Lidando com Mudanças Climáticas e Promovendo a Sustentabilidade: Intervenções Analítico-Comportamentais

Hélder L. Gusso – Univ. Positivo Angelo A. S. Sampaio – UNIVASF

XX Encontro Brasileiro de Psicologia e Medicina Comportamental e I Encontro Sul-Americano de Análise do Comportamento

Setembro de 2011, Salvador-BA

Sustentabilidade

= Probabilidade de um grupo manter seu estilo de vida por um determinado período de tempo

Sobrevivência biológica dos organismos envolvidos

E permanência de práticas culturais

Ideal último: manutenção permanente da espécie como um todo incluindo diversidade biológica e cultural

Identificar as restrições ecológicas de nosso ambiente atual e futuro e agir em função dessas restrições

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Por que se importar?

Sustentabilidade de nossa sociedade global para as próximas décadas está ameaçada (Diamond, 2005)

1. Mudanças climáticas a. Intensificação das intempéries b. Até final do séc. no NE do Brasil: redução de

10-20% das chuvas, desertificação do semiárido

c. Inundação e erosão de áreas costeiras onda imigratória, salinização de rios, fontes de água potável e áreas cultiváveis (Thompson, 2010)

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2. Perda de solo a. Erosão, salinização e perda de fertilidade já

danificaram gravemente 20%-80% de toda a terra de cultivo do planeta

b. Escassez e aumento do preço dos alimentos

3. Superpopulação e maior impacto per capita a. Hoje cerca de 7 bi de pessoas b. 2050: entre 7.5 e 10.5 bi c. Exacerba todos os problemas anteriores

Por que se importar?

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É possível resolver tais problemas?

Boa notícia: Eles serão resolvidos “no tempo de vida das crianças e jovens adultos de agora”

Má notícia: De modo agradável OU por meio de guerras, genocídio, fome, doenças epidêmicas e colapso das sociedades

(Diamond, 2005, p. 596)

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Papel do comportamento humano

Todas as ameaças citadas são produtos do comportamento humano 1. Produção de gases atmosféricos danosos 2. Práticas agrícolas 3. Práticas reprodutivas e de consumo

Tecnologias das ciências da natureza podem reduzir impacto Contudo, não há tempo ou recursos suficientes para

soluções baseadas apenas nelas

Necessidade de tecnologia comportamental (Thompson, 2010)

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Papel da Análise do Comportamento

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1970: Sustentabilidade em pauta

Aumento da preocupação com questões ambientais

Publicação de diversos relatos de intervenção analítico-comportamentais nos principais jornais da área

Diminuição na taxa de publicações nas décadas de 80, 90 e 2000 – reversão em 2010?

(Lehman & Geller, 2004) 9

Tipos de intervenção

1. Estratégias orientadas para antecedentes

2. Estratégias orientadas para consequências (Lehman & Geller, 2004)

3. Estratégias orientadas para dimensões culturais

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Estratégias Orientadas para Eventos Antecedentes

Aproveitam relações de controle de estímulos já existentes ou atuam como operações motivadoras para

aumentar a probabilidade de ocorrência de comportamentos pró-ambientais

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1. Apresentar informações (“Conscientização ambiental”)

Informações sobre: Problemas ambientais e sociais Relações entre comportamento humano e tais

problemas

Aumentam a probabilidade das pessoas continuarem apresentando os comportamentos pró-ambientais depois de intervenções (Lehman & Geller, 2004)

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1. Apresentar informações (“Conscientização ambiental”)

Programas educativos formais e informais

Leis que exijam disponibilização de informações sobre aspectos ambientais de produtos e serviços

Tecnologias que explicitem informações relevantes do produto ao consumidor Ex: Realidade aumentada

em smartphones

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2. Usar dicas que sinalizem comportamento apropriado para ocasião

Especialmente efetiva quando o o comportamento é “simples de ser apresentado, claramente definido e quando a mensagem é apresentada em local próximo ao que o comportamento precisa ser apresentado”

(Lehman & Geller, 2004, p. 19).

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3. Demonstrar comportamentos pró-ambientais

Observação de alguém se comportando pode sinalizar um modo mais efetivo de produzir certa consequência.

Especialmente útil quando modelo apresentado tem menor custo de resposta ou produz consequências gratificantes que não eram produzidas de outro modo. Redução de resíduos, eliminação de copos

plásticos, créditos de carbono, diminuição de papéis, engajamento de fornecedores 16

Certificação Ambiental do XX Encontro da ABPMC

Ex.: Ensinando crianças a comer salada e frutas

www.fooddudes.co.uk 17

4. Definir objetivos ou estabelecer comprometimento com algo

Comprometer-se com algo aumenta probabilidade de comportamentos condizentes com aquilo a que se comprometeu.

Tipo de controle verbal do comportamento.

(Lehman & Geller, 2004)

18

www.stickk.com

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5. Planejar ambientes que favoreçam bons comportamentos

Diminuir o custo de resposta de comportamentos ambientalmente relevantes.

Intervenção com instruções e coleta de lixo na porta das casas em uma favela aumentou a quantidade de resíduos destinados corretamente (Abreu, 1990).

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Estratégias Orientadas para Eventos Consequentes

Principal variável que explica a ocorrência de um comportamento

Fundamental para aprendizagem de novos comportamentos

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1. Usar recompensas

Bons resultados durante intervenção

Após intervenção, comportamentos tendem a voltar a frequência anterior.

Parece ser de pouca serventia no longo prazo.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

1970 1980 1990

Intervenções que utilizaram recompensas

(Lehman & Geller, 2004) 23

2. Usar feedback

Estratégia mais frequente

Eficiência demonstrada desde década de 1970

Possibilidade de variação de forma e do esquema de reforço.

Ajuda a tornar o comportamento sensível aos eventos posteriores produzidos pelas respostas emitidas, mas que não controlariam o comportamento sem que houvesse intervenção do ambiente social.

(Lehman & Geller, 2004)

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Ex.: Usar feedback

Jacob Keller (1991):

A solução da reciclagem:

Como eu aumentei a reciclagem na Rua

Dilworth Figura 2. % de casas na R. Dilworth Oeste (notas) e na R. Dilworth Leste (sem notas)

com materiais para reciclagem em cinco 6as-feiras consecutivas. 25

Estratégias Orientadas para Dimensões Culturais

Alterar comportamentos de milhões de pessoas ao longo dos séculos exige alterar macrocontingências,

metacontingências e práticas culturais

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1. Disseminar intervenções comportamentais em larga-escala

Muitas ameaças à sustentabilidade envolvem macrocontingências

Validade social (Baer, Wolf & Risley, 1987)

Análises de custo-benefício

Elaboração de “pacotes vendáveis” de produtos e serviços

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2. Outras intervenções culturais

Heward e Chance (2010)

Usar materiais de construção e

eletrodomésticos menos sustentáveis

Usar materiais de construção e

eletrodomésticos mais sustentáveis

Preço Reduzido

Gastos Elevados

Preço Elevado

Gastos Reduzidos

Lucro das Empresas Danos Ambientais

Produtos Agregados

Impostos

Dedução no I.R.

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2. Outras intervenções culturais

(http://carrotmob.org) (Heward & Chance, 2010)

Compromisso % do lucro

$$

$$

CARROTMOB

Empresa Clientes

Empresa

Práticas “verdes”

Danos Ambientais

Lucro

Lucro Danos

Ambientais 29

3. Outros aspectos

Práticas Culturais Ex. Consumismo “Obsolescência planejada”, “obsolescência percebida”,

“Criação de demanda” Vs. “Responsabilidade estendida do fabricante” (Annie Leonard)

Ex. Culturas Organizacionais

Importância da interdisciplinaridade

Importância da avaliação (quase-)experimental das intervenções

Planejamento cultural visando sociedade em experimentação (Skinner, 1948/1972)

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Resumo

Sobrevivência e estilo de vida ameaçados no “curto” prazo

Intervenções analítico-comportamentais Orientadas para eventos antecedentes Apresentar informações Usar dicas que sinalizam comportamento apropriado Demonstrar comportamento apropriado Definir objetivos ou estabelecer comprometimento Planejar ambientes que favoreçam comportamento apropriado

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Resumo

Intervenções analítico-comportamentais

Orientadas para eventos consequentes Usar recompensas Usar feedback

Orientadas para dimensões culturais Disseminar Intervenções Comportamentais em Larga-Escala Outras Intervenções Culturais

Importância da interdisciplinaridade e da avaliação (quase-) experimental de intervenções

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Referências

Abreu, J. L. C. de. (1990). Controle dos resíduos sólidos com envolvimento de população de baixa renda. Revista de Saúde Pública, 24 (5), 398-406.

Andery, M. A. P. A. (1993). Uma sociedade voltada para o futuro. Temas em Psicologia, 2, 23-30.

Baer, D., Wolf, M., & Risley, R. (1987). Some still-current dimensions of applied behavior analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 20, 313 - 327

Diamond, J. M. (2005). Colapso: Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. São Paulo: Record

Heward, W. L., & Chance, P. (2010). Climate change: Meeting the challenge. The Behavior Analyst, 33 (2), 197–206.

Keller, J. J. (1991). The recycling solution: How I increased recycling on Dilworth Road. Journal of Applied Behavior Analysis, 24 (4), 617-619.

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Referências

Lehman, P. K. & Geller, E. S. (2004). Behavior Analysis and Environmental Protection: Accomplishments and Potential for More. Behavior and Social Issues, 13, 13-32.

Levitt, S.D. & Dubner, S. J. (2009/2010). Superfreakonomics. Rio de Janeiro: Elsevier.

Malott, R. W. (2010). I’ll save the world from global warming—tomorrow: Using procrastination management to combat global warming. The Behavior Analyst, 33 (2), 179–180.

Skinner, B. F. (1972). Walden II: Uma sociedade do futuro (2ª ed.). São Paulo: EPU. (Originalmente publicado em 1948).

Thompson, L. G. (2010). Climate change: The evidence and our options. The Behavior Analyst, 33 (2), 153–170.

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