Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética...

6
Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética a Nicômaco”, I, 6. Profº Dr. Miguel Spinelli. Por: Juliano Gustavo Ozga. Filosofia UFSM-UFOP. 1- Leia atentamente e reconstrua a argumentação formulada por Sócrates em diálogo com Mênon de 87 d até 89 e. a) Condição proposta: “se a virtude é Ciência”; b) Possibilidade: “sendo a virtude um bem, deve ser ciência, uma vez que a ciência é a única coisa que é sempre um bem”; c) Hipótese: de que a virtude é um bem; d) Aporia do bem e da virtude; e) Compreensão e Incompreensão (Virtude); f) Proveitosa: Compreensão (Consciente); Ex.: Prudência; g) Nociva: Incompreensão (Inconsciente); E.: Coragem; - Questão da conduta racional (consciente); - Questão da conduta irracional (inconsciente); h) Proveitosa: compreensão-virtude (Ex.: saúde, força, beleza, riqueza); i) Reconhecer o bom por natureza (o que não é); j) Hipótese: “se realmente virtude é ciência”, ela é coisa que se ensina? k) Desejo/Vontade: empenho/capacidade de agir racionalmente/conscientemente;

Transcript of Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética...

Page 1: Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética a Nicômaco”, I, 6.

Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética a Nicômaco”, I, 6.

Profº Dr. Miguel Spinelli.

Por: Juliano Gustavo Ozga.

Filosofia UFSM-UFOP.

1- Leia atentamente e reconstrua a argumentação formulada por Sócrates em diálogo com Mênon de 87 d até 89 e.

a) Condição proposta: “se a virtude é Ciência”;

b) Possibilidade: “sendo a virtude um bem, deve ser ciência, uma vez que a ciência é a única coisa que é sempre um bem”;

c) Hipótese: de que a virtude é um bem;

d) Aporia do bem e da virtude;

e) Compreensão e Incompreensão (Virtude);

f) Proveitosa: Compreensão (Consciente); Ex.: Prudência;

g) Nociva: Incompreensão (Inconsciente); E.: Coragem;

- Questão da conduta racional (consciente);

- Questão da conduta irracional (inconsciente);

h) Proveitosa: compreensão-virtude (Ex.: saúde, força, beleza, riqueza);

i) Reconhecer o bom por natureza (o que não é);

j) Hipótese: “se realmente virtude é ciência”, ela é coisa que se ensina?

k) Desejo/Vontade: empenho/capacidade de agir racionalmente/conscientemente;

l) Moral: aspecto coletivo (para com o público/social);

m) Ético: aspecto individual (para com o indivíduo/privado);

n) “Toda a ciência, sendo coisa que se ensina, tem mestres e alunos”;

Primeiramente é exposta a questão de que “se a virtude é ciência”, consequentemente ela é um bem. Porém, há o fato de que “talvez a virtude seja uma coisa que não ciência”, e assim é levantada outra hipótese referente ao fato de que “ não há nenhum bem que a ciência não englobe, estaríamos corretos em suspeitar que ela é uma ciência”.

Page 2: Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética a Nicômaco”, I, 6.

Posteriormente é exposta a questão de que se a virtude é um bem, ela é ciência, e se é um bem, também é proveitosa, e se é proveitosa é por algum fato racional e benéfico.

O que se segue é a explicação de que se a virtude é proveitosa, é pelo fato de ser amparada ela “medida justa” e pela compreensão racional, e do contrário, a virtude pode ser nociva quando não amparada pela razão, tornando-se assim nociva quando causa dano.

Aqui se expressa o fato de ser considerada uma virtude o fato de ser racional e compreendido conscientemente, causando assim proveito. O contrário, sendo irracional e incompreendido conscientemente causa dano e é nocivo.

Assim, através da compreensão passa-se da virtude ao que é proveitoso (ex. saúde, beleza e riqueza).

O segundo argumento é expresso pela refutação de que “se os bons fossem bons por natureza, a cidade teria cuidado com eles”, onde o contrário, sendo exposto o fato de que se os bons não são bons por natureza, será possível serem bons através do aprendizado? Aqui é levantada a hipótese de ser a virtude ciência e ser coisa que se ensina.

Assim o terceiro argumento tenta refutar o fato de ser a virtude uma ciência devido ao caso de que “toda a ciência, sendo coisa que se ensina, tem mestres e alunos”, e ao contrário, “aquilo de que não aja nem mestres nem discípulos, não faríamos bem em conjeturar que não é coisa que se ensina?” e consequentemente acaba com a questão interrogativa de que “te parece não haver mestres da virtude?”.

2- Estabeleça, a partir de 97 d: 2.1) a diferença entre opinião correta e ciência;

2.2) se o homem é virtuoso por ciência ou por opinião correta.

a) Diferença entre opinião correta e ciência (orthé dóxa; épistémes);

b) Opinião correta: acreditar com a verdade embora não compreendendo;

c) Opinião verdadeira: é adquirida através da descoberta do que é o próprio homem, e isso não é ensinado por outrem, por isso a virtude é opinião verdadeira e não é ensinada por outrem, como o caso da ciência.

d) Ciência: opiniões verdadeiras postas “frequentemente e de diversas maneiras, bem sabes que ele acabará por ter ciência”;

e) Através da opinião correta é não pela ciência, que dirigimos as ações corretas.

f) Reminiscência: encadeamento por um cálculo de causa;

g) Torna-se ciência e posteriormente estáveis: “É pelo encadeamento (reminiscência do cálculo de causa) que a ciência difere da opinião correta;

Page 3: Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética a Nicômaco”, I, 6.

h) Conjeturar: ciência;

i) Sem conjeturar: opinião correta;

j) Paridade entre opinião correta e ciência referente ao fato de que “quando a opinião correta guia, ela realiza o trabalho de cada ação de maneira nada inferior à ciência”.

R. 2.1) A questão da diferença entre opinião correta (sem conjetura e acreditada como verdade embora não compreendida) e ciência, ou seja, “opiniões verdadeiras postas frequentemente e de diversas maneiras, bem sabes que ele acabará por ter ciência”, e através da reminiscência, essa mesma sendo o encadeamento dos fatos por um cálculo de causa, é exposta de forma que a ciência seja superior por tornar-se estável posteriormente (Opiniões Verdadeiras – Conjetura – Ciência).

No entanto o final do argumento expõe a paridade entre opinião correta e ciência e referente ao fato de que com o auxílio da opinião verdadeira, nossas ações não são inferiores às amparadas pela ciência, e consequentemente “a opinião correta não será nada inferior à ciência nem menos proveitosa em vista de nossas ações, e tampouco um homem que tem opinião correta, inferior ao que tem ciência ou menos proveitoso que ele”.

R. 2.2) O homem pode ser virtuoso por opinião correta e auxiliado com a opinião verdadeira, não é menos proveitoso que o homem detentor de ações amparadas pela ciência.

A exposição do trecho “somente a compreensão dirige o agir corretamente, ao passo que, vejo agora, também a opinião verdadeira era assim” expressa a questão de ser a opinião correta que guia as ações do homem, e sendo assim, essas ações são proveitosas e dotadas de virtude. Posteriormente é exposto que a virtude do homem também não advém da natureza.

3- Reconstrua a argumentação de Aristóteles relativo ao exame do bem universal – Ética a Nicômaco, I, 6.

a) Exame do bem universal;

b) Formas do bem universal;

c) Utilidade: categoria de relação;

d) Bem: forma de qualidade/modelos de virtudes: agir racionalmente 9questão formal/modal);

e) Forma do bem: “o bem, portanto, não é uma generalidade correspondente a uma forma única”;

f) Forma do bem: atingível e praticável;

Page 4: Sobre “Se a Virtude é Ciência” no Mênon de Platão e sobre o “Bem Universal” na “Ética a Nicômaco”, I, 6.

g) Método científico: “embora visem a algum bem e procurem suprir-lhe as deficiências, deixam de lado o conhecimento da forma do bem”.

h) Bem em si.

R.: No início é exposto o bem universal perante a indagação de que o mesmo carece de uma forma única. O bem em si como o ser possuem categorias referentes à sua substância; qualidade e relação (há mais categorias: de tempo, de lugar), onde Deus e a Razão se referem à primeira; a moderação à categoria de quantidade; a de utilidade à categoria de relação.

Posto assim, o bem pode ser entendido como forma de qualidades/modelo de virtude referente ao agir racionalmente. Posteriormente é expresso que o “bem, portanto, não é uma generalidade correspondente a uma forma única”.

A forma do bem pode ser relacionada com o fato de ser atingível e praticável, e isso será contrastado com o método científico que “embora visem a algum bem e procurem suprir-lhe as deficiências, deixam de lado o conhecimento da forma do bem”.

Assim o “bem único” (predicado universal) é diferenciado do “bem em si”, e posteriormente através da maneira, forma e método podemos ter acesso apenas à representação/expressão formal do bem.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

1- Platão , Mênon. Texto em grego: estabelecido por John Burnet. Tradução para o português: Maura Iglésias. Editora: PUC-Rio/ Edições Loyola. Coleção: Bibliotheca Antiqua nº 01.

2- ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Brasília: UnB, 1999.