Sarartha Varsini - A Chuva de Significados Essenciais

download Sarartha Varsini - A Chuva de Significados Essenciais

of 179

Transcript of Sarartha Varsini - A Chuva de Significados Essenciais

S

COMENTRIO GAUDIYA-VAISNAVA AO BHAGAVAD-GITA

SARARTHA VARSINI TIKA

SRILA VISVANATHA CAKRAVARTI THAKURA

Sarartha VarsiniA Chuva dos Significados Essenciais Segunda Edio

Autoria Sua Divina Graa Srila Visvanatha Cakravarti Thakura Traduo do Ingls Bhagavan dasa (Dhanvantari Svami) Reviso Prema vardhana devi dasi (Dhanvantari Svami)

Dedicado a Sua Santidade Dhanvantari Svami, Avyakta Rupa Prabhu, Giridhari Prabhu, Lilananda Prabhu e a todos os demais Prabhupadanugas, que sempre sentem prazer ouvindo as glrias do Senhor e de Seus devotos.

Para o mximo aproveitamento deste material, recomenda se sua leitura em companhia dos versos snscritos e Significados Bhaktivedanta da obra O BHAGAVAD GITA COMO ELE de Sua Divina Graa A. C. Bhaktivedanta Svami Srila Prabhupada, fundador acarya da ISKCON e BBT.

SUMRIO1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. SAINYA DARSANA SANKHYA YOGA KARMA YOGA JNANA VIBHAGA YOGA KRSNA SANNYASA YOGA DHYANA YOGA VIJNANA YOGA TARAKA BRAHMA YOGA RAJA GUHYA YOGA10 16 36 48 59 65 74 84 90 102 111 120 126 135 142 149 153 158 178

10. VIBHUTI YOGA 11. VISVARUPA DARSANA YOGA 12. BHAKTI YOGA 13. PRAKRTI PURUSA VIVEKA YOGA 14. GUNA TRAYA VIBHAGA YOGA 15. PURUSOTTAMA YOGA 16. DAIVASURA SAMPAD YOGA 17. SRADDHA TRAYA VIBHAGA YOGA 18. MOKSA YOGA SOBRE VISVANATHA CAKRAVARTI THAKURA

RESUMO DOS CAPTULOSResumos como encontrados no significado ao primeiro e/ou ltimo verso de cada captulo.

1.

SAINYA DARSANA

PGINA 10

Como Arjuna se torna confuso e cai em ignorncia?. O narrador do Mahabharata, Vaisampayana, comeou a explicar o tpico a Janmejaya no Bhisma Parva com as seguintes palavras: Dhrtarastra disse: Por favor, diga me o que meus filhos, encabeados por Duryodhana, e os filhos de Pandu, encabeados por Yudhisthira, estavam fazendo, tendo se reunido para lutar em Kuruksetra..

2.

SANKHYA YOGA

PGINA 16

Neste segundo captulo, aps destruir a escurido da confuso e da lamentao de Arjuna atravs da distino da alma e do corpo, Krsna fala sobre as caractersticas da alma liberada. Por apresentar claramente jnana e karma e indiretamente bhakti, este captulo chamado Resumo do Contedo do Gita.

3.

KARMA YOGA

PGINA 36

No terceiro captulo, a ao oferecida ao Senhor sem desejo pessoal descrita. A discriminao com o desejo de conquistar a luxria e a ira tambm demonstrada. Este captulo fala sobretudo de niskama karma como sadhana, e tambm fala de jnana, sua meta, de maneira secundria.

4.

JNANA VIBHAGA YOGA

PGINA 48

No quarto captulo, o Senhor fala das razes para o Seu aparecimento, a natureza eterna de Seu aparecimento e de Suas atividades, e tambm fala da excelncia de jnana em coisas como o brahma yajna. Neste captulo, o Senhor glorifica jnana yoga, a meta de niskama karma, que Ele j havia mencionado nos dois captulos anteriores. Tendo falado de vrios meios para a liberao, jnana preferido. Mas o meio para jnana niskama karma.

5.

KRSNA SANNYASA YOGA

PGINA 59

Tendo falado de karma como superior a jnana; a fim de fortalecer essa idia, neste captulo, diz se que jnana equivalente a karma. Este captulo explica que o jnani e o yogi, atravs de niskama karma yoga, realizando tanto atma quanto Paramatma, obtm a liberao.

6.

DHYANA YOGA

PGINA 65

No sexto captulo, o mtodo para controle da mente vacilante, cujo sucesso alcanado pelo yogi que controla os sentidos pelo processo de astanga yoga, descrito.

7.

VIJNANA YOGA

PGINA 74

O stimo captulo descreve os poderes de Krsna, os poderes do Senhor que o mais digno de adorao. Os quatro tipos de pessoas que adoram e os quatro tipos que no adoram Krsna tambm so descritos. Apenas os devotos, enumerados como de seis tipos, que sabem a verdade sobre o Senhor, transpassam maya.

8.

TARAKA BRAHMA YOGA

PGINA 84

No Oitavo Captulo, o Senhor fala sobre bhakti pura e sobre yoga misra bhakti em resposta s perguntas de Arjuna. Ele tambm descreve os dois destinos dos yogis. A superioridade dos devotos foi previamente estabelecida, mas melhor esclarecida neste captulo, o qual tambm aponta a posio suprema do ananya bhakta entre todos os devotos .

9.

RAJA GUHYA YOGA

PGINA 90

O aspecto majestoso do Senhor como o objeto de adorao, apropriado para Seus servos, e a excelncia do devoto puro so expostos claramente no nono captulo. O mais elevado segredo, a posio suprema da bhakti pura, que por seu contato purifica todas as pessoas quer puras, quer impuras , descrito neste nono captulo.

10. VIBHUTI YOGA

PGINA 102

A partir do stimo captulo, Krsna falou sobre bhakti e sobre sua natureza exclusivista, revelando os poderes do Senhor. Agora, no dcimo captulo, Ele fala de bhakti juntamente com a descrio das vibhutis do Senhor.

11. VISVARUPA DARSANA YOGA

PGINA 111

No dcimo primeiro captulo, Arjuna, vendo a forma universal, glorifica a em reverncia. Quando Krsna mostra a Si novamente, Arjuna fica satisfeito. Arjuna, em virtude dos eventos deste captulo, entende que sua vitria no campo de batalha depende unicamente do grande poder de Krsna.

12. BHAKTI YOGA

PGINA 120

No dcimo segundo captulo, a superioridade de todos os tipos de devotos em relao aos jnanis descrita; e, entre os devotos, aqueles que so dotados de maravilhosas qualidades, como a de ausncia de dio, so glorificados. As maravilhosas qualidades de bhakti, que suprema e plena de bem aventurana e que pode ser facilmente praticada por todos, so explicadas neste captulo.

13. PRAKRTI PURUSA VIVEKA YOGA

PGINA 126

O Senhor resume o contedo do captulo: Aquele que sabe a diferena entre os dois conhecedores do campo (ksetra jnayoh), a jiva e o Paramatma, juntamente com o campo, e tambm conhece o mtodo para que as entidades vivas (bhuta) se libertem (moksa) da prakrti, como a meditao, alcana a meta suprema. Dentre os conhecedores do campo; a jiva, desfrutando das qualidades do campo, atada, mas tambm liberada pelo conhecimento. Este o significado do dcimo terceiro captulo.

14. GUNA TRAYA VIBHAGA YOGA

PGINA 135

No dcimo quarto captulo, o cativeiro causado pelos gunas e os sintomas de cada guna so descritos. Os vrios sintomas do desaparecimento dos gunas, e a causa de seu desaparecimento, bhakti, tambm so descritos.

15. PURUSOTTAMA YOGA

PGINA 142

O dcimo quinto captulo estabelece que o desapego a causa da cessao de nascimentos, que a alma uma amsa do Senhor e que Krsna superior matria e jiva. Neste captulo, as classes de matria e conscincia so relevadas, e tambm se explica a posio suprema de Krsna.

16. DAIVASURA SAMPAD YOGA

PGINA 149

No dcimo sexto captulo, as qualidades dvicas e assricas, bem como o resultado dessas duas condies, so descritos. Em essncia, este captulo descreve como aqueles que seguem as escrituras alcanam a meta suprema e como aqueles que no seguem vo para o inferno.

17. SRADDHA TRAYA VIBHAGA YOGA

PGINA 153

Este captulo descreve como as atividades sttvicas de vrias esferas, se executadas com f, conduzem liberao.

18. MOKSA YOGA

PGINA 158

O dcimo oitavo captulo fala acerca dos trs tipos de sannyasa, jnana e karma, define liberao e indica bhakti como o maior de todos os segredos.

A TRIPARTIO DO GITAComo encontrado em diferentes significados ao longo da obra.Este Bhagavad gita, a coroa de todo conhecimento, com seus trs grupos de seis captulos, o ba que contm o mais valioso e secreto tesouro de bhakti yoga. O primeiro grupo de seis captulos, concernentes a karma, o revestimento inferior feito de ouro macio. O ltimo grupo de seis captulos, concernentes a jnana, a tampa tambm de ouro e incrustada com jias. No grupo dos seis captulos intermedirios; repousada entre o revestimento inferior e a tampa, brilha a jia que no conhece rival nos trs mundos, a jia de bhakti yoga, a jia que coloca Krsna sob controle. As sessenta e quatro slabas dos dois versos jias (os versos 18.65 e 16.66) que adornam a tampa do ba tambm so puros e devem ser entendidos como servos de tal bhakti yoga. Nos seis primeiros captulos do Gita, so descritas jnana yoga e astanga yoga, que conduzem liberao e so dependentes da purificao prvia do corao atravs de niskama karma yoga. Nos seis captulos intermedirios, dois tipos de bhakti so descritos: aquela bhakti que produz salokya e outros tipos de liberao, sendo sem desejo ou com desejo, por causa da mistura de karma, jnana e outros elementos; e o principal tipo de bhakti, a bhakti que produz liberao na forma de tornar a pessoa um associado do Senhor em prema, e a qual independente de karma, jnana ou outros processos, e, alm disso, produz independentemente todas as metas como svarga e moksa sem a execuo de nenhum outro processo. Embora de fcil execuo para todos, esse segundo tipo de bhakti yoga rarssimo. Nos seis captulos intermedirios, menciona se que, atravs de kevala bhakti, alcana se o Senhor, Bhagavan, e ento se descrevem trs outros mtodos de adorao, comeando com aquele em que se adora a si mesmo. Um niskama karma yogi obtm a liberao atravs de bhakti misra jnana (jnana misturada com bhakti), o que brevemente descrito nos seis primeiros captulos. Os seis ltimos captulos comeam a explicar essa jnana em detalhes a partir da investigao do campo, do conhecedor do campo, do processo de conhecimento e do objeto de conhecimento. O Gita a essncia de todas as escrituras, e a essncia do Gita so os seis captulos intermedirios. O meio desses seis captulos, os captulos nove e dez, so a mais concentrada essncia dos seis captulos.

CAPTULO PRIMEIRO SAINYA DARSANA

Captulo Primeiro

SAINYA-DARSANAVerso 1 Dhrtarastra disse: Sanjaya, que fizeram meus filhos e os filhos de Pandu depois que se reuniram no lugar de peregrinao em Kuruksetra, desejando lutar? Como Arjuna se torna confuso e cai em ignorncia?. O narrador do Maha-bharata, Vaisampayana, comeou a explicar o tpico a Janmejaya no Bhisma Parva com as seguintes palavras: Dhrtarastra disse: Por favor, diga-me o que meus filhos, encabeados por Duryodhana, e os filhos de Pandu, encabeados por Yudhisthira, estavam fazendo, tendo-se reunido para lutar em Kuruksetra.. Mas voc mesmo diz que eles estavam desejosos de lutar, ento por que est perguntando o que eles fizeram? Este local um local sagrado (dharma-ksetra). O sruti diz: kuruksetram deva yajanam Kuruksetra um lugar para se adorar o Senhor. Satapatha Brahmana, Madhyandinlya 14.1.1.2 Ele famoso como um local que produz dharma. Devido associao com este local, o mpio Duryodhana e suas companhias podiam abandonar sua ira e acatar ao caminho do dharma. Os Pandavas esto seguindo o dharma naturalmente. Ento, ambos os lados poderiam ter inteligncia para ver que eles provavelmente no matariam seus prprios parentes e amigos, e negociariam a paz. Externamente, Dhrtarastra desejava mostrar a Sanjaya que ele ficaria aliviado se assim fosse. Internamente, todavia, ele achou difcil reter sua depresso, porque, se houvesse conciliao, ento, seria difcil para seus filhos reivindicarem o reino. Como Bhisma, que est do nosso lado, no pode ser derrotado por Arjuna, melhor que lutemos. Deixemos que a guerra acontea!. No era adequado, todavia, demonstrar tais desejos externamente. H um significado oculto na palavra ksetra (campo) na frase dharma-ksetra. O campo era um local para o crescimento das sementes do dharma, na forma do piedoso Yudhisthira, que era a prpria encarnao do dharma, juntamente com seu grupo. O campo, local para uma pessoa se ocupar no trabalho de cultivo, era o local no qual Krsna, o nutridor do dharma, encorajaria Yudhisthira. O campo, local para muitos projetos, como diques de irrigao e rega, era o local onde Krsna assistiria Yudhisthira de vrias maneiras para estabelecer as sementes do dharma. O mesmo campo tambm local para o crescimento de ervas daninhas. As ervas daninhas, inimigas das sementes, na forma de Duryodhana e outros, tambm cresceram ali, mas seriam destrudas por Krsna. Versos 2 e 3 Sanjaya disse: rei, aps observar o exrcito disposto em formao militar pelos filhos de Pandu, o rei Duryodhana foi at seu preceptor e falou as seguintes palavras. meu mestre, olha o grande exrcito dos filhos de Pandu, to habilmente organizado por teu inteligente discpulo, o filho de Drupada. mestre, veja este grande exrcito dos filhos de Pandu, arranjado para batalha pelo seu inteligente discpulo, o filho de Drupada. Entendendo que Dhrtarastra queria guerra, Sanjaya ento falou a fim de alert-lo dos obstculos para a realizao daquele desejo. Duryodhana, vendo as tropas (vyudham) sendo dispostas pelos Pandavas, falou ento por nove versos com medo interior, comeando pelo verso trs. Ele critica Dronacarya. Ele diz que ele muito tolo porque Dhrstadyumna, o filho de Drupada, est dispondo as tropas do inimigo. Esse homem era aluno de Drona, tendo Drona o treinado mesmo sabendo que ele tinha nascido para mat-lo. Dhrstadyumna muito inteligente (dhimata) porque ele obteve de voc, o inimigo dele, o conhecimento de como mat-lo. Veja o que resultar disto no futuro!.

- 10 -

CAPTULO PRIMEIRO SAINYA DARSANA

Versos 4, 5 e 6 Aqui neste exrcito, esto muitos arqueiros hericos que sabem lutar tanto quanto Bhima e Arjuna: grandes lutadores como Yuyudhana, Virata e Drupada. H tambm grandes combatentes hericos e poderosos, tais como Dhrstaketu, Cekitana, Kasiraja, Purujit, Kuntibhoja e Saibya. H o possante Yudhamanyu, o poderosssimo Uttamauja, o filho de Subhadra e os filhos de Draupadi. Todos esses guerreiros lutam habilmente em suas quadrigas. Aqui esto Dhrstaketu, Cekitana, o valoroso rei de Kasi, Purujit, Kuntibhoja e Saibya, o melhor dos homens. Aqui esto o poderoso Yudhamanyu, o valente Uttamauja, Abhimanyu, e os cinco filhos de Draupadi, todos maharathas. Os lderes de suas tropas, tendo grandes arcos (isvasa), no podero ser derrubados. Isso o que se sugere com sua meno aos arcos. Yuyudhanah se refere a Satyaki. Saubhadrah se refere a Abhimanyu. Draupadeyah se refere aos cinco filhos dos Pandavas com Draupadi, tais como Prativindhya. eko dasa sahasrani yodhayed yas tu dhanvinam sastra-sastra-pravinas ca maharatha iti smrtah amitan yodhayed yas tu samprokto 'tirathas tu sah caikena yo yudhyet tan-nyuno'rdha-rathah smrtah Um maharatha aquele capaz de lutar sozinho contra dez mil arqueiros, que perito tanto nas armas quanto nas escrituras. Um atiratha aquele capaz de lutar contra ilimitadas tropas (menos de que dez mil, mas mais do que mil). Um ratha aquele capaz de lutar contra mil. Aquele capaz de lutar com menos do que isso chamado ardharatha. Verso 7 Mas para a tua informao, melhor dos brahmanas, deixa-me falar-te sobre os capites que esto especialmente qualificados para conduzir minha fora militar. Entenda (nibodha) quem est do nosso lado. Falarei a voc para que compreenda completamente (samjnartham). A palavra analisada como samyak (completo), jnana (conhecimento).

Verso 8 H personalidades como tu, Bhisma, Karna, Krpa, Asvatthama, Vikarna e o filho de Somadatta chamado Bhurisrava, que sempre saem vitoriosos na batalha. Saumadatti se refere a Bhurisrava, o filho de Somadatta. Verso 9 H muitos outros heris que esto preparados a sacrificar sua vida por mim. Todos eles esto bem equipados com diversas espcies de armas, e todos so experientes na cincia militar. Eles esto inclinados a abandonar suas vidas a fim de me ajudarem (tyakta-jivitah). Esse o significado insinuado por Duryodhana, embora o significado literal seja Eles abandonaram suas vidas. De fato, todavia, Krsna ir dizer: mayaivaite nihatah purvam eva nimitta-matram bhava savyasacin Esses guerreiros j foram mortos por Mim antes da guerra comear. Voc, seja Meu instrumento, Arjuna. Bg. 11.33 Assim, o significado literal das palavras de Duryodhana tambm completamente verdadeiro. Verso 10 Nossa fora incomensurvel, e estamos perfeitamente protegidos pelo av Bhisma, ao passo que a fora dos Pandavas, cuidadosamente protegida por Bhima, limitada. Nossas tropas no esto no nvel padro (aparyaptam): no podemos lutar contra os Pandavas. Muito embora protegidos por todos os lados por Bhisma, que tem excelente inteligncia e experiente em luta e em teoria, Bhisma parcial para ambos os lados. Os Pandavas esto muito bem protegidos (paryaptam abhiraksitam) por

- 11 -

CAPTULO PRIMEIRO SAINYA DARSANA

Bhima, embora ele seja de inteligncia rude e no inteiramente familiarizado com o combate prtico e com a teoria. Em outras palavras, eles esto bem equipados para lutar conosco.Nota: A leitura deste verso por Visvanatha Cakravarti seria: Nossa fora limitada e no incomensurvel, como a de Prabhupada. A diferena entre a leitura de Prabhupada e a de Visvanatha Cakravarti se d devido percia diplomtica de Duryodhana. Ele diz de forma que possa parecer tanto limitada quanto incomensurvel para assim incentivar os desmotivados e para deixar os excessivamente confiantes mais atentos em proteger Bhisma.

Verso 11 Todos deveis dar todo o apoio ao av Bhisma, medida que assumis vossos respectivos pontos estratgicos enquanto entrais na falange do exrcito. Portanto, vocs devem ser muito cautelosos. Embora vocs estejam divididos em diferentes grupos (yathabhagam) com o fim de cruzar as linhas inimigas (ayanesu), vocs no devem abandonar sua posio designada no campo de batalha. Estando fixos em suas respectivas posies, protejam Bhisma de todos os lados, assim ele no atacado pelas costas enquanto luta com outros. A implicao aqui Apenas pela fora de Bhisma sobreviveremos. Verso 12 Ento Bhisma, o grande e valente patriarca da dinastia Kuru, o av dos combatentes, soprou seu bzio bem alto, produzindo um som parecido com o rugido de um leo, dando alegria a Duryodhana. Bhisma, o ancio dos Kurus, satisfeito ao ouvir os respeitos oferecidos a ele; para satisfazer Duryodhana afastando seus medos, assoprou o seu bzio, que rugiu como um leo. A frase simha-nadam vinadya usa a mesma raiz duas vezes. O significado literal rugindo o rugido de um leo. O significado subentendido rugindo como um leo, de acordo com o sutra upamane karmani (Panini 3.4.45). Verso 13 Depois disso, os bzios, tambores, clarins, trombetas e cornetas soaram todos de repente, produzindo um som tumultuoso. Quando Bhisma soprou o seu bzio; naquele momento, instrumentos e conchas comearam a ser tocados em seu exrcito. Abhyahanyanta um verbo passivo reflexivo. Panava, anaka e gomukha so tipos de instrumentos. O som foi formidvel quando foram tocados todos de uma vez. Verso 14 No outro lado, o Senhor Krsna e Arjuna, acomodados numa grande quadriga puxada por cavalos brancos, soaram seus bzios transcendentais. No apresentado significado a este verso. Verso 15 e 16 O Senhor Krsna soprou Seu bzio, chamado Pancajanya; Arjuna soprou o seu, o Devadatta; e Bhima, o comedor voraz que executa tarefas hercleas, soprou seu aterrador bzio, chamado Paundra. O rei Yudhisthira, filho de Kunti, soprou seu bzio, o Anantavijaya, e Nakula e Sahadeva sopraram o Sugosa e Manipuspaka. Os nomes dos bzios so listados aqui, comeando pelo Pancajanya, de Krsna. Versos 17 e 18 Aquele grande arqueiro, o rei de Kasi, o grande lutador Sikhandi, Dhrstadyumna, Virata, o invencvel Satyaki, Drupada, os filhos de Draupadi, e os outros, rei, tais como o poderoso filho de Subhadra, todos sopraram seus respectivos bzios. A palavra aparajitah significa inconquistvel. Todavia, em razo do sandhi, pode ser lido capa rajitah, que, nesse caso, significa equipado com um arco.

- 12 -

CAPTULO PRIMEIRO SAINYA DARSANA

Versos 19 a 23 O som arrancado destes diferentes bzios tornou-se estrondoso. Vibrando no cu e na terra, ele abalou os coraes dos filhos de Dhrtarastra. Naquele momento, Arjuna, o filho de Pandu, sentado na quadriga que portava a bandeira na qual estava estampada a marca de Hanuman, pegou do seu arco e preparou-se para disparar suas flechas. rei, aps ver os filhos de Dhrtarastra dispostos em formao militar, Arjuna ento dirigiu ao Senhor Krsna estas palavras. Arjuna disse: infalvel, por favor, coloca minha quadriga entre os dois exrcitos para que eu possa ver as pessoas aqui presentes, que desejam lutar, e com quem devo me digladiar neste grande empreendimento blico. Deixa-me ver aqueles que vieram aqui para lutar, desejando agradar ao mal-intencionado filho de Dhrtarastra. No apresentado significado a estes versos. Versos 24 e 25 Sanjaya disse: descendente de Bharata, tendo recebido de Arjuna essa determinao, o Senhor Krsna conduziu a magnfica quadriga para o meio dos exrcitos de ambos os grupos. Na presena de Bhisma, de Drona e de todos os outros comandantes do mundo, o Senhor disse: Simplesmente observa, Partha, todos os Kurus aqui reunidos. O Senhor, Hrsikesa, embora seja pessoalmente o controlador dos sentidos de todos, foi assim ordenado por Arjuna, controlado pelas palavras dele. Veja como o Senhor controlado por prema! Essa a implicao trazida por se chamar o Senhor de Hrsikesa. Aqui est o significado da palavra Gudakesa. Akesa significa Visnu (a), Brahma (ka) e Siva (Isa). Gudakesa significa aquele que d a eles (akesa) a experincia da doura da afeio do Senhor assim como o acar (guda) d a experincia da doura. Assim, Gudakesa se refere quele que, por colocar Krsna sob seu controle, deu a Visnu, Brahma e Siva a oportunidade de experienciarem a doura de Krsna. Se o Supremo Senhor Krsna, a jia principal da coroa, fonte de todos os avataras, sendo controlado por prema, seguiu as ordens de Seu servo, Arjuna, como poderiam Visnu, Brahma e Siva, Suas meras expanses como guna-avataras, exibirem algum de seus poderes? Ao contrrio, por exibirem sentimentos de afeio pelo Senhor (inspirados por Arjuna), eles se sentiram realizados. O Senhor do cu espiritual (Maha-Visnu) disse: dvijatmamaja me yuvayor didrksuna Eu trouxe os filhos dos brahmanas aqui porque Eu queria ver vocs dois. SB 10.89.58 Gudakesa tambm pode significar senhor (isa) do sono (gudaka), o controlador dos sentidos. Mesmo Krsna, que o controlador direto de maya, tornou-Se controlado pela prema de Arjuna. Assim, a maya abominvel, ou sono, foi conquistada por Arjuna. Ele falou perante Bhisma, Drona e todos os reis. Embora a palavra pramukhatah esteja sintaticamente ligada apenas a Bhisma e Drona, ela se refere a todos. Portanto o significado colocar a quadriga dele perante Bhisma, Drona e todos os demais reis. Verso 26 Foi ento que Arjuna pde ver, no meio dos exrcitos em ambos os grupos, seus pais, avs, mestres, tios maternos, irmos, filhos, netos, amigos e tambm seus sogros e benquerentes. Putra e pautra se referem aos filhos e netos de Duryodhana e outros do lado oposto. Verso 27 Ao ver todas essas diferentes categorias de amigos e parentes, o filho de Kunti, Arjuna, ficou dominado pela compaixo e falou as seguintes palavras. No apresentado significado a este verso. Versos 28 e 29 Arjuna disse: Meu querido Krsna, vendo diante de mim meus amigos e parentes com esse esprito belicoso, sinto os membros do meu corpo tremer e minha boca secar. Todo o meu corpo est tremendo, meus plos esto arrepiados, meu arco Gandiva est escorregando da minha mo e minha pele est ardendo. Vendo todos esses conhecidos, minha boca secou. A sentena estando aqui deve ser adicionada ao comeo da frase. Estando aqui vendo isso, meus membros se tornaram fracos.

- 13 -

CAPTULO PRIMEIRO SAINYA DARSANA

Verso 30 J no sou capaz de continuar aqui. Estou esquecendo-me de mim mesmo e minha mente est girando. Parece que tudo traz infortnio, Krsna, matador do demnio Kesi. A palavra nimita usada no sentido de resultado final, assim como a meta do dinheiro uma boa residncia. No terei felicidade obtendo o reino se eu ganhar a guerra, seno que sofrerei pela lamentao, o resultado oposto. Verso 31 No consigo ver qual o bem que decorreria da morte de meus prprios parentes nesta batalha, nem posso eu, meu querido Krsna, desejar alguma vitria, reino ou felicidade subsequentes. No vejo nenhum benefcio em matar desta maneira (na sreyo pasyami). As escrituras dizem coisas do tipo: dvav imau purusau loke surya-mandala-bhedinau parivrad yoga-yuktas ca rane cabhimukhe hatah O sannyasi ocupado em yoga e o guerreiro que morre confrontando o inimigo alcanam o planeta Sol. Parasara Smrti 3.30 Assim, melhor morrer do que mat-los, uma vez que no h piedade nessa matana. Mas, lutando, voc obtm reino e fama. No desejo vitria, reino ou felicidade. Versos 32 a 35 Govinda, que nos adiantam um reino, felicidade ou at mesmo a prpria vida quando todos aqueles em razo de quem somos impelidos a desejar tudo isto esto agora enfileirados neste campo de batalha? Madhusudana, quando mestres, pais, filhos, avs, tios maternos, sogros, netos, cunhados e outros parentes esto prontos a abandonar suas vidas e propriedades e colocam-se diante de mim, por que deveria eu querer mat-los, mesmo que, por sua parte, eles sejam capazes de matar-me? mantenedor de todas as entidades vivas, no estou preparado para lutar com eles, nem mesmo em troca dos trs mundos, muito menos desta terra. Que prazer obteremos em matarmos os filhos de Dhrtarastra? No apresentado significado a estes versos. Verso 36 O pecado nos dominar se matarmos tais agressores. Portanto, no convm matarmos os filhos de Dhrtarastra e nossos amigos. Que ganharamos, Krsna, esposo da deusa da fortuna, e como poderamos ser felizes matando nossos prprios parentes? Mas dito: agnido garadas caiva sastra-panir dhanapahah ksetra-darapahari ca sad ete hy atatayinah O incendirio, aquele que ministra veneno, aquele que ataca com armas, o ladro, aquele que rouba uma propriedade e aquele que rapta uma esposa so considerados agressores. Vasistha Smrti 3.19 E dito ainda: atatayinam ayantarh hanyad evavicarayan natatayi-vadhe doso hantur bhavati kascana Sem considerao, devem-se matar tais agressores, no havendo nenhum erro em mat-los. Manu Smrti 8.350 As escrituras, ento, prescrevem matar no caso de agressores. Arjuna responde com este verso. Matando-os, ns permaneceremos, mas seremos pecaminosos. As instrues acima so do artha sastra, mas essas instrues so mais fracas do que aquelas do dharma sastra. Yajnavalkya diz: smrtyor virodhe nyayas tu balavan vyavaharatah artha-sastrat tu balavan dharma-sastram iti sthitih estabelecido que quando h conflito de regras entre duas afirmaes smrtis, a razo deve prevalecer para a escolha da regra correta. Todavia, em termos de razo, as regras de dharma sastra so mais fortes do que aquelas de artha sastra. Yajnavalkya Smrti 2.21

- 14 -

CAPTULO PRIMEIRO SAINYA DARSANA

Assim, embora sejam agressores, eles tambm so acaryas. Matando acaryas, incorreremos em pecado. Tambm no podemos ser felizes nesta vida ou na prxima se o ato contra as leis do dharma e contra a concluso racionvel. Ento ele diz: Como podemos ser felizes, tendo matado nossa prpria gente?. Versos 37 e 38 Janardana, embora estes homens, com seus coraes dominados pela cobia no achem errado matar a prpria famlia ou brigar com os amigos, por que deveramos ns, que entendemos ser crime destruir uma famlia, ocuparmo-nos nestes atos pecaminosos? Por que o lado oposto quer lutar, ento?. Ele responde com este verso. Eles, tomados pela cobia, no vem nenhum erro em destruir a famlia, nem pecado em matar amigos. Verso 39 Com a destruio da dinastia, a tradio eterna da famlia extingue-se, e assim o resto da famlia se envolve em irreligio. A conduta correta mantida pela famlia, que vem de muitas geraes (sanatanah kula-dharmah) ser destruda com a destruio da famlia (kula-ksaye). Verso 40 Quando a irreligio preeminente na famlia, Krsna, as mulheres da famlia se poluem, e da degradao feminina, descendente de Vrsni, vem prognie indesejada. Quando adharma prevalente, as mulheres da famlia se poluem (pradusyanti) tornando-se adlteras. Verso 41 Um aumento de populao indesejada decerto causa vida infernal tanto para a famlia quanto para aqueles que destroem a tradio familiar. Os ancestrais dessas famlias corruptas caem, porque os rituais atravs dos quais lhe so oferecidos alimento e gua so inteiramente interrompidos. No apresentado significado a este verso. Verso 42 Pelas ms aes daqueles que destroem a tradio familiar, e acabam dando origem a crianas indesejadas, todas as espcies de projetos comunitrios e atividades para o bem-estar da famlia entram em colapso. Pelos problemas da mistura de castas, tanto as regras das castas quanto as regras da famlia so destrudas (utsadyate). Versos de 43 a 45 Krsna, mantenedor do povo, eu ouvi atravs da sucesso discipular que aqueles que destroem as tradies familiares sempre residem no inferno. Ai de mim! Como estranho que estejamos nos preparando para cometer atos extremamente pecaminosos. Levados pelo desejo de desfrutar da felicidade rgia, estamos decididos a matar nossos prprios parentes. Para mim, seria melhor que os filhos de Dhrtarastra, de armas na mo, matassem-me no campo de batalha, desarmado e sem opor resistncia. No apresentado significado a estes versos. Verso 46 Sanjaya disse: Arjuna, tendo falado essas palavras no campo de batalha, ps de lado seu arco e flechas e sentou-se na quadriga com sua mente dominada pelo pesar. Sentando em sua quadriga (rathopasthe) em meio batalha (sankhe), Arjuna abandonou suas armas.

- 15 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Captulo Segundo

SANKHYA-YOGAVerso 1 Sanjaya disse: Vendo Arjuna cheio de compaixo, sua mente deprimida, seus olhos rasos d'gua, Madhusudana, Krsna, disse as seguintes palavras. Neste segundo captulo, aps destruir a escurido da confuso e da lamentao de Arjuna atravs da distino da alma e do corpo, Krsna fala sobre as caractersticas da alma liberada. Verso 2 A Suprema Personalidade de Deus disse: Meu querido Arjuna, como foi que estas impurezas desenvolveram-se em ti? Elas no condizem com um homem que conhece o valor da vida. Elas no conduzem aos planetas superiores, mas infmia. Por que (kutah) tal confuso (kasmalam), neste momento crtico da guerra (visama), tomou conta de voc (upasthitam), confuso esta que no para ser experimentada por pessoas firmemente estabelecidas nos princpios dhrmicos (anarya-justam), que contra tanto ao prazer na prxima vida (asvargyam) quanto ao prazer nesta (akirtikaram)?. Verso 3 filho de Prtha, no cedas a essa impotncia degradante. Isto no te fica bem. Abandona essa mesquinha fraqueza de corao e levanta-te, castigador dos inimigos. No se torne covarde (klaibyam), impotente. Partha, voc o filho de Prtha, mas, apesar disto, voc age assim. No ceda a isso. Essa fraqueza pode at ser vista em ksatriyas inferiores, mas em voc, Meu amigo, isso no nada apropriado. No Se preocupe com minha falta de bravura; no pense que sou um covarde. Deve-se considerar os preceito do dharma em respeito a Bhisma, Drona e a outros mais velhos, e tambm considerar o aspecto de compaixo no que tange os filhos de Dhrtarastra, que, sendo mais fracos do que eu; afligidos por minhas armas, esto prestes a morrer. Isso no discernimento baseado no dharma e na misericrdia, mas em confuso e lamentao, indicaes de uma mente fraca (ksudram hrdaya-daurbalyam). Portanto, abandone essa fraqueza mental e erga-se. conquistador dos inimigos (parantapa); voc, que aflige o inimigo, lute!. Verso 4 Arjuna disse: matador dos inimigos, matador de Madhu, como que na batalha posso contra-atacar com flechas homens como Bhisma e Drona, que so dignos de minha adorao? De acordo com as escrituras dhrmicas, no respeitar aqueles dignos de adorao uma causa para condicionamento: praibadhnati hi sreyah pujya-puja-vyatikramah. Por isso me afasto da luta. Como posso mat-los?. A forma prati yotsyami (parasmaipada) usada ao invs da forma prati yotsye (atmanepada, para si mesmo). Mas aqueles dois ancios esto lutando. Voc no capaz de lutar contra eles?. No, eu no posso, pois eles so dignos de adorao (pujarhau): Eu deveria oferecer flores a seus ps em devoo, e no flechas afiadas em ira. amigo Krsna! Mesmo Voc fere apenas Seus inimigos na batalha, e no Seu prprio guru Sandipani Muni ou Seus amigos, os Yadus, Madhusudana, matador de Madhu!. Mas Eu sou um descendente de Madhu na antiga linhagem da dinastia Yadu, da Meu nome Madhava. Como Eu poderia ter matado Madhu?. No, no me refiro a esse Madhu. Estou falando sobre o demnio chamado Madhu, que era Seu inimigo (arisudana).

- 16 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Verso 5 prefervel viver mendigando neste mundo a viver custa das vidas de grandes almas que so meus mestres. Embora desejem conquistas terrenas, eles so superiores. Se forem mortos, tudo o que desfrutarmos estar manchado de sangue. Se voc no quer o reino, ento, como viver?. No matando os mais velhos, viverei mendigando, embora se condene tal prtica para o ksatriya. melhor comer comida obtida atravs de mendicncia. Digo, embora isso traga infmia para esta vida, isso no ser inauspicioso nas vidas futuras. Esses gurus no se tornaram orgulhosos. Deve-se rejeitar apenas os seguidores de Duryodhana que no sabem distinguir o certo do errado. As escrituras dizem: guror apy avaliptasya karyakaryam ajanatah utpathapratipannasya parityago vidhlyate Deve-se rejeitar o guru que orgulhoso, que desconhece o comportamento adequado, que se ocupa em vida pecaminosa. Maha-bharata 5.178.24 Eles, ao contrrio, so grandes almas (mahanubhavan). Que falha h em Bhisma e em outros que tm controle sobre o tempo e a luxria?. Mas Bhisma disse a Yudhisthira: arthasya puruso daso dasas tv artho na kasyacit iti satyam maharaja baddho 'smy arthena kauravaih O homem servo da riqueza. A riqueza serva de ningum. rei, eu fui preso aos Kauravas pela riqueza. Maha-bharata 6.41.36 Assim, o carter grandioso deles no foi destrudo por tal desejo por riqueza?. Isso verdade, mas, se eu os mato, ficarei infeliz. Embora se matando os Kurus que ambicionam riqueza (artha kaman) eu pudesse desfrutar a riqueza, ela estaria contaminada com o sangue deles. O significado este: embora eles tenham desejo por riquezas, eles continuam sendo meus gurus. Por conseguinte, matando-os, porque eu cometi o pecado de matar um guru, meu desfrute seria misturado com tal pecado. Verso 6 Tampouco sabemos o que melhor - venc-los ou sermos vencidos por eles. Se matssemos os filhos de Dhrtarastra, no nos importaramos em viver. Contudo, eles agora esto diante de ns no campo de batalha. Alm disso, no sei se eu devo ser vitorioso ou derrotado, mesmo estando eu preparado para mat-los. E eu no sei o que seria melhor, vitria ou derrota: se eu os conquisto ou se eles conquistam a mim. E mesmo se eu for vitorioso, isso derrota, porque eu no quererei viver. Verso 7 Agora estou confuso quanto ao meu dever e perdi toda a compostura devido torpe fraqueza. Nesta condio, estou Te pedindo que me digas com certeza o que melhor para mim. Agora sou Teu discpulo e uma alma rendida a Ti. Por favor, instrui-me. De fato, enquanto falando o significado das escrituras para chegar a uma concluso; embora voc seja um ksatriya, voc decidiu se tornar um mendigo! Qual a utilidade do Meu discurso?. Abandonar minha coragem natural de ksatriya minha fraqueza (karpanyam). Minha inteligncia se tornou confusa tentando entender a implementao do dharma, uma vez que o caminho do dharma muito sutil. Portanto, melhor que Voc decida e me diga. Mas se voc derrota Minhas palavras posando como um erudito, o que Eu deveria dizer?. Sou Seu aluno, no irei mais me opor a Voc inutilmente. Verso 8 No consigo descobrir um meio de afastar este pesar que est secando meus sentidos. No serei capaz de suprimilo nem mesmo que ganhe na Terra um reino prspero e inigualvel com soberania como a dos semideuses nos cus.

- 17 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Mas voc tem um relacionamento amigvel coMigo, no de respeito. Assim, como posso fazer de voc Meu aluno? Voc deveria, portanto, render-se a algum como Veda Vyasa, a quem voc venera profundamente. Arjuna responde com este verso. No vejo sequer uma pessoa (prapasyami: pra indica em um nvel superior) em todos os trs mundos, exceto Voc, que possa remover (apanudyat) minha aflio. No conheo algum mais inteligente do que Voc nem mesmo Brhaspati. Portanto, a quem deve se render aquele que est em profunda aflio? Devido a tal aflio (yad), meus sentidos se secaram completamente, exatamente como o intenso calor do vero seca um pequeno lago. Agora voc est cheio de pesar, mas, se voc lutar, conquistando o inimigo, voc obter um reino. Absorvendose no desfrute de tal reino, seu pesar desaparecer. Mesmo se eu obtivesse um reino superior a toda a Terra, ou soberania em svarga, controlando todos os devatas, meus sentidos continuariam secos. Verso 9 Sanjaya disse: Tendo falado essas palavras, Arjuna, o castigador dos inimigos, disse a Krsna, Govinda, no lutarei, e ficou calado. No apresentado significado a este verso. Verso 10 descendente de Bharata, naquele momento, Krsna, no meio dos dois exrcitos, sorriu e disse as seguintes palavras ao desconsolado Arjuna. Voc exibiu grande falta de julgamento!. Rindo dele como um amigo, Krsna poderia colocar Arjuna em um oceano de embarao por suas atividades indignas. Todavia, porque agora Arjuna aceitou a posio de aluno, rir seria imprprio. Ento, Krsna suprimiu Seu riso fechando os Seus lbios. Ao invs de rir, Ele sorriu suavemente (prahasann iva). O Senhor dos sentidos (hrsikesa) foi previamente controlado pelas palavras de Arjuna devido ao Seu amor por ele (Bg. 1.24), e agora Ele Se tornou o controlador da mente de Arjuna, novamente por amor, para o benefcio de Arjuna. A tristeza de Arjuna e o consolo de Krsna foram vistos diretamente por ambos os exrcitos (senayor ubhayor madhye). Verso 11 A Suprema Personalidade de Deus disse: Enquanto falas palavras sbias, ests lamentando aquilo com que no precisas te afligir. Os sbios no se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos. Arjuna, essa sua lamentao causada por apego aos amigos e parentes a causa da confuso. Seu discernimento nascido de suas preocupaes que comeam no verso quatro com como posso lutar contra Bhisma e Drona? a causa da falta de sabedoria. Isso declarado neste verso. Voc est continuamente se lamentando (anu-socah) por aquilo que no digno de pesar (asocyan). Assim, voc est proferindo palavras de sabedoria para Mim, que estou tentando ilumin-lo. Voc fala palavras (vadan) de sabedoria (prajna), como no verso quatro. A inteno por trs das palavras do Senhor o oposto: De fato, voc no tem sabedoria. Isto porque aqueles que so sbios (panditah) no se lamentam por aquele cuja vida partiu (gata-asun) dos corpos grosseiros, uma vez que os corpos grosseiros so destrutveis por natureza. Nem se lamentam pelos corpos sutis nos quais os ares vitais no cessam, pois os corpos sutis so indestrutveis at a liberao. Eles no se lamentam porque aceitam a natureza inerente de todos os corpos grosseiros e sutis. Mas os tolos lamentam a partida dos ares vitais (corpos sutis) dos corpos grosseiros de seus pais e outros, e no se lamentam por seus corpos sutis, pois geralmente os desconhecem. Isso, infelizmente, a extenso do conhecimento deles. Todos estes, incluindo Bhisma, so almas equipadas com corpos grosseiro e sutil. Por causa da natureza eterna de suas almas, no h razo para se lamentar. Anteriormente, voc disse que dharma sastra era mais forte do que artha sastra. Mas Eu digo aqui que jnana sastra mais forte do que dharma sastra. Verso 12 Nunca houve um tempo em que Eu no existisse, nem tu, nem todos esses reis; e, no futuro, nenhum de ns deixar de existir. Agora, amigo, far-lhe-ei uma pergunta. Quando voc v a morte de uma pessoa que voc ama, voc lamenta. Mas o objeto de afeio enquanto a pessoa est neste mundo alma ou o corpo? Sukadeva diz que a alma a o mais

- 18 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

querido de todos os seres vivos: sarvesam eva bhutanam nrpa svatmaiva vallabhah (SB 10.14.50). Se a alma o objeto de afeio, a alma no pode ser o objeto de lamentao, porque ela no pode ser morta dado que os dois tipos de atma jiva e isvara so eternos. Assim Ele diz neste verso. No quer dizer que Eu, Paramatma, nunca tenha existido, mas, ao contrrio, Eu sempre existi. Voc tambm, jivatma, sempre existiu. Estes reis, jivatmas, tambm sempre existiram. Aqui, o Senhor mostra que no-existncia prvia (prag-abhava) algo ausente em todas as almas. E isso no significa que Eu, voc e todos estes reis (sarve vayam) no existiremos no futuro. Seno que certamente continuaremos a existir. Aqui o Senhor mostra que a alma destituda de destruio (dhvamsa abhava). Atravs disso, Ele conclui que, uma vez que Paramatma e a jiva so ambos eternos, no h razo para lamentao. O sruti diz: nityo nityanam cetanas cetananam eko bahunam yo vidadhati kaman Ele o lder eterno entre os eternos. Ele a entidade consciente lder entre todas as entidades conscientes. Aquele que sanciona as necessidades dos outros. Svetasvatara Upanisad 6.13 Verso 13 Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente passa da infncia juventude e velhice; do mesmo modo, chegando a morte, a alma passa para outro corpo. Uma pessoa ponderada no fica confusa com tal mudana. O corpo pessoal se torna objeto de afeio por ser relacionado ao corpo (que o mais querido ao eu). Por se relacionar com o corpo, os filhos, irmos e outros parentes se tornam objeto de afeio. E por se relacionar com eles, mesmo os filhos deles tambm se tornam objeto de afeio. Ento, quando seus corpos perecerem, certamente haver lamentao. Em resposta a isso, Ele diz este verso. No corpo pertencente jiva (dehinah), alcana-se estgios como a infncia. Quando a infncia destruda, alcana-se a juventude. Quando a juventude destruda, alcana-se a velhice. Da mesma maneira, obtm-se outro corpo. Assim como (yatha) a pessoa no se lamenta pela destruio do objeto de afeio na forma da infncia e da juventude do corpo, que so queridas por serem relativas alma, assim tambm (tatha) a pessoa no deve se lamentar pela destruio do objeto de afeio, o corpo, que igualmente querido por ser relativo alma. Mas com a destruio da juventude e a obteno da velhice a pessoa se lamenta. Com a destruio da infncia e a obteno da juventude, a pessoa regozija. Com a destruio dos corpos vestidos por Bhisma e Drona, eles obtero novos corpos e tambm regozijaro. Outro significado : Assim como em um corpo obtm-se vrios estados, como a infncia, a mesma jiva obtm vrios corpos vida aps vida. Verso 14 Filho de Kunti, o aparecimento transitrio de felicidade e aflio, e seu desaparecimento no devido tempo, so como o aparecimento e o desaparecimento das estaes de inverno e vero. Surgem da percepo sensorial, descendente de Bharata, e preciso aprender a toler-los sem perturbar-se. Sim, isso sem dvida verdade. Eu exibo essa falta de julgamento. Minha mente, produzindo coisas sem sentido, coberta de lamentao e confuso, causa-me sofrimento. No apenas a prpria mente. As vrias funes da mente, na forma dos sentidos, como a pele, experimentando seus objetos sensoriais, produzem esse problema (anartha). A pessoa tem a experincia (sparsa) do objeto sensorial (matra). Na estao quente, a gua fria prazerosa, e, na estao fria, dolorosa. Isso acontece de forma descontrolada, aparecendo e desaparecendo (gama-apayinah). Voc deve, portanto, tolerar tais experincias dos objetos sensoriais. Toler-las parte do dharma descrito nas escrituras. No se deve evitar banhar-se no ms de Madha porque doloroso, pois tal banho prescrito nas escrituras. Seguir o dharma conduz o seguidor gradualmente para longe de todas as qualidades baixas. Voc deve tolerar que os filhos, durante seus aparecimentos e desaparecimentos temporrios, trazem prazer quando nascem ou ganham dinheiro, e trazem lamentao quando morrem. No se deve abandonar, por essa considerao, o prprio dever escrituralmente prescrito de lutar. No executar o dever prescrito acaba por trazer grandes problemas. Verso 15 melhor entre os homens (Arjuna), quem no se deixa perturbar pela felicidade ou aflio e que permanece estvel em ambas as circunstncias decerto est qualificado para alcanar a liberao.

- 19 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Praticando tolerncia com esse discernimento, a experimentao dos objetos dos sentidos no mais ir, com o passar do tempo, trazer aflio. Quando a pessoa alcana esse estado no qual no h aflio proveniente dos objetos dos sentidos, ela qualificada para a liberao (amrtatvaya). Verso 16 Aqueles que so videntes da verdade concluram que o no-existente (o corpo material) no permanece, e que o eterno (a alma) no muda. Isto eles concluram estudando a natureza de ambos. Este verso falado para aqueles que no alcanaram o nvel de discriminao. De fato, como afirma o sruti, a alma no condicionada matria: asango hi ayam purusah (Brhad-aranyaka Upanisad 4.3.15). Portanto, a jiva no tem relao com os corpos sutil e grosseiro e com seus produtos, tais como lamentao e confuso. Essa relao causada pela ignorncia. Isso explicado neste verso. No h existncia (bhavah) para o corpo (asatah), o abrigo da lamentao e da confuso, devido sua natureza oposta da alma, na qual tais coisas no existem. E no h destruio da jiva em sua forma real (satah). A concluso (antah) referente a ambos ao corpo e alma vista pelos videntes da verdade. Por esta compreenso, no haver lamentao ou confuso devido a se ver o corpo e coisas relacionadas ao corpo; v-se a alma eterna e indestrutvel em Bhisma e em outros do grupo opositor, bem como em voc e em seus aliados. Como podem Bhisma e outros serem destrudos, e por que voc se lamenta por eles?. Verso 17 Deves saber que aquilo que penetra o corpo inteiro indestrutvel. Ningum capaz de destruir a alma imperecvel. Este verso elucida o significado do verso anterior. Saiba que essa jiva (tat), que se espalha por todo o corpo (sarvam idam tatam), indestrutvel. Mas, espalhando-se por todo o corpo por ser consciente dele, a alma seria impermanente, porque o corpo de tamanho mediano. No assim, pois o Senhor diz que suksmanam apy aham jivah: Das coisas pequenas, eu sou a jiva (SB 11.16.11). De forma similar, o sruti diz: eso 'nur atma cetasa veditavyo yasmin pranah pancadha samvivesa Deve-se perceber a alma diminuta, que flutua nas cinco espcies de ares vitais, atravs da conscincia pura. Mundaka Upanisad 3.1.9 balagra-sata-bhagasya satadha kalpitasya ca bhago jivah sa vijneyah Deve-se saber que a jiva do tamanho de um dez mil avos da ponta de um fio capilar. Svetasvatara Upanisad 5.9 aragra-matro hy aparo 'pi drstah A forma da alma inferior extremamente sutil. Aitareya Upanisad 5.8 Por essas afirmaes do sruti, entendemos que a jiva muito pequena. Ela tem o poder de se espalhar por todo o corpo assim como jias pulverizadas ou ervas, quando aplicadas na cabea, tm o poder de espalhar sua influncia nutridora por todo o corpo. No h nada de contraditrio em ser pequena e se difundir pelo corpo. Presa a upadhis (identificaes errneas), ela vai para vrios corpos no cu e no inferno. Desta forma a alma tambm sarva gatah, ela vai a todo lugar. Dattatreya (na forma do brahmana avadhuta) diz como a jiva, na forma do agregado de jivas no comeo da criao, vai a diferentes corpos: tam ahus tri-guna-vyaktim srjantim visvato-mukham yasmin protam idam visvam yena samsarate puman De acordo com grandes sbios, aquilo que a base dos trs modos da natureza material e que manifesta os variados universos chamado o sutra ou o mahat-tattva. Este universo, inclusive, repousa dentro desse mahat-tattva, e, devido sua potncia, a entidade viva prova a existncia material. SB 11.9.20

- 20 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

A distribuio penetrante da alma no corpo (continuando a ser diminuta) no , portanto, contrria sua natureza eterna apresentada no verso anterior. Ento, a palavra avyayasya usada neste verso tambm. Essa palavra se refere alma como sendo eterna, ou nitya. Como diz o sruti: nityo nityanam cetanas cetananam eko bahunam yo vidadhati Kaman Ele o lder eterno entre os eternos (as almas). Ele a entidade consciente lder entre todas as entidades conscientes. Aquele que sanciona as necessidades de todos os outros. Svetasvatara Upanisad 6.13 Ou o significado do verso pode ser como se segue. O corpo, a jiva e o Paramatma so todos vistos em toda a parte em todas as formas, como as humanas e animais. Os dois primeiros, o corpo e a jiva, so mencionados no verso anterior. O terceiro, Paramatma, mencionado neste verso. Ele indestrutvel e Se espalha por toda a parte do universo (idam). A palavra tu serve para distinguir o Paramatma do corpo e da jiva. O Paramatma por natureza diferente da matria e da jiva. Verso 18 O corpo material da entidade viva indestrutvel, imensurvel e eterna decerto chegar ao fim; portanto, luta, descendente de Bharata. Este verso tambm elucida o verso 16. O possuidor do corpo (saririnah), a jiva, est alm do poder de medio, ou difcil de entender, porque demasiadamente pequena (aprameyasya). Portanto voc deve lutar significa que voc que, como prescrevem as escrituras, voc no deve abandonar o seu dharma. Verso 19 Nem aquele que pensa que a entidade viva o matador nem aquele que pensa que ela morta esto em conhecimento, pois o eu no mata nem morto. amigo Arjuna! Voc, tambm uma alma, no nem o matador nem o objeto matado. Isso expresso neste verso. Aquele que pensa que a jiva (enam) o matador, que Arjuna o matador de Bhisma e outros, e aquele que pensa que a jiva morta, que Arjuna morto por Bhisma, so ambos ignorantes. Assim, qual seu medo de infmia das palavras provenientes de pessoas ignorantes que dizem que Arjuna matou o seu guru?. Verso 20 Para a alma, em tempo algum existe nascimento ou morte. Ela no passou a existir, no passa a existir e nem passar a existir. Ela no nascida, eterna, sempre-existente e primordial. Ela no morre quando o corpo morre. A natureza eterna da alma claramente provada aqui. A primeira linha nega a possibilidade de nascimento e morte para a jiva no momento presente. A segunda linha nega nascimento ou morte no passado e no futuro. Por conseguinte, ela no-nascida (aja): no passado, no presente e no futuro. Por no ter nascimento, ela no tem noexistncia prvia (prag-abhava). Ela existe em todos os tempos (sasvatah), significando que, em nenhum momento do passado, do presente ou futuro, ela pode ser destruda (dhvamsa). Ela , portanto, eterna (nityah). Mas, como a alma existe h muito tempo, ela pode envelhecer. No, embora seja velha (pura), como se fosse nova (na para nava, nova), por ser livre dos seis estados de transformao. Com a morte do corpo, ela no ir morrer junto com ele?. Ela no morre quando o corpo morre. Porque ela no tem relao com o corpo, a alma no subserviente. Verso 21 Partha, como uma pessoa que sabe que a alma indestrutvel, eterna, no-nascida e imutvel pode matar algum ou fazer com que outrem mate? Com este conhecimento, nem voc que est lutando nem Eu que estou lanando argumentos para voc lutar podemos cometer alguma falha. Aqui, a palavra nityam usada como um advrbio: Aquele que sabe constantemente que a alma indestrutvel, no-nascida, eterna....

- 21 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

As palavras descrevendo a alma so usadas para negar as objees de Arjuna sobre destruio. A quem Eu (sa purusah), o Senhor, motivo a ser morto (aconselhando-o a lutar)? E como Eu motivo algum a ser morto? E a quem voc mata? E como voc mata?. Verso 22 Assim como algum veste roupas novas, abandonando as antigas, a alma aceita novos corpos materiais, abandonando os velhos e inteis. Mas pelo meu lutar, a jiva abandonar o corpo conhecido como Bhisma. Ento, Voc e eu seremos a causa disto. O que h de errado em uma pessoa abandonar roupas velhas e vestir novas? De forma similar, Bhisma ir abandonar um corpo velho e obter um corpo novo e divino. Que erro pode ser apontando em Mim ou em voc? Verso 23 A alma nunca pode ser despedaada por arma alguma, tampouco pode ser queimada pelo fogo, umedecida pela gua ou enxugada pelo vento. Tambm, no possvel ferir de forma alguma a alma com as armas que voc usa na batalha. Isso explicado neste verso. Armas como espadas no podem cort-la. Armas de fogo no podem queim-la. A arma de chuva no pode molh-la, nem a arma de vento pode sec-la. Versos 24 e 25 Essa alma individual inquebrantvel e indissolvel, e no pode ser queimada nem seca. Ela permanente, est presente em toda parte, imutvel, imvel e eternamente a mesma. Diz-se que a alma invisvel, inconcebvel e imutvel. Sabendo disto, no te deves afligir por causa do corpo. O atma descrito desta maneira (pegando a descrio do verso anterior): ela no poder ser cortada, queimada, seca ou umedecida. A repetio da palavra significando a natureza eterna da alma nesta seo (como o uso das palavras nitya e sanatanah neste verso, e afirmaes de versos anteriores) com o propsito de precisar a definio de alma para aqueles de intelecto confuso, assim como se pode repetir vrias vezes para se ter certeza de que todos entendam: Este dharma de Kali-yuga, este o dharma de Kali-yuga. Sarva gatah (em toda a parte) significa que a alma passa por todos os tipos de corpos, como humanos, animais e de devas atravs de seu karma. Sthanu e acala tm o mesmo significado: tendo estabilidade; e sua repetio tem por fim tornar o significado claro. Porque ela muito sutil, chamada avyakta. Porque penetra todo o corpo com a conscincia, chamada acintya, inconcebvel. Sendo destituda das seis mudanas, como o nascimento, chamada de avikarya. Verso 26 Se, no entanto, pensas que a alma sempre nasce e morre para sempre, mesmo assim, no tens razo para lamentar, pessoa de braos poderosos. Eu apresentei a voc a verdade conclusiva de acordo com as escrituras. Agora irei lhe apresentar a verdade de acordo com a viso material. Por favor, entenda isto. Ele, ento, diz este verso. Se voc acha que a alma sempre nascida (nitya-jatam) quando o corpo nasce, e sempre morre (nityam mrtam) com a morte do corpo, voc no deveria se lamentar por ela. Arjuna de braos poderosos, sendo um ksatriya valente, esta guerra o seu dharma. Como o Srimad-Bhagavatam afirma: ksatriyanam ayam dharmah prajapati-vinirmitah bhratapi bhrataram hanyad yena ghoratamas tatah O cdigo dos deveres sagrados dos guerreiros estabelecido pelo Senhor Brahma dita que talvez se tenha de matar at mesmo o seu prprio irmo. Est , certamente, a mais terrvel das leis. SB 10.54.40

- 22 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Verso 27 Algum que nasceu com certeza morrer, e, aps a morte, ele voltar a nascer. Portanto, no inevitvel cumprimento do dever, no deves te lamentar. Uma vez que (hi) a morte certa (dhruvah) com o esgotamento dos karmas destinados a esta vida, e o nascimento tambm certo devido s aes feitas por aquele corpo que acaba de morrer uma vez que tanto a morte quanto o nascimento so inevitveis , no se lamente. Verso 28 Todos os seres criados so imanifestos no seu comeo, manifestos no seu estado intermedirio, e de novo imanifestos quando aniquilados. Ento, qual a necessidade de lamentao? Para a alma no h nascimento ou morte (verso 20). Para o corpo, nascimento e morte so certos (verso 27). Ento, os motivos para lamentao foram eliminados. Neste verso, ambas as causas so eliminadas de uma nica vez. Devas, humanos e animais no so visveis antes de seus nascimentos. Todavia, seus corpos sutis e grosseiros existem invisivelmente de forma potencial a partir da existncia dos ingredientes causais, como a terra. Eles se tornam visveis no perodo intermedirio, e invisveis aps a morte. Mesmo no perodo do mahapralaya, esses corpos existem em uma forma sutil atravs da continuada existncia em formas sutis de karmas e de outros elementos. Deste modo, todos os corpos das entidades vivas so invisveis antes do nascimento e aps a morte, e so visveis no intervalo. Isso estabelecido no Srimad-Bhagavatam pelos Vedas personificados: sthira-cara-jatayah syur ajayottha-nimitta- vujah eternamente liberado, Senhor transcendental, Sua energia material faz com que as vrias espcies mveis e inertes de vida apaream ativando seus desejos materiais, mas somente quando e se Voc olha brincando para ela de relance. SB 10.87.29 Que razo h para lamentao (paridevana)? Como Narada diz: yan manyase dhruvam lokam adhruvam va na cobhayam sarvatha na hi socyas te snehad anyatra mohajat rei, em todas as circunstncias, quer voc considere a alma como sendo um princpio eterno, ou o corpo material como sendo perecvel, ou tudo como existindo na Verdade Absoluta impessoal, ou tudo como uma inexplicvel combinao entre matria e esprito, sentimentos de separao so devidos unicamente afeio ilusria e nada mais. SB 1.13.44 Verso 29 Alguns consideram a alma espantosa, outros descrevem-na como espantosa, e alguns ouvem dizer que ela espantosa, enquanto outros, mesmo aps ouvirem sobre ela, no podem absolutamente compreend-la. Que coisa surpreendente Voc est descrevendo! E isto mais surpreendente: Embora eu esteja sendo instrudo por Voc, minha falta de discernimento continua. Sim, o atma realmente surpreendente. O Senhor ento diz este verso. A palavra enam neste verso significa tanto a alma quanto o corpo, a combinao de ambos, o mundo inteiro. Verso 30 descendente de Bharata, aquele que mora no corpo nunca pode ser morto. Portanto, no precisas afligir-te por nenhum ser vivo. Ento fale claramente. O que eu devo fazer e o que no devo fazer?. No se lamente, lute. Em dois versos, Krsna explica isso. Verso 31 Considerando teu dever especfico de ksatriya, deves saber que no h melhor ocupao para ti do que lutar conforme determinam os princpios religiosos; e assim no h necessidade de hesitao.

- 23 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Porque a alma no pode ser destruda, voc no deve temer matar. E considerando o ponto de vista de seus deveres em particular (uma vez que no h nada melhor do que lutar pelo dharma), voc no deve temer. Essa a relao dos dois versos. Verso 32 Partha, felizes so os ksatriyas a quem aparece essa oportunidade de lutar, abrindo-lhes as portas dos planetas celestiais. Alm disso, at mesmo mais do que os vitoriosos, aqueles que morrem em uma batalha justa obtm felicidade. Matando Bhisma e outros, voc os faz felizes. Mesmo sem executar karma-yoga, pode-se alcanar svarga atravs da batalha, sem obstruo alguma (apavrtam). Verso 33 Se, contudo, no executares teu dever religioso e no lutares, ento na certa incorrers em pecado por negligenciar teus deveres e assim perders tua reputao de lutador. Por quatro versos, Ele descreve a falha que h em fazer o oposto. Verso 34 As pessoas sempre falaro de tua infmia e, para algum respeitvel, a desonra pior do que a morte. Avyayam significa continuamente. Sambhavitasya significa de posio elevada. Verso 35 Os grandes generais que tm na mais alta estima o teu nome e fama pensaro que deixaste o campo de batalha simplesmente porque estavas com medo, e portanto te consideraro insignificante. Aqueles que tm elevado respeito por voc como guerreiro, mesmo como um inimigo, no mais iro respeit-lo caso abandone a batalha. Os maharathas, como Duryodhana, vo achar que voc fugiu do campo de batalha com medo. Eles no pensaro em nenhuma outra razo para um ksatriya deixar o campo de batalha seno o medo. Fortes laos de amizade no sero considerados. Verso 36 Teus inimigos te descrevero com muitas palavras indelicadas e desdenharo tua habilidade. Que poderia ser mais doloroso para ti? Eles falaro de voc com termos depreciativos, como covarde. Verso 37 filho de Kunti, ou sers morto no campo de batalha e alcanars os planetas celestiais, ou conquistars e gozars o reino terrestre. Portanto, levanta-te com determinao e lute. Nesta batalha, minha vitria sequer certa. Portanto, porque Voc encoraja esta guerra?. Krsna responde neste verso. Verso 38 Lute pelo simples fato de lutar, sem levar em considerao felicidade ou aflio, perda ou ganho, vitria ou derrota e adotando este procedimento nunca incorrers em pecado. De toda a forma, o seu lutar um ato dhrmico. Se voc temer a luta, isso produzir pecado; mas j lhe mostrei que a luta no trar pecado. Portanto, lute.

- 24 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Sendo equnime em felicidade e aflio, que so estados causados por obteno e perda, como a obteno e perda de um reino, que, por sua vez, tem por causa a vitria ou derrota na guerra, entendendo que ambos os resultados so iguais para uma mente de critrio, e equipado com este conhecimento,voc no incorrer em nenhum tipo de pecado. Isto ser estabelecido mais adiante. lipyate na sa papena padma-patram ivambhasa No se tocado por pecado, assim como a folha de ltus no tocada pela gua. Bhagavad-gita 5.10 Verso 39 At aqui, descrevi-te este conhecimento atravs do estudo analtico. Agora ouve enquanto eu o explico em termos do trabalho sem resultados fruitivos. filho de Prtha, quando ages com esse conhecimento, podes libertar-te do cativeiro decorrente das aes. Neste verso, Krsna conclui a jnana-yoga que acabou de ensinar. Sankhya significa aquilo pelo qual o verdadeiro conhecimento das coisas (vastu-tattvam) perfeitamente (samak) revelado (khyayate). Em outras palavras, sankhya significa um processo perfeito de conhecimento. A inteligncia (esa) resultante desse processo foi explicada. Agora, oua sobre a inteligncia resultante da bhakti-yoga (yoge), que ser explicada agora. Equipado com esta inteligncia que absorta no tema da bhakti-yoga, voc abandonar o samsara (karma-bandham). Verso 40 Neste esforo, no h perda nem diminuio, e um pequeno progresso neste caminho pode proteger a pessoa do mais perigoso tipo de medo. H dois tipos de yoga explicados nesta seo do captulo: na forma de bhakti, incluindo ouvir, cantar e outras atividades similares; e na forma de atividades oferecidas ao Senhor sem desejo pessoal (niskama-karma-yoga), que expresso comeando com o verso karmany evadhikaras te (Bg. 2.47). Antes disso, todavia, bhakti discutida. Porque unicamente bhakti, e nenhum outro processo, est acima dos trs modos, uma pessoa transcende os modos apenas por executar bhakti-yoga. Portanto, a afirmao nistrai-gunyo bhava para Arjuna (Bg. 2.45) indica que esta seo sobre bhakti. A natureza nirguna de bhakti tambm bem defendida pelas afirmaes do Dcimo Primeiro Canto do SrimadBhagavatam. Jnana e karma no podem ser tidos como nistrai-gunya por causa da presena de sattva em jnana, e de rajas em karma. E a bhakti encontrada em karma-yoga na forma de oferenda ao Senhor est ali apenas para livrar o karma de sua inutilidade e de seus frutos materiais. Esse processo de karma-yoga no tem a designao de bhakti propriamente porque a predominncia de bhakti no existe nele. Se considera-se o karma oferecido ao Senhor como sendo bhakti, ento a que a designao karma se referiria? Se algum diz que isso se refere ao karma no oferecido ao Senhor, isso no possvel, pois Narada diz: naiskarmyam apy acyuta-bhava-varjitam na sobhate jnanam alam niranjanam kutah punah sasvad abhadram isvare na carpitam karma yad apy akaranam Conhecimento da auto-realizao, muito embora livre de toda a afinidade material, no tem boa aparncia se desprovido de uma concepo do Infalvel [Deus]. Qual , ento, a utilidade das atividades fruitivas, que so naturalmente dolorosas desde o comeo e transitrias por natureza, se no so utilizadas no servio devocional ao Senhor?. SB 1.5.12 Esta afirmao indica que karma destitudo do Senhor completamente intil. Portanto, neste verso e nos versos at o 45, bhakti, caracterizada apenas por ouvir, cantar e outros atos devocionais, praticada apenas para se alcanar a doura dos ps de ltus do Senhor, est sendo definida. claro que niskama-karma-yoga tambm ser definida. Ambas so indicadas pela palavra buddhi-yoga mencionada no verso 39. Na sentena dadami buddhi yogam tam yena mam upayanti te (Bg. 10.10), a palavra buddhiyoga indica bhakti-yoga. Na sentena durena hy avaram karma buddhi yogad dhananjaya (Bg. 2.49), a palavra buddhiyoga indica niskama-karma-yoga. Assim, este verso uma glorificao ao processo de bhakti de ouvir e cantar, que est acima dos modos da natureza. Em bhakti-yoga, no h destruio (nasah), e tambm no se incorre em pecado (pratyavaya) se a prtica acabou de ser iniciada (abhikrama) e ento interrompida. Se karma-yoga, todavia, iniciada e ento interrompida, h tanto a destruio dos frutos da karma-yoga quanto reao pecaminosa. Mas, ento, pela no-prtica da bhakti que ele supostamente deve praticar, o aspirante a praticante tambm no deve obter resultado algum.

- 25 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Qualquer pequena bhakti que estava l no comeo da prtica (sv-alpam apy asya dharmasya) certamente ir liber-lo do condicionamento do samsara (mahato bhayat). Isso compreendido a partir de versos como os seguintes: yan-nama sakrcchravanat pukkaso 'pi vimucyate sarhsarad Meramente por ouvir o santo nome de Vossa Senhoria uma nica vez, mesmo os candalas, homens da classe mais baixa, tornam-se livres de toda a contaminao material. SB 6.16.44 E isso tambm visto no exemplo de Ajamila e outros. Pode-se ver que a seguinte declarao feita pelo Senhor tem o mesmo significado: hy angopakrame dhvamso mad-dharmasyoddhavanv api maya vyavasitah samyan nirgunatvad anasisah Meu querido Uddhava, porque Eu pessoalmente o estabeleci, este processo do servio devocional a Mim transcendental e livre de qualquer motivao material. Um devoto certamente jamais sofre sequer a menor perda por adotar este processo. SB 11.29.20 No verso do Srimad-Bhagavatam citado acima, Krsna tambm mostra a causa da indestrutibilidade de bhakti. Estando acima dos gunas, ela jamais pode ser destruda. Essa idia pode ser vista mesmo no verso em questo. No se pode dizer, todavia, que niskama-karma-yoga, mesmo sendo um processo oferecido pelo Senhor, est alm dos modos materiais, pois se declara: mad-arpanam nisphalam va sattvikam nija-karma tat Trabalho executado como uma oferenda a Mim, sem considerao pelo fruto, considerado como estando no modo da bondade. SB 11.25.23 Este verso indica que niskama-karma-yoga, mesmo sendo um processo oferecido pelo Senhor, est no modo material de sattva (e, portanto, sujeito destruio). Verso 41 Aqueles que esto neste caminho so resolutos, e tm apenas um objetivo. amado filho dos Kurus, a inteligncia daqueles que so irresolutos tem muitas ramificaes. Ademais, dentre todos os tipos de inteligncias, aquela inteligncia concentrada em bhakti-yoga a melhor. Inteligncia resoluta fixa em bhakti-yoga apenas uma. O significado disto ilustrado como se segue. Meu sadhana servir os ps de ltus do Senhor, lembrar e glorific-lO como me foi instrudo por meu guru. Isso tambm minha meta (sadhya). Isso se trata do remdio que mantm minha vida; no posso, portanto, abandonar sadhana e sadhya. Este o meu objeto mais desejado, meu dever, e nada mais meu dever; nada mais desejado, sequer em sonhos. Talvez haja felicidade ou aflio. O samsara talvez seja destrudo, ou talvez no seja. No h perda para mim. Deixemos que haja apenas inteligncia resoluta e fixa em bhakti pura. dito: tato bhajeta mam bhaktya sraddhalur drdha-niscayah Meu devoto deve permanecer feliz e Me adorar com grande f e convico. SB 11.20.28 A inteligncia de outros, todavia, no eka. Devido aos ilimitados desejos a serem satisfeitos em karma-yoga, tais intelectos so ilimitados (anantah) ao invs de serem focados em um nico ponto. Os intelectos tm ramificaes infinitas por causa da infinidade de aes em seus praticantes. Em jnana-yoga, a fim de purificar a mente, fixa-se a mente primeiramente em niskama-karma. Quando a mente est purificada, a inteligncia passa ento a abandonar a ao. Isso se chama karma-sannyasa. Em seguida, a inteligncia se concentra em jnana, conhecimento. A inteligncia, nesse momento, tambm se concentra em bhakti, para que jnana no se torne destituda de resultados. A inteligncia ento se concentra em abandonar jnana, como afirma o Senhor, jnanam ca mayi sannyaset, deve-se abandonar tal conhecimento para obter-Me. SB 11.19.1 Deste modo, dito que as inteligncias, concentrao em diferentes objetos, so infinitas ou muitas. E os ramos dos sadhanas respectivos tambm so infinitos, uma vez que karma, jnana e bhakti devem ser todos executados. Versos 42 e 43 Os homens de pouco conhecimento esto muitssimo apegados s palavras floridas dos Vedas, que recomendam vrias atividades fruitivas queles que desejam elevar-se aos planetas celestiais, com o consequente bom

- 26 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

nascimento, poder e assim por diante. Por estarem vidos por gozo dos sentidos e vida opulenta, eles dizem que isto tudo o que existe.(verso 42)

Este verso fala das pessoas de inteligncia irresoluta, envolvidas com sakama-karma, que tm uma habilidade mental abaixo da mdia. Eles falam de forma excelente (pra-vadanti) prazerosas palavras dos Vedas, que so como uma planta venenosa a brotar. Como a conscincia deles foi iludida por aquelas palavras, eles no so dotados de inteligncia fixa, (tayapahrta-cetasam vyavasayatmika buddhih samadhau na vidhiyate). A declarao continua no verso 44. Em funo da impossibilidade deles aceitarem, nem sequer se ensina outra coisa a eles. Eles adotam esse tipo de discurso porque so tolos (avipascitah), porque eles interpretam as palavras dos Vedas (veda-vada-ratah), como as seguintes: aksayyam ha vai caturmasya-yajinah sukrtam bhavati Aquele que executou adorao por meio de votos de caturmasya obtm crditos piedosos que nunca so esgotados. Apastambha Srauta Sutra, Krsna Yajur Veda 8.1.1 apama somam amrta abhuma Tomamos soma e nos tornamos imortais. Rg Veda 8.48.3 Eles dizem que no h outro Deus alm disso (na-anyat asti).(verso 43)

Que tipo de palavras eles dizem? Eles dizem palavras sobre diversificados rituais que do vrios resultados em termos de poder e desfrute, palavras que do bons resultados em termos de nascimento. Verso 44 Nas mentes daqueles que esto muito apegados ao gozo dos sentidos e opulncia material, e que se deixam confundir por estas coisas, no ocorre a determinao resoluta de prestar servio devocional ao Senhor Supremo. Aqueles cujas mentes esto atradas pelas palavras floridas, que esto atrados por poder e desfrute, no tm a inteligncia determinada e firmemente fixa em um ponto (samadhau) no Senhor Supremo unicamente. A flexo do verbo na vidhiyate reflexiva passiva (karma-kartari), significando, neste caso, no se obtm. Este comentrio de Sridhara Svami. Verso 45 Os Vedas tratam principalmente do tema trs modos da natureza material. Arjuna, torne-te transcendental a esses trs modos. Liberta-te de todas as dualidades e de todos os anseios advindos da busca de ganho e segurana e estabelece-te no eu. Abandone todos os sadhanas de dharma, artha, kama e moksa e simplesmente se refugie em bhakti-yoga. Os Vedas tm habilidade apenas para revelar karma e jnana e outros tpicos dos trs modos (trai-gunya-visaya) para gratificao pessoal. O sufixo ya em traigunya visaya aqui denota interesse prprio. Essa afirmao obviamente significa que a maior parte dos textos lida com assuntos materiais. No entanto, os srutis dizem: bhaktir evainam nayati Apenas bhakti conduz ao Senhor. Mathara Sruti yasya deve para bhaktir yatha deve tatha gurau Deve-se ter tanta devoo pelo guru quanto se tem pelo Senhor Svetasvatara Upanisad 6.23 Tambm o pancaratra e as escrituras smrtis, e outros srutis como o Gita Upanisad e o Gopala-tapani Upanisad fazem de nirguna bhakti tema de discusso. Se os Vedas no falassem de bhakti em momento algum, ento bhakti no poderia ser substanciada. No se envolva com aquelas declaraes dos Vedas que lidam com jnana e karma afetados pelos trs gunas (nistrai-gunyo bhava). Seno que voc deveria sempre seguir as declaraes vdicas que lidam com bhakti. Seguindo essas injunes, voc est livre de falha. sruti-smrti-puranadi-pancaratra-vidhim vina aikantiki harer bhaktir utpatayaiva kalpyate

- 27 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Sem seguir as regras de sruti, smrti, puranas e pancaratra, a bhakti pura ao Senhor cria calamidades. Bhakti Rasamrta Sindhu 1.2.101, citao do Brahma-yamala. Assim, deve-se entender que os Vedas lidam tanto com tpicos materiais quanto com espirituais, tpicos envolvendo os trs gunas e tpicos alm dos gunas. Mas voc deve ser desprovido de gunas (nistrai-gunyo bhava). Seguindo o caminho de nirguna bhakti oferecido por Mim, rejeite os caminhos que lidam com os trs gunas. Ento, tal pessoa ser livre das dualidades (nirdvandah) dentro dos gunas, como respeito e desrespeito, e permanecer com as entidades vivas eternas (nitya-sattva), Meus devotos. Se algum estava por dizer que nitya-sattvasthah significa estar situado em sattva guna, isso seria contraditrio com a afirmao nistrai-gunya-bhava. Voc ficar livre do desejo de adquirir o que lhe falta (yoga) e de proteger o que voc obteve (ksema), devido ao seu gosto por Minha bhakti-rasa. Isto porque Eu, motivado por afeio por Meus devotos, carrego a responsabilidade: yoga ksemam vahamy aham (Bg. 9.22). Voc ficar fixo na inteligncia (buddhi yukta) dada por Mim (atmavan). Deve-se considerar o significado de nistrai-gunya e trai-gunya. dito no Dcimo Primeiro Canto do SrimadBhagavatam: mad-arpanam nisphalam va sattvikam nija-karma yat rajasam phala-sankalpam himsa-prayadi tamasam Trabalho executado como uma oferenda a Mim, sem considerao pelo fruto, considerado como estando no modo da bondade. Trabalho executado com desejo de desfrutar o resultado no modo da paixo. E trabalho impelido por violncia e inveja est no modo da ignorncia. SB 11.25.23 Nesta declarao, nisphalam va significa ocasionalmente destitudo de desejo pelos resultados da execuo de deveres. kaivalyam sattvikam jnanam rajo vaikalpikam ca yat prakrtam tamasam jnanam man-nistham nirgunam smrtam Conhecimento absoluto est no modo da bondade, conhecimento baseado em dualidade est no modo da paixo, e conhecimento tolo e materialista est no modo da ignorncia. Conhecimento baseado em Mim, todavia, entendido como transcendental. SB 11.25.24 vanam tu sattviko vaso gramo rajasa ucyate tamasam dyuta-sadanam man-niketam tu nirgunam A residncia na floresta est no modo da bondade, a residncia na cidade est no modo da paixo, a residncia em uma casa de jogos exibe a qualidade da ignorncia, e a residncia em um lugar onde Eu resido transcendental. SB 11.25.25 sattvikah karako 'sangi ragandho rajasah smrtah tamasah smrti-vibhrasto nirguno mad-apasrayah Um trabalhador livre de apego est no modo da bondade; um trabalhador cego por desejos pessoais est no modo da paixo, e um trabalhador que se esqueceu completamente como distinguir o certo do errado est no modo da ignorncia. Mas entende-se que um trabalhador que tomou abrigo em Mim transcendental aos modos da natureza. SB 11.25.26 sattvikyadhyatmiki sraddha karma-sraddha tu rajasi tamasy adharme ya sraddha mat-sevayam tu nirguna A f direcionada vida espiritual est no modo da bondade, a f enraizada em trabalho fruitivo est no modo da paixo, a f que reside em atividades irreligiosas est no modo da ignorncia, mas a f em Meu servio devocional puramente transcendental. SB 11.25.27 pathyam putam anayastam aharyam sattvikam smrtam rajasam cendriya-prestham tamasam carti-dasuci Comida que integral, pura e obtida sem dificuldade est no modo da bondade, comida que d prazer imediato aos sentidos est no modo da paixo, e comida que no limpa e que causa aflio est no modo da ignorncia. SB 11.25.28 sattvikam sukham atmottham visayottham tu rajasam tamasam moha-dainyottham nirgunam mad-apasrayam A felicidade derivada do eu est no modo da bondade, a felicidade baseada na gratificao sensorial est no modo da paixo, e a felicidade baseada em iluso e degradao est no modo da ignorncia. Mas a felicidade encontrada dentro de Mim transcendental. SB 11.25.29

- 28 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Os ltimos versos, aps apresentarem os objetos dos trs modos da natureza, explicam a conquista dos trs modos situados, de certa forma, dentro de si mesmo atravs do processo de nirguna bhakti, para que se alcance a completa transcendncia dos modos. dravyam desas tatha kalo jnanam karma ca karakah sraddhavastha-krtir nistha traigunyah sarva eva hi Por conseguinte, substncia material, localidade, resultado de atividade, tempo, conhecimento, trabalho, o executor de trabalho, f, estado de conscincia, espcie de vida e destino aps a morte so todos baseados nos trs modos da natureza material. SB 11.25.30 sarve gunamaya bhavah purusavyakta-dhisthitah drstam srutam anudhyatam buddhya va purusarsabha melhor dos seres humanos, todos os estados de existncia material so relativos interao da alma desfrutadora com a natureza material. Seja visto, ouvido ou concebido apenas na mente, eles so todos, sem exceo, constitudos dos modos da natureza. SB. 11.25.31 etah samsrtayah pumso guna-karma-nibandhanah yeneme nirjitah saumya gunajivena cittajah bhakti-yogena man-nistho mad-bhavaya prapadyate gentil Uddhava, todas essas diferentes fases da vida condicionada manifestam-se do trabalho nascido dos modos da natureza material. A entidade viva que conquista esses modos manifestados a partir da mente , atravs do processo do servio devocional, pode dedicar-se a Mim e ento obter amor puro por Mim. SB 11.25.32 Apenas pelo processo de bhakti, portanto, podem-se transpor os trs modos. No h outra maneira. Posteriormente, em resposta pergunta Como se podem superar os trs modos da natureza?, o Senhor diz: mam ca yo 'vyabhicarena bhakti-yogena sevate, sa gunan samatityaitan brahma-bhuyaya kalpate Aquele que se ocupa em servio devocional pleno, e no falha em circunstncia alguma, transcende de imediato os trs modos da natureza e chega ento ao nvel de Brahman. Bg. 14.26 Sridhara Svami explica este verso citado da seguinte maneira: a palavra ca indica exclusividade. Aquele que serve unicamente a Mim, o Senhor Supremo, atravs de indesvivel bhakti-yoga, supera os gunas. Verso 46 Todos os propsitos satisfeitos por um poo pequeno podem imediatamente ser satisfeitos por um grande reservatrio de gua. De modo semelhante, pode servir-se de todos os propsitos dos Vedas quem conhece o seu propsito subjacente. A glria da bhakti-yoga, sendo niskama e nirguna, tamanha que tal glria entendida como sem perda ou pecado, mesmo se o processo iniciado e descontinuado. Que mesmo um pouco da execuo de bhakti faz de seu executor bem-sucedido afirmado por Uddhava no Dcimo Primeiro Canto. na hy angopakrame dhvamso mad-dharmasyoddhavanv api maya vyavasitah samyan nirgunatvad anasisah Meu querido Uddhava, porque Eu pessoalmente o estabeleci, este processo de servio devocional a Mim transcendental e livre de qualquer motivao material. Um devoto certamente nunca sofre sequer a menor perda por adotar este processo. SB 11.29.20 Todavia, mesmo bhakti com desejos materiais (sakama-bhakti) conhecida pelo termo vyavasayatmika buddhi. Isso expresso atravs de um exemplo. O caso em particular usado para indicar uma classe inteira de poos. Qualquer propsito satisfeito pelos poos o significado de yavan artha udapane. Alguns poos so usados para limpar o corpo aps se fazer as necessidades. Alguns outros so usados para escovar os dentes. Outros so usados para lavar roupas. Outros so usados para lavar o cabelo. Outros so usados para banho. Outros so usados para beber gua. Todos os propsitos de todos os diferentes poos so supridos por um grande corpo dgua, como um lago. Nesse nico lago, podem-se fazer todas as atividades, como banhar o corpo. E por usar diferentes poos para diferentes propsitos, a pessoa cansa de caminhar de um lado para o outro. Isso no acontece no caso de se usar o lago. A qualidade peculiar da gua do lago, todavia, seu sabor doce, enquanto que a gua do poo no saborosa. Portanto, todos os propsitos satisfeitos por se adorar todos os devatas mencionados em todos os Vedas so obtidos pela adorao ao nico Senhor Supremo, adorao esta feita pela pessoa em conhecimento, pela pessoa que

- 29 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

conhece os Vedas (brahmanasya). Aquele que conhece o Veda, brahma, chamado brahmana. Aquele que conhece os Vedas conhece o ponto mais importante dos Vedas, bhakti. Como dito no Segundo Canto do Srimad-Bhagavatam: brahma-varcasa-kamas tu yajeta brahmanah patim indram indriya-kamas tu praja-kamah prajapatim Aquele que deseja se absorver na refulgncia brahmjyoti impessoal deve adorar o mestre dos Vedas, aquele que deseja poderoso vigor sexual deve adorar o rei celestial Indra, e aquele que deseja boa prognie deve adorar os grandes progenitores chamados Pratajapatis. SB 2.3.3 Mas, em seguida, dito: akamah sarva-kamo va moksa-kama udara-dhih tivrena bhakti-yogena yajeta purusam param Uma pessoa de inteligncia aguada quer repleta de todos os desejos materiais, quer sem nenhum desejo material, quer desejosa da liberao deve, por todas as razes, adorar o completo supremo, a Personalidade de Deus. SB 2.3.10 Da mesma forma que o nascer do Sol, no misturado a nuvens e outras obstrues, intenso; bhakti-yoga, no misturada a jnana, karma ou outros poluentes, intensa (tivrena bhakti-yogena). Obtm-se a satisfao de muitos desejos atravs da adorao a vrios devatas. Isso requer muitos tipos de concentrao mental. Mas todos esses desejos podem ser obtidos a partir do Senhor nico e supremo. Deve-se entender que esta concentrao em uma personalidade e a obteno de vrios objetivos nasce da natureza espiritual do objeto de concentrao. Verso 47 Tens o direito de executar teu dever prescrito, mas no podes exigir os frutos da ao. Jamais te consideres a causa dos resultados de tuas atividades, e jamais te apegue ao no-cumprimento do teu dever. O Senhor queria falar sobre os processos de jnana, bhakti e karma-yoga para Arjuna, que era Seu amigo querido. Tendo falado de jnana e bhakti-yoga, o Senhor considerou que esses dois no eram adequados para Arjuna. Ele, ento, falou de niskama-karma-yoga. Voc qualificado para trabalhos. Mas aqueles que ambicionam os resultados so muito impuros de conscincia. Mas voc tem um corao quase puro. Eu posso dizer isso sobre voc, pois Eu o conheo. Mas, por agir, algum resultado tem de vir. Agindo desejando certo resultado, voc se torna a causa daquele resultado. Mas voc no deve agir dessa maneira. Eu lhe dou essa beno. E no se torne atrado pela no execuo do seu dever, ou em fazer pecado (akarmani); ao contrrio, voc deve odiar fazer isso. Eu lhe dou essa beno tambm. Todavia, no prximo captulo, Arjuna diz: Minha inteligncia est confusa por essas palavras equvocas. Essa aparente falta de comunho entre os dois em relao s afirmaes anteriores e posteriores deve ser entendida como intencional, tendo um propsito: Assim como Eu fico de prontido como seu quadrigrio aguardando sua ordem, voc tambm deve esperar Minha ordem. Deve-se ver que Krsna e Arjuna estavam mentalmente de acordo. Verso 48 Desempenhe teu dever com equilbrio, Arjuna, abandonando todo o apego a sucesso ou fracasso. Tal equanimidade chama-se yoga. Com este verso, Krsna comea a ensinar o tpico niskama-karma. Agindo desta maneira, vendo vitria e derrota como iguais, Arjuna, voc deve executar seu dever de lutar. Essa execuo de niskama-karma-yoga se transforma em jnana-yoga. Jnana-yoga deve ser compreendida a partir do verso anterior a este e do seguinte. Verso 49 Dhanajaya, atravs do servio devocional, mantm todas as atividades abominveis bem distantes, e, com essa conscincia, rende-te ao Senhor. Aqueles que querem gozar o fruto de seu trabalho so mesquinhos. Krsna critica aqui o karma feito com desejos materiais. As aes feitas com desejo material (avaram karma) so muito inferiores a niskama-karma-yoga oferecida pelo Senhor Supremo (buddhi-yogat). Refugie-se em niskama-karmayoga (buddhau). Neste verso, buddhi-yoga se refere, no a bhakti-yoga, mas a niskama-karma-yoga.

- 30 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Verso 50 Um homem ocupado em servio devocional livra-se tanto das boas quanto das ms aes, mesmo nesta vida. Portanto, empenha-te na yoga, que a arte de todo o trabalho. Portanto, empenhe-se na yoga como descrita aqui (yogaya yujyasva). Entre todas as aes feitas com ou sem desejo (karmasu), a ao executada com indiferena ao resultado (yogah) uma mestria (kausalam). Verso 51 Ocupando-se nesse servio devocional ao Senhor, grandes sbios ou devotos livram-se dos resultados do trabalho no mundo material. Desse modo, eles transcendem o ciclo de nascimentos e mortes e passam a viver alm de todas as misrias. No apresentado significado a este verso. Verso 52 Quando tua inteligncia tiver cruzado a densa floresta da iluso, tornar-te-s indiferente a tudo o que se ouviu e a tudo o que se h de ouvir. Em funo da execuo da niskama-karma-yoga oferecida pelo Senhor Supremo, voc desenvolver essa neutralidade (yoga). Quando sua inteligncia tiver superado particular (vi) e completamente (ati) a densido da iluso; nesse momento, voc se tornar indiferente a todos os tpicos que voc por ventura ouvir, e queles que voc j ouviu. Se eliminarei tudo o que foi ensinado e tudo o que ser ensinado, ento qual a utilidade de eu ouvir as instrues das escrituras agora?. Por essas instrues, voc considerar que, no presente, essas prticas precisam definitivamente ser feitas repetidamente e a todo o momento. Verso 53 Quando tua mente deixar de perturbar-se pela linguagem florida dos Vedas, e quando se fixar no transe da autorealizao, ento ters atingido a conscincia divina. Nesse momento, voc se desapegar de ouvir sobre toda essa sorte de assuntos materiais e Vdicos, por ser avesso agitao criada por tais temas (niscala). E sua inteligncia ficar fixa em samadhi (samadhau acala), como descrito no Captulo Seis. Nesse momento, obtendo realizao direta, voc obter o status de jivan-mukta (yogam avapsyasi). Verso 54 Arjuna disse: Krsna, quais so os sintomas daquele cuja conscincia est absorta nessa transcendncia? Como fala, e qual sua linguagem? Como se senta e como caminha? Ao ouvir sobre inteligncia fixa em samadhi (samadhav acala buddhih), Arjuna pergunta sobre as caractersticas desse yogi. Sthiti prajna, neste verso, tem o mesmo significado de acala buddhi do verso anterior: inteligncia fixa. Quais qualidades podem descrever o sthiti prajna (ka bhasa)? Quais so as qualidades da pessoa situada em samadhi, samadhi stha? Ambos os termos sthita-prajna e samadhi stha se referem a jivan mukta. O que essa pessoa diz ante felicidade e aflio, respeito e desrespeito, honra e condenao (kim prabhaseta)? O que ela diz, seja externamente ou para ela mesma? De que forma seus sentidos se mantm sem responder aos estmulos dos objetos externos (kim asita)? De que forma seus sentidos respondem aos objetos (vrajeta kim)? Verso 55 A Suprema Personalidade de Deus disse: Partha, quando algum desiste de todas as variedades de desejo de gozo dos sentidos, que surgem da inveno mental, e, quando sua mente, assim purificada, encontra satisfao apenas no eu, ento se diz que ele est em conscincia transcendental pura. Krsna responde cada uma das quatro perguntas pouco a pouco, deste verso at o fim do captulo. Este verso responde a primeira questo: Qual a natureza da jivan-mukta?

- 31 -

CAPTULO SEGUNDO SANKHYA YOGA

Ele abandona todos os desejos, assim no resta sequer um desejo por algum objeto. Ele capaz de abandonar esses desejos porque eles pertencem mente (manogatan); eles no so qualidades intrnsecas da alma. Se fossem qualidades intrnsecas da alma, eles jamais poderiam ser abandonados, assim como o fogo nunca abandona o seu calor. A causa disso estabelecida. Ele encontra satisfao na alma, cuja natureza bem-aventurana (atmana tustah), e na mente (atmani) que se desviou dos objetos sensoriais. O sruti diz: yada sarve pramucyante kama ye 'sya hrdi sritah atha martyo 'mrto bhavaty atra brahma samasnute Quando se limpa de todos os desejos situados no corao, o mortal se torna imortal e desfruta o Brahman. Katha Upanisad 6.14 Verso 56 Quem no deixa a mente se perturbar mesmo em meio s trs classes de misrias, nem se exulta quando h felicidade, e que est livre do apego, medo e ira, chamado um sbio de mente estvel. Neste verso e no verso seguinte, o Senhor responde a pergunta Como ele fala?. Sua mente no perturbada pelo sofrimento de adhyatmika na forma de fome, sede, calor ou dor de cabea, pelo sofrimento de adhibhautika vindo de cobras e tigres, ou pelo sofrimento de adhidaivika nascido de chuva ou vento excessivos. Quando algum pergunta como ele lida com isso, ele simplesmente diz que seu prarabdha karma, que ele ter que tolerar inevitavelmente. Ele no se agita com sofrimento (duhkhesv anudvigna-manah). Ele no diz nada para si mesmo ou em voz alta para outros. Essa ausncia de repugnncia por sua prpria situao entendida pelas pessoas inteligentes como o sintoma de uma pessoa imperturbada. Falsa indiferena ao sofrimento, a marca do impostor, todavia, percebida pelo homem sbio. Tal farsante chamado de cado ou depravado. Em face das oportunidades de felicidade, ele no tem desejo e diz a si mesmo e a outros que isto simplesmente seu prarabdha karma, que ele tem de tolerar. E a pessoa inteligente reconhece sua qualidade de ser destitudo de desejo por felicidade. Essas qualidades se tornam cada vez mais claras. Ele destitudo de apego ao desfrute (vita-raga), destitudo de medo de coisas como tigres que querem devor-lo. Ele destitudo de raiva para com aqueles amigos que o atacaram. Como exemplo, Jada-Bharata, perante a deusa Durga, no exibiu medo ou ira perante o lder candala que queria mat-lo. Verso 57 No mundo material, quem no se deixa afetar pelo bem ou mal a que est sujeito a obter, sem louv-los nem desprez-los, est firmemente fixo em conhecimento perfeito. Tal pessoa livre de afeies que so subordinadas a condies (anabhisneha). Afeio incondicional motivada por misericrdia, todavia, deve permanecer em certo grau. Ele fixo nessas qualidades. Ao receber algo favorvel para si (subham), como respeito ou alimentao eventual, ele no desaprova; e, ao receber desrespeito (asubham), como um soco, el