Saúde - 5 de janeiro de 2014

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Sa úde Caderno F e bem- estar MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1017 Pancadas de ‘amor’ também doem Saúde e bem-estar F5 O caminho da maturidade Psicólogos britânicos especializados no tratamento de jovens estão sendo orientados a considerar que hoje a adolescência vai até os 25 anos. Mas será que dá para determinar o momento exato da maturidade psicológica? C asa, trabalho, estu- dos, família, ami- gos. Muita gente “rala” para conse- guir equilibrar todos esses aspectos da vida, sem que nenhum momento seja pre- judicado. Há quem diga que isso significa sair da adoles- cência e chegar à fase adul- ta. Mas quando é que termi- na mesmo a adolescência? Uma escola de psicólogos afirma que essa fase ul- trapassa os 18 anos, pois consideram arbitrários os efeitos desse “marco”. Ou- tros profissionais afirmam que essa nova orientação pode ser mais prejudicial. Psicólogos britânicos es- pecializados no tratamen- to de jovens estão sendo orientados a considerar que hoje a adolescência vai até os 25 anos. Para esses pro- fissionais, os 18 anos são insuficientes para conside- rar que o adolescente já tenha se tornado um adul- to e, portanto, precise lidar imediatamente com todos os problemas que os adultos devam lidar e com o mesmo grau de maturidade. O psicólogo André Borghi explica a teoria. “Estão pau- tados nos argumentos de que o desenvolvimento cognitivo do cérebro não se conclui aos 18 anos, assim como o de- senvolvimento hormonal. Se os dois processos continuam ocorrendo, o tempo de de- senvolvimento socialmente aceito de um ser humano deveria também ser aumen- tado, segundo eles”, diz. No desenvolvimento cog- nitivo de uma pessoa aos 18 anos, espera-se que o adolescente já tenha uma sé- rie de recursos que crianças e adolescentes mais novos não tenham, como desta- ca Borghi. “A capacidade de pensamento abstrato já deve estar devidamente instalada. Isso permite que nessa ida- de o adolescente já tenha, em média desde os 15 anos de idade, flertado com algu- mas coisas do mundo adulto, como engajamento político, ideológico, soluções de pro- blemas complexos, mesmo que a soluções ainda possam parecer simplistas e utópi- cas”, aponta o profissional. O psicólogo diz, ainda, que é importante ao adolescen- te, de uma forma controlada, rebelar-se a algumas impo- sições, testar ideologias. “A fase dos sentimentos exage- radamente agudos, do amar demais ao odiar demais, deve estar mais atenuada, os humores e sentimentos mais equilibrados. Aos 18 anos o adolescente deve es- tar passando gradualmente para a fase adulta, isso é im- portante. Ele não será adulto na passagem de hora de um relógio, é um processo gradual que não deve es- perar 25 anos para ocorrer, nem ser imposto aos 15. É preciso entender que isso leva tempo e é um processo, e precisa dos pais/tutores presentes”, acrescenta. Existem diferentes escolas de pensamento dentro da psi- cologia, e é um entendimento similar entre todas de que definir uma idade em que o ser humano esteja pronto é inviável, senão utópico. “Não dá para considerar ao pé da letra que um adolescente de 17 anos na véspera de seu aniversário seja imaturo, ou incapaz de lidar com seus problemas, e na meia noite seguinte magicamente tor- ne-se capaz. A idade é uma necessidade das estatísticas, das ciências jurídicas, das leis, de uma série de outros contextos que precisam de- finir aspectos igualitários”, observa Borghi. Em termos psicológicos, destaca o profissional, cada adolescente irá ter um processo de desenvolvimen- to único, onde a idade exata é importante sim, mas não dirá com exatidão em que fase de desenvolvimento es- tará. “Dessa forma, alguns irão agir como adultos desde cedo, outros demorarão mais. As variáveis que influenciam o processo são muitas, da ma- turação biológica do corpo, a questões culturais, sociais e individuais. No entanto, para que haja pesquisas, sejam de- finidos procedimentos, é pre- ciso considerar uma média de idade. Por isso convencionou- se utilizar a média de idade cronológica jurídica, 18 anos, para considerar um indivíduo adulto, mesmo que não sig- nifique necessariamente que esteja pronto”. Jovens infantilizados Partir para a vida adulta, para alguns, significa sair debaixo das asas dos pais e seguir o seu próprio caminho. No entanto, a realidade não é bem essa, principalmente em países como o Brasil, onde os jovens demoram um pouco mais para sair de casa. MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO LIBERDADE Crescer significa sair debaixo da tutela dos pais, assumir responsa- bilidades e seguir seu próprio caminho. Há quem faça isso muito cedo, enquanto outros demoram um tempo maior para criar ‘asas’ “Cada situação é um caso. Há situações em que o cenário econômico não permitirá ao jovem sair de casa. Não adianta olhar- mos, por exemplo, para a sociedade norte-america- na que tende a incentivar os filhos a saírem cedo de casa, se nossa sociedade não oferece as mesmas condições sociais e eco- nômicas. Seria copiar um modelo sem ter o mesmo aporte”, pontua Borghi. “Como pedir que um jo- vem morador da periferia brasileira, cuja família tem pouca capacidade finan- ceira, deixe a casa de uma mãe solteira que cuida de um filho mais novo e vá morar sozinho? A tendên- cia é que ele permaneça em casa, some à receita da família e ajude a mãe a cuidar do filho, e não existe nenhuma inteligên- cia em afirmar que ele está errado. Deve-se considerar sempre o contexto onde as situações ocorrem. Por outro lado, sim, existe um movimento na sociedade brasileira em que pais mantém por mais tempos seus filhos nas chamadas famílias aglutinadas. A educação superprotetora já um elemento conhecido e bastante típico em nossa atualidade e tem suas con- sequências”, completa. E, por conta disso, po- deríamos estar criando uma nação de jovens que relutam em deixar a ado- lescência para trás? O psicólogo André Borghi afirma que não é bem por aí. “Acredito que a adoles- cência e a maturidade não tem a ver apenas com o tempo que se vive em casa, mas também se relaciona muito com a capacidade de assumir responsabi- lidades do adolescente. Mesmo que permaneça mais tempo em casa, ele precisa iniciar e ativamen- te vivenciar a experiência de responsabilizar-se por aquilo que faz”, ressalta. Os pais devem, primeiro e mais importante, estar presentes de forma ativa durante a passagem de seu filho ou filha pela fase da adolescência. “É uma fase difícil, cheia de particulari- dades, em que a orientação é essencial para a forma- ção de um indivíduo adulto íntegro. Não se deve deixar seduzir pelos extremismos. Adolescentes não são in- gênuos que não entendem o que fazem, e também não são ‘aborrecentes’ sem nada na cabeça”, lembra Borghi. “Aos pais cobra-se equi- líbrio, o tipo do equilíbrio que é pré-requisito das pessoas que desejam criar e educar um ser humano. A adolescência é uma fase definida recentemente, pouco tempo atrás. Desenvolvimento e equilíbrio AD0LESCÊNCIA É uma fase difícil e de muita indecisão, quando o jovem já não é mais criança, mas também ainda não é adulto e acaba sendo cobrado pelos dois lados conforme as circunstâncias

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Saúde - Caderno de saúde e bem estar do jornal Amazonas EM TEMPO

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e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1017

Pancadas de ‘amor’ também doem

Saúde e bem-estar F5

O caminho da maturidadePsicólogos britânicos especializados no tratamento de jovens estão sendo orientados a considerar que hoje a adolescência vai até os 25 anos. Mas será que dá para determinar o momento exato da maturidade psicológica?

Casa, trabalho, estu-dos, família, ami-gos. Muita gente “rala” para conse-

guir equilibrar todos esses aspectos da vida, sem que nenhum momento seja pre-judicado. Há quem diga que isso signifi ca sair da adoles-cência e chegar à fase adul-ta. Mas quando é que termi-na mesmo a adolescência? Uma escola de psicólogos afi rma que essa fase ul-trapassa os 18 anos, pois consideram arbitrários os efeitos desse “marco”. Ou-tros profi ssionais afi rmam que essa nova orientação pode ser mais prejudicial.

Psicólogos britânicos es-pecializados no tratamen-to de jovens estão sendo orientados a considerar que hoje a adolescência vai até os 25 anos. Para esses pro-fi ssionais, os 18 anos são insufi cientes para conside-rar que o adolescente já tenha se tornado um adul-to e, portanto, precise lidar imediatamente com todos os problemas que os adultos devam lidar e com o mesmo grau de maturidade.

O psicólogo André Borghi explica a teoria. “Estão pau-tados nos argumentos de que o desenvolvimento cognitivo do cérebro não se conclui aos 18 anos, assim como o de-senvolvimento hormonal. Se os dois processos continuam ocorrendo, o tempo de de-senvolvimento socialmente aceito de um ser humano deveria também ser aumen-tado, segundo eles”, diz.

No desenvolvimento cog-nitivo de uma pessoa aos 18 anos, espera-se que o adolescente já tenha uma sé-rie de recursos que crianças e adolescentes mais novos não tenham, como desta-ca Borghi. “A capacidade de pensamento abstrato já deve estar devidamente instalada. Isso permite que nessa ida-de o adolescente já tenha, em média desde os 15 anos de idade, fl ertado com algu-mas coisas do mundo adulto, como engajamento político,

ideológico, soluções de pro-blemas complexos, mesmo que a soluções ainda possam parecer simplistas e utópi-cas”, aponta o profi ssional.

O psicólogo diz, ainda, que é importante ao adolescen-te, de uma forma controlada, rebelar-se a algumas impo-sições, testar ideologias. “A fase dos sentimentos exage-radamente agudos, do amar demais ao odiar demais, deve estar mais atenuada, os humores e sentimentos mais equilibrados. Aos 18 anos o adolescente deve es-tar passando gradualmente para a fase adulta, isso é im-portante. Ele não será adulto na passagem de hora de um relógio, é um processo

gradual que não deve es-perar 25 anos para ocorrer, nem ser imposto aos 15. É preciso entender que isso leva tempo e é um processo, e precisa dos pais/tutores presentes”, acrescenta.

Existem diferentes escolas de pensamento dentro da psi-cologia, e é um entendimento similar entre todas de que defi nir uma idade em que o ser humano esteja pronto é inviável, senão utópico. “Não dá para considerar ao pé da letra que um adolescente de 17 anos na véspera de seu aniversário seja imaturo, ou incapaz de lidar com seus problemas, e na meia noite seguinte magicamente tor-ne-se capaz. A idade é uma necessidade das estatísticas, das ciências jurídicas, das leis, de uma série de outros contextos que precisam de-fi nir aspectos igualitários”, observa Borghi.

Em termos psicológicos, destaca o profi ssional,

cada adolescente irá ter um processo de desenvolvimen-to único, onde a idade exata é importante sim, mas não dirá com exatidão em que fase de desenvolvimento es-tará. “Dessa forma, alguns irão agir como adultos desde cedo, outros demorarão mais. As variáveis que infl uenciam o processo são muitas, da ma-turação biológica do corpo, a questões culturais, sociais e individuais. No entanto, para que haja pesquisas, sejam de-fi nidos procedimentos, é pre-ciso considerar uma média de idade. Por isso convencionou-se utilizar a média de idade cronológica jurídica, 18 anos, para considerar um indivíduo adulto, mesmo que não sig-nifi que necessariamente que esteja pronto”.

Jovens infantilizadosPartir para a vida adulta,

para alguns, signifi ca sair debaixo das asas dos pais e seguir o seu próprio caminho. No entanto, a realidade não é bem essa, principalmente em países como o Brasil, onde os jovens demoram um pouco mais para sair de casa.

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

LIBERDADECrescer signifi ca sair debaixo da tutela dos pais, assumir responsa-bilidades e seguir seu próprio caminho. Há quem faça isso muito cedo, enquanto outros demoram um tempo maior para criar ‘asas’

“Cada situação é um caso. Há situações em que o cenário econômico não permitirá ao jovem sair de casa. Não adianta olhar-mos, por exemplo, para a sociedade norte-america-na que tende a incentivar os fi lhos a saírem cedo de casa, se nossa sociedade não oferece as mesmas condições sociais e eco-nômicas. Seria copiar um modelo sem ter o mesmo aporte”, pontua Borghi.

“Como pedir que um jo-vem morador da periferia brasileira, cuja família tem pouca capacidade fi nan-ceira, deixe a casa de uma mãe solteira que cuida de um fi lho mais novo e vá morar sozinho? A tendên-cia é que ele permaneça em casa, some à receita da família e ajude a mãe a cuidar do fi lho, e não existe nenhuma inteligên-cia em afi rmar que ele está errado. Deve-se considerar sempre o contexto onde as situações ocorrem. Por outro lado, sim, existe um movimento na sociedade brasileira em que pais

mantém por mais tempos seus fi lhos nas chamadas famílias aglutinadas. A educação superprotetora já um elemento conhecido e bastante típico em nossa atualidade e tem suas con-sequências”, completa.

E, por conta disso, po-

deríamos estar criando uma nação de jovens que relutam em deixar a ado-lescência para trás? O psicólogo André Borghi afi rma que não é bem por aí. “Acredito que a adoles-cência e a maturidade não tem a ver apenas com o tempo que se vive em casa, mas também se relaciona

muito com a capacidade de assumir responsabi-lidades do adolescente. Mesmo que permaneça mais tempo em casa, ele precisa iniciar e ativamen-te vivenciar a experiência de responsabilizar-se por aquilo que faz”, ressalta.

Os pais devem, primeiro e mais importante, estar presentes de forma ativa durante a passagem de seu fi lho ou fi lha pela fase da adolescência. “É uma fase difícil, cheia de particulari-dades, em que a orientação é essencial para a forma-ção de um indivíduo adulto íntegro. Não se deve deixar seduzir pelos extremismos. Adolescentes não são in-gênuos que não entendem o que fazem, e também não são ‘aborrecentes’ sem nada na cabeça”, lembra Borghi.

“Aos pais cobra-se equi-líbrio, o tipo do equilíbrio que é pré-requisito das pessoas que desejam criar e educar um ser humano. A adolescência é uma fase defi nida recentemente, pouco tempo atrás.

Desenvolvimento e equilíbrio

AD0LESCÊNCIAÉ uma fase difícil e de muita indecisão, quando o jovem já não é mais criança, mas também ainda não é adulto e acaba sendo cobrado pelos dois lados conforme as circunstâncias

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MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014F2 Saúde e bem-estar

EditoraVera [email protected]

RepórterMellanie Hasimoto

Expediente

www.emtempo.com.br

DICAS DE SAÚDE

Unhas, como os fi os de cabelo, são o prolongamento da pele. São formadas por camada de prote-ína, com traços de outras subs-tâncias. Ao contrário da crença popular, há pouco cálcio nelas. Elas são mais duras do que a pele devido ao seu grande conteúdo de enxofre e falta de água. A unha normal é translúcida e tem entre 0,05 e 1 milímetro de espessura. Por isso, espessamento e desco-loração são geralmente sinais de unha doente. E unha doente dói ou incomoda esteticamen-te. De longe, o problema mais frequente que leva um paciente procurar um dermatologista é a chamada onicomicose ou mico-se das unhas.

Ela se apresenta de várias formas: descolamento da borda livre da unha, espessamento, manchas brancas na superfície ou deformação da unha. Quando a micose atinge a pele ao redor da unha, causa o popular unhei-ro. O contorno fi ca infl amado, dolorido, inchado e avermelhado e, consequentemente, altera a formação da unha, que cresce ondulada. São dois os fungos causadores da micose de unhas: os dermatócitos e a cândida.

Dois são os principais fato-res que deixam as unhas mais vulneráveis à micose. 1- me-xer com água ou produtos de

limpeza. Mãos frequentemente úmidas são propicias, sobretudo à contaminação pela cândida. Daí a recomendação básica: usar luvas quando for lavar ou manipular produtos de limpeza. 2- na manicure, ter o hábito de tirar cutículas, uma prática, aliás, tipicamente brasileira, já que as mulheres estrangeiras não mexem na cutícula quando fazem as unhas. As cutículas protegem as unhas, não devem ser retiradas como hábito esté-tico. Além disso, o próprio alica-te usado nessa operação pode transmitir fungos e bactérias de uma cliente para outra.

No verão os pés, sobretudo, os femininos, clamam pela li-berdade de uma sandália ou de um sapato aberto, evitando empecilhos bastante desagra-dáveis, entre as muitas doenças que acometem as unhas com problemas de natureza estética, dolorosa e até funcional, com forte prejuízo da autoestima.

Unhas encravadas, não há nada mais chato. Um tormento para os pés. Sapatos apertados, cortes de unhas errados, facilitando que as pontinhas encravem na carne, não fi car cutucando as unhas, tirando pelinhas.

Depois do quadro inicial, com inchaço e formação de pus, a unha encravada pode seguir um curso

ainda mais desagradável, com a deformação permanente, pois a unha muda seu leito e começa a engrossar. Nesse momento, só um especialista.

Além do antifúngico oral, o tratamento das micoses tem uma fase inicial com o uso de esmaltes antimicóticos.

Algumas medidas que podem impedir ou difi cultar a instalação da onicomicose. 1- Quando lavar os pés seque muito bem entre os dedos. Os fungos adoram umidade se preciso, use secador de cabelos. 2- Recomenda-se também o uso regular de pó antimicóticos. 3- No dia a dia, calçados baixos e confortáveis, com bico redondo, e só usar sa-patos de salto altos de bico fi no em ocasiões inevitáveis.

Outro grande problema é roer as unhas, a onicofagia, o estra-nho, mas frequente hábito de comer as unhas. Deixar de roer as unhas é uma decisão pare-cida com quem decide largar o cigarro, exigem intervenções medicamentosas (no caso, um produto amargo e de forte odor, aplicado às unhas) e muita von-tade de parar.

Pedólogos e manicures podem ajudar a prevenir o surgimento de unhas encravadas. Mas, se o pro-cesso já esta instalado, é preciso ir ao profi ssional médico.

A gelatina é composta praticamente de aminoácidos (proteínas), que ajudam na síntese e na renovação do colágeno. Dos indispensáveis para o organismo, dez precisam ser adquiridos através da alimentação porque o nosso metabolismo não consegue sintetizá-los. Para ter uma ideia da importância da gelatina, ela possui nove tipos deles, faltando apenas o triptofano (precursor da serotonina), o neurotransmissor que nos deixa feliz.

Se consumida regularmente, ela auxilia na redução dos níveis de colesterol no sangue, triglicérides e controla a glicemia. Por ser rica em proteína, ela fortalece os ossos e previne o organismo de doenças como a osteoporose. Ela promove também uma maior resistência física aos desportistas. E mais: colabora para a manutenção da juventude, deixando cabelo, unhas e pele mais bonitos.

Gelatina é excelente para reduzir a osteoporose

Existe hoje um grande número de pessoas sob o risco de complicações metabólicas que são verdadeiras bombas relógio. O diabetes do tipo 2 é considerado uma epidemia mundial, e por esse motivo precisamos evitar o crescimento da doença. Para ser saudável, a perda de peso deve ser gradual, evitando assim o famoso efeito rebote (ou sanfona) - consequência drástica para as dietas radicais, visto que elas são impossíveis de serem seguidas de maneira defi nitiva, além de aumentarem o risco de quadros de desnutrição, queda de cabelo e outros desagradáveis sintomas. A efi cácia, em longo prazo, da mudança de hábitos e estilo de vida tem se mostrado efetiva na prevenção de enfermidades, como o diabetes tipo 2. No entanto, quando o ganho de peso e o desenvolvimento do diabetes tipo 2 já aconteceram, existe a necessidade de intervenções mais intensas.

Equilíbrio e bom senso contra diabetes

DiagramaçãoKleuton Silva

RevisãoGracycleide Drumond

O pensamento genético

A conclusão que gerou as leis de Mendel, fi xou a existência concreta do componente ge-nótipo (caracte-res da herança genética) e do fenótipo (a apa-rência externa do indivíduo)”

João Bosco [email protected]

João Bosco Botelho

João Bosco Botelho

Doutor Honoris Causa na França

Unhas doentes

Humberto Figliuolo

Farmacêutico

Humberto Figliuolohfi [email protected]

Quando o abade agostinia-no Gregor Mendel (1822-1883) apresentou, no dia 8 de fevereiro de 1865, perante a União dos Naturalistas de Brunn, na Ale-manha, o resultado das suas pesquisas do cruzamento de ervilhas, os presentes não en-tenderam nada. Parece certo que o próprio Mendel também não avaliara que estava mu-dando o pensamento científi co: introduzindo o terceiro corte no conhecimento da medicina – o pensamento molecular.

O abade Gregor Mendel, doutor em teologia, estudou matemá-tica, física e ciências naturais em Viena. Sofreu a infl uência do darwinismo em plena ascensão na Europa e das teorias mecani-cistas dos séculos precedentes. Durante 15 anos, pacientemente, no intervalo das suas obrigações litúrgicas, efetuou cruzamentos entre espécies diferentes de er-vilhas e anotou os resultados. Só no primeiro ano o cientista selecionou 5.527 sementes de ervilhas. A conclusão que gerou as leis de Mendel, fi xou a exis-tência concreta do componente genótipo (caracteres da herança

genética) e do fenótipo (a apa-rência externa do indivíduo).

A consequência dos estudos de Mendel ainda esperaria algum tempo para que a busca da ma-terialidade da doença passasse a ser procurada na dimensão mo-lecular, muitíssimo menor do que a da célula (existem milhões de moléculas no interior da célula). As pesquisas para encontrar as causas das doenças pularam da microestrutura (a célula) para dentro da célula (ultramicrosco-pia): estava aberta o formidável universo para outras explicações da saúde e da doença.

Esse ponto delimitou a nova esperança de melhor entender o paradoxo fundamental da me-dicina: em qual dimensão da matéria o normal se transforma em doença?

Para melhor entender a impor-tância da genética mendeliana é necessário reconstruir algumas características do pensamento da segunda metade do século 19. Em 1859, Charles Darwin (1809-1882) publicou “A origem das Espécies”, resultado de vinte anos de observações nas cinco viagens, a bordo do navio Beagle,

quando recolheu o material que utilizou de suporte para a sua teoria. Imediatamente o livro se tornou um sucesso de venda e foi traduzido, nos meses seguintes, em várias línguas.

As propostas teóricas de Men-del e Darwin foram incorporadas à Medicina e proporcionaram que o século 20 persistisse na busca da saúde e da doença em dimensões cada vez menores da matéria viva: na molécula.

Sem dúvida que o terceiro corte epistemológico da me-dicina, pensamento molecu-lar iniciado com os estudos de Mendel, marcou a prática médica dominante no século 20, gerando o aparecimento da genética, do genoma, insemina-ção artificial, tratamento por meio de células tronco e muitas outras mudanças.

Parece claro supor que a me-lhor compreensão do átomo, nos próximos anos, impulsionará a medicina do futuro na direção do pensamento atômico, quando as buscas pela materialidade da saúde e da doença serão dominadas pelas mudanças na estrutura do átomo.

E unha doente dói ou incomo-da estetica-mente. De lon-ge, o problema mais frequente que leva um paciente procurar um dermatologista é a chamada onicomicose”

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MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 F3Saúde e bem-estar

Coisa de Mulher

Aline revela o ‘Manual da Amante’Se ninguém ainda inventou

deveriam lançar o “Manual da Amante”, o livro completo com todas as dicas, macetes e manhas para você acabar com o casamento alheio e se dar bem. Pois é, fi ca aí a sugestão porque eu já percebi que todas elas procedem da mesma forma e cumprindo todas as etapas da sedução. E olha que eu sou PhD no assunto e manjo tudo que se refi ra ao tema. Não que eu tenha sido algum dia amante de alguém, acho que me faltou competência para tal, preferi a comodidade de ser esposa e só muito mais tarde descobri que não era tão vantajoso assim, principalmente em uma sociedade machista como a nossa, onde o homem pode aprontar todas e ainda contar

com a cumplicidade dos seus pares e aprovação geral da galera, que aplaude e ainda diz que o cara é garanhão, um eufemismo para galinha.

O fato é que não sei se me daria muito bem no papel de amante porque me falta, como já frisei antes, não sei se vocês repararam, habilidades tanto para colocar um par de chifres em alguém como para seduzir uma pessoa que já está com-prometida com outra. E nessa questão, que me desculpem as amantes que vão usar aque-la velha desculpa “se ele ta comigo é porque não estava feliz com ela”. Acho que não é bem assim, homem é bicho complicado de se entender – e de se explicar – quando o assunto é mulher. E, quan-do o assunto é mulher, para

uma boa parcela deles, quanto mais melhor. O fato é que a maioria – vejam bem, eu não generalizei, eu disse a maioria – não se preocupa tanto com a qualidade e gosta de conta-bilizar as façanhas porque isso contribui para aumentar o seu charme perante os colegas. Tipo aquele que sai com os amigos e aponta: “aquela ali, eu como”, “aquela outra, pas-sei nos peitos”, “aquela lá, era louca por mim”. Ai, cruz credo, desse tipo quero distância.

Mas estávamos aqui para falar mal das amantes e eu acabei me empolgando e co-mecei a destratar esses dis-tintos senhores que, no fi nal da contabilidade mal feita, são os genuínos culpados pelo delito. Cadeia neles! Digo isso de alma lavada porque se não

fosse “semvergonhice” desla-vada deles, elas não teriam tanta guarida.

Vejam bem o caso notório de César e sua concubina – adoro esse termo – que o convenceu que está apaixon$díssima por ele (por favor, preservem o cifrão). Claro que ele acredita, quem não acreditaria? O cara, apesar de rico e ainda relativa-mente charmoso (já foi muito mais) precisava de alguém para massagear o seu ego e provar que ele ainda é boni-to, gostoso, viril e altamente desejado. Quem não quer uma coisa dessas depois de passar dos 60? Quem, quem? Me diga você. Ora, o cara estava tirando o barro das chuteiras para fazer uns joguinhos de domingo e aparece uma gati-nha gostosa, manhosa e falsa

que nem nota de 600 reais, pulando no pescoço dele como se fosse uma vampira seca por sangue fresco depois de um inverno rigoroso, ele pirou.

O ego subiu – antes de qual-quer outra coisa, diga-se de passagem -, e ele ganhou fôle-go renovado para ultrapassar a barreira dos 100. O que uma mulher manhosa não é capaz de fazer? Ora, quem duvida das artimanhas do diabo que trate de rezar, porque que ele existe, e Aline é uma amostra grátis disso.

A minha alegria é que ela vai tirar até as cuecas dele (que devem ser de grife), enquan-to ele baba no travesseiro e propaga aos sete ventos que ela é a mulher da vida dele. Ah, coitado! Porque ela, vocês devem ter reparado, só não é

o cão chupando manga porque essa fruta enche os dentes de pelo, mas sabe conduzir o bobão direitinho para tirar tudo o que ela acha que tem direito. E vai tirar!

Ah, Aline, essa cartilha é tão batida, com fórmulas tão man-jadas, que só dão resultado porque os homens precisam constantemente de alguém que lhes massageie o ego. O comportamento dissimulado de quem inicia um romance extra-conjugal jurando de pés juntos que nunca vai exigir nada e depois quer arrancar até o couro do cara é tão fre-quente que fi co passada com o sucesso de tais aventureiras. Enfi m, cada um que carregue a sua cruz. Afi nal, comprou, pa-gou, que carregue nas costas, enquanto puder.

[email protected]

Vera LimaEditora do Saúde

Rejuvenesça a fl acidez do rosto com radiofrequênciaAlém da fl acidez no rosto, o método atua de forma efi ciente na região do pescoço e corpo, além de amenizar as rugas e levantar a região das sobrancelhas

O tempo vai passando e a pele vai fi cando cada vez mais fl á-cida. Para muitos é

um grande desconforto, pois o rosto é o cartão de visita. Infelizmente o sintoma mais predominante do envelheci-mento é a fl acidez do rosto, considerado uma parte muito sensível e frágil. As marcas do envelhecimento também geram grande desconfor-to e queda na autoestima. Mas para felicidade geral, um método muito utilizado pelas

mulheres vem ganhando cada vez mais espaço no merca-do, justamente pela efi cácia e sucesso no combate a fl a-cidez do rosto. O tão desejado tratamento consiste em um método estético intitulado de radiofrequência, que tem por fi nalidade produzir ondas eletromagnéticas, atuando de duas maneiras na estimulação do colágeno:

•Elevando a produção da fi bra do colágeno, ocasionado em um resultado imediato da fl acidez da pele;

•Construindo de novas fi-bras de colágeno, aumentan-do o efeito do tratamento da flacidez.

O procedimento é um im-pulsionador na formação de colágeno e elastina da pele e aumentando o endureci-mento da cútis. “Esse novo tratamento restabelece o contorno facial e diminui a gordura da região, conheci-do de forma popular como papada”, ressalta Dra. Silvia Takakuwa, médica pós-gra-duada em dermatologia, da

clínica Medical Laser.Classifi cado como um dos

métodos menos invasivos no mercado estético, o tratamen-to com radiofrequência não acarreta em cortes e nem faz utilização de agulhas e anes-tesias. Dessa forma, o poder de atuação está diretamente associado ao controle de nível de intensidade e profundidade do tratamento, atuando de forma efi ciente no combate a fl acidez do rosto.

“O método com radiofre-quência possui particularida-

des possi-bilitando a aplicação em diferenciadas tona l idades de pele, inclusi-ve peles bronzeadas e pode ser realizado em qual-quer época do ano”, explica a especialista.

O tratamento também é ide-al para área das pálpebras, sendo seguro e efi ciente. Além de não causar dores e nem hematomas na face, oferece comodidade ao paciente.

F3Saúde e bem-estar

doradiofrequência

Além da fl acidez no rosto, o método atua de forma efi ciente na região do pescoço e

Classifi cado como um dos métodos menos invasivos no mercado estético, o tratamen-to com radiofrequência não acarreta em cortes e nem faz utilização de agulhas e anes-tesias. Dessa forma, o poder de atuação está diretamente associado ao controle de nível de intensidade e profundidade do tratamento, atuando de forma efi ciente no combate

“O método com radiofre-quência possui particularida-

des possi-bilitando a aplicação em diferenciadas tona l idades de pele, inclusi-ve peles bronzeadas e pode ser realizado em qual-quer época do ano”, explica a especialista.

O tratamento também é ide-al para área das pálpebras, sendo seguro e efi ciente. Além de não causar dores e nem hematomas na face, oferece comodidade ao paciente.

De acordo com a dermato-logista, a fl acidez é impedida através da radiofrequência, pois há um aumento na tem-peratura do tecido, contrain-do as fi bras colágenas. “O método de tratamento com radiofrequência é um dos mais recomendados para o combate da fl acidez, sendo considerado um grande pro-gresso por comportar cor-reções de envelhecimento sobre a face. Seu uso consis-te em variadas condições. Além da fl acidez no rosto,

atua de forma efi ciente na região do pescoço

e corpo, também ameniza rugas e levanta as so-

brancelhas”, explica.O resultado já aparece

no fi m da primeira sessão, onde é possível enxergar a contração dos tecidos. Conforme for acontecendo as sessões os resultados tendem a prolongarem.

Restrições Ainda que não ocasione

efeitos colaterais na maior parte das pessoas, o trata-mento ainda é contra-indi-ciado para gestantes, porta-doras de acnes em excesso e pessoas que utilizam marca passo e implante eletrônico, em consequência pela ener-gia da radiofrequência que é transmitida pelo aparelho.

Resultados efi cientes•É necessário que o paciente realize uma avalia-ção para identifi car o grau de fl acidez;

•Os resultados aparecem de forma gradativa, entre dois a seis meses;

•O tratamento não oferece dores e não é in-vasivo, fazendo com que a rotina do paciente não seja alterada;

•Pode ser realizado em qualquer época e in-dependente do fototipo do paciente;

•A sessão da radiofrequência demora em média 30 minutos para ser realizada, necessitando dez sessões a cada 15 dias.

•Recomendação de quatro a seis sessões, com espaços de duas a três semanas durante o tratamento facial.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O tratamento:

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F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 F5

Entre tapas e beijos Em nome do amor muitas vezes elas suportam todo tipo de abuso e violência, mas, para algumas, chega o dia em que não dá mais para fi car de braços cruzados. Para evitar que a violência cresca está aí a Lei Maria da Penha

A violência contra a mu-lher continua sendo um problema para a socie-dade. De acordo com

as estatísticas da Delegacia Especializada em Crimes Con-tra a Mulher (DECCM), apenas em outubro deste ano foram registrados 1.231 boletins de ocorrência. Os números au-mentam mensalmente, prin-cipalmente pela vontade e de-cisão de muitas mulheres de saírem da situação abusiva.

Injúria, ameaça e contraven-ções penais estão entre os três primeiros crimes com o maior número de registros, com 409, 378 e 238 registros apenas no mês de outubro. De acordo com a delegada adjunta da DECCM, Andrea Pereira, o número de denúncias se mantém. “Temos uma regularidade no número de denúncias, por isso não di-ria que os crimes estão dimi-nuindo – muito pelo contrário. Hoje temos uma demanda muito maior de mulheres que procuram a delegacia para registrar boletim de ocorrên-cia”, esclarece.

Uma dessas mulheres é dona de casa A. S., 30. De-pois de sofrer agressões por três vezes, ela decidiu dar um basta. “Primeiro era só xingamento, por causa dos ciúmes. Depois foram empur-rões e ameaças, até que ele tirou sangue de mim. Em uma briga, ele me deu um tapa e depois um soco, tão forte que desmaiei”, lembra, com lágrimas nos olhos.

A.S. conta que resolveu denunciar porque temeu por sua vida. “A gente tenta dei-xar passar, porque ama. Mas chega uma hora que não dá mais. Fiquei com medo de denunciar, por não saber o que ele poderia fazer comigo, mas criei coragem porque não dá

para viver assim”, diz.

BastaE são muitas mulheres na

mesma situação que a da em-pregada doméstica. A delega-da adjunta informa que, em média, são feitas entre 700 e 800 denúncias mensalmente. O procedimento, explica Andrea Pereira, começa a partir da ava-liação do estado psicológico em que a vítima se encontra. “Se ela está ‘bem’, a vítima é encami-nhada para um dos guichês para o registro do B.O. Dependendo do crime e da gravidade da situação, há duas possibilida-des: marcamos uma audiência ou já é instaurado o inquérito e solicitadas as medidas pro-tetivas de urgências, que vão determinar o afastamento do autor do crime”, destaca.

Quando a mulher está aba-lada, o primeiro passo é uma visita ao serviço social da delegacia. “As encaminhamos para o Serviço de Atendimento Emergencial a Mulher, anexo ao prédio da delegacia, onde serão ouvidas por psicólogos, assistentes sociais. Depois de ouvida e acalmada, conse-guimos vislumbrar a situação social da mulher. Em segui-da, ela é encaminhada para o procedimento necessário”, explica a delegada.

MotivosSegundo informações da

DECCM, a realidade é que mulheres das classes mais pobres é quem registram mais ocorrências. Mas tam-bém há as que voltam para a situação de violência. “Muita gente se questiona sobre o motivo pelo qual algumas vol-tam para os companheiros. A maioria das que registram os crimes são de classes mais baixas, que não trabalham. E, quando trabalham, precisam da renda do marido para com-por a renda familiar”, diz.

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

Todos os casos são en-carados como prioridade, como destaca a delegada. “E, infelizmente não temos como dizer quem vai come-ter o crime, apenas olhando para a pessoa. Por isso precisamos dar uma aten-ção especial para todas as situações”, completa.

Outro cenário encontrado pelos agentes da delegacia é a de que muitas acredi-tam que vão encontrar uma situação diferente em casa. “Após a denúncia, muitas acreditam que irão encon-trar uma situação melhor, mas acabam em situação ainda mais violenta, mais agredidas, mais machua-das. Em algumas delas, pre-cisamos nos deslocar até o hospital para ver o que houve, porque aconteceu realmente uma tentativa de homicídio”, informa.

Entretanto, muitos dos casos não são denuncia-dos, conta a delegada ad-junta, porque a vítima não quer prejudicar o agressor. Isso porque, quando a mu-lher denuncia, instaura-se o procedimento – o registro do boletim de ocorrência e, de acordo com a situação em que ela se encontra, são tomadas as medidas necessárias. “Muitas têm medo de denunciar os ma-ridos, mesmo prejudicadas, mesmo em situação vio-lenta. Por isso que a me-dida protetiva é vinculada ao inquérito policial, que gera um processo criminal contra o homem. Então, às vezes, mesmo nessa si-tuação de violência, elas não querem prejudicar os

companheiros”, diz.Apesar desse panorama,

a violência doméstica é en-contrada em qualquer situ-ação. Andrea Pereira infor-ma, ainda, que não há um perfi l específi co do agres-sor. “O autor de violência doméstica atinge tanto os lares mais humildes, quan-to os de classe média e alta. É óbvio que a maior inci-dência é nas classes mais baixas, talvez porque essas mulheres não tenham tanta vergonha de buscar a dele-gacia para procurar ajuda”, acrescenta.

A delegada destaca que, muitas vezes, a violência contra a mulher está inti-mamente ligada a vícios. “Bebida alcoólica e subs-tâncias entorpecentes ge-ralmente estão envolvidas. Vemos casos, principal-mente, a bebida envolvida, na maioria pelos homens. A bebida é um destruidor de lar”, lamenta.

EnfrentamentoHoje, diz a delegada, a

DECCM apoia a rede de enfrentamento a violên-cia contra a mulher, que trabalha diretamente com as campanhas, incentivan-do a mulher a procurar a delegacia e denunciar. “A situação está longo do ideal, principalmente por-que a mulher difi cilmente procura ajuda logo na pri-meira agressão. Elas, nor-malmente, vêm quando es-tão no limite, quando não sabem mais o que fazer, e quando há um histórico muito grande de violência em suas vidas”, lamenta.

Os vícios alimentam o crime

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Muitas vezes o homem chega em casa embriagado e desconta suas frustrações na companheira

A precária situ-ação fi nanceira pode ser uma

prisão domiciliar para muitas mu-

lheres espancadas

Muitas vezes o

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F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 F5

Entre tapas e beijos Em nome do amor muitas vezes elas suportam todo tipo de abuso e violência, mas, para algumas, chega o dia em que não dá mais para fi car de braços cruzados. Para evitar que a violência cresca está aí a Lei Maria da Penha

A violência contra a mu-lher continua sendo um problema para a socie-dade. De acordo com

as estatísticas da Delegacia Especializada em Crimes Con-tra a Mulher (DECCM), apenas em outubro deste ano foram registrados 1.231 boletins de ocorrência. Os números au-mentam mensalmente, prin-cipalmente pela vontade e de-cisão de muitas mulheres de saírem da situação abusiva.

Injúria, ameaça e contraven-ções penais estão entre os três primeiros crimes com o maior número de registros, com 409, 378 e 238 registros apenas no mês de outubro. De acordo com a delegada adjunta da DECCM, Andrea Pereira, o número de denúncias se mantém. “Temos uma regularidade no número de denúncias, por isso não di-ria que os crimes estão dimi-nuindo – muito pelo contrário. Hoje temos uma demanda muito maior de mulheres que procuram a delegacia para registrar boletim de ocorrên-cia”, esclarece.

Uma dessas mulheres é dona de casa A. S., 30. De-pois de sofrer agressões por três vezes, ela decidiu dar um basta. “Primeiro era só xingamento, por causa dos ciúmes. Depois foram empur-rões e ameaças, até que ele tirou sangue de mim. Em uma briga, ele me deu um tapa e depois um soco, tão forte que desmaiei”, lembra, com lágrimas nos olhos.

A.S. conta que resolveu denunciar porque temeu por sua vida. “A gente tenta dei-xar passar, porque ama. Mas chega uma hora que não dá mais. Fiquei com medo de denunciar, por não saber o que ele poderia fazer comigo, mas criei coragem porque não dá

para viver assim”, diz.

BastaE são muitas mulheres na

mesma situação que a da em-pregada doméstica. A delega-da adjunta informa que, em média, são feitas entre 700 e 800 denúncias mensalmente. O procedimento, explica Andrea Pereira, começa a partir da ava-liação do estado psicológico em que a vítima se encontra. “Se ela está ‘bem’, a vítima é encami-nhada para um dos guichês para o registro do B.O. Dependendo do crime e da gravidade da situação, há duas possibilida-des: marcamos uma audiência ou já é instaurado o inquérito e solicitadas as medidas pro-tetivas de urgências, que vão determinar o afastamento do autor do crime”, destaca.

Quando a mulher está aba-lada, o primeiro passo é uma visita ao serviço social da delegacia. “As encaminhamos para o Serviço de Atendimento Emergencial a Mulher, anexo ao prédio da delegacia, onde serão ouvidas por psicólogos, assistentes sociais. Depois de ouvida e acalmada, conse-guimos vislumbrar a situação social da mulher. Em segui-da, ela é encaminhada para o procedimento necessário”, explica a delegada.

MotivosSegundo informações da

DECCM, a realidade é que mulheres das classes mais pobres é quem registram mais ocorrências. Mas tam-bém há as que voltam para a situação de violência. “Muita gente se questiona sobre o motivo pelo qual algumas vol-tam para os companheiros. A maioria das que registram os crimes são de classes mais baixas, que não trabalham. E, quando trabalham, precisam da renda do marido para com-por a renda familiar”, diz.

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

Todos os casos são en-carados como prioridade, como destaca a delegada. “E, infelizmente não temos como dizer quem vai come-ter o crime, apenas olhando para a pessoa. Por isso precisamos dar uma aten-ção especial para todas as situações”, completa.

Outro cenário encontrado pelos agentes da delegacia é a de que muitas acredi-tam que vão encontrar uma situação diferente em casa. “Após a denúncia, muitas acreditam que irão encon-trar uma situação melhor, mas acabam em situação ainda mais violenta, mais agredidas, mais machua-das. Em algumas delas, pre-cisamos nos deslocar até o hospital para ver o que houve, porque aconteceu realmente uma tentativa de homicídio”, informa.

Entretanto, muitos dos casos não são denuncia-dos, conta a delegada ad-junta, porque a vítima não quer prejudicar o agressor. Isso porque, quando a mu-lher denuncia, instaura-se o procedimento – o registro do boletim de ocorrência e, de acordo com a situação em que ela se encontra, são tomadas as medidas necessárias. “Muitas têm medo de denunciar os ma-ridos, mesmo prejudicadas, mesmo em situação vio-lenta. Por isso que a me-dida protetiva é vinculada ao inquérito policial, que gera um processo criminal contra o homem. Então, às vezes, mesmo nessa si-tuação de violência, elas não querem prejudicar os

companheiros”, diz.Apesar desse panorama,

a violência doméstica é en-contrada em qualquer situ-ação. Andrea Pereira infor-ma, ainda, que não há um perfi l específi co do agres-sor. “O autor de violência doméstica atinge tanto os lares mais humildes, quan-to os de classe média e alta. É óbvio que a maior inci-dência é nas classes mais baixas, talvez porque essas mulheres não tenham tanta vergonha de buscar a dele-gacia para procurar ajuda”, acrescenta.

A delegada destaca que, muitas vezes, a violência contra a mulher está inti-mamente ligada a vícios. “Bebida alcoólica e subs-tâncias entorpecentes ge-ralmente estão envolvidas. Vemos casos, principal-mente, a bebida envolvida, na maioria pelos homens. A bebida é um destruidor de lar”, lamenta.

EnfrentamentoHoje, diz a delegada, a

DECCM apoia a rede de enfrentamento a violên-cia contra a mulher, que trabalha diretamente com as campanhas, incentivan-do a mulher a procurar a delegacia e denunciar. “A situação está longo do ideal, principalmente por-que a mulher difi cilmente procura ajuda logo na pri-meira agressão. Elas, nor-malmente, vêm quando es-tão no limite, quando não sabem mais o que fazer, e quando há um histórico muito grande de violência em suas vidas”, lamenta.

Os vícios alimentam o crime

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Muitas vezes o homem chega em casa embriagado e desconta suas frustrações na companheira

A precária situ-ação fi nanceira pode ser uma

prisão domiciliar para muitas mu-

lheres espancadas

Muitas vezes o

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Page 6: Saúde - 5 de janeiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014F6 Saúde e bem-estar

Conheça a doença que atinge 80% dos homensA hiperplasia prostática causa o crescimento benigno da glândula e é atualmente a doença mais comum nos homens

Médicos fazem um alerta sobre a doença mais co-mum na próstata,

mas ainda pouco conhecida pela população. Denomina-da hiperplasia prostática, a condição causa crescimento benigno da próstata e atinge 80% dos homens com mais de 50 anos. Seu aparecimento é silencioso, sem alardes e, aos poucos, o paciente pas-sa a sentir os sintomas da doença, como o aumento na frequência para urinar. “Com o tempo, o crescimento da próstata causa a sensação de que a bexiga nunca se esvazia, o que prejudica toda a vida do homem, que precisa ir ao banheiro várias vezes durante o dia e à noite. Ele começa a ter difi culdade em participar de uma reunião, dormir a noite toda, ir ao cinema ou viajar. Casos graves levam à reten-ção ou incontinência urinária e até a insufi ciência renal”, ex-plica o urologista do Hospital Israelita Albert Einstein e um dos maiores especialistas do assunto, Sandro Faria.

Entre os fatores de risco es-tão tabagismo, obesidade e diabetes, mas o componente

genético também é impor-tante: fi lhos de pais com hi-perplasia prostática têm seis vezes mais chances de de-senvolver a doença. “Ter uma vida saudável, com alimenta-ção equilibrada e sem cigar-

ro, podem ajudar a diminuir as chances de apresentar o problema”, explica Faria. De acordo com o especialista, o desconhecimento da condi-ção e o subdiagnóstico ainda são frequentes. “Não temos dados estatísticos no Brasil, mas estima-se que, de seis milhões de pessoas que pre-cisariam receber atenção ao problema, apenas 300 mil estão em tratamento”, ex-plica o médico.

Médicos fazem um alerta sobre a doença mais comum na próstata, mas ainda pouco conhe-cida pela população

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Casos mais leves são trata-dos com medicamento, mas 30% dos pacientes precisam de cirurgia para reduzir o ta-manho da próstata, que pode ser tradicional – de ressecção transuretral convencional para retirada do excesso de tecido

da próstata pela uretra, ou a laser, que vaporiza parte da próstata, diminuindo seu tamanho. “O tratamento mais avançado no Brasil atualmente é a cirurgia com laser verde, não invasiva, sem limite para o volume de próstata. A tecnolo-

gia chamada GreenLight torna a cirurgia mais rápida, não oferece risco para o paciente e reduz o tempo de internação e recuperação, que tem alta em até 24 horas”, explica. De acordo com o urologista, o tratamento com laser verde é

um avanço para pacientes com doenças do coração – proble-ma comum nesta faixa etária - que antes não tinham alter-nativas de cirurgia. “Como o sangramento é mínimo, não há necessidade de suspender o medicamento”, explica.

Tratamento mais avançado no Brasil

TECNOLOGIAO tratamento mais avançado no Brasil atualmente é a cirurgia com laser verde, não in-vasiva, sem limite para o volume de próstata. A tecnologia chama-da GreenLight torna a cirurgia mais rápida

A doença é a mais comum da próstata, causando cresci-mento benigno da glândula

Bexiga nunca se esvazia com-pletamente quando o paciente apresenta a doença

Casos graves levam à incontinên-cia urinária e a problemas renais

Diagnóstico é feito por análise clínica e toque retal

Estudo urodinâmico e ultras-som podem ser necessários para melhor avaliação em ca-sos complexos.

Frequência alta para uri-nar prejudica vida social e sexual

Genética favorece o apareci-mento da doença

Homens com mais de 50 anos são os mais atingidos

Ir ao cinema, participar de uma reunião ou viajar tornam-se tarefas difíceis devido à alta frequência para urinar

Jovens também podem apre-sentar o problema

Kilos a mais: obesidade é fator de risco para a hiperplasia

Laser verde é o tratamento mais avançado para o trata-mento da doença

Mais de 600 estudos compro-vam a efi cácia e segurança do Greenlight ou laser verde

Não há contraindicação para o uso do laser verde

O crescimento da próstata não evolui para o câncer de próstata

Pacientes tratados com o Gre-enLight já somam mais de 500 mil em todo o mundo.

Quantidade de homens com a doença chega a 80% após os 50 anos

Subdiagnóstico: estima-se que 6 milhões de homens deve-riam receber tratamento, mas apenas 300 mil se tratam

Ter uma vida saudável pode ajudar na prevenção da doença

Urologista deve ser consulta-do após os 40 anos

Vaporização da próstata por laser verde minimiza risco para o paciente e reduz o tempo de internação e re-cuperação

X da questão: hiperplasia pros-tática prejudica qualidade de vida, mas tem cura

Zelo: Homens que cuidam da saúde vivem mais e com mais qualidade

Glossário da Hiperplasia prostática, doença mais comum da próstata

Casos graves le-vam à retenção ou incontinência urinária e até a insufi ciência renal, explicam os urologistas

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Page 7: Saúde - 5 de janeiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 F7Saúde e bem-estar

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Não adianta ter pressa, para conseguir bons resultados nada melhor que perseve-rança, equilíbrio e bom sen-so. Esse trio vem na medida certa para quem vacilou na hora de comer ou abusou das mordomias do sofá diante da televisão. Quando o peso do corpo chegou na consciência correu para a academia para recuperar o tempo perdido e jogar fora os excessos adqui-ridos pela falta de vigilância. Mas vá com calma. O que você ganhou em meses ou anos de negligência vai ter que perder aos poucos, com muito esforço e dedicação.Perder gordura corporal e ganhar massa magra exige esforço e alguns sacrifícios. Se você estava contando com

milagres, esqueça, o único mi-lagre que você poderá obser-var nos próximos meses será o resultado da sua força de vontade. Mas, não desanime diante das primeiras difi cul-dades, dores musculares, um pouco de cansaço e preguiça na segunda-feira, certamente serão os principais inimigos que você terá que enfrentar. Mas acredite, os resultados dentro de semanas farão com que você ganhe fôlego renova-do para prosseguir na jornada e chegar ao seu objetivo. Aliás, esse é um ponto importante nessa nova jornada: traçar uma meta. Se é emagrecer que você quer, tome fôlego e renove os alimentos que costuma armazenar na gela-deira. Descarte aqueles pro-

dutos que só vão tirar você do rumo na hora que a fome bater à porta.Se o projeto é perder gordura e ganhar massa magra, invis-ta nos exercícios aeróbicos e peça orientação de um per-sonal trainer para alcançar seus objetivos dentro de um prazo menor. Lembre-se, exer-cícios mal feitos podem ser prejudiciais à sua saúde. Não exagere no início e mantenha o foco nos resultados fi nais para perseverar nos treinos.É bom ressaltar ainda, que a atividade física regular pode reduzir o triglicérides e ajudar a aumentar o colesterol HDL. Quando resulta em perda de peso, a atividade física tam-bém pode ter um papel impor-tante no controle da síndrome

DIV

ULG

AÇÃO

Trace um objetivo para o novo ano e persiga sua meta

Comece o ano com metas para entrar em forma

Pessoas com problemas auditivos podem ter dificuldade até para conseguir emprego, mas algumas dicas são fundamentais para evitar a surdez

Perda de audição causa transtorno

A fonoaudióloga reco-menda o uso frequente de protetores auriculares, que reduzem o volume ex-cessivo, propiciando uma audição mais confortável do som ambiente.

A realidade é que muitas portas têm se fechado a candidatos considerados inaptos a uma vaga de trabalho em função de al-terações na audição. Em nosso país, a legislação exige que o trabalhador seja submetido a exames admissionais e, entre esses exames, os resultados da audiometria acabam sendo usados, ao contrário de seu objetivo, para selecionar o trabalhador no momento da admissão. O resultado

é a existência de um contingente de trabalhadores com perdas audi-tivas, dos mais di-versos graus, que podem encontrar difi culdades de reingressar em um novo empre-go.

De acordo com a Organização Mundial de Saú-de (OMS), os ruí-dos são a terceira principal causa de poluição mundial. A entidade regis-trou um aumento de 15% de surdez entre a população do planeta.

Protetores auriculares

reingressar em um novo empre-

De acordo com a Organização Mundial de Saú-de (OMS), os ruí-dos são a terceira principal causa de poluição mundial. A entidade regis-trou um aumento de 15% de surdez entre a população do planeta.

A perda auditiva gera muitos impactos na vida de um indivíduo. Além da difícil comu-

nicação com os familiares e um possível isolamento da vida em sociedade, o aspec-to econômico também está presente. A surdez pode gerar diversas consequências, entre elas a difi culdade de encontrar emprego em igualdade de con-dições com os detentores de uma audição normal.

Atividades desenvolvidas no próprio trabalho são, muitas vezes, as maiores causas da perda auditiva. Operadores de britadeira, trabalhadores de gráfi ca, operadores de telemarketing, músicos, DJs, operadores de áudio em emis-soras de rádio, operários de fábrica, funcionários que atu-am nas pistas de aeroportos, entre muitos outros, estão expostos a ruídos intensos. Prevenir a perda auditiva e outros problemas de saúde, porém, é possível com o uso do protetor auricular que, em muitos casos, acaba sendo um acessório inseparável.

Os jovens, que já há algum tempo costumam ouvir músi-ca pelo celular devem tomar cuidado porque, através dos fones, o som alto atinge diretamente os ouvidos e a tendência é de perda

de audição a médio e longo prazo, de-

pendendo do volume em que e s c u t a m a música e o tempo

de expo-sição ao

barulho. Quanto mais alto e com maior frequência, pior. Com isso, na hora de procu-rarem emprego, devem estar atentos a possíveis proble-mas de perda de audição.

“Nós não imaginamos, mas em um ambiente normal de trabalho, como um escritório, o som pode chegar a até 70,

80 dB”, diz Isabela Gomes, fonoaudióloga. A exposição continuada a sons entre 100 e 120 decibéis pode levar à

perda auditiva defi nitiva. Tan-to que, para algumas ativida-des profi ssionais, a legislação determina a utilização de EPI (Equipamento de Proteção In-dividual). Acima de 120 deci-béis (som de uma explosão, por exemplo) o barulho pode ocasionar trauma acústico.

Por causa do barulho intenso do trânsito, muitas pessoas que trabalham na rua têm perda auditiva induzida por ruído. São policiais, ambu-lantes, motoristas de ônibus, motociclistas e guardas de trânsito, entre outros. Dentro de um ambiente de trabalho, a preocupação também deve ser grande. Trabalhadores de indústrias, por exemplo, têm que ser submetidos a exames de audiometria de seis em seis meses e, quando constatada alguma lesão, devem se afas-tar daquela função. Já os mú-

sicos que trabalham com shows apre-sentam danos na audição com certa frequência, já que o sistema de som costuma ter mais

de 130 decibéis. Muitas pessoas procuram

ajuda devido a problemas de audição decorrentes da profi ssão que exercem, como relata a fonoaudióloga: “São comuns os casos de pesso-as que desencadearam uma perda auditiva por exposição ao ruído intenso. Recebemos também pessoas que tra-balham com música, que já possuem perda auditiva, e também aquelas que pro-

curam alguma solução para prevenir um pos-

sível dano”.

Dependendo da área de traba-

lho, é funda-mental que o

trabalhador use os equipamen-tos de prote-ção auricular

BARULHODe acordo com a Or-ganização Mundial de Saúde (OMS), os ruídos são a terceira princi-pal causa de poluição mundial. A entidade registrou um aumento de 15% de surdez entre a população do planeta

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F8 MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014Saúde e bem-estar

Incidência de cálculo renal pode aumentar até 20%Perda maior de líquido pela transpiração e diminuição da diurese estão entre as principais causas da doença

Popularmente denomi-nada “pedra no rim”, a litíase ou cálculo renal é originado pela pre-

cipitação anormal de cristais nos rins, que após se agluti-narem dão origem ao cálcu-lo. No verão, devido à perda de líquido pela transpiração e a consequente diminuição da diurese, a incidência pode aumentar até 20%.

Segundo o urologista Ale-xandre Crippa, do Núcleo de Urologia do Hospital Sama-ritano de São Paulo e da clínica UROBrasil, o cálculo renal acomete 15% da popula-ção, sendo aproximadamente duas vezes mais comuns nos homens do que nas mulheres, principalmente na faixa etária entre os 20 e os 40 anos de idade. “O indivíduo com cóli-ca renal costuma sentir uma forte dor aguda repentina, que independe da posição ou movimentação, localizada na região lombar das costas e ge-ralmente unilateral”, afi rma.

Crippa ressalta que a dor da cólica renal é comparada à do parto e decorre da dila-tação que ocorre no rim pela interrupção da passagem de urina produzida no mesmo. A dor pode migrar ainda para região lateral do abdômen,

pelve e os genitais do homem ou da mulher.

De acordo com o especialis-ta, além da dor, o quadro clí-nico também pode apresentar sangue na urina (urina verme-lha ou com cor de Coca-Cola), vômitos e febre. “A suspeita de cálculo é feita através da história e quadro clínico e, a comprovação do diagnóstico normalmente é realizada pela

tomografi a computadorizada sem o uso de contraste. Este exame também defi ne o tama-nho e a localização do cálculo, o que irá infl uenciar no tipo de tratamento”, explica.

O tratamento na fase aguda é analgesia e, dependendo da localização e do tamanho do cálculo, pode-se aguardar que o organismo elimine o cálcu-

lo. A Litotripsia extracorpórea (máquina que por ondas de choque fragmenta o cálculo) e ureterolitotripsia (fragmen-tação e retirada do cálculo por via endoscópica) também são métodos de tratamento na fase aguda. “O cálculo renal fora da fase aguda, também pode ser tratado por cirurgia percutânea (nefrolitotripsia) com uma pequena incisão na pele na região dorsal para fragmentar e retirar o cálcu-lo”, afi rma Crippa.

Dependendo do tipo de cál-culo, segundo o urologista, também pode ser feito um tratamento com medicamen-tos ou somente com a pre-venção através da ingestão de líquidos sufi ciente para atingir um volume de urina de 1.500 a 2.000 ml por dia. “Assim deveríamos urinar de 6 a 8 vezes ao dia, não abu-sar do uso de sal, evitar os excessos de vitamina c, con-trolarmos o nosso peso, e dar preferência a ingesta de suco natural de limão e laranja. Es-sas recomendações vão fazer com que a urina fi que com o aspecto mais transparente do que amarelo e diminuir a recorrência do cálculo que varia de 50% a 80%”, ressalta o especialista.

DIVULGAÇ

ÃO

TRATAMENTOO cálculo renal fora da fase aguda, também pode ser tratado por cirurgia percutânea (nefrolitotripsia) com uma pequena incisão na pele na região dor-sal para fragmentar e retirar o cálculo

Denominada “pedra no rim”, a litíase ou cálculo renal é originado pela precipitação anormal de cristais nos rins

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