Sistema de Controle Gerencial, Um Novo Modelo de...

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO Sistema de Controle Gerencial, Um Novo Modelo de Avaliação. Wania Maria Dias Pinto ORIENTADOR: PROF. DR. Raimundo Nonato Sousa Silva Rio de Janeiro, 10 de Fevereiro de 2010.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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Sistema de Controle Gerencial, Um Novo Modelo de Avaliação.

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ORIENTADOR: PROF. DR. Raimundo Nonato Sousa Silva

Rio de Janeiro, 10 de Fevereiro de 2010.

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“SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL, UM NOVO MODELO DE AVALIAÇÃO”

WANIA MARIA DIAS PINTO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Controle Gerencial

ORIENTADOR: RAIMUNDO NONATO SOUZA SILVA

Rio de Janeiro, 10 de Fevereiro de 2010.

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“SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL, UM NOVO MODELO DE AVALIAÇÃO”

WANIA MARIA DIAS PINTO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Controle Gerencial

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor RAIMUNDO NONATO SOUSA SILVA (Orientador) Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________

Professor FLAVIA CAVAZOTTE Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________

Professor MOACIR SANCOVSCHI Instituição: UFRJ

Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2010.

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FICHA CATALOGRÁFICA Prezado aluno (a), Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail [email protected], colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO. Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas). 1) Wania Maria Dias Pinto; 2) Sistema de Controle Gerencial, um Novo Modelo de Avaliação; 3) 2011; 4) Controle Gerencial: 5) Assunto principal (contextualizado); 6) Assuntos secundários; 7) Palavras-chave, e 8) Resumo (se possível) 9) Curso (Mestrado profissionalizante em ...) Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos tesouros da minha vida, que me apoiam, de forma incansável, com seu amor e compreensão. Ao meu marido, Marcelo e à minha pequena filha, Clara.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me dar força e saúde para atingir meus objetivos. Agradeço a

minha família pela compreensão e pelo apoio em todos os momentos desse trabalho.

Ao Prof. Raimundo Nonato Silva Sousa, pela confiança depositada, pelo suporte na

orientação desse projeto e, sobretudo, por dividir comigo o entusiasmo pela pesquisa.

Aos professores, Flávia Cavazotte e Moacir Sancovschi, por terem aceitado participar da

banca de avaliação com críticas e contribuições valiosas.

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RESUMO

O presente estudo propõe um modelo para avaliar em que medida o emprego equilibrado

entre diferentes formas de uso do Sistema de Controle Gerencial (SCG) impacta na satisfação

do usuário, tendo como base o estudo de Conformidade Contingencial (CC) empregado por

Jermias e Gani (2004) e o conceito de Tensão Dinâmica (TD) proposto por Simons (1995) e

por Henri (2006). O modelo foi testado através de questionários aplicados em 76 empresas de

diversos países com usuários do SCG que ocupavam posições de controllers, diretores

financeiros, diretores de marketing, executivos de qualidade, executivos de novos negócios, e

gestores em posições estratégicas de liderança. O resultado da pesquisa demonstrou a

importância da Conformidade Contingencial na satisfação do usuário de um SCG indicando a

necessidade do alinhamento entre SCG e estratégia para a efetividade dos controles

gerenciais. É importante destacar que no estudo foi alterada a forma de operacionalização da

variável Conformidade Contingencial (CC) passando essa a incorporar o efeito de

complementaridade entre tipos e sistemas diferentes de controle. Tal fato demonstrou que a

existência de ferramentas de controle complementares, não relacionados diretamente à

estratégia, não compromete a satisfação do usuário do SCG desde que existam mecanismos

adequados de implementação da estratégia. Do mesmo modo, foi incorporado ao modelo o

conceito da Tensão Dinâmica (TD) com vista a não limitar a análise da adequação de um

SCG apenas à conformidade entre a sua estrutura e a estratégia. O emprego da TD tem como

objetivo permitir ao SCG que atue na implementação da estratégia, através do uso diagnóstico

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dos controles e ao mesmo tempo na sua renovação, através do uso interativo. Finalmente, os

resultados da pesquisa demonstram que as variáveis, Conformidade Contingencial (CC) e

Tensão Dinâmica (TD), atuando conjuntamente representam variáveis válidas para mensurar a

satisfação do usuário de um SCG e, por esse motivo, são fatores importantes para a avaliação

da adequação de um Sistema de Controle Gerencial.

Palavras Chave: Sistema de Controle Gerencial (SCG), Satisfação do usuário do SCG,

Alinhamento entre SCG e Estratégia, Conformidade Contingencial, Tensão Dinâmica, Uso

interativo do SCG.

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ABSTRACT

The present paper proposes a model to asses to what measure the balanced employment of

different ways of using a management control system (MCS) affects user satisfaction, based

on the idea of contingent fit (CF) as employed by Jermias and Gani (2004) and the concept of

dynamic tension proposed by Simons (1995) and by Henri (2006). The model was tested by

applying a questionnaire to MCS users in 76 companies in various countries. The respondents

were composed of controllers, chief financial officers, marketing directors, quality control

executives, new business development executives and managers in strategic leadership

positions. The results of the survey demonstrated the importance of contingent fit on the

satisfaction of these MCS users, indicating the need for alignment between MCS and strategy

to achieve effective management control. It is important to note that we altered the

operationalization of the contingent fit variable so that it incorporated the effect of

complementarity among different control types and systems. This fact demonstrated that the

existence of complementary control tools, not related directly to strategy, does not

compromise the satisfaction of users of these systems, as long as there are adequate

mechanisms to implement strategy. Likewise, we incorporated the concept of dynamic tension

(DT) in the model, so as not to limit the analysis of the MCS adequacy only to the conformity

between its structure and strategy. The employment of DT aims to permit the MCS to be used

to implement strategy, by utilizing diagnostics controls and at the same time renewing them

through interactive use. Finally, the survey results demonstrated that the variables contingent

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fit (CF) and dynamic tension (DT), acting together, enable measuring the satisfaction of users

of a MCS and are thus important factors to evaluate the adequacy of these systems.

Key Words: Management Control System (MCS), MCS user satisfaction, Alignment between

MCS and Strategy, Contingent Fit, Dynamic Tension, Interactive Use of MCS.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Conformidade Contingencial segundo Jermias e Gani (2004) ..............................15

Figura 2 – Modelo Proposto ....................................................................................................31

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Análise Fatorial do construto Satisfação (SPSS)....................................................29

Tabela 2 – Análise Fatorial do construto Satisfação Ajustado (SPSS) ....................................30

Tabela 3 – Coeficientes de Cronbach das Escalas dos Questionários .....................................39

Tabela 4 – Resultados da Regressão: Teste da 1º Hipótese .....................................................40

Tabela 5 – Resultados da Regressão: Teste da 1º Hipótese com a variável CC ajustada ........40

Tabela 6 – Resultados da Regressão: Teste da 2º Hipótese ....................................................41

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LISTA DE ABREVIATURAS SCG Sistema de Controle Gerencial

CC Conformidade Contingencial

TD Tensão Dinâmica

VBR Visão Baseada em Recursos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1

2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ....................................................3

3 OBJETIVO DA PESQUISA .....................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

4 RELEVÂNICA DA PESQUISA ................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

5 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................7

5.1 TEORIA DA CONTINGÊNCIA ......................................................................................................... 10 5.1.1 Jermias e Gani (2004) ........................................................................................................................ 14

5.2 TENSÃO DINAMICA.......................................................................................................................... 165.2.1 Henri (2006) ....................................................................................................................................... 18

6 MODELO DE ADEQUAÇÃO DE UM SCG........................................................19

6.1 PRIMEIRO AJUSTE Mudança na Operacionalização de Conformidade Contingencial.............. 20

6.2 SEGUNDO AJUSTE Emprego da Variável Satisfação ..................................................................... 21

6.1 TERCEIRO AJUSTE Emprego da Variável Tensão Dinâmica ....................................................... 22

7 METODOLOGIA ................................................................................................23

7.1 MÉTODO DA PESQUISA................................................................................................................... 23 7.1.1 Abordagem Quantitativa ................................................................................................................... 23 7.1.2 Abordagem Qualitativa ...................................................................................................................... 25

7.2 COLETA DE DADOS E AMOSTRA ................................................................................................. 25

7.3 MENSURAÇÃO DOS CONSTRUTOS .............................................................................................. 26 7.3.1 Uso Interativo e Uso Diagnóstico ...................................................................................................... 26 7.3.2 Tensão Dinâmica................................................................................................................................ 27 7.3.3 Conformidade Contingencial.............................................................................................................. 27 7.3.4 Satisfação ........................................................................................................................................... 29

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7.4 HIPÓTESES.......................................................................................................................................... 30 7.4.1 Hipótese 1 .......................................................................................................................................... 30 7.4.2 Hipótese 2 .......................................................................................................................................... 31

8 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS .........................................................32

8.1 RESULTADOS QUALITATIVOS...................................................................................................... 32

8.2 RESULTADOS QUANTITATIVOS................................................................................................... 38 8.2.1 Confiabilidade das Escalas ................................................................................................................ 38 8.2.2 Teste das Hipóteses ........................................................................................................................... 39

8.2.2.1 Hipótese 1 .................................................................................................................................. 39 8.2.2.2 Hipótese 2 .................................................................................................................................. 41

9 CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES ................................................................41

10 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA PESQUISA FUTURA ...45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................47

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ............................................................................53

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1 INTRODUÇÃO

Controle gerencial é um dos elementos do processo de estratégia. (GOVINDARAFAN, 1988;

MINTZBERG et al, 2006). Ele pode ser entendido como um instrumento que permite ao

gestor influenciar o comportamento de outros membros organizacionais na direção da

estratégia adotada (BERRY, BROADBENT; OTLEY, 2005; ANTHONY;

GOVINDARAJAN, 2002). Assim sendo, compreende-se a importância que se atribui à

questão da conformidade entre estrutura de controle e estratégia. Nesse sentido, vale refletir

de que forma podemos avaliar a adequação de um Sistema de Controle Gerencial.

O presente trabalho propõe um novo modelo para a avaliação da adequação de um Sistema de

Controle Gerencial – SCG, com base, especificamente, em dois estudos que abordaram o

tema a partir de diferentes perspectivas, o trabalho de Henri, J F (2006) e Jermias e Gani

(2004). A escolha desses estudos foi determinada pelo levantamento da Literatura em

Controle Gerencial, mais precisamente, pelas lacunas encontradas nessa investigação. Grande

parte das pesquisas contingenciais em Contabilidade Gerencial buscam determinar quais

estruturas e tipos de controle são adequados à cada disposição estratégica e, em seguida,

procuram mensurar o impacto dessa adequação no desempenho organizacional.

(GOVINDARAJAN e GUPTA, 1985; GOVINDARAJAN e FISHER, 1990; ABERNETHY e

LILLIS, 2001; BRUINING et al, 2004; JERMIAS E GANI, 2004; CHENHALL e

LANGFIELD-SMITH, 1998). O estudo de Jermias e Gani (2004) faz parte dessa linha de

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pesquisa que considera o SCG como uma ferramenta mecanicista de implementação da

estratégia. Nesse contexto, a conformidade contingencial do SCG com a estratégia limita-se a

analisar o seu desenho como único atributo de adequação. No entanto, uma linha mais

recente de pesquisa introduz um papel mais ativo do SCG, passando a considera-lo também

como um recurso de formulação estratégica e passando a empregar a dimensão uso como uma

nova medida de análise do SCG. (TANI, 1995; ABERNETHY, M. A. e BROWNELL, P,

1999; MARGINSON, D. E. W, 2002; BISBE, J e OTLEY, D, 2004; FERREIRA, A e

OTLEY, D, 2006; KOBER, R, NG, J e PAUL, B. J, 2007). Essa nova linha de pesquisa, no

entanto, não chega a reformular o conceito de conformidade contingencial de um SCG tendo

em conta esse papel mais dinâmico que os controles podem desempenhar dentro das

organizações. O trabalho de Henri (2006) é um desses trabalhos que passam a empregar a

dimensão Uso, indo além da análise estática dos Sistemas de Controle. O emprego da

Dimensão Uso de um SCG caracteriza-se basicamente por duas formas de utilização dos

controles: Interativa e Diagnóstica. Henri (2006) apresenta essas duas modalidades de uso de

forma não excludente, admitindo a possibilidade de haver o uso concomitantemente

diagnóstico e interativo. O equilíbrio entre as formas de uso de um SCG, denominado

originalmente por Simons (1995) como Tensão Dinâmica, reflete essencialmente a capacidade

de uma empresa em tentar estimular a inovação enquanto procura simultaneamente garantir o

cumprimento das metas estabelecidas. O trabalho de Henri (2006) produz uma alternativa de

melhoria ao modelo clássico de conformidade contingencial empregado por Jermias e Gani

(2004). O que se sugere nesse estudo é empregar conjuntamente, a conformidade

contingencial de Jermias e Gani (2004), que utiliza a dimensão desenho do SCG, e o conceito

de Tensão Dinâmica de Henri (2006), que emprega a dimensão uso, como uma nova forma de

avaliar a adequação de um SCG.

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2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA PESQUISADO

Em função da importância que o SCG possui para o processo de estratégia das empresas, vale

perguntar qual é a melhor maneira de avaliar sua eficácia tendo em vista os propósitos dos

gestores e da própria organização. Busca-se investigar se a capacidade que um SCG tem em

implementar a estratégia pretendida é suficiente para atingir a satisfação dos usuários e se,

nesse sentido, basta considerar sua conformidade com a estratégia. Considerando que as

empresas hoje atuam em um ambiente socioeconômico em constante mudança, cabe discutir

se, na percepção dos usuários, os controles devem restringir-se à implementação da estratégia

ainda que essa seja inadequada ao ambiente de negócio ou se devem proporcionar

mecanismos que ajudem também a avaliar a pertinência da própria estratégia ao contexto

ambiental e, dessa forma, permitir a adaptação da estratégia às mudanças internas e externas

da organização.

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3 OBJETIVO DA PESQUISA

O objetivo da pesquisa é a comprovação empírica da validade de um novo modelo de

avaliação de um Sistema de Controle Gerencial, que incorpora a noção de conformidade entre

estrutura do SCG e Estratégia (denominado por “fit contingencial” pela Linha de Pesquisa

Contingencial em Contabilidade) e o conceito de uso equilibrado do SCG de forma

diagnóstica e, ao mesmo tempo, interativa (denominado por “Tensão Dinâmica” pela Linha

de Pesquisa em Contabilidade que utiliza o modelo “Levers of Control” de Simons, (1995).

Propõe-se avaliar a adequação de um Sistema de Controle Gerencial a partir do impacto que

ambas as variáveis, Conformidade Contingencial e Tensão Dinâmica, causam na satisfação do

usuário de um SCG. A variável “Conformidade Contingencial” empregada pelo estudo é

desenvolvida a partir de modificações na operacionalização feita por Jermias e Gani (2004) a

fim de refletir o efeito de complementaridade entre os diferentes tipos de uso do SCG. A

variável “Tensão Dinâmica, foi operacionalizada tal qual o estudo realizado por Henri (2006).

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4 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

A maior parte dos estudos que analisam o sucesso de um sistema de controle gerencial por

meio da contribuição que ele oferece para o desempenho organizacional enfatiza apenas sua

dimensão técnica ou desenho, que inclui as características da informação e as técnicas

empregadas (CHENHALL, 2003). São poucos os estudos que têm examinado o sistema de

controle gerencial além de uma dimensão técnica, incluindo a dimensão uso (SIMONS, 1990)

mesmo sabendo-se que o sucesso de um SCG depende não apenas de sua performance técnica

mas também do uso que se faz da informação. (OTLEY, 1978). A pequena quantidade de

pesquisas empíricas, que utilizam a dimensão Uso para avaliação de um SCG, justifica o

interesse desse estudo pela investigação do modelo de Simons (1995) e do impacto que esse

novo conceito produz na satisfação do usuário de um Sistema de Controle Gerencial

Segundo Henri (2006) um entendimento mais amplo do relacionamento entre Sistema de

Controle Gerencial e Estratégia depende de uma análise empírica e teórica que considere não

apenas o papel tradicional do SCG, como ferramenta de implementação da estratégia, mas

também um papel mais ativo e interativo, como um mecanismo de estímulo de novas

estratégias. Em busca desse entendimento mais amplo, o presente estudo aborda o papel

tradicional do Sistema de Controle Gerencial, associado ao uso diagnóstico mas também um

papel mais ativo, associado ao uso interativo do SCG.

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Diversos autores destacam que as pesquisas que abordam a relação da estratégia e Sistema de

Controle Gerencial permanecem contraditórias. (Abernethy & Brownell, 1999; Chapman,

1997; Chendall, 2003; Ittner et al., 2003; Langfield-Smith, 1997). Um dos motivos para a não

conformidade de resultados pode ser a limitada atenção dada ao fenômeno da Tensão

Dinâmica que resulta do uso concomitantemente diagnóstico e interativo do Sistema de

Controle Gerencial. (Henri, 2006). Uma das contribuições da pesquisa é a incorportação

desse conceito ao modelo de avaliação de adequação de um Sistema de Controle Gerencial a

partir da satisfação do usuário.

O modelo proposto, de avaliação da adequação de um SCG, contribui para a evolução da

pesquisa em Contabilidade Gerencial porque não limita a análise da qualidade do sistema à

conformidade entre a estrutura do SCG e a Estratégia como ocorre com grande parte da

Literatura atual. Embora já se reconheça a importância do SCG como um instrumento de

formulação estratégica poucos estudos sugerem uma forma de avaliar a capacidade que um

Sistema de Controle tem em desempenhar, quando necessário, esse papel incentivador da

renovação estratégica. A introdução do conceito de Tensão Dinâmica no modelo de avaliação

de um Sistema de Controle Gerencial cumpre o papel de incorporar ao critério de adequação,

a capacidade do SCG em desempenhar esse papel mais ativo na medida em que permite

avaliar a capacidade que o SCG tem em permitir, simultaneamente, a implementação da

estratégia, através do uso diagnóstico dos controles e a sua renovação, através do uso

interativo.

Apresenta-se a pesquisa da seguinte forma: O primeiro capítulo é dedicado ao referencial

teórico que se considera importante para a compreensão dos principais conceitos abordados.

Em seguida, apresenta-se um novo modelo para a avaliação da adequação de um SCG a partir

de ajustes feitos nos estudos de Henri (2006) e Jermias e Gani (2004). O estudo continua com

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a apresentação da metodologia empregada para a comprovação do modelo, com capítulos

específicos destinados aos critérios de mensuração dos construtos e a apresentação das

hipóteses. Finalmente, apresentam-se os resultados dos testes de confirmação das hipóteses,

as Concusões e as limitações da pesquisa.

5 REFERENCIAL TEÓRICO

Parte significativa da Literatura em Controle Gerencial tem explorado os efeitos da estratégia

nos Sistemas de Controle Gerencial (Bruggeman & Stede, 1993; Govindarajan 1988;

Govindarajan & Fisher, 1990; Abernethy & Guthrie, 1994; Simons, 1987; Govindarajan &

Gupta, 1985; Merchant 1985; Chendall & Langfield-Smith, 1998; Baines & Langfield-Smith,

2003; Ittner, Larcker, & Randall, 2003). Esses estudos abordaram o conceito de estratégia de

diferentes formas, desde posicionamento estratégico (diferenciação e preço), padrão

estratégico (prospector versus defensor), missão estratégica (construir, manter ou colher) ou

prioridades estratégicas (customização, qualidade, flexibilidade, etc) mas restringindo sempre

o escopo da estratégia à noção limitada e estática de estratégia pretendida. A caracterização do

Sistema de Controle Gerencial, nesses estudos, é a de uma ferramenta de implementação da

estratégia e sua conceitualização segue uma abordagem estritamente estrutural e estática com

foco na presença ou ausência de determinado sistema, propriedades técnicas e design.

Nesse contexto, muitas pesquisas passaram a explorar o conceito da Teoria da Contingência

para avaliar a adequação de um Sistema de Controle Gerencial e passaram a argumentar que

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para um SCG ser eficaz, sua estrutura precisa apresentar conformidade com as contingências

que a influenciam. Como resultado dos muitos estudos que têm explorado a natureza

contingente dos sistemas de controle gerencial surge o conceito de que a eficácia desses

sistemas deve ser avaliada através da mensuração do impacto que a adequação contingente

entre o desenho do SCG e a orientação estratégica provoca sobre o desempenho

organizacional, assumindo-se que a adequação contingente entre tais variaveis produzem um

efeito positivo sobre desempenho (GOVINDARAJAN e GUPTA, 1985). No entanto, os

estudos empíricos que analisaram a estrutura apropriada de um sistema de controle gerencial a

partir de sua contribuição para o desempenho organizacional não apresentaram consistência

de resultados.

Os estudos de Simons (1990, 1991, 1994, 1995) introduzem uma nova perspectiva de análise

dos Sistemas de Controle Gerencial e de seu relacionamento com a Estratégia a medida que

deixam de limitar-se à caracterização estritamente estrutural do SCG e passam a incorporar a

dimensão de uso. Relativamente ao tipo de uso que se faz da informação gerencial, Simons

define duas tipologias que passaram a ser amplamente utilizadas em pesquisas posteriores:

sistemas de controle diagnóstico e sistemas de controle interativo. O Controle Diagnóstico é

definido por Simons como um feedback formal utilizado para monitorar o resultado enquanto

o controle interativo é definido como um sistema formal utilizado pelo corpo gerencial para

assegurar seu envolvimento regular e pessoal nas decisões de subordinados. Simons abre uma

discussão que introduz a perspectiva de complementaridade dos tipos de uso de controle e ao

argumento de que ambos os tipos de usos são necessários: os controles diagnósticos auxiliam

a empresa a perseguir a estratégia pretendida na medida que servem à mensuração, ao

monitoramento das medidas de performance críticas ao desempenho e à correção dos desvios

,e os controles interativos, por sua vez, focam as incertezas estratégicas (contingências que

ameaçam o negócio ou invalidam as premissas da estratégia corrente), estimulam o diálogo,

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proporcionam a pressão competitiva dentro da organizção e, por tudo isso, permitem o

surgimento de estratégias emergentes. O balanceamento entre esses dois tipos de uso do SCG

gera o fenômeno, definido por Simons, como Tensão Dinâmica

O modelo de Simons considera os sistemas de controle como um poderoso dispositivo para

estimular e gerenciar a emergência de estratégias. Simons argumenta que o SCG pode ser

dinâmico, flexível e adaptável a ambientes em processo de mudança, sendo ao mesmo tempo

estável para fornecer um modelo cognitivo de controle. O autor argumenta que esse papel

mais ativo que os controles podem desempenhar resulta da utilização interativa do SCG. A

partir dos estudos de Simons, pesquisas recentes sobre inovação e mudança estratégica,

passaram a dar especial atenção à dimensão uso de um SCG, a empegar o modelo de sistema

de controle interativo e o fenômeno de Tensão Dinâmica (Abernethy and Brownell, 1999;

Bonner et al,. 2002; Bisbe and Otley, 2004; Henri, 2006; Naranjo-Gil and Hartmann, 2007;

Heidmann, 2008).

A partir dessa abordagem mais ampla, uma segunda linha de pesquisa, ainda em menor

escala, tem explorado os efeitos dos Sistemas de Controle Gerencial na Estratégia (Chenhall,

2005; Marginson, 2002; Abernethy & Brownell, 1999; Chendall & Langfield-Smith, 2003;

Bisbe & Otley, 2004, Davila, 2000, Henri, 2006). Esses estudos, por sua vez, examinaram a

estratégica sob a ótica de escolha estratégica (prioridades estratégicas e mudança estratégica)

e, dessa vez, a consideraram como sendo influenciada pelo Sistema de Controle Gerencial,

expandindo o seu escopo, da noção de estratégia pretendida, para uma perspectiva de

estratégia emergente. Esses estudos reconheceram o papel do Sistema de Controle Gerencial,

não somente na implementação, mas também na formulação da estratégia (TANI, 1995;

ABERNETHY, M. A. e BROWNELL, P, 1999; MARGINSON, D. E. W, 2002; BISBE, J e

OTLEY, D, 2004; FERREIRA, A e OTLEY, D, 2006; KOBER, R, NG, J e PAUL, B. J,

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2007) e a conceitualização do SCG passou a seguir uma abordagem processual e dinâmica, ao

invés de estrutural e estática, com foco no diálogo e na interação do uso do Sistema de

Controle Gerencial.

A seguir, apresentam-se dois conceitos importantes à compreensão do modelo proposto pela

pesquisa: a teoria contingencial em contabilidade gerencial e o conceito da tensão dinâmica.

Da Teoria Contingencial, destaca-se o trabalho de Jermias e Gani (2004) cujo modelo de

alinhamento contingencial entre o SCG e variáveis contextuais foi modificado para emprego

no modelo proposto. Do conceito de Tensão Dinâmica, destaca-se o trabalho de Henri (2006),

também utilizado pelo presente estudo em seu modelo de avaliação de um SCG.

5.1 TEORIA DA CONTINGÊNCIA

De modo geral, o pressuposto básico que fundamenta os estudos que utilizam a teoria da

contingência para entender a natureza dinâmica das organizações é que não existe uma melhor

forma de se organizar (GALBRAITH, 1977; MORGAN, 1996), ou seja o desenho da

estrutura organizacional depende de fatores contingentes, tais como, estratégia da

organização, incerteza ambiental e tamanho, de modo que para uma organização ser eficaz em

atingir suas metas, é preciso que exista uma adequação entre os fatores contingentes que a

influenciam e sua estrutura organizacional (DONALDSON, 1999)

Partindo da premissa de que não existe um SCG que possa ser igualmente útil para empresas

atuando em diferentes contextos (GORDON e MILLER, 1976; WATERHOUSE e TIESSEN,

1978; BRUNS e WATERHOUSE, 1981) estudos diversos buscaram identificar as principais

variáveis do contexto do processo de estratégia com as quais os SCGs estivessem

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relacionados. As principais dimensões analisadas, quanto a natureza contingente do SCG, são:

desenho e uso (FERREIRA e OTLEY, 2006). O desenho do SCG é abordado de forma

determinística, propondo uma estrutura de controle estática para cada orientação estratégica.

A conformidade entre uma estrutura de controle e uma orientação estratégica é denominada

pela Teoria Contingencial, em Contabilidade Gerencial, como “Conformidade Contingencial”

(Fit Contingencial). Buscar o alinhamento entre SCG e estratégia é certamente parte do

processo para identificar um SCG apropriado e evitar o consumo de recursos com estruturas

não adequadas ao contexto do processo da estratégia. Nesse sentido, a noção de conformidade

contingencial entre SCG e Orientação Estratégica é fundamental na análise de adequação de

um SCG.

A principal contribuição de estudos que analisam a natureza contingente dos SCG é a

identificação de protótipos de SCG, apropriados à diferentes tipos de estratégia. Dentre

diferentes tipologias de estratégia abordadas nos estudos contingenciais, destaca-se a

orientação estratégica de custo, em oposição a orientação estratégica de diferenciação. Cada

uma dessas orientações estratégicas possuem, conforme a literatura, um protótipo ideal de

controle.

Segundo Jermias e Gani (2004), empresas que competem por diferenciação se beneficiam

mais de controles comportamentais, uma vez que as variáveis críticas de diferenciação de

produtos e satisfação de clientes são difíceis de mensurar. Por outro lado, empresas que

competem por preço irão se beneficiar mais de controles de resultado (output controls), uma

vez que a variável crítica de custo pode ser facilmente determinada e as relações de causa e

efeito são mais objetivas. Os pesquisadores argumentam que sistemas de gestão que fornecem

medidas de satisfação do cliente, pontualidade e segurança de entrega, medidas chaves de

produção, qualidade, benchmarking e plajejamento estratégico melhoram a capacidade das

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empresas em diferenciar seus produtos e satisfazer seus clientes. Por outro lado, tem sido

sugerido na literatura que medidas de desempenho orçamentário, análise de variâncias e

custeio baseado em atividades são adequados às empresas que adotam uma estratégia de baixo

custo. (Chendall & Langfiled, 1998). No que se refere ao nível de autonomia dos gestores,

argumenta-se que empresas de diferenciação estarão melhor organizadas a partir de uma

estrutura descentralizada pois a autonomia está associada a um maior nível de

incerteza(Horngren et, al, 2000). Estruturas centralizadas de autoridade estão em maior

conformidade com empresas que competem por custo pois essas empresas caracterizam-se

pelo alto nível de especialização dos funcionários e formalização dos processos. (Porter,

1985).

Dessa forma uma empresa que compete por diferenciação irá beneficiar-se em maior medida,

ao enfatizar controles comportamentais (Govindarajan & Fisher, 1990; Ouchi, 1977), utilizar

sistemas de controle que aumentam sua habilidade em diferenciar seus produtos e satisfazer

seus clientes. (Hoque & James, 2000; Chendall & Langfield-Smith, 1998; Ittner & Larcker,

1977; Kaplan & Norton, 1996) e organizar-se de forma descentralizada. (Horngren et al,

2000). Por outro lado, uma empresa que adota uma estratégia de baixo custo, irá beneficiar-se

mais de controles de resultado (Govindarajan & Fisher, 19990; Ouchi, 1979), sistemas de

controle que aumentam sua habilidade em controlar custos (Chendall & Langfield-Smith,

1998; Johnson & Kaplan, 1987) e uma organização de autoridade centralizada.

Segundo Aguiar e Frezati (2077), a estrutura mais empregada empiricamente na literatura

para classificar as diferentes formas de conformidade contingencial é a proposta por Drazin e

Van de Ven (1985) que considera a quantidade de variáveis e o relacionamento com

desempenho. Têm-se assim três conceitos de conformidade contingencial:

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1. seleção, que inclui limitado número de variáveis contextuais e não as relaciona com

desempenho, ou seja, assume-se congruência entre estrutura e contingência (por

exemplo, correlação entre desenho do SCG e descentralização);

2. interação, que inclui limitado número do variáveis contextuais e as relaciona com

desempenho, em outras palavras, adequação representa a interação entre pares de

variáveis que afeta o desempenho (por exemplo, o efeito que a associação entre

desenho do SCG e descentralização provoca sobre desempenho organizacional); e

3. sistemas, que inclui um maior número de variáveis contextuais e as relaciona com

desempenho, significando que a conformidade interna de múltiplas contingências e

características estruturais que afeta o desempenho (por exemplo, o efeito da

consistência entre desenho e uso do SCGs, descentralização, ambiente, tecnologia e

tamanho sobre o desempenho organizacional).

Os estudos contingentes na contabilidade gerencial foram criticados por assumirem uma visão

determinista, não observando a evolução histórica das organizações (COVALESKE e

AIKEN, 1986; COVALESKE et al, 1996), não considerarem a adequação contingente do

sistema como um todo (DRAZIN e VAN DE VEN, 1985) e não possuirem uniformidade nas

definições operacionais de variáveis contingentes (OTLEY, 1980; CHENDALL, 2003) Além

disso, a tendência em identificar a adequação de um sistema de controle gerencial através da

análise do seu relacionamento com o desempenho organizacional, considerando o efeito de

variáveis contingentes, tem sido criticada em função da dificuldade em isolar o impacto da

estrutura de um SCG sobre o desempenho.

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5.1.1 JERMIAS E GANI (2004)

O estudo de Jermais e Gani adota uma abordagem contingencial de sistemas, conforme

definido por Drazin e Van de Ven (1985), para o teste de hipóteses sobre a relação entre

estratégia, estrutura organizacional, sistemas de controle gerencial e desempenho. Central a

essa abordagem é a noção de conformidade contingencial entre a estratégia e suas variáveis

contextuais, definida como a soma ponderada das contribuições independentes de cada uma

das variáveis contextuais para a conformidade contingencial do sistema. Baseado em uma

pesquisa via correio e entrevistas pessoais com 106 gerentes de unidades de negócio de

companhias abertas da indústria de bens de consumo, o estudo comprova que o grau de

conformidade contingencial tem uma associação positiva com o desempenho organizacional.

Uma análise mais aprofundada revela que as prioridades estratégicas afetam os tipos de

controles e sistemas de controle gerencial utilizados pelas unidades de negócio.

O quadro abaixo representa um ilustração da idéia central de conformidade contingencial,

conforme definido por Jermias e Gani (2004). As linhas sólidas representam consonância

entre a estratégia e as variáveis contingentes de tipo de controle, sistemas de controle e

estrutura organizacional. As linhas hachuradas representam um desajuste entre o SCG e a

Estratégia.

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Tipos de Controle

Sistemas de ControleOrientação

Estratégica

Baixo Custo

Diferenciação

(Q1)Metas de Venda(Q2) Metas de Despesas

(Q3) Metas de Market Share

Controles de Resultado

(Q4) Como as metas são atingidas

(Q5) Superv das decisões p/ ating das metas

(Q6) Superv das ações p/ ating das metas

Controles Comportamentais

(Q1) Performance Orçamentária(Q2) Analise das Variações

(Q3) Inovações na Produção(Q4) Activity Based Costing

(Q5) Outsourcing(Q6) Alian com Forn. (Vant de custo)

(Q7) Cost-Volume-Profit Analysis

Sistemas de Controle Tipo I

(Q8) Satisfação de Clientes(Q9) Entrega Pontual e Confiável

(Q10) Medidas chaves de produção(Q11) Qualidade

(Q12) Benchmarking(Q13) Employee Based Measures (Satisf dos

func, retenção, treinamento)(Q14) Planejamento Estratégico

Sistemas de Controle Tipo II

Estrutura Centralizada

Estrutura Descentralizada

Nível de Centralização

Figura 1 – Conformidade Contingencial segundo Jermias e Gani (2004)

Para atingirem uma medida máxima de Conformidade Contingencial, empresas que

competem por Baixo Custo precisam empregar Controles Comportamentais, ferramentas de

Controle do Tipo II (satisfação de clientes, entrega pontual e confiável, qualidade e

benchmarking, por exemplo) e estrutura organizacional centralizada. Por sua vez, empresas

que competem através da diferenciação de seus produtos, precisam de controles de resultado,

sistemas de controle do tipo 1 (performance orçamentária, ABC, análise das variações, por

exemplo) e estrutura descentralizada para atingirem a conformidade contingencial com a

estratégia.

O modelo de conformidade contingencial proposto por Jermias e Gani (2004) considera que

uma empresa que compete por diferenciação deve somente apresentar tipos e ferramentas de

controle que estejam relacionados com sua orientação estratégica, ou seja, apenas controles

que forneçam medidas de qualidade, satisfação do cliente, pontualidade e segurança de

entrega. A presença de controles orçamentários (tipo de controle normalmente associado a

estratégia de custo) em uma empresa que compete por diferenciação diminui seu grau de

conformidade contingencial, ainda que essa empresa apresente todos os mecanismos de

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controle necessários à implementação de sua estratégia. A conformidade entre estrutura de

controle e estratégia no modelo de Jermias e Gani é impactada negativamente pela presença

do complemento. Nesse método de cálculo, uma empresa de Baixo custo tem sua pontuação

em Tipos de Controle Comportamental e Sistemas de Controle do Tipo II multiplicados por -1

(reversed codes). Por sua vez, uma empresa de Diferenciação tem sua pontuação em Tipos de

Controle de Resultado e Sistemas de Controle doTipo 1 multiplicados por -1.

5.2 TENSÃO DINÂMICA

Segundo Burns & Stalker (1961) o uso Diagnostico apresenta duas importantes características

associadas a controles mecanicistas: (1) controle rígido e formal das operações e (2) canais de

comunicação altamente estruturados e fluxos restritos de informação e o uso Interativo

apresenta características associadas a controles orgânicos: (1) controle frouxo e informal

através de normas de cooperação, comunicação e ênfase em “ter as coisas feitas” e (2) canais

abertos de comunicação e fluxo livre de informação pela organização.

Esses dois tipos de uso do SCG podem trabalhar simultâneamente embora abracem diferentes

propósitos. Enquanto o uso diagnóstico representa os controles utilizados para o atingimento

de metas pré-estabelecidas, o uso interativo representa os controles orgânicos que suportam a

emergência dos processos de comunicação e interação. O balanceamento entre esses dois

tipos de uso do SCG gera o fenômeno, originalmente definido por Simons, como Tensão

Dinâmica. De acordo com Simons, os usos diagnóstico e interativo de um SCG representam

forças compensatórias utilizadas para equilibrar a tensão inerente a toda organização. O quão

moderado se estabelece o balanceamento entre os tipos de uso, mais eficientemetne o SCG irá

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permitir o gerenciamento equilibrado da tensão inerente entre a inovação criativa e a

realizaçãos dos objetivos planejados da organização. Pode-se resumir dizendo que o uso que

se faz do SCG é influenciado por diferentes objetivos organizacionais que, em certo aspecto,

se contrapõem: necessidade de crescimento e risco monitorado, objetivos de longo prazo e

necessidade de geração de recursos financeiros no curto prazo, por exemplo. A proposta de

Simons é a de que haja um equilíbrio entre os Sistemas de Controle de forma a balancear as

tensões dinâmicas que são originadas pelo uso do SCG mediante diferentes objetivos

organizacionais.

O conceito de complementaridade entre os tipos de uso de um SCG, denominado Tensão

Dinâmica por Simons, foi também abordado por Cameron (1986) e Chendall & Morris

(1995). Esses autores argumentam que, em algumas cirscuntâncias, os benefícios do uso

interativo do SCG podem desaparecer em função da ausência de controles diagnósticos para

estabelecer limites e ponderar questões de eficácia. Nessas circunstâncias, a falta de

balanceamento produz perda de direção, desperdício de energia e descontinuidade. Da mesma

forma, os benefícios do uso interativo podem ser perdidos em função do emprego excessivo

das ferramentas de controle diagnóstico, que acaba inviabilizando a inovação e a tolerância ao

risco. Nessas circunstâncias, a falta de balanceamento produz estagnação, perda de energia e

declínio da moral organizacional.

Conforme sugerido pela literatura, tensão não é necessariamente algo negativo, pode ser na

verdade algo benéfico à organização. A supressão do conflito pode reduzir a criatividade, a

qualidade da decisão, o desenvolvimento de produtos e a comunicação (DeDreu, 1991;

Nicotera, 1995). Esse estudo investiga o impacto da Tensão Dinâmica resultante do uso do

SCG de forma combinada (diagnóstica e interativamente) na satisfação do usuário do SCG

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5.2.1 HENRI (2006)

O trabalho de Henri (2006) foi pioneiro em operacionalizar o construto de tensão dinâmica.

O objetivo do estudo de Henri (2006) é analisar, a partir da perspectiva de uma visão baseada

em recursos (VBR), as relações entre o uso de sistemas de controle gerencial e as capacidades

organizacionais. Mais especificamente, Henri estudou partes do construto de Simons, com

foco no Uso Interativo, Uso Diagnóstico e Tensão Dinâmica. A inovação do trabalho foi

relacionar esses construtos com a Estratégia, especificamente a Teoria dos Recursos (RBV), e,

como variável dependente, o desempenho medido por auto-avaliação consoante os trabalhos

de Govindarajan (1984) e Bisbe e Otley (2004). Três questões de pesquisa são investigadas:

(1) em que medida os usos diagnóstico e interativo do SCG contribuem especificamente para

a criação e a manutenção das capacidades que levam as escolhas estratégicas (2) Em que

medida os usos diagnóstico e interativo do SCG agem em conjunto para produzir tensão

dinâmica que contribui para a criação e a manutenção dessas capacidades (3) Em que medida

o uso do SCG contribui para o desempenho organizacional. Para responder tais questões,

Henri realizou um survey com 383 respondentes da alta direção de empresas canadenses e

utilizou Modelagem de Equação Estrutural com o método de estimação LISREL. Henri

defende a complementaridade do Uso Diagnóstico com o Uso Interativo (tensão dinâmica),

sugerindo não haver um protótipo pré-determinado de utilização do SCG, pois os resultados

do seu trabalho mostraram que o Uso Diagnóstico exerce pressão negativa sobre as

competências de orientação para o mercado, empreendedorismo, inovação e aprendizagem

organizacional, enquanto o uso interativo favore a criação e manutenção dessas competências

organizacionais. Henri (2006) argumenta que a Tensão Dinâmica, operacionalizada como o

balanceamento entre os dois usos do SCG, pode alinhar a empresa na busca por inovação

concomitantemente com o atingimento das metas e isso pode configurar o SCG como um

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recurso valioso, distintivo e imperfeitamente imitável, dentro da ótica VBR. Empresas que

tem a competência de utilizar o SCG, balanceando o uso diagnóstico com o uso interativo,

gerenciando, portanto, a tensão dinâmica, podem ativar uma busca de desempenho no curto e

longo prazos.

6 MODELO DE ADEQUAÇÃO DE UM SCG

O modelo proposto combina aspectos das pesquisas de Jermias e Gani (2004) e Henri (2006)

e emprega a variável dependente de satisfação do usuário no lugar de desempenho

organizacional.

Mais especificamente, três alterações são propostas, a primeira refere-se a forma de

operacionalização da variável conformidade Contingencial. Segundo estudo feito por Jermais

e Gani (2004) o conceito de conformidade entre estratégia e SCG não considera o efeito de

complementaridade que pode ocorrer entre diferentes tipos e ferramentas de controle,

reforçando a noção de que conformidade significa ter um tipo de controle e, necessariamente,

não ter o outro. O que se admite nesse estudo é que a conformidade do SCG com a estratégia

depende da existência de mecanismos que permitam a sua implementação e que tal

conformidade não se invalida pela presença de mecanismos complementares de controle. A

variável Conformidade Contingencial é modificação de forma a refletir, portanto, a noção de

complementaridade entre diferentes tipos de SCG.

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A segunda alteração realizada no modelo de Jermias e Gani (2004) é a substituição da

Performance organizacional, como medida de avaliação da conformidade do sistema, pela

Satisfação do usuário do SCG. A terceira alteração trata da inclusão do conceito de Tensão

Dinâmica, e não somente conformidade Contingencial, como variável que impacta a

satisfação do usuário do SCG.

A seguir, tais escolhas são mehor esclarecidas.

6.1 PRIMEIRO AJUSTE

Mudança na operacionalização de Conformidade Contingencial

A operacionalização da variável conformidade contingencial, empregada por essa pesquisa,

baseia-se no estudo feito por Jermias e Gani (2004), que apresenta, a partir de disposições

existentes na Literatura, uma estrutura específica de tipo e ferramentas de controle para cada

uma das orientações estratégicas de custo e diferenciação.

O primeiro ajuste que se faz no modelo de conformidade contingencial proposto por Jermias e

Gani (2004) é remover o efeito negativo que o controle complementar produz. A noção de

conformidade, nessa pesquisa, passa a traduzir simplesmente em que medida uma empresa

utiliza tipos e sistemas de controle que estejam em consonânica com a sua estratégica. O

emprego de tipos e ferramentas de controle que não estejam diretamente relacionados com a

orientação estratégica não impacta negativamente o cálculo da conformidade contingencial,

sendo considerado como um desajuste apenas quando não existem os controles necessários à

implementação da estratégica.

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6.2 SEGUNDO AJUSTE

Emprego da variável satisfação, ao invés de desempenho, como forma de medida da

conformidade contingencial.

A tendência em identificar a conformidade de um sistema de controle gerencial com variáveis

contingentes, através da análise do seu relacionamento com o desempenho organizacional,

tem sido criticada na Literatura em Contabilidade Gerencial, em função da dificuldade em

isolar o impacto da estrutura de um SCG sobre o desempenho. De fato, existem uma

quantidade ilimitada de variáveis contextuais que influenciam concomitantemente o

desempenho organizacional.

Sugere-se o emprego da variável satisfação do usuário como parâmetro para a avaliação da

adequação de um SCG. Considera-se que a inclusão da dimensão da satisfação do usuário, de

modo mais amplo, em estudos empíricos pode contribuir para a compreensão do papel

organizacional do SCG, sendo mais apropriado um sistema de controle gerencial que provoca

maior satisfação em seus usuários (Aguiar e Fezatti, 2008). A proposta de inclusão dessa

variavel possibilita avaliar a adequação de um sistema de controle gerencial sob o ponto de

vista dos próprios gestores mas requer alguns cuidados para evitar que o conceito seja

simplesmente reduzido à percepção pessoal dos usuários.

O emprego empírico da variável satisfação é precedido de dois cuidados em específico. Em

primeiro lugar, os ususários que responderam ao questionário são gestores qualificados a

avaliar a qualidade dos controles tendo em vista a função organizacional de um SCG. Os

respondentes são, em sua maioria, Diretores Financeiros, Presidentes, Diretores de Marketing,

Gerentes de Novos Negócios, Gerentes de Unidades de Negócios e, exercem funções que

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permitem uma almpla compreensão da organização a que pertencem. Em segundo lugar, o

conceito de satisfação não limita-se à manifestação de satisfação pelo usuário apenas, mas

inclui outros paramêtros que ampliam a operacionalização do construto na medida que

incorporam fatores objetivos de avaliação da satisfação. Foram incluídas, por exemplo,

questões que avaliam se o SCG produz impacto efetivo na formulação e/ou implementação da

estratégia, se o SCG fornece as informações necessárias para influenciar o comportamento

dos membros organizacionais em direção da estratégia, se o SCG melhora a posição

competitiva da empresa, se o SCG agiliza o processo de tomada de decisão, melhorando a

habilidade da empresa em explorar novas oportunidades e por fim se o gestor está satisfeito

com o SCG e acredita não haver necessidade de ajustes.

6.3 TERCEIRO AJUSTE

Emprego da variável tensão dinâmica como fator que impacta, juntamente com

conformidade contingencial, a satisfação do usuário de um SCG

Henri (2006) argumenta que a Tensão Dinâmica, operacionalizada como o balanceamento

entre os dois tipos de uso do SCG, diagnóstico e interativo, pode orientar a empresa na busca

simultânea por inovação e atingimento de metas, por vezes considerados como atributos

conflitantes. Essa noção de complementaridade inspira o presente estudo a introduzir a

variável Tensão Dinâmica como um fator que influencia a satisfação do usuário tal como

influencia o desenvolvimento das competências.

Acredita-se que a capacidade de equilíbrio entre tipos diferentes de uso de um SCG produz

um impacto significativo na satisfação do usuário de um SCG porque confere um espectro

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mais amplo ao seu papel organizacional, considerando-o uma ferramenta não apenas de

implementação mas também de formulação da estratégia. Essa alteração está em acordo com

os estudos empíricos de Abernethy e Brownell (1999) e Bisbe e Otley (2004) que suportam o

papel do SCG num contexto de inovação e mudanças e com o modelo de Simons (1995) que

considera os sistemas de controle mais do que ferramentas mecanicistas utilizadas para

suportar a implementação da estratégia, mas também como um poderoso dispositivo para

estimular e gerenciar a emergência de novas estratégias.

Com os três ajustes propostos, a partir dos trabalhos de Henri (2006) e Jermias e Gani (2004),

o modelo do presente estudo sugere que a conformidade contingencial entre SCG e estratégia

juntamente com a capacidade organizacional de equilíbrio das Tensões Dinâmicas de Simons

(1995, 2002) impactam significativa e positivamente a satisfação do usuário de um SCG.

7 METODOLOGIA

7.1 MÉTODO DA PESQUISA

7.1.1 Abordagem Quantitativa.

Para o teste do modelo, foram utilizadas técnicas de regressão linear múltipla (RLM), a partir

de dados coletados junto a gestores de diferentes áreas, como controllers, diretores

financeiros, diretores de marketing, executivos de qualidade, executivos de novos negócios, e

gestores que, em geral, têm algum tipo de experiência como usuário de sistemas de controle

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gerencial. As informações fornecidas pelos participantes foram obtidas por meio de um

questionário, enviado por correio eletrônico. As respostas obtidas por meio eletrônico

revelaram uma menor compreensão das questões do que aquelas obtidas após uma curta

entrevista. Por esse motivo, a maioria das respostas do questionário foram obtidas

pessoalmente.

O questionário foi aplicado no Brasil e no Exterior, em empresas nacionais e multinacionais

de capital aberto e fechado, em um total de 76 empresas.

Em um primeiro momento, os questionários foram dirigidos, em cada empresa selecionada, a

várias pessoas em diferentes funções. No entanto, o alto coeficiente de correlação de Pearson

revelou um grande padrão de respostas entre os participantes de uma mesma empresa e, a

partir daí, o questiorário foi dirigido à uma única pessoa por empresa. A empresa passou a ser,

portanto, a unidade de análise da pesquisa.

O questionário aplicado foi adpatado de Henri (2006) e Jermias e Gani (2004). Do primeiro,

utilizamos a sessão que trata de Uso Interativo, Uso Diagnóstico e Tensão Dinâmica. Do

segundo, utilizamos a sessão de Orientação Estratégica, Tipos de Controle, Sistemas de

Controle e Estrutura Organizacional. A sessão do questionário dedicada a mensuração da

Satisfação do usuário de um SCG foi desenvolvido pela pesquisadora a partir da literatura

pertinente. Para a variável de satisfação foi especificamente realizada uma análise fatorial a

fim de verificar se as perguntas explicam pelo menos 60% da variância do construto.

Para testar a Hipótese proposta pelo estudo foi empregada a técnica de análise de regressão,

método Least Squares. O sotware utilizado foi o SPSS por ser amplamente utilizado em

estudos empíricos no campo das Ciências Sociais e por ser de fácil utilização.

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7.1.2 Abordagem Qualitativa.

Henri (2006) argumenta que a metodologia qualitativa seria particularmente útil para

promover um maior esclarecimento de como a tensão dinâmica ocorre no dia-a-dia das

organizações. A fim de permitir uma análise mais profunda do relacionamento entre as

variáveis do modelo, emprega-se também a coleta de dados por meio de entrevistas semi-

estruturas (roteiro previamente estabelecido) aplicados pela pesquisadora.

7.2 COLETA DE DADOS E AMOSTRA

Os dados foram coletados com um questionário (survey) disponibilizado via correio eletrônico

e em papel para os potenciais participantes (ver Apêndice A). A coleta foi realizada entre

02/07/2010 e 05/02/2011. Para contatar respondentes do questionário eletrônico, foi enviado

um convite por email para gestores de diversas empresas brasileiras de médio e grande porte,

atuando numa variedade de setores econômicos. Para aumentar o tamanho da amostra, uma

versão impressa do questionário foi distribuída por uma empresa de recurtamento no Rio de

Janeiro para candidatos que participavam de procesos seletivos para diferentes posições mas

todos com algum tipo de experiência como usuário de sistema de controle gerencial.

Perguntas sobre o perfil demográfico dos respondentes foram utilizadas para eliminar

questionários preenchidos por indivíduos que não se enquadrassem na população-alvo do

estudo.

No total, foram obtidos 92 questionários, dos quais 76 estavam completamente preenchidos.

Os participantes atuavam em 76 organizações distintas, distribuídas nos seguintes ramos de

atividade: indústria com 38%, Serviços, Consultorias e Auditorias com 16%, Petróleo e Óleo

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com 14%, Comércio com 9%, Telecomunicações com 9%, Fnanceiro com 7%, Energia com

3%, Mineração com 3% e outros ramos de atividade com 1%. Com relação à quantidade de

funcionários, 28% das empresas tinham até 100 colaboradores, 29% tinham até 500, 25%

mais de 1.000 e 18% mais de 5.000 funcionários.

A análise demográfica da amostra indicou que 63% dos participantes eram homens e 37%,

mulheres, com idades entre 35 e 56 anos. Cinquento e três por cento dos respondentes

disseram ter curso superior completo, 31% afirmaram possuir pós-graduação completa, 6%

mestrado, 7% MBA e apenas 3% afirmou ter somente o ensino médio. Em relação às funções

que exerciam em suas empresas, 44% ocupavam cargos executivos, 51%, cargos gerenciais e

5% cargos não gerenciais. Também foi apurado que 76% dos respondentes trabalham em

empresas nacionais e 24% em empresas multinacionais, sendo 9% empresas públicas e 91%,

empresas privadas.

7.3 MENSURAÇÃO DOS CONSTRUTOS

7.3.1 Uso Interativo e Uso Diagnóstico

A medida de mensuração do Uso Interativo e Uso Diagnóstico do Sistema de Controle

Gerencial foi feita a partir de adaptações de Henri (2006) que a empregou originalmente para

os sistemas de Mensuração de Performance. A escolha do instrumento justifica-se porque o

objeto de análise é a forma de uso desse sistema, diagnóstica e interativa; e sendo o Sistema

de Mensuração de Performance parte integrante, captura satisfatoriamente a essência do

Sistema de Controle Gerencial em sua dimensão Uso. Henri (2006) utiliza em sua pesquisa

uma medida de mensuração do uso (interativo e diagnóstico) desenvolvida a partir de uma

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versão adpatada de Vandenbosch’s (1999). A escolha, segundo Henri, deve-se ao fato da

medida original fundamentar-se em teorias de controle contábil, inclusive Simons (1990).

Pelo mesmo motivo, considera-se a medida de mensuração de uso empregada por Henri

adequada ao contexto dessa pesquisa.

7.3.2 Tensão Dinâmica

O conceito de Tensão Dinâmica é operacionalizado conforme Henri (2006), através da

multiplicação das variáveis Uso Diagnóstico e Uso Interativo. O produto de um termo

multiplicativo pode ser tratado como uma variável sem significado teórico, com o propósito,

por exemplo, de testar uma interação ou como um construto fundamentado em uma

justificativa teórica. (Cortina, Chen, & Dunlap, 2001). Nesse estudo, o conceito de tensão

dinâmica, produto de um termo multiplicativo, é tratado como uma variável com significado

teórico. As variáveis do termo, Uso Diagnóstico e Uso Interativo, não foram normalizadas

por não serem empregadas isoladamente no modelo de regressão.

7.3.3 Conformidade Contingencial

Para mensuração da variável conformidade contingencial foram realizados três passos.

Primeiro, os respondentes foram classificados em empresas com orientação de diferenciação

de produto ou orientação de baixo custo por meio da análise de suas pontuações nos dez itens

do questionário sobre estratégia competitiva. Empresas com pontuação média maior do que 4

foram classificadas como empresas de Baixo Custo, enquanto as com média menor do que 4,

foram classificadas como empresas de Diferenciação. Empresas com pontuação igual a 4

foram eliminadas da base da dados por não terem uma orientação estratégica clara. O segundo

passo foi dividir a base de dados em duas, a partir da orientação estratégica, antes de mensurar

a variável conformidade contingencial. Em terceiro lugar, o valor referente à conformidade

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contingencial total foi calculado com base na média das contribuições independentes de cada

variável contextual (Tipo de Controle, Sistemas de Controle e estrutura organizacional) para a

conformidade do sistema com a orientação estratégica.

Para compreensão do cálculo de conformidade contingencial é importante compreender a

sistemática aplicada no questionário. As três primeiras perguntas da sessão do questionário

referente à Tipos de Controle capturam a intensidade com que determinada empresa utiliza

controles do tipo resultado, as três últimas, por sua vez, capturam a utilização de controles do

tipo comportamental. Na sessão do questionário destinadas às ferramentas de controle, as sete

primeiras perguntas destinam-se a avaliar a medida de utilização de ferramentas que

mensuram custo e metas ecônomicas, já as sete últimas perguntas avaliam a utilização de

ferramentas que permitem o monitoramento da satisfação do clientes, qualidade,

diferenciação de produtos e competição de mercado. As quatro perguntas da sessão referente

à estrutura organizacional capturam a intensidade de autonomia conferida aos gestores da

organização. Para atingirem uma medida máxima de conformidade contingencial, empresas

de baixo custo precisam pontuar alto nas três primeiras perguntas sobre tipo de controle e nas

sete primerias perguntas sobre sistemas de controle além de pontuar baixo nas quatro

perguntas sobre estrutura organizacional. Empresas de diferenciação, por sua vez, precisam

pontuar alto nas três últimas perguntas sobre tipo de controle e nas sete últimas perguntas

sobre sistemas de controle além de pontuar alto nas quatro perguntas sobre estrutura

organizacional.

Num primeiro momento, o modelo desse estudo é testado considerando a operacionalização

de conformidade contingencial tal qual definida por Jermais e Gani (2004). Num segundo

momento, a variável é ajustada com a inclusão do conceito de complementaridade e novos

testes são realizados. O modelo é testado das duas formas a fim de comprovar a necessidade

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da mudança na forma de operacionalização da variável conformidade a fim de conferir um

espectro mais amplo ao papel do SCG.

7.3.4 Satisfação

A variável Satisfação do usuário de um SCG é operacionalizada a partir da investigação da

função primordial de um SCG dentro de qualquer organização e a partir das percepções

manifestadas pelos entrevistados a cerca da utilização de um SCG.

Para essa variável foi realizada uma análise fatorial a fim de verificar se as nove perguntas

elaboradas no questionário explicam pelo menos 60% da variância do construto. O método de

extração dos fatores foi a Análise dos Componentes Principais. A análise revelou que a

pergunta numero 7 do questionário “O SCG melhora a performance Financeira da Empresa”

não recebe carga no mesmo fator das demais perguntas revelando que a eventual melhora

financeira que um SCG provoca não contribui para a percepção de satisfação do usuário de

um SCG.

Tabela 1 – Análise Fatorial Construto Satisfação SPSS

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A pergunta foi eliminada do questionário e nova análise fatorial foi realizada. Dessa vez,

todas as oito perguntas restantes apresentaram carga no mesmo fator que responde por

72,17% da variância total do conjunto de dados (respostas obtidas).

Tabela 2 – Análise Fatorial Construto Satisfação Ajustado SPSS

7.4 HIPÓTESES

Espera-se que a utilização das novas dimensões de satisfação do usuário e tensão dinâmica,

assim como as adaptações realizadas no conceito original de conformidade contingencial

entre SCG e estratégia, contribua para a proposta de um novo modelo de avaliação de

Sistemas de Controle Gerenciais.

O alinhamento entre SCG e estratégia certamente é parte do processo para identificar um SCG

apropriado e, por esse motivo, propõe-se:

7.4.1 Hipótese 1

A Conformidade Contingencial entre SCG e Estratégia afeta positivamente a satisfação

do Usuário do Sistema de Controle Gerencial.

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Acredita-se que a dimensão satisfação do usuário do SCG é impactada pela forma como as

diferentes formas de uso de controle estão balanceadas permitindo, em maior ou menor

medida, que os controles sejam utilizados de forma apropriada em diferentes momentos

estratégicos ou quando mudanças estratégicas ocorrem. Por esse motivo, propõe-se:

7.4.2 Hipótese 2

A tensão dinamica afeta positivamente a satisfação do Usuário do Sistema de Controle

Gerencial.

A conformidade contingencial entre SCG e Estratégia e a capacidade de equilíbrio das tensões

dinâmicas afetam positivamente a satisfação do usuário do SCG validando ambos os critérios

como parâmetros de avaliação da adequação de um Sistema de Controle Gerencial.

Conformidade Contingencial

Tensão Dinâmica

Satisfação do Usuário do SCG

Figura 2 – Modelo Proposto

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8 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

O conteúdo das entrevistas realizadas de forma semi-estruturada pela pesquisadora foi

transcrito e analisado de forma qualitativa. A analise dos dados quantitativos foi realizada

com o software de análise estatística SPSS (Statistical Package for Social Science), versão

18.0.

8.1 RESULTADOS QUALITATIVOS

A investigação feita qualitativamente, através de entrevistas semi-estruturadas revela, de

forma recorrente, que quando não há conformidade contingencial entre SCG e Estratégia, não

há satisfação do usuário do SCG.

Examina-se, por exemplo, o caso de uma indústria farmacêutica nacional com ênfase em

pesquisa e desenvolvimento, com número recorde de quantidade de patentes no Brasil e que

realiza a cadeia completa de desenvolvimento de novos produtos, desde a concepção do

projeto, desenvolvimento do princípio ativo do medicamento, prospecção da propriedade

intelectual, testes clínicos de comprovação da eficácia, aprovação, e por fim, comercialização.

É uma empresa de inovação que compete por diferenciação mas tem controles de uso

predominantemente diagnóstico, com ênfase no cumprimento das metas e controle de custos.

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Os controles são excessivamente formalizados, com ênfase na eficiência da tarefa, e com

ausência de debate interativo entre os membros da organização. Há, claramente, um desajuste

entre estratégia e uso do SCG. Todos os entrevistados foram unânimes em reconhecer tal

desalinhamento e a decorrente insatisfação no uso do SCG.

“ ... Acho que temos uma grande formalização dos controles. Acho que prevalece a especificação dos

procedimentos a realizar, as SOPs. Muitos relatam o excesso de "departamentalização" das tarefa .., ... o

funcionário responde e é cobrado apenas por parte do processo e não tem conhecimento do todo..., ...Ouço muitos

reclamarem que o que importa é o quão bem você executa o trabalho (eficiência da tarefa) em detrimento da

propria inovação..., ...Não acredito que haja o estímulo ao debate livre de idéias entre o pessoal da alta gerencia e

os funcionários técnicos..., ...A comunicação das metas também não é clara, por causa dessa ausência de

comunicação..., ... O sistema de incentivo está voltado para a eficiência da tarefa ...” Relato feito pelo Diretor de

Novos Negócios

“ ... Acho que todos são unânimes em reconhecer que o SCG não está alinhado com a Estratégia. O SCG cumpre

uma formalidade burocrática. Acho que o que determina o SCG é o dono da empresa, como ele acha que a coisa

tem que ser controlada, o SCG não foi feito à luz da estratégia. Então, sem dúvida, falta orientação estratégia na

formulação dos controles. Acho que ... que, dentro do que conversamos antes, falta interatividade. Falta ampliar a

base de utilização para além dos profissionais de finanças ...” Relato feito pelo Diretor Financeiro

Embora a ausência de alinhamento entre SCG e estratégia leve necessariamente à insatisfação

dos entrevistados, alguns relatos deixam claro que a presença da conformidade contingencial,

ainda que seja um fator importante, não é suficiente para determinar a satisfação do usuário.

Examine-se, por exemplo, o caso de uma empresa de engenharia de telecomunicações que

atua em um ambiente dinâmico caracterizado por alta tecnologia e inovação. A empresa

apresenta uma estrutura pouco hierarquizada, bastante descentralizada e revela ênfase no

trabalho em equipe e no auto-controle. Seu Sistema de Controle Gerencial caracteriza-se pela

pouca formalização, rara utilização de medidas econômicas de performance, ênfase no debate

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de idéias e em controles comportamentais. Há um claro alinhamento entre a estratégia de

diferenciação e o tipo de controle empregado. A conformidade contingencial, no entanto, não

garante a satisfação do usuário do SCG. Alguns funconários admitem que o excesso de

informalidade dos controles incomoda e impede o direcionamento efetivo da empresa.

Argumentam que as medidas de performance financeiras e as metas econômicas são

importantes e contribuiriam para uma melhor gestão.

“ ... acho que não tem muita formalização de processos. E eu acho que isso é um problema, eu acho bom a

autonomia, a liberdade para fazer as coisas da sua forma, mas as vezes eu acho sim que fica muito solto ...”

Relato feito pelo Diretor de Marketing da empresa

“ ... tenho certa dificuldade pra estruturar e analisar a empresa em termos racionais e lógicos. Eu entendo

perfeitamente que as atividades não possuem um caráter repetitivo, eu sei que os fatores críticos pra empresa não

são de carater financeiro. Mas eu acho que em toda empresa você tem que ter uma cultura que procura avaliar os

recursos necessários e o potencial de retorno dos projetos. Você faz isso na sua casa, não faz? Avalia sempre qual

é o limite de investimento que você está disposto para obter um determinado resultado. Isso é importante ...”

Relatofeito pelo Diretor Financeiro da Empresa

Relato semelhante é dado por um laboratório nacional de analises clínicas com missão

declarada de excelência nos processos técnicos, na qualidade, na inovação e na gestão de

pessoas. A empresa possui um núcleo de apoio à pesquisa que oferece aprimoramento

profissional aos funcionários e dá suporte ao desenvolvimento de trabalhos científicos que são

apresentados em congressos nacionais e internacionais. A empresa busca claramente um

posicionamento competitivo de diferenciação. Quer oferecer um atendimento diferenciado a

seus clientes e, por isso, investe na agilidade de entrega dos resultados e oferece assessoria

científica e consultoria médica. A diferenciação no atendimento sempre foi vista como um

dos fatores mais importantes para o cliente e para o crescimento da empresa. A Estrutura

organizacional é fortemente centralizada e a cultura baseia-se em grande medida na

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personalidade forte dos fundadores. A empresa investe bastante em qualidade e em modernas

instalações e equipamentos de alta tecnologia, mas possui ainda sistemas de controle

financeiro pouco sofisticados e integrados. A empresa passou por um rápido desenvolvimento

e expansão e não dimensionou, segundo a Diretora Financeira, seu sistema de controle

gerencial do ponto de vista da performance econômica. Mais importantes do que as medidas

financeiras são outras medidas que buscam mensurar a qualidade técnica dos laudos e o

atendimento/satisfação aos clientes: Embora os entrevistados admitam que o SCG está

alinhado com a estratégia, todos se decalaram insatisfeitos com o SCG, argumentando a

ausência de metas claras no que diz respeito à performance financeira da empresa. Foram

relatadas a falta de direcionamento prático pela alta direção.

"... Os controles ainda são informais mas a despeito do crescimento da empresa é necessário certa

descentralização e por isso precisamos formalizar os controles financeiros .. eu acho que hoje falta um pouco de

direção ....” Relato feito pelo Diretor Financeiro

“... aumentamos o número de unidades de 17 para 60 e hoje temos quase 900 funcionários. Há pouco tempo atrás

éramos 140. Então, precisamos de certa formalização, precisamos ter metas financeiras, ter uma orientação

voltada para o resultado. Acho que precisamos de toda essa coisa de inovação, precisamos continuar

desenvolvendo e apoiando os trabalhos científicos, o aprimoramento, porque o que temos é o nosso melhor

atendimento do ponto de vista até científico. Isso tudo é ótimo, mas precisamos saber o quanto isso nos agrega, o

que estamos ganhando com esses investimentos. Não é só a satifação do cliente, à qualquer preço...” Relato feito

pelo Diretor Financeiro

De fato, muitas pesquisas recentes em Contabilidade Gerencial chegaram a conclusão de que

o uso dianóstico é a base para o uso interativo. Widener (2007, p. 793) constatou em sua

pesquisa que o uso Interativo do SCG não está diretamente associado com Aprendizagem

Organizacional, a constatação é que o Uso Interativo se relaciona positivamente com a

Aprendizagem Organizacional por meio do Uso Diagnóstico. Esses achados são consistentes

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com os de Henri (2006) e Chendall e Morris (1995) de que o Sistema Diagnóstico fornece a

estrutura necessária para a efetividade dos Sistemas Interativos. Evidência similar está

presente no estudo de Argyris & Schon (1978). Nesse estudo o uso diagnóstico representa um

single-loop learning (tipo de aprendizagem onde erros são corrigidos sem que ocorra a

modificação de processos e objetivos) e age como um pré-requisito para o uso interativo, que

representa finalmente um double-loop process (tipo de aprendizagem onde ocorrem o

questionamento e a modificação de normas, procedimentos e objetivos). Dessa forma,

segundo Argyris & Schon, o tipo de uso do SCG varia de preponderantemente diagnóstico

para uma medida de combinação entre uso diagnóstico e interativo; mas o uso diagnóstico

deve existir sempre. Diversos pesquisadores afirmam que os benefícios potenciais de um

sistema de controle mais orgânico e flexível (interativo) podem ser eliminados com a total

falta de formalidade do ambiente de controle, a empresa pode perder a direção e a efetividade

e que, portanto, o uso diagnóstico é uma rotina organizacional necessária para manter a

organização dentro de um caminho planejado.

Ambos os relatos anteriores são de empresas com fortes características de inovação, que

competem por diferenciação, apresentam conformidade contingencial entre o SCG e a

estratégica mas não atingem o grau esperado de satisfação em função da ausência do uso

diagnóstico dos controles como uma base para o uso interativo. O contrário, no entanto,

também ocorre, empresas que competem por baixo preço, com sistemas de controle

extremamente diagnósticos, orientados para o atingimento das metas, alinhados portanto com

a estratégia, mas que não alcançam o nível esperado de satisfação em função da falta de

perspecitiva de competição, de renovação estratégica e de novas oportunidades. O excesso

de controle diagnóstico em empresas que competem por preço também pode ser percebido de

forma disfuncional pelos usuários do SCG. Haas and Kleingeld (1999) argumentam que o

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uso diagnóstico do SCG não pode ser um fim em si mesmo, mas um meio necessário para

iniciar um diálogo estratégico e permitir o uso interativo do SCG de forma efetiva.

Examine-se, por exemplo, o caso de uma Industria Famacêutica Multinacional, que atua no

mercado nacional, comercializando um produto de nicho através de licitações e competição

por preço. A empresa revela uma estrutura organizacional centralizada e hierarquizada com

ênfase na autoridade formal e sem compartilhamento de visões. O SCG caracteriza-se por

controles formais de resultado, metas orçamentárias com ênfase no curto prazo e controle de

custos. O SCG é restritamente utilizado por profissionais de finanças e por poucos gestores de

outras áreas. O envolvimento da alta administração ocorre, por exceção, quando desvios

significativos são identificados. Embora o SCG esteja totalmente em linha com a estratégia de

baixo custo, o excesso de formalidade, de parâmetros financeiros e o pouco uso interativo dos

controles impedem que os gestores estejam satisfeitos com o ambiente de controle. Prevalece

a reclamação de que o SCG se restringe à uma atmosfera estritamente financeira e que não é

capaz de capturar o potencial de contribuição de outras áreas como, por exemplo, qualidade e

marketing. Segundo Otley (1994, p. 297) com demasiada frequência, sufocamos a criatividade

e o aprendizado por insistir em um bom desempenho em todas as atividades.

“... o Sistema de Controles não explora novas oportunidades, definitivamente não desempenha um papel

importante na formulação da estratégia. Acho que os parâmetros são estritamente financeiros, as avaliações de

performance não estimulam a criatividade e o desenvolvimento da empresa. Os critérios de avaliação de

performance do negócio não consegue mudar para acompanhar o mercado ... Os Controles são utilizados

somente pelo pessoal de finanças e pela alta administração ... A equipe de qualidade fica extremamente frustrada

porque não consegue convencer o pessoal de cima de que a qualidade do produto precisa receber maior

importancia e que pode inclusive contribuir para a estratégia de custo (A area insiste argumentando que existem

perdas economicas no processo de logistica e custo do produto em função da pouca qualidade do serviço de coleta

da matéria prima) só que não tem um forum para esse tipo de debate, a alta administração não recebe input da

area de qualidade e também de outras áreas e isso acaba burocratizando o nosso trabalho. A area de qualidade

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por exemplo dedica-se somente à questões regulatórias de comercialização ...” Relato feito pela Diretora de

Qualidade

Os relatos ajudam a esclarecer que a existência da conformidade contingencial entre o SCG e

a estratégia não é suficiente para o atingimento da satisfação do usuário ainda que este

continue sendo um fator de grande contribuição para a sua adequação. Empresas cujos SCG

apresentam conformidade contingencial com a estratégia de diferenciação queixam-se da

ausência do uso diagnóstico e, por sua vez, empresas com conformidade contingencial entre

SCG e estratégia de custo, reclamam da ausência de monitoramento do mercado, de debate,

interatividade e busca por novas oportunidades. Fica claro que o balanceamento no uso de um

SCG, entre um papel diagnóstico e interativo, impacta a satisfação do usuário e por esse

motivo, propõem-se que a Tensão Dinamica afeta positivamente a satisfação do Usuário do

Sistema de Controle Gerencial. (hipótese 2)

8.2 RESULTADOS QUANTITATIVOS

8.2.1 CONFIABILIDADE DAS ESCALAS

A avaliação da confiabilidade das escalas dos construtos reflexivos deste estudo foi realizada

através do calculo do alfa de Cronbach ( c). Conforme pode ser visto na Tabela 3, todas as

escalas apresentaram valores muito próximos ou acima do mínimo recomendado na literatura

( c = 0,70), o que sugere que são capazes de medir adequadamente os seus respectivos

construtos.

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Escala Número de Itens Alfa de Cronbach ( c)Uso Diagnóstico dos Controles

4 0,941

Uso Interativo dos Controles

6 0,967

Orientação Estratégica 10 0,944

Tipos de Controle 6 0,683

Sistemas de Controle Gerencial

14 0,847

Estrutura Organizacional 4 0,863

Satisfação 8 0,937

Tabela 3 – Coeficientes de Cronbach ( c) das Escalas do Questionário

8.2.2 TESTE DAS HIPÓTESES

8.2.2.1 HIPÓTESE 1

Acredita-se que a conformidade contingencial entre SCG e Estratégia afeta positivamente a

satisfação do usuário do Sistema de Controle Gerencial (hipótese 1). Com o propósito de

testar tal suposição, empregamos primeiramente a operacionalização de conformidade

contingencial de Jermias e Gani (2004) que restringe o papel do SCG à implementação da

estratégica e não contempla o conceito de complementaridade entre os diferentes tipos de uso

do SCG. Em seguida, faz-se um ajuste na forma como a variável conformidade contingencial

é operacionalizada, passando essa a incorporar o conceito de complementaridade.

Conforme esperado, a primeira hipótese do modelo só é confirmada após a realização do

ajuste. Antes da modificação na forma de operacionalização, o F-statistic/Sigma da Regressão

não é statisticamente significante. (p > 0.01). Em sua pesquisa original, Jermias e Gani

(2004) comprovam a hipótese proposta, indicando um relacionamento positivo significativo

entre conformidade contingencial e desempenho. No entanto, sabe-se que a relação entre

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desempenho organizacional e conformidade contingencial revela limitações importantes, já

amplamente discutidas pela Literatura.

Tabela 4 – Resultados da Regressão; Teste da 1º Hipótese

Conforme previsto, a variável conformidade contingencial é adaptada de forma a refletir

simplesmente em que grau determinada empresa utiliza os tipos e ferramentas de controle que

servem especificamente à sua orientação estratégica, sem que haja qualquer impacto negativo

pelo uso de controles complementares. Após o ajuste, um novo teste é realizado e, nesse

caso, o F-statistic da Regressão é estatisticamente significante. (p <0.01; R2 = 0,184). O

relacionamento positivo entre as variáveis é, portanto, comprovado e a Hipótese 1 é

confirmada.

Tabela 5 – Resultados da Regressão; Teste da 1º Hipótese com variável CC ajustada

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8.2.2.2 HIPÓTESE 2

A análise dos resultados qualitativos deixa claro que o balanceamento no uso de um SCG,

entre um papel diagnóstico e interativo, impacta a satisfação do usuário e por esse motivo,

propõem-se que a Tensão Dinamica afeta positivamente a satisfação do Usuário do Sistema

de Controle Gerencial. (hipótese 2) Acredita-se que a TD aumenta o efeito que a

conformidade contingencial causa na satisfação do usuário de um SCG.

O relacionamento positivo entre as variáveis é comprovado. O F-statistic da Regressão é

estatisticamente significante. (p <0.01; R2 = 0,504).

Tabela 6 – Resultados da Regressão; Teste da 2º Hipótese

9 CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES

O que muitos estudos propõem é que se o Sistema de Controle Gerencial estiver alinhado com

a estratégia organizacional tem-se, em maior chance, a efetividade estratégica e o aumento de

competitividade da organização. Embora pareça óbvia a necessidade de conformidade entre

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SCG e estratégia, na prática, no entanto, esse alinhamento nem sempre ocorre. Foi possível

verificar na investigação qualitativa, feita através de entrevistas com usuários do SCG, que

muitas vezes o SCG pode sofrer forte influência da cultura, do estilo de gerenciamento dos

gestores e da estrutura organizacional e estar, em determinado momento da evolução da

organização, em disonância com certa disposição estratégica. Isso ocorre porque buscar o

alinhamento entre SCG e estratégia pode não ser uma tarefa fácil pois estratégia é uma

manisfestação de intenção de ação sobre o ambiente e traduzir uma intenção em ação é

sempre um desafio e fazer isso mediante um ambiente inconstante torna esse desafio ainda

mais complexo.

Os resultados das entrevistas confirmam a relevância da conformidade contingencial entre

SCG e estratégia nos estudos em Contabilidade Gerencial. No campo quantitativo, a

confirmação da hipótese 1 do modelo comprova o impacto que a conformidade contingencial

produz na satisfação do usuário de um SCG e corrobora a importância do alinhamento entre

SCG e estratégia para a efetividade dos controles gerenciais. É importante observar, no

entanto, que a comprovação dessa hipótese só ocorre após a alteração na forma de

operacionalização da variável conformidade contingencial de Jermias e Gani (2004) passando

essa a incorporar o efeito de complementaridade entre tipos e sistemas diferentes de controle.

Esse fato demonstra que a existência de ferramentas de controle complementares, não

relacionados diretamente à estratégia, não compromete a satisfação do usuário do SCG desde

que existam os mecanismos adequados de implementação da estratégia. As entrevistas

também denunciam a necessidade de ajuste na operacionalização de variável, pois foi possível

identificar sistemas de controle em conformidade com a estratégia sem que, no entanto, se

consiga atingir um nível ideal de satisfação. Isso ocorre justamente em função da falta de

balanceamento entre formas diferentes de uso do SCG. Apesar de existir conformidade

contingencial entre o controle e a estratégia, em algumas empresas de diferenciação, o

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sentimento é de falta de direção em função da ausência de controles diagnósticos e em

algumas empresas de baixo custo, por sua vez, o sentimento é de falta de perpectiva futura e

de insegurança em função da ausência do monitoramento do mercado e das incertezas

estratégicas. Os entrevistados parecem sugerir que a existência de outros controles, que vão

além daqueles associados a estratégia, pode ampliar os benefícios que um SCG traz para a

organização, contrariando o que diz a pesquisa contingencial em contabilidade gerencial.

Nessas pesquisas, quase sempre, a presença de controles complementares, não associados

diretamente à estratégia, é considerada disfuncional.

Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que não há esteriótipo rígido de tipo e

uso de controle para cada orientação estratégica. O balanceamento entre diferentes tipos de

uso parece ser tão determinante como a conformidade contingencial para o atingimento da

satisfação do usuário do SCG. A confirmação da Hipótese 2 comprova tal disposição. Após a

inclusão da variável Tensão Dinâmica, o r2 do modelo de regressão passa de 0,18 para 0,50 o

que evidencia o aumento de sua capacidade preditora.

Nas entrevistas, foi identificada a tendência do profissional de controladoria em definir o seu

papel na organização como um agente de efetividade da estratégia mas também de

transformação, em casos de mudanças e renovação estratégica. A forma como o profissional

de controladoria percebe o seu papel explica porque a conformidade entre estrutura de

controle e estratégia não é suficiente para alcançar níveis maiores de satisfação. Esses

profissionais esperam que o SCG os habilite a exercer um papel mais ativo na formulação da

estratégia e, por esse motivo, a capacidade de balanceamento do SCG, entre tipos e usos

diferentes de controle, parece determinar mais efetivamente a satisfação dos usuários. Isso

ocorre porque tal balanceamento promove a flexibilidade necessária para o atingimento de um

equilíbrio entre a inovação, fundamental em momentos de mudança e renovação, e o

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cumprimento das metas, essencial para a efetividade dos negócios. Concluí-se que o emprego

da conformidade contingencial entre SCG e estratégia como única forma de avaliação de um

SCG limita a sua aplicação à implementação da estratégia, negligenciando o papel que o SCG

pode ter na renovação estratégica. A existência da tensão dinâmica parece suprir a demanda

do usuário por esse papel mais ativo do SCG e, por esse motivo, promove maiores níveis de

satisfação.

A pesquisa realizada por Henri (2006) sugere que empresas que enfrentam ambientes de

poucas incertezas e que possuem valores de comunicação vertical, fluxo restrito de

informação e controles rígidos, são negativamente afetadas pela existência de tensão

dinâmica. Nesse estudo, os coeficientes estruturais da variável TD foram baixos nas empresas

que competem por custo. A conclusão do autor é que o fenômeno da tensão dinâmica passa a

ser menos útil, em ambientes estáveis, porque os atributos de diferenciação são menos

críticos, as iniciativas não são encorajadas pela alta administração e, em seu lugar, prevalece a

conformidade. Os resultados obtidos pela presente pesquisa não confirmam o entendimento

de Henri (2006). O fenômeno da Tensão Dinâmica possui contribuição positiva para a

satisfação do usuário tanto em empresas que competem por diferenciação quanto em

empresas que competem por custo validando a idéia central do estudo de NARANJO GIL, D,;

HARTMANN, F. (2006) de que não há um esteriótipo de uso para cada tipo de estratégia.

A confirmação de ambas as hipóteses demonstra que as variáveis conformidade contingencial

e tensão dinâmica representam critérios válidos para mensurar a satisfação do usuário de um

SCG e, portanto, são fatores importantes para a avaliação da adequação de um Sistema de

Controle Gerendcial.

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10 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA PESQUISA FUTURA

Emprega-se uma metodologia quantitativa através da aplicação de um questionário aos

usuários do SCG. As respostas obtidas por meio eletrônico revelaram alguma dificuldade na

compreensão das questões abordadas enquanto as respostas obtidas pessoalmente, após uma

curta entrevista, revelaram um melhor resultado. Em função dessa restrição na aplicação dos

questionários, os dados obtidos para análise de regressão limitaram-se a 76 empresas. Sugere-

se uma ampliação dessa base de dados.

O emprego de metodologia qualitativa, via a realização de entrevistas semi-estruturadas com

os usuários do SCG, parece especialmente adequada para a compreensão da natureza do

fenômeno da tensão dinâmica no dia a dia das organizações. Henri (2006) argumenta que a

metodologia qualitativa é particularmente útil para promover um maior esclarecimento do

assunto. No entanto, é importante perceber a limitação desse recurso no que tange a

generalização dos resultados.

A conformidade contingencial entre SCG e estratégia, tal qual apresentada pela maioria das

pesquisas contingenciais em Contabilidade Gerencial, é medida a partir do seu impacto em

desempenho organizacional. Embora muito se fale sobre a limitação desse parâmetro de

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avaliação, dada a dificuldade em isolar o impacto do SCG em desempenho, seria interessante

inclui-lo no modelo de regressão. Sugere-se incluir o parametro de desempenho, juntamente

com a satisfação, como critérios de avaliação de um SCG. Em um segundo momento, sugere-

se a inclusão do desempenho organizacional, em substituição a satisfação, como único

critério. Dessa forma, pode-se concluir se o desempenho organizacional substitui a satisfação

como forma de avaliação de adequação de um SCG ou se ambos juntos melhoram a

capacidade preditora do modelo.

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO

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Pesquisa em Controle Gerencial

Este questionário faz parte de um projeto de pesquisa do programa de Mestrado em Administração das Faculdades Ibmec-RJ. Ele deve ser respondido por gestores que tenham tido alguma experiência relevante com Sistemas de Controle Gerencial.

É imprescindível que você responda o questionário de forma sincera e criteriosa. Apenas questionários completos e com respostas que efetivamente reflitam as opiniões e percepções do respondente poderão ser consideradas na pesquisa.

Ressaltamos que as informações coletadas são confidenciais e que serão utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa, sempre de forma agregada e sem identificação dos respondentes.

Agradecemos a sua participação!

Dados Demográficos

Seu Nome:Sexo:Idade: Formação Acadêmica: Cargo atual: Tempo no cargo: Tempo na empresa: Nome da Empresa em que trabalha atualmente: Quantidade de funcionários: Setor de atuação da Empresa: Empresa Pública ou Privada: Empresa Nacional ou Multinacional:

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PARTE 1 - USO DO SCGEscala da Resposta: 1 = nunca a = 7, em grande medida

Uso Diagnóstico do SCG

1 Acompanhar o progresso em direção às metas Henri (2006)

2 Comparar os resultados com as metas planejadas Henri (2006)

3 Rever as medidas chaves de performance Henri (2006)

4 Analisar somente as variações significat ivas quando da comparação entre metas e resultados Bisbe e Otley (2004)

Uso Interativo do SCG

5 Discut ir oportunidades de melhoria entre superiores, subordinados e pares Adpatado de Henri (2006)

6 Desafiar continuamente as premissas do négocio e, dessa forma, permitir o debate contínuo do plano de ação. Adpatado de Henri (2006)

7 Possibilitar uma visão comum da organização Henri (2006)

9 Unificar a visão da organização sobre os problemas que afetam o desempenho da organização Henri (2006)

10 Focar as questões críticas para o sucesso da empresa Henri (2006)

11 Desenvolver uma linguagem comum a todos os ges tores e direção Adpatado de Henri (2006)

PARTE 2 - ESTRATÉGIAEscala da resposta: 1 = signif icativamente menor, 7 = significativamente maior (Em comparação com a concorrência)

1 Preço de Venda

2 Percentual das vendas investido em pesquisa e desenvolvimento

3 Percentual das vendas gasto em despesas de marketing

4 Qualidade do produto

5 Carac terísticas do produto

6 Imagem da Marca

7 Lançamento de novos produtos

8 Modif icações e Melhorias no Design do produto

9 Entrega rápida e confiável

10 Suporte pós-venda.

PARTE 3 - TIPO DE CONTROLEEscala de resposta: 1 = sem importância, 7 = controle total

1 Cumprimento das metas estabelecidas de vendas

2 Cumprimento das metas estabelecidas de despesas

3 Cumprimento das metas estabelecidas de participação no mercado (market share)

4 A Decisão a cerca da forma como as metas são atingidas

5 Supervisão regular das decisões tomadas para atingimento das metas

6 Supervisão regular das ações realizadas para atingimento das metas

PARTE 4 - MEDIDASEscala de Resposta: 1 = negligencia, 7 = muito importante

1 Medidas de Performance Orçamentária

2 Análise de Variações

3 Inovações no Sistema de Produção (melhorando processos existentes)

4 Activity Based Costing

5 Outsourcing

6 Vantagens de custo através de alianças específicas com fornecedores

7 Cost-Volume-Profit Analysis

8 Medidas de Satisfação de Clientes

9 Serviço de Entrega pontual e confiável

10 Medidas chaves de produção (Tempo de atendimento, etc)

11 Measures of Quality

12 Benchmarking

14 Planejamento Estratégico

PARTE 5 - AUTONOMIAEscala de Resposta: 1 = nenhuma autonomia 7 = total autonomia

1 Aumentar (além do Budget) o nível de gasto em propaganda e promoção

2 Aumentar o preço de venda do principal produto ou linha de produtos

3 Aumentar (além do Budget) o nível de gasto em pesquisa e desenvolvimento

4 Aumentar (além do Budget) o número de funcionários da empresa (ou seu departamento)

PARTE 6 - SATISFAÇÃOEscala de Resposta: 1 = Discordo fortemente, 7 = Concordo Fortemente

1 Você está satisfeito com o Sistema de Controle Gerencial de sua empresa.

2 Não são necessários ajustes no SCG ou são necessários poucos ajustes

3 As prát icas do SCG estão alinhadas com a estratégia da empresa.

4 As informações geradas pelo SCG produzem impacto efetivo na formulação e/ou implementação da estratégia

6 O SCG melhora a posição competitiva da empresa.

7 O SCG melhora a performance Financeira da empresa

8 O SCG ajuda a manter o foco da empresa nas incertezas estratégicas

9 O SCG agiliza o processo de tomada de decisão, melhorando a habilidade da empresa em explorar novas oportunidades.

O SCG Fornece as informações necessárias para influenciar o comportamentos do membros organizacionais em direção da estratégia. 5

From Johnny Jermias and Lindawati Gan(From Chendall and Langfield-Smith)

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Employee based measures (satisfação dos funcionários, retenção de funcionários, treinamento e habilidade específicas (necessáraos para o novo ambiente competitivo)

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From Johnny Jermias and Lindawati Gan(From Chendall and Langfield-Smith)

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