RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

download RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

of 15

Transcript of RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    1/15

    --------

    IHERMENEUTICAE ESTRUTURALISMO

    f.iifIiit,It .- '. ...8: c

    o ~ : :

    - , - . ~ .......

    da teoria q ~ J u n d a . a s _ r e g r a s de leitura . e m . q u ~ t a . ~ Essas interpretaes19Ual.meIite vaIidas 'pcrmancccm jogos de linguagem , cujas regras podcmosaltciar arbitrariamcnte, enquanto nao mostrarmos que

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    2/15

    ij

    iI

    I i: It

    I i

    27

    1. . t; _

    ESTRUTURA E H E R M E N ~ U T . I C A

    o prcsente coI6quio tern por tema a her roeneu ti ca e a t r a d i ~ a o . B surpreendente q ~ e , aquilo que e posta em questao, em ambos os tituIos, e,eertamaneira de viver, de operar tempo tempo detransmissao. tempo de n-t e r p r e t a ~ a o .

    Ora, somos et opini ao - que permanece opini ao enquanto nao

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    3/15

    , -i :;1 -.II f l: ;

    ..' .

    . : : .- - -_.-

    29

    Nao me parccc oportuno part i r de 0 Pmsamento Selvagem, mas chegar3 dc . 0 Pensamcr;[o Sd agem r e f l r e ~ c n t a a ultima cl;,p3 de urn p rocessogr3dativo de generali7.at;ao. No inicio, 0 cstruturalismo naG prctendc ~ e f ~ n i rloch a const itui ao do pensamento, mesmo no cstado sc ' '': lgcm, mas dchmltarum grupo bern dcterminado de problemas possuinuo, sc podcmos dizcr assim,afinidade para 0 Ira1amento estruturalista. 0 Pensamenlo Selvagem repre-

    dcssc (cmpo esgotado; transforma-sc em h c r a n ~ a C em dcp6sito, ao mesmo ;tempo que sc r:lcionaliu. Estc proccsso c patente quand? .se compara ograndes simbolos b c b r ~ i c o s do pccado as COl1stru r : ' 1 C S de nm tempo oculto 11 urn

    l c ~ p cs[;o:ado. Parcce, entaD, que a tr;-,d i \ ; ~ o , na rncdida mesma em quedc-sec a r ampa do simbo10 a mitologia dogmatica, situa-sc sobre 0 trajcto

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    4/15

    jidI, .iII,III;

    , - . J - , ~

    todos Os signos de uma Hngua formc.-n urn sistema: una lIngua, 56 ha difer e n ~ 3 s ours de ling istiqllc gcncrale, p. 166).Ess2. ldeia-for.;a r..urnanda 0 segundo ~ c m a concernirtdo p r e c i s a . m e n t ~ ar c l a ~ a o da diacronia com a sincronia. Cera cfeito, 0 s i s t ~ ~ a das dlf.ercnc;ass6 surge sabre um eixo das 'cocxistcncias inteira:ncnte d l s t l O . t ~ ?o elXO' oassucessoes. Nasce assim uma lingUfstica S lCrOD1ca como ClcnCla dos estados em seus a s p ~ c t o s s i ~ t e m a t i c o s distinta de uma l i n g ~ i s t i c a . d i a : r o ~ i c a oucicncias das evolus:5es, aplicada ao sistema. Como se ve, a blstona e SeClln-daria, e f igura como a l t e r a ~ a o do sistema. Ademais, em lingUistica, essas

    a l t e r a ~ o e s sao menos inte1igfveis que os estados de sis tema: Jamais, escreveSaussure 0 sistema emodif icado dire tamente; em si mesmo, e imutavc1; somente c ~ r t o s e lementos sao aHerados sem atenc;ao a solidariedade que osliga ao tOdo ibid., p. 121). A bist6ria e mais r e s p o n ~ Y . e L p e 1 a s desordensque pelas mudan.;as significantes. ' ' Saussu re afinna com razao : os fatos daserie sincronica sao r e l a ~ 6 e s , os fatos da serie diacronica, acontecimentos nosistema . Pa r conseguinte, a lingiHstica e antes de tudo sincronica, e a diacronia s6 e inteligfvel enquanto comparas:ao dos estados de sistema antedorese posteriores; a diacronia e compara tiva ; nis to e la depende da s i n c r o n i a ~Finalmente, os acontecimentos 50 sao apreendidos qu::ndo r ~ a l i z a d o s Dwnsistema, isto e a inda recebendo dele um aspccto de regulandadc; 0 fatodiacronico c a i n o v a ~ a o oriunda cia palc.vra (de um so de alguns, poueoimpoLta), mas tornada fato de l i n g ~ a g c m (p. 140).o problema central de nossa ref lexao consi st ir a em saber a tc onde 0modclo in iiistico das rclac;6cs enlre s i i 1 c r o ~ d i a c r o n ~ : 1 pode nos guiar naCOrl:'D:,cc::sio hiqo:-:cid:1cC r i O r r : ~ sfmbolos. D:; : :;:;o;;:; 1 o ~ ( ) ~ 0 ;:'0: ::0

    > , - , . ; ~ o S r ; It;,,,iuo ~ ( J ' ~ c iverrYlQs Giant

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    5/15

    -Lmais..JJm j n C ( : D ~ c j c n t c . - k a . n t . . i . a n o - 4 u c freudiano. um i n c o n s c i e n ~ 9 . r i ~ 1 ,combinatorio' c uma orJcm fin i ta ou 0 finilismo da oHkm, mas def O r m . 2 - 9 . ~ n a r ; . D i g ~ i;:;-c'o;';cicnte kantiuDO, mas. apenas par c ~ u s a deSUa organizm;ao, porquc sc trata muito mnis de urn sIstema ,categonal scmreferenda a um sujcito pensame. . p ~ s _ o ~ u e _ . p ~ s t r u t u r a l i s m o , - e n q u a n t ?filosofia. .dcscovol v C ~ ~ _ J J m ~ . t i p o _dc-mtelectualismo f u n d a m c n t a 1 r o e n t e ~ . t l reflexivo a n t i i d c a l i ~ t a , a ~ t i f e n 2 i l l . 1 1 Q 1 Q g i c o ; da mcsma f o r m ~ , ~ s t e cspmtol m : : o ~ D . I C I f o a c s c r a r t o hom61ogo natureza; talvez .a,te SCJa n a t u r c ~Voltaremos a isso com 0 Pensat ento Selvagem. Todavla, Ja em 1956, refrindo-se a r eg ra de economia na explicac;ao de Jakobson, Uvi-Strauss es- crevia: A afirmac;ao de que a explicaC;ao mais cconomica tambcm e a que\ _ de todas as c ons ideradas - mais se a pr ox ima da vcrdade, repousa, em ult ima analise , sobre a identidade postulada das leis do mundo e das dopensamento Anthropologie structurale p. 102).Este 'terceiro prindpio nao nos concerne menos que 0 segundo. porqueinstitui entre 0 observador e 0 sistema uma rela,1:luss Jadissera : scm duvida, a sociologia sena bern mais avan9ada se t lvesse pro-cedido, em loeJa p:lrtc, imitando os linguistas (Artigo de 1945, in Ar.thropo-logic strl cruralc. p. 37). ~ 1 a s is a re oJur;:aa fcnologi,:;a em lingliistica c;veLtyj-StraU .:i consider;:: CC TIO a verJadeiro ponto de partIda: Ela nao re:1O-vou apc 1:lS perspeclivas i..'1guisticas: uma transformayao c e s ~ a ; mplituJccst:i Em:I:lGJ. J. wn a disciplina particular. A fanalogia n:;'o poJc deL);.a,de Jescmpenhar. per;>ole as cii:ncias sociais. 0 mesrno pape renov:ldor quea f is ica nuclear , por exemplo, dcscmpcnhou no con,junto OJ.: cicncias eKatas.Em -1,1 .. consistc csta rcyoluyao, quando tratamO$ de encua-h em SU3Simplica;;oL S mais g c r a i ~ ? 1? 0 ilustre mestre da fanalogia, N. Trot.:hI:tskoy,quem nos fo rncc cr a a r cs po st a a e st a quest ao . Num a r t i g a - p r o g r a r n ~ AFonolonia crual. in Psychologie du larzgagc cle reduz , em suma, 0 lDt:1odofonol6; ;co a quatro proccdimcntos fundamer .t ai s: em p;i.;neiro lugar , a

    fonologia passa do estudo dos fCDomenos lingiilsticos conscientes ao estudode i ~ f r a c s t r l l i ~ ; ela serCcllsaa tiatar os term c o ~ ( )cntidadcs indcpcndentes, tomaodo,:?O

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    6/15

    35

    , _ . ~ _

    . . , ; t_c ._ - . : . . ~ ~ . ~

    --- -34 - I v ~ : /1 1 rj . u .~ l ;.1.1[,.:1.1 - I . i.I ;/

    ~ - - - ' - - : : . _ ~ - - _ . ~ r - = ' ~ . - ~ - - .s imb6lica . fazcndo sua primcira apari

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    7/15

    :

    -:

    i. .

    t ~ , - c - o - m - p - r - e - e n = s a o = ; = t : ~ , o ~ ~ m o , dI , quo 0 ~ ~ t U I I , m o n ; o o o n hmais limitcs; nao e todo a pcnsamcnto que recal sob seu domlDlo, masum nlvel de pcns3mcnto, 0 nive do pcnsamento selvagem. Nao obstan:c,o l ei to r que passa da mropologia Estrutural a a _Pensamcnro S e l v ~ g e m ,fica surpreso com a m u d a n ~ a de front e de tom: nao se procede malS a03pOUCOS, do parcntesco a a rtc ou a rcligiao; e t ~ d O urn r;ivel p:nsamento,cODsiderado globalmente, que se torna 0 obJeto_de m v e s ~ l g a ~ o ; e; e ~ s eproprio oivel de pensamento e tido pela f a ~ ~ ~ nao d o ~ e s t I ~ d a doensamento; nao ha sclvagcns opostos a C1Vlhzados, nao ba menta lJdadeprimitiva, nem pensameoto dos selvagens; nao h i mais exotismo absoluto;para alem da ilusiio totemica , M ~ p e ? ~ um_ p e ? s a n ; e ~ t ~ ~ < ? ~ ~ g < : . ~ ; _ ~ ~ ; e .pensamento n ~ _ m m e s ~ o e a n . ~ l 0 F ~ o g l c a ; . . E } ; o ~ r e - I o g l c O . m,as ? .hoo:o-logo do p _ ~ n _ s ~ ~ . ~ t 9 _ .lgi.C :;p..9.mologo. ~ ~ ~ . ~ J : . l ~ ~ ~ _ . f o . r t e : suas C a s s i f l ~ ~ e sramif icadas , suas f inas Domenclaturas sao 0 propno pensamento dassifica..t or io , mas ope rando , como d iz U v i ~ t . ~ a u ~ ~ . : m _ ou_t:0 . ~ _ ~ e _ ~ t r a t ~ g . i c o . 0o . s e _ ~ i v ~ C 9 P c D . S a m - e I l t o ~ s e l v a g e m e 0 ?ensamento da o:dem, m,as e p ~ D s a m e n t o que nao,s-=-..C_nsa. Neste ~ a r t l c u l a r , elc . r e s p o n ~ e bern as Condl

    ~ 6 e s do estruturalismo evocadas aClffia: ordem mcon:clente - ordem,cODcebida como sistema de diferen'Y3s, - ordem susceuvel de ser tratadaobjetivarnente, independentemente d , = , - o b s c ~ . a d o r . Por c o n s e g u i ~ t e , sointcligiveis os arra-njos Dum _ n i v ~ ~ i J ? c ~ ? S C l c . t e . Cc:::;m:cndcr nao conslste.~ r ; - r c t o m a ; : ' -irltcniucscc scn:ido, r ~ ~ i m a = l a s _ p ~ _ urn_ato rustorico dei ~ t c r p ~ c l ~ s : a o que se inscrever ia n u m ~ _ l r a ~ i l i a o _ c o . n ~ ~ u a . A i n t e J i g i b i ~ i d ~ ~ esc prcndc ao c6digo de t r a n s f o r m a < ; o c s . q l ' c - a s : c g u ~ a . _ as c o r r c s p o n d ~ l c a se ::, h o r , ~ o l o g i a ~ c;H,c a ~ r : : ' C 1 j o 5 p e r ' c ; l c c r l ~ o . a OlVC;S c:s l:::os da .rcalr-dadc

    s o ~ i a l - G - ~ Q ; - n ; 7 . 2 . . : ; ~ i , C : ~ i ~ ~ ~ ; ~ , r : 0 ~ n c n c L : d l : ; - ~ : ' S c c ~ ~ ~ . s s i f i . : : ' ; 0 , ; ~ Ui : a mais pbntas, ~ i t o s cartes, etc.). Cardcterizdfci 0 m ~ t o d o com. uma ?alavra: c uma opqao pc b s in taxe contr a a scmantica. Esta esco lha e p e r f e ~ t a m e n t e

    legitima, na medida mesma em que e urn pa ri roantido , ~ o m COerenCIa. Infelizmcnte. falta uma rcflexao sobre suas condllYOeS de v:lildade, sobre a p r ~ oa sc pagar par esse t ipo de cnmpreensao, em suma , uma r e f l e ~ a o sobre asI;mil(;s que, no cntanro, aparcclJ. COr:l trequt:ncia nas oaras anteflorcs.

    QU:L.'1to a mim, surprccndc-me que tados os cxcmp os :ejarn t o ~ a d ~ stk uma ar ea geograEca, q'Jc foi a do assim chamado J,2tc,-ywmp, e Jamalsdo pcnsamcnto scmilico, prc-hclcnico au indo-curopcu. E pcrgunto-me 0(juc implica essa limitas;ao injcial do matcrial ctnogrifico e humano. Naos'c confcriu 0 autor a parte dcmasiado faci l. l igando a SOrle do pcnsamentosclva cm a uma a re a cul tu ral - j ust ameo tc a da i1usao totcmica , - onde; fos arranjos importam mai s que os con tcudos, onde 0 pensamento c e et l-vamente bricolage operando sobre urn m;J.tcrial hetc.0c li to, sabre eSCOIIlbros de scntido? Ora , jarnais, nes te l ivro, foi colocada a que-stao da u n i d ~ edo pensamcnt0 mitico. A gcncraliza.;ao a todo pcnsamento sclvagem e belacomo adquirida. Ora, perguoto-me se 0 fundo mitico sabre 0 qual estamos

    _. _- ... _ ;.---- ~ : - . - - - - - - - - - - ; - - - - - - . . . . ; ; .a da Iinguagcm. Ambas se cdificam por mcio opOSlgoes c corre1a9oes,isla e de relaq6es 6gicas. Ta.nto que se pode considCrafaling1.i-a-gc,mcomt>urn a l ~ c c f c e destmada a f eceber as es tr ut ur as par vczcs mais complcxas,porern, do rncsmo tipo que as was, que c o r r e s p o ~ d e m a cul tura - ~ c a r a d asob difercntes aspectos ibid. p. 79). Canluao, Levi-5tr:::uss cleve cO:J.cordarque a c o r r e l a ~ a o entre cul tura e nao e S U T l c ~ ~ ~ C m ~ _ } . ~ ~ . . . i u s t i ( i c ~ Q a-:10 pa2cl ) . J I U Y . : < ; r S l 1 L d ~ _ J i l } g t a ~ . ; . l 1 L . . . a culiura;-'Ere proprio recorre a urntcrceiro t enno par a fundar 0 paralelisrno entre as modalidades estruturaisda- linguagem e da cultura: Na o nos l c m b r a m o ~ suficientemente de que alingua e a cullura scjam duas modalidades paralclas de uma alividade maisfundamen tal : pooso, aqui , n est e bos pede p re sen te en tr e nos, se bern queninguem se tenha lembrado de convida-lo aoS nossos debates : o=espfritohumana (p. 81). Esse terce iro, ass im evocado. susci ta graves problemas. . .porque 0 espirito compreende a e sp lr ito, nao somente por analogia deestrutura, mas por retamada e c o n t i n u a ~ a o dos discllrsos particulares. Ora,nada garante que esta inteligcncia depende dos mcsmos principios que osda fonologia. Portanto, 0 empreendimento estruturalista me pareee perfeitamente legit imo e ao abr igo de tada edtica. enqllan to pre se rvar a conscicncia de suas condic;6es de validade e, por eonseguinie, de seus limites.Vma coisa e certa, em to da hip6tese: a corre lac;ao deve ser proeurada, naoentre linguagem e atitlldes, mas ent re express6es homogencas, ja formali7-adas, da da cstrutura social (p. 82). Com estac o n d i ~ o , mas somcntc com csta c o n d l c ; a o ~ a b r e - - ; e 0 camiD.l'1o a umaantropologia eoneebida como uma t eoria geral das r c l a ~ 6 e s , e a analise dassociedadcs ern func;iio dos carac tcrcs diferenciais, pr6prios aos s is tcwas dercia.;6es que as dcf incm (p_ 110).Meu proh cm2 sc r ~ c c : ~ - : : : . c:::::'o: qual 0 lu;;;.(r de llma tcorla gerald?s rela

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    8/15

    _ _ ~implantados - fundo semitico (egipcio, babi16nico, aramaico, hebreu),fundo pro to -hcl cn ico, f undo indo- cu ropcu - p rest a- sc tao faeilmente amesma - o p e r a ~ a o ; au antes, insisto neste ponto, scguramcnte .5e presta a cla,mas p rest a- se sem m 1is? Nos exemplos de 0 PCIlSamef1 O Selvag ainsignific5.ncia dos contcudos c a exuberancia dos arranjos pareccm-me c e n s ~tituir urn cxcmplo extrema, mui to mais que forma canonica. Acontcceque uma parte da civilizas:ao, aquela justamente de que nao procede nossa

    c i ~ ' i l i z a \ ; a o , presta-se melho r que qua lque r out ra a aplicas:ao d o meto da~ s t r u t u r a l transposto da lingtiistica. Mas isto nao p rava que a inteligcncia dasestruturas seja igualmente esclareccdora alhures c, sob rc tudo , que sej a ta oauto-suficiente assim. Falei , aeima, do pres:o a pagar: c st e pres:o - ainsignifid.neia dos contcudos - nao e urn prcs:o alto com os totcmismos,como e grande a contrapartida, a saber , a alta significas:ao dos arranjos.o pensamento dos totemistas, me parece, e justamente aqucle que apresentamaior afinidade com 0 estruturalismo. 0 que me pergunto e se seu exemploC. ,. exemplar, au s e n ao e excepcional4

    Ora, talvez haja out ro polo do p e ~ s a m e n t o mltieo em que a arganizas:ao sintatica e mais fraea, a j u n ~ a o com 0 rito menos acentuada, al i g a ~ a o com as classif ica96es sociais menos tenue e, em que, ao eontrario,a riqueza scmantica possibilita retomadas hist6ricas indefinidas em contextossociais mais variaveis. Para esse outro polo do pensamcnto mitico, de quedarei daqui a pouco alguns exemplos tornados do mundo hebraieo, talvez aintcligcncia cstruturaI scja menos importantc, em tedo caso mcnos cxclusiva,e exi ja rnais man if es tamente ser a rt icul ada sob re uma intcligcncia hennenbtica que sc apJiea a intcrprctar as propr ios contcudos, a fim de prolon';2rSU:i vida e de incorporar sua cficacia a rd1t.:xao filosOfica.

    ;J.qui (Jue tomrtrcl por p ~ r de tOC UG a q lies: ao do ;cm po que dcsc,,c.Jdcounossa meditas:ao: 0 Pen samcnto Selvagcm t ir a t odas as conseqUcncias dos conceitos lingUfsticos de siccronia e de diacronia, e extrai dcIesuma c o n c c ~ o de conjunto d:l.S relac;oes entre es trutura c acontecimento: A qucsllio ,; a de saber se r c l a ~ i o pcrmanecc j d ~ n t i c a em todo afront do pcnsamento mi[ico.. L

    Uvi-Strauss 5C conter, : em rctom;,r uma paiavra de DO:ls: D:riamC'sque os univenos mito16gicos sao destmados a SCfl:m desmantc1ados dcsdeque sao farm ados, pa ra q ue noyos universos de seus f r a ~ m e n t o ~ibid. p. 31) (esta p;J)avra ja scrvira de epigrafe a urn dos artigos reeolhides na Anlhropolop ie sfrucluralc p. 227). esta rclaQU de colocar a o s t e o m o s - C o - d ~ rclayao entre a cs::-ulur , e a acontccimenta. E a grande Ii95:0 do. totcmismo 6 que a -forma da estru:Clra, porVeles, pode sob rcvive r, quando a propria cstrutura sucumbe no 2 ~ n t e c i

    m ' ~ n , o Cp. 307). . .A pr6pria h is t6 ri a mlt ica est a a s e r v i ~ o J cs sa l ut a d a estrutura contrao c.contcC'imento, e repre5cnta um esfor90 das sociedades Fa :' anul?' a ul;1io

    perturbadora dos fatores historicos; representa uma tati ca d e anula

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    9/15

    ifi[

    41

    c urn querigma 0 an6ncio da gcsta de Jave, consti tu lda' po r umfeixe de acontecimcnlos. Trata-sc de urna Heilgeschichte A primcira seqUencia e fornceida em seguida: l i b e r t a ~ a o do Egilo, passagcm do Mar Vermeiho,r e v e 1 a ~ a o do Sinai. erranciano deserto, r e a l i z a ~ 10 da promcssa da Terra,etc. 0 segundo polo organizador se estabelece em torno d o tcma d o Ungidode I sr ae l c da. missao davldica._Enrirn, instaura-seum tercciro p610 desentido, depois da cati;strofe: a d e s t r u i ~ a o ai aparece como acontecimentofundamental, aberto a alteroativa nao reso1vida da promessa e da a m e a ~ ao metoda de compreensao aplid.vel a este feixe acontecimental CODsiste emrestituir 0 trabalho intelectual oriundo dessa f6 h is t6 ri ca e desdobr adonwn contexta confessional, freqiientemente hfnico, sempre cultural. Gerhardvon Rad d iz muho bem: Enquant o a hist6ria critica tende a reencontraro minimo verificavel . uma pintura querigmatica tende para um m.iximoteo16gico , Ora, foi justamente urn trabalho intelectuaI que presidiu a est a

    e l a b o r a ~ l i o das t r a d i ~ o e s e culminou no que agora chamamos de a Escritura.Gerhard von Rad mostra como, a par ti r d e uma confissao m1n4na, constituiu-se urn espa

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    10/15

    - - -- - - - ~ - - _ ~ ~ . ; . . . . .

    ,43

    c;ldeia r c i n t c r p r e t d ~ f i c ~ rnhinicas e cristol6gicas. aparccc imcdi:ltamcntcque CSS3S retamadas repre$ent8m 0 con tr ar io do bricolagc. Nao podcmosmais falar de utiliza\(30 dos restos em est ru tu ras cuj;), sintaxc i m p o ~ t a v amais que a semantica, nu s da uti liza\(ao de urn acrescimo, 0 qua l o rdena,como u rn ) d029aa primeira de sentido, as intcnc;:oes relificadoras de c a r ~ t c rpropria:ncntc teo16gico e filos6fico que se aplicam sabre, este fundo slmb6-'l ico . Nessas seqiiencias ordcnadas a partir de um feue de acantecimentossignifieantcs, e 0 acresdmo inicial de sentido que motiva tradic;:ao e interpretar;ao. E po r isso que devemos falar , nes te caso. de regula9ao semanticapelo conteudo e naa somente de regula

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    11/15

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    12/15

    1 ~ t Z i : : ~ ~ ,.. . ,,.,,,, ,--C-, , ~ - = - - = - . , . , _ - o - - ~ , - - - - ~ ~ ~

    , 1 :

    .

    :

    47

    Todav ia . em Qutros momentos, 0 aulor nos convida a reconhecec,10 sistema das cspecies naiurais e DO dos objclos manufaturados, dois coniuntos mediadoresie qu e se serve 0 horoem para supeI'aI' a oposic;ao entre.natuI'czac c u l t u r a - ~ , ~ e n s a - I o s = ~ m o t o t a l i d a d c ~ { p . 169). Sustcnta que as-:struturas sao anteriores as pra,ticas. mas concord a que a praxis e a n t e r i ~ r estruturas. PoTtanto. estas se reve1am s u p e r e s t r u t u i ' < o ~ dessa praxis que,para Uvi-Strauss e Sartre, constitui para as cicndas do homem a totalit : ade fundamenta l (p . 1735 Ha. po r conseguinte, em 0 Pensame1 toie vagcm, st em do esboc;a de urn transcendentalisrno scm sujei to, a esboc;oje 'uma filosofia em que a estrutura descmpenha a pa pel d e medi ador,intercalada entre praxis e pnllicas (p. 173). Mas ele nia p od e s e d ete raqui. sob pena de conceder a Sart re tudo 0 que lhe recusou, recusando-lhesociologizar 0 Cogito ( p. 3 30 ). Esta sequencia: praxis-estrutura-pra:ica.s,permite, pelo menos, que se seja estruturalista em etnalogia e marxista emfilosofia. Mas que marxismo?

    Hi., realmente. em 0 Pensamento Se/vagem, 0 e s b ~ o de uma filosofiabastante diferente, em que a ordem e a ordem das coi sa s e coi sa ; uma medit a ~ a o sobre a de especie leva naturalmente a isso: a especie a das c l a s s i f i c a ~ 6 e s de vegetai s e de anima is - nao possui uma objetividade presumid:J.'? A diversidadc das espccies fomece ao J:.omcm a maisintuitiva imagcm de que el c di spoc, e c on sl it ui a mais C i r e ~ 3 . manifestai;aoque conscgue percebcr da descontinuidade ultima do rea l: ela e a expressiosensivcl de uma codifiC:l

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    13/15

    . : ~ ~ . : . o . : - ~ - , , : ~ ~

    j

    j

    49

    ao esquema explicativo, no qual a sincroriia constitui sistema e em -ue a_::diacronia constitui problem. crvarel os l erme s de h i s t o r i e i d a d ~ . . . . . : - ~ historiciqadc_dg. t r a d i ; ~ ( ) _ ~ _ J l j ~ _ t o r : ~ c i d a d e . .da __ J ~ c r p r ~ J a . ~ a ( ) __ : : - : _ p l - ~ ~ l 1 2 d a ~ : . ' ; .eornprecnsao t ~ l . c I Q c o I s ~ i c Q ~ i l l , : j _ r n - p l f c i t ~ _ou e x p l i c i _ ~ ? - D . ~ n _ t e __ ~ ~ ~ -

    ~ m i n h o cta:compreerisao.--fiIosOfica de-si e - d ~ - s e r . - N e s t e ~ e n t i d o , o m i t o a e ~td ipo depende clil compreens30 1Iermeneutiea quando e compreendido-erctomado - pa r urn S6focles - a titulo de -primeira s o l i c ~ a o desentido, em vista de uma meditayao sobre 0 reconbecimento de si, -sobrea luta pela verdade e pelo saber tra-gico .

    2. A articulacao dessas duas inteligencias coloca roais problemas quesua d i s t i n ~ a o . A quest lio e demasiado nova para que possamos ir aJem deproposi tos explorat6r ios. A e x p l i ~ a o estrutural. perguntar.::mos iniciaJmente, pede s er separada de tada compreensao hermeneutica? Sem d U ~eia 0 pode tanto mais quanto a fuo.,;:ao do mito e s g o t ~ - s e no estabelecImento de r e l a ~ o e s de homologia entre contrastes significativos, situados erft.vanos pIanos da natureza e da cultura. Mas entao, seri que a compreensaohermeneutica DaO se refugi.ou na propria c o n s t i t u ~ a o do campo semaoticoonde se exercem as r e l ~ e s de homologia? Estamos lembrados da importante

    o b s e r v ~ o de Uvi-Strauss concernente a r e p r e s e n ~ a o desdobrada resultando da f u n ~ a o s imb6 li ca f azcndo sua primeira a p a r i ~ a o . A naturezal;ontr::.ditOria desse signa s6 podcria ser neutrafizada diTIa ele, pa r esta trocade valores comp1cmcntarcs, a que toda a vida social se reduz nthropo-[ ie structurale p. 71). Vejo nessa obscrvz9ao a iodica9ao de urn caminho. ser s cg ui do, em vista de uma art icula9aO que de forma a lguma sena um.c:: ctismo entre hermeneutic::. c estruturCl i::ffiO. Entcndo que 0 desdobramen to de que se trata--aqui C 0 que-eugendra a fungao do signo cm geral,e nae 0 duplo sentido do sfmbolo, tal como 0 entendemos. Mas 0 queverdadeiro do signo__eIn_s.c.u_sentido. PriInario. ainda 6 pmis- verdadeiro doduplo sent ido dos sfmbolos. A inteHgeoeia desse d1lplo sentido, inteligenciaesscncialffiente berr:L1encutica, sempre e pressuposta peIa inteligencia das trocas de va o:cs complcmentares lcvada a efeito pelo cst ruturalismo.Lm e;.;.ame cuidadoso de 0 Pensament o Sel vagem s ug er e q uo podemosscmpre procurar, baseando-nos em homologias de estrutura, analogias semintic:i..'i que tornam comparaveis os difercntcs niveis de realidade euja converibilidade e assegurada pelo cOdigo _ 0 c6digo sUpOe uma correspondCocia,urn:> afinidadc de conteudos, vale dizer; uma cifray306 Assim, na interpret:1;;;;O dos r it os da c a ~ a as aguias, entre os Hidatsa ibid. pp. 66-72). aconstituic;ao do par alLO--baixo, a partir do q ua l sao formadas t od as asdistaocias c a distancia maxima c n t r ~ 0 ca9ador e sua c a ~ a , s6 forneeeuma tipologia mltica sob a eondi9ao de uma intelige.ncia implicita dasobrecarga de sentido do alto e do baix.o. Estou de acordo que, nos sistemasaqu i c studados , e st a afinidade dos eonteudos e d e certa fo rma residual;

    V. HERM:ENUTICA E ANTROPOLOGIA ESTRUTURALP2.ra conduir, vou retomar a questao inicia : em que as considera90esest ruturais const ituem atualmente a ctapa necessaria de toda inleligencia

    hennencutica? Mais gcralmcnte, como se articu am hermeneutiea_ ~ _ ~ s t ~ _ turalismo?

    Tais sao as i i l o s o f i ~ s estruluralislas entre as qua is a c lcnc ia cst ru tu ra lpcnnile que se escolha[ Sera que DaO rcspeilarfamos igllalmcnlC 0 cnsino

    da liogi.iistica. sc considerassemos a lingua c t odas as m e d i a ~ Q c s que s : ~ cde modelo como 0 inconscicnle instrumental mediante 0 qual urn sUJCJtofalante se :;-opOe_8.comprecndcr 0 scr, os ~ e r c s cle mcsrrro? r

    1. Gostaria inicialmente de dissipar urn mal-entendido que a discussaoanterior pode alimentar. Ao sugcrir que os t ipos miticos formam uma cadciacujo tipo totemico seria apenas uma extremidade e 0 lipo qucrigmaticoa outra extremidadc, p a r e ~ o ler voItado a minha dedara9ao inicial, segundoa qual a antropologia est rutural P uma d i s c i P ~ ~ c j ~ n t i f i c a _ e - A . . . h e l J l 1 e n c u t i c aurn: disciplina filos6fiea; N ~ ; ; - - e n a d ~ disso . Distinguir dois submodelos,oao significa dizer que urn dcpende apena s do estruturalismo e que 0 outroseria dirctamente m e ~ e c e d o r de uma hcrmencutica nao cstrutural; significadizcr SOffi\:nte que 0 SUbr.lOdclo totcmico toleTa melhor uma explieac;ao

    e s , ~ ~ a l ~ ~ r m a . n . C C c s c m - r d d u g , - _ ~ p - o r q u e . c. _ ~ n t r e t c : > . ~ o s as tlPOS-ITi7[icos,aquc1e que tern mai s a fic ic : lJc com 0 maJdo linguistico inicial,

    : l O - _ p : . S s o r q l ? c ~ _ - ~ o tipo q u c r j g m ~ t i c o , a C X r : i ~ 9 f i o es(rutuf21 q ~ ~ ~ 1 ~ l i 5 s ,IJ;.[ maioria dos cases, pcrmanece po r ser c aborada - remete mo.is manifcslamente a outra inteligcncia do sentido. Mas as duas maneiras de comprecnder nao sao especies, opostas .no mcsmo iJ.lvel, no interior do genera corownda compreensao. E por isso que nao reque rem nenhum ecletismo metodologico_ Portanto, ant es de lcnlar algumas observal;oes explorat6rias conccrnindo sua articulac;ao, prclendo ressalt.:u pela UltL-na vcz seu desoivc1amento.A c;-:.plica?o c: truturaJ versa: 1) sobre urn sistema inconsciente; 2) que ecomtituido po r d j f e r e n x s ~ ~ ~ ~ i ~ ~ r d i ~ ~ ~ ( a s - _ s i g e 1 f i ~ ~ i s } ; - ~ Lindcpendcntemcntc do o ~ e r v a d o r A intcrprctal;ao de urn seotido transmitidocomistc; 1) na rctornada cooseiente;i)QeuITl funuo_ s ~ ~ l l c O s ~ ~ e d c ~terminaJo; 3) por urn i n ~ e r p r e t c qu_c se situa n 0 f . l . ~ ~ _ c ~ scmanti=oque aauilo que compn::cndt:__c,_assim, DO circulo b e f l I e n ~ t , ~ i c ; : o .- .E por -sSo que as duas maoeiras de fner surgir 0 t cmpo n ao se

    e n ~ n i r a n l mesmo Dive ; fo i ~ p e n a s por uma prcocupac;ao didaticaprovis6ria__ falamos de prior idade da diacrecia sobre a sincronia . Paradizer a _vetdide, devemos reservar as expres:s5es de diacronia e de sincrenia

    _._-----_ -.- --:.,..-. __ -1.-. .-,- ; : ; _ -.---- ..._ -- ..r - _ ~ _ , . , : , : , , 1 . ~ -

    , ..... .... - .. .M ._ .. ~ : l ~ i ~ F ~ ~ ~ ~

    ,. .

    \

    rIr

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    14/15

    :

    iI.:

    I i, il ;; .

    . ~ : : : ~

    I : f f ~ ~~ : : ; : t ii;if:

    i ,

    51 . :

    ._.

    talidade simb6lica (cap. VII), na origem cia tcolof:ia simb61ica (cap. VIII).Ora, 0 que faz manlerel1l,se juntos os aspectos multiplos c cxuberantcs dessaHlcntalidade? Ess:J.s pessoas do sccul0 XII nao confundiaffi, diz 0 imtor, nemos pIanos nemos objetos, mas sc bcnef ic iavam, ncsscs diversosplanos, de ,urn denominador COllum no jogo sut il das analogias, segundoamisteriosa

    r e l a ~ a o do mundo flsieo e do mundo sagrado ibid., p. 160)[ Esse problemado deoominador comum e ine1utive1, se levarmos em conta qu e urn sfm- .bolo separado nao possui sentido; ou antes, urn simbolo separado possui de4mais senlido; a polissemia e sua lei: 0 fogo aqucce, iiumina, purifica, queirna, regenera, eonsome; signifiea tanto a concupisccncia qua;l to 0 Espir itoSanto (p . 184).)- numa eeQD_omia. de_c_onjlJnto que_.os v a \ Q g ~ ~ _ d i f e r ~ l ; l i _ a i ~se man if es tam e que a p o l i s s e m i ~ _ ~ ~ . re J' rime . Foi nes ta p rocu ra de uma coerencia mistica daeconomia (p. 184) que os simbolistas da IdadeMedi ,se empenharam. Na natureza, tudo e s imbolo. s cm duvida , mas p ar a urnbomem da Idadc Media , a natureza so fala quando ;:: ...:iaoa p ar uma .tipologia hist6riea, institUlda 00 eonfronto dco Liuis Testarnentos. 0 espelho .speculum) cia natureza so se tOrTia livro em contato com 0 Liv ro , is to e,'com u rna exco;esc institufda numa comunidade regulada. Assim, 0 simbo10 'so ::;:j,-; aliza numa ~ ~ ? n o ~ i a ~ . ? Y n : . a . d i s p ~ ~ a i o ,nUr: _':..ord.o:. Foi com estac o n d i ~ a o que Hugo de Saint -V ic to r pode def in i lo ass im : symbolum estcollatio, id cot coap/ol io , v is ib il ium formarwn ad dcmons,rat ionem rei invi-sibilis proposi/amm . Que cssa demonstra9ao seja incompatlve1 com umalogica das proposiNcs, que supoe conceitos definidos (isto e envoltos porU:l1 co;1torno iloclo01a C U:1iVOC0), portanto. r : 0 . ~ J c s que slgnificam algo .por

    ( i ~ C ~ : 2 n i : : ' - : : : : : 1 i.'l c ~ ~ : : . ~ . i:,lu l:1o c o n s t j ( u I _ ~ l 1 ~ i r . ( ) S ~ O [ ' ~ o b l ~ m a . 0 qu econstitui probkma c que c somcnte numa eco 10mia de conjunto que essacollatio et coaplalio pode eomprcender-se como re a95.0 e pretender ao nivede demonstratio. Vou ao cncontro, qui, cia tese (je Edmond Ortigues em Diseours et fe Srmbofe: Urn mesma tcrmo_p.9sk ser im:Htinario se 0 con-

  • 7/22/2019 RICOEUR, P. Hermeneutica e Estruturalismo

    15/15

    _ tipologia da hisl6ria, exercida no contexto da comunidadc ec1csial, em liga~ i i o Comum cuHo,tlEIi ritual, elc., qucsubstitui a simb6lica natur ista p o l i ~marfa e estanca suas loucas p l o l i f e r a ~ 6 c s . f:. intcrpretando relatos, d e c i f l a n ~i i; uu uma cilgcscilichte que a excgeta fomcee ao i rnagci ro urn princlpio dc, i escolha nas cxubc:rancias do imaginario. Deve-se dizcr , enlaO, que a _sirn:.i b61,ica . ~ ~ : c s i d e n C ~ _ ~ - . . 1 l a g u e l e __ j ~ ~ o Q , _ l l 1 e . . n o s .ait,';Ja _ ~ f l seurcpcrt6rio

    ' abstrato; tal r C p e r t 6 r i 9 - ~ @ _ s c m m ~ _ . d c r n a s i a d o _ pobrc, porque sernprc

    in- I .s mesrnas I m ~ g e n s E ~ ~ o l t a ~ ; _ s ~ r n P ( U l c r n _ ; ; ~ i a d . o __ric9, p o r ~ u ~ . . . f < i _ Q . ~ 2 J l as . i s 9 i f i ~ _ e m POle.P..s:JE __ ~ o ~ ~ _ ~ s outras. A simb61ica se s i t ~ ~ n t c s , entre os

    slmbolos, como retaao e economia de se. JYOOQD.amcnto... Esse regime dat: simb61ica em par te a lguma e mais manifesto--que em cristandade, onde 0a simbolismo natural s6 e ao rnesmo tempo fomecido e o rd en ado n a l uz d e um Verba, s6 e explicitado num Recitativo. Nao M simbolismo natural,; nem alegorismo abs tr ato ou maralizante (este sendo scmpre a contrapar- J t ida daqucle , nao somente sua revanche, mas seu f roto , tanto 0 slmbolo con-I;- II some sua base f lsica, sensivel, v isfvel ), sem tipologia historica . A simb61icaJI reside, entao, neste jogo regulado do simbolismo natural, do alegorismo abs- t ra to e da t ipologia historiea: sinais da natureza, f iguras das vir tudes, atosf; do Cristo. interprctam-sc mutuamcnte nesta dialetica, que se descnvolve emt - toda criatura, do espelho e do livro.. ~

    Essas c o n s i d e r a ~ 5 e s constituem a cxata contrapartida das o b s e r v a ~ 6 e s

    i: 1 precedcntes: naD h i a n i l i s _ ~ _ s s t r u J l l E ~ J , _ Q i ~ l a r ~ c ~ s _ ~ l O m _ L n t _ ~ l i g ~ n c i ~ __ ~ ~ r m e -neutica da t r a n s f e r c D . c j l l , ~ - - M : ) 1 t i d o ~ (scm metifora , scm translatia , seml: I esta doacao indireta de sentido gue institui 0 campo semantico, a, p a r 1 i r - d ~ quat podem ser disccmidas homologias e s t r u . U } : _ l ) . i ~ __Na l inguagem de nossosE simbotistas medievais -linguagem oriunda de Agostinho e de Dionisio, eg apropriada exigencias de urn objcto transcendente - 0 que e primeiro e

    ,

    t r a n s l ~ . a transferencia do visivel ao invisivel pelo artificio de uma, -- i imagemtomada de emprestimo das realidades seDsiveis; 9 q.ue e primeiro e a, i --constituiio semantica em forma de semelhante-dissemelhante . oa r ai z dos I SImbol.os au dos figurativos. -X l;;rtir daf, pode-ser- elaborada abstratamente: , __ uma smtaxe dos arranjo5 de signos em mUltiplos nIveis.

    If c o n t r a ~ a r t i d a , p arem, t ambem n ao h i intcligencia hermeneutiea( s e n t 0 intermedlO de uma e c o n c m i ~ U I 1 ] ~ . . J I T i l l : m , _ n . a L q u a i s . . . J L s i m b 6 l i c aI s ~ g n i f i c a . Tomados em si mesmos, os simbolos sao a m ~ a d o s po r sua oscila[ :j \ entre 0 empastarnento no imaginativo u a e v a p o r ~ a o DO alegcrismo;U \ sua oiqueza. sua cxuberancia, sua polisscmia eXpOem os simbolos ingenuoS a;.:::; \ intempcrz:::s:a e a c O I T , . , 1 a c : ~ c i a . a S2.nto Agostinho, j chamava, nc~ _ ~ ~ _ i _ - 1 De o i :r.a chri:: iar._ de :crbo ;um t rans la to rum ambiguitates (Cht:nu,

    op cit. p. 171), 0 que chamamos pura e simplcsmentc de cquivocidade, emcomparayao com a c x i g ~ n c i a d:: unjyocidade do pcnsamcnto 16gico, faz com~ ~ - - - ~ -d . - - : - : - ~

    que ~ s i m Q . Q I Q ~ s ( L s i m b o l i z e m _ ~ : m j u n t o s ~ q u e limi 3m e, 3 r t i c u l ~ I n suas signif i c a l i _ ~ . . s = - - . - . -

    Po r conscguintc, c o m p r e c ~ ~ a 9 ~ _ < . ~ _ S __ ~ ~ r : u t u . r a s _ 1 a ( ? _ L e _ x ~ _ c r i C ? r a uma~ ~ c n s o que t cr ia__ P 9 _ t : . . E : l : J . L P ~ ~ ~ ~ r i . r . . . . d - ? s s i m b o ~ s ; _ ~ l a ~ ( ~ h _ o k_dia 0 . i n ~ c m l e d i a r i o necessario. e n t r ~ _ , a i n g e n u i d a d e ~ s i m : J . 6 J i c _ a _ ~ ~ _ i n t e : _l igcncia bcndcncutica.b com es tc p rop6si to que dcixa a u lt ima pal av ra ao est ru tu ra li st a, que

    gostaria de tcrminar-.zfim de que a a t e n ~ a o e a espcra p e r m a n c ~ a m abcrtasu seu credito. -

    NOTASI Hermeneutica c Rcflexao I e II, ct. a par ti r das pp. 242 c 266.2 Actropologia estfutural, p. 57: 0 parentesco n50 e urn fcnomeno estatieo, s6 existe para perpetuarse. Nao pensamos, aqui, DO deseio de perpctuar ara