Saúde Urbana · Filho, Jairnílson Paim, e muitos outros... ... o que é Saúde Urbana? ... do SUS...

Saúde Urbana

Maria Inês Azambuja,

Prof. Adjunta do Departamento de Medicina Social,

Programa Saúde Urbana, UFRGS

Congresso da ABRASCO 2012 Porto Alegre

Programa Saúde Urbana


•

• Promoção da Saúde – anos 80 • Cidades Saudáveis – anos 90 • D. Desigualdades Sociais – anos 2000

Crescimento populacional com intensificação do

processo de urbanização a nível

GLOBAL China, Índia e África

Novo paradigma: Saúde Urbana

tema da OMS no ano de 2010

SAÚDE URBANA Raízes da (re)-Emergência doTema

a nível Global Antecedentes na Saúde Pública


“URBAN HEALTH” – justificativas a nível global • Urbanização - globalmente, a urbanização está se intensificando comparativamente ao crescimento populacional • Desigualdades sociais aumentando nos países ricos à partir da década de 80 • Sustentabilidade – poluição, aquecimento, energia • Eventos climáticos – Kathrina, 2007; Sandy 2012 • Desafios/Oportunidades – saneamento, lixo, mobilidade, habitação

Fonte: Yvonne Rydin, Ana Bleahu, Michael Davies, e cols. Lancet 2012


Nas últimas eleições para prefeitos municipais, a Saúde foi um dos principais assuntos da campanha, particularmente nas grandes metrópoles


Nas últimas eleições para prefeitos municipais, a Saúde foi um dos principais assuntos da campanha, particularmente nas grandes metrópoles A Saúde foi escolhida como o primeiro tema de uma página semanal publicada no período pre-eleitoral pelo jornal O Estado de São Paulo. O jornal ofereceu espaço para que pesquisadores ligados ao Observatório das Metrópoles (INCT) contribuíssem


Saúde como acesso/consumo de serviços

Saúde como resultado de desenvolvimento

econômico e social

Duas concepções de Saúde


BRASIL Décadas de 70-80: Saúde = desenvolvimento com equidade Serviços de Saúde eram uma das muitas necessidades para se atingir bons níveis de Saúde em populações Última década: Saúde = SUS


A América Latina e o Brasil tem história no Estudo das Desigualdades Sociais em Saúde - Epidemiologia Social Décadas de 70 -80 AL: A.C. Laurell e J.Breilh Brasil: Ana Tambelini, Paulo Sabrosa, César Victora , Reinaldo Guimarães, José Carvalho de Noronha, Luis Jacinto, Maurício Barreto, Naomar Almeida Filho, Jairnílson Paim, e muitos outros... Década de 90, abandono do tema...

– construção do SUS? - profissionalização acadêmica? Retomada apenas na metade do Século XXI, agora a partir agenda global que inicia a discussão sobre Desigualdades Sociais no adoecimento ao redor do ano 2000 2005 – Criação da Comissão dos Determinantes Sociais em Saúde na OMS 2006 – Instalação da CDSS no Brasil


• Crescimento desordenado das cidades • Más condições de moradia, de trabalho e de vida para parcela significativa dos habitantes • Elevada mortalidade / redução da expectativa de vida • Desigualdade social

Períodos de urbanização acelerada, como os ocorridos na Europa na metade do século XIX e no Brasil nos últimos 60 anos associaram-se a

Doença e Pobreza Determinantes

Europa Século. XIX América Latina / Brasil hoje

Industrialização – Urbanização

Em 100 anos as populações de Paris e Londres aumentaram 5 vezes e a da Berlin 10 vezes!

Entre 1830-40 Villermé na França e Chadwick na Inglaterra mostraram que a mortalidade era maior nas grandes cidades. Villermé mostrou que ela era 50% maior nos distritos mais pobres

• Industrialização - Urbanização

• Entre 1950 e 2000 a população urbana brasileira passou de 19 para 146 milhões, ou seja, aumentou mais de 7 vezes em 50 anos!

• Em 2010, mais de 80% dos Brasileiros vivem em Cidades e aproximadamente 40% em áreas Metropolitanas

• Grande desigualdade social e na Saúde na população urbana

• Mais adoecimento e Expectativa de vida menor entre os mais pobres


• Crescimento desordenado das cidades • Más condições de moradia, de trabalho e de vida para parcela significativa dos habitantes • Elevada mortalidade / redução da expectativa de vida • Desigualdade social

Fonte: Cairns. Matters of life and death, 2004.

Inglaterra Seculo XIX


Fonte:

América Latina – Brasil século XX


Fonte: PNUD 2005

0 20 40 60 80

Paraguay

South Africa

Brazil

Guatemala

Swaziland

Central African Republic

Sierra Leone

Botswana

Lesotho

Namibia

10 países com maior desigualdade social medida pelo GINI

URBANIZAÇÃO E DESIGUALDADE Brasil -

DESIGUALDADES URBANAS

-0.1 -0.05 -2E-16 0.05 0.1

0-4

5 a 19

20 a 39

40 a 59

60 a 69

70+

-0.1 -0.05 0 0.05 0.1

0-4

5 a 19

20 a 39

40 a 59

60 a 69

70+

-0.1 -0.05 0 0.05 0.1

0-4

5 a 19

20 a 39

40 a 59

60 a 69

70+

Porto Alegre

ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER ESTRATOS SÓCIO-ECONÔMICOS

ESPERANÇA DE VIDA

Bassanesi, 2009

Esperança de vida segundo o estrato

* Análise de Variância: p<0,001; Post Hoc (LSD e Duncan): Todos estratos diferenciam-se entre si ** Kruskal Wallis p<0,0001

*** Análise de Variância: p<0,001; Post Hoc (LSD e Duncan): Estratos 3 e 4 não se diferenciam entre si.

ESPERANÇA DE VIDA AO

NASCER

ESPERANÇA DE VIDA

AOS 60 ANOS

ESTRATO Todos

*

Homens

*

Mulheres

*

Todos

**

Homens

**

Mulheres

***

1. ALTO 78,3 74,4 81,3 22,9 20,0 24,9

2. MÉDIO

ALTO 74,1 69,2 78,4 20,4 17,3 22,6

3. MEDIO

BAIXO 70,8 66,2 75,3 18,5 15,7 20,7

4. BAIXO 68,6 64,0 73,4 18,0 15,4 20,1

Todos 73,3 68,7 77,3 20,1 17,2 22,2

Bassanesi, 2009

Doença e Pobreza Soluções

Europa Século. XIX América Latina / Brasil hoje

• 1848 – Londres - discussão pública sobre a relação entre pobreza e doença e de ambas com o desenvolvimento econômico e a segurança da Inglaterra

• Virchow: Medicina Social

“ A Medicina é uma ciência social e a política é medicina em grande escala”

• REFORMA URBANA

Para nós, o modelo Bio-Médico chegou antes da Reforma Urbana!

Saúde preponderantemente tratada como questão individual

SUS - cobertura Universal, equidade na assistência: enxugar gelo?

Abandono da perspectiva dos Determinantes Sociais da Saúde

Desafio : REFORMA URBANA

BOM MOMENTO!


NO CONTEXTO BRASILEIRO E LATINO-AMERICANO: DESAFIO METROPOLITANO


“URBAN HEALTH” – artigos internacionais recentes Yvonne Rydin, Ana Bleahu, Michael Davies, e cols. Shaping cities for health: complexity and the planning of urban environments in the 21st century. Lancet 2012 Jason Corburn, Alison K. Cohen. Why We Need Urban Health Equity Indicators: Integrating Science, Policy, and Community. PLOS Med 2012


“URBAN HEALTH” – artigos internacionais recentes Algumas mensagens

• Cidades são sistemas complexos, e a saúde urbana depende de muitas interações

• Em condições de complexidade, o planejamento linear ou cíclico é insuficiente • É preciso integrar ciência/inovação com participação democrática, e produzir indicadores que permitam que diferentes atores sociais analisem criticamente o que está sendo realizado e possam influir na tomada de decisão • Faltam indicadores de equidade em Saúde e eles são necessários pois indicadores universais - e.g. – mortalidade infantil do município – são menos úteis do que medidas contexto-específicas que apontem para necessidades locais.


• Saúde Urbana no Brasil - área em construção

• 2002 – criação do Observatório de Saúde Urbana de BH • 2005 - Fernando Augusto Proietti, Waleska Teixeira Caiaffa (UFMG), Forum Cad Saúde Pública - o que é Saúde Urbana? • 2005 – Observa Saúde – São Paulo • 2010 – Programa de Extensão e Pesquisa em Saúde Urbana, UFRGS • 2011 – Congresso Internacional de Saúde Urbana BH • 2011 - Documento indutor Saúde Urbana, FIOCRUZ • 2012 – Congresso da ABRASCO ...?


Desafios para a Academia Interdisciplinaridade Formação de recursos humanos com perspectiva ampliada sobre as dificuldades para a produção da Saúde e da qualidade de vida

Prof. Alzira Lewgoy, S.Social (coord); Prof. Maria Ines Azambuja (Med); Dr. João Kolling (ESF), Prof. Maurem Ramos (Nut), Enf. Margery B. (UBS), A.S. Milene Latuada (CRAS-PrefPoa), Prof. Roberta Reis (Fono) e alunos de diversos cursos.


Em dois anos, a experiência do grupo Saúde Urbana no projeto InterSossego de extensão comunitária, em uma área de moradia irregular de Porto Alegre, é a de • serviços públicos organizados pela oferta dos especialistas de cada setor – e não pela demanda sempre mais complexa (intersetorial) da comunidade • bancos de dados das secretarias de governo com informações repetidas mas parciais e sem consistência , por exemplo, números variando de 61 a 106 habitações / famílias / prontuários para a área em questão. Pouca articulação intersetorial. • clientelismo político e lideranças cooptadas que estimulam a delegação e desestimulam a participação dos moradores na busca de soluções para seus problemas

Isto se reproduz nos diferentes níveis de organização do Urbano?


Desafios para a Academia: Medidas de desigualdade NOS LOCAIS

Os dados de mortalidade e morbidade hospitalar devem ser georeferenciáveis no nível intra-urbano


Desafios para a Academia - Inovação

• nas áreas de saneamento, reciclagem, mobilidade urbana, trabalho, e demais desafios das nossas metrópoles • e em desenvolvimento de tecnologias “soft” na área de relações humanas, trabalho intersetorial e comunicação social e comunitária.


Desafios para a Academia – articulação política

•interagir com outros segmentos tomadores de decisão - a história da ABRASCO no processo de construção do SUS nos lembra que a produção de conhecimento não é tudo...


Muito Obrigada!

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