Segundo Reinado
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HISTÓRIA
Editora Exato 30
2º REINADO – GOVERNO DE D. PEDRO II 1. LIBERAIS E CONSERVADORES
Vimos que, durante a Regência Una de Feijó, a
vida partidária brasileira se resumiu a dois partidos: o
Progressista e o Regressista. Após o Golpe da Maio-
ridade, o Partido Progressista passou a se chamar
Partido Liberal e o Regressista, Partido Conservador.
Para garantir a vitória dos deputados liberais
na formação da nova Câmara, o governo liderado pe-
los irmãos Andrada, alterou completamente a prática
eleitoral no Brasil.
Não bastando a violência física, a fraude foi a
garantia da vitória do Partido Liberal: meninos, es-
cravos mortos e pessoas que não existiam foram qua-
lificadas como eleitores; trocaram a identidade de
muitos eleitores e o conteúdo das urnas substituído
por votos preparados; fraudaram a apuração alterando
a contagem dos votos. A partir de então, a fraude e a
violência tornaram-se práticas comuns nas eleições
brasileiras.
O gabinete conservador iniciou um processo
de reformas que atestavam seu espírito regressista:
restauraram o Conselho de Estado e decretaram a re-
forma do Código do Processo Criminal.
2. O PARLAMENTARISMO
Num regime parlamentarista clássico como o
inglês – (do qual, aliás, tirou-se o modelo), primeiro
são realizadas eleições para a Câmara dos Deputados,
que elegeria o 1°ministro. Já no caso brasileiro o im-
perador nomeava o 1°ministro fazendo valer o título
de palamentarismo às avessas.
PoderModerador
exercido peloimperador
PoderLegislativo
PoderExecutivo
PoderJudiciário
PrimeiroMinistro
Câmara dosDeputados Senado
Conselho deEstado
Presidentes deProvíncias
Juízes
Parlamento
Esquema das relações dos poderes políticos durante o parlamentarismo,
no Segundo Reinado.
3. A CONCILIAÇÃO
A partir dos anos 50 do século XIX, a grande
maioria dos políticos entendia que era necessária a
realização de reformas econômico-financeiras que
promovessem o progresso material do país e uma
maior integração nacional. Contudo, sabiam que para
a realização de reformas era preciso o trabalho con-
junto dos dois partidos. Isso levou à criação, em
1853, do Ministério da Conciliação, assim chamado
porque em sua composição haviam liberais e conser-
vadores.
Mesmo após o fim deste ministério e da for-
mação de sucessivos ministérios conservadores, a po-
lítica brasileira continuou marcada pela conciliação.
De 1862 a 1868, houve uma nova conciliação parti-
dária no exercício do poder. Foi o período de governo
da Liga Progressista, formada novamente por liberais
e conservadores.
4. A REVOLUÇÃO PRAIEIRA
A tradição revolucionária dos pernambucanos
se manifesta mais uma vez, em 1848, através da Re-
volução Praieira.
A insurreição dos praieiros mantém-se até
1850, quando seu último líder, ainda atuando, Pedro
Ivo, rendeu-se ao governo. Atraiçoado, preso e envi-
ado às fortaleza da Laje (RJ), foge de navio para a I-
tália, mas no meio do caminho morre de causas
naturais. O pretexto para a eclosão da luta foi a queda
do Ministério Liberal, no Rio de Janeiro, em 1848, e
a nomeação de um presidente conservador para Per-
nambuco.
No Manifesto ao Mundo, de autoria de Borges
da Fonseca, os revolucionários tornavam público seu
programa de reivindicações. Exigiam:
� o fim do império e a proclamação de uma
República;
� a extinção do Senado vitalício e do Poder
Moderador;
� voto livre e universal;
� nacionalização do comércio;
� liberdade de trabalho para garantir a vida do
cidadão, princípio defendido também pelos
socialistas utópicos franceses;
� reformas sociais e econômicas;
� liberdade de imprensa;
� reforma judicial que assegurasse as garanti-
as individuais.
5. ECONOMIA E SOCIEDADE
A sociedade e a economia brasileiras passa-
ram, na segunda metade do século XIX, por signifi-
cativas transformações que alteraram o processo
histórico nacional.
HISTÓRIA
Editora Exato 31
Sudeste 41%
Nordeste 47%
Sul 7%
Centro-Oeste 2%
Norte 3%
Distribuição regional da população brasileira em 1872 (%)
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo – História do Brasil.
No período, ocorreram a extinção do tráfico
negreiro, um relativo desenvolvimento industrial, um
extraordinário crescimento da produção cafeeira e da
imigração, a sistematização do trabalho assalariado, a
abolição da escravidão e, do ponto de vista político, a
proclamação da República.
Café
Oceano Atlântico
Minas Gerais
SãoPaulo
RibeirãoPreto
Campinas
São Paulo
Santos São Sebastião
Queluz
Rio PretoJuiz de Fora
Carangola
Petrópolis
Angra dos ReisRio deJaneiro
Rio de Janeiro
EspíritoSanto
CULTURA CAFEEIRA NO BRASIL
Primeiro setor em que acafeicultura se desenvolveu
Segundo setor em que acafeicultura se desenvolveu
História do Brasil – Luiz Koshiba e Denise Manzi Frayze Pereira
Principal responsável pelas transformações e-
conômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil na
segunda metade do século XIX, o café reintegrou a
economia brasileira nos mercados internacionais,
contribuiu decisivamente para o incremento das rela-
ções assalariadas de produção e possibilitou a acumu-
lação de capital que, disponível, foi aplicado em sua
própria expansão e em alguns setores urbanos como a
indústria, por exemplo. O café foi ainda responsável
pela inversão na balança comercial brasileira que,
depois de uma história de constantes déficits, passou
a superavitária entre os anos de 1861 e 1885.
Contudo, a economia brasileira continuava es-
truturada no velho modelo agroexportador e depen-
dente dos mercados externos. Semelhante ao período
colonial, a economia do país sustentava-se na expor-
tação de um pequeno número de produtos agrícolas,
dos quais o café tornou-se “produto-rei”.
No processo de desenvolvimento da economia
cafeeira, no Brasil, duas regiões se destacaram como
grandes produtoras, gerando renda e uma forte oli-
garquia cafeeira (Os Barões do Café). A primeira a se
destacar, até meados da década de 1860, foi a região
do Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro. A segunda re-
gião, o chamado Oeste Paulista assume a dianteira na
economia cafeeira, a partir de meados da década de
1870.
Exportação do café do vale do Paraíba (em milhares de sacas de 60 kg)
1821-1830
1831-1840
1841-1850
1851-1860
1861-1870
1871-1880
1881-1890
3.178
10.430
18.367
27.339
29.103
32.509
51.631
Produção de Café do Brasil (em toneladas de café em grão)
1841-1850
1851-1860
1861-1870
1871-1880
1881-1890
1891-1900
1901-1910
1911-1920
1921-1930
1.027.260
1.575.180
1.730.820
2.180.160
3.199.560
4.469.460
7.835.940
7.230.180
8.371.920 Elza Nadai e Joana Neves – História do Brasil
A imigração Para os cafeicultores, tornou-se urgente buscar
uma solução para o agravamento da carência de mão-
de-obra após a eliminação da fonte africana. A solu-
ção encontrada foi o incremento da imigração estran-
geira.
Pelo sistema de parceria, que se espalhou por
quase todo o interior paulista, os fazendeiros financi-
avam, através de empréstimos, a vinda e as despesas
de instalação nos primeiros momentos do imigrante
europeu.
O imigrante agora estava mais garantido que
no sistema de parceria. Sua viagem com a família era
paga pelo governo, e os gastos, durante o primeiro
ano de sua estada no Brasil, eram de responsabilidade
do fazendeiro. Além disso, o imigrante recebia um
salário fixo anual e mais um salário que variava de
acordo com a colheita.
A Era Mauá Apesar da inegável prosperidade do império, a
arcaica estrutura socioeconômica assentada na agro-
exportação escravista e o ainda incipiente mercado
consumidor interno não possibilitaram uma industria-
lização nos moldes europeus. Portanto, o que houve
no Brasil, na segunda metade do século XIX, apesar
da explosão da “Era Mauá”, não foi mais que um sur-
to industrial que não tirou o país da dependência eco-
nômica internacional. Por longos anos ainda, a
economia brasileira continuaria baseada na lavoura
de exportação.
HISTÓRIA
Editora Exato 32
A Tarifa Alves Branco Os privilégios alfandegários ingleses, que boi-
cotavam o crescimento do setor industrial brasileiro,
finalmente foram extintos pela Tarifa Alves Branco
de 1844. Com essa medida protecionista de elevação
das tarifas alfandegárias, as mercadorias estrangeiras
que desembarcavam no Brasil pagariam de 30% a
60% de impostos alfandegários.
6. POLÍTICA EXTERNA DO SEGUNDO REI-
NADO
Intervenções na bacia do prata
BRASIL
Mato Grosso
PARAGUAI
URUGUAI
ARGENTINA
1
2
3
4
5
Territórios perdidospelo Paraguai
Buenos Aires
0 232 464
km
N
(Província daCisplatina entre(1816-28)
1
2
3
4
5
Data
Cisplatina
do Paraguai
GuerrasPlatinas
ContraOribe
ContraRosasContra Aguirre
1825-1828
1850-1851
1852
1864-1865
1864-1870
Brasil x Argentina, Uruguai
Brasil x Argentina
Adversários
Brasil + “colorados” xArgentina + “blancos”
Brasil + Argentina + “colorados”x “blancos”
Tríplice aliança (Brasil, Argentinae Uruguai) x Paraguai
O Imperialismo brasileiro no Prata.
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo – História do Brasil.
Entre 1851 e 1870, o Brasil interveio em vários
conflitos na Bacia do Prata, gerando conflitos com o
Uruguai, a Argentina e o Paraguai, o mais mortífero
conflito da história das Américas.
A primeira intervenção brasileira deu-se em
1851 (Guerra de Oribe e Rosas). Visava pôr no poder
os colorados de Rivera, no Uruguai; e os federalistas,
na Argentina. O inimigo declarado pelo Brasil é o ar-
gentino Rosas e seu aliado, Manuel Oribe, presidente
uruguaio. O governo brasileiro temia que Rosas reu-
nificasse o antigo vice-reinado do Prata (Argentina,
Uruguai, Paraguai, Bolívia).
O Uruguai foi invadido pelo RS (Caxias), Ar-
gentina (Urquiza) e por mar (Grenfell). A permanên-
cia brasileira no Uruguai durou 2 anos.
A invasão reforça a presença brasileira no U-
ruguai. O Barão de Mauá torna-se o maior barqueiro
e pecuarista do país; 30% das terras uruguaias são de
brasileiros.
A segunda intervenção brasileira no Uruguai
aconteceu em 1864. Foi mais violenta do que a de
1851, e visava derrotar e retirar do poder o Presidente
Aguirre. Frente a 11 navios e 8 mil soldados, Aguirre
se rende (20/02/1865) e entrega a capital a Flores. O
império brasileiro conta outra vez com um governo
amigo na ex-província Cisplatina.
A guerra do Paraguai Os ingleses não podiam tolerar um país que,
por meio de uma política excessivamente protecionis-
ta, impedia as importações de manufaturados estran-
geiros. Para a Inglaterra, o modelo econômico
paraguaio era muito perigoso e teria de ser destruído
antes que nações como Brasil e Argentina o adotas-
sem e se libertassem do jugo capitalista britânico.
Para viabilizar a destruição, a Inglaterra articu-
lou um conflito e habilmente jogou o Brasil e a Ar-
gentina na guerra destruidora do Paraguai.
Francisco Solano López, sucessor do pai, em
1862, também não confiava no capital privado e por
isso continuou a política intervencionista estatal. Vi-
sando a um maior incremento industrial, Solano Ló-
pez concedeu bolsas de estudos na Europa a jovens
paraguaios e de lá importou técnicos, engenheiros e
homens de ciências.
Uma saída para o mar libertaria o país das altas
taxas cobradas por Buenos Aires para exportar mer-
cadorias paraguaias e o integraria nos mercados in-
ternacionais. O Grande Paraguai seria formado por
Paraguai, Uruguai, Rio Grande do Sul, parte de Mato
Grosso e as províncias argentinas de Corrientes e En-
tre-Rios.
A Guerra do Paraguai
Revista Super Interessante Setembro 1999.
O conflito tornou-se iminente quando o gover-
no brasileiro não aceitou a intermediação de Solano
López na questão com o Uruguai. Solano rompeu re-
lações com o Brasil, estabeleceu uma aliança políti-
co-militar com Aguirre e afirmou que não toleraria a
intervenção brasileira no Uruguai.
Nesse mesmo ano, a vitória do almirante Bar-
roso na Batalha do Riachuelo foi fundamental para a
libertação do Rio Grande do Sul.
Em Janeiro de 1869, Caxias conquistou As-
sunção e pouco depois foi substituído pelo conde
d’Eu. Apesar de conquistada a capital do país, os pa-
raguaios continuaram resistindo bravamente. O conde
d”Eu empreendeu a Campanha das Cordilheiras, uma
HISTÓRIA
Editora Exato 33
intensa perseguição a Solano López que só terminou
com a morte em combate do ditador paraguaio em
Cerro Cora, em março de 1870. A guerra chegava ao
fim. A maior guerra da história do Brasil, que forma
seu exército e marinha, é também a mais mortífera
das Américas. Mata 158 mil brasileiros, 32 mil ar-
gentinos e uruguaios, 606 mil militares e civis para-
guaios (mais que a Guerra Civil dos EUA, da qual
utilizam-se armamentos como os fuzis de repetição,
canhões de cano raiado e couraçados).
7. A CRISE DO IMPÉRIO
A Extinção do tráfico negreiro. O fim do tráfico contribuiu para uma série de
transformações na economia brasileira. Os capitais
que eram investidos no comércio de escravos passam
a ser aplicados na modernização dos transportes; logo
após, surgiram as primeiras ferrovias no Brasil. O sis-
tema de comunicações também foi inovado, surgindo
o telégrafo. O sistema financeiro se amplia com o
surgimento de muitos bancos.
Um fato que está relacionado à Lei Eusébio de
Queirós foi à edição da Lei de Terras, também no ano
de 1850. Por essa lei, ficava determinado que as ter-
ras devolutas (abandonadas) só poderiam ser ocupa-
das mediante a compra pelo interessado. Desta
forma, os pequenos agricultores continuaram impos-
sibilitados de ter acesso à propriedade. Por outro la-
do, esta lei visava dificultar ao máximo a aquisição
de terras pelos imigrantes. Uma vez que, após o ano
de 1850, a classe dominante brasileira passa a incen-
tivar a vinda de colonos europeus para substituir o
trabalhador compulsório, objetiva-se transformar o
imigrante em mão-de-obra para as grandes lavouras e
não em pequenos proprietários.
As Transformações econômicas e so-ciais
As transformações econômicas e a urbanização
promoveram profundas mudanças sociais e geraram
aspirações e interesses diferentes dos tradicionais.
A nova elite cafeeira do Oeste paulista, ao de-
senvolver uma mentalidade empresarial moderna, se
contrapunha à tradicional elite agrária açucareira do
Nordeste e à cafeeira fluminense e valeparaibana a-
pegadas ao conservadorismo escravista. Dona do po-
der econômico, já que o café era a base da
sustentação econômica nacional, a aristocracia cafe-
eira paulista não tinha entretanto uma representação
política compatível com sua força econômica, pois o
poder era manipulado pela velha e retrógrada aristo-
cracia.
A aristocracia cafeeira do Oeste paulista intro-
duziu métodos mais modernos de produção. Diferen-
te dos “barões do café” das zonas fluminenses e do
Vale do Paraíba, presos às velhas e arcaicas formas
de produção escravista, a nova aristocracia paulista
introduziu o trabalho assalariado em suas fazendas,
substituindo a mão-de-obra escrava.
Movimento e Partido Republicano As idéias republicanas eram antigas no Brasil
e, no fim do período colonial, significavam a revolta
contra a metrópole e a negação do estatuto de colô-
nia. Mas na época da independência passaram a sig-
nificar a oposição ao governo.
Os princípios básicos do republicanismo eram
a federação, o fim do poder hereditário, soberania na-
cional e a reintegração política do Brasil com as na-
ções européias e americanas.
Os republicanos pretendiam mudanças sem vi-
olência, este movimento elitista não admitia a parti-
cipação popular e nem alterações profundas na
realidade política e social do país dando ao movimen-
to um caráter reformista e não revolucionário.
Questão abolicionista Prova da intenção gradualista da elite escravis-
ta foi a aprovação de algumas leis que visavam acal-
mar os ânimos dos abolicionistas mais exaltados e
postergar uma resolução final para a questão. A Lei
do Ventre Livre (1871), aprovada na gestão do Gabi-
nete Conservador do Visconde do Rio Branco, de-
terminava que, a partir de sua entrada em vigor, os
filhos de escravas seriam libertos. Mas, determinava
que isso só ocorreria após completarem 21 anos e que
seus proprietários receberiam uma indenização. Co-
locada em prática, esta lei produziu poucos efeitos.
Entre os anos de 1885 a 1888, a luta abolicio-
nista ganha força, radicaliza-se, promovendo fugas
em massa, arrecadando fundos para a compra de al-
forrias. Nesta época, praticamente só existiam vozes
fortes em favor do escravismo no Vale do Paraíba.
Torna-se clara a falta de base social para manter-se o
sistema. Isso ficou demonstrado no ano de 1888. A
maioria do parlamento, com exceção de apenas nove
deputados, acompanhando os anseios sociais, aprova
o fim da escravidão, em lei que foi sancionada pela
regente, Princesa Isabel.
Esse fato foi determinante para a crise do im-
pério. Muitos dos escravistas ainda existentes des-
contentam-se profundamente com relação ao regime.
Para os libertos, contudo, a liberdade não foi acom-
panhada de melhorias em suas condições de vida.
Não houve um programa educacional e nem de re-
forma agrária para a população afro-brasileira. Aque-
les que viviam no campo continuam como
trabalhadores nas grandes fazendas.
Nas cidades, tornam-se excluídos, constituem,
por meio das favelas, uma nova paisagem urbana.
HISTÓRIA
Editora Exato 34
Escravos importados pelo Brasil
No período de 1842-1852
1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 1850 1851 1852
17.435 19.095 22.849 19.453 50.324 56.172 60.000 54.000 23.000 3.287 700
Análise sobre a crise Em síntese, a crise do Império se deve a uma
série de fatores que, interagindo, levaram à mudança
do regime:
� as transformações ocorridas na sociedade
brasileira na segunda metade do século
XIX;
� a decadência da aristocracia tradicional;
� aparecimento de um nova aristocracia cafe-
eira mais dinâmica, moderna, rica e podero-
sa, cuja intervenção na política nacional
conduziu o país ao regime republicano;
� a apatia do governo imperial no atendimen-
to às aspirações das diferentes camadas so-
ciais que exigiam mudanças significativas;
� a Questão Militar, a Questão Religiosa e a
abolição da escravidão.
O fim do regime monárquico resultou, portan-
to, numa série de fatores cujo peso não é o mesmo.
Duas forças, de características diversas, devem ser
ressaltadas: o Exército e um setor expressivo da bur-
guesia cafeeira de São Paulo, organizado politica-
mente no Partido Republicano Paulista (PRP). A
queda do Imperador, em 15 de novembro de 1889,
resultou da iniciativa quase exclusiva do Exército,
que deu um decisivo empurrão para o fim do regime
monárquico. Por outro lado, a burguesia cafeeira
permitiria à República contar com uma base social
estável que nem o Exército nem a população urbana
do Rio de Janeiro podiam por si mesmas proporcio-
nar.
8. CULTURA NO IMPÉRIO
A cultura durante o império também se desen-
volveu. As escolas, que ofereciam ensino para os fi-
lhos da elite, cresceram acompanhando a
prosperidade econômica e social vivida. O Colégio
Pedro II (RJ) foi criado como modelo para várias es-
colas secundárias que foram criadas. No ensino supe-
rior, há que se destacar a Escola de Medicina (RJ) e
as Escolas de Direito (SP e PE).
O teatro foi muito pouco explorado, destacan-
do-se apenas algumas obras de Martins Pena e de ou-
tros autores. Na poesia, nasce o Parnasianismo, uma
corrente que se preocupava com rimas ricas, levando
a poesia à perfeição e ao afastamento da realidade
social (ex: Olavo Bilac).
A cultura popular urbana manifestava-se na
organização dos grupos de bairros que dariam origem
às sociedades carnavalescas, às escolas de samba e
aos conjuntos de chorinho. Também começava a to-
mar impulso, neste momento, a prática daquele que
seria o nosso grande esporte nacional: o Futebol. Nas
artes plásticas, destacaram-se as correntes cubista e
impressionista.
A Cultura imperial sofreu este desenvolvimen-
to após o período de produção cafeeira, pois os ba-
rões eram mais viajados, conheciam outros países e
outras culturas, custeando assim uma produção inte-
lectual mais refinada e um sistema de governo mais
moderno a seu serviço.
ESTUDO DIRIGIDO
1 Que partidos destacaram-se no segundo reinado?
2 Cite duas reivindicações da revolução praieira.
3 Mencione dois fatores que explicam a crise do
Império e a mudança do regime.
EXERCÍCIOS
1 Na segunda metade do século XIX, considerada a
fase do apogeu, ocorreu no Brasil um surto de
crescimento de atividades econômicas. Assinale,
entre as alternativas a seguir, a que corresponde
aos principais fatores que contribuíram para esse
desenvolvimento:
a) Alta das cotações do café no mercado interna-
cional; extinção do tráfico negreiro, com a lei
de Eusébio de Queiroz; construção de estradas
de ferro, facilitando o escoamento da produ-
ção.
Editora Exato 35
b) Investimentos particulares em estaleiros, valo-
rização da mão-de-obra negra, passando o ex-
escravo a receber salários; desenvolvimento da
exportação cafeeira.
c) Valorização da mão-de-obra imigrante em
substituição à mão-de-obra escrava; redução
das tarifas alfandegárias; construção de estra-
das de ferro, facilitando as comunicações.
d) A vinda de imigrantes para substituir a mão-
de-obra escrava; a substituição das grandes
propriedades de café por minifúndios; investi-
mentos particulares na plantação de outros
produtos no lugar do decadente café.
2 O declínio da monarquia e a propagação dos ide-
ais republicanos, no final do século passado, li-
gam-se sem dúvida, aos efeitos que a guerra do
Paraguai nos deixou como herança, isto porque:
a) a guerra acelerou as contradições internas, aba-
lando a mais sólida base da monarquia - a es-
cravidão – e fazendo emergir um exército com
consciência de seu poder.
b) a guerra contra a nação paraguaia acarretou pa-
ra o Brasil uma redução considerável de sua
dívida externa, bem como uma crescente influ-
ência política e social do exército.
c) a derrota brasileira obrigou a monarquia a fa-
zer concessões territoriais que abalaram a eco-
nomia, aumentando consideravelmente a
dívida externa do Brasil, o que levou D. Pedro
II a recorrer aos empréstimos ingleses.
d) embora nossa situação econômica se consoli-
dasse com a guerra, a monarquia não procurou
reconciliar as duas facções de nossa política na
época, o partido liberal e o conservador, levan-
do este último a patrocinar o golpe que derru-
bou D. Pedro II.
3 Há mais de século, teve início no Brasil um pro-
cesso de industrialização e crescimento urbano
acelerado. Podemos identificar, como condições
que favoreceram essas transformações:
a) a crise da economia açucareira no nordeste que
propiciou um intenso êxodo rural e uma grande
aplicação de capitais no setor têxtil em outras
regiões do país, mas principalmente na região
norte.
b) o que favoreceu essas transformações foram os
lucros conseguidos com a produção e a comer-
cialização do café, que deram origem ao capi-
tal para a instalação de industrias e importação
de mão-de-obra estrangeira.
c) a crise provocada pela abolição do tráfico ne-
greiro, que favoreceu a criação de leis que le-
galizasse a entrada de estrangeiro no país como
mão-de-obra específica para o setor agrário.
d) a crise da economia agrícola cafeeira, com a
abolição da escravatura, ocasionando a aplica-
ção de capital estrangeiro no setor fabril.
4 Assistiram-se, no decorrer de 1988, às mais di-
versas comemorações dos cem anos de abolição
da escravidão. Ao mesmo tempo, presenciaram-
se protestos de grupos ligados ao movimento ne-
gro contra a idealização da figura da princesa I-
sabel como grande libertadora dos escravos.
I – Os movimentos negros, após a emancipação,
passaram a adotar posições racistas com rela-
ção aos homens brancos brasileiros.
II – A história oficial da escravidão não leva em
consideração toda a luta da raça negra por sua
liberdade.
III – A abolição não libertou os negros da situa-
ção social inferior que lhes foi imposta pelos
brancos escravistas.
IV – A comemoração de um fato histórico não
significa que os negros ocupem na escala eco-
nômica, atualmente, papéis proporcionais aos
dos brancos.
Marque a alternativa CORRETA:
a) Estão corretos somente os itens I, II, III.
b) Estão corretos somente os itens I, III, IV.
c) Estão corretos somente os itens II, III, IV.
d) Todos os itens estão corretos.
GABARITO
Estudo Dirigido
1 Partidos Liberal e Conservador.
2 Voto livre e universal e nacionalização do co-
mércio.
3 A decadência da aristocracia tradicional e as
questões militar, abolicionista e religiosa.
Exercícios
1 A
2 A
3 B
4 C