Secretaria Municipal da Educação Currículo Comum do Ensino...
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Currículo Comum do Ensino Fundamental – Fundamentos metodológicos (p.245-262)
Inclusão, educação inclusiva e educação
especial na perspectiva da educação inclusiva crítica
AUTORES:
KÁTIA DE ABREU FONSECA JANAÍNA CABELO
CÁSSIA APARECIDA MAGNA OLIVEIRA
Secretaria Municipal da Educação
“É possível ensinar a viver? Tudo depende de como soe esse ensinar a viver”.
Carlos Skliar
DE QUAL INCLUSÃO ESTAMOS FALANDO?
Como esta se materializa, da sociedade em geral, até a escola, sendo permeada pelas políticas afirmativas ao longo da história, as legislações e a sua própria prática no campo da educação?
Serão esboçados a partir da inclusão, o contexto das suas diversas faces, como a educação inclusiva e a educação especial nesta mesma perspectiva.
Inclusão x
Exclusão
DESIGUALDADE SOCIAL
“os excluídos devem, de alguma forma, ser
incluídos ou sentir-se incluídos” (Sawaia, 2003).
TEMOS MOTIVOS PARA PENSAR SOBRE A INCLUSÃO DE FORMA CRÍTICA?
Sendo o homem um ser histórico, é
necessário que a sociedade possa mediar a
apropriação dos instrumentos, visto que a
subjetividade não será produzida a partir de si
mesma, mas sim pelas interações. Se houver a
privação dos instrumentos objetivados pela
sociedade aos sujeitos, por consequência
serão produzidas também as limitações, que
são parte das relações sujeito e o meio em que
vive (KLEIN; SILVA, 2012).
Sim!
Tela: Túnel Do Tempo – Quadro em óleo sobre tela de José Teodoro
A EDUCAÇÃO é fundamental na busca pela equidade.
Com isso, as lutas afirmativas avançam e almejam a PARTICIPAÇÃO DE TODOS, especificamente na educação, necessitando assim de um novo olhar, sobre seus atores da educação (PADILHA, 2013).
Inclusão possível
Processo de reconhecimento da diferença e, para além, de
acolhimento do que se faz diferente e não normativo.
Educação Inclusiva
Afetividade como princípio pedagógico
interação face-a-face, significativa.
não pretende controlar as emoções para educar,
desbloquear a capacidade de afetar e ser afetado, restabelecendo o nexo entre a razão e a ação, rompido pela exclusão e pela disciplinarização
(SAWAIA, 2003).
É possível efetivar a Educação Inclusiva?
O DESAFIO, portanto, está posto:
como produzir saberes capazes de responder às demandas do cotidiano escolar relacionadas à convivência e aprendizagem na diversidade, e não acolher as diferenças para administrá-las?
como propor práticas pedagógicas que contemplem outros fazeres e outros olhares, que escapem àquelas aprendidas, constituídas e reproduzidas como práticas de ensino ditas de “aceitação às diferenças”, e que se coloquem como uma escuta atenta aos modos como as ações inclusivas afetam, de fato, as crianças?
“Chamamos ao outro de diferente; assim, somos normais”.
Ricardo B. Ceccim
DE QUEM ESTAMOS FALANDO?
TODOS!
Educação de qualidade para
TODOS!
EDUCAÇÃO
Educação Inclusiva
Educação Especial
De acordo com a legislação
Educação
INCLUSIVA
Público alvo
Alunos que apresentam defasagens educacionais, culturais e sociais.
Atendimento generalizado
Educação
ESPECIAL
Público alvo da Educação Especial (PAEE)
Alunos com Deficiências
TGD/TEA
Ah-SD
Atendimento específico na forma do AEE
Contudo, ao considerarmos que a prerrogativa da educação inclusiva é a oferta de educação de qualidade para todos, como beneficiar este ou aquele grupo, alegando a aceitação das diferenças? A esse respeito, Omote (2014) pontua que...
Cabe aqui a reflexão sobre homogeneidade e heterogeneidade...
A prática pedagógica é pensada para os iguais e efetivada para os diferentes? Por que planejamos apenas uma estratégia para ensinar a todos os alunos?
“Para as instituições educativas, os sujeitos deveriam ser compostos dessa dupla qualidade: ser qualquer um - isto é, não importa quem for, em termos de identidade: é qualquer um e a esse qualquer um que vai dirigido o
ensino; ser cada um - isto é, trata-se de um sujeito singular, específico, em que o ensino se encarnará, se fará aprendizagem. Cuidar do outro significará, talvez, considerá-lo como qualquer um e como cada um”.
Carlos Skliar
DE QUAL ESCOLA ESTAMOS FALANDO AFINAL?
Espaço para a elaboração de conceitos nas diferenças deve responder aos anseios de uma população que busca por ações que abarquem suas necessidades.
Considerando a Educação Especial e a Educação Inclusiva
Converge para alunos com necessidades educacionais especiais advindas de condições biológicas ou ainda decorrentes de condições sociais desfavoráveis.
E o professor?
A realidade é de GRANDE DESAFIO!
Necessidade de ampla formação e inúmeros recursos.
E como forma de materialização desta educação, que beneficie a todos, faz-se importante também que
“[...] na base de todas as suas transformações, deveria estar as discussões sobre quais as condições de trabalho para que todos possam pertencer com dignidade ao espaço escolar, especificamente e ao campo dos direitos, em geral”, é o que afirma, Angelucci (2011, p. 220).
Ações básicas são exigidas, como o combate à discriminação sutil no dia-a-dia da escola e o trabalho com as experiências realmente afetivas, que podem potencializar a capacidade dos alunos “com deficiências” e “sem deficiências” a ultrapassar as próprias condições de existência.
Esta é do nosso ponto de vista, a finalidade última da educação potencializadora.
Educação Especial/Inclusiva – Bauru 2005
Ensino Fundamental
e EJA
Salas de Recurso
Educação Infantil
Itinerância
Professores Especialistas e Cuidadores para atendimento ao público Alvo da Educação Especial
E em BAURU, houve avanços na educação numa perspectiva inclusiva?
O processo de avaliação e intervenção dos professores especialistas inclui atividades específicas assim sistematizadas:
Identificação das potencialidades e necessidades educacionais do aluno (avaliação pedagógica); Estudo sócio-familiar, incluindo entrevista com a família (estudo de caso);
Encaminhamento para instituições conveniadas para avaliação e intervenção da equipe multidisciplinar (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, Terapeutas Ocupacionais etc..); Elaboração de recomendações em um plano individual de intervenção, estabelecendo metas, prioridades e procedimentos aplicáveis a cada caso; Avaliação e acompanhamento do aluno no ambiente escolar e apoio e orientação ao professor do ensino comum, verificando os resultados alcançados e formulando novas recomendações se for o caso. Orientações sempre que houver necessidade junto ao professor especializado ou profissionais encarregados da reabilitação do aluno.
O processo de atendimento do AEE de Bauru é organizado seguinte forma:
Queixa do professor encaminhamento para Observação
o Serviço de Ed. Especial avaliação
Encaminhamentos Realização necessários Estudo de Caso (clínico) Atendimento ao aluno Elaboração do PAEE Atendimento ao professor
Reavaliação do PAEE
Trabalho Colaborativo
O trabalho colaborativo entre professor do ensino comum e professor especialista é fundamental, uma vez que possibilita, de acordo com Capellini, Zanata e Pereira (2012), que cada professor com sua experiência, auxilie nas resoluções de problemas mais sérios de aprendizagem e/ou comportamento de seus alunos.
O compromisso de toda a equipe da unidade escolar
De acordo com Leite e Martins (2012, p.18),
“a transformação da escola em um ambiente que favoreça um processo educacional inclusivo exigirá esforços de todos os profissionais que nela atuam”.
Esse processo envolve a tomada de consciência e superação de preconceitos e conceitos pré-estabelecidos, o que não configura tarefa fácil, mas é vital para abolir atos discriminatórios.
Enfim...
Estabelecer diretrizes que assegurem uma educação de fato inclusiva que será
ratificada pelos documentos legais que constituem a instituição escolar, dentre
eles, o Projeto Político Pedagógico, o regimento escolar, o currículo norteador das
práticas pedagógicas, os planos de aulas e até mesmo o caderno de atividades
semanais do professor, sendo estes elementos fundamentais na objetivação de
um processo educacional, que por meio de ações articuladas e coerentes, venham
materializar as possibilidades de uma educação inclusiva, em que todos os alunos
possam aprender.
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Referências