Senhor e Salvador -...

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Senhor e Salvador Por Silvio Dutra Ago/2017

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Senhor e Salvador

Por Silvio Dutra

Ago/2017

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A474a

Alves, Silvio Dutra

Senhor e Salvador / Silvio Dutra Alves. – Rio de

Janeiro, 2017.

28p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Graça. 4.

Santificação.

I. Título.

CDD 230.227

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“Mas em certo lugar testificou alguém,

dizendo: Que é o homem, para que dele te

lembres? Ou o filho do homem, para que o visites?

Tu o fizeste, por um pouco, menor que os anjos,

De glória e de honra o coroaste, E o constituíste

sobre as obras das tuas mãos;

Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos seus

pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas,

nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora

ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam

sujeitas.

Vemos, porém, coroado de glória e de honra

aquele que fora feito por um pouco, tendo sido

feito menor do que os anjos, Jesus, por causa do

sofrimento da morte, para que, pela graça de

Deus, provasse a morte por todos.

Porque convinha que aquele, para quem são todas

as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo

muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições

o príncipe da salvação deles.” (Hebreus 2:6-10)

Estas palavras indicam que Jesus teria que ser

feito por um certo período de tempo, menor do

que os anjos, para que como homem, pudesse

operar a nossa salvação.

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Neste espaço de tempo relativo ao seu ministério

terreno, ele estaria esvaziado de sua glória divina,

de seus ofícios de Rei e Juiz, junto ao Pai, para

exercer somente os ofícios de Profeta e Sacerdote,

fazendo-se a si mesmo, também o Sacrifício pelo

qual seriam expiados os nossos pecados.

Importava que assim fosse, porque fora ajustado

no conselho eterno, na Trindade, que a redenção

do homem somente poderia ser feita por alguém

que fosse perfeito homem, e perfeito Deus, sem

pecado, e com a condição de reassumir toda a

autoridade e poder de Juiz e Senhor, uma vez

completada a obra da expiação, que deveria ser

realizada pelo ofício de um Cordeiro, e não pelo

de um Leão.

Isto explica porque não vemos no ministério

terreno de Jesus, qualquer ação da sua parte, para

julgar e ferir os pecadores, por causa de suas

ofensas. Ele estava limitado à obra que deveria

realizar enquanto estivesse no corpo aqui na

Terra, e esta obra lhe fora delimitada quanto ao

território em que deveria agir, a saber, somente em

Israel, porque segundo as profecias Ele fora

enviado como Messias para efetuar a redenção do

povo de Israel.

“Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o

que se havia perdido.” (Lucas 19:10)

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“E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o

que está determinado; mas ai daquele homem por

quem é traído!” (Lucas 22:22)

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto,

assim importa que o Filho do homem seja

levantado;” (João 3:14)

“Bem como o Filho do homem não veio para ser

servido, mas para servir, e para dar a sua vida em

resgate de muitos.” (Mateus 20:28)

“Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua

boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro,

e como a ovelha muda perante os seus

tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.“

(Isaías 53:7)

“Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a

sua voz na praça.” (Isaías 42:2)

“Não contenderá, nem clamará, Nem alguém

ouvirá pelas ruas a sua voz;” (Mateus 12:19)

“E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado

senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”

(Mateus 15:24)

Na humilhação da sua encarnação e ministração

como homem e servo, na condição de Filho do

Homem, a serviço dos homens, ele sabia que isto

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deveria culminar com a Sua morte na cruz, para

ocupar o lugar daqueles que lá deveriam estar por

causa dos seus pecados.

A falta da devida compreensão desta verdade

pode fazer com que permaneçamos tendo

pensamento acerca de Jesus, como sendo ainda o

menino desamparado nos braços de Maria, como

se ele ainda necessitasse dos nossos próprios

cuidados e serviços.

O menino era ao mesmo tempo o Rei dos reis e

Senhor dos Senhores, conforme haveria de ser

revelado pelo tempo, tão logo ressuscitasse dos

mortos e subisse ao Céu num corpo glorificado,

com a mesma glória que sempre tivera desde antes

da fundação do mundo com o Pai e o Espírito

Santo.

Este é o testemunho que o apóstolo dá acerca de

Cristo:

“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes,

e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a

nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, A

quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez

também o mundo.

O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a

expressa imagem da sua pessoa, e sustentando

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todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo

feito por si mesmo a purificação dos nossos

pecados, assentou-se à destra da majestade nas

alturas;

Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto

herdou mais excelente nome do que eles. Porque,

a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho,

Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E

ele me será por Filho?

E outra vez, quando introduz no mundo o

primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o

adorem. E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus

anjos espíritos, E de seus ministros labareda de

fogo. Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono

subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de

equidade é o cetro do teu reino.

Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso

Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria

mais do que a teus companheiros.

E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os

céus são obra de tuas mãos.

Eles perecerão, mas tu permanecerás; E todos

eles, como roupa, envelhecerão,

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E como um manto os enrolarás, e serão mudados.

Mas tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão.

E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à

minha destra, Até que ponha a teus inimigos por

escabelo de teus pés?

Não são porventura todos eles espíritos

ministradores, enviados para servir a favor

daqueles que hão de herdar a salvação?” (Hebreus

1:1-14)

A palavra de anunciação dos anjos aos pastores

em Belém, inclui apropriadamente que o menino

que havia nascido em Belém, era o Cristo, o

Messias prometido, e que também era o Senhor

eterno.

“Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o

Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lucas 2:11)

Sua glória, majestade e domínio estavam velados

e limitados por seu ofício terreno, e era visto então

como o Cordeiro que era, pronto para dar a sua

vida em resgate de muitos, do mesmo modo como

eram oferecidos os cordeiros que o tipificavam no

culto do Velho Testamento.

“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para

ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o

pecado do mundo.” (João 1:29)

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Mas, tão logo chegou em grande glória ao céu,

depois de Sua ascensão, Ele é visto agora não

somente como Cordeiro, mas também como o

Leão na plenitude do exercício de todo o seu

domínio e autoridade sobre os vivos, os mortos e

todas as nações.

“E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui

o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que

venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete

selos.” (Apocalipse 5:5)

“E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos

quatro animais viventes e entre os anciãos um

Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete

pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de

Deus enviados a toda a terra.” (Apocalipse 5:6)

À própria Igreja, que dá continuidade ao Seu

ofício de Cordeiro, apresentando o Seu sacrifício,

como o único meio da reconciliação do homem

com Deus, Ele deu também o ofício de julgar, pelo

Espírito, desde que Ele recebeu toda a autoridade

no céu e na terra para julgar os vivos e os mortos.

A ela deu autoridade para excluir da comunhão

dos santos todo aquele que permanecer

deliberadamente na prática do pecado, recusando-

se ao arrependimento; de maneira que deu-lhe o

poder de desligar na terra tudo o que for desligado

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no céu, ao lado do poder de ligar aquilo que foi

ligado.

Isto explica o juízo que veio sobre Ananias e

Safira:

“Mas um certo homem chamado Ananias, com

Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,

E reteve parte do preço, sabendo-o também sua

mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés

dos apóstolos.

Disse então Pedro: Ananias, por que encheu

Satanás o teu coração, para que mentisses ao

Espírito Santo, e retivesses parte do preço da

herdade?

Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não

estava em teu poder? Por que formaste este

desígnio em teu coração? Não mentiste aos

homens, mas a Deus.

E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou.

E um grande temor veio sobre todos os que isto

ouviram.

E, levantando-se os moços, cobriram o morto e,

transportando-o para fora, o sepultaram.

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E, passando um espaço quase de três horas, entrou

também sua mulher, não sabendo o que havia

acontecido.

E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto

aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.

Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos

concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis

aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido,

e também te levarão a ti.

E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os

moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de

seu marido.

E houve um grande temor em toda a igreja, e em

todos os que ouviram estas coisas.” (Atos 5:1-11)

Os juízos que estavam ocorrendo na Igreja de

Corinto, também demonstram o exercício do

ofício do Senhor como Juiz:

“27 De modo que qualquer que comer do pão, ou

beber do cálice do Senhor indignamente, será

culpado do corpo e do sangue do Senhor.

28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e

assim coma do pão e beba do cálice.

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29 Porque quem come e bebe, come e bebe para

sua própria condenação, se não discernir o corpo

do Senhor.

30 Por causa disto há entre vós muitos fracos e

enfermos, e muitos que dormem.

31 Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos,

não seríamos julgados;

32 quando, porém, somos julgados pelo Senhor,

somos corrigidos, para não sermos condenados

com o mundo.” (I Cor 11.27-32)

São também dignos de destaque os juízos

ameaçadores do Senhor Jesus, até mesmo de

morte física para crentes de Tiatira que estavam

andando de modo desordenado:

“20 Mas tenho contra ti que toleras a mulher

Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os

meus servos a se prostituírem e a comerem das

coisas sacrificadas a ídolos;

21 e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e ela

não quer arrepender-se da sua prostituição.

22 Eis que a lanço num leito de dores, e numa

grande tribulação os que cometem adultério com

ela, se não se arrependerem das obras dela;

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23 e ferirei de morte a seus filhos, e todas as

igrejas saberão que eu sou aquele que esquadrinha

os rins e os corações; e darei a cada um de vós

segundo as suas obras.

24 Digo-vos, porém, a vós os demais que estão em

Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e

não conhecem as chamadas profundezas de

Satanás, que outra carga vos não porei;

25 mas o que tendes, retende-o até que eu venha.

26 Ao que vencer, e ao que guardar as minhas

obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as

nações,

27 e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do

modo como são quebrados os vasos do oleiro,

assim como eu recebi autoridade de meu Pai;”

(Apo 2.20-27).

Vemos a autoridade destes juízos sendo exercida

até mesmo contra pessoas fora da Igreja,

conforme direção do Espírito Santo, em nome de

Jesus, como o que vemos por exemplo na seguinte

passagem:

“E, havendo atravessado a ilha até Pafos, acharam

um certo judeu mágico, falso profeta, chamado

Barjesus,

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O qual estava com o procônsul Sérgio Paulo,

homem prudente. Este, chamando a si Barnabé e

Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus.

Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque

assim se interpreta o seu nome), procurando

apartar da fé o procônsul.

Todavia Saulo, que também se chama Paulo,

cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele,

Disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e

de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não

cessarás de perturbar os retos caminhos do

Senhor?

Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e

ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no

mesmo instante a escuridão e as trevas caíram

sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o

guiasse pela mão.

Então o procônsul, vendo o que havia acontecido,

creu, maravilhado da doutrina do Senhor.” (Atos

13:6-12)

Por eles, o Rei revela o Seu poder e glória. A Sua

Majestade e Soberania.

Quem pode resistir-Lhe?

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A quem pertence de fato o domínio, o governo e

o poder, senão somente a Cristo!

A Ele estão sujeitos principados e potestades,

sejam do bem ou do mal.

Então, não devemos confundir a humilhação que

foi necessária ao Senhor em Seu ministério

terreno para que pudesse ser feita a expiação dos

nossos pecados, com o estado de exaltação

perfeita no qual Ele se encontra desde que subiu

ao céu em glória.

Quando disse: “E se alguém ouvir as minhas

palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu

vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o

mundo.” (João 12.47), e “Eu não posso de mim

mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim

julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a

minha vontade, mas a vontade do Pai que me

enviou.” (João 5:30); não devemos interpretá-las

como se Ele ainda não julgasse quem não crer

nEle no presente. Ele continua com seu ofício de

salvar o mundo até o fim desta dispensação da

graça, mas já não mais apenas como o Cordeiro

mudo que não abriu a sua boca e nem fez ouvir a

sua voz nas praças, contendendo para fazer

prevalecer o seu domínio e poder, até mesmo

sobre os contradizentes.

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Ele era apenas o Cordeiro em seu ministério

terreno, e isto é visto inclusive nas suas ações mais

enérgicas em Seu ministério terreno, como a da

expulsão dos vendilhões do templo; das palavras

ameaçadoras dirigidas aos escribas e fariseus

hipócritas, e a todos aqueles que viam nele apenas

um mensageiro da paz para os homens de toda e

qualquer condição, Ele estava na verdade não

usando de juízos, mas de grande misericórdia em

alertar-lhes quanto ao grande perigo de

permanecerem no pecado e o rejeitarem como o

Messias enviado por Deus.

“E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para

juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os

que veem sejam cegos.” (João 9:39)

“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim

trazer paz, mas espada;” (Mateus 10:34)

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento

que houve também em Cristo Jesus,

Que, sendo em forma de Deus, não teve por

usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si

mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se

semelhante aos homens;

E, achado na forma de homem, humilhou-se a si

mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de

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cruz. Por isso, também Deus o exaltou

soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre

todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre

todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e

debaixo da terra,

E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o

Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2:5-

11)

Jesus nunca escondeu a Sua condição de ser o

eterno Senhor, mesmo em sua humilhação quando

esteve aqui na terra, pois sempre reivindicou o

Seu senhorio, conforme pode ser visto em várias

passagens das Escrituras, mesmo quando agia

como o mais humilde servo, quando lavou os pés

dos apóstolos.

“Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem,

porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos

lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns

aos outros.” (João 13:14)

“E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o

Filho do homem.” (João 5:27). Por estas palavras

o Senhor alertava os Seus ouvintes de que aquele

que lhes dissera que a ninguém julgava, pois

estava apenas empenhado na salvação dos

pecadores, e não no seu juízo, quando estava aqui

na Terra, era o mesmo que se levantaria também

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depois da Sua morte e ressurreição como Senhor

e Juiz do mundo, e este ofício será plena e

especialmente demonstrado no dia do Juízo final.

Eles fariam a bem de suas próprias almas

reconhecer esta autoridade suprema, e se

submeterem a Ele, em vez de ficarem

contraditando-o, como vinham fazendo,

sobretudo os escribas e fariseus.

“Porque o Filho do homem até do sábado é

Senhor.” (Mateus 12:8)

Este senhorio de Jesus é visto principalmente no

modo da conversão.

Ninguém pode vir a Ele caso isto não seja

concedido por Sua soberania e vontade.

Quantos permanecem debaixo da pregação do

verdadeiro evangelho, por vezes, até por anos

seguidos, e contudo, não chegam à conversão.

Não por alguma falta na mensagem ou no

pregador, mas porque se o Senhor não agir para

abrir os olhos e ouvidos espirituais de alguém, tal

pessoa não pode receber a verdade que salva e

liberta em seu coração.

A outros é concedido que se convertam sob a

primeira audição da verdade do evangelho,

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quando Deus prepara as circunstâncias

necessárias para que isto ocorra com eles.

A parte do pregador é apenas a de apresentar a

verdade das Escrituras na unção do Espírito, mas

o resultado que daí decorrerá está sob a esfera da

autoridade exclusiva do Senhor.

A salvação é exclusivamente do Senhor (Jonas

2.9; Ef 2.8).

“Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem

me compadecer, e terei misericórdia de quem eu

tiver misericórdia.

Assim, pois, isto não depende do que quer, nem

do que corre, mas de Deus, que se compadece.

Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te

levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para

que o meu nome seja anunciado em toda a terra.

Logo, pois, compadece-se de quem quer, e

endurece a quem quer.” (Romanos 9:15-18)

A salvação não depende de quem quer e nem de

quem se esforça (corre) para obtê-la, porque não

está na esfera da deliberação humana produzi-la.

Bem fez o publicano que apelou para a

misericórdia do Senhor, e com ele o cego

Bartimeu, que agiu de igual modo, e foram salvos,

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do que valer-se de seus próprios esforços

religiosos e justiça pessoal, como fez o fariseu

orgulhoso que não foi justificado por Deus

(salvo).

Muitos se iludem pensando que se arrependeram

para a salvação pelo mero fato de terem se

entristecido por algo de errado que fizeram, e por

terem confessado o seu pecado a Deus. Todavia,

isto não passa muitas vezes de tristeza consigo

mesmo, pelo fato de ter sentido o seu orgulho

ferido, porque em sua justiça própria lamentaram

terem errado, como se houvesse neles alguma

capacidade para vencerem o mal que habita

inerentemente na nossa natureza terrena carnal,

em que não habita bem algum.

O publicano que foi justificado por Deus não se

entristeceu por ter eventualmente pecado, mas se

entristeceu e se arrependeu de sua condição à qual

chamou de “mísero pecador”.

Ele sentiu a sua culpa e condenação permanentes

diante de um Deus que é inteiramente Santo e

Justo, e sabia que não havia qualquer esperança

para ele senão exclusivamente ser perdoado por

Deus mediante a redenção do Salvador.

Somos justificados somente por fé, porque a

salvação não é por obras, mas por graça, por

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misericórdia, que é manifestada por Deus para

míseros pecadores que se arrependem e confiam

nos méritos do Senhor e Salvador para serem

livrados da condenação eterna.

“Como também diz em Oséias: Chamarei meu

povo ao que não era meu povo; E amada à que não

era amada.

E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós

não sois meu povo; Aí serão chamados filhos do

Deus vivo.

Também Isaías clama acerca de Israel: Ainda que

o número dos filhos de Israel seja como a areia do

mar, o remanescente é que será salvo.

Porque ele completará a obra e abreviá-la-á em

justiça; porque o Senhor fará breve a obra sobre a

terra.

E como antes disse Isaías: Se o Senhor dos

Exércitos nos não deixara descendência,

Teríamos nos tornado como Sodoma, e teríamos

sido feitos como Gomorra.

Que diremos pois? Que os gentios, que não

buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim,

mas a justiça que é pela fé.

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Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não

chegou à lei da justiça.

Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que

pelas obras da lei; pois tropeçaram na pedra de

tropeço;

Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma

pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; e

todo aquele que crer nela não será confundido.”

(Romanos 9:25-33)”

“E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora

de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a

Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração

para que estivesse atenta ao que Paulo dizia.”

(Atos 16:14)

“E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma

aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios,

cujo nome era Emaús.

E iam falando entre si de tudo aquilo que havia

sucedido.

E aconteceu que, indo eles falando entre si, e

fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se

aproximou, e ia com eles.

Mas os olhos deles estavam como que fechados,

para que o não conhecessem.

23

E ele lhes disse: Que palavras são essas que,

caminhando, trocais entre vós, e por que estais

tristes?

E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-

lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes

as coisas que nela têm sucedido nestes dias?

E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram:

As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi

homem profeta, poderoso em obras e palavras

diante de Deus e de todo o povo;

E como os principais dos sacerdotes e os nossos

príncipes o entregaram à condenação de morte, e

o crucificaram.

E nós esperávamos que fosse ele o que remisse

Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o

terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.

É verdade que também algumas mulheres dentre

nós nos maravilharam, as quais de madrugada

foram ao sepulcro;

E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo

que também tinham visto uma visão de anjos, que

dizem que ele vive.

24

E alguns dos que estavam conosco foram ao

sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres

haviam dito; porém, a ele não o viram.

E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração

para crer tudo o que os profetas disseram!

Porventura não convinha que o Cristo padecesse

estas coisas e entrasse na sua glória?

E, começando por Moisés, e por todos os profetas,

explicava-lhes o que dele se achava em todas as

Escrituras.

E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como

quem ia para mais longe.

E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco,

porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para

ficar com eles.

E aconteceu que, estando com eles à mesa,

tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu.

Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram,

e ele desapareceu-lhes.

E disseram um para o outro: Porventura não ardia

em nós o nosso coração quando, pelo caminho,

nos falava, e quando nos abria as Escrituras?”

(Lucas 24:13-32)

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Os dois discípulos que Jesus encontrou no

caminho de Emaús necessitavam de duas coisas

básicas: a primeira – entendimento da revelação

das Escrituras sobre os ofícios de Jesus, e isto Ele

lhes fez começando desde Moisés e passeando

pelas demais Escrituras. Depois, o principal, que

era a abertura de seus corações para conhecê-lo

pessoalmente não mais apenas na carne, como o

haviam feito até então, mas espiritualmente, como

convém ser conhecido para que sejamos salvos. E

isto também o Senhor lhes fez.

Vemos assim o apóstolo se referindo a estas duas

coisas necessárias para a salvação, pois se o poder

do Espírito Santo não operasse nos corações além

da sua pregação do evangelho, nenhuma

conversão real ocorreria:

“E eu, irmãos, quando fui ter convosco,

anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui

com sublimidade de palavras ou de sabedoria.

Porque nada me propus saber entre vós, senão a

Jesus Cristo, e este crucificado.

E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e

em grande tremor.

E a minha palavra, e a minha pregação, não

consistiram em palavras persuasivas de sabedoria

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humana, mas em demonstração de Espírito e de

poder;

Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria

dos homens, mas no poder de Deus.

Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não,

porém, a sabedoria deste mundo, nem dos

príncipes deste mundo, que se aniquilam;

Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em

mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos

para nossa glória;

A qual nenhum dos príncipes deste mundo

conheceu; porque, se a conhecessem, nunca

crucificariam ao Senhor da glória.

Mas, como está escrito: As coisas que o olho não

viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao

coração do homem, são as que Deus preparou para

os que o amam.

Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque

o Espírito penetra todas as coisas, ainda as

profundezas de Deus.

Porque, qual dos homens sabe as coisas do

homem, senão o espírito do homem, que nele

está? Assim também ninguém sabe as coisas de

Deus, senão o Espírito de Deus.

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Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas

o Espírito que provém de Deus, para que

pudéssemos conhecer o que nos é dado

gratuitamente por Deus. As quais também

falamos, não com palavras que a sabedoria

humana ensina, mas com as que o Espírito Santo

ensina, comparando as coisas espirituais com as

espirituais. Ora, o homem natural não compreende

as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem

loucura; e não pode entendê-las, porque elas se

discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual

discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.

Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para

que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de

Cristo.” (1 Coríntios 2:1-16)

Estas coisas que Deus preparou para aqueles que

o amam, incluem muito do que já temos falado até

aqui, e estas coisas, conforme afirmado, só podem

ser discernidas espiritualmente.

Ninguém saberá quem é de fato o único Salvador

e Senhor dos pecadores, se isto não for aprendido

nas Escrituras pela direção e instrução e poder do

Espírito. É somente o Espírito que pode revelar a

pessoa e os ofícios de Jesus aos nossos corações,

e levar-nos a entregar-lhe totalmente a direção de

nossas vidas, para sermos transformados à Sua

imagem e semelhança.

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Todas as coisas que acompanham a salvação,

especialmente as melhores, conforme se refere a

elas o autor de Hebreus, só podem ser conhecidas

nas Escrituras e com a instrução do Espírito,

revelando-as a nós.

Quando crescemos no conhecimento da graça e de

Jesus Cristo (II Pedro 2.18), então podemos ter a

certeza de que formos de fato salvos por Jesus.

Quando falta este crescimento, é provável que

estejamos na condição à qual se refere o apóstolo:

‘Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto,

para os que se perdem está encoberto.” (2

Coríntios 4:3)

Porque a todos os que amam de fato a Deus e que

são aceitos e amados por Ele, as coisas que os

sentidos naturais não podem desvendar, lhes são

reveladas pelo Espírito.

“Porque o nosso evangelho não foi a vós somente

em palavras, mas também em poder, e no Espírito

Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais

fomos entre vós, por amor de vós.” (1

Tessalonicenses 1:5)