SÍNTESE DA CENA DO PARVO

1.Percurso Cénico: Cais – Barca do Inferno – Barco do Anjo – fica no cais.

2.Caracterização: Ingénuo, simples, pobre de espírito, humilde, trocista, agressivo, franco e direto.

3.Linguagem: Com o Diabo usa uma linguagem desarticulada, ilógica, com pragas e termos de calão (termos escatológicos); Com o Anjo usa uma linguagem corrente e cortês.

4.Tipos de cómico:

- Linguagem – é visível na linguagem desajustada, cómica e no calão;

- Situação – quando o Diabo é insultado pelo Parvo, perdendo assim a autoridade que evidenciara até então;

- Carácter – resulta da maneira desajustada, provocadora e sem regras de ser e de agir do Parvo.

5. O QUE DISTINGUE O PARVO DAS OUTRAS PERSONAGENS?

- foi a única personagem que, ao saber o destino da barca, enfrentou o Diabo, injuriando-o e rogando-lhe pragas.

- O Parvo fica no cais para fazer comentários e críticas a alguns condenados, tornando-se assim numa espécie de companheiro do Anjo, substituindo-o, por vezes.

- O Parvo apresenta-se como samicas alguém e pergunta ao Anjo se pode entrar na sua barca.

- não traz nenhum objeto, porque em terra não pecou por maldade, levando uma vida de simplicidade e ingenuidade

6. Destino do Parvo: passará para o paraíso porque em terra não pecou por maldade, levando uma vida de simplicidade e ingenuidade.

7. Representatividade da personagem:O parvo não representa qualquer grupo social ou profissional. É um mero elemento a que o autor recorre para melhor caracterizar a sociedade do seu tempo, que marginalizava os pobres de espírito, os mais fracos.

8. Objetivos da cena:

• Esta cena tem uma função cómica, pelo facto do Parvo dizer disparates e usar uma linguagem obscena (calão); além disso vem quebrar a monotonia.

• Tem também uma função crítica, pois o Parvo é a única personagem que critica o Diabo e este não consegue exercer qualquer poder sobre ele;

• O Parvo é mantido em cena, fica no cais, para poder fazer comentários às pretensões de alguns condenados, ou seja, vai ajudar o Anjo no julgamento das personagens.

• Com esta cena Gil Vicente pretendeu criticar a sociedade do século XVI que marginalizava, desprezava os pobres de espírito, não os reconhecendo como partes integrantes da sociedade. Assim, Gil Vicente quer mostrar que os tolos porque não são responsáveis, têm direito ao Paraíso.