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SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE - SEMA DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL E TERRITORIAL - DEGAT
PLANO DE TRABALHO PARA A CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR PARA A CRIAÇÃO DO CORREDOR ECOLÓGICO
DUCKE/PURAQUEUQRA
Manaus, AM Abril de 2015
EQUIPE DE EXECUSÃO
Coordenação técnica
Neila Maria Cavalcante da Silva - Eng. Florestal, MSc. em Ciências de Florestas
Tropicais
Maria Eliene Gomes da Cruz - Bióloga, MSc. em Ciências Florestais e Ambientais
João Rodrigo Leitão dos Reis - Geógrafo, MSc. Ciências Florestais e Ambientais
Equipe técnica
Alzenilson Santos de Aquino - Biólogo, Esp. em Desenvolvimento para a Educação.
Mereide Fonseca Xavier - Bióloga, MSc. em Ciências Florestais e Ambientais
Waldelice Holanda Salgado - Bióloga, Esp. Em Geoprocessamento.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização do Corredor Ecológico Ducke Puraquequara. .................. 9
Figura 2 - Entrada do Ramal Água Branca I. .................................................................................... 9
Figura 3 - Mapa de situação fundiária. ........................................................................................... 11
Figura 4 - CAR do P.A Água Branca dentro da área proposta para a criação do
corredor ecológico. ................................................................................................................................. 12
Figura 5 - Mapa de fitofisionomias. .................................................................................................. 15
Figura 6 - Mapa de unidades geológicas. ....................................................................................... 18
Figura 7 - Mapa de classe de solos. .................................................................................................. 20
Figura 8 - Plantações visualizadas na área proposta para a criação do corredor. ........ 24
Figura 9 - Caracterização da área proposta para a criação do corredor. .......................... 25
Figura 10 - Tanques de piscicultura. ............................................................................................... 26
Figura 11 - Empreendimentos na área proposta para a criação do corredor. ................ 29
Figura 12 - Mapa de uso e cobertura da terra. ............................................................................ 30
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição de terras da área proposta para a criação do corredor. ............ 10
Tabela 2 - Empreendimentos no entorno (5 km) e contidos na área proposta para a
criação do corredor. ............................................................................................................................... 26
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Descrição das fitofisionomias. ..................................................................................... 14
Quadro 2 - Unidades geológicas presentes na área proposta para a criação do
corredor. ..................................................................................................................................................... 16
Quadro 3 - Descrição das classes de solo da área proposta para a criação do corredor.
........................................................................................................................................................................ 19
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 5
2. HISTORICO DO PLANEJAMENTO ................................................................................................ 6
3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 7
3.1. Materiais........................................................................................................................................... 7
3.2. Procedimentos ............................................................................................................................... 8
4. LOCALIZAÇÃO DO CORREDOR ECOLÓGICO DUCKE/PURAQUEQUARA ..................... 8
4.1. Acesso ao Corredor Ducke/Puraquequara ......................................................................... 9
5. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA ................................................................................................................ 10
6. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................................. 13
7. CARACTERIZAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA .................................................. 23
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 31
9. REFERENCIAS .................................................................................................................................. 32
1. INTRODUÇÃO
A expansão do uso e ocupação antrópica do solo tem como um de seus
resultados a perda e fragmentação dos habitats naturais, que tem severas
consequências sobre a biodiversidade, ao afetar a taxa de crescimento populacional,
diminuir o comprimento e a diversidade da cadeia trófica e alterar as interações das
espécies, entre outros efeitos negativos (Forero-Medina & Vieira, 2007).
A Fragmentação de habitats é considerada como uma das maiores ameaças à
conservação da biodiversidade ainda existente (Crooks & Sanjayan, 2006; Brasil,
2006). Entendendo a desfragmentação de habitats como a eliminação dos efeitos
negativos da perda e da fragmentação, surge a necessidade de ações que visem à
desfragmentação.
A conectividade, que é a habilidade de uma população ou espécie de se
locomover entre elementos da paisagem em um mosaico de tipos de habitats (Hilty et
al., 2006), é um dos principais processos para a desfragmentação florestal e, portanto,
para a conservação de biodiversidade. A promoção da conectividade entre áreas a
serem conservadas tem sido uma recomendação constante na literatura. Com isso
surgem os Corredores Ecológicos, que constituem estratégias de conservação da
biodiversidade, desde os anos 1990, quando se percebeu que os esforços de
conservação centrados apenas em Áreas Protegidas fatalmente resultariam em “ilhas
de biodiversidade” isoladas em meio a uma matriz completamente antropizada
(AYRES et al., 1997).
A cidade de Manaus assim como outras cidades sofre com a fragmentação dos
habitats devido à expansão demográfica. Hoje existem em Manaus, 63 bairros, e
muitas comunidades distribuídas por varias regiões, e a expansão demográfica
continua a crescer em direção das zonas leste e norte da cidade (Nogueira et al.,
2007). Com isso tornam-se importante a manutenção e conservação dos fragmentos
florestais ainda presentes na cidade, uma vez que venham a desempenhar a
conectividade entre área protegidas e remanescentes florestais.
Visando a conectividade de áreas, o Ministério Público Federal em função da
construção da linha de transmissão Jorge Texeira/Lechuga, a ICP nº
1.13.000.001650/2013-91, e a comissão técnica instituída pelo Instituto Nacional de
Pesquisa da Amazônia (INPA), firmou Termo de Compromisso entre as Centrais
Elétricas do Norte do Brial S. A (Eletronorte) e Secretaria de Estado do Meio
Ambiente (SEMA) para a criação de corredor ecológico visando a conectividade entre
a Reserva Adolpho Ducke e a floresta nativo do Puraquequara.
Este relatório trás a caracterização do contexto geográfico em que está
localizada a área proposta para a criação do Corredor Ecológico
Ducke/Puraquequara, bem como caracterização dos aspectos ambientais.
2. HISTORICO DO PLANEJAMENTO O processo para a criação do corredor Ducke/Puraquequara tem envolvido a
realização de reuniões técnicas, para delineamento e refinamento do polígono,
expedições de campo e consultas prévias aos residentes na área proposta, para a
criação do entendimento coletivo.
O planejamento envolveu as seguintes atividades:
Reunião de formação de grupo de trabalho – 21/09/2015. Formalização do
grupo de trabalho conforme Portaria de nº 56 de 25 de agosto de 2015, para
acompanhar a criação e a implementação de corredores ecológicos e áreas
protegidas resultantes da implantação e operação de empreendimentos de
infraestrutura e engenharia estratégica na cidade de Manaus;
Reunião de definição de áreas para a criação dos corredores –
02/10/2015. Apresentação da área proposta para a criação do corredor
Ducke/Puraquequara e alinhamento com o grupo de trabalho quanto à
localização e abrangência;
Reunião de articulação e alinhamento – 05/10/2015. Levantamento de
informações necessárias para proposição da área e encaminhamento de ofícios
de solicitações de dados a diferentes instituições para subsidiar os estudos
técnicos;
Reunião de alinhamento de excursão de campo – 11/11/2015. Definição da
data da excursão, equipe e metodologia de trabalho.
Visita de reconhecimento – 18 e 19 de novembro de 2015. Visita à área para
analise da situação atual da área, visando obter conhecimento das
características físicas e biológicas e os tipos de uso da terra, a fim de orientar o
processo de criação do corredor ecológico Ducke/Puraquequara.
Reunião informativa Projeto de Assentamento Água Branca –
18/02/2016. Reunião de informação e esclarecimento sobre à criação do
corredor aos morados do P.A Água Branca, na comunidade Uberê.
3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a caracterização da área foram utilizados dados secundários, informações
levantadas in loco e informações cedidas por parceiros.
3.1. Materiais Dados secundários - Caracterização do meio físico:
Foram utilizados os dados vetoriais de vegetação, geologia e solo, na escala de
1:250.000, disponíveis em meio digital do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) para a caracterização do meio físico;
Dados parceiros - Caracterização do uso e ocupação da terra:
Foram solicitados oficialmente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano
(Implurb), da Secretaria de Estado de Politicas Fundiárias (SPF), da Superintendência
de Habitação do Amazonas (SUHAB) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Sustentabilidade (SEMMAS), dados vetoriais referentes à situação fundiária da área
proposta de criação.
Base vetorial de empreendimentos do Instituto de Proteção Ambiental do
Amazonas (IPAAM), para a verificação das atividades existentes na área,;
Informações levantadas in loco - Caracterização do uso e ocupação da
terra:
Foram realizadas observações, registro fotográfico e levantamentos de pontos
georreferenciados representativos das características física e biológicas, do uso e
ocupação da terra.
3.2. Procedimentos Posteriormente ao levantamento das informações, foi realizado o cruzamento
dos dados utilizando o software ArcGis 10.3, para visualização da situação atual da
área.
Para o levantamento da situação fundiária e dos empreendimentos contidos na
área, aplicou - se um buffer de 5km a partir da poligonal que delimita o perímetro do
corredor.
Na caracterização do mapeamento do uso e ocupação da terra foi utilizado
recorte de imagem do satélite GeoEye, do ano de 2014, disponíveis no Google Earth.
Utilizando a imagem como base, foram consideradas duas classes para o mapeamento
de uso da terra, são elas: floresta e não floresta.
4. LOCALIZAÇÃO DO CORREDOR ECOLÓGICO DUCKE/PURAQUEQUARA
O corredor ecológico Ducke/Puraquequara possui área de 1.143, ha e está
localizado na zona de expansão urbana do município de Manaus1, dentro dos limites
da Área de Proteção Integral Adolpho Ducke2, tendo seu início nos limites da Reserva
Experimental Adolpho Ducke e se estendendo até o rio Puraquequara (Figura 1).
A APA Adolpho Ducke é uma área estratégica para a conservação da
biodiversidade local, serve de ligação natural entre a Reserva Experimental Adolpho
Ducke e a área florestal do Puraquequara.
1 Lei Complementar nº 002, de 16 de janeiro de 2014, Plano diretor de Manaus.
2 Decreto nº 1.502 de 27 de março de 2012, criação da APA Adolpho Ducke.
Figura 1 - Mapa de localização do Corredor Ecológico Ducke Puraquequara.
4.1. Acesso ao Corredor Ducke/Puraquequara O acesso à área pode ser feito via fluvial e terrestre, a saber:
Terrestre: o acesso pode ser feito através da avenida Torquato Tapajós e Av.
Max Teixeira. Partindo pela Av. Torquato Tapajós, segue por ela até a AM010, de onde
segue até o Km 29, entrada do ramal Agua Branca I, que fica perpendicular a área
proposta para a criação do corredor (Figura 2).
Figura 2 - Entrada do Ramal Água Branca I.
Pela Av. Max Teixeira o percurso segue pelo ramal do Brasileirinho até seu
encontro com o ramal do Incra, perpendicular ao corredor.
Fluvial: a partir do rio Negro tem acesso ao rio Puraquequara, que dá acesso a
área proposta pata criação do corredor.
5. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA A área proposta para a criação do corredor Ducke Puraquequara é composta
parte por terras arrecadadas e matriculadas (glebas federais Puraquequara e Efigênio
Ferreira de Sales), parte por um título definitivo (S/D) e parte por um Projeto de
Assentamento da Reforma Agrária, instituído pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária – INCRA (Tabela 1), criado no ano de 1992, é do tipo P.A, sendo ele o
P.A Água Branca.
Tabela 1 - Composição de terras da área proposta para a criação do corredor.
Área Área (ha) %
Gleba Federal Puraquequara 994,70 87,03
Gleba Federal Efigênio Ferreira de Sales
1,03 0,09
P.A Água Branca 362,73 31,73
Título 253,91 22,21
Corredor Ducke Puraquequara 1.143,00
Ocorre sobreposição entre as glebas com o título e entre a Gleba e o
assentamento P. A Água Branca (Figura 3), onde o título incide 25,52% sobre a gleba
e o assentamento 36,46%.
Em relação ao assentamento, 13 lotes estão dentro da área proposta,
começando no lote 16 indo até o lote 28 (Figura 4). Os 13 lotes já possuem o Cadastro
Ambiental Rural (CAR), onde as suas reservas legais coincidem com os limites do
corredor e suas áreas de uso concentram-se às margens do ramal do INCRA, em sua
maioria (Figura 4).
No raio de 5km do limite do corredor, constam ainda um título definitivo na
base da Superintendência de Habitação do Amazonas (SUHAB), e dois título na base
da Secretaria do Estado de Política Fundiária (SPF).
6. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL
A riqueza da biodiversidade da floresta amazônica pode ser dimensionada na
avaliação de que, em cada hectare da floresta, se estima a presença de 150 espécies de
árvores com DAP > 10, correspondendo a uma biomassa média total de
aproximadamente 300 ton/ha (Fearnside e Leal Filho, 1993). As espécies
comercialmente aproveitáveis representam somente de 6 a 10 árvores/ha, ou um
volume de madeira que varia entre 20m³ e 50m³ ha-1 (Hanan e Batalha, 1995;
Projeto Bionte, 1997).
A flora nativa da Amazônia há milhares de anos interagindo com as mudanças
ambientais, passou por um rigoroso processo de seleção natural que gerou um
grande número de espécies geneticamente resistentes e adaptadas às condições
edafoclimáticas da região (Pamplona, 2000). A grande diversidade de plantas da flora
amazônica, com frutificação distribuída durante todo o ano, fornece alimento de
forma contínua e equilibrada e proteção à fauna, contribuindo assim para
manutenção de uma fauna diversa e numerosa (Bentos, 2008).
4.1. Caracterização das paisagens e fitofisionomias
A vegetação que caracteriza a área em estudo é mata de terra firme. De acordo
com a classificação do Projeto RADAMBRASIL, 1977 (Base Cartográfica do IBGE, na
escala 1:250.000, de 2007) a área proposta para a criação do corredor abrange
quatro fitofisionomias: Floresta Ombrófila Densa Aluvial com Dossel Emergente
(Dae), Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas com Dossel Emergente (Dbe) e duas
classes sem informação (ap+vss+db e vss+ap+acc.d) (Quadro 1; Figura 5).
Quadro 1 - Descrição das fitofisionomias.
Vegetação Descrição
Floresta
Ombrófila
Densa Aluvial
com Dossel
Emergente
(Dae)
Esse tipo de formação não varia topograficamente e apresenta sempre os
ambientes repetitivos, dentro dos terraços aluviais dos flúvios. Trata-se
de formação ribeirinha ou floresta ciliar que ocorre ao longo dos cursos
de água. Apresenta com frequência um dossel emergente uniforme. É
uma formação com bastantes palmeiras no estrato dominado e na
submata. Em contrapartida, a formação apresenta muitas lianas lenhosas
e herbáceas, além de grande número de epífitas e poucas parasitas.
Floresta
Ombrófila
Densa de
Terras Baixas
com Dossel
Emergente
(Dbe)
É uma formação que em geral ocupa as planícies costeiras, capeadas por
tabuleiros pliopleistocênicos do Grupo Barreiras. Ocorre desde a
Amazônia, estendendo-se por toda a Região Nordeste até proximidades
do Rio São João, no Estado do Rio de Janeiro. Tais tabuleiros apresentam
uma florística bastante típica, caracterizada por ecótipos dos gêneros
Ficus, Alchornea, Handroanthus e pela ochlospecie Tapirira guianensis
Aubl.
Fonte: IBGE, 2012.
4.2. Fatores abióticos
A caracterização do meio físico da área foi realizada baseada no
“Levantamento de Recursos Naturais, Vol. 18, Folha SA.20 MANAUS”, do Projeto
RADAMBRASIL, disponibilizados em meio digital pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE.
4.2.1. Geologia
O conhecimento geológico é base para compreender os processos interativos
que ocorrem entre os diversos elementos que compõem e modelam o meio físico,
permitindo identificar distintas paisagens.
A área compreende duas unidades geológicas - Formação Alter do chão, com
maior extensão, compondo 94,21% e Aluviões Holocênicos, representando 5,79%
(Quadro 2; Figura 6).
Quadro 2 - Unidades geológicas presentes na área proposta para a criação do corredor.
Unidade geológica Descrição
Formação Alter do chão
Oriundos da deposição de sedimentos continentais em ambientes
aquosos, predominantemente lacustres e fluviais. É uma formação
constituída por sedimentos vermelhos compostos por: argilas plásticas,
maciças e micáceas, às vezes finamente laminadas com filmes de areia,
com predominância de minerais do grupo da caolinita associada à
gibbsita (traços); feldspatos, quartzo e ilita (raramente); argilitos (com
lentes de areia, pouco consolidados e cor vermelha, creme, branca e
roxa); siltitos e arenitos (finos a médios, geralmente com estratificação
cruzada e intercalações argilosas, micáceos, ferruginosos, maciços e bio-
turbados); conglomerados (com seixos de quartzo), pobres em fósseis e
recobertos discordantemente, em parte, por sedimentos terciários ou
diretamente por sedimentos quaternários.
Aluviões Holocênicos
São depósitos relacionados à rede de drenagem Amazônica atual,
sobreposto a Formação Solimões. Desenvolvidos por materiais recentes
inconsolidados, e apresentam em composição argilas, siltes e areias
predominantemente finas. Os Aluviões são visíveis na vazante, quando
Unidade geológica Descrição
formam barrancas com pouco mais de 15 m de altura acima do nível da
água ou sobreposta sobre litologias mais antigas.
Fonte: IBGE, 2009.
4.2.2. Solo
O material de origem é um importante fator na formação dos solos, ditando
características marcantes em suas propriedades físicas, químicas e morfológicas. Na
área proposta para a criação do corredor foram identificados duas classes de solos:
Latossolo Amarelo (95,13%) e Areia Quartzosa Hidromórfica (4,86%) (Quadro 3). A
distribuição das classes de solo que ocorrem na área pode ser visualizada na Figura 7.
Quadro 3 - Descrição das classes de solo da área proposta para a criação do corredor.
Classes Descrição
Latossolo Amarelo
Compreende solos constituídos por material mineral, com
horizonte B latossólico, imediatamente abaixo de qualquer um
dos tipos de horizonte diagnóstico superficial. São solos muito
evoluídos, destituídos de minerais primários ou secundários
menos resistentes ao intemperismo, e têm capacidade de troca
de cátions baixa. Variam de fortemente a bem drenados, são
normalmente muito profundos.
Areia Quartzosa Hidromórfica
(ou Neossolo)
Em geral, são solos originados de depósitos arenosos,
apresentando textura areia ou areia franca ao longo de pelo
menos 2 m de profundidade. Ocorrem principalmente às
margens dos rios e lagos, os eutróficos associados aos rios de
água barrenta e os distróficos aos rios de água preta, onde a
quantidade de sedimentos é reduzida e há teores bastante
elevados de ácidos orgânicos em dissolução.
Fonte: EMBRAPA, 2006.
4.3. FATORES BIÓTICOS
Em nenhum lugar do mundo existem mais espécies de animais e de plantas do
que na Amazônia, tanto em termos de espécies habitando a região como um todo
(diversidade gama), como coexistindo em um mesmo ponto (diversidade alfa).
Entretanto, apesar da Amazônia ser a região de maior biodiversidade do planeta,
apenas uma fração dessa biodiversidade é conhecida. Portanto, além da necessidade
de mais inventários biológicos, um considerável esforço de amostragem também é
necessário para se identificar os padrões e os processos ecológicos e biogeográficos6.
A riqueza da flora compreende aproximadamente 30.000 espécies, cerca de
10% das plantas de todo o planeta. São cerca de 5.000 espécies de árvores (maiores
que 15 cm de diâmetro), enquanto na América do Norte existem cerca de 650
espécies de árvores. A diversidade de árvores varia entre 40 e 300 espécies diferentes
por hectare, enquanto na América do Norte varia entre 4 a 25.
Levantamento realizado por Azevedo-Ramos et al. (1999), que analisa a
diversidade de anfíbios na Amazônia brasileira, identifica Manaus como uma das sete
áreas com a maior riqueza de espécies. Foram encontradas 53 espécies, das quais
nove delas têm ocorrência única nos inventários. São elas: Bufo dapsilis, Cochranella
oyampiensis, Colostethus stepheni, Eleutherodactylus okendeni, Leptodactylus riveroi,
Chiasmocleis budsoni, Synapturanus salseri, Typholonectes cunhai e Pipa arrabali.
Segundo Frost, 1985, e Duellman, 1993, duas dessas espécies são endêmicas:
Colostethus stephenie Typholonectes cunhai.
Segundo Oren (2001), há sérios problemas de se tentar avaliar a riqueza das
espécies de aves pela comparação de listas de localidades da Amazônia brasileira
devido às variações de métodos e experiência das equipes de pesquisadores, de
extensões das áreas de estudo e falta de distinção de espécies residentes e vagantes.
Dentre as listas que indicam as espécies ameaçadas de extinção o pesquisador aponta
a Nyctibius leucopteros,e como potencialmente ameaçada a Nyctibius bracteatus,
ambas encontradas na região ao norte de Manaus.
Para Silva et al. (2001), o conhecimento científico sobre a fauna de mamíferos
da Amazônia brasileira apresenta enormes lacunas, devido à riqueza de espécies,
diversidade de habitats e vasta extensão territorial.
Entre os sítios inventariados em torno de Manaus, destaca-se a iniciativa da
Área de Relevante Interesse Ecológico “Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos
Florestais”, situada a cerca de 90 km da cidade, que realizou levantamentos sobre a
mastofauna local, considerado por Voss & Emmons (1996) como um dos mais
completos da região (Voss, R. S. & L. H. Emmons, 1996 apud Silva, M.N. et al., 2001).
Fauna urbana
Em Manaus, ocorrem várias espécies de passeriformes, psitacídeos, corujas e
pequenos gaviões, entre outros. Os locais mais comumente usados para nidificação
são as margens de igarapés. Quanto aos répteis, é comum a ocorrência de várias
espécies de serpentes, lagartos e do jacaré tinga por toda a cidade de Manaus. Várias
espécies de mamíferos vivem na área urbana, destacando-se o sauim-de-coleira, o
macaco-parauacu, mico-de-cheiro, duas espécies de preguiças, tamanduá-mirim,
tamanduaí, quati, paca, cotia e, dependendo do tamanho da área, pode-se encontrar
até alguns pequenos felinos, como o gato-maracajá. Algumas destas estão ameaçadas
de extinção, como o gato-maracajá e o sauim-de-coleira.
A fauna silvestre urbana inventariada nas áreas dos remanescentes florestais
protegidos é relacionada a seguir.
No Jardim Botânico Municipal Adolpho Ducke há várias espécies de macacos:
macacos-prego, guaribas, macacos-aranha e bandos de sauim-de-coleira (Saguinus
bicolor), que transitam livremente pelas árvores de acariquara, preciosa, amapá,
cupiúba e angelins.
O Parque Municipal do Mindu também apresenta pouca diversidade de fauna,
embora represente um refúgio urbano em Manaus, principalmente, para os primatas
sauim-de-coleira. Outros mamíferos encontrados na área do Mindu, são as preguiças
(Bradypus torquatuse Colopepus didactulys), esquilo (Sciureo sp.) e a cutia
(Dasyprocta agouti). A fauna do Parque caracteriza-se, principalmente, pelos animais
herbívoros que ocupam a base da cadeia alimentar. Em função da pequena área do
Parque, não existem territórios vitais mínimos para sustentação de grandes
populações de espécies de vertebrados, como os carnívoros. Quanto às aves, são mais
de 120 espécies já encontradas na área, dentre elas, aves residentes, migrantes e
vagantes. Dentre as residentes, se destacam o tucano, garça, araçari, socó-boi, aracuã
e a saracura.
A Reserva Ducke e áreas vizinhas, por exemplo, são uma dessas áreas
prioritárias, e desempenha importante função ecológica, como fonte de espécies
colonizadoras para os fragmentos que estão próximos a ela, por ser ainda conectada
com a floresta contínua. A expansão da cidade, de maneira descontrolada, em breve
poderá transformar a Reserva Ducke em apenas mais um fragmento isolado. Em
atenção a essas ameaças, se faz necessário elaborar planos que garantam a
manutenção da conectividade da reserva com a floresta continua, através da
implementação de APAs e manutenção de corredores ecológicos. Além da Reserva
Ducke, os fragmentos do bairro Tarumã e Ponta Negra, e os fragmentos da zona leste
da cidade (em parte pertencentes a Suframa e ao bairro Puraquequara), também são
áreas nas cidade que apresentaram grande potencial biológico, e estão entre os
fragmentos prioritários para conservação. Essas áreas foram as mais afetadas no
decorrer do estudo, em função das pressões antrópicas, o que reforça ainda mais a
necessidade de proteção. Outro fragmento prioritário em termos do seu potencial
biológico e com boa qualidade ambiental, foi o fragmento do campus da UFAM. Este
fragmento se diferencia dos demais fragmentos prioritários porque encontra-se
isolado na parte central da cidade.
7. CARACTERIZAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA
Jacintho (2003) ressalta que a caracterização do uso da terra contribui para o
entendimento da distribuição das principais atividades econômico-produtivas da
região e uma melhor compreensão das inter-relações entre as formas de ocupação e a
intensidade dos processos responsáveis pela degradação do meio físico.
Caracterização: visita in loco
Durante a visita in loco, foi possível mapear 80 pontos de amostragem, sendo
73 nos ramais paralelos a área (entorno) e sete pontos dentro da área proposta
(Figura 9). A ocupação da área e de seu entorno se dá em sua maioria por sítios e
chácaras.
Nas áreas caracterizadas como sítios foi possível observar plantações por meio
de plasticultura, em sua maioria, e sistemas agroflorestais (SAFs). Entre as culturas
cultivadas na área destacam-se o mamão, maracujá, banana, laranja, cupuaçu, caju e
hortaliças ( Figura 8).
A aquicultura também é uma atividade presente na área. Foram identificadas
cinco propriedades com essa atividade (Figura 10). Foram identificadas propriedades
com criação de animais de pequeno porte, como galinha e pato, contudo uma
propriedade no ramal Água Branca II possui criação de bovinos.
Figura 8 - Plantações visualizadas na área proposta para a criação do corredor.
Figura 10 - Tanques de piscicultura.
Empreendimentos
No raio de 5km não constam atividades licenciadas pela Secretaria Municipal
de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS), porém constam 21 atividades
licenciadas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) (Figura 11).
As atividades foram classificadas conforme sua natureza: supressão vegetal,
aquicultura, extração mineral, assentamentos e construção/infraestrutura, estando
16 empreendimentos contidos no entorno do corredor e cinco empreendimentos na
poligonal que delimita o mesmo (Quadro 4).
Quadro 4 - Empreendimentos no entorno (5 km) da área proposta para a criação do corredor.
EMPREENDIMENTOS NO ENTORNO DO CORREDOR ECOLÓGICO
ID INTERESSADO ÁREA DO IMÓVEL
(HA)
ATIVIDADE
2 CHACARA SANTA CECILIA LTDA 100,86 AQUICULTURA
3 RAIMAR MENDONÇA AGUIAR JÚNIOR 2,98 EXTRAÇÃO MINERAL
5 GUILHERMO GUSTAVO SILVA 26,37 EXTRAÇÃO MINERAL
6 VALDIBERTO RIBEIRO ROCHA 35,45 AQUICULTURA
7 AMAZONIA COMERCIO E REPRESENTAÇÃO DE MÓVEIS LTDA
7,69 AQUICULTURA
9 RAIMUNDO PEREIRA DO NASCIMENTO 41,87 AQUICULTURA
10 JORGE LUIS GARCEZ TEIXEIRA 38,04 EXTRAÇÃO MINERAL
11 ELETROBRÁS ELETRONORTE 2,34 INFRAESTRUTURA/CONSTRUÇÃO
13 RAYLANE RODRIGUES DA COSTA 30,48 EXTRAÇÃO MINERAL
14 JOSE ELINALDO SOUZA DA SILVA 36,31 EXTRAÇÃO MINERAL
15 SEVERINO LUIZ CARNIEL 27,67 PESQUISA MINERAL
16 SEVRINO LIUZ CARNIEL 31,74 EXTRAÇÃO MINERAL
17 LUIZ CLAUDIO MAIA SILVA 29,36 EXTRAÇÃO MINERAL
19 MARIA NEUZA GOMES DA SILVA 42,72 SUPRESSÃO VEGETAL
20 PABLO MESQUITA RAMOS 18,02 AQUICULTURA
21 FORÇA IMOBILIARIA LTDA 31,37 EXTRAÇÃO MINERAL
Quadro 5 - Empreendimentos na área proposta para a criação do corredor. EMPREENDIMENTOS CONTIDOS NO CORREDOR ECOLÓGICO
INTERESSADO ÁREA DO IMÓVEL
(HA)
ATIVIDADE
MUSEU DA AMAZONIA - MUSA 29,06 ASSENTAMENTO
MANOEL LOPES DE LIMA 21,46 EXTRAÇÃO MINERAL
SEMA 16.240,75 PESQUISA MINERAL
KALAMAZON ESTUDOS GEOLÓGICOS LTDA 4.874,47 EXTRAÇÃO MINERAL
CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL
52,18 INFRAESTRUTURA/CONSTRUÇÃO
Das atividades acima descritas (dentro da área proposta e no entorno), 0,6% é
constituída por empreendimento de supressão vegetal, 3% por assentamentos (um
lote), 19% por aquicultura, 32% por construção/infraestrutura e 39% por
empreendimentos de extração mineral.
O Museu da Amazônia (MUSA) possui licença para o lote 25, onde consta seu
Centro de Treinamento Agroflorestal construído, que atua na Articulação Sócio
Participativa, Eventos e Vivências, e Unidades Demonstrativas de Agricultura
Orgânica e Meliponicultura.
Classificação supervisionada de uso e ocupação da terra
Quanto ao resultado do mapeamento do uso e cobertura da terra da área
proposta para a criação do corredor, 87,43 % é coberta por floresta e 12,56 % é de
área desflorestada. Nas áreas desflorestadas foram identificadas, plantações, tanques
de piscicultura, áreas com solo exposto e com vegetação rasteira (Figura 12).
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A área proposta para a criação do corredor ecológico Ducke/Puraquequara
está localizada na zona de expansão urbana de Manaus, área de crescente expansão,
próximo à zona leste e norte da área urbana de Manaus. A área fica entre dois ramais
com considerável ocupação antrópica, com presença de plantações, criações animais
e extração de areia, contudo a área ainda apresenta áreas com vegetação densa.
Limita-se com a Reserva Adolpho Ducke, área destinada a pesquisas do INPA, que
juntamente com outros fragmentos florestais desenvolvem importante papel a fauna
urbana de Manaus.
Consulta ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), uma vez que a
maior parte da área faz parte da gleba federal Puraquequara.
Recomenda-se a criação nos limites propostos pelo Ministério Publico Federal,
contudo com a realização de Consulta Pública a população local e outras partes
interessadas.
9. REFERENCIAS
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