Rio Cidade Doente

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Novembro 2004

EDIO 15 |

Terra Brasilis

Rio: cidade doente

Pobreza. Preconceito. Desemprego. Os sintomas estavam todos l e combinados explodiram numa convulso que h exatos 100 anos tomou as ruas da capital do Brasile ficou conhecida como Revolta da Vacina

Celso Miranda

Reportagem Carla Aranha

Havia alguma coisa diferente no ar naquela manha abafada e mida de novembro. Nos ltimos dias, boatos haviam tomado os bares, as conversas em famlia depois que estudantes e operrios saram em passeata pelo centro do Rio de Janeiro, gritando palavras de ordem e protestando contra o governo do presidente Rodrigues Alves. Mas nem quem acompanhava de perto as notcias podia prever os acontecimentos que se seguiriam. De repente, sem que parecesse haver qualquer organizao, grupos de pessoas comearam a chegar ao centro. Tomaram as ruas do Ouvidor, da Quitanda, da Assemblia e, quando chegaram praa Tiradentes, j eram milhares.Abaixo a vacina, gritavam. O comrcio baixou as portas e a polcia chegou. A multido respondeu em coro: Morra a polcia. Houve tiros. Correria. O centro virou campo de batalha. No meio de cacetadas, tiros e pernadas, talvez ningum do lado dos manifestantes ou dos homens da lei se lembrasse de como aquilo havia comeado.

Para entender melhor os sangrentos dias de novembro de 1904, vamos recuar um pouco mais no tempo e ver como andavam as coisas no Rio, na virada do sculo 19 para o 20. Na poca, a maioria dos moradores tinha motivos de sobra para reclamar da vida em geral e do governo em particular. Faltava tudo, desde empregos at esgoto, saneamento bsico e moradia. Cerca de 50% da populao vivia de bicos ou servios domsticos, se no era simplesmente desocupada. O censo de 1890 mostrou que havia 48,1 mil pessoas de profisso desconhecida ou desempregada quase 10% do total de habitantes.

Capital da recente repblica do Brasil, o Rio era a cidade para onde todos se mudavam: ex-escravos libertados em 1888, imigrantes europeus em busca de emprego, desertores e excedentes das Foras Armadas e migrantes das fazendas de caf, que no iam l muito bem das pernas. Entre 1872 e 1890, a populao do Rio passou de 266 mil para 522 mil pessoas. No havia emprego para todos e a maioria se virava como podia: carregava e descarregava navios, vendia tranqueiras, fazia pequenos servios. claro que ainda havia entre eles ladres, prostitutas e trambiqueiros.

Toda essa turma que as autoridades chamavam de ral, malandros ou desocupados, mas que tambm se pode chamar de pobres, ou,simplesmente, de povo se acotovelavam nos cortios. Essas habitaes coletivas, alm de serem uma opo barata de moradia, tinham boa localizao: ficavam no centro da cidade.A mais famosa delas, conhecida como Cabea de Porco, no nmero 154 da rua Baro de So Flix, chegou a ter 4 mil moradores. As autoridades consideravam os cortios antros de doenas e de pouca-vergonha. Para a mentalidade da poca, que alis no mudou muito, as moradias pobres abrigavam as classes perigosas, sujas, de onde saam as epidemias e toda sorte de ruindade, diz o historiador Sidney Chalhoub, da Unicamp, autor de Cidade Febril: Cortios e Epidemias na Corte Imperial.

"Bota-abaixo"

Quando Rodrigues Alves assumiu a presidncia em 1902, prometendo trazer o pas para o novo sculo, viu naqueles cortios um obstculo a ser removido. A ideia era abrir novas avenidas, ruas e praas e, ao mesmo tempo, afastar do centro da cidade os moradores pobres. A inspirao vinha das obras realizadas, alguns anos antes, na capital da Frana. Em Paris, o baro Haussmann havia conduzido uma reforma geral que acabara com grande parte das antigas vias e construes medievais. Grandes avenidas e parques tomaram o lugar dos bairros operrios, celeiros das revoltas populares que haviam chacoalhado o sculo 19. Mas se, em 1902, Paris j merecia o apelido de Cidade-Luz, o Rio estava longe de se tornar maravilhoso. E no era s uma questo esttica. Com tanta gente desabrigada, vivendo de comercializar comida e bebida nas ruas, com pouqussima infra-estrutura de esgoto e gua encanada, as condies de higiene eram para l de precrias.O Rio era uma cidade doente. Epidemias de peste, febre amarela e varola dizimavam a populao. Isso sem falar nas doenas endmicas, como a tuberculose.No vero de 1850 um tero dos cariocas contraiu febre amarela e 4160 pessoas morreram. Em 1855 foi a clera e em 1891 houve surtos de febre amarela e peste bubnica. Em 1903 a varola atacou fazendo vtimas at o ano seguinte. S nos primeiros cinco meses de 1904, 1800 pessoas foram internadas com a doena.

Essa situao tinha conseqncias drsticas que iam alm da sade pblica. Por causa da imagem de ser reduto de doenas, navios estrangeiros se recusavam a aportar no Brasil. E a fama no era injustificada: em 1895, o navio italiano Lombardia, atracado no Rio, perdeu 234 de seus 340 tripulantes, vtimas de febre amarela. Companhias europias faziam questo de anunciar viagens diretas Argentina, garantindo aos interessados que seus navios passariam ao largo da costa brasileira. Uma tragdia para um pas que vivia da exportao.

A economia, que j no andava bem, no precisava de mais essa dor de cabea. O Brasil vivia s voltas com a crise no mercado de caf, nico produto de exportao brasileiro, e tinha uma dvida externa crescente. O pas passou a emitir cada vez mais papel-moeda, provocando uma inflao generalizada. Nos primeiros cinco anos do governo republicano, a coisa foi feia. Os preos subiram 300%, enquanto os salrios no aumentaram 100%, diz o historiador Jos Murilo de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Os Bestializados.

Era preciso agir. Rodrigues Alves ele prprio um grande fazendeiro de caf nomeou como prefeito da capital federal o engenheiro Pereira Passos, que havia morado em Paris e conhecia bem as reformas de Haussmann. Foi Passos que liderou a derrubada de 1 600 velhos edifcios, numa reforma radical que ficou conhecida como bota-abaixo. Em cerca de dois meses de obras, milhares de pessoas foram despejadas e empurradas morros acima, onde construram barracos e casas improvisadas.

Sem dinheiro, sem emprego e sem ter onde morar, o cenrio estava pronto para que o povo se rebelasse. S faltava um estopim.

Medo de injeo

Para combater as doenas que abatiam os cariocas, no bastariam as reformas urbanas no centro da cidade. Mesmo que (e muita gente duvida disso) esse fosse o objetivo principal das obras. Mais uma vez apoiando-se no exemplo francs, o governo brasileiro apostou nas tcnicas de sade pblica que estavam sendo colocadas em prtica por mdicos como Louis Pasteur. Para apia-lo nessa rea, Rodrigues Alves convocou um jovem mdico do interior de So Paulo que acabarade estagiar em Paris, Oswaldo Cruz (leia quadro na pgina 48).

Assim que assumiu a diretoria de Sade Pblica, em 1903, Oswaldo encarou batalhas contra a peste bubnica e formou brigadas sanitrias que saram pelo centro da cidade caando ratos pelas casas e ruas. Chegou a adotar o mtodo pouco ortodoxo de comprar ratos, para estimular a populao a caar o roedor. Apesar das inevitveis fraudes houve gente que foi presa por criar ratos para vender s autoridades a campanha contra a peste foi um sucesso.

Para enfrentar a febre amarela, no entanto, Oswaldo encontrou oposio. Nem o combate aos mosquitos era consenso. Na poca, no se sabia que a doena era causada por um vrus nem se conhecia seu mecanismo de transmisso, e, embora o cubano Carlos Finley j houvesse publicado sua tese de que a doena era transmitida por um mosquito, um grande nmero de mdicos brasileiros acreditava que a febre amarela era causada por alimentos contaminados.

Em 1904, seria a vez de combater a varola. J havia leis que tornavam obrigatria a vacinao desde 1884, mas essas leis no pegaram, diz Jos Murilo.O governo resolveu, ento, fazer uma nova lei obrigando toda a populao a se vacinar, em novembro de 1904. O projeto, que permitia que os agentes sanitrios entrassem na casa das pessoas para vacin-las, foi aprovado na Cmara e no Senado, mas no sem antes quase levar aos sopapos os partidrios de Rodrigues Alves e seus opositores, que no eram poucos. Entre eles havia os partidrios do ex-presidente Floriano Peixoto, que no se conformavam com um governo civil, como o senador (e tenente-coronel) Lauro Sodr e, na Cmara, o major Barbosa Lima. O senador Ruy Barbosa se manifestou, em plenrio, dizendo: Assim como o direito veda ao poder humano invadir a conscincia, assim lhe veda transpor-nos a epiderme.

Com a querela poltica, o assunto chegou imprensa. Os jornais se dividiram: o Commercio do Brazil, do deputado florianista Alfredo Varela, e O Correio da Manh, de Barbosa Lima, atacavam a vacinao, enquanto o dirio governista O Paiz defendia a idia com unhas e dentes. Logo, no se falava em outra coisa no Rio. Os representantes dos trabalhadores no concordavam com a nova lei, que, entre outras coisas, exigia o atestado de vacina para conseguir emprego, e criaram a Liga Contra a Vacina Obrigatria, que em poucos dias arregimentou mais de 2 mil pessoas.

No difcil entender por que o povo ficou contra a vacina. Pela lei, os agentes de sade tinham o direito de invadir as casas, levantar os braos ou pernas das pessoas, fosse homem ou mulher, e, com uma espcie de estilete (no era uma seringa como as de hoje), aplicar a substncia. Para alguns, isso era uma invaso de privacidade e, na sociedade de 100 anos atrs, um atentado ao pudor. Os homens no queriam sair de casa para trabalhar, sabendo que suas esposas e filhas seriam visitadas por desconhecidos. E tem mais: pouca gente acreditava que a vacina funcionava. A maioria achava, ao contrrio, que ela podiainfectar quem a tomasse. O pior que isso acontecia. A vacina no era to eficaz como hoje, diz Sidney.

Com a populao descontente, a imprensa colocando fogo e os polticos protestando, uma hora a revolta ia tomar as ruas. Pronto, agora podemos voltar para aquela manh de novembro.

Quebra-quebra

Quando deixamos 1904, policiais e a populao trocavam tiros e pauladas pelas ruas do centro da cidade. O corre-corre foi grande a multido se dispersou, deixando o centro para se reunir mais alm, nos bairros populares. Naquele 13 de novembro, houve confuso no Mier, Engenho de Dentro e Andara. Vinte e duas pessoas foram presas.

Mas o pior estava por vir. No dia seguinte, logo cedo, grupos aparentemente desarticulados vindos dos bairros rumaram para o Centro. No caminho viraram bondes, derrubaram postes de iluminao, reuniram entulho no meio das ruas e se prepararam para enfrentar a polcia. No bairro da Sade, prximo ao porto, a barricada reuniu 2 mil pessoas, segundo relato do Jornal do Commercio, que chamou o lugar de Porto Arthur, em aluso a um forte na Manchria, onde japoneses e russos travavam uma sangrenta batalha. Liderados entre outros por Horcio Jos da Silva, o Prata Preta (leia quadro ao lado), os defensores de Porto Arthur estavam armados com revlveres e navalhas. Alguns marcharam com armas nos ombros e se espalhou que tinham at um canho. Por trs dias conseguiram repelir a polcia, mas no dia 16 o Exrcito, apoiado por tropas de So Paulo e Minas Gerais, invadiu o local, numa ao que contou ainda com bombardeios da Marinha. O suposto canho era um poste deitado sobre uma carroa.

No dia 14, enquanto o pau ainda comia nas ruas, a confuso chegou aos quartis. O esforo conspiratrio que duraria o dia todo comeou logo cedo. O senador Lauro Sodr e o deputado Alfredo Varela reuniram-se no Clube Militar com a cpula dos militares. No entanto, o ministro da Guerra, marechal Argollo, conseguiu melar o encontro e mandou todo mundo para casa. noite, uma parte dos conspiradores tentou tomar a Escola Preparatria do Realengo, mas no conseguiu.Outro grupo, liderado pelo prprio Sodr, invadiu a Escola Militar da Praia Vermelha e convenceu cerca de 300 cadetes comandados pelos generais Silva Travassos e Olmpio Silveira a marcharem rumo ao Palcio do Catete. L, deram de cara com cerca de 2 mil homens leais ao governo. Houve tiroteio, Lauro Sodr desapareceu, mas o general Travassos foi ferido e preso. Saldo da quartelada: trs golpistas mortos e 32 soldados feridos.

Nas ruas, a batalha s terminou no dia 23, quando o Exrcito tomou um dos ltimos ncleos da revolta, o morro da Favela. Pelos clculos do historiador Jos Murilo de Carvalho, durante toda a revolta foram detidas 945 pessoas, sendo que 461, todas com antecedentes criminais, foram deportadas para locais distantes como o Acre e Fernando de Noronha. No h estatsticas oficiais, mas acredita-se que 23 pessoas tenham morrido, segundo as estimativas dos jornais da poca, e pelo menos 67 ficaram feridas.A vacinao obrigatria foi suspensa. Mas o governo manteve a exigncia de atestado para casamentos, certides, contratos de trabalho, matrculas em escolas pblicas, viagens interestaduais e hospedagem em hotis. Nem todos esses cuidados, no entanto, impediram um novo surto de varola. Em 1908, quando a cidade do Rio de Janeiro registrou quase 10 mil casos, o povo fez fila, voluntariamente, para se vacinar.

O mdico da vacina

Oswaldo Cruz introduziu os conceitos da sade pblica no Brasil

Oswaldo Cruz no foi apenas um mdico e sanitarista brilhante. O fundador da sade pblica no Brasil era um entusiasta das artes e da escrita, e chegou a ser membro da Academia Brasileira de Letras. No Rio de Janeiro do incio do sculo, era comum encontr-lo nas estrias teatrais, nos saraus e em outras manifestaes culturais. Mas sua maior paixo eram os micrbios, que ele conheceu enquanto cursava a Faculdade de Medicina, no Rio de Janeiro. Logo aps se casar com sua namorada de infncia Emlia, com quem teve seis filhos, Oswaldo fez as malas, e se mudou para Paris, para estudar microbiologia no prestigiadoInstituto Louis Pasteur. Estava aberto o caminho para uma carreira brilhante, que at poucos anos antes ningum poderia imaginar. Afinal, Oswaldo sara de uma pequena cidade do interior de So Paulo, So Lus do Paraitinga, onde nasceu a 5 de agosto de 1872, esperando no mximo ganhar dignamente seu sustentoao se mudar para a capital.

Mal sabia ele que ao colocar novamente os ps no Brasil seria chamado para uma importante misso: diagnosticar a misteriosa doena que, em 1899, atingiu a cidade de Santos. Junto com outros dois mdicos clebres, Adolfo Lutz e Vital Brasil, integrou a comisso que identificou a peste bubnica, transmitida por ratos, como a causadora das estranhas mortes. Da para o reconhecimento nacional foi um passo. Quando o baro de Pedro Afonso resolveu criar o Instituto Soroterpico do Rio de Janeiro, a direo pediu uma indicao ao Instituto Pasteur, que prontamente deu o nome de Oswaldo Cruz. Poucos anos depois, ao ser convocado pelo prefeito Pereira Passos para erradicar as epidemias na capital, em 1903, o sanitarista se tornaria um dos personagens mais importantes do ltimo sculo, simplesmente o criador da sade pblica brasileira.Oswaldo Cruz reorganizou todo o servio de sade no Rio de Janeiro. Ele estabeleceu a conjugao de esforos, pela primeira vez, entre os servios de higiene municipais e federais, unificando a sade no Brasil, diz o socilogo Nilson do Rosrio Costa. Depois de vencer as epidemias de febre amarela e varola na capital, foi convocado para combater as sucessivas epidemias de malria na Amaznia nos anos 10, entre 1912 e 1915, quando a extrao da borracha atraiu milhares de brasileiros para a regio. L, lanou uma ampla campanha de controle sanitrio, que acabou no dando os efeitos desejados. Infelizmente, fracassou em sua ltima grande cruzada a favor da sade pblica.

Malandro e capoeira

Lder da barricada era fichado na polcia

Horcio Jos da Silva, ou Prata Preta, que comandou mais de 2 mil pessoas na barricada de Porto Arthur, era um capoeira, termo genrico usado pela polcia para classificar algum que alm de ser exmio lutador costumava ser preso por ficar bbado na rua, incomodar as mulheres e provocar brigas. Prata Preta tinha cerca de 30 anos, era um negro alto, forte e dotado de boa sade, segundo sua ficha na polcia, que o considerava um dos maiores desordeiros do Rio. Morava no centro da cidade e vivia de bicos. Durante os quebra-quebras de 1904, Prata Preta ficou famoso na cidade toda, por ser o mais incansvel dos rebeldes.Os policiais tinham medo dele. Prata Preta ficava nos lugares mais perigosos das barricadas, onde ningum se atrevia a lutar, e atacava sem parar os soldados.Ele usava dois revlveres, uma navalha e uma faca. Consta que chegou a matar um soldado do Exrcito durante um ataque a Porto Arthur. Ele foi um dos primeiros a ser preso quando a cidadela improvisada caiu, e quase foi linchado pelos soldados, tal o dio que tinham por ele. Mesmo no meio da confuso ele no parou de lutar, e teve que ser metido numa camisa-de-fora para no colocar a central de polcia em polvorosa. Prata Preta parou de circular pelas ruas do Rio no fim de 1904, quando foi deportado para o Acre, o fim do mundo, e nunca mais se ouviu falar dele.

Saiba mais

Livros

Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a Repblica que No Foi. Jos Murilo de Carvalho, Companhia das Letras, 1987 - Retrato delicioso sobre o Rio de janeiro da belle poque

Cidade Febril: Cortios e Epidemias na Corte Imperial. Sidney Chalhoub, Companhia das Letras, 1996 - Estudo sobre a relao entre as reformas urbansticas e as epidemias no incio do sculo 20

A Revolta da Vacina: Mentes Insanas em Corpos Rebeldes. Nicolau Sevcenko, Brasiliense, 1994 - Obra que se dedica anlise das causas da revolta Oswaldo Cruz: A Construo de um Mito na Cincia Brasileira. Nara Brito, Fiocruz, 1995 - A autora, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, faz um perfil do maior sanitarista brasileiro