Super.interessante.ed.Especial

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SUPERI N T E R E S S A N T E

E D I Ç Ã O E X T R A

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(1398-1468)

ELES ERAM INTELIGENTES, CRIATIVOS E T INHAM

VISÃO DE NEGÓCIO. PENSARAM EM SOLUÇÕES

PARA PROBLEMAS QUE NEM EXISTIAM E,

COM ISSO, MUDARAM A HUMANIDADE

(287-212 a .C .)

I 5 - PER ESPECIAL STEVE JOBS I M A G E N S D I V U L G A Ç Ã O

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A l e x a n d e r G r c th a m B el l

( 1 8 4 7- 1 9 2 2) T h o m a s Ed i s o n( 1 8 4 7- 1 9 3 1 )

A l e x a n d e r F l em i n g

( 1 8 8 1- 1 9 5 5)

( 1 8 6 3- 1 9 4 7)

O r v i l l e W r i g h t

(1871-1948)e g g B s g s g s a

( 1 8 6 7- 1 9 1 2)

S t e v e J o b s( 1 9 5 5- 2 0 1 1)

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E D I T O R A â Abr i lFundador: V I C T O R C I V I T A

(1907-1990)

Editor: R o b e r t o C i v i taPresdente Executivo: J a i r o M e n d e s L e a l

Conseho Editoria: R o b e r t o C i v i t a ( P r e s i d e n t e ) ,T h o m a z S o u t o C o r r ê a ( V i c e -P r e s i d e n t e ), E l d a M ü l l e r, G i a n c a r l o C i v i t a ,

J a ir o M e n d e s L e a l , J o s é R o b e r t o G u z z o , V i c t o r C i v i t a

Dretor de Assnaturas: F e r n a n d o C o s t aDretor Digita: M a n o e l L e m o s

Diretor Fnancero e Administrativo: F á b i o d ' A v Ü a C a r v a l h oDiretora-Gera de Publicdade: T h a i s C h e d e S o a r e s

Dretor-Gera de Publicdade Adjunto: R o g é r i o G a b r i e l C o m p r i d oDiretor a de Recursos Human os: P a u l a T r a l d i

Diretor de Serv iços Editor iais : A l f r e d o O g a w a

Di re tora-Super in tendente: B r e n d a FüCUtaDiretora de Núceo: A l d a P a l m a

Diretor de Redação: S é r g i o G w e r c m a nDiretora de Arte: A l e s sa n d ra K a l k o Editores:Alexandre Versignassi , Bruno Garat toni ,Fe l i p e v a n D e u r se n , M a r i a n a C a e t a n o , La r i s s a Sa n t a n a Editora Assistente: K a r i nH u e c k Editora de Art e: R e n a t a S t e f fe n Designers: Gabriel Gianordol i , Jorge Ol ivei ra ,R a fa e l Q u i c k Estagiário: R a p h a e l G a l a s s i Atendimentoao Leitor: A d r i a n a M e n e g h e l loCoordenadora Administrativa:G i se l d a G a l a Coordenadora Assistente de Redação: IveteL o b a t o Assistente Adm inistrativo: F a g n e r R e n o CTI - UNII: A l v a ro Ze n i ( su p e rv i -so r ) , A n d ré H a u l y , E r i k a N a k a m u ra , Ed v â n i a Si l v a , Ju a re z M a c e d o , Le a n d r oM a rc i n a r i , Ze c a Fra n ç a , Le o Fe r re i ra , R o d r i g o Le me s , R e g i n a Sa n o e V a n e s saD a l b e r t o Internet Núcleo Jovem: Editor: F r e d e r i c o d i G i a c o m o Editor Assistente:K l e y so n B a rb o sa Repórteres: M a r i a n a N a d a i , O t á v i o C o h e n Designers: F a b i a n e

Za m b o n e D a n i e l La z a ro n i A p o l i n á r i o Webmaster: B ru n o X a v i e r Estagiários: A n aPra d o ( t e x t o ) , G u i l h e rme D e a ro ( t e x t o ) e Lu c a s O t su k a (w e b ma s t e r ) Colaboraramnesta edição : T ia g o C o rd e i ro (e d i ç ã o ) , Bi a n c h e r i a e P i c t o mo n s t ro (e d i ç ã o d e a r t e ) ,G u i l h e rm e To se t t o (e d i ç ã o d e fo t o g ra f i a ) e Pa u l o K a i s e r ( re v i s ã o )

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SERVIÇOS EDITORIAIS: Apoio Editorial: C a r l o s G r a s s e t t i ( A r t e ) , L u i z I r i a ( I n f o g r a f i a )

Dedoc e Abril Press: G r a c e d e S o u z a Pesquisa e Inteligência de Mercado: A n d r e a C o s t a

Treinamento Editorial: E d w a r d P i m e n t a

PUBLICIDADE CENTRALIZADA: Diretores: M a r e i a S o t e r , M a r i a n e O r t i z , R o b s o n M o n t e

Executivos de Negócios: A n a P a u l a T e i x ei r a , A n a P a u l a V i e g a s , C a i o S o u z a , C a m i l a F o l h a s ,

C a m i l l a D e l l, C a r l a A n d r a d e , C i d i n h a C a s t r o , C la u d i a G a l d i n o , C l e id e G o m e s , C r i s t ia n o P e r s o n a ,

D a n i e l a S e r a fi m , E l i a n e P in h o , E m i l i a n o H a n s e n n , F a b i o S a n t o s , Ja i y G u i m a r ã e s , K a r i n e T h o m a z ,

M a r c e l l o A l m e i d a , M a r c e l o C a v a l h e i r o , M a r e i o B e z e r r a , M a r c u s V i n i d u s , M a r i a L ú c i a S í r o t b e k , N i l o

B a s t o s , R e g i n a M a u r a n o , R e n a t a M i o l l i , R o d r i g o T o l e d o , Se l m a C o s t a , S u s a n a V i e i r a , T a t i M e n d e s

PUBLICIDADE DIGITAL Dir etor : A n d r é A l m e i d a Gerente: V i r g i n i a A n y Gerente de EstratégiaComercial: A l e x a n d r a M e n d o n ç a Executivos de negócios: A n d r é Bo r t o l a i, A n d r é M a c h a d o ,

C a m i l a B a r c e ll o s , C a i o M o r e i r a , C a r o l i n a L o p e s , C i n t h i a C u r t y , D a v i d P a d u l a , E l a in e C o l l a ç o , F a b í o l a

G r a n j a , F l a v i a K a n n e b l e y , G a b r i e l S o u t o , G u i l h e r m e B r u n o d e L u c a , G u i l h e r m e O l i v e ir a , H e r b e r t

F e r n a n d e s , J u l i a n a V i c e d o m i n i , L a u r a A s s i s , L u c i a n a M e n e z e s , R a f a e l d e C a m a r g o M o r e i r a , R e n a t a

C a r v a l h o , R e n a t a Si m õ e s PUBLICIDADE REGIONAL: Direto res: M a r c o s P e r e g r in a G o m e z , P a u l o

R e n a t o S i m õ e s Gerentes: A n d r e a V e ig a , C r i s ti a n o R y g a a r d , E d s o n M e l o , F r a n c is c o B a r b e i r o N e t o ,

I v a n R i z e n t a l , J o ã o P a u l o P i z a r r o , R ic a r d o M a r i a n i , S ó n i a P a u l a , V a n i a P a s s o l o n g o Executivos d eNegócios: A d r i a n o F r e i re , A i l z e C u n h a , B e a t r i z O t t i n o , C a m i l a J a r d i m , C a r o l i n e P l a t i l h a , C a t a r i n a

L o p e s , C e l i a P y r a m o , C l e a C h i e s , D a n i e l E m p i n o t ü , H e n r i M a r q u e s , ít a l o R a i m u n d o , J o s é C a s t i lh o ,J o s é R o c h a , Jo s i L o p e s , Ju l i a n a E r t h a l , L e d a C o s t a , L u c i e n e L i m a , M a r i b e l F a n k , P a m e l a B e n i

M a n i c a , P a o l a D o r n e l l e s , R i ca r d o M e n i n , R o d r i g o S co l a r o , S a m a r a S a m p a i o d e 0 . R e i j n d e r s PUBLI-CIDADE NÚCLEO JOVEM: Diretor: A l b e r t o S i m õ e s d e F a r i a Gerentes: F e r n a n d o S a b a d i n eS a n d r a F e r n a n d e s Executivos de Negócio: A l e s s a n d r a C a l i s si , A l i ce V e n t u r a , A n a L ú d a B e r t o l a ,

B i a M a d n e l i , E d u a r d o C h e d i d , F e r n a n d a M e l o , F l a v i a M a g a l h ã e s , Jo ã o E d u a r d o D i a s , Ju l i a n a

C o m p a g n o n i , K a r i n e G r i g ó r io , L e il a R a s o , L u i s F e r n a n d o L o p e s , P a u l o T r i n d a d e , M a r a M a r q u e s ,

M a r i a R o s á r i a P i r es , R e in a l d o M u r i n o , S a m a r a h A l m e i d a , S o r a y a C o e n , S h i r l e n e P i n h e i r o , T h a i r a

F e r r o , V e r a R e i s Assistentes: L i l i a n a M o u r a , M o n i s e B a r b o s a DESENVOLVIM ENTO COM ERCIALDiretor: J a c q u e s B a i s i R i c a r d o INTEGRAÇÃO COMERCIAL Diretora: S a n d r a S a m p a i o MARKE-TING E CIRCULAÇÃO: Diretorade Marketing: L o u i s e F a l e i r o s Gerente de Marketing: A n g e l i c a

G a r d a Gerente de Núcleo: E d s o n B o t t u r a Analistas: T a l e s E s p a r t a , T h a y s P a n i z z a Gerente deEventos: M ô n i c a R o m a n o A g o s t in h o Analistas: A d r i a n a P a o l i n i , C a r o l i n a F i o r e s i Estagiária:M a r i a n a C a m a r g o Gerente Marketing Publicitário: C e z a r A l m e i d a Analista: P a u l o V i d o r G o u v ê a

Gerente de Circulação Avulsas: M a g a l i S u p e r b i Gerente d e Circulação Assinaturas: G i n a

T r a n c o s o PLANEJAMENTO , CONTROLE E OPERAÇÕES: Dir eto r: A n d r é V a s c o n c e l o s Gerente:R e n a t a A n t u n e s Consultor: R i c ar d o W i n a n d y Processos: A l i n e D o s i , F a b i a n o V a l i m ASSINATU-RAS: Atendimento ao Cliente: C l a y t o n D i c k RECURSOS HUMANO S Consulto ra: R a c h e l S i l v a

Redação e Correspondência: A v . d a s N a ç õ e s U n i d a s , 7 2 2 1 , 1 4 ° a n d a r , P i n h e i r o s , S ã o

P a u l o , S P , C E P 0 5 4 2 5 - 9 0 2 , t e l . ( 1 1 ) 3 0 3 7 - 2 0 0 0 . Publicidade São Paulo e informaçõessobre representantes de publicidade no Brasil e no Exterior: w w w . p u b l i a b r i l . c o m . b r  

PUBLICAÇÕES DA EDITORA ABRIL: A l f a , A l m a n a q u e A b r i l , A n a M a r i a , A r q u i t e tu r a & C o n s t r u ç ã o ,

A v e n t u r a s n a H i s t ó r i a , B o a F o r m a , B o n s F l u i d o s , B r a v o ! , C a p r i c h o , C a s a C l a u d i a , C l a u d i a , C o n t i g o ! ,

D e l í c i a s d a C a i u , D i c a s I n fo , E li e , E s t il o , E x a m e , E x a m e P M E , G l o s s , G u i a d o E s t u d a n t e , G u i a s

Q u a t r o R o d a s , I n fo , L o la , L o v et e e n , M a n e q u i m , M á x i m a , M e n ' s H e a l t h , M i n h a C a s a , M i n h a N o v e l a ,

M u n d o E s t r a n h o , N a t i o n a l G e o g r a p h i c , N o v a , P l a c a r , P u b l i c a ç õ e s D i s n e y , P la y b o y , Q u a t r o R o d a s ,

R e c r e i o , R e v i s t a A , R u n n e r ' s W o r l d , S a ú d e , S o u M a i s E u ! , S u p e r i n t e r e s s a n t e , T it i t i, V e j a , V e j a R i o ,

V e j a S ã o P a u l o , V e j a s R e g i o n a i s , V i a g e m e T u r i s m o , V i d a S i m p l e s , V i p , V i v a ! M a i s , V o c ê R H , V o c ê

S / A , W o m e n ' s H e a l t h Fundação Victor Civita: G e s t ã o E s c o l a r , N o v a E s c o l a

ESPECIAL STEVE JO BS e d i ç ã o n " 2 9 6 - C é u m a p u b l i ca ç ã o e s p e c i a l d a SUPERINTERESSANTE,d a E d i t o r a A b r i l S . A . 1 9 8 7 G + J E s p a n a S . A . " M u y I n t e r e s a n te " ( " M u i t o I n t e re s s a n t e ") , E s p a n h a .

Edições anteriores: V e n d a e x c l u s i v a e m b a n c a s , p e l o p r e ç o d a ú l t i m a e d i ç ã o e m b a n c a . S o l ic i t e

a o s e u jo r n a l e i r o . D i s t r i b u í d a e m t o d o o p a í s p e l a D i n a p S . A . D i s t r ib u i d o r a N a c i o n a l d e P u b l i c a ç õ e s ,

S ã o P a u l o . SUPERINTERESSANTEn ã o a d m i t e p u b l i c id a d e r e d a c i o n a l.

Serviço ao Assinante: Grand e São Paulo: (11) 5087-2112Demais localidades: 0800-775-2112 www.abrilsac.com  

Para assinar: Grande São Paulo: (11) 3347-2121Demais localidades: 0800-775-2828 www.assineabril.com.br  

IMPRESSA NA DIVISÃO GRÁFICA DA EDITORA ABRIL S.A.A v . O t a v i a n o A l v e s d e L i m a , 4 4 0 0 , F r e g u e s i a d o Ó , C E P 0 2 9 0 9 - 9 0 0 , S ã o P a u l o , S P

f v = 3f p l p f p ANER

A b r i l

Presidente do Conselho de Adm inist ração: R o b e r t o C i v i í a

Presdente Executivo: G i a n c a r lo C M t avice-Presdentes: A r n a l d o T i b y r iç á , D o u g l a s D u r a n ,M a r e i o O g l i a r awww.abr i l . com.br

Gêniocomplicadoão c onhe ç o , n i ngu é r r que t enha gan hado t an t os

obi tuár ios e i

anos, a cada i r

ou a f as t am en t o

suas o

ba ianç

Comei sxp l i carse nscL

l a rgou

de des

q u a ™ S te ve J'

problenj ia de sa

t o d o m i

expl ica

5 b W Io s úl t imos sete

úde, a cada c i rurgia

indo da imprensa

sua impor tânc ia ,

d i f í c i l compreender Jobs .

Id o pela mãe que depoispr imei ra f i l ha? Um jovem que

em pres a c om o ob j e t i v o

a un ivers idades? Um nerd

mporada na índ ia?

r ionár ios em públ i co?

e ex p l i c a r o f enôm eno

Apple ,

corr ia para tentar, de nove

igens , as maik res dações . Tanta ins is tênc ia em fazer

os faz todo sei

b a n d o n as ou a rec c j i hec e r I

a facu Idade,^nas c r iou

nv o l v e r c om pu t ado res pa i

prava LSD e passou uma te

U m bud i s t a h u e humi lhava os fun<

. A s i ras es que c hegam m a l '

são contradi tór ias. "Ele não cr iou nada, mas cr iou tudo" ,

d iz o CEO que mais duro u na Apple , fora o própr io Jobs ,

J ohn S c u l l ey - o hom em que c ons egu i u c om que S t ev e

fosse expulso da empresa que c r iou dent ro de um quar to .

Agora, uma co isa é bem c lara para todos : o homem era

um gênio . E daqu eles in f luentes , que fa zem a cabe ça

das pessoas . Começou a car re i ra inaugurando a era dos

c om pu t ad o res pes s oa is e t e rm i nou re i nv en t an do t udo de

novo com o iPad. Mudou o c inema, a pub l i c idade, a mús ica,

a te le fon ia . Para revo luc iona r tantos mercad os , a t i rou

para todos os lados . Não teve m ed o de co r rer r i scos ,

nem de m udar de op i n i ão no m e i o do c am i nho .

Nas próx imas pág inas , você va i mergu lhar de cabeça na

v i da e na ob ra des s e hom em t ão c om p l i c ado e dec i s i v o

para nossa v ida. Boa sorte no desaf io que é entendê-lo.

T i a g o C o r d e i r o

I L U S T R A Ç Ã O D A C A P A : C H R I S T O P H E R G R I F F I T H / TR U N K A R C H I V E . C O M

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M e s t r e s i n v e n t o r e s

g U m h o m e m s em f am í l i a

D o q u a r t o p a r a o m u n d o

C a r a e s t r a n h o

| g ) C o n v e r s a p r o f é t ica

2 E x p u l s o d e c a s a

A v o l ta p o r c i m a

g R e v o l u ç ã o n a m ú s i c a

A s a l v a ç ã o d a l a v o u r a

R e v o l u ç ã o n a t e l e f o n i a

Q Q L o n g o c am i n h ow O p a r a o i P a d

^ Q l m p é r i o d o m a l

P o r t f ó l i o d e r e s p e i t o

A A p p l e n ã oi n v e n t a n a d a6

A Q A s m e l h o r e s* O p r o p a g a n d a s

O s e n h o r d o s p i x el s

| O s p a r c e i r o s fi éi s

I n i m i g o í n t i m o

6264

O s m a i o r e se r r o s d e J o b s

C o m o f a z e r u m aa p r e s e n t a ç ã o

O f u t u r o d a A p p l e

C o m o S t e v e J o b sm a t o u o s n e r d s

O O " T e c n o l o g i a n ã o

0 0 < é n a d a '

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Um hom em

sem fam íliaEle fo i adotad o, forço u os pa is a mu da r de ba i r ro , la rgo u a facu ldad e para p erco r rer a

índ ia e não qu is reconh ece r a pr im ei ra f i lha . Conheça a juv en tud e m aluca de Steve Jobs

TEXTO T i a g o C o r d e i r o // ILUSTRAÇÃO P i c t o m o n s t r o

procurasse por Steven Paul Jobs no ano de 1972 po-

ria encontrá-lo no shopping Westgate, na cidade californiana

de~San joséXEIe ganhav a US$ 3 por hora vestido co mo o Cha-

peleiro, Malucç, de Alice no País das Maravilhas, em festas in-

fantis. Quem rèpresentava o Coelho Branco era o amigo Steve

Wozniak. Na época, os dois andavam sempre juntos - e sem pre

duros. Jj/1as arrànjavam tempo e algum dinheiro para frequentaros pátios de/Universidades da região. Em uma dessas visitas,

em Berkeley, em 1971 se viram n o meio de um protesto estu-

dantil. "Ses não são os revolucionários", disse Jobs, assim que

se viram longe da nuvem de gás lacr imogênio que se formou

em torno dos dois. "Nós somos." Eles ainda precisariam de al-

I para provar isso ao m undo . Mas Steve Jobs já sabia,

desde criança, que tinha um grande futuro pela frente. Isso se

não fosse parar na cadeia primeiro.

"Eu achava qu e seria um d elinquente. Se não fosse por três

ou quatro pessoas que se importaram comigo, certamente

teria ido parar na cadeia", ele disse em entrevista ao Instituto

Smithsonian, em 1995. Era um garoto hiperativo. Mal começou

a andar e achou u m frasco de veneno para formigas. Acabou

no pronto-socorro da cidade de Mountain View, onde vivia com

os pais adotivos, Paul e Clara. Não seria a primeira vez: tempos

depois, como muitas cr ianças, ele tomou um choque violento

ao enfiar um gram po de cabelo em um soq uete de lâmpada.

Na escola, matava tod as as aulas que podia e, qua ndo não

conseguia escapar, tocava o terror. "Minha mãe [Clara] me en-

sinou a ler quando eu era muito novo. Eu só queria fazer duas

coisas: ler e ficar ao ar livre, caça ndo borboletas", Jobs con tou

na mesma entrevista. Ele encontrou a companhia ideal em ou-

tro aluno problemático, Rick Farentino. Juntos, os dois coloca-

ram explosivos debaixo das mesas dos professores e trocarama senha dos cadeados de todas as bicicletas dos colegas. Em

resposta, foram colocados em salas diferentes. O jovem Jobs

ficou sob a responsabilidade de Imogene Hill. "Graças a Deus,

fui eu q uem ficou na sala dela", ele relembraria. A professora o

chamou e disse: "Vamos fazer um acordo. Se você terminar o

dever de matemática sozinho e acertar mais de 80% das ques-

tões, te dou US$ 5 e um pirulito". O suborno funcio nou. Até qu e

o ano letivo acabou e os problemas voltaram.

Não tinha jeito: o garoto, que agora já tinha 11 anos, comuni-

cou aos pais que nunca mais pisaria naquele lugar, a Crittende n

Middle School. Para trocar de escola pública, era preciso que a

família se mudasse de bairro. Paul e Clara não pensaram duas

vezes e se instalaram c om o ga roto e Patti, a outra fi lha ado tiva

do casal, na cidade v izinha de Los Altos. Eles não estava m ape-

nas se deixando levar pelos caprichos de um pré-adolescente.

Tinham um comp romisso ant igo, assumido no dia em que assi-

naram os papéis de adoção.

iy 6 SUPER ESP ECIAL STEVE JOBS

h .

Jobs cresceu entrea contracultura eo Vale d o Silício:

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P R O M ES SA E DIVIDAEm 1954, Paul Reinhold Jobs era um mecânico de 32 anos

nascido em Wisconsin, com um emprego fixo na Guarda Cos-

teira e bicos consertando carros. Estava casado com Ciara

Hagopian, uma contadora de 30 anos. Os dois viviam em SãoFrancisco (depois mudariam para Mountain View), não podiam

ter fi lhos e estavam procurando um bebê para adotar.

Enquanto isso, na cidade natal de Paul, a 3,8 mil quilôme-

tros d e São Francisco, Joanne Carole Shieble, de 23 anos, engra-

vidava do namorado, o sírio Abdulfattah Jandali, que havia co-

nhecido na Universidade de Wisconsin. Apesar de ter a mesma

idade que Joanne, Abdulfattah era professor dela, co m PhD em

ciências politicas. Filho de u ma tradicional (e m ilionária) família

da Síria, com 18 anos ele tinha resolvido viver nos EUA.

"O pai dela proibiu o n osso casam ento", ele disse em agos-

to de 2011 ao jornal The New York Post. Ainda grávida, Joanne

pegou um avião para São Francisco e procurou por pessoas

da região que pudessem criar seu filho. Optou por um casal

de advogados - mas os dois desist i ram porque quer iam uma

filha. Acabou encontrando Paul e Clara, mas ficou preocupada:

ele não tinha sequer terminado o ensino médio, e Joanne fazia

questão de que seu filho cursasse faculdade. Os Jobs assumi-

ram o comp romisso: o recém-nascido, que veio ao mund o em

24 de fevereiro de 1955, iria estudar. Onze anos depois, eles tive-

ram que se mudar para cump rir a promessa.

Joanne voltou para casa e não contou ao namorado quem

tinha ficado com o filho do casal. "Não sei se Steve sabe que,

se eu fosse consultado na época, teria tido o maior prazer emcriá-lo como filho", disse Abdulfattah, que, nos últimos anos de

vida do filho, tentava mandar o recado pela imprensa. Esforço

em vão: Steve nunca falou uma palavra publicamente sobre o

pai biológico nem aceitou conversar com ele.

Por muito pouco, Jobs não nasceu e foi criado bem longe

do Vale do Silício. Logo de pois de ele ser adotado, o pai de Jo-

anne m orreu, e ela se casou com Abdulfattah em d ezemb ro de

1955. Em 1957, os dois tivera m uma filha - que, ao contrá rio de

Steve, foi criada por eles. Hoje Mona Simpson é professora de

inglês e escritora de sucesso nos EUA.

8 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

BOB DYLAN E M AC ON HAQua ndo Steve se instalou em Palo Alto, em 1966, ele já era

cur ioso a respeito de como as máquinas funcionam. Mas a

chegada ao novo endereço foi decisiva para a vida do jovem.

Ele passou a frequentar o ensino médio em Cupertino, um am-

biente muito mais adequado a seu estilo. Toda garagem era o

território de algum inventor. Foi um deles, Bill Fernandez, que

apresen tou Jobs a Steve Wozniak, em 1971. Jobs tinha 16 anos

e já conhecia muito bem a maconha. Woz, que via poesia em

chips bem feitos, estava c om 21.

Na época, Woz (seu apelido desde aquela época) trabalha-

va em uma placa de c om putad or. "Gostei de Steve", diria depois."Nós falávamos de eletrônica, das músicas de que gostávamos

e dos trotes que daríamos." Os dois ouviam muitos discos de

Bob Dylan. "Ele foi um dos meus maiores modelos", Jobs con-

tou à revista Fortune em 1998. Ele decorou todas as letras do

cantor e tocava suas músicas na guitarra.

Quanto aos trotes, Steve e Woz deram muitas risadas com

brinquedos que eles mesmos cr iaram. Um deles ficou famoso.

Era um aparelho que enganava os computadores das empre-

sas telefônicas e fazia ligações para qualquer lugar, de graça.

Um dia, l igaram para o Vaticano - Woz se apresentou como

Henry Kissínger e pediu para falar com o papa (Paulo 6 o nã o

atendeu, talvez p orque já fosse tarde da noite na Itália).

I M A G E N S 1 O T H E R I M Ä G E S 2 G E T T Y I M A G E S

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1W.UIMMno começodos anos 7

LSD E TÚN IC ASEm 1972, Jobs part iu para Portland, para estudar artes na

univers idade Reed Coi lege. A experiênc ia não durou mais do

que um semestre. Mas eie não vol tou para casa correndo.Cont inuou ass is t indo a aulas que lhe interessavam, dormia de

favor no dormitór io dos estudantes e se v i rava para comer.

Aos domingos , andava 11 km só para ganhar uma boa refeição

num templo h induís ta . Convenc ido de que uma a l imentação

à base de f rutas acabaria com to da a emissão de m uco e suor,

adotou uma dieta radical e parou de tomar banho. Não func io-

nou, c laro, e ele estava semp re ch eirand o mal .

A vol ta para a Cal i fórnia só aconteceu em 1974, quando

Steve, de barba e cabelos compridos, começou a t rabalhar

em uma fabr i cante de v ideogames recém-fundada, a A tar i .

Conseguir o emprego foi fác i l : ele se apresentou no escri tór io

da companhia e disse que só sair ia dal i quando o contratas-

sem. Deu certo, mas ele não se entendeu com os colegas.

Com poucas semanas de emprego, foi l iberado para t rabalhar

soz inho, à noi te. Sem problemas. Seu objet ivo não era seguir

carreira, mas Juntar dinheiro para viajar até a Índia, onde que-

r ia fazer um ret i ro espir i tual com a ajuda de LSD - que ele

t inha conhecido na faculdade e depois di r ia que foi "uma das

duas ou t rês coisas mais imp ortan tes q ue eu já f iz na v ida".

O plano era convencer a Atar i a pagar sua v iagem. A em-

presa não topou, mas mand ou o func ionár io à A lemanha para

fazer a manutenção de alguns produtos. Dal i , Jobs bancou a

passagem para o norte da índia, onde v iv ia seu guru do mo-mento, Neem Karol i Baba. Chegou lá com Daniel Kot tke, que

ele con hec eu e m Reed. Daniel resolveu part ic ipar de um ret i ro

espir i tual de um mês. Steve não top ou e seguiu em peregrina-

ção pelo país . Depois de 6 meses de v iagem , vol tou para casa

novamente, careca, usando túnicas t ípicas indianas e com

mais dúv idas do que quando par t iu . Retomou o emprego na

Atari e o contato com seu guru zen local , Kobun Chino Oto-

gowa. Steve estava decidido a part i r para o Japão e se tornar

monge budis ta, mas Kobun o convenceu a f icar.

m m m n

9 SUPER ESPECIAL STEVE JOBSIMAGENS1GETTY

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E N F I M , S O S S E G OHavia uma Al ice nas apresentações no shopping de San

Jose, em 1972. Era Chris-Ann Brennan, uma pintora com quem

Steve se relacionou, entre indas e vindas, ao longo dos anos

70. Em 1975, os dois e Daniel cheg aram a v iver em um a comu -

nidade hippie em Oregon - Steve dormia embaixo da mesa

da cozinha e passava o dia colhendo, veja só, maçãs. Em 1978,

Cris-Ann av isou que estava gráv ida. Com 23 anos, a mesma

idade de seus pais biológicos quando ele próprio foi concebi-

do, Steve se recusou a admitir a paternidade. Dizia que, no am-

biente hippie em que a namorada v iv ia, qualquer outro podia

ser o pai . Nem um exame de DNA o convenceu do contrár io.

A garota se chamaria Lisa. Enquanto resist ia a pagar pensão à

mãe, Steve batizava o novo projeto da Apple de... Lisa.

Com o tempo , pai e fi lha se entende riam - atualmente, LisaBrennan-Jobs é escri tora c om diploma de Harvard. E Steve co-

nheceria sua i rmã biológica, Mona. Quando soube que t inha

um i rmão, em 1987, ela dedicou seu primeiro romance a ele

e tentou encontrá- lo. Foi bem recebida e acabou aprox iman-

do Jobs de sua mãe biológica. Pouco temp o d epois , em 1991,

Steve se casou com Laurene Powel l , que ele t inha conhecido

depois de dar uma palestra na Univers idade Stanford, onde ela

estudava. Os dois t iveram três f i lhos. Finalmente, aos 36 anos,

Steve Jobs t inha uma família para chamar de sua.

En co n tr o s e d e s e n co n t ro sA á r v o r e g e n e a l ó g i c a d e t r ê s g e r a ç õ e s d a f a m í l i a

(1922-1993)

C l a r a J o b s

(1924-1986)

A b d u l f a tt a h J a n d a l i(1931)

l o a n n e S i m p s o n(1932)

P a t t i J o b s

(1924-1986)

r- m

C h r i s - A n n B r e n n a n

(1956)

L a u r e n e P o w e l l J o b s

(1955) (1963)

(1957)

i P a r e n t e s a d o t i v o s P a r e n t e s b i o l ó g ic o s

I M A G E N S 1 CORBIS/LA"]

E R E S P J

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U m câ n ce r r a roE n t e n d a a d o e n ç a q u e o m a t o u

Em outubro de 2003, S teve Jobs recebeu de seus

méd icos uma tomogr a f i a de abdômen . A imagem

most rava um tumor no pâncreas. "Eu nem sabia

o que era u m pâncreas" , e le contar ia depois . "Os

méd icos me d i sse r am que aqu i l o e ra ce r t amen te

um t ipo de câncer incuráve l . " Logo uma b ióps ia

ident i f i co u qu e o caso de Jobs era especia l

e e le pod ia ser t ra tad o com c i rurg ia .

0 t umor neu r oend r óc r i no do f undado r da A pp le

ataca um a cada 100 m i l pac ientes de câncer . É um

pouco meno s ag r ess i vo do que o cânce r de pânc r eas

com um . C omo o ó r gão não dói , o d iagnós t i co cos tu ma

ser tard io e o pac iente não tem m ais do que nov emeses de v ida. Out ra d i ferença é que a doença de Jobs

cos tum a te r causas gené t i cas , enqu an to o t um or

ma is com um es tá l i gado à obes idade e ao t abag i smo .

Em 2004, Jobs re t i rou o tumor . Parec ia curado, mas

em 20 08 vo l t ou a apa r ece r em púb l i co mu i t o magr o .

Depois de meses de boatos e negat ivas, em jane i ro de

2009 e le ped iu l i cença da Apple e fez um t ransp lante

de f ígado (a doen ça t inha v o l tad o e estava se

espalhando pe lo organ ismo) . Reassumiu suas

funções em junho, mas a inda parec ia abat ido.

Em jane i ro de 2011, vo l tou a sa ir te mp orar ia me nte,

para em agosto o f ic ia l izar o ped ido de demissão.

N uma c a r t a ao conse lho da empr esa , a f i r mou :

"Sem pre d isse que, se chegasse o d ia em q ue e u

não pudesse ma is cum pr i r m inhas ob r i gações e

expe cta t ivas c om o CEO da Apple , eu seria o pr im ei ro

a in formá- los d isso. In fe l izmente, esse d ia ch egou " .

PARA SABER MAIS

• The Little Kingdom, Michae l Mor i t z ,

Wi l l iam Mor row & Co. , 1984.

®/4 Regular Guy, Mona S impson , V in tage , 1996.

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r

Do q u artoEm um ano , t rês ga ro tos cons t ru í ram

e v e n d e r a m u m c o m p u t a d o r p e ss o alrevo luc ionár io , o App le I. O sucesso t ra ns fo rm ou

a emp resa case i ra em uma me gapo tênc iaa ra

o m u n d oEXTO T i a g o C o r d e i r o

os 23 anc : idade, Steve Jobs valia US$ 1 milhão. Aos 25, mais de US$ 100

mi lhões . Nunca um a compa nh ia , de qua lque r r amo, c resceu tan to em tão pou co

t e m p ò q u a n t o a A p p l e. Es se d e s e m p e n h o i m p r e s s i o n a n te c o m e ç o u n o c a m p u s

d l Un ivers idade . Stanford, em 1975.

Em um aud i tó r io do Cent ro de Ace le ração L inear da facu ldade , um grup o de

/ nerds se reun ia no .Hom ebrew Com pute r C lub . 0 c r iador do p r ime i ro v ideo gam ede car tuch o, Jar ry Úawson, aparec ia po r lá semp re, ass im com o Jobs. Steve Woz-

niak não perdia um encontro, sempre com o hábito de pregar peças - e le enga-

n a v a m ^ x I S n s com uma placa capaz de t i rar a s intonia das te lev isões. Quando

a v í t ima se aprox imava para ar rumar a antena, e is que a imagem reaparec ia.

Em cer ta opor tun idade , o c lube f i cou em po lvo rosa : todos puderam conhe-

cer o Al ta ir 8800, o pr imeiro c j o m p u t a d o r pessoa l do mundo. Mu i to usado como

| calculadora, e le era men or e mais rápido do que tudo o que ex is tia na época. Os

do is S teves f i ca ram ma lucos co m a nov idade . Wo z já t inha um ou ou t ro p ro tó t ipo

em casa e sabia que podia fazer um trabalho melhor do que a Al ta ir , mas não

pensava naqu i lo com o um je i to de ganhar a v ida . Fo i Jobs que m p ercebeu qu e o

momento e ra idea l para t r ans fo rmarem uma empresa o quar to vago da casa de

seus pais adot ivos , na avenida Cr is t Dr ive, 11161, em Los Altos .

T E R C E I R O S Ó C I OPara começar a empre i ta -

da , os amigos venderam tudo

o que t inham: Woz , uma ca lcu -

ladora c ient í f ica, por US$ 520, e Jobs,

sua Kombi - o ca r ro t inha um prob lemasér io no moto r e e le só recebeu metade

do combinado . De toda fo rma, já e ram

US$ 1,3 mi l , pouco mais do que o neces-

sár io para comprar a pr imeira leva de

matér ia-pr ima. Quando soube da in ic ia-

t iva, Ronald Wayne, colega de Jobs na

Ata r i e com o dobro da idade dos do is ,

fo i conv idado a par t ic ipar . Tornou-se o

terceiro sóc io da Apple, seu ros to mais

sér io e conf iável . Mas a exper iênc ia dura-

r ia pouco tempo.

Fo i Wayne quem esc reveu o p r ime i -

ro contrato soc ia l da empresa. Para isso,

eles prec isavam de um nome. Jobs su-

ger iu Apple e d isse aos dois que, se não

apresen tassem suges tões me lhores a té

o f im do dia, o assunto es tar ia encerra-

do. Foi o que aconteceu, e Wayne se en-

car regou de desenhar o p r ime i ro logo-

t ipo da companh ia : a imagem de Isaac

Newton sen tado sob uma mac ie i r a . Em

primeiro de abri! de 1976, nascia ofic ial-

mente a App le . Woz já t inha te rminado

I M A G E N S 1 R E P R O D U Ç Ã O 2 A P

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J o b s a p r e s e n t a , e m

B j j j j » u ) ] i i p L i t . i ( i ü i

' p e s i o . i l A p p T i l

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de f inal izar o pr imeiro computador, umacaixa que func ionava como calculadora.

Só faltavam clientes dispostos a pagar o

preço de US$ 666,66. O primeiro seria

um conhec ido do Homebrew Compu-

ter Club chamado Paul Terrel. Ele estava

inaugurando um a loja de computadores ,

a By te Shop, e encomendou 50 máqui -

nas. Negociou um desconto pelo lote.

Ainda ass im, era um bom dinheiro: US$

500 por computador, US$ 25 mi l no to-

tal. Para dar conta da demanda, a Apple

foi promovida do quarto para a garagem

de Paul Jobs, o pai ad otivo de Steve.

Nesse meio tempo. Woz teve que

resolver um problema: ele era func ioná-

rio da Hewlett-Packard e, por força de

contrato, toda cr iação da Apple deveria

pertencer a seus patrões. Ele se viu obri-

gado a apresentar o Apple I aos chefes.

Para seu alivio, a HP não demonstrou o

menor interesse. "Você diz que seu gad-

get é feito para as pessoas comuns", ele

ouviu. "Não temo s o me nor interesse emproduzir computadores para elas." Woz,

que até então sonhava em t rabalhar na

empresa para o resto da vida, pediu as

contas meses depois .

Os dois Steve, mais Wayne, Patt i,

i rmã de Jobs, e Dan Kot tke, companhei-

ro de faculdade e de aventuras na Índia,

t rabalhara m d uro na entrega. Os não-só-

c ios ganharam US$ 1 por placa montada.

Mas o dinheiro tão esperado não veio

por intei ro: Jobs se con fund iu e e ntrego uo computador pelado, sem caixa, como

estava combinado - na época, se usava

madeira para embalar as placas e circui-

tos. Terrel teve que bancar esta parte do

processo, rec lamou mui to e fez um pa-

gamento parc ial . O amadorismo do fun-

dador mais jovem t inha custado caro.

Em setembro, enquanto as pr imei-

ras entregas eram feitas, Ronald Wayne

abandonou a empresa - vendeu sua par-

te, 10%, por US$ 2,3 mil. Deve ter se arrependido amargamente. Dois meses depois,

um e mpresá rio apareceria na garage m dos pais de Jobs para oferecer um invest imen-

to de US$ 25 0 mi l . Ele tam bém f icaria inc om oda do c om a inexperiênc ia dos sóc ios.

PARA O ALTO E AVANTEEm 1976, Mike Markkula era um aposentado de 34 anos. Funcionário do marke-

t ing da Intel, ele t inha vendido as ações da empresa e estava mil ionário. Ele propôs

profissionalizar a Apple, que oficialmente surgiu em janeiro de 1977. Convenceu osdois Steve a acei tar Mike Scot t como o pr imeiro di retor execut ico da nova empresa.

Ex-di retor da Nat ional Semiconductor, ele já chegou cometendo uma gafe: elegeu

Woz func ionár io núm ero 1. Jobs passou a se denominar o número 0.

Nessa época, Steve Jobs. já de cabelos curtos e um bigodinho no lugar da barba,

convocou o publicitário Régis McKenna, da agência da propaganda da Intel, para criar

o novo logot ipo da Apple. Régis comprou um pacote de maçãs, cortou algumas e

f icou observando as f rutas por horas. Até que bolou um desenho. Jobs não gostou:

queria cores e, pr inc ipalmente, um a mordida - um a brincadeira c om a palavra "byte" e

uma forma de garant i r que as pessoas não confundissem o desenho com um tomate.

Junto c om a ident idade v isual, surgiu um novo produto, o Apple I I. Foi uma revolução:

ele t inha tela, tec lado, processador MOS Technology 6502, 4 kB de memória RAM,

drive para disquete e gabinete de plástico. Mas, principalmente, era fácil de usar.

14 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS M A G E N S 1G E T T Y I M A G E S 2T ED P I N K A L A M Y 3A FP

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Em 1977, a empresa vend eu 2,5 mil máquinas. Em

"978, qua ndo Jobs c om pleto u 23 anos, 8 mil. Em 1979,

35 mil. Com todas as atualizações, a máq uina continu -

aria a ser produzida até 1993 e acumularia 6 milhões

de unidades vendidas. "O Apple II criou o mercado de

computadores pessoais. Foi tão marcante que, no co-

meço dos anos 1980, Jobs tinha dezenas de concor-

rentes", diz Mike Swaine, jornalista e coautor de Fire

n the Valley: The Making of The Personal Computer

VcGraw-Hill, 2 0 0 0 ) . Como acontecer ia muitas vezes

depois, a Apple ditou um padrão ao lançar uma má-

~a útil para qualquer pessoa. Depois que o VisiCalc,

: 2'~ -e iro editor de planilhas, foi lançado e m 1979, a

•La rcd ad e de softwares disponíveis se mult ipl icou.

- -c p' e era uma potência, e queria mais. Só que

: :-= sc ~e nt o acelerado deixou marcas profundas na

e -x r= s a O período entre 1978 e 1984 seria caracter i-

z ar : o cr er gas internas, produtos malssucedidos e a

: n gê do Macintosh.

O ro u b o d o a r t i s t aP a r a c r i a r o M a c i n t o s h , J o b s s e

a p r o p r i o u d e u m p r o j e t o d a X e r o x

Em 1979, Steve Jobs ven de u açõ es daApp le para a Xerox. Ele t inha segunda sintençõ es. O Ce ntro de Pesquisas de PaloAlto da e mp resa (PARC, sigla em inglês)f icava a l i per to, mas os execut ivos mo rava mem Nova York e não en tend iam o t raba lho

revoluc ionár io que seus pesquisadoresfaziam na Cal i fórnia. "As inovações da Xeroxeram um segredo públ ico. Os func ionár iosf i cavam inconformados com a quant idadede inic iat ivas barradas na matr iz eage nda vam v is itas guiadas pelas ins ta laçõesdo PARC", diz o jorn al ista Mike Swaine.Com o novo parce iro da empresa , o fund adorda Apple agendou logo duas. Na pr imei ra,ma ndo u um a equ ipe . Na segunda, percor reupessoa lmente o local. Al i, conh eceu o Xerox

A l to , o p r ime i ro com puta dor da h is tó ria c ommo use e inter face gráf ica - mas que nã oser ia com erc ia l izado. Jobs, que co meç ava abuscar a lgo parec ido , enco nt rou u m produ topro nto e não teve escrúpulos . Ele gostavade ci tar a máxima atr ibuída a Pablo Picasso,um de seus ídolos : "Bons ar t is tas copiam ,grandes ar t is tas roubam". Como complem ento : "E nunca t i vemo svergonha de roubar grandes ideias" .Jobs fo i a inda m ais longe: co nt ra touvár ios engenhei ros da Xerox envolv idos

no projeto. O Apple Lisa seria lançadoem 1983 e tom ar ia o ine di t ismo d o XeroxAl to. Em 1984, o M ac intosh t ransfo rma r iaa nov idade em padrão para todoo m ercado . Em 1989, a Xeroxprocessaria a Apple, sem sucesso.

PARA SABER MAIS

• Triumph of the Nerds, dir.

Rober t Cr inge ly , 1996.

15 SUPER ESPECIAL STEVE JOBSM A G E N S 1G E T T Y

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D e s d e a j u v e n t u d e , e l e s e

a c o s t u m o u a p a s s a r d u a sh o r a s p o r d i a p r a t i c a n d o

MEDITAÇÃO ZENd ia n t e d e u m a p a r e d e b r a n c a .

a:m 2 0 0 0 ,

pediu aos

conselheiros da

Apple que a empresacomprasse para ele

um jato Gulfstream V, de

US$ 40 milhões. Não só

ganhou o presente como

a compan hia passou a

pagar pela manutenção.

Conheça as man iasma is esqu isitas de Jobs

Nsede da Apple, ele

só estacionava na

vaga para portadore s

de necessidades especiais.

Um dia, seu cofund ado r Steve

Wozniak ligou para a polícia

denunciando a irregularidade.

Mas se identif icou como outro

funcionário, Andy Hertzfeld,

gue f icou morrendo de medo

de perder o emprego.

E l e a d o r a v a c a r r o salemães. Começou comprando Porshes,depois ele mudou para a Mercedes.Sempre arrancava as placas dos veículos.

Com f r equênc ia, er a v i st oc o m p r a n d o v e ge t a i s o r gâ n i c o s

no Who l e Foods Mark e t , de Pa loAlto. Cost u m ava and ar desca lço .

16 R E S P :

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Era tão obcecado por BobDylan que saía com a cantora

JOANBAEZó porque ela t inha sido

namorada de seu ído lo musica l .

Nos anos 80, q u e m

coz inhava para o empresár io era um casal

de estudantes da Univers idade da Cal i fórnia

em Berkeley, que morava com ele de favor.

Em 1 9 0 , Stevecom prou um

apartamentoem NovaYor k. Depoisde 21anosenformandoo lug ar semnu nca viv er al i ,vendeu para ovocal ista do U2,

BON O VOX.

E le s e m u d o u e m 1984 p a r a a m a n s ã o Ja ck lin g H o u s e.N ã o co m p r o u m o b ília , a n ã o s e r u m a m o to BM W e

u m p ia n o d e c a u d a Bo se n d o r fe r. N ã o s a b i a t o c a ro i n s t r u m e n t o , m a s a d m i r a v a s e u

Por muito tempo,

N A O TEVE

CAMA.Seu quar t o t i nha apenas uma l um iná r i a da

T i f f any e pa iné i s do f o t óg ra f o Ans e l A dam s .

LUsava com as mulheres o mesmo

charme das apresentações de

produtos. Mas não con segu iu

conve ncer a a t r iz Bo Derek a t rocar o

PC pelo Mac. Ele a visitou pessoa lmente

em 1985, mas ela não se impressionou.

Jobs reclamou muito com uma amiga,

que fez piada: "Olha, ela é casada. Além

disso, não conheço mulher alguma que

gostaria de se cham ar Bo Jobs".

P a s s o u s e m a n a s d e b a t e n d o o m o d e l o i d e a ld e m á q u i n a d e l a v a r e s e c a d o r a p a r a a f a m í l i a .N o f i n a l , o p t o u , m a i s u m a v e z , p o r m a r c a s a l e m ã s .

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v e rs a p rofé tica"E le com and a um a empresa que se o rgu lha de te r um amis tu ra do idea l i smo dos anos 60 e o t i no com erc ia ldos anos 80" , a f i rma va a rev is ta Playboy em 1985.Conf i ra t rechos desta ent rev is ta h is tór ica

i

Quando aceitou ser entrevistado pelo

jornalista freelancer David Sheff para a

revista Playboy, Steve Jobs batalhava

para convencer o mundo da revolução

trazida pelo Macintosh. A entrevista

seria publicada em fevereiro de 1985.

Pouco tem po depois, ele foi afastado da

Apple. A conversa com o repórter refle-

tia a tensão vivida pela empresa na épo-

ca. Em vár ios momentos, ele teve que

explicar richas internas e o fracasso de

dois produtos (leia mais sobre o assun-

to na página 20). Mas esta entrevista se

tornou histór ica por outros motivos.

Poucas vezes o reservado Jobs falou

tão abertamente com a imprensa. Nes-ta ocasião, fez previsões que se torna-

r iam profét icas. Em uma época em que

ainda fazia sent ido perguntar quais os

argumentos para ter computadores em

casa, ele já an tevia a internet.

0 empresár io, que estava para comple-

tar 30 anos de vida, levou Sheff para

uma festa de aniversário na Califórnia.

Impressionou o repórter por dar mais

atenção ao aniversar iante, um garo to de

9 anos, do que ao artista plástico Andy

Wharhol. Por que ele preferia a compa-nhia do jovem? "Pessoas mais velhas

sen tam e pe rgu nta m 'O que é isso?"', ele

respondeu. "Mas o garoto pergunta, "0

que eu posso fazer com ele?'"

Que ta l vo cê da r r azões conc r e t as

pa r a qu e se deve com pr a r um

c o m p u t a d o r ?

Há respostas diferentes para pessoas

diferentes. Nos negócios, é fácil. Você

prepara documentos e arqu ivos com

mais velocidade e em nível de qual ida-

de impossível de esperar de uma pes-

soa. Também aumenta-se a produção,

porque livra as pessoas do trabalho pu-

ramente mecânico.

A razão básica para comprar um com-

putador pessoal, hoje em dia, é que você

deseja fazer algum trabalho em casa ou

quer usar programas educacionais para

você ou para seus filhos.Você sabe que algo está acontecendo,

só que não sabe exatam ente o quê. Mas

tudo isso vai mudar: o comp utad or será

uma peça essencial na maioria das re-

sidências.

As pessoas terão computadores em

casa quando eles puderem ser l igados

em uma cadeia nacional de comunica-

ções e informação. Estamos apenas no

início do que pode ser uma revolução

na vida das pessoas - uma revolução

tão impor tante quanto a proporc ionadapelo telefone.

En t ão você está ped in do q ue as

pessoas i nv i s t am U S$ 3 m i l em a lgo

que é essenc ia lm en t e um a to de f é?

No futuro, não será um ato de fé. O pro-

blema é que hoje as pessoas querem

saber coisas específicas e a gente não

sabe o que dizer. Mas, há 100 anos, se al-

gué m perguntasse a Alexander Graham

Bell o que se poderia fazer especifica-

mente com um telefone, ele tambémnão teria sabido responder. Enfim, há

coisas que hoje não se pode concebe

Mas acontecerão.

Em 1844, foi inventado o telégrafc

uma fantástica inovação no mund<

das comunicações: em pouco minuto :

podia-se enviar mensagens de lugare

distantes. Muita gente falou em coloca

um aparelhinho de telégrafo em cad

escr ivaninha para aumentar a prodi

t iv idade. Não funcionou. Havia aquel

negócio de código Morse, pontos e tr í

ços. Felizmente, Graham Bell inventou

telefone. Fazia exatamente o que o tele

grafo fazia, só que as pessoas podiar

usá-lo com facilidade.

Tem gente dizendo que precisamccolocar um IBM-PC em cada escrivan

nha da América. Não funciona. Dest

vez, é preciso aprender programação,

ninguém vai fazer isso. E aí que entra

Macintosh: nosso com putad or é o " tek

fone" da indústr ia de computadores.

P elo m enos um c r í t i co d i sse que

o M a ci n t o s h é " o q u a d r o - n e g r o

m a i s c ar o d o m u n d o " .

Imagine o que qualquer um pode fazt

com um quadro negro tão sofisticadiNão só ajuda a increme ntar a produtivid,

de e a criatividade das pessoas: faz cor

que a com unicaç ão seja mais eficiente.

São necessár ias pessoas malucc

pa r a f aze r g r andes p r o je to s?

De fato, você precisa pensar diferent

fazer coisas novas, adotar novas ideie

e jogar fora as velhas. Sim, sim, o pessi

al que fez o Mac estava bem no limil

da loucura.

I M A G E M G E T T Y I M A G E S

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Expulsod e ca s aogo depo is de ap resen ta r o Mac in tosh ao m und o ,

S teve Jobs fo i dem i t i do pe lo CEO que e le me sm o con t ra tou .Sua nova em presa, a NeXT, fo i um f racasso re tu m ba nte

TEXTO T i a g o C o r d e i r o

ocê quer vender água açucarada

pelo res to da v ida ou quer mudaro m und o?" Foi co m essa frase, ho jefamosa , que S teve Jobs co nve nce uJoh n Scu l ley a se tor na r o CEO daApple em 1983. Era uma parcer iadas ma is im prová ve is e acabouse t r a n s f o r m a n d o n u m c a s a m e n t ode negóc ios mu i to tumu l tuado .

Por um ano, Jobs e Scul leyv ive ram em lua de me l . Quandoo re lac ionam en to desandou , ofund ado r da A pp le acabou sendoexpu lso da p rópr ia empresa ,exa tamen te como acon teceu comEdwin Land (1909-1991), o inventorda máqu ina fo tográ f ica Po la ro id

e mais um de seus ídolos.

2 0 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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fo i o ú l t imo p rodu to deJobs antes da demissão

Nascido em 1939, John Sculley era um talento evidente. Tor-

nou-se trainee da Pepsi em 1967 e, três anos depois, já t inha se

t o rnado o mais jovem vice-pres idente de market ing da his tór ia

da empresa. Neste cargo, desaf iou a todo-poderosa Coca-Cola.• e criou a campanha da Geração Pepsi e, em 1975, lançou os

testes cegos em supermercados, para comprovar que seu pro-

duto era, no mínimo , tão bo m q uan to o concorren te. (Scul ley se

submeteu ao experimento. Preferiu a Coca.) Em 1977, ele batia

mais um recorde: assumia o cargo de mais jove m pres idente dahis tória da Pepsi . Naquele m om ento , nem conhecia Jobs.

21 S U PER ESPECIAL STEVE JOBSM A G E N S 1G E T T Y I M A G E S 2T E

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EM P R ES A R AC HADAA Apple que Sculley assumiria, em

1983, era uma empresa de bastidores

tumultuados já faz ia algum tempo. Para

entender como a companhia t inha de-

sandado tão rápido, é prec iso relembrar

que, até então, Jobs nunca t inha sido

diretor da empresa que cr iou. Desde o

começo, t inha concordado em atuar na

criação e no desenvolv imento de produ-

tos. A condução do dia a dia, com seus

problemas burocrát icos, f icava a cargo

de Michael Scott.Em 2 5 de fevereiro de 1981, Scott de-

mit iu 40 func ionários, inc luindo metade

da equipe que trabalhava nas atualiza-

ções do Apple II. Fez isso sem consultar

o conselho, que o subst i tuiu por Mark

Markkula, o pr ime iro invest idor da Apple

que faz ia parte do conselho.

A cadeia de comando estava f ragi l i -

zada e os novos produtos n ão ajudavam.

Em 1980, chegava ao mercado o Apple

III, um projeto tão mal resolvido que o jo-vem patriarca Steve Wozniak se recusou

a part icipar. A máquina em si era avan-

çada: t inha um processador Synertek

6502A de MHz e uma tela com resolu-

ção melhor do que a do Apple I I (mas o

fundo preto com let ras verdes cont inua-

va f irme). Só que Jobs exigiu que o Ap-

ple III não tivesse saídas de ar, para ficar

mais boni to, e ele superaquecia o tem po

todo. Foi um fiasco gigantesco, que abriu

espaço para o cresc imento dos PCs da

IBM, lançados em 1981.

Enquanto isso, o cientista da compu-

tação e func ioná rio no vo da empresa Jef

Raskin reunia uma pequena equipe de

engenheiros para começar a t rabalhar

em paralelo num outro modelo, o Macin-

tosh - n om e inspirado em sua espécie fa-

vorita de maçã, Mclntosh. Era um projeto

secundár io . Quem comandava o novo

carro-chefe da empresa, o produto que

retomaria a diantei ra no mercado, era

Jobs. Só que o fundador da Apple v iv iaum momento pessoal tumul tuado.

Divulgado em 1986,|o logot ipo da NeXT

custou US$ 100 m il|

Em meio ao nascimento de sua f i lha, que ele renegaria por sete anos, Jobs de-

senvolv ia o Apple Lisa. Mas o compu tado r nunca f icava pronto. Considerado turrã o e

inexperiente pelos execut ivos da empresa. Jobs foi afastado desse trabalho e relegado

ao M ac. Em retaliação, dem itiu Jef Raskin em 1981 e rach ou a App le e m du as. Insta-

lou sua turma em um prédio isolado, onde colocou uma bandeira pi rata na entrada.

Quem não estava no seu t ime era tachado de incompetente. No refei tór io, as duas

metades da empresa faz iam guerra de comida.

Em 1983, i ronicamente durante uma v iagem para promover o Lisa, Jobs abordou

John Scul ley na tentat iva d e convencê-lo a assumir o cargo. Conseguiu, e logo os do is

se entenderam tão bem, durante apresentações públ icas, um completava as f rases

do outro. Steve vol tava a ter um bom momento na empresa: as vendas do Lisa, um

produto que Jobs queria ver fracassar, foram mal. De repente, ele era amigo do CEO e

responsável pelo projeto agora considera do prior itár io, o Mac.

LADEIRA ABAIXO"A pr incípio, Jobs gostou da ideia de ter junto a s i um homem de negócios

agress ivo, mas sem experiênc ia com tecnologia. Achou que i r ia dominá-lo" , af i rma

o jorna l i s ta amer icano Mike Swaine, que acompanhou de per to aquela fase da

emp resa. "Quando perc ebe u que Scul ley não i r ia se sub me ter a ele, Jobs f icou

I M A G E M E D K A S H I

22 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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inconformado e começou a boicotá- lo." Em 24 de janeiro de

1984, o fundador voltou a br i lhar. Durante a reunião anual

dos acionistas, ele se apresentou como um pastor diante de

f iéis exaltados pela apresentação do Macintosh.

"De fato, era uma máquina inovadora. Com mouse e in-

ter face gráf ica, levava a exper iência do usuár io comum a um

novo nível", afirma o americano Tim Bajarin, analista da in-

dústr ia de tecn ologia há 30 anos. A tela era color ida e o con-

junto com o software PageMaker e a impressora LaserWriter

faziam do aparelho uma estação de trabalho completa. Mas

o pr imeiro Mac t inha vár ios problemas, em especial a memó-r ia, muito pequena, que deixava a máquina ir r i tantemente

lenta. "Eu me apaixonei pela proposta do Mac, que era fas-

cinante. Mas a máquina em si era muito ruim", dir ia Douglas

Adams, o escr i tor do Guia do Mochileiro das Galáxias. As ven-

das foram catastróf icas e só melhorar iam dois anos depois.

Inconformado com o f racasso in ic ia l , Jobs começou a

art icular a derrubada de Scul ley assim que ele embarcasse

em uma viage m prevista para a China. O CEO f icou saben do

e, em maio de 1985, convocou o conselho para uma reunião

emergencial . "Eu mando nesta companhia, Steve, e quero

você fora para sempre!". Dito isso, perguntou a cada um dos

execut ivos quem eles apoiavam. Markkula foi um dos que se

posicionaram contra Jobs, que acabou afastado de seu car-

go, chefe da divisão Macintosh. Sair ia em def ini t ivo em se-

tembro. Os amigos temiam que ele se matasse. "Minha saída

foi a melhor coisa que aconteceu comigo", ele dir ia depois.

"O peso de ser bem-sucedido foi subst i tuído pela leveza de

ser um iniciante de novo." Não foi bem assim.

Swaine. Jobs optou então por só produzir softwares. A deci-

são o salvou do ostracismo. Em 1996, a Apple quis comprar

o sistema operacional desenvolvido por sua equipe na épo-

ca, o NeXTStep OS. Como parte do acordo de venda, Jobs

vo l tou a empresa como consu l tor e rap idamente dest ronou

o diretor executivo Gil Amélio. Em 199/, ele estava de volta,

com um poder incontestável.

D ire to re se x e c u t i v o sO s C E O s d a A p p l e a o l o n g o

d a h i s t ó r i a d a e m p r e s a

Michael Scott

Mike Markkula

j U John Sculley

PROXIMO!Jobs demorou um pouco para absorver o golpe. Pensou

em se candidatar ao governo da Cal i fórnia e pediu à Nasa

para ir para o espaço. Viajou para a França e para a União So-viét ica. Mas cheg ou a um plano razoável: cr iar uma empresa,

a NeXT, que produzir ia com puta dore s para universidades.

Em 1987, a NeXT já valia US$ 125 milhões, sem ter um

único produto. Depois de uma sér ie de adiamentos, Steve

apresentou o NeXTCube. De novo, os detalhes técnicos in-

. s ix '23 ran o suce sso do mode lo: a tela de 17 polegadas era

: e branco, qua ndo os cl ientes prefer iam cores. Para

: j í je m enco me ndou a máquina em 1987 (caso do rei

cs Esca-ha J ja n Car los I) só a recebeiu em 1989.

- emoresa estava vir tualmente fal ida em 1993. "Steve

cara perceber que não poder ia revolucionar o

-are .' .are de novo. Ele já tinha feito isso antes", afirma Mike

E l Michael Spindler

1996-1997Gil Am él io

Steve Jobs

2011

Tim Cook

23 SUPER ESPECIAL STEVE JOBSM A G E N

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A ¥oltc: p or cim aDepois de 12 anos de exí l io , Jobs rea parece u para t i rar a App le do buraco .Des ta vez, co loco u e m p rá t i ca tud o o que sem pre pen sou a respe i to de ges tão

E i 1997, Steve Jobs aparec eu

e surpresa em um a reunião

dos executivos da Apple.

Chegou de bermuda, co m

a barba por fazer, sento u

e começou a g irar a cadeira

lentamen te. Depois de

longos segundos desilêncio, disse: "Me dig am

o que há de errado neste

lugar. São os prod uto s! Já

não tem mais sexo neles".

A Apple t inha se tornad o

uma emp resa caótica, com

20 linhas de máquinas.

Steve estava dispo sto a

muda r a situação e t inha

cart a branca para isso: pela

prime ira vez, era o CEO da

empresa que havia fundad o.

Resolveu colocar em prática

tud o o que pensava sobre

administração. Conheça

suas princip ais receitas.

PARA SABER MAIS

• A Cabeça de Steve Jobs,

Leande r K ahney , A g ir , 200 8 .

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O U S U Á R IO N Ã O S A B E O Q U E Q U E RA Apple se recusa a fazer pesquisa de mercado. "Como eu

posso perguntar às pessoas como deve ser um computadorbaseado e m in te r face g rá f i ca , se e las não têm a m eno rideia do qu e seja isso?", Jobs co stum ava dizer , para d epo isl embra r que , em 1979, os execu t i vos da Sony t i nha m emmãos pesqu i sas apontando que o wa l kman ser i a umfracasso - Ak io M or i ta (1921-1999) , co fun da do r da e mp resa,ac red i tou no p roduto mesmo ass im . Deu no que deu.

M E N O S É M A I SUm dos segredos do sucessodo p r ime i ro iPod é que e lenão t i nha nenhum ap l i ca t i voa lém do necessári o . "O p ontocruc ia l fo i jog ar coisas fora,com o rád io FM e g ravad or devoz" , d i r ia o des igner Jonatha nIve. A le i va le para pro du tosem d es env o l v i m en t o : S t eved i z ia te r tan to o rgu lh o dospro je tos que l ançou quantodos mu i tos que des i s t iude levar ao mercado.

F EC H A D O É M ELH O R Q U E A BE RT OJobs acab ou com os c l ones de Mac in toshao inves t i r em p rodu tos fechados , comcód igo p ropr i e tá r i o . Para o por ta - vozdos sof twares l i v res R ichard Sta l lman,isso fez dele u m v i lão: "A App le faz aspessoas se sent i rem mais descoladas,mas t i ra nossa l iberdade" . Jobs semprerespond ia que s i s temas operac iona i sfechados garan t i am que o p roduto e ramais estável e menos suje i to a bugs.

S I

,À* m - • m m#

K

S V » »»

Jt. 'M á

mm g

T I R A N I A F U N C I O N A"M inha função não é de i xara vida das pessoas mais fáci l .É t i rar o m elh or d elas" , d iz iaJobs . Qu and o o assunto

era democrac ia empresar i a l ,e le gosta va de c i tar oexemplo de Henry Ford(1863-1947). 0 ho m emque fac i l i tou o acesso aosve ícu los mo tor i zado s d i z i aque as pessoas pod iam te rcar ros da cor que q u i sessemdesd e que e la fosse preta.Na App le , e ra Jobs qu emdava as o rdens e p ron to .

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Revolução

n a m ú sicaCom o iPod, a Ap ple de ix ou de ser apenas um a fabr ic ante

de computadores . Para l i de ra r uma indús t r i a que não dominava ,

a empresa reun iu tudo o que a conco r rênc ia t i nha de m e lho r

TEXTO T i a g o C o r d e i r o // ILUSTRAÇÃO F a b r í c i o L o p e s

e m b r a d o C D , a q u e l e d i s c o r e d o n d o e m q u e c a b i a m a t é 74 m i n u t o s d e m ú s i -

a? Na v i r ada do sécu lo 20 , e le a inda e ra o fo rmato ma is usado para ouv i r can to -

res e bandas . Ex is t iam apare lh inhos tocadores de MP3. mas e ram fe ios , d i f í ce is de

usar ( de tão impenet ráve l , o Nomad Jukebox , por exemplo , parec ia exc lus ivo para

n e r d s ) e n o r m a l m e n t e t i n h a m c a p a c i d a d e p a r a n o m á x i m o d o i s C D s.

E m 2 0 0 0 , J o n R u b i n s t e i n , e n g e n h e i r o d e h a r d w a r e d a A p p l e , v i s i t o u u m a f á -

br ica da T|

h a r d d r i v e ]u e

no Japão . E le vo l tou à Ca l i fó rn ia com a ide ia de adap ta r um

c o n h e c e u lá d e n t r o e t r a n s f o r m á - l o e m u m M P 3 p l ay e r. A n o s

ins te in r e p e t ir i a o c o m p o r t a m e n t o : d e i x a r ia a e m p r e s a e l e v a ri a a l g u n s

de seus p ro je tos ! > a r a a c o n c o r r ê n c i a (leia mais na página 58).

Se a p ropos ta t i vesse surg ido tempos an tes , Jobs descar ta r ia a suges tão .

Achava que o fu tu ro es tava nos v ídeos , e não nas canções , e inves t ia no desen-

vo lv im ent o de so f twares de ed ição de image ns . Mas a fa l ta de g ravad or de CD

no iMac p rovocou o ba ixo in te resse dos compradores , e S teve percebeu que as

p e s s o a s c o m u n s e s t a v a m m a i s I n te r e s sa d a s e m s o n s d o q u e e m i m a g e n s . D e c i d i u

e n t ã o e m b a r c a r n u m p r o j e t o b e m d i f e r e n t e d e t u d o o q u e a e m p r e s a j á t i n h a f e i to .

Men os de um an o depo is , o p r ime i ro iPod chegava às lo jas. A App le nunca ma is

ser ia a mesma. A indús t r ia da mús ica também não .

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O nome do iPod vemdo fi lme 2001 UmaOdisseia no Espaço1'

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MENU

HM • M

• II

A c l ick wheel do

aparelho fo i suger ida

pe lo marke t i .

P R O J E T O D U L C I M E RAlguma s boas inic iativas já prontas po deriam ser aprovei ta-

das no desen volv imen to d o no vo aparelho. A versão mais atua-

l izada, na época, do player da empresa, o Quicktime, t inha algu-

mas sacadas d e layou t - era bon ito e fácil de usar. Sua interface

serviria de inspiração para o iPod. Ambos os produtos t iveram

o toque de Tim Wasko, um designer qu e t rabalhava com Steve

desde os tempos da NeXT, a companhia que o chefe fundou

ao deixar a Apple, em 1985. "Desde o início do projeto, Steve fez

algumas observações mui to interessantes sobre o fato de que

tudo deveria estar centrado em navegar pelo conteúdo" , di r ia

depois o des igner Jo nathan Ive, outro grande responsável pelo

resul tado final do pro duto.Na época, Ive fazia pesquisas com plástico policarbonato

branco e resolveu usar esse material . O patrão aprovou com

certa facil idade - e o protótipo ultrassecreto da Apple, batizado

de Projeto Dulcimer, caminhava rápido. Enquanto isso, Rubins-

tein fuçava no Nomad Jukebox, analisava o hard drive da Toshi-

ba, que t inha apenas 4,5 cent ímetros de diâmetro, e de str incha-

va os chips de controle da Texas Inst ruments e uma bateria

para telefones celulares da Sony - os melhores MP3 da época

desl igavam depois de duas horas de uso. Outros disposi t ivos

já estavam disponíveis em produtos da própria Apple, como

displays e adaptadores para eletricidade.

Rubinstein contratou um consultor, Tony Fadel], para ajudá-

lo a unir tudo isso em um novo aparelho. Fadell, ex-funcionário

da Phil ips, aceitou, eufórico: ele vinha apresentando para várias

empresas seu próprio projeto de um tocador de músicas di -

gital já fazia alguns meses. A f im de ajudar na produção dos

semicondutores necessários, foi convocada a PortalPIayer, que

disponibi l izou para o projeto uma equipe de 3 0 pessoas, parte

delas trabalhando na índia.

Quando todas as peças foram colocadas juntas, os enge-

nheiros e des igners perce beram que elas se encaixavam mu ito

bem dentro de uma caixa f ina, do tamanho de um baralho de

cartas. E ass im o iPod ganhava um formato.

O D I SS E IA E M C U P E R T IN ONem tu do fu nc ion ou tão rápido. Jobs nunca estava satisfei-

to com o volume de som máximo alcançado pelos fones de ou-

vido. Os engenheiros sabiam que essa era uma impressão falsa,

porque ele t inha problemas de audição. Como ninguém teve

cora gem de dizer isso a ele, os protót ipos de fones se acum ula-

vam sobre sua mesa. Outro detalhe desenhado e redesenhado

centen as de vezes foi a cl ick wheel do aparelho, um a ideia trazi-

da pelo di retor de marke t ing Phi l Schil ler, que ta mb ém sugeriu

que a navegação pelos menus f icasse mais rápida quando o

2 8 S U P E R E S P E C I A L S T E V E J O B S IMAGENS DIVULGAÇÃO

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objeto fosse girado por mais tempo. Tinha dado certo trabalho

(bem m enos do que o iPhone. Leia na página 34), e o aparelho

estava quase pronto. Só não tinha nome comercial.

Com uma primeira versão em mãos, o freelancer Vinnie

Chieco, contratado para pensar em estratégias de apresen-

tação do aparelho, começou a trabalhar. "Assim que vi o iPod

branco, pensei no filme 2001 Um a Odi sseia no Espaço", ele

contaria. Em uma cena famosa da produção de 1968, um dos

astronautas diz ao com putad or que controla a nave: "Open the

pod bay door, Hall" (algo como: "Abra a porta do compartimen-

to, Hall"). O "pod" saiu daí. O Tj á tinha sido usa do no iMac. que a

princípio significava "internet", e Chieco gosto u da co mbina ção.Levou a sugestão para Jobs, entre dezenas de outros possíveis

nome s, cada um a nota do em um papel. "iPod" foi parar na pilha

das opções rejeitadas. Depois, de um dia para o outro, o chefe

decidiu que ele estava aprovado.

Agora o aparelho já tinha nome, cara e estrutura interna.

Nem mesmo o impacto dos atentados de 11 de setembro de

2001 imped iram Jobs de fazer, em outubro, o grande anúncio

do produto que levaria a Apple para um novo mercado. A rea-

ção da plateia, como sempre, foi eufórica, mas hoje o primeiro

modelo parece bem tosco perto das versões mais recentes: ele

ainda era muito g rande e tinha um a tela quadrada , preta e bran-

ca. De toda forma, o prime iro passo já estava dad o. Dali para a

frente, a cada seis meses em média, a empresa lançaria uma

nova versão, mais bem acabada que a anterior.

Sim, o iPod era um acontecimento marcado para sepultar

de vez a era dos CDs. Mas a revolução definitiva no mundo da

música só ficaria completa dois anos depois, quando o apare-

lho ganhou a companhia da loja virtual iTunes.

PARA SABER MAIS

The Second Corning ofSteve Jobs,

A lan D eu tschman , B r oadw ay , 2000 .

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A s a lv ação

d a lavou ralo ja v i r tua l da Apple sa lvou a indúst r ia da música de la mesma. E a empresaainda teve que convencer as gravadoras de que o iTunes representava o fu turo

TEXTO P e d r o B u r g o s

iPod era mais bonito, út i l e fác i l de

usar do que qua lquer tocador de MP3

d ispon íve l no mercado em 2001 . Mas ,

soz inho , poder ia te r s ido superado pe lo

tempo, pe las im i tações ou pe la reação

da concor rênc ia . Se o p rod u to v in gou e

se to rn ou tão in f luen te , é por ou t ro mot i -

vo bem menos lembrado : o iTunes .

O so f tware que deu o r igem ao iTu-

nes , o Sound Jam, fo i comprado de uma

pequena empresa , a Cassady & Greene ,

no iníc io de 2001. A Apple ret i rou as gor -

dur inhas e de ixou a in te r face ex t rema-

mente s imp les . O ob je t ivo e ra fac i l i t a r

a v ida do consumidor : bas tava co locar

u m C D n o c o m p u t a d o r , e l e c o n v e r t i a

para MP3 e s inc ron izava sua co leção

com o iPod. Mas isso fo i só um pedaço

da his tór ia. Por que esse processo com-

p l icado de comprar um CD para conver -

ter? Melhor ter um MP3 direto. Mas, em

2001, os lugares onde e ra poss íve l com -

pra r mús ica e ram rud imenta res , com

acervos l im i tados e os a rqu ivos t inham

diversas p ro teções con t ra a cóp ia .

N a q u e l e m o m e n t o , e r a t e r r i v e l m e n -

te d i f íc i l l idar com MP3 e a veloc idade de

conexão não a judava . A ma io r par te das

pessoas não sabia da ex is tênc ia desses

programas de t r ocas de a rqu ivos . Mes -

m o a s s im , o d o w n l o a d m o s t r o u u m a

tendênc ia : uma enorme par te dos con-

sumidores es tava in te ressada em es -

co lher as mús icas que quer ia e achava

caro demais pagar o p reço de um d isco

inte iro por uma ou duas fa ixas que inte-

ressavam. Era necessár io um novo mo-

de lo de d is t r ibu ição .

I M A G E M A FP

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EXEC UTIVOS IGNOR ANTES

As gravadoras não entendiam o novo mercado. Segundo

Jobs, os execut ivos que controlavam a venda de música eram

"ignorantes" alhe ios à tecnologia, avessos até a e-mails. Na épo-

ca do iPod, eles faz iam experiênc ias toscas com um mo delo de

"assinatura" de catálogo. Você pagava por mês e podia ouvir

quantas m úsicas quisesse, mas uma vez qu e parasse todos os

seus arquivos sumiam . Já v iu um mod elo de alugue l de LPs dar

certo em algu m lugar? Pois então.

As pr imeiras conversas de Jobs com as gravadoras foram

infrutíferas. Mas a Apple persist iu. Uma das qualidades menos

mencionadas sobre o execut ivo é sua habi l idade em l idar com

os hom ens de neg ócios das outras empresas. Toda a sua habi-l idade foi posta à prova nos 18 meses de negociação que leva-

ram à criação da loja do iTunes, em 2003, e a sua compatibi l i-

dade com o Windows, para aumentar o públ ico em potencial .

Como não gostava de entregar um produto incompleto, ele

só abriu a loja qua ndo todas as grandes gravadoras acei taram

entrar na dança, e 200 mi l músicas estavam disponíveis para

download ao preço de US$ 0,99 cada uma.

As vendas do IPod, que até então eram boas, mas ainda

não t inham chegado ao pr imeiro mi lhão, decolaram a part i r

daí. Porque Jobs fez um acordo bastante interessante para as

gravadoras e sua própria empresa: as músicas não po diam ser

copiadas para outros comp utad ores (ou dis t r ibuídas na rede) e

Em 2010, o catálogodos Beatles ficou

disponível no iTunes

o form ato seria exc lusivo do iPod. Menos d e u m ano depois , a

loja do iTunes comemorava os 100 mi lhões de downloads e o

apare lho da Apple dominava 84% do m ercado de tocadores de

música. Agora s im a revolução na m úsica estava completa.

Em 2008, o iTunes viraria a maior loja de música dos Esta-

dos Unidos, deixando para trás a onipresente rede de mercados

WalMart . As gravadoras passaram a entende r o m odelo. Ass im,

o iTunes salvava a indústria da música dela mesma, criando vá-

r ias formas de fazer com que o consumidor gastasse dinheiro

com seu art ista favorito.

N O V O D E S A F IO0 grande problema da Apple agora é reproduzir este mo-

delo para o conteúdo em vídeo, coisa que ela tenta desde

2 0 0 5. 0 serv iço já é bom : hoje, é possível ass ist ir a um episódio

de uma série de TV em al ta def inição apenas um dia depois de

ele ir ao ar ou ass inar uma temp orad a intei ra: o com puta dor faz

o download assim que o capítulo está disponível. Mas, diferen-

tem ente do iTunes, ele não é a pr inc ipal loja do mercado.

Com preços melhores e mais acordos de dis t r ibuição, a

Apple também quer mudar rad ica lmente o mercado de v ídeo

e diminuir a pi ratar ia. O grande concorrente é a Amazon, que

começou a fazer seu próprio tablet. A briga vai ser boa. E os

consumidores acabam ganhando no f inal .

32 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS I M A G E N S 1 E T T Y IM A G E S  2TE D P I N K ALAMY 3 AFP

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M e r ca d o d if ícilP o r q u e a A p p S t o r e b r a s i l e i r a n ã o é c o m o a d o s o u t r o s p a í s e s ?

Se nos Estados Unidos o iTunes já é sinô nimoda lojinhas de músicas, vídeos e a plicativos,para nós, brasileiros, o nom e co stuma se referirao programa terrivelmente pesado que habitaos computadores de quem precisa sincronizararqu ivos c om as iCoisas. Mas por que o Brasil, umenorme mercado, não tem os mesmos direitos

que, digamos, o México? A situação é d iferentepara cada mídia. No caso de música, em qu eo entend imento seria teoricamente mais fácil(ouvimo s m uitos dos artistas que os americanosouvem ), a dificuldade é fechar acordo s com as

gravadoras daqu i, ainda mais resistentesa muda nças do q ue as de outros países.No caso dos vídeos, os estúdios têm me dode brigar com as fortes em presas de TV a cabo.A liberação do iTunes perm itiria que os fãs dasséries vissem u m e pisódio antes de ele ir ao arna nossa TV, diminuindo a vantag em de assinar

um canal. Para desp ertar o interesse do brasileiro,seria preciso acrescentar legendas, por exem plo,e há dúvidas de quanto estaríamos dispostosa pagar por esse tipo de conteúdo - o m undoconhece o Brasil como o paraíso da pirataria.

33 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS M A G E N S 1G E T T Y I M A G E S 2T

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® • .,|».T Ü

Revolução

n a telefon iaO iPhone cr iou um novo padrão para os ce lu lares in te l igentes. E fo i a lém:mudou o equ i l í b r i o de fo r ças de um mercado conservador (e b i l i oná r io )

TEXTO T i a g o C o r d e i r o

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12005, uma equipe de desenvolvimento da Apple

entou a Steve Jobs um p rotót ipo rudimen tar que o

It inha encom endado . Era um display de vidro tou-

ch screen em que era possível realizar todos os coman-

dos imagináveis em um computador - pr incipalmente

digitar textos. Era uma primeira versão e um novo tipo

de tablet, do jeito com que ele tinha sonhado. Só que,

no momento em que olhou para o resultado do traba-

lho dè seus enge nheiros e designers, o patrão teve uma

•"sacaba. "Pensei: 'Meu Deus, nós pod em os cons truir um

telefone baseado nisto'. Engavetei temporariamente o

projeto do tablet porque o telefone era mais importan-

te". E foi assim qu e o iPad, que só seria lançado em 2010,

inspirou o iPhone, de 2007.

Durante a muito esperada apresentação do novo

aparelho, Steve anunciou que a empresa iria lançar não

um, mas três produtos revolucionários. O primeiro era

um iPod com tela maior e controles touch. 0 segundo,

um telefone celular inovador. O terceiro, um gadge t para

se com unic ar via interne t. "Então, três coisas", ele disse à

plateia. "Um iPod, um telefone, um comunicador. Vocês

estão entendendo? Esses não são três aparelhos sepa-

rados. É um só, que estamos chamando de iPhone".

Para o fundador da Apple, aquele produto dava

continuidade à sua própria história: o computador pes-

soal que ele tinha ajudado a criar agora cabia no bolso.

Em dez em bro de 2007, o iPhone era eleito, pela revista

Time, a invenção do ano. No ano seguinte, já dominava

13% do merc ado de sma rtphones . Até o fim de 2010,

havia vendido 73,5 milhões de unidades no mundo.Também pudera. O aparelho era incrível. Mas quase

não saiu do papel. Os bastidores da criação do aparelho

foram tum ultuados até para os padrões da Apple.

l'

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G R I T O S E C H O R OPara começar, a empresa se debateu em torno de um pro-

blema sério: não havia sistema operacional que desse conta

dos apl icat ivos do novo aparelho e que só t ivesse poucas cen-

tenas de megabytes, uma fração do tamanho do OS X. Quer

dizer, existia uma alternativa muito viável, o Linux, mas Jobs

fazia questão de desenvolver um produto inédito. Enquanto

um grupo trabalhava na questão, outro tentava entender es-

pecificidades técnicas da telefonia, uma totai novidade para a

Apple. Nesse quesito, era preciso começar do zero. A antena

foi testada em salas especiais, cheias de robôs. Para checar

se o nível de radiação era aceitável, os engenheiros criaram

répl icas de cabeças humanas, com uma gosma ocupando olugar do cérebro. Estima-se que o projeto todo, batizado inter-

namente com o nome Purple 2, ou P2, não tenha saído por

menos de US$ 150 milhões.

Parecia não ser o suficiente. Em 2006, depois de um ano

de trabalho de 2 00 engenheiros, Jobs reuniu os gerentes res-

ponsáveis pelo projeto do IPhone. Surpreendentemente, não

gr i tou, não chamou ninguém de burro. Apenas disse: "Nós

não temos um produto ainda". De fato, o produto t inha uma

lista gigantesca de falhas: as ligações caíam, a bateria parava

de carregar antes de ficar cheia, aplicativos travavam o tem-

po todo sem razão aparente. Quem estava na reunião f icou

apavorado com a fr ieza tão pouco comum do chefe. Naquele

momento, Jobs já t inha decidido: o iPhone ser ia lançado na

convenção Macwor ld de 2007 mesmo que n inguém mais

dormisse até lá.

Havia muita coisa em jogo com essa apresentação. De-

pois de um ano e meio de conversas, ele t inha co nsegu ido ne-

gociar um acordo com a AT&T. A operadora de telefonia seria

a única a funcionar nos iPhones por cinco anos em terr i tór io

americano. Em troca, a Apple cr iar ia o n ovo aparelho da forma

como bem entendesse. Era inacreditável: a maior provedora

de serviços wireless dos Estados Unidos tinha concedido li-

berdade a uma fabricante. Só faltava o aparelho ficar pronto.

Para muitos funcionár ios da Apple, as semanas que se

seguiram foram as mais tensas de sua vida. Gritos e choros

eram ouvidos nos corredores. Muita gente passou dias intei-

ros dentro da empresa. Uma gerente de produtos deu um

soco tão for te na porta de sua sala que a fechadura quebrou.

A coitada acab ou f icando presa por mais de uma hora.

VITÓRIA DO FABRICANTENo f im, deu certo. Em dezem bro de 20 06, Jobs se encon-

trou em Las Vegas com Stan Sigman, o presidente da divisão

de conexão sem fio da AT&T. Sigman diria que aquele era o

melho r aparelho que ele já tinha visto. Com tal aprovação, Jobs

dava um xeque-mate no conceito de que não eram os apare-

lhos que atraíam clientes, mas os serviços das operadoras.

"O mercado de telefonia movimentava US$ 11 bilhões por

ano, e os fabricantes eram tratados como vassalos", diz Drew

Hull, diretor d e pesquisas da em presa NDP Group. "Com o iPho-

ne, a Apple m udo u o eq uilíbrio de forças desse mercado." E isso

apenas seis anos depois de mudar a indústria da música.

PARA SABER MAIS

• / 4 Cabeça de Steve Jobs,

Leander Kahney, Ag i r , 2008.

Fãs da Apple observa m]o iPhone como quem [

36 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS I M A G E N S 1 G E T T Y I M A G E S 2TE D P I N K A L A M Y

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F á b r i ca d e m o rteO f o r n e c e d o r d a A p p l e n a C h i n a r e g i s t r o u 14 s u i c í d i o s n o s ú l t i m o s a n o s

Algo m uito estranho acontece na fábrica dogrup o chinês Foxconn em Tucheng, Taiwan.Nos último s três anos, a grande forneced orade componentes eletrônicos do mun do (emaior empresa privada da China) vem ficandoconhecida pelo alto nú mero de funcionários quecom etem suicídio. Um deles, o engenh eiro Sun

Danyong, de 25 anos, recebeu em 20 09 um lotede 16 protótipos do iPhone 4G. Quando se deuconta, tinha só 15 em m ãos. Desesperado como sum iço, ele se jogou de um apartamento no12° andar. Questionada, a App le se man ifestoupor interm édio de Steve Jobs: "A Foxconn te m

piscinas, quadras e é até bem legal para umafábrica. Estamos lá, conversando sobreo problema para ajudar a resolvê-lo".A companhia chinesa, que també m fornecepeças para empresas do porte de Intel, Cisco,HP, Dell, Nintendo, N okia e Sony, é acusada d emanter seus funcionários em cárcere privado,

estimular guardas a agredi-los e obrigá-los acum prir cargas horárias de até 12 horas por dia.Em 2010, foram registrados nada menos do que14 suicídios. Em maio de 2011, uma explosão nalinha de m ontagem do iPad 2 causou três mo rtese deixou 15 trabalhadores feridos.

Da l inha de monta gemda Foxxcon saemaparelhos e suicíd ios

37 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS M A G E N S 1G E T T Y I

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r

Lon go cam in h o1 9 7 9O pr ime iro tablet da Appl i foustaVa US$ 650 ®t inha um sof tware désto hado pe lo cantor ToddRundgreen. Era vendido junto com uma canetaprojetada para desenhar na tala. Na época,ninguém prestou atenção no produto,que ainda por cima çausãvp intêrf^rêncfép;"-

nos apareHiasde rádio. A empiiSSá nuncamais desistir ia de lançar uma versão melhor.

1 9 8 5 l o o i M a c

1 9 8 7

Erá para ser tão çom pIS® quan to

um iPad, E t inha potencial: respondia acomandos por v iva^oz ess destacavapor seus .comandos touch screen.M i l acab ou â-endo simpl i f icadoe virou o Newton, o PDA da Apple.

1 9 8 9Ümá versão do Dynabook,protót ipo de-1968 pensadopelo cient ista da computaçãoAlan Key dentro do centro de

pesquisas da;Xerox. Na revisãofe ita pe losengenhei ros daApple, todos fãs de Key, t inhauma a lça parás er carregado.

Sfambém f icou só no projeto.

! ; >,)\ >,

De toda esta lista, o PenLite foi oque chegou mais perto de alcançaró;mercado, A produção acaboucancelada na últ ima hora.

R ESP.

1 9 9 1Preocupados com- o Newton,que poder ia ameaçar os [computadores pessoais, osdesigners da sér ie Macintoshbo ja ram qua t ro p r ó jè í i f detablets, :cém m ais mem ória doque o PDA da Apple. O Workcaset inha urna iSla protetora,pensada para quem precisasse

""carregar o : aparelho de casapara o estritórío.

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I M A G E N S 1 D I V U L G A Ç A O 2 I S T O C K

SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

a té o iPad

Desde 1979, a A pp le

d e s e n v o l v e u v á r i o s

p ro t ó t i pos de t ab le t .

N e n h u m c h e g o u

ao merc ado - a t é o

l a n ç a m e n t o d e 2 0 1 0

1983Depois de quat ro anos

de t rabalho, surgiu um novo

produ to conce i tua i, que

inspirou os protót ipos

das próx imas datas:

2010 i P a dQua ndo S teve Jobs

f ina lmente reso lveu

lançar um tablet da

Apple , mudou tudo o

que se sabia sobre esf

t ipo de aparelho. Com

ele, é possível ouvir

música, ver f i lmes, ler

l iv ros e jornais , joga r

e navegar na internet .

Este é o futuro do

computador pessoal .

1993Uma versão do Newton com te la

maior e design mais elegante.

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domaiim, S teve Jobs era um g ênio . Mas seu le gad o

é dos ma i s po lêm ic os : ao l ongo de s uac ar re i ra , e l e de i x ou u m ras t ro de s ac a nagen s

t ão g rand ios as quan t o s uas c r i aç ões

TEXTO A le x a n d r e C a r v a l h o d o s S a n t o s // ILUSTRAÇÃO F a b r í c io L o p e s

PUBLICADA ORIGINALM ENTE NA SUPER DE 4 /2009

mente de Steve Jobs produziuinvenções que prat i camente

o e levaram ao patamar

de Deus. Só tem um

prob lema grave: dent ro

dos muro s da sede da Apple,

a história não era assim tão

cor-de-rosa. Para prod uzir

suas pequenas maravi lhas,

Jobs encarnou u m chefe

tão f i lho-da-mãe que vi rou

uma espécie de Darth Vader

das empresas de tecnologia.

É bem pro vável que, nas vezes

em que o pat rão t i rou uma

l icença médica, ou quando

se afastou def ini t ivamente,

em agosto de 2011, mui tos

func ionár ios tenham passado

no bar para comemorar.

Nas próximas páginas, saiba

do que eles escaparam.

40 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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Ä f l

TO b s e s s õ e se c a p r i c h o s

nV oto d es i l ê n c i o

B a c i a d ad e in s u l t os

Jobs costumava ver tudo

com o 8 ou 80 . Por isso,

dividia o pessoal da Apple

em gênios e bu rros - e fazia

questão de classificar cada

funcionário na frente de

todo mundo. Exemplo disso

é uma reunião que tevecom designers responsáveis

pelo projeto do sistema

operacional Mac OS X,

que seria lançado em 2000.

Vader (ops, Jobs) abriu

a conversa perguntando:

"São vocês os caras que

desenharam o Mac OS?",

referindo-se a uma versão

anterior do sistema. Os

designers disseram que sim.

"Pois vocês são um b ando

de idiotas!", bradou Jobs.Na verdade, ele estava

apenas seguindo uma

de suas regras de ou ro

de liderança: "Chute

uns traseiros para ver as

coisas andar". Dessa vez,

o fim da história foi feliz.

Depois de achincalhar geral,

Jobs acabou até gostando

dos p rotótipos. "Esta

é a primeira prova

de inteligência de 3 dígitos

que vi até agora na Apple",disse ao grupo atônito.

E olha que ser reconhecido

por Steve Jobs com o

dono de u m Ql super ior

a 100 não é para qualquer

um. Mas o elogio sempre

era provisório. 0 mesmo

grupo de designers

sabia: estava sujeito

a ser humilhado de

novo no dia seguinte.

Todos na Apple v iviam

sob um regime de terror,

segundo Leander Kahney,

jornalista inglês e autor

do livro A Cabeça de Steve

Jobs (Agir, 2008). "Todo

mundo t inha medo de

perder o emprego." Deonde ele tirou isso? Dos

relatos que o uviu de ex-

funcionários da empresa,

como o engenheiro

Edward Eigerman. "Você

pergunta aos colegas: 'Devo

apresentar este relatório?'

E eles sempre respondem:

'Você pode fazer o que

quiser no seu último dia

na Apple'." Jobs costum ava

sabatinar empregados

no meio do expedientecom perguntas como:

"Para que serve o iTunes?"

Existia até um adjetivo

para os miseráveis que

fracassavam nesse ritual:

sieved, ou "stevado".

Para escapar do chefe

durão, muitos executivos

faziam caminhos mais

longos até suas salas,

só para não passar

perto da mesa do chefe.

Durante anos, circulouna empresa a lenda

do funcionár io demit ido

dentro do elevador

simplesmente porque

não deu a resposta certa.

A história nunca foi

confirmad a, mas é fato que

mais de um funcionár io

evitou entrar no elevador

com Jobs para não correr

o risco de ser "stevado".

Jobs era um fã dos

de ta lhes . O homem

lap idava os p r odu tos

da A pp le a té enxe r ga r

ne les a per fe ição. Como

q u a n d o e n c a s q u e t o u

com a p laca - mãe doMac o r i g i na l , l ançado

e m 1 9 8 4 . 0 a r g u m e n t o :

ela era muito feia. Só

que o layout da p laca-

mãe sa i do je i to que

sa i para assegurar que

e la f unc ione d i r e i t i nho .

E a l g u é m c o n s e g u i u

convencer Jobs d isso?

Até conseguiu . Mas só

depo i s de m i l ha r es de

dólares gastos para

desenvolver a G ise le

B ündc hen das p lacas-

mãe. Apesar de ter seu

charme, a nova p laca não

pegava no t r anco . E

Jobs teve de dar o braço

a torcer. É por essas e

ou t r as que o pessoa l

da A pp le tr aba lha em

um r i tmo f r ené t i co . Lá

nos anos 80 , a equ ipec r i ado r a do p r ime i r o

Mac t r aba lhou sem

descanso por 3 anos - e

os f unc ioná r i os anda vam

p e la c o m p a n h i a

c o m c a m i s e t a s

que d i z i am: "N oven ta

ho r as po r semana e

ado r ando" . E r a me lho r

ado r a r mesmo. . .

Esta regra a inda va le

para a Apple pós-Steve

Jobs : n inguém pode f a la r

sob r e o p r o je to em que

es tá t r aba lhando nem

para a famí l ia . A regra do

s i lênc io já fez a té ge ntet r oca r de i den t i dade .

Q u a n d o c h e g o u à A p p le

para comandar as lo jas

p r óp r i as da mar ca , em

2000 , o execu t i vo R on

Johnson t eve de ado ta r

um nome f i c t í c i o ( v i r ou

John Bruce) por meses.

Fo i um recurso para que

n i n g u é m s o u b e s s e q u e

a A pp le p lane java ab r i r

seu p r óp r i o cana l de

vendas . Q uem já f u r ou

o iso lamento sent iu a i ra

de Jobs: e le perseguiu

na Jus t i ça b logue i r os

que d i vu lga r am de ta lhes

de p r odu tos que se r i am

lançados. Jason Chen,

ed i t o r do G izmodo ,

que o d iga. Em abr i l

de 2010, sua casa

fo i invad ida pe la Swat ,q u e a r r o m b o u a p o r t a

pa r a ap r eende r qua t r o

c o m p u t a d o r e s ,

do i s se r v ido r es e vá r i os

HDs. Era resu l tad o

d e u m m a n d a d o

consegu ido pe la A pp le

depo i s que o b log

pub l i cou f o tos e uma

anál ise do iPhone 4.

42 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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V *• / fÇ

O k , J o t E o a o i f e c c

c o r : í í : _ e —

t r a b a e e

u m a ra— x o n n c a c E a

d e ' í s

pess :5 e - : h

s e u s : : - ' : : s s e-

:c c - s e : _ : : : e =

a c r e : : . - : r s • - : :

a l g o ú r c c

a e s s a : s - i : ~ ~ e e

a A p p e s : . . : : : - : —

t o d o , a t é p e r 33z<—

t i r a r u m a d a o u d e . J o í k .

" E l e r e s : s ' : . " e s s a : s : s : : s : e

d e n o s r n a r a s r

c r i a n ç a s d i a

d i z D a n U o - s ; r - a i s t s

a m e - : s - : : . s s - : _

o p e - s . e . : z s

( " S t e . e . : : s r s : : _ —

b l o g f f e a n r r n f a r ta i X o m

J o : s • : - _ - ; :

d a t p m n f c y f c a a w u m

m a i o - r iã on ar c.' E « e - d a d e ,

s e r r : s 1 s s : s ~ : - e ~

c c r , e . : : - e : - . u

e h o r a s : : : : ; : : : : : : : : e

a c r e : t a * - ; ; : : . : :

m a i s s i r r p c i c c — : - e ~

P A R A S A E E - I S

• The S e r e : _ *e zr _ote.

D a n i e l L y o n s . l a Csdz P i e s s , 2 0 0 8 .

• iCon Steve Jobs f f e c . 5L Y o u n g ,

W i l e y , 2 0 0 5 .

4444

444

4444444

4

Falso, m a s

v e r d a d e i r oD u r a n t e c i n c o a n o s , u m j o r n a l i s t a

a m e r i c a n o m a n t e v e u m

b l o g f a k e m u i t o r e v e l a d o r

Em 20 06, um b log pub l icou u mpost que dizia: "Muita gente mepergunta a respeito do meu est i lode gerenciamento. Especia lmentedepois daquele meu grande

discurso, que fez tod o m und operceber o pensador profundo queeu sou. Nunca deixe as pessoassaberem o que você acha delas.A cr ia t iv idade af lora do m edo".O texto tem o je i tão do Darth Vaderda tecnologia, mas foi escrito pelojorna lista Dan Lyons. Há cinco anos,ele criou o blob Fake Steve Jobs,que não é mais atualizado, masainda está no ar: www.fakesteve.net . 0 ú l t im o post data de 17 de janeirode 2011, qu an do Steve anun ciou queestava saindo de l icença m édica ef icou c laro para todo s que, desta vez,seria difícil ele voltar à ativa."Por razões óbvias, não vo uma is posta r aq ui", diz Fake Steve."Espero que vocês rezem para

qual seja o Deus em q ue a cred itam.Por favor, sem plantões na po rtado h ospital, sem l igar paramédicos para pedir que elesespeculem sobre o quepode estar acontecen do.Por enq uan to, paz.M uito amor. Nam astê."

f4

4

4444

j43 SUPER ESPECIAL STEVE JOBSM A G E N S 1G

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Portfolio d e1976 A p p l e I Hoje é i tem decolecionador, vendido ao preçode US$ 50 mil. Das 150 unidadesfabr icadas, sobraram cerca de 30.

1977 A p p l e II

1990 M a c i n t o s h L C

1991 P o w e r b o o k 1 0 0

1993 M a c i n t o s h T Y

M a c in t o s h Q u a d r a 605

1993 N e w t o n :Muita gente aindaguarda em casa estePDA (assistente d igitalpessoal, na sigla eminglês). Quando SteveJobs mandou pararde fabricá-lo, em1998, manifestantesprotestaram naporta da Apple.

ipotí im

: ariísts >

i Songs >í Contacts • >t Settngs >f

2001 i P o d Jonathan Ive é fãdos produtos da empresa alemãBraun. A prova está na semelhançado produto da Apple com o rádiode bo lso T3. apresentado aomerca do e m 1958..

2003 P o w e r M c c c k G 5É a cara do rádio Braun T1000,

lançado em 1968.

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respeito

Com o u sem Steve Jobs

(mas principalmente com),

a empresa acumula35 anos de lançam entos

de referência, que evoluírammuito ao longo do tem po

1980

1983de Jobs, =de plástkxlembrava a t e a

de um C rc -A íaçncr

1984 n t o s hPara construir o gabinete, odesigner Jerrold Manock escolheuum plástico ABS rígido, o me smodos blocos Lego. A cor beg e foieleita por envelhecer bem sob aluz solar - os modelos mais antigosficavam alaranjados com o tempo.

1987 M a c in t o s h II

1995 P e r : : . - w J : : : »

199720o a n i v e f s ã A _roce

caro, fo i ^ : :Mas o c o n e d a r « J E w S a r i M !gostou. A n ã f H i « E 3e m vários e n s - d c s 2 E9 a t e m p e r a i j e ü l j I U Í

2011 i P h o n e 4SO pr imeiro lançamento depois queJobs deixou a empresa em def ini t ivoaconteceu em ou tubro (não em ju lho,como era tradicional), e dentro dafábrica da empresa em Cupert ino(e não em algum dos grandes centrosde convenções de São Franciscousados antes). O novo CEO, Tim Cook,c o m a n d o u um espetáculo bem maismodesto. Duas vezes mais rápidodo que o iPhone 4, o aparelho foio úl t imo lançado com Jobs ainda

vivo - ele faleceu no dia seguinte.

2005

íP o d N a n o

2007

2008M a c B o o k A i r

1998 i M a c G 3 O designerJonathan Ive quer ia um produto"despudoradamente plástico".Só que o resultado final nunca saíacom a cor desejada. Para resolver

o prob lema, ele e sua equ ipevisitaram uma fábrica de balas.

1999 iBook

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3 A Apple n ãoin ven ta n ad aOs p rodu tos lançados pe la empresa sempre t i ve ram como base

ide ias conhec idas . Mesm o ass im, ex t rap o la ram suas funçõe se t ran s fo rm aram o mund o . En tenda com o i sso fo i poss íve l

TEXTO E r n e s t o R i n a l d i

PUBLICADA ORIGINA LMENTE NA SUP ER DE 02/ 2007

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App

3t S ne JE

Ee e ~ e r a - :

I m il h ar e s r e a s ^ B f — :

Is a n o m u r o c

3=

: ar teiro de 200 7? Os fãs

r~ peque fo i nesse d ia que

"a ~ a- :e das lo jas da empre-

SE'hE" ao vivo, a mais uma

: í t c das atenções estava

an ar raar ae le fcne ce lu lar fabr icado pe los: : : L - e : : r - ~ - = aca receu, ve io

- : e je e a: anúnc io urrava em

o t M B d b p o r Jobs . P oucas ho ras depo i s,

r e ~ a r o sa n e . a m su r i do 8 ,3%. E nquan to

. OJE 3 c m ra .a z —-ercado de supercelu la-

E : .a _e~ i faz tanto tempo) , v ia suas

-a— ~am faõn pudera, o mod elo acaba-

sr forman

i Phone, :

invento-as : :

como u— 3 j r a ~ ~ : -

êx tase a ca r a r a a -

os papé '5 3 5 - c i e -

isso, a B i s t r e - 3JE

r es ( l embr a ces : " E :

ações des ce" 3 ~

pa rt ir desse d s i n

ter ia qu e se- zzr~z :

O lhandc r a r a z

dif íci l enteraar

pr imeira . sa.

ce lu lar q ^ :ar

da , acesso 5 r r a - a - a r 3 : : aMP3 - cosa a az ; í t e ea os m o n t e s - a s o e s ^ r r r u a = r -

tã o o ç ' z c - '. : 3 3 : : :— . :

é s impes a dbthe ~ ~ zzr~ - : c e

em toda s - r : a s a— r a s a

não inve~CD_ n e m j— ac a^ t nc ge-

n u i n a m e ^ t í - : : %laa - - a - ; r = -

o q u e j á e t s t a . a r o a - r a r a -

ras r ev o iu ç fe s 3 a

Veja c s»ar -

oc x -_

as rae. a maior ia das pes-soas ne ~ r : UE e a 1IF3 - mesmo ex is t indo d iversos

tocadores ztz r o c n e " t ? T«i ~ecc s do iPod, a indústr ia

m u si ca - _ - c a ~ a s " D = — e s - a Esse enredo se repete a

cada ç - 5 " ca a - c a m e m zz. t oe oesde o p r ime ir o Mac in -

t osh . d e ' r E - - - : a - : : a " - d i fe r ença es tá nos

gostos ca í :a a : : a ; - :_a .a a só, não era fanát ico

p o r t é e - : : : ; E a s a o a - ; ~ r : -c an te do que desenvol-

ver apa-a : : ~ a: a : a rese nvolv er aparelhinhos

mi r abo Ia - : es : : a a e : r c r oesseas no r ma is .

N o r r _ - o : za h : l i o o £ esse perf i l "humanista" é coisa

rara - E Gaa s a : : : : ~ ~ r z Saqueies que sonham em

códig o b i-£ - i : .. : : : "a a r 3: : - • : sara se cercar de gente

Mcris im p or tan ted o q u e d e se n v o lv e ra p a r e l h i n h o sm i r a b o l a n t e s

e r a d e s e n v o l v e ra p a r e l h i n h o sm ir a b o l a n t e s o p e r á v e i sp o r p e s s o a s n o r m a is

que pensa co m o ele. Seu camisa 10, o designe r Jona than Ive,

desenhava banheiras antes de ser contratado. Dentro da Ap-

ple, cr iou o iMac, o iPod e o iPhone, aparelhos que têm em

comum o fa to de serem estup idamente be los e r id icu lamen-

te fáceis de usar. Não lembram, nem de longe, aquele jei-

tão de produto de informática que a indústr ia adora fabr icar

( já estamo s na segun da década do séc ulo 21 e ainda existe

muita empresa que acha bacana fazer aparelhos cheios de

botões que n inguém sabe como usar ) .

São essas característ icas que f izeram, em 2007, muita

gente apostar que o iPhone se tornar ia o ícone maior da

tão sonhada convergência de tecnologias. Como você sabe

bem, o aparelho é computador com acesso à internet, câ-

mera digi tal , tocador de MP3 e

ainda recebe l igações. Em vez

de teclado, há apenas uma tela

touch screen. Tudo ao mesmo

tempo e, aí está a di ferença em

relação ao que já existe, simples

de operar. Três anos depois, em

2010, surgir ia um novo candida-to a símbolo da tal convergência.

Apresentado pela própr ia Apple

como um d ispos i t ivo que mis tu-

ra MacBook e iPhone, o iPad tem,

de novo, a mesma qual idade rara:

sem inventar nada, muda tudo.

Claro que o sucesso do iPad tam-

bém foi instantâneo. Em 2010, a

empresa vendeu 14,8 milhões de

unidades, nada menos que 75%

dos tablets comercial izados no mundo no ano passado.

Com o iPhone, surgiu um grande mercado de apl icat i-

vos - que hoje engloba os iPod touch e os iPad. Apesar de

ser usado pela Google desde 2002, o termo em inglês app,

usado como s inôn imo de ap l ica t ivos, ent rou no vocabulár io

das pessoas comuns depois de 2008, quando a Apple lan-

çou sua App Store - que rendeu à companhia um belo lucro

de US$ 1,782 bilhão em 2010. O sucesso da loja virtual levou

a American Dialect Society a eleger app a "Palavra do Ano".

Achou exagerado quando fa lamos em revo luções cu l tura is

no começo deste texto? Pode ter certeza: é disso que se tra-

ta. É que m udar o mu nd o sem pre foi o objet ivo de Steve

Jobs - e não apenas vender gadgets bonitos.

47 S UPER ESPECIAL STEVE JOBSM A G E N S 1G E T T Y I M A G E

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As m elh ores1984

Dezenas de pessoas vest idas com

roupas iguais se sentam para ver e

ouvir o Grande Irmão. Eis que uma

g a r o t a aparece correndo e at ira um

martelo que arrebenta o telão. O

comercial termina com: "Em 24 de

janeiro, a Apple Computer vai lançar

o M acintosh. E você vai ver por que1984 não vai ser como 1984". Foi o

pr imeiro comercial de impacto lan-

çado no intervalo de um SuperBowl.

1985

As campanhas publicitárias valorizando a liberdade inédita tra-

zida pelo Macintosh atravessaram os anos 80. Na de 1985, o

computador da Apple é apresentado como uma solução para

as empresas, atoladas no meio de um pântano de PCs - até u m

crocodilo invade os corredores de u m escritório. A pegada bem-

humorada contra os usuários da concorrência era recorrente e

ganharia sua versão mais famosa em 2006.

1997

Para marcar a volta à empresa, Jobs pe-

diu à TBWA\Chiat\Day, a mesma de 1984,

para criar uma campanha conceituai

usando várias personalidades que Steve

admirava, de Albert Einstein e Pablo Picas-

so a John Lennon e Frank Lloyd Wright.

O texto dos anúncios terminava com os

dizeres que logo ficaram famosos: ThinkDifferent ("Pense Diferente").

1998

O lançamento do iMac, com suas trans-

parências e cores inovadoras, foi marca-

do por uma música bem psicodélica dos

Rolling Stones chamad a Shes a Rainbow.

A campanha por escrito fazia uma brin-

cadeira depois incorporada nas reporta-

gens sobre o produto, mas que perde a

graça em português: "iThink, therefore

iMac" ("Penso, logo iMac").

48 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS I M A G E N S D I V U L G A Ç Ã O

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Think d i f f e r en t

2 0C3

CB'' Lrj ' =r - l a c - j i i i i i p i ii iT <= n u f c n t a d a > ao so m

d e i s r c c E j ' i t j a n l f e * » f c 5 it ~ ü e ss d e p e sso a s

d ar es— i f j i ' H n r r r . , - s - i -sada de novo.

2D06

I o p e iv o da cam panh a Get a Mac, que du rou três anos, era cutucar a Microsoft. O

=D" Just in Long falava em nom e dos Mac, enquanto o humoris ta John Hodgman,

um temo sem graça, anunciava: "Eu sou um PC". Num dos vídeos, o PC fica

- s ^ a d o e pede ao Mac que se afaste. O Mac responde que não corre r isco porque

~âc pega vírus. Em outro, o PC fica congelado no m eio de u ma frase. Qua ndo tom a

ispinha na cabeça, começa tudo de novo, como o Windows sendo reiniciado.

SUPER ESPECIAL STEVE JOES 4 9

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O dono da Pixar em1986 com uma versãoest i l izada do lo i

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O sen h ord os p ixelsJ o b s c o m :»_ : : P ix a r a p r e ç o d e b a n a n a e a t r a n s f o r m o u

na ms s r ~ = 1 o= . »vood. Tu do is so c o m e ç o u p o r q u e

George L _ ch e : 3 — 0 0 dono da empres a , p rec i s av a de g rana

çpennann

•Mte:Z.-5:—::—•= " -- d a d e d a PIxar, tem o Pai, o Filho... e o Espírito Santo é o Steve Jobs."

5 a a s e r- x e 5rad Bírd, o diretor de Os Incríveis e Ratatouille, definia o patrão. Ele

fc - zrs — CCKK oara a rasgação de seda. Depois que comprou a Pixar por uma

i~ ' r s : z a z o r da Apple a transformou num estúdio inovador, e o mais rentá-

• s * -1 3 . « : c c com uma impressionante média de faturamento global de US$ 602

— r 3eç - - s -j —  e 3esde 1 3 9 5 . Mas ele precisou de nove anos para achar um caminho

( B E í 3SE emes que ela ficasse famosa por produzir longas-metragens premia-a s Z Z J ~ * Z S r r v , Vida de Inseto. Mon stros S/A, Procuran do Nem o, Carros...

~ ~ Ece.e Jobs adqu iriu a divisão de com puta ção da Lucasfilm, empresa fun-

S C E — zc George Lucas, por US$ 10 milhões - de u m etade a Lucas e investiu

-ê ca — a , que ele rebatizou de Pixar (um trocad ilho co m "pixel", co mo se

—ar e : —ercr ponto de uma imagem digital). Naquele momento, ela era apenas um

3 3 - a i r n • sem comando nem u ti li dade.

jê. : - Lucas Cnha funda do a área de computação na época em que trabalhava

"5 53çe Ses- , E r a caro e mui to demorado produz i r as cenas com sabres de luz e

es i - : - e es. _xas queria empregar computadores para desenhá-los em larga esca-

e - : : a o r realismo, mas isso não chegou a acontecer. A com putaçã o não estava

is : : "r ramanhosalto tecnológico. E a Lucasfilm Computer Division ficou parada,

_ _ . - — - . p g p a c r j a r absolutamente nada.

Raa piorar a síuação, desde 1983 Lucas estava atravessando um divórcio turbu-

e>-=soosa, Mareia Lucas, uma montadora de filmes em Hollywood, exigia

S 3 z e do pat rimônio do casal. E o pobre George precisava de dinheiro, e be m

: : " " : c e " -a o é de tod o força de expressão. Em 1986, a saga estrelar já tinha se-

3 d c : sen ado dos Ewoks ia de mal a pior e, no cinema, ele encarava o fiasco de sua

zrz Z Z J Z Ê C -ecÉm-lançada. Howard, o Super-Herói.

LSTINSTOCK51 SUPER ESPECIAL STEVEJOBS

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A C I O N IS TA D A D I SN EY

Pode parecer estranho, mas o desco-

lado Jobs teve um choque de cultura na

Pixar. O ambiente era ainda mais louco e

criativo do que ele achava possível acom-

panhar. Por exemplo, as salas dos anima-

dores recriavam o interior de saloons do

Velho Oeste e as espaçonaves de Star Trek.

"Assim não dá", queixou-se ele. Foi tranqui-

lizado por Joh n Lasseter: "A gente tem que

deixar os caras pirarem u m p ouco". Apesar

de sua política de não interferir em um

ramo d e negó cio que não conhecia, Steve

deixou suas marcas. Criou, por e xemplo, a

Pixar University. Diferentemente do que o

nome indica, não é uma universidade, mas

um ambiente dentro da sede em que sãoministradas aulas de animação, roteiro de

cinema, Photoshop, krav maga. Para esti-

mular o contato entre os funcionários, ele

também instalou a cafeteria e os banhei-

ros bem no centro do edifício.

Outra herança do patrão é o trabalho

insano por trᣠde cada produto. "A única

coisa da qual temos medo é a acomoda-

ção", disse Ed Catmull à revista McKinsey

Quarterly. Em Vida de Inseto, de 1998, fo-

ram criaClos 27 mil desenhos no storybo-ard. Ufna década depois, Wall.E precisou

de 98 mil. "Nós nunca terminam os nossos

filmes. É que chega uma hora em que te-

mos de lançá-los", diz Lasseter.

Em janeiro de 2006, a The Walt Dis-

ney Company adquiriu a Pixar por US$ 7,4

bilhões. Jobs tornou-se o maior acionista

individual da Disney, co m uma fatia de 7%

do grupo. Jobs e Bob Iger, CEO da Disney,

encontraram-se dias depois do anúncio da

compra, num evento realizado num cine-

ma de San Jose, na Califórnia.

Na saída, Bob Iger perguntou: "Mas

que diabos, Jobs? Como é que vocês nun-

ca erram a mão?" Steve sorriu. "É que eu

não lanço nada sem q ue o produto esteja

100% redondo. Isso vale pro iPod ou para

as animações da Pixar." E saiu andan do.

PARA SABER MAIS

A Magia da Pixar, David A .

P r ice , C ampus /E l sev ie r , 20 09 .

www.slashfilm.com/

pixars-television-commercials/

I M A G E N S 1 C O R B I S / L A T I N S T O C K 2 AP

C H E F E BO N Z I N H O

Nesse cenário sombrio, Steve Jobs surgiu como um Luke

Skywalker. Não é à toa qu e ele ainda é cha ma do pelos funcionários da

Pixar de "benfeitor benevolente". Díferentemennte da Apple, onde era

um ditador, na empresa de animação Jobs não se m etia nos assuntos

criativos. Ele deixou a condução para os outros dois nomes da trinda-

de: o Pai era Ed Catmull, visionário cientista da computação gráfica que

estudava animação e m 3D desde a faculdade, nos anos 70. Quando

com pro u a empresa, Jobs fez dele diretor de tecnologia. Já o Filho era

John Lasseter, um talentoso animador, ex-funcionário da Disney, de

ond e foi demit ido e m 1983 por ser muito "original e indisciplinado", nas

palavras de seu supervisor.

Foi nessa época qu e a Pixar criou suas primeiras duas animações,

The Adventures of André an d Wally B. e Luxo Jr. A crítica adorou, o

público ignorou. Jobs então investiu no setor de hardware. Oferecia o

Pixar Image Com puter para agências do gov erno, hospitais e a própria

Disney, interessada em adotar a computação gráfica. As vendas fica-ram abaixo do esperado, e essa área acabou sendo vendida em 1990.

0 passo seguin te foi desenvolver com erciais de TV para, por exem plo,

o suco de laranja Tropicana e o antisséptico bucal Listerine. 0 fatura-

mento melhorou um pouco, mas ainda não alcançava nem mesmo

os US$ 2 milhões anuais. Foi nesse período que a Pixar montou sua

equipe com novatos talentosos, caso de Andrew Stanton (que mais

tarde dirigiu Procurando Nemo) e Pete Doc tor (de Monstros S/A e Up ).

Em 1994, um desanimado Jobs pensou e m vender a empresa - che-

gou a sonda ra Microsoft. Mas uma animação revolucionária colocaria

a Pixar nos eixos de uma vez por todas.

Em 1991, a Disney topou produzir uma animação modesta, quetinha o nom e provisório de ToyStory. O projeto quase parou no story-

board. Guiados por uma pesquisa de mercado insana, os executivos

queriam personagens mais m alandros. Se o po nto de vista da Disney

tivesse prevalecido, é provável que Woody e Buzz Lightyear passas-

sem o filme todo se xingando e cuspindo. Woody não seria Woody,

mas Roy, Frank ou Clint, nomes mais "machos". E o resultado teria sido

uma bela bomba.

Só não foi assim po r causa de Jobs. Irritado c om as interferências,

ele chegou a comentar com seus funcionários: "Se é assim, é m elhor a

gente sair. Qu e a Disney vá à merda". Os dois lados acabaram se enten-

dendo e ToyStory. com o se sabe, foi um sucesso assombroso. Jobs à frente do t ime

da Pixar pouco antesda estreia de ToyStory

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Em 2006 , depo is doanúncio da venda da

Pixar para a Disney

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O s p arceiros fiéisU m a g a l e r i a d a s f i g u r a s m a i s d e c i s i v a s d a c a r r e i r a d e J o b s

ILUSTRAÇÃO V a n e s s a R e y e s

i D a n i e l K o t t k eO func ionár io número 12 da

Apple fo i colega de faculda-

de de Steve Jobs , v ia jou co m

ele para a índia e par t ic ipou

dos p r ime i ros anos da em-

presa. Fez ajustes no Apple I,

c r iou placas de c ircui tos dos

Apple II e III e atuou na pri-

me i ra equ ipe de desenvo lv i -

mento do Mac in tosh . De ixou

a empresa em 1982.

£ S t e v e W o z n i a kJobs não t inha p rob lemas em admi t i r : o mes t re da computação da dup la e ra

Woz . Sem e le , a empresa nem te r ia ex is t ido . Fo i quem desenvo lveu o p r ime i ro

pro tót ip o do App le I prat ica me nte soz inho, Entre suas muitas proezas, es tá u m

dr ive de disque te revolu c ioná r io lança do junto c om o Apple I I. Em 1981, sofreu um

ac iden te com um ja t inho e perdeu a memór ia por semanas . De ixou a App le em

1987 e, no mesmo ano, c r iou uma empresa, a CL 9, para lançar o pr imeiro contro-le remoto universal . Em 2006, publ icou sua autobiograf ia, /Woz(W. W. Nor ton) .

0 S u s a n K e l ly B a r n e sResponsável pelo f luxo de t rabalho da

equ ipe d o Mac in tosh , segu iu Jobs e , em

1985, ader iu à nova emprei tada do chefe,

a NeXT. Como v ice-pres idente e d ireto-

ra f inance i ra , consegu iu inves t imentos

impor tan tes e fechou parcer ias que ga-

ran t i r am a sobrev ivênc ia da empresa em

seus pr imeiros anos.

54 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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Ee ÍTE = çrande força cria-

: 5 za ^ xaL Seu departa-

n f e d e animação esteve

c e m ze ser fechado várias

sê que salvou a em -

cr ~ Toy Story - que

cingi pessoalmente,

i i co m o Vida de Inseto e

cs já recebeu 6 indica-

Oscar e levou para

> estatuetas.

I J o n a t h a n I v eA lista de obras-primas do design que ele tem no currículo

é impressionante: iMac, MacBook Air, iPod, iPhone e iPad. O

curioso é que ele foi contratado pela Apple antes do retorno

de Jobs, mas estava encostado. Com o novo patrão, tornou-se

o responsável por aspectos centrais do visual dos produtos.

- : ;; • r ; ZB~sze~. os íunda-

:: --E= zz Apple aceitaram abrir— ã c DC comando da companhia.r : : gran de respon sável pela

:: : -5 :B ;B : da cadeia de

ceando e t ambém o p r ime i r o

~ escoor. Depois acabou deci-

9 D para a expulsão de Job s da

tadte Mas. sem ele, a empresa

i d emorado para crescer.

| T im C o okJobs foi buscá-lo na

Compaq, em 1998, para

dirigir todas as opera-

ções da Apple. Tim, que

gosta de se denominar

o Atila, o Huno, da lo-

gística, rapidamente se

transformou no grande

gerente da companhia,

o homem sem o qua l

nada acontece. Em

2011, assumiu o cargo

de CEO da companhia.

i

1•m

y t l e n z l e lApaixonado pela Apple

desde que comprou seu

próprio Apple II, o cientista

da comp utação foi o desig-

ner do pr imeiro software

do Macintosh - não fazia

parte da turma de desen-

volvim ento or iginal, mas foi

convocado por Jobs assim

que ele assumiu a condu-

ção do projeto.

55 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS M A G E N S 1G E T T Y

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Bil l Gates era o opostode Steve Jobs. Os doiscons t ru í ram uma h is tó r iade pa rce r ias , r omp imen tose reconc i li ações . Som ados ,d e f i n i r a m a c o m p u t a ç ã odo sécu lo 20

TEXTO Á lv a r o O p p e r m a n n

oi em novembro de 1983 que a re lação

entre Steve Jobs e Will iam Henry Gates III

sofreu um abalo sé mico. Naquele mês, em

Las Vegas, durante a COM§EX, a maior fei-

ra de informát ica do mu nd o na época, Bil l

Gates sacudiu a todos com o anúnc io de

um novo s is tegf f l operac ional co m inter fa-

ce gráf ica, que func ionava com mouse. A

:ara de Windows. Parecia

uma cópia do layout do Mac intosh.

Fur ioso com a not íc ia, Jobs int imou

Gates para uma reunião na sede da Apple

em Palo Alto. "Você passou a perna na gen-

se Jobs aos berros assim que Gates

na sala. "Eu confiei em você, e vo cê

nos roubou!" Bill f itou Steve placidamente.

Cercado p or 10 func ionár ios da Apple, co-

çou a cabeç a e sussu rrou: "Olha, Steve, há

mais de u m ân gulo nessa questão" .

Depois, subindo o to m, cont inu ou seu

discurso: "Nós dois éramos dois pobretões

que morávamos ao lado da mansão dum

ricaço, a Xerox. Eu arrombei a mansão

para roubar a TV. mas descobr i que você

já a t inha levado"

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Entre sorr isos

I M A G E N S C R E A T IV E C O M M O N S SUPER ESPECIAL STEVE IOBS

"Eu t inha avisado o Steve que sus-

pei tava da Microsof t " , escreveu no s i te

www.foik lore.org, mant ido por func ioná-

r ios da Apple, Andy H ertz feld, projet is ta

do Mac in tosh e tes temunha desse que

foi o maior bate-boca entre os dois ho-

mens fortes da informát ica. Na época,

Jobs respondeu que não imaginava

que a Microsof t fosse capaz de fazer

uma boa implementação.

AM IZADE P R O VISÓR IAPor que a Apple subestimou Gates?

Para entender, é preciso voltar um ano

antes, a 1982. Jobs já era um a celebrida de

nos EUA Por outro lado, ninguém, fora do

Vale do Silício, ainda conhecia Gates ou

a Microsoft. Jobs, porém, gostava de Bil l .

Em San Francisco, no f im dos ano s 70, os

dois saíam juntos, com as respectivas na-

moradas, para jantar ou ir à discoteca.

Mas jeito de gostar de Jobs era con-

descendente. Por sua vez, Gates respei-

tava o amigo. "Para estabelecer um novo

padrão, é preciso criar uma coisa com-

pletamente nova. O M acintosh é a única

capaz disso", ele afirmou, em outubro de

1983.0 b om relac ionamento fez da Micro-

soft a primeira empresa recrutada para

desenvolver softwares para o Mac.

hM'l i lhH'I 'WiW

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Só que Gates vinha se tornando reservado. Em Junho de

1981, transferiu a Microso ft para o estado d e Wash ington - bem

longe do radar de Jobs. 0 motivo de tamanho mistério ficaria

claro durante a COMDEX, de 1983. Logo depois da feira e do

bate-boca, a Apple processou a Microsoft, que teria copiado o

"visual e o jeito" do sistema operacion al do Lisa, o prim eiro c om-

putador comercial a util izar uma interface gráfica de usuário

(GUI, sigla em inglês). Mas o GUI não era exatam ente uma ino-

vação da Apple. Jobs tinha se inspirado no trabalho do vizinho

ricaço, a Xerox (leia mais na página 15), e era a esse episódio a

que Gates se referia dura nte a discussão.

A primeira versão do Windows chegou às prateleiras só em

1985. Como Steve tinha previsto, ainda não funcionava direito.

As janelas eram fixas e ficavam dispo stas lado a lado, co mo azu-

lejos numa parede. Irritado com os problemas, Bill Gates deu

carta branca a um programador de Seattle (e fã da Apple), Neil

Lonzen. Quando o Windows 2.0 veio a público, em 1987, eraoutro produto, muito mais bem acabado.

Jobs podia reclamar, mas o contrato da Microsoft com a

Apple dava à Microsoft direitos perpétuos à interface gráfica

do Macintos h a partir de 1985. Gates ganho u a causa em 1994,

quando Jobs já estava fora da Apple fazia tempo.

R E E N C O N T R OEm agosto de 1997, num anfiteatro de Boston, Steve Jobs,

de volta à Apple, anunciou que a Microsoft injetaria salvado-

res US$ 150 milhões na empresa. A plateia vaiou e tom ou uma

bronca. "Muita gente ainda que r se aferrar às suas velhas iden-t idades. Por outro lado, está todo m und o m orrendo de von tade

de ter o Microsoft Office em seu Mac", disse. O que ninguém

sabia é que o acordo era resultado de uma negociação difícil.

Agora, era Gates que m dava as cartas.

O tempo passou e, aparentemente, as mágoas também.

Em 200 7, Steve Jobs e Bill Gates divid iram o palco, sorridentes,

na conferência Ali Things Digital, organizada pelo blog homô-

nim o em Carlsbad, no sul da Califórnia. "Eu acho que o mu nd o

é agora um lugar melhor, depois que o Bill deu-se conta que o

objetivo na vida não é ser o cara mais rico do cemitério", disse

Jobs. "As coisas que Steve faz são mágicas", ouv iu em resposta.

E tudo acabou bem? Mais ou menos. Em 2009, o jornal

britânico Daily Mail noticiou que os filhos de Bill Gates, Jenni-

fer, Rory e Phoebe, tinham sido proibidos pelo pai de comprar

produtos da Apple. A garotada queria iPods, e papai disse não.

Sobrou até para a esposa. Mel inda, que não conseg uiu comp rar

um iPhone. A relação de amor e ódio entre os dois maiores

homens da computação cont inuou a mesma até o f im.

O p á r i aJ o n R u b i n s t e i n u s o u o i P h o n e

para c r ia r o Pa lm P re

Se a relação e ntre Steve Jobs e Bi l l Gatesé cheia de al tos e baixos, algu ma s pessoasse torn ara m pe rsona non grata para oresto da v ida. Foi o caso do eng enh ei ro dehardw are Jon Rub ins te in. A parcer ia ent reJobs e Rubins te in com eço u aínda na NeXT,em 1990. Já na Apple, Rubins te in a jud oua cr iar o Mac G3 e o iMac. Em 20 06 , elese mu do u para a Palm e levou deta lhesdo pro je to do iPhone. Em 2009 , lançouo Palm Pre, qu e foi um fracasso. R esultadoóbvio, em suas palavras de 2010: "Estoufora da l is ta de N atal de Steve".

PARA SABER MAIS

• Piratas do Vale do Silício, di r . Ma r ty n Burke, 1999.

• Barbari ans Led by Bill Gates, Jennifer Edstrome Marlin Eller, Hen ry Hol t and Co. , 1998.

58 S U P E R ESPECIAL STEVE JOBS I M A G E N S 1G E T T Y I M A G E S 2 T E D P I N K / A L A M Y 3 A FP

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D u e lo d e t i tã s

W il l iam Henry Gates I I I

C o m p a r e o s p e r f i s

d o s d o i s h o m e n s

f o r t e s d a t e c n o l o g i a

24 de fevereiro de 1955 Nasc imento 28 de outubro de 1955

Fi lho adot ivo de u m casalde classe média.

Famí l ia Filho de um casal aristocráticode Seatt le.

Aba ndo nou a faculdade (Reed Col lege). Educação Abandonou a faculdade (Harvard).

Mansão em est i lo colonial espanholde 1 6 0 0 m 2 em Woodside, Califórnia.

Casa Mansão de design ecológico de6 0 0 0 m 2 no estado de Washington.

Budista.Rel ig ião

Congregacional is ta.US$ 8,3 bilhões. For t un a em 2011 US$59 bi lhões.

Mercedes SL55, ano 200 6. Car ros Tem uma coleção de Porsches.

Música. Ho b b y Bridge, pôquer e tênis.

Na juventud e, era bom de lábia. M u lh e r e s Tímido co m as mulheres, casou-se c omSossegou depois de casar. Mel inda, func ionária da Microsof t

Parado pela p olícia no s anos 1970. Cadeia Em 1977, preso por dirigirem al ta veloc idade.

LSD, mescalina e maconha. Drogas Diz que fumo u m aconha em Harvard.

Publ icamente, não dava um tostão. Fi lan t rop ia Até 2007, doou US$ 28 bi lhões.

"Não dou a mfnima". Esti lo Casual de negócios.

"Bil l é u m ca ra legal. Mas o no ssosis tema d e valores não é o m esmo".

Opin ião um d o o u t r o "0 mu ndo raramente vê uma pessoaque provoque tanto impacto."

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O s m a io re s

d e Job sNem sempre o ma is famoso fundador da App le es tava ce r to .

Suas fa lhas foram tão sensac iona is quanto seus sucessos

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j - - i i i r = n : r D cae r csa co m um des ign t ão i no -

v a d o r o j e j — - a e - a ta r está expos to no Museu de Ar te Mo-

dem s de M m Y xk . Só qu e custava caro. cerca de US$ 2 mi l

dó«ar=£ b o m b s : : : : ; c q u e f un ci on a l - n aq ue le m om e n -

: : a : ICTE -k x i e a fereda opções m elhores. O f racasso nas

e E z e s a = : e ' c e ^ z c c s _ 33 247 milhões

r: z~ ~ e n es í r ede2 001 . o p r ime i r o da ges tão de Jobs.

0 V e n d a cie a ç õ e sC pa; c n o de Steve Jobs não era proporcional ao su-

cesso dâ Apple. Na l ista dos 40 0 hom ens mais r icos dos EUA

segindc 3 ~e. =3 Forbes, ele fica em 39° lugar, bem atrás de

Ma"- ZÜZ - er e" : : . d o Facebook, e Larry Page e Sergey Br in, do

Goo gle B é o pr imeiro. Com o é possível se a Apple é

hoje a empres a mais val iosa do m undo? É que Jobs tinha pou-

cas ações 3S co~3anhia. Em 2006, vendeu um lote gigantes-

co. Achava QL>6 C preço estava no auge e não subiria mais.

0 i P h o n e f e c h a d oSabe-se hoje que o smarthphone da Apple mudou a tele-

fonia e cr iou um mercado gigantesco de apl icat ivos. Mas no

com eço não foi assim. Da forma com o foi lançado, o aparelho

não era aberto para programas cr iados por desenvolvedores

externos. Quando a empresa resolveu abr ir esse mercado e

percebeu seu potencial , f icou tão empolgada que lançou um

kit para facilitar a vida de quem quiser criar seu próprio app.

Mas a mania de contro le não desapareceu. A empresa se re-serva o direito de barrar os aplicativos que quiser.

0 C e n s u r a a c on t e ú d oMuito de vez em quando, Jobs admitia em público que

tinha errado. Foi o caso do episódio envo lvendo o cartunista

Mark Fiore. Em 2010, seu aplicativo para iPhone com a divul-

gação de seus trabalhos aca bou barrado por "satir izar figuras

públicas". Fiore fez a história circular pela internet, e a notícia

da censura levou a Apple a pedir, uma semana depois, que ele

reapresentasse seu produto. Ele se recusou. Outros cartunistas,

como Daryl Cagle.já passaram pelo mesmo problema.

0 L i s aEra para ser o computador dos computadores, a maior

revolução da informática do século 20. Tanto que, entre o

f im dos anos 70 e o começo da década seguinte, esse era

um projeto muito mais importante do que o Macintosh. Ao

ser lançado, em 1982, o Lisa era tudo o que prometia: tinha

memória protegida, um hard disk extremamente sof ist icado e

suporte para até 2 MB de mem ória RAM. Mesm o assim, foi um

fracasso. Ninguém estava disposto a pagar US$ 10 mil por um

computador. Quem topou foi a Nasa, que acabou desist indo

depois de se debater com vár ios problemas da máquina.

Br ig a p e r d i d a ?O A n d r o i d , d o G o o g l e ,

t o m a m e r c a d o d o iO S

D e um lado , um s i s t ema ope r ac iona l

abe r to pa r a smar tphones e t ab le t s ,

supo r tado pe la empr esa que r ep r esen ta

a era da in ternet . De out ro , um

conco r r en te de cód igo f echado , man t i do

pe la companh ia que deu o r i gem aos

compu tado r es pessoa i s . A b r i ga en t r e

o Andro id , do Go ogle , e do iOS, da A pple ,

es tá só come çando , mas pa r ece com

ou t r a que acon te ceu 20 anos a t r ás .

O A nd r o id pod e ser usado em apa r e lhos

de vár ios fabr icantes - para o Google ,

o impo r tan te é que os usuá r i os usem seu

si te para fazer buscas e acessar m apas.

O dif íci l é man te r a es tab i l i dade d op r og r ama quando ma is de 300 t i pos de

modelos d i ferentes o usam. Já o iOS

é bem ma is es táve l , mas seu so f tw a r e

só es tá d i spon í ve l pa r a mod e los A pp le .

Em resumo: essa é uma r eed i ção da

bata lha M ac x PC, co m o An dro id n o

luga r do W indow s . C omo no passado ,

t ud o i nd i ca que a A pp le va i pe r de r .

D e aco r do c om a consu l t o r i a iS upp li ,

em 2012 o Andro id va i se tornar o s is tema

oper ac iona l ma is usado do mundo .

I M A G E N S D I V U LG A Ç Ã O

SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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Com o fazer^ ^ ^ M i i r a ' ^ f cu m a

. Mtmmr mm s j i ^ iDesde que t rans fo rmou os lançamentos de p rodu tos em shows ,

o empresá r io passou a se r im i tado po r execu t i vos de todo o m un do

- :

COM /

I N TERA JA C O M A TELA

Steve Jobs seguia a lei dos 10 minutos: depois desse tempo, a atenção da s pessoas;

se dispersa rapidamente. Por isso, ele interagia c o m o telão, usava s l ides curtos e obje-

t ivos (sem bul lets ou cara de Power Point ) para reforçar sua mensagem e inseria, em

suas apresentações, os v ídeos publ ic i tár ios de seus produtos.

C O N T E U M A BO A H I ST O R I A(E REP ITA A M ESMA R O U P A )

Cada apresentação t inha um enredo: descrevia um ce-

nário, trazia à tona um problema (identif icando um vilão a

ser derrotado) e trazia a soluçãojpara reforçar a identif ica-

ção co m o públ ico, ele sempre se vestia do me smo jeito.

EN S A I E MU I TODetalhista, Steve jamais

improv isaria em um momen-

to tão importante. Cada show

demorava meses para f icarpronto e era ensaiado (e f i l-

mado) várias vezes. Um slide

que demorasse 5 segundos

a mais do qu e o previsto para

aparecer deixava Steve malu-

co: podia ser o suficiente para

uma frase perder o impacto.

I M A G E M AF P

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TENHA C UIDADO C OM OS DETALHES- _ — a ã : do pa lco t inha que ser f ie l à cor determinante de um

lançamento. Quarto ao palco: em relação à plateia, Jobs sempre parecia

:e- Z ~ ce Nunca cruzava os braços nem colocava objetos entre

ete e a a_c ê n aa O nava com segurança de ntro dos olhos das pessoas e

sc c^ s .a ser- cha mar a atenção demais para suas mãos.

T RA G A S E U S A M I G O SEm 2005, a cantora Madonna apareceu, via webcam, para contar que

seus álbuns estariam disponíveis no iTunes. Em 1999, quem com eçou a apre-

sentação foi o ator Noah Wyle, que interpreta Steve no filme Piratas do Vale

do Slício.Ah. e elogios recorrentes a si mesmo e ao p roduto funcionam.

FALE (MUITO) BEM DE SI MESMOCom frequência, a plateia ia ao delírio: aplaudia, ria, chorava, gritava. A

audiência nã o liga para produtos. As pessoas se imp orta m co nsigo m esmas",

dizia. "Ele transform ava a apresentação e m uma e xperiência religiosa", afirma

Carmine Gallo, autor de Faça Como Steve Jobs (Lua de Papel, 2010).

TRANSFORME IDEIASEM SLOGAN S

Um execut ivo tradicio-

nal diria o seguinte sobre

o MacBook Air: "Mede 0,4

centímetros em seu ponto

mais fino". Jobs foi direto:

"É o mais f ino notebook do

mundo". Também repet ia

um slogan de im pacto. Para

o iPod, era "1000 músicas

no seu bolso".

F AÇ A S UR P R ES ASFicou famoso o momen-

to em que Jobs dizia, como

quem não queria nada: "Ah,

e mais uma coisa". E pronto,

lançava uma bomba. Ele es-

perava o momento cer to de

divulgar notícias importantes,

e al ternava o tom de voz e o

ritmo das frases. Suas pausas

dramáticas deixavam a audi-

ência em suspenso.

"N ão sedeixem

aprisionarpor d o g m a s "Trechos do discurso

aos formandos da

Universidade de Stanford,

em junho de 2005

"Às vezes, a vida bate comum tijolo na sua cabeça.Não perca a fé. Você temque descobrir o que vocêama. Isso é verd ade irotanto para o seu trabalhoquanto para com aspessoas que você ama.Seu trabalho vai preencheruma parte grande da suavida, e a única mane ira deficar realmen te satisfeito éfazer o que você acreditaser um ót im o trabalho. E aúnica mane ira de fazer umexcelente trabalho é amar

o qu e você faz. Se vocêainda não encontrou o queé, cont inue procurando."

"O tempo de que vocês[formandos] dispõem élimitado, por isso não odesperdicem vivendo avida de o utra pessoa. Nãose deixem aprisionar pordogm as - isso significaviver sob os comandosdo pensamento alheio.Não perm itam que outrasvozes superem sua vozinterior. E, acima de tudo,tenham a coragem deseguir seu coração e suasintuições. Eles de algum amaneira já sabem o quevocês realmente desejamse tornar. Tudo maisé secundário."

63 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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O fu tu rod a A p p leC o mo um pa i aus en t e , mas de pe rs on a l i dade f o r t e , J obs de i x a

s eu es t i l o pes s oa l marc ado no D N A da c ompanh ia , que a i nda

v a i c o n t i n u a r l i d e r a n d o r e v o l u ç õ e s n o m u n d o d a t e c n o l o g i a

TEXTO A l a n D e u t s c h m a n *

olta e meia, eu m e peg o fazendo a seguinte pergunta: com o ser ia

o nosso m un do se Steve Jobs não t ivesse nasc ido? E se ele t ivesse

se tornado monge budis ta, como chegou a cogitar , e nunca fun-

dasse a Apple nem se interessasse por tecnologia?

Algumas coisas não seriam assim tão diferentes. Se não fosse

copiada por Jobs, a interface gráfica desenvolvida pela Xerox nocentro de pesquisas de Palo Al to acabar ia nas mãos de o utro em-

presário - possivelm ente Bill Gates, e o Wind ows ter ia sido la nçado

um pou co antes do que fo i.

Talvez fosse um proces so ma is lento, mas a revolução qu e dei-

xou os comp utado res acessíveis às pessoas com uns acontecer ia

de tod o je i to. Qua nto aos lançam entos do s úl t imos anos, a inda te-

ríamos outros tocadores de MP3, celulares excepcionais e tablets

no m ercado. Só não ser iam tão bonitos .

Mas esses são argumentos falaciosos. Steve Jobs não cr iou

nada do zero soz inho. Mas ele t inha a capac idade d e pensar a tec-

nologia fora dos p adrõe s dos nerds, e é isso qu e faz dele um herói,

um persona gem qua se mito lógico. E que inf luenc iou não só os

gadgets que car regamos conosco ou os nossos computadores

mas tamb ém nosso je i to de perceber o mundo.

Com o Mac intosh, Jobs não cr iou apenas um computador d i-

ferente, fác il de usar co mo nen hum outro antes . Ele desenvolveu o

prod uto necessár io para concret izar sua v isão de futuro: o emp re-

sár io t inha cer teza de que es tava oferecendo às pessoas algo que

rapidamente se tornar ia fundamental .

Steve fez isso de no vo c om o iPod (e o iTunes), o iPh one e, por

fim, o iPad. Nesse sentido, ele era uma espécie de profeta - com a

eno rme van tagem d e que t inha a capac idade de trans formar suas

visões em realidade.

Não é todo dia que surge uma pessoa como ele. O que es-

perar, então, da Apple sem seu fundador? Será que ela vai voltar

ao l imbo em que caiu enquanto Jobs es teve fora? Bom, por pelo

men os dois anos, quase nada vai mudar . Esse é o tem po de desen-

volv imento dos produtos que ainda foram pensados por Jobs. A

questão, portanto, é o que esperar da empresa a partir de 2013.Alguns analistas influentes dizem que, sem Jobs, a Apple vai

v irar o que a Sony é hoje: uma empresa d e ponta, com muita t ra-

dição, mas sem personalidade. Não acredito nisso. As marcas do

fundador es tão impressas no DNA da companhia.

Desde que voltou a liderar a Apple, Jobs trabalhou para cons-

t ru ir um legado e conseguiu. Formou um t ime que se completa:

T im Cook é um mestre do gerenc iamento do dia a d ia, Jonathan

Ive cuida da s inovaçõe s no d esign, Scott Forstall cria softwares ino-

vadores, Philip Schiller é um mestre do marketing e Eddie Cue lida

bem co m a internet . Somados, e les pod em subst i tu ir o patrão.

Na verdade, já vêm exercendo esse papel há algum tempo.

Muito se diz ia, por exemplo, que Ive e Jobs div id iam um mesmo

cérebro, tamanha a sintonia entre os dois. O futuro da Apple está

no t rabalho conjun to desses prof iss ionais, formado s pelo convív io

diár io com o gênio. Só em um ques i to a empresa es tá def in i t iva-

me nte ale i jada: na apresentação de produtos . T im, o no vo respon-

sável por es te t rabalho, não tem uma fração sequer do car isma d o

ex-patrão. Mas quem tem? De toda forma, agora pouco impor ta.

Tenho cer teza de que a Apple vai cont inuar nos expl icando o q ue

vamos querer e pensar no futuro. Onde quer que es teja agora,

Jobs ainda vai ter mo tivos para sorr ir .

* A la n D e u t s c h m a n é e s p e c i a l i za d o e m l i d e r a n ç a

e m p r e s a r i a l e a u t o r d e The Secod C omin g oi St eve Jobs.

64 SUPER ESPECIAL STEVE JOBS

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Com o Steve Job sm atou os n erd s0 Jobs dos anos 1970 fo i dec is ivo para a inven ção da cu l tura geek.

Três década s depois , de vo l ta à Apple , o co - fun da do r da em presa

acabar ia c om e la de uma vez por todas. E sem dóTEXTO A le x a n d r e V e r s i gn a s s i e T i a g o C o r d e i r o

PUBLICADA ORIGINA LMENTE N A SUPER DE 10/ 2011

È nha 12 anos e um prob lema: quer ia m onta r um f re -

I t r o - apare lho essenc ia l quando você p rec isa cons -

j r óp r io c i r cu i to em casa . O me n ino não t inha todas as

ue prec isava, então dec id iu te lefonar para alguém

bnte t inha: Bi l l Hewlet t , dono e fundador da HP. Era

Apresa da reg ião onde Jobs morava , naque le ano de

1 9 6 7 . " "Jobs pegou a l is ta te lefônica,

enco n t rou um "Wi l liam Hewle t t " al i

e l igou:

— "Alô, é o Bill Hew lett, da HP?"

— "Eu mesm o"

— "Meu n om e é Steven Paul

Jobs e..."

Os do is conversaram por 20

minu tos . Jobs consegu iu tudo o

que prec isava para montar seu

f requenc iôm et ro . E a í não para ria

mais . Em 1976, e le e Steve Woznia-

ck lançaram o p r ime i ro com puta dor pessoal da dup la , ba t izado

de App le I - a máqu ina v inha na fo rma de k i t e não t inha cer tos

luxos, co m o tec lado, te la e caixa. Qu em quisesse que ar ranjasse

o res to por conta própr ia.

Em 1977, S teve Jobs lançar ia seu p r im e i ro co mp uta do r

comple to , com te la (e a té tomada) , o App le I I . No f ina l dos

anos 70 , começo dos 80 , a co isa exp lod iu . As le t r as ve rdes

sobre as te las de fundo p re to es tavam em todo lugar . A cu l -

tu ra nerd fo i pa ra a casa das pessoas , inc lus ive . Aprender a

o p e r a r u m A p p l e I I e r a a l g o q u e e x i g ia a l g u m a d e d i c a ç ã o

( m e n o s d o q u e p a r a c o n s t r u i r u m , m a s e x i g i a ) . M a s t o d o

A p r en d e r a o p e r a r u mA p p l e D e xig ia a l g u m ad e d i ca ç ã o . M a s to d om u n d o a c h a v a n a tu r a l.

mundo achava na tu ra l . Faz ia par te do p rocesso de incor -

pora r aque las máqu inas inc r íve is à p rópr ia r o t ina . E quan to

m a i s c o n h e c i m e n t o t é c n i c o v o c ê t i v e s s e , m a s b e n e f í c i o s e s -

s a s m á q u i n a s t r a z i a m . A q u e l e s e r a m t e m p o s n e r d s . N ã o o s

nossos . A cu l tu ra nerd es tá mor ta .

E o assass ino fo i Steve Jobs. O nerdic íd io co me ço u ainda em

1984, quan do a App le lançou o Mac in tosh , o p r ime i ro comp uta -dor que qualquer c r iança podia usar .

Ainda assim a cultura nerd resistir ia f ir-

me: por duas décadas mem ór ia RAM,

placas de v ídeo e a f requênc ia em

her tz dos microprocessadores con-

t inuaram sendo assun to de mesa de

bar - não de qualquer bar, mas... Bom.

agora isso acabou. Você sabe a me-

mór ia RAM do celu lar que usa pra en-

trar no Twitter? Eu não. E não sei por

um mot ivo s imples : isso deixou de ser

impor tan te . A gen te não tem como

trocar a memór ia do iPhone ou do iPad. Eles são o que são. O

iPhone e o iPad torna ram a nerdice desnecessár ia.

F idel Castro, qua nd o t inha 12 anos, man do u u ma car ta para

o pres iden te dos Estados Unidos, Frank l in Delano Roosevelt,

pedindo uma nota de dólar - pois "nunca t inha v is to

uma". E depois fez o que fez em Cuba. A his tór ia de

Jobs, que com eçou aos 12 anos, co m a quele te le-

fone ma para o fundad or da HP em 1967, é i ro-

nicamente parec ida. Com a grande di fe-

rença de que a revolução in ic iada por

Jobs fo i g lobal. E para sem pre.

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T e c n o lo gia n â o é n a d a\ \ \ 11 \ i \

Steve Jobs ta m bé m era bom na hora de criar f rases de e fe i to

Dinheiro é um a coisae n g ra ça d a . Dã o ta n t aa t e n ç ã o p ra e le , m a s éd as m enos im por tan tesp a r a m im ."

J J f Bill G a tes ser ia u mca r a d e horizontesm ais larg os se t ivessetom ad o ácid o."

!~J U Tecnologia n ãcé n a d a . O q u eim porta é ter fé

Eu n u n ca d igo, 'Vam osser in ova d ores! Vam os fazerum sem inár io! Aqu i es tãoa s cinco reg ras d aino va ção. ' Isso é coisa d eexecu tivos q u e ten tam

d esesp e rad am en te ser coo l.

I#

n as p essoas .

Lem brar qu e esta reim or to e m b re ve éa fe r ram enta m aisim portante qu e jáe ncon t re i p a r a m ea ju d a r a t om a r g ra n d e sd ecisões. Porqu e q u asetud o ca i d ian te d a m orte,

d e ixa n d o a p e n a s o q u eé a p e n a s im por ta n te .Lem bra r qu e vocêva i m or re r é a m elhorm a n e ir a q u e e u c on h e çop a ra e v it ar a a rm a d ilhad e pe n sa r qu e você temalgo a perder. Você já están u . N ã o h á r a z ã o p a r a

n ão segui r seu coração ."

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S T E V E I O B S • 1 9 5 5 • 2 O 1 1

O G Ê N I OT E M P E R A M E N T A L

A V I D A E O SN E G Ó C I O S

O V I S I O N Á R I OE S E U L E G A D O

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