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Sumário Propriedades das enzimas: relação enzima – substrato Condições necessárias na actividade enzimática. Mecanismos de inibição enzimática. Síntese dos principais processos associados à Biotecnologia no diagnóstico e terapêutica de doenças. Lisboa, 30 de Abril de 2009 Produção de alimentos e sustentabilidade ACTIVIDADE ENZIMÁTICA Professora estagiária Margarida Flores Martins

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Sumário

• Propriedades das enzimas: relação enzima – substrato•Condições necessárias na actividade enzimática.• Mecanismos de inibição enzimática.• Síntese dos principais processos associados à Biotecnologia no diagnóstico e terapêutica de doenças.

Lisboa, 30 de Abril de 2009

Produção de alimentos e sustentabilidade

ACTIVIDADE ENZIMÁTICA

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ENZIMAMetabolismo celular

A vida dos microrganismos, como aliás, a de todos os sistemas biológicos, depende de um conjunto de reacções que, de forma ordenada, ocorrem em cada instante e constituem o metabolismo celular.

Catabolismo

Há degradação de compostos orgânicos complexos em compostos orgânicos mais simples, com libertação de ATP. São reacções exoenergéticas.

Ex: digestão, renovação celular

Anabolismo

Há formação de substâncias mais complexas a partir de substâncias mais simples. Há consumo de ATP, que se libertou pelo catabolismo e que não foi usado. São reacções endoenergéticas.

Ex: crescimento, síntese de proteínas

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História

ENZIMA

Catálise biológica início séc. XIXdigestão da carne: estômago;digestão do amido: saliva.

Década de 50Louis Pasteur - concluiu que a fermentação do açúcar em álcool pela levedura era

catalisada por “fermentos” = enzimas.

Eduard Buchner (1897)extratos de levedo podiam fermentar o açúcar até álcool;enzimas funcionavam mesmo quando removidas da célula viva.

James Sumner (1926)Isolou e cristalizou a urease;Cristais eram de proteínas;Postulou que “todas as enzimas são proteínas”.

John Northrop (década 30)Cristalizou a pepsina e a tripsina bovinas;

Década de 50 – séc. XX75 enzimas isoladas e cristalizadas;Ficou evidenciado caráter protéico.

Atualmente + 2000 enzimas são conhecidas

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Substâncias que aumentam a velocidade de uma reacção sem serem consumidas

mecanismo: diminuição da barreira de energia de activação

A adição de um catalisador não altera a posição de equilíbriomas apenas a velocidade em que o equilíbrio é atingido.

Características

ENZIMA/BIOCATALIZADOR

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Estrutura

ENZIMA

RNA

Estrutura Enzimática

Ribozimas

Se covalente

Apoenzima ouApoproteína

Holoenzima

CofatorProteína

Pode ser:• íon inorgânico• molécula orgânica

Coenzima

Grupo Prostético

Cofator

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ENZIMAEnergia de activação

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Vias metabólicas

ENZIMA

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Acção

ENZIMAAs enzimas...

Aceleram reações químicas

Ex: Decomposição do H2O2

1

2,77 x 104

6,51 x 108

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H2O2 H2O O2+

Catalase

E E + SS EE + PP

Acção

ENZIMA

Não são consumidas na reacção…..A catalase é um enzima;

• O enzima catalase decompõe o peróxido de hidrogénio em água e oxigénio molecular;

• A polpa de batata contém catalase;

• A imersão de polpa de batata em peróxido de hidrogénio resulta na libertação de bolhas gasosas.

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Acção

ENZIMA

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• Atuam em pequenas concentrações•

1 molécula de Catalase

decompõe5 000 000 de moléculas de H2O2

pH = 6,8 em 1 min

Número de renovação = n° de moléculas de substrato convertidas em produto por uma única molécula de enzima em uma dada unidade de tempo.

Acção

ENZIMA

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Diferença entrea energia livre

de S e P

Caminho da Reação

Energia de ativação com enzima

En

erg

ia

Energia de ativação sem enzima

SSPP

Não alteram o estado de equilíbrio

•Baixam a energia de ativação;•Keq não é afetado pela enzima.

Não apresenta efeito termodinâmico global

G não é afetada pela enzima.

Acção

ENZIMA

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Apresentam alto grau de especificidade;

Características

ENZIMA

São produtos naturais biológicos;

Reações baratas e seguras;

São altamente eficientes, acelerando a velocidade das reações (108 a 1011 + rápida);

São econômicas, reduzindo a energia de ativação;

Não são tóxicas;

Condições favoráveis de pH, temperatura, polaridade do solvente e força iônica.

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Centro activo

ENZIMA

A reacção ocorre no centro activo:

– contém os resíduos de aminoácidos directamente envolvidos na reacção;

– ocupa uma parte relativamente pequena do volume total da enzima;

– trata-se de uma entidade tridimensional;

– corresponde, geralmente, a uma cavidade na molécula de enzima, com um ambiente químico muito próprio.

– o substrato entra no sítio activo e liga-se à enzima através de interacções fracas, não covalentes

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Especificidade

ENZIMA

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Especificidade

ENZIMA

A especificidade das enzimas varia muito de uma enzima para outra, sendo muito baixa para algumas enzimas e muito alta para outras. Especificidade relativa: Quando esta relação existe apenas em relação a tipos de ligação, como certas peptidases, fosfatases, podendo-se citar a lipase que hidrolisa as ligações ácido-alcóol de quase todos os ésteres orgânicos.

Especificidade absoluta: Tipo de especificidade exclusiva, isto é, quando uma enzima actua somente sobre um determinado composto, como a urease que hidrolisa a ureia, mas nenhum dos seus derivados, ou a tripsina que hidrolisa apenas ligações peptídicas formadas por grupos carboxílicos dos aminoácidos básicos.

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• Modelo de Fischer ou Modelo Chave/Fechadura: prevê um encaixe perfeito do substrato no sítio de ligação, que seria rígido como uma fechadura.

Modelos

ENZIMA

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Modelo de Koshland ou Modelo do encaixe induzido: existe um sítio de ligação não totalmente préformado, mas sim moldável à molécula do substrato – a enzima ajusta-se à molécula do substrato na sua presença, sendo complementar ao seu estado de transição

Modelos

ENZIMA

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• Evidências experimentais sugerem um terceiro modelo que combina o ajuste induzido a uma "torção" da molécula do substrato, que o "activaria" e o prepararia para a sua transformação em produto.

Modelos

ENZIMA

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Componente não proteíco

ENZIMA

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Inibição competitiva

ENZIMA

O inibidor liga-se ao centro activo, competindo com o substrato, e

diminuindo a actividade da enzima.

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Inibição não competitiva

ENZIMA

O inibidor liga-se numa região distinta do centro activo,

afectando-o, e diminuindo a actividade da enzima.

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Inibição alostérica

ENZIMA

A ligação do indutor provoca modificações

no centro activo, permitindo a actuação

enzimática.

• Algumas enzimas além dos centros activos, possuem centros alostéricos (centros reguladores), onde se ligam inibidores que não têm estrutura semelhante ao substrato.

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• Século XIX - poucas enzimas identificadas

• Adição do sufixo “ASE”“ASE” ao nome do substrato:

Ex:

- gorduras (lipo - grego) – LIPASE

- amido (amylon - grego) – AMILASE

• Nomes arbitrários:

- Tripsina e pepsina – proteases

Classificação

ENZIMA

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Classificação

ENZIMA

• 1955 - Comissão de Enzimas (EC) da União Internacional de Bioquímica (IUB) nomear e classificar.

• Cada enzima código com 4 dígitos que caracteriza o tipo de reação catalisada:

•1° dígito - classe

•2° dígito - subclasse

•3° dígito - sub-subclasse

•4° dígito - indica o substrato

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Factores que influenciam actividade enzimática

ENZIMA

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pH

O efeito do pH sobre a enzima deve-se às variações no estado de ionização dos componentes do sistema à medida que o pH varia.

Enzimas grupos ionizáveis, existem em ≠ estados de ionização.

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A temperatura ótima para que a enzima atinja sua atividade máxima, é a temperatura máxima na qual a enzima possui uma atividade cte.

por um período de tempo.

TEMPERATURA

temperatura dois efeitos ocorrem:(a) a taxa de reação aumenta, como se observa na maioria das reações químicas;(b) a estabilidade da proteína decresce devido a desativação térmica.O efeito da temperatura depende:

- pH e a força iônica do meio;- a presença ou ausência de ligantes.

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CONCENTRAÇÃO DAS ENZIMAS

•Velocidade de transformação do S em P qtidade de E.

• Desvios da linearidade ocorrem:• Presença de inibidores na solução de enzima;• Presença de substâncias tóxicas;• Presença de um ativador que dissocia a enzima;• Limitações impostas pelo método de análise.

•Recomenda-se:• Enzimas com alto grau de pureza;• Substratos puros;• Métodos de análise confiável.

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CONCENTRAÇÃO DOS SUBSTRATOS

• [S] varia durante o curso da reação à medida que S é convertido em P.• Medir Vo = velocidade inicial da reação.

•[E] = cte.•[S] pequenas Vo linearmente.•[S] maiores Vo por incrementos cada vez

menores.•Vmax [S] Vo insignificantes.•Vmax é atingida E estiverem na forma ES e a [E]

livre é insignificante, então, E saturada com o S e V não com de [S].

vo

Vmax

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INIBIDORES

REVERSÍVEIS IRREVERSÍVEIS

COMPETITIVOS NÃO COMPETITIVOS INCOMPETITIVOS

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Cinética enzimática

ENZIMA

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• Victor Henri (1903): E + S ES

K1

K-1ES

Kp

Etapa rápida Etapa lenta

E + S E + P

• Em 1913: Leonor Michaelis -EnzimologistaMaud Menten - Pediatra

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Enzimas Vs Catalisadores químicos

ENZIMA

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CaracterísticaCaracterística EnzimasEnzimas Catalisadores Catalisadores QuímicosQuímicos

Especificidade ao substrato alta baixa

Natureza da estrutura complexa simples

Sensibilidade à T e pH alta baixa

Condições de reação (T, P e pH) suaves drástica (geralmente)

Custo de obtenção (isolamento e purificação) alto moderado

Natureza do processo batelada contínuo

Consumo de energia baixo alto

Formação de subprodutos baixa alta

Separação catalisador/ produtos difícil/cara simples

Atividade Catalítica (temperatura ambiente) alta baixa

Presença de cofatores sim não

Estabilidade do preparado baixa alta

Energia de Ativação baixa alta

Velocidade de reação alta baixa

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TIPOS DE APLIÇÕES INDUSTRIAIS• Alimentos

• Rações animais

• Papel e celulose

• Couro

• Têxtil

Aplicações

ENZIMA

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ALIMENTOS

• Indústria de azeite de oliva:

- Aplicação de polygalacturonase e pectinesterase na melhoria de aspectos organolépticos e estabilidade a longo prazo.

• Panificação:

- Melhoria de cor, sabor e estrutural através de preparado enzimático que contém alfa-amilase fúngicas. Atua sobre a farinha de trigo, acelerando o processo de fermentação devido a uma maior formação de açúcares para o fermento.