher a demanda futura.

Número de EMI

N.o total de EMI EMI com alunos diagnosticados

EMI sem alunos diagnosticados

23 17 6

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Distribuição dos alunos diagnosticados por sexo

Sexo feminino Sexo masculino Total

20 18 38

Distribuição dos alunos diagnosticados por tipo de deficiência (detalhado) 16

Tipo de deficiência N.o alunos

Síndrome de Down 9

Deficiência física - cadeirantes 7

Deficiência mental 17 5

Condutas típicas 4

Baixa visão 3

Múltipla 3

Surdez leve 2

Deficiência física - outros 2

Deficiência física – paralisia cerebral 2

Surdez severa 1

16 Foi utilizada a classificação adotada pelo MEC – Ministério da Cultura 17 Embora o termo atualmente aceito seja “deficiência intelectual”, conservamos o termo anterior para seguir a nomenclatura adotada pelo MEC.

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Total 38

Distribuição dos alunos diagnosticados por tipo de deficiência (agregado)

Tipo de deficiência N.o alunos

Deficiência mental 14

Deficiência física 11

Condutas típicas 4

Deficiência visual 3

Surdez 3

Múltipla 3

Total 38

Distribuição dos alunos diagnosticados por tipo de deficiência (agregado) e série

Tipo deficiência

Berçário Mini Maternal

Maternal Jardim I Jardim II

NR Total

Def. mental xx 3 1 3 6 1 14

Def. física 1 1 1 3 5 xx 11

Condutas típicas

2 2 xx 4

Def. visual xx 1 xx 2 xx xx 3

Surdez xx xx xx 1 2 xx 3

Def. múltipla xx xx xx 1 2 xx 3

Total 1 5 2 12 17 1 38

NR = não resposta

A voz do professor - Práticas educacionais significativas

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A seguir, são apresentados relatos de três professoras e uma diretora da rede municipal de Taboão da Serra, que partilham suas vivências com alunos com deficiência, recursos e estratégias utilizadas, sua visão da rede, do processo de inclusão e também um pouco de sua trajetória pessoal e profissional. As sugestões que elas dão são importantes, pois derivam da prática.

Ao final de cada texto, a Equipe Multidisciplinar traz seu olhar, mostrando sua interação e suporte pedagógico prestado, no exercício de suas atribuições.

Esses relatos foram lidos e aprovados pelas pessoas entrevistadas; o mesmo procedimento foi adotado com as Coordenadoras da Equipe Multidisciplinar, GAP, GAPEs e Equipe de Formação.

Professora Myrian de Rezende Martins

Escola: EMI Franjinha

Nível: Jardim II

Formação acadêmica: Direito e Pedagogia

Tempo de magistério: 14 anos

Myrian também leciona na Prefeitura de São Paulo, na Educação Infantil.

Formação continuada: Calcula que já participou de mais de 40 cursos, sendo muitos na área da Deficiência; alguns de extensão universitária, como Artes, Projetos Educacionais, Contos de Fadas, entre outros.

Como o tema da Deficiência entrou em sua vida

Myrian convive desde pequena com pessoas com deficiência, pois teve uma pessoa com autismo próximo a sua família.

Profissionalmente, ela começou a trabalhar nesta área em Taboão da Serra, pois foi contratada para trabalhar no CMHR (Centro Municipal de Habilitação e

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Reabilitação) Amor Perfeito 18. Quando soube, levou um susto, pois nunca havia trabalhado com crianças com deficiência, mas decidiu encarar o desafio e permaneceu lá 4 anos, pois gostou da experiência. Depois foi para a rede regular de ensino. A partir daí, suas turmas sempre tiveram alunos com deficiência, exceto em 2007, mas esta não foi uma decisão sua.

Este ano Pedro19, de 6 anos, está matriculado na sua sala. Ele chegou com uma hipótese de autismo, mas o diagnóstico ainda não está fechado. O diagnóstico tem sua importância, claro, mas sua ausência não inviabiliza o trabalho pedagógico.

Quando chegou, Pedro desestruturava a sala, pois gritava muito. Sua comunicação era restrita: ele apontava um objeto e gritava. Antes de freqüentar a EMI Franjinha, Pedro passou por outras escolas, onde permanecia por duas horas, duas vezes por semana. Mas, sua mãe não viu nenhum progresso no desenvolvimento dele, daí ter procurado a EMI Franjinha. Ela achava importante que ele freqüentasse uma escola, pois é filho único e precisa ter contato com outras crianças.

Myrian escolheu a sala no final de 2007 e sabia que Pedro fazia parte da mesma; assim, estava disposta a encarar este desafio como mais uma situação de aprendizagem e desenvolvimento profissional. Ele é a única criança com deficiência na sala.

A Educação é um processo que se constrói em parceria. Neste caso, Myrian contou com o total apoio da ADI Ednéa Barbosa Ferreira (auxiliar de desenvolvimento infantil, da Equipe Multidisciplinar da Secretaria de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia de Taboão, especialmente de Paula Maruchi e também da fonoaudióloga do CAPSI Infantil (Centro de Atenção Psicossocial da Prefeitura do Taboão), da mãe de Pedro, da professora Simone Oliveira do Jardim II A e dos colegas. Myriam também buscou informações na Internet, em cursos que freqüentou e no Amor Perfeito, local onde há muito conhecimento acumulado.

Assim, ao comentar sobre o processo de inclusão de Pedro e seu comportamento, a Coordenadora da Prefeitura de São Paulo sugeriu que poderia ser Asperger, o que motivou Myriam a procurar um curso sobre este assunto.

Mirian diz que o início do trabalho foi muito difícil, pois era preciso equilibrar situações aparentemente contraditórias: impor limites ao Pedro e criar condições de acolhimento pelos coleguinhas, evitando que tivessem comportamentos de desprezo, receio ou mesmo de animosidade; mostrar autoridade e impor regras e

18 O Centro Municipal de Habilitação e Reabilitação (CMHR) Amor Perfeito atende oitenta e nove alunos de 3 a 18 anos com deficiência mental grave. O Centro conta com 18 profissionais entre pedagogos, especialistas, psicólogos, fisioterapeutas e auxiliares de desenvolvimento infantil que atuam nas áreas de estimulação, musicalização, artesanato, hidroterapia e informática, numa perspectiva ampla em educação especial voltada a inclusão.

Em 2006, a Prefeitura inaugurou um laboratório de informática no Centro de Habilitação e Reabilitação Amor Perfeito. 19 Nome fictício

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limites, mas com tranqüilidade e criando um ambiente acolhedor. Pedro precisava entender que é um aluno e, portanto, precisa seguir regras, como não sair da sala sem permissão. As outra crianças, como é fácil imaginar, questionavam a conduta do Pedro, sempre que ele não seguia uma regra.

Quando isso acontecia, Myrian parava a aula e mostrava que as demais crianças podiam convidá-lo para brincar e ensinar-lhe o melhor jeito de agir. Ela transmitia orientações para os alunos, que também se sentiam “professores” do Pedro, situação que ocorre até hoje. Ao envolver a outra sala do Jardim II, agindo de forma coordenada com a sua professora, o lanche e o recreio tornaram-se cada vez mais momentos de inclusão e de respeito à diversidade.

Após alguns meses, os resultados da inclusão já começaram a aparecer: Pedro começou a falar e a se comunicar com os colegas e demais pessoas da escola.

Considerando o comportamento de Pedro, no primeiro semestre Myrian trabalhou mais os aspectos sociais, a linguagem e a interação com o grupo. Transmitiu o conteúdo das leituras que fez e as orientações recebidas para a ADI e para a família dele.

Atualmente, Pedro já verbaliza, ainda que com algumas dificuldades; o grito acontece muito esporadicamente. Sua mãe, que tinha uma postura arredia no início do contato, pois achava que a professora poderia destratar ou discriminar seu filho, agora está muito participativa. Ela foi conquistada ao longo do processo. Por conta do filho, ela também foi alvo de discriminação. Desenvolveu, pois, uma postura de defesa, que se refletia na sua ausência das reuniões de pais e no não comparecimento do Pedro às festas da escola ou mesmo às aulas.

Em certo momento, Myrian percebeu que Pedro estava faltando às aulas simplesmente por faltar, sem uma razão concreta. Após uma conversa com a mãe, mostrando os avanços do filho e “provando” que ela podia confiar no seu progresso, ele deixou de faltar sem razão e agora a mãe participa prontamente de todas as atividades. Daí em diante, a mãe dá continuidade aos procedimentos adotados na escola e trata Pedro com tranqüilidade, sem considerá-lo “especial”.

A avó de Pedro também contribuiu para fortalecer a aliança mãe/professora ao observar, com bom senso e “pé no chão”, que a professora optou por receber Pedro na sala, sem fazer “jogo de empurra” e que, se queria que ele estivesse presente, é porque estava empenhada em sua aprendizagem.

Um dia, Pedro levou massinha para casa e sua mãe ficou encantada, percebendo que ele tinha aprendido a brincar, observando-o por um longo tempo. Agora Pedro tem brinquedos e faz brincadeiras simbólicas, com as outras crianças, o que não acontecia. Essa foi mais uma conquista.

Myrian atribui o desenvolvimento do Pedro ao conjunto das intervenções realizadas: trabalho integrado com especialistas (fonoaudiologia e psicologia), com a ADI, entrosamento com a mãe, com os colegas e, claro, ao próprio garoto.

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Para 2009 20, está em discussão a possibilidade de mantê-lo nesta mesma sala, porque ele começou recentemente o processo de oralidade. A mãe, Myrian e as especialistas da Equipe Multidisciplinar acreditam que a continuidade será benéfica, pois proporcionará a consolidação do aprendizado e do processo de desenvolvimento. Se esta for a alternativa final, no segundo semestre do próximo ano começarão a construir o processo de passagem dele para a EMEF.

Recursos pedagógicos utilizados

A partir de suas observações sobre o comportamento de Pedro, Myrian começou o trabalho com ele utilizando a arte como proposta: adaptou um bloco de folhas A3, encadernando-o para que ele aprendesse a explorar o espaço.

Nele, foram desenvolvidos os conceitos de cores; dentro/fora; nomes dos colegas; regras da sala (que precisam ser frequentemente reforçadas); aprender a fazer jogos simbólicos.

Ou seja: os recursos são absolutamente comuns, como as fotos ilustram. O diferencial é a atitude: observar a criança, propor atividades que sejam de seu interesse, pesquisar, conversar, rever o que não funcionou.

Atividades do Pedro

20 A entrevista aconteceu em 2008.

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Documentação do processo

O cotidiano não deixa muito tempo para registrar a prática. Porém, Myrian tem muitas fotos de Pedro, tiradas com seu telefone celular, que mostram seus progressos.

Conquistas de Pedro

São muitas as conquistas e em diversas áreas e atividades: Pedro passou a aceitar e a comer toda a merenda, entrando na fila para se servir e até repetindo, quando algo lhe agrada; pede para ir ao banheiro; sabe o nome de todos os coleguinhas e interage com eles; gosta de brincar, de mexer com água (que criança não gosta?), de subir no muro. Entrega os cadernos de recados, ajudando a professora.

Também sabe o nome dos funcionários com quem tem contato mais freqüentemente; é carinhoso com eles.

Gosta de ouvir histórias e presta atenção às mesmas.

Cuidados

Pedro se dispersa com facilidade. Assim, a presença da ADI na sala é essencial: ela e a professora se revezam nos cuidados prestados.

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Nas raras vezes em que Pedro ainda fica agitado – porém, não mais com a intensidade inicial – a sala não se dispersa mais. As outra crianças aprenderam a conviver com ele.

Condições de acessibilidade na escola

Este é um item a ser aprimorado. O que facilita é que a escola é térrea e sua área é pequena. Não tem banheiro adaptado. Há uma rampa na entrada, com inclinação adequada; o alambrado foi colocado este ano.

O que pode ser aprimorado

Myrian declarou sentir falta de receber formações mais constantes sobre os tipos de deficiência e suas características. As Paradas Pedagógicas contribuem, mas não atendem plenamente suas expectativas. Ela sugere formações de curta duração e com maior freqüência.

Como se sente com a inclusão

Ao receber uma criança com deficiência, Myrian tenta se colocar no lugar da criança e de sua família. Antes de pensar se tem conhecimentos, se está à altura, pensa com o coração. Depois, corre atrás da informação que vai precisar e que percebe que não tem.

Muitas vezes, as pessoas – inclusive professores – alegam a falta de informação para não aceitar crianças com deficiência em sua sala. Outras vezes, o “vilão” é a falta de acessibilidade.

Em sua opinião, estes são desafios a serem encarados e vencidos, não devem inviabilizar o processo de inclusão e nem paralisar os professores.

A voz da Equipe Multidisciplinar

Um dos papéis da Equipe é dar suporte ao aluno e sua família. A EMI Franjinha, onde a Prof.a Myrian trabalha foi uma das mais visitadas pela Equipe.

O trabalho teve um bom desenvolvimento porque a professora já tinha experiência anterior com alunos com deficiência e, portanto, não precisou ser sensibilizada e motivada para receber o aluno. O processo aconteceu de forma suave, com resultados positivos para todos. Paula, que foi a responsável pelo acompanhamento, sugeriu encaminhamentos, que foram acatados.

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A EMI Franjinha é uma das EMI com mais casos de inclusão, o que também contribui para o sucesso. A equipe escolar, alunos e famílias convivem com naturalidade com a situação da deficiência e da diversidade.

Professora Luciana Maria Souza Lima Vieira

Escola: EMEF Maria José Luizetto – Sala Multifuncional

Nível: Atendimento ao Ensino Infantil e Fundamental I e II

Formação acadêmica: Letras, Pedagogia e especialização em deficiência intelectual

Tempo de magistério: 25 anos

Contato com alunos com deficiência

Ao se formar no Magistério, a primeira sala onde trabalhou foi de Educação Especial (na época). Interessou-se pela área e buscou conhecer mais o tema.

Um dos alunos que a influenciou tinha paralisia cerebral e cognitivo preservado, mas a professora da sala comum achava que ele só podia fazer bolinhas e desenhos. Luciana pediu auxílio ao marido, que adaptou uma máquina de escrever. Constatou, então, que ele já sabia ler e escrever – o que faltava era um meio adequado às suas características.

Ele também podia se locomover, mas as pessoas não olhavam para o seu potencial e não permitiam que ele se expressasse do seu jeito.

Sala Multifuncional

A origem da Sala foi um projeto enviado pela Secretaria e aprovado pelo MEC, entre 2006 e 2007. O material pedagógico que a compõe começou a chegar em março de 2008. Logo em seguida a sala começou a funcionar e à medida que os novos recursos chegavam, eram utilizados pelos alunos; os computadores, por exemplo, foram instalados há dois meses, em setembro.

A Sala Multifuncional conta também com o apoio da Diretora da EMEF Maria José Luizetto, que é formada em Psicologia e entende a importância deste trabalho de apoio ao ensino regular.

A Sala Multifuncional e alguns de seus recursos

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Quando a Sala chegou, não houve tempo para fazer uma apresentação formal do projeto e sua concepção à escola – todos tinham pressa de vê-la funcionando! Assim, Luciana explica o funcionamento da Sala no contato direto com os colegas, à medida que a ocasião aparece. Em breve, será utilizado o horário do HTC 21para esta finalidade.

As salas desta EMEF têm 38 alunos, no máximo, que têm 4 horas de aula, por dia. A escola funciona em quatro turnos.

21 HTC – HORÁRIO DE TRABALHO COLETIVO - os professores reúnem-se com o coordenador e o diretor para resolverem problemas apresentados em sala de aula e/ou para formar grupos de estudo.

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A Sala Multifuncional recebe alunos do seu entorno, pois funciona como pólo da região. São aceitos apenas os alunos que têm deficiência intelectual, física ou condutas típicas; os que têm deficiência visual ou auditiva são encaminhados ao CIADEVA - Centro Integrado de Apoio ao Deficiente Visual e Auditivo, que funciona como pólo para estes tipos de deficiência e dispõe de profissionais especializados e equipamentos adequados 22.

A Sala Multifuncional atende desde o Ensino Infantil até o 5.o ano do Ensino Básico. Seria possível receber alunos de 6.a à 8.a séries, pois há recursos e equipamentos adequados e previstos no projeto. Infelizmente, os alunos com deficiência ainda não estão alcançando estas séries. Espera-se que este panorama se altere a partir de 2009.

Alguns alunos que freqüentam a Sala não possuem laudo fechado, mas sua deficiência foi constatada pela Equipe Multifuncional, que também acompanha seu desenvolvimento. A ausência de diagnóstico não impede que freqüentem a Sala.

Algumas crianças têm problemas de transporte, especialmente as matriculadas nas escolas do entorno. O transporte acessível ainda não está completamente equacionado em Taboão da Serra; Luciana acredita que há uma “fila de espera” de 8 crianças, aproximadamente, matriculadas em escolas da região.

Luciana passa, em média, duas horas com cada aluno, duas vezes por semana. No momento, está com 14 alunos em cada período (são dois), que trabalham em horário estendido, fora de sua aula regular.

Além de trabalhar na Sala Multifuncional, Luciana também é professora do GAPEs, que atende apenas alunos da própria escola.

Luciana, em geral, inicia o trabalho pelo processo de socialização e, em seguida, com o que está mais próximo à criança, que é o seu corpo e o desenvolvimento da consciência corporal. Depois trabalha outros conceitos básicos, como a noção de tempo. Está sempre em contato com a professora da sala regular, para saber o conteúdo apresentado e as dificuldades encontradas.

Um problema freqüente com que se depara é quando as crianças não estão alfabetizadas. Nestes casos, ela trabalha conceitos que permitirão que a alfabetização ocorra na sala regular. A Sala Multifuncional não substitui a função da sala regular e nem ocupa o seu espaço.

A Sala é um espaço bonito, alegre e gostoso, bem colorido. As crianças gostam de vir.

Relação entre a Sala Multifuncional e a sala regular

Segundo Luciana, os professores de salas regulares em geral ficam angustiados quando recebem uma criança com deficiência; acham que têm muitos problemas e que não haverá tempo para dar atenção a todos. Alguns sentem culpa porque acham que o aluno não terá (ou não teve) o rendimento que desejariam.

22 O CIADEVA é um órgão da Prefeitura que funciona como AEE – Atendimento Educacional Especializado, recebendo os alunos no contraturno.

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Assim, a existência da Sala Multifuncional para muitos é um alívio e uma solução. Se a classe tem uma ADI 23, a professora da sala regular solicita material, que é elaborado por Luciana e pela ADI. Depois, Luciana acompanha o resultado, permanecendo na sala regular por um breve período – apenas nos casos de alunos matriculados na EMEF Maria José Luizetto.

À medida que os resultados começam a aparecer na sala regular, os professores percebem a importância deste trabalho. O processo de mudança é lento e sutil; é preciso estar atento para percebê-lo. Às vezes, a ansiedade faz com que o professor espere uma mudança rápida, mas geralmente não é essa a realidade.

GAPEs24

A demanda maior é para o GAPEs - Grupo de Apoio Pedagógico Especializado; sua concepção é muito importante, na opinião de Luciana, pois responde questões até agora não contempladas em profundidade. Aliado ao trabalho do Programa de Interação Família Escola tem tudo para fazer a diferença e aumentar a qualidade da educação oferecida pelo Município.

O GAPEs não trabalha com a alfabetização; este é o papel do GAP25. O GAPEs cuida da estimulação da parte sensorial e neurológica de alunos com deficiência e também com necessidades educacionais especiais, como disléxicos e com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), casos que se destacam e demandam atenção diferenciada.

Luciana acredita que esta é uma iniciativa pioneira de Taboão da Serra e que merece ser reeditada em outros municípios.

O GAPEs tem uma sistemática que Luciana considera importante: todas as quintas feiras há um encontro com a Coordenadora do Programa. Os professores relatam os problemas e dificuldades encontrados, a avaliação do trabalho com o aluno. Em seguida, a Coordenadora faz uma apresentação, respondendo às questões levantadas e dando referenciais teóricos.

Relacionamento com a família

Luciana também é professora visitadora no Programa de Interação Família – Escola. Lamenta ter feito poucas visitas em 2008, pois a montagem da Sala Multifuncional demandou mais tempo do que previra inicialmente.

Ela também aproveita para conversar com a mãe na escola. Como leciona há muitos anos e tem uma boa relação com os pais, sente que tem espaço para falar sobre as dificuldades dos filhos, com tranqüilidade.

As conversas com os pais podem ser individuais ou em grupos. Neste último caso, esforça-se para criar um clima gostoso, com chá e bolinhos.

23 ADI = Auxiliar do Desenvolvimento Infantil 24 GAPEs – Grupo de Apoio Pedagógico Especializado – destinado a atender crianças com atraso ou dificuldades no desenvolvimento global. 25 GAP - Grupo de Apoio Pedagógico

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Esses momentos também funcionam para avaliar o progresso da criança. Os pais relatam as diferenças que observam no processo de socialização, aumento da auto-estima, enfim, as conquistas que percebem nos filhos.

Recursos pedagógicos

Na Sala Multifuncional, Luciana continua a prática que desenvolveu quando trabalhava na sala especial: cria jogos, utilizando dados e pinos, entre outros elementos. Construiu trilhas gigantes, com pinos feitos pelas crianças no pátio. Os jogos são também são utilizados na própria sala. Outros exemplos: jogo da velha, jogo da memória, quebra cabeças, que as crianças podem levar para casa.

Para construí-los, ela utiliza sucata e reaproveita materiais: as pecinhas dos jogos podem ser guardadas em caixas de CD. Para fazer a avaliação, fichas e bolas de gude são boas opções. Como ela diz, “Não dá para parar de trabalhar por falta de material”.

Para Luciana, a Sala é de estimulação; não gosta do termo “reforço”.

Conquistas dos alunos

Luciana diz que o que mais a impressiona é a recuperação da auto-estima das crianças que passam pela Sala Multifuncional, a despeito das interrupções na freqüência, devidas a tratamentos, cirurgias, falta de transporte acessível e outros problemas decorrentes da condição da deficiência ou da situação familiar.

Os professores da sala regular notam que os alunos que freqüentam a Sala estão mais interessados e até mesmo seu comportamento em sala de aula melhorou.

Luciana envia relatórios das intervenções feitas tanto na Sala Multifuncional quanto no GAPEs, assim como orientações e sugestões de trabalho ao professor da sala regular.

Desenvolve-se, assim, um trabalho em mão dupla, envolvendo as professoras da sala regular e da Multifuncional. Os resultados aparecem e são positivos, para todos os envolvidos.

Acessibilidade da EMEF

O prédio tem escadas, mas estão previstas obras em breve. A EMEF é composta por dois prédios e nenhum tem rampas.

Os banheiros não são adaptados. A ADI acompanha as crianças com deficiência no recreio e na hora do lanche. O espaço do recreio deixa a desejar, no quesito de acessibilidade.

Opinião

Com base em sua vivência diversificada, pois já foi professora de sala regular, assistente de direção e coordenadora, Luciana identificou pontos que podem ser aprimorados:

Atividades referentes às habilidades necessárias à vida diária (AVD) não são oferecidas e fazem muita falta. Deveriam sê-lo;

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Falta trabalhar com os professores das salas regulares o tema da Inclusão, dentro da própria escola e de forma contínua. É preciso ir além de palestras, que são importantes, sim, mas não dão conta do recado;

O professor não está sendo formado para saber enfrentar a realidade da sala de aula. Nem sempre, por exemplo, ele sabe relacionar as fases do desenvolvimento infantil com o conteúdo pedagógico a ser transmitido e as atividades correspondentes;

Nem sempre o professor é formado para acompanhar o aluno que se desenvolve com mais facilidade em uma área e apresenta dificuldades em outras e não sabe como selecionar exercícios e atividades correspondentes. Para Luciana, essa constatação se apresenta com mais ênfase para a criança que tem uma deficiência intelectual;

É preciso tratar o professor com delicadeza e instrumentá-lo. Não se deve dizer: “Sua formação não é adequada”. É preciso respeitar o professor;

Ela considera que uma semana de capacitação por ano é pouco;

Nem todos os professores sabem usar as ferramentas de planejamento, que merecem ser conhecidas e aplicadas, pois podem facilitar muito seu trabalho;

Falar sobre o papel do GAPEs e da Sala Multifuncional nos horários de HTC é muito importante, pois nem todos os professores estão preparados para a inclusão.

A voz da Equipe Multidisciplinar

A regência da Sala está sob a responsabilidade de duas professoras experientes, o que explica os bons resultados obtidos já neste primeiro ano de funcionamento, pois o trabalho aí realizado favorece o processo de aprendizagem das crianças que precisam deste tipo de atendimento.

No início do trabalho, a Equipe Multidisciplinar avaliou e encaminhou as crianças que freqüentariam este espaço, com recomendações para as professoras.

O papel da Equipe, após este momento inicial, é o de atuar como ponte entre as escolas do entorno da EMEF Maria José Luizetto e a Sala Multifuncional, fazendo acompanhamento e facilitando contatos.

Professora Maria da Glória Moraes da Silva

Escola: EMI Franjinha

Nível: Jardim II

Formação acadêmica: Magistério

Tempo de magistério: 2 anos; formou-se em 1992, mas só recentemente começou a exercer

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Formação continuada: Fez alguns cursos, anos atrás. Atualmente cursa Letra e Vida, que tem 18 meses de duração

Sua trajetória no Magistério

Maria da Glória conta que ser professora era seu sonho e de seus pais. Porém, depois de formada não seguiu a carreira. Veio do interior da Bahia para o Estado de São Paulo, trabalhando em outras áreas que não a do magistério. Até que uma sobrinha, professora da rede municipal, estimulou-a a prestar o concurso em Taboão da Serra.

Foi aprovada e começou a trabalhar, há dois anos.

Contato com pessoas com deficiência

Até 2007, Glória teve poucos contatos com pessoas com deficiência e não de forma direta. Nesse ano, recebeu Maria 26, uma menina cadeirante com alto grau de comprometimento nos membros superiores e inferiores. Sem movimentos, dependia de terceiros para todas as atividades e faltava muito, pois seu quadro era de natureza degenerativa.

Ela e Ednea, que desempenha a função de ADI – Auxiliar de Desenvolvimento Infantil trabalharam em conjunto desde o início do ano letivo. As demais colegas estimularam e forneceram informações.

Este ano, Glória recebeu dois alunos com deficiência: o João 27 e o Gabriel28 estão em sua sala, que tem 28 crianças ao todo.

João

Ainda está com a fenda palatina aberta, o que pode acarretar diversas complicações. Ele está com problemas de audição e Glória desconfia que sua visão também foi afetada – um quadro complexo, que certamente requer atenção e cuidado.

A família está com dificuldades para cuidar dele de forma adequada. Glória recorreu à Equipe Multidisciplinar para reforçar a importância do cuidado junto à família.

26 Nome fictício 27 Nome fictício 28 Idem

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No começo do ano letivo, o processo de aprendizagem de João estava indo muito bem: ele já sabia seu nome e não precisava mais usar o crachá. Porém, ao voltar das férias de julho Glória percebeu que ele regrediu. Um dos sinais foi que voltou a usar o crachá e, observando-o com atenção, a professora desconfia que sua visão possa estar afetada de alguma forma.

João vem de uma família que está passando por dificuldades, tanto assim que saiu da escola antes do final do ano letivo. É possível que esta situação tenha contribuído para agravar seu quadro.

Gabriel

Tem 6 anos. Entrou em maio; tem hidrocefalia e a parte motora ficou comprometida, mas não o lado cognitivo, que está totalmente preservado. Gabriel se locomove com uma cadeira de rodas, da qual não sai. Usa fralda.

Glória diz que, no início, se sentiu meio perdida e não sabia como trabalhar com ele. Gradualmente foi se sentindo mais capaz, pois conta com o respaldo da Equipe Multidisciplinar, dos colegas e da ADI que está em sua sala, a Ednea, a mesma que trabalha com a professora Myrian, no outro turno, o que facilita a troca de informações e estratégias entre elas.

Gabriel tem a capacidade de verbalização desenvolvida; ao contrário de João, conta com suporte familiar e atenção, o que acaba se refletindo positivamente em seu processo educacional.

Tecnologia assistiva

Como Gabriel não consegue manusear lápis comum, a escola comprou lápis mais grossos e a terapeuta ocupacional que o atende fez um suporte. Porém, não estava funcionando satisfatoriamente, pois a mesa dele é baixa e ele não conseguia manter sua cabeça em posição ereta. A Equipe Multidisciplinar sugeriu a construção de um plano inclinado. Glória repassou a sugestão à mãe e a terapeuta ocupacional, então, construiu o plano inclinado, que resolveu a situação.

Quem entra na sala vê o plano inclinado, pois está sempre sobre a mesa do Gabriel. Glória não divulgou este recurso para os outros professores, o que seria importante, pois a escola pode receber outros alunos que tenham condição semelhante. Ela se dispõe a fazê-lo, claro, caso haja perguntas.

A escrita apresenta problemas: a ADI precisa segurar sua mão para que ele possa escrever. A solução parece ser uma pulseira de peso. A mãe já foi avisada e irá providenciar. Ele se cansa rapidamente.

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Relacionamento com os colegas

Antes do João e Gabriel chegarem, Glória fez uma roda de conversa com as crianças, para prepará-las para receber os colegas. Dentre outros materiais, utilizou um cartaz da Turma da Mônica sobre Diversidade, que está pregado na parede.

Assim, a chegada de ambos foi tranqüila; o relacionamento entre eles é muito bom e não há problemas. As crianças disputam para ver quem vai ajudá-los. Gabriel corre em sua cadeira com os demais. Ele conhece seus limites, mas não deixa que

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interfiram em suas atividades e no que deseja fazer. Ele chora quando não pode ir à escola. Gabriel tem capacidade e sabe o que quer.

Acessibilidade na escola

A escola tem uma rampa na entrada. O prédio é térreo, o que facilita a locomoção. Não há problemas no refeitório. O banheiro não tem adaptação, mas se for necessário trocar um deles, já pensaram em como improvisar um lugar reservado. Até agora, isso não aconteceu, pois a mãe dele é muito cuidadosa.

João aprendeu a beber água sozinho e também foi estimulado a se alimentar sozinho, com o apoio da ADI Ednea. Ele precisa mastigar muito bem, para não se engasgar com os alimentos.

Relacionamento com a família

Glória preza esta relação e o intercâmbio de informações resultante. Ela define desta forma: graças ao contato com a professora, a mãe leva a sala de aula para o consultório, seja do médico ou da equipe de reabilitação e traz alternativas e sugestões, como o caso do plano inclinado e do suporte. A criança sai ganhando.

Sugestão

A partir de sua experiência com alunos com necessidades tão diversas, Glória percebe que falta um curso de Primeiros Socorros, bem prático, para professores e funcionários. Afinal, não só as crianças com deficiência podem passar por uma situação de emergência, como João, que tem a fenda palatina aberta. Crianças estão sujeitas a acidentes e é importante saber que providências imediatas tomar.

Programa de Interação Família – Escola

Glória participa deste Programa, também conhecido como “Professor Visitador”, desenvolvido na rede municipal de ensino de Taboão da Serra desde 2005, pela Secretaria de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia. É um projeto inovador, que estimula os professores a visitar a família de seus alunos, em sua casa. Assim, os educadores conseguem estreitar o relacionamento entre mães e pais com a escola.

Em sua opinião, é muito importante envolver-se com esta atividade, porque é uma forma de conhecer melhor a família e o ambiente de seus alunos, possibilitando formar uma visão mais abrangente sobre a criança.

Balanço da experiência

Glória diz estar pronta e disposta a receber outras crianças com deficiência. Percebe o quanto aprendeu, até mesmo a valorizar seu “lado perfeito”, a valorizar o

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que temos. Percebe que a força vital de João e do Gabriel é muito grande. Por haver visitado suas casas, sabe das dificuldades que as famílias enfrentam, mas elas não os impedem de sorrir e serem felizes.

Também percebe a riqueza do trabalho com a Equipe Multidisciplinar. Gostou de aprender novas estratégias e de trabalhar em conjunto. Seu trabalho cresceu e se renovou.

A voz da Equipe Multidisciplinar

Como Maria da Glória não tinha experiências anteriores de trabalhar com crianças com deficiência, a Equipe teve uma atuação mais vigorosa, no sentido de dar orientações e acompanhar o trabalho. A Equipe também conversou com a família, orientando-a sobre a necessidade de construir um plano inclinado.

Foi um trabalho em parceria, pois a professora trouxe suas preocupações e acatou as orientações dadas pela Equipe.

Diretora Márcia Aparecida de Oliveira

Escola: EMEF Ugo Arduini

Professora da rede municipal; foi designada diretora na rede municipal há 4 anos; trabalhou no Estado como diretora por 11 anos, sempre na mesma escola, no Taboão

Formação: Graduação em Pedagogia e Artes

Tempo de magistério: 19anos

A escola e os alunos com deficiência

A EMEF Ugo Arduini tem 48 alunos com deficiência; destes, 36 estão em classes regulares (“alunos de inclusão”), distribuídos pelos 4 períodos em que a escola funciona, evitando que fiquem concentrados em um único período, o que seria exatamente o oposto da inclusão. Dos 36, 4 estão cursando a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Márcia conta que os professores reagem de diferentes maneiras à presença de alunos com deficiência em sua sala de aula: há os que acreditam na inclusão e recebem estes alunos de braços abertos. Porém, infelizmente, em sua opinião, alguns professores ainda não se sentem seguros para trabalhar com a inclusão, pois não acreditam que o aluno com deficiência pode apresentar os avanços esperados em seu processo de aprendizagem. Por mais que estes avanços sejam mostrados, eles resistem às evidências. Acham que o seu aluno é “pior” (no sentido

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de ter um comprometimento maior) que o do colega, que aprendeu. Assim, ela acha que ainda falta muito para que o professor mude seu olhar em relação aos alunos com algum tipo de deficiência.

Desta forma, os professores que abraçam a inclusão acabam sobrecarregados, de certa forma: há salas com 3 alunos com deficiência e outras com nenhum.

A diretora conclui que esta postura denota insegurança e falta de conscientização por parte dos professores. Ela acredita firmemente que todos os alunos têm capacidade e aprendem, até que alcancem o seu limite. Embora todos tenham capacidade, nem todos têm oportunidade. Nem sempre a inclusão que ocorre é a ideal.

Os pais procuram a EMEF Ugo Arduini dizendo: “Ouvi falar que aqui vocês aceitam casos como o do meu filho”. Estabelecem boas relações com a escola e têm prazer em contar os avanços que notam no filho: cantar a música que aprendeu na sala, aprender a recortar, escrever o nome, reconhecer as letras. Os pais valorizam a educação e os progressos obtidos.

A EMEF ainda tem classes especiais, que tendem a se transformar em AEE – Atendimento Educacional Especializado. Cada vez que um aluno destas salas é transferido para uma sala regular, os pais manifestam seu receio; por eles, num primeiro momento, seus filhos permaneceriam lá. Nos primeiros dias após a mudança, alguns ficam no corredor ou nos arredores, atentos a eventuais problemas.

Os que foram incluídos avançaram muito e os pais estão encantados com os resultados.

HTC – Horário de Trabalho Coletivo

O tema da inclusão é discutido nesses horários. Uma das razões da resistência dos professores é o elevado número de alunos de cada sala – 38 – pois há falta de escolas nessa região. Embora tenha sido inaugurada uma escola nas proximidades, em 2008, a demanda por matrículas continua alta.

Por outro lado, Márcia observa que, quando o professor realmente se empenha, ele consegue dar conta dos 38 e “mais o aluno com deficiência”.

Sala especial

A sala especial da EMEF foi inaugurada em 2007. A escola tinha poucos alunos incluídos e essa classe foi aberta para atender casos complexos de alunos com deficiência intelectual. Era uma demanda que estava chegando à escola; os alunos eram pequenos e não preenchiam os critérios de elegibilidade do Centro Municipal de Habilitação e Reabilitação Amor Perfeito.

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Márcia conversou com a Equipe Multidisciplinar e, contando com o seu respaldo técnico, abriu esta sala.

Para 2009, a EMEF deve receber o GAPEs (Grupo de Apoio Pedagógico Especializado), que foi solicitado em 2008.

Em 2008, dois alunos da escola foram atendidos no contraturno, no Laboratório de Aprendizagem, com bons resultados. O GAPEs trabalharia com os alunos que atualmente cursam o ensino regular, mas freqüentam uma sala com número muito elevado de colegas. Eles teriam o atendimento especializado a que têm direito. O GAPEs atende alunos com todos os tipos de deficiência.

Atitudes dos pais frente à deficiência

Márcia relata sua experiência com algumas famílias, que resistem à orientação para que levem seus filhos para fazer exames que possam comprovar uma eventual deficiência. Assumem uma posição defensiva, indagando o que ela quer dizer ao recomendar a realização desses exames. Há casos em que o Dr. Paulo, da Equipe Multidisciplinar, fez encaminhamentos para serviços especializados e muitas vezes os pais engavetam a solicitação e não fazem o exame ou fazem e não trazem o laudo para a escola. Há outros casos que a própria Equipe Multidisciplinar já tem um diagnóstico da criança, pois fez uma avaliação preliminar e aguarda os resultados de uma investigação mais profunda e detalhada, que os pais se recusam a fazer.

Para aqueles que têm dificuldade em aceitar uma limitação de seu filho, a atitude mais cômoda é culpar o professor ou a escola.

São freqüentes os casos de pais que, embora tenham esta dificuldade, participam das reuniões de pais e mestres, mas se recusam a conversar sobre o assunto.

A seu ver, muitos pais são carentes e também precisam de atenção. Ela constata que, quando começam a falar sobre os filhos, rapidamente passam a falar de seus problemas. É importante ter esta escuta e acolhê-los.

Balanço da inclusão na escola

Para Márcia, a avaliação é boa: o desempenho dos alunos incluídos foi positivo, com exceção de um caso. Alguns tiveram avanços mais significativos que outros, o que é natural.

Os funcionários da EMEF gostam das crianças com deficiência e as tratam bem. As merendeiras, por exemplo, fazem bolo para comemorar o aniversário delas. Quando necessário, preparam a comida da forma adequada às suas necessidades.

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Para a diretora, esse comportamento reflete a postura da escola como um todo, que acolhe o diferente. Os alunos incluídos, por sua vez, são crianças tranqüilas e carinhosas, o que também facilita sua aceitação.

Os colegas cuidam deles e os protegem. Há classes em que há dois ou três alunos com deficiência, que às vezes brigam entre si, geralmente por ciúme. Os outros intervêm e chamam a professora para resolver a situação.

Márcia considera importante a abertura de momentos para troca de experiência entre os diretores, onde poderiam discutir experiências de inclusões vividas em suas escolas. Seria importante ter este espaço.

Aprendizado sobre a Inclusão

Quando sente necessidade de ter mais informações, Márcia recorre à Equipe Multidisciplinar e também faz pesquisas utilizando a Internet.

A rede municipal e a Inclusão

Márcia constata que o processo de inclusão está em curso; em suas palavras, “ele está engatinhando, mas é verdadeiro, não é de faz de conta”. Ela acredita que daqui para adiante o processo vai pegar outro ritmo e vai crescer mais, pois “estamos aprendendo”. Ela conta com o apoio da Secretaria de Educação e da Equipe Multidisciplinar para avançar a passos mais largos e firmes.

Em sua opinião, os professores precisam se conscientizar do poder que têm para transmitir conhecimentos para os alunos com deficiência; muitos não acreditam em si mesmos.

Ela sente falta de uma parceria mais efetiva entre todas as Secretarias municipais e ações integradas, principalmente com a Secretaria da Saúde. Por exemplo: é muito difícil conseguir que um aluno tenha o atendimento de oftalmologia ou fonoaudiologia de que precisa.

Muitos diretores deveriam conhecer mais sobre a inclusão, até para orientar melhor os professores de sua escola.

Finalizando, Márcia diz que “A inclusão é linda! A escola é o começo de tudo na nossa vida e precisamos fazer acontecer o processo educacional da melhor forma”.

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Anexos

1. Roteiro de entrevista - Identificação de práticas educacionais significativas

Dados cadastrais

Professor (a): ___________

Disciplina: ______________

Série: __________________

Escola: _________________

Prática: _________________

Professor (a)

Formação: ______________

Tempo de magistério:______

Participação em capacitações, formação continuada, cursos, especializações________________

Contato com o tema da Deficiência _____________

Razões que a (o) levaram a desenvolver esta prática __________

Sua avaliação da prática ________________________

Aluno (a)

Primeiro nome

Sexo

Idade

Série

Tipo de deficiência

Mais de um aluno com deficiência

Continuidade da vida escolar deste aluno

Prática

Ano de início

Está acontecendo em 2008?

Principais características

Apoio (s) recebido (s)

o Da rede

o De outros recursos da comunidade

o Outros

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Se não recebeu apoio, sentiu falta?

o Do que?

o De onde deveria vir esse apoio?

Equipamentos utilizados

Recursos utilizados

Estratégias utilizadas

Envolvimento da comunidade escolar (da Direção aos funcionários e familiares)

Resultados e impactos: classe/escola/família dos alunos

Pretende continuar a prática

Algumas alterações

Como vê a multiplicação desta prática em outras escolas

o No Taboão

o Outros municípios

Documentação: sua/alunos/outras

Como são as condições de acessibilidade em sua escola?

o Elas interferiram com a prática?

o O que você propõe para melhorar estas condições?

2. DECRETO 033/2005

Considerando a Deliberação do Conselho Municipal de Educação de Taboão da Serra nº. 002 de 18 de maio de 2005;

Considerando que o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente deve ser promovido com envolvimento direto das escolas e das famílias;

Considerando a importância de se ampliar a rede de proteção social às crianças e aos adolescentes, envolvendo direitos à educação de qualidade e a salvo de toda forma de negligência e de discriminação, conforme preceituam os artigos 1º e 2º da Lei nº 9394 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional;

Considerando o Educador como base do processo de ensino e de aprendizagem e influente nas relações com a família do educando;

EVILÁSIO CAVALCANTE DE FARIAS, Prefeito Municipal de Taboão da Serra, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas, DECRETA:

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DECRETO Nº 033 DE 23 DE MAIO DE 2005

Dispõe sobre: A instituição do Programa de Interação Família e Escola.

Artigo 1º. Fica instituído no Município de Taboão da Serra, o Programa de Interação Família e Escola com objetivo de ampliar a rede de proteção social da criança e do adolescente.

Artigo 2º. Participarão do Programa todos os educadores da rede municipal de ensino.

Artigo 3º. À Secretaria Municipal de Educação caberá a definição das normas para execução do Programa e a formulação dos requisitos para inclusão dos participantes nos critérios de valorização e desenvolvimento dos profissionais da educação.

Artigo 4º. As despesas decorrentes da execução do presente decreto correrão por conta de dotações orçamentárias próprias consignadas no orçamento vigente e a serem consignadas nas propostas orçamentárias dos exercícios futuros.

Artigo 5º. Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Prefeitura Municipal de Taboão da Serra, aos 23 (vinte e três) de maio de 2005. EVILÁSIO CAVALCANTE DE FARIAS Prefeito Municipal

ANTÔNIO CESAR RUSSI CALLEGARI Secretário Municipal de Educação e Cultura

PAULO SILAS ALVARENGA DE MELO Secretário Municipal de Governo

Registrado e Publicado na Secretaria Municipal de Governo, aos 23 (vinte e três) de maio de 2005.

3. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 001/2005

CESAR CALLEGARI, Secretário Municipal de Educação e Cultura, no uso de suas atribuições e de acordo com o artigo 3º. do Decreto nº. 033 de 23 de maio de 2005, que institui o Programa de Interação Família e Escola, define as normas para a sua execução em todas as Escolas Municipais de Ensino Fundamental:

Artigo 1º. Todas as Escolas Municipais de Ensino Fundamental deverão desencadear as discussões sobre o Programa de Interação Família e Escola, e elaborar seus projetos que figurarão nos respectivos Planos de Gestão.

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Parágrafo único – Os projetos, além das justificativas e dos objetivos gerais e específicos deverão conter: planos e critérios para organização de visitas às famílias dos alunos; instrumentos para controle dos resultados; mecanismos de controle das intervenções objetivando a melhoria do ensino e da aprendizagem.

Artigo 2º. O estreitamento das relações entre a família e a escola será efetivado através de visitas fora do horário regular das aulas pelo professor (a) e devidamente comunicadas à família do aluno.

Parágrafo único - Das visitas realizadas é imprescindível a elaboração de relatórios, bem como a realização de reuniões objetivando as discussões que levem à tomada de decisões para melhoria do desempenho pedagógico da unidade escolar.

Artigo 3º. Exercerão a coordenação do Programa nas unidades escolares, os diretores, os assistentes de diretor ou coordenadores pedagógicos.

Parágrafo 1º. A equipe de coordenação, constituída conforme caput do artigo, é responsável pela definição dos critérios para organização do cronograma de visitas, pelos registros das ações e pelo acompanhamento dos relatórios de visitas efetivadas pelos professores;

Parágrafo 2º. Mensalmente, em datas acordadas, a equipe deverá comunicar à Secretaria Municipal de Educação e Cultura o cronograma de visitas do mês subseqüente acompanhado da relação nominal dos alunos alvo das visitas;

Parágrafo 3º Ao final de cada mês, a coordenação do Programa será responsável pela elaboração do relatório de execução do Programa da unidade escolar e encaminhamento à Secretaria Municipal de Educação e Cultura.

Parágrafo 4º - A coordenação será indicada na seguinte conformidade: até 10 docentes envolvidos – 1 membro; de 11 a 20 docentes envolvidos – 2 membros; a partir de 21 docentes envolvidos – de 2 a 3 membros.

Artigo 4º. A cada visita realizada de acordo com as formalidades estabelecidas no Programa da unidade escolar, o professor(a) fará jus a ajuda de custo no valor de R$ 30,00 (trinta reais) a serem pagos mensalmente em forma de hora extra nos termos da legislação vigente.

Artigo 5º. Aos membros da equipe de coordenação será estabelecida gratificação correspondente à 10 (dez) visitas-mensais.

Artigo 6º. Em nenhuma hipótese os valores definidos nos artigos anteriores serão incorporados ao salário base ou a demais vantagens estatutárias e nem serão acrescidas eventuais despesas, a título de transporte.

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Parágrafo único – O Projeto da Unidade Escolar deve ser analisado pela Equipe Técnica da Secretaria Municipal de Educação e Cultura.

Artigo 7º. Anualmente poderá haver revisão da planilha de custos que acompanha em forma de anexo a presente Instrução Normativa para efeitos de programação financeira.

Artigo 8º. A presente Instrução Normativa entra em vigor na presente data.

Taboão da Serra, 30 de maio de 2005.

CESAR CALLEGARI

Secretário Municipal de Educação

4. Currículo vitae – Marta Gil

Marta Gil formou-se em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Atua na área da Deficiência desde 1976, quando desenhou e coordenou a pesquisa sociológica “Perfil dos brasileiros portadores de deficiência visual” (1976/1982), apoiada pela Fundação Projeto Rondon, que pesquisou as áreas mais carentes de nove Estados brasileiros, entrevistando pouco mais de 6.000 pessoas.

É uma das fundadoras e Coordenadora Executiva do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas (www.amankay.org.br), ONG que desde 1989 atua com a Disseminação da Informação e da Comunicação para segmentos sociais em situação de risco, com destaque para o tema da Deficiência.

Em 1989 foi selecionada como Fellow pela Ashoka Empreendedores Sociais, pela apresentação do projeto REINTEGRA – Rede de Informações Integradas sobre Deficiência, que foi implantado na USP – Universidade de São Paulo, em 1990, em parceria com o Amankay, inaugurando um campo de ação na Universidade e provavelmente no Brasil: a atuação em rede, utilizando a Informação e a Comunicação para estimular a inclusão social e a cidadania das pessoas com deficiência.

O crescimento da REINTEGRA gerou desdobramentos, sendo o mais importante a Rede SACI – Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação, referência no Brasil, criada em 1999, com apoio da Fundação Telefônica e de Vitae. Foi uma das responsáveis pela concepção do projeto e sua Coordenadora até abril de 2006.

Desde 1990, suas áreas de competência são Comunicação e Disseminação da Informação na área da Deficiência, com destaque para Educação, Trabalho e Sexualidade.

Além de sua atuação como consultora de empresas e de órgãos municipais, participa como palestrante em congressos, conferências e encontros nacionais e internacionais.

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Consultoria a empresas, escolas e municípios

Monsanto, Alcoa, Unilever (São Paulo e Itaici); Hospital Samaritano; Banco Real ABN Amro; Vivo; SEBRAE/Ceará; Escola Novo Ângulo Novo Esquema; CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz; CPM Braxis, Taboão da Serra, SP, Cubatão, SP.

Publicações

Dentre as publicações que organizou e/ou participou, destacam-se as mais recentes: “Diversidade e Equidade- metodologia para censo nas empresas” (colaboradora convidada); “Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas” – Pesquisa 2007, Instituto Ethos e IBOPE (colaboradora convidada); “O que as empresas podem fazer pela inclusão das pessoas com deficiência”; “Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso?”; “Acessibilidade – Campanha Acesso de Humor”, “Antes de ensinar, aprender” – comentários in Causos do ECA – Histórias de Todos Nós, Fundação Telefônica; Vida em Movimento – encarte.

Coordenação de projetos

Entre os projetos que coordenou destacam-se: a pesquisa “Pessoas com Deficiência e HIV/aids: interfaces e perspectivas”; kit “Vida em Movimento”; pesquisa “Sinalizando a Saúde para Todos”; Reintegra - Rede de Informações Integradas sobre Deficiências; Rede SACI - Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação; Campanha Acesso de Humor e Inclusão e a pesquisa “Caracterização sociológica de indivíduos portadores de cegueira e deficiência visual”.

Entre as instituições e projetos em que foi consultora, destacam-se: a equipe de Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo do Banco Mundial; o Departamento Nacional do SESI; o Programa de DST Aids da Cidade de São Paulo; a Secretaria de Educação à Distância do MEC - Ministério da Educação e o CTDRHU - Centro de Treinamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.

Outras atividades

Seleção de projetos empresariais que compõem o Guia Exame de Boas Práticas Corporativas - Revista Exame (2002 e 2003); capacitação de monitores e elaboração de material didático para o Programa Acessa São Paulo, da Casa Civil do Governo do Estado (2006); Projeto Escola de Todos, parceria com a área de Desenvolvimento Inclusivo do Banco Mundial, Iniciativa Latinoamérica (Uruguai), CEDAPS Centro de Promoção da Saúde e o IIDI – Instituto Interamericano Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo; membro do Comitê de Trabalho da FBASD - Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down; Diretora da Casa de Vital Brazil.

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Premiações

Em reconhecimento do trabalho

2003 – Fórum de Líderes Sociais – Gazeta Mercantil, Ashoka Empreendedores Sociais e Instituto Ethos de Responsabilidade Social

2002 – Prêmio Mulher do Ano – Revista Cláudia (finalista)

Natureza institucional

2000/01 - Anuário Brasileiro de Telecomunicações - categoria Cidadania

2001 - Prêmio Rádio Eldorado - Star Media - categoria Cidadania Menção Honrosa

2004 – Selo Imprensa Social – conferido pela Comissão Editorial da IMESP – Imprensa Oficial do Estado, para a publicação “Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso?”

2004/05 - Menção Honrosa no concurso "Projetos Inovadores Sociais", promovido pela CEPAL/ONU e apoiado pela Fundação Kellogg. Esta primeira edição do concurso, que abrangeu a região da América Latina e Caribe, recebeu 1.600 projetos, dos quais foram selecionados 20 finalistas, dentre eles a Rede SACI.

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Tel. (11) 5531-8895; 7222-4060