Sínodo Dos Bispos 2015 - Lineamenta

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  • XIV Snodo dos Bispos em 2015 - Lineamenta 1

    SNODO DOS BISPOS XIV ASSEMBLEIA GERAL ORDINRIA

    [4-25 de outubro de 2015]

    A vocao e a misso da famlia na Igreja e no mundo contemporneo

    LINEAMENTA

    ITINERRIO PROPOSTO

    PELA CONFERNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA

    1. De 15 de dezembro de 2014 a 25 de maro de 2015: Estudo dos Lineamenta nas

    Dioceses, incluindo institutos de vida consagrada, associaes, obras, movimentos e

    demais instncias eclesiais. Cada Diocese procurar integrar as respostas das vrias

    instituies nela presentes.

    2. Cada Diocese envia ao Secretariado Geral da CEP a sntese de cada uma das questes

    dos Lineamenta (para o email: [email protected]).

    3. O Secretariado Geral far a sntese de todos esses contributos, a ser apresentada na

    Assembleia Plenria da CEP de 13-16 de abril de 2015.

    4. O Secretariado Geral enviar a sntese final ao Secretariado Geral do Snodo dos

    Bispos no dia 15 de abril de 2015, prazo-limite para esse envio.

    5. Os Lineamenta encontram-se na pgina web da CEP [www.conferenciaepiscopal.pt]

    em formatos word e pdf.

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    NDICE

    Prefcio

    Relatio Synodi da III Assembleia Geral Extraordinria. Introduo I Parte - A escuta: o contexto e os desafios sobre a famlia

    O contexto sociocultural A importncia da vida afetiva O desafio para a pastoral II Parte - O olhar para Cristo: o Evangelho da famlia

    O olhar para Jesus e a pedagogia divina na histria da salvao A famlia no plano salvfico de Deus A famlia nos documentos da Igreja A indissolubilidade do matrimnio e a alegria do viver juntos Verdade e beleza da famlia e misericrdia para com as famlias feridas e frgeis III Parte - O confronto: perspetivas pastorais

    Anunciar o Evangelho da famlia hoje, nos vrios contextos Guiar os nubentes no caminho de preparao para o matrimnio Acompanhar os primeiros anos da vida matrimonial Cuidado pastoral dos que vivem no matrimnio civil ou em convivncias Cuidar das famlias feridas (separados, divorciados no recasados, divorciados recasados, famlias monoparentais) A ateno pastoral para com as pessoas com orientao homossexual A transmisso da vida e o desafio da quebra da natalidade O desafio da educao e o papel da famlia na evangelizao Concluso

    Perguntas para o acolhimento e o aprofundamento da Relatio Synodi. Pergunta prvia abrangendo todas as seces da Relatio Synodi Perguntas sobe a I parte A escuta: o contexto e os desafios sobre a famlia O contexto sociocultural (n. 5-8) A importncia da vida afetiva (n. 9-10) O desafio para a pastoral (n. 11)

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    Perguntas sobre a II Parte O olhar para Cristo: o Evangelho da famlia

    O olhar para Jesus e a pedagogia divina na histria da salvao (n. 12-14) A famlia no plano salvfico de Deus (n. 15-16) A famlia nos documentos da Igreja (n. 17-20) A indissolubilidade do matrimnio e a alegria do viver juntos (n. 21-22) Verdade e beleza da famlia e misericrdia para com as famlias feridas e frgeis (n. 23-28) Perguntas sobre a III Parte O confronto: perspetivas pastorais Anunciar o Evangelho da famlia hoje, nos vrios contextos (n. 29-38) Guiar os nubentes no caminho de preparao para o matrimnio (n. 39-40) Acompanhar os primeiros anos da vida matrimonial (n. 40) Cuidado pastoral dos que vivem no matrimnio civil ou em convivncias (n. 41-43) Cuidar das famlias feridas (separados, divorciados no recasados, divorciados recasados, famlias monoparentais) (n. 44-54) A ateno pastoral para com as pessoas com orientao homossexual (n. 55-56) A transmisso da vida e o desafio da quebra da natalidade (n. 57-59) O desafio da educao e o papel da famlia na evangelizao (n. 60-61)

    PREFCIO Terminada a III Assembleia Geral Extraordinria do Snodo dos Bispos sobre Os desafios pastorais sobre a famlia no contexto da evangelizao, celebrada em 2014, o Papa Francisco decidiu tornar pblica a Relatio Synodi, documento que concluiu os trabalhos sinodais. Ao mesmo tempo, o Santo Padre estabeleceu que esse documento servisse de Lineamenta para a XIV Assembleia Geral Ordinria sobre o tema A vocao e a misso da famlia na Igreja e no mundo contemporneo, a realizar de 4 a 25 de outubro de 2015. A Relatio Synodi, enviada como Lineamenta, terminava com as seguintes palavras: As reflexes propostas, fruto do trabalho sinodal realizado com grande liberdade e num estilo de recproca escuta, procuram lanar questes e indicar perspetivas, que devero ser amadurecidas e definidas na reflexo das Igrejas locais, no ano que nos separa da Assembleia Geral Ordinria do Snodo dos Bispos (Relatio Synodi n. 62). Foi acrescentada aos Lineamenta uma srie de perguntas para conhecer o acolhimento que teria o documento e solicitar o aprofundamento do trabalho iniciado na Assembleia Extraordinria. Trata-se de repensar com renovada frescura e entusiasmo o que a revelao, transmitida na f da Igreja, nos diz sobre a beleza, a funo e a dignidade da famlia (Relatio Synodi, n. 4). Nesta perspetiva, somos chamados a viver um ano para amadurecer, com verdadeiro discernimento espiritual, as ideias propostas e encontrar solues concretas para tantas dificuldades e os inmeros desafios que as famlias devem enfrentar (Papa Francisco, Discurso na sesso de encerramento, 18 de outubro de 2014). O resultado desta consulta, juntamente com a Relatio Synodi, dar o material para o Instrumentum laboris da XIV Assembleia Geral Ordinria de 2015. Convidam-se as Conferncias Episcopais a escolher as modalidades adequadas ao efeito, envolvendo todos os componentes das Igrejas particulares e instituies acadmicas, organizaes, grupos laicais e outras instncias eclesiais.

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    RELATIO SYNODI da III Assembleia Geral Extraordinria

    (5-19 de outubro de 2014)

    INTRODUO 1. O Snodo dos Bispos reunido com o Papa dirige o seu pensamento a todas as famlias do mundo com as suas alegrias, as suas canseiras, as suas esperanas. De modo especial, sente o dever de agradecer ao Senhor pela generosa fidelidade com que tantas famlias crists respondem sua vocao e misso. E respondem com alegria e com f, tambm quando o caminho familiar as pe diante de obstculos, incompreenses e sofrimentos. A essas famlias vai o apreo, o agradecimento e o encorajamento de toda a Igreja e deste Snodo. Na viglia de orao celebrada na Praa de So Pedro, sbado, 4 de outubro de 2014, em preparao do Snodo sobre a famlia, o Papa Francisco evocou de maneira simples e concreta a centralidade da experincia familiar na vida de todos, exprimindo-se assim: J desce a noite sobre a nossa assembleia. a hora em que de bom grado se regressa a casa para se reunir mesma mesa na consistncia dos afetos, do bem que se fez e se recebeu, dos encontros que aquecem o corao e o fazem dilatar, vinho bom que antecipa, nos dias do homem, a festa sem ocaso. Mas tambm a hora mais pesada para quem se v cara a cara com a prpria solido, no crepsculo amargo de sonhos e projetos desfeitos. Quantas pessoas arrastam os seus dias no beco sem sada da resignao, do abandono, se no mesmo do rancor! Em quantas casas falta o vinho da alegria e, consequentemente, o sabor a prpria sabedoria da vida! Nesta noite, com a nossa orao, fazemo-nos voz de uns e de outros: uma orao por todos. 2. Seio de alegrias e de provaes, de afetos profundos e de relaes por vezes feridas, a famlia verdadeiramente escola de humanidade (cf. Gaudium et spes, 52), de que se sente uma forte necessidade. No obstante os muitos sinais de crise da instituio familiar nos vrios contextos da aldeia global, o desejo de famlia continua vivo, sobretudo entre os jovens, e encoraja a Igreja, perita em humanidade e fiel sua misso, a anunciar sem cessar e com profunda convico o Evangelho da famlia, que lhe foi confiado com uma revelao do amor de Deus em Jesus Cristo e ininterruptamente ensinado pelos Padres, os Mestres da espiritualidade e o Magistrio da Igreja. A famlia tem para a Igreja uma importncia muito especial e, quando todos os crentes so convidados a sair de si mesmos, necessrio que a famlia se redescubra como sujeito imprescindvel para a evangelizao. O pensamento vai para o testemunho missionrio de tantas famlias. 3. O Bispo de Roma convocou para refletir sobre a realidade da famlia, decisiva e preciosa, o Snodo dos Bispos, na sua Assembleia geral extraordinria de outubro de 2014, reflexo a aprofundar, depois, na Assembleia geral ordinria, que ter lugar em outubro de 2015, bem como ao longo do ano inteiro que medeia os dois eventos sinodais. J o reunir in unum volta do Bispo de Roma evento de graa, onde a colegialidade se manifesta num caminho de discernimento espiritual e pastoral: foi como o Papa Francisco descreveu a experincia sinodal, indicando as suas tarefas na dplice escuta dos sinais de Deus e da histria dos homens e na dplice e nica fidelidade que da deriva.

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    4. luz do mesmo discurso, recolhemos os resultados das nossas reflexes e dos nossos dilogos nas trs partes seguintes: a escuta, para olhar para a realidade da famlia hoje, na complexidade das suas luzes e das suas sombras; o olhar fixo em Cristo, para repensar com renovada frescura e entusiasmo o que a revelao, transmitida na f da Igreja, nos diz sobre a beleza, a funo e a dignidade da famlia; o confronto luz do Senhor Jesus, para discernir os caminhos com que renovar a Igreja e a sociedade no seu empenho em favor da famlia, fundada sobre o matrimnio entre homem e mulher.

    Primeira parte A escuta: o contexto e os desafios sobre a famlia

    O contexto sociocultural 5. Fiis ao ensinamento de Cristo, olhamos para a realidade da famlia hoje em toda a sua complexidade, nas suas luzes e nas suas sombras. Pensamos nos pais, nos avs, nos irmos e irms, nos parentes prximos e distantes, e na relao entre duas famlias que cada matrimnio cria. A mudana antropolgico-cultural influencia hoje todos os aspetos da vida e exige uma abordagem analtica e diversificada. Sublinham-se em primeiro lugar os aspetos positivos: a maior liberdade de expresso e o melhor reconhecimento dos direitos da mulher e das crianas, ao menos nalgumas regies. Mas, por outro lado, h tambm a considerar o crescente perigo, representado por um individualismo exasperado, que desnatura os laos familiares e acaba por considerar cada componente da famlia como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constri segundo os prprios desejos, tomados como um absoluto. A isso acrescente-se tambm a crise de f, que atingiu tantos catlicos e que muitas vezes est na origem das crises do matrimnio e da famlia. 6. Uma das maiores pobrezas da cultura atual a solido, fruto da ausncia de Deus na vida das pessoas e da fragilidade das relaes. Existe tambm uma sensao geral de impotncia em relao realidade socioeconmica que, muitas vezes, acaba por esmagar as famlias. Isso sucede pela crescente pobreza e precariedade do trabalho, por vezes vivida como um verdadeiro pesadelo, ou por uma fiscalidade demasiado pesada, que certamente no encoraja os jovens ao matrimnio. No raramente, as famlias sentem-se abandonadas pelo desinteresse e pouca ateno por parte das instituies. As consequncias negativas do ponto de vista da organizao social so evidentes: da crise demogrfica s dificuldades educativas, da fadiga de acolher a vida nascente ao sentir a presena dos ancios como um peso, at difuso de um mal-estar afetivo, que, por vezes, termina em violncia. responsabilidade do Estado criar as condies legislativas e de trabalho, para garantir o futuro dos jovens e ajud-los a realizar o seu projeto de fundar uma famlia. 7. H contextos culturais e religiosos que lanam particulares desafios. Nalgumas sociedades, ainda est em vigor a prtica da poligamia e, nalguns contextos tradicionais, o costume do matrimnio por etapas. Noutros contextos, mantm-se a prtica dos matrimnios combinados. Nos Pases onde a presena da Igreja Catlica minoritria, so numerosos os matrimnios mistos e com disparidade de culto, com todas as dificuldades que comportam, em termos de configurao jurdica, de batismo e de educao dos filhos e no recproco respeito do ponto de vista da diversidade da f. Nestes matrimnios, pode correr-se o perigo do relativismo ou da indiferena, mas tambm pode existir a possibilidade de favorecer o esprito ecumnico e o

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    dilogo inter-religioso, numa harmoniosa convivncia de comunidades que vivem no mesmo lugar. Em muitos contextos, no s ocidentais, vai-se difundindo amplamente a prtica da convivncia antes do matrimnio ou mesmo de convivncias no orientadas para assumir a forma de um vnculo institucional. A isso junta-se frequentemente uma legislao civil que compromete o matrimnio e a famlia. Devido secularizao, em muitas partes do mundo a referncia a Deus enfraqueceu enormemente e a f deixou de ser socialmente partilhada. 8. So muitas as crianas que nascem fora do matrimnio, sobretudo nalguns Pases, e muitas as que, depois, crescem s com um dos pais ou num contexto familiar alargado ou reconstitudo. O nmero dos divrcios cresce e no raro o caso de escolhas feitas unicamente por fatores de ordem econmica. As crianas so muitas vezes objeto de disputa entre os pais e os filhos so as verdadeiras vtimas das laceraes familiares. Os pais esto muitas vezes ausentes, no s por razes econmicas, onde, ao invs, sentida a necessidade que eles assumam mais claramente a responsabilidade dos filhos e da famlia. A dignidade da mulher precisa ainda de ser defendida e promovida. De facto, hoje, em muitos contextos, o ser mulher alvo de discriminao, e at o dom da maternidade muitas vezes penalizado, em vez de ser apresentado como um valor. No se devem esquecer tambm os crescentes fenmenos de violncia, de que as mulheres so vtimas, muitas vezes e, infelizmente, tambm no seio das famlias, e a grave e difusa mutilao genital da mulher nalgumas culturas. A explorao sexual da infncia constitui, outrossim, uma das realidades mais escandalosas e perversas da sociedade atual. Tambm as sociedades atravessadas pela violncia resultante da guerra, do terrorismo ou da presena da criminalidade organizada conhecem situaes familiares deterioradas e, sobretudo nas grandes metrpoles e suas periferias, cresce o chamado fenmeno dos meninos da rua. E as migraes so outro sinal dos tempos, que se deve enfrentar e compreender, com todo o peso de consequncias sobre a vida familiar. A importncia da vida afetiva 9. Neste quadro social que foi delineado, encontra-se em muitas partes do mundo, nos indivduos, uma maior necessidade de cuidar da prpria pessoa, de se conhecer interiormente, de viver melhor em sintonia com as prprias emoes e os prprios sentimentos, de procurar relaes afetivas de qualidade; essa justa aspirao pode abrir ao desejo de se empenhar na construo de relaes de doao e reciprocidade criativas, responsabilizantes e solidrias como as familiares. O perigo individualista e o risco de viver em chave egostica so relevantes. O desafio que se pe Igreja ajudar os casais na maturao da dimenso emocional e no desenvolvimento afetivo, atravs da promoo do dilogo, da virtude e da confiana no amor misericordioso de Deus. O empenho total, que o matrimnio cristo exige, pode ser um forte antdoto tentao de um individualismo egostico. 10. No mundo atual, no faltam tendncias culturais que parecem impor uma afetividade sem limites, de que se querem explorar todos os meandros, mesmo os mais complexos. De facto, a questo da fragilidade afetiva de grande atualidade: uma afetividade narcisista, instvel e mutvel, que nem sempre ajuda os sujeitos a alcanar uma maior maturidade. preocupante uma certa difuso da pornografia e da comercializao do corpo, favorecida por um uso distorcido da internet, e h que denunciar a situao das pessoas que so obrigadas a praticar a prostituio. Neste contexto, os casais ficam, por vezes, incertos, hesitantes, e a custo encontram os modos para crescer. So muitos os que tendem a ficar nas fases primrias da vida emocional e sexual. A crise do casal destabiliza a famlia e pode acarretar, atravs das separaes e dos divrcios, srias consequncias para os adultos, os filhos e a sociedade, enfraquecendo o indivduo e os laos

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    sociais. Tambm a quebra demogrfica, resultante de uma mentalidade antinatalista e promovida pelas polticas mundiais de sade reprodutiva, no s determina uma situao, em que o revezar das geraes j no assegurado, mas corre o risco de levar, com o tempo, a um empobrecimento econmico e a uma perda de esperana no futuro. O progresso das biotecnologias teve tambm ele um forte impacto sobre a natalidade. O desafio para a pastoral 11. Neste contexto, a Igreja sente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperana. H que partir da convico de que o homem vem de Deus e que, portanto, uma reflexo capaz de repropor as grandes perguntas sobre o ser homens pode encontrar um terreno frtil nas expetativas mais profundas da humanidade. Os grandes valores do matrimnio e da famlia crist correspondem procura que atravessa a existncia humana, mesmo num tempo marcado pelo individualismo e pelo hedonismo. H que acolher as pessoas com a sua existncia concreta, saber apoiar essa procura, encorajar o desejo de Deus e a vontade de sentir-se plenamente parte da Igreja, tambm em quem fez experincia do fracasso ou se encontra nas situaes mais diversificadas. A mensagem crist traz sempre em si a realidade e a dinmica da misericrdia e da verdade, que em Cristo convergem.

    Segunda parte O olhar para Cristo: o Evangelho da famlia

    O olhar para Jesus e a pedagogia divina na histria da salvao 12. Para verificar o nosso passo no terreno dos desafios contemporneos, a condio decisiva manter o olhar fixo em Jesus Cristo, deter-se na contemplao e adorao do seu rosto [...]. Na verdade, todas as vezes que voltamos fonte da experincia crist, abrem-se novas estradas e possibilidades inimaginveis (Papa Francisco, Discurso de 4 de outubro de 2014). Jesus olhou com amor e ternura para os homens e mulheres que encontrou, acompanhando os seus passos com verdade, pacincia e misericrdia, ao anunciar as exigncias do Reino de Deus. 13. Dado que a ordem da criao determinada pela orientao a Cristo, necessrio distinguir, sem os separar, os diversos gaus atravs dos quais Deus comunica humanidade a graa da aliana. Em razo da pedagogia divina, segundo a qual a ordem da criao evolui para a da redeno por etapas sucessivas, h que compreender a novidade do sacramento nupcial cristo em continuidade com o matrimnio natural das origens. Entende-se, portanto, aqui o modo de agir salvfico de Deus, tanto na criao como na vida crist. Na criao: porque tudo foi feito por meio de Cristo e em vista dEle (cf. Col 1,16), os cristos tm a alegria de descobrir e esto prontos a respeitar as sementes do Verbo que a se encontram escondidas; devem seguir atentamente a transformao profunda que se verifica entre os povos (Ad gentes, 11). Na vida crist: enquanto, com o batismo, o crente inserido na Igreja mediante a Igreja domstica, que a sua famlia, realiza o processo dinmico, que avana gradualmente com a progressiva integrao dos dons de Deus (Familiaris consortio, 9), mediante a constante converso ao amor, que salva do pecado e d plenitude de vida. 14. O prprio Jesus, referindo-se ao plano primignio sobre o casal humano, reafirma a unio indissolvel entre o homem e a mulher, embora dizendo que pela dureza do vosso corao

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    Moiss permitiu-vos repudiar as vossas mulheres, mas no princpio no era assim (Mt 19,8). A indissolubilidade do matrimnio (no separe, portanto, o homem o que Deus uniu, Mt 19,6) no deve ser entendida antes de mais como jugo imposto aos homens, mas como um dom feito s pessoas unidas em matrimnio. Dessa maneira, Jesus mostra como a condescendncia divina acompanha sempre o caminho humano, cura e transforma o corao endurecido com a sua graa, orientando-o para o seu princpio, atravs do caminho da cruz. Dos Evangelhos emerge claramente o exemplo de Jesus, que paradigmtico para a Igreja. Jesus, de facto, assumiu uma famlia, deu incio aos sinais na festa nupcial de Can, anunciou a mensagem sobre o significado do matrimnio como plenitude da revelao que recupera o projeto originrio de Deus (Mt 19,3). Mas, ao mesmo tempo, ps em prtica a doutrina ensinada, manifestando assim o verdadeiro significado da misericrdia. o que aparece claramente nos encontros com a samaritana (Jo 4,1-30) e com a adltera (Jo 8,1-11), em que Jesus, com uma atitude de amor para com a pessoa pecadora, leva ao arrependimento e converso (vai e no voltes a pecar), condio para o perdo. A famlia no plano salvfico de Deus 15. As palavras de vida eterna que Jesus deixou aos seus discpulos incluam o ensinamento sobre o matrimnio e a famlia. Esse ensinamento de Jesus permite distinguir, em trs etapas fundamentais, o projeto de Deus sobre o matrimnio e a famlia. No incio, h a famlia das origens, quando Deus criador instituiu o matrimnio primordial entre Ado e Eva, como slido fundamento da famlia. Deus no s criou o ser humano homem e mulher (Gen 1,27), mas tambm os abenoou para que fossem fecundos e se multiplicassem (Gen 1,28). Por isso, o homem deixar o seu pai e a sua me e se unir sua mulher, e os dois sero uma s carne (Gen 2,24). Esta unio foi danificada pelo pecado e tornou-se a forma histrica de matrimnio no Povo de Deus, a quem Moiss concedeu a possibilidade de passar um atestado de divrcio (cf. Dt 24,1ss). Era a forma que prevalecia nos tempos de Jesus. Com a sua vinda e a reconciliao do mundo cado graas redeno por Ele operada, terminou a era inaugurada com Moiss. 16. Jesus, que reconciliou todas as coisas em Si, elevou o matrimnio e a famlia sua forma original (cf. Mc 10,1-12). A famlia e o matrimnio foram remidos por Cristo (cf. Ef 5,21-32), restaurados imagem da Santssima Trindade, mistrio donde provm todo o verdadeiro amor. A aliana esponsal, inaugurada na criao e revelada na histria da salvao, recebe a plena revelao do seu significado em Cristo e na sua Igreja. De Cristo, atravs da Igreja, o matrimnio e a famlia recebem a graa necessria para testemunhar o amor de Deus e viver a vida de comunho. O Evangelho da famlia atravessa a histria do mundo, desde a criao do homem imagem e semelhana de Deus (cf. Gen 1,26-27) at realizao do mistrio da Aliana em Cristo no fim dos sculos com as npcias do Cordeiro (cf. Ap 19,9; Joo Paulo II, Catequeses sobre o amor humano). A famlia nos documentos da Igreja 17. Com o decorrer dos sculos, a Igreja no deixou faltar o seu constante ensinamento sobre matrimnio e famlia. Uma das expresses mais altas deste Magistrio foi proposta pelo Conclio Ecumnico Vaticano II, na Constituio pastoral Gaudium et spes, que dedica um captulo inteiro promoo da dignidade do matrimnio e da famlia (cf. GS 47-52). Ele definiu o matrimnio como comunidade de vida e de amor (cf. GS 48), colocando o amor no centro da famlia, mostrando, ao mesmo tempo, a verdade deste amor face s diversas formas de reducionismo presentes na cultura contempornea. O "verdadeiro amor entre marido e esposa" (GS 49) implica a doao

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    recproca de si, inclui e integra a dimenso sexual e a afetividade, correspondendo ao desgnio divino (cf. GS 48-49). Alm disso, a Gaudium et spes, no nmero 48, frisa a radicao dos esposos em Cristo: Cristo Senhor "vem ao encontro dos cnjuges cristos no sacramento do matrimnio", e com eles permanece. Na encarnao, Ele assume o amor humano, purifica-o, leva-o plenitude e doa aos esposos, com o seu Esprito, a capacidade de o viver, permeando toda a sua vida de f, esperana e caridade. Deste modo os esposos so como que consagrados e, mediante uma graa prpria, edificam o Corpo de Cristo e constituem uma Igreja domstica (cf. LG 11), de modo que a Igreja, para compreender plenamente o seu mistrio, olha para a famlia crist, que o manifesta de modo genuno (Instrumentum laboris, n. 4). 18. Em continuidade com o Conclio Vaticano II, o Magistrio pontifcio aprofundou a doutrina sobre o matrimnio e sobre a famlia. Em particular Paulo VI, com a Encclica Humanae vitae, evidenciou o vnculo ntimo entre amor conjugal e gerao da vida. So Joo Paulo II dedicou famlia uma ateno especial atravs das suas catequeses sobre o amor humano, da Carta s famlias (Gratissimam sane) e sobretudo com a Exortao Apostlica Familiaris consortio. Nestes documentos, o Pontfice definiu a famlia "caminho da Igreja"; ofereceu uma viso de conjunto sobre a vocao do homem e da mulher para o amor; props as linhas fundamentais para a pastoral da famlia e para a presena da famlia na sociedade. Em particular, ao tratar a caridade conjugal (cf. FC 13), descreveu o modo como os cnjuges, no seu amor recproco, recebem o dom do Esprito de Cristo e vivem a sua chamada santidade (Instrumentum laboris, n. 5). 19. Bento XVI, na Encclica Deus caritas est, retomou o tema da verdade do amor entre homem e mulher, que s se ilumina plenamente luz do amor de Cristo crucificado (cf. DCE 2). Ele reafirma como: "O matrimnio baseado num amor exclusivo e definitivo torna-se o cone do relacionamento de Deus com o seu povo e, vice-versa, o modo de Deus amar torna-se a medida do amor humano" (DCE 11). Alm disso, na Encclica Caritas in veritate, ele evidencia a importncia do amor como princpio de vida na sociedade (cf. CV 44), lugar no qual se aprende a experincia do bem comum (Instrumentum laboris, n. 6). 20. O Papa Francisco, na Encclica Lumen fidei, ao tratar o vnculo entre a famlia e a f, escreve: "o encontro com Cristo, o deixar-se conquistar e guiar pelo seu amor alarga o horizonte da existncia, d-lhe uma esperana firme que no desilude. A f no um refgio para gente sem coragem, mas a dilatao da vida: faz descobrir um grande chamamento a vocao ao amor e assegura que este amor fivel, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra na fidelidade de Deus, que mais forte do que toda a nossa fragilidade" (LF 53) (Instrumentum laboris, 7). A indissolubilidade do matrimnio e a alegria do viver juntos 21. O dom recproco, constitutivo do matrimnio sacramental, est radicado na graa do batismo, que estabelece a aliana fundamental de cada pessoa com Cristo na Igreja. No recproco acolhimento e com a graa de Cristo, os nubentes prometem um ao outro dom total, fidelidade e abertura vida, reconhecem como elementos constitutivos do matrimnio os dons que Deus lhes oferece, levam a srio o seu mtuo empenho, no seu nome e perante a Igreja. Assim, na f possvel assumir os bens do matrimnio como empenhos reforados pela ajuda da graa do sacramento. Deus consagra o amor dos esposos e confirma a sua indissolubilidade, dando-lhes ajuda para viverem a fidelidade, a integrao recproca e a abertura vida. Portanto, o olhar da Igreja dirige-se aos esposos como ao corao da famlia inteira, que dirige, tambm ela, o olhar para Jesus.

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    22. Na mesma perspetiva, fazendo nosso o ensinamento do Apstolo, segundo o qual toda a criao foi pensada em Cristo e em vista dEle (cf. Col 1,16), o Conclio Vaticano II quis exprimir apreo pelo matrimnio natural e pelos elementos vlidos presentes nas outras religies (cf. Nostra aetate, 2) e nas culturas no obstante os seus limites e carncias (cf. Redemptoris missio, 55). A presena dos semina Verbi nas culturas (cf. Ad gentes, 11) poderia ser aplicada, de certa maneira, tambm realidade matrimonial e familiar de tantas culturas e pessoas no crists. H, portanto, elementos vlidos tambm nalgumas formas fora do matrimnio cristo sempre fundado sobre a relao estvel e verdadeira de um homem e uma mulher , que, em todo o caso, consideramos estarem a ele orientadas. Com o olhar posto na sabedoria humana dos povos e das culturas, a Igreja reconhece tambm essa famlia como a clula basilar necessria e fecunda da convivncia humana. Verdade e beleza da famlia e misericrdia para com as famlias feridas e frgeis 23. Com ntima alegria e profunda consolao, a Igreja olha para as famlias que se mantm fiis aos ensinamentos do Evangelho, agradecendo e encorajando o testemunho que do. Pois graas a elas que se torna credvel a beleza do matrimnio indissolvel e fiel para sempre. Na famlia, que poderia chamar-se Igreja domstica (Lumen gentium, 11), amadurece a primeira experincia eclesial da comunho entre pessoas, em que se reflete, pela graa, o mistrio da Santssima Trindade. aqui que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdo generoso e sempre renovado e, sobretudo, o culto divino, pela orao e o oferecimento da prpria vida (Catecismo da Igreja Catlica, 1657). A Sagrada Famlia de Nazar o seu admirvel modelo, em cuja escola se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e sermos discpulos de Cristo (Paolo VI, Alocuo em Nazar, 5 de janeiro de 1964). O Evangelho da famlia nutre tambm as sementes que ainda esperam para amadurecer, e deve cuidar das rvores que secaram e precisam que no sejam negligenciadas. 24. A Igreja, como mestra segura e me solcita, embora admita que para os batizados no h outro vnculo nupcial alm do sacramental, e que toda a rutura deste contra a vontade de Deus, tambm consciente da fragilidade de muitos dos seus filhos, que sentem dificuldade no caminho da f. Portanto, sem diminuir o valor do ideal evanglico, preciso acompanhar, com misericrdia e pacincia, as possveis etapas de crescimento das pessoas, que se vo construindo dia aps dia. [] Um pequeno passo, no meio de grandes limitaes humanas, pode ser mais agradvel a Deus do que a vida externamente correta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar grandes dificuldades. A todos deve chegar a consolao e o estmulo do amor salvfico de Deus, que opera misteriosamente em cada pessoa, para alm dos seus defeitos e das suas quedas (Evangelii gaudium, 44). 25. Para uma abordagem pastoral s pessoas que contraram um matrimnio civil, que esto divorciadas e voltaram a casar ou que simplesmente convivem, compete Igreja revelar-lhes a divina pedagogia da graa nas suas vidas e ajud-las a alcanar a plenitude do plano de Deus nelas. Seguindo o olhar de Cristo, cuja luz ilumina todo o homem (cf. Jo 1,9; Gaudium et spes, 22), a Igreja dirige-se com amor aos que participam na sua vida de forma incompleta, reconhecendo que a graa de Deus opera tambm nas suas vidas, encorajando-as a praticar o bem, a cuidarem um do outro com amor e a estarem ao servio da comunidade em que vivem e trabalham. 26. A Igreja olha com apreenso para a desconfiana que tantos jovens tm no empenho conjugal, sofre pela precipitao com que tantos fiis decidem pr fim ao vnculo assumido, criando um

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    outro. Estes fiis, que fazem parte da Igreja, precisam de uma ateno pastoral misericordiosa e encorajadora, distinguindo de forma adequada as situaes. Os jovens batizados devem ser encorajados a no hesitar perante a riqueza que o sacramento do matrimnio d aos seus projetos de amor, fortes do apoio que recebem da graa de Cristo e da possibilidade de participar plenamente na vida da Igreja. 27. Nesse sentido, uma dimenso nova da pastoral familiar hodierna consiste em prestar ateno realidade dos matrimnios civis entre homem e mulher, aos matrimnios tradicionais e, com as devidas diferenas, tambm s convivncias. Quando a unio atinge uma notvel estabilidade atravs de um vnculo pblico e caraterizada por um afeto profundo, pela responsabilidade para com a prole e pela capacidade de superar as dificuldades, pode ser vista como uma ocasio a acompanhar em ordem ao sacramento do matrimnio. Muitas vezes, porm, a convivncia estabelece-se sem ter em vista um possvel futuro matrimnio e sem inteno alguma de estabelecer uma relao institucional. 28. Imitando o olhar misericordioso de Jesus, a Igreja deve acompanhar com ateno e solicitude os seus filhos mais frgeis, marcados pelo amor ferido e perdido, restituindo-lhes confiana e esperana, como a luz do farol de um porto ou de um archote trazido para o meio das pessoas, para iluminar os que perderam a rota ou se encontram no meio da tempestade. Conscientes de que a maior misericrdia dizer a verdade com amor, temos que ir alm da compaixo. O amor misericordioso, como atrai e une, tambm transforma e eleva; convida converso. assim que entendemos a atitude do Senhor, que no condena a mulher adltera, mas pede-lhe para no voltar a pecar (cf. Jo 8,1-11).

    Terceira parte O confronto: perspetivas pastorais

    Anunciar o Evangelho da famlia hoje, nos vrios contextos 29. O dilogo sinodal deteve-se sobre algumas instncias pastorais mais urgentes, cuja concretizao confia a cada Igreja local, em comunho cum Petro et sub Petro. O anncio do Evangelho da famlia uma urgncia para a nova evangelizao. A Igreja chamada a faz-lo com ternura de me e clareza de mestra (cf. Ef 4,15), na fidelidade knose misericordiosa de Cristo. A verdade encarna-se na fragilidade humana, no para a condenar, mas para salv-la (cf. Jo 3,16-17). 30. Evangelizar uma responsabilidade de todo o povo de Deus, cada um segundo o seu ministrio e carisma. Sem o testemunho alegre dos cnjuges e das famlias, igrejas domsticas, o anncio, mesmo se correto, corre o risco de no ser compreendido ou de se afogar no mar de palavras que carateriza a nossa sociedade (cf. Novo millennio ineunte, 50). Os Padres sinodais sublinharam repetidas vezes que as famlias catlicas, em fora da graa do sacramento nupcial, so chamadas a ser, elas mesmas, sujeitos ativos da pastoral familiar. 31. Ser decisivo realar o primado da graa e, portanto, as possibilidades que o Esprito d no sacramento. Trata-se de fazer experimentar que o Evangelho da famlia alegria que enche o corao e a vida inteira, porque em Cristo somos libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento (Evangelii gaudium, 1). luz da parbola do semeador (cf. Mt 13,3), a

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    nossa funo cooperar no semear: o resto obra de Deus. No se esquea, por outro lado, que a Igreja, que prega sobre a famlia, sinal de contradio. 32. Por isso, pede-se a toda a Igreja uma converso missionria: necessrio no ficar num anncio meramente terico e desligado dos problemas reais das pessoas. Nunca se deve esquecer que a crise da f trouxe uma crise do matrimnio e da famlia e, como consequncia, interrompeu-se a transmisso da mesma f de pais para filhos. Perante uma f forte, a imposio de certas perspetivas culturais que enfraquecem a famlia e o matrimnio no tem incidncia. 33. A converso deve fazer-se tambm na linguagem, para que esta seja efetivamente significativa. O anncio deve levar experincia de que o Evangelho da famlia uma resposta s expetativas mais profundas da pessoa humana: sua dignidade e realizao plena na reciprocidade, na comunho e na fecundidade. No se trata apenas de apresentar uma normativa, mas de propor valores, respondendo necessidade que se sente deles, hoje constatada tambm nos Pases mais secularizados. 34. A Palavra de Deus fonte de vida e espiritualidade para a famlia. Toda a pastoral familiar dever deixar-se modelar interiormente e formar os membros da Igreja domstica atravs da leitura orante e eclesial da Sagrada Escritura. A Palavra de Deus no s uma boa nova para a vida privada das pessoas, mas tambm um critrio de juzo e uma luz para o discernimento dos diversos desafios com que se confrontam os cnjuges e as famlias. 35. Ao mesmo tempo, muitos Padres sinodais insistiram sobre uma atitude mais positiva em relao s diversas experincias religiosas, sem omitir as suas dificuldades. Nestas diversas realidades religiosas e na grande diversidade cultural que carateriza as Naes, oportuno comear por apreciar as suas possibilidades positivas e, luz das mesmas, avaliar limites e carncias. 36. O matrimnio cristo uma vocao que se acolhe com uma adequada preparao num itinerrio de f, com um discernimento maduro, no se devendo consider-lo apenas como uma tradio cultural ou uma exigncia social ou jurdica. Por isso, necessrio realizar percursos que acompanhem a pessoa e o casal, de modo que comunicao dos contedos da f se una a experincia de vida oferecida por toda a comunidade eclesial. 37. Foi repetidamente lembrada a necessidade de uma radical renovao da prtica pastoral luz do Evangelho da famlia, superando as ticas individualistas que ainda a caracterizam. Para isso, vrias vezes se insistiu sobre a renovao da formao dos presbteros, dos diconos, dos catequistas e dos outros agentes pastorais, mediante um maior envolvimento das prprias famlias. 38. Foi igualmente sublinhada a necessidade de uma evangelizao que denuncie com franqueza os condicionamentos culturais, sociais, polticos e econmicos, como o excessivo espao dado lgica do mercado, que impedem uma autntica vida familiar, criando discriminaes, pobreza, excluses, violncia. Da que se desenvolva um dilogo e uma cooperao com as estruturas sociais, e se encorajem e se apoiem os leigos a se empenharem, como cristos, no mbito cultural e sociopoltico.

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    Guiar os nubentes no caminho de preparao para o matrimnio 39. A complexa realidade social e os desafios que a famlia hoje chamada a enfrentar exigem um maior empenho de toda a comunidade crist na preparao dos nubentes para o matrimnio. H que recordar a importncia das virtudes. Entre elas, a castidade condio preciosa para o crescimento genuno do amor interpessoal. Sobre esta necessidade, os Padres sinodais so unnimes em sublinhar a exigncia de um maior envolvimento de toda a comunidade, privilegiando o testemunho das prprias famlias, alm de uma insero da preparao ao matrimnio no caminho de iniciao crist, sublinhando a ligao do matrimnio com o batismo e os outros sacramentos. Foi, ao mesmo tempo, posta em evidncia a necessidade de programas especficos para a preparao prxima ao matrimnio, que sejam uma verdadeira experincia de participao na vida eclesial e aprofundam os diversos aspetos da vida familiar. Acompanhar os primeiros anos da vida matrimonial 40. Os primeiros anos de matrimnio so um perodo vital e delicado, no qual os casais crescem conscientes dos desafios e do significado do matrimnio. Da a exigncia de um acompanhamento pastoral que continue depois da celebrao do sacramento (cf. Familiaris consortio, parte III). de grande importncia nesta pastoral a presena de casais de esposos com experincia. A parquia considerada o lugar onde casais experientes podem ser postos disposio dos mais jovens, com o eventual contributo de associaes, movimentos eclesiais e novas comunidades. H que encorajar os esposos a uma atitude fundamental de acolhimento do grande dom dos filhos. Deve sublinhar-se a importncia da espiritualidade familiar, da orao e da participao na Eucaristia dominical, encorajando os casais a se reunirem regularmente para promover o crescimento da vida espiritual e a solidariedade nas exigncias concretas da vida. Liturgias, prticas devocionais e Eucaristias celebradas para as famlias, sobretudo no aniversrio do matrimnio, foram indicadas como sendo vitais para favorecer a evangelizao atravs da famlia. Cuidado pastoral dos que vivem no matrimnio civil ou em convivncias 41. Continuando a anunciar e a promover o matrimnio cristo, o Snodo encoraja tambm o discernimento pastoral das situaes de tantos que j no vivem esta realidade. importante entrar em dilogo pastoral com essas pessoas, a fim de evidenciar os elementos da sua vida, que possam levar a uma maior abertura ao Evangelho do matrimnio na sua plenitude. Os pastores devem identificar elementos que possam favorecer a evangelizao e o crescimento humano e espiritual. Uma sensibilidade nova da pastoral atual consiste em colher os elementos positivos presentes nos matrimnios civis e, com as devidas diferenas, nas convivncias. necessrio que, na proposta eclesial, embora afirmando com clareza a mensagem crist, se indiquem tambm elementos construtivos nas situaes que a ela no correspondem ou j no correspondem. 42. Notou-se tambm que, em muitos Pases, um nmero crescente de casais convive ad experimentum, sem um matrimnio nem cannico nem civil (Instrumentum laboris, 81). Nalguns Pases, isso verifica-se sobretudo no matrimnio tradicional, concertado entre famlias e, muitas vezes, celebrado em vrias etapas. Noutros Pases, porm, cresce o nmero dos que, depois de terem vivido juntos por um longo perodo de tempo, pedem a celebrao do matrimnio na Igreja. A simples convivncia , muitas vezes, preferida por causa da mentalidade geral contrria s instituies e aos empenhos definitivos, mas tambm pela espera de uma segurana existencial (trabalho e salrio fixo). Noutros Pases, por fim, as unies de facto so muito numerosas, no s pela recusa dos valores da famlia e do matrimnio, mas sobretudo pelo facto de que casar-se

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    considerado um luxo, pelas condies sociais, levando a misria material a viver em unio de facto. 43. Todas estas situaes devem ser enfrentadas de forma construtiva, procurando transform-las em oportunidades de caminho para a plenitude do matrimnio e da famlia luz do Evangelho. Trata-se de acolh-las e acompanh-las com pacincia e delicadeza. Para esse fim, importante o testemunho atraente de autnticas famlias crists, quais sujeitos da evangelizao da famlia. Cuidar das famlias feridas (separados, divorciados no recasados, divorciados recasados, famlias monoparentais) 44. Quando os esposos tm problemas nas suas relaes, devem poder contar com a ajuda e o acompanhamento da Igreja. A pastoral da caridade e a misericrdia tendem a recuperar as pessoas e as relaes. A experincia mostra que, com uma ajuda adequada e com a ao de reconciliao da graa, uma grande percentagem de crises matrimoniais superada de forma satisfatria. Saber perdoar e sentir-se perdoados uma experincia fundamental na vida familiar. O perdo entre os esposos permite viver um amor, que para sempre e nunca passa (cf. 1 Cor 13,8). Por vezes, porm, torna-se difcil para quem recebeu o perdo de Deus ter a fora de dar um perdo autntico que regenere a pessoa. 45. No Snodo ecoou com clareza a necessidade de escolhas pastorais corajosas. Reconfirmando com vigor a fidelidade ao Evangelho da famlia e reconhecendo que a separao e o divrcio so sempre feridas, que provocam profundos sofrimentos nos cnjuges que os vivem e nos filhos, os Padres sinodais aperceberam-se da urgncia de caminhos pastorais novos, que partam da efetiva realidade das fragilidades familiares, sabendo que estas, muitas vezes, so mais recebidas com sofrimento do que escolhidas em plena liberdade. Trata-se de situaes diversas por fatores tanto pessoais como culturais e socioeconmicos. necessrio um olhar diferenciado, como So Joo Paulo II sugeria (cf. Familiaris consortio, 84). 46. Cada famlia deve ser, antes de mais, escutada com respeito e amor, tornando-se companheiros de viagem como Cristo com os discpulos no caminho de Emas. Aplicam-se de modo especial a estas situaes as palavras do Papa Francisco: A Igreja dever iniciar os seus membros sacerdotes, religiosos e leigos nesta "arte do acompanhamento", para que todos aprendam a descalar sempre as sandlias diante da terra sagrada do outro (cf. Ex 3,5). Devemos dar ao nosso caminhar o ritmo salutar da proximidade, com um olhar respeitoso e cheio de compaixo, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a amadurecer na vida crist (Evangelii gaudium, 169). 47. Um especial discernimento indispensvel para acompanhar pastoralmente os separados, os divorciados, os que foram abandonados. H que acolher e valorizar, sobretudo, o sofrimento dos que sofreram injustamente a separao, o divrcio ou o abandono, ou que foram obrigados pelos maus tratos do cnjuge a romper a convivncia. O perdo pela injustia sofrida no fcil, mas um caminho que a graa torna possvel. Da a necessidade de uma pastoral da reconciliao e da mediao atravs tambm de centros de escuta especializados a instituir nas dioceses. Do mesmo modo, deve sempre sublinhar-se que indispensvel assumir de forma leal e construtiva as consequncias que a separao ou o divrcio tm sobre os filhos, sempre vtimas inocentes da situao. Eles no podem ser um objeto a disputar, e devem procurar-se as melhores formas para que possam superar o trauma da separao familiar e crescer o mais serenamente possvel. Em todo o caso, a Igreja dever sempre pr em relevo a injustia que deriva, muitas vezes, da

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    situao de divrcio. Deve dar-se especial ateno ao acompanhamento das famlias monoparentais e, sobretudo, h que ajudar as mulheres que tenham de arcar sozinhas com a responsabilidade da casa e a educao dos filhos. 48. Um grande nmero de Padres sublinhou a necessidade de tornar mais acessveis e geis, se possvel totalmente gratuitos, os processos para o reconhecimento dos casos de nulidade. Entre as propostas foram indicadas: a superao da necessidade da dupla sentena conforme; a possibilidade de estabelecer uma via administrativa, sob a responsabilidade do bispo diocesano; um processo sumrio, a realizar nos casos de nulidade notria. Alguns Padres, porm, mostram-se contrrios a essas propostas, porque no garantiriam um juzo confivel. H que insistir que, em todos estes casos, trata-se do apuramento da verdade sobre a validade do vnculo. Segundo outras propostas, deveria tambm considerar-se a possibilidade de dar relevo ao papel da f dos nubentes em ordem validade do sacramento do matrimnio, tendo como ponto firme que, entre batizados, todos os matrimnios vlidos so sacramento. 49. Sobre as causas matrimoniais, a simplificao do procedimento, pedida por muitos, para alm da preparao de suficientes agentes, clrigos e leigos com dedicao prioritria, exige que se sublinhe a responsabilidade do bispo diocesano, que na sua diocese poderia encarregar consultores, devidamente preparados, que pudessem gratuitamente aconselhar as partes sobre a validade do seu matrimnio. Essa funo poderia ser desempenhada por um secretariado ou por pessoas qualificadas (cf. Dignitas connubii, art. 113, 1). 50. As pessoas divorciadas, mas que no voltaram a casar, e que muitas vezes so testemunhos de fidelidade matrimonial, devem ser encorajadas a encontrar na Eucaristia o alimento que as sustente no seu estado. A comunidade local e os Pastores devem acompanhar essas pessoas com solicitude, sobretudo quando h filhos ou grave a sua situao de pobreza. 51. Tambm as situaes dos divorciados que voltaram a casar exigem um atento discernimento e um acompanhamento de grande respeito, evitando toda a linguagem e atitude que os faa sentir discriminados, e promovendo a sua participao na vida da comunidade. Cuidar deles no para a comunidade crist um enfraquecimento da sua f e do seu testemunho sobre a indissolubilidade matrimonial, mas, ao contrrio, precisamente nessa ateno, se exprime a sua caridade. 52. Refletiu-se sobre a possibilidade de os divorciados e recasados terem acesso aos sacramentos da Penitncia e da Eucaristia. Diversos Padres sinodais insistiram em favor da disciplina atual, pela relao constitutiva entre a participao na Eucaristia e a comunho com a Igreja e com o seu ensinamento sobre o matrimnio indissolvel. Outros exprimiram-se em favor de um acolhimento no generalizado mesa eucarstica, nalgumas situaes particulares e com condies bem definidas, sobretudo tratando-se de casos irreversveis e ligados a obrigaes morais para com os filhos, que viriam a sofrer injustamente. O eventual acesso aos sacramentos deveria ser precedido de um caminho penitencial, sob a responsabilidade do bispo diocesano. A questo precisa de ser aprofundada, tendo bem presente a distino entre situao objetiva de pecado e circunstncias atenuantes, dado que a imputabilidade e a responsabilidade de um ato podem ser diminudas ou anuladas por diversos fatores psquicos ou de carcter social (Catecismo da Igreja Catlica, 1735). 53. Alguns Padres defenderam que as pessoas divorciadas e recasadas ou conviventes possam recorrer frutuosamente comunho espiritual. Outros Padres perguntaram porque no podem

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    ento aceder sacramental. Pede-se, portanto, um aprofundamento da temtica capaz de fazer emergir a peculiaridade das duas formas e a sua relao com a teologia do matrimnio. 54. As problemticas relativas aos matrimnios mistos reapareceram com frequncia nas intervenes dos Padres sinodais. A diversidade da disciplina matrimonial das Igrejas ortodoxas pe, nalguns contextos, problemas, sobre o que se impe uma reflexo no mbito ecumnico. Analogamente, para os matrimnios inter-religiosos ser importante o contributo do dilogo com as religies. A ateno pastoral para com as pessoas com orientao homossexual 55. Algumas famlias vivem a experincia de ter no seu seio pessoas com orientao homossexual. A tal propsito, interrogmo-nos sobre qual devia ser a ateno pastoral oportuna perante essa situao, tendo presente o que a Igreja ensina: No existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as unies homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimnio e a famlia. E, do mesmo modo, os homens e as mulheres com tendncias homossexuais devem ser acolhidos com respeito e delicadeza. Deve evitar-se para com eles qualquer atitude de injusta discriminao (Congregao para a Doutrina da F, Consideraes sobre os projetos de reconhecimento legal das unies entre pessoas homossexuais, 4). 56. absolutamente inaceitvel que os Pastores da Igreja recebam presses nesta matria e que os organismos internacionais condicionem as ajudas financeiras aos Pases pobres introduo de leis que instituam o matrimnio entre pessoas do mesmo sexo. A transmisso da vida e o desafio da quebra da natalidade 57. No difcil constatar o difundir-se de uma mentalidade, que reduz a gerao da vida a uma varivel da projetao individual ou de casal. Os fatores de ordem econmica tm um peso, por vezes, determinante, contribuindo para a forte quebra da natalidade, que enfraquece o tecido social, compromete a relao entre as geraes e torna mais incerto o olhar para o futuro. A abertura vida exigncia intrnseca do amor conjugal. Nesta luz, a Igreja apoia as famlias que acolhem, educam e circundam de afeto os filhos diversamente hbeis. 58. Tambm neste mbito, necessrio partir da escuta das pessoas e dar razo da beleza e da verdade de uma abertura incondicional vida como algo de que o amor humano precisa, para viv-lo em plenitude. sobre esta base que pode assentar um adequado ensinamento sobre os mtodos naturais para a procriao responsvel. Isso ajuda a viver de forma harmoniosa e consciente a comunho entre os cnjuges, em todas as suas dimenses, inclusive na responsabilidade geradora. H que redescobrir a mensagem da Encclica Humanae vitae de Paulo VI, que sublinha a necessidade de respeitar a dignidade da pessoa, na avaliao moral dos mtodos de regulao da natalidade. A adoo de crianas, rfs e abandonadas, acolhidas como prprios filhos, uma forma especfica de apostolado familiar (cf. Apostolicam actuositatem, III,11), vrias vezes lembrada e encorajada pelo magistrio (cf. Familiaris consortio, III,II; Evangelium vitae, IV,93). A escolha da adoo e da entrega exprime uma especial fecundidade da experincia conjugal, no s quando esta marcada pela esterilidade. Essa escolha sinal eloquente do amor familiar, ocasio para testemunhar a prpria f e restituir dignidade filial a quem dela foi privado.

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    59. Deve-se ajudar a viver a afetividade, inclusive na ligao conjugal, como um caminho de maturao, no cada vez mais profundo acolhimento do outro e numa doao cada vez mais plena. Nesse sentido, h que insistir sobre a necessidade de oferecer caminhos formativos, que alimentem a vida conjugal, e sobre a importncia de um laicado, que oferea um acompanhamento, feito de testemunho vivo. de grande ajuda o exemplo de um amor fiel e profundo, feito de ternura e respeito, capaz de crescer no tempo e que, no seu concreto abrir-se gerao da vida, faz a experincia de um mistrio que nos transcende. O desafio da educao e o papel da famlia na evangelizao 60. Um dos desafios fundamentais, que hoje se pe s famlias, certamente o da educao, que se torna mais exigente e complexa pela realidade cultural atual e pela grande influncia dos mdia. Devem ser tidas na devida conta as exigncias e as expetativas das famlias, que so capazes de ser, na vida quotidiana, lugares de crescimento, de concreta e essencial transmisso das virtudes, que do forma existncia. Isso significa que os pais podem escolher livremente o tipo de educao a dar aos filhos, segundo as suas convices. 61. A Igreja desempenha um papel precioso de apoio s famlias, partindo da iniciao crist, atravs de comunidades acolhedoras. Pede-se-lhe, hoje mais do que ontem, tanto nas situaes complexas como nas ordinrias, que apoie os pais no seu empenho educativo, acompanhando as crianas, os adolescentes e os jovens no seu crescimento, atravs de caminhos personalizados, capazes de os introduzir no sentido pleno da vida e de provocar escolhas e responsabilidades vividas luz do Evangelho. Maria, na sua ternura, misericrdia e sensibilidade materna, pode saciar a fome de humanidade e de vida, para o que a invocam as famlias e o povo cristo. A pastoral e uma devoo mariana so um ponto de partida oportuno para anunciar o Evangelho da famlia.

    CONCLUSO 62. As reflexes propostas, fruto do trabalho sinodal realizado com grande liberdade e num estilo de recproca escuta, procuram lanar questes e indicar perspetivas, que devero ser amadurecidas e definidas na reflexo das Igrejas locais, no ano que nos separa da Assembleia geral ordinria do Snodo dos Bispos, prevista para outubro de 2015 e dedicada vocao e misso da famlia na Igreja e no mundo contemporneo. No se trata de decises tomadas nem de perspetivas fceis. Todavia, o caminho colegial dos Bispos e o envolvimento de todo o povo de Deus sob a ao do Esprito Santo, olhando para o modelo da Sagrada Famlia, podero guiar-nos para encontrar caminhos de verdade e de misericrdia para todos. Foram os votos que, desde o incio dos nossos trabalhos, nos fez o Papa Francisco, convidando-nos coragem da f e ao acolhimento humilde e honesto da verdade na caridade.

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    PERGUNTAS PARA O ACOLHIMENTO E O APROFUNDAMENTO DA RELATIO SYNODI

    Pergunta prvia abrangendo todas as seces da Relatio Synodi A descrio da realidade da famlia, feita na Relatio Synodi, corresponde a quanto emerge na Igreja e na sociedade de hoje? Que aspetos faltam e que se possam integrar?

    Primeira parte A escuta: o contexto e os desafios sobre a famlia

    Como foi dito na introduo (n. 1-4), o Snodo extraordinrio quis dirigir-se a todas as famlias do mundo, desejando partilhar as suas alegrias, canseiras e esperanas; com as muitas famlias crists fiis sua vocao, o Snodo quis ter um pensamento especial de apreo, para as encorajar a envolverem-se mais decisivamente nesta hora da Igreja em sada, conscientes de serem um sujeito indispensvel da evangelizao, sobretudo no alimentarem em si prprias e nas famlias em dificuldade o desejo de famlia, que se mantm sempre vivo e que fundamento da convico de que necessrio repartir da famlia para anunciar com eficcia o ncleo do Evangelho. O caminho de renovao que o Snodo extraordinrio traou insere-se no mais vasto contexto eclesial sugerido pela Exortao Evangelii gaudium do Papa Francisco, o de partir das periferias existenciais, com uma pastoral marcada pela cultura do encontro, capaz de reconhecer a livre ao do Senhor tambm fora dos esquemas habituais e de assumir, sem embarao, a condio de hospital de campanha, muito til ao anncio da misericrdia de Deus. A esses desafios respondem os nmeros da primeira parte da Relatio Synodi, onde so expostos os aspetos que formam o quadro de referncia mais concreto sobre a real situao das famlias, e dentro do qual prosseguir com a reflexo. As perguntas que vm a seguir, com referncia explcita aos aspetos da primeira parte da Relatio Synodi, procuram favorecer o necessrio realismo na reflexo promovida por cada episcopado, de modo a evitar que as suas respostas obedeam a esquemas e perspetivas prprias de uma pastoral meramente aplicativa da doutrina, que no respeitaria as concluses da Assembleia sinodal extraordinria e afastaria a sua reflexo do caminho j traado. O contexto sociocultural (n. 5-8)

    1. Quais as iniciativas em curso e as programadas em relao aos desafios que as contradies culturais lanam famlia (cf. n. 6-7): as que se orientam para o despertar da presena de Deus na vida das famlias; as destinadas a educar e estabelecer slidas relaes interpessoais; as que procuram favorecer polticas sociais e econmicas teis famlia; as orientadas a aliviar as dificuldades com a ateno devida s crianas, aos idosos e aos familiares doentes; as que procuram fazer frente ao contexto cultural mais especfico, em que a Igreja local est envolvida?

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    2. Que instrumentos de anlise se esto a utilizar, e quais os resultados mais relevantes quanto aos aspetos (positivos ou no) da mudana antropolgica-cultural? (cf. n.5). Figura entre os resultados a possibilidade de encontrar elementos comuns no pluralismo cultural?

    3. Alm do anncio e da denncia, quais as modalidades adotadas para estar presentes como

    Igreja ao lado das famlias em situaes extremas? (cf. n. 8). Quais as estratgias educativas para preveni-las? O que se pode fazer para apoiar e reforar as famlias crentes fiis ao vnculo?

    4. Como reage a ao pastoral da Igreja difuso do relativismo cultural na sociedade

    secularizada e consequente recusa que muitos fazem do modelo de famlia, formado pelo homem e pela mulher, unidos no vnculo matrimonial, e aberto procriao?

    A importncia da vida afetiva (n. 9-10)

    5. De que modo e com que atividades se envolvem as famlias crists no testemunhar s novas geraes o progresso na maturao afetiva? (cf. n. 9-10). Como se poderia ajudar a formao dos ministros ordenados sobre estes temas? Que figuras de agentes pastorais especificamente qualificados se consideram mais urgentes?

    O desafio para a pastoral (n. 11)

    6. Em que proporo, e com que meios, a pastoral familiar ordinria se dirige aos que esto afastados? (cf. n. 11). Quais as linhas operativas destinadas a suscitar e valorizar o desejo de famlia, semeado pelo Criador no corao de cada pessoa, e presente sobretudo nos jovens, inclusive nos que vivem em situaes familiares no conformes viso crist? Que resposta efetiva tem neles a misso que lhes dirigida? Entre os no batizados, que fora tem a presena de matrimnios naturais, tambm no que se refere ao desejo de famlia da parte dos jovens?

    Segunda parte O olhar para Cristo: o Evangelho da famlia

    O Evangelho da famlia, fielmente conservado pela Igreja no sulco da Revelao crist escrita e transmitida, exige ser anunciado no mundo de hoje com renovada alegria e esperana, olhando constantemente para Jesus Cristo. A vocao e a misso da famlia configuram-se plenamente na ordem da criao, que evolui para a da redeno, como sintetizado no auspcio do Conclio: os prprios cnjuges, feitos imagem de Deus vivo e constitudos numa ordem autntica de pessoas, permaneam unidos no mesmo afeto, num s pensamento e em mtua santidade, de maneira que, seguindo Cristo, princpio de vida, sejam, nas alegrias e nos sacrifcios da sua vocao, pela fidelidade do seu amor, testemunhas deste mistrio de amor que o Senhor revelou ao mundo com a sua morte e ressurreio (Gaudium et spes, 52; cf. Catecismo da Igreja Catlica 1533-1535). Nesta luz, as perguntas que brotam da Relatio Synodi tm a finalidade de suscitar respostas fiis e corajosas nos Pastores e no povo de Deus em vista de um renovado anncio do Evangelho da famlia.

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    O olhar para Jesus e a pedagogia divina na histria da salvao (n. 12-14) Acolhendo o convite do Papa Francisco, a Igreja olha para Cristo na sua permanente verdade e inesgotvel novidade, que ilumina tambm todas as famlias. Cristo a Boa-Nova de valor eterno (Ap 14,6), sendo o mesmo ontem, hoje e por toda a eternidade (He 13,8), mas a sua riqueza e a sua beleza so inesgotveis. Ele sempre jovem e fonte constante de novidade (Evangelii gaudium, 11).

    7. O olhar dirigido a Cristo abre novas possibilidades. Na verdade, todas as vezes que voltamos fonte da experincia crist, abrem-se novas estradas e possibilidades inimaginveis (n. 12). Como utilizado o ensinamento da Sagrada Escritura na ao pastoral em favor das famlias? Em que medida esse olhar alimenta uma pastoral familiar corajosa e fiel?

    8. Que valores do matrimnio e da famlia os jovens e os cnjuges veem realizados na sua vida?

    E de que modo? H valores que podem ser evidenciados? (cf. n. 13). Quais as dimenses de pecado a evitar e a superar?

    9. Que pedagogia humana deve ser tomada em conta em sintonia com a pedagogia divina

    para melhor compreender o que se exige da pastoral da Igreja relativamente ao amadurecimento da vida de casal, em ordem ao futuro matrimnio? (cf. n. 13)

    10. O que fazer para mostrar a grandeza e beleza do dom da indissolubilidade, de forma a

    suscitar o desejo de a viver e construir cada vez mais? (cf. n. 14) 11. De que forma se poderia ajudar a compreender que a relao com Deus permite vencer as

    fragilidades inscritas tambm nas relaes conjugais? (cf. n. 14). Como testemunhar que a bno de Deus acompanha todo o verdadeiro matrimnio? Como manifestar que a graa do sacramento apoia os esposos ao longo de toda a sua vida?

    A famlia no plano salvfico de Deus (n. 15-16) A vocao de criao ao amor entre o homem e a mulher recebe a sua forma completa do evento pascal de Cristo Senhor, que Se d sem reservas, fazendo da Igreja o seu Corpo mstico. O matrimnio cristo, alimentando-se da graa de Cristo, torna-se assim o caminho por onde os que a ele so chamados avanam para a perfeio do amor, que a santidade.

    12. Como se poderia fazer compreender que o matrimnio cristo corresponde disposio originria de Deus e, portanto, uma experincia de plenitude, e no de limitao? (cf. n. 13)

    13. De que modo conceber a famlia como Igreja domstica (cf. LG 11), sujeito e objeto da ao

    evangelizadora ao servio do Reino de Deus?

    14. Como promover a conscincia do empenho missionrio da famlia? A famlia nos documentos da Igreja (n. 17-20) O magistrio eclesial deve ser mais bem conhecido pelo Povo de Deus em toda a sua riqueza. A espiritualidade conjugal nutre-se do ensinamento constante dos Pastores, que cuidam do

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    rebanho, e amadurece com a escuta incessante da Palavra de Deus, dos sacramentos da f e da caridade.

    15. A famlia crist vive perante o olhar amoroso do Senhor e, na relao com Ele, cresce como verdadeira comunidade de vida e de amor. Como desenvolver a espiritualidade da famlia, e como ajudar as famlias a serem lugar de vida nova em Cristo? (cf. n. 21)

    16. Como desenvolver e promover iniciativas de catequese que faam conhecer e ajudem a viver

    o ensinamento da Igreja sobre a famlia, favorecendo a superao da possvel distncia entre o que se vive e o que se professa e promovendo caminhos de converso?

    A indissolubilidade do matrimnio e a alegria do viver juntos (n. 21-22) O autntico amor conjugal assumido no amor divino e rege-se e enriquece-se pela virtude redentora de Cristo e pela ao salvfica da Igreja, para conduzir eficazmente os esposos para Deus e ajud-los e fortalec-los na sublime misso da paternidade e da maternidade. por isso que os esposos cristos, a fim de cumprirem dignamente os deveres do seu estado, so fortalecidos e como que consagrados por um sacramento especial; cumprindo a sua misso conjugal e familiar, com a fora deste sacramento, penetrados do esprito de Cristo, que impregna toda a sua vida de f, de esperana e de caridade, chegam gradualmente sua perfeio pessoal e sua mtua santificao e, assim, em comum, contribuem para a glria a Deus (Gaudium et spes, 48).

    17. Quais so as iniciativas para fazer compreender o valor do matrimnio indissolvel e fecundo como caminho de plena realizao pessoal? (cf. n. 21)

    18. De que modo propor a famlia como lugar, sob muitos aspetos nico, para realizar a alegria

    dos seres humanos? 19. O Conclio Vaticano II exprimiu apreo pelo matrimnio natural, renovando uma antiga

    tradio eclesial. Em que medida as pastorais diocesanas sabem valorizar tambm esta sabedoria dos povos, como sendo fundamental para a cultura e a sociedade comum? (cf. n. 22)

    Verdade e beleza da famlia e misericrdia para com as famlias feridas e frgeis (n. 23-28) Depois de ter considerado a beleza dos matrimnios bem sucedidos e das famlias slidas, e de ter apreciado o testemunho generoso dos que permaneceram fiis ao vnculo, embora tenham sido abandonados pelo cnjuge, os pastores reunidos em Snodo perguntaram-se de forma aberta e corajosa, e no sem uma certa preocupao e cautela como deveria a Igreja olhar para os catlicos unidos apenas pelo vnculo civil, para os que ainda convivem e aos que, depois de um matrimnio vlido, se divorciaram e recasaram civilmente. Conscientes das evidentes limitaes e das imperfeies presentes em situaes to variadas, os Padres assumiram positivamente a perspetiva indicada pelo Papa Francisco, segundo a qual sem diminuir o valor do ideal evanglico, preciso acompanhar, com misericrdia e pacincia, as possveis etapas de crescimento das pessoas, que se vo construindo dia aps dia (Evangelii gaudium, 44).

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    20. Como ajudar a compreender que ningum excludo da misericrdia de Deus e como exprimir esta verdade na ao pastoral da Igreja com as famlias, especialmente as feridas e frgeis? (cf. n. 28)

    21. Como podem os fiis mostrar, em relao s pessoas que ainda no atingiram a plena

    compreenso do dom de amor de Cristo, uma atitude de acolhimento e de acompanhamento confiante, sem nunca renunciar ao anncio das exigncias do Evangelho? (cf. n. 24)

    22. O que se pode fazer para que, nas vrias formas de unio onde possvel encontrar valores

    humanos , o homem e a mulher descubram o respeito, a confiana e o encorajamento a crescer no bem por parte da Igreja, e sejam ajudados a alcanar a plenitude do matrimnio cristo? (cf. n. 25)

    Terceira parte O confronto: perspetivas pastorais

    Ao aprofundar a terceira parte da Relatio Synodi, importante deixar-se guiar pela novidade pastoral que o Snodo Extraordinrio comeou a delinear, com base no Vaticano II e no magistrio do Papa Francisco. Cabe s Conferncias Episcopais continuar a aprofund-la, envolvendo, na forma mais oportuna, todos os componentes eclesiais, concretizando-a no seu contexto especfico. H que fazer todo o possvel para no recomear do zero, mas assumindo como ponto de partida o caminho j feito no Snodo Extraordinrio. Anunciar o Evangelho da famlia hoje, nos vrios contextos (n. 29-38) luz da necessidade de famlia e, ao mesmo tempo, dos mltiplos e complexos desafios presentes no nosso mundo, o Snodo sublinhou a importncia de um renovado empenho para um anncio, franco e significativo, do Evangelho da famlia.

    23. Na formao dos presbteros e demais agentes pastorais, como cultivada a dimenso familiar? Nela so envolvidas as prprias famlias?

    24. Tem-se conscincia de que a rpida evoluo da nossa sociedade exige uma constante

    ateno linguagem na comunicao pastoral? Como testemunhar de maneira eficaz a prioridade da graa, de modo que a vida familiar seja projetada e vivida como acolhimento do Esprito Santo?

    25. No anncio do Evangelho da famlia, como se podem criar as condies para que cada

    famlia seja como Deus a quer e seja socialmente reconhecida na sua dignidade e misso? Que converso pastoral e que ulteriores aprofundamentos se devem realizar nesse sentido?

    26. A colaborao no servio da famlia com as instituies sociais e polticas vista em toda a

    sua importncia? Como efetivamente realizada? Quais os critrios que a devem inspirar? Que papel podem ter nesse sentido as associaes familiares? Como pode essa colaborao ser conjugada tambm com a denncia franca dos processos culturais, econmicos e polticos que minam a realidade da famlia?

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    27. Como favorecer uma relao entre famlia-sociedade e poltica a favor da famlia? Como

    promover o apoio da comunidade internacional e dos Estados famlia? Guiar os nubentes no caminho de preparao para o matrimnio (n. 39-40) O Snodo reconheceu os passos realizados nestes ltimos anos para favorecer uma adequada preparao dos jovens para o matrimnio. Por outro lado, tambm sublinhou a necessidade de um maior empenho de toda a comunidade crist, no s na preparao, mas tambm nos primeiros anos de vida familiar.

    28. Como devem ser propostos os itinerrios de preparao para o matrimnio de modo a evidenciarem a vocao e misso da famlia segundo a f em Cristo? So realizados como oferta de uma autntica experincia eclesial? Como renov-los e melhor-los?

    29. Como que a catequese da iniciao crist apresenta a abertura vocao e misso da

    famlia? Que passos se consideram mais urgentes? Como propor a relao entre batismo-eucaristia e matrimnio? Como evidenciar o carcter de catecumenado e de mistagogia que os itinerrios de preparao para o matrimnio muitas vezes assumem? Como envolver a comunidade nessa preparao?

    Acompanhar os primeiros anos da vida matrimonial (n. 40)

    30. Tanto na preparao como no acompanhamento dos primeiros anos de vida matrimonial, adequadamente valorizado o importante contributo de testemunho e de apoio que podem dar as famlias, associaes e movimentos familiares? Que experincias positivas podem ser referidas nesse campo?

    31. A pastoral de acompanhamento dos casais nos primeiros anos de vida familiar foi

    observado no debate sinodal carece de um ulterior desenvolvimento. Quais as iniciativas mais significativas j realizadas? Que aspetos incrementar a nvel de parquia e de diocese ou no mbito de associaes e movimentos?

    Cuidado pastoral dos que vivem no matrimnio civil ou em convivncias (n. 41-43) No debate sinodal foi referida a diversidade de situaes, resultante de mltiplos fatores culturais e econmicos, de prticas radicadas na tradio e da dificuldade dos jovens em fazer opes que empenhem por toda a vida.

    32. Que critrios para um correto discernimento pastoral de cada situao devem ser considerados luz da doutrina da Igreja, para quem os elementos constitutivos do matrimnio so unidade, indissolubilidade e abertura procriao?

    33. Est a comunidade crist capaz de se envolver pastoralmente nessas situaes? Como ajuda

    ela a discernir estes elementos positivos e os negativos da vida de pessoas unidas em matrimnios civis de maneira a orient-las e apoi-las no caminho de crescimento e de converso para o sacramento do matrimnio? Como ajudar os que vivem em convivncias a se decidirem pelo matrimnio?

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    34. De modo especial, que respostas dar s problemticas criadas pelo permanecer das formas tradicionais de matrimnio por etapas ou combinado entre famlias?

    Cuidar das famlias feridas (separados, divorciados no recasados, divorciados recasados, famlias monoparentais) (n. 44-54) No debate sinodal foi evidenciada a necessidade de uma pastoral baseada na arte do acompanhamento, dando ao nosso caminhar o ritmo salutar da proximidade, com um olhar respeitoso e cheio de compaixo, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a amadurecer na vida crist (Evangelii gaudium, 169).

    35. A comunidade crist est pronta a cuidar das famlias feridas para lev-las a experimentar a misericrdia do Pai? Como empenhar-se na remoo dos fatores sociais e econmicos, que muitas vezes as determinam? Que passos foram dados e que passos dar para fazer crescer essa ao e a conscincia missionria que a sustm?

    36. Como promover a individuao de linhas pastorais partilhadas a nvel de Igreja particular?

    Como desenvolver, neste campo, o dilogo entre as diversas Igrejas particulares cum Petro e sub Petro?

    37. Como tornar mais acessveis e geis, possivelmente gratuitos, os processos para o

    reconhecimento dos casos de nulidade? (n. 48) 38. A pastoral sacramental em relao aos divorciados recasados precisa de um ulterior

    aprofundamento, avaliando inclusive a prtica ortodoxa e tendo presente a distino entre situao objetiva de pecado e circunstncias atenuantes (n. 52). Quais as perspetivas onde mover-se? Quais os passos possveis? Que sugestes para superar formas de impedimentos indevidas ou desnecessrias?

    39. A normativa atual permite dar respostas vlidas aos desafios lanados pelos matrimnios

    mistos e pelos interconfessionais? Haver que ter em conta outros elementos? A ateno pastoral para com as pessoas com orientao homossexual (n. 55-56) A ateno pastoral para com as pessoas com orientao homossexual lana hoje novos desafios, tambm pela forma como socialmente so propostos os seus direitos.

    40. Como dirige a comunidade crist a sua ateno pastoral s famlias que tm no seu seio pessoas com orientao homossexual? Evitando toda a injusta discriminao, como tratar luz do Evangelho pessoas em tais situaes? Como propor-lhes as exigncias da vontade de Deus sobre a sua situao?

    A transmisso da vida e o desafio da quebra da natalidade (n. 57-59) A transmisso da vida um elemento fundamental da vocao-misso da famlia: Saibam os esposos que so cooperadores do amor de Deus Criador e como que seus intrpretes na misso de transmitir a vida humana e de educ-la; deve isso ser considerado como sua misso especfica (Gaudium et spes, 50).

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    41. Quais os passos mais significativos que foram dados para anunciar e promover de modo eficaz a abertura vida e a beleza e dignidade humana de se tornar me ou pai, luz, por exemplo, da Humanae vitae do Beato Paulo VI? Como promover o dilogo com as cincias e as tecnologias biomdicas, de modo que seja respeitada a ecologia humana do gerar?

    42. Uma maternidade/paternidade generosa tem necessidade de estruturas e instrumentos. Vive

    a comunidade crist uma efetiva solidariedade e subsidiariedade? De que maneira? corajosa na proposta de solues vlidas tambm a nvel sociopoltico? Como encorajar a adoo e a entrega como altssimo sinal de generosidade fecunda? Como promover a ateno e o respeito pelas crianas?

    43. O cristo vive a maternidade/paternidade como resposta a uma vocao. suficientemente

    sublinhada na catequese uma tal vocao? Que itinerrios formativos so propostos para que esta guie efetivamente as conscincias dos esposos? Tem-se conscincia das graves consequncias das mudanas demogrficas?

    44. Como combate a Igreja a chaga do aborto promovendo uma eficaz cultura da vida?

    O desafio da educao e o papel da famlia na evangelizao (n. 60-61)

    45. Cumprir a prpria misso educativa nem sempre fcil para os pais: encontram eles solidariedade e apoio na comunidade crist? Que itinerrios formativos se sugerem? Que passos dar para que a misso educativa dos pais seja reconhecida tambm a nvel sociopoltico?

    46. Como promover nos pais e na famlia crist a conscincia do dever de transmitir a f como

    dimenso intrnseca prpria identidade crist?