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ano 9 número 38 www.revistalealmoreira.com.br Trinta anos de carreira, um CD novo e a certeza Trinta anos de carreira, um CD novo e a certeza de que o mundo fica cada vez menor. de que o mundo fica cada vez menor. Lenine Lenine Luê Luê Vinicius de Moraes Vinicius de Moraes El Celler de Can Roca El Celler de Can Roca

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Revista bimestral, que aborda cultura, design, arquitetura, gourmet.

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ano 9 número 38 www.revistalealmoreira.com.br

Trinta anos de carreira, um CD novo e a certezaTrinta anos de carreira, um CD novo e a certezade que o mundo fi ca cada vez menor. de que o mundo fi ca cada vez menor.

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Disponíveis nas Lojas: Yamada Plaza, Vila dos Cabanos, Pátio Belém, Plaza Castanhal e Yamada Salinas.

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Segurança e lazer em perfeita harmonia.

No Umarizal. Razão e emoção. Segurança e lazer.Por serem diferentes, se completam.

Completos, são únicos.

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índice

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40112

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dicas pg 12Anderson Araújo pg 26Celso Eluan pg 50galeria pg 66tech pg 75horas vagas pg 76Felipe Cordeiro pg 90destino pg 98enquanto isso pg 106Saulo Sisnando pg 110vinhos pg 120decor pg 124falando nisso pg 128institucional pg 130Nara Oliveira pg 142

capaTeresa Salgueiro - divulgação

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EL CELLER DE CAN ROCAEleito o melhor restaurante do mundo de 2013, vivemos o pri-vilégio de passar um dia no El Celler de Can Roca e entender a emoção que move os irmãos que o comandam.

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ALEX FIÚZA DE MELLONa quarta entrevista da série especial sobre os “400 anos de Belém”, o sociólogo e Secretário de Estado de Promoção Social fala sobre a Belém para todos e não para poucos.

Belé

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s

18 Luê Soares - Luê, simplesmente - vive a explosão de sua carreira e o reco-nhecimento da crítica especializada. Cheia de personalidade e vontade, ela não se arrepende das escolhas que fez.

perfil

Corações rabiscados no caderninho ou como investigamos a icono-grafia de amor.

especial36

LENINETrinta anos de carreira e um CD novo. O pernambucano Leni-ne fala, em entrevista exclusiva à Revista Leal Moreira, sobre a parceria com o filho e a paixão pelo mar.

VINICIUS DE MORAESNo mês mais romântico do ano, antecipamos as comemora-ções pelo centenário de nascimento do poetinha e revisitamos os lugares que foram cenários de suas criações e... paixões.

92 comportamentoRisadas e cifras - a web é terreno fértil para quem deseja explorar outras formas de comunicação e ganhar dinheiro.

A Revista Leal Moreira 38 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.

www.revistalealmoreira.com.br

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Caro leitor,

Junho chegou, marcando a metade do ano, o mês dos namorados, de

santos festeiros, de noites mais estreladas... e da Revista Leal Moreira 38ª

edição, aliás, que está especialmente romântica.

Ele que foi, talvez, o mais romântico, de todos os românticos - Vinicius de

Moraes - é ilustre “visitante” de nossas páginas. O “poetinha” amou cada

uma de suas mulheres como se fossem as únicas e as últimas. Amar era-

-lhe vital. Era sua fonte de inspiração e seu ponto fraco. Antecipamos as co-

memorações pelo centenário de seu nascimento (em outubro) porque junho

“exigia” esse mimo. Em belíssimas páginas, revisitamos os locais icônicos

para Vinicius e investigamos histórias curiosas, verdadeiras lendas. Também

preparamos uma seleção musical especial para embalar sua leitura, que

você acessa por meio do QR code na matéria.

Outro poeta contemporâneo, o pernambucano Lenine, fala como poucos,

de sentimentos. Em entrevista exclusiva à Revista Leal Moreira, ele revela

a emoção de realizar um CD novo, na companhia do filho. E conta ainda

que se apaixonou pelo mar do Rio de Janeiro, lugar que adotou como casa

quando saiu do Nordeste.

Do nordeste brasileiro para o paraense: vem de Bragança o som que ins-

pira Luê, mais uma das promessas de sucesso que o Pará exportará para o

mundo. Certamente você não esquecerá a singeleza e beleza desse nome.

Nas páginas a seguir, passamos um dia inteiro no El Celler de Can Roca,

eleito pela revista “Restaurant” como o melhor do mundo. Emocionar os co-

mensais é palavra de ordem para os irmãos Roca.

Ah, por fim, falando ainda em junho e na data de mais apelo aos casais

enamorados, fomos investigar a “iconografia” do amor.

Não disse que o romance estava no ar?

Esperamos que você goste. Mais ainda, que inspire você.

E, na dúvida, ame.

Boa leitura.

André Moreira

Criação Madre Comunicadores AssociadosCoordenação Door Comunicação, Produção e EventosRealização Publicarte EditoraDiretor editorial André Leal MoreiraDiretor de criação e projeto gráfi co André LoretoEditora-chefe Lorena FilgueirasEditora assistente e produção Camila BarbalhoFotografi a Dudu MarojaReportagem: Alan Bordallo, Anderson Araújo, Bianca Borges, Camila Barbalho, Fábio Nóvoa e Lucas Ohana.Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Felipe Cordeiro, Nara Oliveira, Raul Parizotto e Saulo Sisnando.Assessoria de imprensa Lucas OhanaConteúdo multimídia: Max AndreoneVersão Digital: Brenda Araújo, Guto Cavalleiro, Fabrício BezerraRevisão José Rangel e André MeloGráfi ca DeltaTiragem 12 mil exemplares

Comercial Gerente comercialDanielle Levy • (91) [email protected] comercialThiago Vieira • (91) [email protected] Carolina Valente • (91) [email protected]

FinanceiroContato [email protected]

Fale conosco: (91) 4005.6874 [email protected]@lealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.brfacebook.com/revistalealmoreiraRevista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refl etem, necessariamen-te, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

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João Balbi, 167. Belém - Paráf: [91] 4005-6800

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Construtora Leal MoreiraDiretor Presidente: Carlos MoreiraDiretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício MoreiraDiretor de Marketing: André Leal MoreiraDiretor Executivo: Paulo Fernando MachadoDiretor Técnico: José Antonio Rei MoreiraDiretor de Incorporação: Thomaz ÁvilaGerente Financeiro: Dayse Ana Batista SantosGerente de Relacionamentocom Clientes: Alethea AssisGerente de Marketing: Mateus Simões

Revista Leal Moreira

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Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fi ca sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.

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Atendimento:A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18:30h

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Belém

DomNatoUm novo conceito de casa de pães acaba de chegar a Belém. A DomNato

abriu há pouquíssimo tempo, e já cativou um lugar considerável no ramo.

Não é para menos: são 800 metros quadrados de estrutura, com cafeteria,

buffet, serviço à la carte e confeitaria fina – em funcionamento de segunda

a sábado, das 6h às 22h, e aos domingos, das 6h às 11h30. A casa foi pro-

jetada pelo arquiteto especialista Emerson Hungaro, da B2h Arquitetos As-

sociados (SP), e resultou em um ambiente bonito, clean e elegante. O lugar

perfeito para aquela paradinha na ida ou na volta dos balneários paraenses.

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BR 316 km 6,5 • Ananindeua

Brigaderie

Sahara

Os apaixonados por chocolate têm um novo ponto

obrigatório em Belém: a Brigaderie, doceria especia-

lizada em artigos finos, feitos do filho mais amado

do cacau. A loja adota o conceito gourmet, recrian-

do brigadeiros e cupcakes em novas combinações

e possibilidades – sempre sugerindo nuances de sa-

bores diferentes. Café, pimenta, cachaça, maracujá,

morango, vinho, gergelim, limão siciliano... As op-

ções inovadoras são diversas. Mas há conforto para

os menos aventureiros: o chocolate tradicional tam-

bém está lá – e delicioso, por sinal. Recomendamos

o cappuccino de Nutella. Inesquecível.

Localizado na Senador Lemos, bem perto da badalação da Doca de Souza Franco, o

recém-inaugurado Sahara Lounge Bar é um pedaço da cultura árabe em Belém. A de-

coração é temática e sofisticada, e está presente nos três ambientes da casa: o andar de

cima compreende um reservado (com exclusivo telhado retrátil) e terraço, e o andar de

baixo recebe as atrações musicais – com excelente estrutura de som e luz. O cardápio

também mantém as referências ao rico universo da região. Às quintas, o lugar recebe pro-

fissionais da dança do ventre em show exclusivo. Ideal para um drinque com os amigos.

Avenida Senador Lemos, 35 • 91 8068.3000

Av. Gentil Bittencourt, 2036 • 91 3223.5729 / 8375.7927 • www.brigaderie.com.br

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Brasil

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Livraria da Vila

Zena CafféO Zena (Gênova no dialeto lígure), localizado no coração do Jar-

dins em São Paulo, possui um clima típico de uma vila italia-

na, com ambiente descontraído e agradável, propondo sentar

a qualquer hora do dia oferecendo gastronomia de qualidade,

com comida rápida e saudável, baseada na culinária mediter-

rânea, com receitas autênticas da região da Ligúria (norte da

Itália). À frente da cozinha, o chef Carlos Bertolazzi é uma mente

inquieta. O forno especial para as focaccias garante um sabor

diferenciado para os pães. Outra boa pedida do menu são as

saladas com cores e sabores balanceados.

Da cozinha ainda saem, além de massas frescas e secas, os

deliciosos gnocchi, que tem atraído uma legião de fãs. Opções

de carne, frango e peixe completam o menu, satisfazendo to-

dos os gostos. Na hora da sobremesa a Focaccia de Nutella é

a grande pedida, mas a levíssima Panna Cotta e a Sacripantina,

também disputam a preferência dos clientes.

Com quase três décadas de existência no mercado, a Livraria da Vila se

reinventa e inaugura uma loja surpreendente no novíssimo Shopping JK,

na capital paulistana.

Charmosa, acolhedora, receptiva e democrática, em pouco tempo a

Vila foi adotada por aqueles que compartilhavam a visão de livraria como

um ponto de encontro, um lugar para ver gente, comprar livro, passar o

tempo, tomar café, ouvir histórias. Adquiriu gosto por música e filmes. E

por eventos culturais. Criou auditórios, onde sempre há palestras, cursos,

debates, pocket shows e contação de histórias. Sem falar dos lançamen-

tos de livros e seção de autógrafos.

Rua Peixoto Gomide, 1901, Jardins, São Paulo • 11 3081.2158 || Rua Manuel Guedes, 243, Itaim Bibi, São Paulo • 11 3078.6658

Av. Juscelino Kubitschek, 2041 - Itaim Bibi • São Paulo - SP • (11) 5180.4790

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mundo

The Rock Restaurant

The Ledbury

Em meio ao visual paradisíaco de Zanzibar, ilha na costa leste da África, algo cha-

ma atenção – e vem de dentro do mar. A poucos metros da areia, uma grande

pedra emerge. Sobre ela, uma pequena casa. Esse é The Rock Restaurant, um

exclusivíssimo lugar para degustar frutos do mar. Os interessados em conhecer

precisam se programar com antecedência: o local só atende 14 mesas por vez.

A experiência visual é deslumbrante: a água cristalina cerca a rocha; e, depen-

dendo da maré, pode ser que seja necessário ir ou voltar de lá com o auxílio de

um barco. O menu oferece as tradicionais delícias marítimas da ilha. Recomen-

damos provar a salada de polvo – que leva azeitona e suco de limão – acompa-

nhada de um bom vinho branco.

Localizado no alto de uma casa de 1940 no bairro de Anzu-

res, o Champagne Bar Celeste e Tea Room é uma verdadei-

ra viagem no tempo. Projetado pelo premiado escritório de

design Productora, o lugar remete às antigas casas de chá

inglesas, típicas dos filmes hollywoodianos de gângsteres –

porém com o toque de modernidade que a separa do ana-

cronismo. Repleto de listras pretas e brancas, o espaço por

vezes parece redimensionado pela ilusão de ótica, de acor-

do com a posição de quem o observa. Tudo é muito bem

cuidado: desde o terraço ao ar livre e o telhado transparente

(que permite iluminação natural) até os detalhes: chaleiras,

filtros, vasos de flores e baldes de champanhe, por exemplo,

eram feitos à mão por um dos mais antigos ourives na Cida-

de do México. No menu, taças individuais de uma extensa

carta de vinhos, chás e champagnes. Para jantar, indicamos

o ceviche peruano feito com maracujá, seguido pela original

Eton Mess – merengue, água de rosas, chantilly e frutas.

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Michamvi Pingue - Zanzibar • +255 (0) 777.835515 • www.therockrestaurantzanzibar.com

127 Ledbury Road. Notting Hill, W11 2AQ • +44 (0)20 7792.9090 • http://www.theledbury.com

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perfil

www.revistalealmoreira.com.br

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luaLuê Nayá Jansen Soares, 23 anos, capri-

corniana. Não seria possível um nome

mais apropriado. A mãe, Wena Jansen

Soares, diz que pesquisou bastante em 1988,

quando estava grávida, até achar o mais ade-

quado para a primeira filha. Artista plástica,

apaixonada por um músico, ligada às coisas

da terra e à natureza, a expectante acertou em

cheio: foi buscar na referência indígena, a ma-

triz mais paraense possível, o chamado mais

bonito para a menina. Nascia o bebê nomea-

do com a beleza da lua, que não veio na pele,

morena brejeira que só ela, mas na inspiração

que o astro traz à boa cantoria, ao bom astral

das grandes noites, que lhe predestinou a voz.

Numa quarta-feira de maio, Luê chega es-

baforida à sessão de fotos para a Revista Leal

Moreira, depois de uma tarde de gravações

para um comercial de televisão. A agenda

anda corrida. Ela está na ponte aérea São-Pau-

lo-Belém-São-Paulo-qualquer-lugar-onde-a-

-música-chame. E o Brasil descobriu Luê, daí

a música a tem chamado bastante. Levinha,

mignon, só se percebe o cansaço e a corre-

ria porque ela confessa. Porém, sem queixa.

Nada é ruim, nada atrapalha ou pesa no roteiro

escrito para a cantora desde o encontro defini-

tivo entre Wena Jansen e Júnior Soares, o pai e

incentivador da moça e vocalista de um dos fe-

nômenos de massa mais empolgantes da cul-

tura popular paraense, o Arraial do Pavulagem.

Diante do fotógrafo, ela já esquece a fadiga

de uma tarde inteira e posa natural para a len-

te. O cenário é uma adega confortável, à meia

luz, e, sobre a mesa, um copo de conhaque.

Luê posa séria, mas também sorri. Brinca com

a posição de estrela sob holofotes, a qual pa-

rece que ainda não se acostumou. Seduz em

gestos simples, delicada, como a violino que

a acompanha desde os nove anos. É o instru-

mento que lhe moldou também a suavidade da

voz que, pelas referências, deve se libertar ain-

da mais – conforme ela se integre aos palcos à

arte, este simbionte irresistível, que já começa

a lhe tomar por inteiro e lhe guiar a vida.

Há uma sofisticação educada no canto de

Luê, algo fácil de qualquer ouvido amar. Mas

ela se exige mais e mira no imponderável que

é fundir a técnica perfeita em uma performan-

ce livre, louca, quase brutal como os ídolos Gal

Costa e Baby do Brasil esbanjam magicamen-

te desde quando ela nem existia. É no jogado

magnético e inconfundível de gente como Ro-

bert Plant, do Led Zeppelin, e Björk que a pa-

raense se espelha; sem esquecer os anos de

bastidores e camarins dos shows do pai, sem

se afastar de bases como Nilson Chaves e o

maestro Waldemar Henrique, sem deixar de se

encantar com o suingue novo, mas há déca-

das entranhado no sangue e nos dedos e na

lógica rítmica do amigo Felipe Cordeiro.

Ao ouvir Luê cantar e falar apaixonada sobre

a gana de agarrar a música, partir para São

Paulo, trabalhar com gente que ela sempre

amou ouvir, a impressão que se tem é que ela

estava destinada a este clichê irresistível, já im-

pregnado em seu nome: brilhar como lua nas

noites do Brasil.

Na entrevista a seguir, a cantora conta sobre

a boa fase, coragem de abraçar a nova carrei-

ra, o novo e histórico momento para a cultura

paraense, Belém, Bragança, Ajuruteua e o so-

nho de cantar com grandes nomes da música

brasileira, como Gilberto Gil e Caetano Veloso

Brilhoda

Luê Soares – ou Luê, simplesmente – nasceu em meio à cultura popular e apu-rou os ouvidos com educação musical clássica. No meio do caminho, como que contrariando a ordem de um roteiro pré-determinado, ela decidiu reescrever os rumos da própria história. Com luz própria.

»»»

Anderson Araújo Dudu Maroja

20www.revistalealmoreira.com.br

– e ninguém duvida que ela escancare as por-

tas com seu talento e fisgue os baianos com a

doçura da voz.

Confira a conversa na íntegra:

A partir de quando deu para perceber que o “A fim de onda” seria um projeto de verdade e com a repercussão que está tendo?

Bem, eu já tinha essa vontade de produzir

o meu primeiro disco, então inscrevi o projeto

na Lei Semear no segundo semestre de 2011,

com ajuda do Marcel Arêde – esse foi o pri-

meiro passo para tornar real o que era apenas

uma vontade e possibilidade remota. A partir

daí, comecei a conversar bastante com o Be-

tão Aguiar, que produziu o disco, sobre música,

sonoridades, possíveis participações, repertó-

rio etc., e então o disco passou a existir no cor-

po físico de fato. A gente nunca sabe ao certo a

repercussão que um trabalho vai ter depois de

pronto, mas eu estou bem feliz com o feedback

que tenho recebido das pessoas. Nunca espe-

rava fazer parte da rede de artistas do Natura

Musical, junto com Tom Zé, Milton Nascimento,

Tulipa Ruiz, e tantos outros. Isso pra mim foi um

presente e uma sorte danada pra quem está

lançando um primeiro trabalho. Também não

imaginei lançar o disco em um Theatro da Paz

cheio de gente curiosa e depois poder circular

com esse mesmo show no Rio, São Paulo e

Salvador, sendo tão bem recebida. Outra coi-

sa que me deixou muito feliz também foi ter a

oportunidade de apresentar o meu trabalho na

Virada Cultural da capital, em São Paulo, e na

Virada Cultural Estadual, em Santos.

Eu estou bem feliz com tudo o que está

acontecendo.

Como é ser protagonista de um trabalho que tem tanta gente de peso como Arnaldo Antunes, Felipe Cordeiro, André Carvalho, Curumin e tan-tos outros artistas renomados?

É realmente uma honra. Há algum tempo

– quando eu escutava os discos do Arnaldo,

Curumin, Nação Zumbi, 3 na Massa com o Pu-

pillo, entre tantos outros – passava pela minha

cabeça que, de alguma maneira, eu precisava

dialogar com esses caras, falar e fazer músi-

ca junto. Mas cantar era uma vontade que eu

pouco assumia, e por isso achava que essa in-

teração seria algo muito distante. Então, quan-

do resolvi que iria cantar e comecei a gravar o

meu primeiro disco, pude realizar essa minha

vontade. Pra mim foi uma honra ter artistas que

sempre admirei tanto, deixando um pouquinho

de sua essência nesse meu primeiro trabalho.

Luê começou a tocar violino aos 9 anos de idade, mas a infl uência do pai (além de sua própria história familiar) a conduziu à rabeca, um violino rústico, muito comum em Bragança, cidade onde passou boa parte da infância.

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Conta da tua iniciação musical (aos nove anos, Luê começou a aprender violino). Além da clássica “Asa Branca”, como exercício do con-servatório, e “Tu já rainha”, como vontade de se apresentar com teu pai, quais as memórias que tens da infância em relação à música?

Bem, eu sempre tive música na minha vida,

fosse pelo contato direto com um instrumento,

no conservatório, ou em casa, ouvindo músi-

ca com a minha família, ouvindo meu pai to-

car violão. Quando penso nessa época me

vem muita coisa na cabeça... Me lembro de

andar pelo Conservatório Carlos Gomes ouvin-

do a turma do canto lírico fazendo exercícios

de aquecimento vocal, lembro de assistir aos

shows do Arraial no (Teatro) Margarida Schi-

vasappa e brincar de correr nos corredores do

teatro... Me lembro de, ainda pequena, ter ido

a um concerto com a minha família onde a or-

questra tocou “As Bachianas” de Villa-Lobos e

achei a coisa mais linda da vida. Saí de lá que-

rendo tocar também em uma orquestra, o que

veio a acontecer alguns anos depois.

Qual a influência do teu pai nesse trabalho novo, já que me dizes que ele é o grande incen-tivador? Ele deu alguma dica de arranjos, de produção ou ficou no apoio moral e deixou que você tomasse as decisões?

Digo que meu pai sempre foi meu grande

incentivador, porque desde pequena a músi-

ca foi algo que me interessou; e quando ele

percebeu isso, me matriculou no Conserva-

tório Carlos Gomes, aos 9 anos, para que eu

pudesse iniciar e me aprofundar no estudo da

música. Em paralelo a isso, ele estava sempre

ali, me apresentando um universo muito va-

riado dos ritmos e das sonoridades da Música

Popular Brasileira, principalmente aquela feita

no Pará. Meus pais sempre me incentivaram a

fazer aquilo que gosto, com a música não foi

diferente. E assim foi, também, quando surgiu

a possibilidade de gravar o meu disco. Meu pai

participou tocando na faixa “Nós Dois” e “Ca-

valo Marinho” – e sim, me deu total liberdade

pra que eu tomasse minhas próprias decisões,

como sempre foi; mas, claro, acompanhando

tudo de perto, vibrando comigo.

Quais as influências no teu canto?Como falei pra você, o canto da Gal me in-

fluencia, assim como o da Baby (do Brasil),

Robert Plant e Bjork, no sentido da liberdade.

Essas pessoas que citei cantam com uma li-

berdade e qualidade vocal surpreendentes, »»»

que eu procuro buscar no meu canto. Agora,

acho que talvez exista certa delicadeza na mi-

nha maneira de cantar, mais por influência do

violino do que por algum cantor ou cantora que

eu admire. O violino é um instrumento melódico,

muitas vezes suave mesmo, acho que o fato de

ter estudado esse instrumento durante alguns

anos da minha vida me trouxe essa delicadeza.

Como está sendo a rotina em São Paulo? Não a de shows, a da vida mesmo: onde você tem se divertido? como tem gastado seu tempo? qual o restaurante preferido? tem aproveitado a agitada vida cultural da metrópole?

Está sendo muito bom morar em São Paulo

e conhecer um pouco mais dessa cidade tão

grande. Gosto da vida cultural que ela propor-

ciona. Todo o tempo você pode ir a um concerto,

uma exposição, um show incrível – opção não

falta. Eu não sou uma pessoa muito agitada,

então me divirto bastante recebendo amigos

em casa, adoro um bom brechó (e isso tem de

sobra em SP). Restaurante então nem se fala.

Difícil é escolher apenas um, mas no momento

estou vivendo uma relação de amor com o Res-

taurante do MAM (Museu de Arte Moderna), no

Parque do Ibirapuera.

E a agenda de programas televisivos, rádios e shows?

Como falei antes, acabei de me apresentar

pela primeira vez na Virada Cultural Paulista e na

Virada Estadual, em Santos, e foi legal demais!

E em junho tem participação minha no show de

lançamento do disco do Ronaldo Silva, dia 18

em Belém. Também me apresento aqui no dia

2 de julho. E dia 29 de julho tem show no “Cedo

e Sentado”, um projeto superbacana que rola

toda segunda no Grazie a Dio, em SP. (Luê ainda

fecharia outros shows e convites, mas que não

estavam confirmados até o dia da entrevista).

Como tem encarado esse momento novo da mú-sica paraense em destaque no Brasil?

Acho que estamos passando por um momen-

to muito especial para a música que é feita no

Pará. Temos mesmo uma musicalidade muito

rica e variada, o que tem surpreendido e atiçado

a curiosidade das pessoas em relação ao que

está sendo produzido no estado. Uma coisa in-

teressante que percebi é que hoje as pessoas

não demonstram mais certa indiferença quan-

do digo que sou de Belém. Pelo contrário, de

repente sou bombardeada de perguntas sobre

as nossas “gírias”, sobre culinária e sobre nossa

música, sempre seguido de um bom “preciso ir

ao Pará!”.

Pra ti, o que vai definir se esse momento é mais uma moda ou consolidará o Pará como um polo de cultura brasileira (consagrado, claro, porque, dentro de suas características já é)?

Olha, fazendo uma analogia ao Manguebe-

www.revistalealmoreira.com.br

23

at com Chico Science (de Pernambuco) e ao

que aconteceu também na música da Bahia,

é muito legal estarmos com os holofotes volta-

dos para nós e termos a abertura e destaque

da imprensa do país. O que particularmente

me chama mais atenção na nossa cena atual

é que somos muito diversos, temos de tudo. É

fato que vivemos um momento especial, mas

isso não diminui em nada tudo que se produ-

ziu em outras épocas. Estamos colhendo frutos

de muitas sementes bem plantadas e regadas

nos últimos 30 anos, pelo menos. Assim como

o sucesso que teve o Manguebeat, de Chico

Science, não deixou de honrar a obra de Alceu

Valença, por exemplo. Agora, independente da

“boa fase” que vivemos na mídia, em todos os

lugares, sinto que ainda tem muito trabalho para

ser feito. O Pará tem tudo para ser um polo de

cultura brasileira. Na verdade, ele já é, mas isso

vai muito além da moda.

Por que largou a faculdade de Direito? Ainda é possível retomar?

Porque o que eu havia escolhido não me sa-

tisfazia, não me realizava. Quando me dei conta

disso eu já estava viajando e fazendo bastantes

shows, então a agenda começou a entrar em

conflito, comecei a faltar e então percebi que

aquilo não fazia sentido pra mim. Escolhi a mú-

sica, mesmo sabendo que não é um caminho

fácil nem seguro, mas não me arrependo. Faço

o que eu amo, corro atrás do que eu quero e

as coisas têm ido bem. É impossível, pra mim,

voltar a cursar Direito. Mas quem sabe um novo

curso, né? Quem sabe...

Voltas a morar em Belém? Do que mais tens saudade nesses meses fora?

Por enquanto não, porque pra mim e para o

meu trabalho tem sido importante morar em

São Paulo. Mas procuro ir todo mês a Belém,

curtir a família e meus amigos – e claro, tra-

balhar também. Fiz o show de lançamento do

meu disco em Belém e foi inesquecível. Preten-

do repetir a dose em breve. Ah, morro de sau-

dade da família e da comida de casa, isso faz

muita falta.

Mesmo começando tão bem e sendo elogiada pela imprensa especializada você tem medo em relação às escolhas que fez?

Não sinto medo ou arrependimentos em re-

lação às escolhas que fiz até aqui. Pelo contrá-

rio, eu escolhi esse caminho. Então entrei de

cabeça e percebi que, desde que assumi para

mim que eu queria cantar de verdade, as coisas

começaram a engrenar. Acho que faltava essa

determinação minha. Agora, como eu disse an-

tes, a música é um caminho incerto e isso às

vezes causa certa ansiedade. O medo faz parte

de qualquer profissão e escolha, mas eu tenho

sorte de estar bem amparada, envolta de pes-

soas que cuidam de mim, sempre me acom-

panhando e aconselhando da melhor maneira.

A menina cresceu e decidiu mudar os rumos de sua própria história. Se ela se arrepende? “Não sinto medo ou arrependimento em relação às escolhas que fi z até aqui. Pelo contrário, eu escolhi esse caminho”.

»»»

24

E Bragança? Qual tua melhor lembrança da ci-dade?

Tenho as melhores lembranças possíveis de

Bragança. Minha família por parte de pai é qua-

se toda bragantina e meus avós ainda moram

na cidade. Lembro de momentos muito espe-

ciais com a minha família e de férias inesquecí-

veis. Praticamente me criei em Ajuruteua e sinto

muita saudade daquela praia. Quando penso

nela, me vem imediatamente uma sensação

gostosa de liberdade, de sentir os pés na areia

e daquele vento forte. É um lugar mágico pra

mim, assim como Bragança.

Qual a música que você quer fazer? Tens essa ideia ou é uma coisa que ainda está em constru-ção?

Bem, como você mesmo disse, o artista está

sempre em transição, sendo aquele que está

começando ou mesmo o veterano. Acho real-

mente muito difícil se definir um trabalho e en-

caixá-lo dentro de um determinado estilo mu-

sical. Prefiro não fazer isso, gosto mais de ter

certa liberdade pra criar e escolher caminhos

musicais no meu trabalho.

O que precisa melhorar na artista Luê?Sempre tem o que melhorar, eu acho. Mas

a cada show procuro cantar melhor, tomando

cuidado com a afinação e respiração, procuro

também tocar melhor o meu instrumento, apri-

morando as técnicas e aprendendo outras no-

vas. Acho que o tempo é mesmo de aprender

e buscar sempre melhorar naquilo que me pro-

ponho a fazer.

Com quem sonhas em cantar e com quem deu orgulho de já ter cantado até agora?

Queria ter a oportunidade de um dia cantar

com Caetano, Geraldo Azevedo, Gil... Ai, são

tantos! Mas, recentemente, tive a super-honra

de cantar com o Paulinho Boca de Cantor, dos

Novos Baianos, no carnaval de Salvador, e foi

legal demais. Outra felicidade foi cantar com o

Otto. Participei de uma faixa do disco novo dele

e também de alguns shows cantando a mesma

música. E fico sem palavras, o show do Otto é

sempre muito intenso, muito emocionante.

Restaurante Famiglia Sicilia

Salão Cassius Martins

Agradecimentos

Veja maisconteúdo exclusivo de Luê

26

mortazona A

Há entre o plantar e o colher mais mistérios do

que nossos conhecimentos agrícolas possam ima-

ginar. Fecundar a terra e esperar para que brote um

minúsculo fiapo da vida, sem garantia nenhuma.

Mas, contrariando o pessimismo nasce a primeira

folhinha. E o sorriso se abre na quase evidência de

que tudo vai vicejar. É nessa hora que a frustração

rouba a cena, se a semeadura não vai para frente.

Metáforas do Globo Rural à parte, um dos maio-

res temores da atualidade tem nome de filme de

terror americano: “Friendzone”. E seu desdobra-

mento rumo ao fiasco é muito semelhante ao do

agricultor azarado. Amigos apaixonados e não cor-

respondidos sempre existiram, mas, em tempos

modernos, a obrigação moral de não se manter

longe da misoginia e sexismo pode ser o empurrão

que faltava no abismo mais profundo para quem

está apaixonado: o exílio da amizade sincera.

O sujeito tem a sorte daqueles encontros incríveis

da vida. Ela é encantadora, honesta, linda, conver-

sadeira. As afinidades? Todas. Falam-se todos os

dias por celular, por mensagem, por sinal de fu-

maça, por telepatia. Em menos de uma semana já

sabem tudo a respeito um do outro. Descobriram

juntos que leram, na mesma época, na mesma or-

dem, toda Coleção Vagalume e, em um verão per-

dido de 1995, estavam na mesma praia passando

as férias escolares. Como podem não ter se conhe-

cido?, pensam ao mesmo tempo.

As primeiras intenções eram as piores, mas logo

o impulso de Casanova se acanhou diante de tanta

empatia com a moça. Para que estragar tudo?, ele

se pergunta na primeira conversa sincera que tem

consigo mesmo. Mas, se a equação da friendzo-

ne fosse fácil não começaria com F de fracasso. A

mera especulação vira ideia fixa e ele rola na cama,

sonhando acordado. Ao despertar, é a imagem

dela que lhe vem à cabeça e manda o primeiro tor-

pedo do dia com a urgência de quem anuncia o fim

da terceira guerra mundial: “acordei”.

A essa altura, a angústia já devorou faz tempo

a lavoura da amizade e o agrotóxico do ciúme já

amarga os melhores frutos. Quem é André? Quem

é João? Quem é Fernando? Ele indaga entre diver-

tido e preocupado, tentando esconder a aflição. O

tempo vai passando, o sentimento já é um pavor de

perdê-la, de nunca mais vê-la por causa de uma

viagem inesperada, de uma doença rara, de um

novo melhor amigo. Não dá mais pra segurar, ex-

plode coração.

Numa terça qualquer, estrategicamente escolhi-

da, ele a chama para uma pizza e diz que precisa

conversar. Ela feliz, responde: eu também. Encon-

tram-se. E, antes da primeira garfada, o enamora-

do faz a revelação: estou apaixonado. Eu também,

rebate a moça. E, sem dar tempo ao interlocutor,

conta de olho brilhante que conheceu Rodrigo, DJ,

lutador de MMA e estudante de História da Arte re-

cém-chegado de Viena. Ele é um fofo, arremata.

E a planta se recolhe novamente ao fundo do

chão, numa inversão fotossintética. É tudo breu.

Ele engole o pedaço de pizza e o choro ao mesmo

tempo com certa dificuldade. É um jardim sem flor

alguma. Não há mais fome, nem forças. O tempo

congela e, diante da inexorável verdade, diante da

única reação que o espírito do tempo lhe permite, o

rapaz diz em um sorriso indisfarçavelmente fingido:

que bom.

A promessa de felicidade é agora secura entre

velhos conhecidos, estranhos instantâneos. A con-

ta, por favor, ele pede, certo de estar na zona morta

para o amor.

Anderson Araújo,jornalista

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28

perfil

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29

Na quarta entrevista da série “Belém 400 anos”, o Secretário de Estado de Pro-moção Social do Governo do Pará e ex-reitor Alex Bolonha Fiúza de Mello fala so-bre o desafi o da educação e do desenvolvimento do sentimento de coletividade.

O professor e sociólogo Alex Bolonha Fiúza

de Mello, ex-reitor da Universidade Fede-

ral do Pará atualmente é Secretário de

Estado de Promoção Social do Governo do Pará.

Entrevistado da Revista Leal Moreira, na série de

reportagens sobre os 400 anos de Belém, Alex Fi-

úza de Mello não titubeou em momento algum.

De opiniões firmes, ele defende que o futuro de

Belém está na educação do coletivo. Coletivo, ali-

ás, é um termo que ele utiliza inúmeras vezes, ao

longo da nossa conversa e que resume bem seu

pensamento: de que Belém precisa ser para to-

dos e não para poucos. A seguir, a quarta entre-

vista da série “Belém 400 anos”.

Secretário, para não fugir à regra, iniciamos esta conversa fazendo a mesma pergunta que tem nos norteado até agora: como devolver a Belém o título de metrópole da Amazônia?

Eu acho que nós não temos que estar muito pre-

ocupados em liderar rankings de metrópole, nem

na Amazônia, nem em lugar algum. Acho que a

personificação de uma identidade depende mui-

to daquilo que historicamente se impõe às socie-

dades. Belém, de fato, no passado, era o centro

de maior referência, de maior dinamismo cultural,

econômico, político e social da Amazônia. Isso é

um fato. Em vista do crescimento de Manaus, a

partir da Zona Franca, Manaus fez todo o marketing

para retomar para ela a ideia de metrópole. Foi

quando iniciou-se essa “disputa”, que é totalmen-

te secundária e desnecessária. Não adianta nós

sermos a maior metrópole, se nós temos desafios

ainda por cumprir e não superados. Temos que

nos preocupar, em um certo momento, em buscar

transformar Belém em um centro promissor, com

qualidade de vida para sua população. Os rótu-

los vêm depois, em consequência deste trabalho.

Manaus é uma cidade que “inchou”, em função

da Zona Franca, e que tem um modelo econômi-

co completamente equivocado, do ponto de vista

da vocação da região. A Amazônia não foi “feita”

para ser polo eletroeletrônico. Nós nunca vamos

ter competitividade em relação aos grandes cen-

tros, mas em relação a Manaus, isso, mais cedo

ou mais tarde, vai ser um grande problema: ou

o Amazonas diversifica a matriz econômica ou a

Zona Franca vai se inviabilizar. E não adianta só ter

marketing – isso não vai resolver historicamente o

problema – nem de Manaus, nem do Amazonas.

E Belém não tem que ficar lutando pela lideran-

ça de propaganda ou de marketing, retomar a ideia

de “metrópole da Amazônia”. Belém tem grandes

problemas a resolver: há uma grande pobreza ex-

posta na cidade, tivemos péssimas prefeituras ao

longo do tempo e Belém nunca teve planejamen-

to estratégico, capaz de direcionar a população

a um horizonte, pelo qual trabalhar; estabelecer

metas, a alcançar, relacionadas à nossa cidade e

que mobilizassem a sociedade civil a dar sua con-

tribuição para o atingimento delas. Acho que esse

é o maior desafio da prefeitura e para os próximos

anos. Agora, o que é fato é que Belém tem uma

carga histórica e patrimonial que é a maior da re-

gião. Isso é história e história não se apaga – nem

com marketing, nem com propaganda...

Redação Dudu Maroja

»»»

Belémparatodos

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31

seja uma cidade industrial. E se não é industrial – ela

é uma cidade que se caracteriza pelo quê? Pelos

serviços, pelo comércio. E, portanto, a vocação de

Belém é servir de ponto de encontro e de geração

de conhecimento voltado a alimentar todo o estado,

mas é uma cidade que tem uma vocação turística

imensa; é uma cidade que tem um potencial artísti-

co fabuloso. Belém é uma cidade que guarda tradi-

ções incomparáveis, em termos regionais. Logo, ela

tem que potencializar isso como cidade e tem que

fazer isso de forma profissional, de modo que ela

seja atraente para o Brasil e para o mundo, porque

ela está inserida na Amazônia. Isso dará dinamis-

mo para a cidade. Isso criará emprego e renda, tra-

rá personalidade para a cidade e garantirá a ela um

papel único em nossa região. E temos que buscar

as parcerias para viabilizar isso.

O sr. entrou em duas áreas: educação e turismo...E cultura, no sentido mais amplo, incluindo, inclu-

sive, a cultura acadêmica.

Exatamente. Como resolver os problemas que afe-tam essas áreas?

Veja bem, Belém sedia a maior concentração de

Instituições de ensino superior e pesquisa de toda

a zona tropical mundial. As universidades estão

todas contíguas no mesmo terreno. Você tem um

polo de conhecimento aqui, que nunca foi explora-

do como identidade. E o que temos em torno deste

polo de conhecimento? Invasão, descaso, desleixo.

A pobreza de pensamento é o que faz, até certo

momento, com que Belém viva na “baixada” – na

baixada das mentalidades. Por isso é tão importante

recuperar Belém, o que ela tem de mais importante

e valorizar, com atitudes, com obras.

O plano estratégico que o sr. mencionou, então, se-ria a solução para Belém?

Exatamente! Qual o plano estratégico para Be-

lém? Que prefeito disse: “vamos montar um projeto,

um planejamento para nossa cidade?” – com focos,

com metas. Para quatro anos, obviamente. Mas o

que se pode fazer, o pouco que dá para fazer em

quatro anos, tem que estar dentro de um contex-

to maior de horizonte, sabendo que este passo é

importante. Quem trabalha desta forma? Hoje pare-

cemos um balcão... É uma viagem desgovernada,

sem rumo.

E a cultura, como o senhor fez de questão de enfa-tizar, é acessível a todos?

Cultura é tudo. Mas em sentido mais estrito, no

que diz respeito às atividades organizadas formal-

mente e que se manifestam por meio de eventos e

instituições que cumprem esse papel, eu acho que

Belém até avançou muito e tem um enorme poten-

Logo não há um único problema para Belém – há vários. Por onde começar a solucioná-los?

Eu acho que nós temos que... primeiro, qualquer

tipo de planejamento estratégico tem que conside-

rar o desafio de estabelecer um contexto no qual o

ator social ou a sociedade ou o coletivo se encontra,

na sua relação com o entorno. O que eu quero dizer

com isso? Primeiro há que se pensar no papel de

Belém dentro da Região e na relação com o resto

do país e com o mundo! Por que com o mundo?

Belém está no centro do interesse mundial. Nós

não precisamos de cartão de visita do governo bra-

sileiro para nos apresentar ao mundo e ter um in-

tercâmbio com o mundo. Agora, qual o papel da

Amazônia em relação ao mundo? Isso nós temos

que perguntar: o que nos cabe ser, representar ou

desenvolver num século que tem suas característi-

cas; numa sociedade que se globaliza a cada dia,

em que os meios de comunicação se desenvol-

vem, de transporte idem; que vivemos crise ener-

gética, crise de produção de alimentos e uma era

que depende do desenvolvimento do conhecimen-

to. Quer dizer, uma metrópole para ser metrópole,

que não se é capaz de pensar nesse contexto todo,

não pode ser referencial na região. Nós temos su-

perlativos imensos e superlativos que muitas vezes,

não são percebidos nem pelo Brasil, nem a favor

do próprio desenvolvimento nacional. A indústria

do futuro é a bioindústria, não é o Pré-Sal. Não é a

energia – a energia baseada em emissão de carbo-

no. Não é a indústria do petróleo; não é a indústria

do minério. O futuro do mundo é a bioindústria. É

a capacidade de transformar os micro-organismos

presentes na natureza em produtos inovadores

para a qualidade de vida da população mundial.

Seja alimentos, seja fármacos... Ora, nós estamos

assentados aqui – e isso é uma coisa que o Brasil

não vê e nós não vemos – no maior banco genético

do planeta. Em vez de nos preocuparmos em criar

condições para que a bioindústria se desenvolva

aqui, com o apoio de conhecimento, pesquisa e

desenvolvimento, nós estamos criando plataformas

de indústrias eletroeletrônicas, a exemplo da Zona

Franca de Manaus, e assim por diante. Primeiro te-

mos que nos preocupar qual é viabilidade econô-

mica que dará sustentabilidade a uma região como

a nossa e a uma cidade como a nossa, inserida

nessa região. Isso é uma questão de planejamento

estratégico, é uma questão de geopolítica e se não

começarmos a pensar grande, continuaremos a

ser colônia. Esse é o primeiro ponto. Segundo: nós

temos que entender a vocação de Belém nesse

contexto. Primeiramente, Belém não é uma cidade

industrial. As indústrias estão nascendo no entorno

de Belém, nos municípios da Grande Belém, mas

não na cidade de Belém. E não é necessário, nem

é bom, pelas condições em que vivemos, que esta »»»

32

cial para isso. Agora, certamente, o problema da

inclusão cultural vai se resolver na medida em que

Belém resolver seus outros problemas.

É-lhe alentador que a atual prefeitura, por exem-plo, partilhe de mais proximidade com o Governo do estado?

O prefeito Zenaldo é um homem sensível e de

muita vontade. Eu acho que nos dá uma esperança

de que algo possa surgir de novo para a cidade,

porque isso evita aquelas questiúnculas e brigas

entre níveis de governo. Mas isso não é uma lei na-

tural garantida; há casos na história de município e

Estado juntos, que brigam. Como também há ca-

sos em que há oposições entre os governos, mas

que comungam de uma tal postura republicana,

que sabem separar suas divergências de um in-

teresse maior. Eu tenho uma esperança de que há

algo muito bom vindo para Belém, mas prefiro dei-

xar que o tempo confirme.

O que o sr. mais gosta em Belém?As mangueiras.

Esse é um problema a ser resolvido também, não? Da condição de uma das cidades mais arborizadas do país, atualmente Belém figura entre as menos ver-des.

Belém e Manaus.

Entretanto as mangueiras não são espécies nati-vas e o prefeito Zenaldo manifestou o desejo de fa-zer uma consulta pública sobre o replantio de novas espécies...

Entendo que seria melhor consultar especialistas

na área, porque esses especialistas saberão o que

é melhor para a cidade. Se a mangueira é ade-

quada? Nos últimos 100, 200 anos foi. Tem alguma

outra espécie que faça sombra? Se sim, por que

não? Eu me lembro de um amigo inglês que este-

ve aqui há alguns anos e se apaixonou pelas man-

gueiras. “Nunca vi isso no mundo”. Belém causa

duas paixões: pelo rio ou pelas mangueiras. Não

(há paixão) pelas calçadas, prédios, monumentos...

Belém precisa dos túneis verdes, de sombra. São

esses túneis que possibilitarão os bares de esquina,

os passeios. Isso é o que dá à cidade uma identida-

de. O Almir Gabriel deixou um legado importantís-

simo no sentido da recuperação de parte da visão

para o rio... (e para e continua) isso é um problema

das elites brasileiras. No caso de Belém, paramos

de plantar mangueiras e tapamos a visão do rio. O

pensamento que contempla só os próprios interes-

ses é típico de colônia. As nossas elites sempre se

submeteram à colônia.

O que o sr. menos gosta em Belém?A sujeira, o lixo. Belém é a capital mais suja do

Brasil e me incomoda a falta de educação para a

vida coletiva. Não se respeitam espaços e regras

públicas.

Qual o seu desejo para Belém em seus 400 anos?Não pode haver milagres para Belém em tão

pouco espaço de tempo. Mas há que se ter inicia-

tivas dos nossos governantes que apontem a um

compromisso pelo resgate da cidade para sua po-

pulação neste sentido. Há que se ter sinais. “Alguma

coisa boa voltou a acontecer com a cidade”. Isso

eu gostaria de ver por meio dos sinais. Quero po-

der dizer que “Belém saiu de sua inércia, da inércia

negativa”. Eu não espero grandes movimentos, de

grandes obras, porque isso leva tempo. Mas inicia-

tivas que demonstrem que saímos da inércia e que

a preocupação com o coletivo passou a ser mais

importante do que a preocupação com interesses

menores e personalistas de nossos governantes.

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33

Desde 2004, o Colégio Acrópole traz a Belém uma nova proposta de ensino. Com uma estrutura totalmente inovadora, apoio pedagógico que estimula o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais, éticas e emocionais dos alunos e uma metodologia de ensino que já levou centenas de estudantes às universidades. E é por cada uma dessas conquistas que nestes 10 anos, evoluimos cada dia mais na qualidade e eficiência em educação.

O Acrópole agradece a todos que fazem partedesses 10 anos de história de sucesso.

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37

O amor está no ar... e em tudo ao nosso redor. A Revista Leal Moreira foi inves-tigar a “iconografi a” do sentimento mais evocado no mês de junho.

Junho é aquela época em que o amor pa-

rece estar em toda parte. No Brasil, o pe-

ríodo compreende desde aqueles que vi-

vem o cálido início dos romances – os namoros

comemorados no dia 12 – até aqueles que ainda

procuram uma alma gêmea com quem dividir a

vida – e haja promessa para Santo Antônio, o ca-

samenteiro. Seja como for, os dias do sexto mês

do ano são inspiradores para quem está apaixo-

nado. Para expressar o sentimento, vale toda sor-

te de manifestação: corações, rosas vermelhas,

cupido... Mas você já parou para se perguntar de

onde vem toda essa simbologia? O porquê de tais

ícones serem considerados românticos? A Revis-

ta Leal Moreira, movida por essa curiosidade, foi

investigar para você. Confira a história por trás de

alguns desses elementos que muito fizeram sus-

pirar casais mundo afora:

Ele é o responsável pela felicidade de milhares

de casais pelo mundo. Com seu arco e flecha, va-

gueia pelos céus, sempre à procura do momento

perfeito para unir casais felizes, que desfrutarão

de mais um Dia dos Namorados juntos. O Cupido,

com boa margem de certeza, é o maior símbo-

lo do amor – e representante certo daqueles mo-

mentos de ansiedade, suspiros e borboletas no

estômago.

Também chamado de Eros, na mitologia gre-

ga, ele é o mais belo dos deuses; filho de Ares, o

Deus da Guerra, e Afrodite, a deusa do Amor e da

Beleza. É representado por um menino com asas

de anjo, com arco e flecha na mão, que marca o

momento que o casal se apaixona. Foi na Roma

Antiga que ele ficou conhecido como Cupido, filho

de Vênus (também deusa da beleza) e Mercúrio (o

veloz mensageiro dos deuses).

Cupido teria se apaixonado por Psyché, mas

não conseguia conquistar o seu amor. Por ciú-

mes, Vênus ordenou a Cupido que fizesse com

que a jovem se apaixonasse por um monstro.

Mas, Cupido, apaixonado, colocou-a num palá-

cio, onde a visitava regularmente. A única condi-

ção era que ela não podia olhá-lo, pois era uma

mortal. Curiosa, ela acabou contemplando o seu

amor, enquanto ele dormia e ele acabou punindo-

-a por isso. Expulsa do castelo, vagou à procura

do amado e encontrou Vênus, que lhe deu muitas

tarefas em troca do amor do filho. A última se-

ria guardar uma caixa, onde estaria a beleza de

Perséphone. Psyché abriu a caixa e caiu em sono

profundo. Quando soube, Cupido desfez o encan-

to e ela acabou presenteada pelos deuses para

viver eternamente ao lado do grande amor. Inde-

pendente da referência (seja grega ou romana)

o Cupido segue vivo no imaginário popular e nas

canções de amor – como na faixa de Cláudio Lins,

filho do célebre Ivan Lins, que carrega o nome

do anjo-deus e retrata o exato momento de sua

flechada: “Eu vi quando você me viu/ Seus olhos

pousaram nos meus num arrepio sutil (...) Eu sei

que ninguém percebeu/ foi só você e eu”.

Outro velho conhecido dos apaixonados é o

coração, rabiscado em cartas apaixonadas, en-

tre suspiros nos diários secretos ou mesmo pos-

to entre as imagens de uma videomontagem ro-

mântica. Homero dizia que o órgão era símbolo

da coragem; os budistas, da razão. Entre os egíp-

cios, os insensíveis já eram considerados “sem

coração”. A bíblia diz que Deus “olha para o cora-

ção do Homem”. Ainda no Egito, todos os órgãos

eram retirados depois da morte, menos este.

Simbolicamente, o Coração também é conside-

rado o centro do homem. O termo grego kardia

(coração), os latinos cor (coração) e cardo (polo,

Fábio Nóvoa Dudu Maroja

»»»

OAmor segundoos

Símbolos

38

eixo terrestre, eixo principal) têm radical igual. E foi

a partir da Idade Média que ele se tornou um sím-

bolo claro do amor, assim como de santos. Ali, ele

começa a ser cantado, em verso e prosa, pelos

trovadores (“Já tanta paixão/Valer não pudera/se

vos não tivera/ em meu coração”), e acaba imor-

talizado até os dias de hoje, sobretudo pelos mú-

sicos – como Chico Buarque fez em Luiza, para ci-

tar apenas um exemplo (Eu sou apenas um pobre

amador/ Apaixonado/ Um aprendiz do teu amor/

Acorda amor/ Que eu sei que embaixo desta neve

mora um coração).

Igualmente pensada para agradar os corações

está a rainha das flores: a Rosa. Encontrada na

natureza desde períodos pré-históricos, a flor ver-

melha começou a ser cultivada na China, por vol-

ta de cinco mil anos antes de Cristo. Usada para

saúde e para a beleza, se tornou um remédio in-

dispensável para os chineses. Três mil anos antes

da nossa era, a Mesopotâmia, e a Grécia também

praticavam a cultura da rosa.

Segundo a Mitologia grega (de novo), a Rosa foi

criada por Clóris, deusa das flores (Flora entre os

romanos), com o corpo inanimado de uma nin-

fa. Foi consagrada a Afrodite, deusa do amor, e

depois a Vênus, na época romana. Cupido usa-

va uma coroa de rosas, assim como Príapo, deus

dos jardins e da fecundidade. Uma das versões

da mitologia grega diz que ela ficou vermelha com

o sangue de Adônis e Afrodite, que, ao correr em

seu socorro, teria se machucado num arbusto de

rosas brancas. Na antiguidade, era usada nas ce-

rimônias de casamento.

Na Idade Média, a literatura deu à flor o signi-

ficado do amor, com o alegórico Romance da

Rosa, de Guillaume de Lorris – um best-seller do

século XIII, verdadeiro manual de amor cortês, no

qual a flor representa a amante. O Renascimento

associava à flor o amor eterno. Pintores usavam a

flor em quadros, como Boticelli. Não raro, as rosas

estão aí, presenteando homens e mulheres como

representação do amor.

Pequenos (grandes) gestosEm tempos que o mercado está de olho nes-

se público, os elementos culturais que remetem

à paixão espalham-se pelas lojas e propagandas:

corações, rosas, e muito vermelho. Mas quem en-

controu sua cara metade (ou ainda procura) sabe

que o amor romântico, esse que transborda as

emoções, tem outros símbolos que, embora mais

sutis, são tão importantes e marcantes quanto o

do anjo mitológico de asas dentro da relação.

Guto Rebelo, 27, e Kézia Carvalho, 25, foram

“flechados” de maneira curiosa. Eles se conhece-

ram em um estúdio de TV. Ela, jornalista e pro-

dutora. Ele, músico e universitário. Ela produzia

um programa de futebol e ele estava na banda

convidada naquele dia de fevereiro de 2012. “Eu

sempre chamava bandas para participarem, e em

fevereiro de 2012 eu vi o Guto pela primeira vez.

Lembro que ele estava usando uma camisa do

Corinthians, que é meu time também. Ele tinha

levado uns amigos, mas foi impossível não perce-

ber o sorriso dele”, lembra Kézia.

Guto diz que foi paixão à segunda vista. “Eu ar-

risco dizer que me apaixonei desde a segunda vez

que a vi, justamente no mesmo estúdio, em uma

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39

segunda oportunidade de ir lá”, garante. “Eu per-

cebi que estava apaixonada mesmo quando eu

sentia falta das ligações, da atenção especial nas

redes sociais, nas mensagens. Antes de a gente

começar a namorar, éramos bem próximos. Ele

ligava, mandava mensagem, dava a entender que

queria alguma coisa, mas eu não dava bola. Aí

quando ele me deu um ‘gelo’, eu senti que já não

dava mais pra ficar longe, sem se ver, sem se fa-

lar...”, diz Kézia.

Para eles, o grande “símbolo” do amor foi o ca-

samento, ocorrido apenas seis meses depois que

o namoro aconteceu. “O Guto não é religioso, mas

abriu mão de todas as convicções dele pra fazer

nossa festa de casamento, tudo do jeito que eu

queria. Não só a festa, mas a cerimônia com o

pastor da igreja que eu faço parte (Batista), e até

mesmo fez um estudo de noivos comigo. Então,

para mim, esse é o maior símbolo do amor, que

vai se fortificando a cada dia. Quanto mais eu o

conheço, mais tenho certeza que fizemos a esco-

lha certa”, diz a jornalista. Hoje, os dois dizem que

foi a melhor decisão de suas vidas. “Estar junto

é sorrir, é chorar, é desejar estar próximo, é um

conjunto de coisas que sentimos e vivemos, mas

que nunca queremos perder, é ter aquela pessoa

por todos os motivos próxima a nós”, reitera Guto.

Assim, eles procuram manter a paixão, mesmo

que a rotina não permita muitos momentos ro-

mânticos. “Como somos muito ocupados, algu-

mas vezes não temos como ligar mais ou tentar

almoçarmos juntos, mas sempre que podemos

estar juntos somos muito carinhosos um com o

outro”, fala o músico. “Eu cuido dele, ele cuida de

mim, tentamos respeitar o espaço um do outro,

vou aos shows de hardcore que ele curte e ele vai

às baladinhas comigo e com as minhas amigas...

Tentamos fazer das nossas folgas do trabalho mo-

mentos felizes”, completa a jornalista.

Mas o dia a dia também permite pequenas de-

monstrações de amor por meio dos ícones do

amor romântico. “Depois de um dia cansativo de

trabalho para ele, num sábado, ele toca a cam-

painha e eu vou abrir. Lá está ele com uma rosa

na mão e com a nossa música (“You and Me”, da

banda Lifehouse) tocando alto no celular dele. Abri

o portão e começamos a chorar juntos”, lembra

Kézia.

Já os “inimigos” declarados Alexandre Moura,

35, e Luiza Assis, 26, viram a relação mudar após

um pequeno (e despretensioso) gesto. Ele, militar

e ela, psicóloga.

“Achava o Alexandre exibido. Tinha de conviver

com ele, porque era um grupo de amigos e ele

chegou até nós, por meio de um dos meus ami-

gos”, ela conta entre risadas. “No dia doze de ju-

nho de 2010 os solteiros do grupo decidiram sair

juntos e lá estávamos nós: eu e ele, o antipático.

Um coração recortado no papel – foi o presentinho

dele para mim. Fiquei tão surpresa com o gesto,

que na carona de volta para casa, e após uma

noite surpreendentemente agradável, comecei a

olhá-lo com outros olhos”, confessa. “O antipático

tinha um coração”, ele interrompe entre garga-

lhadas. Não demorou muito para que decidissem

morar juntos.

“Em todos os dias dos namorados, desde en-

tão, há corações de papel...”, Luiza finaliza.

entrevista

41

Camila Barbalho Daryan Dornelles

“Amor é pra quem ama, amor é pra quem

vive”, diz uma das faixas de Chão – disco

mais recente de Lenine. Sim, ele está certo.

A universalidade do amor tem lá seus caprichos:

embora todos possam experimentá-lo em algum

nível, são poucos os que podem compreendê-lo.

Também universal e caprichosa nos mesmos ter-

mos é a música – e também nesta, Lenine está no

seleto grupo dos que a alcançaram.

São 30 anos de carreira e outros tantos de pai-

xão, desde que trocou as missas de domingo com

a mãe pelos discos ouvidos com o pai. E como os

melhores amores, a relação do pernambucano

com a música vive em constante renovação: Le-

nine não parou no tempo daqueles 30 anos idos,

tampouco sobrevive emocionalmente do que já

fez. Não à toa, ele ostenta uma das produções

recentes mais relevantes – e diversas – do Brasil.

Diverso, aliás, é o próprio compositor, como o

espelho que é do que faz. Ora adota o ar de velho

sábio, de quem entrega homeopaticamente os

mistérios do mundo; ora faz as vezes de moleque

roqueiro, na atitude, no “do-it-yourself”. Ora abra-

ça com força as tradições da música nordestina,

atmosfera constante da sua sonoridade; ora é do

mundo, experimental e livre como um cidadão de

qualquer lugar. Ora na trilha das novelas e com

suas melodias na boca de todo mundo; ora em

letras enormes, contratempos, síncopes e outras

“inacessibilidades” musicais. Lenine é muitos.

É um. É o que quiser. Cirúrgico, ele resume, em

uma frase, a sua complexidade: “pra você ser ho-

mogêneo, é preciso ser heterogêneo”. Acostume-

-se, Lenine é assim mesmo. Como a música e

o amor, ele sempre diz tudo. E sempre tem algo

novo a dizer.

A música é presente na sua vida desde a infância, no ambiente familiar. Mas assumir a música como profissão já foi algo do fim da adolescência em diante, não? Você chegou a pensar em fazer outra coisa? Consegue identificar um momento específi-

co em que decidiu isso? A música foi a substituta das missas para as

quais minha mãe nos obrigava a ir aos domingos.

Papai permitia que os filhos, quando completavam

oito anos de idade, pudessem escolher a conexão

com o divino – com a mamãe na missa, ou com

ele, ouvindo música. Minha querida mãe perdeu

todos os parceiros aos oito de idade... Já estive

em outras áreas de trabalho, comecei a cursar

Engenharia Química e não me arrependo. Ela me

ensinou muito sobre tudo. Por exemplo: “pra você

ser homogêneo, é preciso ser heterogêneo”. Isso

é uma lei básica das reações químicas, mas que

eu carrego comigo como compositor. O momento

da escolha se deu quando cursava o terceiro ano

de engenharia. Surgiu a oportunidade de partici-

par de um festival de música no Rio no verão de

80, cidade que já exercia sobre mim um grande

fascínio.

Na biografia que está em seu site, você é descrito como “recifense-carioca, brasileiro do mundo”. O que isso diz de você?

A mudança [de Recife para o Rio de Janeiro]

Lenineéparaquemama

Um CD novo, a comemoração de trinta anos de carreira, sons de passarinhos e uma parceria com o fi lho compõem a atual fase do cantor homogeneamente mais heterogêneo do cenário musical brasileiro. E, segundo ele, ainda há muito chão a viver.

»»»

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43

aconteceu por minha necessidade de aprofundar

o que fazia, e naquele momento existiam duas op-

ções: Rio ou São Paulo. Minha ligação com o mar

me levou pro Rio. Mas então se consolida a inter-

net, e começa a acontecer uma descentralização

muito benéfica, que permitiu que novas gerações

não precisassem sair de seus lugares de origem

pra tentar uma carreira artística. E isso vem se

propagando numa progressão geométrica por

todo o mundo. O universo digital nos deu tudo,

os meios de produzir, de propagar e de chegar a

todos, de maneira ampla e democrática. Hoje fa-

lamos da música do Pará, da música da Paraíba,

do Rio Grande do Sul... E Pernambuco tem certa

culpa neste processo.

Como é seu processo de composição? Há um momento diário no qual você se dedica a isso ou é sempre espontâneo? O que lhe move no sentido da composição?

Primeiro deve existir o desejo de fazer, depois é

perseguir a beleza. Sem regras pré-estabelecidas,

já que depende do parceiro, de quem vai cantar,

qual o destino da canção... Tudo isso define a me-

cânica da criação. Cada caminho é um caminho.

Mas meu violão é sempre meu fio condutor. É di-

fícil de pôr em palavras, mas você se impõe isso

e estão intimamente ligados o trabalho e prazer.

Tem canções que não precisam de nada. Já nas-

cem prontas e você foi só uma antena para isso.

Retrato isso em uma música de Chão, chamada

“De onde vem a canção”. A viagem está em “não

estar apontado pra nada”.

Seu trabalho é muito plural e se modifica a cada disco. Ao mesmo tempo existe certo traço seu, mui-to nítido, costurando tudo. Ao ouvir qualquer mú-sica sua, é possível dizer “isso é do Lenine”. Em sua opinião, que traço é esse? Do que é feita essa “assinatura”?

Creio que só há uma relação entre minhas

obras: foram feitas por mim. Foram momentos di-

ferentes, processos diferentes e cada um em uma

época diferente. Cada projeto é fechado em si,

todo o processo de fazer é um mergulho profundo

– compor, arranjar, produzir, gravar, mixar e mas-

terizar. Quando chegamos ao final do processo e

o disco fica pronto, a gente esquece o trabalho

que deu e mergulha de novo no fazer. Mas aí é a

hora do palco, aquele lugar mágico onde nada se

repete, tudo é novidade e estímulo. E seguimos

na estrada até o momento onde pinta o desejo de

fazer um novo projeto. O segredo é ser fiel ao seu

estímulo.

Seus shows têm uma carga meio contemplativa, quase etérea, embora também tenha muita energia ali. Essa estética é intencional ou você foi chegando a ela naturalmente? »»»

44

Eu prefiro acreditar que consigo, com o que eu

faço, entreter as pessoas, educá-las, e levá-las

um pouquinho mais além. Não me contento em

meramente entreter, eu preciso ter a certeza de

que a minha interferência, fazendo o que eu faço,

vai além do show. Que a pessoa vem aqui, vol-

ta para casa, e antes de deitar, diz “pô, de onde

vem a canção, quando ela já vem pronta?”. Isso é

um tipo de questionamento que tem a ver como

a gente encara a vida diariamente. E isso tudo é

muito importante para mim.

Além de compositor e intérprete, você também é produtor – inclusive de discos de outros artistas, como a Maria Rita. Como é pra você, que tem uma estética artística muito particular, produzir outro artista sem sobrepor esses elementos à estética desse outro artista?

É simples: antes de qualquer outra profissão,

sou compositor; e, como tal adoro os encontros.

São estes que alimentam minha vida! Aprendi a

produzir de uma maneira não acadêmica, portan-

to não me sinto capaz de produzir qualquer artista.

Só me sinto confortável produzindo a quem admi-

ro – como foi o caso com Maria Rita, Pedro Luís e

a Parede, Chico Cesar, Tcheka etc.

Como foi produzir seu disco mais recente em par-ceria com seu filho, Bruno Giorgi?

Ah, o Bruno, desde muito cedo, me provou

uma competência além da idade. Muito interes-

sado não só por arte, mas pelas ferramentas que

nos possibilitam fazer arte. Sempre fomos muito

presentes [um na vida do outro]. Ele já produziu

comigo anteriormente. A novidade, dessa vez, foi

estarmos juntos em todo esse processo. Cair na

estrada mesmo. Nos primeiros meses, eu não

conseguia olhar para ele, me emocionava muito…

Sou muito criterioso, não seria só pelo laço familiar

que criaria com um filho, que estaria com ele pro-

fissionalmente. É uma excelência.

Como você chegou ao conceito de “Chão”? Como decidiu utilizar ruídos cotidianos nas músicas?

Eu fui gravar as primeiras canções que já esta-

va começando a produzir, junto com JR Tostoi e

Bruno Giorgi, meu filho. E pelo fato de o estúdio

ser na casa da avó dele, minha sogra, a gente es-

teve muito próximo do processo todo. A primeira

sessão foi para gravar “Amor é Pra Quem Ama”,

uma música que terminou entrando no disco. A

porta do estúdio estava entreaberta, e aí entrou o

canário da minha sogra, o Frederico. E foi lindo

porque o Bruno percebeu que Frederico não só

estava cantando no tom, mas ele estava evoluindo

com o arranjo que eu tinha feito. E aí ele disse “pô,

pai, a gente tem que assumir isso!”. E foi o que a

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gente fez, pegamos o microfone, pedimos silêncio

na casa toda e o que você ouve na canção foi o que

o passarinho cantou. O que é outra característica

do “Chão”: nenhum desses sons foi manipulado,

nenhum desses sons foi editado. Eu, na verdade,

construí as canções em cima desses áudios origi-

nais, o que é um processo inverso da música con-

creta. Esse Chão ainda tem muito para trilhar.

O que você tem ouvido, lido... Enfim, consumido culturalmente falando?

Sempre fui muito curioso, e continuo sendo. Ando

ouvindo em demasia “Posada e o Clã”, “Toe” e “Rua

do Absurdo”, muito bom! Agora acabei de ouvir um

disco do Vinícius Calderoni, um trabalho belíssimo

com seu projeto “5 a Seco”, que também trouxe

Dani Black, o “Tó Brandileone”... Tem muita gente

bacana. Eu não sou míope, não! (risos)

Como foi a recente turnê pela Europa? Você é bem recebido? Como você acha que a sua música chega aos ouvidos de quem não fala português?

O mundo, a cada ano que passa, se torna cada

vez menor. Ter descoberto muito cedo que o tipo de

hibridez que a minha música carrega dialoga com

o contemporâneo espalhado por este mundo é de-

licioso. Sempre que volto à Europa sou muito bem

recebido!

Qual o balanço desses 30 anos de carreira? Este é um ano completamente diferente. Foi um

amigo que me avisou sobre a conspiração das

datas: não são apenas 30 anos de “Baque Solto”,

minha estreia ao lado de Lula Queiroga, em 1983.

São também 20 anos de “Olho de Peixe”, parceria

com Marcos Suzano, em 1993 – além de 15 anos,

completados ano passado, de “O dia em que fa-

remos contato”. Eu olhei para trás, gostei do que

vi e percebi que minha trajetória foi costurada por

essa coletividade. Todas as relações que estabeleci

deixaram uma relação de afeto e de carinho. E de-

cidi celebrar isso! Amor não é algo perene. Amor é

algo pra se cultivar. Amor é para se cuidar, sabe?

É o melhor de tudo: é se encontrar. Alguns nessa

trajetória não procuram. Não encontram. Ah, eu en-

contrei!

O que você sente quando termina uma música nova hoje? E quando sobe ao palco?

Me ouvir é difícil. Por exemplo, quando o CD é fi-

nalizado é um exorcismo. Sou muito volátil – para

não dizer volúvel – e não posso mais interferir na-

quilo que está pronto. Já sobre o palco, ao longo

desses anos todos, eu só procurei ser honesto com

o desejo genuíno de fazer música. Acho que não

me distanciei disso – e, talvez por causa disso mes-

mo, eu ainda tenho essa sensação quase juvenil,

de quando, por exemplo, estou me preparando e

vou passar o som. Eu já poderia estar sem saco de

passar o som, mas eu gosto tanto, e é tão funda-

mental para mim, que isso virou minha religião. Isso

aqui é meu contato com o divino, é minha missa. Eu

respeito muito todo esse processo - e continuo me

divertindo em demasia.

Ouça as músicas de Lenine.

1979 - FLOR DE CACTUS - COMPACTO MATITA DISCOS1983 - BAQUE SOLTO1985 - XARADA - COMPACTO EPIC1994 - OLHO DE PEIXE1997 - O DIA EM QUE FAREMOS CONTATO1999 - NA PRESSÃO2002 - FALANGE CANIBAL2004 - LENINE IN CITÉ2006 - ACÚSTICO MTV2008 – LABIATA2009 – PERFIL2010 - LENINE.DOC TRILHAS2011 - CHÃO

DISCOGRAFIA

48

50

Celso Eluanempresá[email protected]

Parece infinita nossa capacidade de gerar leis, de-

vemos ser o país com a maior legislação do mundo

e o que certamente mais desrespeita as próprias

leis. Esse fenômeno parece ser cria da nossa eter-

na crença que o Estado a tudo deve prover e con-

trolar, herança do sebastianismo português, por sua

vez mais uma corrente messiânica à espera do seu

Salvador.

Um exemplo desse nosso perfil sempre ocorre

quando algo dá errado, uma catástrofe ou sim-

plesmente algo que ganhou expressão. O clamor

nacional provoca uma ira legisladora em nossos re-

presentantes e passa-se a ser mais rigoroso com

a legislação vigente ou criam-se novas. Vejamos,

por exemplo, o incêndio na boate Kiss onde mais

de 230 pessoas morreram num incêndio. Como

fruto da comoção todas as instituições ligadas à vi-

gilância dessas casas noturnas no país inteiro, de

uma hora para outra, tornaram-se exímios fiscais e

passaram a fechar casas, exigir reformas, prender

pessoas, tudo no estrito cumprimento da lei.

Passados alguns dias, esse furor cede e tudo volta

ao normal, usa-se a lei apenas no jeitinho brasilei-

ro de gerar dificuldade pra vender facilidade. E por

que isso acontece? Porque não gostamos, enquan-

to nação, de cumprir leis. Elas devem ser cumpri-

das apenas pelos outros e quando algo dá errado

lá vamos nós

gritarmos por

mais leis, mais

controle e mais

fiscalização.

A prevenção

não é um atributo

do nosso caráter na-

cional. Se um menor é

barrado na porta do cine-

ma, porque o filme é inade-

quado para a idade, achamos

um exagero e encontramos um

jeitinho com o porteiro. Se outro me-

nor pede uma bebida, exigir a identidade é

uma ofensa. Se na porta da boate lotada somos

barrados, alguém sempre vai encontrar um jeito,

pois ela não deve estar tão lotada assim e, se esti-

ver, não tem problema algum, nada vai acontecer.

A verdade é que, como uma criança mimada,

não gostamos de limites, estes valem apenas para

os outros, estes sim devem cumprir rigorosamente

a lei. Sendo este um retrato do nosso inconsciente

coletivo fico sempre a me perguntar: quem são os

outros? Estrangeiros, talvez.

Você sabia que existe uma multa para pedestre

que atravessa a rua fora da faixa? É justa? Claro,

mas nossos legisladores até hoje não encontraram

uma forma de aplicá-la. Esta punição está no ar-

tigo 254 do Código de Trânsito desde 1966. Você

conhece alguém multado por essa lei? Este é um

traço desse nosso afã de produzir leis e não saber

o que fazer com elas.

A Constituição de 88 é pródiga nesse quesito. O

artigo 192 previa que os juros não poderiam passar

de 12% ao ano, mas desde o primeiro dia após sua

promulgação ficou patente sua inviabilidade, pois

tentava controlar algo incontrolável que é o mer-

cado e suas leis de oferta e procura. Isso nossos

legisladores sabiam, mas não puderam resistir a

incluir um artigo tão popular (e populista, bem ao

gosto deles) para que a primeira Constituição pós-

-ditadura pudesse ser conhecida como a Constitui-

ção Cidadã e eliminasse todo o entulho autoritário,

como tão se repetia à época. Ora, entulho autoritá-

rio é esse artigo, que de fato é um entulho e ainda

autoritário, querendo determinar o que não pode

ser determinado pela força, mesmo que da caneta.

Aliás, para quê tanto artigo numa constituição?

Nossa Lei Maior tem 250 artigos que sofreram 72

emendas desde então, menos de 25 anos. Só para

efeito de comparação, a Constituição Americana

tem sete artigos, que sofreram 27 emendas ao lon-

go dos seus mais de 220 anos. Se produzir leis fos-

se sinônimo de evolução e progresso o Brasil seria

a maior potência mundial. Infelizmente essa relação

não pode ser constatada, muito pelo contrário. Mas

continuamos acreditando que algo deve ser feito,

portanto preparem-se, mais leis virão para deses-

pero de nosso poder Judiciário que ainda leva a

culpa de ser lento para julgar tantos casos gerados

pelo excesso e não pela falta de leis.

Para encerrar devo fechar com chave de ouro e

esse prêmio vai para o nobre deputado Nazareno

Fonteles (PT-PI) que propôs uma lei carinhosamente

alcunhada de Poupança Fraterna. Previa que todo

brasileiro teria um teto de despesas pessoais, 10

vezes a renda per capita nacional, hoje algo como

R$ 20 mil. O restante deveria ser depositado numa

poupança para o Estado financiar projetos de in-

teresse nacional. Ora, quem e como isso vai ser

controlado? Será que teríamos que criar um car-

go de fiscal de despesas, um para cada habitante,

que acompanharia todas as compras de produtos

e serviços de cada brasileiro e exigiria o depósito da

diferença na famosa poupança. Mas quem contro-

laria os fiscais e quem pagaria essa conta? Ora, é

melhor deixar pra lá. A memória nacional é fraca e

ninguém mais se lembra dos Fiscais do Sarney e o

malogro dos Planos Cruzado, Verão e tantos outros

que tentaram controlar preços e demais entes abs-

tratos, plenamente incontroláveis.

PS: A propósito do título, a expressão em latim significa “A

Lei é Dura, mas é a Lei”. A interrogação é a forma tropicalizada

do nosso questionamento.

Dura Lex, Sed Lex?

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especial

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Bianca Borges Diego VenturaMuseu da Imagem edo Som do Rio de Janeiro

Eporfalaremsaudade...

Nascido na Gávea, bairro da zona sul do

Rio de Janeiro, em 19 de outubro de

1913, Vinicius de Moraes era declara-

damente apaixonado por sua cidade natal. An-

darilho, aventurou-se madrugada adentro pelos

mais diversos ambientes do território carioca

– especialmente bares, restaurantes, boates e,

claro, botecos. Estes lugares, que serviram de

cenário para encontros do poeta com amigos,

testemunharam a descoberta de suas paixões

ou o surgimento de várias de suas parcerias mu-

sicais, também guardam até hoje um pedaço

de sua memória e também da história da Bossa

Nova. Considerado o “guru” do movimento mu-

sical que alterou para sempre a trajetória da can-

ção popular brasileira, Vinicius de Moraes elevou

a figura do compositor-cantor a outro status no

país. Fosse por meio da poesia que imprimiu em

letras de músicas, fosse emprestando sua voz

a canções que se tornariam clássicos do gêne-

ro ou, ainda, ostentando o inseparável copo de

uísque enquanto era idolatrado pelos jovens – al-

guns nem tanto assim – fãs.

A infância foi marcada por algumas mudanças

de endereço: morou em diferentes perímetros

de Botafogo, também na Zona Sul, para depois

mudar-se com a família para a Ilha do Governa-

dor, já na Zona Norte. Lá entrou para o coro da

igreja, jogou futebol e fez muitos amigos. Numa

época em que Copacabana e Ipanema eram

praias praticamente desertas e no seu entorno

se podia assistir aos primeiros passos de um

longo processo de urbanização, Vinicius cresceu

entre o mar e a chácara do avô, localizada não

muito distante da casa onde nasceu, na Gávea.

Recebeu uma formação rigorosa, mas também

esteve em contato com a música popular e gos-

tava de ouvir o violão dos antigos escravos. Seus

pais revelavam vocação artística: a mãe tocava

piano e o pai, que dava aula de Latim, Francês,

piano e violino, escrevia poemas, era sobrinho

de poeta e neto de um historiador. Já sua mãe

vinha de uma família de boêmios. Aos 9 anos,

Vinicius escreveu seu primeiro poema de amor –

um soneto para uma coleguinha.

O tom lírico e apaixonado de suas poesias,

cujos temas quase sempre estavam ligados ao

amor e à figura feminina revela a personalidade

de um homem generoso, terno e sedutor. Apai-

xonado por mulheres, casou-se nove vezes e

teve cinco filhos: Suzana, Pedro, Georgiana, Lu-

ciana e Maria. Na definição do amigo e admira-

dor Carlos Drummond de Andrade, foi o único

poeta brasileiro que viveu como poeta.

Em seu currículo profissional constam ainda as

atividades de compositor, jornalista, teatrólogo e

diplomata. Mas talvez nenhuma dessas funções

ele tenha exercido com tamanha desenvoltura

quanto a de boêmio. Vinicius é de um tempo

em que a “botecagem” – prática obrigatória de

todo legítimo bon vivant – era uma atividade a ser

exercida por profissionais e não apenas aos fins

de semana. Ser Vinicius de Moraes significava,

conforme a definição do jornalista Ruy Castro,

“entrar e sair de paixões imortais, aventurar-se

por todas as formas de criação, preferir a alvora-

da ao crepúsculo, trabalhar muito e, se possível,

vagabundear ainda mais”. Logo, ser boêmio era

uma condição indispensável ao Vinicius way of life.

Sua figura era querida por intelectuais, arqui-

tetos, artistas plásticos, jornalistas, músicos e

escritores e poetas. Nomes do porte de Oscar »»»

No ano que marca o centenário de nascimento de Vinicius de Moraes, levamos você a um passeio pelos lugares do Rio de Janeiro frequentados pelo “poetinha”, uma das fi guras centrais da Bossa Nova e da música brasileira.

foto

Gia

nni M

estic

helli

56

Niemeyer, Mário de Andrade, Lúcio Rangel, Rubem

Braga, João Cabral de Melo Neto e Paulo Men-

des Campos. Todos o puxavam em sua direção e

chegavam a disputar sua companhia nas rodas de

conversa e mesas dos estabelecimentos. Isso por-

que sua presença trazia ao ambiente um ar mais

leve; é como se imediatamente o tornasse mais po-

ético, menos quadrado, mais Vinicius.

São alguns desses lugares que iremos visitar nas

próximas páginas. Mas a parada principal de nosso

roteiro é o próprio poeta, que, como definiu Caetano

Veloso, “não era apenas o maior letrista da música

popular brasileira moderna: era também um lugar

no Rio de Janeiro em torno do qual muitos encon-

tros, desencontros e aproximações se davam. Era

um lugar onde a gente convivia: Vinicius de Mora-

es”. Bom passeio!

CentroItamaratyUma joia neoclássica na conturbada vizinhança

da estação de trem Central do Brasil, no centro do

Rio de Janeiro, o Palácio do Itamaraty foi palco de

(algumas) alegrias e (muitas) decepções para Vini-

cius. Sob a sombra das imponentes palmeiras que

enquadram um belíssimo espelho d’água, o poeta

descansava o espírito para a romaria noturna nos

bares e colecionava amigos, como o diplomata

Affonso Arinos de Melo Franco.

No intervalo do almoço, quando não ia à Casa

Villarino, a escolha natural eram os restaurantes lo-

calizados nos arredores da Praça da República: o

Tim-tim por Tim-tim – cuja maior glória foi ter servi-

do a atriz Sarah Bernhardt –, o Pena fiel e o Cedro

do Líbano, entre outros. Mais tarde, a carreira diplo-

mática possibilitaria que ele morasse em cidades

como Los Angeles e Paris, colaborando para tornar

mais cosmopolita o já viajado Vinicius.

Numa dessas estadas como diplomata, em

Montevidéu, enviou uma carta ao Itamaraty pedin-

do para voltar ao Brasil. A justificativa? Não era “um

problema material, de dinheiro ou de status profis-

sional. Tudo isso é recuperável”. Era “um problema

de amor. Pois o tempo do amor é que é irrecupe-

rável”. Somaram-se ao afastamento do Brasil e dos

amores, algumas dificuldades que a diplomacia im-

pôs à carreira musical: a reprovação contínua dos

superiores, que não gostavam nada dos shows e

de suas companhias, muito menos que fosse fo-

tografado rodeado de garrafas e copos de bebida.

Para continuar se apresentando, precisava seguir

as condições rigorosamente: nada de cobrar cachê

e cantar sempre de terno e gravata – logo ele que

dizia detestar “tudo o que oprime o homem, inclu-

sive a gravata”.

Após 1964, com os militares no poder, a fase

como diplomata estaria com os dias contados. O

anúncio se deu em 1969, com um memorando cur-

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Palácio do Itamaraty – Avenida Marechal Floriano, 196

Tel:

91 8

887.

6486

Fax:

913

224.

1203

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l.com

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to e direto: “Assunto: Vinicius de Moraes. Demita-

-se esse vagabundo”, teria escrito o então presi-

dente marechal Arthur da Costa e Silva.

Em 2010, 30 anos depois de sua morte, Vi-

nicius foi homenageado pelo Itamaraty e “pro-

movido” ao posto de ministro de primeira classe,

equivalente ao de embaixador, em uma cerimô-

nia em Brasília. A sede carioca abriga a placa fei-

ta em homenagem ao poetinha, com a inscrição

de seus versos.

Casa Villarino Houve um tempo em que Tom Jobim andava

para cima e para baixo com uma maleta onde

guardava suas partituras. Ele era contratado da

gravadora Continental, mas ainda era obrigado

a tocar piano em boates, para complementar o

orçamento e pagar o aluguel do pequeno apar-

tamento onde morava com a esposa e o filho,

no final de Copacabana. Tom se apresentava

em bares e inferninhos da Zona Sul, onde ouvia

os pedidos mais esdrúxulos de música feitos por

bêbados e tinha de tocar os mais diversos gêne-

ros musicais, alguns dos quais detestava.

Até que sua sorte mudou em um fim de tarde,

na Casa Villarino, que reunia a fina flor da bo-

emia e intelectualidade carioca dos anos 1950,

no Centro do Rio. Não por acaso, chamavam

a casa de “uíscritório”. Foi lá que Tom e Vinicius

foram formalmente apresentados, pelo jornalis-

ta Lúcio Rangel, em 1956. O poeta e diploma-

ta estava recém-chegado de Paris, onde vinha

desempenhando a função de vice-cônsul por

3 anos. Estava particularmente insatisfeito com

sua vida, vivendo uma crise de identidade, aos

43 anos. Em 1954, sua peça “Orfeu da Concei-

ção” foi premiada e ele pediu licença do Itamara-

ty para voltar ao Brasil. Buscava um músico para

compor as canções da peça e Lúcio sugeriu o

nome de Tom. Marcaram o encontro no Villarino.

Ao chegar ao local, o tímido maestro sentou-

-se a uma mesa e pediu ao garçom uma cer-

veja – o dinheiro não dava para ele “bancar”

uísque – sendo logo abordado por Lúcio, que o

levou à mesa onde estava Vinicius, como sem-

pre, rodeado de gente. Ao ser apresentado ao

poeta e diplomata, Tom cometeu uma gafe que

entraria para o folclore da música popular brasi-

leira. Quando convidado a compor as músicas,

respondeu, desastradamente, “Mas tem um

dinheirinho nisso aí?”. A pergunta de Tom seria

lembrada durante décadas pelos envolvidos no

episódio.

Na verdade, Tom e Vinicius já se conheciam

das noites no Clube da Chave, em Copacaba-

na, clube tradicional frequentado por nomes do

rádio e da televisão e um dos locais onde o ma-

estro piano tocava na noite, sujeito a toda sorte,

inclusive de calotes. Mas o Villarino será sempre

lembrado como o local onde foi selada a históri-

Casa Villarino- Avenida Calógeras, 6, Esquina com a Presidente Wilson

58

ca parceria que elevou a canção brasileira a um

novo patamar de modernidade, elegância e be-

leza.

Hoje, a Casa Villarino é um aconchegante res-

taurante com uma delicatessen charmosa e que

guarda a memória da uisqueria mais famosa do

Centro da cidade. O destilado é, ainda hoje, a

bebida mais consumida.

Zona Sul LaranjeirasConjunto residencial Parque Guinle Localizado no bairro de Laranjeiras, na Zona

Sul da cidade, em um vale aos pés do morro

da Nova Sintra, o Parque Guinle é um oásis nas

proximidades dos movimentados Largo do Ma-

chado e a Rua das Laranjeiras, e combina uma

área nativa de Mata Atlântica com a arquitetura

de Lúcio Costa e o paisagismo de Burle Marx.

Foi justamente em um apartamento de um da-

queles prédios da rua que contorna esse parque

que Vinicius e Baden Powell ficaram trancados

dias a fio, na companhia de alguns sanduiches

e muitas garrafas de uísque, compondo inces-

santemente o que batizariam de “Afro Sambas”.

Por vezes, fechavam as janelas e se desligavam

do mundo. Não queriam ser incomodados, nem

mesmo pela passagem do dia para a noite e

vice-versa. Mas nos poucos momentos em que

abriam as cortinas, estavam diante de uma vista

inspiradora. Viraram madrugadas debruçados

no violão e, quando se deram conta, já estavam

morando juntos – sem que isso tivesse sido com-

binado – por três meses.

O primeiro encontro, na Boate Plaza, em Co-

pacabana, onde se conheceram, foi um pouco

desastroso. Segundo o violonista, os dois não

conseguiram sequer apertar as mãos. “Ambos

estavam com a mão direita ocupada com um

copo”. Mas logo eles se entenderiam para for-

mar uma das parcerias mais intensas e prolífe-

ras de Vinicius.

Baden levou Vinicius de volta àquele mundo do

samba de raízes africanas, que ele ouvira ainda

na infância. Biógrafo de Vinicius, o jornalista José

Castello conta que Baden foi o principal respon-

sável pela introdução da tradição negra na Bos-

sa Nova. Era um novo elemento que apimen-

tava “um movimento talvez açucarado demais,

àquela altura, pela melodia inocente de meninos

da Zona Sul”. Os Afro Sambas trouxeram novos

protagonistas para o repertório bossa-novístico:

entram em cena o candomblé e seus orixás e

mães-de-santo, a música de capoeira, as con-

versas ao pé do ouvido, os sambas de roda e

maneirismos de fundo de quintal. Era Vinicius

transformando-se, conforme sua própria defini-

ção, no “branco mais preto do Brasil”. Saravá!

Parque Guinle - Rua Gago Coutinho, 66 - Laranjeiras

59

»»»

CopacabanaBar e Restaurante Tudo Azul Conhecido como o primeiro ou, no mínimo, o

segundo melhor piano-bar do Rio de Janeiro –

há uma permanente disputa com o Maxim’s – o

Tudo Azul era um pequeno bar que ficava atrás

do cinema Rian, na Avenida Atlântica, posto 6,

em Copacabana. Hoje, no lugar do conjunto

todo, está o Hotel Pestana. O Tudo Azul foi um

dos primeiros lugares em que Vinicius viu Tom

Jobim tocar, antes mesmo de serem oficial-

mente apresentados na Casa Villarino e depois

fechar parceria para Orfeu da Conceição. Mas

este lugar ficou marcado, principalmente, como

o cenário do nascimento de uma grande paixão

do poeta, em uma história que só poderia ter

acontecido com ele.

Corria o ano de 1951 e Vinicius ainda estava

casado com Beatriz de Mello Moraes, a Tati,

com quem o relacionamento estava desgas-

tado. Certa noite, Rubem Braga entra no bar,

acompanhado de duas mulheres estonteantes:

Danuza Leão, por quem nutria uma paixão nada

secreta, e da amiga dela, Lila Bôscoli, irmã de

Ronaldo Bôscoli. Para disfarçar a própria ansie-

dade, ele inverte a situação e encena o papel de

Cupido para Lila: “Vai chegar um amigo meu da-

qui a pouco e vai ser muito chato”, diz para Lila,

encarando-a assim que os três sentam à mesa.

“Chato por que, se ele é teu amigo?”, indaga ela.

“Chato porque eu sou muito amigo da mulher

dele, mas sei que vocês dois vão se apaixonar”,

rebate Braga. Minutos depois, pede licença às

moças e vai até o balcão, onde então telefo-

na para Vinicius e exige sua presença no local.

“Quero que você venha ao Tudo Azul agora mes-

mo”. “Mas por que essa pressa?”, quer saber o

poeta. “Não adianta, porque não vou explicar”.

Quando o poeta chega ao bar, Rubem não

mede palavras e os apresenta disparando uma

frase que se revelaria profética: “Vinicius, esta é

Lila Boscoli; Lila, este é Vinicius de Moraes... E

seja o que Deus quiser!”. E foi. Nascia ali o tercei-

ro casamento de Vinicius, numa noite em que a

conversa se esticaria até cinco horas da manhã.

Leitora de poemas, Lila já o tinha como ídolo e

ficou surpresa ao conhecer o amigo do qual Bra-

ga não revelou o nome nem deu muitos deta-

lhes. “Não posso acreditar... Então o tal amigo é

o Vinicius de Moraes?”. Além da poesia, o gosto

pela música também os une.

Viveram juntos entre 1951 e 1956 e tiveram

duas filhas: Georgiana e Luciana. Nessa fase,

o poeta experimenta um novo tipo de paixão e

amor extremo. Lila o faz recuperar a força de sua

poesia e ele vive um momento muito produtivo.

Restaurante Au Bon GourmetEm 1962, o empresário Flávio Ramos com-

prou, na Praça do Lido, pertinho do Beco das

Au Bon Gourmet – Avenida Nossa Senhora de Copacabana, Praça do Lido.

60

Garrafas, em Copacabana, o restaurante Au Bon

Gourmet, que já existia desde 1956 e pertencia

ao banqueiro José Fernandes, lenda da noite

carioca. Fez uma grande reforma, tirou a deco-

ração com veludos vermelhos e transformou os

seus 6x40 m em uma casa de espetáculos com

capacidade para trezentas pessoas.

O show de inauguração, denominado “Encon-

tro”, foi simplesmente antológico e reuniu Vinicius

de Moraes (que cantou em público pela primeira

vez), Tom Jobim e João Gilberto, acompanha-

dos por Os Cariocas e Milton Banana, na bateria.

Reza a lenda que se Frank Sinatra – que estava

caído de amores pela Bossa Nova – estivesse

de passagem pelo Rio, também teria partici-

pado. Com direção musical de Aloysio Oliveira,

foram apresentadas ao grande público as can-

ções “Garota de Ipanema”, “Só danço samba”,

“Samba do avião”, “Samba da bênção” e “O as-

tronauta”. Não se contentando com os seus 45

minutos de duração, havia quem reservasse dois

ou três dias na semana para assistir ao show,

que ganhou capas de revistas e foi elogiado em

diversos jornais da época.

Ramos registrou o primeiro show em fitas,

que, por questões contratuais, nunca puderam

virar discos, mas muitas versões piratas circula-

ram e ainda circulam por aí. As fitas, segundo o

empresário, foram emprestadas a amigos que

“sumiram com elas”.

A temporada, cuja duração prevista era de um

mês, foi esticada por mais duas semanas, com

casa sempre lotada. Sua interrupção ocorreu em

função da completa estafa dos músicos e produ-

tores, que se desgastavam diariamente. Marca-

do para a meia-noite, o espetáculo nunca come-

çava no horário porque, poucos minutos antes,

o time estava incompleto. Ruy Castro conta que

João Gilberto quase sempre se atrasava. Flávio

telefonava desesperado e ele atendia, com voz

de quem acabara de acordar: “Mas Flavinho,

já está na hora? Espera que eu vou tomar um

banhinho e estou indo pra aí”. Em pânico, Flá-

vio pedia: “Não, não, venha! Não saia daí! Tome

um banho e fique onde está. O carro está indo

para te pegar!”. Com a prática, logo Flávio achou

prudente mandar seu Cadillac preto buscar João

todos os dias do show, para evitar sobressaltos.

No ano seguinte, o restaurante foi o palco da

montagem de “Pobre Menina Rica”, musical de

Vinicius e Carlos Lyra, que contava com a pre-

sença de ambos e, ainda, Nara Leão, no elenco.

Beco das Garrafas Foi o jornalista e escritor Sérgio Porto, o Sta-

nislaw Ponte Preta, quem batizou aquela rue-

la composta por quatro casas noturnas (o Little

Club, o Baccarat, o Bottle’s e o Ma Griffe), que

desembocavam na Rua Duvivier, bem pertinho

da famosa praia de Copacabana. O burburinho

Ouça a seleção musical de Vinicius de Moraes que fizemos para você.

Beco das garrafas - Rua Duvivier, na altura do número 37

61

»»»

Beco das garrafas - Rua Duvivier, na altura do número 37

gerado pelos shows e a intensa movimentação

nas boates durante a madrugada incomodavam

os moradores dos prédios vizinhos, que atira-

vam garrafas na direção do local. Daí o apelido

de “Beco das Garrafadas”, que foi reduzido mais

tarde para “Beco das Garrafas”.

Point de intelectuais no final da década de 1950

e começo da de 1960, era o habitat dos nomes

mais importantes da Bossa Nova. Hoje o “Beco

das Garrafas” abriga uma loja especializada em

música e literatura sobre o gênero. Há até um

“Museu da Bossa Nova”, que expõe uma edi-

ção em vinil de “Canção do amor demais”, entre

diversas fotografias de medalhões do porte de

João Gilberto, Baden Powell, Tom Jobim e, claro,

Vinicius.

Tornou-se famoso e alcançou grande suces-

so o show que o poeta fez em 1964, ao lado do

compositor e cantor Dorival Caymmi, e do então

estreante Quarteto em Cy, na boate Zum-Zum,

contígua à Bottle’s. O show teve a produção de

Aloysio de Oliveira, que, no ano seguinte, reuni-

ria o conteúdo integral do espetáculo em um LP,

pela Elenco, de sua propriedade. O disco resul-

tou no maior êxito comercial da gravadora.

Até hoje, a boemia carioca se ressente pela

falta do famoso beco. Tanto que, de vez em

quando, alguém ou algum lugar promove uma

“Noite do Beco das Garrafas”, para lembrar os

lendários pocket-shows. Uma dose de nostalgia.

IpanemaBar Garota de IpanemaNão. “Garota de Ipanema”, o maior sucesso

comercial da dupla Vinicius e Tom, não foi com-

posta em uma mesa do antigo bar Veloso, na

rua Montenegro – hoje em dia, o Veloso se cha-

ma Garota de Ipanema e a rua Montenegro, Vi-

nicius de Moraes. Mas foi de fato lá nesse mes-

mo local que a dupla viu passar a jovem Helô

Pinheiro, a caminho da praia, em 1962. Quem

conta a história é o jornalista Ruy Castro, no livro

Chega de Saudade: “Acabaram de beber seu

uísque, pagaram e cada qual foi para sua casa.

Algumas semanas depois, nasceu um samba”.

Passaram semanas suando para encaixar a me-

lodia e queimando as pestanas na busca pelas

palavras que entrariam nos versos.

A melodia foi feita na nova casa de Tom, na

rua Barão da Torre, também em Ipanema. Já

Vinicius compôs a letra no apartamento do Par-

que Guinle e numa casa em Petrópolis, ambos

pertencentes à então mulher do poeta, Lúcia

Proença. O resto é mito. “Garota” tornou-se uma

das músicas mais executadas de todo o plane-

ta, com gravações de intérpretes do calibre de

Frank Sinatra, abrindo a porta dos Estados Uni-

dos a Tom Jobim, que recebeu em 1966 o con-

vite, por telefone, para gravar com o “blue eyes”.

Do outro lado da linha estava o próprio Sinatra,

que disse: “Gostaria de fazer um disco com você

O uísque é o cachorro engarrafado.

(Vinicius de gostava tanto de uísque que chegou

a considerá-lo o melhor amigo do homem)

Nunca vi uma boa amizade nascer

numa leitaria.

“E por

falar em saudade onde anda você / Onde andam seus olhos que a gente não vê / Onde anda esse c

orpo

Que me deixou morto de tanto prazer / E por falar em beleza onde anda a canção

Que se ouvia na noite dos bares de então / Onde a gente fi cava, onde a gente se amava / Em total solidão

62

e queria saber se está interessado”. “Perfeita-

mente, é uma honra”, topou de imediato.

A música virou filme – que Vinicius (e todo

mundo) detestou –, sem a participação de Helô,

que foi barrada pelo pai general e pelo noivo ciu-

mento. O bar, hoje, é atração turística e, além

da mesa onde Vinicius e Tom teriam “composto”

a música, exibe cópia da partitura devidamen-

te emolduradas, dando a entender que procede

mesmo a lenda da composição de “Garota de

Ipanema”. Na verdade, não passa de uma ilu-

são, mas, se como cantou o poetinha, a vida “é

uma grande ilusão”, vale o chope no fim de tarde

na “mesa mítica”, assistindo ao vai-e-vem das

novas garotas de Ipanema.

Casa de Tom JobimUma placa assinada pela Confraria do Copo

Furado nos informa que o apartamento onde o

maestro Tom Jobim morou, entre os anos de

1954 e 1960, fica em Ipanema, na Rua Nasci-

mento Silva, 107, endereço que abre “Carta Ao

Tom”. Foi lá que ele e Vinicius se juntaram para

criar o repertório de Orfeu da Conceição e, após

algumas tentativas de se entender (jogaram no

lixo as três primeiras canções), compuseram

seus primeiros sucessos, incluindo obras-primas

como “Se todos fossem iguais a você”.

A letra do samba composto por Vinicius e To-

quinho e que eternizou aquele pedacinho de Ipa-

nema refere-se ao álbum “Canção do amor de-

mais” (1958), disco que é considerado o marco

oficial da Bossa Nova. Gravado na voz de Elizete

Cardoso, o álbum teve ainda a participação de

João Gilberto no violão, que chama a atenção

com sua batida nas faixas “Chega de Saudade”

e “Outra vez”.

Anos mais tarde, o ar nostálgico dá espaço a

uma dose de ironia, com a paródia composta

por Tom e Chico Buarque em cima da mesma

melodia de Toquinho. Com bom humor, “Carta

do Tom” fala do aumento da violência no bairro,

a degradação da natureza, o tamanho reduzido

das janelas em função da diminuição do espa-

ço nos apartamentos, a expansão dos edifícios

e cita ainda a especulação imobiliária do Rio de

Janeiro, simbolizada pelo nome do empresário

Sérgio Dourado. Até o amor, que já não tem mais

a pretensão de ser eterno, pode ser “loteado”.

As músicas aparecem juntas, no álbum gra-

vado ao vivo no Canecão em 1977, durante um

show que reuniu Tom, Vinicius, Toquinho e Miú-

cha. A direção do espetáculo foi de Aloysio de

Oliveira, o mesmo que dirigiu o show “Encontro”,

no Au Bon Gourmet.

Frase de Tom: “Normalmente, a gente come-

çava a compor de tarde, nós estávamos ainda

na base do café, mas Vinicius não gostava muito

de café. Os dois fumávamos aqueles cigarros to-

dos, tragando aquela fumaça na Rua Nascimen-

to Silva, 107. Às quatro e meia, começava a cer-

veja. Vinicius, ao contrário do que esse pessoal

todo diz, tomou muito chope.” Em depoimento

para o livro “Tom sobre Tons”.

Rua Nascimento Silva, 107 – Ipanema

Para ler

Vinicius de Moraes - O Poeta da Paixão – Uma biografia (José Castello)

Livro de Letras, Vinicius de Moraes (José Castello)

Vinicius de Moraes - Uma Geografia Poética (José Castello)

Chega de Saudade – A história e as histórias da Bossa Nova (Ruy Castro)

Ela é Carioca – Uma enciclopédia de Ipanema (Ruy Castro)

Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa, 1998

Antonio Carlos Jobim – Um homem iluminado, 1996 (Helena Jobim)

Para ouvir

Discografia (discos citados na matéria)

Orfeu da Conceição, 1956

Canção do Amor Demais, 1958

Chega de Saudade, João Gilberto, 1959

Os Afros Sambas, 1966

Vinicius e Caymmi no ZumZum, 1965

Tom, Vinícius, Toquinho e Miúcha, 1977

Para ver

“Vinicius”, documentário, direção de Miguel Faria Jr. e produção de Suzana de

Moraes, filha de Vinicius.

Para entender Vinicius

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www.revistalealmoreira.com.br

galeria

PupilasdilatadasComo um colírio que distorce a realidade, para só então torná-la clara, a fotógrafa Nati Canto buscou o ideal por meio da imperfeição.

Dom Quixote nunca conseguiu convencer

os seus de que tudo era bem mais que

moinhos de vento. Naturalmente, o per-

sonagem vestiu de bom grado o rótulo de louco,

por lutar contra dragões que ninguém mais viu.

Mas a linha entre o louco e o sábio é tão tênue

que quase nem há. E se Dom Quixote nunca ti-

vesse estado errado? E se não houver um úni-

co modo, um jeito certo, de enxergar o mundo?

“Enxergar”, por si, talvez esteja muito perto de

um sinônimo para “ser livre”; e quiçá moinhos de

vento sejam as amarras que impedem de ver –

e lidar com – os tais dragões pessoais, aqueles

que todo mundo tem. A liberdade de enxergar

requer coragem e uma dose diária de loucura

(loucura?). O jeito certo de enxergar é o de quem

enxerga. E enxergar, por si, exige que se apren-

da a “des-ver” o jeito padrão.

É difícil ouvir Nati Canto falar e não pensar em

liberdade. Forte, articulada, ligeiramente outsider

e extremamente consciente, a fotógrafa paulista

se permitiu (ponto). Desde nova, observou a si

e ao seu redor sem a obrigatoriedade do senso

comum. É claro que dragões apareceram, e não

foram poucos. Por sorte, Nati estava desprendi-

da do papel esperado de vê-los como moinhos,

e lidou com eles. Mais que isso – os chamou

para perto. Nas palavras que se habituou a di-

zer como um mantra, ela “assumiu seu paco-

te”: a carga boa e a carga ruim de ser quem

se é. Essa honestidade consigo mesma, claro,

reflete-se no seu trabalho – a artista renunciou ao

“jeito certo” de ver para expor um olhar artístico

extremamente íntimo, reflexo de suas vivências

e sentimentos. Ironicamente, esse intimismo en-

contra eco dentro de quem vê suas fotos – o que

ela vê, também vemos; não sob a mesma óti-

ca, mas ainda assim novo. Coletivo e pessoal. É

como se ela soubesse desde sempre que, lá no

fundo, todos somos Quixotes dispostos a enxer-

gar algo mais.

O pacoteA maneira como Nati se construiu como ar-

tista, bem antes de descobrir o que viria a se

tornar, tem muito a ver com sua criação. Filha

de mãe musicista e pai físico, dividindo a casa

com três irmãos adotivos e dois biológicos, ela

aprendeu cedo que a liberdade está em com-

preender as diferenças. “Meus pais eram dois

idealistas, então eu me senti muito à vontade pra

me tornar o que eu quisesse me tornar. Minha

irmã mais velha também foi fundamental. Ela

é terapeuta, e mostrou pra mim como a gente

devia se conhecer”. Nesse processo de autoco-

nhecimento, ela experimentou um bocado. Fez

faculdade de jornalismo no fim da adolescência,

movida pela paixão pela escrita. No curso, teve o

primeiro contato com a fotografia, inspirada por

um professor que admirava. Mas ainda não era

o momento. “Eu tinha muita dificuldade em me

enquadrar na rotina acadêmica. Aí um dia eu de-

cidi que ia embora. Fui pra Inglaterra. Fiquei três

anos lá. Não tinha dinheiro, não sabia nem tirar o

visto”, relembra. Não parou por aí: disposta a vi-

ver coisas novas, Nati comprou uma passagem

e foi dar a volta no mundo. “Passei seis meses

viajando. Fui para a Austrália, Malásia, Nova Ze-

lândia, tudo sozinha. Sempre fui muito solitária.

Apesar de ter muitos irmãos, desde pequena eu

nunca me identifiquei com grupos”.

Na Europa, a fotógrafa entrou em contato com

Camila Barbalho Dudu Maroja

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68

obras de arte, leu a respeito, fotografou. Mas ter

trabalhado com alguns chefs de cozinha durante

o período a motivou a se aprofundar no assunto.

De volta ao Brasil, resolveu estudar gastronomia.

“Eu não queria fazer faculdade porque simples-

mente tinha que fazer faculdade. Eu achava um

absurdo as pessoas perseguirem um diploma,

como se o diploma fizesse você. E tinha certe-

za que, quando eu terminasse gastronomia, não

seria chef nem trabalharia em restaurante. Eu só

queria fazer”. Em um primeiro momento, pode-

ria parecer uma guinada brusca. Para ela, não.

“Quando eu voltei pro Brasil, estava muito aberta

a tudo. Tirei até carta de caminhão... Até hoje eu

não sei dirigir (risos). Vivi essa busca pelo erro

mesmo: ‘vou fazer jornalismo, vou pra Europa,

vou estudar gastronomia... ’”.

Já em São Paulo, depois de visitar o mundo da

culinária, conheceu a atriz e respeitada professo-

ra de moda Jô Souza – peça fundamental para

Nati se tornar, de fato e em definitivo, fotógra-

fa. “Ela me convidou pra fazer alguns editoriais

de moda. Com o tempo, fui fazendo cada vez

mais trabalhos autorais, participando de editais

de arte, sendo bem aceita... Em 2010, apresen-

tei meu trabalho pra galeria que me representa

há quase três anos. E começou um casamen-

to que até agora vem dando muito certo. Foi

quando eu pude começar a me assumir como

artista”, resume. Quando perguntada sobre ter

havido ou não certa resistência em adotar a arte

como meio e finalidade da vida, ela responde de

maneira muito simples e convicta. “Eu precisava

passar por todas as coisas que passei pra tam-

bém ter alguma coisa a oferecer”. E prossegue:

“Foi quando eu decidi que não dava mais pra co-

locar meu trabalho na gaveta. Eu tinha que largar

as pequenas coisas que eu fazia para ser artista,

ser fotógrafa. É a hora que você se liberta, que

assume o pacote de quem você é. As pessoas

às vezes esperam que eu trabalhe de 9 às 17h,

receba um salário fixo... Mas eu não podia fazer

isso comigo. Era como se fosse me abandonar”.

Apesar de compreender a importância de ter

se assumido artisticamente, Canto não se envai-

dece ou deslumbra com o que fez por si. “Você

ser artista não é um privilégio acima da humani-

dade”, ela diz, precisa. “Na verdade, todo mun-

do pode ser artista. Mas você tem que se assu-

mir. O lado bom e o ruim, a luz e a sombra. Não

existe meio caminho”.

A neve. O sal. A chuva.A consciência muito nítida de quem é e a fi-

delidade a si mesma foram dois dos três ele-

mentos essenciais para que Nati chegasse ao

conceito do que viria a ser o trabalho divisor de

águas na sua carreira. O terceiro, decisivo, sur-

69

»»»

preende: sua miopia motivou a elaboração de “A

neve. O sal. A chuva – Lembranças particulares

e coletivas”, série fotográfica realizada em três

países distintos. Na contramão do óbvio, a artista

decidiu que não gostaria de usar óculos quan-

do se descobriu míope. Foi quando se deparou

com o livro “Visão Consciente”, do oftalmologista

comportamental americano Roberto Capro. Na

publicação, o médico apresenta as diferenças

entre enxergar (o processar da luz) e ver (a com-

preensão do que é enxergado em associação

às vivências individuais), além de criticar certa

“miopia social” dos dias atuais – o enxergar de

circunstâncias imediatas e familiares, sem ver

além. A teoria vestiu sob medida o pensamento

da fotógrafa. “Eu fiquei muito interessada, por-

que gosto de trabalhar com essa coisa que vem

de dentro, tanto individual quanto parte de uma

identidade social. E ao mesmo tempo, eu queria

questionar esse jeito control freak que a gente

tem. A gente chegou num ponto em que quer

ter o controle de tudo, tem que olhar certo, ‘olhar

com esses óculos aqui’. Mas por que eu tenho

que ver as coisas de jeito tão aguçado? Por que

eu ver meio fora de foco é errado?”, argumenta.

Foi após refletir sobre tudo isso que começou

seu processo criativo em busca do que seria seu

próprio olho exteriorizado: uma maneira de a câ-

mera reproduzir a maneira como ela mesma en-

xerga, proporcionando foco e desfoque no mes-

mo plano – e, de quebra, aliar o aspecto digital a

certa gambiarra analógica, afastando o controle

total do resultado. Para tal, foram várias tentati-

vas. “Eu procurei muita coisa. Tampa de xampu,

caixa de sapato... Comecei a testar, experimen-

tei com o desentupidor de pia e rolou. Quando

eu vi como ficava, pensei ‘é isso que eu quero’”.

Além do experimentalismo instrumental, Canto

se permitiu visitar universos geográficos e histó-

ricos bem distintos – e aproximá-los por meio da

ressignificação que as memórias pessoais e co-

letivas proporcionam. Cada sequência temática

foi fotografada em um lugar diferente: “a chuva”

foi registrada no litoral paulista; “o sal”, no Salar

de Uyuni, na Bolívia; e “a neve”, no extremo norte

da China. “Eu queria usar lugares diferentes e

fazer tudo muito branco... Era mais uma coisa

de perder um pouco da informação ao redor, em

favor do que eu queria que as pessoas olhas-

sem”. O resultado é um trabalho coeso, sensível

e de profundidade inquestionável. Naturalmente,

não há maneira de controlar como as imagens

atingirão quem as observa. Mas isso não é uma

preocupação para Nati. “Você não precisa ver

minha obra como eu vejo. A obra não é um meio

de comunicação, já que comunicar requer que

eu fale e você compreenda. São monólogos al-

ternados: eu falo uma coisa, você fala outra, e

70

nem por isso nós estamos conversando. Cada

um vê com o que tem dentro de si”.

Depois de um tempo, ela finalmente confessa

sua inquietude, impressa em certo desconforto

por continuar vinculada a um único trabalho. Não

é renegá-lo – ela reconhece sua importância.

É que Nati tem pressa. “Eu não quero ser uma

artista de um trabalho só. Adoro o que eu fiz e

o que esse trabalho significa pra mim. Mas eu

preciso andar”.

Em movimentoHoje, a paulista vive um momento de tran-

sição bastante frutífero. Convivendo com o luto

de uma separação recente e com a euforia de

uma carreira em pleno crescimento, ela abraça

ambas as sensações com a mesma disposição

de vivenciá-las. Aliás, essa é uma característica

de Nati que salta aos olhos: os braços abertos

para o que vier. “As pessoas não se permitem

sentir muita coisa. Sentir raiva ‘é errado’. Mas é

errado por quê? Eu tenho direito de sentir raiva,

porque a raiva me movimenta. Como eu vou ser

artista se não puder sentir?”, questiona, em mais

um momento de sinceridade pungente – quase

confundível com dureza, não fosse a serenidade

com que ela fala sobre coisas tão particulares. É

o que acontece em seguida: “Meu casamento

acabou tem três semanas, e eu estou vivendo

certo período de raiva. Acho que isso tá sendo

ótimo pra mim, porque eu tô tendo que aprender

muita coisa. As pessoas terem problemas não

é problema nenhum. O problema é as pessoas

não lidarem com isso. É você fugir de ser você”.

A despeito dos arranhões, o mundo segue gi-

rando. Assim também é para Canto, que não po-

deria esperar qualquer dor passar nem que qui-

sesse. O bom momento a impulsiona para frente,

e ela vai feliz. Convidada a representar a nova

geração da fotografia por um site que oferece

obras para colecionadores importantes, ela terá

uma edição limitada de 50 fotos suas vendidas

para pessoas que são peças-chave no mercado

artístico. É empolgada que ela fala da nova fase:

“Serei eu com uma nova direção, ao lado de Vi-

cente de Mello, Christian Cravo e mais dois. São

pessoas que são meus ídolos. É uma honra. É

quando eu penso que eu tô no caminho certo”. O

próximo passo será ainda maior – compreenderá

um mundo inteiro entre o hoje e o amanhã. Nati

está a caminho da China, onde ficará por três

meses. “Ganhei um prêmio do grupo Swatch.

Eles têm um hotel em Xangai, e escolhem dois

artistas internacionais pra passarem uma tempo-

rada lá. Eu fui uma”. Depois de lá, só a vida sabe.

“Eu não fico projetando as coisas. Prefiro pensar

no que eu tô fazendo agora. Acho que o resto é

natural. Você vai vivendo, seguindo o caminho,

cortando o matagal”, ela ri. “E se conhecendo,

olhando pra si, se espiritualizando. Não sei onde

vai dar, mas acho que essa é a graça de viver”.

Engana-se, entretanto, quem acredita que

ser artista é mero seguir de correnteza. “Eu te-

nho bastante disciplina. No meu ateliê tem datas

pregadas, deadlines, portfólios. A maior parte do

meu tempo é na frente do computador, escre-

vendo, estudando, me aprofundando pra ver o

que eu posso tirar disso tudo”. Mas é possível ser

rígido consigo e ser livre a um só tempo? Claro

que é. Outra vez, é com precisão que Nati arre-

mata: “Ser livre é ser responsável. Só não é livre

quem não se assume”.

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Muito mais que uma simples caixa de som, o sistema de som Harman Kardon SoundSticks III para computador um novo nível de emoção a música, jogos e filmes, com um mínimo de fios, e apresenta um visual espetacular e futurista. Os Soundsticks da Harman Kardon são tão bem desenhados que têm residência perma-nente no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Tem seu SubWoofer direcionado para o chão. Compatibilidade plug-and-play com praticamente qualquer dispositivo multimídia.

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Japão. Noriko (Setsuko Hara) tem 27 anos de idade e ainda vive com o seu velho pai, o senhor Somiya (Chishu Ryu). O pai é um professor viúvo que deseja casar sua filha, que de acordo com a sociedade, está na hora de entrar em um casa-mento. Só que Noriko quer continuar cuidado do pai e vivendo com ele para que o velho homem não se sinta sozinho. Ele então vai fingir estar se casando de novo para que a filha não tenha culpa de se casar e ir embora. Delicado e atemporal.

Acabou a ansiedade dos fãs de Star Trek! Com lançamento previsto ainda para junho (2013), o filme tem agradado em suas exibições restritas, mundo afora. Em sua nova missão, a tripulação da nave Enterprise é enviada para um planeta primitivo, que está prestes a ser destruído devido à erupção de um vulcão. Spock (Zachary Quinto) é enviado para dentro do vulcão, onde deve deixar um dispositivo que irá congelar a lava incandescente. Entretanto, problemas inesperados fazem com que ele fique preso dentro do vulcão, sem ter como sair. Para salvá-lo, James T. Kirk (Chris Pine) ordena que a Enterprise saia de seu esconderijo no fundo do mar, o que faz com que a nave seja vista pelos seres primatas que habitam o planeta. Esta é uma grave violação das regras da Frota Estelar, o que faz com que Kirk perca o comando da nave para o capitão Pike (Bruce Greenwood). A situação muda por completo quando John Harrison (Benedict Cumberbatch), um renegado da Frota Estelar, coordena um ataque a uma biblioteca pública, que oculta uma importante base da organização. Não demora muito para que Kirk seja reconduzido ao posto de capitão da Enterprise e enviado para capturar Harrison em um planetóide dentro do império klingon, que está à beira de uma guerra com a Federação.

horas vagas • cinema

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Imagine um site que reúne... sites. Essa é a proposta do www.eusou.com e ao selecionar a categoria “cinéfilo”, há um mundo de portais de cinema para explorar. http://www.eusou.com/cinefilo/

Os fãs de Woody Allen infelizmente vão ter que esperar um pouco mais para ver o seu novo filme nos cinemas brasileiros. Inicialmente previsto para 19 de julho, Blue Jasmine (ainda sem título definitivo no Brasil) teve sua estreia adiada para 11 de outubro. O atraso pode ser uma estratégia para que o filme seja lançado no Festival do Rio 2013 (26 de setembro a 10 de outubro de 2013).A comédia dramática, estrelada por Cate Blanchett e Alec Baldwin, conta a história de uma mulher que perde todo o seu dinheiro, sendo obrigada a viver uma vida mais simples na casa da irmã, em São Francisco.

Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) são um casal de aposentados, que costumava dar aulas de música. Eles têm uma única filha, que vive com a família em um país estrangeiro. Certo dia, Anne so-fre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. O casal de idosos passa por graves obstáculos, que colocarão o seu amor em teste. Direção de Michael Haneke. Curiosidade: Emmanuelle Riva foi a atriz mais velha a receber indicação ao Oscar nessa categoria – e seria merecidíssimo: a atuação dela é impressionante.

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ROCK BRASÍLIA – ERA DO OUROUma grande homenagem aos (então) meninos que mudaram os rumos da música no Brasil de 80. Esse é o mote de “Rock Brasília – Era do Ouro” (2011), documentário de Vladimir Carvalho que relata o surgimento e apogeu das bandas que fizeram história tanto no Distrito Federal quanto no resto do país. Grupos como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude têm suas origens expostas em depoimentos de integrantes, familiares e intelectuais. O filme ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Paulínia. “Rock Brasília” é um registro emocionante e saudosista de um dos períodos mais frutíferos da cultura nacional, assim como da própria construção política de uma geração. Imperdível.

horas vagas • música

THAT SONG SOUNDS LIKE

PHILLIP PHILLIPSThe world from the side of the moon

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Embora as possibilidades na construção de uma música sejam infinitas, aqui e ali acontece de dois ou mais compositores terem uma ideia bem parecida. Sabendo disso, os idealizadores do site “That Song Sounds Like” decidiram compilar as faixas semelhantes da música pop, destacando os trechos que se aproximam e explicando detalhes sobre quem as gravou, a época dos registros e outras informações – um trabalho intenso de pesquisa musical, associado a ouvidos muito atentos. Um passeio pelo site e a maneira de ouvir as músicas lá apontadas nunca mais será a mesma. www.thatsongsoundslike.com

Vencedor do American Idol 2012, Phillip Phillips surpreendeu os EUA por não ter o perfil de vocalista virtuoso que normal-mente vence esse tipo de competição. De timbre rouco e voz carregada de personalidade, o cantor de apenas 23 anos foi marcando presença de um jeito cada vez mais forte no pro-grama – e permaneceu assim quando este acabou. Ele lança seu primeiro disco, “The World From the Side of the Moon”, com uma façanha difícil para alguém saído de um reality show: aclamado pelo público e pela crítica. As faixas trazem à grava-ção a atmosfera que o ser amado no palco: o charme folk, mui-tos takes de violão, intimismo e... Phillip Phillips. Vale ouvir.

Apesar de ter uma forte tradição nos jazz standards, Paul Anka nunca saiu por completo do mundo pop, responsável por levá-lo ao estrelato no fim da década de 50. Por isso, ele sempre esteve por ali: escrevendo letras gravadas por Elvis e Sinatra, compondo em parceria com Michael Jackson e por aí vai. Décadas mais tarde, Anka volta a expressar seu fascínio por esse universo e grava um disco apenas com rearranjos de hits do rock, o “Rock Swings”. A bem da verdade, ele não foi o primeiro a fazê-lo – Pat Boone fez algo similar em 1997. Porém, o cana-dense foi quem conseguiu de fato dar cara nova às faixas. O resultado é um disco sofisticado e cantável do início ao fim. O melhor de dois mundos.

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GILBERTO GIL – EXPRESSO 2222

Já se vão quarenta anos desde que o baiano Gilberto Gil, até então exilado em Londres por conta da ditadura militar, retornou ao Brasil com a criativi-dade aguçada pela experiência vivida. Tanto foi que ele lançou o aclamado “Expresso 2222” em seguida – que viria a se tornar um dos álbuns mais influentes da história da música brasileira. O disco foi reeditado recente-mente, em comemoração pelos 70 anos de Gil e pelo aniversário de qua-tro décadas do registro. As faixas foram remasterizadas no estúdio Abbey Road, em Londres, e a arte original da capa do vinil foi adaptada para o CD de maneira fiel. Um grande presente para quem viu o “Expresso” surgir, assim como para as novas gerações de ouvintes.

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horas vagas • literatura

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CORAÇÃO ASSOMBRADO. STEPHEN KING, A BIOGRAFIA

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A FELICIDADE É UM COBERTOR QUENTINHO Snoopy

No coração da Itália, Robert Langdon, o professor de Simbologia de Harvard, é arrastado para um mundo angustiante centrado em uma das obras literárias mais duradouras e misteriosas da his-tória - O Inferno, de Dante Alighieri. Numa corrida contra o tem-po, Langdon luta contra um adversário assustador e enfrenta um enigma engenhoso que o arrasta para uma clássica paisagem de arte, passagens secretas e ciência futurística. Tendo como pano de fundo o sombrio poema de Dante, Langdon mergulha numa caçada frenética para encontrar respostas e decidir em quem confiar, antes que o mundo que conhecemos seja destruído.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Terra é salva por pouco de um meteoro alienígena. Porém, o vírus que a bomba espacial carrega cai em Nova York e, gradativamente, espalha-se pelo mundo, contaminando parte da popula-ção e dotando parte dos sobreviventes com poderes especiais. Alguns foram chamados de ases, pois receberam habilidades mentais e físicas, alguns foram amaldiçoados com alguma deficiência bizarra e, por isso, batizados de coringas. Parte desses seres, agora especiais, usava seus poderes a serviço da humanidade, enquanto outros despertaram o pior que havia dentro de si. Série criada pelo genial George R. R. Martin, a partir do jogo de RPG GURPS Supers, que desenvolveu para se distrair com seus amigos. O primeiro vo-lume conta a história dos principais personagens que povoarão as páginas desta série de 22 títulos (editada e também escrita pelo autor de As crônicas de Gelo e Fogo). Editora Leya Brasil.

A biografia de um dos autores mais populares no mundo contemporâneo. Stephen King tornou-se parte da história da cultura pop, com mais de 300 milhões de livros vendidos e mais de 50 prêmios por suas obras. Seus ro-mances best-sellers têm capturado a imaginação de milhões de leitores mundo afora. Mas quem é o homem por trás dessas histórias de horror e tristeza e do sobrenatural? De onde nascem suas ideias? E o que o leva a continuar a escrever em um ritmo alucinante, após uma carreira de quase quatro décadas? Lisa Rogak nos conduz ao universo peculiar de Stephen King. Sua infância, seus medos, sua determinação, o primeiro contato com a escrita, as agruras da adolescência, as dificuldades de um ícone e o lado do pai de família, o músico, o fã de beisebol e o amigo generoso. Apesar de seu trabalho escuro, perturbador, mas de extrema força emocional, King tornou--se reverenciado por críticos e seus milhões de fãs mundo afora como uma voz de todos os americanos mais parecido com Mark Twain e HP Lovecraft. ‘Stephen King - A Biografia - Coração Assombrado’ narra sua história, reve-lando o caráter de um homem que criou algumas das mais memoráveis – e assustadoras – histórias da literatura contemporânea.

Deslumbrantes fotografias em preto e branco do projeto “Gênesis”, organizado em cinco capítulos (geograficamente distintos): Planeta do Sul, Santuários, Áfri-ca, Espaços do Norte, Amazônia e Pantanal. O que faz um descobrir em Gênesis? As espécies animais e vulcões das ilhas Galápagos, pinguins, leões-marinhos, biguás e as baleias da Antártida e no Atlântico Sul; jacarés e onças brasileiras; Africano leões, leopardos e elefantes, da tribo Zo’é isolado no meio da selva amazônica; as pessoas da Idade da Pedra Korowai de Papua Ocidental; gado nômades Dinka agricultores no Sudão; Nenet nômades e seus rebanhos de renas no Círculo Ártico, comunidades em ilhas Mentawai selva oeste de Sumatra, os icebergs da Antártida, os vulcões da África Central e da Kamchatka Península; desertos do Saara, o Negro e os rios Juruá na Amazônia; as ravinas do Grand Canyon, as geleiras do Alasca ... e além. Tendo dedicado tanto tempo, energia e paixão para a realização deste trabalho, Salgado compara Gênesis a “minha carta de amor para o planeta”. Editora Taschen.

Clássico inédito. Soa absurdo para você? É que pela primeira vez, a tira de quadrinhos mundialmente conhecida, criada por Charles Schulz, ganha a forma de uma edição com história única. Adaptada de um novo especial de animação e também das tiras originais da série, esta versão em 80 páginas de HQ nos leva de volta à querida vizinhança em que encontramos Linus e suas inseguranças, as desventuras de Charlie Brown na tentativa de empinar uma pipa, o amor não correspondido de Lucy por Schroeder, além do cão beagle mais amado do mundo: Snoopy. Tudo isso, num vivo e colorido passeio pela imaginação de Charles Schulz. Editora Nemo.

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horas vagas • Rio & Sampa

Para os apaixonados pelo Rio de Janeiro, a exposição “Rio de Imagens – Uma Paisagem em Construção” é inesquecível. Aberta para visitação no bonito e recém-inaugurado Museu de Arte do Rio, a mostra exibe uma coleção de aproximadamente 400 peças que têm como tema a Cidade Maravilhosa. São cartografias, pinturas, gravuras, desenhos, fotos, esculturas, objetos de design e vídeos, de mais de 60 artistas – entre eles, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. Tudo enfoca a criação de um imaginário sobre o Rio no decorrer do tempo, respeitando seus desdo-bramentos e transformações. A exposição segue até o dia 28 de julho, e recebe os visitantes sempre a partir das 12h30.

A sensação é a de estar diante dos meninos de Liverpool. É o que garantem os integrantes da banda-tributo All You Need Is Love, realizadores do maior espetáculo Beatle da América Latina. Eles farão uma única apresentação no Vivo Rio, no dia 20 de julho, e levarão ao palco os elementos que renderam elogios até mesmo de Dave Jones, proprietário do lendário Cavern Club: arranjos originais, instrumentos vintage, figurinos, vozes e trejeitos muito semelhantes aos do quarteto – tudo com precisão técnica, efeitos especiais, projeções e acompanhamento de orquestra, para reviver com máxima fidelidade cênica e sonora as músicas da banda. Um show para unir gerações em homenagem aos rapazes que mudaram os rumos da música mun-dial. Para saber mais sobre a banda.Acesse www.allyouneedislove.art.br.

A trupe do Cirque du Soleil está em temporada em São Paulo. O espetáculo da vez é “Corteo”: uma alegre e festiva procissão realizada a partir da imaginação de um palhaço sobre seu próprio funeral, num misterioso intervalo entre céu e terra. O desenrolar do show já vale por si: combinando acrobacias fortes e delicadas, atuações apaixonadas e a leveza dos clowns, a apresentação transporta o público ao imaginativo universo teatral que é tão característico do grupo – tudo para ilustrar o aspecto mais humano de cada um, refletida nas dualidades entre o ridículo e o trágico, o perfeito e o imperfeito, a dureza e a fragilidade. Além, é claro, da riqueza visual que só o Cirque du Soleil oferece. A trupe fica em cartaz até o dia 14 de julho no Parque Villa-Lobos; e de lá, segue para Brasília. A agenda do grupo está disponível em seu site oficial, o www.cirquedusoleil.com.

O humor vai invadir os palcos paulistanos, e o responsável por isso é o Risadaria. O evento reúne todas as formas de fazer as pessoas rirem em 10 dias de programação, e vem ganhando destaque ao longo dos anos como o maior fes-tival de humor do Hemisfério Sul – e o segundo maior do mundo. Com curadoria de Marcelo Tas, Marcelo Madureira, Paulo Bonfá, Caco Galhardo, Diogo Portugal e Wellington Nogueira, o projeto receberá apresentações de artistas nacionais e internacionais, shows ao vivo, exposições, debates, filmes, programação infantil e um campeonato na-cional de comediantes de stand-up. A novidade deste ano é que, pela primeira vez, a programação estará distribuída pelas cinco regiões de São Paulo – acontecendo simultaneamente em mais de 15 bairros da cidade. A programação vai até o dia 23 de junho. Outras informações estão disponíveis no site www.risadaria.com.br.

RIO DE IMAGENS

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CORTEO – CIRQUE DU SOLEIL

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horas vagas • New York

O multi-instrumentista Marcus Miller está entre os mais respeitados da sua geração, sobre-tudo pela sua sólida carreira como baixista de jazz, funk e fusion. De discografia extensa e currículo memorável, o músico dará pausa em seus trabalhos de estúdio (onde atua como coprodutor de gente como George Benson e Herbie Hancock) e reunirá alguns de seus sucessos no cenário instrumental, para serem executados com sua banda em apresentação única, no Highline Ballroom. O show do nova-iorquino será no dia 2 de agosto, às 20h, e o preço dos ingressos varia entre 70 e 180 dólares. Outras informações sobre a agenda de Miller estão disponíveis em seu site oficial: www.marcusmiller.com.

Depois de fazer um inesperado sucesso em 2006, o filme Once (que no Brasil ganhou o título de “Apenas uma Vez”) perdeu a cara de produção underground. A trilha sonora premiada com o Oscar deu um empurrãozinho, e o longa foi adaptado para os palcos da Broadway no ano passado – brilhantemente, diga-se de passagem. Vencedor de oito Tony Awards (incluindo o de Melhor Musical), o espetáculo traz um impressionante conjunto de atores/instrumentistas para contar a história do casal principal: um músico de rua irlandês que conhece uma vende-dora de flores de origem tcheca. A jovem se torna a grande responsável por dar novo signifi-cado às canções do protagonista, que há muito vinham perdendo o sentido. Uma emocionante história de amor pela música, em cartaz no Bernard B. Jacobs Theatre. Outras informações no site www.nyc.com/broadway.

O MET, Museu Metropolitano de Nova York, destaca a influência punk na moda por meio da mostra “Punk: Chaos to Couture” (“do caos à alta-costura”, em tradução livre). A relação é de longa data: desde os anos 70, o ar rebelde e instigante ultrapassou o gênero musical e foi parar na atitude, no comportamento e na forma de se vestir – in-fluenciando estilistas do peso e renome de Vivienne Westwood e John Galliano, por exemplo. A exposição reúne mais de cem peças do estilo, além de filmes e músicas da época. Destaque para a recriação do banheiro do bar CBGC, o grande berço do movimento em Manhattan, famoso por receber bandas como Ramones e Talking Heads. A exposição fica aberta até o fim de julho. Dá para saber mais no site oficial do museu: www.metmuseum.org.

MARCUS MILLERAT HIGHLINE BALLROOM

ONCE – THE MUSICAL

PUNK: CHAOS TO COUTURE

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horas vagas • iPad

Raul Parizottoempresá[email protected]

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MINECRAFT

GOOGLE TRANSLATE

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O ForeverMap 2 é um aplicativo de mapas que pode ser usado offline, sem acesso à internet. Assim, não é preciso ficar pagando tarifas de roaming de dados em viagens. O usuário pode baixar o mapa do país quando o smartphone ou tablet estiver conectado via Wi-Fi. Depois, pode localizar endereços e pontos de interesse e traçar rotas até esses lugares.

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Se você já era viciado em Minecraft enquanto só podia jogar no PC, imagine ter a possibilidade de jogar no iPad? Adeus vida social!Oficialmente foi lançada a versão de Minecraft para iPhone e iPad.Pra quem não sabe, Minecraft é um jogo eletrônico sandbox e in-dependente, que permite a construção usando blocos (cubos) dos quais o mundo é feito. O jogo envolve o manuseio do jogador, bem como a interação de vários tipos de blocos entre si, em um ambiente tridimensional. O jogador assume um personagem que pode destruir, criar ou transformar blocos, podendo fazer amontoados deles e mon-tar edifícios. Ou seja: o limite do jogo é a sua imaginação! Eis o grande segredo para o sucesso de Minecraft. (e o que explica o mais de 1 milhão de cópias vendidas)Com a versão para iPhone e iPad, o jogo só tende a se popularizar mais ainda!

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Existem centenas de tradudtores disponíveis na iTunes Store e todos prometem muito, mas o tão sonhado “tradutor universal” continua sendo ficção científica. O Google Translate, entretanto, é uma alternativa interessante para viagens internacionais quando buscamos in-formações básicas em terras estrangeiras. O aplicativo gratuito traduz textos de 64 línguas, com 17 delas aceitando comandos de voz. E em 24 línguas é possível ouvir as traduções. É muito útil e bem simples

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O comunicador oficial do Google+ unificou e invadiu as outras pla-taformas da empresa, trazendo uma única interface para Web, smar-tphones e tablets. Multiplataformas (IOS e ANDROID). É possível bate-papo por texto, compartilhar áudio, mandar fotos para grupos e usar centenas de emoticons. O ponto mais interessante desse app, entretanto, é a capacidade para criar bate-papos de grupos de até 10 pessoas em vídeo. Esse recurso pode ser muito útil, tanto para encontros on-line divertidos entre amigos, como para reuniões de negócios. E ao contrário do mais famoso app do gênero (Whatsapp) ele roda perfeitamente no iPad. Seria o Hangouts o watsapp Killer??? só o tempo irá nos dizer.

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Esqueça tudo o que você já sabe sobre jogos de cartas. Em So-litaire Blitz, você terá que usar o que já sabe sobre games de paciência e unir isso ao raciocínio rápido e agilidade nas mãos. Encontre as cartas que fazem sequência com a que está sendo mostrada no topo e ganhe pontos para passar para novas fases. Será que você consegue vencer e não ficar nervoso?

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Mal foi apresentada ao mercado e a versão em miniatura da MINOX DCC já é um dos clássicos mais cobiçados do universo da fotografia, em 14 megapixels. Projetada com detalhes impressionantes e com um formato sofisticado elegante, a nova Digital Classic Camera MINOX DCC 14,0 é um verda-deiro exemplo de primeira classe da engenharia alemã dos anos cinquenta. Os devotos da elegância atemporal e mecânica e da precisão acharão difícil resistir à aparência surpreendente da câmera. Esta pequena obra-prima genial (em uma escala de 1:3) não é nenhuma câmera digital comum e reflete a confiança de seu dono no estilo.

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O NOVOSTROKES

Em meio a tantas críticas e polêmicas, algo é in-

discutível no novo disco do Strokes: o grupo nova-

-iorquino, com músicos na casa dos trinta, já não é

o mesmo da estreia fonográfica que lançou o hit “Is

this it”, em 2001. E isso, penso eu, é uma virtude!

O “Comedown Machine”, quinto disco da banda,

lançado pela RCA, mostra um trabalho adulto, pop,

equilibrado e corajoso.

A new wave está na cabeça, assumida em to-

dos os seus desdobramentos. Fundidas essencial-

mente ao synthpop, mas também àquela herança

pós-punk que vem do Vevelt Underground, o álbum

surpreende com o excesso de guitarras e sinteti-

zadores inspirados nos 80, lembrando A-ha! e tec-

nobrega em “One Way Trigger”. Aliás, essa faixa

gerou inquietações, vê-se que a icônica banda do

indie rock está noutra onda (ou sempre esteve), livre

de rótulos e muito distante dos preconceitos previsí-

veis da crítica “roqueira” média.

Dizem que o Strokes está assimilando influência

dos trabalhos solos do vocalista Julio Casablancas,

e que isso não é bom. Mas, radicalizando uma ten-

dência do trabalho anterior – o Angles (2011) – o

novo disco bebe das fontes do pop, sem pudor e

com seriedade, nos fazendo crer que o grupo não

tem a pretensão de ser salvação do rock ou algo

assim, ideia cada vez mais esvaziada de sentido.

Chego a imaginar que a nona canção do Comen-

down Machine, a inebriante “Chances”, poderia

estar facilmente num álbum do Tears For Fears ou

numa FM convencional, largadas sem causar es-

tranhamento na companhia de outras de padrão

oitentista.

Fechando o percurso, a letárgica “Call It Fate

Call it Karma”, lembra João Donato e bolero latino,

numa mixagem elegante, com as guitarras de Al-

bert Hammond Jr e Nick Valenci em primeiro plano,

sobre a voz caprichada de reverbs dos anos 50 de

Casablancas.

A nova onda (já nem tão nova assim) é beber no

velho, que de tão velho tem vida. A new wave é a úl-

tima grande morte da música pop, logo é a grande

música moderna, por excellence. Strokes tá mais

vivo do que nunca. O rock, o indie... já não se sabe.

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Alan Bordallo

Não faz muito tempo que a internet era vista

como a válvula de escape para a criativi-

dade do usuário e quem a acessava. Com

possibilidades múltiplas de expressão, a ferramenta

servia tanto para o aluno de comunicação social que

alimentava seu blog, com artigos autorais ou rote-

ando conteúdo, como para o fotógrafo divulgar seu

trabalho, o músico propagar seu som ou o radialista

aumentar seu público – e assim por diante. Porém a

liberdade editorial do meio e a interação com quem

buscava aquela informação, começou a seduzir

aqueles que optaram por trabalhar na internet. E a

rentabilidade sedimentou definitivamente a platafor-

ma, que hoje compete com a televisão, sobretudo

para os produtores de conteúdo do mercado de en-

tretenimento, que vêm ocupando este novo nicho.

Foi a partir de um blog que Rodrigo Fernandes

passou a enxergar a internet como algo além do la-

zer. O ano era 2004 e o referido blog era o “Jacaré

Banguela”, que até hoje é um dos líderes em aces-

sos na blogsfera (que já foi um termo muito em voga

nos 2000 e poucos) brasileira. O Jacaré Banguela foi

criado por quatro amigos, mas se tornou popular sob

a administração de Rodrigo e Fred Fagundes, que

juntos formataram as seções que caíram no gosto

dos usuários – e que até hoje existem no site. Mas

foi em 2006 que a perspectiva dos criadores sobre

seu próprio produto mudou. “O primeiro anúncio que

tivemos foi o do “Bar da Boa”, da Antarctica. Entrou

uma grana pequena, mas naquela época anunciar

na internet era algo novo para as marcas também”,

lembra Rodrigo. Para ganhar aquele suado dinhei-

rinho, ele e o sócio enfrentaram uma viagem de

Cuiabá ao Rio de Janeiro, só para fazer o “frila”, de

ônibus. Mas as estimadas 36 horas nas rodovias do

país e o objetivo final mudaram a percepção deles

sobre o mercado que se abria.

Dali em diante Rodrigo passou a enxergar as for-

mas de tornar rentáveis os negócios na internet. E

se beneficiou das possibilidades de inovar com pro-

dutos que ainda eram pouco explorados na platafor-

ma do blog. Passou ele próprio a produzir conteúdo

de vídeo para o blog, com formatos variados, mas

sempre mantendo a tônica do entretenimento e,

particularmente, do humor. Até que ousou e decidiu

explorar um formato típico da televisão na internet: o

talk show. “Sempre assisti ao Jô (Soares) e achava

interessante a facilidade de ele entrevistar pessoas

importantes, cultas e viajadas ou pessoas simples

no mesmo programa e manter a qualidade da en-

trevista”, diz ele, que inicialmente não considerava

seu perfil o ideal para um quadro do gênero. Porém,

ao ter contato com o amigo Danilo Gentili, que vem

de uma “escola” diferente de Jô Soares, e que na

época lançava seu “Agora é Tarde”, ele mudou de

opinião. “Fui aos programas pilotos, participei e dei

opiniões. E vi que não precisava ser ‘o’ Jô, que dava

para ser diferente. O estímulo que faltava veio quan-

do o blog parceiro “Jovem Nerd”, outro que também

fazia muito sucesso, montou, na mesma época, um

quadro de vídeo para internet. Assim nasceu o JB

Fora do Ar.

Ri$adasnegociáveisDo simples entretenimento à possibilidade de novos negócios: a internet é terreno propício e fértil para os “coletivos”, produtoras de vídeo que prosperam no campo virtual.

»»»

94www.revistalealmoreira.com.br

LiberdadePercebendo a abertura de uma porta para um hu-

mor mais escrachado, atores, roteiristas, diretores e

blogueiros se uniram para criar o canal “Porta dos

Fundos”, que se notabiliza por dominar a liberdade

que a internet proporciona. O vídeo de estreia do

Porta dos Fundos – hoje com quase seis milhões de

acessos – provocou risadas ao ironizar a forma de

atendimento de uma famosa rede de fast food na-

cional. Como resposta, a rede procurou a produtora

e encomendou vídeos semelhantes – oferecendo um

restaurante da rede como locação para as filmagens

seguintes. Os outros vídeos também registraram mi-

lhões de acessos. O humor da produtora, aliás, não

respeita limites, senão os dos próprios criadores dos

esquetes. Temas que são tabus, como religião, ho-

mossexualidade e drogas, já foram abordados em

vídeos sem constrangimento. Eventuais críticas exis-

tem, principalmente nas caixas de comentários, mas

em número quase desprezível, se considerado o nú-

mero de visualizações. O “Porta dos Fundos”, que

une personagens famosos da internet como Antonio

Tabet (do blog Kibe Loco), Fábio Porchat e Gregorio

Duvivier (atores e comediantes) já nasceu rentável na

internet e não pensa em ir para a televisão. “Já esta-

mos onde queremos estar”, disse o diretor Ian SBF

em entrevista ao programa Roda Viva.

NostalgiaNa internet há espaço também para filões pou-

co explorados. Basta aguçar seu olhar e perceber

a demanda que precisa ser suprida para se tornar

hit na web. Felipe Castanhari achou e hoje conquista

sucesso no canal FeCastanhari explorando o tema

Nostalgia, como batizou a série de vídeos em que

aborda temas da cultura pop nacional e internacional

do fim dos anos 90 até hoje. Mas ele lembra que no

início foi difícil fazer as pessoas abraçarem as lem-

branças do passado. “O primeiro vídeo que fiz foi do

Sonic (personagem de um videogame da SEGA).

Não deu muito certo. Depois fiz mais quatro vídeos

até o canal dar uma alavancada. Quando usei uma

edição mais refinada o vídeo conseguiu 60 mil visu-

alizações”, lembrou ele, sobre o vídeo sobre a TV

CRUJ, extinto programa de desenhos animados, que

ia ao ar pelo SBT.

Na época, o formato Vlog era o que mais fazia

sucesso na web, no embalo de vloggers como Fe-

95

lipe Neto e PC Siqueira. Mas aí ele percebeu a

diferença fundamental entre televisão e internet:

enquanto quem trabalha com entretenimento na

TV agrega a boa remuneração à popularização

da própria imagem, na internet ele não gozava

de nenhuma das duas formas de prestígio. “No

começo foi bem complicado. Demorou mais ou

menos uns cinco meses para estabilizar. Tive que

vender meu carro para fazer aquela aposta”, dis-

se. Porém, aos poucos o dinheiro foi começando

a entrar, e desde o fim do ano passado Castanhari

sobrevive tranquilamente do trabalho dedicado à

internet. “Acho que a grande dificuldade é mesmo

a de fidelizar o público. Pegar aquele cara que as-

siste um vídeo e não volta, a transformar ele em

visitante assíduo, fazer ele se inscrever no canal,

te acompanhar em todos os lugares”, ensinou.

Hoje, os vídeos nostálgicos de Castanhari regis-

tram entre 200 e 300 mil visualizações.

Outros fatores ainda devem ser levados em

consideração, como a instabilidade da platafor-

ma que trabalha. Na maioria dos casos, esta pla-

taforma é o YouTube, que passa por constantes

mudanças em busca de aperfeiçoamento – o que

nem sempre vai de encontro às necessidades

dos usuários. “O YouTube vive mudando. O modo

de contabilização de visualizações mudou e pre-

judicou muita gente. O ideal é não depender de

uma plataforma sobre a qual não temos 100% de

controle”, diz Castanhari, que agora investe em

um site próprio para o “escoamento” da produ-

ção.

Há também que se levar em conta os custos

da produção. Apesar de adorar ser o próprio edi-

tor e diretor, Rodrigo Fernandes não é lá muito fã

dos custos que envolvem a produção do quadro

JB Fora do Ar, por exemplo. “São quatro cine-

grafistas, um técnico de som, aluguel de teatro,

dificuldades com produção”, disse Rodrigo, enu-

merando os motivos pelos quais flerta com a tele-

visão e evidenciando o fim de um antigo dilema.

“Antigamente existia esse negócio de falarem que

você está se vendendo se arranja um patrocínio

ou trabalha para a televisão. Mas ninguém está se

vendendo para uma marca. Se a marca acredita

no que faço ela é a minha parceira”, concluiu.

Disponíveis nas Lojas Yamada Plaza, Presidente Vargas, Ananindeua, Castanhal e Salinas.

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A charmosa Avenyn fi ca no coração de Gotemburgo e é repleta de lojas, restaurantes e cafés

99

Na costa oeste da Suécia, Gotemburgo é a

segunda maior cidade do país, com cer-

ca de 938 mil habitantes na região me-

tropolitana e que conta com vibrantes atrações –

culturais, históricas e naturais. Os habitantes são

gentis, simpáticos e solícitos e todo mundo fala

inglês – em uma recente pesquisa, a Suécia foi

apontada como o país de língua não-inglesa onde

as pessoas têm o melhor nível do idioma.

Na cidade conhecida como “Lilla London” (Pe-

quena Londres), por ter atraído muitos negocian-

tes ingleses e escoceses no século 19, o turista

poderá descobrir o melhor da arte nórdica e a

história dos vikings nos museus; entrar em contato

com a fauna e a flora locais nos diversos parques

espalhados pela cidade e desfrutar das maravi-

lhosas ilhas do arquipélago ao sul da cidade, com

lindos campos de lavanda e praias de mar calmo

entre as rochas, que são destinos obrigatórios dos

moradores no verão.

A comida local é outro ponto alto: com muitos

peixes – como salmão, arenque e bacalhau – e

frutos do mar, além das indefectíveis almôndegas.

Visitar os cafés e tomar um espresso ou um café

latte é programa obrigatório e tem até um verbo

próprio em sueco, “fika”.

É fácil movimentar-se por Gotemburgo, que

possui uma eficiente rede de bondes elétricos –

são 13 linhas que cobrem toda a cidade – e ôni-

bus. Uma dica é comprar o cartão da Västtraffi-

ck, empresa oficial de transporte, e carregar com

dinheiro ou cartão nos locais autorizados. Outra

maneira fácil de deslocar-se pela cidade é alu-

gando uma bicicleta. Gotemburgo conta com 460

km de ciclovias.

Apesar de fazer parte da União Europeia – turis-

tas brasileiros não precisam de visto –, o país não

adotou o euro. A moeda local é a coroa sueca. A

melhor época para visitar a cidade é entre maio e

setembro – durante a primavera e o verão euro-

peus. A temperatura média no verão é de quase

19 graus. Veja abaixo as principais atrações da

cidade divididas por temas: Museus, Arquipéla-

go, Comida, “Fika”, Parques e Jardins e Passeios.

Boa viagem!

Gotemburgo e seus museusO principal é o Konstmuseum (Museu de Arte),

que tem a principal coleção da virada do século

19 de arte nórdica, com três estrelas no Guia Mi-

chelin Verde. Estão lá obras de artistas escandina-

vos importantes como Edvard Munch, Carl Lars-

son, Anders Zorn, Ernst Josephson, P.S. Kroyer e

Lena Cronqvist.

Gotemburgo,umajoiasueca

Augusto Pinheiro

A frase que ostentamos no subtítulo desta matéria (de autoria de um austríaco, o escritor e jornalista Karls Kraus, 1874-1936) poderia soar como um exagero. Não quando se trata de Viena.

divulgação

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Para entrar em contato com a história dos vikings

– e da cidade de Gotemburgo –, é recomendada

uma visita ao Stadsmuseum, o Museu da Cidade,

que tem em seu acervo o único barco viking ex-

posto na Suécia, o Äskekärrsskeppet, encontrado

por um fazendeiro quando drenava o rio Göta, e o

único do mundo com inscrições rúnicas. Há ainda

diversos objetos do período viking e painéis contan-

do a história dos deuses nórdicos. As exposições

permanentes cobrem 12.000 anos de história,

desde a Idade da Pedra até o século 20.

Para quem curte design, moda e decoração, a

opção é o Röhsska Museum, com uma incrível

exposição permanente que conta a história do de-

sign, de 1851 aos dias atuais. O edifício, em es-

tilo romântico nacionalista, foi projetado por Carl

Westman e inaugurado em 1916 e tem em seu

interior uma grande coleção de arte e artesanato

chineses, do século 18 até a atualidade.

Outros museus interessantes são o Världskul-

turmuseet (Museu da Cultura Mundial), com di-

ferentes exposições sobre temas globais, e o

Sjöfartsmuseet (Museu da Navegação), com ma-

quetes de barcos antigos, um aquário e o lindo

hall com uma coleção de figuras de proa.

ArquipélagoDurante a primavera e o verão – a temporada

vai de maio a setembro –, um dos principais desti-

nos dos turistas é o arquipélago ao sul de Gotem-

burgo, com belíssimas ilhas e praias paradisíacas

e de fácil acesso de barco, a partir do terminal de

Satlholmen. O melhor é que o visitante pode usar

para os barcos o mesmo bilhete que usa para os

bondes/ônibus. Entre as mais de 30 ilhas, uma das

mais conhecidas (e tema de canção) é Brännö, a

apenas 20 minutos de distância da cidade. Com

suas pitorescas casinhas coloridas de madeira e

ovelhas pastando livremente, a ilha oferece trilhas

em meio à natureza selvagem. Uma dica é cami-

nhar até a ilha vizinha, Gälterö, desabitada e com

pequenas praias entre as rochas. O mar é calmo,

como uma piscina. Leve comida e passe o dia lá!

Já Styrsö é a maior ilha do arquipélago. Foi um

importante balneário no século 19, e as marcas

do passado estão lá: grandes casas de veraneio,

O passeio de Paddan revela um outro lado da cidade, a partir do canal

www.revistalealmoreira.com.br

foto www.goteborg.com/Kjell Holmner

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parques e a plantação “Arbores skog”. Ao redor

da igreja, fica a antiga vila, com construções em

ruelas estreitas. Durante o verão há vários concer-

tos na igreja. Na parte sul há praias de água rasa,

campos de lavanda e orquídeas. Entre as pedras

há lugares para piqueniques e pontos com lindas

vistas. Para quem quiser se hospedar lá, há op-

ções de hotéis, além de restaurantes e cafés.

A ilha mais distante do continente, Vrångö, tem

as melhores praias e é uma reserva natural des-

de 1979. As brancas barracas de madeira, para

guardar equipamentos náuticos, estão espalha-

das por todo o porto. Tanto no norte, quanto no

sul da ilha há trilhas que cortam a reserva natural.

É uma oportunidade para conhecer a fauna e a

flora locais. Há uma grande variedade de pássa-

ros, cerca de 60 espécies que se reproduzem lá –

como gaivotas, aves de rapina e corujas. Também

dá para ver focas! A praia mais popular? Nöthol-

men, no sul.

ComidaGotemburgo foi eleita em 2012 a Capital da Co-

mida da Suécia. E não foi por menos. A cidade os-

tenta nada menos que cinco restaurantes com es-

trela no renomado Guia Michelin: 28 +, Fond, Kock

& Vin, Thörnströms Kök e Sjömagasinet. Além do

mais, a localização geográfica, na costa oeste do

país, garante acesso a peixes e frutos do mar da

melhor qualidade. A região também produz dife-

rentes tipos de “berry”, cogumelos e laticínios de

alta qualidade. O sucesso da culinária local está

na combinação de tradicionais pratos suecos com

novos sabores e ideias de todo mundo.

Uma vez em Gotemburgo, não deixe de provar

as delícias típicas: arenque marinado, almônde-

gas e o famoso “smörgås” (sanduíche) de cama-

rão – no pão aberto, com maionese e endro. Os

doces também são deliciosos: como os tradicio-

nais “kanelbulle” (pão de canela) e “semla” (pão

com creme de cardamomo recheado com pasta

de amêndoas e chantilly).

Os mercados são visitas obrigatórias. O merca-

do do peixe, Feskekörka, oferece peixes e frutos

do mar frescos e conta ainda com restaurantes

para experimentar as delícias ali mesmo. Já o

mercado Saluhallen tem de tudo: carnes, embu-

tidos, doces, massas, queijos etc. Restaurantes

Acima, o bairro histórico de Haga convida para um passeio: lojas de artesanato e antiguidades e charmosos cafés.À esquerda, peixes, como o salmão, o arenque e o bacalhau, e frutos do mar estão entre as delícias suecas.

foto www.goteborg.com/Göran Assnerfo

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também oferecem excelente comida a um bom

preço e são concorridos na hora do almoço.

“Fika”Em Gotemburgo sair para tomar café com os

amigos é algo tão arraigado que existe até um ver-

bo em sueco para a atividade: “fika”. Assim, os lo-

cais dizem “vamos ‘fika’ hoje?”, por exemplo. E Go-

temburgo tem cafés charmosíssimos que tornam a

tradição ainda mais agradável.

No histórico e charmoso bairro de Haga, há o

Husaren, com decoração original do século 19 e

uma enorme variedade de bolos e doces, incluin-

do o maior pão de canela da cidade, e um forte

espresso, no melhor estilo italiano. Já no centro da

cidade, fica o Språkcaféet, com estantes cheias

de livros em várias línguas, um staff internacional

e simpaticíssimo e mesas para praticar diferentes

idiomas.

Na mesma região, o Bar Centro serve o melhor

cappuccino da cidade. Outra boa opção é o Santo

Domingo, que só trabalha com produtos orgânicos

e que divide o espaço com uma loja de discos, a

Dirty Records. Há até pocket shows às sextas-feiras.

Parques e jardinsQuer conhecer os animais típicos da Suécia?

O parque Slottsskogen tem em sua estrutura um

jardim zoológico com alces, cavalos, focas e pin-

guins, entre outros. O local é uma grande área de

recreação, com um bosque, lagos (que ficam con-

gelados no inverno), grandes árvores antigas e um

concorrido playground. É um lugar perfeito para fazer

piquenique e praticar esportes, além de curtir o sol

nos meses de primavera e verão. Também é um

dos preferidos pelos moradores para fazer jogging

e caminhadas, atividades que os suecos não dis-

pensam nem no inverno, quando as temperaturas

são negativas.

É natural que no país de Carl von Linnée, um dos

maiores naturalistas e botânicos do mundo, este-

ja um dos principais jardins botânicos da Europa.

Inaugurado em 1923, em comemoração ao 300°

aniversário da cidade, o Jardim Botânico de Gotem-burgo tem 175 hectares de área total e cerca de 30

km de trilhas, com 16 mil diferentes espécies de

plantas do mundo inteiro. Vale a pena visitar o Ar-

boretum, com árvores e arbustos de todo o mundo,

o Jardim dos Rochedos, com 5 mil plantas, o Vale

A ilha de Styrsö é uma das mais concorridas na temporada de primavera/verão em Gotemburgo

O centro de ciência Universeum, em primeiro plano, e as Gothia Towers ao fundo, que proporcionam uma vista magnífi ca de Gotemburgo

foto www.goteborg.com/Göran Assnerfo

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Japonês e as estufas, com 4 mil plantas variadas,

incluindo 1.500 orquídeas e a Toromiro, uma árvore

rara da Ilha da Páscoa.

Já imaginou passear por um jardim com 2.500

rosas? Isso é possível na Sociedade Horticultural

de Gotemburgo (Trädgårdsföreningen), um jardim

ornamental criado em 1842 e cujas instalações fo-

ram restauradas em 2008, com adições contem-

porâneas. As rosas desabrocham na primavera. A

magnífica Palm Huset (Casa das Palmeiras) foi ins-

pirada no histórico Crystal Palace de Londres. Lá é

possível encontrar uma enorme variedade de plan-

tas tropicais, em um ambiente climatizado, inclusi-

ve várias do Brasil. A seção dedicada às camélias

mostra uma enorme variedade dessas flores, com

seu colorido e diferentes formatos. Há um café e

restaurante dentro do parque, para uma estratégica

pausa.

Passeios• Um passeio mais que obrigatório é pela Kun-

gsportavenyn, chamada pelos locais apenas de

Avenyn, a artéria principal da cidade – um grande

boulevard com restaurantes, cafés, clubes e lojas. Foi

criada nos anos de 1860, como parte do plano de

expansão da cidade, resultado de um concurso in-

ternacional. A casa mais representativa desse perí-

odo, a Landshövdingehusen, foi construída no final

do século 19. Possui três pisos, dos quais o primei-

ro andar é em pedra e os restantes, em madeira.

No início da avenida, fica o Stora Teatern (Grande

Teatro), o mais antigo da cidade, fundado em 1859

em estilo neorrenascentista. Apresenta peças de

teatro, shows e concertos nacionais e internacio-

nais. No final dos 2 km da Avenyn localiza-se a pra-

ça Götaplatsen, em estilo neoclássico, construída

no início dos anos 1920, quando a cidade come-

morou 300 anos. Nela encontram-se várias institui-

ções culturais, como o Konstmuseum e a sala de

concertos Konserthuset.

• A atração turística mais popular da cidade é o

parque de diversões Liseberg, o maior da Escandi-

návia, que atrai três milhões de visitantes cada ano.

Tem 35 atrações, teatro, pista de dança, restauran-

tes e salas de jogos. Entre os brinquedos estão a

montanha-russa Lisebergsbanan, o Flumeride (es-

corregador aquático de canoas), o Kållerado (raf-

ting em botes circulares), o Balder (montanha-russa

Brännö é uma das paradisíacas ilhas do arquipélago de Gotemburgo, com uma natureza deslumbrante e praias entre as pedras

foto www.goteborg.com/Göran Assner

Área: 450 km²Ano de fundação: 1621População (região metropolitana): 938.580Hora do nascer do sol e do pôr do sol no dia 21 de junho: 4h14 e 22h14Hora do nascer do sol e do pôr do sol no dia 22 de dezembro: 8h58 e 15h24Temperatura média: - 1°C em janeiro e 18,8°C em julhoNúmero de rosas do Jardim das Rosas: 2.500Árvores: 5 milEspaço verde por habitante: 175 m²Museus: 20Bondes: 237Barcos para transporte público: 9Ciclovias: 460 kmRestaurantes com 1 estrela no Guia Michelin: 5Aeroportos: 2Universidades: 2Estudantes: 60 milVisitantes por ano ao Parque de Diversões Liseberg: 2.900.000

GOTEMBURGO EM NÚMEROS

104

em madeira) e o Kanonen (montanha-russa com

looping). Abre de abril a outubro e em novembro e

dezembro, com a magia do grande mercado na-

talino. O parque é então decorado por quase cinco

milhões de luzes de Natal.

• O histórico bairro de Haga, do século 19, é o

mais charmoso de Gotemburgo, com suas típicas

casas de três andares – o térreo de pedra e os dois

superiores de madeira – e ruas de paralelepípedo.

O bairro tem vários cafés e lojas de artesanato e de

antiguidades, entre outras.

• Um passeio pelos canais no famoso barco Pa-

ddan oferece uma perspectiva diferente da cidade.

O tour, com guias divertidos, passa por baixo de

20 pontes pelos canais construídos no século 17 e

chega ao rio Göta, onde fica o porto antigo. Para

passar por uma das pontes, conhecida como “cor-

tador de queijo”, os passageiros têm que sentar no

chão do barco e abaixar as cabeças. No caminho

é possível ver edifícios antigos e grandes marcos

da cidade, como a Casa de Ópera, o antigo esta-

leiro e o ancorado “navio viking”, com um bar e um

restaurante.

• Outra opção de passeio marítimo é o barco

Älvsnabben, que cruza a área do porto do bairro

central Lilla Bommen, onde está a Casa de Ópe-

www.revistalealmoreira.com.br

O imperdível mercado de Natal no parque de diversões Liserberg, a atração mais visitada da cidade

O Trädgårdsföreningen conta mais de 2.500 rosas, além da incrível Palm Huset.

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foto www.goteborg.com/Jorma Valkonen

ra, até a reserva cultural Klippan. Do deck superior

dá para se ter uma linda vista da cidade: o bairro

Eriksberg, com seus novos edifícios, e o bairro de

Lindholmen/Lundbystrand, com seus prédios mo-

dernos e inovadores que abrigam instituições de

ensino e escritórios. Pode ser usado o cartão nor-

mal de transporte.

• Essa é uma grande surpresa para os paraen-

ses: encontrar um pedaço da floresta amazônica

na Suécia. É isso mesmo. Dentro do centro de ci-

ência Universeum, há uma reprodução do ecossis-

tema, com plantas típicas da nossa região, além

de guarás, micos e arraias de água doce. Mas lá

também podemos conferir a fauna e flora locais.

O Water’s Way é um modelo vivo das paisagens

suecas de norte a sul – uma rota que passa pe-

las montanhas, através de florestas, lagos e pedras

calcárias e pelos mares Báltico e do Norte. Nos tan-

ques é possível ver peixes típicos da região. Uma

réplica de uma casa de castor e pequenos animais

também compõem o espaço. Na Ocean’s Zone,

grandes aquários contam com tubarões, arraias gi-

gantes, moreias e o incrível peixe-serra. Há ainda

uma seção com cobras venenosas, além de um

espaço todo dedicado a atividades espaciais com

modelos de naves.

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O Konstmuseum no fi nal da Avenyn, a principal artéria da cidade

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Évora

enquanto isso

Évora não é apenas um dos maiores municípios

portugueses em extensão territorial: é também ca-

pital do distrito homônimo e a principal cidade da

região que ocupa um terço do país, o Alentejo. Ao

falar de Évora, remontamos a uma ocupação re-

gistrada de mais de 4000 anos. Os monumentos

megalíticos nos arredores da atual cidade são pro-

va da ocupação da região em períodos compre-

endidos entre o terceiro e o segundo milênios a.C.

Uma das principais riquezas culturais de Évora

é ter registros de diversas fases de sua ocupação

como os citados sítios arqueológicos. Mas é a par-

tir da ocupação do Império Romano, aproximada-

mente dois séculos a.C., que a cidade começa o

seu desenvolvimento com o estabelecimento do

primeiro núcleo urbano num ponto ligeiramente

mais alto daquela planície, o que proporciona o

alcance visual de muitos quilômetros a partir da ci-

dade, elemento fundamental para a defesa contra

invasores. Desse período, destacam-se as ruínas

do Templo Romano no cume da urbe, o lugar pro-

pício para os cultos imperiais. Estes, por sua vez,

eram uma estratégia de centralização e unificação

do poder do Império Romano através da devoção

aos Imperadores mortos, tratados como divinda-

des.

No século III d.C. foi erguida a primeira muralha

de proteção da cidade, quase totalmente destru-

ída pelos visigodos, mas da qual ainda há res-

quícios. Entretanto as muralhas que até hoje cir-

cundam Évora foram erguidas (numa área mais

ampla que a anterior) pelos islâmicos quando da

dominação da Península Ibérica na Idade Média.

E a partir da ocupação muçulmana a cidade pas-

sou a se desenvolver e já era um núcleo urbano

bem desenvolvido quando da sua (re)conquista

pelos cavaleiros do Rei D. Afonso Henriques (o fun-

dador do reino e seu primeiro rei), liderados pelo

destemido Geraldo Geraldes, o “Sem Pavor”. Dom

Afonso Henriques, exímio estrategista de guerra

e, por isso, reconhecido como “O Conquistador”,

tornou-se competente até mesmo em conquistar

cidades protegidas, como era o caso de Évora,

pois costumava sitiá-las até que os ocupantes de-

sistissem por sofrerem por falta de abastecimento

e, consequentemente, doenças.

A cidade foi fundada, oficialmente, em 1166. É

verdade que a cidade já existia há mais de um mi-

lênio, mas a partir deste ano ela ganhou o status

de cidade homologado pelo reino daquele que, afi-

nal de contas, após tantas ocupações e conquis-

tas, viria a ser o seu país. A partir de então, com o

governo cristão, muitas igrejas foram construídas,

principalmente em estilo gótico português. A Sé de

Évora, imponente catedral próxima às ruínas do

templo romano e o palácio real (para temporadas)

datam dos últimos séculos da Idade Média.

O ápice de importância da cidade coincide com

o período dos descobrimentos. Como os reis gos-

tavam de passar longas temporadas na cidade,

famílias nobres se mudaram para lá. Os reis trou-

xeram muito da pompa da corte e Évora “sofreu”

um embelezamento, com mais destaque para as

praças, a criação de um grande jardim público e

outros menores para os passeios. Houve um gra-

dativo aumento das atividades artísticas. Esse fu-

ror intelectual e a influência dos jesuítas levou-os

a criar a, no século XVI, Universidade de Évora,

motivo de minha permanência privilegiada nesta

cidade. Muitos edifícios com características ma-

nuelinas e renascentistas começavam a dar ou-

tros ares à paisagem. A cidade tornou-se, por-

tanto, um polo de diferentes estilos. Essa é, sem

dúvida, a principal característica de Évora hoje e,

certamente, um dos elementos fundamentais para

ter o título, atribuído em 1986, de Patrimônio da

Humanidade pela UNESCO.

Enquanto muitas cidades pequenas e de médio

porte de Portugal apresentam decréscimo da po-

pulação de jovens, Évora, como típica cidade uni-

versitária, possui uma juventude muito ativa.

Évora modernizou-se, conectou-se ao mundo mo-

derno sem perder a essência que a faz tão espe-

cial: a multiplicidade. É como se os hábitos alen-

tejanos, o sotaque típico e a cozinha farta fossem

os patriarcas, aqueles avós que dizem “temos os

nossos modos”, mas que deixam os netos e seus

aparelhos conectados à internet dividirem espaço

com os móveis e artigos de decoração das gera-

ções antigas. Évora é um “tudo ao mesmo tempo

agora”, cheio de história, a casa para a qual o con-

quistador, marinheiro do céu e da terra, explorador

sem limites, quer sempre voltar.

André CorujaMúsico

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Saulo Sisnandoescritor

Porque eu te amei.Eu não te amei pelo teu andar de pássaro,

nem pelos teus gestos raros,

nem pelo teu hálito de Halls preto,

nem pelos teus olhos, que piscavam em tempos diferentes.

Não te amei pelos filmes que vimos juntos, nem pelos textos que leste pra mim.

Meu amor por ti, não transitava pelas tuas mãos que alisavam meus cabelos, nem pelo

sonho de nos mudarmos daqui.

Não tinha a ver com os presentes dados...

Sempre errados:

ou frouxos demais, ou apertados demais.

Não importava, pois tuas digitais na embalagem eram mais

extraordinárias do que o tamanho certo da roupa.

De fato, eu quase te amei pelo vento... Que balançava o meu lençol quando, de madru-

gada, te levantavas da cama e ias embora... Abrindo a porta e deixando formar uma

corrente de ar no quarto.

Não te amei pelos teus atrasos, nem pelo teu gosto musical. Não te amei pelo teu beijo,

nem pelo teu corpo longo e perfeito, cheio de estrias de quem cresceu demais. Não te

amei pela bagunça que fazias em meu coração, nem pela maneira como posicionavas

o banco do meu carro, deixando o assento quase deitado.

Não te amei pelas festas que foste sozinho, nem pelo teu companheirismo; ou tua saliva

doce, ou pelas lágrimas tão presentes no nosso amor.

Não te amei pelo jeito como eras quando estavas comigo ou pelo meu espírito... Sem-

pre conectado com Deus quando eu estava ao teu lado.

Eu não te amei porque simplesmente dormiste tantas vezes em minha companhia, ou

porque foste a única pessoa que consegui continuar amando mesmo na inconsciência

do meu sono.

Eu não te amei porque equilibraste minha cama. Nem por teres sido o mais perfeito

contrapeso que eu poderia ter pedido ao universo. E não foste apenas o contrapeso de

minha cama. Mas o contrapeso certo de minha vida.

Eu não te amei porque tu me amavas...

Ou porque te deixaste ser amado...

Ou pela certeza de ser deixada em breve...

Eu te amei por nada...

Eu te amei, apenas, porque tu eras tu. E eu amava a ti e só a ti.

Eu te amei porque foste o Heathcliff de minha Katherine, o Riobaldo de meu Diadorim e

o Dirceu de minha Marília.

Eu te amei, pois ao teu lado eu não tinha mais medo de morrer. Meu único temor era

que tu fosses antes de mim, pois tua ausência eu jamais saberia suportar.

Eu te amei, porque dormindo eu rezava baixinho, pedindo para os mosquitos picassem

a mim, e não a ti. E deus me ouvia. Pois nunca acordaste, mesmo nas noites de inverno.

Eu te amei, porque pensei que seria eterna.

Te amei, porque nunca mais amei alguém. Porque teus olhos não brilham nos olhos de

ninguém, outras bocas não têm teu gosto e as mentes alheias parecem tão quietas.

Te amei por tudo... e por tão pouco.

Eu te amei porque nunca te pedi nada... E mesmo assim me deste tanto.

Mas sempre tão escondido

...

nas entrelinhas dos teus gestos.

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gourmet

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Joan Roca no El Celler de Can Roca, restaurante eleito o melhor do mundo, pela revista Restaurant

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sabores

Maria Rivera VázquezTradução: Lorena Filgueiras

Acerbi Moretti Photography

Afábricade

Um dia no “El Celler” ou descobrindo a arte de cativar paladares sob três perspectivas diferentes e surpreendentemente iguais.

Você olha ao seu redor e percebe o autocon-

trole, o “bem fazer” de todas as coisas. Eles

preparam, separam, lavam: o ritual está come-

çando. São 10 da manhã e a vida está presente na

cozinha majestosa do El Celler de Can Roca.

Dizem ainda na entrada: “terça-feira é o dia de tra-

balho. Dia também aberto à Imprensa e, por isso mes-

mo, de trabalhar com mais concentração”. Quem di-

ria! Quando é um ir e vir sem cessar de pessoas (mas

um ir e vir de gente que sorri), o que faz o visitante

se sentir à vontade é justamente quando Joan Roca

se aproxima e afirma que “a relação foi ampliada até

abarcar toda a equipe do restaurante. Graças a minha

mãe e meu pai é como uma grande família”.

Cortar, misturar, modelar... Tudo com a precisão de

um pintor que deseja, com seu pincel macio e fino,

expressar a vivacidade de um olhar... Assim sentimos

que algo grande está se formando. Aqui nada é deixa-

do aos caprichos do acaso. Tudo é preparado e revis-

to. O chef não está presente, mas o cuidado e asseio,

frutos de um bom ensino, são notados.

A gestão dos “tempos”, da ordem e do design es-

tão programados. E é por isso que El Celler não é um

restaurante qualquer: não se vai lá apenas para comer,

vai-se ao El Celler para “viver uma experiência gas-

tronômica”. “As pessoas vêm com o coração aberto,

com esperanças e expectativas que não se podem

frustrar”, diz Joan.

No total, 35 pessoas trabalham na cozinha e 18 no

serviço do salão. Com esta quantidade de pessoas

trabalhando juntas, é inevitável perguntar “como se

administra isso?”. Joan responde tranquilamente: “É

muito fácil quando há paixão, amor, generosidade,

compromisso com a criatividade; o que administra-

mos são emoções, não dinheiro. Na verdade a gestão

de recursos, de tempo, de treinamento, talvez sejam

coisas pouco tangíveis, mas muito importantes”.

Dos cozinheiros, metade são companheiros e a

outra metade, “de casa”. As pessoas vêm de todo

o mundo para aprender com os três irmãos, e para

compartilhar habilidades culinárias. A soma do diálogo

entre Jordi, Josep e Joan, cada um com sua discipli-

na, forma o que nós já sabemos: o primeiro prêmio

de melhor restaurante do mundo pela revista britânica

“Restaurant”, e “Três estrelas Michelin”.

Perguntamos qual é a sensação de estar no topo

e percebemos que a visão é presente, mas, sobretu-

do, voltada para o futuro. “Não paramos para pensar

quão bonitos somos”. Eles caem na gargalhada. “So-

mos muito gratos. É o que dá sentido a tanto esforço.

Ficamos lisonjeados e gostamos, mas isso não nos

cega porque senão estaríamos perdidos”, diz Jordi,

o chef pâtissier. Josep, o sommelier, acha que o su-

cesso é consequência da situação de estar consciente

da realidade que estão vivendo. “Devemos desfrutar e

aproveitá-la para mostrar nossa maneira de ser, para »»»

114114www.revistalealmoreira.com.br

projetar a proximidade”. E completa: “para fazer bem”.

A filosofia é uniforme, uníssona para as três rochas

– ou Rocas – do El Celler: pensar no futuro que lhes

espera desde agora, quando não têm muito a pro-

var e sim para criar e surpreender, sem deixar nada

de fora. Percebe-se, uma vez dentro do restaurante,

que a criatividade nunca foi tão grande como agora.

As possibilidades são infinitas. “Este é um celeiro de

ideias. Investimos tempo pensando muito bem sobre o

que faremos. Nunca fomos tão criativos como agora.

Também temos todos os meios a nosso favor. Então,

cada vez que fazemos (criar), o fazemos com mais li-

berdade”.

Desta liberdade nasce uma ideia nova, uma fusão

de videoarte, música ao vivo e uma seleção de pra-

tos: El Somni, o sonho. “Uma obra de doze pratos, um

banquete em doze atos com doze pessoas, um traba-

lho totalmente multidisciplinar, o analógico, digital, real,

cibernético e que fala de alimentos, de gastronomia”,

explica Joan, completamente animado. No El Somni

há poesia, 3D, canto, filosofia, pintura, cinema, música

e cozinha. “Buscamos um simbolismo místico. O nú-

mero 12, como um todo. Doze era o centro de tudo, o

símbolo de algo místico. Que é toda a magia, psíqui-

ca, geométrica”, diz Joan; e continua, ao afirmar que

querem “juntar todas as artes para chegar a um tempo

máximo de beleza” (o El Somni aconteceu, pela pri-

meira vez, no dia 6 de maio, em Barcelona – dias antes

desta reportagem).

A qualquer momento, conversando com os três ir-

mãos Roca, é perceptível o desejo de explorar, de ir

além – o que conduz os visitantes a quase viverem o

sentimento de uma emoção sensorial mais forte.

Observamos, portanto, que o afã exploratório é sur-

preendentemente desenvolvido pelos três irmãos, e

ele certamente conduzirá a uma embriaguez dos sen-

tidos de seus comensais.

Sua cozinha contemporânea e os elogios não são só

resultados dos 26 anos que eles têm trabalhado, mas

um prêmio ao reconhecido esforço. O dia a dia em

uma cozinha deixa você (literalmente) sem vida social.

Agora, esses três mestres da culinária se reúnem em

uma equipe difícil de separar – irmãos e amigos, mas

“sobretudo irmãos”, como fazem questão de ressaltar.

“Nós nos damos bem. Tudo é tão natural, que não tra-

balhar em conjunto é que seria o estranho. Foi assim a

vida inteira e está funcionando muito bem. É fantásti-

co!”, diz Jordi, o caçula dos três, que se entusiasma em

relatar a relação dos irmãos. A cumplicidade entre eles

é palpável e flagrante aos olhos, enquanto posam para

uma fotografia – ao mesmo tempo em que eles nos

tornam íntimos de sua casa, seu restaurante, sua vida.

O estabelecimento é uma delícia para os sentidos:

sóbrio e ordenado, sem ostentação. Mas é impressio-

115

nante... Desde sua fantástica cozinha, separada por

seções, passando pelo salão de jantar, pátio, e o que

dizer de sua adega...?

Todo o tour pelo El Celler transcorre em harmonia (e

até mesmo magicamente), mas um lugar com grande

poesia é a adega, lugar onde Josep – com devoção –

fala sobre seus vinhos favoritos. Suas palavras evocam

tamanha combinação de virtudes e sentimentos que

desde o mais leigo no assunto até o estudioso na área

poderá compreender e apreciar. O sommelier explica

que “para além da conservação, queria que eles (os

vinhos) tivessem um lugar para serem reverenciados”.

O discurso de Josep é ao mesmo tempo simplista e

profundo. Em sua adega (ou “templo”) de vinhos es-

tão armazenadas trinta mil garrafas e mais de 2.500

referências.

Joan, o mais velho dos três, nos leva à cozinha do

El Celler e fala da mãe, Montserrat. “Comecei a cozi-

nhar com a minha mãe. Aqui se iniciou tudo: a arte e

o desejo de continuar a explorar a cozinha em todas

as suas possibilidades. Minha cozinha é, certamente,

uma evolução da dela. Embora o que façamos agora

seja elevá-la a outra dimensão”.

A diferença entre o funcionamento da cozinha da

mãe e o deles próprios é que Joan abriu a porta para

encontrar uma fusão de sabores, cheiros e texturas,

um “diálogo com o mundo”. Combinando a tradição

catalã com toques pessoais e mais contemporâneos,

o resultado é fruto de sua contínua inquietação com as

artes culinárias.

Os fogões estão presentes no dia a dia destes “ga-

rotos” desde a infância. Eles foram criados no restau-

rante Can Roca, localizado a “meros” duzentos metros

das novas instalações do El Celler – onde a comida

caseira de Montserrat, mãe deles, e seu gosto pelas

coisas bem feitas fizeram com que os três irmãos, em

diferentes momentos da vida, estudassem na Escola

de Hotelaria de Girona. E, graças à experiência e ao

gosto, escolheram vertentes diferentes, mas comple-

mentares.

Joan era o mais interessado na preparação de sal-

gados. Josep, encarregado desde seus cinco anos de

idade a encher as garrafas de vinho, conta de onde

vem seu gosto por prová-los. E Jordi, o caçula, “ta-

teou” as primeiras aulas da arte da culinária e findou,

quase que por acidente, encantado pela panificação,

pastelaria e doces – o que o tornou um ícone atual em

sua especialidade.

Eles estão atualmente envolvidos em inovação: têm

participado de encontros e conferências em todo o

mundo, onde desejam ser conhecidos e explicar seu

conceito de cozinha no sentido mais amplo da palavra.

Após a visita e as agradáveis conversas que tivemos,

findamos com uma opinião muito feliz sobre os irmãos »»»

Elegante, mas sem ostentação, o “El Celler de Can Roca” impressiona. Os menus especiais são celebrados e até os pratos mais simples são cheios de personalidade, como a salada verde (abaixo). Também abaixo, à esquerda, o camarão-rei, grelhado em carvão.

116

e seus representantes de dentro e de fora da cozinha.

São pessoas com os pés no chão e com um desejo de

agradar e “de que as pessoas tenham uma boa expe-

riência o tempo todo, em todos os níveis. Queremos

que as coisas sejam muito boas para que possam

contar a respeito depois”.

Eles conseguem configurar um espaço entre o real

e a tradição, com uma equipe dedicada e motivada,

além de comensais apaixonados e expectantes ante

a cozinha do trio. Eles estão, na verdade, criando uma

nova aposta no turismo gastronômico, uma vez que

80% dos seus clientes são estrangeiros – graças à

fama que alcançaram por meio das críticas e comen-

tários maravilhosos dentro e fora da Espanha.

Eles chegaram onde estão mediante um trabalho

meticuloso. Joan aposta em fusões de sabores tradi-

cionais da cozinha catalã, mas com o toque especial

de criatividade. Jordi extrapola as coisas, que em suas

próprias palavras, “têm pouco a ver com a gastrono-

mia”, transformando-as em sobremesa (como seu fa-

moso “Gol de Messi”), sendo ele a ponta do iceberg

que traz um grande trabalho de criação ao fundo. E

Josep evidencia os sabores dos irmãos com o melhor

sabor de seus vinhos.

A intenção do chef (ou chefs, como queiram) é de

que as pessoas “sejam felizes” enquanto se alimen-

tam no El Celler. “A coisa mais importante é que atinja-

mos o coração, emocionemos de alguma forma, por

meio da comida, do entretenimento, ou da visita. E se

conseguirmos emocioná-los em muitos momentos,

melhor ainda”.

Para eles, a criatividade é fundamental, mas não “im-

posta à força”. A flexibilidade nos pratos e no cardápio

é extensa. O El Celler surpreende com novas ideias

continuamente, embora Joan nos conte que tudo é re-

gistrado. “Se pensamos em um prato interessante, é

importante recorrer ao prato que estava bom também

no ano anterior, na mesma época. Não basta só contar

com a criatividade, mas com a terra e seus frutos”.

Quando falamos com qualquer um dos três sobre a

escolha dos produtos da terra, todos dizem que levam

isso em consideração. Mas que não desejam ser “fun-

damentalistas”.

O cardápio, explica Joan, “varia de acordo com pro-

dutos sazonais”. A Catalunha e suas tradições culiná-

rias são o ponto de partida, porque foi o que apren-

deu com seus pais. “É importante ter isso em mente,

mas sem se limitar”. O chef gironense aposta em uma

mente aberta na cozinha, considerando as possibilida-

des oferecidas pelos produtos que vêm de fora da Ca-

talunha ou da Espanha, se necessário – sempre tendo

em conta os valores da terra onde “nasceram”, e que

o diálogo com o meio ambiente é a base, mas nunca

uma limitação.

Joan (à esquerda), Jordi (no centro) e Josep (à direita), os irmãos Roca, são muito unidos e afi rmam que o natural era que trabalhassem juntos, tamanha a cumplicidade entre eles. Abaixo, mais uma criação do restaurante, o “sufl ê de trufas negras”.

117

O mesmo diz Jordi em relação às sobremesas:

“estamos trabalhando com uma horta orgânica, e

tentamos usar o melhor produto. Se ele está aqui,

melhor. Mas se não tiver aqui, iremos ao Japão

buscá-lo. Entendemos que evolução em cozinha é

a fusão com outros países”. “Proximidade sim, mas

com toques de permeabilidade para desfrutar de um

mundo que não é tão grande como pensamos”, diz

Josep, o sommelier.

Estes três artistas da gastronomia têm clareza de

que a chave para a cozinha do restaurante El Celler

é o equilíbrio, o triângulo equilátero que compõem, e

a criatividade singular que surge quando trabalham

em equipe.

Josep e Joan trabalham juntos há 26 anos (e há

quinze anos com Jordi, o caçula). O processo foi

se acumulando e conseguiram “acidentalmente” o

“equilíbrio perfeito”, pois – como Joan admite – “Jor-

di trouxe ar fresco e novas ideias, mas a chave é a

conjunção de todos os três no mesmo time. Quando

fazemos reuniões triangulares, cada um de nós traz

outra visão ou seu desenvolvimento complementar”.

Tão diferentes e tão iguais, os três estão aprovei-

tando intensamente o clímax que a Espanha está

vivendo agora em matéria de culinária, e esperam

que seu “doce momento” se expanda, tanto quanto

for possível. “Estamos na posição sonhada e em um

momento que tanto valorizamos: nós somos livres. O

destaque na cozinha de um restaurante é fantástico,

e percebemos que os três cresceram e que conse-

guimos o reconhecimento individualmente em cada

uma de nossas áreas, ofícios. Para mim, é incrível ter

o melhor chef pâtissier e o melhor sommelier traba-

lhando juntos na minha equipe”.

Depois de um dia lá, tendo a sorte de comer no

restaurante que deu origem ao El Celler, o primeiro

Can Roca; depois de vê-los trabalhar, se desdobra-

rem e falarem, nosso paladar está (quase) saciado,

mas querendo mais.

Catalunha, a terra onde nasceram, cresceram e

triunfaram, torna-se agora a presença dessas três

Rocas, rochas na panaceia, para que busquem um

estilo gastronômico diferente, original e saboroso.

Esperemos que a intensidade com que vivem seus

ofícios continue e que ultrapassem os limites sonha-

dos.

É claro que a bela cidade de Girona esconde em

suas ruas uma grande beleza e em seus “aldeões”,

um grande segredo.

Por fim, quando perguntado como gostaria que

fosse nossa recordação de seus doces, Jordi Roca

limita-se a uma onomatopeia: “hummmmmm”.

A númerosa equipe – mais de cinquenta profi ssionais, que se dividem entre a cozinha e o salão do restaurante – é extremamente harmoniosa, segundo os irmãos Roca. “São todos membros da mesma família”. Abaixo, o Sole Meunière.

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receita

Postre láctico Sobremesa com leite de ovelha

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INGREDIENTES

Placa de Goiaba• 500g purê de goiaba• 100g Açúcar

Doce de leite• 1 litro de leite de ovelha• 500g Açúcar

Espuma de leite de ovelha• 500g de queijo (mole) de ovelha • 500ml de nata

Sorvete de leite de ovelha• 500ml de creme de leite (ou natas)• 500ml de leite• 100g de açúcar invertido• 200g de açúcar• 100g de dextrose• 5g de estabilizante (apropriado para sorvetes)• 500g queijo branco (tipo minas) de ovelha

Nuvem de Açúcar• Açúcar• Leite em pó

MODO DE FAZER

Placa de Goiaba Aquecer 100 g do purê de goiaba com 100 g de açúcar até ficar homo-gêneo. A essa mistura homogênea, acrescentar o restante do purê de goiaba e estender finamente em um papel de silicone e congelar.

Doce de leiteMisturar o leite de ovelha ao açúcar e levar ao fogo até reduzir e ficar com cor de caramelo. Deixar esfriar.

Espuma do leite de ovelhaMisturar o queijo de ovelha com a nata (creme) e com a ajuda de um sifão culinário fazer a espuma.

Sorvete de leite de ovelhaMisturar o creme de leite (natas), o leite e o açúcar invertido. Levar ao fogo até ferver. Adicione o açúcar, a dextrose e o estabilizante. Pasteuri-zar a 85°C, sem deixar de ferver. Coar, esfriar e adicionar o queijo. Reser-ve na geladeira por 12 horas. Após esse período, leve a mistura a uma máquina sorveteira e mantenha a uma temperatura de -18 °C.

Nuvem de AçúcarColoque o açúcar em uma máquina de algodão doce. Ao obter a “nu-vem”, envolvê-la com leite em pó.

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vinho

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D.o MontasantCOMPOSIÇÃO: 50% Grenache, 40% Carignan e 10% SyrahREGIÃO: Catalunha EspanhaGRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 14%750 ml. Uma das sensações do Grand Tasting Belém 2013, o Besllum 2008 é sem dúvidas um vi-nho que está longe do clichê atual dos vinhos espanhóis. Rico, opulento e sem desequilí-brios, filho de uma das “Denominación de Origen” que mais se destacam atualmente no rico panorama vitivinícolo da Espanha, a Do Montsant fica no Sudeste do país muito próxi-ma a altamente e internacionalmente elogiada Do Priorat. Os vinhos de Montasant possuem muitas das mesmas qualidades dos vinhos da DO (sua vizinha e mais famosa), mas sem ter os mesmos preços altos que os Priorat têm.As vinhas do Besllum 2008 têm mais de 60 anos de idade e são cultivadas em encostas de argila, xisto e ardósia, eis a razão do tão atraente toque mineral desse vinho encanta-dor, que conserva sua mineralidade mesmo com toda a potência das uvas que o compõem. Profundo, escuro e rico em cor, o Besllum 2008 é elaborado com as uvas Grenache, Ca-rinenha localmente conhecida como Samsò e um toque de Syrah para deixá-lo ainda mais complexo. Os 16 meses em tonéis novos de carvalho francês, fazem o acabamento primo-roso com a madeira perfeitamente integrada. Obteve um altamente expressivo e 93 pts do guru R. Parker e um Best Value da revista Wine Spectator. Um vinho para ser degustado sem compara-ções com os da DO Priorat. Foi considerado por muitos dos participantes do Grand Tasting Belém 2013 surpreendente. Nós achamos que é um pequeno grande vinho em perfeita har-monia entre concentração e finesse.Sem hesitação, pede a companhia de carnes grelhadas!Pontuação: 93 pontos – ParkerIndicação da sommelière Ana Luna LopesONDE COMPRAR: Grand Cru Belém

COMPOSIÇÃO: 100% VerdicchioGRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 12,5 %ORIGEM: Jesi Marche Itália750 ml.Os Castelli di Jesi (Castelos de Jesi) são 14 vilarejos espalhados nas colinas do Vale de Jesi, uma das áreas mais interessantes e belas da região Marche e que são o Centro da DOC Verdicchio dei Castelli de Jesi.A uva Verdicchio, uma casta muito antiga, filha e orgulho da região Marche encontrou no clima (e muitos microclimas) da região, o lugar perfeito para fazer nascer vinhos únicos e reconhecidos entre os melhores brancos da Itália. Com essa casta são elaborados vinhos simples e frescos prontos para serem bebidos jovens ou até mesmo longevos, intensos mi-nerais, muito elegantes e austeros. Espuman-tes tanto Método Clássico quanto Charmat e até mesmo doces Passiti magníficos.Garofoli é a Vinícola mais antiga da Região Marche. Depois da quinta geração, a filosofia de trabalho é sempre a mesma: qualidade e respeito pela tipicidade, acima de tudo, com a constante atualização das técnicas de produ-ção, sempre com respeito à tradição. O Garofoli Anfora Verdicchio Classico é um vinho simples, com média acidez, versátil, poucos aromas, porém marcante com seu toque mineral e iodado e intenso retrogosto amendoado, característico dessa uva. Perfeito como aperitivo e com o clima quente da nossa Belém, pratos de peixe e frutos do mar e com delícias vegetarianas.Indicação da sommelière Ana Luna LopesONDE COMPRAR: Grand Cru Belém

PRODUTOR: Palácio de FefiñanesREGIÃO: Galícia – Rías Baixas – Cambados (Valle del Salnés). CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Rías Baixas D.O.COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 100% AlbariñoGRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 13,5° GLPRODUÇÃO ANUAL: 10.000 garrafasELABORAÇÃO: Após a colheita das uvas na terceira semana de Setembro, as uvas são desengaçadas e suavemente prensadas. A fer-mentação ocorre em barricas de carvalho fran-cês de diversas passagens. Amadurecimento sobre as lias, com periódicas bâtonnages. Engarrafamento.AMADURECIMENTO: 6 meses em barricas francesas novas, de 2ª e 3ª passagens.ESTIMATIVA DE GUARDA: 5 anos CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS: Colo-ração palha brilhante. Fino aroma de cítricos confitados, de nectarina madura, integrada às especiarias e ao leve defumado. Untuosa in-cursão no palato, contrabalançada pelo afiado frescor mineral. Elegante e longo final.CARTA DE VINHO SINTÉTICA: Fino aroma de cítricos confitados, de nectarina madura e leve defumado. Untuoso, mineral, de elegante e longo final.TEMPERATURA DE SERVIÇO: 10°CPREMIAÇÃO: GUÍA PEÑÍN 2012 – 93 PontosONDE COMPRAR: Decanter

PRODUTOR: ZidarichREGIÃO: Friuli - Carso – Duino-Aurisina, loca-lidade de Prepotto.CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Carso D.O.C.COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 100% VitovskaGRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 12º GLPRODUÇÃO: 10.000 garrafasELABORAÇÃO: Vinhas com idade entre 6-30 anos conduzidas em alberello e Guyot, den-sidade de 8.000-10.000 plantas/ha. Rendi-mento de 5 toneladas/ha. Colheita realizada na última semana de Setembro, primeira dezena de Outubro, manualmente em pequenas caixas plásticas. Desengace total, maceração e fer-mentação com as cascas em grandes cubas de madeira. A fermentação ocorre esponta-neamente a partir de leveduras indígenas, sem controle de temperatura, com múltiplas pigéages durante o dia. Não há filtração ou clarificação. AMADURECIMENTO: 24 meses em grandes tonéis de carvalho da Eslavônia.ESTIMATIVA DE GUARDA: 10 anos +CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS: Co-loração dourada, não completamente límpi-da. Amplo olfato de frutas exóticas maduras e cítricos confitados, pêssego, jasmim, cêra de abelha e defumado. Impressiona em boca pela textura apertada, de evidente mineralida-de, a fruta reverbera num longo final de pura elegância.CARTA DE VINHO SINTÉTICA: Amplo olfato de frutas exóticas maduras, cítricos confitados, defumado e cêra de abelha. Particular, sápido, longo final de pura elegância.TEMPERATURA DE SERVIÇO: 15°C – Preferen-cialmente em taças borgonhesas.PREMIAÇÕES:I50 MIGLIORI VINI D’ITALIA 2012: 19° LugarPARKER: 93 PontosWINE & SPIRITS: 93 PontosDUEMILAVINI A.I.S. 2012: 4 grappoli em 5GAMBERO ROSSO 2012: 2 Bicchieri em 3ONDE COMPRAR: Decanter

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O estilo contemporâneo conduz à decoração desse luxuoso apar-

tamento no Torre de Toledo, da Leal Moreira. Elaborados pelo ar-

quiteto Marcos Nascimento, os ambientes trazem consigo traços

sóbrios e harmônicos que – aliados a itens modernos – possibilitam

que os moradores possam aproveitar os espaços da melhor manei-

ra possível. Confira:

decor

Do sofisticado ao simples

www.revistalealmoreira.com.br

Na sacada, as confortáveis cadeiras em madeira imbuia e pa-lha trançada são um convite à socialização. Elas são itens tão essenciais ao ambiente, que a mesa em vidro preto torna-se apenas coadjuvante na composição da decoração. As cores vivas das almofadas e do vaso dão vida ao local.

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Lucas Ohana Dudu Maroja

A sacada é um estar agradável pra receber amigos e fami-liares em momentos de descontração e um ótimo espaço gourmet. Para compor a decoração, foram utilizadas, den-tre outros itens, algumas plantas de diferentes espécies.

O lustre de cristal (acervo particular da família) salta aos olhos na sala de jantar e dá glamour e elegância ao espaço. As cortinas ainda oferecem um destaque maior a ele quando vistas de determinados ângulos. Tudo sem excessos.

126www.revistalealmoreira.com.br

A sala de estar é, sem dúvida, o ponto de atração entre os ambientes. Nela está um conjunto de sofás simétricos com tecidos crus. “Essa disposição não é por acaso; e sim para reunir amigos e assistir a um bom filme ou um show”, explicou o arquiteto Marcos Nascimento.

127

A adega não só dá apoio às salas de estar e jantar e à sacada – seu tom es-curo contrasta com esses ambientes. O espaço abriga dezenas de garrafas de vinhos e uma cristaleira de taças (coleção da família).

A iluminação natural proporcionada pelos grandes vãos da sacada e das janelas é um dos elementos principais na arquitetura do apartamento. Além disso, os tons claros das pare-des e dos pisos são os responsáveis pela neutralidade e harmonia dos espaços.

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falando nisso

Marcos NascimentoArquiteto

1- Lustre de cristal tipo caixote é uma boa pedida pra quem quer enriquecer o hall social. São leves, finos e sofisticados.

2- Peças em vidro Murano combinam bem na hora de decorar um aparador. São simples e coloridos.

3- Papel de parede no lavabo deixa o ambiente sofis-ticado e aconchegante, principalmente se for decora-do com motivos neoclássicos.

4- Livros de arte, arquitetura e design sempre são uma boa escolha para decorar um ambiente.

5- Castiçais são elementos decorativos de muito bom gosto tanto em mesas de centro e aparadores quanto em mesas de jantar.

6- Cachepôs com samambaias alegram o ambiente e tiram o ar árido.

7- O uso de espelhos é um artifício relevante para compor uma decoração. Além de ampliar os am-bientes, são elementos limpos, neutros, sofisticados e combinam com tudo.

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Institucional

TORRES DEVANT: BREVELANÇAMENTO DA LEAL MOREIRA

Devant é uma palavra francesa que significa “em frente” – conceito que nos

remete à ideia de melhorar, crescer, evoluir. E é inspirada nesse sentimento

que a Leal Moreira anuncia seu próximo lançamento: o Torres Devant.

O empreendimento possui apartamentos de 68m² (2 quartos, sendo 1 suí-

te) e 92m² (3 quartos, sendo 1 suíte) e localização privilegiada: Tv. Pirajá pró-

ximo à Marquês de Herval. São duas torres em um terreno de 4.405,88m².

A área de lazer será totalmente decorada e mobiliada pela Leal Moreira e

contempla salão de festas, brinquedoteca, piscinas, churrasqueiras, sauna,

academia e muito mais. Fernando Nicolau, diretor comercial da Leal Moreira

Imobiliária, explicou no meeting para os corretores Leal Moreira, que “todos

esses itens fazem com que a vida do morador se torne mais fácil. Tudo o

que nós pensamos para o Torres Devant será muito bem utilizado.”

Os apartamentos decorados levam a assinatura da M2P Arquitetura e En-

genharia (92m²) e Beth Gaby (68m²).

Para mais informações, acesse nosso site: www.lealmoreira.com.br ou ligue

para 3223-0021.

NOVA GERENTE COMERCIAL DA REVISTA LEAL MOREIRA

Danielle Levy, administradora com pós-graduação em marketing pela

ESPM e MBA em Gestão Empresarial pela FGV é nova gerente comercial

da Revista Leal Moreira. Com treze anos de carreira e muita experiência

em marketing e vendas, Danielle Levy está à vontade e não poderia ser di-

ferente já que era leitora e fã da RLM. “A RLM é um sucesso!! Com 10 anos

no mercado, se consolidou como um veículo sério, idôneo e de vanguarda.

Seu formato, seu conteúdo e sua história com certeza contribuíram para

todo esse sucesso! Ser um anunciante e estar dentro da revista é sinônimo

de retorno garantido”.

www.revistalealmoreira.com.br

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Institucional

ENTREGA DO SONATA RESIDENCEPara celebrar a entrega do Sonata Residence, a Leal Moreira realizou no dia

4 de junho um coquetel especial para os moradores, na área de lazer do edifí-

cio. O empreendimento se destaca pelos apartamentos de 72 m² e de 135 m²

e pela ótima localização: na João Balbi, com 9 de Janeiro e Alcindo Cacela.

Se você deseja obter informações sobre os empreendimentos Leal Moreira,

ligue: 3223.0021

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134

NOITE DE DEGUSTAÇÃO DE VINHOSA Leal Moreira tem orgulho de ter sido, pelo segundo ano consecutivo, a pa-

trocinadora do maior evento de vinhos do Norte do país, o Grand Tasting Belém

2013. O evento proporcionou uma noite inesquecível, por meio da degustação de

mais de 70 rótulos de 10 países – como Itália, França, Chile e Argentina – ofereci-

dos em 21 estações temáticas de degustação.

A Leal Moreira teve um espaço exclusivo no evento, onde o público pôde ad-

quirir a nova edição da Revista Leal Moreira e saber informações sobre o Torre

Unitá, primeiro lançamento de 2013 da construtora e que já contabiliza 66% de

seus apartamentos vendidos.

A programação do Grand Tasting contou ainda com o curso “Harmonizando e

desarmonizando vinhos” e a aula “Degustação guiada de queijos e vinhos – como

fazer o casamento perfeito” ministrados pela Grand Cru, realizadora do evento.

DIA DAS MÃESCafé da manhã e entrega de brindes personalizados marcaram a homena-

gem da Leal Moreira às suas mães.

Funcionárias do prédio-sede da construtora, dos canteiros de obras e as

que trabalham na Leal Moreira Imobiliária ganharam, na manhã da sexta-

-feira que antecedeu o domingo das mães, um café da manhã e cada uma

delas foi presenteada com uma lembrança personalizada. Um momento de

agradecimento e honrarias às mulheres que fazem parte da nossa história

e que se superam a cada dia no papel de profissionais e mães de sucesso.

REFORMA NOPRÉDIO-SEDE DA LEAL MOREIRA

A reforma nas dependências do prédio-sede do Grupo Leal Moreira é resul-

tado de um novo modelo de governança corporativa interna. O edifício da João

Balbi terá novos ambientes para melhor atender clientes, parceiros e visitantes.

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135

Líder absoluta de mercado na região Norte, há 35 anos.

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136

Institucional

LEAL MOREIRANA CASA COR PARÁ 2013

O tema da Casa Cor Pará 2013, “Um Olhar Muda Tudo”, é um indicativo do

novo momento da mostra, que traz novidades este ano. Durante o lançamento

da edição de 2013, no dia 21 de maio, no Espaço São José Liberto, a Leal

Moreira confirmou, pelo terceiro ano consecutivo, o patrocínio estrutural do

evento.

André Moreira e Ana Paula Guedes, novos diretores e franqueados da Casa

Cor Pará, ressaltaram a importância da mostra. “Imaginamos que a Casa Cor

Pará 2013 será um evento inesquecível, onde todos que a visitarem terão o

prazer de ver o que há de melhor em arquitetura, design e arte”.

A Leal Moreira foi representada na festa de lançamento por toda sua dire-

toria, entre eles o diretor financeiro João Carlos Moreira e o diretor de novos

projetos Maurício Moreira. “A Leal Moreira, em essência, se identifica com

questões como funcionalidade, segurança, beleza e, principalmente, conforto.

Era natural para nós que estivéssemos juntos com a Casa Cor Pará. Para nós

é motivo de orgulho e satisfação estar na Casa Cor Pará”, disse João Carlos.

E para concluir, Maurício Moreira também falou sobre a relevância da parce-

ria. “A Leal Moreira tem muito orgulho em ser patrocinadora da Casa Cor Pará.

Pelo terceiro ano consecutivo renovamos um compromisso muito saudável de

garantir um espaço bonito e democrático para os novos talentos da arquitetura

e para os nomes já consolidados. Os propósitos da Leal Moreira e da Casa

Cor têm muitas afinidades”.

A Casa Cor – a mais completa mostra de arquitetura, decoração e paisagis-

mo das Américas – será realizada em Belém na Av. Conselheiro Furtado, 100,

ao lado do Espaço São José Liberto, e está programada para começar em

outubro de 2013.

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Hotel Regente. Vencedor do PrêmioCaio 2012, categoria Espaço para Eventos

Porque receber você é sempre um grande evento pra gente.

O Regente é um dos mais respeitados hotéis do Pará. E, nos últimos anos, consolidou-se também como um dos preferidos para a realização de eventos.

Investimentos nas instalações de salões e auditórios, equipe e estrutura, aliaram-se à segurança, qualidade do buffet, perfeita localização

e um grande diferencial: o talento para receber as pessoas. E isso independe se são eventos para até 600 pessoas

ou uma diária standard, se é um casamento ou uma lua-de-mel.

Av. Gov. José Malcher, 485 CEP: 66.040-281 - Belém - Pará

E-mail: [email protected].: (91) 3181-5000

www.hotelregente.com.br

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Institucional

NOVOS PROFISSIONAISA Leal Moreira recebe com muita alegria e satisfação a chegada de dois

grandes profissionais na empresa. Drauz Reis, novo diretor financeiro, foi re-

cebido com entusiasmo e já está à vontade. “A empresa superou as minhas

expectativas. O clima interno é muito bom para trabalhar”. A gerência de

controladoria – setor responsável por interpretar os dados da contabilidade –

também ganhou uma nova gestora, Ana Vitória de Oliveira . “A Leal Moreira

realmente se importa em profissionalizar a área de contabilidade. E esse se-

tor é fundamental para que a empresa acerte em suas decisões, como, por

exemplo, na redução de custos.”

SUCESSOApós o sucesso do 1º Salão Leal Moreira de Imóveis, a Leal Moreira

realizou sua segunda edição no período de 31/05 a 09/06. A Galeria Leal

Moreira, do Boulevard Shopping, foi o local escolhido para o evento e

quem esteve por lá se surpreendeu com as condições imperdíveis para

adquirir um apartamento.

TORRE UNITÁ - INÍCIO DAS OBRASO apartamento decorado e o estande de vendas do Torre Unitá encanta-

ram todos. Durante o período em que ficaram abertos – de janeiro a junho

de 2013 –, o empreendimento contabilizou 70% de seus apartamentos ven-

didos (até o fechamento desta edição). Com o início das obras do empreen-

dimento, agradecemos a todos os nossos parceiros, que contribuíram para

o sucesso de crítica e público, que foi o decorado. São eles: SCA, Metallo,

SOL Informática, Spaço Casa, Tramontina e Angela Belei.

Institucional

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A perfeita mistura entre transparênciae resistência.

O Torre de Farnese é um dos empreendimentos de alto nível da Leal Moreira que tem a segurança e a beleza dos vidros Ebbel. Uma combinação atestada por tantas outras obras de qualidade.

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chuva, poluição e maresia.

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proporciona maior

comodidade e conforto.

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vidros temperados

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manuseio e limpeza.

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Guanabara • Ananindeua/PA

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Check List dasobras Leal Moreira

em andamento concluídoVeja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

.Torre Parnaso

2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58,40m² e 79,20m² • Cremação • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis)

projeto lançamento fundação estrutura alvenaria revestimento fachada acabamento

Torres Dumont

2 e 3 dorm. (1 e 2 suítes) • 64m² a 86m² • Pedreira • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Marquês de Herval).

Torre Vitta Office

Salas comerciais (31,73 a 42m²) • 5 lojas (61 a 299,62 m²) • 31,73 a 42m² (sala comercial) • de 61 a 299,62m² (lojas) • Marco • Av. 25 de Setembro, 2115.

Torre Vitta Home

2 dorm. (1 suíte) • 58,02m² • 3 dorm. (1 suíte) • 78,74 m² • 58 m² e 78 m² • Marco • Travessa Humaitá, 2115 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).

Torre Triunfo

3 e 4 suítes (170,34 m²) • cobertura (335,18m²) • Marco • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).

Torres Floratta

3 e 4 dormitórios • 112,53m² a 141,53m² • Marco • Av. 25 de Setembro, 1696 (entre Travessas Angustura e Barão do Triunfo).

Torres Trivento

2 e 3 dorm • 65,37m² a 79,74m² • Sacramenta • Av. Senador Lemos, 3253.

Torre Résidence

2 ou 3 suítes (174m²) • Cobertura (361m²) • Cremação • TV. 3 de Maio, 1514 (entre Magalhães Barata e Gentil).

Torres Ekoara

3 suítes (138m²) • Cobertura (267 ou 273m²) • Utinga • Tv. Enéas Pinheiro, 1700 (entre Av. Alm. Barroso e Av. João Paulo II).

Torre Unitá

3 suítes • 143,10 m2 • Rua Antônio Barreto 1.240 (entre 9 de janeiro e Alcindo Cacela)

Sonata Residence

Uniplex (71m² a 72m²) e Duplex (118m² a 129m²) • Umarizal •João Balbi, 1291 (entre 9 de Janeiro e Alcindo Cacela).

Institucional

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Revista Leal Moreira várias maneiras de curtir.

Revista Leal Moreira revlealmoreira @rev_LealMoreira

revistalealmoreira.com.br • 91 4005.6874 • [email protected]

142

Nara OliveiraConsultora empresarial

Quanto vale seu negócio?Se você quiser determinar o valor de sua empresa,

procure fazer um Valuation. Termo em inglês usado

para descrever o processo de determinação do valor

de uma empresa ou seu projeto de negócio. Facilita

eventuais negociações com investidores e é usado

principalmente para embasar processos de compra

e venda, seja em sua totalidade ou apenas parte do

patrimônio da empresa. Além disso, o Valuation é um

instrumento gerencial para diversos fins como acom-

panhamento dos sócios sobre o valor de seus investi-

mentos, base para o cálculo da remuneração variável

dos executivos dentre muitos outros.

Termo fancy, e as boas consultorias possuem meto-

dologia descomplicada, objetiva e altamente customi-

zada. No valuation o valor da empresa é decorrente

dos resultados futuros da companhia. Para projetar

esses resultados é necessária uma avaliação aprofun-

dada de todos os aspectos operacionais (ativos e pas-

sivos, sendo eles tangíveis ou intangíveis) assim como

uma compreensão clara do mercado em que a em-

presa atua (concorrentes, entrantes, legislação, pontos

fortes, a desenvolver, ameaças, oportunidades etc.).

Há duas metodologias de avaliação que são utiliza-

das amplamente no mercado: o Fluxo de Caixa Des-

contado e a Avaliação por Múltiplos. O Fluxo de Caixa

Descontado é o processo mais detalhado. Todas as

áreas da empresa são avaliadas para utilizar como

base na projeção de cada uma das linhas do demons-

trativo de resultado da empresa, assim como de seus

investimentos, empréstimos, captações e capital de

giro. Nesse processo é fundamental uma imersão na

empresa acompanhada de uma série de discussões

com os principais gestores sobre os pontos fortes e

a desenvolver da mesma (análise do cenário interno),

bem como das oportunidades e ameaças da com-

panhia frente o mercado (análise do cenário externo).

Essa análise mais detalhista permite que o valor dos

ativos intangíveis, como marca, carteira de clientes,

capital humano e tecnologia, estejam devidamente

contemplados no valor da companhia.

Qual o valor do seu negócio?

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nº 3

8Leal M

oreira

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ano 9 número 38 www.revistalealmoreira.com.br

Trinta anos de carreira, um CD novo e a certezaTrinta anos de carreira, um CD novo e a certezade que o mundo fi ca cada vez menor. de que o mundo fi ca cada vez menor.

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