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|~\ESDE a quarta-feira de cinzas estamos na Quaresma,pe-ríodo que tem a duração de 40 dias e daí o nome que lhe

foi dado. Quaresma quer dizer quarentena e vem do latim:quadragesima.

Esse espaço de tempo é destinado pela Igreja ao jejum, ipenitência, aos retiros espirituais, à preparação, enfim, paraas piedosas comemorações da Semana Santa.

Jesus, filho de Maria e do carpinteiro José, viveu trinta etrês anos entre gente simples e humilde, ensinando a bonda-de, a paciência e a candura.

Aqueles mesmos, porém, aos quais tinha vindo ensinarcoisas tão belas e sublimes, e falar da existência de uma outraVida, do reino do seu Pai, no qual todos podemos entrar umdia desde que sejamos virtuosos, puros e humildes de coração,— ergueram contra Êle os punhos cerrados do ódio e da vio-lência, levando sua fúria a ponto de O prender, martirizar ecrucificar.

Três dias após a morte ignominiosa na cruz, entre dois Ia-drões — era essa a maneira de punir os ladrões, naquele tem-po — Jesus ressusscitou e tornou ao reino celeste, o reino deque sempre falara aos homens nos seus sermões e parábolas,e no qual nem todos — como ainda hoje — queriam crer.

£ esse martírio do Filho de Deus, sua morte na cruz doCalvário, a ressurreição na madrugada do terceiro dia, que aIgreja Católica recorda, e comemora, na Semana Santa.

Todos os atos, pois, todas as cerimônias que se realizamnesses dias que vão chegar, têm uma significação especial, e aeles devemos comparecer respeitosamente, com a contrição eo recolhimento de verdadeiros católicos e crentes.

VOVÔ

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CHARCOTVerão de 1903. Sob o sol de

agosto, um esbélto veleiro pinta-do de branco ancorava no Havre.Trazia na pôpta o nome brilhanttem letras de cobre polido: "LeFrançais".

Era o barco de Jean Charcot,pronto para grandes empreendi-mentos.

No passadiço o comandanteolha para longe: revê as costas daIslândia e Jan Mayen, onde fezseus primeiros cruzeiros e recor-da ainda as noites sem treva dosmares gelados, as paisagens debruma, as fantásticas penedias...

Tudo aquilo, porém, não íôra maisque um treinamento. Agora, sente-sepronto. Preparado para a execução deum grande projeto amadurecido longa-mente.

E' noite. Silencioso, Charcot subiua escada do passadiço estreito. O oficialde quarto é rendido por êle. Charcot sedebruça à amurada. Os primeiros ice-bergs do Antártico começam a aparecer.

O TICO-TICO

O veleiro avança em ziz-zag, esguei-rando-se entre as ilhas surgidas na ne-blina O cavername vibra e geme, sob apressão dos blocos de gelo. Charcot,apesar do mau tempo, permanece horasinteiras no passadiço, dirigindo as ma-nobras. As costas geladas brilham comoum espelho colossal posto à frente donavio.

MARÇO, 1955

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ÊÊÊmmmWÍ^__S_S _¦¦___ wOfJ9m\* mr^ir^err&V mWÍc^mmmmt

—¦•3 S fln/r -w. i ¦¦¦¦

Bandos de alcatrazes, ou corvos ma-rinhos, vêm crocitar em torno das vêr-gas. Uma noite, tendo cessado o vento,ouvem os homens da equipagem, na tre-va, um canto estranho, espécie de melo-Péia lenta e ritmada.

— Ouçam, disse Charcot. São assereias, que nos chamam.. . Mudos, osniarujos se quedam a ouvir.

?.*:/ ', -. ;¦'»,,*.

Todos se põem a trabalhar: levanta-Centos geográficos, sondagens, estudos

e rochas e de animais, reconheclmen-tQs nas regiões virgens.Nove meses se passam, dessa forma.

nda a primavera. Novas terras estãoassinaladas nos mapas. Chega o momen-t0 de dizer adeus à Antártida.MA«ÇO, 1955

__!____Os últimos pontos assinalados nas

cartas foram ultrapassados.Depois de um mês de navegação, o"Français" se aproxima de uma terra

baixa. Pequenas cabanas de madeiraaparecem. Pingüins vêm familiarraen-te misturar-se aos exploradores e focasadotam o hábito de dormir encostadas àcabine de Charcot que, dentro, ouve-asroncar.

O "Français" levanta ferros e rumapara o norte. Solitário, o comandanteretorna ao seu ninho de corvo, ao ladodo mastro grande. O mar, com seuritmo lento, embalava o navio e, den-tro da noite luminosa, Charcot sonhacom outros cruzeiros, outras descobertasno pais das geleiras, o seu domínio...

O TICO-TICO

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M!~mâ*fA'AÍl4ÍI

O avião de propul-são a jato foi inven-tado pelo inglêsFrank Whittle.

•Em várias regiões

da índia a côr do lu-to é o encarnadovivo.

Durante muito tem-po as bonecas que sevendiam no Brasileram importadas deoutro* países, princi-palmente da França.Hoje, porém, o nossopaís já tem fábricasde bonecas tão boni-tas e perfeitas comoas estrangeiras.

•No ano de 1922 é

que foi demolido omorro do Castelo(morro de São Ja-nuário) — para onde,em 1." de Março de1567, Mem de Sá ha-via transferido osfundamentos de Cl-dade de São Sebas-tíão do Rio de Janei-ro, realmente funda-da em i.° de Marçode 1565.

•Nunca esperes nem

exijas dos outros se-não um pouco menosdo que serias capazde fazer por eles —excelente c o n s e -lho que nos legouCondorcet.

6

Lembrem-se de ai-gumas definições:Sertão é grande ex-tensão de terra incul-ta (ou quase incul-ta), quase sempremulto afastada de lu-gares populosos. De-serto é uma regiãoestéril, despovoada,geralmente arenosa,onde não há águanem vegetação. Masnã0 esqueçam que hádesertos não apenasde areia — há, igualmente, de pedra e degelo. O maior domundo é de gelo: éo da Antártida.

•Pároco é sinônimo

de padre, cura. E'proparoxítono.

•A forma portuguê-

sa de Anvers é Antu-«r.pia Tambem ná sedeve dizer, em nossalingua, Algéria; ocerto é Argélia, Ar-gel.

Luiz Pasteur des-cobriu o soro contraa raiva em 1884.

Um pássaro pousa-do no mais fino ga-lho, não cái, emborasopre vento forte,porque nas suas pati-nhas existem certosmúsculos Que se con-traem desde que algofaça prrasão na par-te inferior. Enquantoêle estiver pousado, apatinha estará auto-màticamente fechadaem torno do galho.

-_&\ *"_*-—~1

O nome verdadeirodo chamado "bicho daseda" é bombix. Tra-ta-se de uma lagartae a seda é o fio comque o bombix cons-troi o seu casulo.

•Pensamento de Te-

místocles: A pregui-ça é a sepultura dosvivos.

•Prestem atenção ao

gênero destas pala-vras: o telefonema, o(champanhe, a gra-ma (planta), o gra-ma (peso), o teore-ma...

•O Brasil foi desco-berto em 22 de Abrilde 1500.

•Porto é um ancora-

douro para os navioscarregarem e descar-regar. Tem o nomec. barra a entradado porto. Os caise as docas são mu-ralhas de pedra ecimento, para que osnavios possam anco-rar com mais confôr.to, sem perigo. Quan-do ficam nas costas,os portos são maríti-mos; nos rios, sãofluviaisá e, situadosnos lagos, denomi-nam-se lacustree.

Digamos que te-mos, diante dos olhosuma planície multofértil; então damoso nome de várzea oucampina. Observa-mos que ela possuipequena vegetação —neste oaso, cabe-lhea denominação decharneca. E ainda hámais... Se ela se en-contra num prado, éprima. Situada àsmargens dos rios, ala-gadiça, é lezisia.

•Palavras do pensa-

dor francês La Ro-chefoucauld: "A feli-cidade está nos gos-tos e não nas coisas:e é só por ter a gen-te o que prefere queé feliz, e não por tero que os outros a-cham agradável".

• '"Dharma" é o co-

digo de conduta dascastas indianas.

•1

O TICO-TICO

Devemos sempretratar com carinho osanimais, princi-palmente aqueles quenos auxiliam em nos-sas tarefas, como ocavalo, o boi, o cão,etc.

Seria falta de inte-Iigência, e tambémingratidão, não reco-nhecer o valor do au-xílio que por eles nosé prestado.

MARÇO, 1955

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UJ/smáCÔBS DE SOMüHoQ-^

Tradução de MARIA MATILDE

HAVIA uma vez um velho pescador que mal ganhava para dar sustento à ta-

mília. Tinha por hábito lançar a rede quatro vezes. Uma noite de lua cheia, jo-gou a rede no mar e deixou-a mais tempo do que o costume e, ao retirá-la, sentiu-a tãopesada que julgou haver feito ótima pescaria.

Sua desilusão, porém, foi muito grande, ao ver que se tratava do corpo de umburro. Tirou o animal e tornou a atirar a rede, mas, quando a tirou da água, pas-sada uma hora, só recolheu pedras e areia.

Oh! estou sem sorte! — exclamou.E, suspendendo a rede, jogou-a mais uma vez ao mar.Já começava a amanhecer quando Júlio — assim se chamava o pescador, —

jogou a rede pela quarta vez.E nessa quarta vez veio nela uma grande vasilha de cobre, hermèticamen-

te fechada.Em todo caso, já é alguma coisa -disse o pescador mais satisfeito.-Ven-

derei esta vasilha ao funileiro e, com o dinheiro, já posso comprar algum man-timento.

Levou para a praia o recipiente, para examiná-lo com cuidado, e começoua fa?er força para abri-lo. Que haveria no seu interior? Cheio de curiosidade ecom o auxílio de uma faca, tirou, afinal, a lampa.março, 1955 o tico-tico 7

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Julio ficou espantado. Depois,mais calmo, perguntou:

Quem és ? E como é que,sendo tão grande, pudeste cabernesta vasilha?

Que te interessa isso, sevais morrer ?

Morrer!—exclamou o pes-cador.

Sim —replicou a mistério-i sa criatura. — Eu era um espírito

rebelde e, como castigo, eneer-raram-me nessa vasilha. Prometique, a quem me salvasse, dariatodas as riquezas do mundo, mascomo passaram os anos e nin-guém me salvou, enfureci-me atal ponto que fiz o solene jura-mento de matar aquele que melibertasse.

Bem... Se assim é—disseo pescador—eu me resignarei amorrer, —Hás de atender, porémao meu último desejo, e este ésaber a verdade sobre uma per-gunta que te vou fazer.

Pergunta o que quiseres— respondeu o Gênio. — Pergun-ta logo, então!

0 caso é que eu não acre-dito — disse o pescador — qwrealmente estavas dentro da vasi-

imediatamente começou a sair da vasilha |(,a & co_*re. Tu, grande assim?uma fumaça espessa, que, estendendo-se pela Çusta-me acreditar!praia, começou a subir até o céu, tomando logo __ p0js m \Q jur0 que falo aa forma de um homem- estranho e de grande ver_.a(]etamanho.s O TICO-TICO MARÇO, 1955

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!

Dentro do recipiente mal cabe teudedo mínimo! — prosseguiu o pescador.

Não reparaste como saí de lá ? — per-guntou o Gênio.

Vi que saía fumo — insistiu Júlio, e* se não torno a ver tal prodígio, não acredita-j rei nele, por mais que jures.Então eu te mostrarei. Vais ver como} eu cabia perfeitamente aí dentro!

E, transformando-se de novo em fumaça,começou a introduzir-se dentro da vasilha, atéQue desapareceu completamente.

Estás acreditando agora ? — perguntoulá de dentro, uma voz.

Em vez de responder, porém, Júlio apressou-se a tampar o recipiente, apertando comtoda a força e prendendo bem a tampa.

Abra! Abra! — gritava o gênio.Júlio, no entanto, permaneceu surdo às

suas súplicas, ameaças e ofertas. E, pegandona vasilha, atirou-a novamente ao mar, di-zendo:

Aí permanecerás por séculos e maisséculos, enquanto eu me encarregarei decontar esta história a todos, para que outro in-

| jeliz, como eu, não chegue a te dar a liberdade,

°em intencionado, e tornes à terra, só paraPraticar maldades.

Até hoje não foi libertado o fei-ticeiro.

0 pescador morreu de velho eempre contava aos filhos e netos

a sua estranha aventura, rindo àsgargalhadas ao recordar como con-seguira lograr o Gênio, fazendo-sehabilmente passar por tolo.

Na vida, às vezes é assim: a as-túcia e a presença de espírito nossalvam de situações desagradáveise ameaçadoras.

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^ARÇO, 1955 O TICO-TICO

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castanheiro é uma árvore frondosa e muito linda. Abre-se em bela copa e vive anos e anos ! No Monte Etna,na Itália, existe um que já completou o seu 4.° cente-

tenário !Conhecem-se muitas espécies de castanheiro e dizem os

livros que são em número de 17. A mais famosa é sem dúvida acastanha do Natal, tão nossa conhecida, e que nos vem daEuropa.

Um Natal sem castanha, é um Natal triste. Castanhassó não; castanhas, nozes, amêndoas, avelãs, tomaras, pas-sas, etc.

A castanha que existe entre nós, é a castanha do Pará.O castanheiro do Pará é árvore de belo porte, um dos es-

pécimcs móis bonitos da flora amazonense. Tem a copa larga,o tronco ereto, de madeira de lei e a sua entrecasca constitueótima estôpa empregada no calafeto das embarcações. E'encontrado aos grupos dentro da mato e, pomposo como umafidalga silvestre, abre o seu chapéu de sol verde por cima donível superior da floresta. Os ouriços lenhosos, vermelho-es-curo, contém os frutos, amêndoas revestidas de grossa casca,em forma de pequenos gomos.

No tempo da colheita, qualquer vento na mata produz a

quedo perigosa dos ouriços que, pesando mais de um quilo, aci-ma de trinta metros, desabam tão violentamente a ponto de

se enterrarem no solo. A apanha da castanha torna-se por isso perigosa, pois o ouriço pode atingir a ca-beca do apanhador, partindo-a.

O leite cru da amêndoa é empregado em min-

gaus, papas, pudins, emprestando a todos esses pra-tos um gosto delicado e saboroso. E a castanha ser-ve para a confeção de balas, bombons e outrastonta gulozeimas.

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O TICO-TICO

J. SILVEIRA THOMA

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MAKÇO, 1955

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ONDE ESTÃO OS 7 ANÕES?

"pSTE sapateiro remendão foi dormir e deixou várias encomendas

por terminar, encomendas que deviam ser entregues, sem falta, no

dia seguinte. Ora, aconteceu que, ao entrar pela manhã na oficina, teve

uma surpresa: os sapatos estavam prontos e até engraxados !! Quem te-

ria feito o trabalho? Nós sabemos quem foi: sete gêniosinhos benfaze-

jos, que estão ocultos no quadro acima. Se você souber procurar, há de

encontrar os sete, ocultos por aí... Procurem !

MaRÇO. 1955 O TICO-TICO l -

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12 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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MA**ÇO, 1955 O TICO-TICO

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O n34 O TICO-TICO MARCO, 1955

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>& LQTÜS AZULHAVIA

outrora no Cambodge, em tem-pos muito recuados, um negociantechamado Li-Fu.

Era possuidor de grande fortuna, resi-dia em esplêndido palaceij, servido pormuitos criados, recebia numerosos amigose gostava de ostentar.

A cada hora do dia, pelas janelas da suacozinha escapavam-se odores saborosos ca-pazes de fazer sonhar os menos glutões.

Li-Fu tinha uma vizinha chamada LotusAzul. Era uma pobre viuva que trabalha-va os dias inteiros nos arrozais para ganharmiseravelmente sua vida e sustentar a fi-lha, Flor de Amendoeira, uma criança dedez anos.

E' claro que Lotus Azul, pobre como era,não podia ter boa mesa; devendo contentar-se com refeições modestas.

Um dia ela teve a idéia de ir comer seualmoço em baixo da janela da cozinha deLi-Fu. A infeliz tinha, assim, a impressãode "comer com as narinas" uma parte docardápio do vizinho. Era um estratagemadestinado a enganar =—-miséria.

A pobre mãe es-Perava, desse modo,comer menos aindado que já comia, con-tentando-se com pou-co> o que aumentariaas rações de Flor dede Amendoeira.

Durante várias se-manas continuou Lo-lus Azul nesse mane-jo. a tal ponto que Li-Fu acabou perce-bendo a sua pre-Sença.

Picado pela curió-sidade êle a interrogou: — Por que vensComer todos os dias em baixo das minhasjanelas ?

A pobre mulher respondeu:— Se o senhor me vê aqui é que eu

aprecio o delicioso perfume da boa comidalue emana da sua cozinha. Eu não tenho,

If^P^PP

MAKÇO, 1955

TRADUÇÃO DE

MARIA MATILDE

ai de mim ! — os meios necessários paracomer tão bem quanto o senhor, e minhafilha stempre me diz: "mamãe, estou comfome". Pensei então que náo havia malnenhum em vir aqui para perfumar o meuarroz com os odores que se evolam da suacomida.

Li-Fu era astucioso e teve um sorriso, cheio de ironia, exclamando:

Nesse caso, confessas ter vivido du-rante vários dias às minhas custas. Con-traíste uma dívida para comigo.

Lotus Azul empalideceu, porque noCambodge, naquele tempo, quem contraíauma dívida sem poder pagar tornava-se es-cravo do credor.

O senhor está brincando, suponho,balbuciou ela'. — O odor de que me te-

nho aproveitado espalha-se no vento e sobepara o céu. Não te privo, assim, de umacoisa que se dissipa no espaço.

Absolutamentenão estou brincando.

Mas o perfumeque eu respiro é igualao' perfume das flô-res, pertence a todagente — retrucou apobre mulher, quetremia.

Vamos então aum juiz — disse Li-Fu—e veremos quemestá com a razão.

Recusar ir à pre-sença do juiz teriasido o mesmo que seconfessar cul-pada. Lotus Azul

bem o compreendeu, e acompanhou então onegociante, que a conduziu perante um ma-gistrado que era seu amigo.

Lotus Azul, muito perturbada para sepoder explicar, pôs-se a chorar como umaculpada e Li-Fu expôs os fatos à sua ma-neira.

15O TICO-TICO

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Ora, por essa época, no Cambodge o» juizes nfio se preocupavam muito com a ve-rificação da verdade antes de pronunciar uma sentença; por isso o magistrado aprovoua alegação do rico comerciante e condenou Lotus Azul a pagar uma grande importânciaem dinheiro.

A pobre mulher nada possuia de seu. Incapaz de pagar a divida contraída, tor-nava-ie, de acordo com a lei local, automaticamente, escrava de Li-Fu.

Flor de Amendoelra quando soube que a mãe ia ser escrava do vizinho, mostrou-semuito sensata. Apesar da sua pouca idade, não se entregou a lamentações inúteis.

Mamãe, eu farei tudo que fõr possivel para que tu reconquistes a liberdade —prometeu ela, atirando-«e em seus braços.

Al, minha filha! E'i mais fraca do que um raio de luar! — respondeu a viuva.— Sé boazlnha. doce e sensata. Nós não nos poderemos ver, agora, senão quando omeu patrão o permitir e tenho minhas dúvidas sobre a sua benevolência... Que será deti, sem mim T E's ainda multo criança para ganhar a tua própria subsistência. Entre-tanto, se desejo que vivas livre, tenho que me separar de ti.

E' claro que eu me recuso a te acompanhar á casa de Li-Fu e de me tornar,como vais ser, sua escrava — exclamou Flor de Amendooeira. — Não sou mais umacriança, podes ficar tranqüila quanto a mim, pois me sinto capaz de agir como uma pes-soa grande.

Depois de um último abraço, Lotus And, desesperada, deixou a filha para entrarno serviço do novo senhor.

Flor de Amendoeira, ficando só, deu então livre curso ás lágrimas, depois conse-guiu dominar a tristeza, refletiu longamente e tomou uma decisão heróica: a de ir pro.curar o rei e contar a má ação de Li-Fu e suplicar ao soberano que interviesse em ta-vor de Lotus Azul.

Sem mais tardar, tomou então o caminho do pa-láclo real.

Flor de Amendoeira, entretanto, era uma meni-na pobre e andava mal vestida. Quando quis passarpelo portão do palácio, os guardas se opuseram.

Em vão ela tentou convencê-los, chegando a cairde Joelhos a seus pés. Obedecendo ás ordens recebi-das, os guardas não se deixaram enternecer, mas Florde Amendoeira não perdeu a esperança.

Se eu não posso penetrar no palácio, — dis-se — esperarei que orei sala para lhe ta-lar.

E durante váriosdias ficou á espreitaJunto aos portões dopalácio, cuidando pa-ra náo perder a oca-slão propicia: umapartida de caça, umpasseio, ou uma fes-ta. Por fim a paciên-cia de Flor de Amen-doeira foi recompen-sada: Certa manhãela viu os portões dopalácio serem abertose o rei apareceu mon-tado num elefante e \mmS*<5«. l£T'*?2_ 3aseguido de luzlda et- m3&mmmW*fQ9^~mmf/- mWmwáJx^-- «* »nr* q,coita. l£tv*WJZ?£» ^. .£.«» ta^;:

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16 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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Corajosamente, correndo o risco d* Mr amassada pelas enormes patas do paqut-derme, a pequena M aproximou e exclamou:

Majestade, tem piedade de mim • da minha mie, Injustamente condenada & et-cravidio 1 Se ela nâo voltar par* cam eu morrerei 1

O rei ouviu a criança, inclinou-se para fora da llteira e contemplou a jovem interlo-cutora, que oa guardas Já tentavam afastar.

Quem es tu? — perguntou êle.Chamo-me Flor de Amendoelra — replicou com firmeza.Quem é tua mie T

¦.*¦— Minha mie é Lotus Atui. Somos multo pobres, e o comerciante Li-Fu fez con-denar minha mie por uma divida, estando ela inocente, com o fito único de fazê-la suaescrava.

•ç- lato 4 muito grave 1 — diste o rei. que era bom e labla fazer Justiça.Ajoelhada no chio, com oa braços estendidos para o soberano, Flor de Amendoelra

estava patéUca • tocante.Depois de algum silêncio o rei decidiu:•— Farei chamar à minha presença o comerciante e a escrava, e veremoa isso. Nio

deves perder a coragem IO cortejo real seguiu teu caminho, deixando a menina fremente de esperança.No dia seguinte, por ordem do rei, Li-Fu e Lotus Azul foram chamados ao palácio

tob lntimaçâo, comparecendo diante do monarca.Cu tei disse o rei dirigindo-se ao negociante — que esta mulher te foi

adjudicada como escrava em virtude de Julgamento regular. Ela te pertence, mat eulhe quero conceder uma graça: fixa, portanto, o preço do teu resgate. Eu o pagarei.

Li-Fu que estava pensando em uma punlçio ou repreensão, sentiu-se novamenteanimado Como era um tipo multo esperto, pensou imediatamente em usufruir da tran-sacio uni lucro vantajoso. O rei era muito rico, e nfio ia regatear com êle, e entio Li-Fufixou um preço bastante elevado.

Quando ouviu o enunciado de uma cifra Uo alta, pedida por teu resgate, a escra-va esteve a ponto de desmaiar. O rei, porém, nio protestou e ordenou ao tesoureiro real:

Coloca aqui um tapete e conta, sobre êle, em moedas de ouro, a importância pe-dlda por ètt* homem pelo resgate da escrava.

A ordem foi imediatamente executada. No momento em que a Importância foi com-plctada, Li-Fu estendeu a mio para começar a apanhar as moedat e foi quando o rei oconteve com um gesto, declarando:* Nto nio meu amigo. Esta mulher contentou-te em aspirar o cheiro de comidaque escapava da tua cozinha; este é o teu resgate, e é Justo que a ti te baste olhá-lo

e aspirar também o teu perfume.Li-Fu nio era tolo e compreendeu que o rei lhe

dava uma terrível lição Muito confuso Inclinou-se edeixou o palácio com os bolsos vatlot e o coração

cheio de raiva.Quanto a Flor de

Amendoelra, recebeude volta a queridamie, com a alegriaque é fácil advinhar.

O rei tomou aoseu cuidado a viuva ea filha.

Fez dar a LotusAzul um trabalhobem remunerado eencarregou-se da edu-caçio de Flor deAmendoelra, que se(ornou uma jovemprendada, casou comum homem bom • foimuito feliz.

JULIANK OSSIP

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w*-*} Asa m i El fif.k

MARço. 1959 O TICO-TICO

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PARA QUE QUERIA O RABECÃO

NA PRÓXIMA EDIÇÃO OFERECERE MOS AOS NOSSOS LEITORES NO-VAS E SURPREENDENTES PAGINA S COM PASSATEMPOS, JOGOS EDISTRAÇÕES.

O TICO-TICO MARÇO, 1955

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HENRY DUNANTFUNDADOR DA "CRUZ VERMELHA"

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UMA das mais crucian-

tes batalhas que a his-tória registra, teve como ce-nário a modesta vila de Sol-ferino, na Itália, no dia 24de Junho de 1859. Áustria-cos e franco-italianos empe-nharam-se em luta durantequinze horas, findas as quais,deixaram em campo cercade 45 mil mortos e feri-dos.

Essa pugna estava, po-rém, destinada a servir comoponto de partida para umainiciativa humanitária quelogrou transformar-se emmagnífica realidade. Um ho-mem sonhou com um ideale, para a sua concretização,suportou o martírio de lon-ga e desventurada existên-cia.

Esse homem foi HenryDunant, filho de respeitávelfamília suiça e nascido em1828. Moço ainda, entroupara o mundo dos negócios,como bancário. Foi em função de seus negócios que odestino lançou-o em plenocampo de batalha, quandoteve oportunidade de pre-senciar, estarrecido, o abon-dono e sofrimento dos feri-dos de guerra. Esquecido,

então, dos deveres que o ti-levado a Solferino, ele

tou um corpo de 300ários com os quais par-correndo, pensando e

rando os sofrimentosomba tentes,

eivindicou, desde logo,para todos indistintamente,o caridoso direito à assistên-cia, repetindo a cada passoo "Sono fratelli" — somostodos irmãos —, lema quefez brotar em todas as ai-mas um raio de esperança ede alegria.

De regresso a Genebra,Dunant escreveu, ainda soba comoção das cenas cruéisque presenciara, as "Recor-

dações de Solferino", ondepropunha o estabelecimentode um serviço de assistência,de caráter internacional eonde não houvesse distinçãoentre amigo e inimigo.

Surgiu, assim, a Cruz Ver-melha, que recebeu comoemblema uma cruz encarna-da sobre fundo branco, ia-versão das cores da bandei-ra suiça e que ficou como

RAYMUNDOG A L VÃO

símbolo da inviolabilidade, edo respeito aos direitos dosbeligerantes.

Sua dedicação à CruzVermelha custou-lhe caro,porém. Núncio da consola-ção, ele mitigou muitas dô-

res, esquecendo-se até de sipróprio.

Em 1867 sobreveio a fa-lência de seus negócios.

Na miséria e no esqueci-mento, viveu Henry Dunantquinze anos, até que umobscuro professor de aldeia,Wilhelm Sonderegger, o toiencontrar, de barbas brancascaindo até os joelhos, com a"fisionomia irradiando amor,bondade e distinção", navila de Heiden.

E o mundo todo correu,novamente, a festejar o len-dário "homem de branco" deSolferino. Nova aureola deglória pairou sobre aquelacabeça enbranquecida.

Elegeram-no membro deinúmeras sociedades; a Im-peratriz da Rússia concedeu-lhe pensão vitalícia; distin-guiram-no com diversas ecustosas comendas; e, porfim, em 1901, foi-lhe confe-rido o primeiro Prêmio Nobelda Paz.

Tudo muito tarde, porém.Porque Dunant que aspiraraver a humanidade toda empaz, que erguera do seu co-ração um evangelho de ter-nura, de bondade e amor,desdenhava da glória e re-pudiava a riqueza. Distribuiuseus valores entre institui-ções de caridade, retornou àtristeza e à miséria, com asquais vivera tantos anos, eretornou ao nada como umsimples "discípulo de Cris-to".

MARÇO, 1955 O TICO-TICO 19

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PORQUE DIZEMOSA expressão "achar a es-**¦ trada de Damasco" sig-

niíica: ter uma iluminaçãosúbita que transforma re-pentinamente nossas idéias,sentimentos e opiniões. £uma imagem colhida nacena famosa da conversão deS. Paulo, acontecimento co-memorado pela Igreja no dia25 de Janeiro.

Existe, pelo menos, umadúzia de santos chamados Paulo e honrados sob diversos títulos. Maso mais célebre é Paulo de Torso, apóstolo dos gentíos, o iluminado daEstrada de Damasco.

São Paulo era judeu e pertencia à tribu de Benjamin. Nasceraem Tarso, cidade da Cilicia, cujos habitantes eram considerados cida-dãos romanos. Seu nome israelita era Saulo. Muito instruído, êle setornou, apesar de jovem, um dos membros mais distinguidos da seitados fariseus.O futuro S. Paulo tinha votado aos cristãos um ódio implacável,

devotando-se encarniçadamente em persegui-los, metê-los na prisãoe vergastá-los. Os intérpretes da Sagrada Escritura viam nele a rea-lização das profecias de Jacob, concernentes ao filho Benjamin:"Benjamin é um lobo furioso". Ora, subitamente o lobo furioso se de-via tornar manso cordeiro.No ano 34 ou 35 Saulo estava entre os carrascos que martiriza-

ram Santo Estevão, acusa-do de blasfemar contraMoisés e contra o templode Jerusalém. Levaram-nopara fora da cidade e oapedrejaram. Estevão, cal-mo e sorridente, sob as pe-dras que o matavam, invo-cava Deus e murmurava:"8enhor, recebei meu espí-rito! Senhor, nao lhes im-puteis nenhum pecado I

A invocação de Santo Es-tevão moribundo devia serouvida.

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"Ç, T RAPA 06 PAMASCO"Algum tempo mais tarde

Saulo se dirigiu a Damascopara ir perseguir os cristãos.Ia acompanhado de soldadose emissários da Sinagoga deJerusalém. De repente, umaforça invisível o precipitoude cima do cavalo, uma cia-ridade cegante o envolveu euma voz perguntou:

— Saulo, Saulo, por queme persegues?

— Quem sois? — perguntou Saulo.—- Sou Jesus, aquele que andas a perseguir.

Senhor, que quereis que eu faça?Levanta-te, volta à cidade e lá saberás o que deves fazer.

Saulo tinha sido ferido pela cegueira. Seus companheiros o con-duziram até à cidade onde um servo de Deus, Ananias, advertido porum sonho, foi encontrá-lo, restituindo-lhe a vista e batisando-o.

E Saulo se tornou Paulo e Paulo se tornou santo.Pôs, desde então, tanto zelo em pregar o Cristo como tinha posto

em encarniçadamente martirizar seus discípulos."Alma heróica num corpo débil", pregou em Antioquia, em Éfe-

so, em Atenas e Jerusalém, onde foi preso e enviado a Roma para irsofrer o martírio, a 29 de Junho do ano de 65 ou 66.i

Êle próprio resumiu suavida: "por Jesus sofri pri-soes, conheci f requentemen-te o perigo de morte, recebi

os judeus, em cinco vezesdiferentes, 39 chicotadas.Fui vergastado três vezespelos Ímpios. Fui apedreja-do uma vez e 3 vezes nauf ra-Suei. Quem sofre sem que«u sofra com êle?" U_.__.TV4

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MARÇO, 1955 O TICO-TICO 21

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PAVILHÃOPOR

mais curioso que pareça, a palavra pavilhão tem sua ori-gem no vocábulo ... borboleta.

Em latim, "papilio" significa pavilhão e também borboleta. De pa-pilio foi que veio a palavra francesa "pavillon"

que passou ao in-glês medieval como "pavilon", ao inglês moderno como "pavilion"e é usada por nós como "pavilhão".

Hoje usamos a palavra com outras significações como ban-deira, estandarte etc. e damos a mesma denominação a um barra-cão de madeira, a uma construção isolada da casa principal, auma ala de edifício hospitalar destinado a esta ou aquela espe-cialidade.

£2 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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o pme/PE JQ5/A-(Continuação áj número anterior)

&0 CASAMENTOiDOREI JOSIA^E ALEISA E'

CELEBRA-DOCOMGRANDE

SOLENIDADE.A NOVA RAINHA PERDOA SIRA EA MADRASTA, CON VI DANDO-AS PA-RA MORAREM NO PALÁCIO.

DEPOIS DA FESTA, SIRA ENTRANOS APOSENTOS DE ALEISA EDÁ-LHE A BEBER UM FILTRO MA-

GICO, PREPARADO PORMALABAR.

W^jCc H9*fs&r\ \ V L-

ALEISA CAI NUMSONO PROFUNDOE MALABAR,TRA-ZIDO POR SIRA,PREPARA-SE PARA 'FAZER UM MALE-FÍCIO

PfMífcJkàtci

O DIABÓLICOLABAR COM SUASARTES MÁGICASDA A SIRA,OSEMBLANTE E'O VESTIDO DEALEISA E AESTA AAPARÊNCIADESUA IRMÃ.

SIRA SIMULA SER ALEISA E VAIAO ENCONTRO DO REI dOSIA QUE,SEM NADA DESCONFIAR,A RE-CEBE DE BRAÇOS ABERTOS. PaESffi1

Wmm I-„_' •' l/JL '_! v

QUANDO ALEISAVOLTA A SI DO

l ENCANTAMENTO,ESEVÊ TRANS-FORMADA EM SI-RA,TUDO COM-PREENDE.

EM VÃO, PROCURA A IRMÃPOR TODO O PALÁCIO.

A ti '

M4

DEPOIS VAI AOS APO-SENTOS DO REI JOSIA,PORÉM E'REPELIDAPELOS GUARDASQUE DIZEM :-'A RAINHA JÁ EN-TROU, VOCÊ E'UMAINTRUSA

".

O TICO-TICO O TICO-TICO(Continua na página seguinte)

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O PMWe/PE <J0S/*4-ALEISA CHORA DESES-PERADAMENTE.NAPOR-

TA DOS APOSENTOSDO QUERIDO ErREAL ESPOSO.

\L'ai _¦*"%&

í J__-,lB_->t.. »»!----_-i--'''A_t

___Fí/'^^;^_™lK fl ITbIHMllliíltf^fSil

QUANDO O REI ÓO-SIA VEM VERO QUESE PASSA, ALEISAAJOELHADA DIZ:-"JOSIA,eUSOUALEISA, ,4 7V/.ESPOSA.

ENTÃO APARECE SIRA,QUE,SE-NHORA DA SITUAÇÃO, DIZ AO REIQUE AIRMÀ TINHA ENLOUQUECIDO.

r "" -¦¦!—-¦-¦-¦¦„ —_. , .,. .__¦_—_., -- '¦' .,.—

ALEISA ACUSA A PÉRFIDA IRMÃDE LHE HAVER DADO A BEBERUMA DROGA ENFEITIÇADA.QUEA TRANSFORMOU.

MJO REI ÜOSIA MANDA CHAGAR AMAE DE SIRA,QUE,eiENTE DE TU-DO.RECONHECE ALEISA COMOSUA FILHA. sy*

DIANTE DISSO, O ROJOSIA RECONHE-CE NA FALSA ALEISA A VERDA-DEIRA RAINHA.

¦ '¦— — --¦ ¦¦- ¦ ¦ —— ¦¦-—--¦---

SIRA MANDA PRENDER ALEISA SOBA ACUSAÇÃO DE HAVER TENTA-DO SUBSTITUIR A RAINHA.

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ALEISA E LEVADA PARA APRISÃO DO CASTELO.

O TICO-TICO MARÇO, 1955

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O P2/'A/e/P£ JOS/Ana prisão do castelo,Aleisa nâo se cansade chamar 0 rei üosia

__^-_-_________ti___f mmm HrV^LÜ--*-'

A NOITE,0 REI JOSIA E'ASSALTADO PORUMA DÚVIDA: - "S/M. ISSO POÜE SER A7A/S UMADAS F£ITtÇAR/AS DEMALABAR. VOU MANDARSOLTAR AQUELA POBRE MOÇA?

NESTA MESMA NOITE.O eARCE*REIRO ABRE A PORTA DA PRI*SAO E SOLTA ALEISA.,

miWmSm.\^\^Mmw f m.^9í\ """ /tMffyk—T_*_l_r^ar^m l__.í_____í*X__/___^___1iI_H -——»—'-'^-W* -r_ ___rf_r Z/_L r.Y—• __Lv___K__>-—*™"' 'IwikWMr-. _**K*-S-F'" *»_____! i*^ JI __-_f_P"yi> -_M___«í*> - , ________

LIVRE, ALEISA VAI PARA A FLORESTANEGRA,VIVE,* NA CAVERNA DO URSO,COMO ANIMAIS, SEUS AMIGOS.

i-V*_>-

1***tf-p_fp

TODAS AS NOITES,:ALEISAPEDE A DEUS, *>íPROTEÇÃO PARA.SEU ESPOSO.

ím*__á_____fízfai _J_r*y-*i_ '*«——-—¦ .zwfmm\yMSkI4''i's -i_- _^^fi»___'/-_L'- Kflnuv

_É_Énft:ivllrW*T__P "_-^S"**í ^-_'/ipjfSfr*^

CONSEGUINDO SEU INTENTO, SIRA.QUEQUER GOZAR TRANQÜILAMENTE OFAUSTO DA CORTE, REBELA-SECONTRA MALABA^R-QUEQUER A RUÍNADO REI.

__£_- ^yy^^^wz^^^JKÊm^^^è-

r^^fr^?^^ •** •f_r*r-A I r. ______*_______¦_ _____)DIANTE DA AMEAÇA DE MA-LABAR, DE QUEBRAR O EN-CANTO, SIRA SUBMETE-SENOVAMENTE A SUA VONTADE.

INSTRUÍDA POR MALABAR, CIRA PRO-MOVE GRANDES FESTAS NA CORTE.PARA PAGAR ESSAS FESTAS,IMPÕEM

SE AO POVO NOVOS IMPOSTOS. , «4

MARÇO. 1955 O TICO-TICOIContinw »n pap/mi teguinl*}

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O PPÍA/e/PE JOSAAMALABAR VAI DE ALDEIA EMALDEIA SUBLEVANDO 0 POVOA REVOLTA CONTRA O AUMEN-TO DOS IMPOSTOS.

UM DIA, UM GRUPO DE REBELDES,GUIADO POR MALABAR,

«steTo »4yp*i*"DO REIJOSIA,PARA

DESTRO-NA'-LO.

OS SOLDADOS,CORROMPIDOS POR MALA-BAR, UNEM-SE AOS REBELDES E INVA-

DEM O PA-LA'eiO DES-

'lã!

k WÀ^hJbik. ^1 LAei° DES" e0M A sua Jpaffl IH^J^ggSJ^^/ra 1 GUARNECIDO. SALVAÇÃ0j^^!.JW«l j

SIRA FECHA-SE EM SEUQUARTO, PREOCUPADASOMENTECOM A SUASALVAÇÃO.

ABANDONADO POR TODOS,0 REI JOSIADEFENDE-SE eOM INDOMITA CORAGEM, MASE'FERIDO E DESAPARECE ENTRE-A TURBAINVASORA.

FELIZMENTE O REI JOSIACONSEGUE FUGIR PORUMA PASSAGEM SECRETA. WJ

VAI PARA A FLORESTA NE6RA.AAAS,FERIDO, E MORTO DE SEDE,CAI AOCHÃO E WO SEU DELÍRIO INVOCAO NOME DAESPOSA:--"ALE.ISA!ALBISA!"

aB*k <"%

/iAmsaJr- _-£ »¦ W--éLii*.- *"* -K *cJÊAWtãammBtí Wl^J^£:&íiM

*àmmmWía\\W*tr Taaf^'m\JàmmBWm mmmmslm^E?-s?ltmVl*a\Vltar ^ f ,\ ^—JSWBb \ma^m\mmmmmm\\sBm\26

SIRA, PREOCUPADA EM SE MAN-TER NA CORTE, NÃO DA'A Ml'-NIMA IMPORTÂNCIA AO DESA-

APARECIMENTO DO REI.fig+K rMKCx^incr, I U VO Kfcl. a-".,|

O TICO-TICO (Continua no pròxrno »»»«. • ¦•>MARÇO, 191

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(Continuação do número anterior)Não desejando deixar Roberto sozinho, chamou Mme. Garnault e pediu-lhe quefosse buscar a menina. tQuando esta apareceu, o rapaz mal conseguiu dissimular sua satisfação. Mais pá-lida e abatida do que na véspera, ela apertou maquinalmente a mão que êle lhe es-

tendia. E não parecia prestar muita atenção, enquanto êle explicava:Não existe maneira melhor, para se fazer obedecer por um cão, do que usar de

paciência e brandura. Gritos, zanga, pancadas, não adiantam...' E assim continuou por algum tempo, enquanto Ana Maria escutava, um tanto dis-traída, como se pensasse em outra coisa. Seu fito era levar a menina a sair do gru-Po, para ensaiar com Flip alguns truques de salto, corrida, etc, para que êle lhepudesse falar a sós.

Ela, porém, não parecia perceber isso e não se interessava em absoluto. . . EraPreciso agir, aproveitar a ocasião !

Roberto, então, deu um estalo com a lingua e Flip, entendendo, segurou a bainhado vestido dela entre os dentes e começou a puxar. A menos que quisesse deixar ras-gar o vestido, Ana Maria teria que ir com êle!

Que quer esse animal? — perguntou o senhor Estena, sério.Quer brincar, senhor. Quer ver a menina correr. E, aqui para nós, êle é um

bocado teimoso. . . Olhe so. . .A seguir, aproveitando o ensejo, disse a Ana Maria.

Corra com êle. . . Brinque ! E' isso o que ele está querendo. . .' Venha !!!Deu-lhe, então, a mão e fez com que ela se afastasse do senhor Estena, como sefosse para brincar. E, sem que o homem o ouvisse, murmurou para ela só:

Esta noite, às 9 horas, coloque... Não pôde, porém, concluir a frase porque0 senhor Estena já estava ao lado deles.Você não está em condições de saúde para correr e saltar — disse este à me-nina. Vamos para dentro... Quanto ao senhor...Eu voltarei daqui a algumas semanas, — disse Roberto. Por agora, despeço-me Se gostarem do velho Flip, ficarei satisfeito, porque está entre boa gente. Se não

gostarem dele, eu o levarei, então.. .Se o senhor demorar muito tempo a. voltar — disse Estena — talvez não nosencontre mais aqui. . .Nesse caso o cavalheiro terá a fineza de deixar, para mim, seu novo endere-Co, aqui mesmo, ou no Correio, na posta-restante.Veremos, veremos. Ainda não me decidi.

festin£'P qUíf acomPanhar ° don°. quando este se afastou, mas Roberto lhe fez umasDari 1 abraÇ°u-°. falou-lhe qualquer coisa ao ouvido e êle voltou, embora tristed 3unto de Ana Maria.bertn

St?' P0F SUa vez' Parecendo ainda não dompreender nada do que se passa vê Ro-quer A. r"se quase com saUsfaÇâo A verdade é que pressente qualquer perigo, qual-nao sabendo de onde vem, atribui à presença do moço aquela sen-mesmo porque, só depois que êle apareceu é que come; «u a sentir medo.sação,

ma ?nquanto ?ua mãe não a vier buscar, sentir,-se-á ameaçada sempre e prefere"a cal-todos,. refu8'° Compreende que só depois que se tornou uma herdeira rica é quecomeçaram a se interessar assim por sua pessoa, e tem medo, muito medo.

MENSAGEM MISTERIOSANA Maria está sozinha no quarto. Sozinha com seu novo companheiro Flip Ecomo sao quase 9 horas, começa a recordar a cena da manhã.

***¥¥***¥¥*******¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥*¥ítMAl*ÇO, 1955 O TICO-TICO 27

A

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Que recomendação desejaria fazer o rapaz, não chegando a concluir a frase ?'Esta noite, às 9 horas, coloque"... dissera êle.Foi pena não. terminar. . . — murmurou.

Naquele mesmo instante viu que Flip erguia as orelhas, com o olhar vivo, a linguarosada para fora. .. Que estaria pressentindo, com o seu faro maravilhoso, ou seu ou-vido excepcional ?

Não chegou a obter resposta, porque na mesma hora Flip — que ouvira, realmen-te, o assobio conhecido do dono, chamando-o — saiu correndo do quarto, embarafustoupelas escadas, e, conseguindo galgar uma janela do andar térreo, pulou para o jardime sumiu na escuridão.

Sem saber o que fazer, Ana Maria ficou alguns minutos parada, olhando a por-ta por onde o cãozinho havia saido.—- Que sterá ? — pensava. — Vale a pena dar alarme, anunciar que êle fugiu ?

Vão se encher de implicância com o coitadinho e não o deixarão mais comigo... Na-turalmente foi algum gato, ou outro cão que passou aqui perto.. . Vai voltar, com cer-teza...

Dirigiu-se à janela e espiou para fora, porque ouvira ruido no jardim, para ondedava o seu quarto!

Esteve a olhar a treva, as folhagens, sem atinar com o que estava acontecendo, etornou a ouvir um ruido, mas já agora na escada, dentro de casa, no corredor, no in-terior do quarto.

Voltou-se e viu Flip entrando. E trazendo, nos dentes, qualquer coisa estranha.Correu parar1 éle e êle lhe eptregou, soltando aos seus pés, varias letras recorta-

das 'em papel de revista.Era, realmente, uma bem misteriosa mensagem, e só podia vir de Roberto, que de-

via estar pelos |irredoreSTMas — pensava ela — por que se servia êle daquelas letras, quando lhe poderiaser mais fácil escrever ? Ali devia haver um aviso, um recado, uma instrução paraela. As letras eram: Z, N, A, J, L, L, U, N, A, A, E.Ana Maria .estava acostumada a solucionar concursos, fazer testes, etc.Recordando-se das palavras do rapaz "Esta noite, às 9 horas, coloque"... concluiu

que aquilo seria o resto da frase. E, com interesse, começou a tentar reconstituir amensagem.• Aliás, agora percebia: Roberto não escrevera a frase porque o papel escrito po-deria cair nas mãos de Estena ou da sua guardiã. Ao passo que as letras, misturadas,

não diziam nada... Ali estava, portanto, o final da frase que fora interrompida!Começou, então, por espalhar as letras recortadas no chão. Roberto dissera:

"Esta noite, às 9 horas, coloque"... Então Ana Maria pensou, como se estives-se fazendo uma análise, no colégio: Quem coloca, coloca alguma coisa... Ora, ali. haviaas letras L, U, e Z, formando LUZ. Era noite, logo, devia ser mesmo luz. .. Rápida-mente conseguiu formar o resto: LUZ NA JANELA. (

"Esta noite, às 9 horas, coloque luz na janela". Formava sentido ! Sim, devia serisso; êle queria localizar, lá de fora, pela luz, qual a posição do quarto queria ocupa-va ! Qual seria, porém, sua idéia ? Quais seriam suas intenções ? Retirá-la de lá ? Quemseria aquele intruso ? Devia confiar nele ? Devia prevenir o senhor Estena ? Viria êlede parte da sua mãezinha, mesmo ? Oh ! Que coisa horrivel a incerteza !

Sem saber porque, porém, a sua tendsncia era confiar, obedecer. E foi quase au-tomáticamente que apanhou a lâmpada de cabeceira e colocou-a na janela, acesa, indoentão, para a cama.

Ficou algum tempo acordada, insone, e Flip pulou para seu lado, na cama: Afi-nal, porém, o sono a venceu e ela adormeceu tranqüilamente, sem imaginar que, naestrada, Roberto continuava a esperar p sinal, a lâmpada acesa. .. porque o quartoonde Çla estava ficava do outro lado fâ grande edifícip... Seu estratagema fora vão *!

Os dias passavam. _Flip continuou a realizar pequenas fugas discretas, encontrando-se com o dono,

fora das grades do casarão. Longe de partir em viagem, como dissera, Roberto ficoupelos arredores, à espreita da oportunidade para agir.Tenho que entrar lá — dizia êle. — Não posso usar Flip como mensageirode outros recados, pois seria arriscado. Mas se deixo passar muitos dias, arrisco de-mais ! O melhor é me fazer de bobo, ir lá outra vez como se já tivesse voltado datal "grande" viagem... Quem não arrisca... Vou;., pedir noticias do "meu" cão.E' isso ! Quem pode condenar tão bondoso sentimento ?

No dia seguinte, por sinal que um dia belíssimo, Ana Maria notou que Flip estavainquieto, só indo à janela, latindo para fora, correndo pelo quarto, puxando-a pelovestido, como que Indicando grande vontade de que ela saísse com êle.Ah ! Quer passear, hein ? Pois vamos ver se Mme. Garnault deixa... Se ela.28 O TICO-TICO MARÇO,

'l95õ

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JÉK M2B-

^ _£-% mf * ü *m\W

***"¦•• Eu também estou com vontade... /. .Mme. Garnault, talvez também tocada pela beleza do dia primavera, nao íezoD-"eÇao nenhuma. Mas se dispôs a acompanhá-la, como se para isso já tivesse previasTLjT A Vo. €\tMARÇO, 1955 O TICO-TICO

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iinstruções.

Mal, porém, chegam elas ao jardim, o cãozinho parte como uma flecha, por en-tre as alamedas, mete-se no meio das folhagens, alucinado.

Flip! Flip ! — grita em vão Ana Maria. E, então, logo compreende porque oianimal não obedece, ao avistar um vulto alto atrás das grades do portão.

Oh!-Deus queira que o moço não venha buscar Flip! — diz ela a Mme.Garnault.

Só o entregaremos se quisermos ! — foi a resposta.Mas o cachorro não é nosso... E' dele!E que provas êle tem disso ? — fez a mulher de negro, dando mostras da mais

feia deshonestidade e de não ser uma desejável preceptora.Ana Maria não sabe o que responder, ao passo que, muito amável, Mme. Gar-

nault se encaminha para o portão. :Ora, vejam quem está aqui! — exclama ela.1— Entre, meu jovem. Como vê,o seu Flip está passando muito bem e já se afeiçoou, bem rapidamente, à nova dona.

Roberto dirige à menina um olhar cheio de inquietação, visto como o espanta aque-la maneira demasiado gentil de ser recebido. E tenta disfarçar:

E'... Eu ia passando... Senti saudades de Flip... quis saber se êle estavadando trabalho...

Vai muito bem — interrompeu Mme. Garnault. — Aliás, os animais sao mes-mo assim: havendo comida...

Roberto não quis discutir, tomando a defesa de seu cao, que nao era desses.E eles ficam ali, sem que nenhum tomasse a iniciativa de desfazer o grupo.Flip, como se não estivesse absolutamente ligando importância ao dono, desapa-

receu. E, quando menos se esperava, ouvem-se seus ladridos no interior da casa, aomesmo tempo que uma voz alterada e gemidos.

Todos correm para lá e, indo à frente do grupo, Roberto surpreende o motoristaacuado a um canto da sala, e Flip, feito uma fera, cercando-o. A mão do homem estáferida e sangra.

i — O senhor lhe foi bater — disse Roberto. — Ele não ataca ninguém, sem que oataquem primeiro. Por que fez isso?

O papuásio quer explicar, mas não se se entende o que diz. Engrola a lingua eolha Flip com raiva e medo ao mesmo tempo.

Está muito ferido ? — pergunta Mme. Garnault.Não tanto como parece — diz Roberto. — O sangue, correndo, dá sempre

uma impressão assustadora. Êle até teve sorte. Para que foi bater no animal ?Venha comigo — disse Mme. Garnault ao papuásio. — Vamos lavar isto e fa-

zer um curativo. E saíram.Era aquela, afinal, a oportunidade que Roberto esperava. Afinal, estava sozinho

rom Ana Maria.E, então, lhe falou rapidamente:

Ana Maria, pode ser que você não acredite que eu venho a mando de suamãe. Mas é a verdade. Não podemos perder tempo. Aqui tem uma prova, olhe...

Abriu a carteira e lhe mostrou uma fotografia que a menina reconheceu logo; umgrupo em que estão seu pai, sua mãe e ela própria, aos 3 anos de idade, além de umrapazinho risonho e despenteado.

. — Não me reconhece ? Olhe bem...Este. . . é o senhor ?Isso! Sou seu tio, irmão de sua mãe. Lembra-se de quando eu deixei vocês?

Você chorou tanto! Uma zanga de seu pai me fez tomar a decisão de deixar acasa, que era dele... Nunca mais voltei mas sempre me correspondi com sua mãe,era a irmã que eu mais queria.

Há pouco recebi uma carta dela contando que estava sendo dominada por um gru-po de aventureiros que queriam tomar-lhe a herança deixada por um primo...

E, quando eu menos esperava, a sorte fez com que eu descobrisse você aqui.Meu tio ! O senhor ! — exclama a menina, alegre.

Psst! Não fale alto! Olhe... Aqui está a última carta de minha irmã paranim. Leia-a, depois, no seu quarto.

Oito páginas ! A mim, ela só escreve, agora, uns bilhetes, a máquina Não, Ana Maria. Ela não lhe escreve nada ,pelo simples motivo que ignora

d seu paradeiro. Ela não sabe onde você está! Eles, aqui, é que forjam esses bilhe-tes datilografados, para que você pense que sua mãe concorda em que permaneça sobos cuidados deles, e não queira fugir Está entendendo, querida ?

Meu Deus ! exclamou a menina. — Como é que se pôde mentir assim ? ! Não vai ser fácil arrancar você do fundo destas grades, mas esteja pronta sem-

pre para aproveitar a primeira oportunidade que surgir. Eu estarei atento e Flip...Fez uma ligeira pausa e concluiu com outro tom de voz:

Flip é -um cãozinho de muito bom gênio, mas não deve ser irritado .E' que Roberto pressentira uma nova presença. Ana Maria se voltou ligeiramen-

te e empalideceu. O senhor Estena estava em pé, na moldura da porta(Continua no próximo número)

30 O TICO-TICO MARÇO, 195£

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WeO-iQEGO. B0Í40 e AZ£/TOA/A-~VOU

TIRAR UMA SONEGA "^BP^S^^x ^\^J/DEBAIXO DA JAQUEIRAW ^Á^Êyifry \/.

RECO, O BOLÃO ESTA' DORM1N-j00 DEBAIXO DA JAQUEIRA . *VAMOS LHE PREGAR UMA PEÇA?

\ ^"*___ j___^"^

¦_ 7 ^*~* ______ __¦* 5^

FOI O SEU "RONCO',' BOLÃO, QUEFEZ CAIR A JACA WA SUA "f

31*^ARgo,1955 O TICO-TICO

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-W-V __T__r-X ' EIS-ME /VA ÍA/D/A, _ \MM h/tf TCRRA DOS M/STSfíJOS./ \dUnU M%^"sco, i____._> _»__»________» _._____-_»_ VISITOU EM 149SJ .CHtWlO s/Y'

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S£</ G*.//.. £</ V ««? #/¦_ ANTIGO, FHIS Y «Sífé" fl^JZflfW "SW/8" X aa°/ EXOT/CO. ISTO 6' M/MM-PARA COM£C£& /V MBZCADO, ONDE S€ LtfOSO/

c/OADB. / ^—/ l€l¥ae o&ob MPêTES k, y OO (RAQÜE, AT£' IX. Y

32 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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AGORA > "sAHlB" CHARUTO) f MARAãA'* J^^VAMOS VISITAR O MARA- ESTE E' ( ]JA'* UM DOS HOMENS /-^ dojà CHARUTO, ' ( EfíCANTAOOJ 1MAIS RICOS OO MUNDO. I ^k 4I60OI OO V ^__[

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¦ O TICO-TICO

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«€»»** «f***CMA

^"^i OM todo êsse amor ardente

que em nosso peito se encerra,amemos a nossa terra,amemos a nossa gente.

Deus, que por todos nós vela,o nosso amor abençoa,

porque esta gente é tão boa !

porque esta terra é tão bela !

Seja forte o amor, e intenso,

por esta terra tão grande

que imensamente se expandebordando o Atlântico imenso.

Seja, igualmente, profundonosso amor, e sempre novo,

por este meigo e bom povoque é o melhor povo do mundo.

O nosso céu resplandecee em estos de luz palpita,com uma doçura infinita

que outra gente não conhece. J

Simples, sincero, modesto,nosso povo, de alma pura,tem, nas palavras, ternura,

e um carinho em cada gesto.

<*

En^e- rico, fecundo,de5>rovilhas vestido,o h° Brasil queridoé °f*lh°r país do mundo !

Dof"-igo ao desafioa 'sa gente, que é forte,afl a* impávida, a morte,no|feSQ do seu brio.

A tf de Deus se revelanoí'estos com que abençoaestante, que é t-0 ^est^a, que é tão belo !

Co* Oc,o êsse amor ardenten°sso peito se encerra,

afli-í0s Q nossa terra,am^0s o nossa gente !

^^^^^^/^ff/

-^_^ ;^5____V^árt

F R A'N C I S C A J Ú L ! A

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DEIXEMOS DEHlSTtiRiAS,EU NASU

RARASEE.DETETIVE]^99

""^v- VOU LER UHA P0DQ.0 DeCONTOS POUC/AlS

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PATRÃO. EU AGORA SOU DÜTUTIVE RA JU^A- //A./_TÉL' NÂ05AB/A QUE VCCÊ

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TIQUINHO, O TICO-TICO, XIO e CIRANDINHA sãorecomendados como boas revistas, ts, pelas senhoras proiessc-ras. Igualmente os almanaques de TI< HO e d'0 TICO TF

TIO M/

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<^r**m> Z~T 7TS\^_È____álfe^^?*^

___. ^gaflp-) /^ o__T_TN__í-__

-^ Vamos agora filmar o episódio de que foi protagonista o jovem ro-mano Múcio Scevola — disse o diretor. — Mexa-se, sêo Tamarindo !...E então Tamarindo tomou a palavra e começou a contar o caso a Ca-rapetão e a Simplício: — Foi durante o cerco pelos etruscos.Múcio Scevola penetrou no campo inimigo e entrou na barraca de Por-senna, pensando em matá-lo. Quem estava lá, porém, não era Porsen-na, mas seu secretário. E foi este quem morreu

~__?

Foi preso e levado à presença do rei etrusco e, então, para castigara própria mão, porque se enganara, não matando quem desejava, me-teu-a no fogo... Ficou maneta e daí ter ficado conhecido como Scevola,que quer dizer "canhoto".

Feita a preleção, decidiu que Múcio Scevola seria Simplício e queCarapetão seria o rei etrusco Porsenna. Simplício esperava ser o secre-tário de Porsenna, porque sua profissão é a de secretário. Mas, quandoTamarindo decide...MARÇO, 1955 O TICO-TICO

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mMAMWO

Como sempre, capricharam nos preparativos. Tamarindo estudouos tipos, consultou compêndios de História, visitou museus, chamoutécnicos e entendidos... e acabou vestindo Carapetão à moda etrusca,e até que êle ficou uma gracinha, como vocês podem ver...

Armaram-se as barracas, veio o pessoal figurante... A impressãogeral era de que, desta vez, o filme sairia como mandava o figurino, istoé, a História Universal, embora não fosse filme da "Universal"...

\^W^A^^TAmMm^^\^í^^^JLh y/fWAA

iffíKrm Eo *A-~-Y\nÉ ^^mMmmTlíyi&jrlilii \WiMal B>V "Z**^-*-*\ ~*^H FWj ^^B m\¦' vüTfi*/I MM/ II"íYV vlYNl »' ^ ^W^^ll^^

Aí, então, Tamarindo assumiu o seu verdadeiro papel...— Atenção, romanos ! Atenção, etruscos e atenção, sêos patus-cos ! Desta vez ou sai um filme direito, ou eu entorto vocês ! Estoucansado de fracassar ! Vocês fazem suas bobagens e a bomba rebentasempre na minha mão ! Hoje isto vai sair direito !

O dono do estúdio estava até gostando, de ver a energia de Tama-ido. E pensava: "Não é que o menino tem mesmo jeito para a coisa?!"

O TICO-TICO MARÇO, 1955

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T^l^Ál^ú^ísXs)

A cena da entrada e da saída de Múcio Simplieio, isto é, de Simplí-cio Scevola, ou, melhor, do secretário Simplieio, na barraca de Porsen-na, foi muito bem.

Depois veio a outra: o jovem romano levado diante do rei etrusco.Simplieio, só de saber que tinha que meter a mão no fogo, estava

morrendo de medo.— Eu, meter a mão aqui? Não ! Não vou nisso, não, sêo diretor !

Mete a mão, rapaz — dizia Tamarindo.Eu não alcanço ! — dizia Simplieio. Mete, não mete, alcança,

não alcança, o tempo ia passando. E, de repente, sem querer SimplieioScevola deu com a mão no pé do braseiro (era melhor dizer fogueiro,porque tinha fogo) e foi aquela calamidade !

Carapetão Porsenna, no seu trono etrusco, viu que as coisas esta-vam ficando pratas, apesar das chamas, e achou ruim morrer feito es-Piga de milho, assado...MARÇO, 1955 O TICO-TICO 39

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— Vamos dar o fora, pessoal! — gritava, apavorado. — Escapámosde morrer, outro dia, np incêndio de Roma, e agora querem assar a gen-te aqui! Não quero mais ser Porsenna, nem que me paguem mil dóla-res por cena !

Simplicio, que já estava apavorado só com o braseiro, vendo aquelefogo todo, quase morreu.

E os outros figurantes meteram pé no mundo ! !

Afinal, as coisas sucederam como Tamarindo tanto temia... Nocalor do fogaréu, o diretor sentiu que também se esquentava, e que seusangue fervia...

— Venha cá, sêo marreco ! Venha cá, sêo bruzundanga ! Ho.ie vocêvai desistir, de uma vez por todas, de usar esse apelido de "diretor", eo outro, de "cineasta"...

O resto da história, nem vale a pena contar. É tão triste, tao tris-te... Da até vontade de chorar...

(Continua)O TICO-TICO MARÇO, 1955

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AQUI ESTÁ UM BOM PASSATEMPO

yyy "^iXiVfl í ^

ATESTA cena aparecem nada menos de 19 coisas cujos nomes têm início com a letra L.' Procure descobri-las. Note, porém, que isto não é concurso. Não precisa mandar a

^lução. Ache as 19 palavras e ... parabéns pela vitória !^RÇO, 1955 n TTfWTTnr. 41O TICO-TICO

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4riVOCÊ QUER

SER MÁGICO?[7 STA mágica é das mais simples e ilude bastante,

quando bem feita. Tome um retângulo de papelde seda e, depois de ter mostrado que ambas as mãosestão vasias, rasgue-o em pedacinhos e amasse, for-mando uma bolinha.

Depois comece a soprar a bolinha e, à medida quesopra, vá desmanchando-a, até aparecer, inteiro, o re-

tângulo de papel que todos viram você rasgar. O segredo está nos dese-nhos 1 e 2. No ponto marcado X se oculta um segundo retângulo depapel, amassado, igual ao que vai ser rasgado. Enquanto se amassaêste, opera-se disfarçadamente, fazendo a troca: esconde-se ali o ras-gado e retira-se o outro. Se você tiver um anel no dedo, melhor será.

Está claro que não é só fazer: é preciso um pouco de... habilida-de, o que se adquire treinando.

AS TRÊS BOLOTASv^^^ *f

-JB wBí __ M'[OSTRE ao público três bolinhas depapel, de cores diferentes mas de

tamanho igual.Mova as mãos em concha, para mostrar

que as mistura bem e coloque as mãosparg. as costas, sem olhar. Peça a alguémque escolha a que quer que você mostre,

pela côr. E a cada pedido você atenderá sempre, sem errar (Sempre, hein?...)O segredo consiste em colocar dentro de cada bolinha, quando as fizer,

(antes da hora da prova) pequenos pesos, que as torne reconhecíveis e fáceisãe diferençar das outras. A mais leve, verde, a outra, vermelha, etc.

Pelo peso você saberá sempre a que vai mostrar.(3 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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__¦ w Ra -© sâ

— Quem gannar come o outro vivo I !Tô bem? A serpente morreu e êle não tem outra...

O SURDOI ) OIS velhos amigos encontram-se ao fim de'— muitos anos.Diz um ao outro, que era surdo:Tive muita pena de tua mulher ter mor-rido.

O quê ?Tive muita pena quando me disseram que

a tua mulher tinha morrido!Fala mais alto. Não entendo!Tive pena que tivesses enterrado a tua

mulher!Ah! Mas tinha que enterrar! Ela mor

reu...

— Eu chamei só para uma pergunta: oFlamengo ainda é o campeão?

EQUÍVOCO...

JM transeunte parou para daruma ajuda a dois homens

que lutavam desesperadamentecom um piano, encravado numaPorta. Depois de estar a empurraro piano durante cerca de dez mi-nutos o homem parou para des-cansar e disse aos dois carrega-dores:

Nunca conseguiremos metere-te maldito piano dentro de casa,Por esta porta.Meter dentro de casa? ! Nósqueremos é trazê-lo para fora decasa !

-TJ III - - -

n- Ujjl ri ÜB ',§B ? iT\

— Mãos ao alto ! E sem fazer o menor barulho !!

J M maluco, que sempre que pregava um prego dava mar-v-' tcladas nos dedos, inventou este processo de evitar o in-conveniente: segurar o martelo com as duas mãos.

Quantas horas deram ?Uma.Tens certeza ?Claro qil? tenho ! Até ouvi dar uma hora duas vezes

seguidas...

MarÇo>1955 O TICO-TICO 43

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ALTA ASTRONOMIA

• %é^ m

44 O TICO-TICO

FICHÁRIO DOESTUDIOSO

jyrTAlS uma ficha**- ** oferecemos nes-ta edição, à páginaseguinte, para serrecortada, colada emcartão, e arquivo-da.

O resultado da mo-dlflcação que fize-mos foi ótimo. Mui-tos leitores nos es-creveram, aplaudiu-do a idéia e congra-tulando-se conosco,porque agora, sain-do as legendas Já naprópria ficha, o co-leclonador tem me-noa trabalho, nãotem que tirar sentiouma página da re-vista e... não erra,na colocação da le-genda em baixo doretrato.

O que é preciso énâo desanimar nacoleção.

Pretendemos con-tinuur ainda pormuito tempo publi-cando fichas, e aque-les que as colecio-nam desde o inicio,estarão já com umbom número delas.Os que só agora vfiocomeçar, nada per-derâo, se quiseremadquirir as anteric-res, comprando nú-meros atrazados darevista.

Sc nao, começarãoagora mas ainda emtempo de organizarum belo fichário,que lhes servirápara seus estudos.

MARÇO, 1955

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FtehávioA Estudioso

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BRASILEIROS NOTÁVEIS\

Aataaio CARDOSO FONTES, aédia*._k 187». Docabrido. 4a

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Aaier de atai. d. eelah .raien • ha.te.-a.gii Netaral 4a «fo-de 4* Prtt _í»4__ £ falecida.

Fnra. de CAMPOS SALES, caVCM ca _. Paalo ca IML Drpatade pn-_..efaL J«ul_u. Miaiuro dc Ju«iç«, Seaader(ooactitnate), («remado, dc S. Pcclo c Pre-cidade da República, (.«* a _W_). eeaa-da e Huúua aa Bacana Air»-.

O BAHAO DE TÍ_FF£ cliae-iri _* A.U.eie Laia -ca Heaaheltr Naacea na Ria, aaISS7. Amar da primeira trabalha braaik-reaitce hidrografia. Tcaaa parte ao furnada Paragaai. Foi inin-ar pelo_ii__-ua Plenipeteaoário da Bra»-.

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( OLEO DE OVO ^VPSMarca Registrada _£^« p>^^

Cabelos sedosose ondulados

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—exp. 190a - EJtíraí?^^^\1 DIPLOMA DE HONRA __________^^,l UlM.-^1 o^i-.A EXPOSIÇÃO iioC.HI.NÁÇ103)| ^-^ ^^^*__.

Ffc -^ t ""^l Exija o legítimo de ^s..-O LEGÍTIMO 1, CARLOS BARBOSA A JK\ C??k I III i: que traz o nome /

i |1 = 7ÇAR10S EjARBOSA LEITEÇ^p |lg-__a_-A-Ti c-»'Q.oo c- __>;

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40 O TICO-TICO MARÇO. 195'

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CONCURSO N. 333

Não precisam assustar-se quenão vamos pedir a ninguém quesome esses números todos. A coi-sa é outra, muito diferente.

Consta o concurso de hoje emunir os pontos numerados comnúmeros pares, por meio de li-nhas retas... Fácil, não? Masisso terá de ser feito de modo adescobrir a figura que ficará for-mada com as linhas de ligação.Para maior êxito, vá ligando os

pontos pares na ordem crescen-te. Obtida a figura, recorte o

quadro e cole-o em folha de blo-co, assine e ponha seu endereço

(leia nota que saiu na edição

passada-..) remetendo a "Nossos

Concursos", Redação d'0 Tico-Tico, rua Senador Dantas, 15, 5.°andar, Rio — D. F. — e aguar-de a solução e o resultado na edi-

ção de Maio vindouro.

SOLUÇÃO EXATA DO CON-CURSO N. 331 DO MÊS DE

JANEIRO

"Saiba dirigir seus pensamen-tos e não permita que os mausdesejos e torpes sentimentos ar-minem os seus propósitos.

Os maus pensamentos dimi-nuem o homem".

^Março. 1955 O TICO-TICO 47

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QUADRO DE HONRA— CESAR AUGUSTO DOS SANTOS

Barra do Plrai — listado do Rio.— CIQUIAS BIZARRO MENDES — Barlrl —São Paulo.

S — CARLOS ALBERTO NUNESSantos Dumont — Mina* Gerais

— JOSE' IVAN C. ACIOU — Viçosa — Alagoas.— IVOMAR GOMES DUARTE

S&o Paulo — Estado de Sáo Paulo.« — PAULO ROBERTO PEDRINHAS

Engenho Novo — Rio — D. F.— VÂNIA N. SOUSA AGUIAR

Copacabana — Rio — D. T.— PAULO BENTO CORRÊA CARDOSO

Alfenaa — Sul de Minas Ofrals— MARINA ANTUNES PIMENTA

Montes Claros — Minas Gerais.10 — MARIA TERESA BELTRÃO — Bangu -Rio— DP.11 — MARCOS HOLANDA — Fortaleza _ Ceará.12 — BRENO CHVAICER — CampoJ — E. do Rio.13 - LÚCIA MARIA O. MAGALHÃES — Canindé - Ceará14 — MÍRIAM FURCHT

Nova Petrópolis — Rio Grande do Sul15 — RODOLFO CARL06 DLSPERATI

Sáo Paulo — Esado de Sáo Paulo;16 - LEONICE ZANARDO — Catanduva* — Sáo Paulo17 - LUCY VIEIRA DH FREITAS

Mlracema — Estado do Rio.18 — ARLINDO SCHVANTES

Carazlnho — Rio Grande do Sul10 - ANTÔNIO CARLOS P. DANTAS

Salvador — Bahia.20 — FRANCISCO D. ALBUQUERQUE CASTRO

Fortaleza — Oeará

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O TICO-TICO MARÇO, 1955

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CALENDÁRIOFATOS HISTÓRICOSdeste mês1/3/1565 — Fundação da cidade de São Se-

bastl&o do Rio de Janeiro, hoje capitaido Brasil.

1/3/1828 — Inauguração do Curso Jurídicode são Paulo.

1/3/ 1894 — Inicio da construção da cidadede Minas, hoje Belo Horizonte.

1/3/1923 — Morre em Petropolis o grandebrasileiro Rui Barbosa.3/3/182*8 — D. Pedro I abdica da coroa de

Portugal em favor de sua filha d. Ma-«a da Glória.

VS/1817 — irrompe em Per-nambuco a revolução' re-publicaria, que se estende* .Alagoas, Paraíba, RioGrande do Morte e Ceará.

7/S/1826 — Decreto do govêr-ho imperial concedendo•uistia aos Implicados,h&o pronunciados, da Con-federação do Equador.

¦/S/1808 — Desembarcaramno Rio dc Janeiro o prin-clPe D. joio e toda a fa-

milia real de Portugal.10 3/iai7 — E' publicado o Manifesto daHevoluçáo republicana de 1817, cha-«nado o "PRECISO".

••1/3/1808 — O principe D. João organixao primeiro ministério que se constituiu-*10 Brasil.

l8/í/l88i — Verificam-se no Rio de Janel-fo distúrbios conhecidos por "Noite¦*«•» Qarrafadas".

l5/S«!i7'0 ~ P111"**** denúncia da Ihcon-«oéncU Mineira, dada por Joaquimwlvérlo dos Reis ao Visconde de Bar-bacena.

^/a/lBM — Termina na Bahia a revolu-Ç*o conhecida por Sablnada.

17 3 1825 — São executados no Rio de Ja-neiro, João Guilherme Ratcliff, Joa-quim da Silva Loureiro e Joio Metro-•wich, implicados na revolução de 1824.

19/3/1870 — Estréia de "O Guarani", deCarlos Gomes, no Teatro Scala, deMilão.

20/3/1570 — Primeira lei íavort-vel á llber-dade dos Índios.

22/3/1868 — O principe Luis Felipe de Or*leans. Conde d_Su, é nomeado *coman-

dante em chefe das forças brasileirasem guerra com o Paraguai, em aubsti-tuicáo a Caxias.

23/3/18» — Luta Alves de U*ma e Silva é agraciado como titulo de Duque de Ca-idas.

25/3/1824 — Juramento daprimeira Constituição doImpério,

25/3/1838 — Inauguração dcCoftgio Pedro II.

25/3/1840 — O último bandcde Cabanos rende-se à_forças legais em Lusea,hoje Maués, no Maranhão.

25/3/1884 — Libertaçio total doe escravosno Ceará.

27 3 1821 — Começa a circular no Recifeo jornal "Aurora Pernambucana".

2a 3 1569 — Chegam ao Brasil os primei-ros jesuítas.

27/3/1625 — Chega à Bahia a frota envia-da por Felipe II e sob o comando de D.Fradlque de Toledo Osório, para expul-sar os holandeses.

27/3/1817 — F; fuzilado na Bahia José Ina-do de Abreu e Lima, o Padre Roma,implicado na revolução Praielra (Per*nambuco).

AJPf

•MARço, 1955 O TICO-TICO 49

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TIPOS REGIONAIS BRASILEIROS ti ' ' '¦ ,-"

O GARIMPEIRO

GARIMPEIRO

é o homem que trabalhano garimpo, por conta própria oupara um patrão, na procura de ouro

ou pedras preciosas.As zonas de "garimpo", mais conhecidas

são as do rio das Garças, do Araguaia, doTibagí, das Lavras Diamantinas, do AltoParaguassú, etc..

O garimpeiro é um esperançoso, umotimista, que se atira ao trabalho contandoencontrar a fortuna, mas sabe ser forte epersistente para continuar a luta, se a for-tuna não chega.

Os povoados onde residem chamam-se"comi telas".

Na procura do diamante, ou do ouro,usam-se vários processos diferentes. Um deles,primitivo, mas ainda preferido por muitos,consiste no peneiramento do cascalho dosrios, para separar a areia das pepitas nu daspedras.

Usa-se o escafandro, em muitos casos, oumergulhadores de longo fôlego, que se cha*num "sequistas", para a retirada do casca-lho, do leito do rio.

A peneira mais grossa tem o nome de"suruca".

O garimpeiro é o desbravador das rique-zas do solo, e seu trabalho, entre perigos, exi-gin-o resistência, coragem e determinação, éfeito em silêncio, ignorado e muitas vezessem a recompensa merecida.

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O TICO-TICO MARÇO, l955i

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d-Ofi/DA CQLAGOI&O...

NÃO FALHA

FAZ DOS FRACOS FORTES. INFALÍVEL NOSCASOS DE ESGOTAMENTO:

ANEMIADEBILIDADE NERVOSA — INSÔNIAFALTA DE APETITE

E OUTROS SINTOMAS DE FRAQUEZA ORGA-NICA DE CRIANÇAS E ADULTOS.

MaRço1955 O TICO-TICO 51

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1—1 — ~i li - i II >fl_ ~~^_1 • '^ir> ——"~" ¦ — "~ "" ¦*¦¦¦¦¦ ¦* ——»*mamammaa»ma»mm¦_—

VOCè «AW 5NGÍWAfe,$APAT0ê?i,r * * ¦¦----¦—

UM bom hábito, qüe você deve adquirir, é o de cuidar você mesmo

das coisas que lhe pertencem. Além de medida de disciplina, quesó pode valorizar sua personalidade, resulta disso grande economiaem muitos casos, o que não é para se desprezar em uma época decarestia como a que estamos atravessando.

Você sabe, por exemplo, como deve engraxar seus calçados?Vamos ensinar aqui o processo mais acertado para essa opera-

ção. Para começo de conversa, nunca engraxe um calçado sujo. E pre-ciso, antes de mais nada, tirar qualquer resquício de lama ou de pó.Depois disso, estando o sapato bem limpo, deve aquecer o couro, an-tes de aplicar a graxa, que deve ser de boa qualidade.

Você perguntará como aquecer o couro. Será preciso colocar ossapatos no forno? Nada disso. Aquece-se o couro do sapato fricio-nando-o com a escova a seco, demorada e vigorosamente, tendo cui-dado para não se enganar na escova, porque é indispensável ter duase nunca usar a que está reservada aos sapatos pretos para os sapa-tos marrons.

Estende-se então uma camada suave de graxa sobre o couro, nãocom uma escova ou um pedaço de lã, mas sim com um pedaço deUnho bem seco, deixando a graxa secar durante 10 minutos.

Como esse tempo de secagem da graxa é muito importante,para que a engraxada fique brilhando, sendo necessário que a gra-*a penetre bem no couro, deve-se proce-der pé por pé, passando a graxa no pri-meiro antes de começar a tirar o pó dosegundo. ^^ -fíkY-'-

Tendo este recebido sua porção degraxa, retoma-se então o primeiro pé,para escovar:

1.° — com uma fazenda levementeumedecida;

2.° — com uma ílanela de lã oucom a escova de dar lustro;

3.° — com uma camurça ou umPedaço de veludo.

Podemos garantir que a esta altu-** o sapato estará tão bem engraxadolue será fácil você se mirar nele !

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^KÇO. 1955 O TICO-TICO 53

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GALERIA DEPERSONAGENS CÉLEBRES

F ABREJOÃO

Enrique Fabre, que nasceu emSaint-Léons, França, a 22 de Dezembro

de 1823, consagrou a vida ao estudo dosinsetos. Com infinita paciência e tenacida»de observou os costumes desses pequenosseres, pelos quais sentia profundo amor,pois em cada uma de suas manifestações êlevia a presença de Deus e a palpitação deum ritmo eterno. Com estilo poético e cheiode ternura, escreveu numerosos livros, sen-do os mais famosos: "Recordações Entorno-lógicas", em dez volumes; "A Ciência Ele-mentar", "Botânica," "Astronomia Ele-mentar", Historias de tio Paulo a seus so-brinhos, etc.

A casa de João Enrique era muito hu-milde. Seus pais eram camponeses pobres.Por isso, quando João completou cincoanos entregaram-no aos avós. Estes viviamno campo e em cujo contato com a natu-reza, nasceu o profundo amor de Fabrepelos insetos, que durou toda a sua vida.

Pouco depois ingressou na escola dopovoado.

Fez, em seguida, o curso secundário naEscola Normal, obtendo o título de profes-sor, em Avinhão, onde exerceu o magis-tério

Realizou ali verdadeira reforma peda-gógica. Em suas classes imaginava váriosmeios para entusiasmar os alunos, ensinan-do-os a amar a natureza. Entretanto, foicriticado pelo modo de ensinar biologia edestituído do cargo.

Auxiliado por um amigo, o filosofoStuart MUI, Fabre instalou-se em Serignan.Lá viveu quase cinqüenta anos, dedlcan-do-se completamente aos seus estudos.

Modesto e simples, viveu multo tempoignorado. Suas obras, todavia, chamarama atenção dos investigadores pelas curiosasrevelações sobre a vida dos insetos.

Em 1910, ao completar 87 anos, Fabrefoi alvo de grande homenagem de reconhe-cimento pelos seus méritos.

Faleceu em 1915.

í Texto tão atraente e va- Av 1 rlado que sempre se relê\\ com agrado. Um amigo I| que ajuda a resolver to- /

\ / I dos os problemas do Lar ã

_J»]--I M.

'_•_ *_ a* *

t&__&^S5_!_!v_4 jannzE

Literatura,Poesia, Moda. Cine-ma, arranjos casei-

PREÇO CRS 30,00 ros- curiosidades, or-namentação da casa,receitas culinárias,etc. etc. etc.

[C?wruia4ie

¦- 1PEDIDOS PILO frm.REEMBOLSO (\t. A. "O MALHO" \ VRUA SENADOR \DANTAS, 1S-S.--I-I0

-

04 C TICO-TICO MARCO, 1955

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PROBLEMA DO LAGO

m. m- a. /¦^_mk\

O\uatro escoceses cons- Quatro ingleses vieramatrás e construíram tam-bém quatro casas (AAAA),com o fito de pescar nolago pertencente aos esco-ceses.

Uuatro escoceses tuiu-

truiram cada um umacasa em torno de um lago(casas EEEE), adquirindoí>ara si o direito de ali pes-car.

Estes, porém,tomaram suasprovidências: —construíram ummuro resguar-guardando o la-

go e que impe-dia aos intrusosde ir até êle, semcontudo, impedirque eles, esco-ceses, o fizes-sem.

Adianta-mos que foi ummuro cheio decurvas, passan-do entre umascasas e outras.

Você saberáachar a solu-ção ?

Se não, vejano próximo nú-mero.

TOSSE ? CODEINOL

mmS^^

NUNCAFALHA

PREFERIDO PELAS CRIANÇAS POR SERDE GOSTO AGRADÁVEL.PREFERIDOS PELOS MÉDICOS POR SER OREMÉDIO QUE ALIVIA, ACALMA E CURA.

Infalível contra resfriados, asma e bronquite.

^ARÇOi 1955 O TICO-TICO 55

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&ara> fecortore, reamvpèp

(NOTA. ISTO NAO t OONCUKSQ) ___

56 O TICO-TICO MARÇO. 1955

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a bíblia sagrada março

/JÊkm.•RADUZIDA e

anotada pelorev. Padre

Matos Soares, dadiocese de SãoPaulo, acaba de

¦er posta ao alcance dos fiéis de todo o Brasil a6* edição católica da Bíblia Sagrada, impressaem finíssimo papel estrangeiro e encadernadac<un fino gosto, em um só volume, de manuseiottcü e agradável.

Há quem acredite, erroneamente, que a Igre-Va Católica proíbe a leitura da Bíblia. Todavia,'sso nâo é verdade. O que recusa a Igreja é con-•entlr que os católicos leiam Bíblias duvidosas,adulteradas e falsificadas, com rejeição de Livrosinteiros ou parte da Sagrada Escritura.

Proíbe, também, a leitura das Bíblias quen5° trazem notas explicativas e a necessária¦provaçSo eclesiástica e o "Imprimatur" das au-toridades superiores do catolicismo.

Visa, com isso, zelar pela boa e perfeitacompreensão dos livros sagrados porque é impôs--Ivel que pessoas sem estudo entendam inteira-mente a Bíblia e todas as palavras misteriosas,•em uma elucidação adequada.

Para provar Isso, ai está a edição a que nos-"«ferimos, devidamente autorizada pela Igreja,--"•zendo anotações esclarecedoras do seu revê-rendo tradutor c posta à venda em 5 tipos dlfe-•^ntes: encadernação de luxo simples, em mar-^uim, em couro fantasia, em pellca finíssima* marroqulm francês, aos preços respectivos de2°0. 220, 240, 300 e 380 cruselros, além do tipoPopular, em percallne, que custa 130 cruzeiros.,. Os pedidos podem ser dirigidos à Pia Socle-«ade de S. Paulo — Rua Major Maragliano, 241.e * Livraria Paulina Internacional, á Praça das*. 184 _ i.« andar —* em S. Paulo, sendo fei*ta- bonificações especiais para icomendas de 3,l« ou 20 exemplares.

E«U Redação, que foi horr ageada com um

^•o exemplar, agradece ar to que lbe foi

TQ,QSSD

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10 Qli aís s19 D

14 815 T18 Q17 Q18 81» s20 D

21 S22 T23 Q24 Q25 S26 827 D28 829 T30 Q31 Q

São DomtoSao Simpliclo — Temp.São Marino8io Caaemlro — Temp.Santo Adriano — Temp.//' DA QUARESMASantas Perpétua e Felicidade.S. Tomaz de AquinoSão João de DeusSanta Francisca RomanaSS 40 MártiresSão CândidoSão Gregorio MagnoIlf DA QUARESMA

Santa CristinaSanta MatildeSão CesareSão ClriacoSão PatrícioSão Cirilo de Jerusalém 'São JoséIV DA QUARESMASão JoaquimSão Bento AbadeSão SaturninoSanta TeodóslaSão Gabriel ArcanjoAnunciação N. SenhoraSanto EmanuelPaixão — Santa LídiaSão João Capistr&noS. SegundoSão DonlnoSão Benjamim

SEJA UM f^mWm MMENINO 'BLEVADO, MAS

j£,, ^ ^SEMPRE H IrssSm, fBEM PENTEADO \^ y

/¥ riXADOR POR EXCELÊNCIA

ÊM Atendo • pedido. peVo »««"bo}!2,Pof#*,J.IM Tratmi— Kt««)«* Vkmamaa — Cr» IM»\f CafMfta-M *•**

Udk. »•» M 4a atasa, Ui — MO.———————a—__._————————

MAÇÇO, 1955 O TICO-TICO 57

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(AOÔTO su* ÍMBILIDAD5O CASTIGO DORABISCADOR

*^^r?^7§)

O professor reparou que o aluno es-tava riscando, riscando, riscan-

do, e nem olhava para o caderno. Fin-gia que escrevia...

Traga-me este caderno aqui...— ordenou. E o menino trouxe. Napobre página o que havia era essa tra-palhada de rabiscos e dois borrões.

ótimo ! — disse o mestre. —Ótimo ! Agora o senhor vai ter, em 5minutos apenas, e nem mais um se-gundo, que achar o fio que une osdois borrões A e B. Está entendido ?

Ora, imagine, leitor, que fosse vocêaquele aluno. Quanto tempo levaria,com o seu lápis, saindo de A e acom-panhando um dos fios, até chegar aB ? Experimente...

O ACI DENTENA ESTRADA

Em certa estrada o nosso redator

presenciou um triste acidentede trânsito Um carro fez umacurva com muita velocidade, atin-giu o naredão, virou e foi tombarlá em baixo.

Nosso redator dcou muito im-pressionado. Foi para casa e, en-quanto esperava o jantar, traçoueste esboço.

Era um teste, porque o moço gostade psicologia. Para saber se a pessoatem aptidões para ser um bom moto-rista, terá ela que percorrer com aponta de lápis a estrada aqui dese-nhada, não muito depressa nem mui-to lentamente, mas sem que o lápistoque uma vez sequer nas linhas la-terais. Ora, aí tem o leitor um en-sejo de experimentar se pode vir a serbom motorista.

58 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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oANÚNCIO

DOCIRCO

E ODONO DA

CASA

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59MARÇO, 1955 O TICO-TICO

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T^T ão gosta o Zeca V *rT i,dos animais. \~y /C

Trata-os sem dó, 'Aá f¥\}f^\surra-os demais. I f | \

Os bichos, vendo-o,fogem, coitados !Pois, só maus tratoslhes são mandados.

Um dia, o Zecaficou doente.

Que casa triste !

Que pouca gente !

»'__i_________**^*^ \_ f '"*!_/

!é£mT/Mmm\m\ V- --^1

60 O TICO-TICO MAKÇO, 1955

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doNão mia o gato°ão ladra o cãoa ave não cantaQue solidão !

Nem um cãozinho

para brincar !Nem um gatinhoa ronronar!

.1

O canarinhoemudeceu !Então o Zecacompreendeu^'

****>. 1955

.que era bem duro .o seu castigo,

porque nao tinha¦

nenhum amigo !

O TICO-TICO 61

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Gü&WEfZOÔ HI5TOZICOÕ pou =p*mdQ—

yP*J-HlfrPBLEXANORE,

o GRANDE, vencedor dos persas, era filho deFelipe e de Olímpias (356-323 a. C). Aprendeu com seu

pai a arte da guerra e foi discípulo de ARISTÓTELES,

^P_^_A____l_____l^__^_l_^_Nk "A Jk' m~c~ _. m \ \\ \__r-- -^--vj-----^3_________r ^^^__. ^**^"*Z!^^^________Í

L

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sábio grego, que lhe ensinou todos os conhecimentos humanos, inclusive a me-

Contava apenas 20 anos de idade (em 336) quando sucedeu a seu pai (Felipe II)no governo da Mecedônia (antigo reino situado ao N. e... E. da Grécia). U.n cos pri-meiros atos do seu governo foi a submissão dos atenienses e dos tebanos que, insti-gados por DEMOSTENES (o mais notável dos oradores gregos), formaram uma coliga-ção contra a dominação macedônica na Grécia. Alexandre dirigiu-se logo contra eles,e a rapidez da sua marcha inspirou tanto terror que os atenienses depuseram as ar-mas. Os tebanos mataram a guarnição macedônica e ousaram resistir, mas Alexandrecercou Tebas, que foi tomada e arrazada, e os seus habitantes mortos ou cativos, pou-pando apenas os templos e a casa e família do poeta Pindaro.

Alexandre foi o mais célebre conquistador da antigüidade. Nunca, até então, setinha visto um império tão vasto como o que êle formara. Compreendia ?¦ a ** Gré-cia, os antigos impérios do Egito, Assíria, Média e Pérsia, estendendo sia,até aos rios Hifase e Indo, na índia.

Alexandre, quando voltava da conquista dei índia, m... . em

Babilônia, vitimo d'um excesso de intemperança, apenas com 33

anos de idade e com 12 de governo (em 323 a. C).

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^ARç0 1955 O TICO-TICO

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A CORRIDA DOSGORDINHOS

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©—©^OMAM parte neste jogo dois jogadores em cada corrida.

Cada um escolhe um gordinho e põe a sua marca. Depois,com uma moeda, um escolhe "cara" e o outro "coroa".

0 que escolheu "cara", avança uma casa toda vez que jo-gar a moeda e sair "cara". 0 outro, só avança quando jogar esair "coroa". Joga um de cada vez, até ver quem alcança pri-meira o fim.«4 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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651955 O TICO-TICO

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(Ver ilustrações no outro lado da página)

A

erva mate é uma das nossas grandes riquezas. Já os indígenas a usa-vam como alimento. E* uma árvore de cerca de cinco metros de al-tura que cresce espontaneamente em regiões frescas. Suas folhas são

perenes, um pouco grossas, mostrando nervuras fortes. O tronco e os ga-lhos são aveludados e suas flores são brancas e miúdas.

De suas folhas, preparadas em infusão, extrai-se uma deliciosa bebida,

que contém todas as propriedades estimulantes e tônicas do café e do chá,sem as inconveniências que esses acarretam.

Os Estados brasileiros què se destacam na produção de mate são:

— Paraná 3 — Rio Grande do Sul

— Santa Catarina 4 — Mato Grosso

Sendo uma bebida ideal para todas as classes que trabalham, tem ocomércio do mate um futuro promissor, dada sua grande aceitação nos mer-cados nacionais e estrangeiros.

O

guaraná é planta nativa na Região Amazônica. Seus frutos apre-sentam-se em cachos, como as uvas. São vermelhos, do tamanho de

um grão de bico.

Assim que amadurecem, de Setembro a Novembro, são os frutos colhi-

dos. As sementes são torradas e piladas. A mas_a assim obtida é arruma-da em forma de pequenos cilindros que apresentam a côr vermelho escuro,

que são levados a secar, ficando duros e compactos.

São estes bastões que, ralados e misturados com água e açúcar, consti-

tuem agradável e salutar bebida.Os Estados que fornecem maior produção de guaraná são:

-*"- Amazonas

— Pará(Continua)

66 O TICO-TICO MARÇO, 1955

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&fr*. mp -lüJ u^ uLkj cr

O castigo viaja a cavalo" — dizia-se an-l .mente, quando andar a cavalo era o queV'Q de mais rápido e melhor. Hoje, as coisas

oram tanto, tanto, tanto, que o castigo____.de avião ...

Chiquinho ia ao armazém de sèo Fui-gêncio, buscar uma compra. E, para náoperder tempo, io andando e saboreando umarica banana. Acabada a banana," zás ! jogouo casca no chão . ..

*"n d6Ve 'Qler 'SS0/ meu *'"10 disse

que ia passando.CQj

~~~ "'Quem pisa nessa casca, escorrega e"o

' N ° Qt* quebrar um braço ou uma per-Unco jogue cascas de frutas no calçada!

O nosso amigo, porém, não ligou importân-cia às palavras sensatas e bem intencionada.,do homem. Disse apenas: — Ora ! Que olhempara onde pisam..." E lá se foi, como se a coisanem fosse com êle.

(Continua na pánina seguinte)

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iá***^Hiçáo da página anterior)

Entrou no Armazém do sêo Fulgèncio, ondeos preços nunca pararam, e tratou de se desin-cumbir do compra que a mamãe lhe ordenaraque fizesse. Depois, com a mesma despreo-cupação com que viera,... —

_JL /^Jsfâ \ ^ Uí;

. . . saiu, carregando o embrulho de compro*.Já nem mais se lembrava da banana, da cas-co, do homem e, muito menos, do conselho sen-sato que este lhe havia dado ... E como nãoolhou para a calçada ...

- „an. '

... conforme dissera que todos deviam fazer, para evitar sustos e tombos, aqui está o resultadoda sua própria imprevidência e pouco caso pela vida dos outros .. .

Não sabemos se o homem estava ainda ali por perto. Se estava, deveria ter repetido a fro-se sentenciosa do próorio Chiquinho: "Ora, ora ! Por que não olhou para onde pisava ?"

GRAFICA PIMENTA DE MELLO 8. A. — HJO