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SHANLLEY CRISTINA DA SILVA FERNANDES FORMAÇÃO EM SAÚDE: A Construção do Fisioterapeuta para o Sistema Único de Saúde Itajaí (SC) 2017

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SHANLLEY CRISTINA DA SILVA FERNANDES

FORMAÇÃO EM SAÚDE:

A Construção do Fisioterapeuta para o Sistema Único de Saúde

Itajaí (SC)

2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM

SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE DA FAMÍLIA

SHANLLEY CRISTINA DA SILVA FERNANDES

FORMAÇÃO EM SAÚDE:

A Construção do Fisioterapeuta para o Sistema Único de Saúde

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de

Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho

Orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio Da Ros

Itajaí (SC)

2017

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Ficha Catalográfica

Bibliotecária Eugenia Berlim Buzzi – CRB- 14/963

F391f

Fernandes, Shanlley Cristina da Silva, 1987-

Formação em saúde [manuscrito] : a construção do fisioterapeuta para o sistema

único de saúde / Shanlley Cristina da Silva Fernandes. - Itajaí, SC. 2017.

117 f. ; tab.

.

Referências: p. 84-89

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos

requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho.

“Orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio Da Ros.”

1. Fisioterapia. 2. Formação em saúde. 3. Sistema Único de Saúde.

4. Núcleo de apoio à Saúde da Família. I. Universidade do Vale do Itajaí.

II. Título.

CDU: 615.8

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FORMAÇÃO EM SAÚDE:

A Construção do Fisioterapeuta para o Sistema Único de Saúde

Shanlley Cristina da Silva Fernandes

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Saúde e

Gestão do Trabalho, Área de Concentração Saúde da Família e aprovada em sua forma

final pelo Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do

Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí’.

_______________________________________________

Profª Drª Stella Maris Brum Lopes, Doutora em Saúde Pública – FSP/USP e Mestre em

Saúde Pública – FSP/USP

Coordenadora do Programa Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho

Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

______________________________________

Prfº Drº Marco Aurélio Da Ros (UNIVALI)

Presidente orientador

______________________________________

Profª Drª Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima (UNIVALI)

Membro

______________________________________

Fátima Ferretti Tombini (UNOCHAPECÓ)

Membro

Itajaí (SC), dia, julho de 2017.

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Dedico este trabalho ao meu pai Joel Fernandes e ao meu padrasto Claudio Barcia

Gomes que sempre me ensinaram que de todas as conquistas da vida, o conhecimento é

a única que nunca pode nos ser roubada.

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Agradecimentos

Agradeço primeira e profundamente ao meu marido, que de todas as formas me

apoiou e me ajudou durante estes dois anos de mestrado. Que, além disso, me deu o

mais lindo dos presentes que eu poderia ganhar, nosso filho amado. Passar pelo

puerpério e pelo mestrado ao mesmo tempo não foi tarefa fácil, mas com a ajuda

incessante da minha família, em especial do meu marido e minha mãe querida, eu

consegui realizar a tarefa.

Agradeço imensamente ao Prof. Dr. Marco Aurélio Da Ros, que teve toda a

paciência de acompanhar a jornada de uma mãe de primeira viagem escrevendo uma

dissertação, e mesmo assim, com toda delicadeza e cuidado foi muito mais que um

professor. Você e a Profª Drª Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima me ensinaram muito

além da teoria, me ensinaram que saúde é uma ideologia de vida e que nossas escolhas

diárias caminham para a construção da saúde que queremos. Muito obrigada por me

ensinarem e por me fazerem entender que uma fisioterapeuta especialista em terapia

intensiva pode ir muito além das paredes de uma unidade de terapia intensiva.

Obrigada aos colegas da turma 13, por em meio a tantas diferenças trilharmos

juntos esse caminho, com carinho e respeito. Cada um trabalhou arduamente em sua

dissertação, mas ao escrever cada palavra, vejo vocês nas páginas da minha dissertação,

pois passamos pelas mesmas dificuldades, sozinhos e em conjunto de alguma maneira.

Quero agradecer também, a antiga coordenadora do curso de Fisioterapia, Profª

Luciana de Oliveira Gonçalves, que me deu a oportunidade de desenvolver minha

dissertação no curso em que me formei. E ao novo coordenador Profº Emmanuel

Alvarenga Panizzi, que apesar de entrar no trem que já estava andando, foi muito

compreensivo com a ideologia do estudo. Vocês estão escrevendo uma história muito

bonita na nossa profissão.

E por último, mas não menos importante, preciso muito agradecer ao meu filho

amado, Gabriel Fernandes Hey. Você chegou em um momento que parecia ser o mais

impróprio, me fez por algumas vezes até imaginar que eu não conseguiria chegar ao

final dessa tarefa difícil, concluir o mestrado. Engano meu. Sem você, essa caminhada

não teria sido a mesma, meus aprendizados não teriam o mesmo sentido, nada disso

valeria tanto a pena. Obrigada por chegar e por me abrir um horizonte tão lindo, a

maternidade.

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“A tendência democrática da escola não pode consistir apenas em que um operário

manual se torne qualificado, mas em que cada cidadão possa se tornar um governante.”

Antonio Gramsci

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FORMAÇÃO EM SAÚDE:

A Construção do Fisioterapeuta para o Sistema Único de Saúde

Shanlley Cristina da Silva Fernandes

Junho/2017

Orientador: Profº Drº Marco Aurélio Da Ros, Doutor em Educação – UFSC; Pós-

Doutorado em Educação Médica na Universitá d Bologna - UFSC e Mestre em Saúde

Pública FIOCRUZ.

Área de Concentração: Educação na Saúde e Gestão do Trabalho na Perspectiva

Interdisciplinar

Número de Páginas: 117.

RESUMO: Historicamente observasse mudanças importantes no processo de ensino do

profissional fisioterapeuta. Porém, o que ainda prevalece é o modelo de ensino

biomédico, onde a doença na maioria das vezes é a prioridade, reforçando a formação

do fisioterapeuta especialista. Apesar disto, a partir das características do perfil

formando egresso/profissional fisioterapeuta requerido pelas Diretrizes Curriculares

Nacionais de Fisioterapia, existe a necessidade de haver uma mudança curricular que

influencie e que auxilie na formação de fisioterapeutas que atendam as necessidades do

Sistema Único de Saúde em todos os seus níveis. Em virtude disto, o presente estudo

tem como objetivo principal analisar um curso de Fisioterapia de uma Universidade de

Santa Catarina tendo como referência oficial as Diretrizes Curriculares Nacionais em

Saúde. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter documental, com objetivo

exploratório, utilizando a análise dialética colaborando assim para a formação em saúde

do perfil formando egresso/profissional fisioterapeuta a partir de um novo estilo de

pensamento. A partir da análise documental observou-se que há um processo de

mudança na estruturação dos documentos institucionais do curso, e concomitantemente,

nas estratégias de ensino utilizadas na graduação. Porém, apesar destas mudanças, ainda

há a falta de uma boa delimitação de qual é o papel do fisioterapeuta na Atenção Básica,

e que sua atuação nesse contexto é pelo Núcleo de Apoio a Saúde da Família, tendo

como atribuição o apoio matricial. Durante a graduação, a Saúde Coletiva e as

especialidades não se atrelam ou trocam experiências para que a formação acadêmica

seja realmente um ambiente que forme fisioterapeutas para todos os níveis do Sistema

Único de Saúde. As disciplinas e os estágios ainda dão enfoque exclusivamente a

reabilitação, sem pensar na Atenção Básica e na atuação do fisioterapeuta nesta área,

conforme o que as Diretrizes Curriculares Nacionais preconizam. Concluindo assim,

que apesar de haver uma mobilização de construção de um fisioterapeuta que responda

ao perfil profissional que as Diretrizes Curriculares Nacionais preconizam, a

universidade ainda precisa criar ambientes propícios para que isso aconteça, que nas

disciplinas sejam abordados todos os níveis de atuação do fisioterapeuta no Sistema

Único de Saúde, e consequentemente ensinar o que é o apoio matricial embasado na boa

clínica, tendo não apenas a Saúde Coletiva como responsável única, mas mostrando a

importância das disciplinas de especialidades junto a essa construção.

.

Palavras-chave: Fisioterapia. Formação em Saúde. Sistema Único de Saúde. Núcleo de

Apoio à Saúde da Família.

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TRAINING IN HEALTH:

The Construction of the Physiotherapist for the Unified Health System

Shanlley Cristina da Silva Fernandes

June 2017

Supervisor: Prof. Dr. Marco Aurélio Da Ros, Doctor of Education – UFSC; Post-

Doctorate in Medical Education at Universitá di Bologna – UFSC and Master in Public

Health FIOCRUZ.

Area of Concentration: Health Education and Management of Work in the

Interdisciplinary Perspective.

Number of Pages: 117.

ABSTRACT: Historically, important changes have taken place in the training of the

professional physiotherapist. Despite this, the biomedical teaching model is still

prevalent, in which diseases are given priority, reinforcing the training of the specialist

physiotherapist. But based on the profile characteristics for the training of

graduates/professional physiotherapists required by the National Curricular Guidelines

for Physiotherapy, there is a need for a curricular change that influences and promotes

the training of physiotherapists to meet the needs of the Unified Health System at all

levels. Therefore, the main objective of this study was to analyze the Physiotherapy

course of a University in the state of Santa Catarina, using the National Curricular

Guidelines in Health as a reference. This is a qualitative study, with document research

and exploratory objectives, using dialectical analysis, corroborating in the health

training of the graduate/professional physiotherapist, based on a new style of thought.

Through document analysis it was observed that there is a process of change taking

place in the structuring of the institutional documents of the course, and alongside this,

in the teaching strategies used on the graduate course. However, despite these changes,

there is still a lack of a clear-cut definition of the role of the physiotherapist in Primary

Care, and of the concept that the role of this professional, in this context, is through the

Núcleo de Apoio a Saúde da Família [Family Health Support Center], supported by the

entire healthcare network. During the graduate studies, Collective Health and the

specialties do not venture into each others’ domains, or exchange experiences that

would promote an academic formation that is truly an environment in which the

physiotherapist is trained to work at all levels of the Unified Health System. The

disciplines and stages still focus solely on rehabilitation, without thinking about Primary

Care and the physiotherapist’s performance in this area in the form recommended in the

National Curricular Guidelines. In conclusion, although there is a mobilization of the

construction of a physical therapist who fits the professional profile recommended in the

National Curricular Guidelines, the university still needs to create environments that are

conducive to this, so that in the disciplines taught, all levels of physiotherapist’s practice

in the Unified Health System are addressed, resulting in teaching about the nature of

network support that is based on good clinical practice, with not only Collective Health

being solely responsible, but showing the importance of the disciplines of specialties

together with this construction.

Keywords: Physiotherapist. Health Education. Unified Health System. Family Health

Support Unit.

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LISTA DE ABREVIATURAS

Abenfisio – Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia

Abrasco – Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

AIS – Ações Integradas de Saúde

CDS – Conselho de Desenvolvimento Social

CEBES – Centro Brasileiro de Estudo em Saúde

CER – Centro Especializado em Reabilitação

CFE – Conselho Federal de Educação

CNS – Conferência Nacional de Saúde

CONASP – Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciário

DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais

ESF – Estratégia de Saúde da Família

FAS – Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social

FMUSP – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

HMRC – Hospital Municipal Ruth Cardoso

HMMKB – Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen

HUPA – Hospital Universitário Pequeno Anjo

IAPs – Institutos de Aposentadorias e Pensões

Inamps – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

IR – Instituto de Reabilitação

LAPPIS – Laboratório de Pesquisa de Práticas de Integralidade à Saúde

MEC - Ministério de Educação

MS – Ministério da Saúde

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

NASF – Núcleo de Atenção à Saúde da Família

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPAS – Organização Panamericana de Saúde

PAIS – Programa de Ações Integradas de Saúde

PET-Saúde – Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde

PIASS - Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento

II PND – II Plano Nacional de Desenvolvimento

POI – Programação e Orçamentação Integrada

PPA – Plano de Pronta Ação

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PP – Projeto Político Pedagógico

PRA – Programa de Racionalização Ambulatorial

Prev-Saúde – Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde

Pró-Saúde-Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde

SAMHPS – Sistema de Assistência Médico Hospitalar da Previdência Social

Sinpas – Sistema Nacional da Previdência e Assistência Social

SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

WCPT – World Confederation for Prysical Therapy

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...12

1.1 Objetivos…………………………………………………………………………..21

1.1.1 Objetivo Geral……………………………………………………………………21

1.1.2 Objetivos Específicos…………………………………………………………….21

2 MATERIAL E MÉTODOS……………………………………………………….22

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………..25

4 REFERÊNCIAS…………………………………………………………………..27

ANEXOS………………………………………………………………………….33

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1 INTRODUÇÃO

Desde que iniciei o ensino médio, a fisioterapia já fazia parte da minha vida de

alguma forma. Como bailarina, dores na coluna, dores nos joelhos, ligamentos rompidos

e contusões musculares devido a treinamentos longos e cansativos faziam eu e minhas

companheiras de ballet estarmos em constante busca de reabilitação. E a fisioterapia de

alguma forma me proporcionava a chance de não parar, mas me dava a possibilidade de

que eu continuasse fazendo o que tanto amava.

E assim acabei descobrindo uma nova paixão, minha profissão, a fisioterapia.

Uma profissão que me fascinou e fascina até hoje, porque tem o poder de trazer não só a

vida de volta, mas tem o poder de retomar e reconstruir as coisas que completam a vida.

Ela é responsável por ajudar o próximo não somente a sobreviver, mas a voltar a viver

fazendo as coisas que gosta, sejam elas as coisas mais simples da vida.

Durante minha graduação aprendi que cada pessoa tinha suas individualidades e

necessidades conforme o que vivia, e que era extremamente importante como

profissional, ter um olhar atento a estas necessidades. Porém, este olhar ainda era

pontualmente voltado a doença, sobre como reabilitar tal pessoa em relação a sua

doença. Além de ser um olhar voltado para a doença, fragmentávamos tudo em

disciplinas, por exemplo, ortopedia, neurologia, reumatologia, pneumologia,

cardiorrespiratória, entre tantas outras, nos tendenciando as especialidades.

Esta tendência de formação a especialidade, não só do fisioterapeuta, mas de

todos os profissionais da área da saúde, é fortemente incrustada nas universidades por

uma razão histórica. Iniciamos nossa formação não enxergando o indivíduo como um

todo, mas o enxergando por partes – músculos, ossos, nervos, vasos, tecidos, órgãos. E

essa tendência vai se fortificando ao longo da graduação nas disciplinas, nos fazendo

olhar para um sistema – respiratório, cardiovascular, gástrico, neurológico, ortopédico,

reumatológico, ginecológico.

Em virtude desta forma de ensino, acabamos nos direcionando para as

especialidades, já que estamos “treinados” a olhar para a parte do corpo adoecida, e não

para o ser humano por trás disso. Esta forma hegemônica de ensino se fundou e se

consolidou principalmente em virtude de um relatório desenvolvido por um educador

americano.

Abraham Flexner desenvolveu uma avaliação do ensino médico nos Estados

Unidos e Canadá em 1910, e a partir desta avaliação ele verificou que, de 155

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faculdades de medicina que existiam na época, 120 não apresentavam nenhum preparo

para a admissão destes alunos. Eram universidades que não possuíam laboratórios, não

construíam relação entre a formação científica e o trabalho clínico e os professores não

tinham controle sobre os hospitais universitários (PAGLIOSA e DA ROS, 2008).

As críticas que Flexner apresentou a partir de seu relatório tiveram um efeito

estrondoso, pois além de influenciar no fechamento de grande parte das instituições,

também direcionou as instituições seguintes a reformular suas diretrizes curriculares ao

que ele apontou como sendo ideal para um centro médico universitário. Influência essa,

que foi muito além exclusivamente da formação, mas que se enraizou na prática médica

mundial desde então (PAGLIOSA e DA ROS, 2008). A partir deste modelo o seu

relatório apontava para a exclusividade do hospital como local de capacitação, tendo a

lógica positivista, dando ênfase às especialidades e ao estudo segmentado dos sistemas e

negando os estudos sociais e a saúde coletiva. Seus elementos estruturais de medicina

científica são o mecanicismo, o biologismo, o individualismo, a especialização, a

exclusão das práticas alternativas, a tecnificação do ato médico, a ênfase na medicina

curativa e a concentração de recursos (MENDES, 1985).

Foi assim que o paradigma da medicina científica se consolidou, e esta orientou

o desenvolvimento das ciências médicas, do ensino e das práticas profissionais, não só

nos cursos de medicina, mas em todas as áreas da saúde ao longo do século XX. E hoje,

essas características de ensino baseados em disciplinas ou especialidades, ambientados

predominantemente em hospitais, são as marcas do ensino superior atual. Estabeleceu-

se então um modelo hegemônico não só da medicina especializada, mas da área da

saúde como um todo (SANTANA, CAMPOS e SENA, 2015; CIUFFO e RIBEIRO

2008).

Minha graduação começou no ano de 2008 e terminou no ano de 2011, e apesar

de o modelo hegemônico de ensino especializado ainda ser o predominante, eu como

acadêmica, já observava que algumas mudanças estavam acontecendo, levando em

consideração a mudança nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de

Graduação em Fisioterapia feita pelo Conselho Nacional de Educação de 2002.

Essas Diretrizes Curriculares Nacionais trouxeram ao curso de fisioterapia um

novo olhar a formação do profissional fisioterapeuta, e foi o que direcionou a algumas

readequações dos documentos oficiais institucionais. Porém, ao analisar as DCNs, pode-

se observar algumas contradições em relação ao perfil do formando egresso/profissional

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fisioterapeuta com o modelo formativo hegemônico atual e as habilidades de

competências colocados por esta.

Segundo o Art.3°:

“O Curso de Graduação em Fisioterapia tem como perfil do formando

egresso/profissional o Fisioterapeuta, com formação generalista, humanista,

crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à

saúde, com base no rigor científico e intelectual. Detém visão ampla e global,

respeitando os princípios éticos/bioéticos, e culturais do indivíduo e da

coletividade. Capaz de ter como objeto de estudo o movimento humano em

todas as suas formas de expressão e potencialidades, quer nas alterações

patológicas, cinético-funcionais, quer nas suas repercussões psíquicas e

orgânicas, objetivando a preservar, desenvolver, restaurar a integridade de

órgãos, sistemas e funções, desde a elaboração do diagnóstico físico e

funcional, eleição e execução dos procedimentos fisioterapêuticos pertinentes a

cada situação. (MEC, 2002) ”

As DCNs traz o perfil de profissional que tanto almejamos, pois este perfil se

enquadra no modelo de atenção à saúde que buscamos, porém, ao longo das suas

descrições, encontramos algumas contradições, que acabam por reforçar o modelo

formativo que está posto.

Analisando um pouco o perfil do formando egresso/profissional fisioterapeuta,

entendesse que este profissional atenderá a todos os critérios no que se diz respeito a

formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, e que com este perfil esteja apto e

capacitado para atuar em todos os níveis de atenção à saúde.

A primeira característica do perfil colocado pelas DCNs - a formação generalista

– já levanta vários questionamentos. Sabe-se que há um modelo hegemônico de ensino

que está posto, que foca na doença e na especialidade como formação, se preocupando

com a clínica individualizada privatista (COSTA, et al, 2009). Como então, consegue-se

formar um profissional com perfil generalista, se esta própria característica vai de

desencontro com o modelo formativo que está posto?

Um profissional generalista vai de encontro com o modelo de atenção à saúde,

que tem a Atenção Primária como norteadora e organizadora da produção de saúde,

onde a atenção fragmentada é ineficiente, e que necessita da promoção em saúde, da

continuidade do cuidado, da integralidade e da proximidade com a comunidade para se

alcançar este modelo de atenção (ROSSONI e LAMPERT, 2004).

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A segunda característica – humanista – requer também um sentido mais amplo

do “humano” em si. Vai além de valorizar o ser humano propriamente dito, mas leva em

conta a condição humana acima de tudo. Consequentemente, mais uma característica

que se enquadra em um modelo de atenção à saúde e que ainda dá um passo além no

olhar ao ser humano, pois ao se preocupar com a condição humana ao qual este ser

humano está posto, necessariamente precisa-se voltar a um olhar ampliado de saúde,

que se preocupa e entende a determinação social como fator de atenção à saúde

(ROSSONI e LAMPERT, 2004).

E por último, crítica e reflexiva. Em primeira vista já se abre o questionamento

na ordem destas características. Um perfil crítico requer um posicionamento sobre algo,

seja ele a favor ou contra, mas que se coloque diante das situações com ideias,

conceitos, pensamentos que de alguma maneira levem ao desenvolvimento de algo

(ROSSONI e LAMPERT, 2004). Mas como ser crítico e se posicionar sobre algo, sem

antes refletir sobre determinado assunto?

O perfil crítico reflexivo é ponto importante, porém, a reflexão crítica sim

responde muito melhor ao perfil do formando/egresso profissional que buscamos para o

fisioterapeuta. A reflexão crítica requer uma tomada de consciência de cada um,

fazendo-o examinar e analisar fundamentos e razões de algo. Refletir criticamente

requer atitude de investigar, ou seja, é necessário que se conheça aquilo que é

investigado sem nenhum tipo de preconceito em torno do assunto (ROSSONI e

LAMPERT, 2004).

Ao analisar ponto a ponto as características do perfil sugerido pelas DCNs,

conseguimos observar os pontos de maior compatibilidade com a Saúde Coletiva deste

documento, que de alguma maneira apoia e auxilia na construção do profissional

fisioterapeuta que queremos, atuando no SUS em todos os seus níveis. Mas não

podemos deixar de analisar algumas contradições como citei anteriormente.

Dando continuidade ao Art 3º, o mesmo afirma que o perfil do profissional

fisioterapeuta formado “detém visão ampla e global, respeitando princípios

éticos/bioéticos”. Esta ética embasada em princípios é a ética da Teoria Principialista

desenvolvida por Beauchamp e Childress (2002) que mais uma vez reforça o modelo

formativo de educação que está posto, pois sustenta o modelo biomédico com seus

quatro princípios – da beneficência, da não maleficência, da justiça e da autonomia.

Porém a mesma diz não ter pretensão de ser uma teoria moral, pois acredita que apenas

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uma teoria não dá conta das demandas da sociedade contemporânea (DEJEANNE,

2011).

Sendo assim, mais uma vez se levanta o questionamento: será que se consegue

alcançar o perfil formando/egresso profissional fisioterapeuta se embasando no modelo

formativo hegemônico?

E ainda completando, o Art 4° I aborda as competências e habilidades gerais que

este profissional deve dotar:

“A formação do Fisioterapeuta tem por objetivo dotar o profissional dos

conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e

habilidades gerais:

I - Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito

profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção,

proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo.

Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma

integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo

capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de

procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus

serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da

ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não

se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde,

tanto em nível individual como coletivo.

II – Tomada de decisão: o trabalho dos profissionais de saúde deve estar

fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado,

eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de

equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este fim, os mesmos

devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir

as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas;

III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e devem

manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação

com outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação

envolve comunicação verbal, não-verbal e habilidades de escrita e leitura; o

domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de

comunicação e informação;

IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de

saúde deverão estar aptos a assumirem posições de liderança, sempre tendo em

vista o bem estar da comunidade. A liderança envolve compromisso,

responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e

gerenciamento de forma efetiva e eficaz;

V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos a tomar

iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de

trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma

forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores,

empregadores ou lideranças na equipe de saúde; e

VI - Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender

continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os

profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e

compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras

gerações de profissionais, mas proporcionando condições para que haja

beneficio mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços,

inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a

formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais” (MEC,

2002).

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Mais uma vez, lendo e analisando as competências e as habilidades colocadas

pelas DCNs, destaco alguns pontos da descrição de cada item abordado justamente para

questionar até onde estas competências e habilidades apoiam e auxiliam o perfil

formando egresso/profissional fisioterapeuta requerido inicialmente.

Em virtude destes questionamentos, ao analisar as DCNs, optamos por utilizar

apenas as características do perfil formando egresso/profissional fisioterapeuta como

ponto de aproximação com os documentos institucionais oficiais, pois é através deste

perfil que acreditamos estar mais próximos do modelo de formação voltado a atenção

em saúde que buscamos, ou seja, um modelo contra hegemônico ao atual.

Apesar destas contradições, as DCNs foram marco importante no início do

caminho para as mudanças curriculares necessárias para que o SUS fosse respaldado em

todos os seus níveis de atenção.

No período da minha graduação observava-se uma movimentação em relação às

mudanças necessárias segundo as Diretrizes Nacionais Curriculares. Já se ouvia falar

timidamente de promoção em saúde, educação em saúde, interdisciplinaridade,

integralidade, entre outros apontamentos e conceitos em relação ao Sistema Único de

Saúde (SUS). Por mais que em menor proporção em relação a outros estágios, já

tínhamos contato com estágios em Unidades Básicas de Saúde e estava sendo

implementado o PET-Saúde, que é um Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde com intuito de fortalecimento de áreas estratégicas para o SUS, de acordo com

seus princípios e necessidades.

Então, em 2011, participei de uma pesquisa desenvolvida por um projeto de

extensão do curso com o objetivo de analisar se existia ou não coerência do Projeto

Político Pedagógico (PP) do curso de Fisioterapia com as Diretrizes Curriculares

Nacionais do Curso de Graduação em Fisioterapia. Deste trabalho tivemos um artigo

publicado e pudemos concluir que sim, houve coerência e correlação do PP do curso

com todos os itens da DCN, mas através de um questionário aplicado aos docentes na

época algumas modificações foram sugeridas, entre elas, uma readequação nas ementas

e bibliografias, incremento na inserção do acadêmico nas Unidades Básicas de Saúde,

na integração ensino-serviço, na integralidade, na interdisciplinaridade e no número de

periódicos da área (CHESANI et al, 2011).

Contudo, me formei em fisioterapia em dezembro de 2011 e por conta de toda

influencia acadêmica de ensino hegemônica, sentia que minha necessidade profissional

estava diretamente relacionada e dependente do conhecimento adquirido em relação as

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especialidades. Então, em fevereiro de 2012 iniciei a residência multiprofissional em

terapia intensiva em São Paulo. Foram dois anos de muita teoria e prática totalmente

voltados para diagnóstico apurado, tecnologias avançadas de exames e tratamentos,

pesquisas, treinamentos, discussões e reuniões unicamente voltadas para a doença.

Terminada a residência, comecei a trabalhar como docente na mesma

Universidade que me formei, em disciplinas referentes a minha especialidade e estágio

em um hospital da região. Logo em seguida, comecei a trabalhar concomitantemente no

hospital em que eram realizados os estágios acadêmicos, como fisioterapeuta da unidade

de terapia intensiva (UTI) adulto.

Como docente, consegui observar que, aquelas mudanças que estavam

acontecendo no período da minha formação já estavam mais presentes na vida

acadêmica. Eram rotinas instaladas, com o intuito de respeitar as Diretrizes Nacionais

Curriculares, mas que na prática ainda seguiam a vertente da especialidade.

Terminada minha experiência como docente, continuei trabalhando no hospital

como fisioterapeuta e decidi iniciar o Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho. E foi

nas aulas do mestrado que consegui compreender e enxergar verdadeiramente a

necessidade da mudança no modelo formativo hegemônico que está posto. Através das

aulas, muitas outras coisas fizeram mais sentido, não apenas como profissional, mas

como cidadã, como um indivíduo que está colocado numa sociedade e que precisa se

colocar e lutar pelo que entende por saúde.

Por sorte, hoje consigo no mínimo ter um conceito de saúde que me cabe.

Consigo ir além do olhar da doença. Concordo com o Movimento dos Trabalhadores

Rurais Sem Terra (MST) quando apoiam o fato que saúde é a capacidade de lutar contra

tudo que nos oprime. Que além de defender o SUS e seus princípios para ter a saúde que

queremos, também precisamos lutar por outra forma de organização de sociedade e

reprodução de vida. E nesse contexto, só lutar contra a doença não constrói a saúde que

queremos e merecemos.

E com este pensamento, hoje me questiono se todo este entendimento já não

deveria ter acontecido na graduação.

O SUS tem como modelo a atenção integral à saúde, que se baseia nos

princípios de integralidade, universalidade, equidade e intersetorialidade, e para que isto

aconteça todos os profissionais da área da saúde, seja fisioterapeuta, médico,

enfermeiro, dentista, psicólogo, entre tantos outros, tem o dever de participar ativamente

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na construção do SUS, desenvolvendo ações que visem o modelo de atenção integral à

saúde (SCHMIDT et al, 2003; SILVA e DA ROS, 2007).

Pensando no perfil do formando egresso/profissional fisioterapeuta que tanto

comentamos, e na necessidade de se construir uma formação em saúde que atenda aos

critérios desse perfil para então atender ao modelo de atenção a saúde para o SUS em

todos os seus níveis, aconteceram momentos muito importantes que propulsionaram

grandes mudanças neste contexto.

A 11ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 2000) redimensionou o

papel das universidades e das escolas técnicas, que passaram por uma revisão na

estrutura curricular com o intuito de fortalecer o SUS. Neste ano também foi criado o

LAPPIS, o Laboratório de Pesquisas de Práticas de Integralidade à Saúde, que é um

programa de estudos que reúne um colegiado de pesquisadores que auxiliam na

identificação e construção de práticas de atenção integral à saúde. A proposta do grupo

é repensar a noção de integralidade a partir da análise, divulgação e apoio a experiências

inovadoras. Sendo este um trabalho multidisciplinar que tem como ponto de partida o

conhecimento que é construído na prática dos sujeitos nas instituições de saúde e na sua

relação com a sociedade civil. A partir deste programa, o Ministério da Saúde tomou a

decisão de levar este tema como discussão no ano de 2003 na programação da 12ª CNS.

Na 12ª CNS (BRASIL, 2004), foi aprovado pelo plenário a composição da

equipe multiprofissional, incluindo nesta equipe o profissional fisioterapeuta. Neste ano

então o LAPPIS se certificou.

Ao analisar estes momentos históricos, já podemos identificar a importância da

formação de novos fisioterapeutas, onde a competência precisa ir além da boa técnica,

ou apenas da reabilitação em si, e para isso a formação na área da saúde deve integrar o

ensino e o trabalho, incluindo uma reorientação profissional que envolva todas as partes

da formação, ou seja, docentes, alunos, profissionais da área e os pacientes (FREITAS,

CARVALHO e MENDES, 2013).

Com base em todas as leituras para compreender qual é o perfil formando

egresso/profissional fisioterapeuta requerido pelas DCNs, vários conceitos que são

características exclusivas do SUS também foram revistos e analisados para desta

maneira, conseguirmos visualizar quais são as possíveis mudanças que precisamos fazer

para alcançar o modelo de atenção à saúde através da formação acadêmica.

E foi esse desejo de mudança e de ser participante ativo na construção do SUS

que queremos que minha dissertação de mestrado nasceu.

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Desta forma, meu objetivo principal é: Analisar a relação entre as Diretrizes

Curriculares Nacionais de um Curso de Graduação de Fisioterapia e a base

epistemológica de um Curso de Fisioterapia de uma Universidade do Sul do Brasil, na

perspectiva dialética.

Após conhecer a história do curso desta Universidade do Sul do Brasil, e realizar

a análise documental, fazendo a aproximação dos documentos oficiais do curso com as

DCNs, no que diz respeito as características do perfil requerido por ela, espero poder

contribuir com uma mudança curricular e a mudança no modelo formativo do curso de

Fisioterapia de forma a alcançar o perfil formando egresso/profissional fisioterapeuta

que a Diretriz Curricular Nacional requer.

De maneira geral, acredito que a fisioterapia tem um conceito de movimento

muito bem definido e abordado na sua graduação, mas um conceito estruturado apenas

na atuação reabilitadora. Para alcançar o perfil profissional das DCNs precisamos

ampliar nosso olhar de movimento, não o deixando estritamente ao movimento cinético

funcional, mas o ampliando de maneira no que diz respeito a movimento social, ao

movimento da mudança da condição humana na sociedade que este vive.

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1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar a relação entre as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de

Graduação de Fisioterapia e a base epistemológica de um Curso de Fisioterapia de uma

Universidade de Santa Catarina, na perspectiva dialética.

1.1.2 Objetivos Específicos

Conhecer aspectos históricos, contextuais e institucionais de um Curso de

Fisioterapia de uma Universidade de Santa Catarina;

Identificar os estilos de pensamento expressos nas DCNs do Curso de

Fisioterapia;

Identificar a base epistemológica do Curso de Fisioterapia, a partir de análise

documental;

Identificar em que medida o Curso atende aos critérios da DCNs no que diz

respeito ao perfil formando egresso/profissional fisioterapeuta;

Discutir a base epistemológica do Curso de Fisioterapia, a partir da análise

documental na perspectiva dialética.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi de extrema importância, desde o início da construção do projeto de

dissertação conhecer a história do SUS e da Fisioterapia e a partir de quando a profissão

começou a fazer parte deste contexto de luta pela saúde. Foi através da fundamentação

teórica que consegui, pela revisão bibliográfica integrativa, desenhar o papel do

fisioterapeuta na Atenção Primária, analisar se este papel está acontecendo atualmente

pelos profissionais egressos e qual a influência da formação em saúde na atuação do

fisioterapeuta na atenção básica. E consegui ver a partir disto, que o fisioterapeuta não

vem desempenhando seu papel na atenção básica conforme o que preconiza as DCNs.

Conhecendo então a história do SUS e da fisioterapia percebi que o

fisioterapeuta ainda está em processo de construção e criação de vínculo com o SUS no

que diz respeito a atenção básica, e que este processo ainda possui falhas. Vi que a

fisioterapia tem raízes fortes atreladas a reabilitação, principalmente na parte

ambulatorial e hospitalar, e em virtude disto, a ideologia do SUS apareceu como sendo

um modelo contra hegemônico ao que vem praticando a profissão, dando a sensação

que o SUS e a fisioterapia não poderiam criar laços e caminharem juntos.

Desta forma, a partir das DCNs, inspiradas na parceria com o MS, há uma

menção para o que os cursos mudem esse perfil profissional em relação a ser

hegemonicamente reabilitatório, com campo de atuação quase que exclusivamente

terciário. E concomitante a esta menção existe uma questão de fundo que é a

epistemológica. Durante anos a hegemonia foi construindo um modelo privatista e

especializado, e as universidades, também pressionadas pelo modelo hegemônico do

mercado de trabalho, acabaram construindo um modelo formativo com enfoque

privatista e especializado. Vim através deste trabalho justamente questionar; como

podemos transformar um estilo de pensamento?

As DCNs se propõem a isso quando descrevem o perfil do formando

egresso/profissional fisioterapeuta, contudo, é preciso fazer uma análise profunda do

que acontece dentro dos cursos nas universidades, e como realmente são construídas as

matrizes curriculares segundo o que as DCNs preconizam para que não se tenha a falsa

sensação de que este perfil está sendo desenhado.

O proposito neste estudo foi se debruçar sobre isso e os resultados apontaram

para uma caminhada ainda lenta rumo a “desconstrução” do modelo anterior. O fato de

as DCNs proporem este perfil profissional contra hegemônico já trouxe o início da

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desconstrução que estamos se busca, pois se vê uma mobilização dos cursos nas

universidades para que essa adequação de alguma forma seja realizada. Porém a

aproximação da fisioterapia com o SUS, principalmente para a atenção básica, precisa

estreitar seus laços. O fisioterapeuta precisa saber seu papel como atuante na atenção

básica.

Para isso, é preciso trazer para dentro da vida acadêmica, a realidade da nossa

profissão no SUS, com estágios que mostrem as possibilidades reais da atuação da

fisioterapia, sem abrir mão das raízes da profissão, mas abrindo precedentes para outras

formas de atuação. O fisioterapeuta para a Atenção Básica atua diretamente pelo NASF,

e por meio do apoio matricial dá suporte à equipe de Estratégia da Saúde da Família,

sendo assim, porque não dar aos acadêmicos a oportunidade de conhecer de verdade

este âmbito de trabalho. Conhecer a Unidade Básica de Saúde é importante e pode fazer

parte de uma estratégia de conhecimento, mas pensando na realidade de trabalho do

fisioterapeuta na Atenção Básica, é preciso muito mais da inserção dos acadêmicos no

NASF, aprendendo o que é apoio matricial, e que a reabilitação já começa ai.

Não apoio e não quero ignorar a importância das especialidades na formação

acadêmica, mas ficou claro que o alinhamento destas especialidades com a atuação do

fisioterapeuta na atenção básica é que irá nos levar a boa clínica, e consequentemente

alcançar a promoção de saúde que tanto se almeja. O apoio matricial só é eficiente

quando se tem como base as especialidades como aliada do fisioterapeuta para o NASF.

E ainda além, é preciso entender a importância do agente comunitário nesse contexto

para que o apoio matricial então realmente seja realizado, e que assim não

necessariamente o fisioterapeuta precise apenas atender o paciente para reabilitar.

Espero que meu trabalho, com estas colocações e apontamentos, possa contribuir

para acelerar esse processo de mudança de forma mais construtiva, e assim se consiga

criar um vínculo forte com o SUS, pois a criação deste vínculo diz respeito a luta pelo

modelo de saúde que lutamos, que acreditamos e que queremos.

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ANEXOS

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ANEXO I - TERMO DE CIÊNCIA E AQUIESCIÊNCIA

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ANEXO II - TERMO DE ANUÊNCIA DE INSTITUIÇÃO PARA COLETA DE

DADOS DE PESQUISAS ENVOLVENDO SERES HUMANOS

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ANEXO III - TERMO DE ANUÊNCIA DE INSTITUIÇÃO PARA COLETA DE

DADOS DE PESQUISAS ENVOLVENDO SERES HUMANOS

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ANEXO IV - TERMO DE COMPROMISSO DA EQUIPE DE PESQUISA

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ANEXO V - TERMO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS PARA COLETA DE DADOS

DE PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS

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ANEXO VI - TERMO DE COMPROMISSO ORIENTADOR E ALUNO

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