Significados da linguagem corporal

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Baseado em pesquisa científica, Leandro Freitas relata como expressões faciais, voz, olhares e gestos aumentam a capacidade de persuasão e influenciam a forma como somos percebidos.

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Índice

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Introdução, autor e apresentação bibliográfica (7)

1 Linguagem corporal: mensagens silenciosas repletas de significados (16)

2 Cinésica: os movimentos do corpo como forma de comunicação não

verbal (21)

2.1 - Expressões faciais: o retrato sincero das emoções (22)

2.2: Sorriso: a expressão facial da abertura social (24)

2.3: Características físicas da face que transmitem si gnificados (26)

2. 4: Gestos e postura: movimentos que ilustram a fala (27)

2.4.1: O auto toque: resposta do corpo a tensões internas durante o

ato comunicativo (32)

2.4.2: Os gestos que sinalizam a mentira (34)

2.4.3: Movimentação da cabeça: gestos substitutos ao sim e não (35)

2.5: Postura: fonte para formação das percepções (36)

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Paralinguagem: as características da voz na comunicação

interpessoal (39)

3.1: O silêncio fala (40)

2.3: O sotaque de todos nós (43)

4 Oculésica: o comportamento ocular sob o ponto de vista da

comunicação interpessoal (46)

5 Tacêsica: a manifestação da comunicação por meio do toque (53)

6 Olfática: o cheiro humano como forma de comunicação

não verbal (58)

7 Proxêmica: espaço interpessoal como forma de comunicação (66)

8 Cronêmica: a percepção e relação do tempo indicam significados

comunicativos (74)

9 Aparência física: características corporais como fontes de

mensagens não verbais (80)

9.1 - As mensagens transmitidas por meio do vestuário (80)

9.2: A beleza física como atributo de comunicação (83)

10 Conclusão (91)

11 Bibliografia (100)

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Introdução

Linguagem corporal e a responsabilidade pela forma

como somos percebidos.

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A ideia para a realização deste livro surgiu pelo interesse nas

interações humanas e a seguinte inquietação: o que é sinalizado pela

linguagem corporal e que impacto é causado na percepção humana ?

A comunicação é ferramenta imprescindível para satisfazer as

aspirações e necessidade. Comunicar é tão imprescindível quanto

respirar. Por serem animais racionais absolutamente sociáveis, pessoas

sem contato social podem perder a sanidade mental.

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Ser competente enquanto se fala é pré-requisito para as interações

sociais prazerosas e efetivas. Pessoas sem habilidades comunicativas

podem ser percebidas como menos socialmente atrativas. Êxitos

pessoais dependem das habilidades de interação e comunicação.

O ser humano é fonte ininterrupta de mensagens e influencia pelo

que é, diz ou escreve. De alguma forma, comunicação é uma ação

simples e nata. Por outro lado, comunicar efetivamente requer atenção

e prática. Comunicar de forma competente é tarefa complexa porque

em cada etapa do processo há potenciais chances de erro.

Interpretações incorretas de mensagens podem causar desastres.

Dada a importância da comunicação interpessoal e o fascínio pela

significação das mensagens emitidas por meio do corpo, o

desenvolvimento deste livro se deu graças à análise de estudos

científicos em Português, Inglês e Espanhol. O estudo possibilitou

elaborar o primeiro trabalho em Língua Portuguesa sobre a influência

dos feromônios durante as interações sociais e o comportamento

ocular no processo de comunicação interpessoal face-a-face. Além

disso, traz respostas às seguintes inquietações:

Em quanto tempo é formada a primeira impressão?

Qual o impacto da aparência física na comunicação

interpessoal?

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O que é mais efetivo durante a interação: uma bela face ou uma

linda voz?

Porque as pessoas tocam tanto em si mesmas enquanto

conversam?

Como identificar a linguagem corporal da mentira?

Como os aromas produzidos pelo corpo humano influenciam as

interações sociais?

Como atrair pessoas com a linguagem corporal ?

Respostas para estas perguntas e a análise científica de como

expressões faciais, comportamento ocular, características vocais, gestos

e postura corporal emitem significados são encontradas ao longo das

próximas páginas.

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Autor

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Leandro Freitas é jornalista, pós-graduado em Comunicação

Organizacional e Relações Públicas pela Escola de Comunicação e Artes

da “Universidade de São Paulo” e certificado em Gestão de Marketing

Estratégico pela Escola de Negócios da “Columbia University” em Nova

Iorque. Sua experiência profissional foi iniciada no jornal Folha

Regional, seguida pela atuação na área de

Comunicação e Marketing de empresas

nacionais e multinacionais como Banco

Martinelli, Itaú BBA, Dow e Natura. É

também autor do estudo “O poder da

comunicação interpessoal nas

organizações privadas”. A pesquisa,

disponível digitalmente por meio do

sistema Dédalus USP, contribuiu para despertar o interesse pelo

significado da linguagem corporal e a forma como as mensagens não

verbais influencia a percepção humana durante o processo de

comunicação interpessoal face-a-face.

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Apresentação bibliográfica

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Este livro é baseado em pesquisa feita em 175 livros e 54 artigos

científicos, técnicos ou editoriais. Grande parte do material de

referência foi consultada na “Questia”, biblioteca digital baseada em

Chicago (EUA), que dispõe do maior acervo do mundo nas áreas de

Humanidades e Ciências Sociais. Por meio de www.questia.com podem

ser acessados mais de nove milhões livros e artigos, graças a acordo de

digitalização feito com 260 editoras comerciais e universitárias, como a

Lawrence Erlbaum Associates e a Oxford University Press .

Os principais autores referenciados neste estudo, além dos filósofos

Sócrates, Platão, Aristóteles, Immanuel Kant, John Locke e Santo

Agostinho, são:

Albert Mehrabian: psicólogo, PhD pela Clark University e

pioneiro no estudo da comunicação não verbal.

Barbara McClintock: geneticista americana, ganhadora do

Prêmio Nobel de 1983 pela descoberta de feromônios em seres

humanos.

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Charles Darwin (1809-1882): idealizador da Teoria da Evolução

das Espécies que denominou a comunicação como um dos

fatores para o desenvolvimento da raça humana.

Michael Argyle (1925-2002): benemérito psicólogo da

Universidade de Oxford, dedicou a carreira no estudo da

comunicação não verbal e interação social,

Paul Ekman: professor PhD de Psicologia na Universidade da

Califórnia, estuda o comportamento não verbal com foco na

expressão e fisiologia das emoções humanas.

Ray Birdwhistell (1918-1994): antropólogo PhD pela

Universidade de Chicago especializado em Cinética e micro

comunicação humana.

Sigmund Freud (1856-1939): médico neurologista e fundador da

Psicanálise.

Você encontrará a relação completa de autores e obras utilizada para

referenciar este livro nas últimas páginas.

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1 – Linguagem corporal: mensagens silenciosas

repletas de significados

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O corpo é um instrumento de comunicação humana

abrangente. Gestos, expressões faciais, comportamento ocular,

características físicas e reações hormonais são mensagens repletas de

significados. O corpo humano, como canal, pela maior parte do

processo de comunicação interpessoal. Com ou sem intenção, as

pessoas emitem por meio do corpo mensagens que indicam atitudes e

emoções.

O primeiro estudo sobre linguagem corporal foi

realizado por Charles Darwin em 1872. Na Teoria da Evolução, o

biologista analisou a demonstração de emoções em seres humanos e

animais através da face e concluiu que:

“A linguagem corporal, além de ser uma forma

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de comunicação inata, contribuiu para a

evolução da espécie humana.”

Os sinais provenientes dos movimentos corporais

são considerados mais sinceros que a linguagem verbal. A maioria

dessas mensagens não verbais é de difícil controle por ser emitida de

forma involuntária e inconsciente. Tais sinais indicam personalidade,

predisposição social, status e estado emocional. São fontes valiosas de

informação sobre como as pessoas se sentem em relação aos outros e a

elas mesmas.

Quando duas pessoas estabelecem comunicação

face-a-face, a fala corresponde ao menor significado da interação social.

A linguagem corporal constitui 93% do processo comunicativo. Dentro

desse contexto, 55% correspondem aos gestos, expressões faciais e

movimentos da cabeça, membros, mãos e pés. Trinta e oito por centro

correspondem às tonalidades vocais. Por fim, apenas 7% do processo

são compostos pelas mensagens verbais. A linguagem corporal supera o

valor semântico das palavras. Em ordem hierárquica de significados,

movimentos corporais são considerados mais expressivos que

características vocais, que por sua vez, superam as palavras faladas no

processo de comunicação interpessoal face-a-face.

“O homem é um ser extremamente sensorial que,

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de vez em quando, verbaliza,” – Ray Birdwhistell, antropólogo

americano e um dos maiores especialistas mundiais em linguagem

corporal.

Os sinais emitidos pelo corpo, além de serem

responsáveis pela forma com que as pessoas são percebidas,

substituem, complementam e realçam a linguagem verbal. A interação

social torna-se mais bem sucedida nas situações em que as pessoas

estão atentas à linguagem corporal emitida por si próprias e por aquelas

com as quais se comunicam. Ser competente na troca desses sinais

requer sensibilidade, atenção e, principalmente, consciência do

próprio corpo.

A linguagem corporal varia conforme

personalidade, cultura e contexto. A interpretação dos sinais emitidos

pelo corpo deve considerar tais variáveis por interferirem diretamente

no comportamento não verbal dos seres humanos.

Para melhorar a compreensão da linguagem

corporal, seis especialidades estudam a capacidade de seus significados

comunicativos. São elas:

Cinésica: pesquisa a comunicação derivada dos movimentos da

cabeça, membros inferiores e superiores, além de pés e mãos;

Paralinguagem: ciência que analisa os significados das

características vocais;

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Oculésica: examina os sinais emitidos por meio do

comportamento ocular durante a interação social;

Olfática: compreende o significado do cheiro humano por meio

das reações dos feromônios;

Proxêmica: estuda os significados dos espaços interpessoais e

posicionamento corporal no processo de comunicação

interpessoal face-a-face;

Cronômica: analisa os sinais comunicativos diante da percepção

e relação das pessoas com o tempo.

Tacêsica: avalia os significados do toque durante o processo de

comunicação.

Apesar de ainda não existirem denominações para os estudos científicos

da aparência física e vestimenta no contexto da comunicação

interpessoal, tais atributos também serão considerados no campo

analítico da linguagem corporal. As características faciais e corporais,

assim como estilo, formato e cor de roupas, transmitem mensagens e

afeta a forma como as pessoas percebem e são percebidas.

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2 – Cinésica: os movimentos

do corpo como forma de

comunicação não verbal

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Cinésica, também denominada Cinética, é denominação

científica para a análise dos significados comunicativos dos

movimentos corporais. A Cinésica baseia-se nas expressões faciais,

agitação de membros superiores e inferiores, além do posicionamento

de cabeça, mãos e pés.

A Cinésica requer três condições para a interpretação dos

movimentos do corpo. A primeira delas refere-se à interferência direta

do contexto na emissão de mensagens não verbais. O significado de

qualquer movimento ou expressão do corpo depende das interferências

impostas pelas circunstâncias e pelo ambiente. A segunda condição

refere-se à cultura social. As atitudes e valores que caracterizam

determinada sociedade padronizam os significados sinais não verbais. A

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terceira interferência na interpretação está relacionada ao

comportamento humano, o qual influencia as atividades corporais e

fonéticas. Ou seja, enquanto os movimentos corporais são baseados na

estrutura fisiológica, os aspectos comunicativos dessa ação são

padronizados pelo contexto, cultura social e personalidade.

O corpo humano é, portanto, fonte importante e ininterrupta

de informações. Um comunicador eficiente e atento consegue

interpretar no outro quase todas as informações emitidas por meio do

corpo. O que não é expresso por meio de palavras pode ser encontrado

nas expressões faciais, nas gesticulações, no tom de voz ou nos

movimentos da cabeça.

2.1 - Expressões faciais: o retrato sincero das emoções

A parte frontal do crânio humano é formada anatomicamente

por 14 ossos, 43 músculos, cartilagem, gordura e pele. É dividida em

três partes principais: testa e sobrancelhas; olhos e nariz; bochechas e

boca. Apesar do único osso móvel da face ser a mandíbula, é possível

produzir vários movimentos nessa região do corpo. Os músculos da face

são responsáveis até 250 mil expressões distintas. Apesar da

quantidade aparentemente excessiva, menos de 100 conjuntos de

expressões constituem símbolos distintos de significados.

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As mudanças nas atividades musculares da face são rápidas. A

ocorrência de cada movimento varia de 250 milésimos de segundos a

cinco segundos. Por meio das expressões faciais é possível identificar

sete estados básicos de emoção: surpresa, tristeza, medo, raiva,

aversão, desprezo e felicidade. Outros sentimentos como orgulho,

culpa ou timidez são mais difíceis de serem reconhecidos, já que a

complexidade dos movimentos musculares permitem expressar mais de

uma emoção ao mesmo tempo. Por exemplo: enquanto a boca indica

alegria ao sorrir, os olhos podem expressar tristeza.

A face é fonte segura de como a pessoa absorve informações do

ato comunicativo. O estado cognitivo e emocional gerado com a

recepção de mensagens é demonstrado principalmente por meio de

expressões minúsculas e momentâneas, geralmente de difícil

assimilação e controle. Se bastante atenção for direcionada à face no

momento da interação, aumentam-se as chances de reconhecer a

harmonia entre as palavras emitidas, as atividades mentais e o estado

emocional da pessoa com quem se fala.

Outros elementos, como o nível de fluxo sanguíneo e as

secreções glandulares, também contribuem para a emissão de

mensagens não verbais por meio da face. Quando o fluxo de sangue é

aumentado no rosto, pode se tratar de reações orgânicas relacionadas

às sensações de timidez, embaraço ou euforia. As atividades das

glândulas sudoríparas e sebáceas, além de aumentarem a temperatura

corporal e a quantidade de óleo sobre a pele, podem significar o nível

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de estresse, medo, ansiedade ou excitação de determinada pessoa

durante o processo comunicativo.

2.2: Sorriso: a expressão facial da abertura social

Uma forma de expressão facial universalmente reconhecida é

o sorriso. Em média, adultos em condições normais sorriem de

diferentes formas e significados durante a soma de seis minutos

diários. A assiduidade do sorriso é influenciada por fatores como

gêneros, idade, percepção de status, cultura e contexto. Mulheres

tendem a sorrir mais que homens. Jovens riem mais facilmente que

idosos. Pessoas que se consideram de menor status em determinada

situação, tendem a se sentirem mais pressionadas a sorrir. Entre

homens, há evidências de quem possui alto nível de testosterona sorri

menos que aquele com quantidade menor desse hormônio.

O sorriso, além de ser sinal comunicativo de receptividade, tem

impacto na saúde física dos seres humanos. A Gelotologia, ciência que

analisa as propriedades terapêuticas de sorrir, comprova o valor do

sorriso para fazer as pessoas se sentirem melhor. Durante o ato de

sorrir, são liberadas endorfina e adrenalina, hormônios

neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-

estar. A redução do estresse graças ao sorriso contribui para a

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fertilidade feminina. A dilatação e contrição dos vasos sanguíneos que

ocorrem enquanto as pessoas sorriem favorecem a saúde

cardiovascular. Quando pacientes com AIDS e câncer são submetidos a

situações cômicas, resposta automática é gerada no sistema nervoso

para causar o gerenciamento de dores e aumentar as defesas naturais

do organismo.

A Getologia também analisa a capacidade instintiva dos seres

humanos em diferenciar sorrisos reais daqueles que são apenas

convenção social. Gelotologistas afirmam que o verdadeiro sorriso é

expresso pelos olhos, não pela boca. O sorriso é ainda considerado um

comportamento involuntariamente imitativo. Quanto mais se sorri para

alguém, mais essa pessoa tende a repetir o comportamento.

Pessoas sorridentes são percebidas como mais amistosas,

alegres e atraentes. Sorrir é um importante recurso social que

transmite mensagens de agradecimento, apreciação, superioridade,

desprezo, concordância, aprovação, reconhecimento, ironia, maldade,

prazer e felicidade.

“O sorriso une as pessoas. Há histórias de guerra em que

soldados treinados para a luta desarmam-se literalmente diante dos

inimigos que sorriem para eles”, afirma Sherry Dunay Hilber, fundador

do RX Laughter Institute, entidade californiana que utiliza a comédia

para amenizar tratamento médico de crianças com câncer.

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2.3: Características físicas da face que transmitem significados

A face humana é composta por características físicas mutáveis e

permanentes. As mutáveis, influenciadas pelo tempo e por hábitos

pessoais, são compreendidas por rugas, manchas ou espinhas. As

permanentes estão ligadas à estrutura óssea, textura, coloração da pele

e cabelos, além dos detalhes individuais da aparência. As características

mutáveis e permanentes transmitem atributos da personalidade. O

formato da face veicula mensagens fisionômicas como gênero e

origem étnica. O aspecto do rosto sinaliza, além da idade, condições

socioeconômicas e físicas. Rosto bem cuidado sinaliza hábitos corretos

de alimentação, cuidados dermatológicos e saúde física em condições

favoráveis. A formação óssea possibilita indicar fisicamente o grau de

parentesco entre membros da mesma família.

A face constitui o principal elemento de identidade humana e

fundamenta a formação de impressões. As expressões faciais, na

maioria das vezes, são mensagens fiéis das atividades cognitivas e do

estado emocional. Apesar do estabelecimento de pressões sociais, que

geralmente impedem revelações de sentimentos em determinadas

ocasiões, interpretar as expressões faciais possibilita saber como cada

um se sente enquanto se comunica e o que realmente acontece entre

os agentes do processo interativo.

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2.4 – Gestos e postura: movimentos que ilustram ou

substituem a fala

Gestos são movimentos do corpo, principalmente das mãos e

braços, que exprimem significados comunicativos. Tais atos transmitem

informações semânticas por estarem relacionados com as palavras que

os acompanham. Os gestos são usados para ilustrar ações sequenciais,

substituir palavras ou diminuir a ambiguidade do significado nas

expressões verbais.

Das partes do corpo que gesticulam, as mãos são as mais

perceptíveis em virtude dos movimentos longos, rápidos e intensos.

Mãos gesticulam com mais ritmo por estarem conectadas a uma região

do cérebro considerada maior que aquelas, gerenciadoras de outros

movimentos corporais. Dentro da comunicação não verbal, a

expressividade intensa das mãos permite considerá-las com a mesma

representação que a língua recebe na comunicação verbal. Os gestos

geralmente são mecânicos, executados automaticamente e de forma

quase inconsciente.

As mãos, além da face, absorvem e canalizam a maioria das

emoções durante o processo comunicativo. É possível perceber o nível

de tensão interna das pessoas somente pela observação das mãos.

Dedos contraídos podem transmitir sensações negativas como

ansiedade, nervosismo, insegurança, submissão, ódio ou medo. Se

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estendidos, indicam estado emocional favorável. A exceção ocorre com

os polegares. Quando esses dedos estão rigidamente desdobrados,

revelam estado de intranquilidade ou emoções contidas, como ódio ou

intenção de domínio social. Dedos são considerados “garras” humanas

de tensão.

As mãos são responsáveis pela ligação física entre seres

humanos e cumprem funções de pacificação e conexão, como o

cumprimento social. Tal ato é responsável pelo início da sincronização

da comunicação interpessoal e, ao ocorrer de forma competente,

aumenta as chances do desenvolvimento e manutenção da interação. A

forma de cumprimentar outra pessoa depende de fatores como o nível

de intimidade. Independente da forma de relação interpessoal

estabelecida, o ato requer premissas básicas, infelizmente nem sempre

seguidas, para manifestar atenção, respeito e afeto. O cumprimento

efetivo exige toque firme e sutil, geralmente nas mãos e/ou ombros.

Manter contato visual no momento do cumprimento demonstra que a

outra pessoa possui significado social e faz parte da realidade de quem

saúda. Expressões faciais positivas indicam a satisfação de encontrar de

quem é saudado. Pronunciar o nome da pessoa, ou repeti-lo após a

primeira apresentação, é uma maneira polida e eficiente de aumentar a

aproximação. Em sociedades mais táteis e relacionais, como a brasileira,

o cumprimento termina com beijo na face e a ocorrência desse ato

depende do nível de formalidade e intimidade do relacionamento.

A forma de cumprimento, aliada à emissão de outros sinais

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corporais, é responsável pela formação das primeiras impressões

quando duas pessoas desconhecidas se saúdam pela primeira vez. Elas

precisam de um décimo de segundo, menos tempo que o piscar de

olhos, para formar a primeira impressão.

Tão importante quanto a primeira é a última impressão. Por

isso, a forma de duas pessoas se despedirem também deve seguir as

mesmas premissas, caso a intenção seja manter ligação social

prazerosa, efetiva ou até mesmo afetiva. A cultura social também

influencia a forma de se cumprimentar. Há diversas formas de

saudação. No arquipélago de Andaman, ao sul da Índia, as pessoas

quando reencontram parentes ou amigos sentam-se no colo um do

outro, passam o braço pelo pescoço do conhecido e choram de

felicidade por alguns minutos. Na ilha de Hokkaido, ao norte do Japão,

quando um rapaz reencontra a irmã, ele segura as mãos dela, aperta as

orelhas, emite um grito e depois encostam os ombros e faces. Se isso

pode parecer estranho, o mesmo deve acontecer a um morador desses

locais ao verem duas brasileiras tocarem levemente as faces e beijarem

o ar ao mesmo tempo.

As mãos transmitem outras mensagens não verbais além de

gestos. A fisionomia dessas partes do corpo revela características de

personalidade. Dentro dos padrões de tamanho de mãos nos gêneros

sexuais, pessoas de mãos largas tendem a ser extrovertidas. Mãos

finas, por outro modo, podem indicar personalidade introvertida. O

posicionamento das mãos, assim como gestos, também indica estados

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emocionais. Mãos enlaçadas mostram repouso e confiança. Mãos que

sustentam a cabeça denotam cansaço e a pessoa nesta posição

assegura o próprio envolvimento na atividade cerebral. Dedo

indicador estendido sugere concentração no que se é dito.

Enquanto os gestos inconscientes predominam o uso da mão

esquerda, os considerados conscientes utilizam a direita. Pessoas que

movimentam mais a mão esquerda tendem a ser mais racionais que

emocionais.

Os gestos são subprodutos da articulação verbal, mas,

obviamente, não têm a articulação da fala. Porém, são

consideravelmente informativos e desempenham papel crucial no

entendimento do que é dito.

Apesar da importância dos gestos no processo comunicativo, o

excesso desses movimentos é considerado ruído de mensagem. A

gesticulação ilimitada interfere na recepção das mensagens por

transferir a atenção da informação para os gestos. Por outro lado,

gesticular de menos torna a expressão monótona, menos viva e

atrativa. O ideal é manter a gesticulação equilibrada, com movimentos

moderados, que contribuam para a ilustração ou substituição da fala.

Os movimentos do corpo são tão pessoais quanto a assinatura.

A interpretação dos gestos varia conforme a personalidade, cultura ou

contexto social. Gênero também é determinante, pois homens e

mulheres gesticulam de formas diferentes. Mesmo assim, há

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padronizações de movimentos que possibilitam aos estudiosos de

comunicação atribuírem significados a esses movimentos. Alguns

deles, com respectivos significados atribuídos, estão disponibilizados na

tabela abaixo:

GESTO SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS

cabeça inclinada à esquerda ou direita

indícios de galanteio, sinalização de amizade, afinidade, confiança mútua ou timidez.

homem puxando a orelha ou alisando a barba

visualização de mulher atraente

levantar, girar ou flexionar um ou os dois ombros.

Responder perguntas, dicas de incerteza disposição, resignação, dúvidas ou proibição

esfregar o nariz indícios de desaprovação

braços cruzados na frente do corpo algum tipo de defesa cumprimentar abaixando a cabeça submissão

cabeça e peitos erguidos dominação, sensação da própria importância

mulher passando a mão no cabelo indícios de galanteio

corpo inclinado para trás recuo, rejeição ou desinteresse

corpo inclinado para frente aceitação, interesse ou desibinição

relaxamento muscular da face Desinteresse

dedos na boca angústia, agonia ou necessidade de satisfação

posição do pé quando a perna estiver cruzada ou estendida

aceitação, concordância ou intimidade com a pessoa posicionada na mesma direção do pé

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mostrar a palma das mãos aceitação, concordância

mulher mostrando a palma das mãos

indícios de galanteio

olhar para baixo pessoa dominada pelo ambiente ou sentimento de inferioridade. Pode indicar derrota ou vergonha

narinas abertas medo aperto forte de mão firmeza, franqueza, interesse ou

vigores físico e psíquico

aperto fraco de mão desinteresse, timidez ou receio

acariciar os próprios cabelos continuadamente

carência

corpo em direção oposta ao olhar

desconfiança, desinteresse, incomodação

mãos abertas e braços estendidos estímulo à interação lábios presos entre os dentes ansiedade ou falta de vontade em

verbalizar

cotovelos apontados afastamento da pessoa próxima, falta de identificação ou sintonia

bocejo sono ou falta de interesse

adulto sentado no chão regressão à infância

sentar-se na beira da cadeira vontade de se levantar

autoagressão tensão ou baixo autoestima

coçar o couro cabeludo falta de confiança

palmas juntas com dedos apontados para cima

autoconfiança, atividade mental intensa

mãos juntas atrás do corpo com queixo para cima

autoconfiança, superioridade

manipular objetos continuadamente ansiedade

olhar fixo sem piscar tristeza ou atividade mental intensa

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rejeição visual, ausência de gesticulação e rigidez corporal

indicação de comunicação desprazerosa

sobrancelhas elevadas submissão ou espanto

atenção visual contínua submissão

uma mão atrás da cabeça

incerteza, conflito, desacordo, frustração, fúria, aversão social ou pensamentos e emoções negativas.

duas mãos unidas atrás da cabeça Sinal de dominância

flexionar o pescoço para proteger ou abaixar a cabeça indica desacordo, aversão e medo não tocar a outra pessoa submissão, falta de identificação ou

timidez

2.4.1 - O auto toque: resposta do corpo a tensões internas

durante o ato comunicativo

Outro gesto bastante significativo na comunicação interpessoal

é o auto toque. Especialistas em comunicação humana sentem-se

atraídos pela significação comportamental desse tipo movimento

realizado principalmente enquanto as pessoas conversam. É muito

comum observar pessoas, durante o processo interativo, coçando-se,

tocando-se ou pegando na própria roupa ou cabelos. O interessante é

que as pessoas nem sempre sentem coceiras, precisam arrumar roupas

ou segurar os cabelos. O auto toque pode, na maioria das vezes, tratar-

se de uma resposta do corpo a uma tensão interna. Na ausência de

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canalização de tal emoção, a tensão se manifesta em forma de

comichões, inquietações ou ansiedade. As pessoas, ao apresentarem

esse comportamento, podem estar com sensações desconfortáveis e

tendem a se esquivar da interação.

2.4.2: Os gestos que sinalizam mentira

Os gestos podem ainda indicar processos internos no ser

humano com a associação de comportamentos enganosos. É possível

detectar quando uma pessoa mente com a observação atenta da

linguagem corporal. A mentira pode se manifestar de diferentes

maneiras. A primeira delas se dá por meio das excitações fisiológicas

que sugerem aumento de estresse. As excitações podem ocorrer com a

aceleração dos batimentos cardíacos, transpiração e tentativa de

controlar desempenho verbal. Todas as pessoas mentem, por mais

honestas que se julguem ser. Quando enganam, elas se preocupam com

a transparência da ansiedade ou culpa, além de tentarem aumentar o

processo cognitivo de informação. Quem mente evita olhar nos olhos,

comete falhas de marcação temporal e ilustram menos a história

contada, com gestos curtos e nervosos. Elas ainda podem lamber os

lábios, esfregar os olhos ou se tocar. As pessoas sabem fingir faces

alegres, zangadas ou tristes, mas têm dificuldades para mantê-las por

muito tempo. Porém, tais mensagens devem ser interpretadas da

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...................................................................... 35

................................................................................................................................................................

mesma forma que todos os outros sinais não verbais e considerar

personalidade, contexto e cultura. Pessoa de conduta maquiavélica, por

exemplo, pode enganar facilmente sem evitar mirar diretamente para o

nos olhos da outra pessoa.

2.4.3 – Movimentação da cabeça: gestos substitutos ao

sim e não

Outra gesticulação associada à fala é a movimentação da

cabeça. Assentir e girar o crânio podem ser usados para satisfazer

funções semânticas, comunicar emoções e responder conversações.

Movimentar para cima e para baixo indica formas de compreensão e

concordância. Assentir enfaticamente enquanto fala ou ouve pode

indicar sentimentos dominantes de convicção, animação, superioridade,

empatia emocional e, algumas vezes, irritação. Girar a cabeça

horizontalmente de um lado para o outro indica desacordo ou

incompreensão da mensagem. Numa conversa emocional, girar a

cabeça de um lado para o outro pode transmitir incredulidade, mágoa,

compaixão ou desarmonia cognitiva. Enquanto assentir com a cabeça

está associado a intenções e emoções positivas, virá-la para esquerda

ou direita está relacionado a condutas e sensações negativas. Quando

os sinais positivos e negativos da movimentação da cabeça não

precisam ser emitidos durante o processo interativo, a posição mais

Page 36: Significados da linguagem corporal

................................................................................... 36

................................................................................................................................................................

efetiva dessa parte do corpo é no ângulo de 90°, formado entre o

pescoço e a parte inferior do crânio, em posição paralela ao solo. Essa

posição, além de indicar equilíbrio entre sinais de superioridade ou

inferioridade, permite o livre funcionamento do aparelho fonador, que

deixa de ser pressionado ou estendido quando a cabeça está levemente

abaixada, levantada ou inclinada.

2.5 – Postura: fonte para formação das percepções

Diferentemente dos gestos, a postura é o aspecto mais estático

e consistente ao ser comparada com outros movimentos corporais. A

postura, além de sinalizar atitude, é um dos sinais não verbais que

mais oferecem subsídios para os seres humanos formarem percepções

interpessoais. As pessoas têm modos individuais de manter o corpo

quando andam, sentam ou ficam em pé. A postura transmite emoções,

caráter, atitudes interpessoais, gênero e status. Enquanto gestos

estabelecem e mantêm o ritmo da troca de mensagens, a postura apoia

a comunicação e estabelece plataforma comum de significado.

As posições corporais ainda revelam como as pessoas se sentem

em relação às outras e o que acontece entre elas. As posições são

divididas em duas categorias:

• Posturas congruentes ou espelhadas: mantêm a sincronia da

Page 37: Significados da linguagem corporal

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................................................................................................................................................................

comunicação interpessoal. Sinaliza empatia, afiliação e disposição

verbal. São as formas mais recomendadas de interação, pois criam

espaços de receptividade. Exemplo: corpos na mesma direção, em

posições espontâneas, com braços e pernas relaxadas.

• Posturas incongruentes ou divergentes: indicam discórdia,

falta de interesse ou afinidade. Exemplo: corpo oposto à direção do

olhar ao da pessoa com quem se fala com braços cruzados ou rígidos.

A disposição configurada por braços, pernas, mãos, costas e pés

é resultado da atividade mental. A função cognitiva está diretamente

relacionada à forma como as pessoas se postam. Quando uma pessoa

mentaliza “isso não vai funcionar”, o pensamento crítico é refletido

instantaneamente na postura. Uma maneira de visualizar a própria

posição corporal é atentar-se para o tipo de pensamento no corrente

momento. A postura, invariavelmente, indica a imagem mental.

A postura, além de projetar as próprias convicções, transmite às

outras pessoas a percepção interna das declarações e ideologias

recebidas. Porém, nas relações interpessoais, os seres humanos tendem

a focar na postura alheia, não na própria. Por isso, as atitudes corporais

ressoam com frequência. O terapeuta, por exemplo, imita a posição

corporal do paciente para estimular o acordo.

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Page 39: Significados da linguagem corporal

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3 – Paralinguagem: as

características da voz na

comunicação interpessoal

●∞●

A Paralinguagem estuda os significados das

características vocais. A voz humana possui as seguintes

características: altura, melodia (aguda ou grave), velocidade (as pessoas

expressam a média de 150 a 185 palavras por minuto), tonalidade,

articulação e pronúncia.

A voz é uma extensão tão forte da personalidade,

que a maneira pela qual as pessoas são percebidas depende em

grande parte do desempenho vocal. Quando as pessoas falam, elas

informam condições físicas, emocionais e sociais. A boa voz

impressiona e atrai. A pessoa que deseja ser considerada socialmente

Page 40: Significados da linguagem corporal

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atrativa deve modular a própria voz conforme o padrão vocal do

contexto comunicativo. A voz de qualidade aumenta a percepção de

competência e dominância. Uma emissão vocal favorável é capaz de

superar a beleza física no quesito “fascínio social”.

A intensidade da voz humana pode oscilar entre 40

e 50 decibéis. Entre a voz sussurrada e a mais intensa há diferença de

até 100 decibéis. A fala inteligível requer atenção à acentuação. Bons

falantes usam tonalidade alta, enquanto maus falantes nem sempre.

Pessoas extrovertidas emitem mais quantidade de palavras e em tom

maior, ao contrário das pessoas introvertidas. Quanto mais alta e firme

é a voz, mais a pessoa será percebida como socialmente dominante.

Para despertar o interesse em quem ouve, a velocidade efetiva da fala

deve ser flexível e na altura confortável para a compreensão. As

palavras precisam ser pronunciadas com articulação adequada, clareza

e em diferentes níveis de entonação.

3.1: O silêncio fala

Outra característica vocal analisada pela

Paralinguagem é o silêncio. Incluído entre as sete características da

expressividade, o silêncio é designado pela ausência da voz e pode ser

tão expressivo quanto palavras. O silêncio comunica e tem variados

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significados. Conforme o contexto, transmite hostilidade, frieza,

rigidez, ódio, timidez, emoções negativas ou falta de identificação com

a outra pessoa. Pode ainda denotar respeito, bondade, contemplação,

empatia, aceitação e reflexão. O silêncio indica consentimento ou

rejeição pelo o que é dito e pode ainda indicar organização dos

pensamentos antes expressá-los.

“O silêncio é uma função comunicativa complexa e

profunda”, John Locke, filósofo inglês em “Ensaio sobre o entendimento

da humanidade”.

Os momentos de silêncio durante o processo

interativo incomodam a maioria das pessoas, principalmente nas

relações sociais de menor intimidade. Isso porque a ausência de

comunicação verbal está associada à falta de interesse na interação. Os

silêncios interativos aumentam em duração e freqüência na medida em

que a distância física das pessoas é diminuída.

O impacto do silêncio na comunicação é

contraditório em algumas sociedades. Na cultura oriental , o silêncio é

frequentemente bem interpretado. Os japoneses consideram que, na

falta de algo melhor para dizer, é preferível ficar em silêncio. Eles

também consideram esse tipo de mensagem não verbal como uma

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forma de respeitar a individualidade dos outros. Já na cultura ocidental,

o silêncio tende a desconfortável. No Brasil, onde as pessoas são

culturalmente mais interativas, momentos de silêncio tendem a causar

constrangimentos. Diferenças culturais à parte, o fato é que a

ocorrência do silêncio diminui na medida em que aumenta a

intimidade das relações interpessoais. São nas relações mais íntimas

que os momentos de silêncio são menos embaraçosos. As pessoas

podem medir o nível de intimidade de seus relacionamentos quando o

silêncio entre elas deixam de ser um tipo de incômodo.

Além do silêncio, outros aspectos não fonêmicos da

voz também são abrangidos pela Paralinguagem. São eles:

Prosódia: estudo das variações vocais que

alteram ou enfatizam o significado das palavras

faladas. Quando as pessoas aumentam a entonação

de uma determinada palavra, dão significados

diferentes a elas, independentemente da

equivalência semântica.

* * Extralinguística: avaliação dos diversos tipos

sotaque em um mesmo idioma como reforço da

expressividade

Page 43: Significados da linguagem corporal

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2.3: O sotaque de todos nós

O sotaque, objeto de estudo da Extralinguística,

favorece a formação de impressões por diferenciar a expressão com

características além da linguagem.

O sotaque torna os idiomas multifacetados e tem

conceito relativo. A Língua Portuguesa, por exemplo, tem pronúncia e

melodia peculiares em cada um dos sete países em que é o idioma

oficial. A diferenciação de expressividade acontece também dentro do

mesmo país ou até cidade.

Apesar de possuir base gramatical idêntica, uma

pessoa nascida e vivida na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul,

tem entonação e melodia diferentes se comparada à outra pessoa de

mesmas condições no Recife, Pernambuco. A explicação para esse fato

se deve às influências culturais, econômicas, geográficas e até mesmo

à formação do aparelho fonador.

Alguns sotaques sustentam prestígio, outros nem

tanto. Esse conceito se forma de acordo com a percepção do local de

origem pelos agentes do ato comunicativo. A medida de status de um

sotaque é proporcional ao status de seu local de origem.

Page 44: Significados da linguagem corporal

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O sotaque, quando percebido, também pode diminuir a eficiência da

mensagem comunicada. A entonação e a melodia da fala sobressaem ao

conteúdo transmitido e desvia a atenção de quem o recebe.

Quanto mais intenso é o sotaque, mais ruído tende a causar no

processo comunicativo. As palavras devem ter pronúncia mais próxima

possível do padrão de expressividade do lugar em que a comunicação é

estabelecida, sem que a naturalidade verbal seja perdida. O treino ideal,

caso necessário, é fazer leituras em voz alta, ouvir atentamente os

nativos e repetir várias vezes palavras que necessitam de pronúncia

mais precisa. O fato é que todas as pessoas têm sotaque e somente se

dão conta disso quando estão em lugares diferentes da própria origem

ou vivência.

Page 45: Significados da linguagem corporal

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Page 46: Significados da linguagem corporal

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4 – Oculésica: o

comportamento ocular sob o

ponto de vista da comunicação

interpessoal

●∞●

As funções e o impacto do comportamento ocular durante a

comunicação interpessoal face-a-face são analisados sob a perspectiva

da Oculésica. Trata-se do estudo sobre as diferentes formas de olhar e

respectivos significados comunicativos.

Os olhos são as partes mais sinceras e sensíveis do processo

comunicativo. Os músculos oculares, por serem incontroláveis, revelam

informações verdadeiras sobre o estado de ânimo das pessoas. Os

olhos, além de serem fontes importantes de resposta interativa,

expressam emoções, atenção e ameaça. A maior parte das informações

Page 47: Significados da linguagem corporal

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transmitidas por esses órgãos opera fora do nível de atenção e está

além da habilidade do controle consciente. Há várias formas de

estabelecer o contato visual. As mais frequentes são:

• olhar fixo e direto: feito olho a olho. Se prolongado, pode ser

percebido como forma de ameaça. Todas as culturas reprovam olhares

fixos, diretos e demorados. Quando uma pessoa é observada

intensamente, ela tende a apresentar ritmo cardíaco mais acelerado.

• olhar indireto: se dá por meio da mirada direcionada a alguma

região da face. As mais habituais são boca, queixo ou nariz.

• olhar omisso: denota desprezo ou negligência à mensagem

transmitida e à pessoa com que se comunica. Aversão em olhar tem o

efeito de reduzir a pessoa com quem se interage.

• olhar fugaz: é rápido e esporádico. Pode significar timidez, baixa

percepção de status ou falta de atratividade interpessoal.

• olhar parcial direto: alternam miradas atenciosas em partes da

face, do corpo e do contexto. Na face, as miradas são fixadas

alternadamente na região dos olhos, boca e nariz. No corpo, as miradas

são apontadas para as partes mais distintas, visíveis e móveis a fim de

captar gesticulações, posicionamentos e características da aparência.

No contexto, esse tipo de olhar capta composições e disposições dos

elementos que fornecem informações importantes para troca de

mensagens. O olhar parcial direto é o mais indicado para o

estabelecimento efetivo da comunicação interpessoal face-a-face.

Page 48: Significados da linguagem corporal

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Os comportamentos visuais e vocais estão estritamente relacionados

no processo de comunicação. Habitualmente, as pessoas olham menos

enquanto falam e mais quando escutam. Numa típica sequência

interativa, nos primeiros segundos, é comum olhares fixos e diretos

para despertar atenção, interesse e abertura dos canais de

comunicação. Com o avanço das expressões verbais, o olhar torna-se

parcial e direto, para que todos os sinais do processo comunicativo

possam ser interpretados. No fim da fala, a ocorrência do olhar tende

novamente a ser fixo e direto. Assim, a pessoa que fala confirma a

decodificação das mensagens recebidas e sinaliza à outra a chance da

fala. O movimento dos olhos juntamente com a tonalidade da voz são

marcadores de início e fim dos turnos da fala.

As pessoas direcionam olhares para o que lhes despertam atração.

Quando duas pessoas se olham, elas aumentam as chances de serem

percebidas como empáticas e afetivas. É possível obter forte senso de

quem é uma pessoa ao olhar diretamente nos olhos dela. Quando dois

olhares se encontram, também é possível identificar o estado emocional

daquelas com quem se interage. As variadas emoções que as pessoas

experimentam são exibidas na face, mas a intensidade desses

sentimentos é transmitida pelos olhos.

O nível de atração interpessoal influencia a ocorrência do contato

visual. O olhar está diretamente relacionado com o gostar. As pessoas

olham com maior frequência para aquelas que elas gostam mais.

Page 49: Significados da linguagem corporal

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Paradoxalmente, durante as circunstâncias de discórdia, as pessoas

também olham extensivamente àquelas que estão em conflito.

Durante processo interativo, os olhares variam de 28% a 70% do

tempo. Homens e mulheres têm comportamento visual diferente. Os

olhares delas são mais frequentes e mais prolongados que o deles. Esse

fenômeno se explica, pois mulheres têm mais necessidade de inclusão e

afiliação que homens. Além disso, homens tendem a considerar olhares

como forma de ameaça. O contato visual dos homens é mais frequente

entre mulheres que entre outros homens. Mulheres tendem a possuir o

mesmo nível de ocorrência do contato visual para ambos os sexos.

Piscar, o rápido comportamento de abrir e fechar os olhos, reflete

estado emocional. O ser humano pisca, em condições normais, 20

vezes por minuto. A média de duração desse movimento é um quarto

de segundo, tão rápido que as pessoas os percebem somente quando

pensam nele. Piscar rapidamente indica nervosismo, ansiedade ou

tensão. Conforme o nível de stress, uma pessoa pode piscar até sete

vezes mais que o normal, como aconteceu com o candidato derrotado

para a presidência dos Estados Unidos, no debate televisivo de 1996.

Bob Dole piscou, em média, 147 vezes por minuto. As pessoas piscam

mais rapidamente em situações de tensão ou excitação. Quando

cortejam, falam em público ou mentem, uma parte do cérebro chamada

sistema de ativação reticular desperta tais movimentos, que são

aumentados conforme o nível de excitação. Os olhos piscam

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principalmente no começo da vocalização, usualmente no início da

primeira letra da palavra.

O ser humano tem reduzida capacidade visual, principalmente

quando comparado a certos animais, como o gato. Mesmo assim, as

pessoas percebem fortemente a sensação do olhar. Mesmo à distância

e sem necessariamente estabelecer olhar fixo e direto, as pessoas

podem perceber que são observadas. Além disso, quanto mais uma

pessoa se sente olhada, mais a outra se considera observadora,

mesmo que tal impressão derive de percepções erradas de ambas as

partes. Partes específicas do cérebro são ativadas quando as pessoas

percebem que alguém olha diretamente para elas.

Olhar transcende palavras. Nas relações interpessoais de maior

convívio e intimidade, é possível interpretar as intenções das pessoas

somente com o contato visual. Olhar também pode expressar níveis

de acordo e segurança e ainda é fonte significante de medo e surpresa.

Olhar de lado pode ser compreendido como discordância e insegurança

ao que é dito. Já olhar firmemente demonstra falta de timidez, alta

percepção de status, confiança nas palavras expressadas ou pretensão

da pessoa em absorver a reação daquela com quem se fala. Fechar os

olhos é revelação consistente de dor. Níveis reduzidos do contato ocular

podem ser interpretados como desaprovação e baixo nível de

intimidade e dominância. A pessoa que fala pode também controlar o

comportamento de quem escuta através de movimentos oculares.

Page 51: Significados da linguagem corporal

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Diante de olhares fixos é possível impedir interrupções da fala ou

estimular reposta para as mensagens transmitidas.

Outro componente da visão bastante estudado pela Oculésica é a

pupila. Comumente chamada de “menina dos olhos”, trata-se da região

central da íris responsável pela regulação do fluxo de luz para a retina.

Quando há pouca incidência de raios luminosos, a pupila se dilata e

pode medir até oito milímetros. Em circunstância contrária, essa região

se retrai ao ponto de equivaler à dimensão da cabeça de um alfinete.

Como o olho é considerado extensão do cérebro, é possível avaliar a

atividade mental através do tamanho da pupila. Quando essa parte

dos olhos está dilatada, pode significar que a pessoa está diante de

uma situação agradável, que a emociona e desperta interesse. Quando

os agentes do processo comunicativo experimentam trocas aprazíveis

de mensagens as pupilas se dilatam. Por outro lado, a constrição da

pupila pode indicar resposta emocional de aversão a algum aspecto da

interação. A técnica de observar o movimento da pupila é utilizada por

mágicos e vendedores. O cliente tem a pupila expandida quando está

diante de um produto que lhe desperta desejo de consumo. Mágicos

identificam em truque qual foi carta a pré-selecionada por determinada

pessoa ao observar o aumento das pupilas delas ao rever a carta

escolhida. Dilatação da pupila é um sinal confiante das emoções

positivas de excitação e interesse. Por fim, para interpretar dos

significados do movimento da pupila deve ser levar em consideração a

influência do nível de luminosidade no ambiente em que ocorre o

processo de comunicação interpessoal face-a-face.

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5 - Tacêsica: a emissão de

significados comunicativos

por meio do toque

●∞●

A Tacêsica é a ciência que analisa o contato físico como forma de

interação social. Quando duas pessoas se tocam acontece um ato de

comunicação por se tratar inevitavelmente de experiência recíproca

com resposta simultânea. A pele é o primeiro e maior canal presencial

de comunicação interpessoal e é por meio dela que todo o ambiente

chega aos seres humanos.

O contato físico também é interpretado como uma manifestação de

afeto interpessoal. As pessoas tocam mais naquelas que gostam e se

identificam. Relações sexuais são, indiscutivelmente, a forma mais

intensa de contato físico. Quando as pessoas se envolvem dessa

maneira, estão, na verdade, descobrindo as sensações máximas da

comunicação tátil. O ser humano, por ser animal sociável, possui forte

necessidade de toque.

A pele tem grande valor na comunicação interpessoal por se tratar

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de fonte sensitiva, transmissora e receptora de informações. A

sensibilidade cutânea é explicada por conter aproximadamente 50

células receptoras por 100 milímetros quadrados. A pele é um condutor

elétrico de excepcional qualidade. A energia liberada por esse órgão é

incapaz de produzir choque nas pessoas, exceto em situações

ocasionais. A pele gera choques elétricos em virtude das mudanças

emocionais. Essas alterações atingem o sistema nervoso autônomo, o

qual promove o aumento da condutividade elétrica da pele,

principalmente naquela encontrada na palma das mãos e sola dos pés.

Os impulsos elétricos liberados pela pele podem simbolizar

pensamentos e emoções por meio de sensações de choque, arrepios

ou coceiras. Em virtude da tamanha sensibilidade, a pele é capaz de

decodificar informações rápidas e sofisticadas percebidas pelo ser

humano. Sentimentos de frustração, raiva e culpa não comunicados

verbalmente, assim como necessidades de amor reprimidas, podem

encontrar expressão automática na pele com, por exemplo, o

aparecimento de acnes.

A pele, especialmente a do rosto, registra as tentativas e os triunfos

pessoais durante a vida e, dessa forma, transparece a própria memória

das experiências. O vestuário bloqueia parte das sensações agradáveis

vindas pela pele. A tentativa de diminuir o tamanho das roupas ou

mesmo se livrar delas são tentativas de aproveitar a estimulação natural

da pele ao colocá-la em contato com o ar, sol, objetos ou mesmo outra

pele. A pele opera em nível subconsciente e reflete o significado

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emocional das palavras. A pele ainda comunica muitas mensagens não

intencionais, como a aparência, temperatura corporal, transpiração,

tensões musculares e até a saúde humana. A acne, por exemplo, pode

representar a ebulição hormonal da puberdade em jovens. Nos adultos,

podem representar a expressão de sentimentos e sensações sexuais

reprimidas.

A pele humana é tipicamente quente quando as pessoas estão

emocionalmente excitadas e fria quando deprimidas. O contato físico

significa proximidade, pois quando duas pessoas se tocam acontece,

inevitavelmente, uma experiência recíproca. Tocar, muito mais do que

chamar pelo nome da pessoa, reduz distância social, estabelece

relacionamento amistoso imediato e frequentemente constitui

declaração de identificação e intimidade. Porém, qualquer toque

acidental ou desnecessário, mesmo em uma pessoa bastante

conhecida, pode ser considerado incômodo ou, até mesmo inaceitável,

em determinadas sociedades tidas como menos interativas e mais

formais.

O Brasil, país de população considerada extremamente tátil, possui

uma tribo indígena no interior do Mato Grosso do Sul que pertence à

etnia “Caingangue”. Na cultura dessa tribo, as crianças recebem

quantidade de atenção dos adultos acima da média e podem sempre

contar com alguém para lhes dar carinho e colo. Mesmo quando

crescidas, dormem juntas e em bando, pelo mero prazer do contato

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tátil. Os “Caingangues” dormem com rostos encostados, braços

entrelaçados e perna passada por cima da outra, dando a impressão

equivocada de amantes. Na verdade, estão dando vazão à necessidade

de contato físico, fortemente estimulado por aquela cultura indígena

desde o nascimento.

Normas de contato físico desenvolvidas nas sociedades modernas

são influenciadas por dois fatores: a região do corpo em que é tocada e

as variáveis demográficas que diferenciam uma pessoa da outra, como

gênero, raça, idade, status e cultura. Tocar a cabeça, ombros e braços

são frequentemente movimentos corporais mais aceitáveis do que

toques outras partes do corpo, como perna, cintura ou tórax.

O relacionamento e o grau de afeto das pessoas, suas expectativas

de interação e o contexto influenciam o nível de toques interpessoais.

Na maioria das vezes, homens são relutantes em tocar ou serem

tocados por outros homens em virtude da masculinidade e pelas

conotações homossexuais socialmente atribuídas quando pessoas do

mesmo sexo se tocam. Verifica-se que na relação homem-mulher,

independentemente do nível de afeição, possui a maior quantidade de

toques.

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6- Olfática: o cheiro humano

como forma de comunicação

não verbal

●∞●

Olfática é a forma de comunicação não verbal que analisa os sinais

transmitidos pelas substâncias químicas responsáveis pela formação dos

aromas no corpo humano. Assim como os olhos são os canais

presenciais da Oculésica, na Olfática essa função é atribuída aos

feromônios.

As pessoas subestimam a importância do nariz como receptor de

mensagens. São relutantes em perceber o aroma umas das outras e

pouco falam sobre cheiro humano. As pessoas, além de suprirem o

olfato como sentido por fazerem parte de sociedades desodorizadas,

ocultam os aromas naturais pelas fragrâncias industrializadas. Com

isso, tentam se livrar dos cheiros biológicos, geralmente considerados

como menos atrativos que fragrâncias. Isso acontece porque as pessoas,

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além de viverem em sociedades que conscientemente desprezam o

aroma natural, desconfiam dos prazeres do olfato em virtude da

tendência sensual atribuída a este tipo de percepção. Porém, nem todas

as culturas são avessas à sensação do cheiro biológico do ser humano.

Os árabes, por exemplo, reconhecem a relação entre a disposição

pessoal e o aroma natural. Os norte-americanos, por outro lado, são

ensinados desde a infância a não respirar perto do rosto das pessoas

por esse ato ser considerado descortês e deselegante.

O sistema olfativo é considerado órgão de sentido menos

importante e muitas pessoas vivem sem grandes problemas na ausência

dessa função. Em comparação com outros animais, o ser humano possui

olfato pouco desenvolvido. Cachorros, por exemplo, têm capacidade

três vezes maior. Tal fato se explicada porque 971 genes receptores de

aromas estão espalhados pelas mucosas nasais desses animais. Se as

pessoas fossem dotadas de narizes mais apurados, estariam sujeitas às

variações emocionais permanentes daquelas que estão ao seu redor.

Seriam capazes de descobrir, por exemplo, a ocorrência do ciclo

menstrual à distância ou a irritação de alguém sem que isso

necessariamente fosse expresso por atitudes mais explícitas.

Aromas desagradáveis, provenientes da halitose, bromidrose (tipo

de sudorese produzida na região axilar) e até mesmo da indumentária,

dificultam o contato e, consequentemente, a comunicação. Por outro

lado, cheiros agradáveis, obviamente, induzem a interação. Pessoas

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tendem a conversar mais com aquelas que as atraem pelo cheiro,

algumas vezes de forma pouco ou nada consciente. Além disso, o ser

humano, em comportamento semelhante aos dos animais irracionais,

identifica dicas aromáticas que sejam diferentes às produzidas pelo

próprio organismo para selecionar parceiros sexuais. Um das

características favoráveis à atratividade física é a posse de cheiros

agradáveis opostos, sejam esses naturais ou industrializados.

Os seres humanos comunicam-se, também, por meio dos

feromônios. Prova disso é a percepção da circunstância quando uma

pessoa de gênero compatível à orientação sexual se aproxima e gera a

sensação de magnetismo instintivo, sem que quaisquer palavras ou

sinais mais visíveis sejam expressos. Os feromônios são classes de

substâncias químicas que extraem comportamentos estereotipados e

são capazes de gerar respostas neuroendócrinas. Tais substâncias se

dividem em duas categorias:

• Feromônios primários: induzem mudanças comportamentais e

estados endócrinos de longa duração, como a sincronia menstrual.

• Feromônios liberadores: induzem comportamentos imediatos,

como por exemplo, a atração sexual. Ambas as categorias podem ser

encontradas nas secreções salivares, sudoríparas e genitais como

também em pelos e cabelos.

A palavra “feromônio” provém dos termos gregos pherein e hormon,

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...................................................................... 61

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que significam respectivamente transportar e estimular. Esse conjunto

de substâncias é produzido pelas glândulas apócrinas, responsáveis pelo

transporte de secreção de gorduras e proteínas das células para as

secreções e folículos capilares, não necessariamente para a epiderme.

A detecção dos feromônios é a explicação para a química humana,

considerada como a sensação de atração ou aversão instantânea

quando duas pessoas se encontram. Da mesma forma que atraem, os

feromônios são capazes também de promover aversões sociais. Fato

que remete à explicação dos motivos pelas quais as pessoas não

gostam de outras sem nem mesmo ter ocorrido qualquer tipo de

atitude desagradável entre elas.

Tal comportamento é mais facilmente visualizado em animais

irracionais. Cachorros, por exemplo, se estranham abruptamente ao se

encontrarem por conta da aversão gerada pelos feromônios. O mesmo

ocorre com os animais racionais, porém de forma geralmente mais

polida que cachorros. Além do cheiro humano, outra explicação para a

aversão social é explicada pela contradição na troca de sinais não

verbais como expressões faciais, tonalidade vocal, atratividade física,

formas de gesticulação, postura e indumentária. As convicções que

geram preconceitos também são motivos para as pessoas deixarem de

gostar uma das outras. Além disso, o ser humano tem uma capacidade

nata, instintiva e inconsciente de captar o fluxo mental das outras

pessoas.

Page 62: Significados da linguagem corporal

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................................................................................................................................................................

Dentre os tipos de feromônios produzidos pelos seres humanos, dois

merecem destaque:

• Androestadienona: está presente nas secreções, como saliva e

suor. Esse feromônio ativa o hipotálamo, região do cérebro responsável

pela expressão emocional e comportamento sexual. Ativa também os

córtexes pré-frontal e temporal superior, além das áreas olfativas. Essas

partes do cérebro ativam a atenção, percepção visual, reconhecimento

e cognição social. Esse tipo de feromônio também está presente na

urina e nas fezes, o que explica comportamentos tidos como

patológicos em alguns seres humanos que se sentem atraídos por tais

secreções durante atos sexuais.

• Antigene leucocite: é um feromônio que distingue o cheiro

individual dos seres humanos. As pessoas preferem aquelas que

possuem feromônios diferentes. A detecção do “Antigene leucocite”

tem sido proposta para explicar o motivo pelo qual as pessoas sentem

atração ou aversão.

Esses dois tipos de feromônios são importantes devido ao poder de

atração que exercem nas pessoas. São exatamente essas duas

substâncias que fazem os seres humanos se sentirem mais confidentes

e atraídos pelas outras pessoas. A consequência desse comportamento

é verificada na predisposição para estabelecer a comunicação

interpessoal.

Page 63: Significados da linguagem corporal

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................................................................................................................................................................

Por muito tempo duvidou-se da existência dos feromônios nos seres

humanos. A suspeita de que pessoas possuíam feromônios assim como

os animais irracionais se deu a partir da observação da sincronia no ciclo

menstrual quando duas mulheres vivem na mesma casa. Somente em

1998, as médicas Martha McClintock e Kathleen Stern conduziram

estudo na Universidade da Califórnia e comprovaram as suspeitas da

existência dessas substâncias químicas em humanos.

Como havia sugestões de que feromônios eram associados às

secreções sudoríparas, elas coletaram o suor de uma mulher e aplicou

no lábio superior de outra. A mulher, ao receber a aplicação da

secreção, teve o ciclo menstrual alterado. O estudo provou, mesmo

para os mais céticos, a existência dos feromônios pela capacidade dessa

substância alterar o comportamento funcional do organismo.

O experimento ainda conclui que os efeitos dos feromônios nas

pessoas estão diretamente relacionados aos contextos social e

psicológico. Os efeitos dessas substâncias podem ser aumentados ou

diminuídos conforme a interação social e o estado psicológico dos seres

humanos. Uma vez estimulados, os feromônios afetam o cérebro e

alteram comportamentos. Qualquer produto industrializado que

reivindique a presença dessas substâncias nas fórmulas preparadas para

aumentar a atração interpessoal deve ser desconsiderado.

Page 64: Significados da linguagem corporal

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................................................................................................................................................................

O sistema olfativo está estritamente ligado ao sistema gustativo. Tal

fato é facilmente constatado em resfriados fortes, quando as narinas

ficam excessivamente congestionadas e as pessoas deixam de perceber

o sabor característico dos alimentos.

O paladar é responsável por quatro sabores essenciais: amargo,

azedo, doce e salgado. Outras variações, como por exemplo, o sabor

picante, são essencialmente olfatórias. Em comparação, enquanto o

paladar poderia ser traduzido nas notas musicais o olfato representaria

a diversidade possível dos sons. Em virtude dessa relação, pode-se

afirmar que o ser humano também se comunica pelo paladar.

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Page 66: Significados da linguagem corporal

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7 – Proxêmica: o espaço

interpessoal como forma de

comunicação

●∞●

Proxêmica é a análise do espaço pessoal e da distância interpessoal

como forma de mensagem não verbal corporal no processo de

comunicação face-a-face. A distância que uma pessoa utiliza em

relação à outra emite significados. A maneira com que cada pessoa

utiliza o espaço físico influencia o comportamento e consequentemente

a interação social. O comportamento proxêmico se distingue em três

aspectos: territorialidade, espaço pessoal e orientação corporal.

Territorialidade é a área geográfica sobre a qual as pessoas

reivindicam direitos pela forma de acesso, ocupação ou utilização por

período de tempo. Envolve conceitos de anonimato, privacidade e

reserva.

Os espaços pessoais são as distâncias que os seres humanos mantêm

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................................................................................................................................................................

um do outro durante a interação social. Esses espaços variam do toque

ao alcance da visão e o uso deles depende de fatores culturais, de

gênero, idade, status, tema da conversação, nível de intimidade e

características físicas. Tais espaços implicam no nível de conforto que as

pessoas sentem sobre o encontro e em suas atitudes interpessoais.

Os espaços existentes entre duas pessoas que se falam indicam

níveis de intimidade ou envolvimento. Em sociedades consideradas

muito táteis, como a brasileira, há tendência da diminuição dos espaços

pessoais. Mulheres têm áreas menores e chegam mais perto daquelas

pessoas com quem interagem. Em ocasiões sociais, elas

frequentemente sentam mais próximas de outras mulheres que de

homens. Porém, em circunstâncias de desconforto ou ameaça, homens

ficam mais próximos que as mulheres independentemente do gênero

em questão. Pessoas introvertidas, competitivas e ansiosas geralmente

reivindicam espaços interpessoais maiores.

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Edward Hall em “A dimensão escondida”

Em média, o espaço íntimo abrange 0,5 metros, enquanto o pessoal e o social avançam, respectivamente, a 1,2m e 3 metros.

Quando o tópico da conversação não agrada ou intimida, as pessoas

geralmente aumentam a distância pessoal, dão passos para trás ou se se

encostam à cadeira em que estão sentadas.

As características físicas são determinantes para quantificar do

tamanho exato dos espaços pessoais. Pessoas mais altas, com braços

maiores, terão, consequentemente, espaços expandidos em

comparação com pessoas de estaturas menores.

Já a orientação corporal refere-se aos ângulos formados pela

disposição do corpo quando as pessoas se interagem. Cabeça e tronco

no mesmo sentido de direção indicam o grau de acordo,

agradabilidade da conversa e nível de intimidade. Cabeça e tronco em

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................................................................................................................................................................

sentidos diferentes indicam menor interesse pelo processo

comunicativo. O ângulo formado pelo corpo é sinal para indicar

inclusão ou exclusão de uma pessoa na conversação.

A orientação do corpo refere-se também à localização em que é

situado no contexto comunicativo. Conforme o lugar ocupado no

ambiente, o corpo expressa receptividade social, cooperação, coação,

competividade ou aversão interpessoal.

Estudos já foram produzidos para analisar o comportamento

humano em decorrência do lugar que ocupa nos espaços físicos. Foi

pedido para duas pessoas se posicionarem numa mesa retangular e

escolherem qualquer uma das seis cadeiras para se sentarem, com base

em quatro circunstâncias.

A pessoa deveria se sentar para interagir, cooperar, constranger e

competir com um amigo do mesmo sexo. Foram utilizadas várias duplas

diferentes para as quatro situações. O resultado do estudo, mostrado

na figura abaixo, indica que o melhor posicionamento para

conversações é o formado por um ângulo de 90° entre duas pessoas

ou naquela circunstância em que as pessoas estão frente-a-frente, de

lados opostos. Posições adotadas lado-a-lado foram consideradas as

mais indicadas para atitudes cooperativas.

O estudo ainda constatou que interação face-a-face pode carregar

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entonações de competição quando as pessoas escolhem as posições

opostas e mais distantes na mesa. Ao mesmo tempo, pessoas tendem

a se sentarem transversalmente em lados opostos quando estão em

ações de constrangimento. As posições mais escolhidas pelas pessoas

ao se sentarem, conforme natureza das circunstâncias de interação,

estão indicadas na ilustração a seguir:

Edward Hall em “As dimensões escondidas”

Posições escolhidas para situações de conversação (1ª e 2ª mesas), cooperação (3ª mesa),

coação (4ª mesa) e competição (4ª mesa).

O local escolhido para se sentar encoraja ou desestimula a

interação. Posições sociopetais são consideradas aquelas em que as

disposições dos lugares para se sentar facilitam as relações

interpessoais. O contrário é chamado de posições sociofugais. A forma

com que qualquer tipo de assento é ordenado produz efeito

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interacional no comportamento humano. O padrão sociopetal torna o

intercâmbio mais aberto e compartilhado. Por outro lado, as variantes

sociofugais podem ser mais ajustadas se a intenção da pessoa é

dominar o contexto e usar comunicação de via única. As relações entre

disposição de assentos e estímulos à interação em grupo estão

indicadas na ilustração a seguir:

Edward Hall em “As dimensões escondidas”

A posição sociopetal estimula o nível de interação.

O uso dos espaços pessoais e a disposição corporal variam conforme

o perfil psicológico. Pessoas extrovertidas, ao contrário das

introvertidas, têm espaços interpessoais menores. Numa biblioteca,

por exemplo, a pessoa introvertida ou a que quer ficar sozinha,

geralmente escolhe a última cadeira na ponta de uma mesa retangular.

A pessoa extrovertida ou aquela que quer encorajar a aproximação

senta-se em uma cadeira disponibilizada no meio da mesa.

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A posição relativa que uma pessoa escolhe também pode comunicar

nível de status. Líderes de grupo, pessoas com tendência de liderança

ou projeção tendem a se dirigir para as cadeiras dispostas nas

extremidades de mesas retangulares.

Quando um grupo de pessoas se reúne, cada um experimenta a

posição no grupo por intermédio do lugar que ocupa. Ao escolher certa

distância, a pessoa indica o grau de intimidade que deseja. Ao escolher

o lugar principal, por exemplo, ela demonstra o papel de maior

protagonismo na interação social em grupo.

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8 – Cronêmica: a

percepção e relação do

tempo como significados

comunicativos

●∞●

Cronêmica é a análise da interpretação das mensagens não verbais

derivadas da percepção e relação das pessoas com o tempo. Trata-se de

estudo sobre o uso e significado do tempo na interação social. As

formas pessoais de manipulação do tempo transmitem significados. A

formação da palavra Cronêmica baseia-se em “chronos”, mito

considerado como a personificação do tempo nos trabalhos filosóficos

pré-socráticos.

A definição de tempo é variada, controversa e abstrata. Tempo pode

ser a quantidade linear e sucessiva de instantes. Porém, tal conceito

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remete ao questionamento de instantes. Se tempo é o conjunto de

instantes, é necessário aplicar sentido para a tal palavra antes de

arriscar a definição do que é tempo. Instantes podem ser considerados

como componentes de duração. Duração, aliás, remete imediatamente

a pensar que se trata de um período de tempo. Como se verifica, definir

tempo é tarefa difícil. Filósofos e cientistas não são consensuais com

relação ao conceito de tempo. Enquanto Aristóteles conceitua tempo

como a medida de mudanças, René Descartes considera-o como o

processo de recriação. Immanuel Kant avalia que tempo é a projeção

mental baseada em estruturas matemáticas. O físico inglês Isaac

Barrow rejeitou as concepções de Aristóteles ao afirmar que tempo é

algo que existe independentemente de mudanças, já que essas podem

ocorrer de forma lenta ou rápida. O físico, matemático e astrônomo

Isaac Newton definiu tempo como substância imaterial formada por

conjuntos de eventos. Albert Einstein, com a Teoria da Relatividade,

considerou o tempo como a quarta dimensão do Universo.

Independentemente do conceito mais adequado, é possível afirmar que

o tempo pode ser denominado em:

• Tempo físico: dimensão geométrica que define períodos em

milênios, séculos, gerações, décadas, anos, meses, dias, horas, minutos,

segundos, entre outras unidades.

• Tempo biológico: ritmo cíclico que governa comportamentos

celulares

• Tempo psicológico: processo mental em que a mesma duração de

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tempo é percebida de diferentes formas. Os impulsos nervosos

produzidos pelos estímulos fazem as pessoas apresentarem velocidades

variáveis da noção de tempo.

O tempo recebe tratamento diferenciado conforme a sociedade em

questão. Nas culturas latinas, por exemplo, o tempo é visto como

fenômeno cíclico. O conceito de tempo nessas sociedades é casual. Os

níveis de ansiedade são menores e, passado e futuro são integrados

pacificamente ao presente. Em outras sociedades, como a inglesa ou

norte-americana, o tempo é operado de forma linear. Nessas culturas,

dá-se importância para às informações técnicas e factuais para o

cumprimento de exigências. Pontualidade, por exemplo, é seguida

com rigor por ser considerada ato de civilidade e boas maneiras. A

forma com que o tempo é dividido, seja esse tratado de forma linear ou

circular, baseia-se em três categorias:

• Tempo técnico: divisão precisa do tempo, como os nano segundos.

• Tempo formal: são as unidades de medida do tempo físico, como

minutos, horas, dias, entre outras.

• Tempo informal: é representado por expressões que definem

períodos imprecisos como “até logo”, “daqui a pouco” ou “mais tarde”.

Esses termos geralmente causam dificuldades comunicativas por serem

arbitrários e significarem diferentes conceitos e percepções.

Tempo, como ferramenta de comunicação, indica signif icados muitas

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vezes incompreendidos. O fato se dá em virtude da percepção do

tempo. As pessoas mantêm relações de formas diferentes com o tempo

e essa característica possibilita dividi-las em dois grupos:

• Monocrômicas: pessoas que percebem o tempo rigorosamente

fazem somente uma atividade por vez e de forma concentrada, além de

cumprirem prazos e compromissos com pontualidade. Para elas, tempo

é precioso e mais importante que relações sociais ou conteúdo.

• Policrômicas: pessoas que percebem o tempo mais

distraidamente. Fazem muitas atividades ao mesmo tempo, cumprem

prazos e compromissos se possíveis e mudam planos frequentemente,

sem se sentirem culpadas ou obrigadas a se desculparem. Para elas,

tempo é comodidade, pode ser gerenciado e considerado menos

importante que relações sociais ou conteúdo.

Pontualidade é uma mensagem não verbal que pode medir a

importância de pessoas ou circunstâncias. Pessoas que estão

atrasadas podem expressar, não verbalmente, desinteresse,

desorganização e vez ou outra, algum incidente.

A forma como se lida com o tempo também expressa consciência

de status. O poder das pessoas pode ser medido conforme a autoridade

que elas têm sobre o próprio tempo. Pessoas em altas posições de

comando têm a luxúria de decidir o horário de compromissos e ainda

chegarem atrasadas. Esperar, como consequência da forma como o

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tempo é usado, também indica nível de status. A importância de uma

pessoa é medida conforme o tempo que ela espera por outra. Quanto

maior o prestígio de alguém, mais tempo ela será aguardada

pacientemente. Médicos geralmente usam esse tipo de mensagem não

verbal para indicar a importância deles aos pacientes. Consideram que a

credibilidade e a reputação profissional podem ser indicadas pelo uso

que fazem do tempo dos pacientes. Em muitos casos, pessoas valem o

que elas esperam. As regras e princípios que governam o ato de esperar

são parte da linguagem silenciosa da cultura, raramente expressa, mas

com significado maior que palavras.

O tempo, independentemente das mensagens não verbais que pode

oferecer à interpretação humana, é uma experiência que nada nem

ninguém podem deter, retardar ou acelerar. Tudo o que começa vai

surgir ou nascer, existir ou viver, acabar ou morrer ao longo do tempo.

O tempo, apesar de tão recorrente a todos os seres vivos e inanimados,

é dificilmente explicável em palavras por ser invisível e abstrato. Santo

Agostinho, o filósofo do Cristianismo, não quis se arriscar na definição

de tempo. Na obra Confissões, ele cita: “quando me perguntam o que é

o tempo, eu simplesmente digo: adoraria saber”.

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9 – Aparência física:

características corporais

como fontes de mensagens

não verbais

●∞●

Aparência comunica significados. A forma, tamanho e peso

corporais, cor e estilo do cabelo, roupa e acessórios indicam etnia,

gênero, idade, ocupação, status e hábitos sociais. As características

físicas, como aspectos de mensagens não verbais, conduzem sinais de

atratividade, inteligência, persuasão, confiança, extroversão.

9.1 - As mensagens transmitidas por meio do vestuário

O corpo também envia sinais não verbais pelas extensões. Roupas e

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artefatos como relógios, bolsas, óculos, joias, bonés e calçados fazem

parte da indumentária e emitem mensagens. As características do

vestuário indicam gênero, idade, personalidade, status, ocupação

profissional, disponibilidade sexual, estado emocional e afiliação

religiosa.

Os primeiros seres humanos se vestiram com materiais naturais

como fibras vegetais e couro de animais. Naquela época, o vestuário

também indicava status. Quanto maior e melhor o couro derivado da

caça que era exposto na entrada das cavernas para o preparo das

roupas, mais força e poder eram demonstrados. A indumentária evoluiu

com a sociedade, mas o significado de status se manteve.

Todas as culturas usam a indumentária para distinguir classes sociais.

As pessoas emitem julgamentos a respeito da importância das outras

baseadas, principalmente, na qualidade e beleza do que vestem. A

diferença constatada na vestimenta induz as pessoas a tratar outras de

maneiras desiguais.

As pessoas colocam roupas pelas mesmas razões porque falam:

para tornar a vida mais fácil, anunciar ou disfarçar a identidade, além

de estimular a atração sexual. A função do vestuário também tem o

propósito de tornar a pessoa mais confiante de si mesma, a fim de que

possa se julgar apta para atrair sexualmente. Enquanto homens

geralmente usam roupa para indicar status, as mulheres tendem a

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................................................................................................................................................................

fazer uso do vestuário para atrair.

Indumentária reflete ainda a atividade profissional que a pessoa

desenvolve. Médicos, bombeiros e executivos usam padrões de

indumentária que possibilitam identificá-los imediatamente. O estilo de

roupa e determinados acessórios ainda indicam a afiliação étnica e

religiosa ou mesmo a condição civil. Tecidos coloridos usados na cabeça

por afrodescendentes e hábitos utilizados por padres e freiras sinalizam

suas agremiações. Anéis na mão direita ou esquerda indicam o estado

marital. O cabelo, extensão do corpo carregada de significados,

também expressa mensagens conforme o corte, a cor, o acessório

utilizado e a forma do penteado. O colarinho aberto de uma camisa

com a gravata afrouxada pode significar informalidade ou displicência.

Se usado com o colarinho fechado e gravata devidamente posicionada

pode representar sentido contrário.

As cores da indumentária enviam mensagens, apesar de

carregarem significados diferentes conforme a cultura social. No

Brasil, vermelho representa sedução, paixão e senso de autoestima.

Amarelo indica alegria, verde esperança, branco paz e preto simboliza

luto, introspecção e elegância. Roupas azuis ou rosas são associadas à

masculinidade e feminilidade. Tal significado de azul e rosa foi adotado

na França do século XIX e somente por volta de 1920 tornou-se comum

em outros países.

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O formato das roupas pode indicar modéstia e disponibilidade

sexual. Quanto menor ou mais justo for o corte, maior a evidência

corporal e consequentemente a intenção de atrair parceria sexual. Por

exemplo, as mulçumanas se vestem com burcas para proclamar a

condição de mulheres respeitáveis. Mulheres ocidentais exageram na

maquiagem e economia de uso de roupas para demonstrarem

receptividade e intenções sexuais. Os efeitos da atração física pela

indumentária são mais enfatizados em situações em que há pouca

oportunidade para interagir com a pessoa-alvo da sedução por período

extenso. A atratividade física com o uso de roupas, embora

inicialmente importante, perde importância para habilidades sociais

como expressões faciais, fala e fluência gestual nas interações de

longo prazo.

9.2: A beleza física como atributo de comunicação

O maior atributo da aparência física é a beleza. Pessoas

consideradas bonitas possuem vantagem no processo de

comunicação, pois atraem e retêm atenção para si com mais

facilidade. Tendencialmente têm maiores possibilidades de ganhar

discussões e convencer, pois o ser humano é naturalmente

condicionado ao belo. Assim, a beleza é considerada elemento tanto

complementar como funcional no processo de comunicação

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interpessoal.

O conceito de belo é definido pelas ideias simétricas e harmoniosas

de ordem, medida e proporção que excita as pessoas no senso comum

ou individual. Platão cita que o belo é perfeito, absoluto e atemporal.

Aristóteles também reconhece esses componentes e acrescenta que

belo é qualquer elemento que agrada os sentidos da visão e da audição.

Kant, ao analisar o sublime como a expressão máxima do belo, explica

que beleza é o estado mental derivado do julgamento do gosto.

Ao afirmar que belo é proveniente do julgamento, Kant fundamenta

de que a beleza está na mente de quem a contempla. Esse raciocínio

possibilita assegurar que subjetividade do conceito de beleza. O que é

belo para uma pessoa pode ser feio para outra. Para o filósofo Santo

Agostinho, a beleza é sinônima de formas geométricas equilibradas. Em

“Confissões”, obra na qual narra a própria conversão após tempos de

perversão, ele fez do belo um objeto de culto: “Nós não amamos a não

ser a beleza”. Ainda afirma na obra que o belo surge com a existência de

empatia e projeção sentimental e que a beleza é produto da percepção

mental.

A beleza das pessoas significa uma estrutura da constituição da face ,

corpo, comportamento e caráter. O padrão da beleza humana varia

conforme a época e a sociedade. Na antiguidade, a beleza era

relacionada às funções reprodutoras. Mulheres de quadris largos que

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................................................................................................................................................................

simbolizavam esse desempenho biológico da espécie eram consideradas

mais belas. Naquela época, a gordura também tinha significado estético

favorável.

Além de beleza, gordura simbolizava status social por denotar

excesso de recursos financeiros. Entre índios, o conceito de pele branca

é sinônimo de feiura. Por conta da subjetividade, é impossível

padronizar normas absolutas para o que é belo e o que é feio.

A beleza do ser humano é relativa e suas formas concretas de

manifestação são determinadas por traços nacionais, étnicos ou de

classe. A transição de épocas, a formação, o desenvolvimento de novas

relações sociais e outros entendimentos éticos transformam as

concepções estéticas das pessoas. O belo é historicamente

condicionado e historicamente mutável.

Aspectos do julgamento da beleza podem ser influenciados pela

cultura e pela história individual, mas na sociedade moderna, traços

geométricos de um rosto dão origem à percepção do belo. A face

humana é considerada bonita, assim como o corpo, quando apresentam

partes correspondentes em suas proporções.

Nancy Etcoff, psicóloga da Universidade de Harvard e autora da

obra “A lei do mais belo: a ciência da Beleza” propõe no livro a divisão

da face em três partes: do couro cabeludo às sobrancelhas, das

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sobrancelhas à ponta do nariz e do nariz ao queixo. Para a psicóloga, se

o tamanho desses espaços divididos for simétrico, tem-se então uma

face humana bonita. Ela ainda acrescenta quatro características para a

face ser considerada bela. A primeira delas é que a comprimento das

orelhas deve ser igual ao comprimento do nariz. A segunda refere-se à

distância entre os olhos e à largura do nariz, que deve ser equivalente.

A terceira relaciona-se à base da orelha, a qual deve estar na mesma

linha da ponta do nariz. Por fim, completa que a face humana bonita

deve ter pele sem manchas, além de cabelos sedosos e brilhantes.

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Simetria facial é utilizada por estudiosos para definir

rostos bonitos, diante da subjetividade do conceito de beleza.

O Homem Vitruviano, desenho de Leonardo da Vinci feito em 1492,

é a representação do corpo proporcional, portanto, considerado belo e

perfeito. A imagem fornece o modelo perfeito da proporção corporal,

concentrada na razão matemática Pi. O termo Pi, ou Phi, provém de

Phidias, o escultor grego que concebeu as esculturas de Parthenon. Pi é

o nome dado à divisão de uma linha ou figura na qual a razão da seção

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menor para a maior é a mesma da maior para o todo e igual a 1:1,618.

Alguns exemplos de proporção demonstrados pelo desenho são: a) o

cumprimento dos braços abertos é equivalente ao peso; b) a altura é o

mesmo que quatro antebraços; c) um palmo é a largura de quatro

dedos. Mesmo sido produzido no período renascentista, o Homem

Vitruviano ainda é símbolo atual da simetria básica do corpo, da

perfeição e da beleza das formas.

Há estudiosos que rejeitam a existência de regras e medidas

objetivas para determinar o que é belo. Medidas harmônicas,

simétricas e perfeitas, em suas totalidades, são raramente

encontradas nos seres humanos. Esses sistemas falham ao tentar

padronizar a beleza, que pode, inclusive, se originar em medidas

caóticas. Os critérios podem ser relacionados mais com a biologia do

que propriamente com números ou divisões ideais.

A beleza, apesar de tudo, tem desvantagens, é injusta e

extremamente perturbadora. O belo revela pouco sobre inteligência,

caráter, senso de humor ou estabilidade emocional. Pessoas bonitas

tendem a ser percebidas como menos fiéis. Mulheres belas podem ser

julgadas como mães desatentas. Homens bonitos são menos rudes.

Pessoas com boa aparência física são alvo frequente de erotização

alheia.

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O culto da aparência gera preconceito, embora negado. É comum

deparar-se com pessoas que se recusam admitir a importância da

aparência. Porém, todo especialista em Marketing tem consciência de

que a imagem é tão importante quanto o produto. Pessoas bonitas são

tratadas preferencialmente. Fazem amigos e encontram parceiros

sexuais com mais facilidade. Têm chances maiores de conseguir

cooperação, seja de desconhecidos ou conhecidos. Mães de bebês

considerados bonitos os encaram mais nos olhos quando comparadas

com outras de filhos menos atraentes. A beleza é, definitivamente,

uma vantagem em todas as esferas da vida. Mas nem por conta de

tantos privilégios, a beleza causa mais felicidade.

“Felicidade está mais relacionada com qualidades pessoais

como otimismo, senso de controle, autoestima, capacidade de

tolerar frustração e sentimentos de conforto e afeição” - Immanuel

Kant, na obra “Crítica da faculdade do juízo”.

O auge da beleza é passageiro e ocorre na juventude. Apesar de

alegações de que beleza não tem idade, há uma fase preferida para ela.

Ao se aproximarem dos trinta anos, as pessoas atingem o ápice de

beleza física, força e virtude. A beleza extrema é rara e quase sempre é

encontrada, quando existe, nas pessoas antes de completarem 35

anos, afirma Nancy Etcoff, psicóloga do Departamento Médico da

Harvard University no artigo científico “Survival of the prettiest” .

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O amor pela beleza produz nas pessoas a necessidade de desejá-la. A

beleza emociona, seduz e produz sensação de prazer. Ao mesmo

tempo, o belo também pode causar distração. Tal distração, no

processo comunicacional, é capaz de ocasionar a perda de parte dos

significados das mensagens trocadas.

Nesse caso, a capacidade de sedução da beleza torna-se, ao invés de

ferramenta, forte ruído de comunicação interpessoal. Apesar dessa

ambiguidade, a beleza é considerada instrumento prático no processo

comunicacional. Ela atrai a atenção mais que distrai. Induz a interação,

influencia favoravelmente os julgamentos, provoca prazer, exerce

autoridade e é extraordinariamente impressiva. A aparência, por ser a

parte mais pública das pessoas, ocupa lugar de destaque nas relações

humanas. Se a aparência é considerada bonita, as emoções, as

percepções e os comportamentos humanos serão percebidos como

mais positivos. A beleza é uma força social tão potente quanto raça e

sexo. Pessoas bonitas tendem a ganhar discussões e convencer os

outros de suas opiniões. Além da presença de aparência física, o

conceito de belo pode estar contido nas mensagens não verbais. Vozes

adequadas, capacidades de expressões verbais, gestos afinados,

postura acertada, cheiro agradável e roupas apropriadas são

características consideradas bonitas, além de contribuírem para atrair

e reter atenção. Quando esses sinais são expressos de forma harmônica

refletem funcionalidade e exercem efeitos positivos no processo de

comunicação interpessoal.

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10 – Conclusão

●∞●

A linguagem corporal é a expressão do estado físico e mental dos

seres humanos. Emitida - na maioria das vezes - de forma inconsciente,

revela sentimentos e percepções de forma sincera e sobrepõe-se aos

significados da comunicação verbal. É surpreendente constatar que

93% do processo de comunicação interpessoal são atribuídos às

mensagens geradas pelos movimentos do corpo e características

vocais. Tal realidade inquieta porque a maioria das pessoas despreza os

significados da linguagem corporal ou não presta atenção a esse tipo de

sinal comunicativo. Como se trata de informações responsáveis pela

forma com que as pessoas são percebidas, a linguagem corporal é

capaz de aumentar o nível de atratividade pessoal e a capacidade de

influenciar outras pessoas.

A decodificação das mensagens não verbais permite compreender o

que as palavras geralmente não expressam. A observação atenta desses

sinais possibilita perceber se o processo interativo agrada, se as

intenções da comunicação são alcançadas e se o estado emocional da

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................................................................................... 92

................................................................................................................................................................

pessoa com a qual se comunica está harmonioso. Apesar de

personalidade, contexto e cultura individualizarem o significado da

linguagem corporal, tais sinais são fontes confiáveis de informações.

As pessoas geralmente se intimidam ao se conscientizarem que

revelam pensamentos e emoções particulares sem o uso das palavras.

Para aqueles que se atentam às mensagens não verbais durante

interações sociais, recomenda-se que contenham o ímpeto de revelar o

significado dos sinais percebidos. Geralmente, as pessoas sentem-se

invadidas e consequentemente tornam o processo comunicativo

menos espontâneo e fluído.

Dentre as diversas formas de mensagens não verbais, a voz exerce

forte influência na forma como as pessoas são percebidas. O bom

desempenho vocal supera a beleza física para influenciar e atrair

pessoas. Vozes graves, no caso de homens, e vozes suaves, no caso de

mulheres, denotam comunicação sofisticada quando impostas na altura,

velocidade, articulação e pronúncia ideais. Na ausência de expressão

vocal, as pessoas concedem silêncio, característica comunicativa

carregada de significado. O silêncio deve ser cultivado por permitir o

controle da respiração durante as pausas vocálicas e a organização do

pensamento. Estudos sobre a linguagem corporal indicam que as

pessoas deveriam falar menos, escutar mais e consequentemente

valorizar o silêncio para aumentar as habilidades de comunicação.

Outro meio condutor da linguagem corporal são os olhos. Trata-se

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................................................................................................................................................................

das partes mais sensíveis, sinceras e reveladoras da comunicação

interpessoal face-a-face. É possível constatar o estado emocional e

informações particulares somente ao observar os olhos com

profundidade e atenção. Os seres humanos possuem capacidade

inativa para detectar personalidades e a disposição alheia somente

com o contato visual. A melhor maneira de estabelecer conexão com

outra pessoa é por meio do olhar parcial-direto. Ou seja, olhar nos

olhos enquanto falamos, portanto, com moderação.

É importante mirar no olho durante as interações sociais. Além de

demonstrar atenção e apreço, é a oportunidade para verificar o

tamanho das pupilas e, dessa forma, identificar o nível de emoção e

interesse da pessoa durante a interação. Tal olhar deve durar até o

ponto em que o contato não denote ameaça ou incomode a pessoa com

quem falamos. Adicionalmente, a parcialidade do comportamento

ocular permite que outros estímulos presentes no contexto de

comunicação interpessoal sejam captados, desde gesticulações às

informações gratuitas presentes no ambiente em que se estabelece a

conversação.

Os movimentos gerados pelo corpo por meio de expressões faciais,

gestos e postura são responsáveis pela representação pessoal. A face é

o principal elemento de identificação humana e o canal presencial que

transmite o estado emocional na maior quantidade. Dentre o conjunto

de emoções expressadas pela face, o sorriso é um importante recurso

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................................................................................................................................................................

social. Para reconhecer um verdadeiro sorriso, basta observar os

olhos. As informações emocionais que desencadeiam esse

comportamento estão muito além do movimento da boca, pois o

verdadeiro sorriso está nos olhos.

Gestos, como subprodutos da articulação verbal, ilustram,

substituem ou diminuem a ambiguidade das palavras. Apesar da

importância dos gestos no processo comunicativo, o excesso desses

movimentos é considerado ruído de mensagem. A gesticulação ilimitada

interfere na recepção das mensagens por transferir a atenção da

informação para os gestos. Por outro lado, a ausência de gestos torna a

expressão monótona e menos atrativa. O ideal é manter a gesticulação

equilibrada, com movimentos moderados, que contribuam para a

ilustração ou substituição da fala.

O olfato também oferece a captação de sinais não verbais durante a

interação. As pessoas geralmente subestimam a importância do nariz

como receptor de mensagens. São relutantes em perceber o aroma

natural uma das outras e quase não falam sobre cheiro humano. As

pessoas suprem o olfato como sentido por fazerem parte de sociedades

desodorizadas biologicamente. Os feromônios, principal condutor de

mensagens e, portanto, alvo dos estudos da Olfática, exercem forte

influência na comunicação interpessoal. Tais substâncias estimulam ou

desencorajam interações sociais. Fato que remete à explicação parcial

dos motivos que induzem as pessoas a gostarem ou não uma das

Page 95: Significados da linguagem corporal

...................................................................... 95

................................................................................................................................................................

outras. Outra explicação para a aversão social é dada pela

incompatibilidade das mensagens não verbais como expressões

faciais, tonalidade vocal, atratividade física, formas de gesticulação,

postura e indumentária. Por fim, as convicções que geram preconceitos

também é um dos motivos para as pessoas sentirem aversão

interpessoal, acrescidas da capacidade inconsciente dos seres humanos

em detectar valores e fluxos mentais apenas ao se aproximar e

observar outras pessoas.

A pele, outro importante canal condutor de mensagens não verbais,

tem surpreendente capacidade de comunicação. Por meio do contato

físico, as pessoas estabelecem elos, apesar de o toque ser considerado

tabu por algumas sociedades. Tocar, muito mais do que chamar pelo

nome da pessoa, reduz distância social, estabelece relacionamento

amistoso imediato e frequentemente constitui declaração de

identificação e intimidade.

Ao analisar as características da Proxêmica, estudo da linguagem

corporal que analisa do posicionamento do corpo durante interações

sociais, é possível afirmar que a melhor maneira de se estabelecer

comunicação interpessoal face-a-face é posicionar o corpo frente ao da

outra pessoa dentro do espaço íntimo ou pessoal-casual. A distância

interpessoal varia do espaço que vai do corpo ao tamanho estendido do

braço. Nessa posição é possível visualizar todo o corpo para obtenção

da totalidade de sinais não verbais, desde a posição dos pés à sensação

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................................................................................... 96

................................................................................................................................................................

do cheiro da pessoa com qual se comunica. Quando sentadas, a forma

mais eficaz de estabelecer interação social é quando duas pessoas

formam ângulo de 90° ou estão acomodadas frente-a-frente.

A percepção e reação ao tempo emitem significados não verbais. A

definição de tempo é variada, controversa e abstrata. Tempo pode ser a

quantidade linear e sucessiva de instantes. Porém, tal conceito remete

ao questionamento do significado de instantes. Se tempo é o conjunto

de instantes, é necessário aplicar sentido para essa palavra antes de

arriscar determinar o que é tempo. Instantes podem ser considerados

como componentes de duração. Duração, aliás, remete imediatamente

a pensar que instantes se trata de um período de tempo.

Vê-se que definir tempo é tarefa difícil. Filósofos e cientistas não

são consensuais em relação ao conceito de tempo. A forma como as

pessoas se relacionam com o tempo emite sinais comunicativos de

status e organização.

A cor, o estilo, o tamanho e a qualidade de tecidos sobre o corpo

emitem sinais não verbais relacionados à indumentária. A cor e o estilo

revelam estados emocionais e personalidade. O tamanho e a qualidade

do tecido sinalizam níveis de disposição sexual e status. O vestuário é

fonte bastante utilizada para formação e julgamentos e exerce forte

influência no processo de comunicação interpessoal face-a-face. Os

seres humanos comunicam de maneira diferente conforme os

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...................................................................... 97

................................................................................................................................................................

julgamentos que fazem com relação ao que as pessoas vestem.

A beleza humana é outro atributo de comunicação que exerce forte

influência durante interações sociais. Pessoas consideradas bonitas,

além de serem mais bem percebidas, retêm atenção às mensagens

que emitem e possuem maiores chances de persuasão. O fascínio pela

beleza produz nas pessoas a necessidade de desejá-la. A beleza

emociona, seduz e produz sensação de prazer. Ao mesmo tempo, o belo

também pode causar distração.

Essa distração, no processo comunicacional, é capaz de ocasionar a

perda de parte dos significados das mensagens trocadas. Nesse caso, a

capacidade de sedução da beleza torna-se, ao invés de ferramenta,

forte ruído de comunicação interpessoal. Apesar da ambiguidade, a

beleza é considerada instrumento prático no processo comunicacional.

Ela atrai a atenção mais que distrai. Induz a interação, influencia

favoravelmente os julgamentos, provoca prazer, exerce autoridade e

impressiona.

A aparência, por ser a parte mais pública das pessoas, ocupa lugar

de destaque nas relações humanas. Se a aparência é considerada

bonita, as emoções, as percepções e os comportamentos humanos

serão percebidos como mais positivos. A beleza é uma força social tão

relevante quanto raça e sexo. Pessoas bonitas tendem a ganhar

discussões e convencer os outros de suas opiniões.

Page 98: Significados da linguagem corporal

................................................................................... 98

................................................................................................................................................................

Além da presença de aparência física, o conceito de belo pode estar

contido em outros tipos de mensagens não verbais. Vozes adequadas,

capacidade de expressão verbal, gestos afinados, postura acertada,

cheiro agradável e roupas apropriadas são características consideradas

positivas e contribuem para atrair e reter atenção das pessoas durante

o processo de comunicação face-a-face.

Por fim, o que se aprende com o estudo aprofundado da linguagem

corporal é a capacidade perceber estados emocionais e decifrar níveis

de receptividade social sem necessariamente necessitar dos significados

semânticos da expressão verbais. Conclui-se, portanto, que usar o

conhecimento sobre os significados da linguagem corporal é uma

forma sagaz – e ética - de aumentar habilidades relacionais e

potencializar a força do poder pessoal.

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...................................................................... 99

................................................................................................................................................................

Page 100: Significados da linguagem corporal

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