Sessões Coordenadas

26
SESSÕES CORDENADAS Sessão 23

description

sessões coordenadas - décimo salão de extensão

Transcript of Sessões Coordenadas

SeSSõeScordenadaS Se

ssão

23

Sessões coordenadas

2

Sessões coordenadas

3

RECONHECIMENTO E VALORIZA-ÇÃO DO MANEJO FLORESTAL, DO TRABALHO ARTESANAL E DA CULTURA KAINGANG NA GRAN-DE POA

Através da discussão do etnoconhecimento kaingang, surgiu o Projeto de Extensão de mesmo nome deste traba-lho, visando o reconhecimento e a valorização do manejo florestal realizado pelos kaingang através de GTs(Grupos de Trabalho), SDs(Seminários de Discussão) e de pesqui-sas científicas relacionadas ao tema. Os seminários de dis-cussão foram classificados como módulos. Divididos em cinco, formam um curso de caráter informativo dividido pelos meses do segundo semestre de 2009, voltado para diversos grupos da sociedade. Um dos objetivos do pro-jeto foi fomentar o diálogo entre a comunidade universi-tária, a comunidade em geral e os gestores públicos, prin-

cipalmente aqueles ligados aos direitos indígenas, tais como: FUNAI, CEPI, FUNASA, SDH-POA, Ministério Públi-co Federal e Ministério da Justiça; assim como instituições relacionadas ao meio ambiente: SMAM, IBAMA, SEMA e DEFAP. A ação de extensão proposta teve também como objetivo, integrar dois núcleos de pesquisa da UFRGS, o NIT (Núcleo de Antropologia das Sociedades Indígenas e Tradicionais) e o DESMA (Núcleo de Estudos em Desen-volvimento Sustentável e Mata Atlântica), estruturalmen-te localizados em dois programas de pós-graduação, o PPGAS (Antropologia Social) e o PGDR (Desenvolvimento Rural). Dessa forma, tentou-se criar uma rede de conexão entre ambientalistas e antropólogos para promover a tro-ca de conhecimentos e informações sobre o tema, além de tornar possível o surgimento de novas pesquisas vol-tadas para coletivos indígenas que envolvam as duas áre-as em um diálogo enriquecedor para todos. Para atingir e aprofundar os objetivos do presente projeto de exten-são tomou-se como método a observação participante, realizando-se pesquisas etnográficas de campo, por meio

Sessões coordenadas

4

da qual o NIT e o DESMA irão analisar os dados obtidos. Assim, salienta-se que o presente projeto de extensão universitária está conjugando a ênfase antropológica e ambiental, garantindo a interação entre a ação de exten-são e a pesquisa científica. A preocupação inicial do pro-jeto surgiu pela percepção de que o artesanato kaingang atingiu uma grande amplitude de venda na cidade de Porto Alegre, de tal modo que vitrines tecnologicamente sofisticadas compartilham de uma estética ameríndia tra-dicional. Entretanto, esse conhecimento e significado não é pensado por compradores não-indígenas. Para fabricar seus cestos, arcos e flechas, e demais artefatos, articulam-se uma série de saberes relacionados ao manejo florestal e ao uso de técnicas de beneficiamento das fibras natu-rais - saberes que dialogam com todo o etnoconhecimen-to do cosmos kaingang. Esse conhecimento tradicional, que é passado oralmente de geração para geração, deve ser devidamente estudado, valorizado e registrado visan-do o benefício desse povo etnicamente diferenciado. A pesquisa, fomentada pelo projeto de extensão e ainda

em andamento, propõe portanto reflexões acerca do ma-nejo do ambiente natural realizado pelos kaingang, com suas características simbólicas específicas, focando prin-cipalmente na contínua construção de sua sociocosmo-logia a partir da relação entre a floresta, o artesanato, e sua comercialização. Relação que garante a subsistência e consequentemente a organização social e as formas tra-dicionais de conhecimento do cosmos.

KOMBI TECA CONSTRUINDO O CA-MINHO PARA A LIBERDADEA leitura é um dos meios mais eficazes para remover bar-reiras educacionais e para promover e inserir o indivíduo na sociedade. Quem lê contribui para o seu enriqueci-mento pessoal e para o entendimento do mundo que o cerca e, somado a isso, se as pessoas forem motivadas

Sessões coordenadas

5

e orientadas para realizar a leitura, os resultados, certa-mente, serão a serviço do aprimoramento das pessoas. O projeto intitulado “leitura na kombi: um caminho para a liberdade” é uma atividade de extensão do Curso de Le-tras, da URI – campus de Santiago, com ações pedagógi-cas, na comunidade local, e tem por objetivo desenvolver o gosto e hábito pela leitura e promover a inclusão social do cidadão dos bairros carentes do município, pois acre-ditamos que é no território da leitura que podemos traçar o diálogo que nos leva a pressupor que para se escrever é necessário ler. É preciso fazer com que a criança, des-de cedo, sinta na leitura uma prática prazerosa. Com isso, considera-se relevante este trabalho, pois somente dessa forma é possível atingir o conhecimento de forma critica e transformadora e incluir-se no meio em que se vive. Para que a leitura possa chegar até as pessoas de maneira dife-rente e criativa são usadas ferramentas de grande valia na construção do senso crítico, pois é por meio delas que as crianças tomam conhecimento de situações alheias à sua realidade, uma vez que podem conhecer e viajar por di-

ferentes mundos. Para isso, são realizadas oficinas lúdicas de teatro, música, filmes, fantoches, contação de história e discussões de assuntos da atualidade. O projeto “Leitura na Kombi” dá atenção especial para a leitura, pois sabe-se que é através dela que o ser humano pode adquirir cul-tura, atualizar-se, conhecer melhor a história da humani-dade e conhecer melhor a si mesmo e aos outros. Uma Kombi foi transformada em uma biblioteca ambulante que hoje possui um acervo de 2.600 livros, que estão à disposição das crianças (cada participante leva de 3 a 4 livros quinzenalmente). Considerando que toda a leitura é prática não-individual por envolver a interação do cida-dão com seu meio, o projeto Leitura na Kombi atua como mediador entre os participantes e os livros, comentando e transmitindo informações que possam auxiliar o jovem a desvendar o maravilhoso mundo da leitura.

Sessões coordenadas

6

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM A COMUNIDADE DA UFRGS E DE ES-COLAS DO ENTORNO DO CAMPUS DO VALEA Unidade de Conservação da UFRGS teve sua aprova-ção por mérito, pelo Conselho Universitário em 2004 em área pertencente à universidade, junto ao Campus do Vale da UFRGS. Em 2006 foi estabelecido o limite da área de 321,12ha e a denominação na categoria Refúgio de Vida Silvestre - REVIS da UFRGS (Portaria 71/2004). O Morro Santana é constituído por rochas graníticas com idade de 550 milhões de anos que determinam a geomorfologia da área, em conjunto com a ação intempérica e erosiva do clima, sendo a maior altitude da região de Porto Alegre. O tipo de relevo e as condições climáticas influenciam no tipo de solo regolítico no topo do morro e argisolo nas encostas. No Morro Santana encontra-se as nascentes do

arroio Dilúvio, importante recurso hídrico para a fauna e população residente do entorno. Esta ciclicidade em que os recursos naturais geomorfológicos, climáticos, hídricos, vegetacionais e faunístico estão relacionados fortifica a importância de se ter uma Unidade de Conservação no Morro Santana. A divulgação e o conhecimento da im-portância do REVIS – UFRGS é estabelecida com ativida-des de Educação Ambiental junto à população acadêmica da UFRGS e à comunidade do entorno do Morro Santana. Desde 2004 os alunos do curso de Biologia UFRGS fazem saídas de campo semestrais ao REVIS - UFRGS com os ca-louros no “Trote Consciente”, acompanhados dos seguran-ças da UFRGS, usam da biodiversidade local e dos proble-mas ambientais na área para conscientizar os colegas e trocar conhecimentos. Os alunos do curso de Geografia na Semana Acadêmica de 2007 fizeram uma saída de cam-po ao Morro Santana acompanhados da ex- bolsista des-ta ação de extensão Marília Cerciná e dos seguranças da UFRGS, onde também trocaram conhecimentos e experi-ências além de aprenderem sobre a importância do REVIS

Sessões coordenadas

7

- UFRGS. Em 2008 os alunos do curso de Geologia UFRGS, também fizeram uma saída de campo ao REVIS – UFRGS, acompanhados da coordenadora desta ação de extensão a Profº Teresinha Guerra e do Profº Sérgio Luiz de Carvalho Leite, da bolsista Thamy Lara de Souza e dos seguranças da UFRGS. Foram realizadas atividades de reconhecimento de espécies vegetacionais nativas e da fauna dos Biomas Pampa e Mata Atlântica, bem como dos solos, além do en-tendimento sobre o REVIS – UFRGS no Morro Santana e os problemas ambientais existentes. Em abril de 2009 os alu-nos de graduação do curso de Geologia, a Profº Carla Por-cher do IGEO- UFRGS, a bolsista desta ação Thamy Lara de Souza, juntamente com os seguranças da UFRGS fizeram uma saída de campo ao REVIS – UFRGS para recepcionar os calouros do curso com o “Trote Consciente”. Ocorreram trocas de conhecimentos sobre a geologia local e regio-nal, abordagem dos tipos de solos e dos processos intem-péricos e erosivos, a identificação dos Biomas existentes, as espécies vegetacionais, os atuais problemas ambientais na área e a importância do REVIS – UFRGS para toda a co-

munidade do entorno. No 2º Semestre de 2008 iniciaram-se as atividades de Educação Ambiental junto à comuni-dade, com abordagem nas escolas públicas. A primeira a ser visitada foi a Escola Municipal de Ensino Fundamental Incompleto Érico Veríssimo de Viamão. As atividades visa-ram a fundamental importância da conservação do REVIS-UFRGS para os alunos da 2ª e 3ª séries. Foram introduzidos e explicados conceitos como: ECOLOGIA, ECOSSISTEMAS, BIOMAS, FAUNA e FLORA NATIVAS, CLIMA, ROCHA, SOLO, UNIDADE DE CONSERVAÇÃO, REFÚGIO DE VIDA SILVES-TRE. Foram realizadas coletas de plantas nativas e colagem de figuras dos animais típicos de cada Bioma. Ressaltamos a importância do REVIS – UFRGS para os seres humanos, animais e plantas. Fizemos uma saída de campo ao REVIS-UFRGS mostrando as características naturais e os atuais problemas ambientais do Morro Santana, coletando o lixo seco na trilha. Atualmente desenvolve-se um trabalho em Educação Ambiental com os alunos de duas turmas do 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual de Ensino Mé-dio Agrônomo Pedro Pereira. Onde está sendo utilizado

Sessões coordenadas

8

o folder elaborado pelo grupo de trabalho e a página de Internet de divulgação do REVIS – UFRGS como base para os assuntos abordados nas oficinas e apresentações de power poit com fotos do REVIS – UFRGS e da fauna e flora nativas da área. Os alunos também vão fazer uma saída de campo ao REVIS – UFRGS para colocarem em prática o co-nhecimento adquirido nas oficinas e suas próprias vivên-cias. A ação de extensão elaborou um mapa catalogando as escolas estaduais e municipais no entorno do Morro Santana com o objetivo de visitá-las e, possilvelmente, de-senvolver oficinas e saídas de campo ao REVIS – UFRGS com os alunos. Pretendemos dar continuidade às ações de conscientização ambiental dos alunos acadêmicos da UFRGS para mantê-los informados sobre o REVIS- UFRGS e conectados com a natureza local. Os resultados das ativi-dades em Educação Ambiental, tanto com os alunos aca-dêmicos como com os alunos escolares, são satisfatórias e positivas. Essas experiências servem para o aprimoramen-to do reconhecimento da área e como incentivo para as pesquisas científicas e atividades de extensão.

FÓSSEIS, TESTEMUNHOS DA HISTÓ-RIA DA VIDA NA TERRA: O MUSEU DE PALEONTOLOGIA DA UFRGS

Inaugurado em dezembro de 2008, o Museu de Pa-leontologia do Departamento de Paleontologia e Es-tratigrafia do Instituto de Geociências da UFRGS, em homenagem ao Prof. Dr. Irajá Damiani Pinto, possui uma sala de exposições com 150 m2 e um acervo com mais de 45.000 peças, algumas em exposição e outras usadas em atividades educacionais e de formação de recursos humanos. As peças catalogadas incluem ho-lótipos, parátipos, espécimes para uso didático, além de réplicas de fósseis. Esse acervo é resultado de in-tensa coleta realizada em trabalhos de campo, de sub-superfície e de intercâmbio com outras instituições de ensino e pesquisa do mundo, o que posiciona a cole-ção do Museu de Paleontologia como uma das mais completas da América Latina. A exposição de abertura,

Sessões coordenadas

9

intitulada “Fósseis, testemunhos da história da vida na Terra”, apresenta uma linha de tempo, com uma série de painéis abordando representações dos períodos do tempo geológico, acompanhados de espécimes fósseis ilustrativos da história da Terra. O foco principal da ex-posição contempla os resultados das pesquisas feitas na UFRGS referentes aos vertebrados do Triássico, cujo registro fóssil constitui-se num dos mais expressivos deste Período em todo o mundo. O estabelecimento do novo espaço vem suprir uma demanda muito gran-de de escolas, principalmente de ensino fundamental e médio, que procuram o Departamento de Paleon-tologia para visitarem sua coleção de fósseis. Como o principal objetivo do Museu é a divulgação da Paleon-tologia, ações educacionais estão sendo planejadas e executadas, entre elas, visitas guiadas por monitores (bolsistas de extensão e SAE), palestras, oficinas para estudantes de ensino fundamental e médio e cursos de aperfeiçoamento para professores. Nas visitas guiadas, que vem ocorrendo sistematicamente desde o mês de

maio de 2009, o acervo do Museu é apresentado aos visitantes por bolsistas, estudantes do Curso de Ge-ologia, que receberam treinamento de capacitação. Nessas visitas, conteúdos adicionais de divulgação do Museu de Paleontologia, incluindo folder e um mini-catálogo de 10 páginas, são disponibilizados ao públi-co, contendo informações sobre os espécimes apre-sentados na exposição e resultados sobre a pesquisa paleontológica produzida no Rio Grande do Sul e no Brasil. O Museu também é utilizado em aulas práticas junto aos cursos de graduação da UFRGS (Geologia, Ci-ências Biológicas e Geografia) e ao Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGGeo) da UFRGS, como base de estudo e comparações no desenvolvimento de trabalhos científicos, cujos resultados são amplamente apresentados em dissertações, teses e artigos científi-cos em periódicos especializados, além de outros tipos de mídia (revistas, jornais, televisão). Dentre as ações planejadas para o Museu de Paleontologia estão: (1) Organização da coleção, divulgação do acervo e cria-

Sessões coordenadas

10

ção de um catálogo virtual dos fósseis do Museu, a ser apresentado em um sítio na internet; (2) Incremento da produção de materiais didáticos para a divulgação da Paleontologia e para auxiliar na formação de recursos humanos em todos os níveis (ensino fundamental, mé-dio, graduação e pós-graduação); (3) Estabelecimento de ações educacionais visando o público escolar e lei-go, na forma de oficinas de aprendizagem; (4) Divulga-ção das diversas aplicações do conhecimento dos fós-seis, na mídia, incluindo sua interface com a pesquisa e exploração de recursos minerais, visando aumentar e atrair recursos humanos para a área.

GRUPOS COM PROFESSORES, PAIS E CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE: PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAA partir de um projeto de extensão intitulado “O construir interdisciplinar e a prevenção à violência contra a criança e o adolescente: a prática acadêmica entre a rede de prote-ção e a comunidade escolar” desenvolvido em uma escola municipal de Santa Maria, com a participação dos cursos de Enfermagem, Psicologia e Serviço Social do Centro Uni-versitário Franciscano, com o objetivo de instrumentalizar e discutir com os profissionais que atuam na comunidade escolar sobre as questões que envolvem a violência con-tra a criança e o adolescente, diagnosticou-se uma grande vulnerabilidade das crianças e adolescentes desta comuni-dade. Assim, a equipe do projeto constatou a necessidade de propor ações voltadas à atual situação destas crianças e suas famílias. A partir desta análise, considerou-se essen-

Sessões coordenadas

11

cial que fosse criado, além de grupos de discussão com os professores e demais atividades voltadas à ação na comuni-dade grupos dentro da escola, visando atender às crianças que encontram-se em situações de vulnerabilidade e seus pais, ou responsáveis. Sabe-se que a questão da violência está relacionada a fatores de ordem pluricausal, assim, esta problemática não pode ser reduzida a questões individuais, de ordem meramente psicológica, pois estas crianças e ado-lescentes encontram-se em situação de vulnerabilidade por questões de ordem social associada a uma relação patriar-cal de poder e controle (SAFFIOTI, 2004).Considera-se então que a escuta em grupo faz-se fundamental com o intuito de abrir espaços de discussão e construção de possibilidades de autoria e de criação, ou seja, espaços de saúde no que se refere às situações de violência e seus efeitos. Maldonato (1997) mostra índices alarmantes sobre a violência intrafa-miliar que comprovam sua grande incidência. A pesquisa in-dica que ,em 15% dos casos, o agressor está fora da família. Em 48,7% são os pais que cometem violência contra a crian-ça, 28,2% são as mães e 10,3% são os padrastos, apontando

a relação de dominação/opressão. De acordo com Pimentel e Araújo (2007), a violência intrafamiliar transforma o lar em um lugar de agressão, ao invés de proteção, demonstrando dificuldades dentro da esfera cuidador- criança. A violência contra a criança e o adolescente pode ser uma forma de re-lacionamento existente nos membros da família, precisan-do assim ser denunciada e desnaturalizada (ALGERI, SOUZA, 2006). Existe abuso, violência contra uma criança ou ado-lescente quando este é submetido, com ou sem resistência, ao desejo de uma pessoa mais forte, vindo este ato sofrido ser extremamente marcante a estas vitimas e interferindo em todo o seu processo de desenvolvimento (AZAMBUJA, 2004). As omissões, atos praticados pelos pais, parentes ou responsáveis, à criança e/ou adolescente, que são capazes de causar à vítima dor e danos de natureza física, sexual e/ou psicológica, são denominadas violências domésticas implicando, de um lado, à transgressão do poder e dever de proteção pelo adulto e, de outro, numa coisificação da infância. Assim, ocorre uma negação do direito das crianças e adolescentes de serem tratados como sujeitos e pesso-

Sessões coordenadas

12

as em condição peculiar de desenvolvimento (AZEVEDO E GUERRA, 1995). As vítimas, na maioria das vezes, sentem medo em revelar a violência sofrida e procurar ajuda, pois acreditam que ninguém aceitará o que dizem, têm medo das brigas nas famílias, ou são coagidas física e moralmente pelos agressores. A criança percebe quando o adulto está abusando dela, sentindo raiva, porém não vê alternativa a não ser submeter-se a esta situação. Esta submissão gera sentimentos de vergonha, humilhação, inferioridade, de-sespero, culpa o que faz com que o segredo perpetue. En-tão, geralmente, a vítima acaba calando-se enquanto os de-mais membros negam-se a enxergar (BRAUN, 2002). Nesta direção, foi proposta a criação de grupos terapêuticos com crianças (VOLNOVICH, J.; HUGUET, 1995) em situação de vulnerabilidade visando oportunizar o exercício da palavra, do brincar e da ação enquanto sujeitos, com suas especifi-cidades. Assim, foi constituído um grupo de crianças com periodicidade semanal, com cinco participantes que foram definidos em conjunto com a escola. Pretende-se, a partir do próximo ano, formar mais dois grupos com crianças.

Com os pais, estão sendo realizados encontros mensais que têm a finalidade de sensibilizar para a questão da violência e seus efeitos, bem como despertar para outras vias e pos-sibilidades de expressão e relacionamento com seus filhos, buscando, ainda, reflexão sobre o contexto em que ocor-re a banalização da violência. Com os professores, o grupo ,constituído por adesão, tem periodicidade quinzenal, com o objetivo que seja de abrir um espaço de discussão, trocas de idéias, dúvidas, reflexões sobre as questões que envol-vem o cotidiano do professor, em especial no que se refere às questões relativas à violência. A metodologia utilizada é a dos grupos operativos (BLEGER, 1998). Salienta-se, enfim, a importância da interdisciplinaridade nas propostas de ação voltadas à questão da violência e ressalta-se que os grupos com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilida-de e seus pais, não constituem uma ação isolada, estando inseridos em uma proposta ampla de prevenção envolven-do toda comunidade escolar e a rede de atenção à criança e ao adolescente, buscando potencializar todas as formas de acolhimento e enfrentamento da situação.

Sessões coordenadas

13

UCS PROMOVE: ENGENHEIRO DO FUTUROA Universidade de Caxias do Sul, em conjunto com se-tores dos pólos metal-mecânico e polimérico e de esco-las das redes pública e particular de ensino da região da Serra Gaúcha, elaborou este projeto cooperativo, com o objetivo de promover a interação das Ciências da Enge-nharia com professores e alunos do ensino médio. Este projeto visa o aprimoramento da formação pedagógi-ca dos professores e um encantamento dos estudantes pelas áreas tecnológicas e por uma futura carreira em Engenharia ou em outras áreas afins. As atividades em desenvolvimento foram planejadas para dar sentido e fundamentação aos ensinamentos das ciências exatas e naturais e para a aplicabilidade da teoria na solução de problemas reais, articulando aspectos científicos, eco-nômicos, ambientais, políticos e sociais, e para reforçar o importante papel da Engenharia na sociedade e nos

setores industriais e de serviços. Dentre as atividades que estão sendo oferecidas aos professores e alunos do ensino médio destacam-se: oficinas nas áreas de Mate-riais, Biotecnologia, Meio Ambiente, Engenharia de Ali-mentos, Desenho Técnico, Metrologia, Matemática, In-formática, Astronomia, Línguas e Biologia; o programa “Encorajando meninas em tecnologia, ciência e enge-nharia”; concursos para solução de problemas interdis-ciplinares; mostras de trabalhos científicos; laboratório circulante; e visitas às empresas da região. Este projeto foi aprovado pela FINEP dentro do PROMOVE – Progra-ma de Modernização e Valorização das Engenharias – em 2006.

Sessões coordenadas

14

PRÁTICAS DE ENSINO DE CIÊNCIAS EM LABORATÓRIO: UMA EXPERI-ÊNCIA REALIZADA NO CONTEXTO DE UMA ESC EST NO RSPoucas são as escolas que possuem Laboratório de Ciên-cias, sendo que essas raramente o utilizam. Em sua impor-tância o Laboratório de Ciências proporciona um melhor aprendizado a partir do momento em que as aulas teóricas são transformadas em aulas práticas, pois o educando rela-ciona e constrói com mais facilidade o aprendizado. Tendo em vista que aulas práticas possuem grande importância, pois a partir delas o educando relaciona os conhecimentos científicos com a realidade do seu cotidiano. Este projeto identifica na escola algumas dificuldades dos educadores de transcender a teoria, utilizando muitas vezes métodos convencionais de ensino. No que concerne ao caso especí-fico da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. José Sampaio

Marques Luz, quais são as dificuldades que os educadores possuem para o uso do laboratório? Em que medida na sua trajetória formativa desenvolveu práticas educativas em la-boratórios? A partir dessa problemática, este estudo tem por objetivo, organizar o Laboratório, de forma que pos-sa ser reativado e estimular educadores e educandos para que o uso do Laboratório faça parte dos componentes cur-riculares da escola. Também pretende, a partir das informa-ções colhidas, trabalhar na organização do material no la-boratório, no qual serão testados os aparelhos laboratoriais mecânicos (microscópios, modelos didáticos anatômicos etc.), reagentes químicos (data de validade dos reagentes) e limpeza de vidrarias. O público alvo são educandos da 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental. Desta forma as aulas práticas serão elaboradas de acordo com os componentes curriculares dos educandos, visando a melhoria do ensino das Ciências através da mudança do método tradicional de ensino para uma abordagem relacional. Pretende-se corro-borar ou refutar a seguinte hipótese: acredita-se que a par-tir da elaboração das aulas práticas no Laboratório de Ciên-

Sessões coordenadas

15

cias, haverá uma melhoria na qualidade de ensino. A Escola Estadual de Ensino Médio Dr. José Sampaio Marques Luz conta, atualmente, com 218 alunos no Ensino Fundamen-tal e 4 professores de Ciências, está localizada no município de São Gabriel, Rio Grande do Sul. Atualmente não possui nenhuma atividade de laboratórios relacionada ao Ensino de Ciências, porém apresenta condições estruturais para seu uso contínuo. Considera-se de grande importância para o desenvolvimento cognitivo dos educandos um tra-balho bem orientado, pois deste modo terão uma melhor qualidade de ensino e de aprendizagem. Tendo em vista que em escolas onde aulas laboratoriais são ministradas, a perspectiva dos educandos em relação a essa prática, são opostas as daqueles que não possuem atividades no labo-ratório em seus componentes curriculares.Trata-se de um projeto em andamento, onde os resultados parciais apon-tam para: grande dificuldade do uso de laboratório pelos educadores; a falta de estímulo aos educandos para o de-senvolvimento de aulas práticas e a necessidade urgente de revermos esta cultura escolar que dissocia a esfera teóri-

ca da prática; a maior dificuldade de inovação na metodo-logia de ensino está relacionada ao perfil de formação do educador que na sua constituição docente não passou por essa experiência e a grande necessidade e interesse pelos educandos de novas práticas educativas.

A CRIATIVIDADE ESTRATÉGICA NA VIABILIDADE DE EMPREENDIMEN-TOS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMEO objetivo do projeto é viabilizar mecanismos de inte-gração de escolas técnicas, empresas e universidades, visando o desenvolvimento da educação empreende-dora desde a educação básica à educação superior, fazendo com que as escolas identifiquem e ofereçam

Sessões coordenadas

16

o que realmente as empresas e indústrias necessitam, mantendo a atualização constante da sociedade geran-do maior empregabilidade, considerando a relevância da integração entre as empresas e entidades de ensi-no para o crescimento sócio-econômico. Os recursos materiais são provenientes de parcerias entre institui-ções SINDILOJAS Missões, Sistema “S” e Universidades públicas e privadas do município e os recursos huma-nos da UNIPAMPA do campus de São Borja. Quanto aos métodos há predominância do método fenomenológi-cohermenêutico e também do método observacional; utiliza-se a pesquisa qualitativa e quantitativa, optan-do-se pelo estudo de multicasos e pesquisa descritiva, não-experimental e pesquisa bibliográfica e de campo. A população da presente pesquisa é formada por em-presários, estudantes, trabalhadores em educação e comunidade em geral.Quanto aos resultados verificou-se que as ações iniciais para o estímulo de uma edu-cação empreendedora poderão ser : a) Pesquisa sobre pensamento empreendedor do são-borjense: ensino,

empresários, comunidade em geral; b) Realização de reportagens, entrevistas sobre o empreendedorismo; c) Pesquisa sobre novos empreendimentos em São Bor-ja; d) Divulgação do projeto através de campanha pu-blicitária; e) Capacitação docente sobre Criatividade e Empreendedorismo e Inclusão de disciplinas e/ou con-teúdos em disciplinas sobre negócios e empreendedo-rismo no ensino fundamental, médio e superior entre outras ações. Espera-se verificar a empregabilidade dos egressos de escolas e universidades, trabalhadores qualificados, estímulo ao pensamento empreendedor, empreendedorismo na educação, aumento do número de alunos nas escolas e universidades; a busca pelo co-nhecimento; maior integração interdisciplinar; adesão de organizações públicas e privadas à proposta de edu-cação empreendedora, realização de políticas públicas que incentivem o empreendedorismo. Já é possível ve-rificar também que a proposta é inovadora no municí-pio no sentido de estímulo ao desenvolvimento da re-gião fronteira oeste, especialmente o município de São

Sessões coordenadas

17

Borja-RS. Um outro resultado que já aparece é quanto a formação de imagem positiva da universidade jun-to a comunidade pelo esforços realizados de integra-ção com a entidades do comércio, indústria, serviços e agropecuária. Num primeiro momento, a conclusão parcial é que o trabalho a ser realizado é de longo pra-zo e os dois anos inicialmente propostos são curto pra-zo, há necessidade de investimentos na qualificação de mão de obra do município de São Borja, as entidades do município precisam estar unidas e promover esfor-ços por iniciativa pública e privada para uma mudança cultural que viabilize o empreendedorismo.

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AM-BIENTAL NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL DR. PEDRO FERRAZ NETO COM AS TURMAS DNa relação do ser humano com o meio, que atualmente parece se processar de forma bastante desequilibrada, do-minadora e neutralizante, a Educação Ambiental tem um grande campo a desenvolver. A partir dela é possível pro-piciar a humanidade a repensar seus hábitos e costumes. Deste modo, podemos notar que apesar de haver iniciati-vas para a Educação Ambiental, muitas vezes o contexto histórico se torna uma barreira a ser vencida. Transcender essas barreiras permite, pela implantação de bons proje-tos, o conhecimento e importância dos vínculos entre a educação e a vida. Também é possível perceber a evo-lução da degradação do meio ambiente. A partir desses

Sessões coordenadas

18

pressupostos vinculados a este projeto em andamento, incentivamos na escola o desencadeamento de reflexões sobre as questões ambientais para além de suas dimen-sões biológicas, químicas e físicas. Também suscitamos pela educação ambiental o debate sobre questões sócio-políticas para que os educandos possam refletir e relacio-nar e, como decorrência, construir conhecimentos sobre temáticas de cunho ambiental. A ação desse grupo de ex-tensionistas permite que, no ensino fundamental, sejam desenvolvidas atividades que visam à conscientização da preservação ambiental. De certo modo elas representam possibilidades de aprendizagem para a escola como um todo, especialmente, para se trabalhar numa perspectiva interdisciplinar. Pesquisas corroboram que os bens da ter-ra são patrimônio de toda humanidade e seu uso tem que obedecer às regras de respeito e solidariedade para com o restante da humanidade e com as gerações futuras. Nes-te sentido, a prática educativa na escola parte do cuidado com o ambiente mais próximo, do respeito aos colabora-dores da escola, jogando lixo no lugar certo, não desper-

diçando água, não rasgando livros ou folhas do caderno. Sem dúvida, o trabalho desenvolvido mostra que isso contribui para a formação de cidadãos mais conscientes, com maior qualificação para atuar de modo comprometi-do em suas realidades sócio-ambientais. Nesse sentido, se procedeu da seguinte forma: num primeiro momento foi realizado um diagnóstico sobre as demandas existentes na escola nesse campo de saber. A seguir, foram desenvol-vidos diversos encontros com educadores e educandos discutindo temáticas como: a preservação dos recursos naturais, práticas racionais de reciclagem e sustentabilida-de. Com este diagnóstico, forma preparadas as atividades de acordo com a realidade socio-econômico-ambiental e demanda da escola, de modo a associar a questão am-biental com a realidade do meio onde se está inserido. As atividades contaram com exposições sobre os temas, com utilização de recursos multimídia. Os temas abordados foram os seguintes: (1) A importância e ciclo da água, tal como, sua relevância para a vida humana no planeta; (2) Práticas de sustentabilidade doméstica; (3) Tipos, causa e

Sessões coordenadas

19

conseqüências da Poluição; (4) Tipos de solos e a interfe-rência de fatores antropogênicos nos mesmos; (5) Com-postagem, húmus e substratos; (6) Problemas resultantes do desmatamento e a importância da mata-ciliar. Tais ati-vidades foram realizadas com auxílio de vídeos, interagin-do com os educandos para que os encontros fossem mais produtivos. Além disso, os educando participaram das seguintes atividades práticas: construção de um jardim e uma horta na escola; confecção de cartazes com diversos temas; plantio uma muda de árvore nativa na mata-ciliar do Rio Vacacaí; visita a uma casa ecologicamente correta. Estes temas foram abordados de acordo com o nível de cada série. Os resultados parciais apontaram para: pouca conscientização sobre os temas abordados e a dificuldade de desenvolvimento de um pensamento ecológico como decorrência do meio onde estão inseridos, por se tratar de um bairro onde vivem pessoas em situação de vulne-rabilidade social. Os educandos se mostraram interessa-dos e motivados com as novas atividades. A aceitação foi muito positiva tanto por parte dos educandos como dos

educadores, colaboradores, e da comunidade em geral de modo que o cronograma do projeto foi estendido até final de 2010.

ARQUEÓLOGO POR UM DIA: ATI-VIDADES, PRÁTICAS E CONTINUI-DADES DE UMA EDUCAÇÃO PA-TRIMONIALA atividade de educação patrimonial divide-se em duas etapas: uma “teórica” e outra “prática”, esta divisão está baseada na idéia da participação ativa dos alunos en-quanto espectadores e realizadores respectivamente. Na parte da manhã a atividade compreende a realização de uma palestra onde são apresentadas as técnicas e meto-dologias que competem ao arqueólogo. Realiza-se uma

Sessões coordenadas

20

desmistificação desse profissional, como é apresentado pela mídia e como ele realmente exerce suas funções. A cultura material também é abordada, desde o processo de coleta da matéria prima, confecção, uso e descarte. No final dessa etapa os estudantes podem ter contato com o material arqueológico através de uma mostra de material cerâmico e lítico, tendo assim contato direto com esse material confeccionado por grupos pretéritos que habitaram a região. Na parte da tarde é realizada a atividade prática, onde primeiramente é efetuada uma escavação em um sítio simulado. Vasos de argila (adqui-ridos pela escola em lojas...) são quebrados e os cacos são enterrados e depositados na superfície em lugares pré-determinados. Outra atividade compreende uma caminhada de reconhecimento nas dependências da es-cola com o auxílio do GPS Global Positioning System, da bússola e da carta topográfica. Dessa forma apresenta-se a localização geográfica do sítio com auxilio desses ins-trumentos. Após a atividade de escavação parte-se para segunda etapa, o laboratório. O material evidenciado no

sítio simulado é limpo, catalogado e realiza-se a tentativa de remontar as peças, para reconstituir as vasilhas. Tam-bém se realiza uma “oficina de argila”, onde os estudantes tentam confeccionar potes de cerâmica como as antigas oleiras através das técnicas apresentadas na palestra. Como atividade de fechamento os alunos devem reali-zar uma descrição em forma de redação (relatório) que deve contemplar as atividades ocorridas durante o dia. Dessa forma conclui-se a atividade prática e o estudante recapitulou todas as etapas em que participou. A partir desse projeto destacamos e despertamos uma rede de interpretações e abordagens sobre o passado regional e como uma sociedade interpreta seu patrimônio. O pro-jeto aborda metodologias e técnicas arqueológicas com idéia de realizar educação patrimonial. Almeja-se em com essa atividade transmitir uma visão arqueológica sobre o patrimônio cultural. A região do Vale do Taquari apresenta um projeto de desenvolvimento calcado sob antigas ba-ses, onde a construção do ‘novo’ e ‘moderno’ não visualiza as variáveis patrimoniais. Dessa perspectiva resultou uma

Sessões coordenadas

21

mentalidade que não reconhece as mudanças ambien-tais produzidas por outras sociedades, além de uma idéia equivocada de patrimônio, que muitas vezes é entendida como monumentos, patrimônio histórico-arquitetônico. Frente a essas diferenças, o projeto de educação patrimo-nial, adapta sua linguagem aos diferentes grupos sociais em que é aplicada, buscando uma comunicação entre comunidade e academia apresentando uma nova abor-dagem sobre o tema. Essa abordagem, mais ampla, de patrimônio cultural, envolve ainda a de patrimônio am-biental, uma vez que hoje concebemos o ambiente como um produto da ação dos homens, portanto, da cultura. Na atual conjuntura do projeto, é necessária uma reflexão sobre a abrangência do projeto, no sentido de sua conti-nuidade nas comunidades, escolas e alunos envolvidos. Entendemos que é necessário promover e desenvolver o debate e de elaborar uma auto-avaliação. Até que ponto essa atividade atinge os seus objetivos, onde aparecem as lacunas da atividade de educação patrimonial As ati-vidades de educação do patrimônio, apresentarem seus

resultados a longo ou médio prazo, assim o próprio in-teresse da comunidade sobre os resguardos patrimoniais que dizem respeito a sua história ou região em que ha-bita (tanto pré-colonial quanto da imigração européia e africana) ajuda para formar, diante de sua população, um olhar mais crítico e preocupado, que pode apresentar re-sultados num futuro não tão distante.

A POSSE RESPONSÁVEL DE ANIMAIS DOMÉSTICOS EM SÃO GABRIELUma das práticas muito recorrentes na atualidade con-siste no abandono irresponsável dos animais. O abando-no de animais, em especial os animais domésticos como cães e gatos, é um problema que afeta de maneira cada vez mais os grandes centros urbanos ao redor do mundo, principalmente no ocidente. Em alguns locais como em

Sessões coordenadas

22

São Paulo os cães e gatos, são freqüentemente recolhidos para os centros de zoonoses, onde ficam alojados por um breve número de dias antes de serem sacrificados. Mas este não é um problema apenas dos grandes centros. Em São Gabriel temos a existência de um numero eleva-do e crescente de animais abandonados sendo motivo de grande preocupação. Nesse sentido este projeto de extensão pretende responder a seguinte problemática: qual é a possibilidade de enfrentamento o abandono de animais domésticos em São Gabriel a partir de um proje-to de extensão com viés pedagógico sobre a posse res-ponsável? Os objetivos a serem atingidos são os seguin-tes: discutir pedagogicamente através da rede pública de ensino a posse responsável dos animais com crianças e adolescentes; problematizar a cultura que possuímos em relação aos animais domésticos; identificar forma de tratamento e hábitos que possuímos em relação a eles; abordar a temática como problemática ambiental; apre-sentar estratégias pedagógicas visando à posse respon-sável; criar um manual sobre a posse responsável; inse-

rir esse tema como pauta nos eventos de saúde pública local; estabelecer o fortalecer parceria com Secretaria Municipal de Educação e com a Associação Protetora dos Animais São Francisco de Assis – Amigo Bicho. Acredita-se que a partir da educação possamos estabelecer um en-frentamento contundente a essa problemática; Abordan-do essa temática pelo viés da educação poderemos estar contribuindo com a diminuição do abandono de animais domésticos, bem como com a qualidade de vida ambien-tal de nossa cidade. Os procedimentos metodológicos desse projeto são os seguintes: num primeiro momento pela atuação na qualificação a partir dos dados fornecidos pela associação dos Protetores de Animas São Francisco de Assis e de entidades que trabalham com a qualidade de vida animal; num segundo, pelo desenvolvimento de estratégias metodológicas para posteriormente serem desenvolvidas atividades de intervenção pedagógica na rede pública de ensino. Na ocasião do evento apresen-tar-são resultados parciais do projeto. O diagnóstico ini-cial aponta para: o crescente aumento da população de

Sessões coordenadas

23

cães e gatos errantes pela cidade e os problemas perti-nentes de saúde pública, trânsito, transtornos na coleta do lixo, além da inadequação na condução de animais ferozes em praças e logradouros de grande movimento, o que vem sendo objeto de inúmeras reclamações por parte dos contribuintes, solicitando diuturnamente pro-vidências por parte da entidade; a necessidade de dimi-nuição da natalidade, especialmente dos cães sem dono ou em abrigos, medidas comprovadamente eficazes a fim de conter a superpopulação, com ênfase nas zonas de risco, tais como bairros periféricos, onde se verificam os maiores índices de abandono e maus tratos, tendo em vista as crias indesejadas; a vigência das Leis 9.605/98, o Código Estadual de Proteção aos Animais, o Decreto 24.645 /1934 e a Constituição Federal, que garantem aos animais direito à consideração, cuidados e proteção do homem e do Estado; as solicitações freqüentes e contí-nuas dos serviços da associação, por parte da população, notadamente no que refere-se a animais abandonados, doentes, atropelados em via pública ou que são vítimas

de crueldade e maus tratos; a inexistência de um fundo pecuniário próprio, para a execução de serviços, a rigor, de responsabilidade do Município, já que dizem respei-to à prevenção de zoonoses (doenças provocadas pelos animais), decorrentes de surtos endêmicos de carrapatos, sarna, verminoses e dermatoses, verificadas nas zonas da periferia, especialmente nos meses de verão; a impossibi-lidade de o Município deslocar e/ou contratar funcioná-rios para administrar medidas saneadoras, uma vez que o quadro de veterinários lotados na Secretaria da Agricul-tura não têm como especialidade a clínica de pequenos animais; a existência da entidade que ora se habilita, sem fins lucrativos, devidamente registrada, atuando com a colaboração de voluntariado, já conhecedora da logística mantenedora de seus meios de atuação; a ampliação da consciência do Homem, agora de modo globalizado, com as questões ambientais, a sobrevivência das espécies, o respeito à vida, em todas as suas formas, enfim, a urgên-cia no implemento de medidas educativas que visem à posse responsável de cães e gatos, mediante projetos

Sessões coordenadas

24

ascendentes em consulta a entidades internacionais, tais como a Organização Pan- americana da Saúde e outras organizações não-governamentais que tenham os mes-mos propósitos.

OPRESSÃO POLICIAL: A SOLUÇÃO É EDUCATIVA, NÃO JURÍDICAA oficina proposta partiu da experiência do Projeto Con-vivências, desenvolvido no Restaurante Popular durante o período de férias. Os beneficiados pelo projeto, todos moradores de rua, relataram a opressão que sofrem, co-tidianamente, dos agentes públicos. A questão levantada tem raízes profundas no seio da sociedade. Ao estudar-mos o fato sob uma perspectiva sociológica, identifica-mos que o problema não se restringe ao conflito morador de rua versus policial. Uma parcela dominante da socie-

dade, recheada de medo e preconceito, alimentados pelo sensacionalismo midiático e pela falta de contato com a realidade dos setores marginalizados, tipifica o indigente como um criminoso em potencial, que pode, a qualquer momento, atentar contra sua segurança pessoal ou seu patrimônio. O medo da sociedade reflete-se na atuação estatal: as políticas públicas de segurança sempre vêm apresentadas como um meio repressor da violência, bus-cando dar uma resposta imediata e veemente aos atos criminosos, sob a promessa de rigidez e intolerância a in-frações à lei. A abordagem policial daí decorrente é opres-siva. Neste combate proposto pelo Estado, a violência não raramente é utilizada como primeiro meio de abordagem, mesmo sem indícios de crime. As principais vítimas desse sistema são os indigentes, que, por sua situação precária, vagando pelas ruas, sofrem o preconceito institucionali-zado. Nesse sentido, visando apresentar à comunidade a realidade das ruas, serão trazidos relatos de situações opressivas vividas por pessoas marginalizadas. Para tais casos, é previsto pelo Direito que a vítima da abordagem

Sessões coordenadas

25

abusiva deve fazer uma denúncia ante uma Delegacia de Polícia Civil, especificando hora, data, o nome do policial ou número da viatura, e apresentando testemunhas. No entanto, além de esbarrar na burocracia do procedimen-to, os moradores de rua têm medo da retaliação policial, pois quem denuncia é “marcado” pelos agentes e fica ain-da mais vulnerável no que tange à sua segurança pesso-al. Enquanto a sociedade não se libertar dos seus medos e preconceitos, este “efeito-dominó” continuará fazendo suas vítimas. Luis Eduardo Soares, no Livro “Cabeça de Porco” faz a seguinte analogia acerca do preconceito: “O medo funciona no campo da segurança pública como a expectativa de inflação, na economia: o comerciante pre-vê o aumento de preços e eleva os seus, antecipadamente, para proteger-se; em o fazendo, ao invés de defender-se da inflação, a produz, ou melhor, contribui para produzi-la. A inflação inercial é o efeito agregado das decisões pre-ventivas dos que procuram proteger-se de seus efeitos. O círculo se fecha, instaurando um mecanismo de retroali-mentação. (...) A profecia se autocumpre.” A conscientiza-

ção acerca dos pontos abordados passa diretamente pela ampliação de um debate sobre as causas do problema, não somente sobre as soluções imediatistas geralmente utilizadas. A presente oficina vem com o objetivo, então, de provocar este debate e, ao mudar o enfoque do senso comum, buscar uma consciência coletiva de que há uma inversão na relação causa-consequência entre moradores de rua e a criminalidade.

26