ROSANA CERQUEIRA DOS SANTOS - Universidade do Estado da … · Brincando e aprendendo : a...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO – CAMPUS I CURSO PEDAGOGIA - ANOS INICIAS ROSANA CERQUEIRA DOS SANTOS BRINCANDO E APRENDENDO: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Salvador 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEBDEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO – CAMPUS I

CURSO PEDAGOGIA - ANOS INICIAS

ROSANA CERQUEIRA DOS SANTOS

BRINCANDO E APRENDENDO: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL DA

CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Salvador 2010

ROSANA CERQUEIRA DOS SANTOS

BRINCANDO E APRENDENDO: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL DA

CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação, da Universidade do Estado da Bahia, Campus I sob orientação da professora Terezinha Zélia Oliveira.

Salvador 2010

FICHA CATALOGRÁFICA : Sistema de Bibliotecas da UNEB

Santos, Rosana Cerqueira dos Brincando e aprendendo : a importância do brincar no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança na educação infantil / Rosana Cerqueira dos Santos .– Salvador, 2010. 66f.

Orientadora: Profª. Terezinha Zélia Oliveira. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2010.

Contém referênciase apêndices.

1. Recreação. 2. Brincadeiras - Aspectos psicológicos. 3. Jogos educativos. 4. Aprendizagem. 5. Educação de crianças. 6. Ludoterapia. I.Oliveira, Terezinha Zelia. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação. CDD: 790.15

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ROSANA CERQUEIRA DOS SANTOS

BRINCANDO E APRENDENDO: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL DA

CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação, da Universidade do Estado da Bahia, Campus I sob orientação da professora Terezinha Zélia Oliveira.

Salvador 13 de Setembro de 2010

Profª. Terezinha Zélia

Profª. Geisa Arlete

Profª. Rilza Cerqueira

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Dedico este trabalho a minha filha Caiane, a minha mãe Joselita e meu pai Davi (in

memoriam), por ter sido um referencial na minha vida, a meu Esposo Luis Carlos, a

todas as professoras que fizeram parte da minha formação, às crianças que são o

futuro desse mundo, que precisa ser amadas e respeitadas como seres sócios

históricos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e a meus pais pelo corpo físico que me permite

esta hoje reencarnada, fazendo parte desse caminho evolutivo juntos a

companheiros de jornada, como meus irmãos, esposo, filha e sobrinhas no contesto

familiar apreendendo com a diferença e crescendo como ser humano.

Por esse momento da minha vida, agradeço em particular o amigo e irmão

Edmilson, que sempre me incentivou a dar continuidade a meus estudos, confiando

na minha potencialidade e capacidade de superar dificuldades, e está hoje fazendo

uma formação acadêmica.

A educadora Geisa Arlete, da Fundação Visconde de Cairu, que me

proporcionou uma experiência única que foi a formação continuada dos professores

da rede municipal.

A professora Patrícia Magris pelo Projeto “A hora do Recreio” que fez com

que despertasse em mim a sensibilidade, interesse pelo tema desta pesquisa e a

minha orientadora Terezinha Zélia pela dedicação nesse momento importante da

formação.

Enfim, a todos, o meu muito obrigado.

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“A educação é ponto em que se decide que se ama suficientemente o mundo para

assumir responsabilidade por ele (...) e o lugar em que se decide que se amam

suficientemente as crianças para não as expulsar do nosso mundo”.

Hannah Arendt

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RESUMO

Este estudo teve como objetivo analisar as contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento infantil em sala de aula. A brincadeira entendida em seu aspecto livre ou sob forma de regras, é uma atividade específica da infância em que a criança recria sua realidade Nessa perspectiva é que este trabalho de pesquisa busca saber qual a importância do brincar no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança na educação infantil. Para o embasamento teórico deste estudo foram utilizadas as contribuições de Jean Piaget, Lev Vygostsky, Henri Wallon, Gilles Brougére, Tizuko Kischimoto, Edda Bomtempo, Cipriano Lucresi e do RCNEI entre outros que esclareceram a pertinência do lúdico no desenvolvimento da criança. O estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica, com ênfase no caráter qualitativo trabalhando com descrições, comparações e interpretações de dados relevantes que comprovem a relação do brincar no processo da aprendizagem infantil, na sala de aula do grupo cinco de uma escola municipal de salvador. Após a construção dos capítulos teóricos e analise dos dados relevantes da investigação sobre a contribuição das atividades lúdicas no desenvolvimento infantil na sala de aula, pode-se perceber que o brincar transformado em instrumento pedagógico na educação infantil favorece e é imprescindível na formação global da criança para cumprir seu papel social enquanto ser socialmente construído.

Palavras - chaves: atividades lúdicas, desenvolvimento, brincadeira, brincar, aprendizagem, educação infantil.

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ABSTRACT

This study had as a goal to analyze the contribution of recreational activities in childhood development into the classroom. The comprehension about playing in a free way or under rules is a specific activity of childhood where children recreate his reality. In this perspective, this research tries to know the importance of playing in cognitive, affective and social development of children. To support the theory of this study, contributions of Jean Piaget, Lev Vygostsky, Henri Wallon, Gilles Brougére, Tizuko Kischimoto, Edda Bomtempo, Cipriano Lucresi, RCNEI, among others were used to clarify the pertinence of recreational in children development. This study was developed from a bibliographic research, with emphasis in qualitative profile, working with descriptions, comparisons and relevant data interpretation that confirm the relation between playing and childhood learning process, with a group five classroom in a public school of Salvador city. After theoretical chapter’s construction and relevant data analyses of investigation about contribution of recreational activities for childhood development in classroom, it is possible to realize that playing activity as a didactic tool of childhood education helps and also is essential for global children growing in order to develop his social profile while a human being socially formed.

Key-words: recreational activities, development, game, playing, learning, childhood education.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................09

2. CAPÍTULO I: UM OLHAR SOBRE A CRIANÇA...............................13

2.1 A CONSTRUÇÃO HISTORICA DO CONCEITO DE CRIANÇA..........................13

2.2 A CRIANÇA E AS FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E

SOCIAL................................................................................................16

2.3 A INFLUENCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL. ...........................................................................................2

2

3. CAPÍTULO II: BRINCANDO E

APRENDENDO.................................27

3.1 O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL....................................................27

3.2 O LÚDICO E O PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL............................31

4. CAPÍTULO III: O JOGOS/BRINQUEDOS E

BRINCADEIRAS..........35

4.1 JOGOS................................................................................................35

4.1.2 BRINQUEDOS....................................................................................37

4.1.3 BRINCADEIRAS.................................................................................38

5. CAPÍTULO IV: BRINCADEIRA É COISA SERIA..............................41

5.1 EXPLORANDO A REALIDADE ESCOLAR.................................................42

5.2 CAMINHOS METODOLÓGICOS..............................................................44

5.3 RELATO DA EXPERIENCIA....................................................................45

5.4 VIVÊNCIA LÚDICA................................................................................47

5.5 O DISCURSO DOS PROFESSORES.......................................................50

5.5.1 FORMAÇÃO E TRAJETORIA PROFISSIONAL........................................50

5.5.2 CONHECIMENTO SOBRE O BRINCAR.................................................51

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6. CAPITULO V: TEORIA E PRÁTICA: DIALOGO POSSIVEL............54

7. COSINDERAÇÕES FINAIS...............................................................60

REFERÊNCIAS......................................................................................62

APÊNDICE..............................................................................................6

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1. INTRODUÇÃO

O brincar é uma necessidade da vida social, por ser o primeiro instrumento da

atividade humana, nele se reconhece um meio de proporcionar educação integral,

em situações naturais de aprendizagem que geram forte interesse em aprender e

garantem o prazer. Independente de cultura, raça, credo ou classe social, toda

criança brinca. Todos os seus atos estão ligados à brincadeira. A brincadeira é o

exercício da vida e, é uma ferramenta essencial e necessária ao processo de

desenvolvimento humano.

Trata-se de uma fonte de felicidade que gera alegria, prazer e aprendizado e

também é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e

cognitivo da criança. Brincar viabiliza a construção do conhecimento de forma

interessante e prazerosa, garantindo nas crianças a motivação intrínseca necessária

para uma boa aprendizagem, até convertê-las em adultos maduros, desenvolvendo

a imaginação e a autoconfiança.

Para Brougere (1995, p.59), “A brincadeira é, entre outras coisas, um meio de

a criança viver a cultura que a cerca, tal como ela é verdadeiramente, e não como

ela deveria ser.” É uma ferramenta importante para o desenvolvimento global da

criança por levá-la a conciliar o mundo objetivo e a imaginação. O lúdico abrange o

brincar e nesse sentido tem papel fundamental para a criança tanto no inicio como

durante toda sua vida, devendo fazer parte do dia-a-dia dela, pois favorece a

construção prazerosa do viver e da convivência social. A evolução lúdica, nos

primeiros anos de vida mostra que ao brincar a criança desenvolve a inteligência,

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aprende prazerosa e progressivamente a representar simbolicamente sua realidade

como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998),

que serve como guia para as creches e escolas de educação infantil, apresentando

objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam

diretamente com crianças de zero a seis anos, contempla a importância da

brincadeira para a construção do conhecimento.

É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações. (BRASIL, 1998, p. 27)

Sendo assim alguns estudiosos como Luckesi (2002) aponta que: As

atividades lúdicas na vida do individuo deve contemplar o sujeito inserido em seu

processo sócio-histórico, pois brincando, as crianças revelam suas historias,

prazeres e desprazeres, imitam e criam situações, resolvem os problemas de forma

simbólica o que favorece a construção de sua identidade. Na vivencia escolar o

recreio é o momento mais prazeroso, é o momento ideal, só que é insuficiente,

diante de todo tempo que as crianças ficam em sala fazendo tarefas. Escrever sobre

o elemento pedagógico “recreio” na disciplina Pesquisa e Pratica Pedagógica IV e

participar do projeto de intervenção “hora do Recreio” na escola Gersino coelho no

Bairro de Narandiba, fez com que refletisse de forma significativa como o brincar é

positivo na vida das crianças. E assim, perceber que varias oportunidade de

aprendizagem esse momento proporciona no contexto escolar, e que o mesmo é

desprezado pelo corpo docente, como algo secundário sem relevância.

Embora a brincadeira seja uma atividade livre espontânea, ela não é natural,

mas uma criação da cultura. O aprendizado se dá por meio das interações e do

convívio com os outros. Portanto situar o ato de brincar no ambiente escolar,

principalmente na educação infantil é compreender que a brincadeira pode

desempenhar um papel importante na aprendizagem, no desenvolvimento social,

cognitivo, afetivo e na saúde das crianças em idade escola.

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O objetivo geral deste trabalho é analisar as contribuições das atividades

lúdicas no desenvolvimento infantil em sala de aula. Para isso, observar a

importância do brincar para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança

na educação infantil; identificando os jogos e brincadeiras realizadas pelos

professores; buscando compreender como os jogos e as brincadeiras são utilizadas

pelo professor na práxis pedagógica e sua contribuição no desenvolvimento infantil,

em sala de aula.

A maioria dos pensadores e educadores que trabalham com este tema

ressalta a importância da brincadeira no processo de aprendizagem e socialização.

Sendo assim, para este estudo foram utilizados como principais aportes teóricos os

seguintes autores: Jean Piaget, Lev Vygostsky, Froebel, Henri Wallon, Edda

Bomtempo, Gilles Brougere, Tizuko kischimoto, Cipriano Lucresi entre outros.

Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança. Wallon fez inúmeros comentários onde evidenciava o caráter

emocional em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à

socialização. Entre as concepções sobre o brincar, destaca-se as de Fröbel, o

primeiro filósofo a justificar seu uso para educar crianças pré-escolares. Fröbel foi

considerado por Blow (1991) psicólogo da infância, ao introduzir o brincar para

educar e desenvolver a criança.

A pesquisa possibilitou a compreensão e interpretação da realidade social e a

contextualização do conhecimento seguiu o paradigma educacional socrático, que

tem como finalidade a mudança e transformação, fornecida por sua metodologia

pautada na investigação-ação-participação. Considerando esse tipo de investigação,

a pesquisa foi bibliográfica, com ênfase no caráter qualitativa. A coleta de dados

deu-se por meio de observações, entrevista com professores, revisão de literatura.

Segundo Chizzotti (1991) A observação é uma das técnicas de coleta de dados

imprescindível em toda pesquisa cientifica, que pode ser utilizada por todo

pesquisador. Já a entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo.

Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores

sociais. Para tanto na coleta de dados foi aplicados questionários com perguntas a

três educadoras com identificação dos entrevistados.

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A monografia apresenta a seguinte estrutura: O primeiro capítulo, “Um olhar

sobre a criança!”, tem como objetivo, resgatar a construção histórica do conceito de

criança; A criança e as fases do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social; assim

como a influencia das atividades lúdicas no desenvolvimento infantil.

O segundo capítulo, “Brincando e Aprendendo!”, tem como objetivo discutir a

importância do brincar na educação infantil; O lúdico e o professor na educação

infantil. E o terceiro capítulo abordará “Jogos, Brinquedos e Brincadeira”, com o

objetivo de identificar a influência destes no processo de aprendizagem. O quarto

capítulo, “Brincadeira é Coisa Seria!” Tem como objetivo analisar relatos de

experiência sobre as contribuições do brincar na educação infantil. O quinto e ultimo

capítulo, ”Teoria e Prática dialogo possível?” com o objetivo de compreender a

relação da práxis pedagógica e a contribuição das atividades lúdicas em sala de

aula. Por fim apresento a conclusão da pesquisa.

A abordagem e compreensão dessa temática, A importância do brincar no

desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança na educação infantil, será

importante para o entendimento de como a criança interage e aprende durante o

processo educativo, contribuindo, também, para que haja uma melhor ampliação

sobre o desenvolvimento infantil, seu brincar e as práxis pedagógicas.

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.

2. UM OLHAR SOBRE A CRIANÇA

2.1 A CONSTRUÇÃO HISTORICA DO CONCEITO DE CRIANÇA

O conceito de criança historicamente construída vem mudando ao longo dos

tempos. Foi no século XVII que surgiram alguns conceitos sobre criança, pois houve

um tempo que não “existiam” crianças no mundo, e sim adultos em miniatura. A

partir de então a sociedade começou a perceber que aqueles pequenos seres

tinham características próprias, um jeito de pensar, de sentir, de agir e de ver as

coisas diferentes dos adultos. Assim, com os estudos de Rousseau no sec. XVII as

crianças foram reconhecidas como cidadãos e ganharam o direito de ser atendida

diante de suas necessidades específicas para se desenvolverem na sua infância.

Oliveira (2002, p.44-45) explicita a necessidade de refletir e repensar sobre

alguns conceitos sobre a infância. Há muito tempo a sociedade conceitua que a

infância vem de “in-fans” que tem um significado de “não-fala”, “idade da ausência

da linguagem”, “idade da não razão”, “idade do não trabalho”, ou “seres com

tendências selvagens a serem dominadas pela razão e pelo bem ético e político”.

Diante disso a autora faz uma ressalva explicando que “[...] crianças são figurinhas

curiosas e ativas, com direitos e necessidades, que precisam de um espaço

diferente [...]”, com necessidade de interligar a cultura, a linguagem, a cognição e a

afetividade como um processo de desenvolvimento e aprendizagem, já que ao

contrário desses conceitos, a infância se dar nos primeiros anos de vida de uma

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criança, onde desde quando nascem começam a criar um sistema de comunicação

através de gestos, choros, sorrisos, entre outros.

O termo criança para o dicionário Aurélio (2001, p. 193-387) significa “[...] ser

humano de pouca idade, menino ou menina; Pessoa ingênua [...]”. Já Infância quer

dizer: “período de crescimento, no ser humano, que vai do nascimento à puberdade;

puerícia, meninice. O primeiro período de existência de uma instituição, sociedade,

etc.”.

Segundo a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o estatuto da

criança e do adolescente, pontua no Art. 2º “considera-se criança, para efeitos da

Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre

doze e dezoito anos de idade”. O estabelecimento dessa Lei surgiu com o intuito de

propor medidas e garantias à formação global das crianças e adolescentes

brasileiros, como forma de proteção e resguardo do desenvolvimento psicológico,

social entre outros aspectos importantes para a constituição de qualquer ser

humano.

Buscando as origens do conceito de infância, bastante discutido na obra do

historiador Philippe Áries (1981), vemos que a forma de pensar a infância e as

definições do lugar desta na sociedade e na família sofrem transformações

significativas ao longo da história. Em especial, a partir da transição da sociedade

tradicional para a moderna, quando o ideário liberal-burguês traz novas significações

sociais para a criança e para a família , separando criança cada vez mais do mundo

adulto. Segundo Áries (1981, p.10):

A duração na infância era reduzida ao seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança, então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos.

A infância, como construção social, tem sofrido algumas mudanças nas suas

representações e imagens. Segundo Sarmento (2007, p.26) a “[...] infância é o ser

em devir e nesta transitoriedade se anulou por demasiado tempo a complexidade da

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realidade social das crianças.” A criança durante muito tempo não tinha uma

conceituação perante a sociedade. Devido a isso não tinha o respeito social.

A identidade social da criança segundo o autor começou a se modificar a

partir da obra historiográfica de Áries (2002) que gerou um respeito e valorização da

criança como um ser social e a partir daí uma evolução significativa nas concepções

de infância.

Para Sarmento (2007) foi nos séculos XVII e XVIII com Comênio e Rousseau

que ocorreram definitivamente mudanças históricas para modernizar a idéia de

infância. Comênio, educador da época, passou a defender a idéia de que pelo

contato com os brinquedos a criança aprenderia a forma dos objetos e que a

experiência afetiva, a saúde, o sono, a alimentação e a vida ao ar livre seriam

requisitos para um crescimento sadio (RIZZO, 1986).

Rousseau, que, com suas idéias, preconizava a colocação da criança no

centro do interesse pedagógico. Defendia que a criança deveria ser conduzida com

liberdade controlada, aprendendo por meio de seus interesses e de suas

experiências (RIZZO, 1986 e ARANHA, 1994).

Em 1837, foi criado por Froebel o primeiro jardim de infância. Ele defendia a

potencialidade inata do homem e a influencia do meio ambiente sobre a criança.

Tanto a metodologia (linguagem/oral, afetiva, brinquedos e atividades lúdicas)

proposta por ele para aperfeiçoar as habilidades sensório-motoras como os recursos

pedagógicos e o papel do professor são mantidos até hoje (RIZZO, 1986).

No inicio do século XX, era dominante a preocupação de encaminhar as

concepções sobre a infância a um estudo mais rigoroso, cientifico e integrado ao

exame das condições de vida da criança em uma sociedade concreta. No campo da

psicologia, uma serie de autores oferecia novas formas de compreender e promover

o desenvolvimento das crianças pequenas.

Dois pesquisadores da área o russo, Lev Vygostsky, na década de 20 e 30 e

o francês Henri Wallon na primeira metade do século XX, ambos trouxeram grandes

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contribuições ao conhecimento sobre a forma de a criança ser e modificar-se e,

atualmente, vem exercendo significativa influencia entre os pesquisadores da área

de educação infantil. Seus trabalhos os inserem em uma linha teórica que pode ser

chamada de sócio-histórica, por considerarem a constituição social do sujeito dentro

de uma cultura concreta.

Considerado um psicólogo do desenvolvimento humano, Vygostsky (1988)

aborda a concepção da brincadeira de faz - de- conta e a sua importância para o

desenvolvimento humano. Ao abordar essa questão, considera que a criança se

desenvolve essencialmente através da atividade de brincadeira. Wallon (1968)

destacava o valor da afetividade na diferenciação que cada criança aprende a fazer

entre si mesma e os outros.

Outros autores que tratam sobre a construção histórica das imagens sociais

da infância segundo Sarmento (2007) são James, Jenks e Prout (1998, p.3-34) que

distinguem as imagens sociais da infância em “[...] dois períodos: o das imagens da

“criança pré-sociológica” e o das imagens da “criança sociológica” [...]”.

Os autores explicitam que o primeiro período é marcado pela “imaginação”

social da criança e o segundo é marcado por um “juízo interpretativo das crianças”,

ou seja, uma maneira de “perceber” as crianças no quotidiano.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998,

p.21) explica que: “A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico

e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com

uma determinada cultura, em um determinado momento histórico.” E é através

dessa cultura e desse momento histórico que a criança desenvolve-se para a vida,

assimilando a cultura do seu convívio familiar, se integrando e com ela convivendo

como um ser social.

2.2 A CRIANÇA E AS FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E

SOCIAL.

18

A criança desde que nasce está em constante processo de desenvolvimento

através da interação com elementos circundantes do seu ambiente familiar. É nesse

ambiente que ela começa a se desenvolver a partir de inter-relações com pessoas

que fazem parte da sua trajetória de vida como os pais, familiares e outros que

estejam em constante contato com a criança.

A criança interage com seu próprio corpo e com os objetos a sua volta e,

dessa maneira, exercita funções motoras importantes do seu corpo, é o que

Château (1987, p.16) chama de “meros exercícios das funções”. O primeiro objeto

referencial para a execução desses exercícios é o corpo da mãe e do pai sendo por

intermédio deles que a criança vai descobrindo o seu próprio corpo e tendo as

primeiras noções espaciais de equilíbrio e segurança.

Piaget (apud MIRANDA, 2001) caracteriza muito bem esse período onde ele

destaca que o jogo começa nos primórdios da dissociação entre a assimilação e a

acomodação. A criança, desde cedo, já interage com os objetos pela satisfação que

os mesmos proporcionam. À medida que vai crescendo surgem outros componentes

que possibilitam à criança descobrir o mundo em que vive sendo, através da relação

entre os objetos e os ambientes que a circundam que a mesma amplia o seu

conhecimento global.

Como Piaget (1978, p. 87) relata:

A criança possui várias fases de desenvolvimento até chegar à vida adulta e essas fases devem ser respeitadas por todas as pessoas que têm ou terão influência nesse desenvolvimento (pais, familiares, professores e funcionários da escola em que a criança está estudando).

A infância caracteriza-se por ser um período de adaptação progressiva ao

meio físico e social. A adaptação é considerada como equilíbrio cuja, apropriação

inicia-se na infância, passa pela adolescência, definindo a estruturação própria

destes períodos existenciais.

Segundo Teles (1992, p.71): “[...] Não é só uma fase de crescimento físico,

mas, sobretudo aquela fase em que o indivíduo toma posse de seus instrumentos

para viver. É a época do desabrochamento em todos os setores da vida”.

19

Negrine (1994), ao citar Piaget, afirma que o teórico descreve o

desenvolvimento da criança, em quatro estágios, que ele próprio chama de fases de

transição. Essas quatro fases são: Sensório-motor (0 – 2 anos), este estágio é

marcado pelas ações motoras e pela ausência da função simbólica; Para Piaget

(2002), os jogos sensório-motores consistem em um movimento pelo movimento, em

manipulações baseadas no prazer de manipular e cuja característica principal é sua

instabilidade.

Pré-operatório (3 –7 anos) é nesta fase que surge na criança o

desenvolvimento da linguagem e a capacidade de substituir um objeto ou

acontecimento por uma representação. Este estágio é também muito conhecido

como o estágio da Inteligência Simbólica;

Operatório-concreto (7 – 11 anos) este estágio a criança desenvolve noções

de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade..., sendo capaz de relacionar e

separar diferentes aspectos da realidade para resolução de problemas;

Operatório-formal (11 – 15 anos ou mais); nesta fase a criança desenvolve

seu senso crítico criando seus próprios conceitos e suas estruturas cognitivas

alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento tornando-as preparadas para

aplicar seu raciocínio lógico;

Segundo Piaget (1994, p. 59)

De modo geral, o fato a ser enfatizado é que o padrão de comportamento, característico dos diferentes estágios, não se sucede um ao outro de modo linear (aqueles de um dado estágio desaparecendo no momento em que o que se segue toma forma), mas como camadas de uma pirâmide (de cima para baixo ou de baixo para cima), em que o novo padrão de comportamento, simplesmente, é adicionado aos velhos para completar, corrigir ou com eles combinar.

Em cada um desses períodos, diversos aspectos marcam suas relações com

o mundo físico e social. São diferentes formas de pensar e agir que se sucedem.

Segundo Wadsworth (1993, p.18): “[...] o desenvolvimento é concebido como um

fluxo contínuo de modo cumulativo, em que cada nova etapa é construída sobre as

etapas anteriores, integrando-se a elas”.

20

É caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessas

faixas etárias. As mudanças ocorridas nesse processo não acontecem de forma

brusca, são períodos contínuos, que se vão sucedendo-se e superpondo-se. Piaget

(apud in WADSWORTH 1993, p. 17) definiu: “[...] o desenvolvimento como um

processo contínuo ao longo de um “continuum”.” As mudanças, no desenvolvimento

intelectual, são graduais e nunca abruptas.

Assim a ordem em que os períodos se sucedem é igual para todas as

crianças, porém, a idade em que cada criança passa por eles pode variar devido aos

estímulos recebidos. Wadsworth explica (1993 p. 19): “[...] a velocidade com que as

crianças passam pelos estágios pode não ser igual em virtudes de fatores

experienciais ou hereditários.”.

Na infância uma parte da identidade física, social e intelectual constrói-se.

Nesse processo, é decisiva a relação com os adultos, com outras crianças e o meio

em geral. Essas relações são diferentes em cada momento do desenvolvimento da

criança, e elas são fundamentais para que as crianças se desenvolvam. Conforme

Wadsworth (1993, p. 21): “[...] a criança depende da interação social para a

construção e validação dos conceitos.” É por meio das relações com os outros, que

a personalidade da criança é formada.

Vygotsky (2002) afirma que a história da sociedade e o desenvolvimento do

ser humano estão totalmente ligados. Quando as crianças nascem têm logo o seu

primeiro contato com os adultos, com isso, naturalmente passam para a criança sua

forma cultural e é através desta vivência com os adultos que os processos

psicológicos vão sendo desenvolvidos. Para Vygotsky (2002) esse processo,

primeiro é interpsíquico, ou seja, partilhado entre pessoas, quando a criança cresce

os processos deixam de ser intrapsíquicos, realizado pela própria criança.

Para analisar esse processo Vygotsky (2002) defende a idéia de que o

desenvolvimento é um processo que se dá de dentro para fora e a aprendizagem se

torna um fator de desenvolvimento. Sendo a aprendizagem quem determina o

desenvolvimento, Vygotsky (2002) apresenta o conceito de zona do

21

desenvolvimento proximal para explicar como é essa influência entre aprendizagem

e desenvolvimento, no qual a criança transforma as informações que recebe

conforme as metodologias e conhecimentos, sendo que a aprendizagem sempre

inclui relações entre pessoas.

Ele afirma que devemos considerar dois níveis de desenvolvimento: o

desenvolvimento efetivo ou real, que é o já realizado; o desenvolvimento potencial e

entre os dois há a zona de desenvolvimento proximal, que é quando acontece uma

intencionalidade para realizá-la, ou seja, através da aprendizagem.

Para o teórico o desenvolvimento só se efetiva com a interação social e é nele

que a criança realiza a apropriação dos comportamentos humanos. Dessa forma a

brincadeira e as diversas situações de aprendizagem na escola ou na vida cotidiana,

favorecem o desenvolvimento da zona do desenvolvimento proximal.

Para Vygotsky (2002) o adulto deve intervir de forma significativa nos

processos de desenvolvimento da criança no sentido de ajudá-la a superar as

eventuais dificuldades para um desenvolvimento saudável e prazeroso. Segundo o

autor, “A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de

brinquedo”. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade

condutora que determina o desenvolvimento da criança.

Entende-se que a brincadeira cria zonas de desenvolvimento proximal e o

professor deve estar atento para oportunizar esses momentos. Outro teórico que

aborda o desenvolvimento da criança é wallon. Para o autor deve-se valorizar uma

instalação de uma dinâmica de determinações recíprocas que estabelece a cada

idade um tipo particular de interações entre o sujeito e o seu ambiente.

Sendo assim, explicita que os fatores orgânicos são os responsáveis pela

seqüência, verificando os estágios do desenvolvimento, todavia, não garantem uma

homogeneidade no seu tempo de duração e os fatores sociais são presentes desde

a aquisição de habilidades motoras básicas, como a preensão e a marcha.

22

A influência torna-se decisiva na aquisição de condutas psicológicas de

natureza superior, com a inteligência simbólica, através da influência do meio social.

Wallon (1968) classifica o desenvolvimento através dos cincos estágios: O

estágio impulsivo-emocional, já vem do primeiro ano de vida, o colorido peculiar é

dado pela emoção, que são as primeiras reações do bebê as pessoas, as quais

intermetiam sua relação o mundo físico e outros. O estágio sensório-motor vai até o

terceiro ano, o interesse da criança se volta para a exploração sensório-motor do

mundo físico. Outro marco vem da função simbólica e da linguagem.

O estágio do personalismo é uma faixa de três a seis anos, a tarefa central é

o processo de formação da personalidade que é a construção da consciência de si,

que se dá por muitas interações sociais, a criança se re-orienta o interesse pelas as

pessoas como retorno as relações afetivas. Por volta dos seis anos vem o estágio

categorial, com a função simbólica e a diferenciação da personalidade no estágio

anterior, trazendo avanços no plano da inteligência. É um processo que o interesse

da criança tem para o conhecimento e a conquista do mundo exterior, imprimindo as

suas relações com o meio, preponderância do aspecto cognitivo.

No estágio da adolescência, a crise pubertária afetiva que caracteriza o

estágio categorial que é uma nova definição da personalidade que a criança terá,

porém desestruturados devido às modificações corporais por causa da ação

hormonal. Assim temos no primeiro estágio da psicogênese uma afetividade

impulsiva, emocional que envolve pelo olhar, pelo contexto físico que se expressa

através de gestos, mímicas e posturas. A afetividade do personalismo já é diferente,

portanto são inseparáveis os recursos intelectuais pela linguagem, desenvolvido ao

longo do estágio sensório-motor e projetivo.

Esta construção recíproca explica-se por princípios da interação funcional que

é o princípio extraído do processo de maturação do sistema nervoso. As funções

vão perdendo a autonomia. A interação funcional não é definitiva, porém as

capacidades já tenham se subordinado ao centro de controle. O desenvolvimento

infantil é um processo pontuado por conflitos de origem exógena que são os

desencontros entre as ações da criança e o ambiente exterior.

23

Sobre o desenvolvimento de uma criança no cotidiano da escola, Barras

(2002, p.45) esclarece que “não é possível desenvolver a autonomia sem possibilitar

ao aluno, partilhar da capacidade de conhecer de informações, já existentes, sem,

contudo deixar de formular novos entendimentos”. A criança cria seu próprio mundo,

e nele faz suas descobertas, enfrentam obstáculos, barreiras que as fazem pensar

em como e o que fazer, superando-as e partindo para novas descobertas. Deste

modo é através das interações que ela se desenvolve e aprende, reproduz o

discurso externo e o internaliza construindo seu próprio pensamento.

Brenelli (1996) afirma que o jogo é uma atividade poderosa que estimula a

atividade construtiva da criança, criando assim, um espaço para pensar, abrindo

lugar para a criatividade, a afirmação da personalidade e a valorização do eu.

Diante disso Gadotti explicita que:

A infância é um conjunto de possibilidades criativas que não devem ser abafadas. Todo ser humano tem necessidade vital de saber, de pesquisar, de trabalhar. Essas necessidades se manifestam nas brincadeiras, que não são apenas uma diversão, mas um verdadeiro trabalho. (GADOTTI, 1994, p.53)

O estudo do desenvolvimento infantil auxilia o educador no sentido de

entender a criança na sua totalidade, ou seja, entendê-la como um ser que está no

mundo, pertencente a uma cultura e também produtora de cultura, que tem no lúdico

um patrimônio inseparável nessa conquista.

2.3 A INFLUENCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL.

A alguns significados etimológicos acerca do jogo ou lúdicos: “desfrutar,

aproveitar, gozar, recrear-se e etc.”. Convém ressaltar, que na língua portuguesa o

termo lúdico é um adjetivo lusório, embora venha sendo utilizado sem justificativas

gramaticais, como substantivo e tradução do francês jeu, do inglês play do alemão

Spiel. No intuito de tentar abranger os variados termos, existe o termo ludo e,

modernamente, o neologismo lúdico ou ludicidade.

24

O lúdico para Huizinga (1999) é considerado como “totalidade”, e ao postular

a natureza livre do jogo, o autor a coloca como atividade voluntária do ser humano.

Se imposta, deixa de ser jogo. Dessa forma, podemos considerar que a questão do

brincar favorece o desenvolvimento e aprendizagem de forma integral, como “forma

significante” e de fundamental importância para a civilização. Consideração muito

próxima dos estudos de Luckesi (2000), que defende a ludicidade e a atividade

lúdica sob o ponto de vista interno e integral do sujeito.

Para o autor (2000, p.96), o que caracteriza o lúdico “é a experiência de

plenitude que possibilita a quem o vivencia em seus atos”. A ludicidade é definida

como um estado de integridade, de estar pleno naquilo que faz com prazer pode

estar presente em diferentes situações de nossas vidas. Já as atividades lúdicas são

concebidas como formas de manifestação da ludicidade por trazerem elementos tais

como a alegria a e espontaneidade. Uma atividade lúdica é a própria ação, o

momento vivido espontaneamente pela criança, possibilitando a quem as pratica, um

momento de interação pessoal com o outro, dando oportunidade de fantasia e de

ressignificação da realidade. Em relação aos estudos sobre a importância da

atividade lúdica para o desenvolvimento saudável da criança, vários estudiosos

discutem esse tema, como Simão de Miranda (2001), e Adriana Friedmann que

enumeram diferentes aspectos do ser humano que podem ser desenvolvidos por

meio do elemento lúdico.

Simão de Miranda (2001, p.24) resume a importância das atividades lúdicas

em cinco categorias: o cognitivo (linguagem, elaboração do pensamento lógico,

percepção, abstração), o social (cooperação, interação, auto-expressão, respeito á

regra), o afetivo (sensibilidade, estima) o criativo (imaginação, criação), e o

motivacional (estimulo alegria, ânimo etc.). Através deles a criança aprende a

dominar e conhecer o seu próprio corpo e suas funções, a orientar-se no espaço e

no tempo, a manipular e a construir os papeis necessários para futuras etapas de

sua vida, a elaborar suas fantasias, seus temores, a sentir emoções, a saber, perder

e ganhar; enfim, ela pode desenvolver suas potencialidades. Desta forma, as

atividades lúdicas, permitem a representação dos fatos, possibilitando a liberação da

imaginação e a presença da espontaneidade como também o desenvolvimento da

25

criatividade. Todos esses fatores são essências para o desenvolvimento normal e

sadio do ser humano.

Chateau (1987, p.14) nos adverte que “é pelo jogo, pelo brinquedo, que

crescem a alma e a inteligência. Uma criança que não sabe brincar, uma miniatura

de velho, será um adulto que não sabe pensar”. Segundo ele, as atividades lúdicas

são elementos que contribuem, de forma significativa e fundamental, para o

processo de formação social, afetiva e intelectual da criança.

O mundo infantil existe na proporção que é possível a criança jogar com ele,

retirando das vivências lúdicas possibilidades de prazer e de domínio sobre a

realidade. O jogo passa a ser uma forma de interação com o mundo externo; sem

as atividades lúdicas a condição para que a interação ocorra de forma afetiva seriam

insuficientes. Ao observar uma criança, percebemos que a maior parte de seu

tempo e utilizado em brincadeiras simples ou tecnologicamente sofisticadas.

Sendo assim, para Brougére (1998), estudando a relação do lúdico com a

aprendizagem, salientou que a primeira relação com a aprendizagem acontece

quando a criança brinca. É nessa fase que desenvolve as representações

simbólicas, na qual o imaginário e a fantasia adentram sua vida e tudo pode ter outro

sentido. Este momento é muito importante na vida da criança, pois os brinquedos e

objetos deixam de ser utilizados apenas para aquilo que foram criados e passam, no

imaginário da criança, a ser tudo aquilo que querem, desejam e necessitam a cada

momento de sua vida. Dessa forma Santos aponta que:

O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (Santos, 1997.12).

Diante da fala do autor, percebe-se que a atividade lúdica tem como intenção

causar prazer e entretenimento a quem pratica. Para a criança, esta motivação

potencializa a importância do brincar e tudo o que a envolve. Piaget (1998) diz que a

atividade lúdica, é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo,

por isso, indispensável à prática educativa (AGUIAR, 1977:58). Portanto é

26

importante que o professor da educação infantil conheça e compreenda o jeito

particular das crianças para lhe proporcionar atividades lúdicas durante o processo

de ensino-aprendizagem.

No processo da educação infantil o papel do professor é de suma

importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das

brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento através das

atividades lúdicas. A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança

em favor do conhecimento estruturado e formalizado ignora as dimensões

educativas da brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a

atividade construtiva da criança.

Desse modo, Os RCN’s (BRASIL, 1998, p. 23) explicitam que:

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

Entende-se a partir dos princípios aqui expostos, que o professor deverá

contemplar a brincadeira como princípio norteador das atividades didático-

pedagógicas, possibilitando às manifestações corporais encontrarem significado

pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm com o mundo.

Negrine (1994:20), em estudos realizados sobre aprendizagem e

desenvolvimento infantil, afirma que “quando a criança chega à escola, traz consigo

toda uma pré-história, construída a partir das suas vivências, grande parte delas

através da atividade lúdica”. Nesse sentido, a criança aprende prazerosa e

progressivamente a representar simbolicamente sua realidade como forma particular

de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil.

O brinquedo por sua vez, pode ser usado em diferentes disciplinas que

consistem o currículo da educação infantil, percebendo que a educação infantil deve

ser um ambiente especialmente criado para fazer desabrocharem todas as

27

potencialidades da criança, e por esse motivo, devem ser oferecidos à criança

oportunidades de ser estimulada e motivada, no momento conveniente e respeitar o

tempo necessário para ela amadurecer.

Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo, se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirado em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. (Carlos Drummond de Andrade)

Percebe-se na fala do autor que brincar com a criança não é perda de tempo,

mas ganhá-lo porque este ato faz com que ela solte sua imaginação e desenvolva a

sua criatividade, assim como tendo a possibilidade de relacionar-se melhor com a

sociedade na qual a mesma convive. Sendo assim, o educador que se dispõe a

formar uma criança, enquanto ser em constante transformação compreende o seu

processo de socialização, demonstrando que através do Lúdico a criança consegue

manter o equilíbrio com seu mundo, sendo capaz de desenvolver-se, construindo

símbolos e necessitando para isso brincar, jogar, criar e inventar.

28

3. BRINCANDO E APRENDENDO.

3.1 O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

O brincar é o inicio do processo de aprendizagem: a criança brinca

naturalmente, num processo biológico, inato e genético, com a mera finalidade de

aprender a aprender. Brincando, a criança conhece a si próprio e o mundo que a

rodeia. O respeito à infância e as fases do desenvolvimento deve ser compreendido

pelos educadores como ferramenta para sua pratica. A brincadeira é uma atividade

que faz parte da formação histórica e cultural da criança possui um sentido social e

está fortemente construída na cultura e nas condições concretas de vida daqueles

que brincam.

A educação é um processo continuo e permanente se considerarmos que

começa na vida intra-uterina ou no momento do nascimento. A família é quem o

inicia, sendo, portanto anterior á contribuição da escola. Para Chateau (1987), não é

possível imaginar a infância sem risos e brincadeiras, pelo fato de acreditar, que é

pelo jogo, pelo brinquedo que crescem a alma e a inteligência. Nesse sentido, a

brincadeira é um instrumento que fornece á criança á experiência necessária ao seu

desenvolvimento sensorial, motor, perceptual, cognitivo, afetivo e cultural. Para isso

a educação infantil deve primar por ser um espaço que possibilite ás crianças a

vivencia de um tempo com qualidade de experiências. Um tempo que não seja

apenas uma sobreposição de horas, com rotinas estareis e sem sentido, mas um

tempo que seja vivido potencialmente por elas.

A educação infantil constitui a primeira etapa da educação básica defendida

pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, 9394/96 (BRASIL,

29

1996) que normatiza que a educação infantil promove “o desenvolvimento integral

da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e

social, complementando a ação da família e da comunidade”. Este desenvolvimento

integral a que a LDB se refere diz tratar da ação de educar que ocorre nesta faixa

etária. Sendo que a educação infantil não apresenta um caráter obrigatório, mas isso

não quer dizer que diminua a sua importância, a função educacional ocorre quando

esta se preocupa em desenvolver as capacidades de todos os alunos, já que hoje a

criança é vista como um cidadão em processo de construção do conhecimento.

Segundo os PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997),

As diferentes competências com as quais as crianças chegam à escola são determinadas pelas experiências corporais que tiveram oportunidade de vivenciar, ou seja, se não puderam brincar, conviver com outras crianças, explorar diversos espaços, provavelmente suas competências serão restritas.

Diante do que traz o documento percebe-se que o lúdico na educação infantil

tem o intuito de educar, ensinar sem cobrança e ao mesmo tempo desenvolver e

estimular a interação e a troca de experiência com os outros indivíduos e com o seu

próprio meio, sobre isso, reforça Vygotsky (1994, p. 103). “[...] a aprendizagem e o

desenvolvimento estão estritamente relacionados, sendo que as crianças se inter-

relacionam com o objeto e o meio social, internalizando o conhecimento advento de

um processo de construção.”

A importância da inserção da brincadeira no currículo das instituições de

educação infantil é uma das formas de se considerar as crianças enquanto sujeitos

históricos, que participam e transformam a realidade em que vivem. Essa discussão

adquire uma relevância ainda maior considerando que o espaço do brincar vem

sendo diminuído na sociedade atual, tornando-se evidente a grande importância das

instituições de educação infantil estar atentas para o fato de que representam o

lugar onde as crianças pequenas podem experienciar situações que envolvem o

brincar.

Nesse sentido o brincar, como momento de aprendizagem, é uma atividade

que necessita ser incluída na proposta pedagógica da escola, para proporcionar

continuidade às ações desenvolvida em sala de aula. É uma das necessidades

30

principais da criança, porque através dessa prática que ela conhece o mundo, faz

relações, apreende conceitos, conseqüentemente, aprende. Brincando e jogando a

criança constrói a consciência de si, do outro e da relação entre ambos.

Friedmann (2004) discorre sobre essa temática no seu artigo “O papel do brincar”:

O brincar oferece-nos a possibilidade de que nos tornemos mais humanos, abrindo uma porta para sermos nós mesmos, poder expressar-nos, transforma-nos, curar, aprender, crescer. O brincar surge como oportunidade para o resgate de nossos valores mais essenciais como seres humanos; como potencial na cura psíquica e física; como forma de comunicação entre iguais e entre várias gerações; como instrumento de desenvolvimento e ponte para a aprendizagem; como possibilidade de resgatar o patrimônio lúdico-cultural nos diferentes contextos socioeconômicos (Friedman, 2004, p.14).

Diante disso, o brincar e o jogar têm grandes contribuições na Educação

Infantil. Brincando, a criança coloca fatos reais acontecidos no cotidiano da família e

da escola e é capaz de na brincadeira tomar sérias decisões. Para a criança, o

brinquedo e os outros objetos lúdicos representam uma parte do universo que ela

conhece sendo, o micro universo que ela inicialmente explora para mais tarde

expandir o seu raio de ação de certa forma ensaiando para quando tornar-se adulto.

Através da interação com toda atividade lúdica, a criança vai desenvolvendo

aspectos importantes da sua personalidade, das suas particularidades internas de

ser e agir concretizando assim e aflorando as suas potencialidades de forma global.

Por isso Château (1987), aponta para a importância de se estudar o universo infantil:

A infância é, portanto, a aprendizagem necessária à idade adulta. Estudar na infância somente o crescimento, o desenvolvimento das funções, sem considerar o brinquedo, seria negligenciar esse impulso irresistível pelo qual a criança modela sua própria estátua. Não se pode dizer de uma criança “que ela cresce” apenas seria preciso dizer “que ela se torna grande pelo jogo”. (CHÂTEAU, 1987, p.14)

A partir desse trecho, evidencia-se que o brincar na educação infantil não é o

momento de descanso para docentes e discentes, e sim, um momento que devemos

valorizar e orientá-las de forma integrada e dessa forma contribuir para o

desenvolvimento das capacidades infantis percebendo a brincadeira como uma

atividade tão importante como tantas outras que a criança realiza no período em que

permanece na escola. Para a autora Rosamilha (1979, p.77):

31

A criança é, antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos.

Dessa maneira acredita-se que é através da brincadeira, do jogo e do

envolvimento em situações lúdicas que as crianças, aprendem envolvendo-se

plenamente pelo prazer, interagindo, trocando seus conhecimentos e adquirindo

conhecimentos dos outros indivíduos que os cercam. Na brincadeira, a criança se

transforma em qualquer coisa ou pessoa que deseje pode ser um animal, um objeto,

um adulto ou outra criança através da representação, ou até mesmo revivendo

algumas situações.

Piaget (1994) trata dessa questão, ao teorizar sobre a imaginação (jogo

simbólico, fantasia) como uma maneira de a criança aprender sobre coisas e

pessoas. Para o autor, enquanto brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira,

sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da

natureza do objeto, mas da função com que a criança lhe atribui. É o que Piaget

chama de jogo simbólico, o qual se apresenta solitário, evoluindo para a

representação de papéis, como brincar de casinha, de mãe entre outros. Assim, o

brincar oferece à criança a oportunidade de expressar sentimentos como a raiva, o

desacordo, inseguranças, antipatias e aprender a lidar com a realidade e novos

conceitos durante a brincadeira.

Como momento de aprendizagem, o brincar necessita ser incluída na

proposta pedagógica da escola, para proporcionar novos caminhos para a

aprendizagem, inovando as ações desenvolvidas em sala de aula.

De acordo com o (MEC, 2007).

O tempo pedagógico não pode ser desperdiçado, sob pena de se assistir ao esvaziamento da prática pedagógica que impulsiona o estudante para atingir novos patamares de aprendizagens. Todos que participam da escola são responsáveis em garantir que o tempo pedagógico não seja desperdiçado ou esvaziado de sentido. Essa é uma das tarefas que o Conselho Escolar deve assumir.

32

Para isso, a educação infantil deve primar por ser um espaço que possibilite

ás crianças a vivencia de um tempo com qualidade de experiências. Um tempo que

não seja apenas uma sobreposição de horas, com rotinas estéreis e sem sentido,

mas um tempo que seja vivido potencialmente por elas significando, cada vez mais,

a introdução do brincar como ferramenta pedagógica, em sala de aula.

Santos (1997) reforça essa importância, no sentido dos educadores/as se

conhecer e atuarem de forma mais consciente:

A formação lúdica deve proporcionar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto. (p.14).

Os profissionais necessitam ir à busca de uma formação lúdica que possibilite

aos educadores nutrir-se de conhecimentos para que possam entender e interpretar

o brincar, assim como utilizá-lo para que auxilie na construção do aprendizado da

criança.

Assim, uma formação lúdica, ao estabelecer relações pelo contato de

professores/as com suas dimensões sensíveis, propõe uma compreensão das

múltiplas possibilidades que o brincar proporciona aos indivíduos em seu processo

de aprendizagem.

3.2 O LÚDICO E O PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Para iniciarmos a relação entre o lúdico e o professor é importante ressaltar

que a criança se desenvolve através da relação com o outro. O convívio escolar

depende do estabelecimento de regras e normas de funcionamento, bem como, de

comportamento que seja coerente com essas normas e que possibilitem a

compreensão da atividade lúdica não apenas como um elemento para brincar, mas

também uma forma de aprender por meio do prazer dentro e fora de classe.

Negrine (1994, p.20), em estudos realizados sobre aprendizagem e

desenvolvimento infantil afirma que “quando a criança chega à escola, traz consigo

toda uma pré-história construída a partir de suas vivências, grande parte delas

33

através da atividade lúdica”. Segundo esse autor é fundamental que os professores

tenham conhecimento de como a criança constrói seus saberes na interação com o

ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica, pois

educar não é somente passar ou repassar informações, mas ajudar o ser humano a

criar consciência de si e dos outros e da sociedade como todo em uma constante

preparação para a vida. Acredita-se que as interações da criança com o mundo na

maior parte das vezes, passam pela mediação de um adulto e este deve facilitar a

sua aprendizagem oferecendo-lhe estímulos para uma aprendizagem significativa e

também uma mudança interna.

Para Piaget (1994) o professor tem o papel fundamental na qualidade e

garantia de uma aprendizagem significativa. Dessa forma, é preciso chamar a

atenção ao que se evidencia no processo educativo em sala de aula, pois o mesmo

muitas vezes vem sendo monótono, cansativo, tornando os alunos passivos numa

mesma rotina. É importante ressaltar que na Constituição Federal (BRASIL, 1988,

art. 22) está posto:

É dever da família, da sociedade e o Estado assegurarem à criança e ao adolescente, com a absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade.

No documento percebe-se que a educação da criança pequena envolve

simultaneamente dois processos complementares e indissociáveis: Educar e Cuidar:

A criança desta faixa etária tem a necessidade de atenção, carinho, segurança, sem

as quais elas dificilmente poderiam sobreviver. Nesta etapa, as crianças adquirem

contato com o mundo que as cerca através das experiências diretas com as pessoas

e com as formas de expressão que nele ocorrem. Como cuidar refere-se ao ato ou

ao comportamento de ajudar a desenvolver capacidades não apenas nos aspectos

biológicos do corpo e da saúde, mas sanar as necessidades afetivas da criança,

indispensáveis para o seu desenvolvimento integral. E educar significa propiciar

situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada.

Compreende-se então que a prática da educação infantil remete ao professor

um papel importante, dentro da experiência educativa pelo fato de está participando

de um processo de construção do conhecimento. Daí vem à necessidade da

34

afetividade nesta etapa, pois a educação infantil possibilita às crianças uma

experiência inicial em relação ao mundo escolar que é muito importante para a sua

escolarização posterior.

O professor deverá ajudar a criança no seu desenvolvimento afetivo, cognitivo

e social. Cabe então a instituição de ensino em suas atividades incluir uma proposta

de utilização do lúdico como forma de fortalecer o currículo e o ensino proposto. A

incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica podem

desenvolver diferentes atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens.

Durante as atividades lúdicas, os educadores podem perceber traços de

personalidade do educando, de seu comportamento individual e em grupo e o ritmo

de seu desenvolvimento. O ato de divertir-se vai oportunizar as vivências às vezes

inocentes e simples da essência lúdica das crianças, possibilitando o aumento da

auto-estima, o autoconhecimento de suas responsabilidades e valores, a troca de

informações e experiências corporais e culturais, desenvolver suas habilidades de

criar e relacionar esses conhecimentos, pois só assim elas serão capazes de

desenvolver uma linguagem e aprender a dominar todo tipo de informação.

(Santos (1997, p.15)) afirma que “o brincar é a forma mais perfeita para

perceber a criança e estimular o que ela precisa aprender e se desenvolver”. Se a

escola não atua positivamente, garantindo possibilidades para o desenvolvimento

da brincadeira, ela ao contrário, age negativamente impedindo que esta aconteça.

Diante desta realidade, faz-se necessário apontar para o papel do professor na

garantia e enriquecimento da brincadeira como atividade social da infância.

Considerando que a brincadeira deva ocupar um espaço central na educação ,

entende-se que o professor é figura fundamental para que isso aconteça, criando os

espaços, oferecendo material e partilhando das brincadeiras.

A relação da brincadeira e o desenvolvimento da criança permitem que se

conheça com mais clareza importantes funções mentais, com o desenvolvimento do

raciocínio da linguagem. Vygotsky (1999) revela como o jogo infantil aproxima-se da

arte, tendo em vista necessidade de a criança criar para si o mundo às avessas

para melhor compreendê-lo. Sendo a brincadeira resultado de aprendizagem, e

35

dependendo de uma ação educacional voltada para o sujeito social criança, deve-se

acreditar, que adotar jogos e brincadeiras como metodologia curricular, possibilita a

base para a construção da subjetividade e compreensão da realidade concreta,

trabalhado a partir de jogos e brincadeiras. Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar

com regras, desenhar entre outras atividades, constituem meios prazerosos de

aprendizagem.

As atividades lúdicas funcionam como exercícios necessários e úteis à vida.

Possibilitar estes exercícios é assegurar a sobrevivência de sonhos e promover a

construção de conhecimentos vinculados ao prazer de viver e aprender de uma

forma natural, divertida e agradável. Nesse sentido pode-se afirmar que o brincar

enquanto promotor da capacidade e potencialidade da criança deve ocupar um

lugar especial na prática pedagógica, tendo como espaço privilegiado, a sala de

aula, onde as crianças tenham condições de participarem de atividades que deixem

florescer o lúdico. Para que isso aconteça, faz-se necessário que os professores se

coloquem como participantes, acompanhando todo o processo da atividade,

mediando os conhecimentos através da brincadeira e do jogo, afim de que estes

possam ser reelaborados de forma rica e prazerosa.

Segundo RABÊLLO (2008, 39)

As atividades lúdicas e estéticas podem contribuir no processo vital de humanização do professor e em sua inserção na vida como ser cultural, o que pode ajudar na instauração de um processo educacional mais sensível, prazeroso, motivante, alegre, significativo, em uma palavra: belo.

Diante do relato, percebe-se que a educação lúdica exige um desprendimento

por parte do professor (a) e de todo corpo escolar, onde os mesmos estejam

dispostos e verdadeiramente comprometidos em proporcionar aos estudantes um

ambiente alegre, prazeroso, estimulante, mas ao mesmo tempo, em que desperte o

desejo de aprender. Como relata Cury, “Educar é ser um artesão de personalidade,

um poeta da inteligência, um semeador de idéias.” (CURY, 2003, pág. 55). Na

educação infantil, por meio das atividades lúdicas a criança brinca, joga e se diverte.

Ela também age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. As atividades lúdicas

podem ser consideradas, tarefas do dia-a-dia na educação infantil. Assim, as

36

vivências lúdicas podem contribuir para o resgate da memória pedagógica dos

professores, como mediadores das aprendizagens significativas, refletindo sobre a

concepção que se tem de criança, de jogo, brinquedo, brincadeira, de aprendizagem

e de desenvolvimento.

4. O JOGO/ BRINQUEDO E BRINCADEIRA

4.1 JOGO

Etimologicamente a palavra JOGO vem do latim LOCUS, que significa

gracejo, zombaria e que foi empregada no lugar de ludus: brinquedo, jogo,

divertimento, passatempo. Segundo a Enciclopédia Barsa (1997, p.338 – v.8) “A

denominação jogo é dada a diversas formas de atividades físicas ou mentais que

têm por fim a recreação embora às vezes envolva também interesse financeiro.”

Afirma ainda que jogos se praticam segundo regras estabelecidas ao espírito lúdico

e a necessidade humana de comunicação da qual as brincadeiras infantis são a

primeira manifestação.

Huizinga (1990) foi um dos autores que mais examinou o jogo. O autor

pesquisou os jogos em diferentes culturas e línguas e descobriu que o sentido da

palavra jogo significava apenas gracejar ou traçar. Existem vários tipos de jogos

como: jogo de xadrez; jogo de futebol; jogos olímpicos; jogo de damas; jogos de

azar; jogo de palavras; jogo de empurra, entre outros. Quanto à sua importância

todos os tipos de jogos desempenham importante papel no desenvolvimento físico e

espiritual do indivíduo.

Para Piaget (1975), os jogos caracterizam-se no primeiro período de

desenvolvimento da criança, pelo jogo do exercício. Este reaparece mais tarde em

outras fases do desenvolvimento da criança e também na vida adulta e quando

abrangem mais indivíduos necessitam de regras que permitam o jogo regulando as

situações. Outra característica dos jogos infantis são os jogos simbólicos, neles

37

originam-se a imitação e representação. No jogo simbólico existe uma verdade

subjetiva, este jogo constitui uma transposição simbólica que submete as coisas à

atividade própria, sem regras ou limitações.

Para tudo isso que os jogos são usados nos mais diversos segmentos da

convivência humana. São usados por famílias para estimularem suas crianças; em

psicologia (ludoterapia) e psicopedagogia, como recurso terapêutico em sala de aula

na condição de estratégia do trabalho docente. Porem, entender o jogo como

estratégia metodológica não significa reduzi-lo a um mero instrumento didático, pois

o jogo como tal, é também conteúdo e contribuem para promover o desenvolvimento

de estruturas cognitivas, psicomotoras, afetivas e morais. O ato de jogar para a

criança é como uma projeção de atividades que serão exercidas, futuramente,

quando se tornarem adultos, como mesmo apresenta Château (1987).

O jogo também participa dessa natureza do projeto. Brincar de mãe e filha exercitar-se no plano imaginário para a realização concreta futura. O mundo do jogo é, então, uma antecipação do mundo das ocupações sérias. Pode-se objetar dizendo que a criança não vê tão longe, que o jogo não é um treinamento. (CHÂTEAU, 1987, p.22).

Dessa maneira compreende-se que o jogo possibilita a percepção total da

criança em seus aspectos motor, afetivo, social e moral. O jogo tal como a

linguagem se bem que de outra forma, nos revela muito das estruturas sucessivas

da criança. Quando as brincadeiras e os jogos, de maneira geral, são utilizados

livremente pelas crianças, contribuem significativamente para a aprendizagem das

mesmas de maneira integral.

Um dos destaques de Kishimoto (1993) é de que o jogo e a criança caminham

juntos desde o momento em que se fixa a imagem da criança como um ser que

brinca. Os jogos lógicos põem em exercício operações cognitivas como a

classificação, a seriação, a antecipação, a conservação, a compensação etc. De

uma forma amena, porque unem as operações à emoção.

Cada jogo contém e exercita todos os aspectos (cognitivos, afetivo e social) e,

de acordo com a predominância, pode ser classificado como: Jogos lógicos:

desenvolvem o raciocínio; Jogos afetivos: estimulam as emoções; Jogos sociais:

38

facilitam a aquisição de conhecimentos, atitudes e destrezas próprias de um

determinado meio. Geralmente, em cada uma dessas três categorias existe o que

pode se chamar “uma família de jogos” cujos distintos membros representam um

grau variado de complexidade crescente, que permite elaborar uma hierarquia e,

também, estabelecer uma correspondência tanto com jogos de uma mesma família

quanto de famílias diferentes, de tal forma que um jogo mais simples pode preparar

para outro mais complexo, facilitando a construção de esquemas requeridos por este

último.

Brincando e jogando a criança aplica seus esquemas mentais à realidade que

a cerca, apreendendo-a, assimilando-a e reproduzindo as suas vivencias. O jogo é

uma necessidade infantil, tem uma finalidade educacional porque começa como

exercício funcional. A criança que joga, torna-se um adulto preparado, segundo

Macedo (1991) o jogo tem um papel amplo leva a criança a pensar.

4.1.2 Brinquedo

Kishimoto (2000, p.32) refere-se ao brinquedo como um objeto de suporte

para brincadeira, supõe relação íntima com a criança, seu nível de desenvolvimento

e indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que

organize sua utilização. Uma boneca permite à criança desde a manipulação até

brincadeiras como mamãe e filhinha.

O brinquedo desempenha um papel primordial no desenvolvimento integral da

criança. Pode ser considerado como a essência da infância assim como um meio

extremamente natural que permite a criança conhecer o seu mundo, assim como o

do adulto, possibilitando descobertas, entendimento, conhecimento sobre suas

emoções, influenciando suas ações e formas de pensar.

Habitualmente, o brinquedo é visto como uma forma de atividade espontânea,

que tem função autônoma. Conforme Souza e Martins (2005, p.181), “o brinquedo é

uma atividade que gera prazer, ao mesmo tempo em que atende as necessidades

das crianças”. Nesse sentido o brinquedo facilita a apreensão da realidade e é muito

mais um processo do que um produto. Ou seja, consiste em um processo, uma

39

operação mental que implica em envolver uma ação física, sentimentos, além de

provocar na criança desafio mental, favorecendo a construção do saber-fazer.

Manson (2002, p.16), confirma vê uma relação misteriosa entre as crianças e os

brinquedos:

[...] trata-se, simultaneamente, do desejo de possuir o objeto, da satisfação de ser ela própria a fabricá-lo, conquanto de modo menos perfeito que adulto, e, por fim, do prazer de jogar [...].

Sendo assim, o brinquedo é definido pelo próprio participante como fictício,

como não real, como estranho à vida efetiva (é de brincadeira, não é a sério);

todavia, é capaz de absorver inteiramente o indivíduo, que se afasta da realidade.

De acordo com os estudos de Nicolau (2000) o brinquedo é um instrumento que

possibilita a criança explorar o mundo e descobrir a sua essência, entendendo seu

sentimento e as suas idéias. Ele traduz o mundo real para a realidade infantil.

Piaget (apud in SOUZA E MARTINS, 2005), faz referência ao brinquedo em

termo de evolução social e da inteligência, mostrando que este se caracteriza em

cada período do desenvolvimento infantil. À medida que a criança vai se

desenvolvendo física e mentalmente, a margem de escolha de brinquedos aumenta.

Aos poucos ela começa a manifestar preferências por brinquedos socialmente

considerados como mais adequados para seu sexo (classificação imposta pelos

adultos). Muitas crianças se apegam a algum brinquedo, que passa a ocupar um

lugar especial em sua vida e em seu desenvolvimento. Os bons brinquedos são

geralmente aqueles que a criança pode usar de várias maneiras. Os brinquedos que

mais ajudam as crianças a se desenvolverem, são aqueles adequados aos seus

interesses e às suas necessidades de aprendizagem.

Na opinião de SALLES (1984), os brinquedos podem suscitar na criança

longos momentos de contemplação e êxtase. Diante disso os brinquedos

representam um mundo imenso, infinito, cheio de promessas, surpresas. Nessa

perspectiva, o que difere a função do brinquedo é a forma e o momento como é

usado, ou seja, se é usado com objetivo de ensinar um conteúdo específico, é

pedagógico, se permite que a criança brinque livremente passa a ser educativo, pois

o brinquedo é uma forma prazerosa da criança se relacionar com a realidade.

40

4.1.3 Brincadeira

Brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma

atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento ou

seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer.

A brincadeira é transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma

expressiva, de uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma

espontânea. Na opinião de SANTOS (2000, p. 18), tanto PIAGET, como WALLON,

VTGOTSKY e outros, atribuíram ao brincar da criança um papel decisivo na

evolução dos processos de desenvolvimento humano, como maturação e

aprendizagem.

Bettelheim (1984) esclarece que a criança quando brinca, cria situações

imaginarias em que se comporta como se estivesse agindo no mundo do adulto, ou

seja, brinca, seu conhecimento sobre o mundo se amplia, uma vez que ela pode

fazer de conta e coloca-se no lugar do adulto. Assim, o ato de brincar, os sinais, os

gestos, os objetos e os espaços falam e significam outra coisa daquilo que

apresentam ser. Ao brincar, a criança recria e repensam os acontecimentos que lhes

deram origem, sabendo que esta brincando.

Nessas condições, Piaget (1978 apud KISHIMOTO 2005, p.32), revela que a

brincadeira não tem uma conceituação específica, entendida como ação

assimiladora, já que ela aparece como forma de expressão da conduta, dotada de

características metafóricas como espontânea, prazerosa, semelhante às do

romantismo e da biologia. De maneira geral, a criança pequena traz consigo o

impulso da descoberta, a curiosidade e querer aprender as coisas. No momento em

que brinca, ela mexe os dedos, imita os pais, inventa voz, esconde as mãos, se

esconde, esconde objetos, inventa coisas, e isso mostra que essas atitudes são

formas da mesma se descobrir e compreender o mundo que a cerca.

A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, ordena

desorganiza, destrói e reconstrói o mundo à sua maneira, o mundo da sua

construção subjetiva. É um espaço onde a criança pode expressar, de modo

41

simbólico, suas fantasias, seus desejos, medos,sentimentos agressivos e os

conhecimentos que vai construindo, a partir das experiências que vive.

De acordo com Kishimoto (2008, p.151):

[...] a brincadeira tem papel preponderante na perspectiva deu ma aprendizagem exploratória, ao favorecer a conduta divergente, a busca de alternativas não usuais, integrando o pensamento intuitivo.

Sendo assim, a brincadeira de faz-de-conta desempenha funções importantes

para o desenvolvimento global da criança como, por exemplo, a atenção, memória,

linguagem, pensamento, imaginação, sentimento dentre outros. A ação do brincar é

impulsionada por uma necessidade que só pode ser satisfeita se deslocada da

realidade para a situação imaginaria. Assim, uma das funções da brincadeira é a de

suprimir as necessidades e desejos irrealizáveis das crianças, levando-as a agir

contra o impulso imediato, possibilitando o autocontrole na situação lúdica.

A brincadeira de faz-de-conta, portanto, é a atividade principal da criança na

educação infantil e sua origem está na necessidade da criança integrar a vida e as

atividades dos adultos, buscando compreender as relações entre ela e o mundo que

se expande a sua volta. A brincadeira é uma realidade cotidiana na vida das

crianças e, para que elas brinquem, é suficiente que não sejam impedidas de

exercitar sua imaginação. Brincar é altamente importante na vida da criança,

primeiro por ser uma atividade na qual ela já se interessa naturalmente e, segundo,

porque desenvolve suas percepções, sua inteligência, suas tendências à

experimentação, seus instintos sociais.

42

5. BRINCADEIRA É COISA SERIA

Neste capítulo, aborda-se o ato de brincar, numa perspectiva prática,

buscando uma reflexão e subsídios para a compreensão da sua importância para o

desenvolvimento global da criança. Tem como objetivo, relatar experiências sobre o

brincar na sala de aula de educação infantil. A escolha do tema deu-se porque o

brincar é uma fonte de felicidade que gera alegria, prazer e aprendizado e também é

essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo da

criança. Brincar viabiliza a construção do conhecimento de forma criativa e

prazerosa, garantindo nas crianças a motivação intrínseca necessária para uma boa

aprendizagem. Portanto, com as brincadeiras a criança entra em contato com o

mundo interno e externo, dá asas a sua imaginação, possibilitando elaborações

psíquicas e construções mentais, afetivas e sociais.

A brincadeira para a criança não representa o mesmo que o jogo e o

divertimento para o adulto, recreação, ocupação do tempo livre, afastamento da

realidade. Brincar não é ficar sem fazer nada, como pensam alguns adultos, é

necessário estar atento a esse caráter sério do ato de brincar, pois, esse é o seu

trabalho, atividade através da qual ela desenvolve potencialidades, descobre papéis

sociais, limites, experimenta novas habilidades, forma um novo conceito de si

mesma, aprende a viver e avança para novas etapas de domínio do mundo que a

cerca. Através da utilização de jogos e brincadeiras, ou seja, o lúdico no cotidiano

escolar, as crianças poderão relacionar-se de forma intensa e mutua onde, irão

43

aprender e trocar experiências que com certeza contribuirão de forma significativa

para a formação como agentes sociais.

A criança se empenha durante as suas atividades do brincar da mesma

maneira que se esforça para aprender a andar, a falar, a comer etc. O ambiente

educativo lúdico, de maneira geral é imprescindível para a promoção da

aprendizagem, contudo, sem um corpo docente como: direção, coordenação e

professores estarão de forma superficial e inadequada utilizando-se desses meios

para ensinar.

5.1 EXPLORANDO A REALIDADE ESCOLAR

O local da pesquisa para a realização deste trabalho foi a Escola Municipal

Deputado Gersino Coelho, situada no Bairro de Narandiba, área urbana de

Salvador, considerada de médio porte que se destina a formação dos alunos da 1ª

fase do ensino fundamental, serve a uma clientela multivariada se tornando assim

extremamente necessária a comunidade. A unidade escolar funciona nos turnos

diurno e noturno, com dezessete salas funcionando no turno matutino; 16 salas no

vespertino e 09 salas no noturno da seguinte forma: Matutino e Vespertino – G4 ao

5º Ano; Noturno – EJA.

A escola é administrada por uma diretora, três vice-diretoras, uma para cada

turno, que auxiliam a diretora nos aspectos administrativos e pedagógicos, além de

outras atribuições necessárias para o perfeito andamento da instituição escolar.

Na equipe ainda tem uma coordenadora pedagógica apenas para os turnos da

manhã e da noite. A coordenadora pedagógica é responsável pelo cumprimento,

acompanhamento e aprimoramento das atividades escolares de acordo com o

projeto pedagógico desenvolvido pela escola, bem como, é considerada mediadora

entre a comunicação da diretoria geral com o corpo docente.

O corpo docente é formado por vinte e quatro professoras (nos três turnos)

com carga horária de vinte e quarenta horas, boa parte com pós-graduação, apenas

uma delas ainda está cursando Pedagogia. Na sua maioria, “muito comprometidas,

44

dispostas e envolvidas com a proposta da Escola e da Rede, além de serem

informadas e consultadas nas soluções dos problemas, são bastante autônomas em

relação ao planejamento” (SIC) 1. O corpo funcional é composto por: duas

merendeiras (uma para o diurno e outra para o noturno), três seguranças (um por

turno), seis funcionários para serviços gerais e três secretárias (uma para cada

turno).

A Proposta Pedagógica da Escola Municipal Dep. Gersino Coelho leva em

conta o Conselho Federal, a Lei de Diretrizes e Bases, o Estatuto da Criança e do

Adolescente, o PCN, o RCN e as Diretrizes da SEC. A metodologia da escola está

baseada na proposta construtivista / sócio - interacionista, ou seja, privilegia o

ensino enquanto construção do conhecimento, o desenvolvimento pleno das

potencialidades e sua inserção no ambiente social, utilizando para isso, os

conteúdos curriculares da base nacional comum e os temas transversais.

O Projeto Político Pedagógico objetivo formar um aluno leitor e produtor,

assim como, desenvolver sua oralidade de forma crítica. Para isso, professor e

alunos contam com modelo de ensino capaz de atender á diversidade dos alunos,

promovendo uma aprendizagem de qualidade num ambiente prazeroso e criativo,

respeitando suas diferencias. Os alunos serão avaliados de forma processual, com

ênfase no qualitativo. São utilizadas fichas individuais de acompanhamento e

observação dos alunos, que serão preenchidas de acordo com habilidades

desenvolvidas.

A Gestão Escolar é de caráter participativo. Os professores constroem junto

planejamento pedagógico opinando e desenvolvendo projetos diferenciados,

interdisciplinares ou multidisciplinares e projetos individuais por área. Participam

também das reuniões pedagógicas e reuniões de pais e mestres, além de se

apresentarem de forma ativa e atuante em reuniões ordinárias no Conselho Escolar.

Dessa forma, percebe-se que:

Planejamento é um processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, na busca da melhoria do funcionamento do

1 Segundo Informações Colhidas da Vice-diretora.

45

sistema educacional. Como processo, o planejamento não ocorre em um momento do ano, mas a cada dia. (Padilha apud Sobrinho, 1994:3).

A metodologia usada é coerente com o objetivo do Projeto Político -

pedagógico da unidade escolar, pois utiliza métodos e técnicas diversificados, como

desenvolvimento de projetos interdisciplinares e da práxis pedagógica em sala de

aula.

5.2 CAMINHOS METODOLÓGICOS

O caráter desta pesquisa está centrado no aspecto qualitativo. A pesquisa é

um instrumento que possibilita a produção de novos conhecimentos “de uma área ou

de um fenômeno, sistematizando-o em relação ao que já se sabe a respeito dela (e)”

Luna (apud Fazenda, 2002, p.26), indicando assim novos caminhos a serem

percorridos, “quebrando” paradigmas e estabelecendo ações onde promoverão um

maior entendimento sobre a utilização do brincar e de seus elementos como os

jogos e outros aportes lúdicos no ambiente escolar. E seu objetivo principal neste

trabalho caracteriza-se em analisar as contribuições das atividades lúdicas no

desenvolvimento infantil em sala de aula, como delineamento metodológico para

análise e interpretação dos dados.

Foram utilizados como instrumentos desta investigação para coleta de dados:

a observação e entrevista com professores, além da revisão literária para responder

a proposta desta pesquisa. Minayo (1999) diz que a abordagem qualitativa não pode

pretender o alcance da verdade, com o que é certo ou errado; deve ter como

preocupação primeira a compreensão da lógica que permeia a prática que se dá na

realidade.

De acordo com Ludke, André (1986), o estudo qualitativo é o que se

desenvolve numa situação natural, portanto, considerado, rico em dados descritivos

através das próprias palavras dos indivíduos investigados, as falas ou escritas, a

46

conduta observável tendo um plano aberto e flexível, focalizando a realidade

estudada de forma complexa e contextualizada.

Para responder a pergunta da pesquisa: Qual a importância do brincar no

desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança na educação infantil? A coleta

de dados deu-se por meio de entrevistas, e anotações das observações das aulas.

Segundo Chizzotti (1991), observar significa aplicar atentamente os sentidos

a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. A importância

dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de situações ou

fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas. A entrevista é o

procedimento mais usual no trabalho de campo. Através dela, o pesquisador busca

obter informes contidos na fala dos atores sociais. Para isso foram aplicados

questionários com perguntas a três educadoras.

Esta pesquisa contou com aproximadamente dois meses de observações na

instituição, onde foram observados, descritos e relatados os fatos relacionados aos

objetivos da pesquisa. A principio foram registrados os fatos, para que fossem

analisados e interpretados. Procurei dispensar uma atenção seletiva no objeto de

estudo. Estes instrumentos são importantes para dar-se procedimento a analise dos

dados da realidade com o referencial teórico elaborado no decorrer da pesquisa.

Segundo Barros (2000) analisar significa buscar o sentido mais explicativo

dos resultados da pesquisa. Significa ler através dos índices, dos percentuais

obtidos, a partir da mediação e tabulação dos dados, ou de leitura e decomposição

de depoimentos obtidos em pesquisas com ênfase na abordagem metodológica

mais qualitativa.

5.3 RELATO DA EXPERIÊNCIA

“Ninguém constrói nenhum conhecimento sozinho, sem contato com o próprio

objeto de conhecimento e a possibilidade de discussão com o outro”. (YVES

CHEVALLARD)

47

A pesquisa foi realizada em sala de aula de educação infantil, do grupo 5,

turno matutino, crianças na faixa etária entre quatro e cinco anos. Os procedimentos

metodológicos utilizados foram à observação, envolvendo situações em que as

crianças experienciavam o brincar na instituição e a utilização de entrevista com as

educadoras, aliados à oralidade, tornaram-se um rico procedimento metodológico

possível de fomentar um dialogo a respeito do tema.

A opção pela utilização da observação como um instrumento de interlocução

com as crianças foi considerado na pesquisa a partir do entendimento de que uma

vez que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais

imponderável e evasivo na vida real.

Dessa forma, entendendo a fase egocêntrica da criança nesta faixa etária entre

(quatro e cinco anos), foram observadas diversas atividades lúdicas e

interdisciplinares, na intenção de investigar comportamentos diante situações de

conflitos e a construção da personalidade através do desenvolvimento da

sociabilidade, ou seja, regras de conduta e normas sociais repletas de significado

coletivo.

O fenômeno da brincadeira tem um significativo espaço de discussões entre

teóricos que permite a compreensão do brincar da criança numa dimensão ampla de

desenvolvimento infantil, com ênfase na possibilidade de uma promoção da

descoberta de si mesma e do mundo que o cerca, pois a criança é um ser social e o

brincar seria sua atividade mais completa para a apropriação, construção ou

potencialização do conhecimento.

Ao observar as crianças durante as brincadeiras e posteriormente, analisar as

respostas das professoras nos questionários pode-se compreender a fala do autor

citado acima quando ele nos lembra que o ser humano é um ser social que se faz

individuo ao mesmo tempo em que incorpora formas maduras de atividade de sua

cultura. Sendo assim, esta atividade contribuiu para que fosse vivenciado o cotidiano

escolar, entendendo como acontece à dinâmica do dia-a-dia e os relacionamentos

entre os envolvidos:

48

(...) Conhecer a escola mais de perto significa colocar uma lente de aumento na dinâmica das relações e interações que constitui o dia-a-dia, apreendendo as forças que impulsionam ou retém, identificando as estruturas de poder e os modos de organização do trabalho pedagógico e compreendendo o papel e a atuação de cada sujeito nesse complexo interacional em que as ações são – ou não-- implementadas e relações são estabelecidas e modificadas. (ANDRE, 2003, p.15).

É perceptível na fala do autor a importância do trabalho docente no qual a

troca de conhecimentos, entre professores/alunos e comunidade escolar permeia o

fazer pedagógico.

5.4 VIVÊNCIA LÚDICA

Esse parágrafo esta organizado em blocos, onde serão apresentadas

importantes observações na sala do grupo cinco da escola pesquisada e respectiva

fala das professoras entrevistadas. A estrutura desse estudo com esses segmentos

procura analisar a luz dos autores citados na pesquisa de forma a compreender a

contribuição do elemento lúdico na formação das crianças na educação infantil.

• PRIMEIRA ATIVIDADE OBSERVADA: COELHO NA TOCA

A professora reuniu a turma para explicar a brincadeira, dividiu os alunos em

grupo de três, e em círculo formou as tocas. Duas crianças dão-se as mãos

formando a toca e a outra ficará dentro da toca sendo o coelho. No centro ficarão as

crianças, “os coelhos” que estão à procura de tocas. Quando a professora falar:

Coelho sai da toca, Todos os coelhos (Crianças) que estão na toca tinham que

trocar de tocas e os coelhos (Crianças) que estavam no centro sem tocas tinham

que procurarem uma toca. O jogo termina quando praticamente todos

experimentaram os dois papéis. Nesse exercício, a criança desenvolve habilidades

como correr, frear e ocupar um espaço. Assim como o respeito à regra.

Aconteceu no espaço da sala e pode – se perceber a interação das crianças

com a brincadeira, na socialização com os pares, o desenvolvimento psicomotor ao

saltar, ao escolher outra toca e respeito à regra do jogo. No decorrer desta atividade,

foi observado pela pesquisadora que o brincar para a criança é importante para sua

49

construção social. Nesses contatos, ela interage e realiza diferentes atividades que

são necessárias para o desenvolvimento das estruturas do comportamento em

formação.

Assim, quanto mais à criança vivenciar atividades lúdicas interessantes e

variadas, mais estímulos terão para desenvolver-se, não só no aspecto cognitivo,

mas também nos aspectos afetivo, moral, psicomotor e social, como um todo

integrado. Foi no envolvimento com a brincadeira que se observou que brincando a

criança amplia suas capacidades de falar, pensar e imaginar, capacidades

fundamentais que, segundo Vygotsky (1984), servem para o seu desenvolvimento e

aprendizagem.

A atividade favoreceu o processo de aprendizagem social, mas também de

crescimento cognitivo, pois as crianças foram incentivadas a usar o raciocínio lógico

para a construção do saber-fazer. Observa-se, finalmente, nesta atividade a

importância da relação com o outro na brincadeira realizada, pois a consciência de si

se constrói na criança pouco a pouco e se amplia à medida que ela percebe o outro

que com ela se relaciona.

Como afirma Kamill (1992), no desenvolvimento da criança às idéias dos

outros são importantes porque promovem situações que levam a criança a pensar

criticamente sobre suas próprias idéias em relação às dos outros. Sendo assim o

brincar é um momento fundamental para que o educador perceba a sua turma

nesses aspectos.

• SEGUNDA ATIVIDADE OBSERVADA: MONTAGEM [QUEBRA-CABEÇA]

Nesta atividade as crianças tinham que descobrir que espécie de animal se

formava com as cores de cada parte do brinquedo A professora nessa atividade,

teve papel ativo, pois através de imitações de cada animal, levava as crianças a

reconhecer as espécies, explorando o pensamento, a linguagem, à diferenciação, ou

seja, o desenvolvimento do aspecto cognitivo.

50

Nesse momento, as crianças interagiam ente si, estimulavam os vínculos

afetivos, exploravam a sensibilidade e desenvolviam estratégias adaptando-se a

novas situações a partir da criatividade. Ao permitir a manifestação do imaginário

infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a função

pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança.

Neste sentido (KISSHIMOTO, 1994, p. 22), garante que qualquer jogo

empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta

caráter educativo. Para Piaget (1967), o jogo é a construção do conhecimento,

principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-operatório, agindo sobre objetos,

as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvem a

noção de casualidade, chegando á representação e, finalmente, á lógica.

• TERCEIRA ATIVIDADE OBSERVADA: JOGO DAS FITAS

A professora escolhe três alunos para serem: Anjo Bem, Anjo Mal e a

professora proprietária das fitas. A professora dirá no ouvido dos demais alunos

suas respectivas cores. O anjo Bem, e o Anjo Mal vão, em seqüência, tentar

adivinhar as cores das fitas. Vence a brincadeira quem conseguir o maior numero de

fitas. Nomeação e identificação de cores. Desenvolver autonomia, observação e

obediência de regra.

Durante o desenvolvimento da brincadeira, foi observado que os alunos se

motivaram muito com essa atividade recreativa. Depois das escolhas as crianças

começaram a dizer sempre as mesmas cores mesmo não havendo fita daquela cor.

Porem as crianças não falava aleatoriamente, diziam sempre às cores que estavam

expostas da parede da sala. Verificou-se que elas utilizavam dessas estratégias

para falar uma cor. De acordo com o que foi observado pode-se dizer que o jogo

serve como meio de exploração e invenção, reduz a conseqüência dos erros e dos

fracassos da criança, permitindo que ela desenvolva sua iniciativa, sua

autoconfiança, sua autonomia, sua auto estima.

Para Vygostsky (1998, p.134) “o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento

proximal da criança”. Essa zona seria a distancia entre aquilo que uma pessoa já

51

conhece e aquilo que ela pode vim, a saber, em colaboração com outra pessoa no

processo de ensino aprendizagem. No decorrer da atividade podia-se perceber o

interesse e o envolvimento de todas as crianças.

• QUARTA ATIVIDADE OBSERVADA: RECREAÇÃO

Neste dia foram todos para a área de recreação, onde tinha brinquedos para

cada faixa etária e as crianças corriam pulavam compartilhavam os brinquedos de

maneira prazerosa.

Através de leitura feita em alguns autores como Oliveira (2000), Piaget (1978)

e Vygotsky (1984), identificou-se que houve uma grande mudança em relação ao

compartilhar, pois algum tempo atrás a criança raramente aceitava dividir seu

brinquedo com outra criança na escola, porém isso se modificou positivamente, ou

seja, as crianças estão aprendendo o quanto é bom e até mais divertido se dividirem

seu brinquedo com outra criança.

A brincadeira contribui para o processo de socialização das crianças,

oferecendo-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além de

ter efeitos positivos para o processo de aprendizagem e estimular o

desenvolvimento de habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos.

5.5 O DISCURSO DOS PROFESSORES

5.5.1 Formação e Trajetória Profissional

A trajetória profissional destacada pela professora (A) iniciou-se a partir da

inserção da mesma no curso de Magistério, sendo posteriormente concluído com

graduação em pedagogia e iniciado o ensino em escolas particulares, onde atua há

10 anos. Com a oportunidade de concurso para ensinar na rede estadual de ensino,

fez o concurso, sendo convocada para ensinar nessa rede no âmbito das séries

fundamentais, onde está há 3 anos. Afirma ter concluído sua especialização em

psicopedagogia não por uma aspiração espontânea em conhecer e capacitar-se

mais em sua profissão, mais em estar adequando-se às exigências profissionais.

52

Já Professora (B) afirma ter licenciatura em pedagogia e especialização em

terapia ocupacional, é professa da rede há quatro anos. A crescente busca da

construção de uma escola com qualidade de ensino exige-se, na atualidade,

profissionais das áreas educacionais, cada vez mais capacitados, tanto no âmbito da

formação inicial quanto na formação continuada. Enfatizando a essas exigências,

ocorridas nos últimos anos, a Leis de Diretrizes e Bases da Educação, (LDB) Lei

9.394 de 1996, estabelece que:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (LEI 9.394/96, Título VI, Artº 62, p.22)

Diante dos relatos das professoras pesquisadas, fica evidenciado que a

trajetória profissional do professor está passando por grandes reformulações. O

professor, atualmente, está sendo convocado a estar em constante formação

continuada e atualizado frente aos novos pressupostos teóricos, estabelecidos pelos

estudiosos da área educacional, necessita estar atento e em constante estudo sobre

as teorias educacionais atuais e buscando fazer cursos de capacitação.

5.5.2 Conhecimento sobre o brincar

Quanto ao conhecimento sobre o brincar, ficou evidenciado, a partir da

entrevista, que as professoras conhecem o termo, fazendo relação com os jogos e

brincadeiras tradicionais do universo infantil. A esse conhecimento, se posicionaram

pontuando que o uso do brinquedo em sala de aula é: “jogos, brincadeiras uma

forma de ficar mais fácil a aprendizagem dos alunos, é muito importante para o

desenvolvimento da criança” (Professora A ).” É através do lúdico que a criança

aprendi. “Acredito que com a utilização deste recurso, a aprendizagem se torna mais

prazerosa” (Professora B). No trabalho com jogos e brincadeiras ou seja elementos

lúdicos são apontadas distintas possibilidades e finalidade: recreação; ensino de

53

conteúdos escolares; diagnósticos, a fim de se ajustar o ensino ás necessidades

infantis; ação espontânea prazerosa e livre (KISHIMOTO, 2001).

Sendo indagadas sobre quais e de que maneira utilizam-se desses elementos

lúdicos como atividades para ensinar em sala de aula. Pontuaram que: “sim, utilizo

jogos, materiais concretos, sucatas, histórias infantis, utilizo com finalidade de

interagir, socialização, limites, regras (aceitação)” (Professora A). “Sim, utilizo o

brinquedo como atividade lúdica”. Boliche (trabalhar coordenação motora e

matemática), Bonecas (os) (partes do corpo humano), Encaixe (coordenação

motora, cores, quantidade, português). Ex¹. “Pegue o brinquedo que tem a cor

amarela”, Ex². “Pegue o brinquedo que tem a cor que começa com a letra (A)”.

(Professora B). Não basta, contudo, ”equipar-se” de materiais lúdicos para a

efetivação de um ensino considerado de qualidade ou inovador, necessitando, além

disso, que tenha significado tanto para o (a) professor (a) quanto para o educando e

que proporcione de fato uma aprendizagem significativa. Segundo Vygostsky (1998,

p.126), “é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés

de em uma esfera visual externa”.

Ao serem perguntadas se o ato de brincar influencia no desenvolvimento da

aprendizagem, destacou que: “Sim, percebo que a criança que brinca é mais feliz,

ela desenvolve o raciocínio lógico – matemático, a percepção, fica mais sociável,

pois aprende a repartir e a lidar com os seus medos através das brincadeiras”.

(Professora A). “Sim, o lúdico colabora na aprendizagem, eles compreendem melhor

os conteúdos, ficam mais descontraídos e animados”.

“Trabalhar a criatividade como modo de ensinar é contribuir para que o

estudante desenvolva suas potencialidades, e saibam trabalhar em grupo,

com dinamicidade e não apenas na compreensão dos conteúdos,

interagindo com a aprendizagem de forma prazerosa” (Professora B).

De acordo com (Santos, 2001, p.15):

“É na sala de aula que a ludicidade ganha espaço, pois a criança se apropria de maneira mais prazerosa dos conhecimentos, ajudando na construção de novas descobertas, desenvolvendo e enriquecendo sua

54

personalidade”. Sendo assim, o brincar contribui também para a autonomia do educando.

Ao finalizar a entrevista, as professoras respondem a ultima questão

demonstrando que os pais ainda não aceitam a brincadeira como atividade

educativa. Sendo assim, pontuam que: “infelizmente a grande maioria dos pais não

participam incentivando os seus filhos em casa”. (Professora A). “Muitos pais acham

que seus filhos só vêm para escola brincar, não vê este ato como veiculo facilitador

da aprendizagem”. (Professora B). A partir das falas das educadoras percebe-se a

falta de conhecimento dos pais sobre a importância desse elemento lúdico como

estratégia metodológica em sala de aula para promover o desenvolvimento de

estruturas cognitivas, psicomotoras, afetivas e sócias na formação da criança.

55

6. TEORIA E PRÁTICA: DIALOGO POSSIVEL

Conforme pressuposto da teoria histórico cultural, a aprendizagem é a fonte

do desenvolvimento global dos sujeitos biopsicossocial. Percebe-se que a criança

busca sempre estabelecer relações com o mundo que a cerca. Sendo, a infância um

dos períodos mais importantes da vida humana porque forma as bases necessárias

para novas aprendizagens. Se a escola e os professores compreenderem como se

dá o processo de aprendizagem, poderão planejar vivencias na educação infantil

que sejam intencionalmente provocadoras da aprendizagem e do desenvolvimento

das crianças pequenas.

A brincadeira é algo natural e pertence à infância e acontece inicialmente

estimulada por alguém de sua convivência familiar. Na escola não poderia ser

diferente, pois além da presença do adulto professor, ela tem contato com outras

crianças também predispostas a brincar. O desafio está em permitir um tempo e

espaço na sala de aula para que o lúdico ocorra como um momento significativo de

aprendizagem e de prazer. Assim o brincar tornar-se uma atitude também

aprendida, tanto na observação ou participação das brincadeiras com ou sem

regras.

Favorecer um momento em que crianças em sala, não usem papel e lápis,

como atividade cognitiva, mas atividades lúdicas que elas tinham pouco ou nenhum

contato tornou-se motivo de muita euforia, extravasamento de energia e bagunça,

mas também criatividade e aprendizagens. O brincar sob a ótica de uma das duas

faces de uma mesma moeda - agitação e aprendizagem – pode ser um dos motivos

56

que impede o professor de usar a brincadeira como recurso didático, pois isso

poderia “indisciplinar” a turma. Entendida em seu aspecto livre ou sob forma de

regras, é uma atividade específica da infância em que a criança recria sua realidade

subjetiva no aqui e agora do brincar, usando sistemas simbólicos de acordo um

determinado contexto sócio-cultural.

Brincar além de ser uma dinâmica interna do sujeito também é uma atividade

dotada de significação social que necessita ser ensinada. Em seu livro Uma vida

para seu filho, Bettelhrim (1988, p.168) afirma que:

Brincar é muito importante porque, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários a esse crescimento, como a persistência, tão relevante em todo aprendizado. A maior importância da brincadeira está no prazer imediato da criança, que se estende até a fase adulta e se transforma num prazer de viver.

O brincar é uma atitude da criança que busca resoluções para seus conflitos

interno-externo a partir de sua interação com o mundo que o cerca. Como afirma

vygotsky (1984) a atividade lúdica surge para resolver uma contradição, qual seja a

discrepância entre o desejo de agir sobre o objeto e o domínio das operações

necessárias para execução dessa ação.

Por isso, o brincar deveria ser um dos eixos do trabalho pedagógico, devido

as suas várias contribuições no processo de aprendizagem e desenvolvimento

infantil de acordo os sistemas de significado do grupo social o qual a criança

pertence. Segundo Brougére (2000, p.98) “a brincadeira pressupõe uma

aprendizagem social [...] A brincadeira não é inata, pelo menos nas formas em que

ela adquire junto ao homem”, através da brincadeira aprendida a criança se apropria

da cultura e também do exercício da decisão e da invenção.

Pode-se observar na sala de aula uma atividade dotada de significação

social, no momento em que a professora aplica as brincadeiras do jogo de fitas,

coelhos na toca, que objetivavam desenvolver a autonomia, obediência às regras e

trabalho em grupo. A interação criança / criança durante as brincadeiras apareceu

em um numero muito significativo, em quase todas as atividades evidenciando que é

57

a partir de suas interações que elas constroem os seus contextos de brincadeiras.

As ações cooperativas voluntárias entre eles e o envolvimento dos mesmos com a

tarefa possibilitaram que as crianças se sentissem livres nesse momento da

construção do conhecimento de forma prazerosa em sala de aula.

O jogo, o brinquedo e a brincadeira como elemento lúdico, entre outros, que

tem como essência o brincar, está relacionado a tudo que é prazeroso, possibilita ao

estudante principalmente aquele inserido no contexto da escola pública o

desenvolvimento de habilidades e conhecimentos relevantes para a formação

infantil. Durante as atividades lúdicas livres, pode-se observar tais conceitos,

principalmente, na brincadeira do faz-de-conta onde as crianças tentam fazer uma

representação das relações sociais estabelecidas em seu contexto de convívio,

através da imitação de papeis quando brincam de casinha ou de consertar

brinquedos, ao mesmo tempo em que propõe fazer diferente na aventura de expor

como gostaria que fosse o mundo que o cerca com o uso da imaginação.

No faz-de-conta percebe-se também que as regras se fazem presente, pois

são estabelecidas nas brincadeiras algumas regras de comportamento conforme as

estratégias adotadas que permite a internalização de regras sociais. Como afirma

Vygotsky “a situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de

comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a

priori” (1984),

A professora(B) em sua entrevista também enfatiza que:

“A criança que brinca é mais feliz. Ela desenvolve o raciocínio lógico-matematico, a percepção, fica mais sociável, aprende a repartir e a lidar com os seus medos através da brincadeira”. (Entrevista)

De acordo com o médico e psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971),

a liberdade que o brincar proporciona é fundamental para o desenvolvimento da

criança por levá-la a conciliar o mundo objetivo e a imaginação. É dele também a

idéia de relação entre a ausência de brincadeira na infância e os problemas

emocionais. Foi observado, durante o recreio, que as crianças interagem entre si

muito bem, apesar da escola não proporcionar um espaço onde se promovam jogos,

58

brincadeiras diversificados. Mesmo sem muitos materiais lúdicos e pedagógicos, as

crianças brincam de formas improvisadas e através de materiais recicláveis como:

tampinhas de refrigerantes e em grupos jogando capoeira, brincando de roda, entre

outras brincadeiras populares. Correm por entre os brinquedos, mudando sempre

rapidamente como se estivessem ansiosos em aproveitar de tudo que ali estavam,

como se tivessem a certeza de que tão cedo não teriam outra oportunidade desta.

Gritando algumas vezes o nome de super herói, sendo estes o “He. - Mam” e o

“Homem Aranha”, como se estivessem vivendo esses personagens. Percebe-se

com esta narrativa que a brincadeira e o faz de conta são meios também de

desenvolver a linguagem. Imaginando, a criança se comunica, constrói histórias e

expressa vontades.

Adriana Friedman afirma que:

A brincadeira na rua ou em outros espaços abertos tem várias implicações, já que a criatividade das crianças toma conta dos espaços e os transforma em função de suas “necessidades lúdicas”. Brincar na rua é um aprendizado e uma oportunidade para a criança interagir com outros parceiros e desenvolver jogos nos qual a atividade física predomina. A criança interage com o objeto, apreendendo o movimento e o objeto em si (1996, p. 15).

O contexto da escola pública pesquisada requer uma atenção maior, pois há

uma carência de recursos e incentivos que possibilitem a utilização de atividades

lúdicas no cotidiano da sala de aula da educação infantil. A professora evidenciou

que ao planejar as atividades que são feitas em sala de aula, contempla ainda muito

os exercícios dos livros didáticos, apresentando e trabalhando poucas atividades

lúdicas que sejam significativas e do interesse das crianças.

Decroly apud Zabala,1998 aborda e defende a elaboração de atividades com

base num núcleo de idéias centrais ou geradoras. A partir de um tema escolhido e

de grande interesse da criança, despertando sua curiosidade e motivação através de

assuntos relacionados ao seu cotidiano e que faça relação com a vida e

possibilitando ao educando interagir com o ambiente escolar criando e recriando,

proativo dando significado as próprias atitudes.

Segundo Ovide Decroly apud Zabala, 1998:

59

A educação tem que ser para a vida e baseada na vida. A resposta à imobilidade que condena a uma escola passiva é o ensino ativo que permite que o aluno atue como inventor ou o artista, quer dizer, realizando tentativas - fazendo provas e cometendo erros. (p.147)

Numa determinada aula, observou-se que a partir da leitura de uma história

do livro didático, a professora realizou conjuntamente com os educandos uma

dramatização a partir dos personagens principais presente na história. A atividade

observada demonstrou como a brincadeira está presente em pequenos gestos e “o

querer fazer”, a professora proporcionou aos educandos a vivência da história de

forma concreta, lúdica, desenvolvendo a oralidade, o improviso, a criatividade e o

prazer, tornando a atividade lúdica, alegre e envolvente.

Ao desenvolver a brincadeira do faz-de-conta, na atividade livre de recreação

as crianças lidavam todo tempo com a distribuição de papéis e construção de regras

de modo a garantir o domínio da socialização, porque “a brincadeira é um espaço

social... e supõe uma significação conferida por todos que dela participam”

(BROUGÉRE, 2000, p. 102).

Outras objeções quanto ao uso do lúdico, ocorrem pela proposta pedagógica

da instituição de Educação Infantil, que valoriza mais atividades voltadas para o

desenvolvimento cognitivo e para alfabetizar, desconsiderando o espaço e o tempo

para o desenvolvimento de atividades ligadas ao brincar para o prazer e como

recurso didático.

Durante as atividades de recreação dirigida na escola pesquisada, existe uma

preocupação relacionada ao desenvolvimento motor, ao tratar deste assunto Rizzo

(1992, p.232), destaca que: “[...] as atividades de recreação são especialmente

voltadas para o desenvolvimento físico e de habilidades relacionadas aos

movimentos do corpo, embora atuem como estímulo ao desenvolvimento

psicossocial da criança”.

Percebe-se também que as atividades de rotina semanal da escola

pesquisada pelo menos dois dias são reservados à recreação ou à atividade livre.

Esses dias são para as brincadeiras de livre escolha, bem como a exploração de

jogos e dos brinquedos na quadra. Porém, acredita-se que esse tipo de atividade

60

livre deveria ser ampliado na rotina semanal, pois a criança sente prazer em fazer as

suas próprias descobertas. Portanto, deve ser livre para fazer uso da sua “conduta

criativa”, Kishimoto (2008, p.143).

O ambiente e os brinquedos são, supostamente, fatores determinantes que

orientam as brincadeiras, “a criança não brinca numa ilha deserta... Só se pode

brincar com o que se tem, e a criatividade... permite, justamente, ultrapassar esse

ambiente, sempre particular e limitado”. (BROUGÉRE, 2000, p. 105). A esse

respeito à professora (A) em sua entrevista ressalta que:

Os brinquedos que fazem eles vivenciarem o mundo dos adultos como: teclados do computador, telefones, espelhos, carrinhos, bonecas colabora na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. (Entrevista)

De acordo com Kishimoto (2008), o jogo livre oferece à criança a

oportunidade inicial de aprendizagem, que é a mais importante para atrever-se a

pensar, a falar e ser ela mesma. É por meio do jogo simbólico que a criança se

apropria da realidade do adulto, assimilando e conhecendo sua cultura, permitindo

que a criança revele parte de si mesma. O (a) professor (a) ao utilizar o brincar como

ferramenta pedagógica estará contribuindo para que ocorram processos relevantes

na formação global da criança.

61

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aquele que brinca investe de alguma forma sua própria libido na coisa com que brinca. [...] O ser que brinca e joga é, também , o ser que age, sente, pensa aprende, se desenvolve. Dicionário de psicologia da criança (1979, p. 520)

Através do trabalho de pesquisa realizado compreende-se que as objeções

quanto ao uso do lúdico na proposta pedagógica da instituição de Educação Infantil,

ocorre devido à preocupação com alfabetização precoce, com a aceleração da

escolarização por parte das políticas publicas, que valoriza mais atividades voltadas

para o desenvolvimento cognitivo e para alfabetizar, desconsiderando o espaço e o

tempo para o desenvolvimento de atividades ligadas ao brincar para o prazer e

como recurso didático.

Brincar hoje nas escolas está ausente de uma proposta pedagógica que

incorpore o lúdico como eixo do trabalho infantil. Na aproximação com a realidade

do brincar nas escolas, percebeu-se a inexistência de espaço para o

desenvolvimento cultural dos alunos.

Esse resultado, apesar de apontar na direção das ações do professor, não

deve atribuir-lhe culpabilidade. Ao contrário, trata-se de evidenciar o tipo de

formação profissional do professor que não contempla informações nem vivências a

respeito do brincar e do desenvolvimento infantil em uma perspectiva cognitiva,

social, afetiva, cultural, histórica e criativa.

Evidenciou-se que ao chegar à escola, a criança é impedida de assumir sua

corporeidade, passando a ser submissa através de horas que fica imobilizada na

sala de aula. E até no recreio, ela precisa conviver com varias proibições. A escola

simplesmente esqueceu a brincadeira, na sala de aula ou ela é utilizada com um

62

papel didático, ou é considerada uma perda de tempo. A brincadeira e o jogo

precisam se inserir na escola.

Analisando sobre a importância do brincar no desenvolvimento cognitivo,

afetivo e social da criança na educação infantil, este trabalho de pesquisa, indica

que o brincar como construção da sua subjetividade, é sentido, significado, formado

pela mediação entre o interno e o externo, favorecendo a autonomia.

Outro aspecto importante que deve ser evidenciado é o planejamento de jogo

pelo professor, ele é imprescindível para sua prática, a partir do momento que o

mesmo adquira conhecimento dos aspectos do desenvolvimento infantil e da

aprendizagem que esse fazer pedagógico proporciona as crianças.

Considerando as necessidades físicas e psicológicas das crianças, sugere-se

atividades que trabalhem com os aspectos intelectuais, com corpo e com o social.

Essas atividades têm por objetivo ajudar as crianças a entrarem em contato com o

mundo do conhecimento e da informação e desenvolver suas habilidades de criar e

relacionar esses conhecimentos, assim, elas serão capazes de desenvolver uma

linguagem e aprender a dominar todo tipo de informação. As atividades lúdicas

funcionam como exercícios necessários e úteis à vida, espelhando suas relações

com o mundo que o cerca.

Possibilitar estes exercícios é assegurar a sobrevivência de sonhos e

promover a construção de conhecimentos vinculados ao prazer de viver e aprender

de uma forma natural, divertida e agradável. Sendo a brincadeira resultado de

aprendizagem, e dependendo de uma ação educacional voltada para o sujeito

social criança. Devemos acreditar que, adotar jogos e brincadeiras como

metodologia curricular, possibilita à criança base para subjetividade e compreensão

da realidade concreta.

Evidencia-se que, o brincar transformado em instrumento pedagógico na

educação infantil favorece e é imprescindível na formação global da criança para

cumprir seu papel social enquanto ser socialmente construído.

63

Nessa perspectiva entende-se que a finalidade do brincar seria a própria

criança, pois a brincadeira organiza as relações entre a mesma e o meio para a

otimização de todos os aspectos biopsicossociais, afetivos e cognitivos. Condições

ótimas de desenvolvimento, cuja ação e participação permitam a continuidade e a

sobrevivência do ser humano histórico e socialmente construído.

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ZABALA, Antoni. A prática educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998.

APENDICE

Questionários fechado para professores, perguntas abertas.

a) Formação Profissional:

b) Tempo de atuação:

Perguntas:

1. O que você sabe sobre o uso do brinquedo em sala de aula?

2. Você utiliza o brinquedo como atividade em sala de aula?

3. Quais são eles? Com qual finalidade?

4. Qual o tempo disponível para as crianças brincarem?

5. Qual a disponibilidade de espaço que a escola oferece para as crianças

brincar?

6. Quais as brincadeiras mais freqüentes feitas pelas crianças na escola?

7. Quais os brinquedos preferidos pelas crianças?

8. Quais os brinquedos disponíveis na escola?

9. O ato de brincar influencia no desenvolvimento da aprendizagem?

10.Os pais aceitam a brincadeira como atividade educativa?

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